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BRASÍLIA-DF, 22 A 28 DE MARÇO DE 2010 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 11 | Número 2425 EDIÇÃO SEMANAL Impresso Especial 9912170931/2007-DR/BSB CÂMARA DOS DEPUTADOS CORREIOS Paulo Pimenta: Legislação Participativa quer reconquistar o direito de apresentar emendas ao Orçamento da União | 9 Abelardo Lupion: Agricultura analisará renegociação das dívidas dos produtores rurais e temas ligados à biotecnologia | 11 Alex Canziani: sociedade deverá participar mais ativamente da discussão de assuntos relativos ao trabalho | 10 IBSEN PINHEIRO A vazão do óleo que jorra do fundo do mar precisa ser distribuída equanimemente e não da forma atual, injusta principalmente com os estados e municípios mais pobres, cansados de mendigar com o chapéu na mão em Brasília OPINIÃO | 12 JOSÉ CARLOS ALELUIA Diante da divulgação de tanta riqueza proveniente do pré-sal, seria natural que os municípios e estados não produtores tentassem receber algum tipo de recompensa. E não seria o caso de apenas concentrar ainda mais os recursos em Brasília COMISSÕES Líder da minoria, Gustavo Fruet pretende estimular ações da oposição fora do Congresso e debate sobre autonomia da agenda legislativa POLÍTICA | 5 Deputados podem votar MP que reajusta aposentadorias acima do salário mínimo PÁGINA 3 RODOLFO STUCKERT CONSUMIDOR | 7 Lei que obriga autoescolas a oferecer 20% de aulas práticas à noite aumentará segurança de novos motoristas, avalia Celso Russomanno

Paulo Pimenta: aposentadorias acima do salário mínimo · Edição semanal - 22 a 28 de março de 2010 3 Disque - Câmara 0800 619 619 PLENáRIO Aposentadoria para deficientes também

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Page 1: Paulo Pimenta: aposentadorias acima do salário mínimo · Edição semanal - 22 a 28 de março de 2010 3 Disque - Câmara 0800 619 619 PLENáRIO Aposentadoria para deficientes também

BRASÍLIA-DF, 22 A 28 DE MARÇO DE 2010 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 11 | Número 2425

edição semanal

impresso especial

9912170931/2007-dR/BsBCÂmaRa dos dePUTadosCoRReios

Paulo Pimenta: Legislação Participativa quer reconquistar o direito de apresentar emendas ao Orçamento da União | 9

Abelardo Lupion: Agricultura analisará renegociação das dívidas dos produtores rurais e temas ligados à biotecnologia | 11

Alex Canziani: sociedade deverá participar mais ativamente da discussão de assuntos relativos ao trabalho | 10

IBSEN PINHEIROA vazão do óleo que jorra do fundo do mar precisa ser distribuída equanimemente e não da forma atual, injusta principalmente com os estados e municípios mais pobres, cansados de mendigar com o chapéu na mão em Brasília

OPINIÃO | 12

JOSÉ CARLOS ALELUIADiante da divulgação de tanta riqueza proveniente do pré-sal,

seria natural que os municípios e estados não produtores tentassem receber algum tipo de recompensa. E não seria o

caso de apenas concentrar ainda mais os recursos em Brasília

COMISSÕES

Líder da minoria, Gustavo Fruet pretende estimular ações da oposição fora do Congresso e debate sobre autonomia da agenda legislativa

POLÍTICA | 5

Deputados podem votar MP que reajusta aposentadorias acima do salário mínimo

PÁGINA 3

Rodolfo StuckeRt

CONSUMIDOR | 7

Lei que obriga autoescolas a oferecer 20% de aulas práticas à noite aumentará segurança de novos motoristas, avalia Celso Russomanno

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agenda

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

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RELAÇÕES EXTERIORESEdição semanal - 22 a 28 de março de 2010

Diretor: sérgio Chacon (61) 3216-1500 [email protected]

Câmara dos Deputados - Anexo I - Sala 1508 - 70160-900 Brasília [email protected] | Fone: (61) 3216-1660 | distribuição - 3216-1826

1º Vice-Presidentemarco maia (PT-Rs)2º Vice-Presidenteantonio Carlos magalhães neto (dem-Ba)1º SecretárioRafael Guerra (PsdB-mG)2º Secretárioinocêncio oliveira (PR-Pe)3º Secretárioodair Cunha (PT-mG)4º Secretárionelson marquezelli (PTB-sP)

Suplentesmarcelo ortiz (PV-sP), Giovanni Queiroz (PdT-Pa), leandro sampaio (PPs-RJ) e manoel Junior (PsB-PB)Ouvidor Parlamentarmario Heringer (PdT-mG)Procurador Parlamentarsérgio Barradas Carneiro (PT-Ba)Diretor-Geralsérgio sampaio de almeidaSecretário-Geral da Mesamozart Vianna de Paiva

Presidente: michel Temer (PmdB-sP)

DiretorPedro noleto

Editora-chefeRosalva nunes

DiagramadoresGuilherme Rangel BarrosJosé antonio FilhoRoselene Figueiredo

IlustradorRenato PaletEditor de fotografia Reinaldo Ferrigno

Editorasmaria Clarice diasRenata Tôrres

seCom - secretaria de Comunicação social

Jornal da Câmara

impresso na Câmara dos deputados (deaPa / CGRaF) em papel reciclado

mesa diretora da Câmara dos deputados - 53a legislatura seCom - secretaria de Comunicação social

SEGUNDA-FEIRA

Programa espacialO Conselho de Altos Estudos e

Avaliação Tecnológica e o E-democra-cia promovem bate-papo virtual sobre o Programa Espacial Brasileiro com o relator, deputado Rodrigo Rollemberg (PsB-dF). Portal E-Democracia:www.edemocracia.gov.br , às 15h

TERÇA-FEIRA

MulheresA Procuradoria Especial da Mulher e a

Bancada Feminina promovem o seminário “Mulheres do Futuro: a formação de uma geração consciente”. Plenário 1, às 9h

Sessão soleneHomenagem à Campanha da Fra-

ternidade de 2010 - “Economia e Vida”. Plenário Ulysses Guimarães, às 10h

Planos de saúdeA Comissão de Seguridade Social

debate resoluções normativas da ANS relacionadas a planos de saúde. Plenário 7, às 14h

Seguro privadoA Comissão Especial sobre Normas

Gerais de Contrato de Seguro Privado (PL 3555/04) debate o tema com espe-cialistas do setor. Plenário 9, às 14h30

LíderesO Colégio de Líderes se reúne com

o presidente Michel Temer. Gabinete da Presidência, às 15h

QUARTA-FEIRA

Visita oficial O Casal Real da Suécia, rei Carlos

Gustavo e rainha Sílvia, fazem visita oficial ao Congresso Nacional. Salão Nobre, às 10h

Código FlorestalA Comissão da Amazônia discute o

novo Código Florestal Brasileiro. Plenário 15, às 11h

Energia A Comissão de Desenvolvimento

Econômico debate as expectativas energéticas frente aos custos da energia e a sua importância para a competitivi-dade da indústria brasileira no cenário de crise comercial mundial. Plenário a definir, às 14h

CitriculturaA Comissão de Agricultura discute a

atual situação da citricultura brasileira. Plenário a definir, às 14h

Direitos humanosA Comissão de Direitos Humanos

discute a proposta de federalização do crime de assassinato do defensor de direitos humanos Manoel Bezerra de Mattos Neto, que denunciou o crime organizado na zona da mata pernam-bucana. Plenário 9, às 14h

Banda largaA Comissão de Defesa do Consu-

midor discute o acesso à banda larga e suas implicações na garantia do direito à informação. Plenário a definir, às 14h30

Ambiente urbanoA Comissão Especial sobre Preser-

vação do Ambiente Urbano reúne-se para discussão e votação do parecer do relator, deputado Zequinha marinho (PsC-Pa). Plenário a definir, às 14h30

QUINTA-FEIRA

AnencefaliaA Comissão de Legislação Participa-

tiva realiza seminário sobre anencefalia e eutanásia. Plenário 6, a partir das 9h

Meio ambienteA Comis-

são de Meio Ambiente dis-cute a respon-sabilidade so-cioambiental empresarial. Plenário 8, às 10h

A Mesa Diretora da Câ-mara aprovou na quarta-feira (17) o Projeto de Resolução do Congresso Nacional (PRN) 03/09, que cria a Comissão Mista do Congresso Nacional de Assuntos Relacionados à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

De autoria do deputado José Fernando Aparecido de Oliveira (PV-MG), a proposta recebeu pare-cer favorável do relator, deputado Marco Maia (PT-RS). O projeto ainda precisa ser aprovado pela Mesa do Senado e, em seguida, pelo Plenário do Congresso Nacional.

O objetivo da comissão é estabe-lecer um grupo que aprecie e emita parecer aos tratados, acordos interna-cionais e demais matérias de interesse da CPLP, submetidos ao Congresso pelo Poder Exe-cutivo. A comis-são terá ainda função de rea-lizar audiências públicas com entes da socie-dade civil e exa-minar antepro-jetos de normas encaminhadas pela Assembleia Parlamentar da C omun idade dos Países de Língua Portuguesa (AP-CPLP).

A CPLP é formada por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Elo entre parlamentos - Marco Maia acredita que a comissão será um elo entre os Parlamentos brasi-leiro e a AP-CPLP. “A criação dessa assembleia foi inspirada na experi-ência brasileira no Parlamento do Mercosul. A meu ver, o projeto vai conferir mais visibilidade e maior

dimensão política aos parlamentos e a assuntos de interesse dos países que compõem a CPLP”, ressaltou o deputado.

Para ele, se faz necessária a cria-ção de uma secretaria para apoiar os trabalhos da comissão. “Ela irá, so-

bretudo, guardar os documentos que comporão a memória institu-cional da atuação dos representan-tes brasileiros na AP-CPLP”, afir-ma.

