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LAILA DE OLIVEIRA FERREIRA SUELEN SANTOS BARCELLOS PREVALÊNCIA DE LESÕES MUCOCUTÂNEAS ORAIS DIAGNOSTICADAS EM UM SERVIÇO DE ESTOMATOLOGIA NOVA FRIBURGO 2015

PREVALÊNCIA DE LESÕES MUCOCUTÂNEAS … · Palavras-chave: Doenças dermatomucosas, Líquen Plano, Pênfigo Vulgar, Penfigóide das Membranas Mucosas, Lúpus, Eritema Multiforme,

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LAILA DE OLIVEIRA FERREIRA

SUELEN SANTOS BARCELLOS

PREVALÊNCIA DE LESÕES MUCOCUTÂNEAS ORAIS DIAGNOSTICADAS EM

UM SERVIÇO DE ESTOMATOLOGIA

NOVA FRIBURGO

2015

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LAILA DE OLIVEIRA FERREIRA

SUELEN SANTOS BARCELLOS

PREVALÊNCIA DE LESÕES MUCOCUTÂNEAS ORAIS DIAGNOSTICADAS EM

UM SERVIÇO DE ESTOMATOLOGIA

Monografia apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense/Campus Universitário de Nova Friburgo como Trabalho de Conclusão de Curso de graduação de Odontologia.

Orientador: Prof. Dr. GERALDO DE OLIVEIRA SILVA-JÚNIOR

Nova Friburgo

2015

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F383p Ferreira, Laila de Oliveira.

Prevalência de lesões mucocutâneas orais diagnosticadas em um serviço de

estomatologia. / Laila de Oliveira Ferreira ; Suelen Santos Barcellos ; Prof. Dr

Geraldo de Oliveira Silva-Júnior, orientador. -- Nova Friburgo, RJ: [s.n.], 2015.

31f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) –

Universidade Federal Fluminense, Campus Nova Friburgo, 2015.

1. Patologia oral. 2. Estomatologia. 3. Lesão oral. I. Barcellos, Suelen

Santos. II. Silva-Júnior, Geraldo de Oliveira, Orientador. III. Título

CDD M617.607

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LAILA DE OLIVEIRA FERREIRA

SUELEN SANTOS BARCELLOS

PREVALÊNCIA DE LESÕES MUCOCUTÂNEAS ORAIS DIAGNOSTICADAS EM UM SERVIÇO DE ESTOMATOLOGIA

Monografia apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense/Campus Universitário de Nova Friburgo como Trabalho de Conclusão de Curso de graduação de Odontologia.

Aprovada em: _______/______/_______

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. ____________________________________________________________

Instituição: ______________________________Assinatura:___________________

Prof. Dr. ____________________________________________________________

Instituição: ______________________________Assinatura:___________________

Prof. Dr. ____________________________________________________________

Instituição: ______________________________Assinatura:___________________

Nova Friburgo

2015

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RESUMO

As manifestações cutâneas de doenças profundas, viscerais e sistêmicas, também fazem parte do grupo de doenças classificadas como dermatológicas. O objetivo desse estudo foi avaliar a prevalência das lesões orais a partir de biopsias realizadas em pacientes portadores de doenças dermatológicas em uma clínica de Estomatologia, no decorrer de 12 anos. A partir disso constatou-se que na mucosa oral, essas lesões acometem, em maior prevalência, mulheres leucodermas com idade média de 52 anos, sendo a lesão mais frequente o Líquen Plano. Ressalta-se que a manifestação oral dessas lesões pode ser o primeiro ou único sinal dessas dermatoses, o que determina a importância de um exame clínico completo para obtenção de diagnóstico precoce e melhora na qualidade de vida do paciente.

Palavras-chave: Doenças dermatomucosas, Líquen Plano, Pênfigo Vulgar, Penfigóide das Membranas Mucosas, Lúpus, Eritema Multiforme, Doenças auto-imunes.

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ABSTRACT

Cutaneous manifestations of deep diseases, visceral and systemic, are also part of the group of diseases classified as dermatological. The aim of this study was to assess the prevalence of oral lesions from biopsies performed in patients with dermatological diseases in a clinic of Stomatology, in the course of 12 years. From this it was found that the oral mucosa, these lesions affect, to a greater prevalence, Caucasian women with a mean age of 52 years, being the most frequent injury the Lichen Planus. It is noteworthy that the oral manifestation of these injuries can be the first or only signs of these dermatoses, which determines the importance of a thorough clinical examination for early diagnosis and improved quality of life of patients.

Keywords: Dermatomucosas diseases, Lichen Planus, Pemphigus vulgaris, Pemphigoid of mucous membrane, Lupus, Erythema multiforme, Autoimmune diseases.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................8

2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................10

2.1 Líquen Plano .......................................................................................................11

2.2 Pênfigo Vulgar .....................................................................................................12

2.3 Pênfigóide das Membranas Mucosas ..................................................................14

2.4 Eritema Multiforme ..............................................................................................15

2.5 Lúpus ..................................................................................................................16

2.6 Estomatite Ulcerativa Crônica..............................................................................18

2.7 Epidermólise Bolhosa..........................................................................................18

2.8 Doença da IgA Linear..........................................................................................20

2.9 Necrólise Epidérmica Tópica...............................................................................21

2.10 Tratamento.........................................................................................................22

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 24

4. RESULTADOS ......................................................................................................25

5. DISCUSSÃO..........................................................................................................28

6. CONCLUSÃO .......................................................................................................31

ANEXOS ...................................................................................................................32

REFERÊNCIAS ........................................................................................................33

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1. INTRODUÇÃO

As doenças dermatológicas são representadas não somente pelas numerosas

doenças primárias que afetam a pele, mas, também, pelas manifestações cutâneas

comuns de doenças mais profundas, viscerais e sistêmicas, que podem envolver as

mucosas do corpo, inclusive a mucosa oral (Gonçalves, Bezerra Junior e Cruz, 2010).

Atualmente, as dermatoses constituem uma área de grande interesse científico,

visto que as lesões orais podem preceder os sinais cutâneos por longos períodos,

sendo, às vezes, os únicos sinais presentes da doença (Gonçalves, Bezerra Junior e

Cruz, 2010).

