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VÍRUS PLANETÁRIO Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça R$ 5 edição nº 25 julho 2013 Entrevista Inclusiva_Black Bloc_Violência contra a violência policial e opressão do capital Com conteúdo do MEDIA FAZENDO Um levante anticapitalista, como não se via há décadas, sacode o Brasil Não desaprendemos a sonhar Edição Digital reduzida. Clique aqui - www.tinyurl.com/25impressa para adquirir a edição impressa pela internet e receber em casa Clique aqui - www.tinyurl.com/25digital para comprar a edição digital completa. Clique aqui - www.tinyurl.com/revistavirusplanetario para assinar a Vírus!

Prévia edição 25 Revista Vírus Planetário

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Vírus PlanetárioPorque neutro nem sabonete, nem a Suíça

R$5edição

nº 25julho2013

Entrevista Inclusiva_Black Bloc_Violência contra a violência policial e opressão do capital

Com conteúdo do

MEDIAFAZEN

DO

amanhã será maior!Um levante anticapitalista, como não se via há décadas, sacode o Brasil

Não desaprendemos a sonhar

Edição Digital reduzida.

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Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas.

Vamos barrar os leilões do petróleo!

Participe do abaixo-assinado:www.tinyurl.com/nao11leilao

www.sindipetro.org.br

Notícias da campanha:www.apn.org.br | www.tvpetroleira.tv

organização:

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ExPEdiEntE:Rio de Janeiro: Aline Rochedo, Ana Chagas, Artur Romeu, Bruna Barlach, Beatriz Noronha, Caio Amorim, Catherine Lira, Chico Motta, Cristiano Magalhães (fotografia), Eduardo Sá, Gabriel Bernardo, Ingrid Simpson, Julia Campos, Julia Maria Ferreira, Livia Valle, Maria Luiza Baldez, Mariana Gomes, Matheus Lara, Miguel Tiriba, Noelia Pereira, Raquel Junia, Seiji Nomura e William Alexandre | Mato Grosso do Sul: Marina Duarte, Tainá Jara, Jones Mário, Fernanda Palheta, Eva Cruz e Juliane Garcez | Brasília: Alina Freitas, Edemilson Paraná, Luana Luizy, Mariane Sanches e Thiago Vilela | São Paulo: Ana Carolina Gomes, Duna Rodríguez, Gustavo Morais (ilustrações), Jamille Nunes, Jéssica Ipólito, Luka Franca e Sueli Feliziani | Minas Gerais: Ana Malaco, Laura Ralola e Paulo Dias diagramação e projeto gráfico: Caio Amorim ilustrações: Adriano Kitani (SP), André Dahmer (RJ), Aroeira(RJ), André Dahmer(RJ), Diego Novaes(RJ), Paulo Marcelo Oz(MG), Rafael Balbueno(RS), Rafael Costa(RS) Revisão: Bruna Barlach e Aline Rochedo Capa: Foto de Julia Maria Ferreira

Conselho Editorial: Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria de Imprensa do

Sindicato Estadual dos Profissionais de Edução do Rio de Janeiro (SEPE-RJ)

Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principal-

mente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas

necessária para os virgens de Vírus Planetário:

Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é

nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso

estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcia-

lidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim,

parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas exclu-

ídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opres-

são. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível

gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor

é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas

batalhas do cotidiano.

Afinal, o que é a Vírus Planetário?

Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario

A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 3164-3716#Tiragem: 2.000 exemplares

#Impressão:

www.virusplanetario.com.br

Anuncie na Vírus: [email protected]

Siga-nos: twitter.com/virusplanetario

ComuniCação e editora

O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem

o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a

humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acredi-

tamos que com mobilização social, uma sociedade em que

haja felicidade para todos e todas é possível.

Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media (www.fazendome-dia.com) e nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.

Correio

>Envie colaborações (textos, desenhos, fotos), críticas, dúvidas, sugestões, opiniões gerais e sobre nossas reportagens para

[email protected]

Queremos sua participação!

Viral

Page 5: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

Editorial

Amanhã será maior

Um estranho sentimento nos atravessa no presente: não existe melhor momento para se estar vivo. Após a redemocratização, vimos gradualmente um Brasil neoliberal tornando-se não menos militarizado, cada vez mais privatizado e sentenciador. Na medida em que perdía-mos paulatinamente as esperanças de lutas tão insistentes de outrora, assistíamos ao surgimento de desafios cada vez mais duros. Em pleno ano de 2013, ainda vivemos resquícios das chacinas de décadas ante-riores, ainda vemos uma Maré em luto, pagando o preço de um Brasil enfraquecido que de repente se levanta com seus diversos focos de insurgência. Acreditamos estar diante de um dos momentos mais difíceis, mais cruciais, e também dos mais resistentes já vividos, pelo menos para um início de século, dada a anestesia em que muitos se encontravam – a geração “saímos do facebook” vai ao encontro da geração que já dizia há muito tempo no morro, “no dia que a favela descer, a cidade vai parar”.

Quando câmaras legislativas são ocupadas, agências bancárias apedrejadas, barricadas armadas e centenas de milhares vão às ruas e retornam, mesmo após viver na pele o poder de fogo da polícia e sua ilusória não-letalidade, pelas manifestações, sabemos que há um novo Brasil de luta surgindo. Só se fala disso: em toda mesa de bar, em todo perfil de facebook, em aulas pelas escolas e universidades, reuniões familiares, esquinas e camelôs – e até no Leblon, bairro nobre onde mora o Governador do Rio, Sérgio Cabral. Da Turquia ao Brasil, estamos produzindo outros modos de lutar, de criar coragem, de estar na rua, de viver junto. Pois houve quem passasse um dia sem cumprimentos. Já hoje, levamos vinagre para a passeata, pois sabemos que alguém irá precisar em algum mo-mento – assim como roupas saqueadas (que momento...). Cada Amarildo desaparecido nas favelas e periferias de todo o Brasil nos importa MUITO e movimentamos meio mundo (na verdade bem mais que isso, como vemos no facebook) para achar e não aceitar nenhum direito a menos. Cada mãe moradora de favela que perde seu filho e sangra uma vida inteira pela brutal injustiça nos é nossa mãe, nossa filha, nossa irmã.

