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URUBICI, SANTA CATARINA 2010 PLANO DE MANEJO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL LEÃO DA MONTANHA/SC

PLANO DE MANEJO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO ...€¦ · pesquisa, monitoramento ambiental e registros fotográficos. MSc Luciano Nicolás Naka Biólogo - Doutorando da Louisiana

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URUBICI, SANTA CATARINA 2010

PLANO DE MANEJO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

LEÃO DA MONTANHA/SC

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PLANO DE MANEJO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL LEÃO DA

MONTANHA URUBICI – SANTA CATARINA

Coordenação Dr. Pedro Volkmer de Castilho

Equipe Técnica Biol. Thiago Maccarini

Dr. Adelar Mantovani

Dr. Luciano Nicolás Naka

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Supervisor Geral Pedro Volkmer de Castilho, Proprietário, Professor Universitário

- Controle financeiro, fornecimento de dados históricos, gestão e

documentação da RPPN

Equipe Técnica Pedro Volkmer de Castilho – Coordenador da Equipe Técnica e Coordenador

da Equipe de Fauna

Biólogo CRBio-3 (nº 53296-03D) – Doutor em Zoologia pela Universidade

Federal do Paraná e Pós-Doutorado em Arqueologia pelo Museu

Nacional/UFRJ.

- Coordenação dos trabalhos de campo, auxílio nos diagnósticos da fauna e

flora, diagnósticos históricos e arqueológicos, revisão, elaboração dos

programas de manejo.

Adelar Mantovani – Coordenador de Equipe – Estudos de Florística

Agrônomo CREA-SC (nº 041076-0) – Doutor em Ciências Biológicas (Biologia

Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

- Diagnóstico e análise dos estudos florísticos, proposição dos programas de

pesquisa, monitoramento ambiental e registros fotográficos.

MSc Luciano Nicolás Naka

Biólogo - Doutorando da Louisiana State University (EUA) – Coordenador dos

estudos da avifauna

- Diagnóstico e análise da Avifauna, proposição de programas de pesquisa,

registros sonográficos e fotográficos

MSc Tiago Maccarini

Biólogo – Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa

Catarina, Mestrando em Ecologia na UFMS

- Diagnóstico e análise da mastofauna, proposição de programas de pesquisa,

consultor ambiental

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i  

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO MUNICÍPIO E AS PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO À

RPPN LEÃO DA MONTANHA...........................................................................................

6

FIGURA 2. VISTA DAS MARGENS DO RIO CANOAS............................................................... 7

FIGURA 3. VIA DE ACESSO ANTES DA CRIAÇÃO DA RPPN................................................. 7

FIGURA 4. ÁREAS DE PASTAGEM ANTES DA CRIAÇÃO DA RPPN....................................... 8

FIGURA 5. A)VISTA PANORÂMICA DO VALE DO RIO CANOAS; B) AFLORAMENTOS DE ARENITO

BOTUCATU, RPPN LEÃO DA MONTANHA, URUBICI, SC.................................................

9

FIGURA 6. MAPA DE LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA RPPN LEÃO DA MONTANHA................ 11

FIGURA 7. VARIAÇÃO PLUVIOMÁTRICA ENTRE JANEIRO DE 2009 E FEVEREIRO DE 2010 PARA

A RPPN LEÃO DA MONTANHA...................................................................................

12

FIGURA 8. MÉDIA ANUAL DE TEMPERATURA ENTRE JANEIRO DE 2009 E FEVEREIRO DE 2010

PARA A RPPN LEÃO DA MONTANHA............................................................................

13

FIGURA 9. MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DO RELEVO DA REGIÃO. EM DESTAQUE A ÁREA DE

ABRANGÊNCIA DA RPPN NO VALE DO RIO CANOAS, URUBICI, SC....................................

15

FIGURA 10. LOCALIZAÇÃO DO AQUÍFERO GUARANI EM SANTA CATARINA (ESQUERDA) E DOS

MUNICÍPIOS DA SUA ZONA DE RECARGA DIRETA (FONTE: UFSC – PROJETO AQUÍFERO

GUARANI – HTTP://WWW.AQUIFEROGUARANI.UFSC.BR/)................................................

16

FIGURA 11. MAPA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CANOAS. FONTE COMITÊ DO RIO

CANOAS, 2010..........................................................................................................

18

FIGURA 12. A) LOCALIZAÇÃO DO RIO CANOAS E ARROIO DA CAÇA OU ARROIO COMPRIDO.

B) REDE HIDROGRÁFICA DO ENTORNO DA RPPN...........................................................

18

FIGURA 13. MAPEAMENTO DAS NASCENTES DA RPPN LEÃO DA MONTANHA....................... 19

FIGURA 7. MAPA FITOGEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA COM ÊNFASE AS VARIAÇÕES DA

FLORESTA OMBRÓFILA MISTA.....................................................................................

20

FIGURA 8. LOCALIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES DE COLETA PARA O INVENTÁRIO FLORÍSTICO COM

BREVE DESCRIÇÃO DA ÁREA.......................................................................................

21

FIGURA 9. RIQUEZA DE ESPÉCIES FLORÍSTICAS DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

DIAGNOSTICADAS NO LEVANTAMENTO PRELIMINAR NA RPPN LEÃO DA MONTANHA,

URUBICI, SC.............................................................................................................

22

FIGURA 17 A) VEGETAÇÃO EM ESTÁGIO SECUNDÁRIO DE REGENERAÇÃO; B) AÇÃO DO GADO

NAS MARGENS DA ESTRADA - RPPN LEÃO DA MONTANHA, URUBICI, SC..............................

22

FIGURA 18. ARAUCARIA ANGUSTIFOLIA NOS CAMPOS DE ALTITUDE - CAMPO DOS PADRES,

URUBICI, SC...........................................................................................................

23

FIGURA 19. REGENERAÇÃO DE XAXINS EM ÁREAS ANTIGAMENTE OCUPADAS PELO GADO..... 26

FIGURA 20. DISTRIBUIÇÃO DO GÊNERO GUNNERA. NOMES DOS SUBGÊNEROS ESCRITOS

PERTO DE SUAS OCORRÊNCIAS GEOGRÁFICAS RESPECTIVAS (WANNTORP ET AL., 2003).....

27

FIGURA 21. EXEMPLARES DE GUNNERA MANICATA SENDO MEDIDOS DURANTE O INVENTÁRIO

FLORÍSTICO..............................................................................................................

28

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ii  

FIGURA 22. ESTRUTURA DE DIÂMETRO E ALTURA DE ARAUCARIA ANGUSTIFOLIA NA RPPN

LEÃO DA MONTANHA, URUBICI, SC..............................................................................

29

FIGURA 23. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESTAÇÕES DE COLETA DA MASTOFAUNA DA

RPPN LEÃO DA MONTANHA, URUBICI, SC...................................................................

31

FIGURA 24. EXEMPLARES DE MAZAMA GOUAZOUBIRA E CERDOCYON THOUS NA ESTAÇÃO 3

RPPN LEÃO DA MONTANHA, URUBICI, SC...................................................................

32

FIGURA 25. LEOPARDUS TRIGRINUS FOTOGRAFADO NA ESTAÇÃO 1 - RPPN LEÃO DA

MONTANHA..............................................................................................................

32

FIGURA 10. PROVAVELMENTE O MESMO EXEMPLAR MAZAMA NANA VISITANDO A ESTAÇÃO 4

- RPPN LEÃO DA MONTANHA, URUBICI, SC..................................................................

34

FIGURA 27. DOIS JUVENIS DE PUMA CONCOLOR NA ESTAÇÃO 1 E 3 NA RPPN LEÃO DA

MONTANHA, URUBICI-SC.............................................................................................

36

FIGURA 28. ESPÉCIES DE AVES REGISTRADAS NA RPPN LEÃO DA MONTANHA. ONDE

A)LEPTASTHENURA SETARIA, B) TROGON SURRUCURA; C) FALCO SPARVERIUS D)

ATHENE_CUNICULARIA E) STEPHANOPHORUS DIADEMATUS; F)THERISTICUS CAUDATUS......

37

FIGURA 29. NA ESQUERDA EXEMPLAR LIOPHIS MILIARIS E DIREITA UM EXEMPLAR NÃO

IDENTIFICADO ATRAVESSANDO A ESTRADA PRINCIPAL DA RPPN.......................................

39

FIGURA 30. EXEMPLARES DA ANUROFAUNA RESIDENTES NA RPPN LEÃO DA MONTANHA.

URUBICI, SC. 1) R. ICTÉRICA; 2) L. GRACILIS; 3) P. GRACILIS E 4) I. HENSELII......................

40

FIGURA 31. EXEMPLARES DA ICTIOFAUNA REGISTRADA NA RPPN LEÃO DA MONTANHA NO

CURSO DO RIO CANOAS E DO ARROIO COMPRIDO. A) BRYCONAMERICUS SP.; B) JENYNSIA

SP.; C) ASTYANAX CREMNOBATES; D) HEPTAPTERUS MUSTELINUS; E) TRICHOMYCTERUS

SP.; E F) PIMELODUS SP..............................................................................................

41

FIGURA 32. EXEMPLAR DE AEGLA SERRANA COLETADO DURANTE OS INVENTÁRIOS DA

ICTIOFAUNA.....................................................................................................................

43

FIGURA 33. REUNIÃO DA ASSOCIAÇÃO DE PROPRIETÁRIOS DE RPPNS DE SANTA CATARINA,

SETEMBRO 2009.........................................................................................................

45

FIGURA 34. MODELO DE CONECTIVIDADE ENTRE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO ENTORNO

DA RPPN LEÃO DA MONTANHA........................................................................................

51

FIGURA 35. LOCALIZAÇÃO DA ZONA SILVESTRE NA RPPN LEÃO DA MONTANHA................... 54

FIGURA 36. LOCALIZAÇÃO DA ZONA DE PROTEÇÃO NA RPPN LEÃO DA MONTANHA............ 55

FIGURA 37. LOCALIZAÇÃO DA ZONA DE TRANSIÇÃO NA RPPN LEÃO DA MONTANHA............. 55

FIGURA 38. ÁREA CIRCUNDANTE A RPPN LEÃO DA MONTANHA COM AS VIAS

INTERURBANAS E AS PRINCIPAIS VILAS E HABITAÇÕES.......................................................

56

FIGURA 39. LOCALIZAÇÃO DA ZONA DE RECUPERAÇÃO NA RPPN LEÃO DA MONTANHA....... 57

FIGURA 40. PROPOSTA DE ZONEAMENTO DA RPPN LEÃO DA MONTANHA, URUBICI, SC...... 58

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iii  

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. ESPÉCIES DE RÉPTEIS REGISTRADOS DURANTE O INVENTÁRIO FAUNÍSTICO NA RPPN LEÃO DA MONTANHA ENTRE SETEMBRO DE 2009 E FEVEREIRO DE 2010........................................................................................................................

38

TABELA 2. LISTA DE ESPÉCIES DOS ANFÍBIOS REGISTRADOS NA RPPN E SEUS NÍVEIS DE OCORRÊNCIA ...................................................................................................................

40

TABELA 3. ICTIOFAUNA REGISTRADA NA RPPN LEÃO DA MONTANHA EM RELAÇÃO AOS SEUS LOCAIS DE CAPTURA.................................................................................................

42

TABELA 4. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DE ACORDO COM OS PROGRAMAS ESTABELECIDOS PELO PLANO DE MANEJO DA RPPN LEÃO DA MONTANHA..............................................

63 

 

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................... 1 

PREFÁCIO ..................................................................................................................................................... 3 

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 4 

PARTE A – INFORMAÇÕES GERAIS ................................................................................................................ 6 

1. VIAS DE ACESSO ...................................................................................................................................... 6 2. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO DA RPPN ..................................................................................................... 7 3. FICHA RESUMO DA RPPN ..................................................................................................................... 10 

PARTE B ..................................................................................................................................................... 11 

1. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN .................................................................................................................... 11 

1.1. CLIMA ....................................................................................................................................................... 11 1.2. RELEVO .................................................................................................................................................... 13 

1.2.1. Arenito Botucatu e Recarga do Aquífero Guarani .................................................................... 15 1.3. HIDROGRAFIA ........................................................................................................................................... 17 1.4. VEGETAÇÃO ............................................................................................................................................. 19 

1.4.1. Descrição Geral - Floresta Ombrófila Mista .............................................................................. 19 1.4.2. Método de Avaliação e Riqueza Florística ................................................................................ 20 1.4.3. Espécies ameaçadas de extinção .............................................................................................. 22 1.4.3.1. Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro) ............................................................................ 23 1.4.3.2. Dicksonia sellowiana (xaxim) ................................................................................................... 25 1.4.3.3. Gunnera manicata (urtigão) ..................................................................................................... 27 1.4.4. Sucessão e regeneração ............................................................................................................. 28 1.4.5. Ameaças e Recomendações ...................................................................................................... 29 

1.5. FAUNA ...................................................................................................................................................... 30 1.5.1. Mastofauna .................................................................................................................................... 30 1.5.1.1. Espécies Ameaçadas ................................................................................................................ 32 1.5.2. Avifauna .......................................................................................................................................... 36 1.5.2.1. Espécies Ameaçadas ................................................................................................................ 37 1.5.3. Herpetofauna ................................................................................................................................. 38 1.5.3.1. Anurofauna ................................................................................................................................. 39 1.5.4. Ictiofauna ........................................................................................................................................ 40 1.6.5. Macroinvertebrados ...................................................................................................................... 42 

1.7. ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS .................................................................................................... 44 1.8. VISITAÇÃO ................................................................................................................................................ 44 

1.8.1. Visitação Turística ......................................................................................................................... 44 1.8.2. Visitas Técnicas ............................................................................................................................. 45 

1.9. PESQUISA E MONITORAMENTO ................................................................................................................ 45 1.9.1. Pesquisas Científicas ................................................................................................................... 45 1.9.2. Pesquisa em Andamento ............................................................................................................. 46 1.9.3. Pesquisas vinculadas ao Plano de Manejo ............................................................................... 46 

1.10. OCORRÊNCIA DE FOGO ......................................................................................................................... 46 1.11. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA RPPN.............................................................................................. 47 1.12. SISTEMA DE GESTÃO ............................................................................................................................. 47 

1.12.1. Recursos Financeiros ................................................................................................................. 47 1.12.2. Formas de cooperação .............................................................................................................. 47 

1.13. PESSOAL ................................................................................................................................................ 47 1.14. INFRAESTRUTURA .................................................................................................................................. 48 1.15. EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ................................................................................................................ 48 1.16. RECURSOS FINANCEIROS ...................................................................................................................... 49 1.17. FORMAS DE COOPERAÇÃO .................................................................................................................... 49 1.18. AMEAÇAS ATUAIS .................................................................................................................................. 49 

2. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO ............................................................................................................ 50 

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3. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE ........................................................................................................ 50 

4. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA ............................................................................................................ 51 

PARTE C ‐ PLANEJAMENTO ......................................................................................................................... 53 

1. OBJETIVOS DE MANEJO .......................................................................................................................... 53 

1.1. OBJETIVO GERAL ..................................................................................................................................... 53 1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................................ 53 

2. ZONEAMENTO ........................................................................................................................................ 53 

2.1. ZONA SILVESTRE ..................................................................................................................................... 54 2.2. ZONA DE PROTEÇÃO ................................................................................................................................ 54 2.3. ZONA DE ADMINISTRAÇÃO ....................................................................................................................... 55 2.4. ZONA DE TRANSIÇÃO ............................................................................................................................... 55 2.5. ÁREA CIRCUNDANTE ................................................................................................................................ 56 2.6. ZONA DE RECUPERAÇÃO ......................................................................................................................... 57 

3. PROGRAMAS DE MANEJO ....................................................................................................................... 59 

3.1. PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO ............................................................................................................. 59 3.2. PROGRAMA DE PROTEÇÃO E FISCALIZAÇÃO ........................................................................................... 59 3.3. PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO ...................................................................................... 60 3.4. PROGRAMA DE VISITAÇÃO ....................................................................................................................... 60 3.5. PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA ................................................................................... 61 3.6. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO ................................................................................................................ 61 

4. PROJETOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................................... 62 

5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS .............................................................................................. 63 

PARTE D – INFORMAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 65 

1. ANEXOS.................................................................................................................................................. 65 

1.1 INVENTÁRIO FLORÍSTICO ........................................................................................................................... 66 1.2 MASTOFAUNA ............................................................................................................................................ 68 1.3 AVIFAUNA .................................................................................................................................................. 70 

2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ............................................................ 74 

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1

APRESENTAÇÃO

Com grande satisfação, apresentamos a proposta do PLANO DE MANEJO

DA RPPN LEÃO DA MONTANHA, uma das primeiras RPPN de Santa Catarina a

elaborá-lo, sob a coordenação do seu proprietário e administrador, o entusiasta da

conservação, Biólogo Pedro Volkmer de Castilho. A localização em ponto

estratégico para a conservação, ecótone entre floresta ombrófila mista alto montana,

e aluvial das cabeceiras do rio Canoas, no município de Urubici, com área de 126,5

hectares e abrigando exemplares hoje raros da fauna e da flora, bem demonstram a

importância estratégica desta RPPN para a conservação da natureza.

