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GISELE SILVEIRA Criação do PSD muda cenário político para as eleições de 2012 A oficialização do Partido Social Democrático (PSD) permitirá que políticos de todo o país mudem de sigla. Em Santa Catarina, um dos estados mais articulados no processo de fundação do partido, nomes conhecidos já anunciaram a troca. Agora, discute-se a origem da sigla, a ideologia e a identidade. POLÍTICA | PÁGINA 8 Integrantes d’A Banda Mais Bonita da Cidade tentam explicar sucesso repentino na internet CULTURA | PÁGINA 4 ENTREVISTA | PÁGINA 3 A empresa não existe para dar emprego. Ela existe para produzir, dar lucro e o melhor produto. Para isso, precisa do melhor profissional. FRANCISCO ORNELLAS executivo do Grupo Estado JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO BOM JESUS/IELUSC JOINVILLE, JUNHO DE 2011 - EDIÇÃO 88 - GRATUITO www.primeirapautaielusc.blogspot.com Caxias Futebol Clube quer voltar à elite do futebol de Santa Catarina O tradicional time joinvilense almeja, mais uma vez, o retorno à elite do estado, competição que não disputa desde 2005. Em 2003, foi vice-campeão, mas a maneira “afobada” de como voltou acabou prejudicando time. ESPORTE | PÁGINA 10 ECOLOGIA | PÁGINAS 6 E 7 Polêmica Ambiental O Novo Código Florestal está longe de ser unanimidade. Aprovado pelos deputados, em Brasília, a legislação causa divergências entre defensores das bancadas ruralistas, ambientalistas e o poder político. GRANDES REPORTAGENS SUPLEMENTO ESPECIAL DE Nesta última edição do semestre, o Primeira Pauta traz aos leitores um suplemento especial com grandes reportagens. As matérias abordam a trajetória dos negros em Joinville, o preconceito sofrido pelas religiões afro, o déficit habitacional da cidade e muitos outros temas relevantes, contados de forma diferente. Leia no caderno anexado nesta edição.

Primeira Pauta Edição 88

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Primeira Pauta Edição 88

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Page 1: Primeira Pauta Edição 88

GISELE SILVEIRA

Criação do PSD muda cenário político para as eleições de 2012

A oficialização do Partido Social Democrático (PSD) permitirá que políticos de todo o país mudem de sigla. Em Santa Catarina, um dos estados mais articulados no processo de fundação do partido, nomes conhecidos já anunciaram a troca. Agora, discute-se a origem da sigla, a ideologia e a identidade.

POLÍTICA | PÁGINA 8

Integrantes d’A Banda Mais Bonita da Cidade tentam explicar sucesso repentino na internet

CULTURA | PÁGINA 4

ENTREVISTA | PÁGINA 3

A empresa não existe para dar emprego. Ela existe para produzir, dar lucro e o melhor produto. Para isso, precisa do melhor profissional.

“FRANCISCO ORNELLAS

executivo do Grupo Estado

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO BOM JESUS/IELUSC JOINVILLE, JUNHO DE 2011 - EDIÇÃO 88 - GRATUITOwww.primeirapautaielusc.blogspot.com

Caxias Futebol Clube quervoltar à elite do futebol de Santa CatarinaO tradicional time joinvilense almeja, mais uma vez, o retorno à elite do estado, competição que não disputa desde 2005. Em 2003, foi vice-campeão, mas a maneira “afobada” de como voltou acabou prejudicando time.

ESPORTE | PÁGINA 10

ECOLOGIA | PÁGINAS 6 E 7

Polêmica AmbientalO Novo Código Florestal está longe de ser unanimidade. Aprovado pelos deputados, em Brasília, a legislação causa divergências entre defensores das bancadas ruralistas, ambientalistas e o poder político.

GRANDES REPORTAGENSSUPLEMENTO ESPECIAL dE

Nesta última edição do semestre, o Primeira Pauta traz aos leitores um suplemento especial com grandes reportagens. As matérias abordam a trajetória dos negros em Joinville, o

preconceito sofrido pelas religiões afro, o déficit habitacional da cidade e muitos outros temas relevantes, contados de forma diferente. Leia no caderno anexado nesta edição.

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02 Joinville - Junho 2011PRIMEIRA PAUTA Opinião

O futuro já chegou e nada mudouO cenário político de Joinville passa por um momento

de turbulência e ebulição. Os movimentos sociais, princi-palmente os sindicatos, agitam os trabalhadores que vão para as ruas conhecer um horizonte que há tempos não era explorado. Os parlamentares e forças políticas da cidade começam a se diferenciar em meio ao complexo universo político, que quando está na inércia fica muito propenso a criar um grupo muito homogêneo e sem características marcantes. O surgimento do Partido Social Democrático (PSD) também abre um novo leque e des-perta a esperança de mudança no país.

Olhando de fora, o cenário realmente parece ser esperançoso, que tudo o que há de ruim terá salvação. Qual o caminho? Alguns podem dizer que são as eleições municipais do próximo ano. Joinville já está experimen-tando a demonstração do possível “banque-te” de candidatos a Prefeito em 2012. A opi-nião pública – e também os formadores de opinião – listam vários nomes de peso, seja da classe empresarial, popular ou trabalhista. Possivelmente a cidade nunca teve tanta diversidade, o que leva até certo pon-to a questionar o nosso sistema político.

Com o novo agrupamento político, vão sobrar nomes fortes na mesma legenda. Há uma construção de lideranças também nos partidos mais tradicionais. Partindo do ponto que há uma grande diversidade de pessoas, ficaria sob respon-sabilidade dos eleitores escolher aquele mais capacitado. Os partidos podem dizer: “nós tínhamos o melhor candidato,

mas o povo escolheu por fulano. Agora aguentem as conse-quências”. Independente do andamento político da cidade, ou de quantos candidatos existam, a oposição sempre vai poder se apoiar nesse discurso.

A população ainda acredita que as eleições são o ápice do processo democrático do Brasil. “O nosso papel nós fizemos, que é ir votar mesmo obrigados.” Quem nunca ouviu, ou até mesmo pensou isso? Pensar que a democracia é apenas isso, é mediocridade.

Falta interesse em disseminar a cons-cientização política na população. Não só da política partidária, mas do papel do cidadão na sociedade. As câmaras de deputados e vereadores, o congresso e as prefeituras já estão viciadas no modelo atual de tentar deixar tudo como está. Mas esse sintoma da alienação também invade outros campos. O movimento estudantil não discute as reivindicações dos estudantes, os sindicatos não incen-

tivam a luta dos trabalhadores, as associações de mora-dores se utilizam de palanque eleitoral, e por aí vai.

Falta a sociedade questionar. “Por que as coisas acon-tecem assim? Isso está certo? Tá, e não dá pra melhorar? E como eu fico nessa história?” São questões que se aproximam do jornalismo. A campanha comemorativa de uma empresa de comunicação de Santa Catarina faz a pergunta que todos têm que fazer: E daí? Só questionando pode-se ter uma me-lhor compreensão, para então cobrar mudanças.

editorial

Falta interesse em disseminar a conscientização

política na população

ALIENAÇÃO

em foco

@twitter O que eles(as) falam em 140 caracteres

@Fe_RBlau O pessoal da #grevejoinville está nervoso, e com razão. Só devemos cuidar para não direcionarmos nossa raiva para quem está do nosso lado. Servidora pública grevista

@brunopost RT @CalixtoCecyn: RT @MandyGraper: @MarceloTas por favor, divulga a #grevejoinville no #cqc. greve desde 9/5População usou o twitter para tentar emplacar a greve do serviço público municipal no programa CQC

@gflitzz Twittar só pra ñ perder o costume: pelo menos pra mim a #grevejoinville ñ acabou. Hj uma derrota, amanhã a VITÓRIA!Servidor público avalia saldo da greve

@jb_joaobatista ”Acabou, acabou”, Galvão Bueno #grevejoinvilleFim da greve também gerou comemoração, principalmente para os jornalistas que cobriram a greve

@AureaVieira #grevejoinville voltamos ao trabalho na 2a. O que levo no bolso? Não sei ainda. O que levo na alma? Dignidade, força, caráter, cidadania.Servidora pública grevista satisfeita com a organização dos trabalhadores na greve

@deputadokennedy Graças ao twitter, posso acompanhar o que esta acontecendo em frente da prefeitura de JOI. #grevejoinvilleO também jornalista confirma que o twitter pode servir como fonte de informação

Sugira tweets para a coluna do Twitter no jornal Primeira Pauta. Sua opinião é muito importante!

Siga: twitter.com/primeira_pautaMOMENTO POPSTAR: Enleado na bandeira da Cut, como um “herói” e sua capa, Ulrich dá autógrafo a uma servidora no término da greve.

