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Universidade Federal de Uberlândia Suelen Araujo Ana Cristina TIMOR LESTE: A SUA RELAÇÃO COM O USO DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO LÍNGUA OFICIAL 1

Projeto - Timor Leste

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Universidade Federal de Uberlândia

Suelen AraujoAna Cristina

TIMOR LESTE: A SUA RELAÇÃO COM O USO DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO LÍNGUA OFICIAL

Uberlândia2013

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Universidade Federal de Uberlândia

Suelen Barbosa AraujoAna Cristina Armond

TIMOR LESTE: A SUA RELAÇÃO COM O USO DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO LÍNGUA OFICIAL

Projeto de pesquisa apresentado ao Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito para aprovação na disciplina Pipe 4- Língua Portuguesa para estrangeiros.

Área de concentração: Estudos em Linguística e Linguística Aplicada.

Tema para orientação: A Lusofonia

Orientador (a): Betina Ribeiro Rodrigues da Cunha

Uberlândia

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1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS

Este trabalho aponta as características existentes no Timor-Leste, traçando um pouco de

suas características geográficas, a história, cultura e o português como língua ainda viva e

utilizada no país.

Quanto a sua geografia, está localizado no sudeste da Ásia, em uma região montanhosa,

de clima equatorial e com uma vasta região de floresta equatorial. A história é dividida entre

Portugal e Holanda, duas potências europeias, que colonizaram o país no início do século

XVI, com as Grandes Navegações, interessando, nesse trabalho, a parte que foi colonizada

pelos portugueses, pois assim, observaremos a influência portuguesa na língua nessa região.

Por isso, um ponto a ser ponderado quanto aos aspectos sociais, linguísticos e culturais de

Timor foram os 470 anos de dominação colonial. Os portugueses marcaram indelevelmente a

personalidade nacional maubere, processo este que impregnou sua cultura nos mais diferentes

aspectos.

A presença da língua portuguesa no Timor-Leste mostra que a opção da língua

portuguesa como língua oficial se deve, não ao número de falantes, mas à sua presença na

gênese de uma identidade nacional.

1.1 Geografia

Geologicamente, a ilha de Timor é de origem vulcânica. Timor integra o chamado Anel de Fogo, área de intensa atividade sísmica que bordeja todos os países banhados pelo Pacífico. Registra-se a ocorrência de vulcões extintos em Baucau e no Oé-Cussi. Próximo da ilha há uma fossa oceânica ativa. Sendo um território de formação geológica recente, as características do relevo decorrem fundamentalmente desta determinação.

O Timor-Leste é cortado no centro, no sentido Leste-Oeste, por uma imponente cadeia montanhosa, autêntica coluna vertebral da topografia. Esta cadeia de montanhas também constitui o divisor de

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águas da ilha, sendo origem de uma densa rede hidrográfica, com rios que correm para o Sul e para o Norte com grandes caudais na época das chuvas.

O país possui vários picos

ultrapassando 2.000 metros, configurando um território escarpado. Muitas das montanhas findam abruptamente no mar ao largo da costa setentrional. No interior, as ramificações da cadeia montanhosa central formam grande número de vales, rugosidades típicas do relevo de vastas extensões do território timorense.

O ponto culminante do relevo é o Monte Ramelau ou Tatamailau, com 2.963 metros de altitude, situado nas proximidades da fronteira com a Indonésia. É comum a utilização da sigla RMC para designar o triângulo abrangido pelas três maiores montanhas de Timor-Leste: Ramelau (no centro, entre Ainaro e Atsabe), Matebian (a Leste de Baucau, com 2380 metros) e Cablaki (a Norte de Same, com 2.100 metros).

Ao lado desta topografia montanhosa, Timor conta com uma extensa planície costeira, acomodada ao longo do litoral. A parte meridional é geralmente larga, com a presença de zonas de assoreamento, mangues e de pântanos na desembocadura dos rios. Ao longo do litoral registram-se bancos de areia e várias formações coralígenas de grande beleza.