Várias condições são causadas pela produção inadequada de anticorpos

contra o próprio organismo, caracterizando o processo de antoimunidade, segundo

Neville et al. (2009). Nesse contexto, as doenças mais expressivas são o líquen plano,

pênfigo vulgar, penfigóide, lúpus eritematoso e eritema multiforme (Gonçalves,

Bezerra Junior e Cruz, 2010).

O líquen plano (LP) é uma doença inflamatória crônica da pele e das mucosas,

que se manifesta na mucosa oral com grande frequência, antes ou depois das

aparições epidérmicas. Essas lesões são caracterizadas pelas estrias de Wickham e

apresentam-se sob várias formas clínicas, principalmente a reticular e a erosiva

(Scully e El-Kom, 1985; Neville et al., 2009)

O pênfigo vulgar é uma condição autoimune caracterizada pela formação de

bolhas intraepiteliais na pele e nas mucosas, que se rompem pelo menor trauma,

evoluindo para ulcerações dolorosas e de fácil infecção. Na maioria dos casos, os

primeiros sinais se desenvolvem na mucosa oral que podem, preceder as cutâneas

por longos períodos (Gonçalves, Bezerra Junior e Cruz, 2010).

O penfigóide é uma doença bolhosa autoimune que além do

acometimento mucocutâneo, em particular atinge a mucosa ocular (Gonçalves,

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Bezerra Junior e Cruz, 2010). Faz parte desse grupo o penfigóide cicatricial, cujas

lesões orais são mais comuns, e o penfigóide bolhoso, que afeta preferencialmente a

pele (Neville et al., 2009).

O lúpus eritematoso (LE) é uma doença autoimune que, classicamente, pode

ser dividida em lúpus eritematoso sistêmico (LES) e lúpus eritematoso cutâneo (LEC),

de acordo com Neville et al. (2009). O envolvimento da mucosa oral pode ocorrer em

ambas às formas, e a possibilidade de se manifestar com caráter mais agressivo

requer atenção e diagnóstico precoce (Gonçalves, Bezerra Junior e Cruz, 2010).

O eritema multiforme é uma desordem ulcerativa e bolhosa,

de etiopatogenia incerta, caracterizada por erupção cutânea seguida ou não de

envolvimento oral, podendo, ocasionalmente, apresentar apenas envolvimento oral

(Morten S., 1984).

É importante ressaltar, que as lesões orais podem ter grande repercussão

sobre a qualidade de vida destes pacientes uma vez que podem causar dor,

desconforto, limitações funcionais e sociais (Suliman et al., 2012).

Uma abordagem multidisciplinar é essencial no acompanhamento desse grupo,

visto que a prevalência de lesões orais é considerada significativa, com

expressividade de 35% segundo Ramirez-Amador et al., (2000), e de até

57,9% segundo Suliman et al., (2012).

O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência das lesões orais biopsiadas

em pacientes portadores de doenças dermatológicas em uma clínica de

Estomatologia, no decorrer de 12 anos e avaliar as principais características clínicas,

chamando a atenção para a importância do exame oral, no diagnóstico precoce destas

lesões.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

O estudo especializado das doenças dermatológicas tornou-se importante

pelas inúmeras doenças que afetam a pele, assim manifestações cutâneas de

doenças viscerais ou sistêmicas. Dessa forma constatou-se que muitas doenças

dermatocutâneas envolvem a mucosa do corpo, incluindo a mucosa bucal. É

estritamente importante o conhecimento dessas doenças pelo cirurgião-dentista

devido a sua manifestação ser precedida por lesões orais, podendo assim este

determinar o diagnóstico precoce das mesmas (LEVY et al., 1987).

Várias dessas doenças dermatomucosas são causadas pela produção de

autoanticorpos, que são direcionados contra os constituintes de adesão do epitélio

(NEVILLE et al., 2009).

No diagnóstico das doenças dermatológicas autoimunes a imunofluorêncencia

é um importante método auxiliar, tendo em vista que os achados clínicos e

histopatológicos podem não ser conclusivos. Esse método laboratorial é capaz de

detectar imunocomplexos in situ e/ou circulantes, que podem estar envolvidos na

patogênese de tais enfermidades cutâneas (AOKI et al., 2010).

Para o tratamento dessas lesões normalmente é prescrito corticosteroides,

sendo que antibióticos poderão ser associados contra infecção secundárias

(ROBINSON et al., 1997; NUNES et al., 2005; ANGELINI et al., 2006)

Existem várias doenças dermatomucosas descritas na literatura, sendo estas

diferenciadas pela produção de tipos específicos de autoanticorpos. São exemplos

desse grupo de lesões: Dermatite Herpetiforme; Estomatite Ulcerativa Crônica;

Porfíria; Vasculite. As lesões que se destacam por maior prevalência são: Líquen

Plano, Pênfigo Vulgar, Penfigóide de Membranas Mucosas, Eritema Multiforme e

Lúpus Eritomatoso.

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2.1. LÍQUEN PLANO

O Líquen Plano é uma enfermidade mucocutânea inflamatória crônica, mediada

por células T, de causa desconhecida, que envolve uma reação de hipersensibidade

e pode acometer a mucosa oral, genital, pele e unha. Sendo que a etiologia é

desconhecida (DURIGHETTO JR. et al., 2011).

Como a etiologia dessa lesão é desconhecida existem estudos que buscam

encontrar a causa. Uma das linhas de pesquisa seria a relação entre o Líquen Plano

e o vírus da Hepatite C, como descrito por Cunha et al., (2005) e Romero et al., (2012).

Também há estudos que buscam a relação entre essa entidade e desordens

psicológicas - como o stress, ansiedade e depressão (KORAY et al., 2003; SOTO-

ARAYA et al., 2004).

De acordo com Souza e Rosa (2008), das doenças dermatológicas o Líquen

Plano é a que mais acomete a cavidade oral. Aproximadamente metade dos pacientes

com lesões em pele também apresentam manifestação oral da doença. E 25% dos

pacientes com líquen plano oral (LPO) apresentam apenas lesões na cavidade oral

(DURIGHETTO JR. et al., 2011).

Essa condição afeta adultos de meia idade, principalmente do sexo feminino.

Aproximadamente entre 0,1% e 2,2% da população apresenta Líquen Plano Bucal

(NEVILLE et al.,2009).

O líquen plano acomete principalmente mulheres entre a 4ª e a 5ª décadas de

vida (ARISAWA et al., 2008; DURIGHETTO JR. et al., 2011).

