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PATRIMÔNIOS DA HUMANIDADE NO BRASIL
Patrimônio Material Crédito das imagens:
Patrimônios Culturais, © UNESCO, IPHAN
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/218 (uso não-comercial livre)
http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/list-of-world-heritage-in-brazil/#c1048555. (uso não-comercial livre)
Cidade Histórica de Ouro Preto
Fundada no final do século XVII, Ouro Preto foi o ponto central da corrida do ouro dos anos áureos da mineração no Brasil, no século XVIII. Com o esgotamento das minas de ouro, no século XIX, a influência da cidade diminuiu, mas muitas igrejas, pontes e chafarizes permanecem como testemunhos de seu passado de prosperidade e do excepcional talento do escultor barroco Aleijadinho. Data de inscrição: 1980
Centro Histórico de Olinda
Fundada pelos portugueses no século XVI, a cidade tem uma história ligada à produção de açúcar. Reconstruída após ser saqueada por holandeses, seu tecido urbano central data do século XVIII. O equilíbrio harmonioso entre construções, jardins, 20 igrejas barrocas, conventos e numerosos pequenos passos (capelas) contribui para o charme particular de Olinda. Data de inscrição: 1982
Missões Jesuítas Guaranis: San Ignacio Miní, Santa Ana, Nuestra Señora de Loreto e Santa Marí ala Mayor (Argentina), Ruínas de São Miguel das Missões (Brasil)
As ruínas de São Miguel das Missões, no Brasil, e as de San Ignacio Miní, Santa Ana, Nuestra Señhora de Loreto e Santa María la Mayor, na Argentina, situam-se no coração dos pampas, vegetação típica do sul do continente americano . Essas ruínas são remanescências impressionantes de cinco missões jesuíticas, construídas em território habitado pelos guaranis durante os séculos XVII e XVIII. Cada uma delas tem uma arquitetura específica e diferentes estados de conservação. Data de inscrição: 1983
Centro Histórico de Salvador da Bahia
Como primeira capital do Brasil, entre 1549 e 1763, Salvador da Bahia testemunhou a mistura das culturas europeias, africanas e ameríndias. A cidade se tornou também, em 1558, o primeiro mercado de escravos do Novo Mundo, com escravizados que chegavam para trabalhar nas plantações de açúcar. Salvador tem sido capaz de preservar muitos edifícios renascentistas excepcionais. Uma característica especial da antiga cidade são as casas de cores intensas, muitas vezes decoradas com finos trabalhos de estuque.Data da inscrição: 1985
Santuário de Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas
Este santuário localiza-se em Minas Gerais, ao sul da capital Belo Horizonte, e foi construído a partir da segunda metade do século XVIII. É formado por uma igreja, cujo interior é decorado em magnífico estilo rococó, de inspiração italiana; por uma escadaria externa decorada com estátuas dos Doze Profetas; e por seis capelas (passos) que representam as Estações da Cruz, que abrigam esculturas policrômicas de Aleijadinho, obras-primas da arte barroca de uma forma altamente original, comovente e expressiva. Data de inscrição: 1985
Brasília
Brasília, a capital criada do zero no centro do país, em 1956, foi um marco na história do planejamento urbano. O urbanista Lúcio Costa e o arquiteto Oscar Niemeyer pretendiam que cada elemento – da arquitetura das áreas residenciais e administrativas (frequentemente comparadas à forma de um pássaro durante o voo) à simetria dos próprios edifícios – estivesse em harmonia com o design geral da cidade. Os edifícios oficiais são especialmente inovadores e criativos. Data de inscrição: 1987
Parque Nacional Serra da Capivara
Muitos dos numerosos abrigos rochosos no Parque Nacional da Serra da Capivara são decorados com pinturas rupestres, algumas com mais de 25 mil anos. Esse conjunto é um expressivo testemunho de uma das ocupações humanas mais antigas da América Latina. Data de inscrição: 1991
Centro Histórico de São Luís
O centro desta cidade histórica – fundada pelos franceses e ocupada pelos holandeses antes do domínio português – data do final do século XVII e preservou completamente o planejamento original, com ruas organizadas de maneira retangular. Graças a um período de estagnação econômica no início do século XX, um número excepcional de edifícios históricos foi conservado, o que faz desse conjunto arquitetônico um extraordinário exemplo de uma cidade colonial das nações ibéricas. Data de inscrição: 1997
Centro Histórico de Diamantina
Diamantina, uma cidade colonial encravada como uma joia em um colar de montanhas rochosas inóspitas, relembra a façanha dos garimpeiros de diamantes do século XVIII e testemunha o triunfo do esforço cultural e artístico dos seres humanos sobre o meio ambiente.
Data de inscrição: 1999
Centro Histórico de Goiás
Goiás testemunha a ocupação e a colonização das terras do Brasil central ao longo dos séculos XVIII e XIX. O traçado urbano é um exemplo do desenvolvimento orgânico de uma cidade mineradora, adaptada às condições da região. Ainda que modestas, tanto a arquitetura pública quanto a arquitetura privada formam um todo harmonioso, graças ao uso coerente de materiais e técnicas locais. Data de inscrição: 2001
Praça São Francisco na Cidade de São Cristóvão
A Praça de São Francisco, na cidade de São Cristóvão, é um quadrilátero a céu aberto, cercado por construções antigas muito relevantes, como a Igreja e o Convento de São Francisco, a Igreja e a Santa Casa de Misericórdia, o Palácio Provincial e edifícios associados de diferentes períodos históricos. Esse conjunto de monumentos, em conjunto com construções vizinhas datadas dos séculos XVIII e XIX, propicia uma paisagem urbana que reflete a história da cidade desde sua origem. O Complexo Franciscano é um exemplo da arquitetura típica dessa ordem religiosa desenvolvida no Nordeste brasileiro. Data de inscrição: 2010.
