22
31 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013 Pedagogia Hospitalar: a ação pedagógica em hospitais pediátricos Silvana Aparecida Siena Silva 1 Renata Andrea Fernandes Fantacini 2 Resumo: Este artigo aborda uma das áreas de atuação do profissional pedagogo, a Pedagogia Hospitalar, que se constituiu entre modalidades da Educação Especial, tendo como objetivo destacar a ação pedagógica desse profissional em hospitais pediátricos. Atualmente o atendimento à criança hospitalizada, em tratamento, vem se expandindo em muitos hospitais do Brasil, enfatizando uma visão humanística, com o olhar voltado para toda criança e adolescente enquanto ser integral, que tem direito à igualdade de oportunidades. Procuramos, por meio de uma breve pesquisa bibliográfica, destacar a importância das crianças internadas darem continuidade aos seus estudos nas classes hospitalares. Lembrando que a grande importância da Pedagogia Hospitalar é realizar o direto que as crianças têm da educação e assim proporcionar-lhes uma vida mais equilibrada e mais próxima do seu cotidiano, porém consciente de seus sentimentos, das suas vontades e desejos, do carinho e atenção que necessitam, ou seja, da valorização de ser criança. Palavras-chave: Educação Especial. Pedagogia Hospitalar. Formação profissional. 1 Especialista em Psicopedagogia pela Fundação Educacional de Ituverava (FFCL). Graduada em Pedagogia pelo Claretiano - Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>. 2 Mestre em Educação pelo Centro Universitário Moura Lacerda (CUML). Especialista em Atendimento Educacional Especializado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Especialista em Mídias na Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Docência no Ensino Superior nas Modalidades Presencial e EaD pelo Claretiano – Centro Universitário. Especialista em Educação Especial pela Universidade de Franca (Unifran). Docente e tutora dos cursos de Graduação e Pós-Graduação (Presencial e EaD) do Claretiano – Centro Universitário. Supervisora de Estágios do Curso de Pedagogia EaD e do Curso de Pedagogia pelo Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) pela mesma instituição. E-mail: <[email protected]>.

Pedagogia Hospitalar: a ação pedagógica em hospitais ... 1 Especialista em Psicopedagogia pela Fundação Educacional de Ituverava (FFCL). ... Outra finalidade do trabalho da Pedagogia

  • Upload
    hakien

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

31Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

Pedagogia Hospitalar: a ação pedagógica em hospitais pediátricos

Silvana Aparecida Siena Silva 1

Renata Andrea Fernandes Fantacini 2

Resumo: Este artigo aborda uma das áreas de atuação do profissional pedagogo, a Pedagogia Hospitalar, que se constituiu entre modalidades da Educação Especial, tendo como objetivo destacar a ação pedagógica desse profissional em hospitais pediátricos. Atualmente o atendimento à criança hospitalizada, em tratamento, vem se expandindo em muitos hospitais do Brasil, enfatizando uma visão humanística, com o olhar voltado para toda criança e adolescente enquanto ser integral, que tem direito à igualdade de oportunidades. Procuramos, por meio de uma breve pesquisa bibliográfica, destacar a importância das crianças internadas darem continuidade aos seus estudos nas classes hospitalares. Lembrando que a grande importância da Pedagogia Hospitalar é realizar o direto que as crianças têm da educação e assim proporcionar-lhes uma vida mais equilibrada e mais próxima do seu cotidiano, porém consciente de seus sentimentos, das suas vontades e desejos, do carinho e atenção que necessitam, ou seja, da valorização de ser criança.

Palavras-chave: Educação Especial. Pedagogia Hospitalar. Formação profissional.

1 Especialista em Psicopedagogia pela Fundação Educacional de Ituverava (FFCL). Graduada em Pedagogia pelo Claretiano - Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.2 Mestre em Educação pelo Centro Universitário Moura Lacerda (CUML). Especialista em Atendimento Educacional Especializado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Especialista em Mídias na Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Docência no Ensino Superior nas Modalidades Presencial e EaD pelo Claretiano – Centro Universitário. Especialista em Educação Especial pela Universidade de Franca (Unifran). Docente e tutora dos cursos de Graduação e Pós-Graduação (Presencial e EaD) do Claretiano – Centro Universitário. Supervisora de Estágios do Curso de Pedagogia EaD e do Curso de Pedagogia pelo Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) pela mesma instituição. E-mail: <[email protected]>.

32 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

1. INTRODUÇÃO

Este artigo científico é um recorte de um trabalho de conclusão do curso de Pedagogia do Claretiano – Centro Universitário, de Batatais/SP, e tem como objetivo abordar uma das áreas de atuação profissional dos licenciados em Pedagogia, a Pedagogia Hospitalar, que disponibiliza seus serviços em classe hospitalar (reconhecida como uma das modalidades da Educação Especial) e na brinquedoteca hospitalar.

Por meio do estudo referente à Pedagogia Hospitalar e a atuação prática do pedagogo hospitalar, pode-se compreender, que é necessário e possível que alunos que forem hospitalizados, possam dar continuidade aos seus estudos, sendo capazes de realizar atividades adequadas ao seu ní-vel de escolaridade, que permitam que estes alunos continuem tendo uma vida escolar parcialmente próxima da que exercia antes.

