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RESUMO Este trabalho trata da análise da produção de textos de empresas no Twitter e pretende mostrar como elas devem se posicionar nesta rede social para atrair e conquistar os seus clientes. Nas páginas seguintes, serão apresentados o conceito e origem do Twitter, bem como orientações para ter sucesso na mídia digital. Palavras-chave: Twitter, Marketing, Guerrilha, Redes Sociais, Empresas Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Leitura e Produção de Texto Trabalho de Conclusão de Curso A LINGUAGEM USADA PELAS EMPRESAS NO TWITTER Brasília-DF 2012 Autor: Paulo Henrique Soares de Almeida Orientador: Professor Dr. Maurício Lemos Izolan

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RESUMO

Este trabalho trata da análise da produção de textos de empresas no Twitter e

pretende mostrar como elas devem se posicionar nesta rede social para atrair e

conquistar os seus clientes. Nas páginas seguintes, serão apresentados o conceito e

origem do Twitter, bem como orientações para ter sucesso na mídia digital.

Palavras-chave: Twitter, Marketing, Guerrilha, Redes Sociais, Empresas

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Leitura e Produção de Texto

Trabalho de Conclusão de Curso

A LINGUAGEM USADA PELAS EMPRESAS NO TWITTER

Brasília-DF

2012

Autor: Paulo Henrique Soares de Almeida

Orientador: Professor Dr. Maurício Lemos Izolan

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PAULO HENRIQUE SOARES DE ALMEIDA

A LINGUAGEM USADA PELAS EMPRESAS NO TWITTER

Monografia apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Lato Sensu em Leitura e Produção

de Textos da Universidade Católica de

Brasília, como requisito parcial para obtenção

do certificado de Especialista em Leitura e

Produção de Textos.

Autor: Paulo Henrique Soares de Almeida

Orientador: Professor Dr. Maurício Lemos

Izolan

Brasília-DF

2012

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Monografia de autoria de Paulo Henrique Soares de Almeida, intitulada “A

LINGUAGEM USADA PELAS EMPRESAS NO TWITTER”, apresentada como requisito

parcial para obtenção do certificado de Especialista em Leitura e Produção de Textos da

Universidade Católica de Brasília, em 1º de dezembro de 2011, defendida e/ou aprovada pela

banca examinadora abaixo assinada:

______________________________________

Prof. Dr. Maurício Lemos Izolan

Orientador

Leitura e Produção de Textos - UCB

______________________________________

Prof.ª Dr.ª Christine Maria Soares de Carvalho

Leitura e Produção de Textos - UCB

______________________________________

Prof.ª Dr.ª Andrea Coutinho

Leitura e Produção de Textos - UCB

BRASÍLIA-DF

2012

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RESUMO

Referência: ALMEIDA, Paulo Henrique Soares de. A linguagem usada pelas

empresas no Twitter. 2012. 40 f. Monografia (Lato sensu em Leitura e produção de

texto)- Universidade Católica de Brasília, Brasília-DF, 2012.

A constante evolução tecnológica nos conduz a analisar a maneira com que as

pessoas usam estas novas ferramentas para interagir entre si e conseguir, com

credibilidade, um dos bens mais importantes da humanidade: a informação. Estudar

a linguagem, o modo como as pessoas se expressam e como elas atuam neste

novo cenário é importante para compreender o mundo digital e então aproveitá-lo

melhor. O foco deste trabalho é o Twitter, um importante serviço de comunicação

online que vem ganhando força e popularização entre as pessoas, principalmente

entre jovens e empresas, mas o fato é que muitos deles ainda não sabem como agir

nesta nova forma de comunicação. No entanto, por meio de textos produzidos pelas

marcas no microblogging, este trabalho vai analisar a linguagem e o estilo dessas

mensagens no Twitter, considerando o estudo e ideias de grandes pesquisadores,

como Marcuschi, Joel Comm e Antônio Carlos Xavier. Este trabalho apresenta

conceitos sobre a cultura digital e os principais traços da produção de textos no

Twitter, passando por uma análise do discurso da hipermídia. O objetivo central da

pesquisa é mostrar o estilo e a linguagem que as empresas estão usando nesta

nova ferramenta digital, como sinais, abreviaturas, mensagens curtas e objetivas.

Palavras-chave: Twitter. Linguagem. Marketing. Redes sociais. Empresas.

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ABSTRACT

The constant technological evolution leads us to examine the way people use these

new tools to interact with each other and can, with credibility, one of humanity's most

important assets: information. Study the language, the way people express

themselves and how they act in this new scenario it is important to understand the

digital world and then use it better. The focus of this work is Twitter, a major online

communication service that has been gaining strength and popularity among people,

especially among young people and businesses, but the fact is that many of them still

do not know how to act in this new form of communication. However, through texts

produced by the marks on microblogging, this paper will analyze the language and

style of these messages on Twitter, considering the study of great ideas and

researchers, as Marcuschi, Joel Comm and Antonio Carlos Xavier. This paper

presents concepts of digital culture and the main features of the production of texts in

Twitter, through a discourse analysis of hypermedia. The main objective of the

research is to show the style and language that companies are using this new digital

tool such as signs, abbreviations, text message and objective.

Keywords: Twitter. Language. Marketing. Social networking. Business.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 – Feedback Chevrolet.............................................................................20

Ilustração 2 – Linguagem usada................................................................................24

Ilustração 3 – Abreviações.........................................................................................24

Ilustração 4 – Emotions..............................................................................................25

Ilustração 5 – Hipertexto.............................................................................................28

Ilustração 6 – Emotions..............................................................................................34

Ilustração 7 – Produção textual..................................................................................36

Ilustração 8 – Criatividade da Tim..............................................................................38

Ilustração 9 – Criatividade da Vivo.............................................................................39

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LISTA DE TABELA

Tabela 1 - Tecnologias evolutivas e suporte de leitura..............................................31

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10

2 COM A EVOLUÇÃO DA ESCRITA, SURGE UM NOVO GÊNERO.....................12

3 O QUE É O TWITTER.............................................................................................15

3.1 A IMPORTÂNCIA DO TWITTER PARA A EMPRESA.........................................16

3.2 SEGUIDORES NO TWITTER..............................................................................18

3.3 MARKETING NA FERRAMENTA DIGITAL.........................................................19

4 A LINGUAGEM USADA PELAS EMPRESAS NO TWITTER...............................21

4.1. ESCRITA PRÓXIMA DA FALA...........................................................................22

4.2 EMOTIONS..........................................................................................................24

4.3 MENSAGENS CURTAS E AGRADÁVEIS..........................................................26

4.4 HASHTAGS.........................................................................................................26

4.5 LINKS..................................................................................................................27

4.6 HIPERTEXTOS...................................................................................................29

5 ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE TEXTOS NO TWITTER EMPRESARIAL..........33

6 CONCLUSÃO.........................................................................................................40

REFERÊNCIAS.........................................................................................................41

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1 INTRODUÇÃO

As novas tecnologias e a internet são instrumentos importantes da atualidade.

Este campo imenso de conhecimento, que vai além de rede de computadores, meio

de comunicação, banco de informações e outros vários conceitos, é, sem dúvida,

uma zona de vários tipos de estudos. Por meio da internet é possível pesquisar um

tema, enviar mensagem, ver fotos, comprar, descobrir lugares fantásticos e realizar

inúmeras atividades. Tudo em um só lugar e com apenas um clique.

