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Políticas públicas e habitação social: avaliando a inserção social e sustentabilidade urbana

Rosa Maria Locatelli Kalil (1) Adriana Gelpi (2) Tanise Spielmann (3) Wagner Mazetto de Oliveira

(1) Laboratório de Estudos Urbanos e Regionais – Fear, UPF.E -mail: kalil@upf.br (2) Laboratório de Estudos Urbanos e Regionais – Fear, UPF. E-mail: agelpi@upf.br

(3) ) Laboratório de Estudos Urbanos e Regionais – Fear, UPF. E-mail: tanise.arq@upf.br (4) Laboratório de Estudos Urbanos e Regionais – Fear, UPF. E-mail: 11111@upf.br

Resumo: O trabalho aborda a questão da habitação de interesse social como política pública brasileira

e seu desempenho municipal, frente às diretrizes constitucionais e do Estatuto da Cidade. Com a

descentralização das decisões e a disponibilidade de recursos federais para investimento em programas

de cidades de pequeno e médio porte, surge a necessidade de verificar a dimensão e as modalidade das

propostas realizadas no norte do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, região em franca expansão

econômica. Objetiva investigar os programas das políticas públicas para a habitação social adotados no

município pólo de Passo Fundo no Conselho de Desenvolvimento da Região da Produção - RS, no

período de 2000 a 2012. Realiza-se estudo de caso, com diagnóstico de programas de habitação de

interesse social no município, considerando serem esses demandadores de programas estratégicos de

desenvolvimento urbano e habitacional. Como resultado obtém-se um quadro comparativo das políticas

públicas e dos programas de habitação de interesse social implantados, identificando suas

especificidades. Avalia-se que os núcleos habitacionais implantados mais recentes avançaram

relativamente à inserção social, sustentabilidade urbana e habitacional, contudo a localização é distante

do centro da cidade, em áreas em consolidação, sem infraestrutura urbana significativa. Ainda

contribuem para o planejamento e a gestão da habitação social, subsidiando a implementação de novos

programas municipais na região.

Palavras-chave: políticas habitacionais, núcleos habitacionais, sustentabilidade, qualidade habitacional.

Abstract:This work approaches the social housing as a Brazilian public policy and its municipal

performance before constitutional guidelines of the City Statute and sustainable issues. Therefore, the

objective is to research the programs of public policies for social interest housing adopted and

implemented in the cities selected in the Development Council of the Production Region – RS north of

Rio Grande do Sul, in the south of Brazil, a region which is in economic growth For this purpose, a study

case and how this have been achieved from 2000 to 2012. with diagnosis of housing programs of social

interest in the city of Passo Fundo was accomplished, considering that they demand strategical programs

of urban and housing development. As a result, a board of public policies and social housing programs is

obtained, identifying their typological and morphological characteristics of insertion and urban quality.

It is evaluated that most of housing units implanted relatively advanced with relation to social insertion

and urban and housing sustainability. However, they are distant from downtown area, in areas in

consolidation, without significant urban infrastructure. The results contribute to the planning and

management of social interest housing, generating subsidies for the processes of implementation of new

municipal programs in the region, in the state and in developing countries.

Keywords: housing policies, social housing, sustainability, housing quality.

1. INTRODUÇÃO

O trabalho aborda a questão da habitação de interesse social como política pública brasileira e seu desempenho municipal, frente às diretrizes constitucionais e do Estatuto da Cidade, descentralização das

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decisões e a disponibilidade de recursos federais para investimento em programas de cidades de pequeno e médio porte. Desta foram estuda-se a dimensão e as modalidade das propostas realizadas no norte do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, região em franca expansão econômica.

A região do Conselho Regional de Desenvolvimento da Produção – Corede Produção está composto por 23 municípios, área territorial total de 6.780,9 km². De acordo com Martins (2009), os municípios deste conselho possuem áreas territoriais na faixa dos 64,9 km² a 780,4 km², contando com uma população total de 344.678 habitantes (2007) e apresentando uma densidade bruta de 50 hab/km² (2006).

De uma economia baseada no extrativismo vegetal e mineral, no período de ocupação indígena e paulista, desde o início do século passado a região passou para uma alta produtividade agropecuária (trigo, milho, soja, gado), resultado de processos de intensa ocupação territorial por imigrantes europeus e migrantes da região do sudeste, que acompanharam a expansão do sistema viário ferroviário e rodoviário implantado para permitir a integração do sul com o centro do país.