DIRETOR GERAL DO BOM JESUS/IELUSC | Tito Lívio Lermen

COORDENADOR DO CURSO | Sílvio Melatti

DISCIPLINA | Jornal Laboratório II

PROFESSOR RESPONSÁVEL | Lucio Baggio

SECRETÁRIO DE REDAÇÃO | Neyfi Müller

EDITOR GRÁFICO | Ronaldo Santos

DIAGRAMADORES | Aline Seitenfus, Ana Luiz Abdala, Gustavo Cidral, Eduardo Schmitz, Gabriel Fronzi, Neyfi Müller, Polianna Moraes e Ronaldo Santos

EDITORES DE TEXTO | Aline Seitenfus, Ana Luiz Abdala, Eduardo Schmitz, Gabriel Fronzi, Gustavo Cidral, Neyfi Müller, Polianna Moraes e Ronaldo Santos

REPÓRTERES | Camilla Gonçalves, Daiana Constantino, Eduardo Schmitz, Gabriel Fronzi,

Lizandra Carpes da Silveira, Luísa Desiderá, Matheus Mello, Neyfi Müller e Ronaldo Santos

EDITORA DE FOTOGRAFIA | Jéssica Michels

FOTÓGRAFOS | Fabiane Borges, Fernanda Helbing, Gisele Silveira, Gustavo Cidral, Jaqueline Dias e Jaqueline Mello

IMPRESSÃO | A Notícia

TIRAGEM | 3 mil exemplares

Contato com a redaçãoEndereço: Rua Princesa Isabel, 438 - Centro CEP 89201-270 | Joinville | Santa Catarina

Telefone: (47) 3026-8000 - Fax: (47) 3026-8090E-mail: [email protected]: primeirapautaielusc.blogspot.com

Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - JornalismoAssociação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc

XXI Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo, MJDH - OAB/RS, 2004

EDIÇÃO 88 | Junho 2011

@thetiagoseger Opa na minha timeline quem venceu foi o @EdinhoAtlantida foi o primeiro a tuitar sobre o fim da greve! #GrevejoinvilleFim da greve gerou competição para anunciar o acordo entre servidores e prefeitura

Diagramação e edição de Neyfi Müller

EDINEI KNoP

Page 3: Primeira Pauta Edição 88

03Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTAEntrevista | Francisco Ornellas

Diagramação e edição de Gustavo Cidral

Jornalista do Estadão defende a não obrigatoriedade do diploma e fala das expectativas para os acadêmicos

O executivo do Grupo Esta-do Francisco Ornellas dá graças a Deus que o regi-

me de livre iniciativa prevalece no mercado de trabalho. Para ele, jo-vens jornalistas que não ficam na zona de conforto terão os melho-res postos e pouco se importarão com o piso salarial da categoria. Aos bem formados e insatisfeitos com a empresa em que trabalham, ele dá a dica: “Demita a empresa”. Ornellas analisa que com a pro-fissionalização da gestão nas or-ganizações de comunicação, que deixaram de ter domínio familiar, busca-se o melhor produto aliado ao lucro. Para isso, é necessário o melhor profissional.

Ornellas está há mais de 20 anos a frente do Curso Intensi-vo de Jornalismo Aplicado, que aprimora a formação de jornalis-tas recém-saídos da faculdade e, consequentemente, fornece mão de obra à corporação. Formado em Direito — por não haver, na época, cursos de Jornalismo —, trabalha em jornal há 46 anos. Ele esteve em Joinville para falar sobre carreira a estudantes de co-municação. Em entrevista exclu-siva ao Primeira Pauta, analisou

aspectos do mercado, a atividade jornalística e a regulamentação da profissão.

PRIMEIRA PAUTA - Com base na opi-nião que os jornais recebem dos lei-tores, o senhor percebe que o jorna-lismo perde credibilidade?FRANCISCO ORNELLAS - Não creio. Eu acho que ele adquire. Você tem que diferenciar que tipo de jornalismo estamos falando. Se a gente fala do que O Estado de São Paulo pratica, digo isso porque participo do dia a dia do jornal, a credibilidade aumenta. Aumenta muito, principalmente por causa das facilidades que a nova tecnologia permite, de tornar a apuração tão mais real quanto possível. Se você pegar as reações de leitores de 20 anos atrás e as de hoje, elas são muito mais presentes. Hoje, você não consegue determinar a verdade. Tenho para mim que o jornalis-ta não é o detentor da notícia. A notícia pertence a quem gera. É patrimônio da comunidade. O jornalista apenas processa essa informação e devolve a quem ela pertence, que é o leitor, o internauta, o ouvinte de rádio, o telespectador. À medida que a apuração se torna mais factí-vel, ela terá mais credibilidade.

É preciso tomar cuidado quan-do o jornalista escreve sobre um tema que não domina — ele não é obrigado a dominar todos os temas — e coloca uma informa-ção errada. Se essa informação é lida por quem a domina, ele cai em descrédito. Na medida em que o jornalista não domina um tema, é papel dele apurar. Apurar até a exaustão para en-tão escrever a respeito seja em que meio for.

PP - Mas não é realidade na maioria das redações, em função da preca-riedade das condições de trabalho?ORNELLAS - Se a empresa não ofe-rece condições de trabalho, o pro-fissional competente, eficiente, bem formado, que tenha esfor-ço, demite a empresa e vai traba-lhar numa que lhe dê condições. Estou envolvido com jovens jor-nalistas há 22 anos. Para mim, é muito triste ver jovens com um potencial incrível reclamarem da empresa. Demita a empresa. Se ele se formou, se empenhou, é competente, eficiente, um pro-fissional completo, vai escolher onde trabalhar, como trabalhar, quanto ganhar…

PP - O Curso Intensivo de Jornalismo do Estadão exige que o candidato seja graduado em Jornalismo, mas o Grupo Estado é contra a necessidade do diploma. Por que isso?ORNELLAS - O debate e a discor-dância são inerentes da atividade jornalística. O Grupo Estado, como posição editoral, acha que a atividade do jornalista não deve ser regulamentada. Ponto. O Grupo Estado nunca foi contra a faculdade de Jornalismo. Ele acha que o governo tem outras prioridades além de determinar quem pode e quem não pode exercer o Jornalismo. O curso Estado mantém a exigência do diploma por uma constatação prática, por uma visão pragmáti-ca da profissão. A gente acha que o jornalismo é uma profissão que exige técnica, tem conteúdo técnico, acadêmico e filosófico, e a gente não crê que possa trans-formar um profissional sem o mínimo de embasamento teóri-co dessa profissão em jornalista durante 100 dias, que é o tempo que dura o curso.

PP - O senhor compartilha da opi-nião do grupo? ORNELLAS - É uma questão que transcende o fato de ter ou de

não ter diploma. É uma questão de conceituação. O jornalismo não é uma questão de governo. Eu, ao longo de 20 anos convi-vendo com essa realidade, cons-tatei que a obrigatoriedade do diploma transfere aos estudantes de jornalismo uma falsa ideia de uma zona de conforto: como o diploma é obrigatório, ele terá uma reserva de mercado. Não existe zona de conforto em ne-nhuma profissão.

PP - Até março, em São Paulo, foram demitidos quase 300 jornalistas. Na sua opinião, esse cenário se deve a quê?ORNELLAS - A gestão das empre-sas de comunicação foi profis-sionalizada. Todas as empresas de comunicação no Brasil têm domínio familiar. E algumas fa-mílias estão profissionalizando a gestão. Eu acompanhei a gestão familiar. O acionista da empresa dizia o seguinte: “Eu tenho dois chapéus. Durante metade do dia, eu visto o chapéu de executivo, aí eu quero o melhor produto. Na outra metade do dia, eu vis-to o chapéu de acionista, aí eu quero o melhor retorno para o meu capital”. Hoje, em algumas empresas, os acionistas não têm mais o chapéu de executivo. O que eles querem? Só o retorno do capital investido. Se uma em-presa não cresce na receita, tem que cortar despesa. Para o jor-nalista: todos os ex-alunos do curso Estado que eu procurei até abril estavam empregados. Para o profissional com talento, com competência, com eficiên-cia, esforçado, bem formado, que não assume a zona de con-forto, não importa piso salarial, variação de mercado.

PP - Mas são questões importantes, pois há mais jornalistas sendo formados do que as empresas podem absorver.ORNELLAS - Sim, mas isso ocorre em todas as profissões. Vocês com certeza têm pessoas de suas relações com dificuldade de tra-balho. E têm pessoas sem dificul-dade de trabalho. Analisem um e outro. A empresa não existe para dar emprego. Ela existe para pro-duzir, dar lucro e o melhor pro-duto. Para isso, precisa do melhor profissional. Nós vivemos num regime de livre iniciativa. Não há espaço para os fracos — no sen-tido do mal formado.

