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Platão Platão (em grego antigo: Πλάτων, transl. Plátōn, "amplo", Atenas, 428/427 – Atenas, 348/347 a.C.) foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental. Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles. Platão era um racionalista, realista, idealista e dualista e a ele tem sido associadas muitas das ideias que inspiraram essas filosofias mais tarde. Vida Origem A mãe de Platão era Perictíone , cuja família gabava-se de um relacionamento com o famoso ateniense legislador e poeta lírico Sólon 13 . Perictíone era irmã de Cármides e sobrinha de Crítias , ambas as figuras proeminentes na época da Tirania dos Trinta , a breve oligarquia que se seguiu sobre o colapso de Atenas no final da Guerra do Peloponeso (404–403 a.C). 14 Além do próprio Platão, Aristão e Perictíone tiveram outros três filhos, estes foram Adimanto e Glaucão, e uma filha Potone, a mãe deEspeusipo (então o sobrinho e sucessor de Platão como chefe de sua Academia filosófica ). 14 De acordo com A República , Adimanto e Glaucão eram mais velhos que Platão. 15 No entanto, em Memorabilia, Xenofonte apresenta Glaucão como sendo mais novo que Platão. 16 Aristão 17 parece ter morrido na infância de Platão, embora a data exata de sua morte seja desconhecida 18 . Perictíone então casou-se com Perilampes, irmão de sua mãe 19 que tinha servido muitas vezes como embaixador para a corte persa e era um amigo de Péricles , líder da facção democrática em Atenas. 20 Em contraste com a sua reticência sobre si mesmo, Platão muitas vezes introduziu seus ilustres parentes em seus diálogos, ou a eles referenciou com alguma precisão: Cármides tem um diálogo com o seu nome; Crítias fala tanto em Cármides quanto em Protágoras e Adimanto e Glaucão têm trechos importantes em A República . 21 Estas e outras referências sugerem uma quantidade considerável de orgulho da família e nos permitem reconstruir a árvore genealógica de Platão. De acordo com Burnet, "a cena de abertura de Cármides é uma glorificação de toda [família] ligação... os diálogos de Platão não são apenas um memorial para Sócrates, mas também sobre os dias mais felizes de sua própria família." 22 . Infância e juventude Platão nasceu em Atenas 23 , provavelmente em 427-428 a.C. 24 ,( no sétimo dia do mês Thargêliốn 25 ), cerca de um ano após a morte do estadista Péricles 24 , e morreu em 348 a.C. 24 (no primeiro ano da 108 a Olimpíada 26 ). A data tradicional do nascimento de Platão (428/427) é baseada em uma interpretação dúbia de Diógenes Laércio que diz "Quando Sócrates foi embora, Platão se juntou a Crátilo e Hermógenes, que filosofou a maneira de Parmênides. Então, aos vinte e oito anos, Hermodoro diz, Platão foi para Euclides em Megara." 27 .Em sua Sétima Carta, Platão observa que a sua idade coincidiu com a tomada do poder pelos Trinta Tiranos, comentando: "Mas um jovem com

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Plato

Plato(emgrego antigo:,transl.Pltn, "amplo",Atenas,428/427 Atenas,348/347 a.C.) foi umfilsofoematemticodoperodo clssicodaGrcia Antiga, autor de diversos dilogos filosficos e fundador daAcademiaemAtenas, a primeira instituio deeducao superiordomundo ocidental. Juntamente com seu mentor,Scrates, e seu pupilo,Aristteles, Plato ajudou a construir os alicerces dafilosofia natural, dacinciae dafilosofia ocidental.Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arstocles.Plato era umracionalista,realista,idealistaedualistae a ele tem sido associadas muitas das ideias que inspiraram essas filosofias mais tarde. VidaOrigemA me de Plato eraPerictone, cuja famlia gabava-se de um relacionamento com o famoso ateniense legislador e poeta lricoSlon13. Perictone era irm de Crmides e sobrinha deCrtias, ambas as figuras proeminentes na poca daTirania dos Trinta, a breveoligarquiaque se seguiu sobre o colapso de Atenas no final daGuerra do Peloponeso(404403 a.C).14Alm do prprio Plato,Aristoe Perictone tiveram outros trs filhos, estes foram Adimanto e Glauco, e uma filha Potone, a me deEspeusipo(ento o sobrinho e sucessor de Plato como chefe de suaAcademia filosfica).14De acordo comA Repblica, Adimanto e Glauco eram mais velhos que Plato.15No entanto, emMemorabilia,Xenofonteapresenta Glauco como sendo mais novo que Plato.16Aristo17parece ter morrido na infncia de Plato, embora a data exata de sua morte seja desconhecida18. Perictone ento casou-se com Perilampes, irmo de sua me19que tinha servido muitas vezes como embaixador para acorte persae era um amigo dePricles, lder da faco democrtica em Atenas.20Em contraste com a sua reticncia sobre si mesmo, Plato muitas vezes introduziu seus ilustres parentes em seus dilogos, ou a eles referenciou com alguma preciso: Crmides tem um dilogo com o seu nome; Crtias fala tanto emCrmidesquanto emProtgorase Adimanto e Glauco tm trechos importantes emA Repblica.21Estas e outras referncias sugerem uma quantidade considervel de orgulho da famlia e nos permitem reconstruir arvore genealgicade Plato. De acordo com Burnet, "a cena de abertura deCrmides uma glorificao de toda [famlia] ligao... os dilogos de Plato no so apenas um memorial para Scrates, mas tambm sobre os dias mais felizes de sua prpria famlia."22.Infncia e juventudePlato nasceu em Atenas23, provavelmente em 427-428 a.C.24,( no stimo dia do msTharglin25), cerca de um ano aps a morte doestadistaPricles24, e morreu em 348 a.C.24(no primeiro ano da 108aOlimpada26).A data tradicional do nascimento de Plato (428/427) baseada em uma interpretao dbia de Digenes Larcio que diz "Quando Scrates foi embora, Plato se juntou a Crtilo e Hermgenes, que filosofou a maneira de Parmnides. Ento, aos vinte e oito anos, Hermodoro diz, Plato foi para Euclides em Megara."27.Em suaStima Carta, Plato observa que a sua idade coincidiu com a tomada do poder pelos Trinta Tiranos, comentando: "Mas um jovem com idade inferior a vinte seria motivo de chacota se tentasse entrar na arena poltica". Assim, a data de nascimento de Plato seria 424/42327.De acordo comDigenes Larcio, o filsofo foi nomeadoAristclescomo seu av, mas seu treinador deluta, Aristo de Argos, o apelidou dePlaton, que significa "grande", por conta de sua figura robusta.28De acordo com as fontes mencionadas por Digenes (todos datam doperodo alexandrino), Plato derivou seu nome a partir da "amplitude" (platyts) de sua eloquncia, ou ento, porque possua a fronte (plats) larga.29Estudiosos recentes tm argumentado que a lenda sobre seu nome serAristoclesoriginou-se noperodo helenstico.30Platoera um nome comum, dos quais 31 casos so conhecidos apenas em Atenas.31A juventude de Plato transcorre em meio a agitaes polticas e a desordens devido Guerra do Peloponeso, a instabilidade poltica reina na cidade de Atenas que tomada pelaOligarquia dos Quatrocentose assim submete-se ao governo dosTrinta Tiranos.32Apuleionos informa que Espeusipo elogiou a rapidez mental e a modstia de Plato como os "primeiros frutos de sua juventude infundidos com muito trabalho e amor ao estudo".33Plato deve ter sido instrudo em gramtica, msica eginsticapelos professores mais ilustres do seu tempo.34Dicearco foi mais longe a ponto de dizer que Plato lutou nos jogos deJogos stmicos.35Plato tambm tinha frequentado cursos de filosofia, antes de conhecer Scrates, primeiro ele se familiarizou comCrtilo(um discpulo deHerclito, um proeminente filsofo gregopr-socrtico) e as doutrinas de Herclito.36Afastamento da poltica e primeira viagemAps o trmino da guerra em Atenas, cerca de 404, auxiliado pelo reinado espartano vitorioso, o terror da Tirania dos Trinta comeou, o que inclua parentes de Plato: o primo e o irmo de sua me, Crtias e Crmides, participaram do governo,32ele foi