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63 Artigo original/Original Article Produtos da reação de Maillard em alimentos industrializados* Maillard reaction products in processed food DEBORAH HELENA MARKOWICZ BASTOS 1 ; JULIANA SHIBAO 2 ; ERICA LEMOS FERREIRA 1 ; ÁUREA JULIANA BOMBO 1 1 Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública. 2 Universidade Bandeirantes de São Paulo, Instituto da Saúde. Endereço para correspondência: Deborah Helena Markowicz Bastos Departamento de Nutrição Av. Dr. Arnaldo, 715 Cerqueira César CEP 01246-904 São Paulo, SP – Brasil E-mail: [email protected] Financiamento: FAPESP (processo 2008/03744-2) – apoio à pesquisa individual e Fundação Ajinomoto – bolsa de estudos para a autora J. Shibao. Agradecimentos: à FAPESP pelo apoio financeiro ao projeto (processo 2008/03744-2) e à Fundação Ajinomoto, pela bolsa de estudos concedida à autora J. Shibao. Trabalho apresentado no XV World Congress of Food Science and Technology -IUFOST, 2010, Cidade do Cabo, África do Sul e no X Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, 2009, São Paulo. BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Maillard reaction products in processed food. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011. The ingestion of Maillard-reaction products (MRP) has increased over the last decades in the urban areas and there are evidences that these substances may be absorbed and can play an important role in pathologies. PRM determination in processed foods, as well as their ingestion level from the daily diet, have been evaluated by several studies in countries within the Northern hemisphere, but there are no equivalent studies in South America. In this study, we evaluated the contents of furosine (FUR), hydroxymethylfurfural (HMF), carboxymethyllysine (CML) and fluorescent substances in flake cereals, granola-type cereals, medium-roasted coffee and powder milk from different brands. Fluorescent spectrophotometry, high performance liquid chromatography and immunoenzymatic methods were employed. Data were analyzed by descriptive statistics and principal component analysis. A great variation in MRP content for the same food product was observed. Powder milk, despite being the food product with the highest lipid content, has a low MRP content (average 7.6 mg/100g), while coffee has the highest amount (278.6 mg/100g) due to the severe thermal treatment it undergoes. These data are representative of these food products available in the market and may be used for estimating MRP intake by the population. Keywords: Maillard Reaction. Carboxymethyllysine. Furosine. Hydroxymethylfurfural. Industrialized Foods. Glycation. ABSTRACT *Artigo elaborado a partir da dissertação de mestrado defendida na Faculdade de Saúde Pública da USP em 2010, intitulada: Avaliação do teor de Produtos da Reação de Maillard (PRM) em cereais matinais e café.

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Artigo original/Original Article

Produtos da reação de Maillard em alimentos industrializados*Maillard reaction products in processed food

DEBORAH HELENA MARKOWICZ BASTOS1;

JULIANA SHIBAO2; ERICA LEMOS FERREIRA1; ÁUREA

JULIANA BOMBO1

1Universidade deSão Paulo, Faculdade

de Saúde Pública.2Universidade Bandeirantes

de São Paulo, Instituto da Saúde.

Endereço para correspondência:

Deborah Helena Markowicz Bastos

Departamento de NutriçãoAv. Dr. Arnaldo, 715

Cerqueira CésarCEP 01246-904

São Paulo, SP – BrasilE-mail: [email protected]

Financiamento:FAPESP (processo

2008/03744-2) – apoio à pesquisa individual e

Fundação Ajinomoto – bolsa de estudos para a autora

J. Shibao.Agradecimentos:

à FAPESP pelo apoio fi nanceiro ao projeto

(processo 2008/03744-2) e à Fundação Ajinomoto, pela bolsa de estudos concedida

à autora J. Shibao.Trabalho apresentado no

XV World Congress of Food Science and Technology

-IUFOST, 2010, Cidade do Cabo, África do Sul e no

X Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição,

2009, São Paulo.

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Maillard reaction products in processed food. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

The ingestion of Maillard-reaction products (MRP) has increased over the last decades in the urban areas and there are evidences that these substances may be absorbed and can play an important role in pathologies. PRM determination in processed foods, as well as their ingestion level from the daily diet, have been evaluated by several studies in countries within the Northern hemisphere, but there are no equivalent studies in South America. In this study, we evaluated the contents of furosine (FUR), hydroxymethylfurfural (HMF), carboxymethyllysine (CML) and fl uorescent substances in fl ake cereals, granola-type cereals, medium-roasted coffee and powder milk from different brands. Fluorescent spectrophotometry, high performance liquid chromatography and immunoenzymatic methods were employed. Data were analyzed by descriptive statistics and principal component analysis. A great variation in MRP content for the same food product was observed. Powder milk, despite being the food product with the highest lipid content, has a low MRP content (average 7.6 mg/100g), while coffee has the highest amount (278.6 mg/100g) due to the severe thermal treatment it undergoes. These data are representative of these food products available in the market and may be used for estimating MRP intake by the population.

Keywords: Maillard Reaction. Carboxymethyllysine. Furosine. Hydroxymethylfurfural. Industrialized Foods. Glycation.

ABSTRACT

* Artigo elaborado a partir da dissertação de mestrado defendida na Faculdade de Saúde Pública da USP em 2010, intitulada: Avaliação do teor de Produtos da Reação de Maillard (PRM) em cereais matinais e café.