Os gritos são vários. A partir dos exemplos de Porto Alegre e São Paulo, acabamos com o aumento das passagens no Rio de Janeiro. Mas ainda não paramos. Abrimos mão das leis de ex-ceção da Copa, queremos desmilitarizar a polícia e saber onde está Amarildo. Queremos que Cabral e Paes caiam, assim como todo o retrocesso dos direitos das mulheres e dos homossex-uais. Queremos que a esquerda se revigore, e mais, que seja respeitada, sem ser criminalizada como muitos companheiros foram por esses últimos meses. Mesmo sem saber para onde iremos, insistimos: todos temos uma certeza, há um estranho sentimento, uma nova coragem, uma criatividade, uma feli-cidade em se estar vivo. Pois é possível lutar, e descobrir-se cada vez mais coletivo. A Revista Vírus Planetário, desde o início presente pelos atos e passeatas, apoia o povo brasileiro e seu momento mais do que esperado. Somos todos Aldeia Maracanã, ainda; e somos todos inesquecíveis, insistentes, inesgotáveis. Parafraseando Sérgio Sampaio: Não tiremos o bloco da rua, brinquemos, botemos pra gemer

Sumário(da edição completa)

7 Ana Enne_ O ano em que parte

do Brasil entendeu que precisa

ocupar e ser a mídia

8 Internacional_A venda do

Parque Gezi a R$0,20

11 Bula Cultural_Indicações e

Contraindicações

12 Bula Cultural_Música e

Reistência #2 Música também é

protesto

16 Fazendo Media_ O maior dano

que se tem ao patrimônio é o dano à

dignidade humana

20 Sórdidos Detalhes

22 Brasília_Lutar não é crime

25 CAPA_Movimentos Sociais_O

povo nas ruas

30 Política_Jacobino ou Girondino

32 Política_A Copa não é nossa

36 Entrevista Inclusiva_Black Bloc

38 Traço Livre

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Page 6: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

Ana Enne é professora do departamento de Estudos Culturais e

Mídia da Universidade Federal Fluminense

(UFF), jornalista formada pela PUC-Rio e doutora em Antropologia pelo

Museu Nacional (UFRJ).

AnA EnnE

Uma vez, preenchendo um do-cumento em um cartório, quando perguntada sobre minha profissão, respondi: “professora”. Lembro-me de meu pai me questionando: “mas você também é jornalista! Por que você nunca responde isso?”. Na hora respondi que era em parte por ter muito orgulho de ser professora, mas por também não ter me identificado com a profissão de jornalista, que eu escolhera por sonho e por considerar um dos ofícios mais importantes da história moderna. Mas a vida pro-fissional foi tão decepcionante que abandonei o jornalismo e, de forma geral, passei a considera-lo um em-buste.

Quando o Centro de Mídia Inde-pendente, há anos, criou seu sen-sível e preciso slogan, “Não odeie a mídia, seja a mídia!”, muitos de nós o adotamos como lema diário e forma de ação. Venho insistindo so-bre esse ponto, assim como muitos companheiros, com frequência: a luta

política necessariamente passa pela cultura, pelo simbólico, pela produção de sentido, pelo direito à significação. Por esta via, disputar as formas de expressão e comunicação é funda-mental, pois sem o direito à voz, à fala, ao texto, à imagem, sem a liber-dade do dizer, nos quedamos sub-metidos à hegemonia discursiva dos que constroem as representações dominantes. E sem acesso aos meios para divulgar as contra-vozes, as dis-sonâncias, os outros pontos de vista, a diversidade e as múltiplas represen-tações, ficamos presos ao poder mo-nopolista de divulgação daqueles que

controlam as informações e a pro-dução das ditas “verdades”, muitas vezes mentiras ideológicas, interesses políticos e econômicos, estratégias de distinção e submissão do outro.

A luta pela democratização da co-municação tem sido, dessa forma, pauta constante de diversos movi-mentos sociais já há décadas. E na corrente de protestos que varam o Brasil nas últimas semanas, essa pau-ta se transformou em emergente, gri-tante, pulsante, saindo das salas de aula dos cursos universitários mais críticos, das mobilizações mais seg-

2013:

ilustração: André dahmer

O ano em que parte do Brasil entendeu que precisa ocupar e ser a mídia

“ As grandes emissoras de televisão mentem, as grandes revistam mentem, os grandes

jornais mentem!”

Vírus Planetário - julho 20136

Page 7: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

mentadas, dos “exércitos de brancaleones”, den-tre os quais me orgulho de ser parte ativa, que há tempos vêm chamando a atenção para isso. A escandalosa, mentirosa, aviltante cobertura da grande mídia hegemônica sobre os protestos escancarou o que não dá mais para esconder: as grandes emissoras de televisão mentem, as grandes revistam mentem, os grandes jornais mentem! Mentem (ou se omitem e silenciam, e não esqueceremos essa covardia) porque têm interesses, mentem porque estão alinhadas ao grande capital, mentem porque parte de seus profissionais nada pode fazer porque é submeti-do às regras do mercado e parte não tem vergo-nha na cara, endossando de forma vergonhosa a mentira que alimenta o senso comum, perpetua as injustiças, mantém essa desigualdade históri-ca acintosa. Não tem vergonha na cara porque não honram o juramento que fizeram como jor-nalistas, de lutar por uma sociedade mais de-mocrática e justa, de buscarem a verdade, de valorizarem a vida sempre. Não tem vergonha na cara porque não são dignos de seus outros tantos companheiros de profissão que lutam, se colocam, não aceitam as ordens hegemônicas, valorizam essa profissão tão importante nas conquistas da modernidade, muitos dos quais tenho a honra e o privilégio de conhecer.