Composição - A comissão será composta de seis representantes, sendo eles: quatro deputados e dois

senadores, com igual número de su-plentes. Caberá à Mesa do Congres-so Nacional fixar as representações partidárias e dos blocos partidários no colegiado.

Depois disso, caberá aos líderes em cada Casa indicar ao presidente do Congresso Nacional os nomes que integrarão a comissão mista. O presidente e o vice-presidente serão escolhidos pelos membros para man-dato de dois anos, com possibilidade de reeleição.

Mesa autoriza criação de comissão para países de língua portuguesa22 a 26 de março de 2010

O projeto vai conferir mais visibilidade e

maior dimensão política aos parlamentos e a

assuntos de interesse dos países que

compõem a CPLPMarco Maia

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Edição semanal - 22 a 28 de março de 2010 3

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PLENáRIO

Aposentadoria para deficientes também deve entrar na pauta desta semana

Michel temer, em reunião com representantes do segmento, considerou a proposta justa e se comprometeu a defendê-la em reunião com os líderes

José Carlos Oliveira

O Projeto de Lei Complementar (PLP) 277/05, que facilita a aposentadoria das pessoas com deficiência, pode entrar na pauta de votação do Plenário desta semana. O pedido foi apresentado na quarta-feira (17) ao presidente da Câma-ra, Michel Temer, por representantes de movimentos em defesa dos deficientes. O projeto reduz o tempo de contribuição para a aposentadoria de pessoas com deficiência, regulamentando os artigos da Constituição que tratam desse tema.

Os níveis de redução do período de contribuição são: de dois anos para quem tem deficiência leve; de três anos para aqueles com deficiência moderada; e de cinco anos para as pessoas com deficiên-cia grave, como é caso dos tetraplégicos, por exemplo. O grau da deficiência deverá ser atestado por perícia do Instituto Na-cional do Seguro Social (INSS).

Urgência - O líder do PSB, deputado Rodrigo Rollemberg (PsB-dF), informou que está coletando as assinaturas dos demais líderes partidários para assegurar o regime de urgência na tramitação da proposta. O projeto já foi aprovado nas comissões técnicas e está pronto para

votação em Plenário. Autor da proposta, o ex-deputado Leonardo Mattos não acredita que venha a sofrer resistências. “O presidente Temer acolheu a nossa proposta, entendeu o nosso pedido de inclusão na pauta.”

Temer se comprometeu a discutir com as lideranças partidárias para que o projeto seja incluído na Ordem do

Dia das próximas semanas. “Portanto, acredito que, até o fim deste ano, vamos ter a regulamentação da aposentadoria especial, tanto para os servidores públicos quanto para os seletistas.”

O presidente da Câmara confirmou que levará a proposta ao Colégio de Lí-deres empenhado em colocá-la na pauta. Se aprovado na Câmara, o projeto ainda

passará pela análise do Senado.100 mil beneficiados - Para Leonardo

Mattos, a aprovação do projeto é uma questão de justiça para as pessoas com deficiência. “É um projeto fundamental para pelo menos 100 mil pessoas com deficiência que estão aguardando, e mui-tas vezes trabalhando sem condições de continuar, ameaçados de se aposentar por invalidez porque esse artigo consti-tucional ainda não foi regulamentado”. O benefício, na opinião de Mattos, seria uma compensação pelo desgaste físico e psicológico dos portadores de deficiência que estão no mercado de trabalho.

O presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Portadores de Neces-sidades Especiais da Câmara, depu-tado Geraldo Resende (PmdB-ms), enfatizou que é necessário melhorar a qualidade de vida dos portadores de deficiência, “mas o que vemos é que muitos se aposentam por invalidez, pois não podem contar com o amparo dessa lei”, observou.

O deputado Tadeu Filippelli (PmdB-dF) lembrou que 24,5 milhões de brasi-leiros têm algum tipo de deficiência e, “como apenas 8% dessa parcela tem acesso ao trabalho, o impacto no sistema da Previdência seria mínimo”.

jbatiSta

Eduardo Piovesan

Oito medidas provisórias trancam a pauta das sessões ordinárias do Plenário. A mais complexa é a MP 472/09, que con-cede incentivos fiscais a diversos setores da economia. Ela já conta com um projeto de lei de conversão apresentado pelo rela-tor Marcelo Ortiz (PV-SP).

O custo dos benefícios dados pela medida é estimado pelo governo em cer-ca de R$ 3 bilhões em 2010. Um dos principais é a suspensão de tributos para a construção de refinarias e indústrias petroquímicas nas regiões Norte, Nor-deste e Centro-Oeste.

No caso de materiais de construção e de bens de informática, o relator limita a concessão do benefício aos produtos que não possuem similares no mercado nacional.

Previdência social - Uma das MPs que deve provocar muitos debates em Plenário é a 475/09, que reajusta em 6,14% os benefícios da Previdência acima de um salário mínimo. O percentual vale a partir de 1º de janeiro de 2010 e cor-responde ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais aumento real de 2,518%, equivalente à metade da variação positiva do PIB em 2008.

Deputados podem votar incentivos fiscais e reajuste de benefícios da Previdência

No ano passado, os partidos de opo-sição obstruíram a pauta defendendo a votação do Projeto de Lei 1/07, ao qual foi incorporada emenda do Senado que dá a todos os aposentados da Previdência reajuste igual ao do salário mínimo.

Salário mínimo - O salário mínimo também está em pauta. A MP 474/09 aumenta o valor de R$ 465 para R$ 510 a partir de 1º de janeiro deste ano. O reajuste de 9,67% inclui a variação do INPC de fevereiro a dezembro de 2009 e a variação do PIB de 2008.

Outra MP que tranca a pauta é a 476/09. Ela concede um crédito presumi-do de IPI às empresas que usarem mate-riais recicláveis como matéria-prima na fabricação de seus produtos. Esses mate-riais devem ser adquiridos diretamente de cooperativas de catadores.

Orçamento de estatais - A quin-ta medida que tranca os trabalhos é a 477/09. Ela concede crédito extraordiná-rio de R$ 18,1 bilhões a diversos minis-térios e estatais no Orçamento de 2009, mas cancela outros R$ 14,6 bilhões, a maior parte de investimentos.

O seguro habitacional vinculado ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH) é extinto pela Medida Provisória 478/09. O governo argumenta que poucos mutu-

ários escolhem esse seguro. A MP também prevê um aporte de R$ 172 milhões, pela União, ao Fundo de Desenvolvimento So-cial (FDS) com o objetivo de financiar mo-radias para famílias de baixa renda organi-zadas em cooperativas ou associações.

Administração pública - A MP 479/09 faz mudanças em leis de diversas carreiras da administração pública federal para corrigir problemas surgidos quando do veto de partes das medidas provisórias

431, 440 e 441. Ela também incorpora o texto do Projeto de Lei 5918/09 ainda não votado pelo Congresso.

Segundo o governo, como o impacto orçamentário já estava previsto no projeto e nas MPs, o custo total das mudanças é de aproximadamente R$ 31,7 milhões em 2010 e nos próximos dois anos. A última MP que tranca os trabalhos é a 480/09, que abre crédito extraordinário de R$ 1,37 bilhão a vários ministérios.

uma das MPs que trancam a pauta concede crédito presumido de iPi às empresas que usarem materiais recicláveis como matéria-prima

GoveRno do Mt

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Edição semanal - 22 a 28 de março de 20104

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

VOTAÇÕES DA SEMANA

Vai à sanção presidencial o PL 2155/99, da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que cria o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam). O objetivo da proposta é centralizar, em um único documento, informações necessárias à formulação de políticas públicas direcionadas às mulheres. Os deputados concluíram a análise da matéria ao aprovar quatro emendas do Senado ao projeto.

A maior parte das informações será relativa à condição da mulher no mercado de trabalho: taxas de emprego formal, de desemprego e de proporção de mulheres entre o pessoal ocupado; rendimento médio real; e índice de par-ticipação em ambientes insalubres.

Na área de saúde, serão apurados

dados sobre a expectativa média de vida; índices de mortalidade (com as principais causas); gravidez na adoles-cência; e taxas de incidência de doen-ças próprias da mulher e sexualmente

transmissíveis.Também terão de ser levantadas

as informações sobre o grau médio de escolaridade; a composição etária e étnica na população em geral; e a

proporção de mulheres consideradas chefes de domicílio. Devem ser consi-deradas a escolaridade, a renda média e o acesso a serviços básicos (eletrici-dade, água tratada, esgotamento sani-tário e coleta de lixo).

Para a relatora da matéria na Co-missão de Seguridade Social e Famí-lia, deputada Cida Diogo (PT-RJ), a proposta “é louvável porque busca congregar em um único documento informações para produzir um conhe-cimento mais detalhado da condição e da participação da mulher no mercado de trabalho e na sociedade”. Segundo Erundina, uma das dificuldades atuais para a formulação de políticas públicas para as mulheres é justamente a falta de informações.

Os deputados aprovaram na última semana propostas que dão mais segurança financeira a municípios e a agricultores vi-timados por problemas climáticos. Na quarta-feira, foi aprovado, por 330 votos a 1, o substitutivo da Comissão de Finanças e Tributação para o Projeto de Lei Complementar 374/08, do Exe-cutivo, que autoriza a União a participar de um fundo destinado a oferecer cobertura suplementar aos riscos do seguro rural. O objetivo é facilitar o acesso dos agricultores ao seguro, uma vez que dará mais segurança às seguradoras. A matéria ainda será votada pelo Senado.

De acordo com o texto aprovado, a União será cotista do fundo com recursos definidos no Orçamento e com até R$ 4 bilhões em títulos públicos, dos quais R$ 2 bilhões serão alocados no momento da adesão e o restante nos três anos subsequentes. O risco que poderá ser coberto com recursos do fundo deverá garantir maior proteção à produção agrícola, pecuária, aqüícola e de florestas no Brasil contra catástrofes naturais, doenças e pragas.