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RESUMORESUMEN

El consumo de productos de la reacción de Maillard (PRM) en las áreas urbanas aumentó en las últimas décadas y hay evidencias de que estas substancias son absorbidas y pueden participar en procesos patológicos. La determinación del teor de PRM en alimentos industrializados, así como el consumo de estos compuestos a partir de la dieta ha sido evaluado en estudios conducidos en países del hemisferio Norte, pero no hay estudios equivalente en la America del Sur. En este trabajo analizamos los tenores de substancias fl uorescentes, furosina, hidroximetilfurfural y carboximetillisina en cereales del tipo escamas, cereales del tipo granola, café en polvo de torrefacción media, gelatina “diet” y leche en polvo integral de diferentes marcas y lotes. Las técnicas utilizadas fueron espectrofotometría de fluorescencia, cromatografía líquida de alto desempeño y teste inmunoenzimático. Los datos fueron analizados mediante estadística descriptiva y análisis de componentes principales (PCA). Se observó grande variación en el contenido de PRM en los alimentos analizados. La leche en polvo, a pesar de ser al alimento con mayor contenido de lípidos, presentó baja concentración de PRM (tenor medio 7,6mg/100g) mientras el café en polvo presentó el mayor contenido de PRM (278,6mg/100g) debido a la severidad del tratamiento térmico a que es sometido. Los datos obtenidos son representativos de los productos disponibles al consumidor y pueden ser utilizados para estimar el consumo de PRM por la población.

Palabras clave: Reacción de Maillard. Carboximetillisina. Furosina.Hidroximetilfurfural. Alimentos industrializados. Glicación.

O consumo de produtos da reação de Maillard (PRM), nas áreas urbanas, aumentou nas últimas décadas e há evidências de que estas substâncias são absorvidas e podem tomar parte em processos patológicos. A determinação do teor de PRM em alimentos industrializados, assim como o consumo destes compostos a partir da dieta, têm sido avaliados em estudos conduzidos em países do hemisfério Norte. Não há estudos equivalentes na América do Sul. Neste trabalho, analisamos os teores de substâncias fl uorescentes, furosina, hidroximetilfurfural e carboximetillisina em cereais do tipo fl ocos e do tipo granola, café em pó torra média, gelatina diet e leite integral em pó integral de diferentes marcas e lotes. As técnicas utilizadas foram espectrofotometria de fl uorescência, cromatografi a líquida de alta efi ciência e teste imunoenzimático. Os dados foram submetidos à análise estatística descritiva e Análise de Componentes Principais (ACP). Observou-se grande variabilidade no teor de PRM, nos alimentos analisados. O leite em pó, apesar de ser o alimento com maior teor de lipídios, apresentou baixa concentração de PRM (teor médio 7,6mg/100g) enquanto o café em pó, apresentou o maior teor de PRM (278,6mg/100g) devido à severidade do tratamento térmico ao qual é submetido. Os dados obtidos são representativos dos produtos disponíveis ao consumidor e podem ser utilizados para estimar o consumo de PRM pela população.

Palavras-chave: Reação de Maillard. Carboximetillisina. Furosina. Hidroximetilfurfural. Alimentos Industrializados. Glicação.

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Produtos da reação de Maillard em alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

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INTRODUÇÃO

A reação de Maillard e a caramelização são processos de escurecimento não

enzimático que envolvem diversas reações químicas e ocorrem nos alimentos e nos

organismos vivos (glicação). As reações de escurecimento não enzimático originam

compostos responsáveis pelo aroma, sabor e cor de alimentos que são fundamentais

para sua aceitação e consumo. Vários estudos demonstraram que estas substâncias

apresentam atividade antioxidante, antimutagênica e quimioprotetora, exercendo, assim,

efeito benéfi co relacionado ao seu consumo. Por outro lado, pode originar compostos

potencialmente tóxicos (acroleína, aminas heterocíclicas) e diminui o valor nutricional

de alimentos, devido ao comprometimento de aminoácidos essenciais, notadamente

a lisina.

A reação de Maillard tem início com o ataque nucleofílico do grupo α-carbonílico

de um açúcar redutor ao grupamento amina de proteínas ou DNA. Compostos

α-dicarbonílicos, substâncias extremamente reativas, são formados em etapas

intermediárias das reações de escurecimento não enzimático ou da peroxidação lipídica

(BAYNES, 2007; MONNIER, 2007).

Os PRM estão associados ao mecanismo de envelhecimento e perda de

funcionalidade de tecidos que não são dependentes de insulina (como o cristalino, a

membrana basal das arteríolas, as células nervosas e os tecidos intersticiais da pele).

A catarata e a aterosclerose, em alguma extensão, são patologias resultantes da reação

de Maillard nestes tecidos (BAYNES, 2007).

A ingestão destes produtos na dieta ocidental aumentou cerca de cinquenta vezes,

nos últimos 50 anos, em especial na dieta de adolescentes, devido à tendência de

alimentação em fast foods e o alto consumo de alimentos fritos ou submetidos a outros

tipos de processamento térmico (DELGADO-ANDRADE et al., 2007). Alguns autores

denominam estes compostos de glicotoxinas, posto estarem relacionados a processos

oxidativos e infl amatórios.

