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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA: TARIFAS 1 JUNHO 2011 Nivalde J. de Castro 2 Christopher Dyann 3

PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR … · Energisa Minas Gerais tem reajuste tarifário aprovado Os consumidores de Cataguases atendidos pela Energisa Minas Gerais Distribuidora

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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE

O SETOR ELÉTRICO

RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA:

TARIFAS1 JUNHO 2011

Nivalde J. de Castro 2

Christopher Dyann 3

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................................3

1 – REAJUSTE E REVISÕES TARIFÁRIAS DAS EMPRESAS............................................................................ 4

2 – COMPONENTES DAS TARIFAS...........................................................................................................................6

3 – QUESTÕES GERAIS................................................................................................................................................10

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste Relatório é sistematizar os principais fatos, dados, informações e ações públicas que ocorreram no mês de junho de 2011, que afetam diretamente as tarifas de energia elétrica. A partir deste objetivo, o relatório está estruturado em três tópicos: reajuste e revisões tarifárias das empresas, componentes das tarifas e questões gerais. Dentro do primeiro tópico as informações em forma de notícia estão ordenadas por ordem cronológica, partindo-se do início do mês. Já o segundo e o terceiro tópico aparecem na forma de texto, com o desenvolvimento das informações importantes do mês.

__________________________________________________

(1) Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro; Este Relatório contém informações somente do dia 01/03 até 24/03 devido ao incidente ocorrido na UFRJ – Praia Vermelha, onde localiza-se o nosso servidor. (2) Professor do Instituto de Economia - UFRJ e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico. (3) Estagiário Sênior do Grupo de Estudos do Setor Elétrico

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1- REAJUSTE E REVISÕES TARIFÁRIAS DAS EMPRESAS

Copel GT terá ajustes em índice de reposicionamento tarifário

A Aneel autorizou o cálculo de ajustes para a alteração do índice de reposicionamento

tarifário da Copel GT. Na última terça-feira, 31 de maio, a diretoria colegiada da agência acatou

recurso da empresa, que havia solicitado revisão no resultado provisório de -22,88% da sua

segunda revisão tarifária periódica. Esse IRT foi aprovado em junho de 2010, com base no

período de 1º de julho de 2009 a 30 de junho de 2010. A Copel GT alega erro na planilha de

cálculo das anuidades, denominado Custo Anual dos Ativos Elétricos. (02.06.2011)

Energisa Nova Friburgo terá reajuste de 13,21% em suas tarifas

Os consumidores de Nova Friburgo terão reajuste médio de 13,21% na conta de

energia. O aumento foi autorizado pela Aneel. O serviço é prestado pela concessionária

Energisa Nova Friburgo (ENF). As novas tarifas entrarão em vigor no sábado, 18 de junho,

para 93 mil consumidores de Nova Friburgo. O índice para os usuários de baixa tensão, como

residência, será de 12,89%. Já o de alta tensão, como indústrias, será de 14,40%. (14.06.2011)

Energisa Minas Gerais tem reajuste tarifário aprovado

Os consumidores de Cataguases atendidos pela Energisa Minas Gerais Distribuidora de

Energia S.A – EMG terão as tarifas reajustadas a partir do dia 18 de junho. A decisão foi tomada

nesta terça-feira (14/06) pela diretoria colegiada da Aneel. A concessionária atende 386.008

consumidores. O efeito médio a ser percebido pelos consumidores cativos da Energisa Minas

Gerais será de 3,04 %. (14.06.2011)

Copel reajusta tarifas de energia em 5,55%

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) informou que a Aneel, aprovou reajuste

médio de 5,55% nas tarifas da companhia. O aumento entrou em vigor na última sexta-feira

(24). (27.06.2011)

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Eletropaulo terá suas tarifas mantidas

A diretoria da Aneel decidiu hoje manter as tarifas da distribuidora Eletropaulo até a

publicação da metodologia definitiva do terceiro ciclo de revisões tarifárias. A concessionária

atende 6,1 milhões de unidades consumidoras na cidade de São Paulo e região metropolitana.