As Reservas Particulares do Patrimônio Natural são uma das 12 categorias

de Unidades de Conservação Previstas no SNUC – Sistema Nacional de Unidades

de Conservação, instituído pela Lei 9985/2000. Como o próprio nome sugere, trata-

se de uma categoria de UC de domínio essencialmente privado e é a única que

depende da iniciativa, livre e espontânea do proprietário, para a sua criação.

O estabelecimento de RPPN tem sido um grande sucesso no Brasil desde a

criação das primeiras, no ano de 1990. Hoje seu número aproxima-se de mil em

todo o país e são cerca de quarenta em Santa Catarina. Tanto no país como no

Estado, seu número não para de crescer. Em termos de área as RPPN catarinenses

somam mais de 17.000 hectares, variando as unidades entre 1,9 e 6.300 hectares,

abrangendo a quase totalidade dos biomas e ecossistemas catarinenses, o que por

si só já demonstra a sua importância, dentro da necessidade cada vez maior que se

tem de proteger amostras significativas dos ambientes naturais que restam, cada

vez mais ameaçados pelo crescente aumento e expansão das atividades humanas.

As motivações que fazem um proprietário transformar suas terras em parte

ou na sua totalidade em Reserva Particular são as mais variadas, mas todas

convergem para um ponto central que é a da efetiva proteção dos seus

ecossistemas em perpetuidade. Muitos se dizem preservadores, quando na

realidade são mais usuários da natureza, que a desfrutam em forma de chácaras ou

sítios particulares. Preservar, no entanto, implica ações a longo prazo, como o termo

é definido na própria legislação do SNUC. Por longo prazo, nesse caso, em se

tratando de áreas naturais, entende-se ações que perpetuem-se mesmo após, e

bem além de toda uma vida, que dirá um mandato político, de meros quatro anos.

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2

Por isso, seja qual for a motivação: exploração do turismo ecológico e suas

variáveis; proteção contra avanços da degradação; proteção de encostas e de

mananciais; proteção da paisagem; adequação às ações governamentais vizinhas

de conservação evitando desapropriação; destinação à observação de aves e

outros elementos da fauna ou à pesquisa científica; a conservação das condições

originais e naturais de uma propriedade herdada, mesmo que seja por motivação

sentimental; ou mesmo uma simples extensão da casa, como o jardim natural que

cuidamos e planejamos, não importa. O que vale é a garantia da perpetuidade da

proteção que só as RPPN podem propiciar.

A elaboração do Plano de Manejo de uma RPPN é mais um passo rumo à

plena legalidade da ação de conservação do seu proprietário. Sabemos das

dificuldades, pois até mesmo a grande maioria das UC governamentais ainda

carecem de planos de manejo. Por isso mesmo, o importante é começar, de forma

simples, com os elementos e recursos disponíveis no momento. É isso que a RPPN

Leão da Montanha está propondo. Que seja um exemplo a ser multiplicado e com o

tempo, ampliado e melhorado.

Lauro Eduardo Bacca Presidente Associação dos Proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural de Santa Catarina.

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3

PREFÁCIO

Um plano de manejo, como na existência das pessoas, é um projeto de vida.

Do mesmo modo que qualquer cidadão procura alcançar sucesso, saúde e até

poder sobre as coisas, também a natureza se organiza, provocada ou

espontaneamente para seus propósitos mesmo que nem sempre sejam

coincidentes seus objetivos.

Planejar a existência de uma comunidade de indivíduos ou um simples deles,

ou planejar a manutenção ou sobrevivência de um ambiente natural grande ou

pequeno, constitui medidas das mais elementares para qualquer de seus

integrantes.

Mais, tendo presente que para as pessoas é tão compreensível educar-se,

aperfeiçoar-se ou proteger-se, da mesma maneira para a natureza não só é normal

mas necessário conservar seu ciclo biológico.

Assim compreendido o universo de necessária harmonia entre pessoas e o

ambiente em que elas devem viver, parece muito fácil entender que a preservação e

proteção das vidas humanas estão logicamente relacionadas com a conservação e

proteção das coisas e bens da natureza, ou seja, com o meio em que ambos vivem.

Planejar e manejar a conservação da vida das pessoas e ao mesmo tempo a

de seu ambiente de que ambos dependem mutuamente, é o objetivo das unidades

de conservação.

Ao Estado cabe a proteção e defesa dos espaços públicos de preservação e

conservação; aos cidadãos a lei permite a mesma iniciativa para os bens

particulares. Mas todos, obrigatórios ou voluntários, movidos pela mesma razão,

buscam a mesma solução: recuperar o equilíbrio e a sustentação que os tempos e

práticas modernas arruinaram em muito.

Por isso, tal qual, as pessoas e as famílias cuidam de seu futuro, igualmente

as propriedades, as matas e as águas precisam e merecem os cuidados que

conduzam a sua longevidade e salubridade para que todos, sociedade e natureza,

convivam em harmonia e paz.

Esse é o espírito que governa a idéia da reserva particular do patrimônio

particular e do seu dono.

Manoel Lauro Volkmer de Castilho Idealizador da proposta

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INTRODUÇÃO

Desde o antigo Código Florestal de 1934, já estava previsto o

estabelecimento de áreas particulares protegidas no Brasil. Nesta época, estas

áreas eram chamadas de “florestas protetoras”. Tais “florestas” permaneciam de

posse e domínio do proprietário e eram inalienáveis. Em 1965, foi instituído um novo

Código Florestal e a categoria “florestas protetoras” desapareceu, mas ainda

permaneceu a possibilidade do proprietário de floresta não preservada, nos termos

desse novo Código, gravá-la com perpetuidade. Isso consistia na assinatura de um

termo perante a autoridade florestal e na averbação à margem da inscrição no

Registro Público.

Em 1977, quando alguns proprietários procuraram o IBDF desejando

transformar parte de seus imóveis em reservas particulares, foi editada a Portaria nº

327/77, do extinto IBDF, criando os Refúgio Particulares de Animais Nativos –

REPAN, que mais tarde foi substituída pela Portaria 217/88 que lhes deu o novo

nome de Reservas Particulares de Fauna e Flora.

Com essa experiência mostrou-se a necessidade de um mecanismo melhor

definido com uma regulamentação mais detalhada para as áreas protegidas

privadas. Assim, em 1990, surgiu o Decreto nº 98.914 regulamentando esse tipo de

iniciativa que, em 1996, foi substituído pelo Decreto nº 1.922, sendo que, em 2000,

com a Lei nº 9.985, que instituiu o Sistema Nacional de Unidade de Conservação –

SNUC, as RPPN passaram a ser considerada unidade de conservação, integrante

do grupo de uso sustentável.

O Estado de Santa Catarina possui 41 Reservas Particulares do Patrimônio

Natural (dezembro de 2009), todas reconhecidas pelo governo federal, cujas áreas

variam de 1,5 ha a 6.328,60 ha, sendo esta última a maior RPPN do domínio da

Mata Atlântica do Brasil (RPPN Emilio Einsfeld Filho). Ao todo são cerca de 22.460

hectares protegidos.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC o

plano de manejo é um documento técnico mediante o qual o fundamento nos

objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento

e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais,

inclusive a implantação de benfeitorias necessárias à gestão da unidade.

Diferentemente de outras unidades de conservação uma RPPN caracteriza-se por

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apresentar um processo contínuo, gradativo e flexível que permite maior sucesso na

implantação (Galante et al. 2002).

Ao desenvolver o Plano de Manejo de uma RPPN deve-se levar em

consideração o objetivo pelo qual ela foi criada, permitindo e definindo as atividades

desejadas, bem como o seu zoneamento. O proprietário deseja que o plano de

manejo seja uma ferramenta de demonstração de que é possível envolver a

sociedade civil na conservação da biodiversidade, além de representar um estilo de

vida saudável e harmônico para as gerações futuras.

No caso do presente plano de manejo, os proprietários optaram por

transformar a totalidade da área o imóvel rural em RPPN investindo seguramente na

conservação biológica.

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PARTE A – INFORMAÇÕES GERAIS

A RPPN Leão da Montanha está localizada no município de Urubici, região

serrana do Estado de Santa Catarina, distante 36 km da zona urbana da cidade de

Urubici e 185 km de Florianópolis, capital do Estado. Situa-se as margens do Rio

Canoas nas proximidades das bordas do planalto catarinense (Figura 1).

Figura 1. Localização geográfica do município e as principais vias de acesso à RPPN Leão da Montanha

1. VIAS DE ACESSO Via Urubici: Distante 36 km da sede do município pela rodovia SC-439.

Ponto de referência acesso a Pousada Refúgio de Montanha Rio Canoas.

Via Braço do Norte: Dista 45 km da sede do município pela rodovia SC-439

(sentido Grão Pará).

Linhas de ônibus: não existe linha regular de ônibus até as proximidades da

RPPN.

Percurso: Para acessar a RPPN é necessário veículo utilitário com tração

4x4 para travessia de dois arroios e aproximadamente 3 km de estradas rústicas.

Não é recomendado a acessar a RPPN em períodos de chuvas intensas.

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7

2. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO DA RPPN

Encravada nos vales criados por acidentes geomorfológicos do sul do Brasil,

a RPPN destaca-se pela presença dos imponentes afloramentos de arenito

Botucatu e cursos d’água, responsáveis por incríveis formações de beleza cênica

(Figura 2 e 5). Os afloramentos de arenitos

característicos do entorno da propriedade

contribuem eficientemente na recarga do

Aqüífero Guarani, considerado um dos

maiores reservatórios subterrâneos mundiais

de água doce. A localização da RPPN é

considerada um ecótono vegetacional entre

a Floresta Ombrófila Mista (FOM) e os

Campos de Altitude. A presença dos

paredões significa uma delimitação natural da propriedade restringindo o acesso a

uma única passagem a qual era utilizada por tropeiros durante anos para transportar

o gado de Anitápolis até Urubici (Figura 3).

Em tempos mais remotos toda a região foi

ocupada por populações indígenas

(Xokleng) que deixaram seus vestígios em

túneis preservados até hoje. Devido ao

relevo acidentado, nenhuma cultura

produtiva se estabeleceu e durante décadas

a utilização foi apenas extrativista.

Figura 2. Vista das margens do Rio Canoas.

Figura 3. Via de acesso antes da criação da RPPN

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8

De acordo com as informações

obtidas junto aos antigos proprietários, a

região em questão foi alvo de sistemáticas

explorações intensivas de madeira,

sobretudo, o pinheiro-brasileiro (Araucaria

angustifolia). Durante a década de 60 até

meados de 1990 a utilização da área era

praticamente voltada para a retirada de

araucárias e xaxins (Figura 4). Com a

implantação do Código Florestal Estadual (Lei 9.519/92) a extração desordenada

cessou e a pecuária extensiva tomou à dianteira. Sem muitas pastagens planas o

gado se utilizou das encostas e sub-bosques inibindo a recuperação das áreas

degradadas pela extração florestal. As invernadas nos sub-bosques eram técnicas

tradicionais entre os pecuaristas da região, resultando na proteção do rebanho nas

épocas mais frias do ano. A ocorrência de fortes geadas é registrada com

freqüência, assim como as baixas temperaturas (-5ºC – setembro/2009). Não

bastasse o pisoteio e pastoreio, os antigos proprietários ainda realizavam roçadas

constantes no sub-bosque para retirada das plântulas de araucária, considerada

prejudicial para a manutenção do rebanho. Esta é uma prática comum entre os

produtores rurais de todo o planalto catarinense. Após a aquisição da propriedade

em 2006, todas as criações (rebanho e abelhas exóticas) foram retiradas e a

recuperação ambiental teve seu reinício naturalmente.

Para garantir a conservação da biodiversidade e estimular a criação de

corredores ecológicos, em 21 de maio de 2008 foi criada oficialmente a RPPN Leão

da Montanha (Portaria nº 34/2008, ICMBIO), protegendo todos os 126,5 hectares da

propriedade.

Figura 4. Áreas de pastagem antes da criação da RPPN

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9

Figura 5. A)Vista panorâmica do vale do rio Canoas; B) afloramentos de Arenito Botucatu, RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC.

A

B

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10

3. FICHA RESUMO da RPPN

Nome da RPPN

Leão da Montanha

Data e Número Legal da Criação Portaria ICMBIO nº 34/2008 de

21/05/2008

Nome do Imóvel Fazenda Leão da Montanha

Logomarca

Proprietário Pedro Volkmer de Castilho

Endereço para Correspondência Rod. Haroldo Soares Glavan, 4280 Cacupé, CEP 88050-005 - Florianópolis, SC

Telefone (48) 3235 1951

E-mail [email protected]

Endereço da RPPN Fundos do Arroio Comprido, Canudos, CEP 88650-000 Urubici, SC

Página na Internet www.rppncatarinense.org.br

Município e Estado Urubici, Santa Catarina

Meio principal de chegada à UC Via terrestre pela Rodovia SC 430

Área da RPPN 126,5 hectares

Área Total da propriedade 126,5 hectares

Limites e Confrontantes NORTE – herdeiros de Nabor Godinho SUL – RPPN Pedra da Águia LESTE – Nelson Tonon OESTE – herdeiros de Olindo Salvador

Coordenadas Geográficas 28º00’27.92”S/49º22’31.24”O

Fitofisionomias Floresta Atlântica - Floresta Ombrófila

Mista e Floresta Ombrófila Mista Aluvial

Atividades Ocorrentes Pesquisas Científicas: Inventários de Fauna e Flora

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PARTE B 1. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN A RPPN Leão da Montanha localiza-se nas proximidades do Parque Nacional

de São Joaquim e inserida na proposta de criação do Parque Nacional do Campo

dos Padres (MMA - consulta pública 12/2006) (Figura 6).

Figura 6. Mapa de localização geográfica da RPPN Leão da Montanha

A propriedade possui características peculiares, uma vez que constitui um

corredor ecológico conectando diferentes unidades de conservação, reduzindo a

fragmentação, mantendo ou restaurando a conectividade da paisagem e facilitando

o fluxo genético entre as populações. Desta forma promoveria a mudança de

comportamento, criando oportunidades de negócios e incentivos a atividades que

promovam a conservação ambiental e o uso sustentável, agregando o viés

ambiental aos projetos de desenvolvimento.

Comportamento este que incentivou o proprietário vizinho (Nelson Tonon Jr.)

a transformar parte de sua propriedade em RPPN (ICMBIO Portaria nº 23/2009).

1.1. Clima

O clima da região é temperado úmido, enquadrado como Cfb pela

classificação de Köppen, com chuvas bem distribuídas durante todo o período do

ano com precipitação média anual de 1.789mm. A temperatura média anual é de

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10,9ºC, sendo comum a ocorrência de fortes geadas e neve nos meses mais frios

(EPAGRI- Santa Catarina).

Dados meteorológicos são coletados sistematicamente na RPPN desde 2009

(Figura 10), verificando que a localização geográfica interfere diretamente nos

regimes pluviométricos e nas oscilações de temperatura.

Figura 7. Variação pluviomátrica entre janeiro de 2009 e fevereiro de 2010 para a RPPN Leão da Montanha.