Outra finalidade do trabalho da Pedagogia Hospitalar é proteger o os direitos da criança e do adolescente hospitalizados (Resolução 41/95), o qual reza que toda criança e adolescente deve ter oportunidades iguais, e que todos devem respeitar as pessoas com necessidades educacionais es-peciais.

Sabe-se que a Pedagogia é um espaço que atua com a educação, a qual trabalha com o método de aperfeiçoamento do conhecimento. Na outra parte, existe o ambiente hospitalar, identificado com o tratamento de saúde, o que ocasiona um clima muitas vezes de sofrimento e dor; assim, uniram-se ambos, fundando a Pedagogia Hospitalar para desenvolver um trabalho mais completo.

Segundo Ceccim, Carvalho (apud FONSECA, 2008, p. 15):

O atendimento pedagógico-educacional no ambiente hospitalar deve ser entendido como uma escuta pedagógica das necessidades e interesses da criança, buscando atendê-las o mais adequadamente possível nestes aspectos, e não como mera suplência escolar ou “mas-sacre” concentrado do intelecto da criança.

33Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

Assim, a Pedagogia Hospitalar vem se ampliando no que refere ao atendimento da criança hospitalizada; esse trabalho tem a intenção de que se voltem os olhares ao ser total, e não unicamente para o corpo e sim para as necessidades afetivas, emocionais, físicas e sociais da criança, sensibilizando sobre a importância da educação e da saúde à criança hos-pitalizada.

2. METODOLOGIA

Este artigo foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica, por meio de livros impressos, fontes virtuais de sites acadêmicos confiáveis e documentos oficiais do MEC.

Utilizou-se como principais referências: Fonseca (1999; 2008), Ma-tos; Mugiatti (2007), Bomtempo; Oliveira (2008), Viegas (2008), Lopes (2007), Esteves (2013), Libâneo (1996 e 2005), Oliveira; Souza Filho; Gonçalves (2008).

3. DESENVOLVIMENTO

Direitos da criança e do adolescente hospitalizados

De acordo com Fonseca (1999, p. 07):

A educação em hospital é um direito de toda criança ou adolescente hospitalizado. Os resultados aqui apresentados demonstram que, na prática, nem todas as crianças estão tendo este direito respeitado ou atendido, uma vez que os dados evidenciam um número pequeno de hospitais com classes hospitalares. Faz-se necessário considerar seria-mente esta questão, uma vez que a literatura aponta para o impor-tante papel do professor junto ao desenvolvimento, às aprendiza-gens e ao resgate da saúde pela criança ou adolescente hospitalizado.

34 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

Assegurar o direto que as crianças possuem de ter educação e per-mitir uma vida mais pacífica e calma é uma das tentativas da Pedagogia Hospitalar, porém essa tarefa deve ser realizada de forma coletiva entre pais, familiar e profissional, e todos precisam participar das atividades, devido às mesmas proporcionarem inúmeras melhorias para a recupera-ção da criança.

A educação é direito de toda criança e adolescente, mesmo os que se encontram enfermos, pois se sabe que principalmente a saúde e educa-ção são direitos das mesmas; assim um direito não pode invalidar o outro, pois, mesmo em tratamento, a criança hospitalizada continua a ser crian-ça, mantendo seus direitos, principalmente no que diz respeito ao direito a educação.

Conforme podemos encontrar na Constituição Federal de 1988, no Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, artigo 205: “[...] a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a cola-boração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988).

Com a hospitalização, as crianças começam a demonstrar efeitos psi-cológicos negativos, os quais são geradores de intenso descontrole emo-cional, como ansiedade, depressão, culpa e autopunição. Outros indícios, como agonia, cansaço, dor, distúrbios da consciência e febre podem ser gerados pela enfermidade ou pelo conceito que a criança faz de si própria. Portanto, é importante permitir que a criança tenha uma permanência no hospital a mais próxima com a da realidade em que vivia antes, pois, no ambiente hospitalar, presenciam-se constantemente dores e doença.

Conforme com Esteves (2013, p. 03) “[...] a proposta na Lei de Dire-trizes e Bases da Educação Nacional (MEC, 1996) é a de que toda criança disponha de todas as oportunidades possíveis para que os processos de desenvolvimento e aprendizagem não sejam suspensos”.

Ainda de acordo com Esteves (2013), é importante compreender que a existência do atendimento pedagógico-educacional em hospitais

35Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

em nada impede que novas informações e conhecimentos possam ser ad-quiridos pela criança ou adolescente, podendo até vir a contribuir de for-ma significativa para o desenvolvimento escolar.

Ao se preocupar com o desenvolvimento e o bem estar integral da criança hospitalizada, é importante pensar sobre as obrigações político--sociais e a preparação de todos os envolvidos, como os funcionários, pro-fissionais e familiares dos internos da classe hospitalar.

Segundo Matos e Mugiatti (2007), a Sociedade Brasileira de Pedia-tria cita como segue os Direitos da Criança e do Adolescente Hospitali-zados:

1) Direito à proteção à vida e à saúde, com absoluta prioridade e sem qualquer forma de discriminação.