A manutenção provisória dos preços da energia fornecida pela Eletropaulo está alinhada ao

tratamento dado a outras distribuidoras que passarão por revisão tarifária periódica neste

ano. Após definição da metodologia do terceiro ciclo de revisões tarifárias, as distribuidoras

que tiveram a vigência de suas tarifas prorrogadas terão 28 dias para apresentar as

informações necessárias ao cálculo tarifário da revisão. O novo regulamento determinará

ainda a aplicação retroativa dos novos valores. Será calculada e compensada a variação de

receita decorrente da diferença entre as tarifas aplicadas no período provisório e as definidas

na homologação dos resultados definitivos. (28.06.2011)

Reajuste tarifário da Celtins é aprovado

A Companhia de Energia Elétrica do estado de Tocantins (CELTINS) teve a tarifa

reajustada pela diretoria da Aneel durante reunião pública desta terça-feira (28/06). A nova

tarifa entrará em vigor no dia 04 de julho para 456.666 unidades consumidoras de 129

municípios do estado de Tocantins. O efeito médio a ser percebido pelos consumidores cativos

da CELTINS será de 7,67%. Sendo 7,51% para a classe de consumo de baixa tensão e 8,21%

para a classe de consumo de alta tensão. (28.06.2011)

Distribuidora de Ijuí terá novas tarifas

O Departamento Municipal de Energia de Ijuí (DEMEI) teve a tarifa reajustada pela

diretoria da Aneel durante reunião pública desta terça-feira (28/06). A nova tarifa entrará em

vigor nesta quarta-feira (29/06) para 27.735 unidades consumidoras da cidade de Ijuí, no Rio

Grande do Sul. O efeito médio a ser percebido pelos consumidores cativos da DEMEI será de

6,12%. (28.06.2011)

Cooperativas do Sul do país têm tarifas reajustadas

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A Aneel aprovou na reunião pública da diretoria de hoje (28/06) o reajuste tarifário de

sete cooperativas da região Sul. Os reajustes foram de, para a CERAL DIS (PR), efeito médio de

13,12%. Para a CRELUZ – D (RS), efeito médio de 3,63%. A COPREL (RS) teve efeito médio de

6,71%. Para a CRERAL (RS), efeito médio de 0,71%. A COOPERLUZ (RS) teve efeito médio de

5,03%. Para a CERMISSÕES (RS), efeito médio de 9,13%. A CERILUZ (RS) teve efeito médio de

5,19%. Todos os reajustes começam a vigorar no dia 30/06. (28.06.2011)

Celtins terá reajuste tarifário reanalisado pela Aneel

A Aneel aprovou na última terça-feira, 28 de junho, o efeito médio de 7,67% para o

reajuste tarifário para Celtins (TO). Mas o reajuste da Celtins será novamente analisado na

próxima reunião da Aneel, marcada para terça-feira, 5 de julho. Isso porque a mais recente

taxa do IGP-M, que faz parte do cálculo dos reajustes de tarifas, só foi divulgado na última

quarta, 30, após a reunião. Os índices aprovados eram de 7,51% para a baixa tensão e de

8,21% (em média) para a alta tensão. A companhia pleiteava um índice de 14,71%.

(30.06.2011)

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2-COMPONENTES DAS TARIFAS

No mês de junho, muitas notícias envolvendo as tarifas elétricas do setor chamaram

atenção. Entre elas, os encargos e composição das tarifas, a renovação das concessões e sua

influência na modicidade tarifária, a exigência de transparência na metodologia de cobrança

das tarifas, o aumento das tarifas e suas conseqüências para o consumidor e as indústrias, e a

formação do Cadastro único são as principais notícias deste mês.

O governo federal está analisando algumas medidas para reduzir a carga tributária que

incide sobre a conta de energia elétrica. Uma comissão com representantes dos ministérios de

Minas e Energia e da Fazenda deverá ser formada em breve para analisar alternativas. O PIS e

a Cofins, tributos federais que atualmente abocanham 8,5% da conta de luz, poderão sofrer

cortes. Paralelamente, a União vai se reunir com os Estados para negociar possíveis reduções

da cobrança de ICMS, imposto estadual que chega a representar cerca de 30% da conta paga

pelo consumidor. No médio prazo, o governo já conta com uma redução no preço da energia,

devido ao vencimento das concessões a partir de 2015.

O secretário-executivo do MME, Márcio Zimmermann, afirmou que o governo vai tomar

uma decisão sobre as concessões ainda este ano. Segundo ele, já existe um estudo com os prós

e contras da renovação e da licitação, no entanto, o governo ainda não definiu qual será o

modelo a ser adotado. Segundo Zimmermann, a única certeza que se tem até o momento é a de

que nos dois casos prevalecerá a modicidade tarifária, revertendo o benefício para o

consumidor.

O ministro do MME, Edison Lobão, disse que a presidente Dilma Rousseff está avaliando

o relatório elaborado pelo ministério sobre o processo de renovação das concessões do setor

elétrico. Ele afirmou que a presidente quer encontrar uma solução para o caso o mais breve

possível. Lobão afirmou ainda que a solução vai priorizar a modicidade tarifária e a melhor

solução para os consumidores brasileiros.

