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CONCEITOS BÁSICOS DE BIOSSEGURIDADE NA PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE CARLOS KNEIPP Ceva Saúde Animal Ltda. [email protected] Biosseguridade, em avicultura, prima pela proteção das aves contra agentes biológicos infecciosos ou não, tais como bactérias, vírus, fungos, parasitas, protozoários e qualquer outro agente capaz de induzir uma doença infecciosa em um lote de aves. Através de ações de biosseguridade deveríamos manter as aves, aviários, equipamentos, ração e, todo e qualquer material usado para o desenvolvimento das aves isento da  possibilidade de estar contaminado com algum agente infeccioso que possa causar doença às aves ou, pelo menos, tomar ações para minimizar os efeitos deste agente. Atualmente a avicultura é uma atividade comercial importante no contexto econômico do agronegócio brasileiro, e, portanto deve ser uma atividade rentável aos investidores deste ramo. O número médio de aves alojadas numa mesma propriedade tem crescido rapidamente em todas as regiões avícolas do Brasil, as dimensões dos aviários novos e equipamentos atuais melhores, possibilitam o aumento da densidade e a conseqüência é o aumento da concentração de aves nas propriedades e nas regiões avícolas. Isto faz aumentar o risco da introdução de um possível agente infeccioso em complexos de  produção e facilmente ser transmitido de ave para ave ou de aviário para aviário ou até entre regiões, dificultando, até mesmo, o controle da disseminação das doenças. Qualquer trabalhador direto ou indireto do setor avícola tem responsabilidade sobre as  boas práticas das medidas de biosseguridade, que só é efetiva se praticada de forma diligente por todos. O impacto econômico das doenças, para a avicultura, pode crucial  para a manutenção do negócio, quando teríamos perdas por mortalidade, redução dos resultados de desempenho, aviários vazios durante quarentena, comprometimento da evolução da atividade, imposição de barreiras sanitárias e redução de vendas de  produtos, etc. Podemos citar como exemplo um surto recente (entre 2002 e 2003), na Califórnia (USA), de Doença de Newcastle onde a perda econômica estimada foi de 77 milhões de dólares. Quando falamos em biosseguridade temos que estar conscientes da importância de identificar a origem ou reservatórios e os possíveis vetores dos agentes infecciosos e a  partir disto prevenir ou restringir o acesso destes agentes às granjas, aviários e/ou lotes de aves. Igualmente outros cuidados devem ser tomados aliados às boas práticas de  produção: evitar estressar as aves, cuidados com ambiência, boa qualidade de alimento e água, programas de vacinação e medicação quando necessário, remoção de aves mortas e adequado destino (composteiras, cremação, etc.), adequado destino a cama do aviário, etc. A origem e reservatórios de agentes infecciosos estão, geralmente, ligados a animais domésticos, aves caipiras e silvestres, alimento e água. Estes são meios naturais e  potencialmente capazes de transmitir e carrear a gentes infecciosos às aves industriais. Então, boa parte das doenças avícolas em aves industriais poderia ser evitada somente

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  • CONCEITOS BSICOS DE BIOSSEGURIDADENA PRODUO DE FRANGOS DE CORTE

    CARLOS KNEIPPCeva Sade Animal [email protected]

    Biosseguridade, em avicultura, prima pela proteo das aves contra agentes biolgicos infecciosos ou no, tais como bactrias, vrus, fungos, parasitas, protozorios e qualquer outro agente capaz de induzir uma doena infecciosa em um lote de aves. Atravs de aes de biosseguridade deveramos manter as aves, avirios, equipamentos, rao e, todo e qualquer material usado para o desenvolvimento das aves isento da possibilidade de estar contaminado com algum agente infeccioso que possa causar doena s aves ou, pelo menos, tomar aes para minimizar os efeitos deste agente.

    Atualmente a avicultura uma atividade comercial importante no contexto econmico do agronegcio brasileiro, e, portanto deve ser uma atividade rentvel aos investidores deste ramo. O nmero mdio de aves alojadas numa mesma propriedade tem crescido rapidamente em todas as regies avcolas do Brasil, as dimenses dos avirios novos e equipamentos atuais melhores, possibilitam o aumento da densidade e a conseqncia o aumento da concentrao de aves nas propriedades e nas regies avcolas. Isto faz aumentar o risco da introduo de um possvel agente infeccioso em complexos de produo e facilmente ser transmitido de ave para ave ou de avirio para avirio ou at entre regies, dificultando, at mesmo, o controle da disseminao das doenas.