É muito triste ver jovens com um potencial incrível reclamarem da empresa. Demita a empresa. Se ele se formou, se empenhou, é competente, eficiente, um profissional completo, vai escolher onde trabalhar, como trabalhar, quanto ganhar…

Ronaldo [email protected]

Os “fracos” não têm vez no mercado

FOTOS: GUSTAVO CIDRAL

Ornellas esteve em Joinville para divulgar o Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado do Estadão

A empresa não existe para dar emprego. Ela existe para produzir, dar lucro e o melhor produto. Para isso, precisa do melhor profissional. Nós vivemos num regime de livre iniciativa. Não há espaço para os fracos — no sentido do mal formado.

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Mais de R$ 2 milhões em cultura

Diagramação de Mayara Silva | Edição de Ana Luiza Abdala e Gustavo Cidral

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA Cultura

Em um rodízio de sopas, a Banda Mais Bonita da Cidade encontrou acon-chego para fugir do frio curitibano. A

pedida gastronômica de sábado à noite serviu também para esquen-tar o corpo e o esqueleto, pois haja energia para cumprir a agenda de compromissos. Desde que o clipe da música “Oração” explodiu na internet, a trupe é assediada por veículos de comunicação a todo o momento. E não só a imprensa nacional.

A febre das redes sociais ga-nhou comentário no maior jornal da Itália, o Corriere della Sera, e no site do The Washington Post, um dos mais conceituados da ca-pital federativa norte-americana. O vídeo foi postado no site You-Tube no dia 17 de maio, uma terça-feira. Em menos de 24 horas teve 33 mil visualizações. No sá-bado (21) chegou a um milhão de acessos. E após dez dias, superou a marca de dois milhões de visitas. Certamente, neste instante, deve ter passado dos cinco milhões.

O tecladista e violonista da banda, Vinícius Nisi, 27 anos, di-rigiu o clipe e não tem dúvidas so-bre a importância que o Facebook teve na construção do sucesso. “Acho que faltava um material assim na rede, divertido e que não fosse piada. Algo que os internautas com-partilhassem não por brincadeira”, reflete Vini, como é conhecido pelos mais chegados. Entre uma colherada e outra de sopa, o músico leva o olhar para cima e vagueia: “Na verdade, não sei. Não tem como saber. Sei lá o que foi”. O boom veio como uma surpresa – feliz e assustadora.

A trupe se uniu em 2009. Desde a formação até meados de maio, tinha apenas cinco apresen-tações no histórico. Agora, mais de dez shows estão confirmados, no Rio de Janeiro, São Paulo, Pa-raná e Belo Horizonte. Antes do

webhit cair em milhares de inter-faces – e da canção cair na boca de todo distraído – os integrantes se inscreveram em uma competição para ir ao programa televisivo do titã Toni Beloto, no canal Futura. Perderam. Mas, participaram de-pois, como convidados.

A Banda Mais Bonita da Ci-dade foi matéria no portal G1 e no Fantástico, da TV Globo. No dia 29 de maio, os integrantes fizeram valer a letra da música “Submundo Autofágico”. A com-posição da jornalista curitibana Lívia Lakomy, interpretada por eles, faz provocações sobre o que

é o sucesso e ques-tiona se a fama não seria ganhar “a capa do Cader-no G na edição de domingo”. De fato, ganharam tal des-taque no encarte cultural do diário mais popular de Curitiba, a Gazeta

do Povo.Está claro para a vocalista Uya-

ra Torrente, 24 anos, que a alegria vivida no clipe, espontânea e ver-dadeira, contagia quem assiste. “A gente se diverte tanto que cativa a vontade de estar lá, cantando junto, dançando e se divertindo muito”, diz a cantora. Formada em artes cênicas, Uyara garante que não há personagens na cena, ninguém interpretou. Entretanto, não dá para negar a dramaticidade

na sua maneira de cantar. O drama grego, não triste, mas emotivo. As palavras saem das mãos, dos bra-ços, da expressão na face, tal como versos, e como deve ser.

Seja qual for a paixão de quem está dentro, a energia transpõe a tela do computador e chega a quem está fora. Esse é o principal motivo de tanta popu-laridade, na visão de Diego Pla-ça, 24 anos. “Passa uma energia do bem, algo bom”, completa o baixista do grupo.

Segundo definição do Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, arte é “atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito, de caráter estético, carregados de vivência pessoal e profunda”. Goste ou não, “Oração” é assim. É arte nas mais variadas vertentes. É poesia, melodia, cinema, amizade. Foi massivamente compartilhado na internet e se tornou um viral. As pessoas estão mais dispostas para conteúdos assim?

O guitarrista, Rodrigo Lemos, 28 anos, acredita que sim. Ele atribui os milhões de views à dis-posição das pessoas por mais ale-gria. “Primeiro, acho que foi por dessa causa da galera (faz menção a amigos ao redor). Depois, por causa da galera (expande o mo-vimento dos braços, se referindo a todos que assistiram ao vídeo). A música comunica. As pessoas, simplesmente, assimilam. Não há o que racionalizar”. O músico re-

Os cinco d’A Banda Mais Bonita da Cidade tentam explicar o sucesso – das redes sociais para o mundo – repentino e avassalador. Tentam!

A banda mais bonita da cidade e mais famosa da web

INTERNET

conhece o fato de a canção grudar na mente, mas afirma que não tem a intenção do efeito ‘chiclete’.

Os cinco conquistaram o que empresas gastam milhões e, nem sempre, conquistam. Eles reconhe-cem a ameaça da rotulagem e não pretendem ser a mais fofa da cida-de. Muito menos, a banda de um sucesso só. Apesar de maravilhados, não estão deslumbrados. O que era um hobbie passou a ser encarado como trabalho sério. A gravação de um álbum é prioridade. Pensam em continuar seguindo com as próprias pernas – e uns pares amigos.

ENTREVISTA LUISA MARILAC

Luísa Marilac ficou famosa pelo vídeo feito na piscina de seu aparta-mento na Espanha, que já foi assisti-do 1,5 milhão de vezes. Os bordões ditos na gravação chegaram a ser reproduzidos na novela das 21h, da Globo. Diante do sucesso, Luísa vol-tou ao Brasil após 16 anos na Euro-pa. Aqui, participa de programas de televisão e é contratada para festas em boates.

PP-Por que você fez a gravação?Luísa Marilac-Meu ex me roubou e eu fiquei desesperada. Conheci um ve-lho que começou a me ajudar. Parei de me prostituir e só ficava com ele. Fiz aquele vídeo para o ex, porque eu estava numa fase muito boa da vida.

PP-Pretende retornar à Espanha?Luísa-Com essa história de fama, dá pra ficar no Brasil, por ser a tal Luísa da internet. Mas ainda existe muito preconceito e muita violência em re-lação a isso. Então a probabilidade de eu ficar é grande.

PP-Lá você também era famosa?Luísa-Com os brasileiros. Lá tem muitos, principalmente veados. Eles me encontravam e começavam a gritar. Eu dizia: “pelo amor de Deus,

estamos na Europa”.

PP-Já aconteceu algum tipo de violência com você? Luísa-Eu tomei sete facadas aos 17 anos. Estava conversando com mi-nhas amigas, e fui atacada pelas cos-tas. Entrei em trauma e não saía de casa. Foi quando a minha mãe falou pra eu ir embora para a Europa.

PP-Você está ganhando dinheiro com a fama?Luísa-Entra numa mão e sai pela ou-tra. Tem que pagar advogado etc. No fim das contas, sobram só as migalhas para a bicha. Eu fui numa churrascaria aqui em Joinville e só eu paguei R$ 120, fora minha amiga. Tirei a barriga da miséria, porque adoro comer.

PP-E tem medo que a fama seja passa-geira?Luísa-Nunca tive nada e nunca recebi apoio de ninguém. A vida me ensi-nou a contar com aquilo que a gente tem. Espero não precisar nunca, mas se precisar cair de novo na rua para me prostituir, eu caio. A “véia” ainda dá pro couro.

A travesti que conquistou a fama na net

“Oração”Um vídeo caseiro, gravado

durante a comemoração de ani-versário de um dos integrantes da banda. A locação é a casa da avó de uma amiga deles, em Rio Negro, no Paraná. Ninguém conhecia o lugar ou a disposição dos cômodos, só a parte externa, por foto. A ideia inicial era gravar no jardim, pois o visual lembrava um clipe da banda Beirut, adora-dos pela trupe. Mas a garoa da-quele domingo não permitiu.

A iluminação é natural, com algumas lâmpadas potentes im-provisadas. Foi feito sem roteiro e sem cortes. A produção teve a ajuda dos cineastas André Senna e Rosano Mauro Jr. O cinegrafista é André Chesini, outro amigo. A captação e edição do áudio são de João Caserta, mais um amigo. A canção foi feita em forma de mantra, um jeito mais fácil de convencer o próprio coração so-bre o fim de um relacionamento.

Antes de “Oração”, o com-positor Leo Fressato fez letras de rancor e frustração. Foi preciso uma alegre para aceitar o fim do namoro. A solidão não deve preocupá-lo mais.