O que durava anos, décadas ou séculos agora se faz ou desfaz em meses,

semanas ou até mesmo um dia. De acordo com Squarisi (2011), as pessoas hoje

têm o privilégio de observar o período histórico de profunda inquietação por conta

das sucessivas mudanças possibilitadas pelo uso em grande escala da tecnologia.

Segundo Wikipédia (2011) “dados da Internet World Stats, 1,96 bilhão de

pessoas tinham acesso à Internet em junho de 2010, o que representa 28,7% da

população mundial”. Com este cenário, é impossível ignorar esta ferramenta de

comunicação que teve início nos Estados Unidos, logo após a Segunda Guerra

Mundial, e ganhou interesse do público na década de 1990. Hoje ela representa o

futuro em vários aspectos. É por meio dela que são desenvolvidas as novas

tecnologias e vários projetos que o mundo possui na era da modernidade. Um bem

para a nova geração, o que torna impossível ignorá-la. “Nesse cenário, não

podemos nos satisfazer com a condição de testemunhas. Temos a missão de

contribuir para identificação e entendimento das engrenagens capazes de mover o

planeta em diferentes direções”, (SQUARISI, 2011, p. 9).

No entanto, este tema de estudo é imenso e não é uma tarefa simples. Por

isso, este trabalho tem o objetivo de discutir melhor apenas um item que o fenômeno

internet traz em sua bagagem: as redes sociais. Para ser ainda mais exato: o

Twitter, com foco nas empresas. Lemos (2008), destaca que o Twitter é um serviço

norte-americano, criado em março de 2006, que permite postagens de no máximo

140 caracteres e que vem ganhando adeptos no mundo inteiro. Para definir algumas

das características da ferramenta, Lemos (2008) cita que o Twitter é também

chamado de microblog, sendo também definido como um dos „gêneros emergentes‟

no contexto de Marcuschi (2005).

Hoje, no século XXI, comunicar, produzir textos e ler na internet é tão

importante quanto saber ler e escrever no século passado. E se isso for usado

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corretamente pode ser um passo certo para um bom negócio e o sucesso de uma

marca. Mas entrar para o mundo business on-line, enfrentar o consumidor no mundo

digital e ainda sair ganhando não é uma tarefa fácil para nenhuma empresa e nem

mesmo as mais fortes estão salvas.

Um dos pontos principais que justifica esta afirmação é que a internet é

democrática. Qualquer pessoa vira escritor, pode comentar escrever opinião e

discutir assuntos em uma velocidade muito rápida. Conseguir um espaço neste

campo é importante, mas saber utilizar de forma positiva as ferramentas digitais é

fundamental. Saber dominar o mundo online é um passo positivo para quem busca

estar à frente do seu tempo, mas o campo é vasto. Ganha quem está preparado e

conseguir sair na frente.

O objetivo deste trabalho é analisar a produção de textos que as empresas

estão desenvolvendo no Twitter, conhecer a linguagem usada, os símbolos e o estilo

das mensagens divulgadas na rede social. Squarisi (2011) alerta que um dos bens

de consumo mais valioso quando se trata de produção de texto na internet é a

informação, que deve ser acompanhada da credibilidade. “Sem a certeza da

autenticidade e da excelência no processo de produção, a informação perde a força.

Mas, quando produzida e divulgada com a garantia de qualidade da procedência, o

texto ganha condição necessária para se destacar e manter força sempre”,

(SQUARISI, 2011, p.10).

Este trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica e análise de

textos produzidos por empresas no Twitter. Para isso, foram selecionados, de forma

aleatória, os tweets das marcas Ponto Frio, Vivo, Chevrolet, e Tim, acessados entre

outubro de 2011 e janeiro de 2012. A escolha das empresas se deve pelo fato de

serem marcas conhecidas nacionalmente e que, além de venderem produtos,

também são prestadoras de serviços e estão em constante diálogo com o

consumidor.

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2 COM A EVOLUÇÃO DA ESCRITA, SURGE UM NOVO GÊNERO

Ramal (2000) destaca que nas culturas que não conheciam a escrita, a

transmissão da história se dava por meio das narrativas orais. Ela explica que no

começo da raça humana, o narrador relatava as experiências a ouvintes que

participavam do mesmo contexto comunicacional para garantir a preservação da

memória da espécie. Ou seja, uma pessoa que já tinha vivenciado um

acontecimento contava para outra, o que tinha acontecido e o modo de como as

coisas funcionavam.

Depois deste período veio à escrita e foi uma verdadeira revolução. Além de

ouvir o que as pessoas narravam, a humanidade podia então escrever e registrar os

fatos acontecidos. No entanto, esta escrita no papel pode ser definida como linear,

pois tem uma sequência lógica que deve ser obedecida e não pode ser alterada

para que a compreensão do texto aconteça de fato.

Com o passar do tempo, uma nova revolução acontece: o mundo digital. Nele,

os textos ganham movimento, interatividade e são posicionados em rede, garantido

uma maior velocidade da informação. “Enquanto na era da escrita o mote é

„construir o futuro‟, hoje vale o que ocorre neste preciso momento”. (RAMAL, 2000,

p. 21).

Para Xavier (2009) as inúmeras transformações que vêm ocorrendo no

mundo durante as últimas três décadas têm atingido as mais diferentes esferas

humanas dando origem a uma nova ordem mundial chamada Tecnocracia, que

delega à Globalização a hegemonia nas relações socioculturais, ao Neoliberalismo a

ideologia política gestora da economia, e à informática Digital a incumbência de

acelerar a aplicação das diversas tecnologias recém inventada. Segundo Xavier

(2009), as capacidades humanas sedimentadas há anos, passam agora a ser

confrontadas com um diversificado conjunto de formas de fazer e de pensar que lhes

são oferecidas dentro do inusitado contexto sociotécnico.

Na análise do pesquisador, essa conjuntura de inovação tem implantado um

novo modo de representar ideias pelo qual as propostas pertencentes às mais

diferentes tendências ideológicas deverão tornar-se perceptíveis verbal, visual e

auditivamente. Este novo modo de representação é definido como hipertexto, que,

segundo Xavier (2009), é o protocolo oficial da Tecnocracia em tempos de Pós-

Modernidade. “O hipertexto representa como uma alternativa de abordar dados,

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construir informação, comunicá-las e distribuí-las de modo rápido, prático e acessível

às pessoas em qualquer parte do planeta quando conectado à rede mundial de

computadores”, (XAVIER, 2009, p.23).

Na web, a forma da construção da escrita é algo que vai além das palavras e

não há linearidade. Com o hipertexto, por exemplo, é permitido tecer o caminho para

outras janelas e conectar novos textos. Cada capítulo da rede é construído por

vários autores, designers, projetistas gráficos e programadores. Mas, cada percurso

textual é tecido de maneira original e única pelo leitor cibernético. Com o hipertexto,

não existe um único autor e sim um sujeito coletivo, uma reunião e interação.