Indivíduos diabéticos e/ou com deficiência renal, em particular, apresentam

diversas complicações devido à glicação e recomenda-se que a dieta destes indivíduos

aporte menores teores de PRM. A redução de 50% na ingestão de PRM durante um mês

na dieta de indivíduos diabéticos resultou em decréscimo dos teores plasmáticos destes

compostos da ordem de 30% (embora o nível de hemoglobina glicada -HbA1c- não

tenha sido modificado). Estima-se que indivíduos que consomem maiores proporções

de PRM estão expostos a maiores riscos e recomenda-se o consumo máximo de

16.000 unidades de PRM (expressos como carboximetillisina), nível considerado

seguro para indivíduos com diabetes (ROJAS; MORALES, 2004; TAN et al., 2002). O

controle da ingestão de PRM, além do controle do consumo de açúcar e calorias é

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Produtos da reação de Maillard em alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

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apontado como uma estratégia essencial para a prevenção de complicações associadas

à diabetes, ao envelhecimento e a deficiência renal (CAI et al., 2008; URIBARRI et al.,

2007; VLASSARA et al., 2008).

Por outro lado, é preciso considerar a importância desses compostos na aceitação

de alimentos por sua contribuição ao sabor, aroma, textura e cor que são essenciais

para carnes, pães e grãos (soja, amendoim, café, cevada), os quais são submetidos

a tratamento térmico. Além desses aspectos positivos, algumas destas substâncias

apresentam atividade antioxidante, antimutagênica e quimioprotetora (FINOT, 2005).

A carência de estudos confi rmando que estes compostos estão relacionados com

parâmetros bioquímicos característicos de diabetes e doenças cardiovasculares, em

indivíduos saudáveis, reforça a opinião de pesquisadores que defendem que essas

substâncias não estão implicadas nas patologias relacionadas a doenças crônicas não

transmissíveis (SEMBA; NICKLETT; FERRUCCI, 2010).

A metabolização destes compostos não está elucidada. Ainda, não se conhece

quais PRM ou metabólitos de PRM são absorvidos no intestino, mas sabe-se que estes

compostos são modifi cados por enzimas digestivas e pela microfl ora do intestino e

que uma pequena proporção alcança a corrente sanguínea, sendo excretada pela urina

(NASS et al., 2007). Estima-se que 10% dos PRM ingeridos são absorvidos no intestino e,

deste total, 30% são excretados pelos rins enquanto 70% são acumulados em diferentes

tecidos (KOSCHINSKY et al., 1997).

A relação entre o consumo dos PRM e processos infl amatórios, degenerativos,

oxidativos é um tema controverso na literatura científi ca. A fi m de estimar o consumo

destas substâncias ou propor alternativas para diminuição da sua ingestão, dados

analíticos de compostos que são indicadores do processamento térmico de alimentos,

como os compostos fl uorescentes, o hidroximetilfurfural, a furosina e a carboximetillisina,

tem sido divulgados na literatura internacional. A carboximetillisina (CML) tem sido

empregada como o principal indicador do teor de PRM em alimentos, uma vez que é

o produto de glicação avançada mais estudado in vivo e que a metodologia de análise

está bem estabelecida. Recentemente, foi publicada uma tabela com o teor de CML de

centenas de alimentos/preparações, a qual está disponível em www.adajournal.org

(URIBARRI et al., 2010).

Dada a absoluta falta de dados sobre produtos da reação de Maillard em

alimentos comercializados no Brasil, este trabalho se propôs a avaliar o teor de

substâncias que são indicadoras desta reação em alimentos processados comumente

consumidos pela população brasileira: cereais matinais (devido à perda de

lisina, que é um aminoácido essencial limitante em cereais), café (produto de

amplo consumo mundial), leite em pó (consumido por lactentes) e gelatina diet

(consumida por pessoas com diabetes) (RUFIAN-HENARES; DE LA CUEVA, 2008;

URIBARRI et al., 2010).

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Produtos da reação de Maillard em alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

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MATERIAL E MÉTODOS

AMOSTRAGEM

Os alimentos analisados neste estudo foram: café tipo tradicional (torra média);

cereais do tipo fl ocos sabor chocolate, milho e açucarado; granola do tipo tradicional;

leite integral em pó e gelatina em pó diet sabor morango.

Visto que os hipermercados são responsáveis por 80% de compra de alimentos

da população (ABRAS, 2010), investigaram-se as marcas mais presentes dos

alimentos acima descritos nos principais hipermercados da região metropolitana de

São Paulo. Para escolha destes hipermercados, os distritos de São Paulo foram

divididos em tercil, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (SÃO PAULO,

1997). Foram escolhidos 2 hipermercados de cada subdivisão em tercil, totalizando

6 lojas. As marcas de cereal tipo fl ocos, granola e de café selecionadas para este estudo

foram àquelas que estavam presentes em todos locais visitados.

Três marcas do cereal tipo flocos foram encontradas em todos os locais

pesquisados e destas marcas, três tipos diferentes de fl ocos foram encontrados:

Milho, Açúcar e Chocolate (M, A, Ch). Três marcas de granola tipo tradicional, três

marcas de café tipo tradicional (torra média), quatro marcas de leite integral em pó

e duas marcas de gelatina em pó diet foram encontradas em todos os hipermercados

pesquisados e foram analisadas neste estudo. Foram coletados dois lotes de cada

produto, conforme recomendado na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos

(TACO) (NEPA, 2006).

Para o preparo das amostras, o conteúdo total de cada embalagem de cereal foi

triturado em processador doméstico e peneirado em peneira com malha de abertura de

425µm. Para todos os cereais, cerca de 20% do produto triturado fi cou retido na peneira.

