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Posicionamento e conduta: desloratadina com pseudoefedrina Dr. Eduardo Macoto Kosugi CRM/SP 97.229 | RQE 22.924 Professor adjunto do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Chefe da Disciplina de Rinolaringologia da Unifesp. 8488.indd 1 25/07/2018 16:25:39

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Posicionamento e conduta: desloratadina com

pseudoefedrina

Dr. Eduardo Macoto KosugiCRM/SP 97.229 | RQE 22.924

Professor adjunto do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Chefe da Disciplina de Rinolaringologia da Unifesp.

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Rinite alérgica (RA) é uma desordem sintomática do nariz, induzida por uma in� amação mediada por imunoglobulina (Ig) E, após exposição alér-gena da mucosa nasal. É uma produção exagera-da e sustentada de IgE em resposta a antígenos ambientais comuns1. A recomendação é que o diagnóstico da RA seja clínico2,3, com presença de coriza hialina, prurido nasal, espirros e congestão nasal desencadeados após exposição alérgena, com história pessoal e familiar de atopia e exame físico compatível com olheiras, linhas de Dennie--Morgan, prega nasal horizontal e edema com pa-lidez de conchas inferiores1,2.

Além da repercussão causada pela intensidade dos sintomas da RA, também deve ser levado em consideração seu impacto nas atividades do dia a dia, como sono, trabalho, estudo e lazer, pois mais da metade dos pacientes refere perda de dias ou interferência no desempenho no trabalho ou estudo durante as crises de RA, sendo o impacto na produtividade diretamente proporcional à in-tensidade dos sintomas4. Portanto, é fundamen-tal estabelecer um tratamento e� caz que controle adequadamente as crises de RA.

Existem diversos medicamentos disponíveis para o tratamento da RA. As duas recomendações de primeira linha são corticosteroides tópicos nasais e anti-histamínicos orais de segunda geração2,5. Os anti-histamínicos orais de segunda geração são muito potentes e rápidos contra os sintomas irri-tativos, como prurido, espirros e coriza, enquanto os corticosteroides tópicos nasais têm ação melhor contra a congestão nasal3,6. No tratamento crônico, a escolha por um ou outro fármaco pode até levar em consideração a preferência do paciente, já que alguns preferem medicação por via nasal, enquanto

outros por via oral2. Congestão nasal é o sintoma da RA que mais costuma levar o paciente a procurar auxílio médico. É nesse cenário, como medicação de resgate, que a associação de anti-histamínico oral de segunda geração com descongestionante oral tem seu papel primordial.

• DESLORATADINA COM PSEUDOEFEDRINADentre inúmeros anti-histamínicos orais de

segunda geração, há a desloratadina, que é um antagonista potente e seletivo do recep-tor H1 de histamina, com baixa a� nidade por receptores muscarínicos e H2 histamínicos. Não ultrapassa a barreira hematoencefálica, portanto não causa sonolência nem sedação. É um potente anti-histamínico de segun-da geração, com potência in vitro 52 vezes maior que a cetirizina, 57 vezes maior que a ebastina, 153 vezes maior que a loratadina e 194 vezes maior que a fexofenadina7 e com-provada e� cácia in vivo tanto em RA intermi-tente quanto em RA persistente8,9.

Os descongestionantes orais são agonistas alfa--adrenérgicos que produzem vasoconstrição da mu-cosa nasal. No mercado brasileiro, encontram-se dis-poníveis dois descongestionantes orais: fenilefrina e pseudoefedrina. A pseudoefedrina é mais e� caz que a fenilefrina e o placebo em reduzir a conges-tão nasal10, não havendo diferença entre fenilefrina e placebo11, o que torna a pseudoefedrina a melhor opção no tratamento da congestão nasal da RA5.

A associação de desloratadina com pseudoefe-drina se mostrou e� caz e segura no tratamento da RA. Mais ainda, a associação de anti-histamí-nicos de segunda geração com descongestionan-tes orais costuma apresentar efeitos melhores no

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controle da RA do que os fármacos isoladamente, fato observado também com a associação de des-loratadina e pseudoefedrina12.

• SEGURANÇAOs anti-histamínicos disponíveis no mercado são

bastante seguros, sendo os de segunda geração, nas doses usuais, praticamente isentos de efei-tos adversos sobre o sistema nervoso central e de ação nos receptores muscarínicos, serotoninérgicos e alfa-adrenérgicos6. A desloratadina mostrou--se não sedante e um anti-histamínico seguro mesmo em doses nove vezes maiores (45 mg) que a dose clínica (5 mg), durante dez dias. Não apresenta interação com inibidores conhecidos do citocromo P450 nem sofre in� uência de alimen-tos13. Já a pseudoefedrina pode promover alguns efeitos colaterais, como insônia, cefaleia, boca seca e irritabilidade. Pode haver também um leve aumento da pressão arterial sistólica e da frequência cardíaca com seu uso2.

• RECOMENDAÇÕES DE USOA desloratadina é considerada uma medica-

ção de primeira linha para o tratamento da RA

e seu uso é recomendado tanto ocasionalmen-te (uso se necessário) como em longo prazo para seu controle2,5,6. A opção entre o uso de cor-ticosteroide tópico nasal ou anti-histamínico oral de segunda geração em longo prazo na RA recai até sobre a preferência do paciente pelo tipo de via de administração (nasal ou oral), já que são tratamen-tos longos e o respeito por essa preferência favore-ce sua adesão2,6. A pseudoefedrina é considerada opção para o tratamento da RA, principalmente na congestão nasal5.

O Posicionamento da Academia Brasileira de Ri-nologia sobre o uso de anti-histamínicos, antileuco-trienos e corticosteroides orais no tratamento das doenças in� amatórias nasossinusais orienta o uso das associações – como a desloratadina com pseu-doefedrina – como medicação de resgate, princi-palmente nas crises de RA, já que a associação das duas medicações apresenta efeitos mais po-tentes que os dos fármacos isolados. A adição do descongestionante oral aborda a congestão na-sal, além dos espirros, prurido e coriza, que são bem resolvidos com o anti-histamínico oral de segunda geração. Com isso, o médico conseguirá rápido con-trole da crise alérgica de maneira global, tanto nos sintomas irritativos como nos obstrutivos6.

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As opiniões emitidas nesta publicação são de inteira responsabilidade da autora e não re�etem, necessariamente, a opinião da Conectfarma® Publicações Cientí�cas Ltda.

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“O Posicionamento da Academia Brasileira de Rinologia [...] orienta o uso das associações – como a desloratadina com pseudoefedrina – como medicação de resgate, principal-mente nas crises de rinite alérgica, [...]"

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