Rio de Janeiro, Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar
O sítio consiste em um excepcional cenário urbano que compreende também os elementos naturais fundamentais que moldaram e inspiraram o desenvolvimento da cidade: desde os pontos mais altos das montanhas do Parque Nacional da Tijuca até o mar. Nessa paisagem estão incluídos o Jardim Botânico, fundado em 1808; as Montanhas do Corcovado, com a famosa estátua do Cristo Redentor; além dos morros ao redor da Baía de Guanabara, que incluem as amplas paisagens desenhadas ao longo da Praia de Copacabana – que contribuíram para a cultura de vida ao ar livre dessa espetacular cidade. A cidade do Rio de Janeiro também é reconhecida pela inspiração artística que oferece a musicistas, paisagistas e urbanistas. Data de inscrição: 2012
Conjunto Moderno da Pampulha
O Conjunto Moderno da Pampulha foi o centro de um projeto visionário de uma cidade jardim criado em 1940 em Belo Horizonte, a capital do Estado de Minas Gerais. Esse valioso monumento brasileiro é fruto da saga administrativa e do espirito visionário do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitscheck, que, com notável descortino intelectual e artístico, convidou artistas, arquitetos e engenheiros renomados e inovadores, e autorizou verbas para realizar esse projeto.
Construído entre 1942 e 1943, o projeto original foi desenvolvido pelo arquiteto Oscar Niemeyer e o paisagista Roberto Burle Marx, em colaboração com outros grandes artistas e profissionais, entre eles, o pintor Cândido Portinari.
O Conjunto é composto por quatro edifícios, pelo espelho d’água do lago urbano artificial e pela orla trabalhada com paisagismo. O lago e a orla funcionam como elementos articuladores dos edifícios e reforça as relações que eles estabelecem entre si.
Os edifícios da Pampulha abrigam a Igreja de São Francisco de Assis, o Cassino (atual Museu da Pampulha), a Casa do Baile (atual Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte) e o Iate Clube.
Sítio Arqueológico Cais do Valongo
O Sítio Arqueológico Cais do Valongo é localizado no centro do Rio de Janeiro e abrange toda a Praça do Jornal do Comércio. Está na antiga área portuária do Rio de Janeiro, na qual o antigo cais de pedra foi construído para o desembarque de africanos escravizados atingindo o continente sul-americano a partir de 1811. Cerca de 900 mil africanos chegaram à América do Sul pelo Cais do Valongo. O sítio físico é composto por várias camadas arqueológicas, sendo a mais baixa composta do calçamento no estilo pé de moleque, característico do Cais do Valongo. É o traço físico mais importante da chegada de escravos africanos no continente americano.
O valor excepcional universal do Cais do Valongo, reconhecido pela UNESCO, atende ao sexto critério dos 10 estabelecidos no Guia Operacional para a Implementação da Convenção do Patrimônio Mundial.
Estar diretamente ou materialmente associado a acontecimentos e tradições vivas, ideias ou crenças, obras artísticas e literárias de significação universal excepcional é o critério VI do Guia para a Implementação da Convenção do Patrimônio Mundial.
O Cais do Valongo é um exemplo de sítio histórico sensível, que desperta a memória de eventos traumáticos e dolorosos e que lida com a história de violação de direitos humanos. Portanto, o Cais do Valongo materializa memórias que remetem a aspectos de dor e sobrevivência na história dos antepassados dos afrodescendentes, que hoje totalizam mais da metade da população brasileira e marcam as sociedades de outros países do continente americano.
Parque Nacional do Iguaçu
O Parque divide com o Parque Nacional Iguazú, na Argentina, uma das maiores e mais impressionantes quedas d’água do mundo, que se estende por aproximadamente 2.700 metros. Essa área é o lar de muitas espécies de flora e fauna raras e ameaçadas de extinção; entre elas, a ariranha e o tamanduá-bandeira. As nuvens de pulverização produzidas pela queda d’água criam um ambiente propício para o crescimento de uma luxuriante vegetação.
Data de inscrição: 1986
A Costa do Descobrimento: Reservas de Mata Atlântica, nos estados da Bahia e do Espírito Santo, consiste em oito áreas individuais protegidas, que somam 112 mil hectares de Mata Atlântica e restingas. As florestas tropicais da costa atlântica do Brasil são as mais ricas do mundo em termos de biodiversidade. Esses sítios contêm uma grande variedade de espécies endêmicas e revela um padrão de evolução não apenas de grande interesse científico, mas também de grande importância para a conservação. Data de inscrição: 1999
Mata Atlântica: Reservas do Sudeste
As Reservas de Mata Atlântica do Sudeste, nos estados de Paraná e São Paulo, reúnem alguns dos melhores e maiores exemplos de Mata Atlântica no Brasil. As 25 áreas protegidas que formam o sítio (cerca de 470.000 hectares, no total) preservam a riqueza biológica e a história evolucionária dos últimos vestígios de vegetação atlântica remanescentes. Com montanhas cobertas por densas florestas, passando por áreas de mangue, ilhas costeiras com montanhas isoladas e dunas, a área compreende um ambiente natural rico e um cenário de grande beleza. Data de inscrição: 1999
Costa do Descobrimento: Reservas de Mata Atlântica
A Costa do Descobrimento: Reservas de Mata Atlântica, nos estados da Bahia e do Espírito Santo, consiste em oito áreas individuais protegidas, que somam 112 mil hectares de Mata Atlântica e restingas. As florestas tropicais da costa atlântica do Brasil são as mais ricas do mundo em termos de biodiversidade. Esses sítios contêm uma grande variedade de espécies endêmicas e revela um padrão de evolução não apenas de grande interesse científico, mas também de grande importância para a conservação. Data de inscrição: 1999.