No entanto, ainda segundo Xavier (2009), compreender esta nova ordem de

evolução exige uma necessária reflexão e uma urgente aprendizagem das novas

maneiras de “ler”, de “escrever”, e de “publicar” fatos, atos e opiniões na rede

digitalizada de comunicação.

Com a internet, também surgem novos gêneros textuais. Batista Júnior e Silva

(2010) afirmam que gênero textual é a concretização do texto em seu formato e

função definidos social e discursivamente. Segundo eles, gêneros textuais possuem

formatos relativamente estáveis, uma vez que somos capazes de identificá-los e

diferenciá-los. No entanto, não são estáticos, pois podem variar em seus aspectos e

em significação, dependendo da situação comunicativa (MARCUSCHI, 2008).

Os pesquisadores explicam ainda que na medida em que aprendemos uma

língua, aprendemos a reconhecer e a produzir gêneros textuais. “Já na infância,

reconhecemos intuitivamente a formação de diversos textos e na escola, temos essa

consciência melhor sistematizada”, (BATISTA JÚNIOR e SILVA, 2010). Para eles, a

capacidade que temos de perceber a necessidade de produzir textos que se

adéquem às situações de comunicação, é fator essencial que nos permite identificar

e produzir diversos gêneros textuais. “Porque já vivenciamos diferentes situações

comunicativas, somos capazes de reconhecer, através de pistas textuais, que

estamos diante de uma propaganda, de uma receita, ou de uma bula de remédio,

por exemplo,” (BATISTA JÚNIOR e SILVA, 2010). Desse modo, um gênero textual é

determinado por sua função ou finalidade.

Alguns fatores influenciam o surgimento de novos gêneros, tais como o

surgimento de novas tecnologias. Com o advento da escrita, por exemplo, o número

de gêneros textuais existentes aumentou de maneira significativa. O que permitiu a

criação de novos gêneros, tais como a carta, o bilhete e o memorando. O telefone

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possibilitou, da mesma forma, a constituição do gênero telefonema e celular, a

constituição do SMS ou mensagem de texto. Semelhantemente, o computador e a

internet permitiram a composição de novos gêneros, tais como o e-mail, o blog, o

chat e até o tweet dentre outros (XAVIER e MARCUSCHI, 2005). Segundo Monroe

(2011), não é exagero nenhum chamar os tweets, como as postagens são

conhecidas, de um novo gênero textual.

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3 O QUE É O TWITTER

O Twitter é um fenômeno do século XXI. Um instrumento gratuito de

comunicação criado em 2006, nos Estados Unidos, que é capaz de conectar

pessoas por meio de mensagens de textos. “É constituído de um servidor, chamado

de microblogging, de modo a permitir aos usuários o envio e leitura de atualizações

pessoais ou de outros indivíduos por meio de textos com no máximo 140 caracteres,

chamados de tweets”. (COMM; BURGE, 2009, p. 15). Pode ser usado por meio da

internet ou pelo celular, sob forma de mensagens curtas, ou seja, os populares

torpedos ou SMS, sigla para short messages services.

O Twitter foi criado em 2006, nos Estados Unidos, por Jack Dorsey, Evan

Williams e Biz Stone, como um projeto paralelo da Odeo, empresa de podcasting

fundada em 2004, com o objetivo de fazer para áudio on-line o que o Google faz

hoje para o texto on-line (ISRAEL, 2010, p.13). Durante uma reunião de trabalho,

Dorsey teve a ideia de utilizar o SMS para ajudar na comunicação entre os

empregados da empresa. A ideia deu tão certa que hoje o Twitter possui mais de

200.000.000 de usuários registrados e recebe 460.000 novos cadastros diariamente,

resultando em um saldo de 155.000.000 Tweets por dia. (TWITTER, 2011)

No começo, o Twitter era usado apenas como uma forma de comunicação

interna de uma companhia, mas em pouco tempo, esta ferramenta tornou-se uma

das principais redes de informação no mundo e a principal razão para isto é a

velocidade, já que a ferramenta pode ser conceituada como um canal rápido, onde a

transmissão da notícia acontece em tempo real. É composto por pequenas

explosões de informações chamadas tweets, que podem receber até 140 caracteres

onde as pessoas podem escrever o que elas quiserem neste pequeno espaço de

texto, postar vídeos, fotos e várias atividades.

Para ter uma ideia da importância desta ferramenta, são inúmeras as notícias

que, antes de serem veiculadas nos meios de comunicação tradicionais, como

televisão, rádio e jornal, são divulgadas antes pelo Twitter. A morte de Osama Bin

Laden, por exemplo, teve uma repercussão gigante no mundo todo, em pouco

tempo, graças ao micro blog. Tudo isso é importante para analisarmos o poder desta

ferramenta e como ela pode ser usada para fins pessoais ou, no caso deste

trabalho, empresarial.

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Todo mundo pode ter uma conta no twitter e sua simplicidade é a principal

característica do sucesso desta ferramenta. Para participar, basta registrar-se no site

oficial com a conta do e-mail, criar uma senha e pronto. Depois, o usuário pode

escrever o que quiser produzir textos e leituras, desde que use no máximo 140

caracteres.

3.1 A IMPORTÂNCIA DO TWITTER PARA A EMPRESA

Por que esta ferramenta é tão importante para as marcas? Como devem ser

os tweets e os textos produzidos pelas empresas nesta mídia? Como conquistar

clientes e apresentar estratégias para dominar o mercado? O que escrever em no

máximo 140 caracteres que pode fazer diferença?

Não é fácil responder estas perguntas, nem mesmo apontar soluções que

sejam 100% positivas, mas, por meio de estudos e análises, é possível traçar um

caminho com mais chances de acertos e sucesso.

Primeiro é importante esclarecer que o Twitter foi criado nos Estados Unidos,

dentro de uma empresa, ou seja, as primeiras pessoas a usarem o micro blog

tinham grau de escolaridade elevado e algum poder aquisitivo.

Comm e Burge (2009, p. 7) nos diz um pouco sobre como o Twitter pode ser

descrito:

Escrevendo na revista Time em agosto de 2008, o gerente geral de pesquisa da Hitwise e autor do livro Click: O que milhões de pessoas estão fazendo on-line e porque isso é importante, Bill Tancer, observou que 14% dos visitantes do Twitter são do tipo chamado por ele de “Carreira Estável” – uma “coleção de solteiros jovens, etnicamente diversos, que vivem em grandes metrópoles como Los Angeles, Filadélfia e Miami”. Outros 12% são “Jovens Cosmopolitas” – com 40 e tantos anos e rendimentos familiares superiores a 250 mil dólares por ano.

Depois, ainda explicando a origem deste fenômeno, vale lembrar que, em

março de 2007, no Texas, durante sua festa de apresentação na South by

Southwest – o festival interativo mais conhecido no mundo – o Twitter foi eleito o

melhor produto do evento. “O Twitter está dominando a SXSW, declarou Michael

Calore em sua primeira reportagem sobre conferência para Wired.com, e ao fazer

isso, disse a seus leitores on-line para acessarem o Twitter se quisessem continuar

informados.” (ISRAEL, 2010, p. 29).