Porém, para assegurar a representatividade da amostra, o conteúdo total (peneirado e

não peneirado) foi combinado e homogeneizado. As amostras em pó (leite e gelatina)

foram também homogeneizadas.

MÉTODOS

Determinaram-se os teores de carboximetillisina (CML), furosina (Fur),

hidroximetilfurfural (HMF) e compostos fluorescentes (CIF) (livre e total).

Estes compostos são produzidos em diferentes etapas da reação de Maillard e

comumente utilizados para avaliar a intensidade do tratamento térmico ao qual

os alimentos são submetidos e/ou a perda do valor nutricional (ERBERSDOBLER;

SOMOZA, 2007).

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Produtos da reação de Maillard em alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

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DETERMINAÇÃO DO TEOR DE COMPOSTOS INTERMEDIÁRIOS FLUORESCENTES LIVRES (CIF LIVRES)

Os CIF livres presentes no cereal tipo fl ocos, na granola e no café foram avaliados

conforme descrito por Delgado-Andrade e colaboradores. (DELGADO-ANDRADE;

RUFIAN-HENARES; MORALES, 2006) com pequenas modifi cações. Resumidamente, as

amostras foram diluídas em água e depois centrifugadas e clarifi cadas com solução de

Carrez I e II e novamente centrifugadas. Após diluição, as amostras foram fi ltradas e

analisadas em espectrofotômetro de fl uorescência marca Perkin Elmer modelo FL-55.

Os CIF livres presentes no leite e na gelatina foram analisados, conforme descrito por

Morales e colaboradores (MORALES; VAN BOEKEL, 1997). As amostras foram diluídas

em água e desproteinizadas com adição de ácido tricloroacético (40%) e centrifugadas.

Utilizou-se comprimento de excitação de 347nm e de emissão de 415nm. Para verifi car a

linearidade da resposta fl uorescente, empregou-se curva analítica de 5 pontos de sulfato

de quinino (intervalo de concentração 0,15 - 1,93µg/mL). Os resultados foram expressos

como Compostos Intermediários Fluorescentes por miligrama de amostra (CIF/mg).

A análise foi realizada em triplicata. Para a determinação de CIF em café, subtraiu-se a

fl uorescência da cafeína.

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE COMPOSTOS INTERMEDIÁRIOS FLUORESCENTES TOTAIS (CIF TOTAIS)

Os Compostos Intermediários Fluorescentes Totais (livres + ligados às proteínas)

foram avaliados, conforme descrito por Delgado-Andrade e colaboradores (DELGADO-

ANDRADE; RUFIAN-HENARES; MORALES, 2006) após hidrólise enzimática utilizando

pronase E. Resumidamente, a amostra foi adicionada da solução contendo pronase

E (1500U/mL em tampão borato de sódio 1M, pH 8,2). Essa mistura foi incubada por

36 horas a 40°C em banho-maria com agitação. Após resfriar, a solução foi centrifugada

a 4500g por 10 minutos a 4°C. O sobrenadante foi fi ltrado (0,45um) e adequadamente

diluído para evitar o decaimento da fl uorescência por formação de complexos. A análise

de fl uorescência foi realizada conforme descrito para CIF livres.

DETERMINAÇÃO DE HIDROXIMETILFURFURAL

A extração de HMF em cereais dos tipos fl ocos e tipo granola foi realizada conforme

descrito por Rufi án-Henares, Delgado-Andrade e Morales (2006). Resumidamente, a

amostra diluída em água foi agitada em vortex e clarifi cada com as soluções de Carrez I

e II. A mistura resultante foi centrifugada a 4.500g por 10 minutos a 4°C, o sobrenadante

coletado em balão volumétrico e o precipitado foi re-extraido por duas vezes com

2 mililitros de água deionizada. O HMF presente no leite em pó e na gelatina foi extraído

segundo Albalá-Hurtado e colaboradores (ALBALÁ-HURTADO et al., 1997). As amostras

foram diluídas em água e desproteinizadas com ácido oxálico e ácido tricloroacético.

A mistura permaneceu em banho-maria a 100°C por 20 minutos e foi centrifugada a 4.500g

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Produtos da reação de Maillard em alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

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por 10 minutos a 4°C. O sobrenadante foi coletado em balão volumétrico e o precipitado

foi re-extraido com ácido tricloroacético. Os sobrenadantes foram combinados e o

volume completado para 10mL com água deionizada e com ácido tricloroacético. Uma

alíquota de 2mL foi fi ltrada (0,45µm) e analisada por CLAE. Para a análise do HMF

em café a etapa de clarifi cação, foi realizada após as etapas de centrifugação a fi m de

obter-se uma amostra mais adequada para a análise em cromatógrafo líquido.

A separação, identifi cação e quantifi cação do HMF foram realizadas em equipamento

Shimadzu Modelo LC-20AT equipado com injetor automático SIL-20AC, controlador

CBM-20A, forno de coluna CTO-20A e detector de arranjo de diodos SPD-M20A.

A fase móvel utilizada foi água acidifi cada com 0,1% de ácido fórmico e acetonitrila

nas concentrações de 95:5 (v/v); fl uxo de 1mL/min sob condição isocrática em coluna

Shim-Pack VP-ODS-2 (25cm x 0,5cm, com partícula de 5µm, marca Shimadzu) com

fase estacionária de C18 ajustada a temperatura de 32°C. O volume de injeção foi 20µL.