2) Direito a ser hospitalizado quando for necessário ao seu trata-mento, sem distinção de classe social, condição econômica, raça ou crença religiosa.

3) Direito a não ser ou permanecer hospitalizado desnecessariamen-te por qualquer razão alheia ao melhor tratamento de sua enfer-midade.

4) Direito de ser acompanhado por sua mãe, pai ou responsável, du-rante todo o período de sua hospitalização, bem como receber visitas.

5) Direito de não ser separado de sua mãe ao nascer.6) Direito de receber aleitamento materno sem restrições.7) Direito a não sentir dor, quando existe meios para evitá-la.8) Direito a ter conhecimento adequado de sua enfermidade, dos

cuidados terapêuticos e diagnósticos a serem utilizados, do prog-nóstico, respeitando sua fase cognitiva, além de receber amparo psicológico, quando se fizer necessário.

9) Direito a desfrutar de alguma recreação, programas de educação para saúde, acompanhamento do currículo escolar, durante sua permanência hospitalar.

10) Direito a que seus pais ou responsáveis participem ativamente de seu diagnóstico, tratamento e prognóstico, recebendo infor-mações sobre os procedimentos a que será submetido.

36 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

11) Direito a receber apoio espiritual e religioso conforme prática de sua família.

12) Direito a não ser objeto de ensaio clínico, provas diagnósticas e terapêuticas, sem o consentimento informado de seus pais ou responsáveis e o seu próprio, quando tiver discernimento para tal.

13) Direito a receber todos os recursos terapêuticos disponíveis para sua cura, reabilitação e/ou prevenção secundária e terciária.

14) Direito à proteção contra qualquer forma de discriminação, ne-gligência ou maus-tratos.

15) Direito ao respeito a sua integridade física, psíquica e moral.16) Direito à preservação de sua imagem, identidade, autonomia de

valores, dos espaços e objetos pessoais.17) Direito a não ser utilizado pelos meios de comunicação, sem a

expressa vontade de seus pais ou responsáveis, ou a sua própria vontade, resguardando-se à ética.

18) Direito a confidência dos seus dados clínicos, bem como direito de tomar conhecimento dos mesmos, arquivados na instituição, pelo prazo estipulado por lei.

19) Direito a ter seus direitos constitucionais e os contidos no Es-tatuto da Criança e do Adolescente respeitados pelos hospitais integralmente.

20) Direito a ter um a morte digna, junto a seus familiares, quando esgotados todos os recursos terapêuticos disponíveis (Sociedade Brasileira de Pediatria – Departamento de Cuidados Hospitala-res) (MATOS; MUGIATTI, 2007, p. 36).

A criança, em um momento tão importante de sua vida como a fase escolar, necessita receber o atendimento a que tem direito para desenvol-ver e construir sua vida com o máximo comprometimento.

Vale ressaltar que, na tentativa de retomar a “normalidade” na vida da criança que foi hospitalizada, a atenção de toda a comunidade deverá estar voltada para esta criança no momento de seu retorno à sociedade, ou seja, ao voltar para casa, para a escola e/ou outros locais que costumava frequentar, a criança que foi hospitalizada precisa ter garantida a equipa-ração de suas oportunidades.

37Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

Pedagogia hospitalar

Inicialmente, a Política Nacional de Educação Especial (1994) defi-niu a classe hospitalar como sendo um de seus serviços: “Ambiente hospi-talar que possibilita o atendimento educacional de crianças e jovens inter-nados que necessitam de Educação Especial e que estejam em tratamento hospitalar” (MEC/SEESP, 1994, p. 20).

No Brasil, a legislação reconheceu, por meio do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizado, com a Resolução nº 41, de outubro e 1995 (p. 01) o “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”.

Em 2001, de acordo com as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001, p. 50-52), existiam várias modalidades de educação especial, entre elas: classes comuns; salas de re-cursos; itinerância, professores-intérpretes; classes especiais; ensino do-miciliar e a:

Classe hospitalar: definida como sendo um serviço destinado a pro-ver, mediante atendimento especializado, a educação escolar a alu-nos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar ou atendimento ambu-latorial. (BRASIL, 2001, p. 52).

Mas somente em 2002 o Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria de Educação Especial, elaborou um documento de estratégias e orientações para o atendimento nas classes hospitalares, assegurando o acesso à educação básica. Essa mesma secretaria definiu como classe hospi-talar o atendimento pedagógico-educacional que ocorre em ambientes de tratamento de saúde, seja na circunstância de internação, como tradicio-nalmente conhecida, seja na circunstância do atendimento em hospital--dia e hospital-semana ou em serviços de atenção integral à saúde mental.

38 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

Ainda de acordo com Fonseca (2008, p. 88): “Pedagogia Hospita-lar é o termo bastante amplo e, muitas vezes, confuso, porque em alguns textos sob esta nomenclatura se delimita a atuação do pedagogo como que vinculada a uma série de atividade que não necessariamente seriam atribuições dele”.

A classe hospitalar foi criada para assegurar às crianças e aos adoles-centes hospitalizados a continuidade dos conteúdos regulares, possibili-tando um retorno após a alta sem prejuízos a sua formação escolar. É um espaço hospitalar que permite a aplicação de atividades educacionais para crianças e jovens enfermos, os quais precisam de educação especial duran-te o período de tratamento hospitalar.