Ações como a dos valorosos anônimos que filmaram e transmitiram ao vivo as manifesta-ções, como a do NINJA (Narrativas Independen-tes, Jornalismo e Ação), bem como os depoi-mentos, fotografias, posts, comentários, vídeos, artigos postados em sites, blogs, redes sociais, jornais e revistas alternativas, compartilhados, distribuídos, re-apropriados, discutidos, nos lem-braram mais uma vez que o jornalismo é vida, é prática, é luta. Dentre os muitos ganhos que as recentes manifestações públicas nos trouxeram, destaco neste momento esta: elas estão fazen-do cair as máscaras do jornalismo mentiroso e capacho e fazendo renascer um jornalismo de espírito, aquele que um dia me fez me apaixo-nar e escolher essa profissão. Esse jornalismo me representa e me enche de orgulho. E é em nome dele que precisamos dizer não só “Seja a mídia”, de forma independente e anônima nas múltiplas redes sociais, mas precisamos e temos o dever de lutar pela democratização da comu-nicação, incluindo aí a luta contra o monopólio da comunicação de massa, inconstitucional, ile-gítimo e injusto. “O monopólio da mídia sufoca a liberdade de expressão”, dizia uma das faixas dos protestos. “Ocupe a mídia”, dizia outra. É isso aí, estamos na luta.

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Vírus Planetário - julho 2013 7

Page 8: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

ingerir em caso de marasmo

ingerir em caso de repetição cultural

ingerir em caso de alienação

POSOLOGIA

manter fora do alcance das crianças

nocivo, ingerir apenas com acompanhamento médico

extremamente nocivo, não ingerir nem com prescrição médica

Bula cultural algumas recomendações médico-artísticas

ContraindicaçõesOrganizações fascistas na internet Não é nenhuma novidade

que a internet é o antro da diversidade ideo-lógica e como ferramenta pode ajudar e mui-to nas mobilizações mas, ao mesmo tempo, também potencializa a criação e articulação de grupos perigosos. Com as manifestações dos últimos meses diversos grupos fascistas têm se organizado em páginas do facebook para tentar se apropriar do movimento e di-zer “não ao comunismo que ameaça família brasileira.”

Facebook A rede social não é segura (vários usuários

são monitorados por agências governamen-tais) e tem uma política de publicação de conteúdo que reproduz o falso moralismo machista e homofóbico. Mas nos últimos me-ses a situação piorou: além de não bloquear páginas e imagens de opressão e discurso de ódio ainda deixou quase todas as páginas dos veículos de esquerda sem acesso às suas con-tas. Nunca é demais lembrar que no facebook nós não somos os clientes, nós somos os pro-dutos! E produtos não tem direitos.

IndicaçõesHumoristas de esquerda

Na contramão da onda do “humor” que apela para as opressões

e para o senso comum para arrancar risadas

fáceis e alienadas, dois humoristas de

esquerda se destacaram no último período:

Rafucko e PC Siqueira. Rafucko, humorista

e militante já há tempos tem usado de seu

humor como ferramenta de luta política.

Durante os protestos não foi diferente, tanto

que acabou sendo detido pela PM. Confira seu

trabalho em www.rafucko.com. Já PC Siqueira

surpreendeu a todos ao lançar no seu canal -

www.youtube.com/maspoxavida um vídeo

se posicionando, pela esquerda, a favor

dos protestos e explicando de forma

incrivelmente didática o que é direita

e esquerda. O vídeo já teve quase dois

milhões de acessos.

“Eu sou passiva, mas meto bala”

A música “é uma declaração de guerra das bichas do terceiro

mundo”, uma música de protesto bem-humorada e irreverente

que a drag K-trina Erratik compôs contra os pastores homofóbicos

que, indo contra a lei que diz que vivemos num país laico, tentam

legislar contra os direitos da diversidade sexual e de gênero. Um

dos melhores hits do momento, mostra que no que depender do

movimento LGBTT a homofobia não passará!

Tom Zé “Convite à Pira-

pora”, “Transporte Rock”, “Povo Novo” e “Discurso do Papa”. Em tempos de tanta movimentação po-lítica com milhões de pessoas indo as ruas primeiro para protestar pelos seus direitos, Tom Zé não se conteve e acompa-nhando o ritmo dos movimentos lançou quatro novas músi-cas, três delas sobre os protestos dos últi-mos meses e uma sobre a relação do papa (e da Igreja) com os in-

teresses financeiros. Tom Zé é Tom Zé, sem medo de ser polêmico

consegue, aos 76 anos, continuar na vanguarda musical brasileira.

A diferença entre Julian Assange (à esquerda), diretor do Wikileaks, que revela planos importantes dos países imperialistas e Marc Zuckerberg (à

direita), criador e dono do facebook

Vírus Planetário - julho 20138

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Page 10: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

O maior dano que se tem ao patrimônio é o dano à dignidade humana

Março de 2013 | Ano 10 | Número 104 | www.fazendomedia.com | [email protected]

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Por Aline Rochedo e Eduardo Sá

Estamos acompanhando, desde as primeiras manifestações, os pro-cessos dos jovens presos de forma arbitrária e ilegítima pela polícia após as passeatas. Os manifestantes vêm sofrendo violência física e simbólica por parte da polícia e da mídia, res-pectivamente.