A quantificação foi realizada por padronização externa empregando-se curva de

calibração de 5 pontos (intervalo de concentração: 5 x10-3 - 0,16mg/mL) e leitura a

280nm. A identifi cação foi realizada por meio da comparação do espectro de absorção

do pico cromatográfi co e o espectro do padrão de HMF e pela comparação do tempo

de retenção de cada pico com o do padrão.

DETERMINAÇÃO DE FUROSINA

A extração da furosina para todos os alimentos, com exceção do café e leite,

foi realizada conforme descrito por Delgado-Andrade e colaboradores (DELGADO-

ANDRADE; RUFIAN-HENARES; MORALES, 2005). Resumidamente, as amostras foram

adicionadas de HCl 8M e submetidas à digestão ácida sob atmosfera inerte em bloco

digestor a 110°C por 23 horas. Após agitação, o meio de reação foi centrifugado a 14.000g

por 10 minutos a 4°C. Foram coletado 500µL do sobrenadante os quais foram submetidos

à extração em fase sólida (SPE), empregando-se cartucho Bond Elut C18 (Varian Inc.)

pré-acondicionado com 5mL de metanol e 10mL de água. Efetuou-se eluição com 3mL

de solução de ácido clorídrico a 3M. O eluato foi seco e ressuspenso em 1mL de solução

água: acetonitrila: ácido fórmico (95:5:0,2) e acondicionado em frascos apropriados.

Para a análise de furosina em café, realizou-se extração aquosa de café utilizando

50g para 1 litro de água a 80°C por 20 minutos. O extrato foi fi ltrado e totalmente seco. O

extrato foi ressuspenso em 10mL de água e, posteriormente, seguiu-se com a metodologia

descrita para os demais alimentos. A análise de furosina em leite seguiu o protocolo

descrito pela norma ISO 18329 (ISO, 2004).

A separação, identificação e quantificação de furosina foram realizadas em

equipamento Shimadzu Modelo LC-20AT, com injetor automático SIL-20AC, controlador

CBM-20A, forno de coluna CTO-20A e detector de arranjo de diodos SPD-M20A. A

fase móvel foi preparada com 5mM de heptano sulfonado de sódio incluindo 20%

de acetonitrila e 0,2% de ácido fórmico. A coluna utilizada foi Shim-Pack VP-ODS-2

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Produtos da reação de Maillard em alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

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(25cm x 0,5cm, com partícula de 5µm, marca Shimadzu), fase estacionária de C18, com

controle de temperatura de 32°C. A eluição foi isocrática para cereais matinais, café e

granola e a eluição, seguiu o gradiente proposto na ISO 18329 para a análise de leite e

o fl uxo de 1mL/min. O volume de injeção foi de 20µL. A identifi cação foi realizada por

comparação dos espectros de absorção e pelo tempo de retenção com padrão puro.

A furosina foi quantifi cada por padronização externa por uma curva de calibração de

5 pontos (intervalo de concentração 1,05x10-2 – 2,15µg/mL) a 280nm.

DETERMINAÇÃO DE CARBOXIMETILISINA

A determinação de CML foi realizada conforme descrito por Boehm e colaboradores

(BOEHM et al., 2004). A quantidade de CML foi determinada por ensaio imunoenzimático

ELISA, utilizando um anticorpo específi co N-carboximetillisina (monoclonal 4G9 – Altheon

Inc. Ramsey, NY, EUA). O ensaio é especifi co para quantifi cação de CML e não mostra

reatividade cruzada. As amostras foram previamente incubadas com proteinase K para

liberação dos CML das cadeias de proteína. Posteriormente, as amostras foram diluídas

em tampão.

Na primeira etapa da análise de ELISA, os antígenos BSA-AGE foram ligados à

superfície da placa de microtitulação. Os complexos não ligados à placa foram lavados.

A seguir, pipetaram-se as amostras diluídas e os padrões externos para a curva de

calibração. Os anticorpos específi cos de CML competem pela ligação aos antígenos.

Os anticorpos não ligados foram lavados. Adicionou-se o agente revelador (ABTS) e

realizou-se a quantifi cação por espectrofotometria a 405nm. A intensidade da cor é

inversamente proporcional à concentração de CML. As análises foram realizadas em

triplicata. A sensibilidade deste ensaio é de 5ng/mL de amostra intraensaio e a precisão

interdias é menor que 4% (BOEHM et al., 2004).

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados foram apresentados como média e desvio padrão. Utilizou-se Análise

de Componentes Principais (ACP) para agrupar os alimentos estudados, segundo os

teores de indicadores da reação de Maillard. Foram utilizados os programas Microsoft

Excel 2007 para a tabulação dos dados e o programa Statistical Package for the Social

Sciences (SPSS) versão 16.0 para realização dos testes estatísticos.

RESULTADOS

Os produtos da reação de Maillard analisados neste estudo (carboximetilisina,

furosina, hidroximetilfurfural e compostos fl uorescentes) são utilizados como indicadores

da severidade do processamento térmico e da perda do valor nutricional (perda de lisina)

de alimentos processados.

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Produtos da reação de Maillard em alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

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Os resultados apresentados na tabela 1 estão expressos nas unidades

convencionalmente utilizadas para essas substâncias, que indicam a perda do valor

nutricional da proteína. Os resultados expressos como uma proporção da fração proteica

são indicativos do teor de lisina da proteína, que é menor em cereais (2% na proteína

de trigo) quando comparado ao leite (8,2% da proteína ou carne (9,3%). A lisina é um

aminoácido essencial que é normalmente perdido devido à reação de Maillard.