O fato de a RPPN estar encravada no vale do Rio Canoas, o regime de

chuvas (Figura 7) e as oscilações anuais de temperatura (Figura 8) sofrem

interferência direta dos regimes de vento. As massas de ar úmidos provenientes do

litoral colidem com a barreira física do planalto ampliando consideravelmente a

freqüência de chuvas na localidade. Percebe-se que durante o dia a temperatura

pode oscilar de -5ºC (em torno de 5h30min) a 35ºC (por volta das 13h30min) ao

longo do ano. A especificidade da localização da RPPN implica em chuvas intensas

ao passo que a 10km não chove a dias. No entanto, os parâmetros observados

estão dentro dos regimes regionais (EPAGRI/SC on line – www.epagri.sc.gov.br).

020040060080010001200140016001800

Volum

e (m

m)

Índices Pluviométricos (RPPN Leão da Montanha)

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Figura 8. Média anual de temperatura entre janeiro de 2009 e fevereiro de 2010 para a RPPN Leão da Montanha

1.2. Relevo Em parte dos municípios catarinenses de Urubici, Bom Retiro, Alfredo

Wagner, Santa Rosa de Lima, Grão Pará, Anitápolis e Rio Fortuna, junto à escarpa

da Serra Geral, localizam-se alguns dos mais imponentes acidentes

geomorfológicos do sul do Brasil.

Há cerca de 225 milhões de anos atrás, no período geológico denominado

Permiano, os atuais continentes ainda estavam unidos e formavam um

supercontinente denominado Pangea, que mais tarde viria a se subdividir em dois

grandes blocos denominados como Eurásia e Gondwana. Com o avançar do tempo

desenvolveu-se, na borda do supercontinente gondwânico recém formado, um mar

intracontinental que evoluiu para uma vasta bacia sedimentar, com mais de

1.500.000 km2, geologicamente conhecida como Bacia Sedimentar do Paraná

(CPRM, 2005).

Esta Bacia abrange, na América do Sul, os estados do Rio Grande do Sul,

Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e

Minas Gerais, estendendo seus limites para fora do Brasil e abrangendo parte do

Uruguai, Argentina e Paraguai, e a Bacia de Etendeka. Recobrindo o espesso

pacote de rochas sedimentares que formam a estrutura central da bacia, ocorre um

conjunto de rochas vulcânicas, com espessura de até 1.500 metros, que chegaram

à superfície por derramamentos de lava através de profundas fendas geológicas.

22,5 24 24,520 21,5

14 16,5 1510,5

16,5 19 21,5 2124

Temperatura anual ‐ RPPN Leão da Montanha

Temperatura Média

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A implantação do deserto Botucatu, ciclo sedimentar final do preenchimento

da Bacia do Paraná-Etendeka, iniciou-se por uma vasta superfície de deflação

eólica que marcou o clímax da aridez desértica no interior desta bacia,

caracterizando um prolongado episódio de interrupção da sedimentação que vinha

se desenvolvendo, associado a fenômenos de rearranjo da sua morfologia. A

deposição da Formação Rio do Rasto é atribuída inicialmente a um ambiente

marinho raso (supra a infra-maré) que transiciona para depósitos de planície

costeira (Membro Serrinha) e passando posteriormente à implantação de uma

sedimentação flúvio-deltaica (Membro Morro Pelado).

O contato entre as areias do deserto Botucatu e os derrames de lavas do

Serra Geral, em função da natureza distinta dessas rochas, configura uma não

conformidade de ambientes geológicos, deserto vs vulcânico, mas mesmo assim

existe uma relação transicional entre estes, dada a alternância entre estes

ambientes, mantida durante um certo intervalo de tempo, entre o campo de dunas

eólicas e os derrames de lavas.

Esta transição estendeu-se até o total soterramento das areias pelas lavas,

impedindo a manutenção e desenvolvimento do regime desértico após os primeiros

eventos eruptivos. Esses elementos também constituem um importante critério

cronológico para o estabelecimento da idade mínima do deserto de Botucatu; cuja

idade mais jovem é a mesma da implantação do magmatismo Serra Geral (138 Ma).

Como conseqüência deste processo dinâmico da crosta terrestre, e regido

pelas regras da Tectônica de Placas, aproximadamente 135-110 milhões de anos, o

supercontinente Gondwana começou a fragmentar-se. Esta fragmentação foi

acompanhada de um amplo soerguimento de toda a borda leste do recém criado

continente da América do Sul e da borda oeste da África, fazendo com que os

derrames vulcânicos e as rochas colocadas abaixo, fossem elevadas

topograficamente, formando o que posteriormente denominou-se de Serra Geral e

Serra do Mar, no continente sul americano.

Uma vez formada a escarpa da Serra Geral, as diferenças de composição

entre derrames de basalto e riolito, as distintas velocidades de alteração, os

profundos fraturamentos existentes e a atuação dos processos de erosão fluvial

através dos tempos, foram lentamente esculpindo a paisagem.

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O relevo esculpido pelas águas aflora o arenito Botucatu, responsável pelas

áreas de recarga do Aqüífero Guarani (80% da água acumulada na Bacia

Sedimentar do Paraná).

As altitudes variam de 980 a 1200 metros com locais apresentando

declividades superiores a 65 graus de inclinação (Figura 9)

Figura 9. Modelagem tridimensional do relevo da região. Em destaque a área de abrangência da RPPN no vale do Rio Canoas, Urubici, SC

1.2.1. Arenito Botucatu e Recarga do Aquífero Guarani

Ocupando uma área de 49.200 km² dentro do Estado de Santa Catarina

(Figura 10), encontra-se o Aqüífero Guarani, considerado um dos maiores

reservatórios subterrâneos mundiais de água doce, estendendo-se desde a Bacia

Sedimentar do Paraná até a Bacia do Chaco-Paraná (Campos,2000). Ocorre nos

estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa

Catarina e Rio Grande do sul; atingindo também os países Argentina, Paraguai e

Uruguai. O Aqüífero Guarani tem extensão total aproximada de 1,2 milhões de km²,

sendo 840 mil km² no Brasil, 225.500 km² na Argentina, 71.700 km² no Paraguai e

58.500 km² no Uruguai (http://www.ambiente.sp.gov.br).

O termo aqüífero Guarani é uma denominação unificadora de diferentes

formações geológicas que foi dada pelo geólogo uruguaio Danilo Anton em

homenagem à grande Nação Guarani, que habitava essa região nos primórdios do

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período colonial. O aqüífero foi inicialmente denominado de aqüífero gigante do

Mercosul, por ocorrer nos quatro países participantes do referido acordo comercial

(Araújo et al.,1995). Era conhecido no Brasil pelo nome de Botucatu, pelo fato de

que a principal camada de rocha que o compõe ser um arenito de origem eólica,

reconhecido e descrito pela primeira vez no município de Botucatu, estado de São

Paulo.

Este aqüífero é constituído de várias rochas sedimentares pertencentes à

Bacia Sedimentar do Paraná. Das rochas que compõem o aqüífero, a mais

importante é o arenito Botucatu, de idade triássico superior a jurássico inferior (190

milhões de anos atrás). Este arenito foi depositado em ambiente desértico, o que

explica as características que faz dele um ótimo reservatório de água: Os grãos

sedimentares que o constituem são de uma grande homogeneidade, havendo

pouco material fino (matriz) entre os mesmos. Isto confere a este arenito alta

porosidade e alta permeabilidade.

Figura 10. Localização do Aquífero Guarani em Santa Catarina (esquerda) e dos municípios da sua zona de recarga direta (Fonte: UFSC – Projeto Aquífero Guarani – http://www.aquiferoguarani.ufsc.br/)

O arenito Botucatu está exposto à superfície nas regiões marginais da Bacia

Sedimentar do Paraná. À medida que adentra-se para as regiões centrais desta

Bacia, este arenito vai ficando cada vez mais profundo, tendo a lhe recobrir

espessas camadas de rochas vulcânicas basálticas, e outros camadas de arenitos

mais recentes.

A região onde o arenito Botucatu aflora constitui os locais de recarga do

aqüífero. Nas regiões onde o mesmo está recoberto pelas rochas vulcânicas não há

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recarga e o sistema está confinado, ou seja, é artesiano, chegando a profundidades

de até 1500 metros.

O Aqüífero Guarani é responsável por cerca de 80 % do total da água

acumulada na Bacia sedimentar do Paraná, calculando-se que constitua a maior

reserva de água doce do mundo. O Aqüífero Guarani constitui-se em uma

importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para a

manutenção e o desenvolvimento das atividades econômicas e de lazer.

As reservas permanentes de água do aqüífero são da ordem de 45.000 km3

(ou 45 trilhões de metros cúbicos), considerando uma espessura média aqüífera de

250 m e porosidade efetiva de 15%. A recarga natural ocorre por meio da infiltração

direta das águas de chuva nas áreas de afloramento do arenito Botucatu; e de

forma indireta, por filtração vertical ao longo de descontinuidades das rochas do

pacote sobrejacente, nas áreas onde a carga piezométrica favorece os fluxos

descendentes. Sob condições naturais, apenas uma parcela das reservas

reguladoras é passível de exploração. Em geral, esta parcela é calculada entre 25%

e 50% das reservas reguladoras, respectivamente entre 40 a 80 km3/ano

(Rebouças, 2000).

1.3. Hidrografia

A RPPN é banhada pelas águas do Rio Canoas, pertencentes a Bacia

hidrográfica de mesmo nome (Figura 11), numa extensão de aproximadamente 3

km. Em boa parte da RPPN, o Rio Canoas faz divisa com a RPPN Pedra da Águia.

As águas do Rio Canoas adentram a RPPN a aproximadamente 5000 metros da

nascente com profundidades que variam de 0,5 a 3 metros. Em épocas de chuvas

torrenciais torna-se intransponível. No entanto, de acordo com os regimes de

chuvas nas cabeceiras, o nível médio do leito do rio pode ultrapassar 1,75 metros. O

rio Comprido (antigamente conhecido como Arroio da Caça) com aproximadamente

1.500 metros de comprimento, constitui o principal afluente do Rio Canoas dentro da

RPPN (Figura 12). Também foram mapeadas as principais nascentes e olhos

d´água nos limites da reserva (Figura 13).

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Figura 11. Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Canoas. Fonte Comitê do Rio Canoas, 2010.

Nas áreas antigamente utilizadas por rebanhos, a faixa de mata ciliar foi

suprimida e os processos erosivos causados pela força da água propiciaram

readequações do leito do rio, inclusive sobre a estrada de acesso principal.

Nas encostas surgem olhos d’águas e nascentes, cujas águas penetram no

solo e desaparecem.

a b

Figura 12. a) Localização do Rio Canoas e Arroio da Caça ou Arroio Comprido. b) Rede hidrográficado entorno da RPPN.

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Figura 13. Mapeamento das nascentes da RPPN Leão da Montanha.

1.4. Vegetação

1.4.1. Descrição Geral - Floresta Ombrófila Mista

A Floresta Ombrófila Mista, em termos de superfície, é a formação

vegetacional que mais se destaca na área. Segundo o Manual Técnico da

Vegetação Brasileira (IBGE, 1992), a floresta com araucárias é um tipo de

vegetação típica do Planalto Meridional Brasileiro (Figura 14), onde ocorria com

maior freqüência, antes da intensa ocupação, fenômeno verificado na região

principalmente a partir do início do século XIX. Em função da altitude e latitude, a

floresta com araucárias, apresenta quatro formações diferentes, quais sejam: Aluvial

(em terraços situados ao longo dos flúvios), Submontana (de 50 até mais ou menos

400 m de altitude), Montana (de 400 até mais ou menos 1.000 m de altitude) e

Altomontana (quando situadas a mais de 1.000 m de altitude).

A RPPN apresenta formação vegetal caracterizada como Floresta Ombrófila

Mista Aluvial: Esta formação, como próprio nome indica, é típica das áreas

ribeirinhas, ocupando os solos aluvionares e terrenos justapostos, nos estreitos

flúvios das serras e nos platôs da área de estudo, inclusive adentrando em áreas de

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domínio dos campos naturais, formando as conhecidas matas de galeria ou matas

ciliares. É dominada visualmente pela Araucaria angustifolia, associada à

Podocarpus lambertii (pinheiro-bravo) e Drymis brasiliensis (casca d’anta), espécies

estas típicas das altitudes do Sul do Brasil (Veloso et al., 1991). À medida que a

altitude diminui, a araucária associa-se a várias espécies das famílias Lauraceae

(canelas) e Myrtaceae (guamirins e outros), principalmente, além de Meliaceae e

Bignoniaceae (cedros e ipês). Destacam-se, ainda, a Luehea divaricata (açoita-

cavalo) e Blepharocalix spp. (murta) no estrato emergente e Sebastiania

commersoniana (branquilho), no estrato arbóreo contínuo, sobre os solos aluviais.

Em função da elevada concentração de umidade, nas florestas aluviais da área de

estudo, são expressivamente ocorrentes as plantas epífitas (bromélias, orquídeas,

musgos e liquens), além de diversas espécies de pteridófitas (samambaias) e

xaxins, incluindo o xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana), espécie constante da lista

oficial de espécies da flora brasileira ameaçada de extinção – Portaria 37/1992 do

IBAMA.

Figura 14. Mapa fitogeográfico de Santa Catarina com ênfase as variações da Floresta Ombrófila Mista.

1.4.2. Método de Avaliação e Riqueza Florística - Metodologia de campo: as áreas de interesse foram identificadas através de

visitas a campo e por imagens aéreas gentilmente cedidas pela equipe de

elaboração da proposta de criação do PARNA do Campo dos Padres. Foram

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estabelecidas cinco transecções 150m conforme a localização na Figura 15

totalizando 15000m² amostrados.

Estação 1 – FOM Aluvial, banhados e constantes alagamentos Ponto: 660849E 6902481N Altitude: 1014m

Estação 2 – FOM Altomontana, regeneração adiantada com predomínio de araucárias. Ponto:660106E 6902658N Altitude: 1225m Estação 3 – FOM Aluvial, predomínio de xaxins nas encostas e na baixada mirtáceas. Ponto:659365E 6902833N Altitude: 1071m Estação 4 – FOM Altomontana, predomínio de xaxins, araucárias e mirtáceas. Ponto: 659493E 6902364N Altitude: 1190m Estação 5 – FOM Altomontana em regeneração. Predominio de bracatingas e xaxins Ponto: 660057E 6902008N Altitude: 1110m Estação 6 – Área degradada, predomínio de asteraceas Ponto: 659772E 6900832N Altitude: 989m

Figura 15. Localização das estações de coleta para o inventário florístico com breve descrição da área.

Devido ao acelerado processo de regeneração ocorrido após a retirada dos

rebanhos do sub-boque, notou-se uma elevada riqueza de espécies das famílias

com características pioneiras (Figura 16). Destaca-se a estação 6, cujos dados

preliminares diagnosticaram maior diversidade, no entanto, com menor dominância

ecológica de espécies. Espera-se que em longo prazo que a área sem mais

atividades pecuárias possua regeneração de espécies tardias na floresta inicial a

medida que ocorra o sombreamento das mesmas (Figura 17).

As avaliações florísticas detectaram que as estações de coleta 2, 3 e 4

apresentaram os melhores níveis de conservação. No entanto, verificou-se que o

predomínio de algumas espécies de Myrtaceae, de D. sellowiana e de A.

angustifolia demonstra a carência de um sub-bosque estruturado.

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Na estação 5 ocorre um predomínio de bracatingas, na maioria senescente,

permeadas por xaxins regenerantes e araucárias com DAP inferior a 50cm.

Figura 16. Riqueza de espécies florísticas de Floresta Ombrófila Mista diagnosticadas no levantamento preliminar na RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC

Figura 17 a) Vegetação em estágio secundário de regeneração; b) Ação do gado nas margens da estrada - RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC.

A lista completa das espécies identificadas consta no Anexo 1.1.

1.4.3. Espécies ameaçadas de extinção

A IN nº 6, de 23 de setembro de 2008 trata das espécies ameaçadas de

extinção no Brasil, nela encontram-se 33 espécies de plantas ameaçadas de

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

Asteraceae

Myrtaceae

Solanaceae

Fabaceae

Poaceae

Rosaceae

Apiaceae

Bromeliaceae

Cuniniaceae

Gleicheniaceae

Melastomataceae

Nº de Espécies

Famílias Botân

icas

a b

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extinção para o estado de Santa Catarina. Três espécies que constam na lista são

reconhecidas na RPPN Leão da Montanha.

