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Caso: P-82 Data: 14/01/2013 SOPA (Lei de Combate à Pirataria Online): A INDÚSTRIA MIDIÁTICA COMBATE A VIOLAÇÃO ONLINE DOS DIREITOS AUTORAIS “A indústria de roubo online apoia-se nas anunciantes, processadores pagos, provedores de serviço de internet e plataformas de pesquisa – negócios legítimos, que a meu ver, os corrompe quando sabiamente agem como cúmplice para o roubo digital” Christopher Dodd, CEO da Motion Picture Association of America¹ “Pirataria digital quase destruiu completamente a profissão de compositor, e está lentamente destruindo a indústria da música.” Rick Carnes, Presidente do Songwriters Guild of America² “(SOPA é) um esquema compreensivo de ordem de sufocamento da inovação de tecnologia e vigilância dominante, tão absoluto como fazer o povo da China parecer com Burning Man”Julian Sanchez, Assistente de Pesquisa, Cato Institute³ A Walt Disney Company (“Disney”) e outros donos de material de direitos autorais acreditavam que eram vítimas da tecnologia que possibilitava roubos – as suas propriedades estavam sendo transmitidas pelo mundo sem suas permissões. Alguns alegaram que isso iria ameaçar o futuro da indústria do entretenimento. Copiar, transmitir, e armazenar filmes, músicas e outros trabalhos criativos nunca foi tão fácil e embora compartilhamento ilegal de arquivo tenha sido amplamente banido dos sites com base nos EUA, alguns donos de direitos autorais alegam que isso continuava predominante além mar. Disney e outros donos de direitos autorais quiseram ajuda do governo dos Estados Unidos. Sites estrangeiros estavam fora do alcance da lei do país, mas a natura interconectada da Internet ofereceu uma solução potencial. Em 2011, eles pressionaram agressivamente seus aliados no Congresso, resultando na Lei de Combate à Pirataria Online (Stop Online Piracy Act – SOPA) na Câmara dos Deputados, e um projeto de lei similar no Senado, a Protect IP Act (PIPA). A SOPA permitira ao governo ou empresas privadas de requerer ordens judiciais que iriam barrar qualquer empresa americana de “possibilitar” sites suspeitos de violação – por exemplo, anunciantes e serviços de pagamento online não Este documento está autorizado para uso exclusivo de Ana Pinheiro até Abril de 2015. Cópia ou postagem é uma violação do direito autoral. [email protected] ou 617.783.7860.

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Caso: P-82Data: 14/01/2013

SOPA (Lei de Combate à Pirataria Online): A INDÚSTRIA MIDIÁTICA COMBATE A VIOLAÇÃO ONLINE DOS

DIREITOS AUTORAIS

“A indústria de roubo online apoia-se nas anunciantes, processadores pagos, provedores de serviço de internet e plataformas de pesquisa – negócios legítimos, que a meu ver, os corrompe quando sabiamente agem como cúmplice para o roubo digital” Christopher Dodd, CEO da Motion Picture Association of America¹

“Pirataria digital quase destruiu completamente a profissão de compositor, e está lentamente destruindo a indústria da música.” Rick Carnes, Presidente do Songwriters Guild of America²

“(SOPA é) um esquema compreensivo de ordem de sufocamento da inovação de tecnologia e vigilância dominante, tão absoluto como fazer o povo da China parecer com Burning Man”Julian Sanchez, Assistente de Pesquisa, Cato Institute³

A Walt Disney Company (“Disney”) e outros donos de material de direitos autorais acreditavam que eram vítimas da tecnologia que possibilitava roubos – as suas propriedades estavam sendo transmitidas pelo mundo sem suas permissões. Alguns alegaram que isso iria ameaçar o futuro da indústria do entretenimento. Copiar, transmitir, e armazenar filmes, músicas e outros trabalhos criativos nunca foi tão fácil e embora compartilhamento ilegal de arquivo tenha sido amplamente banido dos sites com base nos EUA, alguns donos de direitos autorais alegam que isso continuava predominante além mar.