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Isso quer dizer que as empresas devem ficar atentas aos grupos que usam o

Twitter, porque são pessoas, em geral, formadoras de opinião e que possuem poder

de compra. Saber usar esta ferramenta da maneira correta pode ser útil para uma

marca se posicionar no mercado e ampliar ainda mais o número de consumidores.

Os benefícios trazidos podem ser enormes. A Cruz Vermelha identificou o potencial do Twitter e usa o site para fornecer atualizações sobre desastres durante a sua ocorrência. É um serviço que se apoia na velocidade, números e na mobilidade do Twitter. (COMM; BURGE, 2009 p. 28).

A Comcast, uma das maiores empresas de serviços por cabo nos Estados

unidos, usou a ferramenta digital para sair de uma crise e reverter uma péssima

reputação no atendimento aos clientes.

Em 2009, a empresa teve a imagem desgastada por causa de um vídeo onde

seu funcionário aparecia dormindo no sofá de um cliente ao invés de ajudá-lo e

conseguiu superar o problema por meio do micro blog.

De acordo com o American Customer Satisfaction Index, os índices de satisfação de clientes da Comcast para atendimento ao consumidor, aumentaram mais de 9% no primeiro trimestre de 2009, o maior aumento registrado entre as provedoras de serviços por cabo e satélite. A pesquisa atribuiu a melhoria exclusivamente à participação da Comcast no Twitter. (ISRAEL, 2010, p. 52).

Em Brasília, em 2010, a Beiramar Imóveis vendeu seu primeiro apartamento

pelo Twitter e se deu conta da importância da inserção em redes sociais. No mesmo

ano, formou uma diretoria de web, com 25 funcionários e não parou de crescer. Os

profissionais da equipe digital da Beiramar Imóveis, além de terem formação na área

de internet, são afinados com a administração de novas mídias. A equipe se

relaciona com clientes por meio do site da empresa, Twitter, Facebook e Orkut.

Branco (2010) diz que o diretor comercial da imobiliária, Pedro Fernandes, afirmou

que o foco da empresa é mesmo em resultados e não uma estratégia institucional.

Em 2010, as vendas na Beiramar Imóveis por meio de ferramentas digitais já eram

responsáveis por quase 15% do faturamento da empresa.

Entretanto, a facilidade do uso e a rapidez no processamento de informações

dão créditos para que esta ferramenta digital seja considerada uma revolução na

linguagem midiática e um serviço de marketing poderoso. Tudo isso com a simples

função de enviar mensagens para aqueles que querem recebê-las. Mas, para

alcançar resultados positivos é preciso “saber” criar estas mensagens, escrever bem

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o texto, ganhar credibilidade e confiança dos clientes e amigos, que agora, dentro

deste mundo virtual, são chamados de seguidores.

Las Casas (2009) aponta que no Brasil, os twitteiros são basicamente

pessoas do mercado de comunicação e especialistas em tecnologia, sobretudo da

cidade de São Paulo (que é a quarta no ranking das cidades que mais acessam o

serviço, ficando atrás de Londres, Nova York e São Francisco). “Em pesquisa feita

por Zago e Recuero (In Recuero, 2009), 94% dos respondentes costumavam clicar

nos links divulgados no Twitter e 88% dos participantes costumavam repassar as

informações para outras redes sociais”, (LAS CASAS, 2009, p. 102).

3.2 SEGUIDORES NO TWITTER

Para que o Twitter funcione de maneira positiva é necessário que o usuário

da conta tenha seguidores, que são pessoas que seguem as mensagens postadas

por outros usuários. Quanto mais seguidores o perfil tiver, mais pessoas receberão

as mensagens e mais eficiente será a comunicação. Para seguir é simples, basta a

pessoa interessada clicar no botão “seguir o usuário” ou “following” e pronto. Em

questão de segundos ele passa a ser seguidor e receber as mensagens deste perfil.

Não há nenhum esforço para isso, o “problema” ou “desafio” não é seguir e sim

conquistar seguidores, eles são valiosos e importantes, para propagação do

conteúdo via Twitter. Segundo Comm e Burge (2009), na hora de conquistar

seguidores é importante:

Escrever conteúdo que seja útil para quem está seguindo; não encher o Twitter de mensagens sem informação; criar um canal de conversa com seu seguidor, trocar ideias, dicas e deixar claro que ele é importante para a empresa, além de produzir conteúdo que seja criativo, divertido e valioso.

É importante destacar que os tweets foram criados para descrever o que as

pessoas estão fazendo, mas também podem ser utilizados para expressar ideias,

opiniões, dar dicas, reclamar de alguma coisa, mostrar o ponto de vista do usuário,

divulgar anúncios, apresentar produtos, enfim... Uma série de ações pode ser feita

por meio deste microblog, mas o uso de uma linguagem adequada é fundamental

para que a comunicação seja ainda melhor.

Ninguém quer seguir e divulgar mensagens de uma marca que escreve

textos fora da norma da língua portuguesa, que tenha palavras de insulto, duplo

sentido, textos sérios demais, sem criatividade e muito menos empresas

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egocêntricas que apenas usam a ferramenta para falar bem da marca e esquece

que o Twitter é uma rede social, onde deve haver trocas de informações e não

apenas um depósito de conteúdo.

3.3 MARKETING NA FERRAMENTA DIGITAL

Segundo Levinson (2009), “marketing é cada contato que uma empresa tem

com qualquer pessoa no mundo exterior e possui sempre três direcionamentos de

estratégia: segmentação, público alvo e posicionamento”. Para que uma empresa

tenha uma boa prática de marketing é necessário que ela defina o segmento de

atuação, que tipo de cliente ela quer atingir, tais como características demográficas

e variáveis comportamentais.

O Twitter de uma empresa deve seguir as mesmas características e

identidade da marca apresentando sempre os objetivos da organização. Se para

uma empresa ter sucesso é importante que ela defina o mercado de atuação, no

Twitter acontece o mesmo e para isso é importante que uma empresa tenha

objetivos, conheça o mercado, e desenvolva um plano mercadológico com preço,

produto, distribuição e promoção da marca.

Las Casas (2010) aponta as principais características do marketing pós-

moderno: hiper-realidade, fragmentação, inversão nos processos de produção e

consumo e ênfase na forma e estilo. Para ele, a hiper-realidade está além da

realidade e permite simulações e pesquisas para que sejam lançados novos

produtos. A fragmentação de mercados é um fator real devido à fragmentação de

mídias e os consumidores da era pós-moderna fazem parte do processo de

produção e não estão apenas na fase final do produto.

Para se destacar no mercado, hoje, uma empresa precisa antes de tudo de

criatividade e entender um pouco sobre o marketing de guerrilha, técnicas utilizadas

por empresas com o objetivo de combater concorrentes ou simplesmente

sobreviverem.

De acordo com Levinson (2010), o marketing tradicional pregava que para

colocar um produto adequadamente no mercado era necessário dinheiro. Hoje, com

o marketing de guerrilha o principal investimento é tempo, energia, imaginação e

informação. Aqui, o importante não é medir as performances pelas vendas ou pelas

respostas a uma oferta e sim pelo tamanho do lucro.

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20

Enquanto o marketing tradicional sugere que a pessoa aumente o negócio por

meio da diversificação dos produtos, o marketing de guerrilha aposta no foco, na

fusão com outras empresas e na valorização do cliente mesmo depois da compra.