A possibilidade de participação de cooperativas no fundo é a principal novidade no substitutivo aprovado, do deputado Zonta (PP-SC), que tomou como base o texto da Comissão de Agricultura, de autoria do deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR).

Para o deputado Zonta, esse “é um dos projetos com maior significado para a agricultura brasileira”. Ele destacou que os pequenos produtores hoje têm seguros para o financiamento das safras, mas não para a produção em si. Pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), o deputado José Genoíno (PT-SP) também apresentou parecer favorável.

Tributos - Os rendimentos do fundo não ficarão sujeitos ao Imposto de Renda na fonte ou ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), e sobre as suas receitas não incidirão o PIS/Pasep e a Cofins.

De forma semelhante, as cotas adquiridas pelas seguradoras, resseguradoras e agroindústrias poderão ser deduzidas do lucro real, para efeito de apuração do Imposto de Renda, e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Em contrapartida a essa nova sistemática, que favorece a contra-tação do seguro rural, o texto prevê o fim da isenção tributária já existente para esse tipo de seguro, a partir de 1º de julho do ano seguinte ao de início de operação do fundo.

Deputados preveem mais recursos para seguro rural

o risco que poderá ser coberto com recursos do fundo deverá garantir maior proteção à produção agrícola contra catástrofes naturais, doenças e pragas

A Medida Provisória 473/09, que concede crédito extraordinário de R$ 742 milhões a ministérios para ações de recuperação de estruturas de municípios atingidos por chuvas e secas no final do ano pas-sado, também foi aprovada em Plenário na última semana. A matéria segue para o Senado.

A maior parte do dinheiro (R$ 400 milhões) ficará com o Ministério da Integração Nacional, responsável pela ajuda às vítimas das chuvas e inundações nas regiões Sul e Sudeste e da seca no Nordeste. Está prevista a distribuição de cestas básicas, agasalhos e água (em carros-pipa) nas áreas de estiagem. Também haverá abrigos para as vítimas. Além disso, o ministério vai recuperar estruturas físicas, desobstruir vias urbanas e remover escombros. Para o Ministério dos Transportes, R$ 230 milhões destinam-se

a obras de emergência em rodovias federais afetadas pelas chuvas.

Os recursos do Ministério da Agricultura (R$ 50 milhões) devem ser usados para apoiar municípios na reconstrução de estradas vicinais danificadas pelas chuva e pela inundação que impediram o acesso a áreas rurais.

No Ministério da Educação, o crédito de R$ 12 milhões servirá para reestruturar escolas de educação básica e substituir seus equipamen-tos danificados pela chuva. Já o Ministério da Saúde contará com R$ 50 milhões para ade-quar a estrutura física e logística de unidades em regiões atingidas pelo excesso de chuvas. Os recursos também deverão ser usados para monitorar e avaliar as ações relativas a essas emergências.

O Plenário decidiu manter o texto da Câmara para o PL 1683/03, do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que cria o Monumento Natural do Arquipélago das Ilhas Cagarras, na cidade do Rio de Janeiro. Os deputa-dos rejeitaram o substitutivo do Senado, que previa regras menos rígidas para a preservação ambiental das ilhas. Assim, o texto que já havia sido aprovado pela Câmara em 2005 será enviado à sanção presidencial. A criação do monumento natural tem o objetivo de preservar remanescentes do ecossistema da Mata Atlântica na área, que é um refúgio de procriação de aves marinhas migratórias. O arquipélago fica no litoral carioca, cinco quilômetros ao sul da praia de Ipanema.

Regra mais rígida para preservação de ilhas do Rio

Proposta que institui relatório para embasar políticas para mulheres segue para sanção

MP de ajuda a cidades atingidas por secas e chuvas vai ao Senado

luiz alveS

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Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

ENTREVISTA

A sua liderança começa em um ano eleitoral. Como esse fato deve influen-ciar a sua atuação?

Este é um ano atípico que vai mudar a pauta da Câmara. O papel da minoria é um contraponto à maioria e um con-traponto ao governo. Nós temos que ter uma posição crítica em relação à forma como se dá o processo legislativo neste ano. A agenda do Parlamento se sub-mete de forma exagerada à agenda do Executivo. Na verdade, isso é um ataque à razão na vida política e na atividade do Congresso Nacional.

O líder da minoria é hoje, na prá-tica, o líder da oposição ao governo na Câmara. Como essa oposição deve ser exercida neste ano?

Devemos exercer, além do papel regimental da liderança, também o papel político. Nesse aspecto, teremos em vista não somente a agenda do Legislativo, mas também, e principal-mente, a agenda do Executivo. Devo trabalhar em conjunto com o líder do PSDB, João Almeida (BA), mantendo o diálogo com o líder do DEM, Paulo Bornhausen (SC), e do PPS, Fernando

Distribuição de royaltiesPara iriny lopes (PT-es), a emen-

da aprovada pela Câmara que prevê novos critérios de distribuição dos royalties do pré-sal é inconstitucional. “É flagrante a inconstitucionalidade e o desrespeito a áreas já licitadas, quando sequer o debate do pré-sal ainda es-tava posto, porque a Petrobras ainda não havia concluído com segurança os estudos para anunciar ao Brasil e ao mundo as reservas que tínhamos”, disse. A deputada lembrou que o relatório apresentado por Henrique eduardo alves (PmdB-Rn) na comis-são especial que examinou o assunto buscou compatibilizar a necessidade de ampliar a repartição dos royalties entre os demais estados e municípios confrontantes com as especificidades e os direitos reservados na Constituição aos que têm impactos diferenciados: Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.

Política e corrupçãoA corrupção e a impunidade são

responsáveis pelo desânimo que vem tomando conta de parlamentares e agentes públicos comprometidos com a ética, a justiça e a verdade, avaliou luiz Couto (PT-PB), ao comentar nota pública na qual José eduardo Cardozo (PT-sP) anunciou que não vai disputar as próximas eleições. Couto ressaltou que muitas outras pessoas têm manifestado desânimo ao ver “triunfar a desonestidade”. Ele explicou que o parlamentar está se afastando da vida pública porque não quer continuar em um processo eleitoral “apodrecido, corrompido e cada vez mais dependente do poder econômico”. Luiz Couto também apelou ao Ministério Público Eleitoral da Paraíba para que apure denúncias feitas na assembleia legislativa de que só conseguem se conveniar com o governo estadual os que se comprometem com a reeleição do governador José Maranhão.

Crise no DFPresidente do PMDB no Distrito Fe-

deral, Tadeu Filippelli (dF) afirmou que nos últimos meses vem enfrentando “forte pressão de todos os lados, dos mais humildes eleitores aos companhei-ros de jornada”, devido à crise política instaurada na capital. “Cobram-me uma postura mais incisiva em relação aos filiados do partido que tiveram sua imagem e seu nome atingidos pela avalanche de denúncias”, explicou. No entanto, o deputado disse que “resiste a uma atitude intempestiva”, mesmo que pague um alto preço por isso. “Um canetaço meu e algumas cabeças seriam entregues de forma midiática, mas agir dessa forma seria ceder ao oportunismo, não resolveria o problema essencial, que é o combate efetivo à corrupção”, sustentou. Segundo Fili-ppelli, “no tempo e na medida certos” a sociedade terá as respostas de que necessita em relação aos “filiados que não honraram a si próprios e expuseram a imagem do partido”.

DISCURSOS DA SEMANANovo líder da minoria, Fruet defende autonomia para agenda do Legislativo

Carolina Pompeu

Novo líder da minoria na Câmara, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) afirma que a oposição ao governo no Parlamento não deve se restringir à agenda legislativa, mas também estimular ações e iniciativas de oposição fora do Congresso. Fruet, que está em seu segundo mandato como deputado federal, disse que pretende ainda incen-tivar a discussão sobre a necessidade de a agenda do Legislativo não se submeter à do Executivo, especialmente em anos de eleições.

Coruja (SC), para procurar influenciar em uma agenda positiva.

Quais são as ações previstas para as próximas semanas?

Eu e o deputado João Almeida va-mos propor, nesta semana, uma repre-sentação ao Ministério Público para ter acesso aos dados, que não estejam sob sigilo, do depoimento do corretor Lúcio Funaro ao Ministério Público em São Paulo [o corretor acusa o ex-ministro José Dirceu de ter se beneficiado pes-soalmente de negócios fechados por fundos de pensão sob controle do PT]. Também já fizemos um pedido ao Mi-nistério da Previdência para ter acesso a informações sobre possíveis aplicações de fundos de pensão no Bancoop [co-operativa acusada de beneficiar caixa de campanha do PT nas últimas elei-ções]. Nos próximos dias, já compondo com os três vice-líderes, que serão os deputados Vanderlei Macris (PSDB-SP), Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), pro-curaremos estabelecer esse processo de posicionamento político da liderança em contraponto à maioria.

Em relação à distribuição de royalties do pré-sal, como será a atu-ação?

Esse é um exemplo de crítica que temos em relação ao governo. Eles, que imaginavam estabelecer uma agenda muito positiva, acabaram criando uma enorme expectativa, que despertou ganância sobre possíveis novas recei-tas. Isso tudo gera um embate que, em vez de favorecer uma discussão sobre o futuro do pré-sal, pode se tornar uma Guerra das Malvinas no Brasil. Por-tanto, é esse tipo de posição que nós queremos ter também: mostrar que a agenda, se tem um lado majoritário, de prevalência do Executivo, ela tem também um viés eleitoral, que acaba por gerar uma falta de previsibilidade nas ações do Legislativo.