Tabela 1 – Teor de Hidroximetilfurfural (HMF), Furosina (FUR) e Carboximetillisina (CML) em cereal matinal, granola, café, leite e gelatina diet

PRM

ALIMENTO

CEREALGRANOLA

(n=6)CAFÉ

(n=10)LEITE(n=8)

GELATINA (n=4)M

(n=6)A

(n=6)Ch

(n=6)

HMF*mg/kg

62,4(37,18)

42,06(14,76)

46,13(19,24)

80,45(64,81)

50,55(15,11)

2,54(0,61)

-

Intervalo 41,96 - 113,72 27,91 - 65,83 29,98 - 71,25 18,04 - 184,73 29,16 - 76,71 1,54 - 3,69 -

Mediana 55,45 40,62 37,6 73,88 47,84 2,47 -

FUR*mg/100g proteína

128,82(133)

61,01(2,09)

85,92(18,12)

305,99(62,44)

-58,87

(18,17)-

Intervalo 51,67 - 271,63 49,54 - 74,40 64,04 - 118,98 230,37 - 397,34 - 30,91 - 99,87 -

Mediana 68,58 61,57 82,15 322,04 - 55,15 -

CML*ng/ mg

proteína

112,66(30,7)

462,75(352,48)

268,06(208,43)

159,34(423,51)

1826,20(125,65)

21,40(6,89)

24,54(2,26)

Intervalo 83,60 - 157,94 200,40 - 944,48 101,19 - 573,29 76,53 - 519,90 1624,95 - 2022,85 12,84 - 31,83 21,92 - 27,32

Mediana 148,77 155,27 215,78 169,97 1818,64 22 24

IFL*IFL/mg

18,29(5,5)

15,82(2,65)

30,75(11,6)

49,84(8,18)

232,89(19,3)

2,21(0,29)

4,17(0,36)

Intervalo 10,48 - 27,85 10,39 - 22,30 17,45 - 49,11 33,17 - 61,17 159,96 - 255,28 1,75 - 2,82 3,68 - 4,78

Mediana 16,62 19,1 21,8 51,75 232,42 2,15 4,16

IFT*IFT/mg

164,01(18,1)

149,25(15,6)

141,46(23,9)

331,21(33,63)

765,11(32,9)

16,40(2,62)

112,91(51,34)

Intervalo 137,30 - 191,25 127,29 - 170,58 106,89 - 173,98 275,07 - 389,03 698,43 - 822,69 11,93 - 19,99 61,34 - 176,84

Mediana 147,63 154,08 159,36 324,01 761,67 16,40 75,18

* n = número de amostras analisadas. Cada amostra foi analisada em triplicata.(desvio padrão entre parênteses);M = Milho, A = Açúcar, Ch = Chocolate; - não detectado.

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Produtos da reação de Maillard em alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

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Verifi ca-se, na tabela 1, a grande variabilidade do teor destes compostos em todos

os alimentos analisados (diferentes lotes de diferentes marcas). Este fato refl ete a variação

que ocorre na composição da matéria prima e no processamento entre as diferentes

amostras analisadas. O método de amostragem utilizado permite a afi rmação de que o

teor médio e a mediana obtidos são representativos do que é comumente encontrado

no mercado, na cidade de São Paulo.

Dados de correlação entre os indicadores avaliados (Tabela 2) demonstram

o comportamento destas substâncias, de forma que o teor de carboximetillisina

é inversamente correlacionado com o de furosina (a degradação da segunda está

relacionada com a formação da primeira) e positivamente correlacionado com o aumento

de produtos fl uorescentes.

Tabela 2 – Correlação entre os Produtos da Reação de Maillard em cereais matinais, granola, café, leite e gelatina diet

FUR HMF CML IFT IFL

FUR 1 .609** -.373* -0.189 -.319*

HMF .609** 1 0.199 .334* 0.225

CML -.373* 0.199 1 .919** .950**

IFT -0.189 .334* .919** 1 .975**

IFL -.319* 0.225 .950** .975** 1

FUR = Furosina HMF = Hidroximetilfurfural CML = Carboximetillisina; IFT = Fluorescência Total IFL = Fluorescência Livre;** Correlação signifi cativa ao nivel de 0,01 (distribuição bicaudal);* Correlação signifi cativa ao nível de 0,05 (distribuição bicaudal).

A análise de componentes principais foi realizada para avaliar como as amostras

se distribuem relativamente aos indicadores (Figura 1). Verifi ca-se, que o leite está

separado dos demais alimentos e mais próximo do marcador furosina. Granola, fl ocos

e milho estão no mesmo quadrante do HMF e próximos à furosina. A gelatina está no

mesmo quadrante de CML, fl uorescência total e fl uorescência livre, porém mais afastada

destes indicadores do que o café, cereal de açúcar e cereal de chocolate. A gelatina é

um produto diferente dos demais uma vez que não apresenta açúcares redutores em sua

formulação. A CML encontrada na gelatina é produto da glicação avançada que ocorre

no colágeno dos animais devido ao envelhecimento e não necessariamente devido ao

processamento térmico (COLE; ROBERTS, 1997; SPANNEBERG et al., 2010). Os dois

primeiros componentes explicam 84% do comportamento observado.