No final do século XX, ocorre a instalação de agroindústrias (frigoríficos, indústrias de processamento de grãos, indústrias alimentícias, laticínios e outras, empresas nacionais e multinacionais) e de setores industriais de apoio, como a indústria metal-mecânica (pólos industriais de Passo Fundo e Marau), com distribuição dos produtos para outras regiões do país e para a exportação.

Em decorrência da expulsão das populações da área rural pela mecanização agrícola e reestruturação fundiária, a região sofre reestruturação produtiva em nível regional, deslocando o foco da produção do setor agropecuário para os setores de comércio, indústria e de prestação de serviços, interferindo no desenvolvimento econômico-social da região e de seus municípios e provocando intenso processo de urbanização na região,

Passo Fundo polariza a região de médias propriedades produtoras de soja, salientando-se um pouco mais a indústria na sua estrutura socioeconômica. O desenvolvimento econômico se dá em grande parte em torno de arranjos produtivos de caráter regional, estando a indústria vinculada às atividades agrárias. Desta forma, as unidades fabris não necessitam estar situadas nas cidades médias, as quais se caracterizam mais como centro de serviços à região do que como sedes dos aparatos produtivos da região (SOBARZO, 2010).

O município de Passo Fundo apresentava em 2010 população estimada em 184.826 habitantes (FEE ), com 780 km² de área territorial e 50 km² de área urbana. Apresenta taxa de urbanização de 97,45 %, sendo cidade pólo de região de abrangência de mais de 100 municípios. Dispõe de legislação urbana definida desde 1953, sendo que o atual Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado foi aprovado em 2006, e encontra-se em fase de implementação.

Tem-se como objetivo apresentar e analisar os programas das políticas públicas para a habitação de interesse social adotados e implementados nesse município pólo da Região da Produção - RS, no período de 1998 a 2012.

2. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL EM PASSO FUNDO

Estudos científicos sobre a região da Produção iniciaram-se a partir da criação do COREDE Produção (MORETTO E MATTOS, 1997), avançaram sobre questões específicas de desenvolvimento urbano dos municípios sob o seu enfoque de planejamento urbano, regional e de infraestrutura habitacional (KALIL, 2007).

Segundo Gelpi e Kalil (2007), em pesquisas realizadas no norte do Estado do Rio Grande do Sul, e em particular na Região da Produção, verificou-se que na implementação do Estatuto da Cidade, vários municípios têm procurado romper com a tradição civilista e a concepção individual do direito à propriedade, buscando uma mudança de modelos conceituais sobre a cidade e a habitação. Em Passo Fundo, as políticas públicas para a questão habitacional de interesse social têm refletido, de alguma

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forma, esta busca por soluções mais democráticas e sustentáveis na implementação das moradias populares. Objetivando tomar ciência de como tem sido enfrentado a problemática da habitação de interesse social no contexto do século XXI, em nível municipal, após os anos “BNH”, a regulamentação do Estatuto da Cidade e a criação do Ministério das Cidades, buscou-se diagnosticar a realidade dos programas habitacionais.

O período subsequente ao Estatuto da Cidade (2001) e à criação do Ministério das Cidades (2003) introduz renovação na política de desenvolvimento urbano e habitacional, que além de subsidiar investimentos, delega aos municípios tarefas tanto de decisão quanto de implantação e gestão de programas habitacionais. O Ministério das Cidades tornou-se o órgão coordenador, gestor e formulador da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano e que inclui a Política Nacional deHabitação (PNH), estabelecendo-se um novo modelo de organização institucional, baseado em um sistema de habitação (BONDUKI, ROSSETTO e GHILARDI, 2008).

No município de Passo Fundo, foram criadas a Secretaria Municipal de Habitação e o Conselho e o Fundo de Habitação passaram a atuar na deliberação da aplicação dos recursos e na destinação das unidades habitacionais. Em 2011, foi elaborado o Plano Local de Habitação de Interesse Social, e estão em execução diversos programas de qualificação urbanísticas, inclusive em áreas em que foram implantados núcleos habitacionais, como o Parque do Sol e Vila Donária. No município foram desenvolvidos os programas constantes no quadro 1:

Sigla Denominação Descrição

PSH Programa de subsídio à habitação de interesse social

Oferece acesso à moradia adequada a cidadãos de baixa renda por concessão de subsídos, com organização em grupos, provendo construção doe unidades habitacionais, reforma, conclusão e ou ampliação, com recursos provenientes da Secretaria do Tesouro Nacional.