Para desenvolver atendimentos, as classes hospitalares devem vin-cular-se por meio de convênios junto às secretárias de educação e saúde, apresentando projetos que apresentem em seu planejamento todos os materiais necessários, metodologias e recursos adequados, para que seus objetivos sejam alcançados.

A sua finalidade é ajudar a criança a reconquistar a socialização e dar prosseguimento a sua aprendizagem; oferece, então, assistência no desen-volvimento afetivo, cognitivo e emocional da criança hospitalizada, tendo no auxílio à inclusão um meio pelo qual permite que todos tenham aten-dimento igualitário não importando as suas diferenças.

Pedagogia Hospitalar, de acordo com Oliveira; Souza Filho; Gon-çalves (2008), proporciona auxílio ao desenvolvimento emocional e cog-nitivo da criança e adolescente hospitalizado, procurando transformar situações e atitudes das crianças e adolescentes internados, envolvendo-os em ações que possuam programas apropriados às aptidões e disponibili-dades de cada interno.

Números de classes hospitalares no Brasil

Conforme com as informações disponibilizadas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (2009):

39Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

[...] depois de agosto coloca em funcionamento quatro novas clas-ses em hospitais da Capital aumentando para 50 o número de espa-ços em atividade mantidos pela educação paulista. Com a amplia-ção passam a ser 31 classes hospitalares na Capital e outras 19 em hospitais do interior do Estado. As novas classes vão funcionar nos hospitais São Paulo e Antônio Prudente, sendo duas classes em cada um. As unidades garantem o atendimento escolar para crianças e jo-vens internados para tratamento de saúde em hospitais do Estado. Levantamento feito pela pasta mostra que as classes hospitalares já em funcionamento fazem cerca de 500 atendimentos mensais. Cada uma das novas unidades tem capacidade para atender 15 alunos por período. Os responsáveis pelo atendimento pedagógico oferecido aos pacientes são professores da rede estadual de ensino. Eles dão continuidade ao processo de aprendizagem de alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio matriculados em escolas públicas ou privadas.

Ainda de acordo com os dados publicados pela Secretaria da Edu-cação do Estado de São Paulo em (2009, p. 01), as classes hospitalares já existentes hoje estão divididas como segue:

Capital– Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – 04 classes– Hospital auxiliar do Cotoxó – 01 classe– Hospital Darcy Vargas – 08 classes– Hospital do Servidor Público Estadual – 02 classes– Hospital de Clínicas de São Paulo – 04 classes– Hospital Emílio Ribas – 03 classes– Incor – 02 classes– Hospital A C Camargo – 02 classes– Hospital Cândido Fontoura – 01 classes

No interior:De Jaú– Hospital Amaral Carvalho – 02 classes

40 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

De Botucatu– Hospital Unesp – Botucatu – 02 classesDe Lins– Hosptital CAIS Clemente Ferreira – 02 classesDe Araçatuba– Santa Casa de Misericórdia de Araçatuba – 01 classeDe Marília– Hospital de Clinicas – Unesp – Marília – 01 classeDe Barretos– Fundação Pio XII – 01 classeDe Ribeirão Preto– Hospital das Clínicas – 10 classesNovas classes hospitalares – a partir de agosto de 2009-07-08Capital– Hospital Antônio Prudente – 02 classes– Hospital São Paulo – 02 classes.

Segundo a pesquisa de Fonseca (1999, p. 117-118), com o decorrer dos anos, a classe hospitalar teve seu progresso, sendo que no intervalo de:

1950 até 1980 existia apenas 1 classe hospitalar no Brasil. Sendo que de 1981 a 1990, passou a existir 8 classes, porém de 1991 a 1998, este número aumentou para 30 classes hospitalares, talvez em conse-qüência do E. C. A. – Estatuto da Criança e Adolescente – oficiali-zado na década de 90. No ano de 2000, eram 67 classes, no entanto números mais recentes, divulgados pelo Censo Escolar de 2006 do Ministério da Educação, em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP, revelam um total de 279 classes hospitalares públicas no Brasil, sendo 160 destas Estaduais e 119 Municipais, as quais estão distribuídas pelo território nacional da seguinte forma: a) 18 na região Norte; b) 38 na região Nordeste; c) 143 na região Sudeste; d) 38 na região Sul e) 42 na região Centro-Oeste.

41Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

É cabível destacar que a Pedagogia Hospitalar é um procedimento da educação, o qual vai além do contexto formal da escola, pois trabalha com o atendimento de necessidades especificas do estudante, em ambien-te hospitalar.

As classes hospitalares por um grande período têm recebido olhares respeitosos em suas ações sociais, por desenvolverem seu trabalho com se-riedade, ajudando os enfermos a completar seus estudos.

É possível perceber que em várias regiões são encontradas muitas classes hospitalares, porém esses números ainda são pequenos para dar atendimento à quantidade de crianças que carecem do mesmo.