Complexo de Conservação da Amazônia Central
O Complexo de Conservação da Amazônia Central compõe a maior área protegida da Bacia Amazônica (com mais de 6 milhões de hectares) e constitui-se como uma das regiões mais ricas do planeta em termos de biodiversidade. A área localizada no Estado do Amazonas é composta pelo Parque Nacional do Jaú, a área de demonstração da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamairauá, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã e a Estação Ecológica Anavilhanas. Além disso, também inclui importantes exemplos de ecossistemas de várzea, florestas de igapó, lagos e canais – os quais formam um mosaico aquático em constante mudança, onde vive a maior variedade de peixe elétrico do mundo. O sítio protege algumas espécies-chave ameaçadas, incluindo o pirarucu, o peixe-boi amazônico, o jacaré-açu e duas espécies de botos. Data de inscrição: 2000
Área de Conservação do Pantanal
O Complexo de Preservação do Pantanal é composto por um conjunto de quatro unidades de conservação, com uma área total de 187.818 hectares. Localizado na Região Centro-Oeste do Brasil, no sudoeste do Estado do Mato Grosso, o complexo representa 1,3% da região do Pantanal brasileiro, um dos maiores ecossistemas de água doce em zonas úmidas do mundo. A cabeceira dos dois principais sistemas fluviais da região, formados pelo Rio Cuiabá e pelo Rio Paraguai, localizam-se nessa região, e a abundância e a diversidade da vegetação e da vida animal são espetaculares. Data de inscrição: 2000.
Áreas Protegidas do Cerrado: Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas
Os dois parques incluídos nessa designação abrigam exemplares da fauna e da flora e hábitats que caracterizam o Cerrado – um dos ecossistemas tropicais mais antigos e diversificados do mundo. Por milênio, esses locais têm servido de refúgio para várias espécies durante os períodos de mudanças climáticas e permanecerá vital para a manutenção da biodiversidade da região do Cerrado em flutuações climáticas futuras. Data de inscrição: 2001
Ilhas Atlânticas Brasileiras: Reservas de Fernando de Noronha e do Atol das Rocas
Picos da cordilheira submarina do Atlântico Sul formam o Arquipélago de Fernando de Noronha e o Atol das Rocas, ao largo da costa do Brasil. Essas áreas representam uma grande proporção da superfície insular da América do Sul e suas riquezas aquáticas são extremamente importantes para a reprodução e a alimentação do atum, bem como de espécies de tubarão, tartarugas e mamíferos marinhos. As ilhas são o lar das maiores concentrações de pássaros marinhos tropicais no Atlântico Ocidental. A Baía dos Golfinhos conta com uma população excepcional de golfinhos locais e, durante a maré baixa, a paisagem do Atol das Rocas torna-se espetacular, com lagoas e piscinas naturais repletas de peixes. Data de inscrição: 2001
Patrimônio Material
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Roda de Capoeira
Inscrito na Lista Representativa do Patrimônio Imaterial da Humanidade em 2014. A Roda de Capoeira é uma manifestação cultural afro-brasileira – simultaneamente, uma luta e uma dança –, que pode ser interpretada como uma tradição, um esporte e até mesmo uma arte. Os capoeiristas formam um círculo, uma roda e, ao centro, dois deles “jogam” a capoeira, cujos movimentos requerem grande destreza corporal. Os outros jogadores, em volta do círculo, cantam, batem palmas e tocam instrumentos de percussão. As rodas de capoeira são formadas por grupos de pessoas de todos os gêneros, e contam com um mestre, um contramestre e discípulos. O mestre é o portador e o guardião do conhecimento da roda, e deve ensinar o repertório, manter a coesão do grupo e sua observância a um código de ritual. Normalmente, o mestre toca o berimbau, instrumento de percussão com apenas uma corda. Ele inicia os cantos e conduz o tempo e o ritmo do jogo. Todos os participantes devem saber o que fazer e como tocar o instrumento, cantar e compartilhar as letras dos cantos, improvisar as músicas, conhecer e respeitar os códigos de ética e conduta, além de executar os movimentos, os passos e os golpes. A roda de capoeira é um lugar onde o conhecimento e as habilidades são aprendidas por observação e imitação. Também funciona como uma afirmação de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos, além de promover a integração social e preservar a memória da resistência à opressão histórica.
Círio de Nazaré: procissão da imagem de Nossa Senhora de Nazaré na cidade de Belém (Estado do Pará)
Inscrito na Lista Representativa do Patrimônio Imaterial da Humanidade em 2013. As festividades do Círio de Nazaré se iniciam todos os anos no mês de agosto, e seu ponto culminante é a grande procissão celebrada em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, no segundo domingo de outubro, com o transporte de uma imagem de madeira da Virgem Maria da Catedral da Sé até a praça do Santuário de Nazaré, na cidade de Belém do Pará.
Depois desse ato religioso, as festividades se prolongam por mais duas semanas. Praticamente todas as cidades vizinhas participam da procissão, e grandes multidões de peregrinos de todo o Brasil vão a Belém participar dessa concentração religiosa, que é uma das maiores do mundo.
As festividades abrangem vários elementos que refletem o caráter multicultural da sociedade brasileira: práticas culturais e culinárias tradicionais da Amazônia e objetos artesanais, como os brinquedos fabricados com diversos tipos de madeira local.
A combinação do sagrado e do profano faz com que esse evento religioso também apresente facetas estéticas, turísticas, sociais e culturais. O uso de barcos na procissão tem um caráter simbólico, uma vez que Nossa Senhora de Nazaré é a santa padroeira dos marinheiros. Os fiéis constroem altares em casas, tendas, bares, mercados e edifícios públicos em toda a cidade.
A transmissão dessa prática cultural tradicional se realiza no seio das famílias, quando os pais assistem aos festejos acompanhados de seus filhos pequenos e adolescentes. Para muitos, a festividade do Círio de Nazaré é uma ocasião para retornar à casa e se reunir com a família, enquanto para outros é uma oportunidade para organizar manifestações políticas.
