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BCG Nº 177, DE 18 DE SETEMBRO DE 2007 Normas Complementares que regulam os procedimentos necessários à realização da Sindicância Militar. EMENTA: Normas Complementares que regulam os procedimentos necessários à realização da sindicância militar, de acordo com o § 1.º, do artigo 71, da Lei n.º 13.407, de 21 de novembro de 2003 (Código Disciplinar dos Militares do Estado do Ceará). O Comandante-Geral da Polícia Militar do Ceará no uso das suas atribuições legais e, tendo em vista o que dispõe o artigo 5º, da Lei nº. 10.145, de 29 de novembro de 1977, c/c o artigo 105, da Lei Estadual n.º 13.407, de 21 de novembro de 2003 (Código Disciplinar dos Militares do Estado do Ceará) e, CONSIDERANDO que a sindicância é um procedimento administrativo interno que necessita de regulamentação; CONSIDERANDO que o Código Disciplinar dos Militares do Estado do Ceará, no seu artigo 11, § 4.º, inciso I, trata da instauração e realização de sindicância por suposta transgressão disciplinar que ofenda a incolumidade da pessoa e do patrimônio estranhos às estruturas das Corporações Militares do Estado; CONSIDERANDO, ainda, que o Código de Processo Penal Militar em seu artigo 10, alínea “f”, especifica que a sindicância é feita no âmbito da jurisdição militar e pode ser preliminar de Inquérito Policial Militar se resultar indício da existência de infração penal militar, RESOLVE editar as seguintes normas complementares a serem cumpridas pelos policiais militares do Estado do Ceará. Capítulo I DA FINALIDADE E DA COMPETÊNCIA Art. 1º. As presentes normas têm por finalidade estabelecer os procedimentos necessários à realização de sindicâncias no âmbito da Polícia Militar do Ceará. Art. 2º. A sindicância é o meio elucidativo de ocorrências irregulares acontecidas no seio da Corporação e, mais especificamente, para apurar suposta transgressão disciplinar, ou de indício de infração penal militar cometida pelos militares da Corporação, as quais,

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BCG Nº 177, DE 18 DE SETEMBRO DE 2007

Normas Complementares que regulam os procedimentos necessários à realização da Sindicância Militar.

EMENTA: Normas Complementares que regulam os procedimentos necessários à realização da sindicância militar, de acordo com o § 1.º, do artigo 71, da Lei n.º 13.407, de 21 de novembro de 2003 (Código Disciplinar dos Militares do Estado do Ceará).O Comandante-Geral da Polícia Militar do Ceará no uso das suas atribuições legais e, tendo em vista o que dispõe o artigo 5º, da Lei nº. 10.145, de 29 de novembro de 1977, c/c o artigo 105, da Lei Estadual n.º 13.407, de 21 de novembro de 2003 (Código Disciplinar dos Militares do Estado do Ceará) e, CONSIDERANDO que a sindicância é um procedimento administrativo interno que necessita de regulamentação; CONSIDERANDO que o Código Disciplinar dos Militares do Estado do Ceará, no seu artigo 11, § 4.º, inciso I, trata da instauração e realização de sindicância por suposta transgressão disciplinar que ofenda a incolumidade da pessoa e do patrimônio estranhos às estruturas das Corporações Militares do Estado; CONSIDERANDO, ainda, que o Código de Processo Penal Militar em seu artigo 10, alínea “f”, especifica que a sindicância é feita no âmbito da jurisdição militar e pode ser preliminar de Inquérito Policial Militar se resultar indício da existência de infração penal militar, RESOLVE editar as seguintes normas complementares a serem cumpridas pelos policiais militares do Estado do Ceará.