Reflexões sobre a formação profissional para atuação nas classes hospitalares

O profissional da Pedagogia pode atuar em vários campos da edu-cação formal e não formal, campos esses que podem ser ampliados com alguns cursos complementares, habilitando os profissionais para que pos-sam ser pedagogos que trabalhem em empresas, ONGs, hospitais, e em escolas como professores ou gestores e profissionais que trabalhem com crianças com alguma necessidade educacional especial.

Segundo Libâneo (1998, p.127):

O pedagogo é o profissional que atua em vários campos educativos. O papel do pedagogo é amplo e não apenas na gestão, supervisão e coordenação das escolas, como também na pesquisa, na administra-ção dos sistemas de ensino, no planejamento educacional, na defini-ção de políticas educacionais, nos movimentos sociais, nas empresas, nas várias instâncias da educação de adultos, nos serviços de psico-pedagogia e orientação educacional, nos programas sociais, nos ser-viços para a terceira idade, nos serviços de lazer e animação cultural, na televisão, no rádio, na produção de vídeos, filmes e brinquedos, nas editoras, na requalificação profissional, etc.

42 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

Para trabalhar em classes hospitalares, o pedagogo precisa preparar--se para lidar com as diferentes vivências e histórias de vida, identificar as necessidades dos alunos, modificar e adaptar os currículos para uma melhor aprendizagem.

O professor necessita ter, no mínimo formação, em Licenciatura em Pedagogia, se possível preferencialmente Pós-graduação em Educação Es-pecial e em alguns poucos lugares já se exige a especialização em Pedago-gia Hospitalar para assim poder atuar na classe hospitalar.

Um ponto importante nesse programa de apoio é possibilitar a apre-sentação das informações para as crianças antes das cirurgias, o que pode ajudar a sua recuperação no pós-cirúrgico; para que seja possível ter bons resultados, as pedagogas da classe hospitalar participam de cursos comple-mentares sobre cuidados com pacientes, humanização hospitalar e psico-logia hospitalar.

A prática pedagógica nesse espaço exige dos profissionais envolvidos maior flexibilidade; logo, a atuação na classe hospitalar requer mais com-preensão para a peculiaridade do que em outras instituições, é necessário um planejamento para enfrentar esse desafio com temas geradores e per-cursos individualizados.

O papel do professor que atua no hospital destaca que a classe hospi-talar exige que os professores tenham percepção para trabalhar com pro-gramas abertos, ter preparo para desenvolver planejamento diferenciado, respeitando o ritmo e as habilidades de cada aluno, priorizando a realida-de a que os alunos estão adaptados.

Outro ponto importante para ser um pedagogo hospitalar é gostar do que faz, pois, para desenvolver um bom trabalho com os alunos hospi-talizados, deve trabalhar com a afetividade, pois, devido a estarem longe de sua realidade, apegam-se às atividades mais próximas que costumavam desenvolver, como por exemplo, ir à escola.

43Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

A prática pedagógica no hospital: classe hospitalar

O ensino hospitalar constitui uma alternativa de recurso educacio-nal especial desenvolvido por professores especializados. Esse serviço é prestado a crianças e jovens que se encontram incapacitados, provisória ou permanentemente, impossibilitados de irem até uma escola, precisan-do, assim, permanecer em um hospital ou mesmo em sua residência, onde poderão receber o atendimento do professor especializado.

Necessitando de internação para algum tipo de tratamento hospi-talar, a criança pode vir a ter defasagem na escolaridade e, devido a essa situação, desistir da escola. Outro ponto muita vezes afetado com a inter-nação que pode gerar muitos prejuízos à criança são as atividades sociais, pois ela afasta-se da família, da escola, dos amigos etc. Existe, ainda, a falta de atividades no hospital, que é um fator que deixa a criança sem alegria e sem ânimo para readquirir sua saúde.

Nos hospitais, conforme o número de alunos, podem ser organiza-das classes. A classe hospitalar faz parte da modalidade de atendimento em Educação Especial, um atendimento pedagógico, em que o educador deve respeitar as necessidades educativas da criança, e seu ritmo pessoal de acordo com seu estado clínico.

A classe hospitalar possui atendimento disponível para crianças que não têm deficiências, porém mostram provisoriamente necessidades edu-cacionais especiais, ou seja, doenças graves ou crônicas, que, levam à hos-pitalização delas, necessitando de atendimento especial para poderem, em um possível retorno a uma sala de aula, acompanhar os outros alunos.

O acompanhamento pedagógico no espaço hospitalar é um trabalho que tem a função de apoiar e desenvolver as potencialidades dos alunos, para que, quando eles voltarem à escola, não possua prejuízos, e consigam se manter no cronograma escolar.

O pedagogo hospitalar atua para possibilitar a continuidade do en-sino ao aluno, fazendo com que não exista na criança o anseio de ser dife-rente ou estar excluído da sociedade.

44 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

O trabalho do pedagogo no hospital é muito importante para ajudar o aluno nas necessidades de desenvolvimento pedagógico, auxiliando no trabalho psicológico e social com a criança. Para alcançar suas metas, o pedagogo hospitalar necessita ampliar sua compreensão, sensibilidade e energia, para fornecer um atendimento com qualidade, para que as crian-ças possam a cada dia esquecer-se da situação em que se encontram e dar continuidade à sua vida.

