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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS SECRETARIA GERAL DE RECURSOS HUMANOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO O uso da gestão do conhecimento para a proposta de melhorias nos processos da Divisão de Controle Acadêmico (DiCA) da UFSCar. São Carlos – SP 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS SECRETARIA GERAL DE RECURSOS HUMANOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

O uso da gestão do conhecimento para a proposta de melhorias nos processos da Divisão de Controle

Acadêmico (DiCA) da UFSCar.

São Carlos – SP 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS SETOR DE RECURSOS HUMANOS

DEPARTAMENTO DE ENGERNHARIA DE PRODUÇÃO

O uso da gestão do conhecimento para a proposta de melhorias nos processos da Divisão de Controle

Acadêmico (DiCA) da UFSCar.

Aluno: Jônatas Rodrigues da Silva Orientador: Prof. Dr. Sérgio Luis da Silva

Monografia do curso de Especialização em Gestão Pública apresentada ao Setor de Recurso Humanos da Universidade Federal de São Carlos.

São Carlos – SP 2009

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Dedico este trabalho a

minha família e aos

amigos que trabalham

comigo na DiCA.

Page 4: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

Agradecimentos Agradeço a minha esposa e filha pela paciência, compreensão e apoio;

aos meus pais, irmãos e minha avó materna pelo incentivo.

Sou grato ao professor e orientador Sérgio, pela paciência, dedicação e

atenção ao longo de todo este trabalho.

Também agradeço ao demais professores que durante todo o curso se

mostraram disponíveis para me ajudar e aos colegas de sala pela força nos

momentos mais difíceis.

Page 5: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

Resumo A informação estando disponível a todos, o conhecimento é fator

preponderante para o sucesso organizacional. Gerir conhecimento é fator

crítico de sucesso para qualquer organização. O presente trabalho buscou

mapear os principais processos da Divisão de Controle Acadêmico da

Universidade Federal de São Carlos com o objetivo de transformar parte do

conhecimento tácito de como são realizados os processos, presente somente

na mente dos servidores ali lotados, na forma de conhecimento explicito. Foi

realizada uma revisão bibliográfica sobre os temas: Gestão do Conhecimento e

Modelagem de Processos. A metodologia de pesquisa foi a Pesquisa-ação,

pois o autor do trabalho é servidor lotado na Divisão o que permite a

interferência direta do pesquisador junto ao objeto de estudo. Foi sugerida

melhorias na execução das atividades, propondo novas formas de ação, que

ao longo do trabalho são apresentados através de gráficos.

Page 6: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

Abstract Knowledge is an important factor for organizational success when the

information is available for everyone. Managing knowledge is a critical success

factor for any organization. This study aimed to map the key processes of the

Academic Division of Control of the Federal University of São Carlos in order to

become part of the tacit knowledge of how are the processes, since this

knowledge is only in the minds of servers crowded there in the form of explicit

knowledge. We performed a literature review on the topics: Knowledge

Management and Process Modeling. The research methodology chose was

action research, because the author of this monograph works at the Division,

which allows the direct interference of the author on the object of study. It was

suggested some improvements in the implementation of activities, offering new

forms of action, that throughout the work are presented through graphics.

Page 7: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

Sumário

 

1.  INTRODUÇÃO .......................................................................................... 10 

1.1  Caracterização do tema .................................................................................... 10 

1.2  Objetivos .......................................................................................................... 12 

1.3  Justificativa ...................................................................................................... 13 

2.  GESTÃO DO CONHECIMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS. .... 15 

2.1  Gestão do conhecimento .................................................................................. 15 

2.1.1  Dado ......................................................................................................... 15 

2.1.2  Informação ................................................................................................ 15 

2.1.3  Conhecimento ........................................................................................... 15 

2.2  O processo de formação do conhecimento ...................................................... 17 

2.3  O processo de transformação do conhecimento ............................................... 18 

2.3.1  Socialização: Do Conhecimento Tácito em Conhecimento Tácito .......... 19 

2.3.2  Externalização: Do Conhecimento Tácito em Conhecimento Explícito .. 19 

2.3.3  Combinação: Do Conhecimento Explícito em Conhecimento Explícito . 20 

2.3.4  Internalização: Do Conhecimento Explícito em Conhecimento Tácito ... 20 

2.4  Processos da Gestão do Conhecimento ........................................................... 21 

2.4.1  Gestão por competência ........................................................................... 21 

2.4.2  Gestão do capital intelectual ..................................................................... 24 

Page 8: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

2.4.3  Aprendizagem organizacional .................................................................. 24 

2.4.4  Educação Corporativa .............................................................................. 26 

2.5  Modelagem de processos ................................................................................. 27 

2.5.1  Conceito de Processo ................................................................................ 27 

2.5.2  Modelagem de Processo ........................................................................... 27 

2.5.3  Por que modelar processos? ..................................................................... 29 

3.  METODOLOGIA DA PESQUISA .............................................................. 30 

3.1  A pesquisa-ação ........................................................................................... 31 

4.  RESULTADOS E ANÁLISE ...................................................................... 33 

4.1  O processo de colação de grau ......................................................................... 33 

4.1.1  Sugestões para agilizar o processo de colação de grau ............................ 34 

4.2  O processo de transferência externa ................................................................ 41 

4.3  O processo de exercício domiciliar .................................................................. 47 

4.3.1  Sugestões para melhoria o processo de exercício domiciliar ................... 51 

5.  CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 55 

6.  REFERÊNCIAS ......................................................................................... 58 

Page 9: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

Lista de figuras

Figura 1: Organograma da Universidade Federal de São Carlos. ...................... 12 

Figura 2: Processo de formação do conhecimento ................................................ 18 

Lista de tabelas

Tabela 1: Novas competências da organização vistas pelos diferentes níveis

organizacionais. ........................................................................................................... 23 

Page 10: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

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1. Introdução O administrador é o responsável pelo desempenho de uma ou mais

pessoas de uma organização. O administrador obtém resultados através de

sua organização e das pessoas que nela trabalham. Para tanto, ele planeja,

organiza, dirige pessoas, gera e controla recursos materiais, financeiros, de

informação e tecnologia visando a realização de determinados objetivos

(CHIAVENATO, 1999).

O termo administração se refere ao processo de fazer com que as

atividades sejam realizadas eficientemente e eficazmente com e através de

outras pessoas (SILVA, 2004).

A administração constitui a maneira de utilizar os diversos recursos

organizacionais humanos, materiais, financeiros, de informação e tecnologia –

para alcançar objetivos e atingir elevado desempenho. A administração é o

processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos

organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e

eficaz (CHIAVENATO, 1999).

1.1 Caracterização do tema

O mercado globalizado exige uma constante inovação de recursos de

vantagem competitiva, e a Gestão do Conhecimento vem como um diferencial

e um grande desafio para as empresas, ela fornece instrumentos para

transformar conhecimento em vantagem competitiva, levando em conta os

valores e crenças da empresa sobre conhecimento tácito, cultura,

comportamentos, processos de trabalho e tecnologia (ROCHA, 2006).

Segundo Davenport e Prusak (1998), o conhecimento é a única fonte

que sustenta a vantagem competitiva de uma empresa.

Para sobreviver e competir na “sociedade do conhecimento”, as

empresas devem aprender a administrar seus ativos intelectuais. O

conhecimento é o único recurso que aumenta com o tempo (PROBST, 2002).

Page 11: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

11

Porém, o conhecimento está na mente das pessoas e a Gestão do

Conhecimento tem o grande desafio de conseguir extrair e compartilhar esse

conhecimento de forma a gerar vantagem competitiva. Conhecimentos, antes

individuais passam a ser conhecimentos organizacionais (ROCHA, 2006).