Capítulo IDA FINALIDADE E DA COMPETÊNCIA

Art. 1º. As presentes normas têm por finalidade estabelecer os procedimentosnecessários à realização de sindicâncias no âmbito da Polícia Militar do Ceará.Art. 2º. A sindicância é o meio elucidativo de ocorrências irregulares acontecidas no seio da Corporação e, mais especificamente, para apurar suposta transgressão disciplinar, ou de indício de infração penal militar cometida pelos militares da Corporação, as quais, confirmadas, fornecerão elementos concretos para a subsequente instauração do competente Inquérito Policial Militar, bem como de quaisquer dos processos regulares de que trata o art. 71, da Lei nº 13.407, de 21 de novembro de 2003, e, ainda, a consequente punição ao infrator. Pode ser iniciada com ou sem sindicado, bastando que haja indicação da falta a apurar. Tem valor apenas informativo, e será realizada por um Oficial designado pela autoridade instauradora.Art. 3º. Quando o objetivo da apuração for a verificação de possível transgressão disciplinar ou infração penal militar cometida, é necessária e indispensável a defesa do sindicado e a observação concomitante do princípio constitucional do contraditório, sob pena de nulidade do procedimento. Neste caso, o sindicado deverá ser assistido por advogado legalmente habilitado.Art. 4º. No caso do artigo anterior deve-se assegurar ao sindicado o acompanhamento de todos os atos da sindicância, o qual tem o direito de apresentar defesa prévia, no prazo de três (03) dias, a contar da data de sua

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inquirição, arrolar até três (03) testemunhas, solicitar reinquirição de testemunhas, juntar documentos, obter cópias de peças dos autos e requerer o que entender necessário ao exercício de sua defesa.Art. 5º. O encarregado da sindicância poderá indeferir, mediante despacho fundamentado, o pedido do sindicado, quando considerar ilícito o objeto do pedido, impertinente, desnecessário, protelatório, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.Art. 6º. O advogado do sindicado poderá presenciar os atos de inquirição deste e das testemunhas, bem como acompanhar os demais atos investigatórios, sendo, entretanto, vedado ao mesmo interferir nas perguntas e respostas, podendo, no entanto, reinquiri-las por intermédio do sindicante.Art. 7º. Após a ouvida do sindicado e testemunhas, bem como ultimadas as diligências consideradas necessárias, o sindicado será notificado para oferecer suas alegações finais no prazo de cinco (05) dias, a contar da data do recebimento da notificação, assegurando-se ao mesmo vista dos autos em local designado pelo encarregado. Parágrafo único. A autoridade que tiver ciência de qualquer irregularidade cometida é obrigada a adotar as medidas necessárias à sua apuração, mediante sindicância. Art. 8º. A sindicância será instaurada mediante portaria da autoridade competente, publicada em boletim interno (BI) da Organização Policial Militar (OPM) e poderá ser:I – Sindicância Formal – é o procedimento administrativo instaurado com maior formalismo, com as declarações das partes e depoimentos das testemunhas, por escrito, com a juntada de toda a documentação probatória acerca do fato averiguado e o uso de todos os recursos processuais possíveis na busca da fiel apuração dos fatos.II – Sindicância Sumária - é o procedimento instaurado sem maiores formalismos, ouvindo-se oralmente as partes e testemunhas, porém constituída de relatório e parecer final, podendo ser preliminar da sindicância formal.Art. 9º. É competente para instaurar a sindicância:I - o Comandante-Geral da PMCE, a todos os Policiais Militares do Estado, ativos ou inativos, exceto os reformados, no caso de transgressão disciplinar;II - o Comandante-Geral Adjunto e o Coordenador-Geral de Administração, a todos os que estiverem sob os seus Comandos, bem como às praças inativas da reserva remunerada;III - o Comandante, Chefe ou Diretor de OPM, aos que estiverem sob seus Comandos.Art. 10. Quando o fato envolver policiais militares de Unidades diferentes, a competência para instaurar o procedimento ficará a cargo do Comandante-Geral Adjunto.