    Qualquer trabalhador direto ou indireto do setor avcola tem responsabilidade sobre as boas prticas das medidas de biosseguridade, que s efetiva se praticada de forma diligente por todos. O impacto econmico das doenas, para a avicultura, pode crucial para a manuteno do negcio, quando teramos perdas por mortalidade, reduo dos resultados de desempenho, avirios vazios durante quarentena, comprometimento da evoluo da atividade, imposio de barreiras sanitrias e reduo de vendas de produtos, etc. Podemos citar como exemplo um surto recente (entre 2002 e 2003), na Califrnia (USA), de Doena de Newcastle onde a perda econmica estimada foi de 77 milhes de dlares.

    Quando falamos em biosseguridade temos que estar conscientes da importncia de identificar a origem ou reservatrios e os possveis vetores dos agentes infecciosos e a partir disto prevenir ou restringir o acesso destes agentes s granjas, avirios e/ou lotes de aves. Igualmente outros cuidados devem ser tomados aliados s boas prticas de produo: evitar estressar as aves, cuidados com ambincia, boa qualidade de alimento e gua, programas de vacinao e medicao quando necessrio, remoo de aves mortas e adequado destino (composteiras, cremao, etc.), adequado destino a cama do avirio, etc.

    A origem e reservatrios de agentes infecciosos esto, geralmente, ligados a animais domsticos, aves caipiras e silvestres, alimento e gua. Estes so meios naturais e potencialmente capazes de transmitir e carrear agentes infecciosos s aves industriais. Ento, boa parte das doenas avcolas em aves industriais poderia ser evitada somente

  • com o controle de acesso de outras aves e/ou animais s reas de produo e medidas que evitem contaminaes em guas e raes fornecidas.

    O controle e, se possvel, eliminao de vetores outra importante ferramenta em um bom programa de biosseguridade de uma instalao avcola. Estes vetores podem ser seres vivos ou inanimados, na verdade, um vetor qualquer animal ou objeto capaz de alojar um agente biolgico infeccioso e atravs de sua introduo em um ambiente avcola levar consigo este agente infeccioso posteriormente disseminando-o ou transmitindo-o as aves de uma granja. Dentre os principais vetores podemos destacar as pessoas, fmites (equipamentos, roupas, calados,...), veculos, animais domsticos, roedores, insetos e aves silvestres. No h dvidas que pessoas esto no topo desta lista, representados por extensionistas, veterinrios, equipes de carregamento de frangos, entregadores de pintos, motoristas de entrega de rao, visitas de outros produtores avcolas, enfim todas aquelas pessoas que, principalmente, esto ligadas a atividade e que deveriam ser responsveis e, estar conscientes e preocupadas com as medidas necessrias para manuteno da biosseguridade dos plantis.

    De uma forma geral poderamos dizer que, na prtica, um bom programa de biosseguridade deveria:- Primeiramente, evitar a possibilidade de entrada de agentes infecciosos em reas de produo avcola industrial;- Em segundo plano, manter procedimentos de boas prticas de biosseguridade para evitar a disseminao de doenas e/ou mant-las sob controle.

    Os programas de biosseguridade, na prtica, devem estabelecer: Construo de avirios onde se tenha facilidade de limpeza e desinfeco da

    estrutura e dos equipamentos. Construo de avirios que atendam a condio de isolamento, com

    adequada distncia entre os avirios de uma mesma propriedade, distncia entre diferentes propriedades, distncia para rodovias e distncia de locais que abrigam aves aquticas e migratrias.

    Construo de avirios que previnam a entrada de animais indesejados, como: roedores, outros animais silvestres, aves domsticas e silvestres, e se possvel, insetos.

    Limpeza e desinfeco rotineira das instalaes e equipamentos, bem como, tratamento da cama e das instalaes do avirio contra insetos, programas de preveno e/ou controle de roedores, durante e nos intervalos de criao das aves.