Universidades Federais são instituições diferenciadas quando

comparadas às empresas. Possuem caráter social, tem com principal objetivo

promover o ensino e sua extensão, assim como realizar pesquisas. Tem

existência jurídica, possuem regras bastante distintas de uma organização

privada. O Artigo 207 da Constituição Federal diz:

“As universidades gozam de autonomia

didático cientifica e de gestão financeira e

patrimonial e obedecerão ao principio da

indissociabilidade entre ensino, pesquisa e

extensão”.

Organizações privadas caminham até onde a lei não as proíbe, já as

universidades seguem o que a lei determina.

A Universidade Federal de São Carlos, localizada em São Carlos – SP

foi criada em 1968 e iniciou suas atividades acadêmicas em 1970. Conta hoje

com 62 cursos de graduação, sendo 5 na modalidade a distância e 29

programas de pós-graduação, sua estrutura organizacional é composta por (ver

Figura 1 na página 12):

Com a implantação de modelos de gestão, da modelagem de processos,

da valorização do conhecimento incorporado em seus departamentos, as

empresas visam a eliminação de desperdícios, de retrabalho, e em conjunto

com seus funcionários buscar “as melhores práticas” na realização de suas

rotinas de trabalho, essa preocupação das empresas também esta cada vez

mais presente nos serviços públicos, dentre eles as universidades (CÉU,

2003).

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12

1.2 Objetivos

A estrutura organizacional estruturada por funções dará lugar a

organização orientadas por processos. A lógica está no andamento do

processo, na maneira de se trabalhar e gerenciar o trabalho. As pessoas

passarão a trabalhar no processo e não mais em setores da empresa. As

pessoas serão parte do processo e terão responsabilidades sobre a sua

execução.

Processo é o conjunto seqüencial e peculiar de ações que objetivam

atingir uma meta. Davenport (1994) afirma que processo é um conjunto de

atividades estruturadas e medidas destinadas a resultar num produto especifico

para um determinado cliente ou mercado. Malone (1997) é mais econômico ao

afirmar que processo é produzir alguma coisa.

Na organização o conhecimento de seus processos é de vital

importância pois levará a compreensão dos inputs, outputs, tempo, espaço,

Figura 1: Organograma da Universidade Federal de São Carlos.

Disponível em <http://www2.ufscar.br/administracao/organograma.php> Acessado em 11/10/09

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ordenação, objetivos e valores dos produtos e serviços prestados aos clientes

(CÉU, 2003).

Processos muitas vezes não são formados por atividades claras e bem

definidas em termos de conteúdo, duração e consumo de recursos.

As atividades desenvolvidas pela Divisão de Controle Acadêmico (DiCA)

da Pró-reitoria de Graduação da Universidade Federal de São Carlos, em

geral, são cíclicas e rotineiras. Três de suas principais atividades são o

processo de Transferência Externa, o da Colação de Grau e o afastamento do

aluno com execução de suas atividades acadêmicas em Exercício Domiciliar.

Dado esse contexto, são objetivos do presente trabalho:

1. Revisar a literatura sobre Gestão do Conhecimento e Modelagem de

Processos a fim de obter o referencial para analisar os conhecimentos

envolvidos nos processos da DiCA;

2. Modelar os principais processos, registrando na forma de

conhecimentos explícitos (desenhos e textos) os conhecimentos

trabalhados apenas em formato tácito (na mente dos servidores) na

execução dos processos da DiCA;

3. Levantar problemas e falhas nos processos atuais e propor correções e

melhorias, na forma de novos processos, visando melhorar o

entendimento dos funcionários da DiCA em termos da sua contribuição e

conhecimento para o funcionamento de toda a divisão.

1.3 Justificativa

As atividades da DiCA, em geral, são executadas com base em portarias

estabelecidas pelo Conselho de Graduação da Pró-Reitoria de Graduação da

UFSCar. O procedimento a ser realizado acontece pelo entendimento particular

que servidor lotado na Divisão tem da portaria em vigor, podendo haver duas

ou mais formas de ação em casos semelhantes.

Com a modelagem dos processos a DiCA poderá ter uma única ação

para cada situação, facilitando a realização das tarefas e criando modelos

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padronizados. Novos servidores também saberão como agir, seguindo modelos

pré-existentes.

Como para a modelagem dos processos serão ouvidos mais de um

servidor da DiCA que executa a mesma tarefa, poderá se buscar as melhores

práticas, incorporando ao modelo as melhores experiências de cada servidor

ouvido.

Outra justificativa ainda se faz pela busca de eficiência na tarefa,

conhecendo seus gargalos e fatores críticos de sucesso. Com o processo

corretamente modelado a tarefa poderá ser realizada eficazmente da primeira

vez, trazendo a economia de recursos materiais e humanos.

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15

2. Gestão do Conhecimento e Modelagem de Processos.

2.1 Gestão do conhecimento

Para se entender gestão do conhecimento se faz necessário entender

alguns conceitos importantes para a formação do conhecimento.

2.1.1 Dado

Dados são um conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a

eventos. Num contexto organizacional, dados são registros. A universidade

Federal de São Carlos possui 10619 alunos de graduação, isto é um dado. A

DiCA redigiu 249 ofícios durante o ano de 2008, este é outro dado. Dados não

tem significado inerente. Dados não fornecem julgamento nem interpretação, e

nem qualquer base sustentável para a tomada de decisão (DAVENPORT,

1998).

2.1.2 Informação

Diferente do dado, a informação tem significado, Peter Drucker afirma

que a “informação tem relevância e propósito”, ela está organizada para

alguma finalidade. Dados tornam-se informação quando o seu criador lhes

acrescenta significado, quando são lhes agregado valor (DAVENPORT, 1998).

Informação é uma mensagem com dados que fazem diferença. É o

insumo mais importante da produção humana. É um fluxo de mensagens, um

produto capaz de gerar conhecimento e agregar valor (ROCHA, 2006).

2.1.3 Conhecimento

Conhecimento não é dado nem informação, embora estejam

relacionados. Dado, informação e conhecimento não são sinônimos.

Page 16: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

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Entender o conhecimento é fundamental para o sucesso e talvez a

sobrevivência das organizações.

O conhecimento mostra às organizações como devem atuar hoje e como

melhorar seus produtos amanhã (DAVENPORT, 1998).

“Conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada,

valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona

uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e

informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas

organizações, ele costuma estar embutido não só em documentos ou

repertórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas

organizacionais” (DAVENPORT, 1998, p.13).

Conhecimento é o conjunto total incluindo cognição e habilidades que os

indivíduos utilizam para resolver problemas. Ele inclui tanto a teoria quanto a

prática, as regras do dia-a-dia e as instruções sobre como agir. O

conhecimento baseia-se em dados e informações, mas, ao contrário deles,

está sempre ligado a pessoas. Ele é construído por indivíduos e representa

suas crenças sobre relacionamentos causais (PROBST, 2002).

Gestão do Conhecimento significa um novo olhar para os processos

estratégicos, organizacionais e gerenciais. Para Terra (2003) a Gestão do

Conhecimento envolve necessariamente transdisciplinaridade: algo muito difícil

de acontecer tanto no ambiente acadêmico como no empresarial. É preciso

capacidade de abstração para enxergar processos “invisíveis” de criação e uso

de conhecimento, mas também praticidade para implementar processos

visíveis e que se institucionalizem nas organizações.

Para Terra (2001), Gestão do Conhecimento é um processo sistêmico e

específico para a aquisição, organização e comunicação de conhecimento,

tanto do tácito, como do explícito, dos colaboradores e funcionários da

organização, para que possam ser usados de forma mais efetiva.

A Gestão do Conhecimento para Gordon (2001) é um esforço para fazer

com que o conhecimento de uma organização esteja disponível para aqueles

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17

que dele necessitem, quando for necessário, com o objetivo de aumentar o

desempenho humano e organizacional.