Tal lesão é caracterizada clinicamente pelas estrias de Wickham, ou seja linhas

ou estrias brancas ceratinizadas entrelaçadas em padrão anular ou rendilhado. Essas

estrias podem ser observadas na língua, gengiva, lábios e mucosa jugal bilateral,

sendo a última localização a mais frequente (REGEZI, SCIUBBA e JORDAN, 2008).

Os sítios extra-orais mais acometidos por essa lesão são as superfícies flexoras

das extremidades, a glande do pênis, a mucosa vulvar e as unhas (NEVILLE et al.,

2009).

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O diagnóstico histopatológico é determinado pela presença de hiperceratose,

vacuolização das células da camada basal com ceratinocitos apoptóticos e infiltrado

inflamatório na interface do tecido conjuntivo com o epitélio (REGEZI, SCIUBBA e

JORDAN, 2008).

Porém outras lesões, como a reação liquenóide e leucoplasia, entre outras,

podem apresentar características histopatológicas semelhantes. Dessa forma a

utilização de imunofluorescência direta vêm sendo sugerida como procedimento de

rotina para o diagnóstico, visto que nesse exame a presença de fibrinogênio ao longo

da membrana basal é visualizada (SOUZA e ROSA, 2008).

Essa lesão tem como diagnóstico diferencial a leucoplasia, eritema multiforme

e penfigóide de membranas mucosas (ISHIKAWA’S e WALDRON, 1989).

A cura não é uma realidade em todos os casos de Líquen Plano, por isso o

tratamento é realizado com o objetivo de amenizar os sintomas. O uso de

corticosteroides é o tratamento de escolha nessa doença, seja como aplicação tópica,

assim como injeções locais. A prescrição de usos sistêmico pode ser realizada quando

os sintomas são graves. Os resultados clínicos podem ser potencializados se houver

a adição de antifúngicos no tratamento (SOUZA e ROSA, 2008).

2.2. PÊNFIGO VULGAR

O Pênfigo Vulgar é uma doença que apresenta formação de bolhas intra-

epiteliais, resultante da ruptura ou da perda de adesão intercelular. Isso é decorrente

da produção de autoanticorpos dirigida contra glicoproteínas de adesão epidérmica

denominadas desmogleína 3 e desmogleína 1. Os pacientes sofrem ulcerações

amplas e ruptura de bolhas, o que causa dor debilitante, perda de líquidos e

desequilíbrio eletrolítico (REGEZI, SCIUBBA e JORDAN, 2008). As lesões orais são

diversas vezes o primeiro sinal da enfermidade, sendo fundamental o diagnóstico,

visto que essa condição se não tratada pode ser letal (NEVILLE et al., 2009;

FERREIRA et al., 2009).

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Normalmente o Pênfigo manifesta-se primeiro na cavidade bucal, essas lesões

surgem até dois anos antes da manifestação sistêmica da doença, onde a pele será

acometida (SANTOS et al.,2009).

Predominantemente essa entidade afeta mulheres na 4ª e 5ª década de vida

(EVESON et al.,1997; MIZIARA et al., 2003).

É característico o aparecimento rápido de vesículas e bolhas, podendo cobrir

grandes áreas. Essas bolhas e vesículas ao se romperem deixam uma superfície

cruenta e erosada (LEVY et al., 1987). Essas bolhas podem ser induzidas a partir de

pressão lateral firme em pele de aparência normal, isso é denominado sinal Nikolsky

positivo (NEVILLE et al., 2009). Todas as áreas da cavidade bucal são susceptíveis

ao desenvolvimento dessas lesões, que sangram com facilidade e são extremamente

dolorosas, a ponto de dificultar a alimentação do paciente (LEVY et al., 1987). Sendo

a mucosa jugal, palato e gengiva os locais mais acometidos (ISHIKAWA’S e

WALDRON, 1989).

Histologicamente o Pênfigo apresenta uma fenda intra-epitelial devido a

acantólise dos ceratinócitos, também observa-se a presença de células de Tzanck

(células flutuantes ou acantolíticas), resultantes da perda da ligação desmos sômica

e a retração dos tonofilamentos (REGEZI, SCIUBBA e JORDAN, 2008).

Para o diagnóstico da doença normalmente é realizado o exame

histopatológico, onde é caracterizada a bolha intraepidérmica. Além desse exame

pode ser realizado a imunofluorescência - a direta onde observa-se uma amostra

perilesional; e a indireta onde é utilizado substrato de pele humana normal – onde

observa-se a quantidade de IgG presente. Além disso também existe o exame Elisa

(Enzyme-Linked Immunosorbent Assay), onde a IgG é detectada a partir do uso de

Dsg1 e Dsg3 recombinantes (CUNHA e BARRAVIERA, 2009).

O Pênfigo Vulgar deve sempre ser diagnóstico diferencial de dermatite

herpetiforme, eritema multiforme bolhoso, líquen plano bolhoso, epidermólise bolhosa

e outras dematoses bolhosas, como penfigóide de membranas mucosas (LEVY et al.,

1987).

Essa entidade é tratada comumente pelo uso de prednisona, não ocorrendo

uma resposta satisfatória ao uso isolado desse corticoide, é associado ao tratamento

drogas imunossupressoras, sendo a azatioprina a primeira escolha mais comum.

Recentemente houveram relatos de tratamento à base de Rituximab (anticorpo

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monoclonal quimérico antiCD20) em casos graves onde não houveram respostas a

outras drogas (CUNHA e BARRAVIERA, 2009).

2.3. PENFIGÓIDE DAS MEMBRANAS MUCOSAS

O Penfigóide das Membranas Mucosas (PMM) é doença relativamente rara que

afeta a cavidade oral, caracterizada por bolhas e vesículas, de origem auto-imune. Há

uma produção de anticorpos contra os componentes da membrana basal, causando

separação entre o epitélio e o tecido conjuntivo subjacente, ocasionando a formação

de bolha subepteliais (SONIS, FAZIO e FANG, 1996).

Esta condição afeta predominantemente indivíduos entre 50 e 60 anos de

idade, sendo que o sexo feminino é mais acometido, na proporção de 2 mulheres

diagnosticadas para cada homem (ARISAWA et al., 2008; NEVILLE et al., 2009).