    Fazer limpeza e desinfeco rotineira de equipamentos, pedilvios, bebedouros e comedouros, mesmo durante o perodo de criao das aves.

    Evitar a entrada de pessoas estranhas ao processo de produo, ou seja, somente permitir a entrada das pessoas que fazem parte da equipe da granja ou outras pessoas essenciais ao processo produtivo.

    Permitindo a entrada de pessoas, exigir o preenchimento de algum sistema de registro de entrada (Livro de visitantes), informando quem, quando, de onde, porque e autorizao, para ter acesso granja.

    Para permitir a entrada de pessoas s granjas, providenciar medidas preventivas de higiene (banho) com a troca de roupas. Ao menos, exigir que vistam roupas descartveis, botas descartveis, luvas e mscaras.

  • Manter pedilvios (midos ou secos) limpos e com desinfetantes em todas as entradas dos avirios.

    Lavar e desinfetar (pedilvios) os calados antes de entrar nos avirios e/ou utilizar botas descartveis sobre os calados.

    Deixar veculos estacionados o mais distante possvel da rea de produo avcola e, se for o caso, lavar e desinfetar todo e qualquer veculo que tenha que ter acesso ao interior da rea de produo avcola.

    Evitar o emprstimo de equipamentos para outras granjas. Manter animais domsticos (ces, gatos, bovinos, ovinos, etc.) afastados dos

    avirios. Os produtores avcolas e os profissionais que trabalham na atividade avcola

    industrial devem evitar contato com outros animais, principalmente, aves como: aves silvestres, aves caipiras, avestruzes, etc.

    Aquisio de aves sabidamente livres de doenas, principalmente as transmissveis verticalmente.

    Respeitar o sistema de produo avcola all in all out. Respeitar programao de visitas, sempre obedecendo seqncia de visitas

    de lotes mais novos para lotes mais velhos. Fornecer alimentos (gua e rao) de boa qualidade livres de

    contaminantes infecciosos. Tratar adequadamente (termo-tratamento, desinfeco, etc.) os alimentos

    para evitar qualquer risco de contaminao. Evitar desperdcios de alimentos e depsito de materiais nos arredores dos

    avirios que possam atrair e proteger animais silvestres. Utilizar cama para os avirios de boa qualidade e procedncia confivel, bem

    como dar adequado tratamento e destino aps a utilizao da mesma. Eliminar aves doentes e remover o mais breve possvel aves mortas do

    avirio, bem como, dar o destino adequado/recomendado a estas aves. Manter ateno para sinais clnicos anormais que indiquem doenas. Aplicar programas de vacinao, medicamentos, desinfetantes e/ou qualquer

    ao com a finalidade de evitar, controlar e monitorar as doenas e a possvel disseminao de agentes infecciosos, sob a orientao de Mdicos Veterinrios.

    Estas sugestes so apenas para reforar e reiterar os principais pontos de um programa de biosseguridade, que em muitos casos no so seguidas em sua totalidade, mesmo sendo estas somente orientaes bsicas. Biosseguridade freqentemente discutida quando existe a necessidade prtica e iminente de se ter controle sobre doenas, porm, o que temos que ter em mente que deveramos atuar preventivamente, ento, todos os procedimentos e prticas deveriam ser executados a todo o momento com a finalidade de evitar os riscos de contaminao e infeco dos plantis avcolas.

    Referncias Bibliogrficas:Clark, F.D. Poultry farm biosecurity. Arkansas Cooperative Extension Service, Extension Poultry Health Veterinarian. 2004.Filho RLA, Patrcio IS, Biosseguridade da granja de frangos de corte. In: Mendes AA, Naas IA, Macari M. Produo de frango de corte. Campinas, SP: Facta; 2004. Cap. 11, p. 167-177.

  • Mcguire D, Scheideler S. Biosecurity and the poultry flock. University of Nebraska, Cooperative Extension, Institute of Agriculture and Natural Resources. 2004.Mccrea BA, Bradley FA, Biosecurity for poultry at community farms. Agriculture and natural resources communication services, University of California. Publication 8280. 2008.Morishita TY, Biosecurity for poultry. Veterinary preventive medicine, Ohio State University Extension. Columbus (OH), 2001.