Frevo: arte do espetáculo do carnaval de Recife
Inscrito na Lista Representativa do Patrimônio Imaterial da Humanidade em 2012.
O Frevo é uma expressão artística de música e dança, praticada principalmente durante o carnaval de Recife, capital de Pernambuco. O ritmo frenético e potente de sua música, executada por bandas militares e charangas, baseia-se na fusão de gêneros como a marcha, o tango brasileiro, a contradança, a polca e a música clássica.
A música é essencialmente urbana e igual ao passo – a dança que a acompanha –, sendo também dinâmica e subversiva. A dança tem suas origens na destreza e na agilidade dos lutadores de capoeira, que improvisam seus saltos ao som eletrizante das orquestras e bandas de instrumentos de metal.
Os praticantes do Frevo e do seu passo são membros de associações que participam dos desfiles de carnaval. Nas sedes dessas associações, é oferecido apoio para preservar, transmitir e desenvolver competências e conhecimentos relacionados ao Frevo.
Esse elemento do Patrimônio Cultural também está estreitamente vinculado às crenças e ao universo simbólico da religião de quem o pratica. Várias associações adotam como distintivos as cores relacionadas à fé religiosa de seus membros, e alguns dos ornamentos utilizados também têm um significado religioso.
O Frevo é resultado da criatividade e da riqueza cultural, produzido por uma combinação excepcional da música, da dança, da capoeira, do artesanato e de outros elementos que manifestam a inteligência e a capacidade de criação de quem o pratica. Essa capacidade de fomentar a criatividade humana e o respeito pela diversidade cultural são inerentes ao Frevo.
Yaokwa, ritual do povo enawene nawe para a manutenção da ordem social e cósmica
Inscrito na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial que Requer Medidas Urgentes de Salvaguarda em 2011.
Os enawene nawe vivem às margens do Rio Juruena, nas florestas fluviais da Amazônia meridional. Todos os anos, na estação seca, eles realizam o ritual Yaokwa, para prestar homenagem aos espíritos e garantir a manutenção da ordem cósmica e da ordem social entre seus diferentes clãs. Esse ritual relaciona a biodiversidade local a uma complexa cosmologia simbólica, as quais se entrelaçam em âmbitos distintos, mas inseparáveis, da sociedade, da cultura e da natureza.
O ritual faz parte da vida cotidiana dos enawene nawe e se prolonga por um período de sete meses, durante o qual os clãs assumem diferentes atividades por turno: um grupo empreende expedições pesqueiras por todo o território, enquanto outro prepara oferendas de sal gema, pescado e comidas rituais para os espíritos, além de interpretar músicas e danças. O ritual combina os conhecimentos teóricos e práticos sobre a agricultura, o tratamento de alimentos, o artesanato (confecção de indumentárias, utensílios e instrumentos musicais) e a construção de casas e diques para a pesca.
Como o Yaokwa e a biodiversidade local se baseiam em um ecossistema muito frágil, a continuidade do ritual e da biodiversidade depende diretamente da conservação do ecossistema. Por isso, tanto o ritual como a diversidade estão gravemente ameaçados pelo desmatamento e por uma série de práticas invasivas: a exploração intensiva da extração de minérios e madeira, a pecuária extensiva, a contaminação da água, a deterioração do curso superior dos rios, a urbanização descontrolada, a abertura de vias terrestres e fluviais, a construção de diques, a drenagem e o desvio dos rios, a queima de florestas, a pesca furtiva e o comércio ilícito de espécies silvestres.
Expressões orais e gráficas dos wajapis
Inscrito na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade em 2008.
Os wajapis, que pertencem ao grupo etnolinguístico tupi-guarani, são uma população indígena do norte da Amazônia. Os 580 membros que atualmente compõem essa comunidade vivem em cerca de 40 aldeias, agrupadas em um território protegido do Estado do Amapá, ao noroeste da região norte do Brasil. Os wajapis têm uma tradição ancestral que consiste em utilizar tinturas vegetais para adornar, com motivos geométricos, seus corpos e outros objetos. Com o passar dos séculos, eles desenvolveram uma linguagem única, uma combinação de arte gráfica e verbal, que reflete sua visão particular do mundo e pela qual transmitem os conhecimentos essenciais da vida da comunidade. Os motivos desta arte gráfica única, chamada kusiwa, são realizados com tinturas vegetais vermelhas, extraídas de uma planta amazônica, a bija, misturada com resinas perfumadas. A arte kusiwa é tão complexa que os wajapis consideram não ser possível alcançar as competências técnicas e artísticas necessárias para dominar a arte do desenho e da preparação das tinturas antes dos 40 anos de idade. Os motivos mais recorrentes são a onça pintada, a cobra, a borboleta e o peixe. Os desenhos kusiwas se referem à criação da humanidade e dão vida aos numerosos mitos sobre o surgimento do homem. Esse grafismo corporal, vinculado às antigas tradições orais ameríndias, apresenta vários sentidos em diferentes níveis sociológicos, culturais, estéticos, religiosos e metafísicos. Assim, a arte kusiwa constitui a estrutura genuína da sociedade wajapi, e sua significação vai muito além de sua mera dimensão artística.
Esse repertório codificado de conhecimentos tradicionais evolui de forma permanente, uma vez que os artistas indígenas renovam constantemente seus motivos, mediante reinterpretações e invenções.
Samba de Roda do Recôncavo Baiano
Inscrito na Lista Representativa do Patrimônio Imaterial da Humanidade em 2008.
O Samba de Roda é um acontecimento popular festivo que combina música, dança e poesia. Surgiu no século XVII, na região do Recôncavo no Estado da Bahia, e vem das danças e tradições culturais dos escravos africanos da região. Além disso, contém elementos da cultura portuguesa, como a língua, a poesia e alguns instrumentos musicais.