A gestão do conhecimento busca a incorporação do conhecimento de

seus colaboradores à estrutura da organização. A finalidade é sistematizar e

registrar o know-how dos funcionários à organização. É tornar a organização

mais efetiva, cada vez menos dependente de poucas pessoas e capaz se

realizar as melhores práticas aprendidas ao longo de sua existência. A gestão

do conhecimento ainda deseja que a organização aprenda com o mercado: a

informação sendo um bem de fácil acesso, tanto acertos como erros são

divulgados e tornam-se disponíveis à todos. Organizações preocupadas em

gerir conhecimento estudam o mercado e aprendem com ele. Fazem o registro

de práticas que não deram certo, desta forma evitando-se o mesmo erro no

futuro. Também buscam aperfeiçoar o que já é feito corretamente, buscando a

diminuição de custos, sejam eles materiais, humanos ou de tempo de

execução.

“A gestão do conhecimento tem como

principal objetivo transformar o conhecimento em um

bem institucional, ao invés de um bem de um

indivíduo ou de um grupo dentro de uma instituição”.

Peter Senge

A Quinta Disciplina(2004).

2.2 O processo de formação do conhecimento

Notamos anteriormente que dados, informação e conhecimento são

distintos entre si, porém estão interligados, e segundo Davenport e Prusak

(1998), conhecendo bem estes três elementos e sabendo passar de um para o

outro, a empresa terá uma realização bem sucedida de seu trabalho ligado ao

conhecimento.

A Figura 2 foi retirada da obra de Kruglianskas e Terra (2003), e foi

baseada na teoria de Davenport e Prusak (1998), nela fica claro o processo de

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18

formação do conhecimento, bem como a transformação de dados em

informação e de informação em conhecimento.

2.3 O processo de transformação do conhecimento

Silva1 apud Céu (2003) afirma que a gestão do conhecimento requer a

administração eficiente do conhecimento, codificação e disseminação,

armazenamento, transferência, recriação, e a utilização da informação por

diferentes usuários, é composta por quatro processos distintos, que dizem

respeito à: aquisição e ao armazenamento do conhecimento; conversão do

1 SILVA, S. L. Informação e Competitividade: a contextualização da gestão do conhecimento nos processos organizacionais, 2002.

Figura 2: Processo de formação do conhecimento

Fonte: adaptado de Davenport e Prusak (1998).

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conhecimento tácito em explicito; conhecimento armazenado, disponibilização

da informação.

O pressuposto de que o conhecimento é criado por meio da interação

entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito permitiu postular quatro

modos diferentes de conversão do conhecimento. São eles (INÁCIO, 2008):

1. De conhecimento tácito em conhecimento tácito, que chamamos de

Socialização;

2. De conhecimento tácito em conhecimento explícito, que denominamos

de Externalização;

3. De conhecimento explícito em conhecimento explícito, ou Combinação;

4. De conhecimento explícito para conhecimento tácito, ou Internalização.

2.3.1 Socialização: Do Conhecimento Tácito em Conhecimento

Tácito

A socialização é um processo de compartilhamento de experiências e, a

partir daí, da criação do conhecimento tácito, como modelos mentais e

habilidades técnicas compartilhadas. Um indivíduo pode adquirir conhecimento

tácito diretamente de outros indivíduos, sem usar a linguagem. Os aprendizes

trabalham com seus mestres e aprendem sua arte não através da linguagem,

mas sim através da observação, imitação e prática.

O segredo para a aquisição do conhecimento tácito é a experiência.

Sem experiência compartilhada, é extremamente difícil para uma pessoa

projetar-se no processo de raciocínio do outro indivíduo. A mera transferência

de informações muitas vezes fará pouco sentido se estiver desligada das

emoções associadas e dos contextos específicos nos quais as experiências

compartilhadas são embutidas.

2.3.2 Externalização: Do Conhecimento Tácito em

Conhecimento Explícito

A externalização é um processo de articulação do conhecimento tácito

em conceitos explícitos. Pode ser definido também como um processo de

criação do conhecimento perfeito, na medida em que o conhecimento tácito se

Page 20: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

20

torna explícito, expresso na forma de metáforas, analogias, conceitos,

hipóteses ou modelos.

Dentre os quatro modos de conversão do conhecimento, a

externalização é a chave para a criação do conhecimento, pois cria conceitos

novos e explícitos a partir do conhecimento tácito. Para converter o

conhecimento tácito em conhecimento explícito de forma eficiente e eficaz

usamos seqüencialmente a metáfora, analogia e modelo.

2.3.3 Combinação: Do Conhecimento Explícito em

Conhecimento Explícito

A combinação é um processo de sistematização de conceitos em

um sistema de conhecimento. Esse modo de conversão do conhecimento

envolve a combinação de conjuntos diferentes de conhecimento explícito. Os

indivíduos trocam e combinam conhecimentos através de meios como

documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de comunicação

computadorizadas. A reconfiguração das informações existentes através da

classificação, do acréscimo, da combinação e da categorização do

conhecimento explícito (como realizado em bancos de dados de

computadores) pode levar a novos conhecimentos. A criação do conhecimento

realizada através da educação e do treinamento formal nas escolas

normalmente assume esta forma.

2.3.4 Internalização: Do Conhecimento Explícito em

Conhecimento Tácito

A internalização é o processo de incorporação do conhecimento explícito

no conhecimento tácito e está intimamente relacionada ao “aprender fazendo”.

Quando são internalizadas nas bases de conhecimento tácito dos indivíduos

sob a forma de modelos mentais ou know-how técnico compartilhado, as

experiências através da socialização, externalização e combinação tornam-se

ativos e valiosos. No entanto, para viabilizar a criação do conhecimento

organizacional, o conhecimento tácito acumulado precisa ser socializado com

os outros membros da organização, iniciando assim uma nova espiral de

criação do conhecimento.

Page 21: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

21

Para que o conhecimento explícito se torne tácito, é necessário a

verbalização de diagramação do conhecimento sob a forma de documentação,

manuais e histórias orais. A documentação ajuda os indivíduos a internalizarem

suas experiências, aumentando assim seu conhecimento tácito. Além disso, os

documentos ou manuais facilitam a transferência do conhecimento explícito

para outras pessoas, ajudando-as a vivenciar indiretamente as experiências

dos outros.

A internalização também pode ocorrer sem que na verdade se tenha

que de “reexperimentar” as experiências de outras pessoas. Por exemplo, se

ler ou ouvir uma história de sucesso faz com que alguns membros da

organização sintam o realismo e a essência da história, a experiência que

ocorreu no passado pode se transformar em um modelo mental tácito.

Quando a maioria dos membros da organização compartilha de tal

modelo mental, o conhecimento tácito passa a fazer parte da cultura

organizacional.

2.4 Processos da Gestão do Conhecimento

A gestão do conhecimento é um processo corporativo, que foca na

estratégia da empresa, e engloba vários processos como, a Gestão por

Competências, a Gestão do Capital Intelectual, a Aprendizagem Organizacional

e a Educação Corporativa.

Vejamos alguns conceitos destes processos que compõe a Gestão do

Conhecimento.

2.4.1 Gestão por competência

Segundo Zafirian (2001), competência é um entendimento prático de

situações, apoiado em conhecimentos adquiridos e transformando-os conforme

aumenta a diversidade das situações, é mobilizar as pessoas em torno dos

mesmos objetivos, e fazer com que se atuem como co-responsáveis por suas

ações.

Page 22: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

22

Competência engloba o conhecimento real, a habilidade, a experiência,

os julgamentos de valor e redes sociais, é a capacidade de gerar resultados

observáveis, necessários ao alcance dos objetivos definidos no posicionamento

estratégico da empresa. A competência está associada àquilo que as pessoas

produzem.

Do ponto de vista empresarial, é a ação que interessa, é o conhecimento

aplicado que gera capacidade de produzir resultados, ou seja, competência.