Isto recebe o nome de feedback. É importante e isso pode ser explorado por meio

do Twitter, como na ilustração 1 abaixo:

Ilustração 1 – Feedback Chevrolet Fonte: Twitter da Chevrolet Levinson (2010) destaca também que é importante uma empresa utilizar as

ferramentas atuais do marketing para ganhar mercado. Para ele, no cenário atual, a

marca deve: preocupar-se com o cliente e não apenas no nome dela; ter foco e

valorizar o tempo do consumidor oferecendo informações valiosas e que realmente

vão fazer diferença pra ele; combinar ao máximo as ferramentas de marketing como

sites, campanhas, anúncios, malas diretas e redes sociais e não apenas usar esses

itens separadamente. É fundamental também que a empresa se relacione com os

clientes e aproveite ao máximo as novas tecnologias, cada vez mais acessíveis à

população, lembrando que o marketing atual é um diálogo: uma pessoa fala ou

escreve e alguém responde.

O cliente está envolvido com o marketing. Essa é uma das maravilhas da internet. Os relacionamentos nascem dos diálogos. Você tem de ensejar o diálogo pedindo às pessoas para e inscreverem em alguma coisa, assinarem 5seu newsletter, pedirem um brinde, entrarem num concurso, votarem numa eleição on-line. E tem de responder a elas. Pequenas empresas podem fazer isso. As grandes corporações normalmente não costumam ser tão flexíveis e rápidas. (LEVINSON, 2010, p. 29).

Para realizar um bom marketing é necessário escolher as armas que serão

utilizadas e, como já descrevemos neste trabalho, é fundamental que estas armas

funcionem e que estejam associadas entre si. Para uma empresa se destacar no

mercado ela precisa manter um diálogo com o cliente e as características principais

desta conversa serão discutidas a seguir.

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4 A LINGUAGEM USADA PELAS EMPRESAS NO TWITTER

Para que uma empresa tenha sucesso com seus textos produzidos no Twitter

é necessário que ela se aproxime ao máximo da linguagem dos usuários que

utilizam esta ferramenta digital, ou seja, uma linguagem livre e parecida com os

textos produzidos por uma pessoa comum.

Squarisi (2011) afirma que na internet o uso de abreviaturas, troca de letras e

sinais, por exemplo, são características da linguagem digital, faz parte da

comunidade e, portanto, é o português correto à ocasião. Ela destaca ainda que

alguns cuidados com a produção de texto devem ser tomados na construção das

mensagens digitais como, clareza, objetividade, textos curtos, leves e dinamismo.

Squarisi (2011) aponta também que o texto deve surpreender o leitor, ser gentil, sem

preconceitos, e respeitoso. Assuntos pessoais ou polêmicos devem ser evitados

pela marca no microblog.

Para Comm e Burge (2009), há um tipo de Twitter que não deve ser postado:

aquele que vai causar problemas para a empresa, como uma preferência pessoal de

quem está escrevendo texto. Fora isso, quanto mais a empresa utilizar os recursos

da linguagem digital, melhor para obter-se uma comunicação positiva e eficaz. “As

grandes empresas sabem que o Twitter, em sua maioria, possui usuários jovens e

que para se identificar com estes é preciso agir semelhantemente. Perceba que a

grande maioria dos „‟tweets” da empresa são em resposta a perguntas ou

provocações positivas dos clientes”, (MORAES, 2011, p.1).

Quanto ao estilo do texto on-line, Saquarisi defende o português correto, já

que erros pegam mal e desacreditam o conteúdo da informação e o nome da marca;

verbos fortes, de preferência na voz ativa e facilidade de leitura. “Os esbanjadores

verbais têm de se conter e acreditar que menos é mais. Menos palavras e menos

letras é sinônimo de informação. Livre-se dos vocábulos que estão na frase só para

enfeitar”, (SQUARISI, 2011, p.65).

Para mostrar como as marcas estão construindo esses textos, foram

analisados alguns tweets produzidos por grandes empresas brasileiras. A escolha

dos nomes TIM, Vivo e Ponto Frio se deu pelo fato de serem marcas conhecidas por

todo o Brasil e que além de venderem produtos, também prestam serviços aos

clientes, estando em constante diálogo com o consumidor. Os tweets produzidos por

estas empresas foram escolhidos de forma aleatória.

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Na análise da produção textual desses tweets, percebe-se uma

linguagem clara, objetiva e descompromissada com o português formal. Para

construir uma mensagem de no máximo 140 caracteres, é comum o uso de

abreviaturas e uma linguagem própria do universo digital com links, hipertexto e

símbolos. No entanto, para Comm e Burge (2009), mesmo que o Twitter tenha sido

criado a partir da estrutura e serviços do celular, a linguagem usada pelas empresas

nesta ferramenta digital deve parecer mais com palavras reais do que com as

abreviações usadas no estilo SMS (Short Mensage Service). Neste caso Squarisi

(2011) alerta para a liberdade das palavras abreviadas. “Abreviaturas valem as

consagradas ou inventadas, mas a liberdade tem limite. É a compreensão. O leitor

tem de entender o código”, (SQUARISI, 2011, p.66).

4.1. ESCRITA PRÓXIMA DA FALA

Como na era digital a velocidade é importante para a comunicação, a

agilidade também deve ser destacada. No Twitter, as mensagens são extremamente

curtas e o conteúdo é reduzido para não ultrapassar os 140 caracteres. No entanto,

o usuário faz uso de abreviações, supressão de vogais e o geralmente as sílabas

são trocadas pelo som da grafia. Escreve-se como se fala. Assim, a letra “k” substitui

as sílabas “ca” de casa e vira “ksa”; “b” substitui o „bei” de “Beijo” e vira “bjo” entre

outros exemplos.

Apesar de não se tratar de uma linguagem formal, as empresas utilizam este

recurso para ganhar espaço no twitter e normalmente isso ocorre sem ruídos na

comunicação, já que a mensagem é direcionada para usuários da internet que já

conhecem o universo da linguagem digital. Para Barthes (2001), o indivíduo, por si

só, não pode criar nem modificar a linguagem, é necessário um contato coletivo, ao

qual temos de submeter em blocos, se quisermos comunicar.

Andreazza e Camatti (2009) destacam a supressão de vogais como marca

registrada na produção de textos no Twitter e citam Falcão (2008) para explicar que

a proximidade da linguagem escrita com a oralidade desvincula a comunicação

eletrônica das normas lingüísticas. No entanto, Saussure (2006) explica que a língua

e a escrita são dois sistemas distintos de signos e a única razão de ser do segundo

é representar o primeiro; o objetivo lingüístico não se define pela combinação da

palavra escrita e da palavra falada. Esta última, por si só constitui tal objetivo. Mas a

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palavra escrita se mistura tão intimamente com a palavra falada, da qual é imagem,

que acaba por usurpar-lhe o papel principal e terminarmos por dar maior importância

à representação do signo vocal do que ao próprio signo.

A proximidade da comunicação digital com a fala também é destacada por

outros pesquisadores. Falcão (2008) compara o contexto da comunicação oral com

a comunicação eletrônica e percebe-se a proximidade de muitas características.