Rodolfo StuckeRt

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) rejeitou na quarta-feira (17) o Projeto de Lei 5139/09, do Poder Executivo, que am-plia os direitos coletivos que podem ser objeto de ação civil pública A Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/85), que o projeto pretendia modificar, prevê a utilização desse instrumento legal para a defesa dos direitos relativos ao meio ambiente; ao consumidor; a bens e direi-tos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; à ordem econô-mica; à economia popular e à ordem urbanística.

Além desses direitos, o projeto es-tendia a ação civil pública para garantir a proteção da saúde, da educação, do trabalho, do desporto, da segurança pú-blica; dos transportes coletivos; da assis-

tência jurídica integral e da prestação de serviços públicos; do idoso, da infância, da juventude e das pessoas portadoras de necessidades especiais; da ordem so-cial e financeira, da livre concorrência, do patrimônio público e do erário; e de outros interesses ou direitos difusos, co-letivos ou individuais homogêneos.

Sociedade - A comissão rejeitou o parecer pela aprovação, na forma de um substitutivo do deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ). Em seu lugar, foi acatado o voto em separado do depu-tado José Carlos Aleluia (DEM-BA), pela rejeição. Como o projeto tramitava em caráter conclusivo, ele será arquiva-do, a menos que haja recurso para que seja votado pelo Plenário.

José Carlos Aleluia recomendou a rejeição do proposta com o argumento

de que a sociedade não participou de sua elaboração no Ministério da Justiça. “Esse projeto foi elaborado apenas por juízes, promotores e professores. Ele fe-ria a vontade popular e submetia a vida da nação a passar necessariamente por dentro dos tribunais”, afirmou.

Antonio Carlos Biscaia considerou incompreensível a decisão da comissão. O texto, lembrou, foi discutido suficien-temente, e ele, como relator, acatou mais de 40 das cerca de 100 sugestões apresentadas.

“A lei que trata da ação civil públi-ca é um dos mais avançados diplomas legais vigentes em nosso País. É incom-preensível que as classes empresariais, as confederações todas de empresários tenham se mobilizado para derrotar a proposta”, disse.

Ampliação do alcance da ação civil pública é rejeitada na CCJ

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ENTREVISTAEdição semanal - 22 a 28 de março de 2010

Mulher no trabalhoJanete Rocha Pietá (PT-

sP) defendeu a aprovação do PL 6653/09, que prevê ações para garantir a igualdade entre mulheres e homens no mercado de trabalho. Ela conclamou as mulheres a participar da vida política, co-brando o direito de ter espaço nas cotas em todos os níveis de poder. Outras cobranças da deputada são de que 5% do Fundo Partidário sejam aplicados na capacitação de lideranças femininas e que as mulheres participem dos programas partidários em no mínimo 10% do tem-po. A parlamentar também defendeu a aprovação da proposta que reserva uma vaga nas mesas diretoras e nas comissões do Congresso para mulheres. Janete Rocha Pietá também apontou avan-ços na área, como a criação da Procuradoria da Mulher e a representação da Bancada Feminina nas reuniões de líderes. Mas essas questões, em seu entendimento, pre-cisam ser normatizadas no Regimento da Casa para que tenham continuidade.

Direitos dos deficientesJosé C. stangarlini

(PsdB-sP) defendeu a cria-ção do Programa Nacional de Orientação e Encami-nhamento para Pessoas com Deficiência (Proned). A iniciativa, prevista no PL 6346/09, de sua autoria, busca cadastrar portadores de necessidades especiais (e seus familiares), a fim de prestar informações sobre programas destinados a esse público nas áreas de saúde, educação, trabalho e cidadania. “Queremos que o Proned faça parte do sistema de assistência social (Lei 8.742/93). Assim, tere-mos condições de atender a um número expressivo de usuários”, disse. O deputado defendeu também a obriga-toriedade, em todo o País, da cobertura de seguros de acidentes pessoais coletivos em eventos artísticos, des-portivos, culturais e recreati-vos nos quais haja cobrança de ingressos (PL 6495/09). De acordo com o deputado, dos R$ 800 milhões que o mercado de eventos movi-menta anualmente, apenas R$ 5 milhões são destinados à cobertura de seguros e para cobrir riscos materiais.

disCURsos da semana

Luiz Paulo Pieri

O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) apresentou pedido para instalação de comissão parlamentar de inquérito (CPI) com o objetivo de esclarecer o processo de privatização do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), comprado em 2000 pelo grupo espanhol Santander. A maior preocupação, diz Marquezelli, é com a situação dos mais de 14 mil pensionistas e servidores apo-sentados do antigo Banespa que, entre 2002 e 2007, tiveram a complementação de seus benefícios congelada. No quarto mandato como deputado federal, Marquezelli já presidiu as comissões da Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e a de Trabalho, de Administração e Serviço Público. Atualmente, ele é o 4º secretário da Mesa Diretora da Câmara.

Marquezelli: CPI do Santander visa resgatar aposentadoria de servidores do Banespa

O que o levou a lutar pela criação de uma CPI para investigar a privatização do Banespa?

Quando assumi a presidência da Comis-são de Trabalho, em 2008, tive a missão de intermediar as relações trabalhistas e previ-denciárias de diversos setores da sociedade, inclusive aposentados e pensionistas de todo o Brasil. A partir de uma discussão com a associação dos aposentados do Banespa, tivemos conhecimento mais profundo da situação em que se encontram os servidores inativos e as irregularidades que envolveram a aquisição do banco pelo Santader. Então, com o apoio de 198 deputados, entramos com um requerimento para abertura de uma CPI para investigar a privatização do Banespa, banco público de São Paulo comprado pelo grupo Santander. No meu entendimento, o Banespa foi adquirido a preço de banana e sucateado em balanços financeiros, pois valia na época mais de R$ 40 bilhões. Títulos federais de mais de R$ 4,2 bilhões, que garan-tiriam a operação, foram repassados ao San-tander, e dívidas com o fisco de mais de R$ 2 bilhões foram esquecidas por anos a fio.

Qual será o principal foco da CPI?Um dos focos será a operação que auto-

rizou a liberação de títulos inegóciáveis que garantiam a aposentadoria dos funcionários do banco. Entre 2002 e 2007, cerca de 14 mil aposentados e pensionistas tiveram a complementação de seus benefícios conge-lada. No mesmo momento, no entanto, os títulos emitidos para pagar a dívida do esta-do com o Banespa foram liberados para fazer parte dos ativos do Santander. Essa operação envolve, inclusive, o senhor Fábio Barbosa, secretário do Tesouro Nacional à época e responsável pela liberação dos títulos.

O que houve de errado, na sua opinião, com a liberação desses títulos?

Nesse processo de privatização, os títu-los deveriam servir para reajustar a com-plementação de pensão dos aposentados, mas tiveram um desvio de finalidade. Em vez de cumprir esse compromisso, foram para o caixa do Santander. Quando da privatização, as manchetes sensacionalis-tas da imprensa brasileira e internacional lançavam elogios rasgados à aquisição do Banespa pelo Santander, tendo em vista que a oferta simplesmente estava bilhões de reais à frente dos concorrentes, mas mesmo assim era uma miséria diante do valor real do Banespa, um patrimônio de

todo o povo paulista e brasileiro e que foi sucateado em balanços financeiros, mas que valia na época mais de R$ 40 bilhões. A trama foi urdida pelas autoridades do Tesouro Nacional e da Secretaria da Re-ceita Federal, o que seria um crime de lesa-pátria em qualquer país do mundo.

O que falta para a instalação da CPI?Tenho o apoio de mais de 200 deputados.

Estamos apenas aguardando o término das atuais CPIs para que a do Santander seja instalada. Os aposentados e pensionistas podem ficar tranquilos que a Câmara dos Deputados jamais vai pactuar com o crime que houve no passado, na privatização do Banespa, dando de presente ao Santan-der o maior banco estadual do Brasil. Os aposentados, pensionistas e seus familiares podem ter a certeza de que não irei esmo-recer nessa luta e que iremos resgatar es-ses bilhões de reais surrupiados dos cofres públicos e das aposentadorias.

A Câmara analisa o Projeto de Lei Complementar (PLP) 559/10, que cria uma contribuição social de 2% sobre as remessas de dinheiro enviadas ao País por brasileiros que vivem no exterior. O objetivo é fornecer recursos ao atendimento de brasileiros em situação de emergência em outros países. Pela proposta, do deputado manoel Junior (PmdB-PB), caberá à Receita Federal regu-lamentar a forma de cobrança da alíquota. Na expectativa do parlamentar, é possível arrecadar cerca de 140 milhões de dólares com a medida. Em 2007, as remessas do exterior para o Brasil somaram 7 bilhões de dólares.

Utilização dos recursos - O dinheiro arrecado, conforme o projeto, deverá ser usado na repatriação de brasileiros, quan-do necessário; na hospedagem popular

ECONOMIA

Remessas de brasileiros no exterior poderão ser taxadasno exterior pelo prazo mínimo necessário à repatriação; no traslado de corpos de brasileiros ao País em caso de acidente ou de crime - nesta hipótese, a família da vítima deverá ser de baixa renda, conforme avalia-ção das autoridades consulares; no custeio de despesas hospitalares emergenciais; na prestação de assistência jurídica; e na pro-moção de atividades de interesse comunitário dos brasileiros residentes na circunscrição do consulado.

O texto prevê, ainda, que para ter direito a fazer remessas, será obrigatória a inscrição eleitoral do cidadão no respectivo consulado brasileiro.

ausência de apoio - O autor ressalta que muitos brasileiros se encontram em situação de penúria no exterior. “Embora continuem a contribuir com remessas de dinheiro que

fortalecem a economia nacional, eles não contam com apoio adequado nos momentos de crise, como morte, doença, acidente ou processo judicial.”

Manoel Junior lembra que, apesar da solidariedade dos diplomatas brasileiros, que chegam a organizar “vaquinhas” para ajudar seus compatriotas, os consulados não podem pagar consultas, internações, sepultamentos ou cremações, nem prestar assistência jurídica. “Podem repatriar, mas até para isso os recursos são escassos”, explica.