Diante da repercussão dos casos em redes sociais e mídias alterna-tivas, a mídia comercial procurou, insistentemente, para entrevistas, os advogados da organização não -governamental DDH (Instituto de Defensores dos Direitos Humanos), cuja sede abriga a redação da Revis-

ta Vírus Planetário e que advogam ativamente na defesa desses ca-sos. Algumas coletivas aconteceram, mas as informações não chegaram ao grande público. O que notamos foi uma constante utilização do dis-curso oficial do Estado como única versão nos noticiários desses meios,

a média que a mídia faz

Ignorar, cooptar e criminalizar: palavras de ordem da mídia hegemônica

Comunidade do Horto, próxima ao Jardim Botânico e à sede da Rede Globo na zona sul carioca, na luta contra as remoções. | Foto: Luiz Baltar

Vírus Planetário / fazendo media - julho 201310

Page 11: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

reforçando o estereótipo criminal de perseguição aos integrantes das manifestações e aos movi-mentos sociais.

A cobertura nas mídias tradicio-nais incita a divisão nos atos de protesto, atribuindo um cenário de “bons” e “maus” manifestantes. Criminalizando grande parte dos movimentos sociais envolvidos, estimula as reações virulentas que vêm sendo cometidas pelas forças policiais, mostrando um jornalismo omisso no que concerne a ações de repressão dos governos do es-tado do Rio de Janeiro, São Paulo e outros - ocorridas de forma de-liberada e contínua.

Um exemplo desta prática foi o caso dos estudantes Caio e Juliana, no Rio de Janeiro, presos nos protestos do dia 17 de junho, quando mais de 300 mil pessoas foram às ruas. Aluno de Engenha-ria Metalúrgica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Caio Brasil Rocha, de 19 anos, ficou retido na Cadeia Pública Bandeira Stampa, no Complexo Penitenci-ário de Gericinó, Rio de Janeiro. Juliana Isméria Campos Vianna, de

20 anos, amiga de Caio, graduanda de História na Universidade Federal Fluminense (UFF), permaneceu na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no mesmo Complexo de Gericinó. Ambos acusados de roubo e formação de quadrilha.

A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária do Rio de Ja-neiro (Seap) divulgou para a mídia fotos dos estudantes presos e com uniformes de presidiários. Juliana e Caio desconheciam a divulgação pela grande imprensa e estavam indignados com a forma pela qual os fatos estavam sendo veiculados. “Estou muito preocupada com a imagem que a mídia está fazendo da gente e ainda generalizando tal imagem a outros jovens que estavam na manifestação”, conta Juliana.

Os estudantes negaram que tenham praticado furto ao final da manifestação realizada no centro do Rio. Não deram detalhes da de-tenção, pois relataram que irão provar a inocência apenas diante do júri. Para Juliana, foi válido participar da Manifestação e mostrar o que o governo tem feito para reprimir os manifestantes. “Eu não me arre-pendo de ter sido presa e só não volto às ruas neste momento porque preciso proteger a minha imagem, já que a mídia destorceu totalmente os fatos. O povo continuará nos agredindo com o que a mídia está construindo”, criticou.

Caio, que é ligado ao Partido Comunista Revolucionário (PCR), expli-cou que sua fiança, de R$ 2 mil, foi paga por três entidades sindicais com a ajuda de colegas de universidade. Já Juliana teve sua fiança de mesmo valor paga pela Associação dos Docentes da UFF, ADUFF. Os advogados do DDH, junto a um coletivo de voluntários da OAB, estão de plantão atuando de forma ativa e voluntária na defesa dos direitos humanos nos casos de prisões arbitrárias.

“ Há uma constante utilização do

discurso oficial do Estado como

única versão nos noticiários”

“Nem tão violentos como dizem, nem pacíficos

como desejam”

Foto: Julia Maria Ferreira

Vírus Planetário / fazendo media - julho 2013 11

Page 12: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

nico. Até jornalistas independentes e da mídia tradicional, que chegou um pouco depois, também sofre-ram no conflito. O repórter do jor-nal A Nova Democracia saiu ferido na perna. A cena era de guerra em Laranjeiras, com várias barrica-das pelas ruas. Este cenário con-tinua a se repetir nos diferentes protestos até o fechamento desta edição.

Segundo George Orwell, “Jorna-lismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”. Não é novi-dade dizer que a posição da mídia corporativa tem cumprido um pa-pel estratégico ao ignorar os rela-tos do povo. Nenhuma voz envol-vida nos conflitos ou de pessoas que lhes são solidárias é ouvida, de modo a apresentar apenas um lado da história. Priorizando um relato ‘oficial’ das manifestações, trazido pelas agências estatais, ela reforça a posição do governo. Re-produz sistematicamente os ter-mos “vândalos”, “baderneiros”, “de-predação”, e não explica por que os alvos são sempre os mesmos: bancos, pontos de ônibus, postos da polícia e, sobretudo, palácios e assembleias.

As manifestações representam a força do direito expressivo de “dizer” que estão nas ruas: seja

MEDIAFAZEN

DO

Outros casos de pri-sões arbitrárias foram pre-senciados: cidadãos que transitavam pelas ruas no momento das manifes-tações, como mendigos, pessoas com problemas de esquizofrenia e sem docu-mentação. No protesto de 11/07 que ocorreu no Palá-cio Guanabara, sede do go-verno estadual do Rio de Janeiro, mais de 20 jovens foram presos. Detidos no mesmo local, moradores dos prédios no entorno piscavam as luzes e batiam nas panelas em solidariedade aos manifes-tantes. Alguns advogados os acompanharam até a 5ª DP, onde presta-ram depoimento e foram liberados.