Para Matos e Muggiati (2007, p. 12):

A pedagogia hospitalar demanda necessidades de profissionais que tenham uma abordagem progressista, com uma visão sistêmica da realidade hospitalar e da realidade do escolar doente. Seu papel prin-cipal não será de resgatar a escolaridade, mas de transformar essas duas realidades fazendo fluir sistemas que as aproxime e as integre.

O atendimento pedagógico dá valor ao conceito total da educação, como trabalhar com a percepção, relação, razão, sensação e emoção como maneira de estabelecer consciência no educando, na busca de fazer com que a criança esqueça, durante alguns momentos, o ambiente hostil no qual se encontra, e assim poder encontrar o apoio para viver a infância.

Um dos meios muito usados pelo pedagogo hospitalar para desen-volver um trabalho com qualidade e diversão são as atividades lúdicas que podem ser: a arte de contar histórias, brincadeiras, desenhos e pinturas, dramatização, jogos, atividades que focalizam nos estudos.

As classes hospitalares devem ser coloridas, enfeitadas com imagens de vários personagens e com diversos desenhos, possuem livros infantis, jogos educativos e brinquedos, para que recheiem o desenvolvimento das atividades.

O professor hospitalar atende às necessidades pedagógicas das crian-ças e adolescentes hospitalizadas, ao mesmo tempo deve manter a sensi-bilidade, compreensão, criatividade, persistência e muita paciência, para atingir os objetivos.

Segundo Esteves (2013, p. 07),

45Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

O pedagogo hospitalar no atendimento pedagógico deve ter seus olhos voltados para o todo, objetivando o aperfeiçoamento huma-no, construindo uma nova consciência onde a sensação, o sentimen-to, a integração e a razão cultural valorizem o indivíduo.

De acordo com Oliveira, Souza Filho e Gonçalves (2008), a classe hospitalar não pode ser apenas um cenário de uma sala de aula, introduzi-da no hospital, mas deve proporcionar um atendimento pedagógico espe-cializado. A classe hospitalar deve apresentar e ter o intuito de reconstruir a socialização dos internos com a inclusão, permitindo dar sequência à aprendizagem.

E, havendo a alta hospitalar, Esteves (2013, p. 04) orienta que:

Após alta hospitalar, é enviado relatório descritivo das atividades realizadas, bem como do seu desempenho, posturas adotadas, difi-culdades apresentadas. Para que este seja legitimado, é necessário o carimbo e assinatura do diretor (escola da Rede Regular Estadual) a fim de encaminhá-lo à escola de origem.

Brinquedoteca e as atividades de recreação hospitalar

Lopes (2007, p. 01) define a Pedagogia Hospitalar em três modali-dades:

Classe Hospitalar – Refere-se à escola no ambiente hospitalar na circunstância de internação temporária ou permanente, garantindo o vínculo com a escola e/ou favorecendo o seu ingresso ou retorno ao seu grupo escolar correspondente.Brinquedoteca – Brincar é muito importante para a criança, pois é por meio desta ação que ela usufrua de plenas oportunidades que possibilita desenvolver novas competências e aprender sobre o mun-do, sobre as pessoas, e sobre si mesma. A brinquedoteca socializa o brinquedo, resgata brincadeiras tradicionais, e é o espaço onde está assegurado à criança o direito de brincar.

46 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

Recreação Hospitalar – Atividade que oferece a oportunidade da criança brincar, mas brincar não se limita somente ao contato ou interação com o objeto brinquedo, fundamental é constituir a pos-sibilidade de uma atividade que pode ser realizada em um espaço interno ou externo.

No decorrer do artigo, discorremos brevemente sobre a classe hospi-talar, e acreditamos ser importante destacar brevemente a brinquedoteca aliada à recreação hospitalar.

De acordo com Viegas (2008), as brinquedotecas em hospitais, em 2005, tornaram-se Lei Federal n.º 11.104/05 com a ajuda da deputada federal Luisa Erundina de Souza.

Brinquedoteca vem a ser o espaço para que as crianças possam brin-car, é designado à ludicidade, ao prazer, às emoções, às vivências corpo-rais, ao desenvolvimento da criatividade, fantasia, da autoestima, do pen-samento, da atuação, da sensibilidade, da construção do conhecimento e das habilidades, ou seja, o lugar para promover o divertimento.

Para Cunha (apud Viegas, 2008, p. 64):

A brinquedoteca é o espaço criado para favorecer a brincadeira, onde as crianças e os adultos podem brincar livremente, com todo o estímulo à manifestação de suas potencialidades e necessidades lúdi-cas, com muitos brinquedos, jogos variados e diversos materiais que permitem a expressão da criatividade.

A brinquedoteca hospitalar tem como finalidade proporcionar à criança um espaço de lazer, onde as mesmas possam ter um espaço mais humanizado e que permita que ela esqueça por momentos que se encon-tra enferma.

Segundo Macedo (apud Viegas, 2008, p. 64):

A brinquedoteca hospitalar exerce a função de proporcionar um es-paço aberto e livre para a criança ser o que desejar, expressado por meio das brincadeiras e jogos de papéis, suas fantasias, imaginações, medos, ansiedades e inseguranças, gerados pela doença e internação.

47Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

O brincar recebe várias características, porém poucos sabem que a maior delas é a de ensinar, porém de uma forma divertida e eficaz. Outro ponto importante do brincar é a possibilidade de desenvolver condições que envolvam a imaginação da criança, em que elas poderão construir his-tórias de modo que descreverá a sua vivência ou suas necessidades.

Para Oliveira (apud VIEGAS, 2008, p. 28), diz que “Por meio de Brincar, portanto, a criança consegue manter vivo e ativo o fio que dá con-tinuidade aquilo que ela está acostumada a fazer, ou seja, a sua historia de vida”.

De acordo com Fortuna (apud Viegas, 2008, p. 33):

Brincar é uma atividade fascinante: até quando ocorre entre animais desperta curiosidade e interesse nos humanos. Quando observado nos seres humanos, comove, emociona, intriga e diverte, quer pelo mistério que sugere, dada a aparência cifrada que possui, quer pelas lembranças infantis que suscita no observador e pela surpresa que oferece, fazendo rir.

Na educação lúdica valorizam-se os desenvolvimento das capacida-des física, intelectual e moral do ser humano, desenvolvendo a criativi-dade, o conhecimento e a afetividade, por meio de jogos, brincadeiras, música e dança, tendo como finalidade educar, ensinar, divertir e interagir com os outros.

De acordo com Oliveira (apud Viegas, 2008, p. 27):

A criação de um território lúdico contribui para quebrar a caracte-rística hospitalar espacial predominante voltada para diagnosticar e intervir no combate à doença. Rompendo com a totalidade dirigi-da para o tratamento médico-hospitalar, onde a criança se percebe como o doente a ser tratado, a Brinquedoteca insere um lugar alegre e descontraído, onde ela pode e até deve “fazer de conta” que é, sente ou tem aquilo que gostaria de ser, sentir ou ter no momento.

48 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

O lúdico busca os sentimentos de liberdade e espontaneidade de ação, que trabalha com atividades descontraídas e desobrigadas, as quais não possui natureza nenhuma de intencionalidade ou obrigação.

O uso de brinquedos, jogos e materiais didáticos oferecem base para que o sujeito aprenda e apreenda de forma mais descontraída e eficaz.

As brincadeiras no período de internação é uma fonte muito rica para ajudar as crianças a adquirem mais conhecimento, pois as mesmas, quando estão em tratamentos, afastam-se e perdem o contato com o mun-do lá fora, fazendo com que as crianças percam uma bela fase da vida, a infância.

Segundo Bomtempo e Oliveira (2008, p. 128):

As brincadeiras durante o processo de hospitalização são excelentes oportunidades para a criança vivenciar experiências, que irão contri-buir para seu amadurecimento emocional, aprendendo a respeitar as diferenças entre as pessoas e os objetos. Além desses benefícios, estimulam o raciocínio e a compreensão das estratégias envolvidas, permitindo à criança dominar a própria conduta com autocontrole e auto-avaliação de suas capacidades e de limites.

O brincar é fato sério para criança, como o trabalhar para o adulto e a criança usa a brincadeira para lidar com situações difíceis e dolorosas que venha enfrentar. A atividade lúdica permite que a criança estude brin-cando de forma prazerosa, usando a brincadeira como meio para a apren-dizagem, pois, ao mesmo tempo em que está aprendendo, está também se divertindo.

A brincadeira não é um simples passatempo, ela auxilia os processos de socialização e descoberta do mundo e permite que a criança fique bem em qualquer lugar e qualquer condição.

49Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A assistência pedagógica no ambiente hospitalar tem como princi-pal função amparar os alunos, até o retorno escolar, de modo que não apresente prejuízos significativos no seu processo ensino aprendizagem, e que possam dar continuidade aos estudos.

Estar hospitalizado por um período ou permanentemente é algo delicado, necessitando de diversos atendimentos especializados, visando garantir um tratamento de qualidade. Observa-se que já foram desenvol-vidas várias leis, para que os familiares dos alunos hospitalizados possam se apoiar para fazer valer os seus direitos.

A Pedagogia Hospitalar surge, então, como uma metodologia edu-cativa, a qual oferece classes hospitalares dentro do hospital, tendo o in-tuito de trabalhar com o ensino e aprendizagem das crianças enfermas, auxiliando a minimizar suas angústias e dúvidas, possibilitando, em mui-tos casos, a melhora de seu quadro clínico, e preparando ainda as crianças e jovens hospitalizados para seu retorno as escolas sem prejuízos.

Durante as pesquisas realizadas, percebe-se que o número de classes hospitalares ainda não é suficiente em relação à necessidade de atendi-mento educacional de crianças e adolescentes hospitalizados. Esse assunto é merecedor de mais atenção por parte de políticas públicas, políticos, pais e da comunidade em geral.

A Pedagogia Hospitalar necessita de profissionais capacitados e com-petentes para atuar na classe hospitalar, podendo dizer que essa situação é um grande desafio aos cursos de Pedagogia e suas propostas curriculares, embora, por sua vez, o professor deva estar sempre ampliando seus conhe-cimentos, teoria, métodos, didática e realizando sempre as atividades com muito profissionalismo e dedicação, para poder desse modo atuar adequa-damente, com as necessidades específicas de cada aluno respeitando, seu rítmo, suas limitações e fragilidades.