Tramitação - O projeto, que tramita em regime de prioridade, será examinado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois, seguirá para o Plenário.

Rodolfo StuckeRt

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ENTREVISTA

SuRflineR

Oscar Telles

Tranformado em lei na semana passada, projeto de autoria do deputado Celso Russomanno (PP-SP) obriga os futuros motoristas a terem aulas de direção à noite. A partir de 17 de maio, autoescolas de todo o País deverão oferecer 20% das aulas práticas após as 20 horas. A Lei 12.217/10, publicada na quinta-feira (18) no Diário Oficial da União, ainda tem que ser regulamentada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o que pode ocorrer nos próximos dias. O texto publicado apenas recomenda aulas à noite e em condições adversas. Russomanno diz ter decidido apresentar o projeto após perceber que a maioria das pessoas sai das autoescolas insegura.

Celso Russomanno: aulas de direção à noite aumentarão segurança de motoristas novatos

Por que o senhor sugeriu aulas de direção à noite?

São vários os motivos. Em primeiro lugar, o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor - entidade sem fins lu-crativos que presido e mantenho com o dinheiro que ganho como deputado federal - identificou, em um levanta-mento, que a maioria das pessoas sai das autoescolas insegura. Se você abrir os classificados, vai encontrar autoescolas até para pessoas habilitadas. Pode um negócio desses? Começamos a pesqui-sar o fato e descobrimos que as pessoas terminam os cursos nas autoescolas sem o devido preparo.

Quais são as reclamações mais fre-quentes desses consumidores?

A maior quantidade de reclamações está no fato de não terem aulas notur-nas nas autoescolas. A maioria dos mo-toristas não sabe que quando se transita numa via de mão dupla e há um carro vindo no sentido contrário, quando ele pisca uma vez o farol, é para você baixar o farol; quando ele pisca duas vezes o farol, é para avisar que existe um acidente na estrada ou um perigo pela frente e que você deve conter a velocidade. A maioria dos motoristas não sabe, porque nunca teve uma aula sequer para ensinar como se liga o pis-ca-alerta ou como se faz para utilizar as lanternas como meio de sinalização. Se ninguém sabe o que é básico, está faltando alguma coisa.

O Denatran nunca regulamentou esse assunto?

O Departamento Nacional de Trân-sito (Denatran) já tinha baixado uma resolução determinando aulas notur-nas, o que nunca foi cumprido pelas autoescolas. O que tivemos que fazer? Transformar em lei para que a deter-minação seja cumprida, considerando minha experiência nessa área: trabalhei no Departamento de Trânsito de São Paulo.

Como chegou ao percentual de 20% de aulas à noite?

A ideia não é aumentar a quantidade de aulas, mas manter a que já existe, reser-vando pelo menos 20% dessas aulas para serem praticadas à noite. É o mínimo que se pode adotar para que a pessoa possa dirigir nesse horário. Na enquete que fi-zemos no Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, verificamos que a maioria das pessoas recém-habilitadas, principal-mente o público feminino, não sai à noite no primeiro ano de habilitação por medo. Se você põe motorista inseguro nas ruas, o que está praticando? Acidentes. Não podemos aceitar que o Brasil continue liderando, no contexto mundial, como o país que tem mais acidentes.

O senhor acredita que a lei vai “pegar”?

Só não pega a lei que não é fisca-lizada. As autoescolas são fiscalizadas constantemente. Existem corregedorias dentro dos departamentos de trânsito para fiscalização de autoescolas. Os De-trans em todo País operam dia e noite, e o mínimo que poderiam fazer é fisca-lizar a aplicação dessa lei.

A Câmara instalou, na semana passada, a subcomissão especial para acompanhamento, fiscalização e controle das obras do trem de alta velocidade entre São Paulo e o Rio de Janeiro. O grupo, subordinado à Co-missão de Fiscalização Financeira e Controle, será presidido pelo deputado Vanderlei macris (PsdB-sP).

Preocupado com a aplicação dos recursos para a implantação do trem rápido, Vanderlei Macris pediu a instalação da subcomissão, que foi aprovada no dia 16 de de-zembro. Ele informou quais serão as próximas etapas: “Vamos reunir a subcomissão e elaborar o roteiro de trabalho. Na próxima semana, já deveremos estar com todas as ações programadas, inclusive a realização de audiências.”

SUBCOMISSãO

Deputados fiscalizarão obras de trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro

A Câmara instalou uma subcomissão para acompanhar as obras do trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro. O grupo é subordinado à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle

A vice-presidência do colegiado será do deputado Wellington Roberto (PR-PB), e a relatoria, do deputado edson aparecido (PsdB-sP). Também participarão os deputados Rebecca Garcia (PP-am) e Carlos Brandão (PsdB-ma).

Relatório do TCU - No Tribunal de Contas da União (TCU), uma aná-lise técnica sobre o projeto do trem de alta velocidade está sendo feita pelas secretarias de Fiscalização de Desestatização; e de Fiscalização de Obras, e deverá ser encaminhada até o próximo dia 26 ao ministro Augusto Nardes.

Segundo o presidente do TCU, ministro Ubiratan Aguiar, Nardes deve concluir o seu relatório sobre o caso em abril, para que, então, seja autorizada a licitação do trem.

os parlamentares deverão acompanhar a aplicação dos recursos para implantação do trem rápido entre Rj e SP

Rodolfo StuckeRt

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Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

ENTREVISTA

Governo do MTHomero Pereira (PR-mT) desta-

cou realizações do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, que administrou o estado durante sete anos e no pró-ximo dia 31 deixa o governo com alto índice de aprovação. “A quantidade de benefícios que o estado obteve com as duas administrações faz com que a história dessa importante unidade da Federação seja dividida entre antes e depois do governo Blairo Maggi”, avaliou. Segundo o parlamentar, no período entre 2003 e 2009, foram construídas em Mato Grosso 75 mil moradias populares com recursos próprios do governo estadual e em par-ceria com o federal. Pereira ressaltou que Mato Grosso possuía, em 2002, somente 1.940 quilômetros de rodovias pavimentadas e que esse número se elevou para 4.335 quilômetros de ro-dovias e vias urbanas pavimentadas, na administração atual.

Indicadores do RNO Rio Grande do Norte alcançou

os melhores indicadores sociais de distribuição de renda de toda sua história durante o governo Lula, se-gundo declarou Fátima Bezerra (PT-Rn). De acordo com a parlamentar, cerca de 325 mil famílias potiguares saíram da pobreza com o programa Bolsa Família que, em 2009, investiu R$ 343 milhões no estado. Ela disse ainda que a política de recuperação salarial implantada por Lula resgatou o poder de compra de 54% da popula-ção economicamente ativa do estado. Segundo ela, mais de um milhão de trabalhadores do RN têm sua renda diretamente ligada ao salário mínimo. Além disso, destacou, o Prouni teve o mérito de colocar os filhos das famílias mais pobres na universidade. “Foram 8 mil novas vagas oferecidas entre 2005 e fevereiro de 2010”, relatou.

Fábrica de barrilhasFelipe maia (dem-Rn) reivindi-

cou que o governo federal retome a instalação de uma fábrica de barrilha no Rio Grande do Norte. “A fábrica da Alcanorte é, na definição de um jornal de Natal, o último trem do governo em que o Rio Grande do Norte pode embarcar”, afirmou. O parlamentar explicou que a barrilha é matéria-prima utilizada na indústria para a fabricação de produtos como vidro, tintas e sabão. De acordo com ele, o mercado brasileiro consome hoje cerca de 700 mil toneladas do produto por ano, importado de países como China, Rússia e Índia. Segundo afirmou, somente a fábrica da Alca-norte, localizada na região de Macau e Guamaré, seria capaz de produzir quase metade desse montante - 300 mil toneladas anuais. O parlamentar relatou que a fábrica da Alcanorte já tem pelo menos metade das obras físicas realizadas e parte dos equi-pamentos comprados.

DISCURSOS DA SEMANA João Campos: Estado não pode se omitir na defesa do cidadão

A reestruturação das Forças Ar-madas proposta pelo governo atende às necessidades do País?

Entendo que o projeto veio em boa hora, uma vez que visa efetivamente fortalecer a política de segurança pú-blica, especialmente no que se refere à criminalidade nas nossas fronteiras, que são muito extensas. Em muitas lo-calidades, a única presença do Estado se dá por meio das Forças Armadas. Entendo que o Estado não pode se omitir na defesa do cidadão brasileiro em face das ocorrências criminosas na área de fronteira. Como nós já resguar-damos a competência do Exército para atuar com poder de polícia ostensiva, podendo fazer patrulhamento, apreen-são, revista, prisão em flagrante, bus-camos agora estender essa competência às demais forças. O que foi feito com relação ao Exército vem dando certo, sem nenhum conflito de competência com as polícias federal, civil e outros órgãos de segurança pública. Além dis-so, essa proposta é um aperfeiçoamento do que o governo Fernando Henrique Cardoso vinha fazendo desde 1999 e, também por isso, deve virar lei.

Quais os temas centrais da pro-posta?

O projeto busca reforçar o papel do Ministério da Defesa em relação às For-ças Armadas, sem subtrair nenhuma atividade, atribuição ou competência dos comandos de cada uma das forças, o que também é muito importante no Estado Democrático de Direito. Busca ainda dar maior segurança jurídica ao militar que atuará em situações não necessariamente de natureza militar, como ações de paz e de preservação das instituições brasileiras. Assim, ao estender a competência dada ao Exér-cito à Marinha e à Aeronáutica, há um fortalecimento da política de seguran-ça pública, sem criar área de conflito com os demais órgãos do setor. É uma política em favor do Estado e da segu-rança do cidadão.

O senhor é autor da PEC dos Car-

tórios, que está pronta para votação em Plenário. Por que defende a efeti-vação dos cartorários?