Em menos de 24 horas o vídeo teve 33 mil

visualizações. Quatro dias depois, alcançou um milhão de acessos

SUCESSO

ROSANO MAURO JR/DIVULGAÇÃO

Os integrantes comemoram a conquista e fazem planos para o sucesso ir além da webLuísa Desiderá[email protected]

Ronaldo [email protected]

conteúdo Informações exclusivas no portal eletrônico www.primeirapautaielusc.blogspot.com

Page 5: Primeira Pauta Edição 88

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Mais de R$ 2 milhões em cultura

Há cinco anos, em Joinville, o Sistema Mun i c i p a l de Desen-volvimento

pela Cultura, popularmente co-nhecido como Simdec, atende parte das carências culturais da cidade e financeiras de seus exe-cutores. A maior cidade do esta-do possui somente este edital de incentivo à cultura, que se divide em dois mecanis-mos: o Fundo Mu-nicipal de Incentivo à Cultura e o Me-cenato Municipal de Incentivo à Cul-tura. Neste ano, os 461 projetos inscri-tos irão concorrer a R$ 935.000,00 via Edital e R$ 1.562.000,00 via Mecenato. Ad-ministrado pela Fundação Cul-tural, com o acompanhamento do Conselho Municipal de Po-lítica Cultural e da Secretaria da Fazenda, anualmente, o Simdec, através de uma comissão julgado-ra (composta por representantes da cena artística de Joinville e de outras cidades), avalia e selecio-na os projetos culturais inscritos que se encaixam no regulamento e na proposta do edital para dis-tribuir as verbas, respeitando o valor total disponível. O Fundo repassa a verba diretamente por meio do Edital do Simdec. Já o Mecenato permite que a captação de dinheiro seja feita por meio de captação de recursos e renúncia fiscal autorizada junto aos con-tribuintes do ISSQN – Imposto Sobre Serviço de Qualquer Na-

tureza – e do IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano.

O coordenador do Simdec, Luciano da Costa Pereira, conta que a área da música tem os pro-jetos mais contemplados. Para ele, esse incentivo financeiro mo-vimenta também a economia da cidade. “Com esse financiamen-to, fica mais fácil a manutenção, divulgação e desenvolvimento das atividades culturais”, diz. Além da música, é possível enviar

projetos para as seguintes áreas: artes gráficas; ar-tes plásticas; ar-tesanato e cultura popular; biblio-teca e arquivos; cinema e vídeo; circo; dança; edi-ções de livros de arte, literatura e

humanidade; literatura; museus; ópera; patrimônio cultural; ra-diodifusão cultural e teatro.

A verba liberada para o Si-mdec é de 2 a 3% em cima do valor arrecadado nos impostos municipais ISSQN e IPTU de cada ano. Com isso, até hoje, já foram distribuídos mais de R$ 8 milhões entre 286 proje-tos culturais. Luciano acredita que o recorde de inscrições, em 2011, se deve pelo fato de que o Mecenato acrescentou cinco novas modalidades, e no Edital foram acrescidas oito. Os pro-jetos aprovados neste ano serão divulgados no site www.simdec.com.br até o dia 27 de junho.

Dicas paRa uM boM pRojetoA própria Fundação Cultu-

ral de Joinville oferece gratuita-

mente cursos para capacitar as pessoas interessadas em escrever e enviar seus projetos. A oficina tem duas horas de duração e ex-plica o funcionamento do Sim-dec, o Edital de Apoio à Cultura e o Mecenato Municipal. Insti-tuições de ensino da cidade tam-bém oferecem oficinas gratuitas, por meio do Simdec, de Gestão Cultural, abordando o estudo da produção cultural e dando noção para planejar, gerenciar e formatar os projetos.

O coordenador orienta que as pessoas descrevam detalhada-mente suas propostas e objetivos do projeto. “Descrever quantas pessoas serão atendidas gratui-tamente com a apresentação de show e peças ou distribuição de livros; anexar o currículo de todas as pessoas envolvidas no trabalho e detalhar o orçamento dos gastos”, explica.

Para comprovar as propostas que serão desenvolvidas é neces-sário que seja anexado, no caso do teatro, uma sinopse do enre-do que será a peça; no caso de música o grupo deve mostrar um CD com seis músicas; se for pro-jeto para a área de restauração e patrimônio histórico deve-se apresentar fotografias da estru-tura ou plantas do prédio; para edição literária é só apresentar três cópias originais do livro.

Na hora da prestação de con-tas, é necessário que a participa-ção do público seja comprovada através de fotografias. E, não esquecer dos comprovantes dos gastos.

Diagramação de Mayara Silva | Edição de Ana Luiza Abdala

Joinville - Junho 2011PRIMEIRA PAUTACultura

Recorde: Foram inscritos 461 projetos no Simdec 2011 e a aprovação sai até o dia 27 de junho

iNVestiMeNto

Camilla Gonç[email protected]

Oficinas que ocorrem em 2011

Casa do Hip Hop Arte Inclusiva (CHHAI)Responsável: Juliana Regina CrestaniContato: 3463-5539 / 9961-2761- Os encontros de hip hop ocorrem aos sábados a noite na Casa da Cultura Oficina de teatro da Amorabi - Projeto Alternativas 12 anos de Arte para a comunidade do bairro ItingaResponsável: Samantha ChoenContato: 3465-2075 Oficina de Maracatu de Baque ViradoResponsável: Eduardo Augusto de Carvalho Sanches Contato: 3804-8260 | 9655-2447- As oficinas ocorrem aos sábados a noite na Casa da Cultura Tambores do Japão - TaikoResponsável: Fabiana MoisésContato: 8401-3312 | 3439-3270- Os encontros e aulas ocorrem aos domingos a partir das 14 horas até às 16 horas na Casa da Cultura e até agora mais ou menos 20 pesso-as participam desses encontros. Os interessados podem comparecer para assistir ou aprender.

A Fundação Cultural oferece cursos

para capacitar os interessados em enviar

seus projetos

OFICINAS

O Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura funciona em parceria com a Fundação Cultural e é o único edital existente em Joinville

Para o coordenador Luciano Pereira, o Simdec também movimenta a economia da cidade

FOTOS: ALinE SEiTEnFuS

Page 6: Primeira Pauta Edição 88

06 Joinville - Junho 2011PRIMEIRA PAUTA Ecologia

Diagramação e edição de Eduardo Schmitz

EcologiaDiagramação e edição de Eduardo Schmitz

Projeto é aprovado na câmara de deputados, mas não é unanimidade para envolvidos

Novo Código Florestalbrasileiro em xeque

LEGISLAÇÃO

FOTOS: GiSElE SilvEira

A propriedade rural de Ango

Kerten é um caso clássico da situação catarinense

de agricultura familiar

Apesar de apro-vado pelo Ple-nário da Câmara de Deputados, o Projeto de Lei do Novo Có-

digo Florestal está longe de pôr fim às divergências existentes en-tre defensores das bancadas ru-ralistas, ambientalistas e o poder político. Isso porque os termos do projeto apresentado pelo de-putado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que prevaleceram na Câmara se-

rão discutidos antes da sanção presidencial, no Senado.

Neste momento, cabe à população conhe-

cer e entender as divergências do tema. As diretrizes do novo código te-rão impactos signi-

ficantes na sociedade. Quanto às questões relativas

às Áreas de Proteção Permanente (APP), a obrigação de recompo-sição foi aprovada em 15 metros, para margens já degradadas de cursos d´água com até 10 metros de largura. Entretanto, a margem de 30 metros de vegetação pre-servada, como prevê a legislação atual, deverá ser mantida.

Além disso, as APPs já ocu-padas com atividades agrossilvi-pastoris, ecoturismo e turismo rural, poderão assim permane-cer, desde que o desmatamento tenha ocorrido antes de 22 de julho de 2008.

Aprovou-se ainda, uma emenda que permite aos Es-tados estabelecer outras ativi-dades que possam justificar a regularização de áreas desmata-das, através do Programa de Re-gularização Ambiental (PRA).

Ainda sobre as APPs, o Novo Código autoriza a ma-nutenção de culturas de espé-cies como uva, maçã e café ou de atividades silviculturais, em topo de morros, montes e ser-ras com altura mínima de 100

metros e inclinação superior a 25 ou locais com altitude su-perior a 1,8 mil metros.

Outro ponto trata da aver-bação da Reserva Legal (RL), área de mata nativa preserva-da, que no Estado de Santa Catarina deve corresponder a

20% de cada proprieda-de rural. Ela não será mais exigida em pro-priedades de até qua-tro módulos fiscais, se assim permanecer

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EcologiaDiagramação e edição de Eduardo Schmitz

EcologiaDiagramação e edição de Eduardo Schmitz

07Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

a aprovação do Projeto de Lei. O ponto que mais tem cau-

sado polêmica entre os mem-bros do Congresso é a chamada anistia, que prevê a suspensão de multas aplicadas por órgãos ambientais até 22 de julho de 2010, tendo como condicionan-te a adesão ao Programa de Re-gularização Ambiental — que deverá ser instituído pela União e pelos Estados.