Disney e outros donos de direitos autorais quiseram ajuda do governo dos Estados Unidos. Sites estrangeiros estavam fora do alcance da lei do país, mas a natura interconectada da Internet ofereceu uma solução potencial. Em 2011, eles pressionaram agressivamente seus aliados no Congresso, resultando na Lei de Combate à Pirataria Online (Stop Online Piracy Act – SOPA) na Câmara dos Deputados, e um projeto de lei similar no Senado, a Protect IP Act (PIPA). A SOPA permitira ao governo ou empresas privadas de requerer ordens judiciais que iriam barrar qualquer empresa americana de “possibilitar” sites suspeitos de violação – por exemplo, anunciantes e serviços de pagamento online não poderiam fazer negócios com esses sites, plataformas de pesquisas não poderiam achá-los, e os provedores de serviço de Internet (ISPs) seriam requeridos a bloquear o acesso – efetivamente colocando esses sites fora de serviço.

A SOPA obteve apoio bipartidário. Bob Iger, CEO da Disney, e seus aliados, imaginaram que essa aproximação iria ajudar. Serão eles capazes de parar a violação online? Surgirá alguma oposição? Se sim, quem seriam eles e como eles poderiam se preparar para a lua?

O PROPÓSITO DO DIREITO AUTORAL: LEI AMERICANA DE DIREITO AUTORAL

O propósito do Direito Autoral é promover conhecimento, ou como declarado na Constituição dos Estados Unidos, “Promover o progresso da Ciência e das Artes uteis”4. O Direito Autoral tenta alcançar esse objetivo dando aos autores ou criadores de trabalhos artísticos ou de descobertas cientificas o monopólio temporário de suas criações, na forma de direitos exclusivos por um tempo específico, e que após passariam a ser de domínio público.

Enquanto a Constituição explicitamente deu ao Congresso o direito de fornecer proteção aos direitos autorais, a forma dessa proteção depende de projetos de lei decretados e assinados pelo

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presidente. A Lei do Direito Autoral de 1790, a primeira lei americana de direitos autorais, garantia direito exclusivo para publicar “mapas, tabelas e livros” por 14 anos. O direito autoral poderia ser prolongado por mais 14 anos se o autor estivesse vivo e requisitasse o prolongamento. 5

O Direito Autoral é uma lei nacional, desse modo, a proteção depende das leis de cada país. No entanto, um grande número de tratados e convenções tem sido assinado, com o efeito de proteger os autores nos países assinantes. 6

Através dos tempos, o escopo dos itens cobertos pela proteção do direito autoral aumentou. Em 1802, impressões foram adicionadas. Música ganhou proteção em 1831, peças de teatro em 1856 e fotografias em 1865. Assim que outras formas de expressão foram se desenvolvendo, as leis do direito autoral foram atualizadas para incluí-las. Até o final do século 20, estavam incluídas traduções, obras derivadas, gravações, filmes, programas de computadores e obras arquitetônicas. 7

Prazo dos Direitos Autorais

Em consequência da extensão do escopo, o prazo da proteção do direito autoral tem sido o assunto da revisão legislativa. Apesar do propósito principal do direito autoral seja o de promover conhecimento, passando para o público após o fim do direito autoral, a natureza temporária da proteção arma um conflito entre os interesses privados e públicos; o dono do direito autoral gostaria que o monopólio durasse tanto quanto possível, enquanto o público desejaria livre acesso ao trabalho, e a capacidade de produzir em cima dele. 8

Como resultado, a posição do monopólio dos donos do direito autoral dita o mercado desses trabalhos e os preços pagos pelo consumidor. Apesar disso, o prazo do direito autoral é um assunto de significância econômica para ambos criadores e consumidores. Com o tempo, a lei foi mudada para aumentar significantemente o período do direito autoral além dos 14 anos (ou 28 se prolongado) estabelecidos no Ato original de 1790.

A primeira extensão aconteceu em 1831, quando o prazo foi estendido para 28 anos, com a capacidade de mais 14 anos. Em 1909, o período de renovação foi estendido para 28 anos, num total de 56 anos de prazo, apenas se o autor estivesse vivo e solicitasse uma extensão. O prazo foi estendido mais uma vez em 1976 para além da vivo do autor mais 50 anos. Para o trabalho criado por uma empresa, o prazo era de 75 anos após publicação ou 100 anos após a criação do trabalho. 9

Depois da extensão de 1976, a expiração do direito autoral não era uma preocupação particular para a maioria dos donos individuais de direitos autorais; seus direitos estender-se-iam por mais 50 anos após sua morte. Porém, donos corporativos de direitos autorais poderiam ser significantemente impactados com a expiração. Por exemplo, a Disney construiu seu império baseado em personagens de desenhos criados por seu fundador, no início dos anos 1900. Além da inclusão de centenas de filmes, parques temáticos, mercadorias e outros negócios de bilhões de dólares.