Segundo os autores Fleury e Fleury, em artigo publicado em 2004,

seguindo o conceito de Lê Boterf, competência é um saber agir responsável e

reconhecido, que mobiliza, integra e transfere conhecimentos, recursos e

habilidades, agregando valor à organização e ao indivíduo. Este “agregar

valor”, consiste no desenvolvimento e combinação das competências

individuais, com o intuito de desenvolver as competências organizacionais e

essências diante da estratégia organizacional.

Fleury (1999) classifica as competências como:

Competências Técnicas/Profissionais: específicas para uma operação,

ocupação ou tarefa;

Competências Sociais: saber ser, atitudes, comportamentos necessários

para relações pessoais;

Competências dos Negócios: compreensão do negócio, seus objetivos,

relação com o mercado, ambiente sócio-político.

Rodrigues, Child e Luz (2004), em artigo publicado pela revista RAE,

elaboraram a Tabela 1, que se segue, através de entrevistas com diferentes

níveis dentro das empresas, sobre as competências exigidas atualmente no

mercado.

Page 23: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

23

Tabela 1: Novas competências da organização vistas pelos diferentes níveis organizacionais.

NIVEL COMPETENCIAS ORGANIZACIONAIS

Diretores

Experiência de Mercado

Pensamento Global

Capacidade de selecionar tecnologia apropriada

Capacidade de trabalhar com preços competitivos

Capacidade de trazer profissionais com diferentes tipos de

visão

Gerentes

Conhecimento de mercado e como fazer o mercado fluir

Capacidade de atrair administradores que entendam do

negócio e do mercado

Velocidade e flexibilidade

Conhecimento da tecnologia de informação

Capacidade de planejamento estratégico

Capacidade de entrosar a estrutura com as exigências do

mercado

Capacidade de motivar as pessoas a trabalhar

Coordenadores

Capacidade de tomar decisões rápidas

Capacidade de oferecer soluções customizadas

Qualidade dos serviços

Foco nos resultados

Preços competitivos

Capacidade para transformação e reposição rápidas

Supervisores

Entendimento do mercado presente e futuro

Capacidade para entender a competição

Conhecimento tecnológico refinado

Capacidade de introduzir novos produtos e antecipar

necessidades dos clientes

Pessoal bem treinado

Capacidade de valorizar os recursos humanos

Capacidade de alavancagem financeira

Concepção rápida de projetos

Page 24: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

24

2.4.2 Gestão do capital intelectual

Segundo Stewart (1998, p.13), “Capital Intelectual constitui a matéria

intelectual - conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência –

que pode ser utilizado para gerar riqueza”.

Na visão de Tapscott (2000), o Capital Intelectual pode ser encontrado

em três formas e em três lugares distintos:

a) na forma de conhecimento dentro da cabeça de cada pessoa.

b) na forma de conhecimento adicional, gerado quando as pessoas se

relacionam e compartilham o conhecimento entre si.

c) na forma de conhecimento armazenado em livros, revistas, jornais,

fotografias, desenhos, fitas, discos, CD, DVD, Bases de Dados, etc.“.

Este autor, ainda considera o conceito de capital digital (capital

intelectual digitalizado), conseqüência do uso da internet, que permite o

relacionamento e o compartilhamento de conhecimentos (capital intelectual

individual), independente da distância, uma boa parte destes conhecimentos

são armazenados e disponibilizados na internet, com o intuito de produzir

novas idéias, e conseqüentemente gerar riqueza.

Capital Intelectual é, enfim o conhecimento existente em uma

organização e que pode ser usado para criar uma vantagem competitiva

diferenciada. Porém, são as pessoas que detém tais conhecimentos, portanto

são elas, os talentos que diferenciam positivamente a empresa no mercado.

2.4.3 Aprendizagem organizacional

A gestão do conhecimento é a responsável em aproveitar recursos já

existentes na empresa, porém o mercado em constante mudança exige uma

aprendizagem constante, isto leva a uma preocupação em agregar valor às

informações, mantendo-as atuais de forma que as pessoas da organização

possam utilizá-las em suas ações decisivas.

Page 25: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

25

Para Senge (1999), a aprendizagem organizacional é o processo

contínuo de detectar e corrigir erros, e errando se aprende, através da

autocrítica, avaliação de riscos, tolerância ao fracasso e correção de rumo, até

chegar ao objetivo almejado. É a capacidade das organizações em criar,

adquirir e transferir conhecimentos e em mudar comportamentos a fim de

refletir esses novos conhecimentos e insigths.

A organização que aprende é mais flexível e adaptável, e mais capaz de

se reinventar.

Segundo Bitencourt (2004), os principais elementos e práticas de

aprendizagem encontradas nas organizações foram:

Reflexão em Ação – é a melhoria dos resultados e busca de novas

idéias baseando-se no ambiente de trabalho, é a melhoria continua, baseada

na tensão criativa.

Visão Compartilhada – integração entre as pessoas, conduzindo ao

aprendizado em grupo com um objetivo em comum.

Aprender a aprender – aplicação de novos conhecimentos e

experiências em situações diferentes levando em conta o desenvolvimento da

visão sistêmica e do “double loop learning”.

Desenvolvimento contínuo – constante aperfeiçoamento dos processos,

tarefas, formação e resultados da empresa.

Sistematização de processos – refere-se à incorporação de

conhecimentos e práticas dentro da organização.

Estas práticas ainda precisam ser amadurecidas e sistematizadas para

poderem agregar valor à organização.

Seguindo novamente a teoria de Senge (1999), na organização que

aprende, a visão compartilhada é uma impressionante força de poder, pois é

ela que fornece o foco e a energia para a aprendizagem a fim de atingir um

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26

objetivo em comum. A visão compartilhada é o comprometimento de muitas

pessoas com um único propósito, a organização.

A visão compartilhada muda o relacionamento das pessoas com a

empresa, e esta passa a ser de todos, e as pessoas passam a confiar mais

umas nas outras, trabalhando em conjunto e criando uma identidade em

comum.

2.4.4 Educação Corporativa

Como vimos até então, o intuito das empresas atualmente é se

manterem competitivas no mercado globalizado, e isto fez com que surgisse

uma nova proposta em conhecimento, a organização orientada para o

aprendizado, a educação corporativa.

Os programas de educação corporativa são um sistema de

desenvolvimento de pessoas e talentos humanos alinhado às estratégias da

organização, visando vantagem competitiva.

Segundo Mundim2 apud Rocha (2004), a educação continuada ou

educação corporativa é um processo de aperfeiçoamento e atualização de

conhecimentos, visando melhorar a capacidade técnica e cultural do

profissional.

O objetivo da educação corporativa é a atualização técnica, cultural e

profissional do individuo, a fim de exercer sua profissão com competência e

eficiência.

Conclui-se então, que educação corporativa é o conjunto de práticas

educacionais planejadas para promover oportunidades de desenvolvimento do

funcionário, com a finalidade de ajudá-lo a atuar de maneira mais eficiente,

gerando assim vantagem competitiva à organização.

2 MUNDIM A. P. F. Desenvolvimento de Produtos e Educação Corporativa, 2002.

Page 27: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

27

2.5 Modelagem de processos

2.5.1 Conceito de Processo

“Um processo, na maioria das vezes, é amplamente definido como uma

atividade executada por meio de uma série de passos relacionados entre si, os

quais produzem um resultado específico ou um grupo de resultados

específicos” (MORRIS; BRANDON, 1994, p. 46).

Para Cruz (2000, p. 34) “processo é um conjunto de atividades que tem

por finalidade transformar, montar, manipular e processar insumos para

produzir bens e serviços que serão disponibilizados para clientes”.