Para a advogada especiali-zada em causas administrativas, ambientais e urbanísticas Camila Gessner, é importante comentar que para aqueles que estavam até agora adequados às exigências legais florestais, tendo averba-do a RL e mantido preservados os 30 metros de APP, a lei pode passar a impressão de “penali-zação dos corretos”. O Novo Código traz a figura da anistia das multas e processos por des-matamento ocorridos até 2008 e reduz a obrigação de recupe-ração da APP. “De acordo com o novo texto legal, caso aprova-do, muito trabalho terão os ju-ristas especializados no tema”, completa a advogada.

Votação no senadoNo Senado, o relator do

Código Florestal será o sena-dor Luiz Henrique da Silvei-ra (PMDB-SC). Ele aposta na aprovação do novo texto do Código Florestal. Segundo o senador, a câmara aprovou um texto com 410 votos entre 513 votantes. Isso significa dizer que o texto tem um apoio popular e interpreta uma vontade nacio-nal. “Precisamos de um Código Florestal que permita o Brasil ser a grande fronteira agrícola que é”, diz LHS.

Não é o que pensam os am-bientalistas de Santa Catarina.

Uma carta aberta do Conselho do Centro de Ciências Bioló-gicas da Universidade Fede-ral de Santa Catarina (UFSC) apresenta considerável preo-cupação sobre o tema e deixa claro em suas colocações que a comunidade científica foi amplamente ignorada durante a elaboração do relatório de revisão do Código Florestal. Segundo o conselho qualquer ato que altere o código sem as devidas avaliações científicas representa graves danos para as gerações futuras. A carta mos-tra que qualquer mudança sem o consentimento da academia é infundada e acrescenta que o país gasta milhões na formação de cientistas e no momento de consultar esses profissionais eles são ignorados.

E as complicações não pa-ram. O auditor ambiental Gert Roland Fischer relata que Luiz Henrique da Silveira mandou o deputado Valdir Colatto, na época secretário do governo LHS no setor de Engenharia Agrônoma, elaborar uma mi-nuta de código ambiental para Santa Catarina, aprovada em se-guida. Essa minuta tem pontos problemáticos ligados às APPs que beneficiam uma parcela dos agricultores catarinenses. En-tretanto, o documento deixa a legislação catarinense inconsti-tucional. Segundo Gert, com a aprovação do novo código isso seria modificado. “Sobre a lei 4771/65 o código florestal não deveria ser alterado em nada. É perfeito para garantir às gera-ções do futuro e às atuais a qua-lidade de vida, a biodiversidade invejável, patrimônio do povo brasileiro”, explica.

Projeto é aprovado na câmara de deputados, mas não é unanimidade para envolvidos

novo Código Florestalbrasileiro em xeque

LeGIsLação

Uma pesquisa divulgada no Serviço de Apoio as Micros e Pequenas Empresas de Santa Ca-tarina (Sebrae/SC) realizada em 2008, mostra que a agricultura no Estado é tipicamente familiar. Os estabelecimentos familiares representam 90,5% do total. Os agricultores familiares de Santa Catarina possuem 60% da área agrícola e respondem por 71,3% do valor bruto da Produção Agropecuária Catarinense.

Em Santa Catarina, a agricul-tura familiar é responsável pela produção da maioria dos ali-mentos. No entanto, é a menos

remunerada. Isto, na maioria das situações, ocorre pela falta de agregação de valor. Sem dúvida, tal fato está na burocracia e nas exigências estruturais incompatí-veis com o agricultor familiar.

A preocupação dessa classe no Estado é o cuidado com a ter-ra. O agricultor Ango Kerten, se mostra receoso com o novo có-digo florestal. Sua maior observa-ção é cuidar das gerações futuras. “Precisamos respeitar o espaço. Só é preciso encontrar a melhor forma que seja viável a todos”, explica Kerten.

O presidente do Sindicato

Rural de Joinville, Nelson Rossi, salienta que a questão vai muito além das leis. Existe a necessida-de de orientar os jovens agricul-tores a ficarem em suas terras e capacitá-los para o trabalho na la-voura. “Precisamos de educação ambiental que se aplique aos agri-cultores”, completa Rossi. Essa é uma situação que se repete em todo o Estado de Santa Catarina. O tema é pautado com frequên-cia nas reuniões realizadas pelo sindicato.

agricultura familiar ainda predomina em santa Catarina

1 – Área de Preservação Permanente (APP)Segundo a legislação atual, em topos de morros, margens de rio e encostas é expressamente proibi-da qualquer tipo de atividade agrícola. Não se pode plantar, nem retirar a vegetação original. O que muda: Cada estado tem o poder de estabelecer outras atividades que possam justificar a regularização de áreas desmatadas até junho de 2008. Da mesma forma, cada Estado deverá avaliar a obrigatoriedade ou não de recuperação de margens de rios e encos-tas já desmatadas. O projeto não considera APPs as várzeas fora dos limites em torno dos rios, as vere-das e os manguezais em toda sua extensão. 2 – Anistia e regularização das propriedadesO Decreto 7029, de 2009, que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais, prevê a anistia de multas já apli-cadas aos produtores rurais que regularizassem suas propriedades até junho, data em que entraria em vi-gor. Mas não houve adesão. Dados do Ibama indicam a existência de cerca de 13 mil multas com valor total de R$ 2,4 bilhões até 22 de julho de 2008.

O que muda:Segundo o projeto aprovado, será concedido o perdão às multas e aos crimes cometidos contra o meio ambiente. Mas para fazer juz ao perdão, o proprietário rural deverá aderir ao Programa de Re-gularização Ambiental (PRA), a ser instituído pela União e pelos Estados. Eles terão o período de um

ano para aderir, a partir da criação do Cadastro Am-biental Rural (CAR), que deve ocorrer em até 90 dias da publicação da lei. 3 – Reserva Legal (RL)Segundo o código em vigor, a Reserva Legal é a área localizada no interior de uma propriedade ru-ral, ressalvada a de preservação permanente (APP), representativa do ambiente natural da região e ne-cessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e prote-ção da fauna e flora nativas. Deve ser equivalente a, no mínimo, 20% da área total de propriedades fora da Amazônia Legal. Em propriedades agrícolas den-tro da Amazônia Legal, a reserva deve ser de 80% da área ocupada e de 35%, se localizada no Cerrado.

O que muda:O texto do novo Código mantém os atuais índi-ces de reserva legal, mas permite usar APPs no cálculo. Ou seja, para definir a área destinada à reserva legal, o proprietário poderá considerar integralmente a área de preservação permanen-te (APP). Aos agricultores familiares com pro-priedades de até quatro módulos será permito manter, para efeito da reserva legal, a área de ve-getação nativa existente em 22 de julho de 2008. A reserva poderá ser regularizada de diversas for-mas, incluindo compra de cotas. O projeto também dá ao proprietário rural a alternativa de compensar áreas de Reserva Legal desmatadas em outro bioma fora do seu estado.

Três mudanças básicas, incluindo a Emenda nº 164:

Lizandra [email protected]

Maior parte da agricultura catarinense é baseada na

agricultura familiar

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08 Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA Política

Diagramação e edição de Polianna Moraes

PolíticaDiagramação e edição de Polianna Moraes

Primeira Pauta: Qual sua leitura sobre o PSD no sistema partidário brasileiro?Jacques Mick: Se pensarmos que a legenda não tem programa polí-tico, como diversas outras siglas, o PSD é mais um símbolo da fragilidade do sistema partidário brasileiro. Mas o fato de o parti-do ter sido criado para suceder o DEM merece alguma atenção. O DEM tinha um programa para o país, materializado nas reformas que configuraram o amplo movi-mento conhecido como Neolibera-lismo. A retomada do crescimento econômico no Brasil a partir de 2005, combinada com políticas so-ciais marcadas por forte atuação do Estado, compro-varam a ineficácia daquela agenda de reformas. Satisfei-ta, a maioria dos eleitores escolheu outros candida-tos, que não os do DEM. Ou seja: o DEM tinha um programa claro, rejeitado pela po-pulação; restou aos políticos agregados naquele partido buscar alternativas para sobreviver. Efeitos disso afetam também o PSDB.

PP: O enfraquecimento da oposição ao governo federal pode ter motiva-do a criação do PSD?Mick: O PSD não é de oposição e tende a ser clientelista. Acostuma-dos a governar, os líderes de DEM e PSDB não conseguiram dar à oposição consistência suficiente para resistir à satisfação da maio-ria dos brasileiros com a atuação do governo federal.