PAR Programa de Arrendamento Residencial

Programa de aquisição de empreendimentos a construir, em construção ou a recuperar, para atendimento de população com renda familiar mensal até 6 salários mínimos, com base em arrendamento e opção de compra no final. Destinava-se a capitais, regiões metropolitanas e municípios com mais de 100 mil habitantes.

FNHIS Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social –

Trata-se de fundo instituido no Sistema Nacional de Habitação Social 2005 em atendimento à população de baixa renda, especialmente a que se encontra limitada a rendimentos de até 3 salários mínimos e que compõe a quase totalidade do déficit habitacional do país.

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

Programa federal de investimentos que no eixo habitacional com objetivo de reduzir o déficit habitacional, garantir o acesso à casa própria e melhorar a qualidade de vida da população, em três frentes: urbanização de assentamentos precários; programa Minha Casa, Minha Vida; financiamento habitacional realizados pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). O programa Minha Casa, Minha Vida será destinados principalmente para a construção de casas para famílias de baixa renda, com subsídios.

MCMV Programa Minha Casa Minha Vida

Programa nacional de produção habitacional que a partir de 2009 congregou diversos programas de financiamento incluindo habitação urbana, habitação rural, arrendamento residencial, com recursos advindos de diversas fontes como FGTS, FDS, PAC e outros, com participação dos municípios, instituições financeiras e outras instituições.

Quadro 1 - Programas habitacionais desenvolvidos em Passo Fundo

Fonte: CAIXA, 2012; MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2012.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Embora inúmeros estudos tenha sido desenvolvidos sobre habitação social desde a década de 1970 (ORNSTEIN, 2005; MORETTI, 2005; BONDUKI el al., 2012) não se dispunha de critérios de avaliação de desempenho padronizados, tanto do ponto de vista funcional quanto ambiental. Apenas após estudos no século 21, houve impulso em definição de alternativas de avaliação. Com o grande número de unidades em construção a partir de 2005, e tendo em vista a necessidade de incluir critérios de sustentabilidade e desempenho houve avanços na elaboração de normas de desempenho de habitação (ABNT, 2010) e definição de critérios para implantação de conjuntos habitacionais (CAIXA, 2010). Além disso, inúmeros programas de certificação passaram a ser aplicados às edificações, alguns como BREEAM, desenvolvido na Inglaterra e LEED, norte-americano, e AQUA, brasileiro, focando avaliação de edifícios, contudo sem terem aplicação direta em habitações sociais (SILVA et al., 2010). Desta forma houve a opção por abordar a análise pelos requisitos do Selo Azul da Caixa, pela aplicabilidade no Brasil e em porgramas habitacionais de interesse social.

Foram realizadas levantamentos sobre os projetos e programas habitacionais junto aos órgãos públicos municipais e as empresas construtoras e administradoras. A avaliação técnica constou de análise documental dos projetos e memoriais disponíveis e levantamentos in loco. A seguir, houve aplicação de critérios de análise de inserção social e sustentabilidade baseadas com a matriz do Selo Azul da Caixa nas principais categorias, sendo comparados os resultados da análise de cada conjunto. Para análise foram selecionados núcleos construídos a partir de 2006, quando houve retomadas de políticas habitacionais federais, nas quais houve exigências mais rígidas nos projetos em relação a períodos anteriores.

4. PROGRAMAS HABITACIONAIS DE INTERESSE SOCIAL EM PASSO FUNDO

4.1. Contexto habitacional em Passo Fundo

De acordo com Kalil (2003), em Passo Fundo, diversos empreendimentos habitacionais tiveram a participação direta da Cohab - RS em períodos anteriores à década de 1960. Em sua maioria, tratou-se de núcleos habitacionais na modalidade tradicional, com projeto-padrão e construção por empreiteiras, posteriormente financiados pelo BNH para mutuários cadastrados.

Entre a década de 1960 e a de 1990, a produção da habitação social no município esteve dividida pelo Estado através da Cohab/RS, por programas municipais e pela autoconstrução espontânea ou dirigida por técnicos da prefeitura. Foram construídas 2.075 moradias, atendendo cerca de 4.000 pessoas.