Porém, a expectativa do governo federal de usar a renovação dos contratos de

concessão para reduzir o valor das tarifas de energia terá resistência no mercado. O Estado de

São Paulo, um dos principais beneficiados pela possível prorrogação das concessões, já

demonstrou preocupação com o assunto. Na avaliação do secretário de Energia de São Paulo,

José Aníbal, é preciso analisar caso a caso, pois as empresas vivem situações diferentes. Na

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média, as usinas mais antigas em operação no país vendem eletricidade por R$ 85 o MWh.

Fontes do mercado acreditam que o governo vai impor um preço em torno de R$ 60 MWh ao

renovar as concessões. Mauro Arce, presidente da Cesp, defende que a situação de cada

concessionária deve ser analisada caso a caso, de modo a evitar prejuízo para as empresas.

Sobre o encargo Reserva de Reversão Global, a Comissão de Serviços de Infraestrutura

do Senado vai apresentar nos próximos dias um projeto de lei para que a gestão do fundo da

RGR não seja mais feita pela Eletrobras. O objetivo é fazer com que o recolhimento dessa taxa

passe a ser gerenciado por um órgão independente, como o BNDES. A tarifa deveria ter sido

extinta no ano passado, mas no dia 31 de dezembro o governo publicou uma MP que

prorrogou a contribuição até 2035. Criada para ressarcir as empresas do setor em caso do fim

das concessões, hoje a tarifa se justifica para apoiar a expansão e melhoria dos serviços

públicos de energia e programas sociais, como o Luz Para Todos. A Eletrobras gerencia cerca

de R$ 16 bilhões já coletados pela RGR. Um relatório elaborado pela Aneel aponta uma série

de irregularidades na administração do fundo. Há indícios de apropriação indevida de

recursos que deveriam ter sido repassados ao fundo. A estatal nega as irregularidades.

A presidente Dilma Rousseff sancionou a lei 12.431, derivada da MP 517, que mexe com

pontos importantes para o setor elétrico nacional. A nova lei, prorroga a validade da RGR até o

final de 2035 e o Proinfa de Energia Elétrica até o dia 30 de dezembro de 2011. Esses dois

pontos foram os mais combatidos por agentes do setor elétrico, principalmente,

consumidores, em decorrência do peso dos encargos na tarifa de energia. Além disso, a lei

12.431 institui o Renuclear, que dá isenção de IPI e Imposto de Importação para a compra de

equipamentos para projetos aprovados até 31 de dezembro de 2012. Os benefícios poderão

ser usufruídos até o final de 2015. Outra desoneração é para o gás natural usado para geração

de energia pelas termelétricas do Programa Prioritário de Termoeletricidade. O insumo ficará

isento das contribuições para PIS e Cofins. Entre outras normas, a lei 12.431 também versa

sobre incentivos a investimentos em debêntures emitidas por projetos de infraestrutura, como

do setor elétrico, e para pesquisa e inovação. Os investidores estrangeiros são os principais

alvos das medidas.

Ainda, o diretor geral da Aneel, Nelson Hubner, alertou que se as distribuidoras forem

obrigadas a devolver aos consumidores o valor de R$ 7 bilhões resultante da falha na

metodologia de cálculo das Parcela A, isso poderá causar um impacto nas tarifas. Segundo ele,

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no contrato de concessão não estão previstas possíveis imperfeições no cálculo das tarifas e

por isso, não houve espaço para ressarcimento, mas apenas para revisão a partir de 2010. De

acordo com o diretor geral da Aneel, se as empresas tiverem de devolver o montante, o

terceiro ciclo de revisão tarifária, que inicia-se neste ano, já terá que refletir esse cenário.

Sobre a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição, a diretoria da Aneel aprovou

resolução para aprimorar os critérios de cálculo da TUST paga pelas centrais geradoras

conectadas à rede de transmissão com tensão de 138kV ou 88 kV. A decisão, tomada em

reunião colegiada de diretoria realizada no dia 28 de junho, define limitador tarifário para a

TUSDg, como o maior valor da TUST apurado para geração nas barras de fronteira, ou seja,

pontos de conexão, da Rede Unificada. O limitador será aplicado para todas as centrais

geradoras que estão em operação comercial ou entrarão até 30 de junho de 2013; para as

geradoras conectadas a redes unificadas importadoras identificadas no momento de cálculo da

TUSDg e para as geradoras hidráulicas, independentes da característica da rede unificada ser

importadora ou exportadora. Outro ponto da regulamentação estabelece metodologia de

cálculo da TUSDg para centrais geradoras que venham a participar de leilão de energia nova

do Ambiente de Contratação Regulada. A receita total a ser arrecada pela Tust no período

2011-2012 deverá ser de R$ 12,3 bilhões. Também foi fixado em R$ 4.003,45 por MW o valor

da tarifa de transporte da energia proveniente da hidrelétrica Itaipu (14.000 MW).