convidado a participar da vida poltica, mas recusou porque considerou o ento regime criminoso.37Mas, a situao poltica aps a restaurao da democracia ateniense em 403 tambm o desagradou, um ponto de viragem na vida de Plato foi a execuo deScratesem 399, que o abalou profundamente, ele avaliou a ao do Estado contra seu professor, como uma expresso de depravao moral e evidncia de um defeito fundamental no sistema poltico. Ele viu em Atenas a possibilidade e a necessidade de uma maior participao filosfica na vida poltica e tornou-se um crtico agudo. Essas experincias levaram-no a aprovar a demanda por um estado governado por filsofos.38Depois de 399, Plato foi para Megara com alguns outros socrticos, como hspedes de Euclides (provavelmente para evitar possveis perseguies que lhe poderiam sobrevir pelo fato de ter feito parte do crculo socrtico). Digenes Larcio conta "foi a Cirene, juntar-se a Teodoro, o matemtico, depois Itlia, com os pitagricos Filolau e Eurito. E da para o Egito, avistar-se com os profetas, ele tinha decidido encontrar-se tambm com os magos, mas a guerras da sia o fez renunciar a isso",39 posto em dvida se Plato foi mesmo ao Egito, h evidncias de que a estadia foi inventada no Egito, para aproximar Plato tradio de sabedoria egpcia.4041Primeira viagem SicliaPor volta de 388 Plato empreendeu sua primeira viagem para aSiclia.42EmTaranto, Plato conheceu os pitagricos, e o mais proeminentes e politicamente bem sucedido entre eles o estadistaArquitasque o hospedou e protegeu, a mais famosa fonte da histria do resgate de Plato por Arquitas est naStima Carta, onde Plato descreve seu envolvimento nos incidentes de seu amigo Dion de Siracusa e Dionsio I, o tirano de Siracusa,43Plato esperava influenciar o tirano sobre o ideal do rei-filsofo (exposto emGrgias, anterior sua viagem), mas logo entrou em conflito com o tirano e sua corte, mesmo assim cultivou grande amizade com Don44, parente do tirano, a quem pensou que este pudesse ser um discpulo capaz de se tornar um rei-filsofo.45Dionsio I se irritou tanto com Plato a ponto de vend-lo como escravonota 3a um embaixador espartano de Egina, felizmente tendo sido resgatado por Anicrides de Cirene, que estava em Egina46, ou ainda, o navio em retornava foi capturado por espartanos o que o fez se mantido como um escravo.47Este relatos sobre a primeira estadia em Siracusa so em grande parte controversos, os historiadores tradicionais consideram os detalhes do encontro entre Plato e o tirano e posterior ruptura com ceticismo.4849Em todo caso, Plato teve contato com Dionsio e o resultado foi desfavorvel para o filsofo j que sua sinceridade parece ter irritado o governante.50Fundao da escola e ensinoDepois de sua primeira viagem Siclia, por volta de 388 a.C, aos 40 anos, decepcionado com o luxo e os costumes da corte de Dionsio I de Siracusa e de l expulso, Plato compra um ginsio perto de Colona, a nordeste de Atenas, nas vizinhanas de um bosque de oliveiras em homenagem ao heriAcademo. Ele amplia a propriedade e constri alojamentos para os estudantes.51Os membros da Academia no eram estudantes no sentido moderno da palavra, aos jovens, juntavam-se tambm ancios; provavelmente todos deviam contribuir para o financiamento das despesas; ademais, o objetivo ltimo da Academia era o saber pelo seu valor tico-poltico.52Durante duas dcadas, Plato assumiu suas funes na Academia e escreveu, nesse perodo, os dilogos chamados "da maturidade":Fdon,Fedro,Banquete,Menexno,Eutidemo,Crtilo; comeou tambm a redao deA Repblica.53Segunda viagem SicliaEm 366/367, com a morte deDionsioe encorajado por Dion, Plato transmite a direo da Academia a Eudxio e retorna Siclia.53O velho Dionsio morrera em 367, logo aps ter sabido que sua peaO resgate de Heitor, tinha recebido o primeiro prmio no festival das Lenaias em Atenas. Seu filho Dionsio II sucedeu-lhe o trono