Jacobson3 apud Paula (2008) apresenta uma definição bem completa:

Um processo de negócio é um conjunto de atividades internas desenvolvidas

para servir um cliente. O objetivo de cada processo de negócio é oferecer a

cada cliente o produto ou serviço certo (isto é, a entrega certa), com alto grau

de desempenho medido como custo, tempo de vida, serviço e qualidade. O

termo “cliente” deveria ser usado em um sentido estendido. Ele pode

literalmente ser simplesmente um cliente, mas pode também ser outro

processo individual no ambiente externo à companhia, como um parceiro ou

sub-contratador.

2.5.2 Modelagem de Processo

A modelagem de processos consiste em diagramar as ações, etapa por

etapa, e na ordem que elas acontecem, de uma atividade desenvolvida pela

organização. Muitas atividades são complexas e a modelagem consiste na

elaboração de diversos diagramas.

3 JACOBSON, Ivair; ERICSSON, Maria; JACOBSON, Agneta. The object advantage: business process reengineering with object technology, 1995

Page 28: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

28

Modelar processos ajuda a entender como funciona uma organização.

Modelar um processo pode ser bastante difícil na prática, principalmente

quando é a primeira vez, e lembrando, que um processo pode permear

diversas áreas funcionais, o que requer um trabalho conjunto de elementos

destas áreas funcionais. Durante este trabalho, os participantes apresentam

um aumento do entendimento do negócio. O modelo é um ponto central para

que os participantes definam mudanças para melhoramento do processo ou

mesmo um desenho completamente novo. Pode ser identificado se um

processo é eficiente / eficaz, ou mesmo antecipar sua complexidade,

redundâncias e não conformidades. Se o processo é alguma coisa nova que a

empresa está planejando executar, o modelo pode ajudar a assegurar sua

eficiência desde o início4.

A atividade de modelagem (de uma forma geral) é freqüentemente

utilizada para representação de parte da realidade. Esta representação é

sempre uma visão simplificada da realidade, porque uma representação fiel

seria tão complexa quanto a própria realidade que se quer modelar, o que

tornaria a modelagem inviável (SILVA, 2001).

De acordo com Pidd5 apud Silva (2001) uma das principais

características de um modelo é que ele se torna uma ferramenta para suporte

ao raciocínio, assim a modelagem não só contribui para o registro dos

processos de negócio como também incentiva o raciocínio sobre a melhor

maneira de reorganizar o processo em fase de modelagem.

4 Disponível em <http://www.sarga.com.br/artigo1.htm> Acessado em 02/10/2009.

5 PIDD, M. Just Modeling Through: A Rough Guide to Modeling, 1999.

Page 29: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

29

2.5.3 Por que modelar processos?

Diversas razões podem ser indicadas como motivadoras para a

modelagem de processos. Davenport (1994) apresenta quatro principais razões

que a justificam: A primeira razão diz respeito ao fato de que o entendimento

dos processos existentes facilita a comunicação entre os profissionais da

empresa, além de contribuir para a capacitação daqueles que participam das

atividades de modelagem. Inúmeras vantagens podem ser obtidas desta

"conseqüência" da modelagem de processos. Os profissionais envolvidos com

esta atividade tornam-se automaticamente habilitados para a participação na

implementação das melhorias, uma vez que se tornam os maiores

conhecedores das características dos processos que serão melhorados. A

segunda razão diz respeito ao fato de que a compreensão dos processos

existentes é um pré-requisito para o planejamento e execução das atividades

de melhoria do processo. A terceira razão está relacionada ao fato de que,

durante a modelagem dos processos existentes os problemas do processo são

identificados naturalmente. Conhecer os problemas do processo atual é

importante para que se possa evitar a repetição desses problemas no novo

processo (no caso de uma reengenharia). Finalmente, o conhecimento dos

processos existentes permite que se faça uma comparação com os processos

otimizados, de forma que se possa avaliar a efetividade da melhoria

implementada. Esta avaliação é imprescindível para facilitar o aprendizado com

os problemas identificados.

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30

3. Metodologia da Pesquisa Nosso objetivo neste trabalho é modelar processos da DiCA da

Universidade Federal de São Carlos. Além da revisão bibliográfica realizada

optamos pelo método de pesquisa-ação. Segundo Thiollent (1988) a pesquisa-

ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e

realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um

problema coletivo e na qual os pesquisadores e os participantes

representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo

cooperativo ou participativo.

Os autores Eden e Huxham (2001) colocam que a pesquisa ação aplica-

se aos casos onde é necessário coletar dados mais sutis e significativos.

Assim, em virtude da ampla inserção do pesquisador no contexto da pesquisa

e do envolvimento do pesquisador e dos membros da organização pesquisada

em torno de um interesse comum, os dados tornam-se mais facilmente

acessíveis em uma pesquisa-ação6.

Para Santos (2004) a principal característica que pode ser observada em

uma pesquisa que se utiliza da observação participante é que esta realiza uma

análise seqüencial, ou seja, algumas das análises são realizadas durante o

próprio processo de coleta dados; fazendo com que a próxima coleta tome um

sentido a partir de análises condicionais. A utilização da observação

participante requer algumas habilidades adicionais face às metodologias

tradicionalmente empregadas na pesquisa. É necessário operar uma mudança

profunda na postura do pesquisador, que deve assumir a postura do

antropólogo, principalmente durante o trabalho de campo. Esta favorece o

desenvolvimento de habilidades de ordem comportamental.

6 Disponível em <http://www.quantiquali.com.br/revista/arquivos/O%20Metodo%20da%20Pesquisa%20-20Acao%20%20um%20estudo%20em%20uma%20empresa%20de%20coleta%20e%20analise%20de%20dados.pdf> Acessado em 21/10/2009.

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31

Haguete7 apud Santos (2004) afirma que a observação participante é

indicada em situações nas quais a evidência qualitativa é usada para captar

dados psicológicos que são reprimidos ou não facilmente articulados como

atitudes, motivos, pressupostos, quadros de referência ou situações nas quais

simples observações qualitativas são usadas como indicadores do

funcionamento complexo de estruturas e organizações complexas que são

difíceis de submeter à observação direta.

3.1 A pesquisa-ação

Para Santos (2004) uma das desvantagens é que partir do momento em

que as informações são filtradas pelo pesquisador, esse passa a assumir

praticamente toda a responsabilidade frente à interpretação, que se baseia na

subjetividade e no pensamento racional de cada entrevistador, podendo assim,

distorcer as informações recebidas, além do que, com o convívio pessoal entre

pesquisador e seus pesquisados, poder influenciar negativamente durante a

realização da entrevista e da interpretação dos dados.

Abaixo listamos mais algumas desvantagens do método de pesquisa-ação8:

O objetivo da pesquisa-ação é situacional e específico, ao passo que a

pesquisa tradicional vai além da solução de problemas práticos e

específicos.

A amostra da pesquisa-ação geralmente é restrita e não-representativa.

A pesquisa-ação tem pouco ou nenhum controle sobre variáveis

independentes, conseqüentemente os resultados da pesquisa-ação não

podem ser generalizados,sendo válidos apenas no ambiente restrito em

que ela é feita.

7 HAGUETE, T. M. F. Metodologias Qualitativas na Sociologia, 1987.

8 Disponível em <http://metodologiapa1.pbworks.com> Acessado em 25/10/2009.

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32

O autor desta pesquisa é servidor da DiCA e está envolvido de forma direta

em seus processos o que permite a interferência direta do pesquisador junto ao

objeto de estudo.

Nosso objetivo foi modelar três processos da DiCA, entender como são

realizados e por quem são realizados; identificar possíveis gargalos e as

melhores práticas de cada funcionário envolvido na tarefa; propor melhorias e

transformar conhecimento tácito em explicito incorporando-o à estrutura

organizacional da DiCA e por fim propor um modelo de ação com as melhores

práticas.

Foram realizadas entrevistas durante dois meses com a Chefia da Seção de

Registro Acadêmico, seção responsável pelo processo de colação de grau, e

com a pedagoga da DiCA. O objetivo foi entender como acontece o processo

de colação de grau. Foi acompanhado um processo de colação de grau do seu

início ao fim.