1.4.3.1. Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro)

O gênero Araucária L. Jussieu, cuja

origem remonta há cerca de 200 milhões

de anos, é composto por 19 espécies de

ocorrências restritas ao hemisfério Sul, na

Austrália, Papua Nova Guiné, Nova

Caledônia, Vanuatu, Ilha Norfolk, Brasil,

Chile e Argentina.

A espécie Araucaria angustifolia

(Figura 18) é nativa do Brasil e possui uma

ampla área de distribuição, contribuindo

para que o pinheiro-do-paraná se

diferencie em raças locais ou ecotipos

(Gurgel et al., 1965), descritos por Reitz &

Klein (1966) em variedades, a saber:

Araucaria angustifolia: elegans, sancti

josephi, angustifolia, caiova, indehiscens,

nigra, striata, semi-alba e alba (Carvalho, 1994).

A despeito de ocupar extensas áreas, a sua exploração indiscriminada

colocou-a na lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção

(Brasil, 1992). Dos 20 milhões de hectares originalmente cobertos pela Floresta de

Araucária, restam, atualmente, cerca de 2% dessa área. Particularmente no Estado

do Paraná, as serrarias e o uso industrial foram as principais responsáveis pelo

desmatamento (Gurgel Filho, 1990).

No Brasil, muitos estudos são realizados por entidades de pesquisa para

conservação e manutenção da variabilidade genética dos pinheirais remanescentes.

Atualmente, a modalidade de conservação in situ é a que apresenta maiores

dificuldades para ser executada, não apenas pela fragmentação das populações

naturais e pelo longo ciclo reprodutivo (a produção de sementes normalmente

Figura 18. Araucaria angustifolia nos campos dealtitude - Campo dos Padres, Urubici, SC.

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ocorre após 15 a 20 anos de idade), mas principalmente pela pressão de ocupação

do meio rural.

Trata-se de uma planta dióica (há árvores femininas e masculinas), podendo

ser monóica quando submetida a traumas ou doenças. Há predominância de

pinheiros masculinos tanto em áreas de ocorrência natural, como em plantios

(Bandel e Gurgel, 1967). A floração feminina ocorre o ano todo; já a masculina

ocorre de agosto a janeiro. A polinização é predominantemente anemocórica (pelo

vento) e, dois anos após esse evento, as pinhas amadurecem.

Em plantios, a produção de sementes (pinhões) se inicia entre 10 e 15 anos;

enquanto que nas populações naturais, essa fase se inicia a partir do vigésimo ano.

Iniciado a produção de sementes, a árvore produz em média 40 pinhas por ano ao

longo de toda sua vida (mais de 200 anos).

A Araucária é perenifólia, com altura variando de 10 a 35 m e DAP entre 50 e

120 cm, quando adulta. O tronco é reto e quase cilíndrico; se ramificando em

pseudo-verticilos, com acículas simples, alternas, espiraladas, lineares a

lanceoladas, coriáceas, podendo chegar a 6 cm de comprimento por 1 cm de

largura. Possui casca grossa (até 10 cm de espessura), de cor marrom-arroxeada,

persistente, áspera e rugosa. As flores são dióicas, sendo as femininas em estróbilo,

conhecida popularmente como pinha e as masculinas são cilíndricas, alongadas e

com escamas coriáceas, tendo comprimento variando entre 10 e 22 cm e diâmetro

entre 2 e 5 cm.

Os pseudofrutos ficam agrupados na pinha que, quando madura, chega a pesar até

5kg. Cada quilograma contém cerca de 150 sementes, que perdem a viabilidade

gradualmente em 120 dias.

Os pinhões são ricos em reservas energéticas (57% de amido) e em

aminoácidos.

O pinheiro-do-paraná, quanto ao grupo sucessional, é uma espécie pioneira e

heliófila, que se estende sobre os campos, formando novos capoeirões, mas sendo

beneficiada por leve sombreamento na fase de germinação e crescimento até 2

anos (Reitz e Klein,1966).

Considerando os aspectos fitossociológicos, a A. angustifolia apresenta

regeneração fraca, tanto no interior da floresta, como em ambientes pouco

perturbados, e ocorre associada às espécies dos gêneros Ilex (Erva-mate), Ocotea

(Embuia) e Podocarpus (Pinheiro-bravo).

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25

A araucária interage intensamente com a fauna, que constitui um elemento

muito importante para a dispersão das sementes. Entre estes animais destacam-se

os roedores e as aves. Alberts (1992) cita, entre os roedores, as cotias, as pacas, os

ouriços, os camundongos e os esquilos. Entre as aves são citados o papagaio-de-

peito-roxo (Solórzano, 1999), a gralha-picaça e, em Minas Gerais, Bustamante

(1948) cita os airus, a gralha azul e os tucanos.

A Araucaria angustifolia é uma espécie muito exigente em condições de

fertilidade e física do solo, principalmente para o fator profundidade. Os solos

adequados para o cultivo do pinheiro-do-paraná são, portanto, os Latossolos

Vermelhos com horizonte A bem desenvolvido, altos teores de cálcio e magnésio,

profundos, friáveis, porosos, bem drenados, com boa capacidade de retenção de

água e textura franca a argilosa (Hoogh, 1981).

O pinheiro ocorre naturalmente em solos originários de diversos tipos de

rochas, como granitos, basaltos e sedimentares. Entretanto, as condições de solo

que mais afetam o crescimento dessa espécie, são: deficiência de nutrientes,

toxidez por alumínio e profundidade do solo, quando inferior a 1m. Lençóis freáticos

a menos de 90 cm de profundidade tornam-se restritivos ao crescimento do pinheiro

(Bolfini et al., 1980).

1.4.3.2. Dicksonia sellowiana (xaxim)

O Xaxim (Dicksonia sellowiana (Pres.) Hook.) é popularmente conhecido

como samambaiaçu-imperial, xaxim, xaxim-verdadeiro ou xaxim-bugio (Figura 19).

Pertence à divisão Pteridophyta e à família Cyatheaceae (Pio Corrêa, 1931;

Sehnem, 1978, 1983; Schultz, 1991) ou Dicksoniaceae (Tryon e Tryon, 1982).

Possui ampla distribuição na América Latina, ocorrendo do sudeste do México até o

Uruguai, passando pela Venezuela, Colômbia, Paraguai e Brasil (Minas Gerais, São

Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), crescendo em

altitudes que variam de 60 m ao sul de sua área de distribuição, no RS, até 2200 m

na Serra de Itatiaia (RJ) (Tryon e Tryon, 1982; Tryon, 1986; Sehnem, 1978; Pio

Corrêa, 1931; Fernandes, 1999).

A espécie é considerada um feto arborescente, com caule geralmente ereto,

atingindo até 10 m de altura, com densos tricomas e muitas raízes adventícias que

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ocorrem da base até próximo do ápice (cáudice), com até 1 m de diâmetro, onde se

inserem as folhas bi-pinadas de 1 m até 5 m (Tryon e Tryon, 1982; Sehnem, 1978).

As folhas jovens apresentam prefoliação circinada, resultante do crescimento mais

rápido na superfície inferior do que na superior durante o desenvolvimento da folha,

mediada pelo hormônio auxina (Raven et al, 1978).

Segundo Pio Corrêa (1931), nos pontos de inserção das folhas desenvolve-se

abundantíssimos filamentos amarelos, lanosos, “aos quais o povo chama de isca”,

porque queimam lentamente servindo para acender cigarros, mas é como

hemostático (medicinal – age na coagulação do sangue) que eles podem ter o

melhor emprego.

No entanto, a principal utilidade é o emprego do seu cáudice na fabricação de

vasos, placas, palitos e substrato para o cultivo

de bromélias e orquídeas, além do uso da

planta toda no paisagismo em geral.

O Xaxim originalmente encontrava-se

associado com a Araucária, em alta freqüência

no subdossel (Sehnem, 1978), onde sofreu

uma expressiva redução de suas populações

em estado natural, devido principalmente à

exploração para fabricação de vasos, e

substratos, e da destruição de seu habitat,

devastação da “Mata de Araucária”.

Os indivíduos da espécie crescem

preferencialmente em lugares pantanosos nas

serras, mas também em encostas serranas e

excepcionalmente em banhados das baixadas

(Sehnem, 1978).

Na formação Floresta Ombrófila Mista, a Dicksonia sellowiana e outra

Ciateácea, Nephelea setosa, fazem parte do estrato arbustivo, por vezes se

tornando muito abundantes, sobretudo no início das encostas, e não raro

caracterizando visivelmente o estrato arbustivo dos faxinais, sobretudo ao longo das

ramificações da Serra Geral e em altitudes compreendidas entre 500 e 900 metros

(Klein, 1979).

Figura 19. Regeneração de xaxins em áreas antigamente ocupadas pelo gado.

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1.4.3.3. Gunnera manicata (urtigão)

O gênero Gunnera está distribuído (Figura 20) na América do Sul, África e

Austrália, e algumas espécies têm o alcance no Hawaii e no México (Wanntorp et.

al., 2003).

Figura 20. Distribuição do gênero Gunnera. Nomes dos subgêneros escritos perto de suas ocorrências geográficas respectivas (Wanntorp et al., 2003)

A G. manicata, esta grandiosa espécie é originárias de regiões frias e geladas

do sul do Brasil (Figura 21), mais precisamente dos Campos de Lages (Wanntorp et

al., 2002). Caracteriza-se por ser uma planta herbácea, com rizoma crasso, perene.

Suas folhas apresentam pecíolo de mais ou menos 50cm de comprimento e 3,5cm

de diâmetro, provido de emergências espiniformes, lâmina foliar com mais ou

menos 57cm de comprimento e 110cm de largura, podendo alcançar dimensões

maiores. A inflorescência composta é constituída de numerosas espigas. As flores

hermafroditas estão espalhadas por todo o comprimento da espiga, sendo seus

frutos drupáceos; e suas sementes pêndulas (Fevereiro e Barbosa, 1976).

No rizoma de um indivíduo de Gunnera manicata podem ocorrer vários

Ramites, que são vários “clones” desse mesmo indivíduo. Segundo Fevereiro e

Barbosa (1976) o Urtigão é uma espécie heliófita e seletiva higrófita, ocorrente nos

rochedos úmidos dos aparados e nas margens dos arroios.

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A fenologia da G. manicata se comporta de forma que no mês de agosto

emite folhas novas, florescendo e frutificando nos meses de dezembro e janeiro. As

primeiras geadas de março e abril queimam suas folhas, que secam e caem,

levando a planta a uma dormência durante todo o inverno (Fevereiro e Barbosa,

1976). Segundo Lorenzi e Souza (2005) a G. manicata é ocasionalmente cultivada

como planta ornamental.

Figura 21. Exemplares de Gunnera manicata sendo medidos durante o inventário florístico.

1.4.4. Sucessão e regeneração O termo regeneração natural apresenta uma amplitude de expressões e

designações importantes para o entendimento do processo como um todo.

Entretanto, com relação ao estoque da floresta, é conceituado por Rollet (1974)

como as fases juvenis das espécies, quando as plantas apresentam DAP inferior a 5

cm. Portanto, referindo-se às fases iniciais de estabelecimento e crescimento das

plantas, sendo que um ambiente favorável à maximização da produção qualitativa e

quantitativa possibilitará a preservação, a conservação e a formação das florestas.

Outros autores possuem diferentes critérios de inclusão de espécies como

constituintes da regeneração, tais como Lamprecht (1990), o qual considerou como

regeneração natural os indivíduos com altura igual ou superior a 30 cm e com DAP

de até 10 cm. A maioria dos remanescentes florestais poderiam encontrar-se em

melhores condições, caso a exploração das espécies de interesse econômico

tivesse levado em conta, sobretudo a regeneração natural, por meio do

conhecimento de sua auto-ecologia, caracterização, estrutura e dinâmica,

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características essas fundamentais nas diretrizes dos planos de manejo,

amplamente estudadas por diversos autores, como Roderjan (1983); Daniel e

Jankauskis (1989); Guariguata e Pinard (1998); Amador e Viana (2000) e Eliasson

et al. (2003). Atualmente, a legislação florestal brasileira (IBAMA, 2002) estabelece

que a produção de informações a respeito do estoque da regeneração natural é

imprescindível à elaboração de planos de manejo sob regime sustentado. Carvalho

(1980) elucida que, para estudar a regeneração natural e chegar à definição de

parâmetros que viabilizem um manejo adequado, se deve considerar, entre outros

aspectos, o estudo da estrutura da regeneração e o crescimento, fornecendo dados

que possibilitarão o monitoramento do desenvolvimento e comportamento futuro da

floresta (Narvaes et al. 2005).

A distribuição diamétrica da população amostrada na RPPN apresentou

forma de “J” invertido. Essa curva representa o equilíbrio dinâmico da floresta que

se está auto-regenerando, considerando que a maior parte dos indivíduos se

concentrou nas menores classes diamétricas, diminuindo progressivamente até

atingir menor proporção nas maiores classes, evidenciando o padrão típico para

florestas maduras, em estado de regeneração natural (Blanc et al., 2000) (Figura

22). Longhi (1980) observou que esse tipo de distribuição garante que o processo

dinâmico da floresta se perpetue, pois a súbita ausência de indivíduos dominantes

dará lugar para as chamadas “árvores de reposição”.

Figura 22. Estrutura de diâmetro e altura de Araucaria angustifolia na RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC

1.4.5. Ameaças e Recomendações A fragmentação, isolamento e a intervenção antrópica de áreas florestais tem

resultado em ambientes propícios ao estabelecimento de espécies exóticas e

ruderais nas bordas e no interior dos remanescentes de mata nativa (Primack e

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Rodrigues, 2001), as espécies exóticas apresentam aspectos negativos,

comprometendo a disseminação das espécies características do local e sua

sobrevivência (Cervi et al. 1989). Boldrini e Eggers (1996) afirmaram que

modificações do ambiente podem levar a composição florística da vegetação a uma

substituição de formas de crescimento dominantes e evidências de espécies

beneficiadas pela exclusão de outras.

As plantas invasoras possuem grande habilidade de sobrevivência, atribuídas

a alguns mecanismos como a grande agressividade competitiva, grande produção e

facilidade de dispersão de sementes, além da longevidade e propagação vegetativa

(Lorenzini, 2000).

Notou-se durante o inventário florístico espécies exóticas como Pinus sp. e

Eucaliptus sp. em áreas adjacentes a estrada principal e em áreas abertas

antigamente utilizadas como pastagens, recomendando-se a retirada imediata afim

de evitar o surgimento de novos indivíduos. Consideradas daninhas por alguns

autores, Achyrocline satureioides e espécies do gênero Baccharis sp., comportam-

se como espécies pioneiras ou secundárias iniciais no processo de sucessão, não

havendo a necessidade de remoção.

1.5. Fauna

1.5.1. Mastofauna O Brasil abriga a maior diversidade de mamíferos do mundo, com 652

espécies descritas, das quais 451 são mamíferos continentais não voadores (Reis et

al. 2006). Santa Catarina é um dos estados brasileiros menos conhecidos quanto à

sua mastofauna (Avila-Pires, 1999). Isto é particularmente verdadeiro para

mamíferos terrestres, sobre os quais têm sido publicado trabalhos somente nos

últimos 22 anos.

O levantamento da mastofauna da RPPN foi efetuado em duas campanhas

distintas. A primeira, entre os anos de 2007 e 2008, empregando metodologias de

armadilhamento fotográfico (Armadilhas Tigrinus analógica e 6.0D) em seis

estações de coleta distribuídas na área da RPPN para identificação dos mamíferos

de médio e grande porte (Figura 23). A segunda campanha em 2009 focou-se

apenas nos pequenos mamíferos utilizando-se de gaiolas de arame iscadas

instaladas nas mesmas estações de coleta da campanha anterior.