Segundo Falcão, em uma observação feita por Andreazza e Camatti (2009), é a

proximidade com as características da oralidade que desvincula a comunicação

eletrônica das normas lingüísticas e que faz, por vezes, esta assumir uma

intencionalidade tribal extinta pela cultura tipográfica.

Neste contexto, a grafia das palavras tenta reproduzir seu respectivo som, mas difere-se da ideia de significante de Saussure. O som, o significante, a imagem acústica que aquilo nos remete é reproduzida na grafia das palavras. Por isso, quando se fala em casa, por exemplo, vem a mente o objeto daquilo que está se referindo, não as letras que podem compor a palavra. O “k” tem o mesmo som que o “c” junto com o “a” e, pela praticidade e rapidez de se escrever, casa vira Ksa. (ANDREAZZA e CAMATTI, 2009, p.10)

No entanto, Comm e Burge (2009) destaca que as empresas devem ter bom

senso na hora de abreviar uma palavra no Twitter, pois é preciso que, antes de tudo,

o leitor entenda o que está sendo escrito, sem nenhum trabalho para ler.

Na ilustração 2, por exemplo, a palavra “para” vira “p/”; “você” vira “vc” e a

palavra “mais” é agora representada pelo símbolo “ +”.

Na ilustração 3 a linguagem escrita também se aproxima da fala e há

presença das abreviações, como em “vc” para “você”, “qquer” para dizer “qualquer”,

“tel” que significa “telefone” e “obg”, que, na linguagem digital, quer dizer “obrigado”.

Já na ilustração 4, no Twitter da Ponto Frio, é possível destacar uma outra

forma de linguagem próxima ao som, como no caso de “Hmmm isso eu não

consigo”, localizado no terceiro tweet da imagem. Neste caso, o “Hmmm” representa

um espaço de tempo em que o escritor está pensando para responder o leitor.

Logo depois, no quinto tweet da ilustração 12, a Ponto Frio usa outra

expressão próxima a fala para representar alegria ou comemoração em “uhuuuuu”.

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Ilustração 2 – Linguagem usada Fonte: Twitter Oficial da TIM

Ilustração 3 – Abreviações Fonte: Twitter Oficial da TIM

4.2 EMOTIONS

Outra observação importante na análise da linguagem dos textos produzidos

no Twitter, é que há, com freqüência, o uso de imagens criadas por símbolos: os

emoticons, que são sinais utilizados na linguagem digital que têm a função de

expressar sentimentos e possuem características universais pertencentes à

sociedade globalizada e tecnológica.

Segundo Brito (2008), os emoticons são geralmente utilizados pelos jovens,

mas as empresas devem compreender o uso deste recurso para estabelecer uma

comunicação mais efetiva com este grupo, já que suas imagens estão relacionadas

simbolicamente pelo consumidor à imagem da juventude e da afetividade. Por se

tratar de uma ferramenta semiótica, Brito classifica os emoticons como um

pictograma, já que também são desenhos figurativos, utilizados na comunicação on-

line. Logo, os emoticons podem ser considerados como uma linguagem pictográfica

utilizada em um meio digital para facilitar a comunicação contemporânea. Andreazza

e Camatti também classificam os caracteres tipográficos como uma linguagem e

para isso citam Ducrot e Todorov (1991) que dizem que em sentindo lato, a escrita é

qualquer sistema semiótico visual e espacial; em sentindo restrito, é um sistema

gráfico de notação da linguagem.

Esta linguagem por meio de símbolos também é comumente usada pelas

empresas já que, segundo Andreazza e CamaTti (2009), os emoticons atingem um

número maior de leitores e tornam o texto mais atrativo, menos cansativo e mais

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leve para os leitores. Eles representam um símbolo e substituem palavras ou

sentimento, dando significado ao conteúdo, como por exemplo, um rosto triste

quando o assunto é chato e um rosto com um sorriso quando o texto refere-se à

felicidade ou coisas boas.

Na ilustração 4, de 11 tweets, a Ponto Frio usa os emoticons em oito deles

para se comunicar com seus clientes. No tweet “Hmmm, isso eu não consigo”, a

Ponto Frio usa, por exemplo, o símbolo “=( ” para representar que não está

escrevendo uma informação muito favorável ao consumidor. No entanto, a imagem

tem o objetivo de tornar a mensagem mais agradável, mesmo não sendo uma

informação positiva ao leitor ou consumidor da empresa.

Ilustração 4 – Emotions Fonte: Twitter Oficial da Ponto Frio

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O sorriso, representado pelo símbolo “=)” deixa a mensagem ainda mais

alegre e criativa, como no tweet: “vale sim, é só clicar =)”. Pereira (2001), expõe

sobre o que os emotions significam:

ou :-) ou =) : Carinha feliz.

)))) : Significa que se está muito contente, rindo muito.

=/ ou ou :/ ou =| : Tédio, desacordo, rejeição de alguma idéia ou comentário.

ou :-( : Carinha triste.

: Sorrisão, risos

: Sorriso tolo.

: Piscadinha. o.O ou o_O : Espanto, olhos arregalados. ^ ^ : Olhinhos felizes. Felicidade! <3 : Emoticon que simboliza um coração (o coraçãozinho está deitado). s2 : Emoticon que simboliza um coração com a junção das curvas do “s” e do “2″

4.3 MENSAGENS CURTAS E AGRADÁVEIS

Como já foi descrito neste trabalho, um dos estilos da linguagem on-line são

mensagens curtas e objetivas. Squarisi (2011) orienta que devem ser evitados no

texto os artigos indefinidos e os pronomes. Ela recomenda também trocar locuções

prepositivas por preposições, locuções conjuntivas por conjunção, locuções verbais

por verbos simples, locuções adjetivas por adjetivos, o futuro pelo presente,

perguntas indiretas pó perguntas diretas, orações adjetivas por adjetivos ou

substantivos, oração substantiva por substantivo, oração desenvolvida por reduzida,

o nome do mês pelo número. “O Twitter leva ao extremo a imposição da

modernidade: menos é mais”, (SQUARISI, 2011, p.79).

Usar letras maiúsculas no texto do Twitter significa gritar e também não é

recomendável. Comm e Burge (2009) destaca que o melhor é evitar digitar tudo em

maiúsculas.

4.4 HASHTAGS

As hashtags são palavras-chave antecedidas pelo símbolo "#", que

designam o assunto o qual está se discutindo em tempo real no Twitter. Segundo

Ferreira (2011), são rótulos que, utilizados no Twitter, viram hiperlinks dentro da rede

e indexáveis pelos mecanismos de busca. Sendo assim, usuários podem clicar nas

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hashtags ou buscá-las em mecanismos como o Google para ter acesso a todos que

participaram da discussão, já que os hashtags identificam e classificam correntes de

postagens para determinados grupos específicos.