A reportagem presenciou uma repressão truculenta por parte dos policiais, que ocuparam as ruas ao redor do palácio com centenas de agentes. Dois caveirões, um caminhão com jato d’água, dezenas de mo-tos e carros militares, além dos furgões para levar os presos. Presença da Força Nacional, Tropa de Choque e Polícia Militar, alguns deles sem identificação na farda e usando capuz, além de outros à paisana. Muito gás lacrimogênio, tiros de borracha e pistolas de choque. Revistas indis-criminadas, prisões arbitrárias, pessoas agredidas e moradores em pâ-

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Jornalismo Democrático X Imprensa Omissa

“ Eu não me arrependo de ter sido presa e só não volto às ruas neste momento porque

preciso proteger a minha imagem, já que a mídia destorceu totalmente os fatos.” - relata a

estudante Juliana Vianna

Vírus Planetário / fazendo media - julho 201312

Page 13: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

Juliana, estudante presa por se manifestar em coletiva para a imprensa que nunca divulgou sua fala. | Foto: Aline Rochedo

por meio da música, cartazes, ves-timentas, gritos, pichações e tam-bém momentos de fúria. Estas movimentações do povo brasileiro não foram bem compreendidas e, tampouco, plenamente assimiladas pelas agências estatais, que recor-reram a velhas soluções calcadas numa lógica autoritária, caracterís-ticas típicas dos regimes ditatoriais para aplacar as vozes dos descon-tentes que ocupam, legitimamente e por causas necessárias estrutu-rais, as ruas do país.

Para o jornalista Gustavo Bar-reto, colaborador em vários coleti-vos de comunicação alternativa, as

restrições dentro da esfera da co-municação são recorrentes desde o período da ditadura militar. Bar-reto também defende que “quanto maior é a organização mais restrita é a informação por ela difundida”. Segundo ele, o problema talvez não seja o jornalista em si, pois no jorna-lismo profissional a grande questão é o editor central, o coordenador editorial de uma determinada mí-dia. “Isso vai desde uma mudan-ça de um texto como um todo, o que é uma manipulação evidente, a questões mais emblemáticas. Por exemplo, os jornalistas da revis-ta Veja não fazem ‘matérias’, eles

fazem relatórios. Os relatórios são entregues para os editores e estes fazem a ‘matéria’. Então é um nível absurdo de controle da informação”, explicou.

Os editores dessas mídias sele-cionam as questões que mais inte-ressam à política das suas empre-sas, refletindo um processo comer-cial na produção da informação, de modo a evidenciar a contradição entre sua função social e sua rela-ção capitalista.

Conversamos com dois jorna-listas da Rede Globo, que pediram para não serem identificados. Um deles afirmou que a questão não está na técnica do jornalismo em si, mas na política que a perpassa: “Eu já escrevi vários textos que foram alterados. Tenho amigos que se en-quadram facilmente nesta prática, mas eu sempre sofro muito. Não forjando os fatos, poderíamos de-senvolver um senso crítico nas pes-soas, evitando que todos fossem comprados por uma ideia apenas”, disse o jornalista. O outro repórter estava cobrindo um dos protestos, e relatou sua angústia por não se identificar nas manifestações devi-do à indignação dos manifestantes com a emissora. Ele não se queixou de intervenções editoriais, mas des-tacou sua falta de segurança e in-disposição dos seus superiores para tal situação. No entanto, ficou clara sua vontade de levar um “furo jor-nalístico” para a redação e agradar a hierarquia, fato que é estimulado nos cursos de jornalismo.

Vírus Planetário / fazendo media - julho 2013 13

Page 14: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

Vivendo nos Horizontes

sórdidos detalhes...

A verdade varrida pra debaixo do tapete

O Rio de Janeiro continua sendo... propriedade de Jacob Barata. Em festa suntuosa organizada pelo Clã Barata e o Clã Cabral foi selado o novo contrato... digo... casamento. A união foi entre a Dona Baratinha, também conhecida como Beatriz Perissé Barata, neta do mafio...ops! empresário Jacob Barata, que controla mais da metade das empresas de ônibus do Rio de Janeiro, e Francisco Feitosa Filho, cujo pai é o ex-deputado cea-rense Francisco Feitosa. O casório, chamado de “casamento de ladrão” por populares, tinha como lista de presentes alguns faqueiros que custavam cerca de R$5 mil e parecia que ia ser outro suntuoso evento para constar nas colunas sociais.

Mas nesses tempos de povo acordado e facebook a mil, alguém vazou que ia rolar um casamento de insetos. Assim, foi todo mundo lá reivindicar uns “cocretes” pagos às custas da exploração diária no transporte do Rio de Janeiro. De acordo com o G1 (da Globo) eram apenas 50 manifestantes, apesar de terem mudado de ideia algumas vezes (até o fechamento da edição o número oficial era de 200 pessoas, leitores da Vírus afirmam que os manifestantes estão fazendo mitose). O número certo não se sabe, mas foi suficiente para o governador não ter sido visto entrando na festa e nem na igreja (será que entrou de helicóptero!?).

Como sempre, a lei foi aplicada com dois pesos e duas medidas, pois “o Estado esmaga o oprimido, ao rico tudo é permitido”, já diz A Internacio-nal. Convidados espirituosos que estavam presentes na festa resolveram atirar coisas nos manifestantes, primeiro foram notas de R$20 e depois foi um belo cinzeiro que atingiu em cheio o rosto de um manifestante. A polícia tratou de agir rapidamente e começou a atirar balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para proteger o direito de ir e vir do cinzeiro, que não pode atingir o solo, tendo sido atrapalhado pelo manifestante.