A diretoria da Aneel negou parcialmente o pedido de postergação da data do Contrato

de Uso do Sistema de Transmissão para a térmica Porto de Pecém I. A empresa Porto de

Pecém Geração de Energia havia solicitado à agência, em fevereiro desse ano, que a Cust fosse

prorrogada de 1º de abril para 27 de julho. Posteriormente, já em maio desse ano, a

companhia solicitou a postergação do prazo para 1º de setembro. A Aneel acatou o primeiro

pleito, mas negou o segundo, alegando que pela Resolução Normativa 399/2010 a solicitação

de postergação deve ser feita até 31 de março de cada ano, para consideração a partir do início

do ciclo tarifário subsequente. Assim, a agência determinou que a data de início de execução

do contrato da Cust a ser considerado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico seja 27 de

julho e que, portanto, não sejam cobrados os encargos de uso do sistema de transmissão

referente à UTE Porto de Pecém I nos meses de abril, maio e junho.

Não menos importante, o terceiro ciclo de revisão tarifária das distribuidoras, que

ainda está em audiência pública, tem preocupado as empresas em decorrência do aperto a que

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serão submetidas na parte financeira e da necessidade de aumento da qualidade do

fornecimento de energia. As novas exigências de atendimento da regulação farão os

investimentos das empresas pular de R$ 8 bilhões por ano, atualmente, para R$ 11 bilhões

anuais até 2015. Por outro lado, a Abradee, em análise preliminar, já que ainda está fazendo os

cálculos dos impactos da nova metodologia acredita que o ebtida, que mede o fluxo de caixa

das empresas caixa, recue, em média, 30% se não houver mudança na proposta da Aneel.

O Copom do Banco Central manteve inalterada em 2,8% a perspectiva de reajuste da

tarifa de energia elétrica para consumidores cativos este ano. Desde dezembro, a projeção do

BC se mantém em 2,8% para este ano. O Copom, por outro lado, revisou, novamente, a

projeção de reajuste dos itens administrados de 4,3% para 4,6% este ano. Contudo, para 2012,

a perspectiva de aumento foi reduzida de 4,4% para 4,3%.

A Comissão de Defesa do Consumidor realizou no dia 15 de junho uma mesa-redonda

com dirigentes da Aneel para obter esclarecimentos a respeito da metodologia de cobrança

das tarifas de energia elétrica. A comissão quer que a Aneel explique o porquê da cobrança

indevida de R$ 7 bilhões nas contas de luz no período de 2002 a 2009, segundo cálculo do

TCU. O deputado Roberto Santiago perguntou aos dirigentes da agência se haverá

compensação ao consumidor e se a regra foi alterada. A agência atribui a quantia paga a mais

pelos consumidores a uma "diferença técnica”, e não a um erro, e não reconhece a necessidade

de ressarcimento.

O governo se prepara para anunciar uma mudança importante na operação do sistema

elétrico. A medida, que tem finalidade de ampliar a segurança energética, vai provocar ligeiro

aumento na tarifa para os consumidores. O atraso na operação de oito termelétricas obrigará o

governo federal e o ONS a elevar o nível-meta dos reservatórios das UHEs das regiões

Sudeste/Centro-Oeste e do Nordeste em 2011. Essa mudança deverá ter custo adicional entre

R$ 250 milhões e R$ 300 milhões para a tarifa de energia elétrica dos consumidores

brasileiros em 2012. Esse custo refere-se à necessidade de geração térmica exclusivamente

para economizar água nos reservatórios a partir de agora, quando começa o período seco.

Em contrapartida, a elevação das tarifas de energia elétrica contribuiu para que os

investimentos em novas unidades e em ampliações fossem freados e motivou o fechamento de

algumas unidades no país. Um debate sobre a questão com altos setores do governo, contudo,

está trazendo esperança para o setor de que possa ser encontrada uma solução para o

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problema. Paulo Pedrosa, presidente da Abrace lembra que a produção de alumínio é um

segmento em que o mercado é bastante competitivo, no qual a energia elétrica responde por

40% dos custos. Segundo Abrace, as tarifas industriais médias apresentaram um incremento

de cerca de 100% nos últimos dez anos.