Minha proposta, a PEC 471/95, já aprovada em comissão especial por unanimidade, busca fazer justiça ao

regulamentar a situação dos cartorá-rios. Para tanto, exige que os futuros beneficiários tenham sido designa-dos substitutos ou responsáveis pelas respectivas funções até novembro de 1994, data da lei que regulamentou o texto constitucional. Além disso, exige que os beneficiários devam estar res-pondendo pelo serviço há no mínimo cinco anos ininterruptos, contados a partir da promulgação da lei. É im-portante frisar que a PEC não acaba com os concursos, nem impede que os concursados aprovados assumam suas funções. Pelo contrário, ela prevê pu-nições para quem deixar de cumprir o prazo estabelecido, de seis meses, para a realização de concurso público. Na realidade, a PEC vem apenas fazer jus-tiça a centenas de pais e mães de famí-lia que se encontram em insegurança jurídica há mais de 14 anos.

Luiz Paulo Pieri

Relator do Projeto de Lei Complementar 543/09, do Executivo, que cria o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas e unifica as políticas de defesa, o deputado João Campos (PSDB-GO) explica que a proposta é um aperfeiçoamento do que o governo Fernando Henrique Cardoso vinha fazendo desde 1999. A matéria foi aprovada no dia 9 e seguiu para análise pelo Senado.

João Campos é também autor da PEC dos Cartórios (471/05), que efetiva sem concurso os atuais titulares de cartórios. Ele defende a relevância da proposta ao salientar que as pessoas que trabalham há 15 anos nos cartórios, com boa fé, foram vítimas da omissão da administração pública e não podem ser afastadas a toque de caixa.

CCJ altera regras para uso de cerca elétrica SEGURANÇA

Proposta que estabelece parâ-metros para uso de cercas elétricas e determina multa em caso descum-primento das normas foi aprovada conclusivamente pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cida-dania. O texto, que segue para o Senado, determina que o projeto e a instalação do equipamento de se-gurança sejam feitos por profissio-nais habilitados. A fiscalização e o recebimento de multas ficarão sob responsabilidade da Defesa Civil. Hoje, os parâmetros são definidos

por leis municipais e estaduais.A comissão seguiu o voto do relator,

deputado Jorginho Maluly (DEM-SP), que foi favorável ao substitutivo do de-putado Fernando Chucre (PSDB-SP) ao PL 3080/08. O substitutivo, aprova-do pela Comissão de Desenvolvimento Urbano, fez uma série de alterações no texto original.

O substitutivo deixa a cargo do município decidir, por meio de lei, a altura mínima do primeiro fio da cerca elétrica. As penalidades previs-tas em caso de descumprimento das

regras serão aplicadas ao morador do imóvel com cerca, e não ao pro-prietário. A multa prevista é de R$ 5 mil. No caso de condomínio, o síndico será penalizado pela ins-talação do equipamento fora dos padrões permitidos.

Também haverá pena para o agente responsável pela instalação da cerca, sob a justificativa de que proprietário não tem conhecimentos técnicos para saber se o serviço foi realizado de acordo com a lei. O pro-fissional pagará multa de R$ 10 mil.

Rodolfo StuckeRt

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ENTREVISTA

Quais são as prioridades da comis-são neste ano?

Vamos ampliar cada vez mais os es-paços e as possibilidades de participação das entidades da sociedade civil no dia a dia do Parlamento. Temos duas questões fundamentais: a primeira é recuperar a prerrogativa da comissão de participar da elaboração da Lei Orçamentária, a possibilidade de termos emendas ao Or-çamento encaminhadas pela comissão. É fundamental para democratizar e ga-rantir minimamente a presença direta da população na elaboração do Orça-mento. A segunda questão diz respeito à simplificação da participação popular no processo legislativo. No Brasil, foi considerado um grande avanço quando, na Constituição de 1988, aprovamos o projeto de lei de iniciativa popular. No entanto, passados mais de 20 anos, o que se observa? Praticamente esse foi um direito muito pouco aproveitado.

Por que ocorre essa dificuldade com os projetos de iniciativa popular?

Você reunir 1% das assinaturas dos eleitores brasileiros em sete estados sig-nifica, hoje, juntar mais de 1,5 milhão

Piso de PMs e bombeirosÁtila lins (PmdB-am) cobrou

a retomada da votação da proposta de emenda à Constituição que esta-belece piso nacional para policiais e bombeiros militares. Ele propõs que o texto esteja entre as propostas se-lecionadas pelo Colégio de Líderes para serem votadas no começo de abril. “Exigimos que a PEC 300/08, acoplada à PEC 446/09, volte ao Plenário para receber novamente o aval desta Casa - e tenho certeza de que vai recebê-lo. É impossível deixarmos que esta PEC não seja aprovada, não seja incluída entre as que serão selecionadas [pelos líderes], porque precisamos dar uma resposta à situação de penúria em que os policiais estão, pois isso causa uma repercussão profunda nos ser-viços que eles prestam à sociedade brasileira”, enfatizou.

Engenheiros agrônomosWandenkolk Gonçalves (PsdB-

Pa) defendeu a equiparação dos salários dos engenheiros agrônomos do Incra com os dos engenheiros do Ministério da Agricultura. O deputado disse que encaminharia à Comissão de Agricultura da Câmara proposta nesse sentido. Segundo o parlamen-tar, a diferença salarial é um “erro” que vem causando dificuldade para que a reforma agrária seja implantada no Brasil. Para agilizar a reforma agrária, o deputado observou ser importante que os agrônomos do Incra tenham o mesmo tratamento dispensado aos do Ministério da Agri-cultura. De acordo com o deputado, os agrônomos do ministério recebem quase 40% a mais do que os do Incra. Em sua avaliação, não se faz refor-ma agrária sem a experiência dos funcionários do Incra, especialmente dos engenheiros agrônomos.

Ficha LimpaFlávio dino (PCdoB-ma) avaliou

que a aprovação do projeto Ficha Limpa (PLP 518/09) representará a possibilidade de resgatar a dignidade da política. Em sua opinião, essa conquista é fundamental para a de-mocracia. “Apesar de outros subsis-temas de poder serem importantes, a política é insubstituível na busca da concretização da vontade popular”, declarou. O objetivo do Ficha Limpa é proibir pessoas condenadas por crimes graves de disputar eleições. Os avanços alcançados na área de educação durante a atual legislatura também foram destacados pelo par-lamentar, que, no entanto, lamentou que a lei do piso salarial nacional dos professores não venha sendo cum-prida em grande parte dos estados e dos municípios. Segundo Dino, a lei vem sendo descumprida em razão da iniciativa de alguns governadores que questionaram no STF a consti-tucionalidade do piso.

A Câmara analisa o Projeto de Lei 6885/10, do deputado ademir Camilo (PdT-mG), que define regras para inter-venção federal em estados, no Distrito Federal e em municípios. Pela proposta, a intervenção terá prazo de até 120 dias - prorrogável uma vez pelo mesmo perí-odo - e poderá afetar o funcionamento de todos os poderes. Depois de encerrado o período de intervenção, diz o texto, o interventor deverá apresentar, em até 30 dias, um relatório detalhado de sua gestão, com cópia ao Tribunal de Contas, que deverá emitir parecer sobre o assunto.

A proposta será analisada de forma conclusiva pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Segundo o pro-jeto, o decreto de intervenção especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução do ato. Também indicará os poderes que sofrerão a intervenção, os

motivos e objetivos da decisão e, no caso de o interventor ter sido nomeado, suas faculdades e instruções.

Pedido de intervenção - O texto estabelece que o pedido de intervenção poderá ser feito, conforme o caso, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelos poderes Executivo ou Legislativo, pelo procurador-geral da República, ou de ofício, mediante representação de dois terços da Câmara Municipal ou do Tribunal de Contas do Estado.

Durante a intervenção, serão preser-vadas todos os contratos de concessão e outorga e as obrigações assumidas pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios em virtude de empréstimos ou de quaisquer operações de crédito público.

obrigações - Entre as obrigações do interventor estão ratificar ou revogar expressamente, caso necessário, os atos ou deliberações praticados por outras autoridades que tenham administrado o local sob intervenção anteriormente; manter regime de publicidade dos seus atos e dos motivos que os determinarem, especialmente no que se refere à arreca-dação e aplicação da receita pública.

No entanto, a proposta também im-pede o interventor de exercer funções judiciais; instituir novos tributos; outorgar concessões de serviços públicos; gerar despesas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público, nos termos da lei; celebrar contratos, licitações e compromissos que não sejam impres-cindíveis à sua imediata gestão ou que excedam o seu período de intervenção, entre outros pontos.

DISCURSOS DA SEMANA

FEDERAÇãO

Ademir Camilo propõe regras para intervenção em estados e municípios

Paulo Pimenta: participação popular na Câmara tem que ser simplificada

Noéli Nobre

São duas as prioridades do novo presidente da Comissão de Legislação Participativa, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), para este ano: a simplificação do processo de par-ticipação popular nas decisões da Câmara e a reconquista da prerrogativa da comissão de apresentar emendas ao Orçamento, extinta em 2006 por resolução do Congresso. Além dessas prioridades, Paulo Pimenta espera estreitar a relação com a sociedade civil, ouvindo suas demandas. A primeira reunião com representantes de diversos setores foi realizada na quinta-feira (18). Na ocasião, a comissão recebeu sugestões referentes aos direitos das mulheres, dos trabalhadores rurais e dos povos indígenas, entre outras. Nascido em Santa Maria (RS), Paulo Pimenta é jornalista e técnico agrícola. Exerce o seu segundo mandato como deputado federal.

assinaturas em um processo manual no qual elas são conferidas uma a uma. O STF [Supremo Tribunal Federal] aceita petição pela internet, as pessoas fazem a sua declaração do Imposto de Renda pela internet e movimentam as suas contas bancárias. Mas, até hoje, a Câ-mara não tem um processo mais simples que permita ao cidadão manifestar o seu apoio pela internet.