O clima é equatorial, com temperaturas elevadas e a amplitude térmica pouco significativa. Entre Outubro e Dezembro ocorre o período mais quente. Timor-Leste está inserido na área de ocorrência das monções, influenciando sua pluviometria. Conseqüentemente, uma forte estação chuvosa ocorre entre Dezembro e Março.

A intensidade e distribuição das chuvas influenciam diretamente a configuração da densa rede hidrográfica de Timor, formada por rios de regime torrencial, que correm impetuosamente da Cordilheira central na direção do oceano. O regime pluviométrico determina ainda os dinamismos da vegetação, as possibilidades agro-pecuárias e os assentamentos humanos.

A floresta equatorial constitui uma das mais magníficas manifestações da vegetação original de Timor. A capacidade desta cobertura vegetal em fornecer alimento, lenha e proteção foi desde cedo apreciada pelas diversas etnias que ocuparam o território timorense. A presença abundante do sândalo, coqueiros e acácias constitui uma marca notável da exuberante flora do país.

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Pântanos, mangues e clareiras formadas por extensões savaneiras e de campos completam o

quadro biogeográfico do país.

Quanto a bandeira nacional é retangular e é formada por dois triângulos isósceles, cujas bases

estão sobrepostas. Um triângulo é preto e a sua altura é igual a um terço do comprimento que

se sobrepõe ao amarelo, cuja altura é igual à metade do comprimento da bandeira. No centro

do triângulo de cor preta fica colocada uma estrela branca de cinco pontas, que simboliza a

luz que guia. A estrela branca apresenta uma das pontas virada para a extremidade esquerda

da bandeira. A parte restante da bandeira é vermelha.

À meia-

noite em

19 de

Maio, e

durante

os

primeiros momentos do Dia da Independência, 20 de maio de 2002, a bandeira das Nações Unidas

foi baixada ea bandeira de um Timor-leste independente -o mundo mais nova nação democrática –

foi levantada. De acordo com a Constituição da República Democrática de Timor-Leste, o amarelo

(PMS 123) triângulo representa "os vestígios do colonialismo na História de Timor Leste". O triângulo

preto representa "o obscurantismo que precisa ser superado", o vermelho (PMS 485) base da

bandeira representa "a luta de libertação nacional", ao passo que a estrela, ou "a luz que guia", é

branco para representar a paz .

1. 2 História

Os portugueses chegaram ao Timor entre 1512 e 1520, interessados principalmente no

sândalo, madeira nobre utilizada na perfumaria e móveis de luxo, que cobria praticamente

toda a ilha. Já nessa época o Timor era dividido em dois reinos, Samby, na parte oeste da ilha

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e Behale, no leste.

Só no século XVII Lisboa nomeou um governador, que dependia de Goa, outro território

português, na Índia. Depois de uma série de disputas, os holandeses ficaram com a parte

ocidental da ilha, atualmente o Timor Oeste.

Em 1903 um australiano descobriu a existência de petróleo na costa. No final da I Guerra

Mundial, o Japão tentou comprar o Timor, oferecendo uma boa soma, o que foi oficialmente

rejeitado por Salazar em 1932. O regime salazarista considerava os timorenses como "uma

das raças degeneradas e atrasadas" das colônias, o que serviu de pretexto para retirar os

direitos cívicos, ainda que mínimos, que tinham adquirido em 1822.

Território estratégico, entre a Austrália, Indonésia, Filipinas, dando acesso à China, o Timor

foi invadido durante a II Guerra Mundial, primeiro pelos australianos, que pretendiam

organizar uma resistência no território, em seguida pelos japoneses, que criaram campos de

concentração, cometeram atrocidades em larga escala e deixaram 60.000 mortos.

O historiador James Dunn, que foi cônsul da Austrália em Dili de 1961 a 1963 afirma :"O

Timor Leste foi uma das piores catástrofes da Segunda Guerra Mundial em numero de mortos

relativo à população total, mas esse aspecto da Guerra do Pacífico nunca interessou ninguém".