No final dos anos 1990, a Disney enfrentou a expiração pendente de um dos bens mais valiosos na empresa – o direito autoral do Mickey Mouse estava agendado para expirar depois de 2003, seguidos de perto por outros personagens importantes, como Bambi, Donald Duck, Dumbo e Branca de Neve e os Sete Anões. 10 Depois que seus direitos expirassem a Disney não iria mais coletar os royalties quando seus filmes de animação clássica fossem exibidos, ou quando mercadorias baseadas nos personagens fossem vendidas. Qualquer um seria capaz de livremente usar esses personagens sem a permissão da Disney e sem precisar pagar por esse privilégio – uma enorme ameaça financeira para a empresa.

Para prevenir a expiração desses direitos autorais, a Disney esforçou-se intensamente para que o Congresso estendesse o prazo da proteção. Vários grupos discordaram. O grupo dos

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consumidores “acusou que o propósito original dos direitos autorais – de fornecer benefícios aos criadores humanos de trabalhos culturais e alimentar a produção de mais trabalhos – estava perdida. Eles disseram que o maior beneficiário da extensão do direito autoral seriam grandes empresas e investidores.”11 Bibliotecas também foram contra a extensão. Um lobista, para a Associação Americana de Biblioteca, disse, “Depois de 75 anos, esses filmes clássicos pertencem ao domínio público, assim como os trabalhos de Shakespeare e Mark Twain. Trabalhos no domínio público são mais acessíveis para mais pessoas a preços mais baixos.”12

No final, os esforços da Disney tiveram sucesso. O Congresso aprovou, e o presidente assinou, a Sonny Bono Copyright Term Extension Act of 1998 (também conhecida como “Lei de Proteção do Mickey Mouse”), estendendo a proteção do direito autoral por mais 20 anos.

O Direito Autoral Foca-se nos Filmes Online

A proteção do Direito Autoral desenvolveu-se junto com as novas descobertas tecnológicas, como gravações de sons, filmes e programas de computadores. Porém, a Internet e adventos na tecnologia de computadores, transmissão e armazenamento de dados, apresentou um novo problema, uma vez que, a cópia e a distribuição de materiais protegidos tornaram-se triviais até para o consumidor mais casual.

Em 1996, isso foi abordado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), uma agência da ONU “dedicada a usar a propriedade intelectual...como um meio de estimular a inovação e criatividade”13, incluindo o desenvolvimento de um quadro internacional legal para a propriedade intelectual. A OMPI traçou dois tratados lidando com propriedade intelectual e desenvolvimento de tecnologias para computador. O Tratado de Direito Autoral da OMPI protegeria programas de computador e base de dados. 14 O Tratado de Performances e Fonogramas da OMPI lida com música e outros trabalhos e cobre cópia e distribuição digital. 15

Os Estados Unidos assinou ambos tratados e implementou-os através da Lei dos Direitos Autorais do Milênio Digital (Digital Millennium Copyright Act – DMCA), que foi aprovada em 1998 e teve efeito em 2000.

Uma estipulação da DMCA proibiu a cópia online em violação do direito autoral. DMCA não requereu que empresas procurassem ativamente em seus sites por materiais ou links infringentes; isso forneceu “porto seguro” para “provedores de serviços de responsabilidade monetária baseada nas atividades supostamente infringente de terceiros”, enquanto esses provedores removessem materiais quando notificados por seus donos de direito. 16 Apesar disso, empresas como o Facebook, Google ou YouTube não foram obrigadas a verificar em cada postagem o uso sem autorização de material protegido por direito autoral, nem verificar cada link em suas páginas para assegurar que eles não redirecionariam usuários para páginas com conteúdo infringente. No final de 2011, o Google (dono do YouTube), declarou que cumpriu com mais de 5 milhões pedidos de “retiradas” de donos que reclamaram que seus trabalhos estavam em sites do Google sem autorização. 17