Também conversamos com a Direção da DiCA e os servidores que

trabalham na Seção a Apoio Administrativo e Acadêmico, essas conversas

aconteceram durante a preparação para o processo de Transferência Externa,

tal processo aconteceu no dia 30/outubro/2009. Também ao longo de dois

meses acompanhamos como é realizado o processo de Exercício Domiciliar,

acompanhamos três processos.

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4. Resultados e análise

4.1 O processo de colação de grau

A colação de grau é a tradicional cerimônia acadêmica em que o

estudante concluinte do ensino superior recebe oficialmente o título que lhe

confere o curso recém concluído.

A DiCA realiza oficialmente duas colações de grau ao ano, uma para o

estudantes que se formaram no primeiro semestre e outra para estudantes que

se formaram no segundo semestre. Ainda acabam existindo muitas outras

colações ao longo do ano, seja as colações tidas como antecipadas por

ocorrem antes da colação oficial, sejam colações que ocorrem após a colação

oficial.

As colações antecipadas ocorrem basicamente por dois motivos:

aprovação em concurso público e necessidade de ter colado grau para assumir

à vaga ou necessidade do diploma para ingressar como funcionário contrato

em empresa privada. Em ambos os casos o estudante deve solicitar o

apressamento da colação junto à DiCA por escrito, anexando comprovante da

necessidade de colar grau de forma antecipada.

Já as colações que acontecem após a colação oficial em geral

acontecem por: a) o estudante ter fica em SAC (sistema de avaliação

complementar), portanto não ter integralizado os créditos a tempo da colação

oficial; b) o estudante estar com conceito I9 em alguma disciplina; c) ordem

judicial e d) o estudante querer adiar a data da colação por alguma motivo

9 No caso de disciplinas que, devido à natureza das atividades, necessitem de um prazo maior do que o oficial para avaliação dos alunos excepcional e devidamente justificado junto à Chefia do Departamento, poderá ser atribuído ao aluno o Conceito I (incompleto). Estão incluídas nesta categoria as disciplinas referentes a Estágios Curriculares Supervisionados, Trabalhos de Graduação (monografias de final de cursos) e Projetos. Estas disciplinas não deverão estar classificadas como requisito para continuidade do curso.

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34

pessoal, em geral por estar estagiando em alguma empresa e precisar manter

o vinculo de aluno para continuar no estágio.

As colações por ordem judicial se tornaram freqüentes nos últimos anos,

em geral o estudante não realizou o Exame Nacional de Desempenho dos

Estudantes (ENADE), dessa forma não podendo colar grau, e, o estudante,

entra com uma ação solicitando a dispensa dessa exigência do Ministério da

Educação (MEC). Ainda existem outros motivos que levam estudantes a

entrarem na justiça contra a universidade e conseguirem colar grau, mas esses

casos são raros e específicos não valendo a pena ser mencionados.

Nas páginas 35 e 36 é apresentado de forma modelada o processo de

colação de grau realizado pela DiCA da Universidade Federal de São Carlos.

O processo de colação é uma atividade complexa onde não pode haver

erros. A confecção, registro e entrega de um diploma ao estudante é sua

autorização legal em exercer sua profissão.

Em nosso trabalho no dia-a-dia e nas entrevistas que realizamos com as

pessoas diretamente envolvidas no processo de colação de grau podemos

observar alguns problemas:

Os diplomas tem qualidade ruim. Ocorrem muitas colações ao longo do ano. Gasta-se um tempo muito grande na conferência e correção dos dados

pessoais dos alunos no sistema.

4.1.1 Sugestões para agilizar o processo de colação de grau

O diploma emitido pela UFSCar deve, ao nosso modo de ver, ser

confeccionado com mais qualidade. O papel no qual ele é impresso é de

qualidade duvidosa e a impressão é realizada com impressora comum e com

toner reciclado. A tinta se solta e borra facilmente, o retrabalho é constante.

Poucos dias depois da colação muitos estudantes vem até à DiCA reclamar e

exigir outro diploma pois o mesmo já está todo borrado.

Sugerimos a compra de um impressora a ser usada apenas para este

fim e papéis de qualidade superior para impressão, a impressora deve ser

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35

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36

Observação:

As atividades destacadas com

retângulos na cor laranja não são

realizadas pela DiCA.

Já retângulos na cor verde são

sugestões de mudanças no

processo.

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37

colorida e ser usado apenas toner original. Manutenções periódicas para aferir

a qualidade de impressão é fundamental.

A UFSCar realiza vestibular apenas uma vez ao ano, todos os seus

cursos tem durações de 8, 10 ou 12 semestres, sendo assim, os estudantes

deveriam integralizar as disciplinas e estarem aptos a colarem grau sempre ao

final do segundo semestre. Quem se encontra apto a colar grau ao final do

primeiro semestre, de alguma forma, seja por ter adiantado disciplinas ou por

ter reprovado ou cursado menos disciplinas no semestre que o recomendado

no projeto pedagógico do curso ou ainda por ser aluno transferido, deveria

arcar com os prejuízos e a colação que é realizada ao final do primeiro

semestre ser considerada uma colação antecipada e não uma colação oficial,

com isso não cabendo pedidos de antecipação da colação oficial pois a oficial

ocorreria apenas ao final do segundo semestre de cada ano.

Outro problema latente é o não cumprimento dos prazos por parte dos

professores na digitação de notas e freqüências. Como o sistema de rodagem

é realizado logo após o prazo de retificação de notas como mostrado na

modelagem do processo, todos os alunos que deveriam ter seu status alterado

para “Formando” acabam não sendo considerados pelo sistema como

formandos, pois suas notas não foram digitadas dentro do prazo, assim eles

acabam não estando aptos a colarem grau.

Tal problema acaba gerando um número grande de reclamações por

parte dos alunos junto à DiCA, o que gera um trabalho grande para os

funcionários da seção de Registro Acadêmico que tem que mudar o status para

“Formando” manualmente, um a um.

Ainda acontece de o aluno comparecer no dia da colação e não estar na

lista dos alunos que irão colar grau. Ele foi aprovado em todas as disciplinas,

mas como o seu professor não cumpriu o prazo para inserção das notas no

sistema, e o sistema foi rodado, ele não foi considerado “Formando” e não

observou isso, portanto não reclamou na DiCA e conforme mostrado na

modelagem do processo sua pasta retornou aos arquivos da DiCA e não foi

confeccionado seu diploma e realizado os demais trâmites para a sua colação.

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38

Já aconteceu de o estudante estar acompanhado de todos os seus familiares e

não colar grau e reclamar aos gritos com os servidores da DiCA chamando-os

de incompetentes.

A DiCA deveria realizar três colações ao ano. A colação oficial ao final

do segundo semestre de cada ano; a colação antecipada da colação oficial e a

colação para os estudantes que integralizaram seus créditos ao final do

primeiro semestre de cada ano, esta sendo considerada uma colação

antecipada.

Os professores devem cumprir o prazo para digitação de notas

impreterivelmente, devem ser conscientizados que diversos estudantes e

servidores acabam sendo prejudicados por um erro deles.

Os dados presentes em um diploma são: nome completo, RG, cidade e

estado de nascimento. Ao invés de a seção de Registro Acadêmico ser a

responsável pela inserção e conferência de tais dados tal responsabilidade

deveria ser atribuída ao aluno. Deveria ser dado um prazo onde o mesmo

deveria acessar o sistema e digitar seus dados pessoais, sendo ele o

responsável pela digitação correta e, ao rodar no sistema a rotina “Formando”

só ter o status alterado para “Formado” o estudante que dentro do prazo

estabelecido alterou ou confirmou seus dados no sistema. Caso seu diploma

saia com alguma informação errada ele deve arcar com os custos cobrados

pela segunda via do mesmo.