Sob um horizonte positivo, a Itaipu Binacional pensa em reverter para a modicidade

tarifária o montante que hoje é destinado ao pagamento da dívida e dos juros da dívida da

usina. O valor chega a US$ 2,4 bilhões por ano, ou 60% do orçamento da hidrelétrica, que é de

US$ 3,5 bilhões. "Nós estamos a 11 anos de quitarmos todos os financiamentos que

viabilizaram a construção da usina. Em 2023, se altera o anexo C do Tratado de Itaipu, que é

justamente sobre os financiamentos", contou o diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional,

Jorge Miguel Samek. De acordo com ele, a empresa já está trabalhando com esse cenário, após

pagamento total das dívidas.

Por último, a Light e a Prefeitura do Rio de Janeiro, assinaram no dia 13 de junho um

convênio para a inscrição de famílias no Cadastro Único. É a partir desta inscrição que o

cidadão obtém o NIS, que permite o acesso ao benefício da Tarifa Social. O convênio

possibilitará a ampliação do Cadastro Único, instrumento criado pelo Governo Federal que

visa identificar famílias de baixa renda existentes no país para fins de inclusão em programas

de assistência social e redistribuição de renda. Com a parceria, a meta da companhia de

energia é conceder a Tarifa Social para 408 mil famílias até o final deste ano e que poderão,

inclusive, participar do Programa Comunidade Eficiente da Light implantado, principalmente,

nas áreas pacificadas pelo governo. O Programa tem ações como a substituição de lâmpadas

incandescentes por fluorescentes e geladeiras por modelos mais novos e econômicos, além da

conscientização sobre o uso eficiente da energia que ajuda a combater o desperdício de

energia.

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3- QUESTÕES GERAIS

As mudanças nas regras de ajuste das tarifas elétricas, em estudo pelo governo, não

devem diminuir a capacidade de investir das distribuidoras de energia. Para o GESEL/UFRJ as

empresas terão apenas que diminuir o volume de dinheiro que atualmente distribuem a seus

acionistas para bancar os investimentos. O professor Nivalde de Castro, coordenador do

GESEL, e os pesquisadores Roberto Brandão e Luiz Osório reconhecem que o ciclo de revisão

vai reduzir o fluxo de caixa operacional das empresas, mas discordam das distribuidoras

quanto aos efeitos dessa queda. "A consequência não deve ser um menor nível de

investimentos, com tem sido afirmado, mas a adoção de um novo mix de financiamento ao

investimento", diz os autores do estudo. "Uma parte maior dos lucros precisará ficar retido e

transferido aos consumidores, sob a forma de tarifas mais baixas, e as distribuidoras passarão

a custear os investimentos com um mix de lucros retidos e novo endividamento", argumenta

Nivalde. Para chegar a essa conclusão, o GESEL avaliou o desempenho financeiro de 2009 das

nove distribuidoras que tiveram a última revisão tarifária antes daquele ano.

Ainda, a diversificação da matriz e a opção por usinas a fio d"água, para reduzir

impactos ambientais, vai pesar no bolso do consumidor, que já paga uma das maiores tarifas

do mundo, diz o vice-presidente da CNI, José de Freitas Mascarenhas. Nivalde Castro, da UFRJ,

pondera, porém, que essa não é uma peculiaridade brasileira. "O aumento dos preços de

energia é uma tendência mundial."

O presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite, comenta sobre as principais

conseqüências do terceiro ciclo de revisão tarifária em entrevista concedida a Agência

CanalEnergia. E diz que as distribuidoras estão atentas para o desfecho da implantação da

metodologia proposta para o terceiro ciclo de revisão tarifária e esperam mais ajustes por

parte da Aneel. Entre as preocupações destacam-se a redução estimada em até um terço do

fluxo de caixa das empresas e o risco de redução de investimentos por conta da elevação do

índice de produtividade que compõe o Fator X.

Por último, Paulo Ludmer, escrevendo o artigo “Féretro da competitividade” para o

Folha de S. Paulo, tece duras críticas a imobilidade do poder público quando o impraticável

custo de energia se soma à outras variáveis negativas no cenário macroeconômico e faz com

que empresas deixem de vir, e muitas das que aqui já estão, repensem sua alocação. Essas

empresas levam com elas empregos qualificados e produtos de alto valor agregado. Mesmo

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frete a esse cenário, o preço da energia não faz nada além de subir, e o poder público continua

“pendurando” encargos e tarifas de origem duvidosa e propósitos vazios e muito pouco

definidos.