O Timor saiu da II Guerra Mundial praticamente arrasado, mas Portugal continuou não

investindo na colônia, preferindo Macau, mais lucrativa. Para o Timor, que produzia

basicamente café- considerado um dos melhores do mundo- eram mandados os prisioneiros

políticos e dissidentes do salazarismo.

Por outro lado, a PIDE, a polícia política de Salazar, reprimia, prendia e exilava aqueles que,

no Timor, tinham veleidades nacionalistas.

Foi só nos anos 60 que Dili, a capital, começou a ter luz elétrica e nos 70 um mínimo de infra-

estruturas, como água, esgoto, escolas e hospitais.

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Nos anos 70, 90% da população vivia em zona rural. Dili tinha 30 mil habitantes e Baucau, a

segunda cidade do país, 10 mil.

Em 1945, a Indonésia, sob o comando de Sukarno, conseguiu a independência da Holanda,

passando a ser uma república em todo o território da antiga colônia, o Timor Oeste inclusive.

Mas o governo de Jacarta não manifestou qualquer pretensão sobre o Timor Leste, território

português.

Em outubro de 1966 o general Suharto derrubou o presidente Sukarno através de um golpe de

estado. Em plena guerra fria, Suharto começou a "caça aos comunistas", uma repressão

implacável em todo arquipélago que fez 500.000 mortos diante da indiferença geral. O

exército indonésio, verdadeiro estado dentro do estado, começou a tomar conta de tudo,

inclusive da economia, dividindo o país em verdadeiros feudos controlados pelos generais.

Com a Revolução dos Cravos, deflagrada no dia 25 de abril de 1974, tem início o processo de

descolonização. Portugal deixou aos timorenses a escolha entre a independência e a

integração à indonésia. Imediatamente, a Austrália, potência regional, se manifestou a favor

da integração à Indonésia.

Os primeiros partidos políticos timorenses foram criados em maio de 1974. A poucos dias de

intervalo são criadas a UDT - União Democrática Timorense, a ASDT, Associação Social

Democrata Timorense e a APODETI, Associação Popular e Democrática Timorense, sendo

que esta última prega a integração à Indonésia, quei mediatamente recebe o apoio do general

Suharto. Em setembro a ASDT muda de nome para FRETILIM, Frente Revolucionária do

Timor Oriental. Em junho de 1974 o jovem José Ramos Horta, representando o Timor à beira

da independência, conseguiu ser recebido pelo ministro das Relações Exteriores da Indonésia,

Adam Malik e obteve- por escrito inclusive- a promessa que o governo de Jacarta apoiaria a

independência do Timor.

As duas eleições realizadas em fevereiro e março de 1975 foram ganhas pela FRETILIM, com

55% dos votos. Mais de 90% dos timorenses votaram pela Fretilim ou a UDT, a APODETI,

apesar de financiada pela Indonésia conseguiu pouco mais que algumas centenas de votos. Os

boatos de um golpe de estado marxista que estaria sendo preparado pela FRETILIM

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precipitam o Timor na guerra civil em agosto de 1975, fazendo 3.000 mortos. As tropas

indonésias começam a se infiltrar no território pela fronteira com o Timor Oeste.

No dia 16 de outubro de 1975 cinco jornalistas estrangeiros foram assassinados pelo exército

indonésio na cidade de Balibo, na fronteira, quando tentavam cobrir os movimentos de tropas

indonésia no Timor Leste.

Diante da gravidade da situação, a FRETILIM declarou a independência no dia 28 de

novembro de 1975, esperando com isso obter apoio internacional contra a invasão indonésia.

No dia 7 de dezembro, o exército indonésio começou a bombardear Dili e a invadir o país,

diante da indiferença geral. A Assembléia Geral da ONU condenou a invasão indonésia numa

resolução aprovada no dia 12 de dezembro de 1975, mas que ficou sem qualquer efeito.