e Dion era seu conselheiro. Dion teve trabalho em convencer Plato a voltar para Siracusa, ele insistiu com argumentos como a paixo do jovem tirano pela filosofia e educao e que a morte do velho tirano poderia ser o "destino divino" necessrio para que enfim se realizasse a felicidade de um povo livre sob boas leis. Plato por fim, embarcou em 366, para sua segunda viagem Siclia.54No incio a influncia de Plato sobreDionsio IIteve algum progresso, mas pouco durou, o jovem era um pouco rude e no possua o vigor mental para aguentar um prolongado tratamento educacional, alm de ser, pessoalmente desagradvel. Invejoso da influncia de Dion e de sua amizade com Plato, o obrigou a se exiliar, Plato ento regressou a Atenas.24Terceira viagem SicliaEm 361 a.C, Plato viaja novamente para Siracusa com seus alunos Espeusipo e Xencrates em um navio enviado por Dionsio II,55numa tentativa final de pr ordem as coisas. Passou quase um ano tentando elaborar algumas medidas prticas para unir os gregos da Siclia em face do perigocartagins. No final, a m vontade da faco conservadora provou ser um obstculo insupervel.56Plato conseguiu partir para Atenas em 360, no sem antes correr algum perigo de vida. Em seguida, Dion recuperou sua posio fora, mas apesar de advertncias de Plato, mostrou-se um governante imprudente e acabou assassinado. Ainda assim, Plato incitou os seguidores de Dion a prosseguirem com a antiga poltica, mas os seus conselhos no foram ouvidos. O destino final da Siclia foi ser conquistada pelos estrangeiros, como Plato previra.24Plato escreveu sobre a morte de seu amigo comparando-o a um navegante que antecipa corretamente uma tempestade mas subestima sua fora de destruio: "que eram perversos os homens que o puseram por terra, ele sabia, mas no a extenso de sua ignorncia, de sua depravao e avidez"5724Velhice e morteAo regressar em 360, Plato voltou a ensinar e escrever na Academia permanecendo como um autor ativo at o fim da vida24em 348/347 a.C. aos oitenta anos de idade;32conta-se que fora sepultado no terreno da Academia, para dentro do muro de demarcao da propriedade,58ou ainda no jardim da Academia.59Com sua morte a academia passou a ser dirigida porEspeusipoforte simpatizante do aspecto matemtico da filosofia de Plato.24ObraHouve um perodo naIdade Mdiaem que quase todas as suas obras eram desconhecidas, mas, antes disso e depois da redescoberta de seus textos (Petrarca no sculoXIVtinha um manuscrito de Plato), ele foi lido e tomado como ponto de referncia.60Tradio e autenticidadeTodas as obras de Plato que eram conhecidas na antiguidade foram preservadas, com exceo da palestra sobre o bem, a partir do qual houve um ps-escrito de Aristteles, se encontra perdida. H tambm obras que foram distribudas sob o nome de Plato, mas possivelmente ou definitivamente no so genunas, elas tambm pertencem aoCorpus Platonicum(o conjunto das obras tradicionalmente atribuda a Plato), apesar de sua falsidade ser reconhecida mesmo nos tempos antigos. Um total de 47 obras so reconhecidas por terem sido escritas por Plato ou para o qual ele tomado como o autor.61OCorpus platonicum constitudo de dilogos (incluindoCrtiasde final inacabado), aApologia de Scrates, uma coleo de 13 cartas60e uma coleo de definies, oHoroi. Fora docorpush uma coleo dedieresis, mais duas cartas, 32 epigramas e um fragmento de poema (7 hexmetros) que com exceo de uma parte desses poemas, no so obras de Plato.62 importante notar que na Antiguidade, vrios dilogos considerados como falsamente atribudos a Plato eram considerados genunos, e alguns desses fazem parte doCanonde Trsilo, um filsofo e astrlogo alexandrino que serviu na corte de Tibrio. Trsilo organizou os Dilogos de modo sistemtico em nove grupos, chamados de Tetralogias,63, cujos escritos foram aceites como de Plato.64Segundo Digenes Larcio(III, 61), se encontravam na nona