No princípio, era o principal componente da cultura regional popular entre os brasileiros de origem africana, mas logo o Samba de Roda foi adotado pelos migrantes procedentes do Rio de Janeiro e influenciou a evolução do samba urbano, que se converteu em símbolo da identidade nacional brasileira no século XX.
A dança congrega pessoas em ocasiões específicas, como as festas católicas populares e os cultos afro-brasileiros, mas às vezes também surge de forma espontânea. Todos os presentes, incluindo os principiantes, são convidados a participar da dança e a aprender por observação e imitação.
Uma das características desse samba é que os participantes se reúnem em um círculo chamado roda. Geralmente, apenas as mulheres dançam. Uma por uma, elas vão se colocando no centro do círculo formado pelos outros dançarinos, que cantam e batem palmas ao seu redor. Essa coreografia frequentemente improvisada se baseia nos movimentos dos pés, das pernas e dos quadris.
Um dos movimentos mais característicos é a famosa umbigada (movimento de umbigo), de origem banto, pelo qual a dançarina convida quem vai sucedê-la no centro do círculo. Existem outros detalhes específicos, como canções típicas, o passo de dança chamado miudinho, a utilização de instrumentos raspados e a viola machete, um tipo de viola pequena, originária de Portugal, e canções.
A influência dos meios de comunicação de massa e a competição com a música popular contemporânea contribuíram para que este Samba fosse desvalorizado aos olhos dos jovens. A idade dos praticantes e a redução do número de artesãos capazes de confeccionar alguns dos instrumentos impuseram mais uma ameaça à transmissão dessa tradição.
Patrimônio Cultural Brasileiro
Vila Serra do Navio (AP)
A Vila Serra do Navio, no Amapá, que viveu os áureos tempos da exploração do manganês, foi tombada como Patrimônio Cultural Brasileiro, em abril de 2010. Durante 10 anos, o Iphan trabalhou na investigação histórica, realizando levantamentos fotográficos e arquitetônicos referentes à Vila, sua implantação, instalações e edificações, levando em consideração seus valores paisagísticos, históricos e artísticos. Mesmo com as transformações sofridas pela falta de conservação e por intervenções inadequadas, a Vila mantém as características originais que a distinguem na história da ocupação da Região Norte, na arquitetura e no urbanismo brasileiros. A proposta de tombamento foi debatida com os moradores, com foco na recuperação da memória social local e na busca de soluções adequadas para resgatar as características que fazem da Vila uma cidade absolutamente singular.
Apesar do desastre ambiental e social causado pela empresa Indústria e Comércio de Minério (Icomi), com a extração do minério - a contaminação do terreno e dos lençóis
freáticos, igarapés e águas subterrâneas, por ferro, arsênio e manganês - o desafio de implantar uma cidade com as características da Vila Serra do Navio, no meio da Floresta Amazônica, levou à criação de um verdadeiro monumento da arquitetura e do urbanismo, onde as soluções propostas pela corrente modernista dialogam e interagem com as soluções construtivas locais, com o clima e a vegetação e, principalmente, com a cultura do lugar.
Teatro Amazonas (Manaus)
Inaugurado em 1896, é a expressão mais significativa da riqueza da região durante o Ciclo da Borracha. A cidade era uma das mais prósperas do mundo, embalada pela riqueza advinda do látex da seringueira, produto altamente valorizado pelas indústrias europeias e americanas. Por isto, necessitava de um lugar onde pudessem se apresentar as companhias de espetáculos estrangeiras e a construção do teatro, assim, era uma exigência da época. O projeto arquitetônico escolhido foi o de autoria do Gabinete Português de Engenharia e Arquitetura de Lisboa e hoje é o principal patrimônio cultural arquitetônico do Amazonas, tombado como patrimônio histórico pelo Iphan, em 1966.
Instituto Benjamin Constant (Manaus) Construção do final do século XIX, em estilo eclético, recebeu vários usos: palacete do Barão de São Leonardo, museu botânico, orfanato Instituto Benjamin Constant. Atualmente é unidade do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas.
Caixa d’água/Reservatório de Mocó ( Manaus) Magnífica obra em estilo neo-renascentista, foi inaugurada em 1899 durante o período áureo da borracha. O reservatório que abrange uma área com cerca de mil metros quadrados foi planejado e construído com o objetivo de solucionar os problemas de abastecimento de água, que atingiam a cidade no final do século XIX. Destaca-se pela imponência de sua estrutura interna – toda em ferro importado da Inglaterra – que suporta dois enormes tanques metálicos, instalados no espaço superior da edificação. Tombado pelo IPHAN em 13 de Março de 1995, o Reservatório do Mocó abastece ainda hoje parte da Cidade de Manaus.
Sede do Governo PA -Palácio Lauro Sodré Atual sede do Governo Estadual. Construído entre 1676 e 1680, em taipa-de-pilão com dois pavimentos, o palácio abrigava os governadores em inspeção à Capitania. Era chamado de "casa de residência". O Palácio - demolido em 1759 - foi reconstruído com projeto do arquiteto Antônio José Landi, no estilo clássico italiano. No início do século XX, com o advento do Ciclo da Borracha, o então governador Augusto Montenegro reformulou toda a primeira parte do palácio, dando-lhe as características do ecletismo. Essas modificações quebraram completamente a harmonia arquitetônica da edificação. Em 1971, foi restaurado pelo IPHAN e voltou à sua forma original. A capela interna projetada por Landi e localizada no térreo para aproveitar o vazio entre os dois pisos, apresenta retábulo barroco. Dessa capela, saiu a procissão da primeira Festa do Círio de Nazareth, em 08 de setembro de 1797.
Palacete Azul (Belém) Atual Prefeitura Municipal de Belém. O projeto é de 1860, de autoria de José da Gama Abreu, em estilo neoclássico tardio, sofreu acréscimos e modificações em 1883 a cargo de Landi. A reforma de 1911, acrescentou revestimentos, móveis e objetos da moda europeia, assinados por mestres como Capranesi, De Angelis e Teodoro Braga.