Nas páginas 39 e 40 segue a modelagem do processo de colação de

grau após com as sugestões apresentadas.

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41

4.2 O processo de transferência externa

Outro processo rotineiro da DiCA e que envolve todos os funcionários da

divisão é o da transferência externa. O processo ocorre apenas uma vez ao

ano, no segundo semestre do ano e logo após o processo de transferência

interna.

O processo de transferência externa é regulamentado pela portaria GR

181/09 de 23/agosto/2005 que dispõe sobre o regulamento de transferências.

Na seção I que trata das disposições gerais é importante destacar:

§ 2º - Cabe ao Conselho de Graduação (CoG) a indicação do número de vagas que serão oferecidas para as transferências. § 3º - O período de inscrição para transferências internas será iniciado logo após o encerramento das etapas de inscrição em disciplinas em cada período letivo e o período de inscrição para transferências externas será apenas no segundo período letivo do ano, para as vagas remanescentes das transferências internas.

O levantamento do número de vagas a ser disponibilizadas para a

transferência externa é realizado pela DiCA e encaminhada para aprovação do

Conselho de Graduação (CoG). A portaria GR 181/09 em sua Seção II – Vagas

para Transferências – regulamenta o procedimento para levantamento dessas

vagas, vejamos:

Art. 7º. - Para o cálculo de vagas para transferência de cada curso serão computadas as vagas criadas pelos concursos vestibulares realizados nos dois últimos anos e que, após o último cálculo de vagas, forem liberadas por abandono, por transferência para outra instituição ou por perda de vagas por não cumprimento do desempenho mínimo. A essas vagas se somam as vagas abertas em um curso por transferência interna, independentemente do ano em que essa vaga foi criada. Art. 8º. - Primeiramente serão preenchidas as vagas criadas no ano mais distante e em seguida as vagas do ano mais próximo, ficando as vagas não preenchidas em um processo de transferência destinadas ao próximo processo de transferência.

Nas páginas 42 e 43 é apresentado de forma modelada o processo de

transferência externa realizado pela DiCA da Universidade Federal de São

Carlos.

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Ao nosso modo de analisar a portaria em vigor dois erros vem ocorrendo:

1) As vagas liberadas da transferência interna, por mudança de curso, no

primeiro e segundo semestre do ano, são liberadas para transferência

externa. Ao analisar o § 3º das disposições iniciais notamos que o texto

diz que devem ser liberadas para transferência externa as vagas

remanescentes, ou seja, não preenchidas, na transferência interna.

Essas vagas portanto não são remanescentes e sim vagas ociosas por

permuta de curso devendo ser liberadas para transferência interna no

primeiro semestre do ano seguinte.

2) O parágrafo único do art. 2º das disposições iniciais diz o seguinte: As

transferências externas serão publicadas, também, por editais externos,

em forma reduzida, na imprensa de São Carlos e em jornal de grande

circulação no Estado de São Paulo. Este ponto vem sendo esquecido, o

edital, tem sido publicado somente dentro dos três campi.

Uma recomendação que fazemos, que não se caracteriza um erro, mas

traria melhorias a todo o processo é uma melhor comunicação aos funcionários

da DiCA dos trâmites da transferência. As vagas são liberadas e publicadas no

site da universidade e os funcionários não ficam sabendo oficialmente. As

pessoas começam a buscar informações tanto no balcão de atendimento como

por telefone e e-mail e os servidores não sabem nem mesmo que as

informações já foram publicadas online. O ideal seria os servidores terem

acesso a todas as informações antes da publicação oficial do edital.

Nas páginas 45 e 46 segue a modelagem do processo de colação de grau

após com as sugestões apresentadas.

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4.3 O processo de exercício domiciliar

O exercício domiciliar na UFSCar é regulamentado pela resolução CEPE,

hoje CoG, 066 de 1988.

A resolução afirma que o estudante deve dar entrada a solicitação de

exercício domiciliar junto à DiCA. A DiCA fornecerá o formulário de solicitação

no qual deverá constar os campos para preenchimento por parte do aluno da

pessoa que ele nomeia como intermediária entre os professores das disciplinas

cursadas por ele, e que permitem atividades em exercício domiciliar, e ele.

O artigo 1º em seu diz:

§ 1º Acompanhará o pedido atestado médico circunstanciado, do qual constarão – entre outros subsídios considerados importantes pelo facultativo – o diagnóstico da afecção de que é portador(a) o(a) requerente, a duração do afastamento considerado necessário e declaração de que se verifica “a conservação das condições intelectuais e emocionais necessárias para o prosseguimento da atividade escolar em novos moldes”, conforme preceitua o Decreto-Lei nº 1.044 em seu Artigo 1º, letra “a”, de 21/10/1969.

§ 2º - No caso de exercícios domiciliares previstos pela lei nº 6.202, de 17 de abril de 1975, o atestado médico que instruir o pedido conterá a declaração de que a requerente se encontra no oitavo mês de gestação (mínimo fixado pela lei) ou, se a aluna já houver dado à luz, de que ela está em condições de prosseguir seus estudos em casa durante os três meses de afastamento.

O artigo 2º afirma que o atestado médico deve vir em envelope lacrado e

a DiCA o encaminhará ao Departamento Médico da UFSCar (DeAMO). O

DeAMO deve comunicar oficialmente à DiCA a autorização do afastamento e o

número de dias que o aluno se afastará.

O atestado médico ficará arquivado no DeAMO sendo tal informação

confidencial.

O artigo 3º afirma que a definição das disciplinas que comportam

exercício domiciliar é definido pelo departamento ao qual a disciplina está

vinculada e que o departamento fará está definição com a ajuda dos

coordenadores de curso. As disciplinas definidas pelo departamento devem ter

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aprovação do CoG. A resolução afirma que a DiCA deve consultar a cada dois

anos a chefia dos departamentos para saber quais disciplinas comportam

exercício domiciliar.

O artigo 4º afirma que em posse da ratificação do DeAMO à DiCA faz a

verificação das disciplinas cursadas pelo aluno que comportam exercício

domiciliar e foram aprovadas pelo CoG. Em seguida à DiCA comunica ao

coordenador de curso do aluno das disciplinas cursadas por ele as que

permitem exercício domiciliar e as que não permitem. A DiCA deve informar ao

chefe de departamento de cada disciplina cursada pelo aluno que ele foi

deferido ou indeferido em cursar a referida disciplina em exercício domiciliar

solicitando a adoção das providencias necessárias.

O artigo 5º ainda diz que:

É de competência do professor responsável pela disciplina, assistido pela Coordenação do Curso, julgar se a duração do afastamento “não ultrapassa o máximo ainda admissível, em cada caso, para a continuidade do processo pedagógico de aprendizagem”, conforme preceitua o Decreto-Lei nº 1.044 em seu Artigo 1º, letra “c”, de 21/10/1969.

O artigo 7º diz que o aluno perderá o direito ao exercício domiciliar se

não obedecer aos prazos de recepção e entrega de material definido pelo

professor da disciplina.

O § único diz:

Para atender ao que dispõe o “caput” deste artigo, a pessoa designada para servir como elemento de ligação entre o(a) beneficiário(a) e o professor responsável pela disciplina dirigir-se-á à Secretaria do Departamento que oferecer, local em que ficarão centralizados a entrega e a posterior recepção dos exercícios domiciliares elaborados pelo professor.

Nas páginas 49 e 50 é apresentado de forma modelada o processo de

exercício domiciliar realizado pela DiCA da Universidade Federal de São

Carlos.

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4.3.1 Sugestões para melhoria o processo de exercício

domiciliar

A portaria que regulamenta o exercício domiciliar é antiga, tem mais de

20 anos e está na hora de ser remodelada. Com a facilidade dos meios de

comunicação e a transferência de arquivos em formato eletrônico nos dias de

hoje, não se faz mais necessário um intermediário entre professor e aluno, o

contato entre aluno e professor pode ocorrer diretamente por meios eletrônicos,

e-mail, por exemplo.