tetralogia "uma carta a Aristodemo [de fato a Aristodoro]" (X), duas a Arquitas (IX, XII), quatro a Dionsio II (I, II, III, IV), uma a Hrmias, Erastos e Coriscos (VI), uma a Leodamas (XI), uma a Dion (IV), uma a Perdicas (V) e duas aos parentes de Dion (VII, VIII)".65Trsilo criou a seguinte organizao:661. Eutfron2. Apologia3. Crton4. Fdon1. Crtilo2. Teeteto3. Sofista4. Poltico1. Parmnides2. Filebo3. O Banquete4. Fedro1. Alcibades I2. Alcibades II3. Hiparco4. Amantes Rivais1. Teages2. Crmides3. Laques4. Lsis1. Eutidemo2. Protgoras3. Grgias4. Mnon1. Hpias menor2. Hpias maior3. on4. Menexno1. Clitofon2. A Repblica3. Timeu4. Crtias1. Minos2. Leis3. Epnomis4. Epstolas

Forma literriaCom exceo deEpstolaseApologiatodas as outras obras no foram escritas em forma de poemas didticos ou tratados - como eram escritos a maioria dos escritos filosficos, - mas em forma de dilogos, aApologiacontm passagens ocasionais de dilogos, onde h um personagem principal, Scrates e diferentes interlocutores em debates filosficos separados por inseres e discursos indiretos, digresses ou passagens mitolgicas. Alm disso, outros alunos de Scrates comoXenofonte,squines,Antstenes,Euclides de MegaraeFdonde Elis tm obras escritas na forma de dilogo socrtico ( Sokratiko logoi).67Plato foi certamente o representante desse gnero literrio muito superior a todos os outros e, mesmo, o nico representante, pois comenta neles se pode reconhecer a natureza autntica do filosofar socrtico que nos outros escritores degenerou em maneirismos.40; assim, o dilogo, em Plato muito mais que um gnero literrio, sua forma de fazer filosofia.68Nem todos os trabalhos noCorpusde Plato so dilogos. AApologiaparece ser o relatria da defesa deScratese seu julgamento eMenxeno um pronunciamento para funeral. As treze cartas so ditas serem de Plato mas a maioria so rejeitadas pelos pesquisadores modernos como sendo ilegtimas. AStima CartaouCarta VII uma das mais importantes cuja disputa permanece por dois motivos: (a) oferece detalhes biogrficos de Plato e (b) coloca afirmaes filosficas sem paralelos em outros dilogos. Provavelmente aStima Carta uma obra ilegtima e portanto no uma fonte confivel para a biografia e filosofia de Plato.49CronologiaA questo da cronologia ainda continua a gerar opinies conflitantes. Anlises estilomtricas69dos dilogos demonstram que eles podem ser agrupados em trs categorias definidas como obras do perodo Inicial, Mdio e Tardio, embora exista este consenso comum, no h nenhum consenso sobre a ordem que as obras devem figurar em seus respectivos grupos. Outro mtodo usado para determinar a ordem cronolgica dos dilogos se baseia na conexo entre os vrios trabalhos. Os estudiosos tm usado a evidncia de pontos de vista filosficos similares nos dilogos para sugerir uma ordem cronolgica interna. As referncias textuais dentro dos dilogos tambm ajudam a construir uma cronologia, ainda h pouqussimos casos de um dilogo se referir a outro. Finalmente, a cronologia pode ser determinada a partir do testemunho de fontes antigas.70Filosofia

Plato, em detalhe daEscola de Atenas, deRafael Sanzio(c.1510).Satanza della Segnatura.Palcio Apostlico,Vaticano.ParaReale, os trs grandes pontos focais da filosofia de Plato so aTeoria das Idias, dosPrincpiose doDemiurgo. A obraFdonengloba todo o quadro da metafsica platnica e enfatiza essas trs teorias, mas Plato advertiu os leitores de sua obra sobre a dificuldade existente em compreend-las.71Teoria das IdeiasATeoria das IdeiasouTeoria das Formasafirma que formas (ou ideias) abstratas no-materiais (mas substanciais e imutveis) que possuem o tipo mais alto e mais fundamental da realidade e no o mundo material mutvel conhecido por ns atravs da sensao.72Em uma analogia de Reale, as coisas que captamos com os "olhos do corpo" so formas fsicas, as coisas que captamos com os "olhos da alma" so as formas