Natividade (TO)
O conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Natividade foi tombado pelo Iphan, em 1987, pela vinculação do sítio e da paisagem ao modo de urbanização do século XVIII. A cidade é dividida em três zonas de usos específicos: Zona de Proteção Histórica, Zona de Proteção Ambiental e Zona de Expansão, e o conjunto arquitetônico é formado por ruas estreitas de casarões e igrejas. Natividade apresenta uma estrutura urbana colonial, com ruas irregulares. O conjunto arquitetônico destaca-se por sua simplicidade, com ausência de monumentalidade nas construções públicas, resultando em um conjunto harmonioso, com uma estrutura urbana colonial e casario simples. As fachadas das construções remetem a dois períodos econômicos distintos.
Igreja da Matriz de Natividade (TO) Datada de 1759, sofreu algumas alterações no seu interior e fachada. Nele se encontra a imagem de Nossa Senhora da Natividade, santa Padroeira do Estado do Tocantins, possui dois sinos em bronze, datados de 1858.
Ruínas de São Luís (TO) Local do antigo povoado no alto da Serra de Natividade, rico em buracos de garimpos de ouro, que no início a história do nascimento da atual cidade, onde também se encontra a Lagoa Encantada, construída pelos escravos.
Porto Nacional (TO) O centro histórico de Porto Nacional, em Tocantins, foi tombado pelo Iphan, em 2008. A área delimitada abrange cerca de 250 edificações, conjuntos de ruas, largos e praças, incluindo a Avenida Beira Lago e o entorno da Catedral Nossa Senhora das Mercês. Na cidade, destacam-se as edificações construídas pelos freis dominicanos como a Catedral das Mercês, além de espaços públicos e residências. A área tombada (que inclui o seu entorno) abrange parte da zona central e compreende o sítio natural, a malha urbana e as arquiteturas implantadas desde a fundação do município até a década de 1960. Neste trecho localizam-se, além das edificações vernaculares, os edifícios mais singulares do centro histórico, como a Catedral, o Seminário, a Cúria e a Casa de Câmara e Cadeia. O local ainda apresenta remanescentes da maior parte do acervo arquitetônico representativo do período da mineração do ouro - metade do século XVIII até meados do século XX.
Catedral Nossa Senhora das Mercês - Porto Nacional (TO) Situada nas proximidades da margem direita do rio Tocantins, no mesmo local da antiga capela de Nossa Sra. das Mercês, essa obra monumental foi iniciada em 1894 e concluída 1904. Representa a Ordem Dominicana em Porto Nacional, projetada em pedra e tijolos no estilo românico de Toulouse, França (região de origem dos freis construtores). A maioria das suas imagens sacras foram trazidas da França (como o primeiro sino de bronze) e de Belém do Pará.
Marco do Descobrimento (Porto Seguro - BA) Situado em uma praça na Cidade Alta, voltado para o mar, é constituído por um meio fio de pedra, retangular e mede, aproximadamente, 1,50 m de altura. Esculpidas em faces opostas estão as Armas de Portugal e a Cruz de Cristo, símbolo da Ordem de mesmo nome. Atualmente, o Marco do Descobrimento encontra-se sobre uma plataforma (ligeiramente elevada para que seja possível distingui-lo no horizonte), envolvido por uma redoma de vidro e com quatro rampas de acesso, cujo desenho se refere à Cruz de Malta (símbolo da coragem e das virtudes cristãs).
Era costume português - no período das descobertas marítimas - que os navegadores levassem, em seus navios, os marcos também conhecidos como "padrões", para demarcarem a posse dos novos territórios conquistados. Não há registro de que Pedro Álvares Cabral o tenha feito, sendo a
implantação do marco de posse atribuída à expedição de Duarte Coelho, em 1503, que reconheceu portos e rios onde implantou vários marcos.
Elevador Lacerda (Salvador - BA) Este monumento começou a ser construído, em 1869, pelo engenheiro Augusto Frederico de Lacerda, utilizando peças de aço importadas da Inglaterra. Após sua inauguração, transformou-se no principal meio de transporte entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa. Ao longo de sua história, passou por quatro grandes reformas e revisões, sendo que na segunda, em 1930, foram adicionados mais dois elevadores e uma nova torre que conferiu a atual arquitetura em estilo art déco.
Icó (CE)
O conjunto arquitetônico e urbanístico de Icó - tombado pelo Iphan, em 1998 - é considerado o melhor da arquitetura tradicional feita no Ceará, inclusive no plano popular. Este patrimônio concentra-se em
suas principais ruas, onde estão os bens de maior relevância e o traçado urbanístico imposto pelas normas da Coroa Portuguesa, no século XVIII. Como toda a arquitetura tradicional produzida na antiga Província do Ceará, a de Icó também prima pela simplicidade e despojamento. A cidade conserva - com bastante integridade - um precioso acervo arquitetônico e a área delimitada para a proteção possui, aproximadamente, 320 imóveis. A cidade foi a primeira a receber este tipo de tombamento - conjuntos urbanos protegidos pelo Iphan - e uma de suas maiores expressões é o centro histórico, que remonta ao período colonial. Formada basicamente por portugueses e franceses, herdou uma rica arquitetura no estilo barroco com características próprias da Região Nordeste e com linhas do neoclássico francês. Durante a exploração do ouro e a produção do charque, nos séculos XVIII e XIX, Icó progrediu como importante entreposto comercial do interior da Província do Ceará. Desse período também permaneceram inúmeras construções, verdadeiros documentos da ocupação do sertão nordestino pela pecuária.