Os teores de CML, furosina e HMF foram convertidos em mg/100g de produto

(Tabela 3) para que se possa utilizá-los na avaliação da ingestão de PRM a partir dos

alimentos analisados.

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Produtos da reação de Maillard em alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

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L = leite; GL = gelatina; G = granola; C = café; FM = fl ocos de milho; FA = fl ocos de açúcar; FC = fl ocos de chocolate; FUR = furosina; HMF = hidroximetilfurfural; CML = carboximetillisina; IFT = fl uorescência total; IFL = fl uorescência livre.

Figura 1 – Análise de Componentes Principais dos alimentos analisados e dos indicadores de produtos da reação de Maillard.

Tabela 3 – Teor Médio de Hidroximetilfurfural (HMF), Furosina (FUR) e Carboximetillisina (CML) (mg/100g produto) em diferentes alimentos

CerealMilho

(n= 18)*

Cereal Açúcar(n=18)*

Cereal Chocolate

(n=18)*

Granola(n=18)*

Café(n=30)*

Leite(n=24)*

Gelatina Diet

(n=12)*

HMF 6,2 4,2 4,6 8,0 5,1 0,3 -

FUR 8,3 2,7 3,6 29,0 - 20 -

CML 7,3 20,8 11,2 15,1 273,0 7,3 21,4

Soma 21,8 27,1 19,4 26,0 278,6 7,6 21,4

* Número de análises;- Não detectado.

DISCUSSÃO

A carboximetillisina, furosina, hidroximetilfurfural e compostos fl uorescentes são

considerados marcadores da qualidade da dieta dada a correlação entre a concentração

de PRM (medidos principalmente como CML) dos alimentos da dieta e o nível de CML na

circulação e as consequências da elevação destes compostos em processos degenerativos

em indivíduos saudáveis ou não.

Apesar de o tema ser controverso e de não haver níveis seguros estabelecidos para

a ingestão de PRM, a comunidade científi ca tem procurado estabelecer a concentração

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Produtos da reação de Maillard em alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

Componente 1

Co

mp

on

ente

2

LFM

GLG

FC

FAC

1,0

0,5

0,0

-0,5

-1,0

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

Componente 1

Co

mp

on

ente

2

FUR HMF

IFTML

1,0

0,5

0,0

-0,5

-1,0

-1,0 -0,5 0,0 0, 1,0

IFL

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dessas substâncias em alimentos comumente consumidos pela população e sugerir

métodos culinários que desfavoreçam a formação destes compostos. Não há, até

o momento, dados representativos do teor de PRM em alimentos industrializados

comercializados no Brasil. E, dessa forma, a análise de alimentos que são comumente

consumidos pela população como café, cereais matinais, granola e leite em pó e um

produto diet (gelatina) é relevante.

Carboximetillisina foi o produto da reação de Maillard presente em maior

concentração nas amostras de cereais matinais, sendo que o cereal com açúcar apresentou

teor médio (463ng/mg proteína), valor quatro vezes maior do que o presente no cereal

de milho (113ng/mg proteína). A CML pode ser formada pelas reações clássicas da RM

que envolvem a condensação do grupamento carbonila de um açúcar, por exemplo,

com o grupo amina de um aminoácido, ou pela auto-oxidação de carboidratos,

3-deoxiglucosona e ascorbato, ou ainda pela auto-oxidação de ácidos graxos. A presença

de açúcar e de chocolate favorece a maior produção de CML em cereais do tipo fl akes.

Entre todos os alimentos analisados, o leite em pó e a gelatina apresentam os

menores teores médios de CML (21 e 24ng/mg proteína, respectivamente) e de compostos

fl uorescentes. O baixo teor de PRM observado para o leite está de acordo com dados

da literatura. O principal marcador da reação de Maillard em leite é a furosina, o qual é

utilizado para estimar a lisina indisponível. O teor de furosina no leite foi de 58,87mg/100g

de proteína, teor semelhante ao encontrado por Feinberg e colaboradores (FEINBERG

et al., 2006) em amostras de leite submetido ao processamento térmico UHT. Baptista &

Carvalho (BAPTISTA; CARVALHO, 2004) avaliaram leite em pó e leite fl uido e os teores

de furosina encontrados foram 51,5mg/100g de proteína e 53,2mg/100g de proteína,

respectivamente, dados que corroboram com os encontrados neste estudo.

Ressalta-se que a indústria de laticínios procura, desde a década de 40 do século

passado, aprimorar as técnicas de desidratação do leite de modo a minimizar a perda

de lisina que pode chegar a 50% e, assim sendo, minimizar a formação dos PRM

(PISCHETSRIEDER; THOMAS, 2010). A determinação de PRM em fórmulas lácteas para

crianças é de interesse, uma vez que esses alimentos são a única (ou principal) fonte

de nutrientes.

Quanto à gelatina diet, a sua composição química compreende basicamente

colágeno que é uma proteína complexa em termos estruturais. Há uma correlação

positiva entre o envelhecimento de animais e a mudança de coloração do colágeno

assim como modifi cações na capacidade de formação de gel, devido à reação de Maillard

in vivo (glicação). A mudança na coloração é acompanhada pela mudança no teor

de produtos fl uorescentes, assim como de um produto característico do crosslink de

proteínas, a pentosidina, formada pela condensação de resíduo de lisina com resíduo

de arginina e açúcar redutor (COLE; ROBERTS, 1997; GERRARD; BROWN; FAYLE, 2002;

SPANNENBERG et al., 2010).