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Estação 1 – Margem direita do rio Canoas. Ponto: 660849E 6902481N Altitude: 1014m Estação 2 – Altiplano da encosta, base do afloramento de Arenito Botucatu Ponto:660106E 6902658N Altitude: 1225m Estação 3 – Entroncamento do arroio Comprido Ponto:659365E 6902833N Altitude: 1071m Estação 4 – Trilha na floresta remanescente Ponto: 659493E 6902364N Altitude: 1190m Estação 5 – Trilha na floresta de xaxim Ponto: 660057E 6902008N Altitude: 1110m Estação 6 – Área pós-pastagem Ponto: 659772E 6900832N Altitude: 989m

Figura 23. Localização geográfica das estações de coleta da mastofauna da RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC.

Durante os deslocamentos das duas campanhas foram coletados vestígios

indiretos como rastros, fezes e pêlos. Também foram quantificados os encontros

fortuitos ao longo do período dos levantamentos.

Foram diagnosticadas 27 espécies de mamíferos não voadores,

representando seis ordens e 14 famílias, o correspondente a 9% das espécies de

mamíferos do Brasil e 82% das espécies registradas para Santa Catarina (Figura

24). A mastofauna da RPPN Leão da Montanha é composta principalmente por

espécies de ampla distribuição como por exemplo: Puma concolor (onça-parda),

Leopardus tigrinus (gato-do-mato-pequeno), Lontra longicaudis (lontra) e Nasua

nasua (quati).

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Figura 24. Exemplares de Mazama gouazoubira e Cerdocyon thous na estação 3 RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC.

Das espécies registradas, seis possuem status de ameaçadas como

vulnerável (VU) segundo a Lista de Espécies Ameaçadas (MMA 2008).

Considerando que a RPPN está inserida em um contexto de áreas com baixa

interferência humana, esperar-se-ia que certas espécies comuns na região fossem

registradas. Notou-se, no entanto, que espécies como Cuniculus paca (paca) e

Dasyprocta azarae (cutia) não foram registradas no decorrer de um ano de

observações sistemáticas. A possível superexploração relatada por vizinhos pode

ser a causa da baixa densidade populacional.

Recentemente encontraram-se indícios de que estes roedores teriam

dispersado frutos de Acca sellowiana (goiaba-serrana) deixados propositalmente

para atrair a fauna, porém não houve confirmação.

Não foram realizados levantamentos dos mamíferos voadores até o

momento, sendo uma tarefa para investigações futuras.

A lista completa das espécies identificadas apresenta-se no Anexo 1.2.

1.5.1.1. Espécies Ameaçadas

Leopardus tigrinus – gato-do-mato-pequeno

Este é o menor gato selvagem da

América do Sul, com tamanho semelhante

ao de um gato doméstico (Figura 25). Patas

e cabeça pequenas e cauda longa. Os

pêlos são voltados para trás inclusive nuca

e cabeça. O peso varia entre 1,5 e 3 kg com

Figura 25. Leopardus trigrinus fotografado na estação 1 - RPPN Leão da Montanha.

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o comprimento total entre 60 e 85 cm. A pelagem tem coloração amarelo-dourada

com rosetas escuras abertas dispostas principalmente nas laterais do corpo. No

dorso as rosetas se fundem formando listras que vão dos olhos à base da cauda.

Existem indivíduos melânicos (pretos) que não são incomuns. Ocorre do sul da

Costa Rica ao norte da Argentina, ocupando geralmente ambientes variados, desde

áreas mais abertas àquelas com vegetação densa. Assim como ocorre com os

demais gatos pequenos, é um animal muito pouco estudado. Os dados existentes

demonstram ser um animal solitário, de hábitos diurnos e noturnos que se alimenta

de pequenos roedores, lagartos e pequenas aves. A fragmentação e a

descontinuidade das florestas é a principal causa de ameaça desta espécie.

Leopardus wiedii – gato-maracajá

Considerado de pequeno porte, com medidas que variam de 42 a 62 cm de

cabeça e corpo, de 30 a 48 cm de altura, com peso variando de dois a cinco quilos e

cauda medindo de 33 a 51 cm. Sua coloração também varia do amarelo ao marrom,

ou castanho, tendo as rosetas largas, completas e espaçadas. Seus olhos grandes

e a cauda longa são diferenças fundamentais para sua identificação. Atualmente

ocorre desde as planícies costeiras do México ao norte do Uruguai e Argentina e em

todo território brasileiro, menos caatinga e no Rio Grande do Sul. Algumas

referências mais antigas relatam sua presença também nas florestas subtropicais no

sul dos Estados Unidos. Tem hábito solitário e noturno, adaptando-se muito bem à

vida arbórea. Alimenta-se de pequenos mamíferos, aves, répteis e alguns insetos.

É classificado como vulnerável na lista de animais ameaçados. Pesquisas recentes

sugerem que as perturbações ambientais sejam responsáveis pela redução no

número de indivíduos.

Lontra longicaudis - lontra

A lontra é um animal que pertence à ordem carnívora, e que habita a região

de rios e lagos. Sua distribuição geográfica ocorre do nordeste do México ao

Uruguai e à província de Buenos Aires na Argentina. Possui 820 mm de

comprimento, a cauda chega a 570 mm e seu peso pode variar de 8 a 15 kg.

Normalmente, os machos são maiores que as fêmeas. A coloração da parte

superior varia do marrom claro ao escuro, a pelagem é curta, macia, porém bastante

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densa. Alimenta-se de peixes, crustáceos, anfíbios, répteis e, ocasionalmente de

aves e mamíferos.

A fragmentação e perda de habitats é o principal responsável pela introdução

da lontra na lista de espécies ameaçadas, que ainda sofre com a poluição e

assoreamento de cursos d’água.

Mazama nana – veado-de-mão-curta

É o menor cervídeo do gênero, medindo cerca de 45 a 50 cm de altura e 60 a

100 cm de comprimento, e pesando menos de 15 kg. Apresenta cabeça curta e

orelhas pequenas e arredondadas com poucos pêlos no interior (Figura 26). Os

chifres são simples e voltados para trás. Os membros anteriores são mais curtos e

os posteriores mais escuros. Quase não apresenta pêlos brancos, com exceção da

cauda. Possui manchas mais claras nas extremidades da maxila e da mandíbula e

uma faixa enegrecida no meio desta. O calcâneo também é enegrecido com um

filete posterior no metatarso. Aparentemente prefere lugares de maior altitude e

freqüenta ambientes de vegetação densa como sub-bosques de taquara ou zonas

de vegetação secundária como capoeiras. Tem hábitos preferencialmente noturnos

e crepusculares. A sua dieta também é desconhecida, porém acredita-se que seja

semelhante à das demais espécies do gênero, onde as frutas formam o item mais

importante, seguido de folhas novas e flores. A capacidade adaptativa

provavelmente é baixa, mas a ausência de estudos específicos impossibilita o

conhecimento de diversos aspectos de sua biologia.

Figura 26. Provavelmente o mesmo exemplar Mazama nana visitando a estação 4 - RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC.

Pecari tajacu - cateto

O cateto diferencia-se do queixada por ser menor, pesando entre 18 e 30 kg,

e pela coloração marrom salpicada de branco, com uma coleira de pêlos mais claros

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nos lados do pescoço. É uma espécie que ocorre em uma grande variedade de

hábitats, desde florestas úmidas até regiões áridas. Tem atividade diurna e

crepuscular, alimentando-se desde cedo até o meio da manhã, e nas últimas horas

da tarde até as primeiras da noite. É uma espécie gregária, geralmente formando

grupos de seis a 20 indivíduos, já tendo sido observados grupos de até 50. Os

indivíduos se mantêm juntos mediante vocalizações e um forte odor liberado pela

glândula dorsal, cuja secreção é esfregada em troncos de árvores, rochas e em

outros indivíduos do grupo. Nas florestas o cateto consome sementes e frutos de

palmeiras e diversos produtos vegetais, como folhas, raízes e tubérculos,

complementando sua dieta com insetos. É o taiassuídeo com maior capacidade de

adaptação a alterações de hábitats e, por isso, geralmente mais abundante. Como

os demais membros da família, os catetos também são muito visados pela caça de

subsistência e predatória, mas ao contrário do queixada, cujos grupos são

extremamente coesos, os catetos dispersam-se em pequenas subunidades e

geralmente apenas um ou dois animais são mortos em confrontos com caçadores.

Apesar de ter sido extensivamente estudado na América do Norte, as características

ecológicas do cateto são pobremente conhecidas nas florestas tropicais.

Puma concolor – onça-parda, leão-baio

O puma é o segundo maior felino das Américas. O corpo do macho varia de

1.050 a 1.959 cm, com cauda de 660 a 784 cm e peso de 67 a 103 kg. Já a fêmea

tem corpo variando de 966 a 1.517 cm e cauda de 530 a 815 cm, com peso de 36 a

60 kg. Esse tamanho, no entanto, varia de acordo com a região geográfica, sendo

os menores exemplares encontrados nos trópicos e os maiores nos extremos norte

e sul de sua distribuição. Ocupa uma grande variedade de ambientes, de florestas

densas a áreas abertas (Figura 27). É uma espécie solitária, de hábitos tanto

diurnos quanto noturnos. Sobe com facilidade em troncos altos e é um bom nadador

evitando, porém, entrar na água. Os limites do território também são marcados, o

que minimiza o confronto intraespecífico. Apresentam pelagem bastante densa com

manchas escuras circulares que desaparecem aos seis meses de idade. As fêmeas

permanecem ativas sexualmente até os 12 anos e os machos até os 20. É

essencialmente carnívoro, se alimentando de uma grande variedade de presas,

desde pequenos vertebrados até aqueles de médio porte, como veados e porcos.

Mata suas presas por asfixia, através de uma mordida na garganta, deixando muitas

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vezes as marcas das garras visíveis nos

ombros e dorso das presas. Quando

abate um animal grande que não

consegue comer totalmente no mesmo

dia, cobre o restante com folhas e galhos

secos para voltar a alimentar-se da

mesma carcaça nos dias subseqüentes.

É uma espécie capaz de se adaptar a

áreas alteradas ou antropizadas. O

tamanho do território pode ser bastante

extenso, de acordo com a disponibilidade

de presas, tipo de cobertura vegetal e

época do ano. A densidade média é de

um indivíduo por quilômetro quadrado,

sendo que a área de um animal varia de

31 a 243 km² no inverno e de 106 a 293

km² no verão.

1.5.2. Avifauna O Brasil ocupa o terceiro lugar em termos de riqueza de aves, possuindo

1796 espécies registradas até 2006. Para Santa Catarina são registradas 596

espécies com 326 espécies associadas as matas de araucárias.

O levantamento da avifauna foi realizado com incursões a campo durante o

segundo semestre de 2009. Foram percorridas quatro trilhas e a estrada principal da

RPPN totalizando 300 horas de observação direta. Outras 100 horas de observação

foram empregadas na gravação de sons, a fim de totalizar 400 horas de esforço

amostral. As freqüentes chuvas no período do levantamento prejudicaram a

observação e a obtenção de sons com qualidade, tornando inviável a utilização dos

equipamentos e a identificação das espécies.

Tudo indica que a avifauna da RPPN apresenta-se até então subestimada,

pois uma grande parcela das espécies florestais ainda não foi eficazmente

reconhecida. No presente estudo foram identificadas 59 espécies de aves,

montante este, insignificante para a região de Floresta Ombrófila Mista (Figura 28).

Figura 27. Dois juvenis de Puma concolor na estação 1e 3 na RPPN Leão da Montanha, Urubici-SC.

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O grimpeiro (Leprasthenura setaria) está considerado como espécie “quase

ameaçado” globalmente e muito associado às matas araucárias. A espécie

alimenta-se de artrópodes que acha entre as grimpas e entre musgos e as cascas

da araucária.

A araponga, outra espécie diagnosticada no levantamento, é endêmica da

Mata Atlântica e ocorre em todos os tipos florestais. Atualmente são registrados

casos de extinções locais em Santa Catarina. Na RPPN sua ocorrência é sazonal,

sendo registrada apenas no verão.

Abaixo seguem imagens de aves registradas na RPPN Leão da Montanha:

a b c

d e f Figura 28. Espécies de aves registradas na RPPN Leão da Montanha. Onde a)Leptasthenura setaria, b) Trogon surrucura; c) Falco sparverius d) Athene_cunicularia e) Stephanophorus diadematus; f)Theristicus caudatus.

A lista completa das espécies identificadas estão apresentadas no Anexo 1.3

1.5.2.1. Espécies Ameaçadas

Leucopternis polionotus O gavião-pombo-grande mede entre 48 e 53 cm, com a região do dorso e

asas cinza escuro, quase negro, e algumas coberteiras margeadas de branco. A

cabeça, nuca e região do peito e ventre são de um branco imaculado, enquanto a

cauda curta apresenta cor preta da base até a região mediana, branca no restante.

Vive em florestas primárias e secundárias, mas existem várias observações de

indivíduos freqüentando matas bem alteradas e plantações de Pinus sp. Sobre seus

hábitos alimentares, foram observados capturas de sabiá (Turdus albicollis),

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38

papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) e alma-de-gato (Piaya cayana), além

de répteis e pequenos mamíferos (roedores) no Paraná.

1.5.3. Herpetofauna Devido à sua variedade de ambientes, o Brasil conta com uma grande

diversidade de herpetofauna, com 468 espécies de répteis, sendo 37% delas

endêmicas.

O inventário preliminar de répteis ocorreu simultaneamente com a avaliação

da regeneração florística das estações de coleta (Tabela 1). Quando possível eram

realizadas buscas embaixo de galhos, troncos e entre pedras nas proximidades dos

riachos. A maioria dos eventos foi fortuita em áreas abertas como trilhas, estradas e

clareiras.

Tabela 1. Espécies de répteis registrados durante o inventário faunístico na RPPN Leão da Montanha entre setembro de 2009 e fevereiro de 2010.

Subordem Família Espécie Registro Casual Busca

Serpentes Colubridae Liophis militaris X Viperidae Bothrops jararaca X Bothrops jararacussu X Bothrops neuwiedi x Espécie não identificada* x Sauria Teiidae Tupinambis merianae x Liophis miliaris é uma espécie de hábito semi-aquático, que pode ser encontrada as

margens de alagados e lagoas (Figura 29). Apresenta atividade predominantemente

diurna, mas é também encontrada em atividade durante a noite. A alimentação é

variada, sendo composta em sua maioria por anfíbios anuros, e também por itens

menos consumidos como peixes, lagartos e anfisbenas. A distribuição geográfica da

espécie é ampla na América do Sul a leste dos Andes, ocorrendo desde o estado do

Amazonas até Argentina, Paraguai e Uruguai.

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39

Figura 29. Na esquerda exemplar Liophis miliaris e direita um exemplar não identificado atravessando a estrada principal da RPPN.

Tupinambis merianae é uma espécie de grande porte. Possui hábito terrícola e

apresenta atividade predominantemente diurna. Possui dieta generalista, composta

por invertebrados, vertebrados pequenos, ovos e frutos. Apresenta distribuição

geográfica ampla, ocorrendo em fisionomias florestais e abertas na Mata Atlântica e

sua interface com outros biomas. Pode ser encontrada na região costeira, central e

sul do país.

1.5.3.1. Anurofauna Os anfíbios brasileiros são representados por cerca de 750 espécies em três

ordens. Os anuros, sapos e pererecas, representam mais de 80% dos anfíbios

brasileiros. Na região dos Campos de Cima da Serra, divisa entre SC e RS, foram

registradas 60 espécies, destas, apenas 17 são reconhecidas para Santa Catarina

(Bond-Buckup et al., 2008).

O inventário de anfíbios foi efetuado com amostragem utilizando-se

armadilhas de interceptação e queda com cerca guia. Tubos de PVC de 50cm e

telas de nylon foram utilizados para montar a armadilha. Além das armadilhas foram

realizadas buscas diretas em áreas de banhado, pequenos açudes sazonais,

riachos, serrapilheira da floresta e outros ambientes com bastante umidade.

Concomitantemente ao esforço das armadilhas de queda, ocorreram dez

campanhas de coleta distribuídas em quatro incursões diurnas e seis incursões no

período noturno.

As armadilhas de interceptação e queda apresentaram um esforço amostral

de 432 horas/armadilha com 13 espécies reconhecidas (Tabela 2). Entre as

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espécies mais comuns podemos destacar Rhinella icterica, Ischnocnema henselii e

Physalaemus gracilis (Figura 30).