A DiCA funciona no processo atual como intermediária entre aluno e

DeAMO de forma desnecessária. O aluno deveria dar entrada a solicitação de

exercício domiciliar diretamente no DeAMO e, sendo deferida tal solicitação

pelo DeAMO, o mesmo encaminhar ofício à DiCA informando da situação de

exercício domiciliar do aluno e o número de dias do afastamento. Ao dar

entrada no DeAMO o aluno preencheria o formulário com seus dados pessoais,

telefones para contato e e-mail, este último para ser usado para

encaminhamento das tarefas solicitadas pelos professores das disciplinas

cursas por ele que permitem exercício domiciliar.

A DiCA não informaria previamente ao aluno das disciplinas cursadas

quais permitem e quais não permitem serem cursadas em exercício domiciliar,

afinal, se o estudante precisa estar afastado, o afastamento continuará sendo

necessário independente das disciplinas que o mesmo cursa.

Em conversa com os funcionários que processam os trâmites do

processo de exercício domiciliar e na observação feita durante o período de

análise foi notado que alguns estudantes procuram saber as disciplinas que ele

poderá cursar em exercício domiciliar e depois entrarem com tal solicitação

simplesmente por comodidade, por não precisarem estar presentes em uma

sala de aula.

Também acontece de o estudante julgar ser mais fácil ele conseguir

aprovação na disciplina cursando-a em exercício domiciliar do que

presencialmente. É comum o aluno, ao saber que uma ou mais disciplinas não

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comportam exercício domiciliar querer cursar tal disciplina presencialmente,

estando em caráter de exercício domiciliar nas demais disciplinas que

comportam serem cursadas de tal forma. Tal possibilidade não existe, pois o

mesmo, teoricamente, está impossibilitado de locomoção ou tem que estar

isolado do convívio social por alguma doença infectocontagiosa. Tal problema

acontece por ser muito fácil conseguir um atestado médico. Os médicos, talvez

devido a falta de tempo, tem feito analises da necessidade de afastamento,

muitas vezes, de forma equivocada, onde o próprio interessado diz estar apto a

freqüentar as aulas, sendo o afastamento desnecessário. Outro fato que ocorre

(fato narrado por um estudante que pediu, obviamente, para não ser

identificado) é o estudante mentir ao médico para conseguir um atestado de

afastamento ou até mesmo por ser amigo do médico o mesmo lhe fornecer um

atestado falso.

A portaria em vigor afirma que cabe à DiCA consultar os departamentos

a cada dois anos para saber quais disciplinas comportam exercício domiciliar.

É muito mais fácil o departamento informar à DiCA, sendo tal responsabilidade

atribuída a chefia do departamento.

Ainda em relação à portaria em vigor à DiCA não tem comunicado aos

chefes dos departamentos ao quais as disciplinas estão vinculadas sobre a

situação de exercício domiciliar do estudante. O comunicado acontece somente

aos professores das disciplinas e ao coordenador do curso do aluno.

Realmente tal procedimento é desnecessário.

Nas páginas 53 e 54 segue a modelagem do processo de exercício

domiciliar após com as sugestões apresentadas.

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5. Considerações finais Gerir conhecimento é algo complexo, exige quebra de paradigmas e

disposição dos envolvidos em entender os processos, ouvir os envolvidos e

buscar as melhores práticas. Por fim, transformar conhecimento tácito em

conhecimentos explícito, registrado e incorporado à estrutura da organização.

A DiCA em todos esses anos de atividades nunca teve a preocupação

de explicitar seus processos. O conhecimento tácito é grande e deve ser

registrado. Este trabalho buscou entender conhecimento e usou uma

ferramenta para registrá-lo: a modelagem de processos. Fica a sugestão de a

DiCA encontrar uma forma de registrar todo o conhecimento presente em seus

servidores, em criar manuais de ação, de como proceder em cada atividade

que é sua responsabilidade. Neste trabalho limitamo-nos a três processos, o

ideal é mapear todos os processos executados pela DiCA.

Abaixo listamos alguns pontos que consideramos importantes e que a

direção da DiCA deve pensar a respeito:

1. A DiCA deveria buscar conhecer quais são e como são realizadas as

principais atividades realizadas pelo controle acadêmico de outras

universidade públicas. Interagir com essas universidades, conhecer as

melhores práticas e adaptá-las a realidade e legislação da UFSCar;

2. A DiCA deve criar um site para divulgar suas atribuições e atividades. A

Internet é hoje o meio que as pessoas mais buscam informações sobre

assuntos de seu interesse. A DiCA não pode se dar ao luxo de não usar

a Internet como ferramenta. Outro fator favorável é que um site gera

conhecimento ao se registrar de forma online suas atividades;

3. O site deve conter uma FAQ para as dúvidas mais freqüentes. A DiCA

recebe aproximadamente 70 e-mails por dia sendo que cerca de 70%

são dúvidas corriqueiras. Um FAQ com essas principais dúvidas

reduziria consideravelmente o volume de e-mails recebidos;

4. Perfis em redes sociais é outra forma de aproximar-se dos estudantes e

funcionários e divulgar as atividades que serão realizadas pela DiCA.

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Mini-blogs como o Twitter10 são maneiras práticas e fáceis de divulgar

de forma rápida e eficiente as atividade a serem realizadas;

5. Os processos mapeados poderiam ser disponibilizados no site para

consulta dos interessados. O mapeamento deve acontecer de forma

reduzida, mostrando apenas as etapas realizadas, o procedimento

adotado e as atribuições de cada departamento no processo.

6. Um bom atendimento é fundamental para imagem de qualquer

organização. O pessoal deve estar treinado e preparado para prestar um

atendimento com efetividade. O atendimento da DiCA é realizado por

estagiários que, em geral, não conhecem as rotinas da DiCA, estão em

processos de aprendizagem e em alguns casos não tem competência

para o serviço e nem mesmo vontade de fazê-lo. O atendimento deve

ser coordenado por um servidor destinado a este fim, o mesmo deve ser

preparado. Recomendamos o curso de THS11 ministrado pelo

10 Twitter é uma rede social e servidor para microblogging que permite aos usuários que

enviem e leiam atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres,

conhecidos como "tweets"), através da própria Web, por SMS e por softwares específicos

instalados em dispositivos portáteis.

As atualizações são exibidas no perfil do usuário em tempo real e também enviadas a outros

usuários que tenham assinado para recebê-las. Usuários podem receber atualizações de um

perfil através do site oficial, RSS, SMS ou programa especializado. O serviço é grátis na

Internet.

11 O Treinamento de Habilidades Sociais (THS) é caracterizado como uma tentativa direta e

sistemática de ensinar estratégias e habilidades interpessoais aos indivíduos clínicos e não

clínicos. Seu objetivo é o desenvolvimento da dimensão pessoal, comportamental e situacional

do indivíduo o que pode proporcionar, segundo Scazufca (2000) e Bahls (2004), um melhor

enfrentamento de situações que geram estresse, aperfeiçoar a resolução de problemas e

orientar o aprendizado de comportamentos que conduzem a relacionamentos mais saudáveis.

<http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=792> Acessado em

26/10/2009.

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departamento de pós-graduação de Psicologia da própria UFSCar para

os funcionários que trabalham no atendimento.

Em futuros trabalhos poderia ser realizada a análise das portarias em vigor.

Muitas delas precisam ser repensadas e refeitas. Ainda poder-se-ia pensar em

realizar um mapeamento do tempo de execução das atividades, encontrar seus

gargalos e reengenhar as etapas das atividades de forma a se ganhar maior

eficiência e produtividade.

Page 58: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da UFSCar - Universidade

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