PP: Você acredita que o eleitor terá dificuldade de reconhecer a identi-dade do PSD?Mick: O PSD não tem identidade, como vários outros partidos. Em Santa Catarina, a nova legenda re-colheu todo o espólio do DEM: 43 prefeitos, mais de 300 verea-dores, nove deputados estaduais e três federais. Todos terão uma

marca nova para enfeitar as fotos oficiais das candidaturas do ano que vem.

PP: A tendência é que os nomes le-vem os votos, não suas legendas? Por quê?Mick: Embora parte dos eleitores escolha seus candidatos por iden-tificação partidária, parte opta pela pessoa, como se diz. Pense-mos em Gilberto Kassab, líder da criação do PSD: começou a

carreira ao lado de Paulo Maluf e Cel-so Pitta (ambos do PP), como verea-dor eleito pelo PL (hoje, PR); depois, transferiu-se para o PFL, renomeado DEM, e elegeu-se prefeito em coliga-ção com o PSDB. Namorou três ou-tras legendas (PT, PMDB, PSB), an-tes de decidir criar uma nova. As siglas não foram irrele-vantes na carreira do prefeito, mas hoje Kassab tem um repertório de eleitores, que pode levar para qualquer sigla. Um sistema partidário mais

robusto ou a adoção de outro sis-tema eleitoral talvez alterassem a relação eleitor-partido. Mas, com o que temos, o apelo do líder ca-rismático e forte vínculo social com o eleitor, segue forte.

PP: É contraditório o ressurgimento do PSD, que foi fundado anterior ao governo militar por Getulio Vargas?Mick: Arena e MDB são poste-riores ao antigo PSD. O novo PSD não tem relação direta com o PSD dos tempos de Vargas: a coincidência do nome não apaga a impossibilidade de comparar os dois brasis (o atual e o do ciclo 1945-1965). Se algum vínculo é possível, ele estaria na genealo-gia de certa posição política que, presente no PSD original, desem-boca na Arena, no PFL, no DEM e agora deságua no PSD. Mas há quase duas gerações de políticos nesse intervalo entre 1965 e 2011, o que torna qualquer comparação problemática. (D.C)

“Eles não têm uma identidade definida”

Entrevista Jacques Mick

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou o prazo de 30 dias para os políticos com algum mandato ingressarem em siglas recentemente criadas. A chefe do Cartório Eleitoral de Jaraguá do Sul, Simone Ladeira, explica que o prazo começa a contar a partir do registro do novo partido jun-to ao TSE. Assim, esses políticos não serão considerados infiéis. “Se passar, o TSE pode considerar in-

fidelidade partidária”, avisa.Os políticos interessados em

disputar as eleições em 2012 de-vem estar filiados, pelo menos, há um ano para poder se candidatar nas próximas eleições. O registro deve ser oficializado até outubro. Segundo ela, os procedimentos prévios já estão sendo feitos para efetivar o PSD.

A Lei dos Partidos Políticos nº. 9096/95 estabelece um mé-

todo matemático para somar a quantidade de assinaturas neces-sárias para o registro. “Pelo me-nos, metade da porcentagem dos votos válidos na última eleição para Câmara dos Deputados, não computados os votos brancos e nulos, distribuídos por um terço ou mais estados. Então mil eleito-res serão necessários para registrar o partido e esse número pode va-riar”. (D.C)

Políticos têm apenas 30 dias para se filiar na nova legenda

O PSD não é oposição e tende a ser clientelista. Estão acostumados a governar”

“JACQUES MICKprofessor

Políticos de todo Brasil junto com Gilberto Kassab (centro)no lançamento da ata do PSD

Divulgação Álvaro Dias

Como os Democráticos poderão ser reconhecidos pelos eleitores sem causar confusão com as siglas anteiores

A criação do PSD, um partido novo formado por velhos conhecidos

BASTIDORES DAS ELEIÇÕES 2012

Na leitura de Mick, os líderes democratas e tucanos sempre es-tiveram acostumados a governar - ou seja, presentes na situação - por isso não tiveram bom desempenho como oposição ao governo federal nos mandatos de Luís Inácio Lula da Silva, e agora no comando de Dilma Rouseff, ambos do Partido dos Trabalhadores. “Recentemente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu um artigo com propostas para fortalecer a oposi-ção: focava em estratégias de ma-rketing, mais do que em elementos da agenda política”, considera Mick, “Com o esvaziamento definitivo do DEM e a criação do PSD, é o Parti-

do Social da Democriacia Brasileira (PSDB) quem deve conduzir a opo-sição ao governo federal”, acredita.

O PSD não tem identidade, afir-ma o professor. Ele explica que a nova sigla é um amontoado de lideranças políticas destinado a servir aos inte-resses de futuros candidatos. “Uma parte dos eleitores leva o partido em conta, ao escolher seus candidatos; outra parte, não. É a essa parte, talvez majoritária, que o PSD se dirigirá”. Para saber mais sobre o tema, acom-panhe a entrevista com o professor da UFSC no texto abaixo.

Daiana [email protected]

A o passo que apro-xima o ano eleito-ral, aumentam as discussões quanto ao cenário políti-co que começa a

se formar para 2012. A oficializa-ção do Partido Social Democrático (PSD), previsto para o mês de se-tembro, possibilitará aos candidatos a troca de siglas em todo o país. Em Santa Catarina, o governador Rai-mundo Colombo decidiu ingressar na nova legenda logo nos primeiros três meses de seu mandato, com o desafio de levar consigo as principais lideranças democratas do estado. Agora, diante dessa recente frente partidária, discute-se a origem da sigla, ideologia e identidade.

Para o professor do Departa-mento de Sociologia e Ciências Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Jacques Mick, o PSD entrará na disputa eleitoral como um partido forte, pois estará consolidado por impor-tantes líderes políticos. “Diferente do partido Democrata, fragilizado com apenas quatro anos de história, o PSD receberá o tratamento de marketing que se costuma aplicar no sistema político e estará pronto para o consumo no próximo ano. Não haverá tempo para a imagem dessa marca se deteriorar”, prevê.

Divulgação

conteúdo Informações exclusivas no portal eletrônico www.primeirapautaielusc.blogspot.com

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PolíticaDiagramação e edição de Polianna Moraes

09Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTAPolítica

Diagramação e edição de Polianna Moraes

O Partido Social Democráti-co surge como o novo azarão do pleito eleitoral de 2012. A sigla é nova, mas traz nomes fortes. Es-tes, por sua vez, trazem uma his-tória de militância política.

Santa Catarina tem se mostra-do como um dos estados melhor articulado no processo de funda-ção do novo partido. Boa parte do mérito cabe ao governador Raimundo Colombo. Desde o início das conversas sobre a cria-ção do partido ele se manifestou em deixar os Democratas (DEM). O PSD tem conseguido aliar no-

mes principalmente do DEM, até o momento 24 prefeitos já confir-maram a adesão ao novo endereço partidário. O governador tam-bém arrebanha correligionários do Partido Progressista (PP) e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Só em Joinville, arrastou o atu-al presidente da Câmara de Vere-adores, Odir Nunes, e o vereador mais votado da história de Santa Catarina, Patrício Destro, ambos do DEM. Mas o arrastão se esten-de para as outras siglas também. A vereadora Zilnete Nunes (PP)

completa a lista de nomes vindos da Câmara confirmados para o PSD. Outros nomes que pesam a favor do PSD na balança eleitoral são os deputados Darci de Matos (DEM) e Kennedy Nunes (PP), dois dos três deputados estaduais com base em Joinville, e a bancada continua em crescimento.

No início do mês de junho, um grupo de lideranças fez sua primeira reunião oficial em Join-ville, definindo os nomes dos in-tegrantes que agoram integram a comissão provisória para co-mandar o PSD na cidade. A no-

minata é composta por Afonso Ramos na presidência, Nelson Trigo como vice-presidente, Mi-sael Canuto como tesoureiro, Valter Flores como segundo te-soureiro e a secretaria ficou com Marilise Boehm.

PolêmicaPara que o PSD possa ser regu-

larizado e registrado, precisam ser coletadas 482 mil assinaturas de apoio a criação do partido. A pre-sença de nomes fortes a frente da futura sigla facilita a conquista de contatos. Muitas assinaturas vem

por simpatia ou ligação às pessoas que já assinaram. Em meio a toda essa movimentação, também co-meçam as surgir as primeiras po-lêmicas com o PSD.

Há uma suspeita de fraude na cidade de São Lourenço, onde cin-co assinaturas de apoio que foram coletadas o registro do partido seriam de pessoas já falecidas. Na cidade do oeste catarinense, tam-bém foi questionada a veracidade de outras 117 assinaturas.

Eduardo [email protected]

O PSD surge em um momen-to importante da história política do Brasil. Pois tramita hoje no Senado Federal a atual Reforma Política, com previsão de vota-ção neste ano, mas com validade somente a partir das eleições de 2014, segundo a previsão dos se-nadores catarinenses. Os repre-sentantes de Santa Cantarina em Brasília estão discutindo os itens para os temas que vão compor o remodelamento do sistema eleito-ral, assim como a entrada da nova sigla no meio político brasileiro.