Figura 30. Exemplares da anurofauna residentes na RPPN Leão da Montanha. Urubici, SC. 1) R. ictérica; 2) L. gracilis; 3) P. gracilis e 4) I. henselii.

Tabela 2. Lista de espécies dos anfíbios registrados na RPPN e seus níveis de ocorrência.

Nº Família Espécie Ocorrência 1 Bufonidae Rhinella icterica Abundante 2 Melanophryniscus devincenzii Rara 3 Rhinella henseli Comum 4 Cycloramphidae Odontophrynus americanus Rara 5 Brachycephalidade Ischnocnema henselii Abundante 6 Hylidae Hypsiboas faber Rara 7 Scinax fuscovarius Rara 8 Leiuperidae Physalaemus gracilis Abundante 9 Physalaemus cuvieri Comum 10 Microhylidae Elachistocleis bicolor Comum 11 Leptodactylidade Leptodactylus ocellatus Comum 12 Leptodactylus mystacinus Comum 13 Leptodactylus plaumanni Comum

1.5.4. Ictiofauna

O inventário da ictiofauna da RPPN foi baseado em expedições de coleta ao

longo do Rio Canoas e em toda a extensão do Arroio Comprido(Tabela 3). As

espécies encontradas foram identificadas sempre que possível. Cabe, ressaltar que

1 2

3 4

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41

na região da investigação ocorrem grupos taxonômicos confusos ou sem revisão

taxonômica.

A principal ameaça as espécies de peixes foi a introdução de espécies

exóticas registrada em 2003 com um cultivo trutas (Oncorhynchus mykiss) no curso

do Rio Canoas.

As descobertas mais significativas são em relação a dois exemplares

coletados no Rio Canoas. O primeiro do gênero Jenynsia (Figura 31b) acredita-se

que seja endêmico do planalto de araucárias, vivendo em arroios situados em

altitudes superiores a 1000 metros. O segundo é do gênero Trichomycterus,

pobremente conhecido, embora sejam de extrema relevância e de ampla

distribuição nos ambientes lóticos da região (Figura 31e). Apresenta um conjunto de

pequenos ferrões (espinhos) próximos das guelras que se inflam quando o indivíduo

é manipulado.

Foram realizados aproximadamente 100 horas/linha de esforço em vários

pontos do Rio Canoas e Arroio Comprido conforme o regime das chuvas em

horários diurnos e noturnos. Cerca de 70% das coletas foram realizadas durante o

período noturno.

Os Characidae, lambaris (Astyanax cremnobates), foram os mais abundantes

sendo responsáveis por 42% das coletas, seguidos pelos 25% de exemplares de

Pimelodus sp. e 19% Trichomycterus sp.

a b c

d e f

Figura 31. Exemplares da ictiofauna registrada na RPPN Leão da Montanha no curso do Rio Canoas e do Arroio Comprido. a) Bryconamericus sp.; b) Jenynsia sp.; c) Astyanax cremnobates; d) Heptapterus mustelinus; e) Trichomycterus sp.; e f) Pimelodus sp..

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Tabela 3. Ictiofauna registrada na RPPN Leão da Montanha em relação aos seus locais de captura.

Família Espécies Nome Comum Locais

Rio Canoas Arroio Comprido

Trichomycteridae Trichomycterus sp. Rosetinha X

Pimelodidae Pimelodus sp. Mandi X X

Heptapteridae Heptapterus mustelinus Bagre-da-pedra X X

Characidae Bryconamericus sp. Lambari-de-fundo X X

Astyanax cremnobates Lambari X

Anablepidae Jenynsia sp. Barrigudinho-do-planalto X

1.6.5. Macroinvertebrados Os crustáceos límnicos constituem um grupo de invertebrados com valor

biológico informativo sobre a qualidade dos corpos d’água. Alguns grupos de

crustáceos de água doce mostram um edemismo na região meridional da América

do Sul como Anomura Aeglidae. Os anomuros do gênero Aegla destacam-se como

elemento endêmico importante da região neotropical. Até o momento existem 36

espécies endêmicas para o sul do Brasil. As espécies de Aegla constituem uma das

principais fontes de alimento de peixes, pequenos mamíferos carnívoros (lontra e

mão-pelada) e aves.

O tamanho reduzido do seu último par de patas torácicas e o abdome

anômalo exclui os eglídeos do grupo de verdadeiros caranguejos. Alimenta-se da

fauna bentônica, controlando a proliferação de “borrachudos”

Durante os levantamentos ictiológicos ao longo do rio Canoas e arroio

Comprido foram identificados exemplares de Aegla camargoi (15mm de cefalotórax)

e Aegla serrana (22mm de cefalotórax).

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Figura 32. Exemplar de Aegla serrana coletado durante os inventários da ictiofauna.

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1.7. Aspectos Históricos e Culturais

No final do século passado e início deste, os moradores de Portugal vieram

para o Brasil e muitos deles desembarcaram em Santa Catarina. Várias expedições

vieram para o Planalto Serrano, formando novos núcleos de povoamento, e também

vieram imigrantes italianos e alemães.

Por volta do ano de 1878, os imigrantes obtiveram do governo o privilégio de

procurar as minas que se falava existirem nesta região. Pensava-se que nesta área

podiam encontrar-se roteiros de imensos tesouros escondidos pertencentes aos

padres jesuítas no tempo do Brasil colônia. Ainda no mesmo ano (1878), o senhor

João Galasf, natural de Painel, percorrendo a região do rio Canoas, chegaram as

margens do rio Urubici, seguindo-o até encontrar o “perau” denominado Morro do

Avencal e o do Mundo Novo, mas aconteceu que se perdeu. De seis a oito dias

depois, vem outros homens procurá-lo. Esses desceram não no Avencal, mas em

suas extremidades, no lugar conhecido como Morro da Mitra, que depois passou a

ser chamado Morro Pelado, aos quais deram o nome de Pico das Tocas ou da Mina

dos Jesuítas.

Os novos habitantes expulsaram os índios, cujos vestígios foram deixados

em inscrições rupestres, pontas de fecha, machadinhas, túneis e cavernas em

encostas rochosas.

1.8. Visitação

1.8.1. Visitação Turística A RPPN Leão na Montanha não oferece estrutura para recepção de

visitantes. As trilhas internas da RPPN são apenas para manutenção e

desenvolvimento de pesquisas científicas. No entanto, existe uma servidão de

passagem (estrada principal), cujos moradores transitam para chegarem em suas

propriedades. Eventualmente, turistas curiosos transitam pela estrada em direção

aos campos de altitude – Campo dos Padres de onde podem visualizar o Morro da

Boa Vista do Guizoni (ponto culminante do Estado) e o Cânion Espraiado.

Atualmente não existem atividades turísticas organizadas à visitação do

Campo dos Padres, porém alguns operadores conveniados ao PARNA de São

Joaquim estão oferecendo pacotes de trekking ao Campo dos Padres.

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De acordo com a fiscalização eletrônica instalada na RPPN registrou-se que

o transito de visitantes na estrada principal em direção ao Campo dos Padres ocorre

nos finais de semana prolongados, como feriados, e nos períodos de férias (tanto no

verão quanto no inverno).

1.8.2. Visitas Técnicas A RPPN recebe eventualmente acadêmicos dos cursos de Engenharia

Florestal/UDESC para desenvolvimento de atividades ambientais e pesquisas

científicas.

Nos últimos dois anos foram realizadas visitas para elaboração dos

monitoramentos de fauna e flora. Em janeiro de 2010 foi realizada pela primeira vez

a disciplina de Ecologia de Campo.

No segundo semestre de 2009 foi realizada uma reunião com proprietários de

RPPNs do estado de Santa Catarina com a participação do Chefe do PARNA de

São Joaquim, Sr. Michel Omena (Figura 32).

Figura 33. Reunião da associação de proprietários de RPPNs de Santa Catarina, setembro 2009.

1.9. Pesquisa e Monitoramento

1.9.1. Pesquisas Científicas Ainda são iniciais as pesquisas científicas realizadas na RPPN, tendo apenas

um projeto de pesquisa finalizado.

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- Maccatini, T; Graipel, M.E. e Castilho, P.V. Horário de atividade e

sobreposição temporal de carnívoros da RPPN Leão da Montanha, Urubici, Santa

Catarina.

1.9.2. Pesquisa em Andamento Pesquisas em Andamento:

- Densidade e Estrutura populacional de Araucaria angustifolia na RPPN

Leão da Montanha – Projeto em execução por acadêmicos do Curso de Engenharia

Florestal da Universidade do Estado de Santa Catarina. Auxílio financeiro

CNPq/FAPESC/UDESC

Monitoramento:

- Monitoramento contínuo da Mastofauna com armadilhamento fotográfico,

com ênfase para Puma concolor nas dependências de RPPN.

- Monitoramento contínuo do processo de regeneração em três parcelas após

a criação da RPPN.

- Monitoramento contínuo de vigilância eletrônica quanto a passagem de

moradores e estranhos nas dependências da RPPN, bem como a invasão por gado

e búfalos.

1.9.3. Pesquisas vinculadas ao Plano de Manejo - SOTHE, C. E HEIZEN, K.H. Diferenças na estrutura, diversidade e

compisção florística de duas áreas com distintas condições de regenração natural

na RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC.

- CRUZ, R. e PAVELSKI, L.G. Comparação de diferentes estádios

sucessionais de Dicksonia sellowiana relacionada a diferentes fatores ambientais.

- CASTILHO, P.V. Composição da mastofauna associada a obtenção de

pinhão na RPPN Leão da Montanha.

1.10. Ocorrência de Fogo

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47

A aplicação de fogo nos campos de altitude são ameaças constantes à

RPPN, principalmente entres os meses de agosto e setembro. Proprietários de

terras nos campos de altitude ateiam fogo para preparação das pastagens de verão.

Desde a criação da RPPN não foram detectados focos de incêndios nas

propriedades limítrofes com a unidade de conservação.

1.11. Atividades Desenvolvidas na RPPN

Após a criação da RPPN a atividade principal desenvolvida atualmente é a

vigilância da propriedade, conservação das cercas, porteiras e vias de acesso;

manutenção das benfeitorias administrativas (sede principal, alojamento e torre de

observação), bem como a instalação de placas de identificação.

São atividades constantes na RPPN as atividades de pesquisa científica com

partilha de recursos em mamíferos de médio e grande porte, aves do sub-bosque da

floresta ombrófila mista aluvial e ecologia de espécies vegetais ameaçadas de

extinção como o ortigão (Gunnera manicata) e pinheiro-brasileiro (Araucaria

angustifolia).

1.12. Sistema de Gestão

A RPPN é gerenciada em sistema familiar com gerência e direção técnica

realizada pelo proprietário. A receita vem dos investimentos efetuados pelos

proprietários e por parcerias com entidades não-governamentais.

1.12.1. Recursos Financeiros

Os recursos para gestão da RPPN serão advindos do proprietário com

possibilidade de apoio financeiro institucional após a efetivação do Plano de Manejo.

1.12.2. Formas de cooperação

1.13. Pessoal A RPPN possui um biólogo responsável e auxiliares de campo para

conservação e manutenção.

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1.14. Infraestrutura Dentro da RPPN existem duas edificações equipadas com luz elétrica, água e

sistema de tratamento de efluentes. As demais benfeitorias são itinerantes.

Sede da RPPN: apresenta edificação com dois cômodos, sala, copa e cozinha.

Alojamento: apresenta capacidade para 10 pesquisadores, dispondo de vestiário,

sala de reuniões, sala de pesquisa, três quartos com beliches, cozinha e área de

serviço.

Torre de Observação: com seis metros de altura a torre foi instalada com o objetivo

de estudar o dossel da Floresta Ombrófila Mista e auxiliar na observação de

falconiformes.

Estação de Observação de Fauna: com três metros de altura a torre serve para

manter dois pesquisadores observando a fauna in situ.

Estação Meteorológica: Estação semi-profissional instalada junto ao alojamento de

pesquisadores.

Placas de Identificação: existem seis placas, três placas informativas e três placas

reguladoras.

Sistema Artesanal de Aquecimento Solar de Água: sistema desenvolvido pelos

alunos de Ecologia de Campo para adequar a RPPN aos princípios de

sustentabilidade de recursos naturais.

1.15. Equipamentos e Serviços Equipamentos de Apoio a Pesquisa, Monitoramento e Serviços: os seguintes

equipamentos fazem parte da manutenção e apoio das atividades de pesquisa, bem

como dos serviços de rotina quando realizadas na RPPN:

- 01 GPS

- 01 par de Rádio Comunicadores

- 02 lanternas

- 02 armadilhas fotográficas

- 01 Câmera com DV-R (vigilância eletrônica)

- 03 Balanças Pesolas®

- kits de segurança (capa de chuva, botas, facão e camisa personalizada)

- kit de primeiros socorros

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1.16. Recursos Financeiros

Os recursos para gestão da RPPN serão advindos do proprietário com

possibilidade de apoio financeiro institucional após a efetivação do Plano de Manejo.

1.17. Formas de Cooperação

A RPPN possui um projeto em andamento financiado pela Fundação SOS

Mata Atlântica, Conservação Internacional e The Natural Conservancy para o

diagnóstico e desenvolvimento do Plano de Manejo resultando em uma

aproximação de entidades ligadas a conservação, inclusive para futuras parcerias.

As universidades do Estado de Santa Catarina (UDESC) e Federal de Santa

Catarina (UFSC) estabeleceram parceiras de cooperação para desenvolvimento de

pesquisas em diversas áreas da ecologia envolvendo fragmentos florestais

protegidos.

A Associação Catarinense de Proprietários de RPPNs colabora com a

divulgação eletrônica e midiática da RPPN através de seu site e folders de

massificação das RPPNs do Estado.

A cooperação com PARNA de São Joaquim abrange auxílio técnico-científico

para o desenvolvimento do Plano de Manejo nos temas de áreas de amortecimento

e conectividade entre áreas protegidas, além de auxiliar nas práticas de educação e

estimulação ambiental.

1.18. Ameaças Atuais Ameaças à RPPN Leão da Montanha:

Segue uma listagem destas ameaças e agressões, muitas das quais

transgridem a legalidade, verificadas por ocasião das vistorias de campo:

• Propagação de espécies exóticas

• Queimadas periódicas de campos e florestas naturais;

• Criação de bovinos e bubalinos (espécie que ocasiona impactos

elevadíssimos ao solo e a vegetação), em áreas de campo natural

e sob a cobertura dos fragmentos de florestas com araucárias;

• Transito de veículos automotivos;

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• Acampamentos; Caça, abate e tráfico de animais silvestres; entre

outros.

2. CARACTERIZAÇÃO DO ENTORNO

A localização geográfica da RPPN favorece a manutenção da biodiversidade,

encravada no vale do Rio Canoas, o isolamento físico, por si só é uma barreira

contra os efeitos da antropização e das atividades agropecuárias e silviculturais.

A baixa densidade populacional é descrita pela ocorrência de pequenos

proprietários rurais em sistema familiar, situados em uma região com insignificante

trânsito de produtos comerciais. Tudo que é produzido na região é levado para

cooperativas próximas do centro da cidade. A bacia hidrográfica do Rio Canoas é

caracterizada pela horticultura de várzea e a pecuária de leite bovino. O sistema de

pecuária tradicional é extensivo e baseado apenas nos cuidados preventivos com o

rebanho.

As belezas cênicas e naturais são o grande atrativo do entorno, atentando

para a chegada de novos moradores oriundos de grandes centros urbanos a

procura de descanso e natureza. A presença da sede do PARNA de São Joaquim

em Urubici constata uma tendência do município a investir nas questões de

conservação e meio ambiente. O crescente número de pousadas ilustra uma

tendência do município em investir em atividades ecoturísticas.

Um dos destinos turísticos é a Serra do Corvo Branco, distante 12km da sede

da RPPN, e só não é mais visitada pelo precário estado da rodovia.

3. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE

No entorno da RPPN existem outras unidades criadas recentemente que

poderão fornecer excelente padrão de conectividade. Abaixo estão listadas e

apresentadas algumas áreas protegidas com as respectivas distâncias aproximadas

(Figura 33).