Devido a sua brilhante atuação na segurança particular, tudo indica a PMERJ já está preparada para ser mais uma instituição do RJ a ser privati-zada. Qual será o novo nome da instituição? Será PMX?

Quantas crianças pequenas já foram assassina-das pela PM do governador do Rio, Sérgio Cabral nas favelas do estado? Pois é, e não é que em co-letiva de imprensa no dia 29/07, o governador ape-lou para a piedade com seus filhos pequenos para que cessem as manifestações na rua onde mora.

Cabral quis se vitimizar. Não foi a toa. No jogo político dos grandes partidos, crises são resolvidas com marqueteiros e não com negociações com o povo. Cabral, Pezão e Paes (a baratinha à esquerda que se esforça em vão pra que a crise não respin-gue nele) já ligaram os motores e fazem reuniões diárias com uma equipe de contenção de danos.

Isso, contudo, não impede os opositores de contragolpear esse marketing. Afinal, nada mais ridículo, em época de desaparecimento de Amaril-do, ele se vitimizar usando duas crianças que nada tem a ver com nada. O crápula usa os próprios fi-lhos para salvar sua carreira política! Temos que refletir sobre a sociopatia absurda de uma pessoa assim! E não arrefecer. Quem colocou os filhos dele na reta foi ele e não os manifestantes.

Afinal, nossa luta é pelos filhos dos removidos de suas casas por conta da Copa, dos mortos nas filas de hospitais, dos filhos de tantos Amarildo.

Aumentam os protestos, aumenta

a hipocrisia de Cabral“BARATAS!

Me deixem ver suas patas!”

ilustração: Aroeira | Créditos: Aroeira - jornal O dia

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Certamente essa hashtag passou por você. Em gritos, em cartazes, pessoas do mundo inteiro (li-teralmente) perguntam para o governo do Rio e para a PM: Cadê o Amarildo? Amarildo, pedreiro, pai, marido, morador da Rocinha, foi levado pela UPP para “averiguação” no dia 14/07. Desde então ninguém sabe, ninguém viu onde foi parar.

Não é novidade, casos como este acontecem o tempo todo nas favelas, a grande diferença é que dessa vez, o grande público ficou sabendo. Ficou sabendo porque as mesmas pessoas que estão nas ruas protestando, que estão na internet e no tra-balho discutindo política abriram os olhos para a realidade política do país.

Se o Amarildo não é o primeiro (e infelizmente não deve ser o último) não haverá mais silêncio com esse tipo de atitude. Cada um importa. Amarildo importa e importa para cada um de nós. O final dessa história certamente não será dos melhores para ele e para sua família, mas ela traz um fio de esperança de que não nos calaremos mais e unidos protegeremos uns aos outros contra a violência de Estado e contra a ditadura do capital que mata todos os dias.

Tem certeza que a Copa das Confede-rações foi no Rio de Janeiro? Não terá sido em alguma colônia brasileira nos países Bál-ticos? Populares relatam que o único ne-gro que se encontrava no estádio era o Can-tor Thiaguinho. Só torcedor Padrão FIFA. Ao que tudo indica o Padrão-Fifa será patenteado pelo Sheike Batista. Para respeitar o novo con-junto de regras imposto à torcida no Rio de Ja-neiro o cântico do Neguinho da Beija-Flor sofrerá “sutis” alterações. Vejam a nova letra atualizada:

“Domingo, não vou ao maracanã... Pra torcer pro time que sou fã.

Não pode foguete nem bandeira, Eles tão de brincadeira,

Acabou a tradição.

Só vai ter cadeira numerada Não tem mais arquibancada, nem geral e nem

povão.

E se teu time botar pra ferver, Não tire a camisa!

Eles podem te prender.

E se teu time botar pra ferver, Não tire a camisa!

Eles podem te prender

ÔôôôÔÔ ôôôôÔÔ ÔÔ CABÔ”

A presença da Dilma podia nem fazer tanta diferença na final da Copa das confederações, uma vaia a mais, uma a menos... Já o Caveirão do BOPE... esse não poderia faltar. O veículo, estra-tegicamente em frente ao Maracanã para evitar qualquer tipo de invasão dos que não deveriam estar na área da FIFA, virou o centro das atenções dos torcedores que chegavam ao estádio para assistir ao jogo entre Brasil e Espanha. Sim, esse aparato policial usado para matar nas favelas. Para eternizar o momento os torcedores pediam para a PM fazer os cliques... Como policiais, eles são ótimos fotógrafos.

Torcedor Fifa

Máquina de opressão nas favelas vira xodó

da classe média#Cadê o Amarildo?

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ilustração: diego novaes | diegonovaes.blogspot.com

|na Marcha das Vadias também queriam saber Onde está o Amarildo.

Foto: facebook.com/ MarchadasVadiasRiodeJaneiro

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Vírus Planetário - julho 2013 15

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Lutar não é crime!

Como o Governo do Distrito Federal e a mídia local criminalizam a ação dos movimentos

sociais

brasíliaFoto: Reprodução/internet

São seis horas da tarde e o pôr do sol vai tingindo de laranja o céu de Santo Antônio do Livramento, bairro do Distrito Federal. José San-tos Silva dirige tranquilamente seu velho caminhão, levando dois netos, menores de idade, para passear. É quando recebe uma ligação que mudará completamente o transcor-rer dos eventos dali em diante.

Pela manhã, José participou de um protesto organizado, entre ou-tros, pelo Comitê Popular da Copa e pelo MTST (Movimento dos Tra-balhadores Sem Teto). Depois de fecharem a Avenida Eixo Monu-mental e colocarem fogo em pneus, os manifestantes finalmente conse-guiram uma reunião com Antônio Carlos Lins, presidente da Terracap, companhia imobiliária de Brasília.