A cavidade oral é a área do corpo mais acometida por essa doença, apesar de

o acometimento também ser possível em outras mucosas. Tais bolhas e vesículas se

rompem tornando-se áreas erosivas, geralmente a gengiva é envolvida, apresentando

uma gengivite descamativa, sendo a gengiva ceratinizada afetada quase que

exclusivamente, observando-se uma superfície vermelha erosada com regiões de

escarra branca necrótica (SONIS, FAZIO e FANG, 1996). Clinicamente em algumas

ocasiões as bolhas e vesículas características dessa doença podem ser observadas

no exame, ao contrário dos pacientes diagnosticados com Pênfigo Vulgar, onde essas

bolhas dificilmente são visualizadas. Isso se deve a localização subepitelial da bolha

do Penfigóide de Membranas Mucosas, ocasionando uma camada mais espessa e

resistente do que a bolha intraepitelial acantolítica do Pênfigo Vulgar. As áreas

ulceradas causam dor e se não forem tratadas podem persistir por semanas ou meses

(NEVILLE et al., 2009).

Histopatologicamente observa-se a formação de uma fenda subeptelial, sem

acantólise. Inicialmente apresenta-se poucos linfócitos, mais com a progressão da

doença o infiltrado inflamatório torna-se denso e misto (REGEZI, SCIUBBA e

JORDAN, 2008).

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Além do exame histopatológico, a imunofluorescência direta e indireta

determinam o diagnóstico. Na imunofluorescência direta encontram-se depósitos de

IgG e complemento na zona da membrana basal, com IgG e C3. E na indireta é

encontrado IgG, subclasse IgG4 (CUNHA e BARRAVIERA, 2009).

Clinicamente podemos realizar o diagnostico diferencial com Pênfigo Vulgar,

devido a presença de vesículo-bolhas, em casos da gengiva inserida ser o único local

acometido podemos incluir o Líquen Plano Eritematoso, Doença da IgA Linear, Lúpus

Eritematoso Discóide e Alergia por contato (REGEZI, SCIUBBA e JORDAN, 2008).

O tratamento dessa enfermidade é realizado com a aplicação de corticoides

tópicos, quando em forma localizada. Em casos mais graves é prescrito

corticosteroides sistêmicos, por exemplo prednisona, em associação a dopsona.

Também pode se optar por outros medicamentos como a tetraciclina associada à

nicotinamida, metotrexato, azatioprina, ciclofosfamida, micofenolato mofetil,

ciclosporina, imunoglobulina endovenosa e plasmaferese. Além disso que casos de

difícil remissão e controle o rituximab vêm sendo prescrito (CUNHA e BARRAVIERA,

2009).

2.4. ERITEMA MULTIFORME

O Eritema Multiforme (EM) é classificado como uma doença mucocutânea

aguda de ampla variedade clínica, apesar de ser considerado como uma doença

vesículo-bolhosa, pode manifestar lesões ulcerativas eritematosas ou erosivas

(SONIS, FAZIO e FANG, 1996). Os pacientes afetados por essa condição apresentam

sintomas prodrômicos que incluem dor de cabeça, fraqueza, náusea, tosse, faringite,

artraugia e febre alta (ISHIKAWA’S e WALDRON, 1989).

Os pacientes mais acometidos por essa doença são homens entre 20 e 30 anos

de idade (NEVILLE et al., 2009).

Clinicamente o EM inicia-se como placas eritematosas que são acometidas por

necrose epitelial e evoluem para erosões rasas e também ulceras de limites

irregulares. Crostas hemorrágicas na região labial, são comuns nessa condição. Tanto

as lesões orais quanto as de pele surgem rapidamente e geram desconforto para o

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paciente, que por diversas vezes sofrem com desidratação devido a incapacidade de

ingerir líquidos, em decorrência da dor provocada pela lesão oral (NEVILLE et al.,

2009). As regiões da cavidade bucal mais acometidas são lábios, mucosa jugal, palato

e língua (REGEZI e SCIUBBA, 2000).

Microscopicamente observa-se hiperplasia epitelial e espongiose, e também

ceratinócitos apoptóticos basais e parabasais. Na interface entre os tecidos epitelial e

conjuntivo são encontradas vesículas, contudo é possível existir vesiculação intra-

epitelial. Frequentemente observa-se a presença de necrose epitelial. No tecido

conjuntivo surgem alterações como infiltrados inflamatórios constituídos de

macrófagos e linfócitos, nos espaços perivasculares e nas papilas do tecido

conjuntivo. Exames imunopatológicos são inespecíficos no Eritema multiforme, visto

que o epitélio apresenta coloração negativa para imunoglobulinas (REGEZI, SCIUBBA

e JORDAN, 2008).

O EM é diagnostico diferencial de primo-infecção herpética, pênfigo vulgar,

penfigóide benigno de mucosa e penfigóide bolhoso (MARCCUCI, 2012).

O protocolo estabelecido no tratamento de EM consiste em corticosteroides

tópicos, associados a antifúngicos. Há controversa no uso de corticosteroides

sistêmicos nessa lesão, e alguns pesquisadores defendem que ele deva ser contra-

indicado (REGEZI, SCIUBBA e JORDAN, 2008).

2.5. LÚPUS ERITEMATOSO

O Lúpus Eritematoso é uma doença com etiologia desconhecida, que se

manifesta de duas formas básicas: lúpus eritematosos sistêmicos (agudo) e lúpus

eritematoso discoide (crônico). Essa é uma entidade autoimune, onde os pacientes

desenvolvem anticorpos contra muitas de suas células, componentes celulares e

tecidos (LEVY et al., 1987). Muitos pacientes diagnosticados com Lúpus possuem

comprometimento da função renal e cardíaca. Os sintomas comuns incluem febre,

perda de peso, artrite, fadiga e mal-estar generalizado. Cerca de 40 a 50% dos

pacientes afetados apresentam um exantema característico da lesão, em formato

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semelhante a de borboleta sobre a região malar e nasal, sob a exposição solar as

lesões podem se agravar (NEVILLE et al., 2009).

Apesar da etiologia ainda não ser conhecida, a infecção pelo vírus Epstein-Bar

tem sido por vezes relacionada como um dos possíveis fatores desencadeadores do

lúpus eritematosos sistêmicos (LES) (UMBELINO et al., 2010).

De acordo com Neville et al., 2009 e Levy et al., 1987, as mulheres são mais

acometidas pelo Lúpus, sendo que a cada 8 mulheres diagnosticadas, 1 homem

recebe o mesmo diagnóstico. A maior prevalência ocorre em indivíduos na 3ª década

de vida.