A política de construção de grandes conjuntos habitacionais, carentes de infraestrutura, equipamentos e qualidade construtiva também se fez presente no município, correspondendo à política habitacional nacional de construção de grandes conjuntos isolados do centro e das oportunidades urbanas, gerando guetos populacionais. Quase 1.500 unidades, das 2072 produzidas neste período, se encontram nesta situação, ou seja, 4.500 pessoas com renda de um a três salários mínimos, segregados espacialmente, sem oportunidades de qualificação social, profissional e educacional.

No período de 1990 a 2000, salientaram-se programas municipais que atenderam, dentro de normas gerais, a famílias possuidoras de lotes regulamentados e que foram beneficiadas por kits de material de construção. A municipalidade também investiu em loteamentos de pequeno porte, com 50 unidades em média, inseridas na malha urbana, próximos a equipamentos urbanos pré-existentes ou ainda, sendo também dotada de equipamentos urbanos, política considerada extremamente trabalhosa para a prefeitura (KALIL, 2001).

No período de 2000 a 2010, os projetos passaram a seguir a política municipal, em núcleos de menor porte, financiados com recursos federais dos programas PSH, Par e Pac e contrapartida municipal. Sete núcleos foram em tipologia de unidades térreas isoladas ou geminadas e cinco núcleos em tipologia de unidades multifamiliares de quatro ou cinco pavimentos,estes últimos com maior impacto (KALIL, 2003;

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SOBARZO, 2010; TRES MIL..., 2012). Em 2011 e 2012, novos projetos estão em obras e outros planejados, totalizando 1395 unidades na década, conforme Tabela 1.

Ano Programa/núcleo habitacional Quantidade de unidades habitacionais por

tipologia Isoladas Geminadas Apartamentos

2002 Morar Melhor/Santa Marta 26 2002 PSH/Santa Marta 10 2002 PSH/Valinhos 9 2002 PSH/Donária 72 2003 PSH/Entre rios 22 2004 PSH/Jaboticabal 30 2004 PAR Petrópolis 96 2007 PAR Jardim Boqueirão I 160 2007 PAR Jardim Boqueirão II 160 2008 PAR Vera Cruz 180 2008 PAR Hélio Toldo 200 2009 PAC/ Parque do Sol 100 2010 PAC/FAR Donária 58 2011 PAR/Planaltina 220 2012 MCMV/Vila Bom Jesus 20 2012 MCMV/Loteamento Bom Recreio 30 MCMV/Unidades dispersas 12 Total 258 121 1016

Tabela 1: Programas e núcleos habitacionais em Passo Fundo – 2002-2011

Fonte: WUNDER, 2006; PASSO FUNDO, 2010.

4.2 Núcleo habitacional Parque do Sol

O núcleo habitacional Parque do Sol é um conjunto habitacional de interesse social com 100 unidades habitacionais padrão, financiados pelo Programa de Aceleração do Crescimento – PAC e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, Produção de Habitação Popular, construído em 2009.

Cada unidade habitacional padrão corresponde a 49,76 m², com paredes construidas com concreto leve polimerizado, técnica construtiva racionalizada, e cobertura em telhas pré-moldadas em concreto. No processo construtivo foi utilizado concreto para moldagem in loco de todas as paredes de uma só vez, a partir do enchimento de fôrmas estanques que já contém, em seu interior, todos os elementos instalados para água, esgoto, esquadrias e eletricidade, armaduras e outros embutidos. O projeto conta com tratamento de esgoto coletivo através do sistema de bio-reator e bio-filtro, em tanques pré-fabricados em fibra de vidro, implantadas no quarteirão mais afastado. O processo construtivo foi feito na forma de linha de montagem com canteiro de maneira organizada, combinando rapidez e simplicidade de execução, conforto térmico, isolamento acústico e economia para construção em escala. Devido à facilidade no controle da obra, com a utilização de "kits" pré-montados e o embutimento de esquadrias, gerando menores desperdícios de materiais e retrabalhos.

Observou-se que não houve preocupação com paisagismo nem com a implantação de áreas de lazer no local. Não há passeios nem pavimentação nas vias de circulação veicular, confirmando que não foi utilizado nenhum critério de acessibilidade. As famílias tentam demarcar seus lotes com paus e pedras, e acabam plantando alguma vegetação para fixar o barro do lote. Observa-se também que alguns moradores estão ampliando suas residências, adicionando garagens e áreas de serviço e personalizando cores e revestimentos externos.