Casa de Câmara e Cadeia (Icó- CE) Atual Cadeia Pública e Fórum. Construída entre o final XVIII e início do século XIX, é uma das maiores e mais importantes do Estado, com original sistema de grades de ferro para isolamento das celas. Em 1780, a obra foi paralisada devido à utilização do barro para seus alicerces e retomada em 1800, pelo capitão Roberto Correia da Silva, utilizando pedra e cal. Em 1862, as instalações foram transformadas em enfermaria para as vítimas da epidemia de cólera, com a Capela de Nossa Senhora da Expedição. No pátio, estão a capela e dois alojamentos para soldados.
Fonte do Ribeirão (São Luiz - MA) Localizada no antigo Sítio do Ribeirão, bairro popular, famosa pelas vendedoras de peixe frito com farinha d'água, data do ano 1796. Mandada construir pelo tenente-coronel Dom Fernando Antônio de Noronha, português, do Conselho de Sua Majestade, que governou o Maranhão entre 1792-1798, diante da necessidade de saneamento e melhoria do serviço de abastecimento de água à população. Conta-se que suas largas galerias seriam túneis que ligavam as igrejas locais e faziam parte de labirinto escavado pelos jesuítas, para contrabando de escravos.
Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares (Recife - PE) Começou a ser construída em 1723, por uma irmandade de militares. Uma de suas atrações é o forro em talha rococó, de excepcional qualidade. Apresenta, em sua entrada, uma rara e significativa pintura sobre a Primeira Batalha dos Guararapes, ocorrida na Restauração Pernambucana do domínio
holandês, quando muitas vitórias foram associadas à proteção mariana aos militares. A igreja está localizada na área central de comércio popular, onde predomina casario com sobrados de dois a quatro pavimentos dos séculos XVII, XVIII e XIX.
Convento e Igreja de São Francisco (Marechal Deodoro - AL) Atual Museu de Arte Sacra de Alagoas. Surgiu a partir de um pequeno convento fundado para 12 monges, em 1635. Com a invasão dos holandeses, os religiosos se refugiaram na Bahia e o convento ficou fechado até 1659. O atual convento foi concluído apenas em 1723. Em 1908, passou a abrigar o Orfanato São José. Com o tempo sofreu muitas modificações mas sempre com a função de culto religioso. A fachada principal é em estilo rococó e a lateral em neoclássico, em decorrência da construção ter sido realizada em etapas. O livro Convento Franciscano de Marechal Deodoro retrata alguns dos principais momentos dos 350 anos de história desse patrimônio cultural, formado pela Igreja de São Francisco, a Capela da Ordem Terceira e o Convento franiscano, onde funciona o Museu de Arte Sacra.
Igreja do Senhor dos Passos (Cuiabá - MT) Instalada há 214 anos em um recanto discreto do Centro Histórico, guarda muitas histórias e lendas que se confundem e revelam muitos aspectos do folclore, das crendices e do espírito religioso da
Cuiabá antiga. Sua planta é típica das igrejas do período colonial, dividida em nave e capela-mor. Possui, no entanto, somente um corredor lateral à esquerda e salas ao fundo. Na sua fachada principal, à esquerda, está localizada a alta e esbelta torre sineira. A Igreja do Senhor dos Passos é um dos mais belos e admirados patrimônios de Cuiabá.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito (Cuiabá - MT) A igreja - é considerada a mais antiga igreja remanescente de Cuiabá - é um dos marcos de fundação de Cuiabá, construída em arquitetura de terra em torno de 1730, próximo ao córrego da Prainha, onde Miguel Sutil descobriu as minas de ouro que impulsionaram a colonização da região. A fachada típica da arquitetura colonial brasileira guarda a decoração barroca-rococó nos altares, com rica talha dourada e prateada, única com esses detalhes no Brasil. É o palco da Festa de São Benedito, mais longa festividade religiosa do estado.
Vassouras (RJ)
Tombado pelo Iphan, em 1958, o conjunto histórico, urbanístico e paisagístico de Vassouras é fruto do apogeu econômico que originou a riqueza dos fazendeiros de café, barões e viscondes. O principal eixo do centro histórico é a Rua Barão de Vassouras, que se inicia junto à antiga Estação Ferroviária. Adiante, encontram-se as casas do Barão de Massambará e do Barão de Vassouras. A Câmara Municipal e o Paço Municipal demonstram a importância política da cidade, no período colonial.
Destacada por muito tempo como núcleo da aristocracia rural fluminense, a cidade era cercada por grandes propriedades agrícolas, famosas pelo volume da produção cafeeira obtida com o trabalho dos escravos. A falta de braços para a lavoura de café, decorrente da abolição da escravatura, em 1888, ocasionou o abandono das terras. O café sustentava o progresso da cidade, mas sua cultura foi abandonada e, em seu lugar, surgiram as pequenas lavouras, principalmente de hortaliças e cereais, a pecuária e a indústria.
O cenário urbano é marcado pelos jardins da Praça Barão do Campo Belo, um dos principais logradouros de Vassouras, com a Igreja da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, palmeiras imperiais e Chafariz Monumental. Outros imóveis completam a arquitetura das ruas de entorno: a Casa da Cultura, a Casa do Barão de Itambé, o Lar Barão do Amparo. Aos fundos da Igreja da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, na Praça Sebastião Lacerda, está a casa das 14 janelas, o Chafariz D. Pedro II e as figueiras centenárias. Na Rua Barão de Vassouras, estão o prédio do antigo Banco Comercial e Agrícola, o Mercado Nova União e a antiga casa da família Teixeira Leite (atual Mara Palace Hotel).
PATRIMÔNIO IMATERIAL
O Modo Artesanal de Fazer Queijo (Minas Gerais) Nas regiões do Serro, da Serra da Canastra e do Salitre, em Minas Gerais, foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes, em junho de 2008. Esse bem imaterial constitui um conhecimento tradicional e um traço marcante da identidade cultural dessas regiões. A produção artesanal do queijo de leite cru representa uma alternativa bem sucedida de conservação e aproveitamento da produção leiteira regional, em áreas cuja geografia limita o escoamento dessa produção.