Quanto à nova legenda, o se-nador Paulo Bauer (PSDB) avalia que o PSD surge da divisão do partido Democrata. E isso, na sua leitura, não altera a política no seu tramite nacional. “Entendo que o PSD não será posição e nem cen-tro. Mas posso falar do seu desem-penho depois de sua oficialização e atuação nas próximas eleições”, afirma. Já o senador Casildo Mal-daner (PMDB) acredita que o PSD será um dos partidos fortes que sobreviverá o fim das coliga-

ções “O PSD tem tudo para estar entre os partidos que vão conse-guir agregar lideranças e estarem em sintonia com os anseios da so-ciedade”.

O peemedebista é a favor do fim das coligações nas candida-turas proporcionais. “Com as

coligações, candidatos são eleitos utilizando o coeficiente alcança-do pela coligação. Isso tem que acabar. Não podemos conviver com 26 27 partidos. A tendência é que acabem unindo-se os de ide-ologia mais próxima”. Ele também defende a Fidelidade Partidária. “Não podemos conviver com o troca-troca partidário. Isto não contribui em nada para o proces-so democrático”, afirma o senador. Maldaner está de acordo com o

texto aprovado pela comissão da reforma no Senado, que mantém as regras atuais do tema.

Bauer também defende o tema da Fidelidade Partidária. Para o tucano, os candidatos interessa-dos em se candidatar a algum car-go público devem estar filiados a um partido político, pelo menos, três anos. Ele também defende o fim da reeleição, o mandato de seis anos para todos os cargos, desde vereador até presidente da República, com eleições a cada três anos, intercalando entre Exe-cutivo e Legislativo.

Já Maldaner apoia o limite de uma reeleição para cargos majori-tários, mas com a obrigatoriedade da desincompatibilização, para evitar o uso da máquina do gover-no. “Tem de ser estudado também um limite para os cargos legislati-vos, para que políticos não se eter-nizem em determinados postos”. Ninguém deve ficar eterno em um cargo, como a presidência de uma entidade, especialmente se esta re-ceber subsídios públicos”.(D.C)

Partido de Origem: DEMCargo eletivo: VereadorPresidente da Câmara de Joinville, acumula cinco mandatos como ve-reador. É o nome de referência como oposição ao governo municipal.

odir Nunes

Partido de Origem: DEMCargo eletivo: Deputado EstadualDestacado como principal nome para concorrer à Prefeitura de Joinville em 2012. Sofreu oposição de Kennedy Nunes ma eleição municipal de 2008

Darci de matos

Partido de Origem: DEMCargo eletivo: VereadorFoi o vereador mais votado da história de Santa Catarina com 8.540 votos. No início se mostrou contrário à troca. É cotado a vice-presidente da sigla.

Patricio Destro

Partido de Origem: PPCargo eletivo: Deputado EstadualQuando estava no PP era um forte candidato a concorrer à Prefeitura. Foi opositor às candidaturas tanto de Tebaldi como de Darci de Matos.

Kennedy Nunes Zilnete Nunes

Entendo que o PSD não será oposição e nem centro.“

PaUlo BaUERsenador

DIVULGAÇÃO

o troca-troca nos preparativos para o PSD decolar

Não podemos conviver com tantos partidos com 26 ou 27 partidos”“caSilDo malDaNERsenador PMDB-SC

Senadores catarinenses buscam a reforma política em Brasília

Senador Paulo bauer defende a fidelidade partidária e o fim da reeleição

Partido de Origem: PPCargo eletivo: VereadoraA irmã de Kennedy foi convidada a integrar o PMDB, mas optou pela nova sigla e aumentar a legenda com outros vereadores que poderão vir.

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10 Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

Diagramação e edição de Gabriel Fronzi

Esporte

A força da cida-de de Joinvil-le no cenário futebol íst ico de Santa Ca-tarina é inegá-

vel. Desde a fundação do Join-ville Esporte Clube, em 1976, a equipe acumulou doze títulos estuduais, tornando-se uma das quatro grandes do estado, se-gundo muitos entendedores do assunto. O que muitos não sa-bem, ou não se dão conta, é que o JEC surgiu a partir da união de duas agremiações tradicio-nais da maior cidade do esta-do: América e Caxias. A última, após glórias em campo e fracas-sos administrativos, retomou o futebol profissional em 2009 e tem como objetivo voltar a eli-te do futebol barriga-verde na próxima temporada.

Visando acabar com a he-gemonia imposta pelo América na região, em outubro de 1920, Vampiro e Teotônia, duas ins-tituições de menor expressão, decidiram se unir. Misturando o preto do primeiro e o branco do segundo, surgiu o alvinegro Caxias. O nome, foi uma ho-

menagem a Duque de Caxias, figura importante do exército brasileiro. A existência de duas potências citadinas resultou em uma rivalidade instantânea: no dia 9 de março de 1921, América e Caxias duelaram em comema-ção do septuagésimo aniversário de Joinville. Foram os primeiros noventa minutos de um clássi-co disputado até o surgimento do Joinville Esporte Clube, que cuminaria na fusão de ambos. ‘Vencemos o primeiro clássico por 2 a 1, no campo do adver-sário. Isso nos deu muita força logo no início de nossa história’, relembra Flávio Braga, atual pre-sidente do Caxias.

De 1920 a 1976, o Caxias fez seu nome no estado. Foram três títulos estaduais, sendo dois de forma consecutiva e invicta, além de sete vice campeonatos, nos quais dois deles desconten-tam os torcedores até os dias de hoje. Além disso, grandes joga-dores que vestiram o uniforme preto e branco também conse-guiram notoriedade no futebol brasileiro (confira o box ao lado com cinco grandes jogadores da história caxiense).

Nos anos 70, aconteceu a pri-meira crise financeira alvinegra. E o seu maior rival, coincidente-mente, não passava por um bom momento. Isso resultou na união dos dois departamentos de fu-tebol profissional, progredindo assim para a criação de um novo time na cidade: o JEC. O alvirubro da zona norte passou a dedicar-se com a liga amadora da cidade e o gualicho, fechou defitivamente as atividades, fazendo uma conces-são de seu estádio, o Ernestão, ao tricolor por 25 anos. Em 1996, o Caxias decidiu voltar ao futebol mas, inicialmente, de forma ama-dora.. Cinco anos depois, com o término da concessão do estádio, o alvinegro voltou aos gramados profissionalmente. Em 2002, a equipe conseguiu o acesso para a primeira divisão do estado e no ano seguinte, com ótima campa-nha no catarinense, chegando a fi-nal, deixou o título escapar diante do Figueirense. A partir daí, nova crise e novas dívidas, que resulta-ram no fim do futebol profissio-nal, pela segunda vez.

Matheus Mello [email protected]

Empurrado por sua tradição, o Caxias Futebol Clube busca voltar para a elite do futebol catarinense

O alvinegro mais famoso e vencedor no norte do estado

ESPORTE

Juarez (Juarez Teixeira): O centroavante, oriundo de Blume-nau, marcou época na conquista do campeonato catarinense de 1954, marcando 18 gols em sete jogos. Tal desempenho desper-tou o interesse do Grêmio (RS), e o mesmo transferiu-se para Porto Alegre. No clube, ganhou o apelido de Leão do Olímpico, sendo pentacampeão gaúcho e campeão panamericano pela Seleção Brasileira. Juarez está eternizado na calçada da fama gremista, e é apontado por mui-tos como um dos maiores gole-adores que o Grêmio já viu em sua hstória. Atualmente mora em Porto Alegre.

Mickey (Adalberto Kretzer): Nascido em Presidente Getú-lio, localizada no médio vale do Itajaí, o centroavante ingressou no gualicho em 1966. Suas boas atuações chamaram a atenção do então técnico do Botafogo, João Saldanha, que o indicou ao clube da estrela solitária. A ne-gociação não vingou, e Mickey foi contratado pelo Fluminense. Lá, fez história. Participou do time vitorioso que conquistou o torneio Roberto Gomes Pedroza (Robertão, o campeonato brasi-leiro da época), marcando três gols decisivos no quadrangular final, e sendo um dos prota-gonistas da conquista. No São Paulo, foi campeão brasileiro em 1977. Hoje em dia, possui um es-critório imobiliário em Balneário Camboriú, onde reside.

Jairo (Jairo do Nascimento): Natural de Joinville, o goleiro

Jairo jogou quatro temporadas no Caxias e, junto com Mickey, mudou-se para o Rio de Janeiro para denfender o tricolor das la-ranjeiras. Também participou da conquista do Robertão em 1970. Além disso, foi duas vezes cam-peão paulista pelo Corinthians e campeão brasileiro pelo Coritiba em 1985, quase no fim de sua carreira. Outro fato interessante, é que Pantera (como também era conhecido) foi o primeiro joinvillense a ser convocado para a seleção brasileira de futebol. Atualmente, mora em Curitiba e administra escolhinhas de fute-bol na capital paranaense.