Como o senhor pretende conduzir os trabalhos em ano de eleições?

A comissão vai trabalhar normal-mente, independentemente do calen-dário eleitoral. A gente tem condições de estabelecer uma dinâmica intensa de trabalho, porque a comissão atua muito em parceria com as entidades. Como a maioria dos projetos são demandados por elas, tenho certeza de que haverá um grande público participando das sessões, das audiências públicas.

As entidades que participaram da reunião na quinta (18) fizeram uma série de sugestões. Como a comissão vai lidar com elas?

Nós temos duas questões. Uma são

as pautas principais da comissão, indu-zidas por nós. Outra é essa necessidade de receber sugestões das entidades. O crivo é feito a partir de cada entidade. É um público bastante heterogêneo. Temos desde a CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil], passan-do pelos sindicatos representativos da sociedade civil e por entidades como o Cfemea [Centro Feminista de Estudos e Assessoria]. Todos aqui têm seu espaço sem distinção.

Algum tema poderá causar polê-mica?

Vários temas são polêmicos, mas são polêmicas que não partem de uma questão de natureza corporativa, mas do interesse geral da sociedade, como a reforma política, a reforma tributária, o projeto da Ficha Limpa, as novas regras para a contribuição financeira para as eleições. A remuneração dos profissio-nais da área de segurança é um outro tema muito presente.

bRizza cavalcante

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ENTREVISTA

PRe

f. de

itaj

Como pretende conduzir os traba-lhos à frente da comissão?

Vamos abrir a comissão aos mo-vimentos de trabalhadores que vêm à Câmara, como aos que reivindicam a carga horária máxima semanal de 40 horas [PEC 231/95], que está na pauta do Plenário. Por ser esta uma das mais importantes comissões da Câmara, que-remos ouvir a todos para aperfeiçoar as propostas em tramitação. Para tanto, estamos criando um canal de comuni-

O Projeto de Lei 3442/08, do Sena-do, que autoriza a instalação de salas de aula destinadas aos ensinos básico e profissionalizante nos presídios, foi aprovado na semana passada pela Co-missão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).

Como foi aprovado em caráter conclusivo, o projeto irá à sanção pre-sidencial, caso não seja apresentado recurso para a sua análise em Plenário. Antes, já havia sido aprovado pelas comissões de Educação e Cultura; e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.

A proposta muda o artigo 83 da Lei

de Execução Penal (Lei 7.210/84), que determina a existência em presídios de áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recre-ação e prática esportiva aos detentos. Apesar dessa previsão legal, faltam salas de aula.

O relator da matéria, deputado Flá-vio Dino (PCdoB-MA), apoiou a maté-ria. “Ela tem o propósito de dar à enorme população carcerária do País acesso à educação. A medida proporciona me-lhor reintegração social dos detentos, que poderão estar aptos a ingressar no mercado de trabalho quando retorna-rem à vida em sociedade”, disse.

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional aprovou, na semana passada, o Projeto de Lei 6078/09, do Poder Executivo, que assegura o ser-viço militar obrigatório de profissionais da saúde. O texto determina que a dispensa de incorporação concedida na época do alistamento aos estudantes de Medicina, Farmácia, Odontologia e Veterinária só terá validade até a forma-tura. Depois disso, a convocação deve ser reavaliada pela autoridade militar, que poderá determinar a prestação do serviço obrigatório.

A proposta, que tramita em caráter conclusivo, já foi aprovada pela Comis-são de Seguridade Social e Família e

agora segue para a Comissão de Cons-tituição e Justiça e de Cidadania.

Corrigir brechas - Segundo o relator da proposta, deputado William Woo (PsdB-sP), o texto quer corrigir brechas legais que permitem aos re-cém-formados questionar na Justiça a convocação após a formatura, sob o argumento de que já teriam sido dispensados aos 18 anos.

“As alterações esclarecem pontos obscuros na legislação sobre serviço militar obrigatório e vão permitir o suprimento da demanda de pessoal nos projetos de assistência à saúde realizados pelas Forças Armadas no interior do País”, defendeu Woo.

Alex Canziani: vamos incentivar participação da sociedade nas decisões da Comissão de Trabalho

Luiz Paulo Pieri

Eleito presidente da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, o deputado Alex Canziani (PTB-PR) avalia que o Brasil está avançando nas questões do trabalho e, segundo ele, o colegiado atuará para que o País ingresse no rol dos mais desenvolvidos nessa área. O parlamentar pretende dar maior visibilidade aos trabalhos da comissão e promover a interação com a sociedade. Para tanto, lançará o programa televisivo “Trabalho em Debate”. Ex-secretário de Emprego e Relações do Trabalho do Paraná e em seu terceiro mandato como deputado federal, Canziani diz que já tem se reunido com integrantes do colegiado e assessores para avaliar os mais importantes projetos em tramitação, tanto para os trabalhadores quanto para os empresários.

cação que, será o programa “Trabalho em Debate” destinado a fazer a intera-ção com a sociedade brasileira. Este será um ano difícil, por ser um ano eleitoral. Nossa principal preocupação será man-ter um ritmo de trabalho, que garanta produtividade, deliberando sobre todas as propostas que estejam prontas para o Plenário.

Quais serão os temas prioritários? Ainda estamos promovendo reuni-

ões com nossa assessoria e com os in-tegrantes da comissão, para definir os projetos mais importantes, tanto para os trabalhadores quanto para os empre-sários, para que possamos determinar uma pauta consensual. Um dos temas com maior prioridade será a análise e o debate do decreto presidencial que re-estrutura a Fundação Nacional do Ín-dio (Funai). Também vamos tratar das questões atinentes às carreiras e a es-trutura do Estado, ao FGTS, ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e aos direitos trabalhistas, promovendo audi-ências públicas sobre destes temas.

Que assuntos o senhor considera mais polêmicos?

A reestruturação da Funai será um tema polêmico, uma vez que o decreto causou alvoroço nas comunidades in-dígenas, já que, segundo ele, das atuais 45 unidades administrativas regionais da Funai, nove deixarão de existir. A

reforma também prevê a redução do nú-mero de postos avançados, na entrada das aldeias, além de provocar uma série de mudanças na estrutura da entidade. A comissão fará uma audiência publica, convidando a representação dos índios, da Funai e do governo, para tentarmos viabilizar um entendimento entre as partes.

Rodolfo StuckeRt

CCJ RELAÇÕES EXTERIORES

Câmara aprova salas para cursos profissionalizantes em presídios

Serviço militar poderá ser obrigatório para profissionais de saúde

luiz alveS

Profissionais de saúde da Marinha atendem população civil em Itajaí (SC)Presidiários aprendem ofício de cozinheiro na Casa de Custódia de Teresina (PI)

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ENTREVISTA

Abelardo Lupion: comissão será ‘caixa de ressonância’ do setor agropecuário

Como serão os trabalhos da comissão neste ano?

A comissão será a caixa de ressonância das reivindicações do setor agropecuário brasileiro. Vamos acompanhar, online, to-dos os recursos do setor, desde o governo federal ao BNDES, passando pelo Funca-fé. Já trouxemos integrantes do Tribunal de Contas da União à comissão para saber quando, onde e como está sendo aplicado o dinheiro do setor agrícola. A realização de audiências públicas para debater os temas mais complexos que passam pela comissão será uma dinâmica em nossa gestão. Já marcamos várias reuniões, como a que vai discutir a questão do sorgo na produção do etanol, e a reunião conjunta com a Comis-são de Ciência e Tecnologia, para debater temas correlatos às duas áreas.

Quais são os maiores problemas do setor agrário?

Apesar de termos, neste ano, a maior

safra agrícola da nossa história, o produtor ainda sofre do mesmo mal: a dificuldade de financiamento e de comercializaçaõ da safra. Vamos intervir junto ao Ministério da Agricultura, pedindo a adoção de me-canismos de sustentação do preço mínimo da safra agrícola e, notadamente, do preço do feijão para a comercialização da safra em andamento, especialmente no Paraná, onde os produtores da região estão tendo que vender o produto com preços abaixo do mínimo, pressionados pelo excesso de ofer-ta. O Ministério da Agricultura, por meio da Conab, tem que entrar no mercado para regular a oferta e garantir o preço mínimo ao produtor, com objetivo de evitar prejuízos ao setor, já prejudicado pelos problemas com o trigo na safra 2009/2010.

A comissão abordará a atuação dos cartéis agropecuários?

A questão dos cartéis existentes no setor agropecuário serão debatidos, e eles

serão combatidos - como é o caso do cartel do boi, do leite, do suco de laranja, dos fer-tilizantes, dos supermercados, entre tantos outros que entravam a remuneração de-cente para o agricultor brasileiro. O cartel do leite, por exemplo, explora em demasia o produtor. O leite é comprado por cerca de R$ 0,60 e é vendido a até R$ 3,00 o litro. Assuntos como a renegociação das dívidas dos agricultores e outros ligados à biotecnologia também estão na pauta da comissão, e todos serão analisados com prioridade, mesmo em um ano eleitoral.

Luiz Paulo Pieri

Eleito pela segunda vez para presidir a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) diz que sua gestão não será diferente da realizada de 2006 a 2007, uma vez que a situação da agricultura brasileira não evoluiu para melhor. Ele culpa os cartéis existentes na área agrícola e o governo federal pela situação em que se encontra o setor. Temas como a renegociação das dívidas dos agricultores e outros ligados à biotecnologia estão na pauta do colegiado e, de acordo com o parlamentar, todos serão analisados, mesmo em ano eleitoral.