Capítulo IIDOS PROCEDIMENTOS

Art. 11. O sindicante deverá observar os seguintes procedimentos na realizaçãoda Sindicância:I - lavrar o termo de abertura;

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II - juntar aos autos os documentos pertinentes ao fato objeto da investigação, por ordem cronológica, com data e hora, numerando e rubricando as folhas no canto superior direito;III - indicar na capa dos autos seus dados de identificação e os do sindicado, caso haja;IV - cumprir as formalidades iniciais, promovendo a notificação do sindicado, quando houver, para conhecimento do fato que lhe é imputado e ciência da data de sua inquirição, bem como que compareça ao local do procedimento acompanhado de advogado legalmente habilitado, isto no caso do fato ser objeto de apuração de suposta transgressão disciplinar ou infração penal militar cometida;V - fazer constar nos pedidos de informações e nas requisições de documentos, referências expressas ao fim a que se destinam e o tipo de tramitação (normal, urgente ou urgentíssima);VI - juntar, mediante termo, todos os documentos expedidos e recebidos;VII - não ouvir quem quer que seja sob o efeito de bebidas alcoólicas ou substâncias químicas;VIII - ouvir o sindicado, caso haja, e as testemunhas relacionadas aos fatos;IX - se a pessoa ouvida for analfabeta ou não puder assinar o termo, pedir a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença de ambos, e mais duas testemunhas, devendo constar no termo o motivo do impedimento;X - após a leitura do termo e, antes da assinatura, se for verificado algum engano, fazer constar, sem supressão do que foi alterado, a retificação necessária, bem como o seu motivo, rubricando-a juntamente com o depoente ou quem assinou o termo;XI - encerrar a instrução do feito com o respectivo termo;XII - encerrar a apuração com um relatório, além de parecer conclusivo sobre a elucidação do fato;XIII - elaborar o termo de encerramento dos trabalhos atinentes ao feito e remeter os autos à autoridade instauradora.Parágrafo único. O relatório do sindicante deverá ser apresentado de forma sucinta e clara, com a exposição de todos os pormenores relativos ao fato investigado. Após tal peça, mediante a análise dos depoimentos e documentos probatórios, emitirá o seu parecer, mencionando, com exatidão, o que realmente apurou, e se há ou não indícios de crime militar ou comum, ou suposta transgressão disciplinar cometida, recomendando, se for o caso, a adoção das providências cabíveis.Art. 12. Recebidos os autos, a autoridade instauradora, no prazo de 08 (oito) dias corridos, solucionará a sindicância, publicando tal solução em Boletim Interno.Art. 13. A solução da sindicância deverá ser explícita e clara, com a indicação dos fatos investigados e das providências que serão adotadas em conseqüência da apuração.Art. 14. Quando o objeto da apuração for acidente ou dano com viatura, material bélico, material de comunicações ou outro material pertencente ao patrimônio da corporação, a Sindicância deverá ser encaminhada pela autoridade que a mandou instaurar à Diretoria de Apoio Logístico para fins de serem adotadas as providências necessárias à instauração do competente Inquérito Técnico.

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Capítulo IIIDOS PRAZOS

Art. 15. Na realização das sindicâncias deverão ser observados os seguintes prazos:I - Formal: 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogada por mais 20 (vinte) dias;II - Sumária: 20 (vinte) dias, improrrogáveis.Parágrafo único. O prazo se inicia, a contar da data do recebimento da Portaria de designação, não podendo exceder o prazo de 72 (setenta e duas) horas após a publicação e circulação do Boletim, exceto nos casos de impedimentos devidamente comprovados.Art. 16. Na contagem do prazo necessário á realização da sindicância, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento.Parágrafo único. Os prazos se iniciam e vencem em dia de expediente na OPM. Art. 17. A prorrogação do prazo para a realização da sindicância deverá ser solicitada pelo sindicante, devidamente fundamentada, no mínimo, 03 (três) dias antes do término daquele inicialmente previsto, e será concedida ou não pela autoridade instauradora, a qual publicará em Boletim a sua decisão.