Entre outras pautas, os mani-festantes protestam contra o mo-delo de financiamento adotado na reconstrução do Estádio Mané Garrincha. Sem concordar com as regras do BNDES, que incluem total transparência no uso dos recursos, a Terracap preferiu vender terrenos do Distrito Federal para fazer cai-xa e bancar sozinha a obra. Assim, mais de 200 lotes foram vendidos, e o valor do estádio (inicialmente or-çado em 696 milhões) ultrapassou 1,5 bilhão de reais. É a Arena mais cara dentre as 12 cidades-sede do mundial.

- Alô?

- José Santos?

- É ele.

Por thiago Vilela

- Estamos em frente à sua casa, gostaríamos de fazer orçamento para um frete.

Sandra Oliveira, filha de José, está em casa. Ela ainda não sabe, mas os homens que bateram à porta há alguns minutos, querendo fazer o orçamento de um frete, são da Polícia Civil. Não há farda, não há viatura. Há a perseguição política. Sandra solicitamente revela o tele-fone de seu pai.

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa

Vírus Planetário - julho 201316

Page 17: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário
Page 18: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

política

Jacobino ou Girondino?

Esquerda ou direita? De que

lado você se senta?

Após a Guerra Fria, principalmente ao longo do século XXI, criou-se um falso consenso de que Esquerda e Direita são conceitos ligados à velha ordem mundial e, portanto, já esgo-tados. No entanto, as manifestações do último mês mostraram que não só há um interesse em criar novas práticas políticas, como também re-discutir e ressignificar a política. Os velhos embates entre Esquerda e Direita, nomenclaturas que muitos julgavam não existirem mais, foram desenterrados quase como uma re-arqueologia dos termos. Reacendia ali um velho debate conceitual da po-lítica.

Os conceitos de Esquerda e Di-reita nasceram durante a Revolução Francesa. Os Jacobinos, que se ali-nhavam (fisicamente mesmo) à es-

querda representavam uma linha de pensamento mais libertária e radical, enquanto os Girondinos, mais conser-vadores, sentavam-se à direita. Aí, en-tão, os Jacobinos passaram a chamar os Girondinos de “turminha da direi-ta”, e o termo pegou. Para a cientista política Clarisse Gurgel, a ideologia de direita se baseia em uma natureza humana individualista e competitiva. Seu modelo correspondente é o da iniciativa privada e livre concorrência. Já a ideologia de esquerda vai desde a distribuição igualitária de riqueza até a superação do capitalismo.

O mundo pós-Guerra Fria se em-penhou em apagar as marcas das ideologias que incitavam a luta anti-capitalista. As novas gerações foram rotuladas como “sem ideologias” e pouco interessadas em política. Mas,

para Clarisse Gurgel, o que vemos hoje é a hegemonia de uma ideologia sobre as demais. Contudo, ela afirma que há uma linha nítida separando Esquerda e Direita, principalmente no que diz respeito aos princípios e aos métodos de atuação. “Ser de es-querda e ser de direita oscilará entre levar até as últimas consequências a crítica à lógica do mercado nas rela-ções sociais, políticas etc. Como dizia Marx, a prática é o critério da verda-de”, defende.

Os símbolos de ideologias políticas se misturaram nas ruas. A bandeira vermelha anticapitalista e o naciona-lismo exacerbado atrelado a um dis-curso antipartidário violento, típico de regimes de extrema direita, estiveram

Por Julia Maria e Mariana Gomes

ilustração: www.facebook.com/GlobalEquality

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Direita e esquerda nas ruas?

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lado a lado por alguns dias. Mas de-pois, o que se viu nas ruas, segun-do inúmeros relatos, foi um embate ideológico no qual os partidos de esquerda e movimentos sociais fo-ram agredidos – inclusive fisicamen-te - por outros manifestantes.

Mauro Iasi, presidente da Asso-ciação dos Docentes da Universida-de Federal do Rio de Janeiro (Adufrj), afirma que há uma grande hetero-geneidade nas ruas. “Esse ódio a partidos pode ser compreendido, já que muitos deles se aproximam dos movimentos sociais para ven-

Aqui é o lugar onde pensam:>> Que se você nasceu rico a sorte é sua e se você não

nasceu rico o problema é seu>> Que a meritocracia é a melhor forma de organizar a

sociedade>> Que só os melhores devem se dar bem

>> Que são contra todo tipo de política reparadora que vise lutar contra o machismo, o racismo, a homofobia>> Que os homens são naturalmente superiores e podem oprimir as mulheres, que os brancos são naturalmente superiores e podem oprimir os negros e assim por diante

>> Que a religião deve se intrometer em questões do Estado

>> Que o governo não deve investir dinheiro em saúde, educação e que cada um que se vire pra ter o que precisa>> Que privatizar as empresas públicas fazendo com que elas gerem grandes lucros aos empresários e ofereçam

péssimos serviços é uma boa ideia

Neste quadrado ficam aqueles que:

>> Defendem os direitos sociais

>> Lutam por uma sociedade mais justa e igualitária

>> São CONTRA todas as formas de opressão como o ma-

chismo, a homofobia, o racismo, a transfobia...

>> Lutam por um mundo onde não haja exploração, como

quando muita gente trabalha pesado para que grandes

empresários e banqueiros vivam no luxo, enquanto quem

trabalha continua a viver de migalhas

>> Vão às ruas para defender os direitos dos trabalhadores

e do povo pobre

>> Se preocupam com o meio ambiente e com o impacto

que a atividade industrial e humana tem causado ao planeta

>> Acreditam que um outro mundo (muito melhor, justo,

igualitário e fraterno) é possível

ESQUERdA

diREitA

der seus candidatos e depois abandonam suas bandeiras”, opina Iasi, que ressalta a importância desses movimentos na luta diária.