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(a) Unidade habitacional com ampliação (b) Conjunto com vias sem pavimentação

Figura 1 - Conjunto Habitacional Parque do Sol (2010)

4.3. Núcleo habitacional Vila Donária

O núcleo habitacional Vila Donária faz parte de um conjunto de unidades que estão sendo construídas por etapas, nos anos de 2003, 2008 e 2010 no Setor 8, bairro Santa Marta. O núcleo construído em 2010 é formado por 58 unidades isoladas. Trata-se de obra do programa Minha Casa, Minha Vida, parceria da muncipalidade e da Construtora Giacomini. A execução foi feita utilizando o mesmo sistema construtivo das residências do Núcleo Habitacional Parque do Sol (construída com concreto leve polimerizado moldado in loco), com uso de formas estanques e utilizando esquadrias metálicas e vidro nas janelas e portas. Cada terreno corresponde a um módulo de 15 x 30 metros e cada moradia possui 40m². O tratamento do terreno foi feito com a colocação de gramados nos taludes e cercamento dos lotes, conferindo melhor qualidade na paisagem urbana (PROGRAMA ..., 2010).

(a) Vista das unidades isoladas com cercamento, via pavimentada

(b)Vista das unidades isoladas com cercamento, calçadas internas e gramado nos lotes.

Figura 2 - Conjunto Habitacional Vila Donária (2010)

4.4. Núcleo habitacional PAR Petrópolis

O núcleo habitacional PAR Petrópolis localiza-se na rua Dr. Bozano no bairro Petrópolis e em seu entorno tem creche, unidade de saúde, escola, comércio, serviços, posto policial, cemitério, igrejas e áreas habitacionais. Compõe-se de 6 blocos de 4 pavimentos, 4 apartamentos de 2 dormitórios por andar, num

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total de 96 unidades habitacionais, construídas com tecnologia convencional. O conjunto é cercado por muros e cerca elétrica, guarita, vigilância noturna, monitoramento, estacionamento coberto, área aberta com playground e quadra, salão de festas, central de gás (Figura 3).

(a) Vista da entrada, cercamento e guarita (b) Salão de festas e vagas de estacionamento

Figura 3.Conjunto Habitacional PAR Petrópolis (2011)

4.5. Núcleo habitacional PAR Jardins do Boqueirão I e II

O núcleo habitacional Jardins do Boqueirão foi concluído em 2008 pelo programa PAR, localizado na Rua Pulador, 285 esquina rua Luiz Lângaro – Vila Graeff, Bairro Boqueirão, Setor XX, em Passo Fundo, RS. O conjunto é formado de dois condomínios, com oito blocos de edifícios em cada. Os blocos possuem quatro pavimentos, com apartamentos de dois dormitórios de 40 m², num total de 180 unidades cada. O conjunto é cercado por muros e cerca elétrica, guarita, monitoramento eletrônico e central de lixo. Conta com área aberta para estacionamento, área de lazer, quiosques com churrasqueiras, salão de festa e playground (Figura 4).

(a) Vista aérea da localização dos condomínios

(b) Vista da fachada do bloco

Figura 4 - Conjunto Habitacional Jardins do Boqueirão II.

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4.6. Núcleo habitacional PAR Vera Cruz

O núcleo habitacional PAR Vera Cruz localiza-se na av. Rio Grande, bairro Vera Cruz, e em seu entorno possui parada de ônibus, escola e áreas comerciais, está inserido na malha urbana e dispõe de facilidades condominiais. Compõe-se por nove blocos de apartamentos, com 5 pavimentos, 4 apartamentos de 2 dormitórios por andar, num total de 180 unidades habitacionais. Foi executado com tecnologia construtiva convencional. O conjunto cercado por muros e cerca elétrica, guarita, monitoramento eletrônico e central de lixo, conta com área aberta para estacionamento, área de lazer, quadras de esportes, quiosques com churrasqueiras, salão de festas e playground.

(a) Vista dos blocos e estacionamento (b) Quiosque na área de lazer

Figura 5 - Conjunto Habitacional PAR Vera Cruz

4.7. Núcleo habitacional PAR Planaltina

O núcleo habitacional localiza-se em área de vazio urbano no bairro Planaltina, iniciou a construção em agosto de 2010. O conjunto terá 11 blocos de 5 pavimentos, totalizando 220 apartamentos. Cada apartamento terá dois dormitórios, banheiro sala e cozinha. O condomínio oferece salão de festas com churrasqueira, playground, estacionametno e portaria.