no-fsicas;73o ver da inteligncia capta formas inteligveis que so as essncias puras. As Ideias so as essncias eternas do bem, do belo etc. Para Plato h uma conexo metafsica entre a viso do olho da alma e o objeto em razo do qual tal viso no existe.74Este "mais real do que o que vemos habitualmente" descrito em suaAlegoria da caverna.75EpistemologiaVer artigo principal:Epistemologia platnicaMuitos tm interpretado que Plato afirma e mesmo foi o primeiro a escrever queconhecimentocrena verdadeira justificada, uma viso influente que informou o desenvolvimentos futuro daepistemologia.76Esta interpretao parcialmente baseada na uma leitura doTeetetono qual Plato argumenta que o conhecimento se distingue da mera crena verdadeira porque o conhecedor deve ter uma "conta" do objeto de sua crena verdadeira (Teeteto201C-d). E essa teoria pode novamente ser visto noMnon, onde sugerido que a crena verdadeira pode ser aumentada para o nvel de conhecimento, se est ligada a uma conta quanto questo do "por que" o objeto da verdadeira crena assim definido (Mnon97d-98a).77Muitos anos depois, Edmund Gettier demonstraria os problemas das crenas verdadeiras justificadas no contexto do conhecimento.7879DialticaA dialtica de Plato no um mtodo simples e linear, mas um conjunto de procedimentos, conhecimentos e comportamentos desenvolvidos sempre em relao a determinados problemas ou "contedos" filosficos.80O papel dedialticano pensamento de Plato contestada, mas existem duas interpretaes principais, um tipo de raciocnio e um mtodo de intuio.81Simon Blackburn adota o primeiro, dizendo que a dialtica de Plato "o processo de extrair a verdade por meio de perguntas destinadas a abrir o que j implicitamente conhecida, ou de expor as contradies e confuses de posio de um oponente".82Karl Popper afirma que a dialtica a arte da intuio para "visualizar os originais divinos, as formas ou idias, de desvendar o grande mistrio por trs do comum mundo das aparncias do cotidiano do homem."83tica e justiaNaRepblica, Plato define a justia como a vontade de um cidado de exercer sua profisso e atingir seu nvel pr-determinado e no interferir em outros assuntos,84Para que a justia tenha alguma validade, ela ter que ser umavirtudee, portando, contribuidora de modo constitutivo para a boa vida de quem justo.85Na filosofia de Plato, possvel visualizar duas modalidades de justia: uma, absoluta, e outra, relativa. A justia relativa a justia humana que espelha-se nos princpios da alma e tenta dela se aproximar.86Plato situa a justia humana como uma virtude indispensvel vida em comunidade, ela que propicia a convivncia harmnica e cooperativa entre os seres humanos em coletividade.87ConceitosAnima mundiVer:Anima mundiConsiderada por Plato como o princpio docosmose fonte de todas asalmasindividuais,88o termo um conceito cosmolgico de uma alma compartilhada ou fora regente do universo pela qual o pensamento divino pode se manisfestar em leis que afetam a matria. O termo foi criado por Plato pela primeira vez na obraRepblica89ou ainda na obraTimeu.90DemiurgoVer:DemiurgoO uso filosfico e o substantivo prprio derivam do dilogoTimeu,91a causa do universo92, de acordo com a exigncia de que tudo que sofre transformao ou gerao (genesis) sofre-a em virtude de uma causa.93A meta perseguida pelo demiurgo platnico o bem do universo que ele tenta construir94. Este bem recorrentemente descrito em termos de ordem,95Plato descreve o demiurgo como uma figura neutra (no-dualista), indiferente ao bem ou ao mal,40LegadoApesar de sua popularidade ter flutuado ao longo dos anos, as obras de Plato nunca ficaram sem leitores, desde o tempo em que foram escritas.96O pensamento de Plato muitas vezes comparado com a de seu aluno mais famoso,Aristteles, cuja reputao, durante a Idade Mdia ocidental to completamente eclipsada a de Plato que os filsofos escolsticos referiam-se