O pedagogo pode contribuir com a criança e o jovem hospitalizado para uma qualidade de vida melhor, oferecento estímulos necessários e adequados, dando oportunidades para troca de experiências, motivando o

50 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

desenvolvimento emocional, cognitivo e social, para que possam (quando possível) retornar às escolas.

No que se refere ao material, com a classe hospitalar, o pedagogo hospitalar pode desenvolver atividades de recreação hospitalar, sendo elas lúdicas, como contar histórias, e fazer dramatização, brincadeiras, dese-nhos e pinturas e jogos, meios esses que auxiliam o processo ensino de aprendizagem de forma prazerosa. Um ambiente muito utilizado em al-guns hospitais é a brinquedoteca, local que permite que eles voltem a ser criança e convivam de forma amena com essa realidade temporária ou per-manente, liberando a imaginação e construindo novos conhecimentos.

E, para finalizar, deixamos esta citação de Fonseca como uma refle-xão para você leitor:

– o tempo de aprender é o tempo do aluno;– a interação entre as crianças e tão importante quanto a mediação do professor nas atividades desenvolvidas; e– a sala de aula tem o tamanho do mundo (e, no caso da sala de aula da escola hospitalar, serve de mediadora à possibilidade da criança de “plugar-se” com o mundo fora do hospital) (FONSECA, 2008, p. 14).

REFERÊNCIAS

AMORIM, N. S. A pedagogia hospitalar enquanto prática inclusiva. Porto Velho, 2011. Disponível em: <http://www.soartigos.com/artigo/12098/A-Pedagogia-Hospitalar-enquanto-Pratica-Inclusiva/>. Acesso em: 2 jul. 2013.

BOMTEMPO, E. G. A.; OLIVEIRA, V. B. Brincando na escola, no hospital, na rua... Rio de Janeiro: Wak, 2008.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 02 jul. 2013.

51Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013

_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994.

_______. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica/Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 2001.

_______. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados. Resolução n. 41, de outubro de 1995. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/conanda.htm>. Acesso em: 2 jul. 2013.

ESTEVES, C. R. Pedagogia hospitalar: um breve histórico. Disponível em: <http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-educacao-saude/classes-hospitalares/WEBARTIGOS/pedagogia%20hospitalar....pdf>. Acesso em: 2 jul. 2013.

FONSECA, E. S. Atendimento pedagógico-educacional para crianças e jovens hospitalizados: realidade nacional. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 1999.

______. Atendimento escolar no ambiente hospitalar. São Paulo: Memmon, 2008.

LIBÂNEO, J. C. Pedagogia, ciência da educação?, In: PIMENTA, S. G. (Org.). Pedagogia, ciência da educação? São Paulo; Cortez, 1996.

______. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2005.

LIBÂNEO, J. C. et al. Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectiva. São Paulo; Cortez, 2002.

LOPES, B. S. Pedagogia hospitalar. 5 out. 2007. Disponível em: <http://pt.shvoong.com/social-sciences/education/1683233-pedagogia-hospitalar/>. Acesso em: 2 jul. 2013.

MATOS, E. L. M.; MUGIATTI, M. M. T. F. Pedagogia hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. Petrópolis: Vozes, 2007.

OLIVEIRA, L. M. ; SOUZA FILHO, V. C.; GONÇALVES, A. G. Classe hospitalar e a prática da pedagogia. Revista científica eletrônica de Pedagogia, ano 6, n. 11, jan. 2008. Disponível em: < http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-educacao-saude/classes-hospitalares/WEBARTIGOS/classe%20hospitalar%20e%20a%20pratica%20da%20pedagogia.pdf>. Acesso em: 2 jul. 2013.

52 Educação, Batatais, v. 3, n. 1, p. 31-52, junho, 2013Educação, Batatais, v. 2, n. 1, p. 35-50, junho, 2012

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Sobem para 50 as classes hospitalares mantidas pela educação estadual. 2009. Disponível em: <http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/sobem-para-50-as-classes-hospitalares-mantidas-pela-educacao-estadual>. Acesso em: 2 jul. 2013.

VIEGAS, D. Brinquedoteca hospitalar: isto é humanização. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2008.

Title: Hospital Pedagogy: the pedagogical action in pediatric hospitals.Authors: Silvana Aparecida Siena Silva; Renata Andrea Fernandes Fantacini.

ABSTRACT: This article discusses one of the areas of expertise of the professional pedagogue, the Hospital Pedagogy, which was formed between modalities of Special Education, aiming to highlight the pedagogical action of this professional in children’s hospitals. Currently the care of hospitalized children in treatment is expanding in many hospitals in Brazil, emphasizing a humanistic view, with an eye to all children and adolescents while being integral, which has the right to equal opportunities. We look through a brief literature search, highlight the importance of children admitted to pursue their studies in their hospital classes. Recalling the importance of Hospital Pedagogy is to perform the right children have to have education and thus provide them a more balanced life and closer to their daily lives, aware of their feelings, their wants and desires, the care and attention they need, the appreciation of being a child.Keywords: Special Education. Hospital Pedagogy. Vocational Training.