Cerca de 5 a 25% dos pacientes apresentam manifestações orais da doença,

sendo que já existem estudos onde esta porcentagem ultrapassa 40% dos casos

(NEVILLE et al., 2009). Clinicamente observa-se ulcerações, eritemas e ceratoses na

mucosa oral. Sendo as áreas frequentemente mais afetadas o vermelhão dos lábios,

mucosa jugal, a gengiva e o palato (REGEZI, SCIUBBA e JORDAN, 2008).

De acordo com Regezi, Sciubba e Jordan (2008), histopatologicamente

visualiza-se a destruição da camada basal no LED. Além de apresentar hiperceratose,

atrofia epitelial, infiltrado linfocitário e dilatação vascular com edema da submucosa.

Aparentemente os queratinócitos basais são o principal alvo nas membranas

mucosas. No LES as lesões orais são microscopicamente semelhantes ao LED,

apesar do infiltrado celular inflamatório seja mais difuso e com menos intensidade.

Além do exame histopatológico, a imunofluorescência direta pode ser realizada

para o diagnóstico de Lúpus. Nesse exame observa-se depósitos granulolineares de

imunoglobulinas (IgG, IgA, IgM), além de C3 e fibrinogênio ao longo da membrana

basal, na maioria dos casos (REGEZI, SCIUBBA e JORDAN, 2008).

As lesões do Lúpus Eritematoso fazem diagnóstico diferencial com as lesões

decorrentes do Líquen Plano Erosivo e do Penfigóide das Membranas Mucosas

(NEVILLE et al., 2009).

No tratamento do LED normalmente faz-se o uso de corticosteroides tópicos, e

em casos refratários podem ser utilizados antimaláricos e sulfonas. Já no LES

esteroides sistêmicos podem ser prescritos, sendo a dose variável de acordo com a

gravidade da doença, e pode ser associadas a agentes imunossupressores (REGEZI,

SCIUBBA e JORDAN, 2008).

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2.6. ESTOMATITE ULCERATIVA CRÔNICA

A estomatite ulcerativa crônica (EUC) é uma doença mediada

imunologicamente, recentemente descrita, que afeta a mucosa oral. O primeiro relato

sobre essa lesão é datado de 1989. A patogênese dessa lesão é ainda desconhecida

(NEVILLE et al., 2009).

De acordo com Wörle et al. (1997) a casuística dessa lesão é tão baixa que

apenas 12 casos haviam sido descritos na literatura. Estudos demográficos apontam

que mulheres leucodermas na idade média estão mais susceptíveis a desenvolverem

essa enfermidade (SALOMON, 2008).

A história clínica dos pacientes que desenvolvem EUC descrevem dolorosas

erosões e ulceras, que sofrem estados de exacerbação e remissão (SALOMON,

2008).

Histologicamente a EUC se assemelha aos achados encontrados no Líquen

Plano, sendo assim o diagnóstico não é conclusivo. Para um padrão outro de

diagnóstico da EUC estabelece-se a Imunofluorescência direta, revela um padrão

único de IgG ligada a núcleos de queratinócitos de camadas basal e parabasal das

células (ISLAM et al., 2007).

A Estomatite Ulcerativa Crônica vem apresentando resistência a tratamento a

base de corticoides, tópicos e sistêmicos, e também a base de medicamentos

imunomoduladores. Porém estudos vem mostrando uma resposta positiva da lesão

quando submetida a terapia a base de hidroxicloroquina (ISLAM, 2007).

2.7. EPIDERMÓLISE BOLHOSA

É constituído por um conjunto de doenças dermatológicas nas quais ocorre a

formação de bolhas ou vesículas na superfície cutânea ou mucosa de forma

espontânea ou após traumatismo discreto (LEVY et al., 1987).

São descritos aproximadamente 25 tipos diferentes da doença, sendo

separados de acordo com defeito específico no mecanismo de adesão entre células

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epiteliais ou na adesão destas ao tecido conjuntivo subjacente. Sendo estes tipos

separados em 4 grandes categorias: simples, juncional, distrófica e hemidesmossional

(NEVILLE et al., 2009).

Sendo que essas 4 grandes categorias possuem origem hereditária, e ainda

existe uma forma adquirida de origem auto-imune não hereditária, denominada

epidermólise adquirida, e não está relacionada com outros tipos (REGEZI, SCIUBBA

e JORDAN, 2008; NEVILLE et al., 2009).

O início da doença ocorre na infância nas formas hereditárias e na adquirida

acontece na idade adulta (REGEZI, SCIUBBA e JORDAN, 2008).

As características histopatológicas diferenciam de acordo com o tipo da doença

examinada. Na microscopia de luz são observadas fendas intraepiteliais na forma

simples da doença, as formas juncional, distrófica e hemidesmossional apresenta

fendas subepiteliais. O padrão ouro para o diganóstico é o exame de microscopia

eletrônica, onde revela-se fendas no nível da lâmina lúcida da membrana basal na

forma juncional; na forma distrófica observa-se a fenda abaixo da lâmina densa da

membrana basal; já a forma hemidesmossional exibe fendas somente abaixo da

camada de células basal, na interface com a lâmina lucida (NEVILLE et al., 2009).

A análise imunohistoquimica pode ser útil na identificação de defeitos

específicos. A avaliação molecular pode ser usada na confirmação de diagnóstico em

alguns casos (NEVILLE et al., 2009).

As lesões que se manifestam na cavidade oral incluem bolhas que

desaparecem deixando cicatrizes, também apresentam constricção da abertura bucal

decorrente da cicatrização e dentes hipoplásicos (REGEZI, SCIUBBA e JORDAN,

2008).

Apesar de não ser considerado um tratamento efetivo aconselha-se o paciente

a evitar traumas, medidas auxiliares de suporte e agentes quimioterápicos. Sugere-se

corticosteroides, vitamina E, fenitoína, retinóides, dapsona e imunossupressores,

como possíveis proporcionadores de benefício ao estado do paciente (REGEZI,

SCIUBBA e JORDAN, 2008).

2.8. DOENÇA DA IgA LINEAR

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Essa dermatose é descrita por Zone (2001) como uma doença bolhosa

adquirida, autoimune, caracterizada pela deposição linear de IgA ao longo da zona da

membrana basal. Desde 1979 todas as lesões bolhosas com clivagem subepidérmica

e depósito linear de IgA ao longo da membrana basal passaram a ser classificadas

como Doença da IgA Linear (ALLEN e WOJNAROWSKA, 2003).