a Aristteles como "o Filsofo". No entanto, no Imprio Bizantino, o estudo de Plato continuou.Os filsofos escolsticos medievais no tinham acesso maioria das obras de Plato, nem o conhecimento degregonecessrio para l-los. Os escritos originais de Plato estavam essencialmente perdidos para a civilizao ocidental, at que foram trazidos deConstantinoplano sculo de sua queda, porGemisto Pleto. Acredita-se que Plato passou uma cpia dosdilogos platnicosparaCosme de Mdiciem 1438/39 durante oConselho de Ferrara,97quando foi chamado para unificar as Igrejas grega e latina e ento foi transferido para Florena onde fez uma palestra sobre a relao e as diferenas de Plato e Aristteles, Pleto teria assim influenciado Cosme com seu entusiasmo.98Durante a era pr-islmico, estudiosospersase rabes traduziram muito de Plato para o rabe e escreveu comentrios e interpretaes sobre Plato, Aristteles e obras de outros filsofos Platonistas (verAl-Farabi,Avicena,Averris,Hunayn ibn Ishaq). Muitos desses comentrios sobre Plato foram traduzidos do rabe para o latim e, como tal, influenciou filsofos escolsticos medievais.99Filsofos ocidentais notveis continuaram a recorrer a obra de Plato desde aquela poca. A influncia de Plato tem sido especialmente forte em matemtica e cincias. Ele ajudou a fazer a distino entre amatemtica purae amatemtica aplicada, ampliando o fosso entre a "aritmtica", agora chamada deteoria dos nmerose "logstica", agora chamada dearitmtica. Ele considerou logstica como apropriado para homens de negcios enquanto os homens de guerra "devem aprender a arte de nmeros ou ele no vai saber como reunir suas tropas", e a aritmtica era apropriada para os filsofos "porque precisa emergir do mar de mudanas e lanar mo do verdadeiro ser".100Segundo Stephen Krner, o platonismo "tendncia natural do matemtico", o que pode ser confirmado por nomes destacados de matemticos que e reconhecem platnicos comoGottlob Frege,Bertrand Russell,A. N. Whitehead,Heinrich Scholz,Kurt Gdel,Alonzo Church,Georg Cantoretc. Partindo deGalileu, existe uma extensa tradio do platonismo fisicalista que vai atWerner Heisenberg,Roger Penrose,Frank Tipler,Stephen Hawkinge muitos outros.101Gdel, responsvel por alguns dos mais importantes resultados dalgica matemticado sculo XX, por exemplo, foi um platonista da velha escola, como Plato, Gdel acreditava na existncia independente de formas matemticas que ele identificou aos conceitos matemticos, como os de conjuntos, nmero real etc.102Leo Strauss considerado por alguns como o principal pensador envolvido na recuperao do pensamento platnico em sua forma mais poltica e menos metafsica. Profundamente influenciado por Nietzsche e Heidegger, Strauss, no entanto rejeita a condenao de Plato e olha para seus dilogos como uma soluo para o que todos os trs pensadores reconhecem como "a crise do Ocidente".103Hobbesconsiderou Plato como o melhor filsofo da Antiguidade clssica, pela razo de sua filosofia ter como como ponto de partida ideias, enquanto que Aristteles partia de palavras. ParaHobbes, Plato estaria apto a elaborar uma filosofia poltica por evitar concluses falaciosas acerca do "o que ", "o que foi", "o que deveria ser".104105No sculo XX, os metafsicosRen GunoneFrithjof Schuon, francs o primeiro e suo-alemo o segundo, foram dois influentes autores que re-elaboraram e atualizaram em linguagem contempornea o pensamento universal e perene de Plato, por eles visto como um eminente representante daFilosofia Perene. Nos livros de ambos, como emA Crise do Mundo ModernoeO Reino da Quantidade, de Gunon, eA Unidade Transcendente das Religies106,Forma e Substncia nas Religes107eO Homem no Universo, de Schuon, as ideias de Plato so expostas e discutidas em profundidade.Allan Kardec, no livroO Evangelho segundo o Espiritismo, explica porqueScratese Plato so precursores daidia criste doespiritismo.108