Norberto Hoppe: Unanimi-dade entre aqueles que viveram a grande fase do gualicho nas décadas de 50 e 60. Apesar de nunca ter sido campeão estadu-al, marcou história, fazendo mais de 500 gols. Em 1966, balançou as redes 33 vezes, sendo o maior artilheiro do futebol brasileiro naquela temporado, superando inclusive o rei Pelé. Impressiona-do com seu futebol, o mandatá-rio do Bangu, Castor de Andra-de, bancou o jogador, que ficou emprestado ao clube carioca por um ano.

Vilmar Puccini: Goleiro bi-campeão catarinense com o gualicho em 1954 e 1955. Jo-gou em clubes de expressão do futebol barriga-verde na época como o Baependí, de Jaraguá do Sul e o Palmeiras, de Blumenau, se destacando em todos, mes-mo com sua baixa estatura de 1,70m.

Atualmente na segunda divi-são do campeonato catarinense, o Caxias almeja o retorno a elite do estado, competição que não dis-puta desde 2005. ‘Em 2001, vol-tamos ao futebol profissional de forma muito afobada. Fomos vice campeões em 2003, montamos um bom time, mas gastamos de-

mais, e isso nos prejudicou. Agora, estamos com opé no chão’, afirma Braga. O mandatário caxiense acrescenta que as prioridades do clube neste momento são o patri-mônio e sua categoria de base. A competição tem início em agosto, e o gualicho encara o Próspera, de Criciúma, na estreia.

Uma nova história

O apelido Gualicho foi dado ao Caxias graças a um cavalo de corrida que vencia todas as corridas que disputava. Como o clube passava por uma boa fase, associaram o cavalo Gua-licho ao alvinegro joinvillense.

O mascote do Caxias é o pinguim. Tal escolha ocorreu

em uma partida realizada no Ernestão na década de 50, quando um torcedor levou um pinguim que havia achado no litoral norte. Dentro de campo, a equipe venceu, transforman-do o animal de terras geladas em pé quente e, com isto, tor-nou-se o mascote.

Caxienses que marcaram época

Curiosidades

O treinador Pingo (esq), ao lado de José Wilson e do presidente Flávio Braga na apresentação da equipe para a temporada 2011

Gabriel Fronzi

Page 11: Primeira Pauta Edição 88

EspecialDiagramação e edição de Aline Seitenfus

11Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA

MAIO

A paralisação das obrasJUNHO

O abandonoABRIL

A promessa

Era o começo de uma nova história. O ca-lendário mar-cava 22 de maio de 2011

e o Joinville Esporte Clube, equipe tradicional do futebol catarinense, estava em uma Copa Santa Catarina, um tor-neio sem expressão, mas que teria como objetivo servir de preparação para um grupo que visa a disputa do campeonato Brasileiro da Série C. Mas, não é apenas o clube que vive em maus lençóis, acumulando der-rotas e tristezas para a torcida. A Arena Joinville, o projeto do melhor estádio do Sul do país, também não vive bons mo-mentos. E a cada dia piora.

Naquele dia cinzento, pouco mais de duas mil e quinhentas pessoas foram ao estádio. Como é rotineiro, as catracas eletrôni-

cas para entrada dos torcedores quebraram. Virou corriqueiro formar filas em todos os jogos, para que os torcedores consi-gam entrar no estádio, que tem um único acesso, pelas rampas da rua Inácio Bastos. Paralela-mente, o torcedor que vem ao estádio aponta al-guns pontos nega-tivos. O empresário Julio Ferreira alega que a saída do es-tacionamento da Arena Joinville tem problemas. “Exis-tem dias que fica-mos até 40 minutos dentro do carro es-perando para con-seguir sair do estacionamento”, lamenta. O local é terceirizado, mas não tem asfalto. Em dias de chuva, a terra molhada e o barro atingem as pessoas que desejam apenas estacionar seu carro para

assistir o jogo de futebol do seu time do coração. O presidente da Felej, Fundação de Esporte Lazer e Eventos de Joinville, Jorge Nascimento, garante que o problema do estacionamento já foi pior e a demora dos veícu-los se dá ao fato das duas únicas

saídas do local, foram afetadas com as obras do “Parque da Ci-dade”, que está sendo construí-do no pátio do estádio. “Obras são obras, não há como negar que existe um problema no

desafogamento do trânsito ao final dos jogos. Mas, esperamos concluir tudo isso com a inau-guração do Parque da Cidade nos próximos meses”, afirma.

Mas esse não é o único pro-

blema ocasionado por obras mal-acabadas da Arena Join-ville. O estudante Guilherme Silva também atenua para os banheiros do estádio que, nas arquibancadas descobertas, não contem iluminação e por diver-sas vezes não são limpos. “É complicado, a gente vem aqui pra torcer e quando quer usar os banheiros encontra-os nesta situação”. Aí, neste caso, a Fe-lej justifica que a situação já foi regularizada. Nos intervalos, a maioria dos torcedores se diri-ge as dependências abaixo das arquibancadas que é onde se encontram os quiosques para alimentação. Eles são adminis-trados pela empresa “Futebol Total” e, naturalmente, nenhum encontra-se nas condições que estavam as lancherias do pro-jeto inicial da Arena Joinville. Nada mais são do que um con-glomerado de freezers, estufas

para salgadinhos e máquinas de fazer pipoca. Nada de confor-to, nada animador.

Já não bastassem as infil-trações que ocorrem nas pare-des dos escritórios do Joinville Esporte Clube e da própria Felej, as rachaduras se tornam evidentes. Um dos responsá-veis pela estrutura do estádio, que prefere não ter o nome divulgado, alerta que a situa-ção só tende a piorar devido ao estado que se encontra a Arena Joinville. A solução po-deria ser com obras imediatas e constantes na estrutura que apresenta diversas falhas e sofre de um desgaste diário. Atualmente, a Prefeitura, em conjunto com a Felej, realizou a lavação das arquibancadas e do prédio externo.

Gabriel [email protected]

Torcedores continuam a enfrentar problemas devido ao descumprimento do projeto da Arena Joinville

Mais um projeto que não saiu do papel DESCASO

Além dos problemas com o estacionamento

a Arena apresenta rachaduras e

infiltrações nas paredes

PERIGO

Com os inúmeros problemas na Arena Joinvile o que é para se tornar um passeio agradável para prestigiar o time acaba por virar um martírio. Filas longas, problemas com estacionamento e na infraestutura. Essa é a atual situação

jAqueline Mello

Page 12: Primeira Pauta Edição 88

12Diagramação e edição de Ronaldo Santos

Joinville - Junho 2011 PRIMEIRA PAUTA Reportagem fotográfica

Insatisfação continua após fim da greveNove de maio de 2011: os servidores públicos

da Prefeitura de Joinville decidem pela paralisação do trabalho. Era o início de uma greve que resulta-ria em muito mais que dias sem trabalhar. Resultaria em várias páginas dos jornais locais, na construção de personagens como líderes, no envolvimento de toda a população e na segunda maior greve munici-pal. Professores e funcionários da saúde esvaziaram os órgãos públicos e encheram as ruas. Em cima do trio elétrico, o presidente do sindicato, Ulrich Bea-thalter, comandava os grevistas nas assembleias rea-

lizadas em frente à prefeitura. No início, o sindicato pedia reajuste imediato de 8% no salário. Do outro lado, o chefe de gabinete, Eduardo Dalbosco, era o porta-voz das decisões do governo: o aumento sala-rial não seria dado no ano atual, apenas no início de 2012. O motivo? As dívidas que rondavam o gover-no de Carlito Merss. Foram 40 dias de faixas esten-didas, gritos de guerra, escolas paradas e postos de saúde fechados. As negociações, inicialmente, eram raras. Diversas lideranças externas interviram para que os dois lados tentassem um acordo. No meio

do caminho, Dalbosco deu lugar ao prefeito Carlito Merss, que começou a ser o negociador. Há quem dizia que os rumos da greve se tornavam outros. Não mais uma luta pelo direito dos trabalhadores, mas uma briga de interesses políticos. No 17 de junho de 2011, o governo ofereceu reajuste de 2% em setembro, 2% em novembro e 4% em janeiro aos servidores. O sindicato aceitou. Fim da greve. Mas nem tudo voltou a ser flores. Os ares pesados entre os petistas e o descontentamento de ambas as partes continuou.

texto e fotoS: jaqueline DiaS

[email protected]

Prefeito Carlito Merss assumiu as negociações no final da greve

Grevistas montaram barracas no jardim da sede da prefeitura

Assembleias e manifestações ocorriam em frente à prefeituraServidores passavam dia e noite no local

Prefeito era acusado de não conceder reajuste em função de gastos comcomissionados