- RPPN Pedra da Águia – 100 hectáres (distante 1km)

- RPPN Curucaca 1, 2 e 3 – totalizando 100 hectares (distante 30km)

- RPPN portal das Nascentes – 15,70 hectares (8km)

- Parque Nacional de São Joaquim (distante 10km)

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- Parque Nacional da Serra Furada (distante 15km)

- Parque Estadual do Tabuleiro (150km)

Figura 34. Modelo de conectividade entre unidades de conservação do entorno da RPPN Leão da Montanha.

4. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA A conservação da RPPN Leão da Montanha, com suas áreas de floresta,

beleza cênica dos afloramentos de arenito Botucatu, águas cristalinas, proporciona,

acima de tudo, a preservação da biodiversidade florística, faunística, edáficado e

aquática do local. A preservação vegetal se torna indiscutivelmente necessária, à

medida que a dinâmica natural tem uma ligação muito estreita com o equilíbrio

climático e regulador das águas pluviais, inclusive para a ideal recarga dos

mananciais.

Importante também considerar a característica fitofisionômica da RPPN,

marcada pela Floresta Ombrófila Mista. Esta formação é constituída de dois estratos

vegetacionais distintos compreendendo a Araucária (Araucária angustifolia), que

abrange o estrato superior da floresta, e o sub-bosque, que abrange os demais

estratos. A flora arbórea da Floresta Ombrófila Mista é composta por

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aproximadamente 352 espécies, das quais 13,3% são endêmicas CAMPANILI e

PROCHNOW, 2006).

Algumas espécies da fauna, encontram-se ameaçadas de extinção, como,

por exemplo, o leão-baio (Puma concolor); gato-maracajá (Leopardus wiedii);

veado-de-mão-curta (Mazama nana), entre outras.

Para melhor verificação e análise das espécies da flora e fauna é necessário

realizar um levantamento florístico e faunístico do entorno. Estudos serão

incentivados a partir da divulgação do Plano de Manejo e implementação do

Programa de Pesquisa, o qual oferece maiores estímulos e facilidades para

realização dessas atividades.

O Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Brasil (MMA, 2008) recomenda

que medidas de proteção dessas espécies incluem a conservação de

remanescentes florestais de grande porte desse bioma. Desta forma os 126,5

hectares da RPPN conectados à RPPNs vizinhas (Pedra da Águia - 100 hectares e

a Portal das Nascentes - 15 hectares), ampliam fisicamente os domínios de floresta

construindo um corredor ecológico de biodiversidade. O estímulo à criação e

conexão de reservas particulares, assim como a ampliação e conectividade das

unidades já existentes são medidas de longo prazo para a manutenção do fluxo

gênico entre as populações remanescentes, bem como para proteção e

perpetuidade da área preservada e, conseqüentemente, a manutenção dos serviços

ambientais.

O desenvolvimento de atividades planejadas nesse Plano de Manejo

proporcionará uma significância ainda maior aos objetivos de conservação da RPPN

Leão da Montanha, ampliando seus limites, protegendo áreas sensíveis e

conectando as áreas através da recuperação florestal através do repovoamento

assistido.

Portanto, a existência desta RPPN se torna de suma importância para a

preservação ambiental da região. Apresenta-se como uma área importante de

diversidade florística e faunística, um ecótone entre fitofisionomias, cuja

preservação ajudará a manter toda uma troca de fluxo gênico entre as espécies,

principalmente pela possibilidade de conectividade com outras áreas e manutenção

da biodiversidade.

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PARTE C - PLANEJAMENTO

1. OBJETIVOS DE MANEJO

1.1. Objetivo Geral O plano de manejo da RPPN Leão da Montanha tem os seguintes objetivos

gerais:

1. Contribuir para o conhecimento e conservação da biodiversidade local;

2. Definir ações específicas para o manejo adequando da RPPN;

3. Estabelecer a diferenciação no zoneamento visando à proteção dos recursos

naturais;

4. Orientar e direcionar as ações para captação de recursos;

5. Viabilizar pesquisas científicas dentro da RPPN;

6. Definir ações que contribuam para a conectividade da RPPN com as demais

Unidades de Conservação.

1.2. Objetivos Específicos De acordo com as recomendações da Lei do Sistema Nacional de Unidade

de Conservação os objetivos específicos da RPPN Leão da Montanha são:

1. Proteção de uma amostra peculiar de Floresta Ombrófila Mista;

2. Proteção das Nascentes do Arroio Comprido, bem como a Fauna e Flora

associadas;

3. Proteção das espécies ameaçadas de extinção;

4. Permitir a regeneração natural da vegetação nas áreas onde foram detectadas

interferências humanas;

5. Incentivo a realização de pesquisas científicas dentro dos limites da RPPN;

6. Promoção de ações que implicam em redução do impacto ao meio ambiente;

7. Divulgação da RPPN nas áreas do entorno;

2. ZONEAMENTO Para este zoneamento utilizou-se a estrutura proposta por Ferreira et al.

2004). Consideraram-se para o zoneamento a relevância dos diferentes ambientes

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presentes na fauna e flora local, visando minimizar os impactos em cada uma das

zonas (Figura 39).

O zoneamento foi definido da seguinte forma:

2.1. Zona Silvestre Definição: Áreas com maior grau de integridade destinam-se a conservação

da biodiversidade, possuem características especiais como fragilidade ambiental ou

espécies raras ou ameaçadas.

Descrição e Localização: Maioria das

nascentes e remanescentes de Floresta Ombrófila

Mista Altomontana em melhores estados de

conservação, inclusive com o limite dos afloramentos

de arenito Botucatu na face sul (Figura 34).

Justificativa: As nascentes das faces norte e

sul estão localizadas nas encostas íngremes

cobertas por remanescente de FOM Altomontana.

Nas áreas próximas ao arroio Comprido, ocorre a

presença de FOM aluvial característica em excelente

estado de conservação. Na área foram identificados

espécimes de mamíferos (P. concolor; P. tajacu) e

anfíbios considerados sensíveis as alterações

ambientais e ameaçados de extinção no estado de Santa Catarina. A fragilidade e o

baixo grau de perturbação do local definem esta classificação.

Normas de Uso: Acesso restrito, permitido apenas a fiscalização e

pesquisas científicas limitadas com as licenças ambientais necessárias.

2.2. Zona de Proteção Definição: Áreas naturais que receberam um grau mínimo de intervenção

antrópica podendo ocorrer pesquisas e monitoramento e visitação de baixo impacto.

Descrição e Localização: A Zona de Proteção não contínua sendo

distribuídas entre área I e área II Área I - Basicamente acompanha a FOM aluvial

nas margens de integração do arroio Comprido com o rio Canoas. A área II se

estende para a face leste cujos afloramentos de arenito Botucatu estão mais

expostos e parcialmente recobertos por FOM Altomontana em processo de

Figura 35. Localização da ZonaSilvestre na RPPN Leão daMontanha.

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55

regeneração, destaque para a ocorrência de Gunnera

manicata, espécie ameaçada. Nesta faixa também são

verificados olhos d’água intermitentes (Figura 35).

Justificativa: São áreas com vegetação em

processo de regeneração de aproximadamente 20

anos, indicando a necessidade de acompanhamento e

monitoramento constante. Na face sul do bloco mais

coeso existe o contato com a RPPN Pedra da Águia

que acompanha a margem direita do rio Canoas.

Normas de uso: Acesso apenas para

fiscalização e pesquisadores devidamente autorizados e

com as licenças ambientais necessárias.

2.3. Zona de Administração Definição: Localizada em área alterada, contempla todos os serviços e

infraestrutura administrativa, no interior da área da UC.

Descrição e Localização: Área alterada situada as margens do rio Canoas.

Apresenta as instalações administrativas (sede e alojamento) e fiscalização da

RPPN.

Justificativa: Área historicamente utilizada por edificações

Normas de uso: Acesso para visitantes, fiscalização e administração

2.4. Zona de Transição Definição: Área correspondente a faixa ao longo do

perímetro interno da RPPN, serve de filtro, faixa de

proteção, que possa absorver os impactos provenientes da

área externa e que podem resultar em prejuízo aos

recursos da UC.

Descrição e Localização: Área interna da RPPN

com regeneração da FOM Aluvial. Acompanha as margens

da estrada e parte das trilhas da UC (Figura 36).

Justificativa: Devido ao processo de regeneração

recente, a presença da rede elétrica e a possibilidade de

Figura 36. Localização da Zona de Proteção na RPPN Leão da Montanha.

Figura 37. Localização daZona de Transição na RPPNLeão da Montanha.

Área I

Área II

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transito de pessoas na área.

Normas de uso: Permitido o acesso de moradores, pesquisadores e

visitantes devidamente identificados. Com o objetivo de incrementar a regeneração

natural será permitido à instalação de caixas com abelhas nativas sem ferrão nas

margens da trilha do arroio Comprido.

2.5. Área Circundante Definição: Faixa de dez quilômetros desde a borda da RPPN conforme

Resolução do CONAMA nº 13/90.

Descrição e Localização: Faixa contínua ao longo do perímetro externo, fora

da área protegida e propriedade de terceiros. Na face sul existe o contato com a

RPPN Pedra da Águia de mesmo valor para a conservação (Figura 37).

Figura 38. Área circundante a RPPN Leão da Montanha com as vias interurbanas e as principais vilas e habitações.

Justificativa: Padronizar as atividades externas a RPPN permitindo reduzir

as interferências externas no interior da UC.

São Pedro

São José

Campo dos Padres

Campo Novo do Sul

Espraiado

Boa Vista

Serrinha

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57

Normas de Uso: Atividades restritas a fiscalização, manutenção de cercas e

porteiras.

2.6. Zona de Recuperação Definição: Área com status temporário, indicada em locais com alterações

antrópicas e que necessitem recuperação de suas

características naturais.

Descrição e Localização: Área localizada entre

o acesso principal e a zona de administração

margeando a estrada e o rio Canoas (Figura 38).

Justificativa: Trata-se de uma área que

apresentou intensa atividade pastoril e de apicultura

até meados de 2006. Dominadas por plantas

herbáceas e pequenos arbustos descaracterizando a

mata ciliar do rio Canoas necessitando investimentos

na recuperação.

Normas de Uso: Deverão receber o manejo

adequado para recuperar a vegetação original nas

margens do rio Canoas. Inicialmente a recuperação

será espontânea, no entanto, algumas áreas deverão ser induzidas com o plantio de

mudas e puleiros.

Figura 39. Localização da Zona deRecuperação na RPPN Leão daMontanha.

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Figura 40. Proposta de Zoneamento da RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC.

Rio Canoas

Arroio Comprido

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59

3. PROGRAMAS DE MANEJO Os programas de manejo da RPPN Leão da Montanha foram estabelecidos

de acordo com os seguintes critérios:

• Recomendações do “Roteiro metodológico para elaboração de Plano de

Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural”.

• Diagnósticos e recomendações obtidos por meio dos levantamentos técnicos;

• Objetivos gerais e específicos estabelecidos para este Plano.

3.1. Programa de Administração Objetivos:

• Adotar o zoneamento proposto e instituir os programas de manejo da RPPN

Leão da Montanha;

• Adequar a gestão administrativa atual às necessidades de manejo da RPPN;

• Atualizar a rotina de manutenção

Atividades e Normas:

• Iniciar as ações propostas neste documento a partir da oficialização do Plano

proposto, sendo que as providências administrativas deverão ser adequadas

no primeiro ano de publicação deste Plano;

• Designar pessoa responsável pelo gerenciamento da RPPN;

• O gerente da RPPN deverá ser responsável pela organização e execução

das atividades de gestão, manejo, manutenção e pesquisas;

• A administração deverá optar por ações de uso sustentável e atividades que

minimizem os impactos ambientais;

• Viabilizar a permanência de pesquisadores e estudantes durante atividades

de ensino e pesquisa;

3.2. Programa de Proteção e Fiscalização

Objetivos:

• Proteger os recursos naturais e benfeitorias da RPPN;

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• Fiscalizar a área da RPPN, principalmente quanto ao trânsito de pessoas na

estrada principal

Atividades e Normas:

• Fixar placas indicativas e placas reguladoras nos limites da RPPN e nas vias

de acesso;

• Instalar vigilância eletrônica 24 horas por dia com sistema remoto de

gravação de imagens;

• Manter as cercas e porteiras em bom estado de conservação;

• Disponibilizar estojo de primeiro socorros válido para pesquisadores e

administradores;

• Utilização de sistema de comunicação portátil entre a administração e

pesquisadores;

3.3. Programa de Pesquisa e Monitoramento Objetivos:

• Fomentar atividades de pesquisa científica na RPPN que visem aprimorar o

Plano de Manejo;

• Incentivar a pesquisa científica básica;

• Apoiar a publicação e divulgação dos dados científicos em revistas e

participação em congressos;

Atividades e Normas:

• Certificar que os pesquisadores apresentam licenças ambientais necessárias;

• Apresentar projeto de pesquisa antes do início das atividades;

• Apresentar os dados finais da pesquisa dentro dos padrões estabelecidos

pela gestão da RPPN;

• Criação de um banco de dados geral com todas as informações ambientais;

• Realizar semestralmente relatórios de monitoramento ambiental;

3.4. Programa de Visitação

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61

A administração da RPPN entende que o objetivo não é a visitação turística,

mesmo porque não apresenta instalações necessárias para o atendimento do

público em geral. No entanto, a possibilidade do trânsito de moradores e pessoas

estranhas de passagem requer maior atenção no quesito segurança. É sabido que

os visitantes não têm como objetivo visitar a RPPN, mas os atrativos do Campo dos

Padres.

Para minimizar os impactos dos transeuntes serão fixadas placas

informativas e reguladoras, bem como lixeiras no percurso dentro da RPPN.

De acordo com o a gestão do PARNA de São Joaquim já existem guias

credenciados pelo ICMBIO para operarem na região. Bastaria apenas motivar

demais proprietários a criarem uma rota turística de caminhadas, bicicletas ou

cavalgadas ao Campo dos Padres condicionada a presença do guia.

3.5. Programa de Sustentabilidade Econômica

Objetivos:

• Elaborar um orçamento anual com previsão de gastos com atividades de

manutenção e fiscalização;

• Indicar fontes de recursos para sustentabilidade de área;

• Buscar parcerias, apoios e financiamentos externos para o desenvolvimento

de pesquisas;

Atividades e Normas:

• Elaborar um plano orçamentário prevendo as despesas da RPPN, num prazo

de 120 após a aprovação do Plano de Manejo;

• Elaboração de projetos para captação de recursos externos para pesquisa e

monitoramentos;

• Formalizar parcerias com instituições de pesquisa e fomento;

3.6. Programa de Comunicação Objetivos:

• Divulgar as atividades da RPPN Leão da Montanha no cenário local e

regional;

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Atividades e normas:

• Divulgação das atividades da RPPN na prefeitura de Urubici, no Ministério

Público, na Polícia Ambiental do Estado, na Associação de proprietários de

RPPNs e em eventos de conservação da natureza;

• Criar uma versão simplificada do Plano de Manejo em meio digital;

• Atualizar em site específico na internet as atividades da RPPN;

• Ministrar palestras a respeito da RPPN motivando para criação de novas UC.

4. PROJETOS ESPECÍFICOS O presente documento objetiva apresentar propostas de projetos futuros a serem

desenvolvidos na RPPN, cujo planejamento obedecerá ao recebimento de recursos

e o estabelecimento de parcerias. As propostas apresentadas abaixo dependerão

da disponibilidade de recursos e autorizações dos órgãos ambientais.

a) Projeto Regeneração Natural:

Elaborar projeto específico para acompanhar a regeneração natural nas

áreas constantes no zoneamento do Plano de Manejo como Zona de Recuperação

bem como nas demais zonas.

b) Projeto Incentivo à Pesquisa:

Elaborar projeto específico para adquirir equipamentos permanentes para

auxiliar nas pesquisas e nos monitoramentos da RPPN motivando a parceria com

Universidades da região.

c) Projeto Revitalização e Adequação:

Elaborar projeto para angariar recursos financeiros para ampliar as

acomodações e sanitários do alojamento de pesquisa. Instalar novas placas de

aquecimento solar e adequar o sistema de tratamento de efluentes para os novos

sanitários.

d) Projeto Estações de Pesquisa e Monitoramento :

Elaborar projeto para a instalação de cobertura da torre de observação

existente na RPPN e a aquisição de uma segunda torre móvel (andaimes). Estas

torres deverão ser utilizadas para pesquisas científicas e para auxiliar na

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comunicação no campo, uma vez que o relevo é muito acentuado e o sinal de rádio

é deficiente.