Sob a DMCA, sites de compartilhamento de arquivos, que permitiam aos usuários obter materiais protegidos sem pagar, como o Napster (que começou a funcionar em 1999) e o Grokster (que começou em 2001), já foram fechados nos Estados Unidos. No entanto, sites iguais apareceram fora dos EUA, como o The Pirate Bay, com sede na Suécia. Associações da Indústria, como a Motion Picture Association of America (MPAA) e a Recording Industry Association of America (RIAA), acreditam que estas cópias custam às empresas bilhões de dólares, enquanto a Chamber of Commerce (Câmara de Comércio) e a AFL-CIO se preocupam que isso pode causar demissões. A Chamber of Commerce estima que a violação dos direitos autorais e falsificação custam aos donos dos direitos U$ 135 bilhões cada ano. 18

Uma preocupação adicional era que a cópia de arquivos digitais estava se tornando cada vez mais simples, devido ao dramático barateamento dos custos de armazenamento e ao aumento da velocidade de transferência de dados – tendências cuja redução não é esperada e que tornariam a

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cópia ainda mais fácil no futuro. Como um analista já observou, “Cópia e compartilhamento de informação nunca foi tão vastamente barato e fácil na história humana. É, também, vastamente mais difícil e caro como nunca.” 19 A facilidade de copiar e transferir materiais protegidos por direitos autorais tornou a execução do direito autoral na Internet extremamente desafiador – era difícil achar os violadores, e uma vez achados, difícil monitora-los para não violar outra vez. Até se o site tiver sido fechado, os violadores poderiam rapidamente organizar um novo. Isto liderou a busca por maneiras mais efetivas.

Além da indústria de filme e música, a indústria farmacêutica alegou que sites estavam vendendo medicamentos falsos ou sites estrangeiros vendendo medicamentos para os americanos, violando leis dos Estados Unidos, enfraquecendo os preços e, potencialmente, violando padrões de qualidade.

Lei de Combate à Pirataria Online (SOPA)

Os lobistas, para a Disney e seus aliados na indústria de filmes e gravação, trabalharam ativamente com os legisladores por meses para avançar com sua causa. Eles possuíam doadores de campanha generosos, promovendo boa vontade e acesso aos legisladores. Em 2011, dois projetos similares foram introduzidos no Congresso – a Lei de Combate à Pirataria Online (SOPA) na Câmara dos Deputados (em Outubro) e a Protect IP [Intellectual Property] Act (Lei de Proteção da Propriedade Intelectual- PIPA) no Senado (em Maio). Os projetos de lei obtiveram grande apoio bipartidário.20

Os projetos de lei abordaram o fato da DMCA não obrigar empresas a prevenir ativamente que materiais protegidos de serem postados (ou redirecionados) em seus sites, assim como o problema dos sites estrangeiros. A lei americana não pode, diretamente, barrar sites estrangeiros ou suas empresas, mas a SOPA e a PIPA procura combater violações online (incluindo sites estrangeiros) ao focar na interação entre empresas americanas e o site infrator. Como disse Christopher Dodd, CEO da MPAA e ex-senador, “A indústria de roubo online apoia-se nas anunciantes, processadores pagos, provedores de serviço de internet e plataformas de pesquisa – negócios legítimos, que a meu ver, os corrompe quando sabiamente agem como cúmplice para o roubo digital” 21 As empresas americanas que interagem com esses sites, incluem: 22

- Plataformas de pesquisa, como o Google ou Bing, que redirecionam para esses sites,

- Serviços como o PayPal ou empresas de cartão de crédito, que facilitam pagamentos nesses sites,

- Redes de anunciantes, que colocando propagandas nesses sites, ou que ganham ao postar propagandas para os sites,

- Servidores de Sistema de Nome de Domínio (DNS), que associavam o nome do domínio do site com os servidores, apontando para o servidor do site,

- Provedores de serviço de Internet que direcionava tráfego para site.

Acabando com as interações entre empresas americanas e sites infratores (estrangeiros ou nacionais) poderia prejudicar significantemente, ou até acabar, com sites estrangeiros.

Os projetos de lei permitem que o Departamento de Justiça e os donos de direitos, que suspeitarem de violação de direito autoral, pedirem ajuda judicial para forçar todas as empresas americanas a cortar comunicações com o site acusado, efetivamente eliminando o site e seu negócio. Isso seria feito sem que o site acusado ou empresas que fazem negócios com ele, pudesse apresentar defesa. Se a empresa não parar de interagir com o site acusado, eles serão subjugados a ação legal.