Tal enfermidade pode acometer indivíduos em qualquer idade, porém acomete

com maior frequência pessoas entre a 4ª e 5ª década de vida, sendo que não há

relação com predileção por sexo (ESGUIA DEL VALLE, 2004).

A lesão de manifesta clinicamente por pequenas bolhas que podem se

organizar em forma de anel ou aglomeradas. Essas bolhas podem tomar todo o corpo,

ou alguma região específica. Muitas vezes essas bolhas se dispões de forma que são

caracterizadas como cordão de pérolas. Essas bolhas e ulceras podem também afetar

olhos e bocas, mas não atingem os órgãos internos (BRITISH ASSOCIATION OF

DERMATOLOGISTS, 2013).

De acordo com a Associação Britânica de Dermatologistas (2013) para o

diagnóstico dessa lesão é necessário realizar uma biópsia da área afetada e o material

coletado é submetido a imunofluorescência direta, onde o depósito linear de IgA

poderá ser observado. O diagnóstico clinico dessa entidade é difícil pelo fato dela

mimetizar várias outras lesões bolhosas, como a dermatite herpetiforme.

A partir de estudos baseados em evidências clínicas que quando há o depósito

de IgA existe uma resposta terapêutica positiva à dapsona, mas esse tratamento gera

efeitos colaterais consideráveis, incluindo alterações hematológicas, o que muitas

vezes não permite a sua continuidade. Quando isso ocorre, as principais alternativas

terapêuticas são os glicocorticoides, azatioprina, metotroxate, tetraciclinas,

eritromicina e ciclosporina (SHERIDAN, KIRTSCHIG e WOJNAROWSKA, 2000).

2.9. NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA

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A Necrólise Epidérmica Tóxica (NET) consiste em uma reação muco-cutânea

geralmente induzida por drogas, sendo potencialmente fatal, caracterizada por

necrose e esfoliação disseminadas na epiderme (APPEL DA SILVA et. al., 2006).

Todas as faixas etárias estão sujeitas a essas desordens esfoliativas. No entanto,

a incidência aumentou em idosos e mulheres (FAGAN et.al. 2007), ocorrendo pelo

menos 1000 vezes mais em pacientes HIV positivos (BORCHERS et. al., 2008).

Pacientes com lúpus eritematoso sistêmico também podem ter risco mais elevado,

porém isto se deve a elevada prescrição de medicamentos nesses pacientes

(BORCHERS et. al., 2008).

A NET apresentasse como reações cutâneas graves, acometendo a pele e a

membrana mucosa, caracterizada por exantema eritematoso disseminado, com

acometimento centrífugo, lesões em alvo, acometimento de mucosa oral, ocular e

genital (GHISLAIN e ROUJEAU, 2008). Esta enfermidade é precedida por uma fase

prodrômica que consiste em sintomas de gripe, incluindo febre alta, mal-estar, tosse,

mialgia, artralgia e outros sintomas que podem sugerir infecção do trato respiratório

superior. Esses sintomas podem preceder qualquer manifestação cutânea por 1 a 21

dias, mas geralmente duram 2 a 3 dias (BECKER, 1998).

Acredita-se que em média 80% dos casos sejam induzidos por drogas. Dentre os

fármacos, merecem maior evidência: sulfonamida, alopurinol, carbamazepina,

fenitoína e fenobarbital (LISSIA et. al., 2010).

O diagnóstico é feito primariamente pelas características clínicas observadas e

corroboradas pela história recente de administração de fármacos causadores. Pode

ser confirmado através da análise histopatológica do tecido lesado. Em lesões de

estágio inicial observasse queratinócitos necrosados distribuídos pela epiderme,

enquanto lesões em estágios tardios revelam necrose epidérmica total, acarretando

na formação de bolhas subepidérmicas (BECKER, 1998).

O primeiro e principal elemento que compõe o tratamento da NET é a retirada do

fármaco causador, reduzindo o estímulo inicial para a apoptose. No entanto,

metabólitos de drogas que possuem meia-vida longa podem persistir e reduzir a

sobrevida (GARCIA-DOVAL et. al., 2000). O próximo passo é o manejo destes

pacientes para unidades intensivas de queimados, onde se oferece tratamento e

medidas gerais especiais a extensas injúrias cutâneas e ao acometimento sistêmico

da doença, além da prevenção de infecções cutâneas e sistêmicas (CHAVE et. al.,

2005).

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2.10. TRATAMENTO

No tratamento deste grupo de enfermidades, o uso de fármacos do tipo

glicorticoides vem se destacando. Os glicorticoides são hormônios esteroides com

núcleo básico, podendo ser sintéticos ou produzidos no córtex da glândula adrenal

(forma natural). Devido as suas propriedades anti-inflamatórias e imunossupressoras,

é a classe medicamentosa de maior escolha (ANTONOW, MONTEIRO e ARAUJO,

2007; FREITAS e SOUZA, 2007).

O uso clinico e suspensão dessa classe de medicamentos são complicados por

inúmeros efeitos colaterais, o que pode acarretar riscos ao paciente. Dentre esses

feitos colaterais pode-se citar: diabetes melito; supressão adrenal; ganho de peso;

osteoporose; ulceras péticas; intensas oscilações de humor; aumento na

susceptibilidade de uma grande quantidade de infecções (KIRK et al., 2002 e

NEVILLE et al., 2009).

No que se diz respeito as lesões dermatológicas esse tipo de remédio pode ser

prescrito na forma tópica ou sistêmica, de acordo com a severidade dos sintomas

(CUNHA e BARRAVIERA, 2009; DURIGHETTO JR. et al., 2011).

O paciente usuário da terapia baseada em glicocorticoides apresenta boa

resposta ao tratamento, sendo que alguns apresentam remissão completa dos

sintomas por determinado período de tempo (DURIGHETTO JR. et al., 2011).

Usualmente esse tratamento consiste inicialmente na administração de altas

doses de corticosteroides sistêmicos para eliminação das lesões. Após a remissão da

lesão são prescritas baixas doses do fármaco, para controlar a condição (NEVILLE et

al., 2009).