4.5 LINKS

Os links são bastante usados na produção textual e servem como janelas ou

portas para outros textos e imagens. São muito utilizados nos textos do Twitter e

representam uma forma de direcionar o leitor para outro campo de acesso. Uma

empresa, por exemplo, pode utilizar este recurso para direcionar o consumidor para

o site oficial da marca, uma imagem de produto, um folder de uma promoção, entre

outros, como no segundo tweet da ilustração 5, em que a Vivo usa o link para

direcionar o leitor para outra janela: “uma cidade tão alegre que só poderia

comemorar seu aniversário com música. Parabéns pelos 396 anos, Belém do Pará:

migre.me/7uKkE”. É o canal para o hipertexto. “O link pode dinamizar a leitura,

ampliar o tema principal abordado no hipertexto, exemplificar aspectos

mencionados, mantém a referência sobre as palavras, organiza o hipertexto em

menus ou camadas”, (XAVIER, 2009, p.200)

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Ilustração 5 – Hipertexto Fonte: Twitter Oficial da Vivo

Para Xavier (2009), o link é uma ferramenta digital que envolve efetivamente

a percepção do hiperleitor, tanto pelo texto verbal, como também pelas imagens e

sonoridades, dinamizando o processo de navegação. A princípio, no Twitter, os links

podem ser definidos como peças estratégicas de interação, à medida que marcam

sua presença e se insinuam insistentemente para o usuário com seus traços

arrojados, tonalidades e cores vibrantes. Para Xavier (2009), eles são formas digitais

de convidar e chamar atenção do visitante para uma conexão com alguma página ou

imagem, mantendo o internauta ou leitor navegando por tempo máximo dentro da

página digital da empresa.

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4.6 HIPERTEXTOS

O hipertexto surge com a evolução da escrita aliada a cibercultura. Marcuschi

(2007) destaca que Bolter (1991) propõe como essencial a ideia de que o hipertexto

introduz um novo espaço de escrita, que ele caracteriza como escrita eletrônica,

tendo em vista a tecnologia da base.

O hipertexto é importante para o tema deste trabalho porque é com esta nova

forma de escrever o texto que o Twitter será ainda melhor aproveitado. Como criar

uma mensagem impactante com apenas 140 caracteres? Ramal (2000) define o

hipertexto de diversas maneiras. Segundo ela, pode ser caracterizado como reunião

de vozes e olhares, quando há uma possibilidade de diálogo e construção coletiva

de pensamento. É subversivo na relação autor e leitor, ou seja, o leitor é quem

escolhe o caminho, a maneira e a sequência da leitura e não apenas o autor. É

também subversivo em relação à forma, porque a maneira de construir o conteúdo

online pode sofrer variações com o uso das mídias. E pode ser articulado com o uso

de imagens, sons, vídeos e áudios, causando até mesmo uma subversão de

hierarquia, pois em muitos casos a ilustração ocupa o lugar da mensagem. “Na era

digital, quem lê é quem define a forma de construção da narrativa. O fim é o próprio

link”. (RAMAL, 2000, p. 21).

Marcuschi (2007) afirma que o termo hipertexto foi criado pelo filósofo

Theodor Holm Nelson, em 1964, para referir-se a uma escrita eletrônica não

sequencial e não linear, que se bifurca e permite ao leitor o acesso a um número

praticamente ilimitado de outros textos a partir de escolhas locais e sucessivas, em

tempo real. Assim o leitor tem condições de definir interativamente o fluxo de sua

leitura a partir de assuntos tratados no texto sem se prender a uma sequência fixa

ou a tópicos estabelecidos. De acordo com Marcuschi (2007), as principais

características que determinam a natureza do hipertexto são: não-linearidade;

volatilidade, ou seja, o hipertexto não tem a mesma estabilidade dos textos de livros

e topografia, já que o hipertexto não é hierárquico nem tópico, por isso ele é

topográfico, um espaço de escritura e leitura que não tem limites de se desenvolver.

O hipertexto se diferencia do texto impresso por hospedar e exibir em sua superfície formas outras de textualidades, além a modalidade escrita da linguagem. Ele acondiciona outros modos de enunciação, tais como as imagens em vídeos, ícones animados e sons, todos interpostos ao mesmo tempo na tela. Bem diferente da TV, que só oferece imagens ou o rádio, que

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privilegia o som. O hipertexto reúne todos esses modos enunciativos em torno de si e distribui em sua superfície ancorada na tela digital o peso significativo que cada uma delas possui. (XAVIER, 2009, p.118).

Para Xavier (2009), tomar o hipertexto e o modo de enunciação digital como

fatores importantes para o surgimento da linguagem digital significa postular que

essas definições contribuem para complexificar ainda mais as linguagens já

existentes. Ele explica que os modos de enunciação (formas de expressão,

comunicação e interação desenvolvidas pelo homem ao longo da história, para se

relacionar social e comunicativamente consigo mesmo) só se realizam por meio de

tecnologias enunciativas, que demandam a aprendizagem de um conjunto de

procedimentos técnicos e cognitivos viabilizadores de seus usos efetivos. Para

enunciar e circular as informações, são desenvolvidos os suportes, que se ancoram

as diversas linguagens, inclusive a digital.

Enquanto o modo de enunciação verbal tem como tecnologias enunciativas a

oralidade articulada e o sistema de escrita, o modo de enunciação digital tem como

tecnologia enunciativa o hipertexto on-line (ver tabela 1). Segundo Xavier (2009), é

importante perceber que os modos de enunciação verbal e visual se materializam

em quase todos os suportes de leitura (pedra, argila, metais, papiro, pergaminho,

papel, livro etc.), já o modo de enunciação digital só se realiza na tela do

computador ou de outro equipamento hipermídia. No entanto, de acordo com a

análise do autor, aparelhos com tecnologia digital possibilitam o encontro entre todos

os modos de enunciação do hipertexto, ou seja, a convergência de suportes de

leitura propiciada por tecnologia digital produzem uma nova tecnologia enunciativa

chamada de hipertexto, que por sua vez faz nascer um novo modo de enunciação, o

digital e sua linguagem digital, que coloca a disposição do usuário todos os modos

enunciativos anteriores. “Essa bricolagem digital de modos de enunciação, em uma

mesma e única tecnologia enunciativa, sustenta a teoria de que o hipertexto

disponibiliza ao homem pós-moderno mais um modo de enunciar, construir e

expressar sentidos: o digital”, (XAVIER, 2009, p. 135).

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Tabela 1 - Tecnologias evolutivas e suporte de leitura

Modos de Enunciação Tecnologias

Enunciativas

Suporte de Leitura

Verbal:

Oralidade articulada e

sistema de escrita

Corrente de ar, pedra,

argila, metais, papiro,

pergaminho, papel,

livro, equipamentos de

gravação, eletrônicos,

analógicos e digitais,

projetor elétrico, monitor

de TV e tela de

computador.

Visual:

Imagens estáticas

(desenhos, quadros,

gravuras, fotos, gráficos,

tabelas) imagens

dinâmicas (animação,

filmes, vídeos etc.)

Pedra, argila, metais,

papiro, pergaminho,

papel, livro, projetor,

monitor de TV e tela

digital de computador.

Sonoro:

Sons naturais (voz

humana, ruídos, gritos,

cantos dos pássaros etc.)

e sons artificiais

(músicas, efeitos

sonoplásticos etc.)

Corrente de ar,

equipamentos de

gravação eletrônicos,

analógicos e digitais.

Digital

Hipertexto on-line

Tela digital de

computador ou de outro

equipamento dotado de

hipermídia.