(a) Vista do conjunto em obras (2011) (b) Vista do conjunto em conclusão (2012)

Figura 6 -Conjunto Habitacional PAR Planaltina

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A obra é realizada pelo programa Minha Casa, Minha Vida, para famílias de renda de até R$1.395,00, cadastradas pela Secretaria de Habitação para pagamento a ser realizado em 10 anos com parcelas de 10% da renda familiar, sendo terreno doado pelo município e serviços de infraestrutura, terraplanagem e acesso ao condomínio. A execução está sendo feita com a utilização de blocos cerâmicos pela Construtora Walan, e será concluída em meados de 2012 (LOPES, 2011).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Considerações sobre a política habitacional em Passo Fundo

Constata-se que foram implementados habitações por meio do Programa de Arrendamento Residencial e do Programa de Aceleração do Crescimento, depois incorporadas ao programa Minha Casa Minha Vida. Houve utilização de novas tipologias, conjuntos de menor porte de casas isoladas e edifícios de apartamentos em conjuntos de médio porte, e unidades isoladas em áreas com e sem infraestrutura, inseridos na malha urbana. Há exigência mais rígida do órgão financiador (Caixa Econômica Federal) tanto em relação ao projeto, materiais e qualidade, quanto em relação à localização e infraestrutura das áreas. Em relação às ações de décadas anteriores, houve um avanço maior em tipologias e localização, cobrindo parte do déficit habitacional em diversas áreas da cidade. Ao mesmo tempo, observam-se diversos encaminhamentos na política municipal de habitação, especialmente a elaboração do Plano Municipal de Habitação de Interesse Social e a busca de recursos para urbanização de assentamentos precários e regularização fundiária de áreas ou núcleos implantados em períodos anteriores

Como conclusões do estudo, podemos destacar os seguintes aspectos nas realizações habitacionais da década de 2000 em Passo Fundo:

- os programas habitacionais passaram a ser realizados pelo governo municipal com aporte de recursos federais e contrapartida local, nas modalidades do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH), do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e do Programa Minha Casa, Minha Vida;

-- nas tecnologias construtivas das unidades estão sendo utilizadas algumas inovações, como o uso de sistema construtivo de concretagem de paredes em grandes formas, e uso de alvenaria racionalizada de blocos cerâmicos;

- os núcleos habitacionais estão ocupando áreas de vazios urbanos ou próximos a áreas já urbanizadas, aproveitando a infraestrutura urbana instalada; sendo que os conjuntos mais recentes estão recebendo urbanização mais completa, como sistema viário pavimento, iluminação pública e equipamentos comunitários.

5.2 Análise de resquisitos de inserção social e sustentabilidade urbana

Em relação à análise de sustentabilidade, aplicando-se os requisitos do guia Selo Casa Azul nos projetos , observa-se que houve atendimento parcial nos diversos itens.

Em relação à qualidade urbana, os conjuntos de edifícios de apartamentos do programa PAR, possuem melhor qualidade do entorno urbano, do que os conjuntos de unidades isoladas. Em relação ao projeto e conforto, apresentam equipamentos comunitários de lazer e sociais, que qualificam as condições dos conjuntos, bem como a qualidade construtiva tende a apresentar desempenho térmico, iluminação natural, e adequação ao terreno. Em relação à conservação de recursos materiais, nos conjuntos de unidades isoladas, houve a utilização de tencologia construtiva racionalizada, evitando desperdício e com maior rapidez. Na gestão da água, há medição individualizada e áreas permeáveis nos lotes, contribuindo para a drenagem. Em nenhum dos casos se observam dispositivos de eficiência ou fontes alternativas de energia, embora haja iluminação natural em todos os ambientes.

Avalia-se que a maior parte dos núcleos habitacionais implantados avançaram relativamente à inserção social, sustentabilidade urbana e habitacional, contudo a localização é distante do centro da cidade, em

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áreas em consolidação, sem infraestrutura urbana significativa. Os resultados contribuem para o planejamento e a gestão da habitação de interesse social, gerando subsídios para os processos de implementação de novos programas municipais na região, no estado e em países em desenvolvimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AGRADECIMENTOS Agradecemos ao apoio institucional e financeiro da Universidade de Passo Fundo, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.