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PIPA foi unanimemente reportado do Comitê Judiciário do Senado em Maio de 2011, mas o Senador Ron Wyden (D-Oregon), imediatamente anunciou que iria “fazer objeção a qualquer pedido de consentimento unânime para prosseguir” para o Senado lotado, efetivamente pondo um freio no projeto de lei.23

Oposição Potencial a SOPA

Poucos se opuseram aos objetivos aos projetos de lei – protegendo os legítimos donos de conteúdo de uso não autorizado de suas criações. Todavia, as especificas provisões dos projetos de lei tinham o potencial de comover uma oposição. PIPA estava em jogo, ao mesmo temporariamente, então, se uma luta fosse acontecer, provavelmente seria focada na SOPA, que foi introduzida na Câmara dos Deputados em Outubro. Havia grandes quantidades de assuntos que poderiam atrair a oposição.

Ameaça aos sites legais

A linguagem da SOPA define um site como “dedicado ao roubo da propriedade americana”, se ele (ou qualquer outro site) “possibilitar ou facilitar” atividade ilegal. 24 Isso abrangeria um escopo muito além de sites cuja existência é baseada em distribuir cópias sem autorização de material protegido, como os sites de compartilhamento de arquivos. Qualquer site que permitisse seus usuários de transferir dados, postagens ou comentários, como novos sites, YouTube, Twitter, Facebook, Wikipedia ou Khan Academy, poderiam gerar conflito com a SOPA. Por exemplo, alguém poderia fazer um comentário numa página da Internet e incluir material protegido ou um link para o material protegido, levando o site a ser classificado como “dedicado ao roubo da propriedade americana”. Uma única postagem, de qualquer usuário, poderia potencialmente pôr todo o site em risco, submetido ao fechamento baseado numa queixa do dono do conteúdo – até mesmo se o material ofensivo for uma parte pequena do site. Isso foi uma mudança radical da DMCA, quando os sites eram apenas responsáveis por retirar o material ofensivo assim que notificado pelo dono do conteúdo. 25

Presunção de Culpa

Os projetos de lei previam que ordens judiciais poderiam fechar sites antes fosse provado suas atividades ilegais, ou antes, que o site acusado pudesse apresentar defesa. Se um site foi fechado baseado numa queixa, mas, depois foi determinado que o site não cometeu nenhuma violação, o dono do site poderia apenas buscar reparação, se o acusador “intencionalmente apresentar acusação falsa” sobre o site.

O poder do governo em fechar sites legais foi demonstrado em Novembro de 2010, quando vários sites americanos foram enquadrados na DMCA, depois de alegações de violação dos direitos autorais. Um deles, Dajazl.com, era um site popular de hip hop. Músicas e executivos de gravadoras frequentemente vazavam músicas nele e sites similares para chamar atenção para novos lançamentos. No entanto, baseado na declaração juramentada do vice-presidente da RIAA, o governo fechou o Dajazl.com. Os donos do site não receberam direito de defesa e nem foram informados do andamento do caso durante um ano. Ultimamente, o caso foi derrubado devido a falta de um caso sólido – não houve violação, uma vez que o material presumivelmente ofensivo foi dado ao site pelos criadores para fins de publicidade! 27 Mesmo que eles tenham conseguido recuperar o site, permanecer fechado por um ano pode causar danos substanciais, muitas vezes irreparáveis, aos negócios do site./

Liberdade de Expressão e Invasão de Privacidade

Outra consequência da possibilidade de fechar sites antes de provada alguma atividade ilegal,

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foi o potencial para ser interpretado como violação dos direitos de liberdade de expressão. Se SOPA fosse visto como uma ameaça a liberdade de expressão, uma grande quantidade de opositores surgiriam.

SOPA declarou que: “Um site da Internet é dedicado ao roubo da propriedade americana se...[tenha feito]ações deliberadas para evitar a confirmação” que o site é ilegal. 28 Em outras palavras, SOPA tornaria ilegal projetar um site de uma maneira que dificultasse para o governo atestar se o site estava fazendo alguma atividade ilegal. Isso iria tornar fora da lei ferramentas usadas por ativistas em países opressores para evitar a censura – ferramentas que são importantes para ativistas dos direitos humanos e dissidentes. Ao eliminar essas ferramentas, coloria em risco e interferiria no trabalho deles – trabalho que o governo americano apoia.