Capítulo IVDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 18. Os participantes da sindicância são:I – sindicante: o encarregado da sindicância;II – sindicado: a pessoa envolvida no fato a ser esclarecido;III – testemunha: a pessoa que presta esclarecimentos acerca do fato;IV - técnico ou pessoa habilitada: aquele que for indicado para proceder a exame ou dar parecer técnico sobre determinado assunto;V - denunciante ou ofendido: aquele que provoca a ação da Administração Militar Estadual.Parágrafo único. O sindicante poderá, caso julgue necessário, se utilizar de um escrivão para auxiliá-lo nos trabalhos.Art. 19. O sindicante será oficial de maior posto ou precedência hierárquica que o sindicado.Parágrafo único. Se no curso da apuração o sindicante verificar a existência de indícios contra policial militar de posto superior ao seu, ou mais antigo, adotará as providências necessárias para que suas funções sejam delegadas a outro encarregado, mais antigo que o sindicado.Art. 20. O denunciante ou ofendido deverá ser ouvido em primeiro lugar.§ 1.º - Caso o denunciante ou ofendido se recuse a depor, o sindicante deverá lavrar o competente termo, com a narração do fato.§ 2.º - O denunciante ou ofendido poderá apresentar ou oferecer subsídios para o esclarecimento do fato, indicando testemunhas, requerendo a juntada de documentos ou indicando as fontes onde poderão ser obtidos.Art. 21. A falta do sindicado ao depoimento que deveria prestar, sem justo motivo, constará de termo nos autos.Parágrafo único. Comparecendo para depor no curso da sindicância, o sindicado será, então, inquirido.

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Art. 22. Quando a testemunha deixar de comparecer para depor, sem justo motivo, ou, comparecendo, se recusar a depor, o sindicante lavrará termo circunstanciado e mencionará tal fato no relatório.Art. 23. Ao comparecer para depor, a testemunha declarará seu nome, idade, estado civil, residência, telefone, profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente de alguma das partes e, em caso positivo, o grau de parentesco.Art. 24. Quando a residência do denunciante ou ofendido, da testemunha, ou do sindicado, estiver situada em localidade diferente daquela em que foi instaurada a sindicância e, ocorrendo impossibilidade do comparecimento dos mesmos para prestarem depoimento, o sindicante se deslocará ao local de suas residências a fim de ouvir tais pessoas.Art. 25. As testemunhas serão ouvidas, separadamente, de modo que uma não conheça o teor do depoimento da outra.Art. 26. O sindicante poderá ouvir tantas testemunhas quantas achar conveniente á apuração do fato investigado.Art. 27. Será admitida a realização de acareação sempre que houver divergências ou contrariedades nas declarações prestadas sobre o fato.Art. 28. O sindicante, ao realizar a acareação, esclarecerá aos depoentes os assuntos em que divergiram, solicitando novas explicações a respeito dos mesmos, visando aclará-los.Art. 29. Se a testemunha for menor de 18 (dezoito) anos, o sindicante deverá ouvila na presença do seu representante legal, constando tal fato no termo de declarações.Art. 30. No decorrer da sindicância, se for verificado algum impedimento, o sindicante levará o fato ao conhecimento da autoridade instauradora para que este designe, por meio de portaria, novo sindicante para concluí-la.Art. 31. A sindicância terá sempre o caráter sigiloso.Parágrafo único. O sigilo decretado não se estende ao advogado constituído pelo sindicado, quando necessário e ao Ministério Público, no caso de intervenção deste.

Capítulo VDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 32. No intuito investigativo, o sindicante poderá solicitar perícias e exames técnicos necessários ao esclarecimento dos fatos.Art. 33. Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas todas as disposições em contrário que conflitem com as presentes normas.(Transc. da Portaria nº 181/2007-GC).