AMAzôNIA

CPI contribuirá para atualizar leis fundiárias, diz Vanessa GrazziotinFelipe Néri

O presidente da Câmara, Michel Temer, anunciou, na semana passada, a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a situação fundiária e o uso irregular de terras na Amazônia. De acordo com a deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-am), que propôs a CPI, o objetivo é fazer uma análise contemporânea da legislação no que diz respeito à ocupação de terras na área da floresta.

Segundo a parlamentar, o aumento da regularização de pequenos posseiros tem dado mais visibilidade à ocupação ilegal. Ela também acredita ser preciso atualizar as leis sobre a posse de terras por estran-geiros. “A CPI pode contribuir muito para complementar ações do governo e apontar caminhos”, ressaltou.

CPi anterior - Esta não é a primeira vez que é criada uma CPI na Câmara para investigar a grilagem de terras. Em 2001, a CPI da Ocupação de Terras Públicas na

Amazônia sugeriu o indiciamento de aproximadamente 80 pessoas. Entre os resultados ob-tidos, 50 milhões de hectares re-tornaram ao pa-trimônio da União só no estado do Amazonas.

De ac ordo com o deputado luciano Castro (PR-RR), que pre-sidiu essa primeira comissão, uma nova CPI não surti-rá efeitos, pois o mais importante seria cobrar as providências exigidas pela CPI anterior. “A CPI, por si só, não resolve o problema, mas ela pode se desdobrar em soluções para as questões levantadas”, observou.

Questionada sobre o pouco tempo que

a CPI terá para atuar, tendo em vista as eleições deste ano, Vanessa Grazziotin destacou que isso não será problema. Segundo ela, as investigações podem ser interrompidas em junho e prosseguir após o pleito de outubro.

A Comissão de De-senvolvimento Urba-no realizará seminário sobre construções sus-tentáveis, com a par-ticipação da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus-tentável. O evento, pro-posto pelos deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Zezéu Ribeiro (PT-BA), ainda não tem data marcada.

Segundo os parla-mentares, o objetivo do seminário será apre-sentar a importância de soluções de arquitetu-ra e urbanismo para a redução de custos e impactos nas obras e a busca pelo aumento da sustentabilidade dos ambientes construídos.

“Queremos possibi-litar a adoção de políti-cas públicas para incen-tivar a implementação de projetos sustentáveis, que trazem benefícios à sociedade. Além disso, é preciso combater o desperdício e promo-ver o uso racional dos recursos naturais re-nováveis”, acrescentou Ribeiro.

Energia - Os parla-mentares assinalam que as obras mais eficientes causam menos impactos na construção e menor uso de energia, além de contribuírem para uma melhor vida em socie-dade. Teixeira e Ribeiro também lembram que o Brasil é protagonista na geração de energia sustentável e que esse fato servirá de vitrine para a Copa de 2014 e para a Olimpíada de 2016. “Os conceitos de arquitetura sustentável desenvolvidos pelo País podem ser aplicados nas construções das vilas olímpicas e novos ho-téis para os turistas”, disseram.

MEIO AMBIENTE

Desenvolvimento Urbano discutirá construções

sustentáveisRodolfo StuckeRt

RicaRdo StuckeRt

a cPi investigará o uso irregular de terras na amazônia

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OPINIãO

Ibsen Pinheiro

Por que será que 24 bancadas vota-ram unanimemente, na Câmara dos De-putados, a favor da emenda que distribui entre todos os estados e municípios os royalties incidentes sobre a exploração de petróleo no mar? Os votos divergen-tes ficaram por conta dos deputados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, mais uns poucos de São Paulo.

Os jornais botaram meu nome na emenda, o que me honrou, mas foi uma injustiça com os deputados Humberto Souto (PPS-MG) e Mar-celo Castro (PMDB-PI), e com os 258 coautores que assinaram a proposta. E também com os 369 que a adotaram no Plenário.

Esses números não são casuais. Expressam um for-te sentimento nacional pela ruptura com os modelos concentradores da riqueza comum presentes no sistema tributário nacional e repetidos na legislação dos royalties sem nenhuma justificativa de ordem jurídica, econômica, política ou moral.

A Constituição diz que o mar e suas riquezas são de

Pré-sal, equanimidade játodos os brasileiros, da União, conforme disposto no art. 20 da Constituição fe-deral. Não há dano ambiental a trezen-tos quilômetros da costa. Os impactos econômicos são todos positivos. Logo, o produto resultante da riqueza proveniente da plataforma continental deve pertencer a todos os brasileiros, como aliás foram distribuídos todos os ônus e encargos ao longo de 40 anos de produção deficitária e 30 anos de prospecção caríssima no mar, onde nove em dez perfurações resultam em fracasso.

Quando um dá certo, tem que dar certo para todo o País. A vazão do óleo que jor-ra do fundo do mar precisa ser distribuída

equanimemente e não da forma atual, injusta principal-mente com os estados e municípios mais pobres, cansados de mendigar com o chapéu na mão em Brasília.

Esse foi o significado da votação da emenda dos royalties do petróleo no Plenário da Câmara, na noite de 10 de março de 2010. A primeira decisão de corrigir uma histórica injustiça federativa. O Rio e o Espírito Santo perdem receita. Por isso, nos empenhamos em oferecer ao senador Pedro Simon (PMDB-RS) uma

sugestão de compensação aos que sofrerem perdas em função da lei.

Pedro Simon irá negociar no Senado e construir o acordo para a compensação que não conseguimos oferecer na Câmara, porque não fomos ouvidos pelos que conduziram o projeto. Todos queremos contribuir e os governadores também já entraram em campo para compensar o Rio, mas manter os dois conceitos princi-pais da conquista da Câmara, que são a equanimidade e a atualidade. A partilha justa e já.

O produto resultante da riqueza proveniente da plataforma continental deve pertencer a todos os brasileiros, como aliás foram distribuídos todos os ônus e encargos ao longo de 40 anos de produção deficitária e 30 anos de

prospecção caríssima no mar, onde nove em dez perfurações resultam em fracasso

José Carlos Aleluia

As atividades econômicas de explo-ração na área mineral, de hidrocarbone-tos, de petróleo, de energia elétrica, de hidroeletricidade, de energia nuclear, ou seja, os grandes empreendimentos causam normalmente impacto ambiental, que têm que ser devidamente estudados e miti-gados, pois causam também o chamado impacto na inserção regional.

A ideia dos royalties está muito mais associada com a produção de recursos or-çamentários, para que os municípios, os estados e as regiões possam se organizar para mitigar os impactos ambientais e para preparar a infraestrutura urbana, de transporte e social, para receber os empreendimentos.

No caso específico do petróleo, não há dúvida so-bre o impacto ambiental de grandes proporções, que precisa ser devidamente estudado pela Petrobras, pelas empresas exploradoras em geral, pela Agência Nacio-nal de Petróleo (ANP) e pelo governo brasileiro, por meio do ministério de Minas e Energia, e pelo Ibama, para tê-lo sob controle.

Além do impacto ambiental, existe o grande impacto social. Ou seja, um crescimento acelerado das demandas sociais, da demanda dos serviços públicos e da própria estrutura comercial e de pro-dução da região.

Tem que se ter muito cuidado com a questão da compensação, porque muitas vezes, durante o período de implantação e de exploração, a própria riqueza

Imbróglio dos royalties é culpa do governo federal e de Sérgio Cabral

gerada por ele consegue atenuar o impacto. Mas, se não houver recursos adicionais, deixa as pre-feituras e os estados de-samparados.

Durante o período de implantação e exploração dos recursos, estão as ne-cessidades de recursos para o que vem depois, quando a exploração começar a declinar e a atividade eco-

nômica também, e portanto a pobreza começar a chegar. Não faz sentido que não haja um tratamento diferenciado para os estados e municípios produtores com relação aos royalties.

Grande equívoco - Com efeito, a emenda apro-vada na Câmara dos Deputados foi fruto de um grande equívoco cometido pelo governo federal e pelo governo do Rio de Janeiro. O primeiro, por excluir ou reduzir drasticamente a participação do Rio de Janeiro e dos municípios produtores na ex-ploração de petróleo e gás no pré-sal. E o segundo, o estado do Rio de Janeiro, cometeu o grande erro de aceitar a imposição de Brasília.

É muito comum na vida pública os governadores e prefeitos se depararem com um dilema. Fico com minha comunidade, ou fico com meu chefe político de Brasília, ou da capital do estado. Neste caso, o governador do Rio de Janeiro fracassou, porque ficou com o chefe de Brasília e por isso foi derro-

tado fragorosamente no Congresso Nacional.

Diante da divulgação de tanta ri-queza proveniente do pré-sal, seria na-tural que os municípios e estados não produtores tentassem receber algum tipo de recompensa. E não seria o caso de apenas concentrar ainda mais os recursos em Brasília. O que em última análise prejudicou os estados e muni-cípios, obrigados permanentemente a correr o pires na capital federal. Por isso, foi aprovada a emenda Ibsen.

No meu entendimento, o melhor caminho é fazer alteração na emen-

da, com a União cedendo parte do muito que ela leva habitualmente, e mantendo uma participação dos estados e municípios não-produtores. Acredito que esse é o caminho da racionalidade. O Senado, aliás, existe pra isso, é a Casa revisora, é lá que eles vão encontrar o caminho para reduzir as distorções provocadas pela apatia do governo federal.

Aliás, o presidente da República acaba de declarar que o problema é do Congresso. Que o Parlamento, então, faça as correções que atendam estados e mu-nicípios. É fundamental, pois, que se dê tratamento diferenciado aos estados e municípios produtores, mas é inaceitável que se prejudique o restante do Brasil.

O melhor caminho é fazer

alteração na emenda, com a União cedendo parte do muito que ela leva

habitualmente

Ibsen Pinheiro é deputado federal pelo PMDB do Rio Grande do Sul. Contato: [email protected]

José Carlos Aleluia é deputado federal pelo DEM da Bahia. Contato: [email protected]

Rodolfo StuckeRt

Rodolfo StuckeRt