Para Clarisse, isso ocorre devido à adesão dos jovens à crítica con-servadora aos partidos políticos. “Esta crítica, ao contrário de resultar na superação da lógica de mercado na política, acaba por dispersar os jovens na crença na solução individual dos problemas. Com isto, só a direita se organiza”, argumenta.

Clarisse acredita que a esquerda no Brasil tem um grande desafio pela frente. Para ela, as diferentes práticas e métodos que contemplam a igual-dade social, precisam dialogar. Os espaços de discussão, como as plenárias amplas e frequentes, são fundamentais para a organização de decisões coletivas. “Ser de esquerda implica na rejeição da ideia de que o povo é in-capaz de tomar decisões. A noção de democracia para a esquerda implica na busca por processos decisórios horizontais”, defende Clarisse.

“A história de todas as sociedades até os nossos dias

não foi senão a história das lutas de classes” Karl

Marx

*nem todas as pessoas de esquerda ou direita preenchem os ítens colocados, mas listamos alguns dos ideias progressista à esquerda e conservadores à direita. Ao mesmo tempo, muitas pessoas que não se definem politicamente

preenchem um ou mais ítem de cada coluna, fazendo com que ela seja, sem saber, de esquerda ou direita.

não existe mais esquerda e direita?

Vírus Planetário - julho 2013 19

Page 20: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

política

A Copa não é nossaPrivatização, repressão policial, legislação de exceções e remoções forçadas caracterizam a preparação dos Megaeventos

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa

Page 21: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

EntrEviStA INCLuSivA:

Black Bloc

Vândalos, bandidos, baderneiros, arruaceiros. As denominações que a mídia dá para os manifestantes são cada vez mais criativas e cada vez mais depreciativas. A tática Black Bloc se consiste em forma de resistência às repressão de manifestações aplicada por movimentos anarquistas que personificam tudo aquilo que tem sido criminalizado pela mídia grande. Nós conversamos com alguns dos militantes que se vestem de preto e cobrem seus rostos, não apenas para dificultar a sua identificação, mas para demons-trarem que fazem parte de um movimento que é internacional e não nasceu no Brasil, nem em junho de 2013. Desde a década de 1970 em Seatle, Esta-dos Unidos, quando surgiu a ideologia Black Bloc, diferentes células tem se formado ao redor do mundo, defendendo a ação direta e a defesa dos mani-festantes. Sua atuação no Egito e na Grécia tem ganhado muito destaque, principalmente através de vídeos na internet. Muito por conta disso o grupo tem ganhado mais espaço no território brasileiro.

O grupo, que é alvo de investigação dos serviços de inteligência da Polícia, admite que existe infiltração de agentes externos em seu meio. Não descar-tam a possibilidade de que possam ser policias disfarçados, mas garante que estão desenvolvendo um método interno de avaliação e filtração para que isso não continue a acontecer.

Ao contrário do que apresenta a grande imprensa, ao invés de um grupo de “vândalos” e “baderneiros”, os Black Blocs se apresentam como um grupo anticapitalista que se presta ao papel, inclusive, de defender os mani-festantes da opressão policial. A mídia grande, por má fé ou falta de qualidade na apuração jornalística, parece ainda não ter entendido isso, mas parte das ruas parece já ter compreendido senão o grito de “não tem PM, não tem Choque, mas tem os Black Blocs” não seria entoado com tanta força como nas últimas manifestações.

As ideias por trás das máscaras

Confira a entrevista na edição completa digital ou impressa

Vírus Planetário - julho 2013 21

Page 22: Prévia edição 25  Revista Vírus Planetário

www.seperj.org.br

Educação Estadual na luta!

36 anos

Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

Escolas municipais do Rio vão parar no dia 8 de agosto e assembleia no América pode decidir greveOs profissionais de educação das escolas municipais do Rio farão uma paralisação de 24 horas no dia 8 de agos-to. Neste dia, haverá uma assembleia na sede do América Futebol Clube (Rua Campos Sales 118 – Tijuca), na qual a categoria irá decidir pela entrada ou não da rede municipal em greve.

Até hoje, a prefeitura não concede reajuste há mais de um ano e nem iniciou a negociação salarial com a categoria, que reivindica reajuste de 19%. Veja o que a rede munici-pal do Rio reivindica:

1 - Reajuste de 19%; 2- Plano de carreira unificado já!;3 - 1/3 da carga horária para planejamento; 4 - Fim da meritocracia.

Os profissionais das escolas estaduais também vão parar por 24 ho-ras no dia 8 de agosto para lutar pela derrubada do veto do gover-nador Sérgio Cabral ao artigo do Projeto de Lei 2.200, que garantia uma escola para cada matrícula dos professores da rede estadual.

Também faz parte das reivindicações da categoria a garantia do 1/3 para planejamento dos professores, conforme determina a Lei do

Piso Nacional.

A categoria também protesta contra a proposta da SEEDUC de Edu-cação à Distância para a Educação Básica, que institui um percen-tual de 20% de aulas semipresenciais para os alunos. A proposta, claramente, é uma tentativa do secretário Risolia de maquiar a ca-

rência de profissionais na rede. Ao invés de abrir concurso público, ele e o governador Cabral querem promover um verdadeiro roubo

de conhecimento dos alunos das escolas públicas estaduais.

Rede municipal de educação do Rio em estado de greve

Rede estadual também vai parar em agosto