Fonte: (XAVIER, 2009, p. 132,133)

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Essa caracterização completa a definição de Marcuschi (2007), que sustenta

que o hipertexto é essencialmente polifônico e esta propriedade é uma de suas

formas constitutivas.

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5 ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE TEXTOS NO TWITTER EMPRESARIAL

Comm e Burge (2009) destaca que para ter sucesso no Twitter as empresas

precisam tomar certos cuidados durante a produção textual de suas mensagens.

Para ele, o tweet de uma marca precisa ser objetivo; conter informações valiosas; ter

utilidade; ser construído a partir linguagem informal, mas sem erros de grafia ou que

cause perda de credibilidade da empresa; e ter tipografias que são fáceis de serem

interpretadas, como hashtags e emoticons. O uso de hipertextos e links são

recomendáveis, além de outras dicas importantes, como não escrever textos que

falem apenas bem da empresa; construir mensagens criativas, que despertem

atenção do leitor e não usar todo os 140 caracteres para escrever seu texto.

Segundo Comm e Burge (2009), é importante reservar um espaço para que

quem receber a mensagem possa reenviar para outras pessoas sem precisar excluir

algumas palavras, prejudicando a comunicação.

No entanto, para analisar a produção de textos das empresas no Twitter, este

trabalho selecionou, de forma aleatória, os Twitters das marcas TIM, Vivo e Ponto

Frio, porque além de serem nomes reconhecidos nacionalmente, essas marcas

vendem produtos e prestam serviços aos clientes, estando em constante diálogo

com o consumidor.

Primeiro, vamos citar a ilustração 5. Nela, foram estudados 11 tweets da

Ponto Frio, acessados dia 09 de janeiro de 2012. Entre as 11 mensagens

selecionadas de forma aleatória, é possível afirmar que oito delas apresentam

emoticons em sua estrutura. Em relação à abreviatura da língua portuguesa, não foi

encontrado o uso em nenhum tweet, confirmando a teoria de Comm e Burge (2009),

que destaca que as empresas devem ter bom senso na hora de abreviar uma

palavra no Twitter, pois é preciso que, antes de tudo, o leitor entenda o que está

escrito sem nenhum trabalho de leitura. Entre os 11 tweets analisados, apenas um

faz o uso dos links, convidando o leitor para um hipertexto. Em relação ao estilo das

mensagens, predomina a linguagem coloquial e há também textos próximos da fala,

como “uhuuuu” e “hmmm”.

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Ilustração 6 – Emotions Fonte: Twitter Oficial da Ponto Frio

Outra análise da produção textual do Twitter da Ponto Frio foi feita com a

ilustração 6, que possui nove tweets, acessados no dia 07/10/201. Entre as nove

mensagens, a empresa não repetiu nenhum dos textos, usou a criatividade e foi

ousada na linguagem como: “Hoje é dia de rack bebê!”, parodiando um tema atual

com uma atriz da Rede Globo, que durante uma entrevista no Rock in Rio 2011,

disse: “hoje é dia de rock bebê”. Depois, pode-se afirmar que o diálogo e o feedback

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foram importantes para a construção dos textos, pois aparecem na maioria dos

tweets como o desencadeador da conversa. O uso de símbolos, como em

“@sergiosathler XD” e “@IntoWhiteness olá, boa tarde! Ficamos felizes que tenha

gostado! =)”, apareceu em quatro dos nove tweets. Já o uso de hiperlink foi feito em

três mensagens. A maioria dos textos não ocuparam todos os 140 caracteres. Na

parte “Encontramos uma versão incrível da música baby que você PRECISA ver”, a

marca destacou a palavra “precisa” com letra maiúscula dando a entender que é

algo muito importante. A linguagem usada confirma a teoria de Comm e Burge

(2009), que afirma que o Twitter de uma empresa deve oferecer textos claros,

objetivos e que despertem curiosidade e interesse do leitor.

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Ilustração 7 – Produção textual Fonte: Twitter Oficial da Ponto Frio

Vamos também analisar duas empresas da área de telefone: TIM (ilustração

7) e Vivo (ilustração 8). O primeiro ponto a ser destacado são os nomes nos

usuários no microblog. Nenhuma das duas empresas usam simplesmente o nome

da marca como @Tim ou @Vivo. Uma usa @TIMTIMporTIMTIM e a outra

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@Vivoemrede. Embora os nomes @Vivo e @Tim não estivessem disponíveis, as

empresas não optaram por nomes pequenos e simples. Apesar de optarem por

nomes criativos, as duas marcas usam nomes grandes que ocupam facilmente o

espaço dos 140 caracteres, prejudicando a produção de textos.

A @Vivoemrede, por exemplo, possui mais de 247 mil seguidores, segue

cerca de 16 mil e produziu cerca de 8 mil tweets até o dia 07 de outubro de 2011.

Entre os oito tweets produzidos no dia 07 de outubro de 2011 e apresentados na

ilustração 8 a empresa não usou hashtags em nenhum deles e a presença de link foi

constatada apenas em uma mensagem.

Entre esses oito tweets, a empresa conversou diretamente com o seu usuário

em sete deles e a palavra de ordem e imperativa como “Siga nosso perfil” está

presente em cinco tweets.

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Ilustração 8 – Criatividade da Tim Fonte: Twitter Oficial da Tim

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Ilustração 9 – Criatividade da Vivo Fonte: Twitter Oficial da Vivo

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6 CONCLUSÃO

As novas mídias já fazem parte do cotidiano de muita gente e as empresas já

perceberam esta realidade. Saber utilizar estes mecanismos é uma das formas mais

eficaz de oferecer e compartilhar informações rápidas e garantir uma melhor

interação entre pessoas ou, no caso de uma marca, entre clientes e empresa. Mas,

usar estes recursos para se comunicar não é uma tarefa simples. Exige cuidado na

construção do texto, já que a mensagem precisa ser compreendida do outro lado.

Para isso, é preciso que os usuários deste processo conheçam a linguagem usada

na mídia. De nada adianta, por exemplo, uma empresa tentar uma conversa no

Twitter se ela não conhece a maneira correta de usar a ferramenta, bem como o tipo

de texto que ela deverá produzir neste canal de comunicação.

Quando escolhemos o meio para enviar uma mensagem, o que queremos é

que ela seja entendida do outro lado. Segundo Squarisi (2011), três fatores ditam a

língua a ser usada: o veículo, a natureza do texto e o público receptor. Nesta

análise, a web exige síntese, objetividade, clareza e rapidez. É preciso também

saber utilizar os diversos recursos que são oferecidos neste meio, como hipertexto e

os sinais de linguagem, como os emoticons.

Vale lembrar que antes das redes sociais, com o surgimento da escrita, o

leitor buscava informações de forma linear, mas com o resultado desta revolução

digital a realidade mudou. Hoje o consumidor está participando da produção de

conteúdos dos meios de comunicação e das corporações das quais consome

informação, entretenimento, produtos e serviços.

Hoje o leitor vive um processo de inteligência coletiva e em um mundo

diversificado como o nosso, é de extrema importância para o homem aprender a

interagir com vários de tipos de canais de comunicação para poder decidir qual e o

momento certo de usá-lo. Isto vale também para as empresas, que devem

acompanhar a linguagem do seu cliente/consumidor para se sobressair e manter-se

no mercado.

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