BASTOS, D. H. M.; SHIBAO, J.; FERREIRA, E. L.; BOMBO, A. J. Produtos da reação de Maillard em alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 3, p. 63-78, dez. 2011.

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O alimento que apresenta o maior teor de CML é o café, o que é justifi cado pelo

intenso tratamento térmico (torrefação) a que é submetido (temperaturas superiores a

200°C por vários minutos, dependendo do tipo de torrefação). O aumento de CML é

normalmente acompanhado pelo aumento das substâncias fl uorescentes.

A formação de furosina está diretamente relacionada com a perda de lisina sendo,

por isso, normalmente expressa em mg/100g de proteína. A formação de furosina

associa-se a condições moderadas de processamento térmico e na interrupção da reação

de Maillard, nos estágios iniciais. Entre os alimentos analisados, a granola apresentou

maiores teores de furosina, o que é compatível com o tratamento térmico ao qual

esse produto é submetido e à sua composição. Furosina não foi detectada em café,

o que é explicado pelo fato do café sofrer tratamento térmico severo (200-250°C por

5-15 minutos), o que leva à sua degradação.

Hidroximetilfurfural é formado pela rota clássica da reação de Maillard (enolização

dos compostos de Amadori) e também por meio da degradação de açúcares em meio

ácido. HMF é um marcador da fase intermediária da reação de Maillard e normalmente é

encontrado em maiores concentrações, quando o processamento resulta na degradação

da furosina, isto é, dependendo da severidade do tratamento térmico, a concentração

de furosina e HMF é inversamente proporcional. Entre os alimentos analisados neste

estudo, a granola apresentou o maior teor médio de HMF (80,45mg/Kg), seguido do

cereal de milho (62,4mm/Kg) e do café (50,55mg/Kg). Os teores de HMF encontrados

para os cereais a base de milho são similares aos encontrados por Rufi án-Henares e De

la Cueva, 2008. A granola foi também o alimento que apresentou o maior intervalo de

variação relativamente ao teor de HMF. A formulação da granola é bastante variada e

normalmente contém, além da mistura de cereais, castanhas e frutas secas (como passas

e damascos caramelizadas com mel). A presença de diversos alimentos com diferentes

teores de açúcar e lipídios explicam a variabilidade observada para este produto

(GERRARD; BROWN; FAYLE, 2002).

O teor médio de hidroximetilfurfural no café pode atingir até 2900mg/Kg,

dependendo do tipo de torra e da variedade de café (arábica ou robusta) (MURKOVIC;

BORNIK, 2007; MURKOVIC; PICHLER, 2006) valor cerca de 50 vezes maior ao valor

médio encontrado ao comercializado em São Paulo para café do tipo torra média.

O teor de furosina e HMF são positivamente correlacionados, pois o HMF pode ser

formado por outros mecanismos (desidratação de açúcares) e aumentar concomitantemente

com a furosina durante o tratamento térmico, nos estágios iniciais da reação de Maillard.

A CML apresenta correlação signifi cativa com todos os indicadores, com exceção do

hidroximetilfurfural. Este fato é interessante, visto que a CML tem sido empregada como

o marcador preferencial para avaliar o teor de PRM em alimentos e in vivo.

Os alimentos analisados podem ser classifi cados, com exceção do café, como

alimentos com baixo teor de PRM. Em geral, alimentos ricos em lipídios e submetidos

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ao “calor seco” (fritura, grelhado, assado) apresentam maiores teores dessas substâncias.

Entre os alimentos analisados, o leite é o que apresenta maior teor de gordura e seria

de se esperar que apresentasse maior teor de PRM. Os dados em contrário indicam o

esforço da indústria para minimizar a reação de Maillard no processo de desidratação

do leite, evitando a perda do valor biológico da caseína. O café é o alimento que sofre

o mais severo tratamento térmico, entre aqueles avaliados e o que contribui com maior

concentração de PRM.

CONCLUSÕES

A dieta contemporânea é composta de alimentos processados que contém

produtos da reação de Maillard. A relação entre os níveis crescentes de ingestão dos

PRM e as implicações na saúde, ainda não está estabelecida, no entanto, sabe-se que

o aumento desses compostos na circulação de indivíduos portadores de diabetes

ou doença renal está positivamente correlacionado com o desenvolvimento de

patologias associadas. Preventivamente, parece ser importante a avaliação dos

níveis de ingestão destes compostos e, desta forma, dados de composição fazem-se

necessários. Este é o primeiro trabalho que analisa o teor de PRM em produtos

industrializados no Brasil. Produtos consumidos por diferentes grupos populacionais

como cereais matinais, café, leite integral em pó e gelatina em pó diet foram

analisados. Observou-se grande variabilidade no teor dos Produtos da Reação de

Maillard (PRM) nos alimentos analisados. O leite em pó, apesar de ser o alimento

com maior teor de lipídios, apresentou baixa concentração de PRM (teor médio

7,6mg/100g), enquanto o café em pó apresentou o maior teor de PRM (278,6mg/100g)

devido à severidade do tratamento térmico a que é submetido. Os dados obtidos

são representativos dos produtos disponíveis ao consumidor e podem ser utilizados

para a composição de um banco de dados, a fim de estimar o consumo de PRM pela

população brasileira.

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Recebido para publicação em 22/06/11.Aprovado em 04/10/11.

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