Ameaça a Inovação

A SOPA expõe empresas a responsabilidades legais duvidosas, e potencialmente opressivas e caras. Uma empresa estabelecida e de grande capital, como o Google, pode facilmente defender-se de ameaças legais surgidas de alegações de material ofensivo em seus sites, mas uma empresa pequena e nova, não conseguiria. Empresas grandes podem até usar a SOPA para eliminar seus competidores, alegando que eles estavam violando direitos, e usar ordens judiciais contra eles. Será que investidores capitalistas financiariam empresas que poderiam estar submetidas à responsabilidade de alegações de possíveis violações?

Impacto na Internet

A Internet é baseada no “principio fundamental da interconectividade”29. Ela foi construída em volta do DNS, assegurando que sempre que um endereço de Internet fosse requisitado, seria direcionado para o mesmo local – um elemento essencial do bom funcionamento da Internet. SOPA possibilitaria aos tribunais remover ou redirecionar entradas da base de dados interconectada em servidores de nome de domínio do mundo todo.

Será que a SOPA funcionaria?

Enquanto os defensores da SOPA acreditam que poucas pessoas se oporiam a intenção da lei – parar a violação de direitos autorais -, pode haver questões sobre seu impacto relativo em empresas bem intencionadas comparadas com infratores dedicados. Sites dedicados à violação podem apenas fechar e reabrir com nomes diferentes, assim que se tornarem alvos da SOPA. Os reais infratores podem não ser substancialmente dissuadidos, mas empresas legais podem sofrer danos significantes.

O QUE FAZER?

Disney, outras empresas de mídia e suas associações industriais foram bem sucedidas no passado em conseguir que o Congresso defendesse suas preocupações acerca dos direitos autorais. A proteção de direitos autorais tem sido garantida em mais e mais tipos de expressão, e o período de expiração tem sido estendido para beneficiar essas empresas – em alguns casos diante de grupos de oposição.

Dessa vez, a legislação proposta foi vasta e impactou uma faixa ampla de grupos de interesse, que tiveram o potencial em montar uma oposição forte. O que a Disney e seus aliados precisam fazer para atingir seus objetivos? Será que uma oposição forte surgiria? Se sim, eles seriam

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capazes de forjar uma coalizão efetiva?

QUESTÕES DE ESTUDO

1. Coloque-se no lugar do CEO da Disney. Como a Disney deve estruturar a SOPA?

2. A Disney deve ser discreta ou não?

3. Como a oposição deve estruturar a SOPA?

4. O que os oponentes podem fazer para alcançar seus objetivos?

5. Por que a Disney obteve sucesso nos anos 1990 ao estender os direitos autorais? Por que a situação pode ser diferente com SOPA?

6. Todos aqueles que se opõem a SOPA se tornarão ativos? Por que ou por que não?

David Hoyt e Professor Steven Callander prepararam esse caso mais como material para discussão em sala de aula do que para ilustrar, efetivamente ou não, o manuseio de uma situação administrativa.

1 Chloe Albanesius, “Will Online Piracy Bill Combat ‘Rogue’ Web Sites or Cripple the Internet?”PCMag.com, 1 de Novembro de 2011, http:www.pcmag.com/article2/0,2817,2395653,00.asp#fbid=6r9KNM2HX7x (acessado em 19 de Novembro de 2012). Dodd foi um senador americano de 1981 até 2011, antes de ser o CEO

da MPAA.

2 Citado em “Let’s Play: The American Music Business,” Recording Industry Association of America, 2010, p. 10, http:76.74.24.142/2DB721AD-3A69-11D3-1FA4-E3E59BEC0CE6.pdf (acessado em 29 de Novembro de 2012).

3 Julian Sanchez, “On the Enforcement Fantasy,” 25 de Janeiro de 2012, http:www.juliansanchez.com/2012/01/25/copying-is-easier-than-its-ever-been-and-harder-than-it-will-ever-be/(acessado em 12 de Novembro de 2012).

4 Constituição dos Estados Unidos, Artigo 1, Seção 8, http:www.archives.gov/exhibits/charters/constitution_transcript.html (Acessado em 12 de Novembro de 2012). Capitalização como no original.