5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS

O cronograma da RPPN Leão da Montanha estabelece um prazo de três

anos para a implantação das propostas de programas do Plano de Manejo (Tabela

4). As atividades a serem executadas devem ser adequadas à realidade de

funcionamento da RPPN, bem como a disponibilidade de recursos. Tabela 4. Cronograma de atividades de acordo com os programas estabelecidos pelo Plano de Manejo da RPPN Leão da Montanha.

Atividades ANO

I II III

Programa de Administração Adotar o zoneamento proposto e instituir os programas de manejo da RPPN Leão da

Montanha;

Adequar a gestão administrativa atual às necessidades de manejo da RPPN;

Atualizar a rotina de manutenção

X

X

X

Programa de Proteção e Fiscalização Fixar placas indicativas e placas reguladoras nos limites da RPPN e nas vias de acesso;

Instalar vigilância eletrônica 24 horas por dia com sistema remoto de gravação de imagens;

Manter as cercas e porteiras em bom estado de conservação;

Disponibilizar estojo de primeiro socorros válido para pesquisadores e administradores;

Utilização de sistema de comunicação portátil entre a administração e pesquisadores

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Programa de Pesquisa e Monitoramento Certificar que os pesquisadores apresentam licenças ambientais necessárias;

Apresentar projeto de pesquisa antes do início das atividades;

Apresentar os dados finais da pesquisa dentro dos padrões estabelecidos pela gestão da

RPPN;

Criação de um banco de dados geral com todas as informações ambientais;

Realizar semestralmente relatórios de monitoramento ambiental

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Programa de Sustentabilidade Econômica Elaborar um plano orçamentário prevendo as despesas da RPPN, num prazo de 120 após a

aprovação do Plano de Manejo;

Elaboração de projetos para captação de recursos externos para pesquisa e

monitoramentos;

Formalizar parcerias com instituições de pesquisa e fomento

X

X

X

X

X

X

X

Programa de Comunicação Divulgação das atividades da RPPN na prefeitura de Urubici, no Ministério Público, na

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Polícia Ambiental do Estado, na Associação de proprietários de RPPNs e em eventos de

conservação da natureza;

Criar uma versão simplificada do Plano de Manejo em meio digital;

Atualizar em site específico na internet as atividades da RPPN;

Ministrar palestras a respeito da RPPN motivando para criação de novas UC

X

X

X

X

X

X

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Espécie Nome popular Habitat Tipo E1 E2 E3 E4 E5 E6 Acaena eupatoria Carrapicho-do-mato Floresta Herbácea x x Acca sellowiana Goiaba-serrana Floresta Arbórea x x Achyrocline satureioides Marcela Borda Herbácea x x X Acicarpha tribuloides Picão Borda Herbácea x x X Aechmea recurvata Bromélia Floresta Epífita x x X Allophylus guaraiticus Chal-chal Floresta Arbórea x Alternanthera micrantha Penicilina Floresta Herbácea x x Andropogon macrothrix Borda Herbácea x x x X Apium leptophyllum Aipinho-do-campo Borda Herbácea x x Araucaria angustifolia Araucária Floresta Arbórea x x x x x X Azara uruguayensis Amargoso Floresta Arbórea x x Baccharis dracuncolifolia Borda Arbustiva x x X Baccharis gaudichaudiana Carqueja-do-campo Borda Arbórea x x X Baccharis trimera Carqueja Borda Arbustiva x x X Baccharis uncinella Vassoura-lajeana Borda Arbustiva x X Begonia sp. Borda Arbustiva x x X Berberis sp. Borda Arbustiva x x Blechnum imperiale Samambaia Borda Herbácea x x x Blepharocalyx salicifolium Murta Floresta Arbórea x x x Briza sp Borda Herbácea x x x X Bromus sp. Borda Herbácea x x x Calyptranthes concinna Guamirim-ferro Floresta Arbórea x x x x Capsicodendron dinisii Pimenteira Floresta Arbórea x x Carex brasiliensis Borda Herbácea x Clethra scabra Carne-de-vaca Floresta Arbórea x Cortadeira selloana Capim-dos-campos Borda Herbácea x x Dasyphyllum spinescense Sucará Floresta Arbórea x x x Dicksonia sellowiana Xaxim Floresta Arbórea x Drimys angustifolia Casca-d’anta Floresta Arbórea x x x Elephantopus mollis Lígua-de-vaca Borda Herbácea x Erechites valerianifolius Picão-branco Borda Herbácea x x X Eryngium ebracteatum Caraguatá Banhado Herbácea x X Eryngium pandanifolium Banhado Herbácea x X Eugenia mansoi Floresta Arbórea x x

1. ANEXOS 1.1 INVENTÁRIO FLORÍSTICO Lista de Espécies identificadas nas seis estações de coleta do Inventário Florístico da RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC.

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Eupatorium serratum Vassourão Borda Arbórea x x Fuchsia regia Brinco-de-princesa Borda Arbusto apoiante x x x x x Galinsoga Borda Arbustiva x Gleichenia sp. Samambaia Borda Herbácea x x Gunnera manicata Urtigão Borda Arbustiva x x x X Ilex paraguaiensis Erva-mate Floresta Arbórea x Inga lentiscifolia Ingá-ferro Floresta Arbórea x x Lathyrus hasslerianus Floresta Trepadeira x x Leandra sp. Floresta Herbácea x x x X Luehea divaricata Açoita-cavalo Floresta Arbórea x Maytenus ilicifolia Espinheira-santa Floresta Arbórea x Meliosma sellowii Pau-fernandes Floresta Arbórea x Mikania orleansensis Guaco Floresta Trepadeira x x x Mimosa scabrella Bracatinga Floresta Arbórea x x x x x X Mutisia speciosa Cravo-divinoo Borda Trepadeira x Myrceugenia cucullata Cambuí Floresta Arbórea x x x Myrceugenia euosma Guamirim Floresta Arbórea x Myrceugenia myrcioides Guamirim Floresta Arbórea x x Myrceugenia ovata Guamirim Floresta Arbórea x Myrceugenia oxysepala Cambuí Floresta Arbórea x Myrcine ferruginea Borda Arbustiva x x Noticastrum decumbens Floresta Arbórea x Oreopanax fulvum Figueira-do-mato Floresta Arbórea x Oxypetalum appendiculatum Cipó-de-leite Borda Trepadeira x x x X Paspalum notatum Batatais Borda Herbácea x x Passoflora caerula Maracujá Borda Trepadeira x x Persea willdenovii Pau-andrade Floresta Arbórea x Podocarpus lambertii Pinho-bravo Floresta Arbórea x Polygala campestris Samambaia Borda Herbácea x x Prumus myrtifolia Pessegueiro-bravo Floresta Arbórea x Pteridium aquilinum Samambaia Borda Herbácea x x X Pyrostegia venusta Cipó-são-joão Borda Trepadeira x x x Rubus sellowii framboesa-verde Borda Herbácea x x X Sambucus australis Sabugueiro Floresta Arbórea x x Scutia buxifolia Cangica Floresta Arbórea x

1.1 INVENTÁRIO FLORÍSTICO Lista de Espécies identificadas nas seis estações de coleta do Inventário Florístico da RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC.

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Sebastiana commersoniana Branquilho Borda Arbórea x Senecio brasiliensis Maria-mole Borda Herbácea x x x Senecio oleosus Borda Herbácea x Senecio pulcher Margarida-do-banhado Banhado Herbácea x x Senecio sp. Borda Herbácea x x Solanum aparadense Floresta Arbórea x Solanum compressum Canema Floresta Arbórea x Solanum mauritianum Fumo-bravo Floresta Arbórea x Solanum santaecatharinae Joá Floresta Arbórea x Solanum sp. Floresta Arbórea x Solanum variabile Jurubeba Floresta Arbórea x Struthanthus uraguensis Erva-de-passarinho Borda Trepadeira x x x X Sumplocos tetrandra Sete-sangrias Floresta Arbórea x x Tibouchina sp. Floresta Arbórea x x Tillandsia usneoides Barba-de-velho Borda Epífita x x x Trichocline catharinensis Cravo-do-campo- Floresta Herbácea x Trifolium pratense Trevo-vermelho Borda Herbácea x x x Vernonia cataractarum Vassourão-preto Borda Arbórea x x x Vernonia discolor Vassourão Floresta Arbórea x x X Vriesea sp. Bromélia Borda Epífita x x Weinmannia paulliniifolia Gramimunha Floresta Arbórea x

 

1.1 INVENTÁRIO FLORÍSTICO Lista de Espécies identificadas nas seis estações de coleta do Inventário Florístico da RPPN Leão da Montanha, Urubici, SC.

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Nº Ordem Família Espécies de Mamíferos Nome Comum Ambiente Métodos de Avaliação IUCN 2008 Fotos Visual Coleta Rastro Fezes

1 Artiodactyla Cervidae Mazama gouazoubira Veado-virá ES, FL X X

2 Mazama nana Veado AC, FL X VU

3 Tayassuidae Pecari tajacu Cateto AR, FL X X VU*

4 Carnivora Canidae Cerdocyon thous Graxaim ES, AR X X X

5 Felidae Leopardus tigrinus Gato-do-mato-pequeno FL, ES, AR X X X VU

6 Leopardus wiedii Gato-maracajá FL X VU

7 Puma concolor Puma FL, AR, ES X X VU

8 Mustelidae Galictis cuja Furão AR, ES, FL X X

9 Lontra longicaudis Lontra RC X VU

10 Eira Barbara Irara ES, FL X X X

11 Procyonidae Nasua nasua Quati FL, AR, ES X X X

12 Procyon cancrivorus Mão-pelada FL, ES X X

13 Didelphimorphia Didelphidae Philander frenatus Cuíca-quatro-olhos FL X

14 Lagomorpha Leporidae Lepus europaeus Lebre ES, AR X X

15 Rodentia Caviidae Cavia magna Preá ES X

16 Echimydae Euryzygomatomys spinosus Rato-de-espinho AR X

17 Erethizontidae Sphiggurus villosus Ouriço-caixeiro ES X

18 Hydrochoeridae Hydrochoerus hydrochaeris Capivara RC, ES, FL, AR X X X

19 Muridae Akodon montensis Roedor FL X

20 Brucepattersonius iheringi Roedor FL X 11

1.2 MASTOFAUNA Mastofauna registrada na RPPN Leão da Montanha, Urubici, Santa Catarina entre 2008 e 2009..

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Nº Ordem Família Espécies de Mamíferos Nome Comum Ambiente Métodos de Avaliação IUCN 2008 Fotos Visual Coleta Rastro Fezes

22 Rodentia Juliomys pictipes Roedor FL X

23 Oligoryzomys flavescens Roedor FL X

24 Oligoryzomys nigripes Roedor FL X

25 Oxymyterus judex Roedor FL

26 Xenarthra Dasypodidae Cabassous tatouay Tatu-de-rabo-mole FL X

27 Dasypus novemcintus Tatu-galinha FL, ES X

FL: Floresta Ombrófila Mista Altomontana e Aluvial; AR: Área em recuperação, antigas pastagens de gado; RC: Rio Canoas; AC: Arroio Comprido; ES: Estrada

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1.3 AVIFAUNA – Levantamento da avifauna na RPPN Leão da Montanha, Urubici, Santa Catarina em 2009 Nº Família Espécies de Aves Nome Comum Ambiente Visual Som Status

1 Accipitridae Leucopternis polionotus Gavião-pombo-grande FL X R

2 Rupornis magnirostris gavião-carijó AR X R

3 Alcedinidae Megaceryle torquata Martim-pescador-grande RC, AC X R

4 Anatidae Amazonetta brasiliensis pé-vermelho FL X R

5 Ardeidae Bubulcus ibis garça-vaqueira AR X R

6 Cariamidae Cariama cristata seriema AR X R

7 Cathartidae Cathartes aura Urubu-cabeça-vermelha FL X R

8 Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta FL X R

9 Columbidae Columbina picui rolinha-picui FL X R

Patagioenas cayennensis Pomba-galega FL x R

10 Conopophagidae Conopophaga melanops Cuspidor-de-máscara-preta FL X R, E

11 Contigidae Procnias nudicollis Araponga FL X R

12 Corvidae Cyanocorax caeruleus gralha-azul AR, FL, ES x X R

13 Cracidae Penelope obscura Jacuaçu AR, ES, FL x X R

14 Cuculidae Guira guira anu-branco AR X X R

15 Emberizidae Poospiza lateralis Quete FL X R, E

16 Embernagra platensis sabiá-do-banhado AR x X R

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17 Poospiza cabanisi tico-tico-da-taquara AR, FL X R

18 Emberizidae Poospiza thoracica peito-pinhão FL X R

19 Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro AR, FL x X R

20 Zonotrichia capensis tico-tico AR, ES R

21 Falconidae Falco sparveirus Quiri-quiri AR, ES X R

22 Caracara plancus caracará ES X R

23 Milvago chimachima carrapateiro ES X R

24 Milvago chimango chimango ES X R

25 Furnariidae Leptasthenura striolata Grimpeirinho FL X R, E

26 Leptasthenura setaria Grimpeiro FL X R

27 Hirundinidae Pygochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa AR X R

28 Icteridae Gnorimopsar chopi graúna FL X R

29 Jacanidae Jacana jacana jaçanã AR X R

30 Parulidae Parula pitiayumi mariquita AR, FL X R

31 Picidae Campephilus robustus pica-pau-rei AR X R

32 Colaptes campestris pica-pau-do-campo AR X X R

33 Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado AR x R

34 Psittacidae Pionus maximiliani maitaca-verde FL, AR X R

35 Brotogeris tirica Periquito-rico FL X R, E

36 Pionus maximiliani Maitaca-verde FL, ES X R

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37 Rallidae Gallinula chloropus frango-d'água-comum AC X R

38 Pardirallus nigricans Saracura-sanã FL, AC X R

39 Ramphastidae Ramphastos vitellinus Tucano-de-bico-preto ES X R

40 Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira AR, ES X R

41 Thamnophilidae Mackenziaena leachii borralhara-assobiadora FL, ES X R

42 Thraupidae Saltator maxillosus bico-grosso FL X R

43 Stephanophorus diadematus sanhaçu-frade AR, ES x X R

44 Threskiornithidae Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada AR X R

45 Theristicus caudatus curicaca AR X R

46 Tinamidae Crypturellus obsoletus Inhambuguaçu RC, AC, FL X R

47 Trochilidae Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho AR X X R

Leucochloris albicollis Beija-flor-de-papo-branco FL x R

48 Stephanoxis lalandi beija-flor-de-topete FL X X R

49 Trogonidae Trogon surrucura Surucuá ES X R

50 Turdidae Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira AR, FL x X R

51 Tyrannidae Elaenia mesoleuca tuque FL X R

52 Knipolegus cyanirostris maria-preta-de-bico-azulado FL X R

53 Knipolegus nigerrimus maria-preta-de-garganta-vermelha FL X R, E

54 Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro FL X R

55 Pitangus sulphuratus bem-te-vi AR, ES, FL X X R

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LEGENDA DO STATUS

R = residente (evidências de reprodução no país disponíveis); VS = visitante sazonal oriundo do sul do continente; VN = visitante sazonal oriundo do hemisfério norte; VO = visitante sazonal oriundo de áreas a oeste do território brasileiro; VA = vagante (espécie de ocorrência aparentemente irregular no Brasil; pode ser um migrante regular em países

vizinhos, oriundo do sul [VA (S)], do norte [VA (N)] ou de oeste [VA (O)], ou irregular num nível mais amplo [VA]); D = status desconhecido; Ex = espécie extinta em território nacional ExN = espécie extinta na natureza; sobrevive apenas em cativeiro E = espécie endêmica do Brasil # = status presumido mas não confirmado

FL: Floresta Ombrófila Mista Altomontana e Aluvial; AR: Área em recuperação, antigas pastagens de gado; RC: Rio Canoas; AC: Arroio Comprido; ES: Estrada

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2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS e BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

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