Festa do Divino Espírito Santo de Paraty
A celebração do Espírito Santo é uma manifestação cultural e religiosa, de origem portuguesa, disseminada no período da colonização e ainda hoje presente em todas as regiões do Brasil, com variações em torno de uma estrutura básica: a folia, a coroação de um imperador, e o Império do Divino, símbolos principais do ritual. A esta estrutura básica, a Festa do Divino Espírito Santo de Paraty, no Estado do Rio de Janeiro - inscrita no Livro de Registro das Celebrações, em 2013 - vêm
incorporando outros ritos e representações que agregam elementos próprios e específicos relacionados à história e à formação de sua sociedade.
As Tradições Doceiras da Região de Pelotas e Antiga Pelotas - RS (Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu) Foram inscritas pelo Iphan, no Livro de Registro dos Saberes, em maio de 2018, após a reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em Brasília (DF). Pela primeira vez, os conselheiros analisaram, a um só tempo, os dois instrumentos de proteção - tombamento e registro – que abrangem os aspectos arquitetônicos e artísticos associados ao modo de fazer os doces nessa região.
A integração entre o material e o imaterial é imprescindível para a compreensão da dimensão das tradições, memórias e identidade da nação brasileira. Todos esses aspectos são fruto de uma rica diversidade étnica, cultural e religiosa, que interage e se integra perfeitamente no patrimônio cultural material e nas manifestações culturais imateriais. Pelotas encontra-se no epicentro de uma região doceira que abarca uma multiplicidade de saberes e identidades sob a forma de duas tradições: a de doces finos e a de doces coloniais. Os doces desempenham um papel peculiar na composição da sociedade regional, sendo um elemento cultural que amarra a diversidade de grupos étnicos e sociais que a compõe.
O Teatro de Bonecos Popular do Nordeste Inscrito no Livro de Formas de Expressão, em março de 2015 - teve seu pedido de inclusão solicitado pela Associação Brasileira de Teatro de Bonecos (ABTB), o que mostra a tendência de uma apropriação da sociedade sobre suas manifestações. Os estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, além do Distrito Federal, compõem a área de abrangência dessa manifestação cultural. Para o Iphan, esse bem imaterial não é um brinquedo ou um traço do folclore, e envolve, sobretudo, a produção de conhecimento criativo, artístico e com uma forte carga de representação teatral.
Os Saberes e Práticas Associados ao Modo de Fazer Bonecas Karajá (Goiás) Patrimônio imaterial inscrito pelo Iphan, em 2012, no Livro de Registro dos Saberes - são uma referência cultural significativa para o povo Karajá e representam, muitas vezes, a única ou a mais importante fonte de renda das famílias. Atualmente, a confecção dessas figuras de cerâmica, denominadas na língua nativa de ritxòkò (na ala feminina) e/ou ritxòò (na ala masculina), é uma atividade exclusiva das mulheres e envolve técnicas e modos de fazer considerados tradicionais e transmitidos de geração em geração. Mais do que objetos meramente lúdicos, as ritxòkò são
consideradas representações culturais que comportam significados sociais profundos, reproduzindo o ordenamento sociocultural e familiar dos Karajá.
Ritual Yaokwa do Povo Indígena Enawene Nawe (MT)
O Ritual Yaokwa é a mais longa e importante celebração realizada pelo povo indígena Enawene Nawe, que habita uma única aldeia localizada na região noroeste do Estado do Mato Grosso. Parte fundamental do Yaokwa ocorre quando se dá a saída dos homens para a realização da pesca coletiva de barragem. Essa prática constitui-se em traço diacrítico do complexo sócio-cosmológico Enawene Nawe e é considerada o ponto alto do ritual e o grande emblema da etnia.
Inscrito no Livro de Registro de Celebrações, em 2010, esse ritual é considerado a principal cerimônia do complexo calendário ritual dos Enawene Nawe, povo indígena de língua Aruak, cujo território tradicional e Terra Indígena estão localizados na região noroeste do estado de Mato Grosso. Em 2011, a Unesco incluiu o Ritual Yaokwa na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial que Requer Medidas Urgentes de Salvaguarda.
Modo de Fazer Viola de Cocho - MT Viola de cocho é um instrumento musical singular quanto à forma e sonoridade, produzido exclusivamente de forma artesanal, com a utilização de matérias-primas existentes na Região Centro-Oeste do Brasil. Sua produção é realizada por mestres cururueiros, tanto para uso próprio como para atender à demanda do mercado local, constituída por cururueiros e mestres da dança do siriri. O Modo de Fazer a Viola de Cocho foi registrado no Livro dos Saberes, em 2005. O nome viola de cocho deve-se à técnica de escavação da caixa de ressonância da viola em uma tora de madeir inteiriça, mesma técnica utilizada na fabricação de cochos (recipientes em que é depositado o alimento para o gado). Nesse cocho, já talhado no formato de viola, são afixados um tampo e, em seguida, as
partes que caracterizam o instrumento, como cavalete, espelho, rastilho e cravelhas. A confecção, artesanal, determina variações observadas de artesão para artesão, de braço para braço, de forma para forma.
Ofício das Baianas do Acarajé - BA Este bem cultural de natureza imaterial, inscrito no Livro dos Saberes em 2005, é uma prática tradicional de produção e venda, em tabuleiro, das chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao culto dos orixás, amplamente disseminadas na cidade de Salvador, Bahia. Dentre as comidas de baiana destaca-se o acarajé, bolinho de feijão fradinho preparado de maneira artesanal, na qual o feijão é moído em um pilão de pedra (pedra de acarajé), temperado e posteriormente frito no azeite de dendê fervente. Sua receita tem origens no Golfo do Benim, na África Ocidental, tendo sido trazida para o Brasil com a vinda de escravos dessa região.