5 Lei do Direito Autoral, Seção 1, http:www.copyright.gov/history/1790act.pdf (acessado em 28 de Novembro de 2012).

6 Para mais detalhes sobre a proteção de direito autoral internacional, veja “International Copyright Relations of the United States,” Escritório de Direito Autoral dos Estados Unidos, http:www.copyright.gov/circs/circ38a.pdf (acessado em 12 de Novembro de 2012).

7 Ibid.

8 Existe uma exceção para “uso justo”, que permite o uso limitado de materiais protegidos por direitos autorais para universidades e outros usos.

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9 Site do Escritório de Direito Autoral dos Estados Unidos, “A Brief Introduction and History”,

http:www.copyright.gov/circs/circ1a.html (acessado em 28 de Novembro de 2012).

10 Alan Ota, “Disney in Washington: The Mouse That Roars,” CNN.com, 10 de Agosto de 1998, http:www.cnn.com/ALLPOLITICS/1998/08/10/cq/disney.html (acessado em 12 de Novembro de 2012).

11 Ibid.

12 Adam Eisgrau, citado por Ota, op. cit.

13 Site da WIPO “What is WIPO?” http:www.wipo.int/about-wipo/en/ (acessado em 29 de Novembro de 2012).

14 Site da WIPO “Summary of the WIPO Copyright Treaty (WCT) (1996),” http:www.wipo.int/treaties/en/ip/wct/summary_wct.html (acessado em 29 de Novembro de 2012).

15 Site da WIPO “Summary of the WIPO Performances and Phonograms Treaty (WPPT),” http:www.wipo.int/treaties/en/ip/wppt/summary_wppt.html (acessado em 29 de Novembro de 2012).

16 Site da Fundação Fronteira Eletrônica, “Digital Millennium Copyright Act,” https:www.eff.org/issues/dmca (acessado em 29 de Novembro de 2012).

17 Brad Plummer, “Everything You Need to Know About Congress’s Online Piracy Bills, in One Post,” The Washington Post, 16 de Dezembro de 2011.

18 “SOPA (Stop Online Piracy Act) Debate: Why Are Google and Facebook Against It?” The Washington Post, 17 de Novembro de 2011, http:www.washingtonpost.com/business/sopa-stop-online-piracy-act-debate-why-are-google-and-facebook-against-it/2011/11/17/gIQAvLubVN_story.html?tid=pm_business_pop (acessado em 19 de Novembro de 2012).

19 Julian Sanchez, “On the Enforcement Fantasy,” loc. cit.

20 Lee Drutman, “How SOPA and PIPA Did and Didn’t Change How Washington Lobbying Works,” The Sunlight Foundation, sunlightfoundation.com/blog/2012/01/30/sopa-lobbyin/ (acessado em 31 de Janeiro de 2012).

21 Albanesius, loc. cit.

22 “SOPA AND PIPA” khanacademy.org, http:www.youtube.com/watch?v=tzqMoOk9NWc (acessado em 15 de Novembro de 2012).

23 Comunicado do Sen. Ron Wyden, “Wyden Places Hold on Protect IP Act,” 26 de Maio de 2011, http:www.wyden.senate.gov/news/press-releases/wyden-places-hold-on-protect-ip-act (acessado em 15 de Novembro de 2011)

24 Texto de H. R. 3261, (“Stop Online Piracy Act”), Seção 103(a)(1)(B)(i), http:www.opencongress.org/bill/112-h3261/text, (acessado em 15 de Novembro de 2012).

25 “SOPA and PIPA” khanacademy.org, loc. cit.

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26 SOPA, Seção 103 (b)(6), loc. cit.

27 “Breaking News: Feds Falsely Censor Popular Blog for Over a Year, Deny All Due Process, Hide All Details,” TechDirt.com, 8 de Dezembro de 2011, http:www.techdirt.com/articles/20111208/08225217010/breaking-news-feds-falsely-censor-popular-blog-over-year-deny-all-due-process-hide-all-details.shtml (acessado em 6 de Novembro de 2012).

28 SOPA, Seção 103 (a)(1)(B)(ii)(l), loc. cit.

29 Mark Lemley, David Levine, e David Post, “Don’t Break the Internet,” Stanford Law Review Online, 19 de Dezembro de 2011, http:www.stanfordlawreview.org/online/dont-break-internet (acessado em 6 de Novembro de 2012).

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