Quando o diagnóstico é realizado de forma precoce o cirurgião-dentista poderá

prescrever corticosteróides potentes por via tópica, seja na forma de bochechos e/ou

pomadas, aplicados de duas a três vezes por dia, o qual poderá controlar a doença e

garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente (NICO et al., 2011).

Além dos glicocorticoides, iniciou-se estudos e pesquisas sobre o efeito e

segurança de drogas imunobiológicas no tratamento de doenças auto-imunes. Hoje

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em dia várias substâncias (infliximabe, rituximabe, abatacepte e tocilizumabe, por

exemplo) com diferentes mecanismos de ação e vias de administração são prescritas

e o seu uso vem se tornando cada vez mais frequente em especialidades como a

reumatologia, gastroenterologia e dermatologia (MOSS et al., 2014).

Os tratamentos convencionais, podem provocar efeitos colaterais graves ao

paciente, principalmente os diagnosticados com Lúpus. Buscando amenizar tais

efeitos os medicamentos imunobiológicos vêm se destacando. Esses medicamentos

incluem diversas classes de mecanismos de ação, como inibidores de citocinas pró-

inflamatórias, agentes que atuam sobre as células B, sobre a coestimulação de células

T e sobre o sistema complemento (BORBA, 2013).

Alguns desses mecanismos de ação também podem provocar reações não

desejadas, como infecções, citopenias e neoplasias. Porém mesmo com riscos

susceptíveis, uma satisfatória relação risco-benefício tem sido descrita em trabalhos

(KEYSTONE, 2005).

Apesar da falta de evidências na literatura sobre o uso de imunossupressores

no tratamento de doenças dermatomucosas (Jessop, Whitelaw e Jordan, 2001), há

uma melhora em lesões graves que aparentam ser irreversíveis. Em lesões como o

Lupus, esta terapia constitui a terceira linha de tratamento (Ribeiro et al., 2008).

Os inibidores tópicos da calcineurina, tacrolimus e pimecrolimus foram

introduzidos na terapêutica de doenças autoimunes, principalmente o Líquen Plano

Oral, no início da década passada. São imunossupressores tópicos que têm sido

empregados como poupadores de esteroides e têm apresentado resultados

terapêuticos interessantes. A pomada de tacrolimus é utilizada na concentração de

0,1% e a pomada de pimecrolimus é utilizada na concentração de 1%. A aplicação

deve ser feita 2 vezes ao dia, podendo ser aumentada para 4 vezes ao dia até

remissão ou alívio sintomático. Queimação e ardor no local de aplicação, são alguns

dos efeitos colaterais desses fármacos (NICO et al., 2011).

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

A amostra foi composta por 84 (4%) pacientes portadores de

doenças mucocutâneas de 2078 biópsias realizadas no Serviço de Estomatologia da

Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), sediado na policlínica Piquet

Carneiro, entre os anos de 1999 e 2012. Todos os pacientes apresentavam

diagnósticos clínico e histopatológico de alguma doença mucocutânea. Foram

coletados dados demográficos e clínicos a partir do acesso aos prontuários, como:

sexo, cor de pele, idade e localização da lesão. Antes da realização de qualquer

procedimento, foi pedida a autorização do paciente ou responsável mediante a

assinatura do termo de consentimento. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Registro CEP nº 020/09).

Todos os dados e informações obtidas foram incluídos no banco de dados

(Microsoft Office Excel 2007) para análise. As descrições estatísticas das variáveis

estudadas foram feitas por meio de proporções (quando as variáveis foram

categóricas) e de médias, desvios padrões, valores mínimo-máximo, moda e

medianas (quando as variáveis forem numéricas).

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4. RESULTADOS

A amostra foi constituída por 84 (4%) pacientes de 2078 biópsias revisadas,

prevalecendo o sexo feminino com 65 (77%) casos e cor de pele branca com 47

(69%). A idade variou de 21 a 100 anos com média de 52 anos (desvio padrão = ±15).

O líquen plano foi a lesão mais frequente com 64,3%, seguido do pênfigo vulgar com

16,7%, penfigóide com 14,3%, lúpus com 2,4% e eritema multiforme com 2,4%. A

localização mais comum foi a mucosa jugal com 31 casos.

O Líquen Plano oral foi observado em 54 pacientes, aproximadamente 2,6% da

amostra total do estudo. Sendo sua maioria constituída por mulheres (76%), idade

média de aproximadamente 50 anos. Sua localização mais comum foi em mucosa

jugal e suas manifestações foram encontradas principalmente em leucodermas.

Figura 1. Aspecto clinico das lesões intraorais: A. Líquen Plano, B. Pênfigo Vulgar, C. Pênfigoide, D. Eritema Multiforme e E. Lúpus

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O Pênfigo Vulgar foi a segunda lesão em número de casos, 14, o que

representa 0,67% das 2078 biópsias analisadas. Estes eram, em sua grande maioria,

mulheres (86%), com idade média aproximada de 52 anos. Deste total, houve um

discreto predomínio de leucodermas (53%). Além disso, as lesões apresentavam uma

distribuição uniforme entre os diferentes sítios orais, podendo ser classificados em

ordem decrescente: mucosa jugal, gengiva, língua, mucosa labial e palato.

A terceira enfermidade mais encontrada, seguindo de perto o pênfigo vulgar,

foi o Penfigóide de Membranas Mucosas, aproximadamente 0,57% da amostra total.

Assim como as outras dermatoses abordadas, esta demonstrou predominância em

pacientes do sexo feminino (83%), com média de idade de 63 anos, leucodermas

(90%) e distribuição prevalente em gengiva.

Tanto o Eritema Multiforme e o Lúpus Eritematoso tiveram uma baixa

prevalência em nosso estudo, apresentando dois casos cada, constituindo assim

aproximadamente 0,09 do total da amostra. Encontrados em igual distribuição, sem

prevalência por gênero, ou etnia. A amostra de paciente com Eritema Multiforme foi

composta por pacientes jovens, com média de idade de 21 anos, e com manifestações

localizadas principalmente em lábio. Nos pacientes com Lúpus Eritematoso, a idade

média foi de 57 anos e suas manifestações foram observadas somente em lábio

inferior.

Já lesões como a Estomatite Ulcerativa Crônica, a Doença da IgA Linear, a

Epidermólise bolhosa, entre outras condições dermatomucosas não foram descritas

dentro da amostra que foi analisada nesse trabalho.

Gráfico 1: Prevalência das lesões orais em pacientes com doenças dermatomucosas

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Gráfico 2: Prevalência das áreas acometidas pelas lesões orais

Gráfico 3: Distribuição das lesões orais de acordo com o gênero

Gráfico 4: Prevalência das lesões dermatomucosas.

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5. DISCUSSÃO

As lesões dermatomucosas discutidas e analisadas caracterizam-se por serem

lesões imunologicamente mediadas, ou seja, auto-anticorpos combatem células da

estrutura epitelial, desencadeando essas manifestações clínicas, como descrito por

Neville et al. (2009). A etiologia dessas lesões não são totalmente conhecidas, e

existem hipóteses sobre a relação genética, estilo de vida e fatores biológicos que

podem desencadear tais reações.

Os resultados obtidos vão ao encontro das prevalências relatadas na literatura.

O sexo feminino é o sexo mais acometido por essas lesões, como também descrito

pelos trabalhos de Freitas et al. (2011) onde 63,4% dos casos analisados eram

mulheres, entre a 3ª e a 5ª década de vida.

A lesão mais diagnosticada dentro do grupo de doenças dermatomucosas foi o

Líquen Plano, representando 2,6% dos diagnósticos, sendo que também é desordem

mais comum nos estudos de Regezi, J.A.; Sciubba J.J.; Jordan, R.C.K., (2008) e

Souza e Rosa (2014), variando entre 0,2% e 2% dos casos. No que se diz respeito ao

Líquen Plano a localização predominante, sexo, idade e etnia, corroboram aos

resultados obtidos no artigo de Oliveira Alves et al. (2010), Neville et al., (2009),

Durighetto JR. et al. (2011) e Sousa e Rosa (2014), onde a lesão foi diagnosticada

principalmente em mulheres brancas de meia idade, e na maioria dos casos localizada

em mucosa jugal. No entanto segundo Levy et al., (1987) e Regezi, J.A.; Sciubba J.J.;

Jordan, R.C.K., (2008), essa lesão não apresenta predileção por sexo.

No estudo de Shamin T. et al. (2008) o Pênfigo Vulgar acometia principalmente

o sexo feminino com idade média de 42 anos não ocorrendo predileção por local,

assim como o que foi descrito pelo atual estudo. No estudo de Miziara ID et al.,2003,

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também há uma maior prevalência pelo sexo feminino onde a incidência em mulheres

era de 9 mulheres diagnosticadas para cada 1 homem. Para Sonis, Fazio e Fang,

(1996) e Regezi, J.A.; Sciubba J.J.; Jordan, R.C.K., (2008), determinam que não haja

prevalência de sexo nessa entidade, porém os primeiros autores dizem que os

pacientes mais acometidos estão acima dos 60 anos, já para os segundos há uma

predileção por pacientes entre a 4ª e 5ª década de vida. Dos casos analisados 53%

eram pacientes leucodermas, prevalência também exposta por Arisawa et al. (2008)

onde 75% dos pacientes eram brancos.

O PMM, teve maior prevalência em mucosa gengival de mulheres com idade

entre 50 e 60 anos, corroborando com a literatura, onde no trabalho de Freitas et al.

(2011), onde 80% dos pacientes diagnosticados eram do sexo feminino, sendo a

mucosa jugal e a gengiva os sítios anatômicos mais acometidos. Dados também

confirmados nos estudos de Sonis, Fazio e Fang (1996), Bagan (2005) e Neville et

al. (2009).

Sobre o Eritema Multiforme a idade média de prevalência dessa lesão

estabelecida foi de 21 anos, o que está de acordo com a prevalência apontada pela

literatura, no trabalho de Gavaldá-Esteve C., Murillo-Cortés J., Poveda-Roda R.

(2004), onde a prevalência é maior em indivíduo jovens, entre a segunda e terceira

década de vida. A idade média encontrada pelo estudo também corrobora com a idade

média determinada por Sonis, Fazio e Fang (1996) e Neville et al. (2009), sendo que

para esses autores o sexo masculino é mais acometido, quando no presente estudo

não foi possível determinar predileção por sexo. Segundo Regezi, J.A.; Sciubba J.J.;

Jordan, R.C.K. (2008) os adultos jovens são os mais afetados, sendo lábios, mucosa

jugal, palato e língua os sítios mais acometidos, sendo que os resultados obtidos os

sítios se restringem aos lábios.

O Lúpus Eritematoso é descrito com uma prevalência maior no sexo feminino,

como apresentado no estudo de NM Ruth, 2011 e Umbelino JR et al. (2010). Para

Neville et al. (2009) as mulheres são de 8 a 10 vezes mais acometidas do que os

homens. Porém com o baixo número de casos analisados dessa lesão não foi possível

definir o sexo prevalente. Ainda de acordo com NEVILLE et al. 2009, a idade média

dos pacientes é de 31 anos, acometendo principalmente palato, mucosa jugal e

gengiva, diferenciando dos resultados obtidos, onde a idade média foi de 57 anos e

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as lesões foram observadas apenas em lábio inferior. Para Umbelino JR et al. (2010)

a idade média é de 45,9 anos.

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6. CONCLUSÃO

O Líquen Plano é a doença dermatocutânea com maior prevalência,

acometendo cerca de 2% da população. As mulheres, principalmente leucodermas

caracterizam-se como o grupo mais afetado por esse tipo de desordem dermatológica.

Sendo que a manifestação oral dessas doenças ocorre primeiro que manifestações

cutâneas, na grande maioria das vezes. Inclusive a lesão pode se restringir a cavidade

bucal.

Apesar de todo o desconforto causado por causa das lesões, o dentista deve

sempre incentivar ao paciente sobre a higienização adequada da boca e dos dentes,

o alertando sobre os riscos de desenvolver doenças periodontais e exacerbação das

lesões, devido a higienização pouco eficaz.

Um exame clínico minucioso da cavidade oral é imprescindível para um

diagnóstico correto e precoce dessas lesões. Assim é possível ao cirurgião dentista

esclarecer e se necessário indicar o paciente ao dermatologista. O diagnóstico precoce

e correto tratamento são fundamentais para um melhor prognóstico e

consequentemente melhor qualidade de vida ao paciente.

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ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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BORBA, Helena Hiemisch Lobo. Revisão sistemática e meta-análise da eficácia e segurança dos imunobiológicos no tratamento do lúpus eritematoso sistêmico.

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Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Paraná, 2013.

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