Apenas um país, a Asutrália, reconheceu a autoridade indonésia sobre o Timor Leste. Começa

a repressão que vai resultar na morte de 200 a 300 mil timorenses, seja pela violência direta, a

fome programada, o deslocamento forçado de populações inteiras, a com criação de

verdadeiros campos de concentração. A Cruz Vermelha Internacional, conhecida pela

discrição, chegou a descrever a situação no Timor como "pior que a de Biafra".

A FRETLIM cria um braço armado, a guerrilha FALINTIL, que chegou a controlar 80% do

território. Apesar da superioridade numérica esmagadora, do equipamento mais moderno

vendido pelos Estados Unidos, Inglaterra, França e Austrália, os indonésios nunca vão ganhar

a guerra contra as Falintil, que resistem 24 anos. O governo indonésio não hesitou em utilizar

toneladas se napalm - o mesmo empregado no Vietnan- contra a resistência e incendiar boa

parte das florestas do país para que os guerrilheiros não tivessem onde se esconder, nem onde

comer. Vilarejos inteiros foram massacrados, cabeças decepadas de suspeitos de colaborar

com as FALINTIL exibidas por toda parte.

Durante anos, o Timor Leste ficou totalmente fechado ao mundo, tanto ao mais que a Coréia

do Norte. O Congresso Judeu dos Estados Unidos chegou a considerar o que aconteceu no

Timor Leste como o maior genocídeo - proporcional à população- do século XX, logo após o

holocausto nazista.

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Certos especialistas consideram que foi ainda mais vasto, eliminando 44% da população do

Timor.

Em 1974, Lisboa decide, improvisamente, livrar-se de suas províncias e, em Timor Leste, se estabelece o caos. Surgem partidos: a União Democrática do Timor - UDT - que propunha uma descolonização gradual e a manutenção de uma estrita colaboração ou até uma federação com Portugal; a Frente Revolucionária de Timor Leste Independente - Fretilin -, um agregado de tendências de esquerdas, com forte consenso popular de nacionalismo, que se posicionara pela independência. O Fretilin congregava estudantes, trabalhadores e membros eclesiais progressistas. Um terceiro grupo minoritário era pela integração com a vizinha Indonésia.

Os territórios de Timor Oeste já se tinham agregados à Indonésia desde 1949, aliás, a configuração territorial da ilha, próxima de um grande Estado como a Indonésia, podia justificar a natural anexão do Timor Leste.

Na realidade, os 400 anos de colonização portuguesa tinham criado um sentimento de unidade profunda entre os timorenses do leste, fato que, no momento da decisão, fez com que a maioria deles optasse pela independência.

Assim aconteceu com o Timor Leste que, sendo pequeno e não tendo apoio internacional, devia se alinhar com a China para sobreviver, fato, porém, que desagradava a Indonésia e a Austrália que não podiam tolerar ter a China comunista perto dos próprios territórios.

Assim, após uma breve guerra civil que favoreceu o Fretilin, em 1975, a Indonésia ocupou militarmente Timor Leste. Os Estados Unidos, depois da recente derrota no Vietnã, não intervieram, deixando que a Indonésia ocupasse Timor Leste com o beneplácito da Austrália. Para Timor Leste iniciava um terceiro capítulo: após a colonização portuguesa, começava a violência da ocupação militar.

A Indonésia não teve nenhum respeito pela população e pela propriedade dos civis. Com os bombardeios destruíram centenas de aldeias, revoltando os timorenses que fugiram para as montanhas e começaram a apoiar o Fretilin que se tornou um grupo de pouco milhares de guerrilheiros independendistas anti-indonésios. Criou-se, portanto, uma espiral de violência desumana e gratuita que perdurou por mais de 24 anos.

Nesse período, fala-se de duzentos a trezentos mil mortos entre as ações da guerrilha, fome e doenças, mas ninguém poderá fornecer o número exato de vítimas. A guerrilha foi cruenta de ambos aos lados, seja por parte dos indonésios, que mantinham uma média de 20 mil soldados na ilha, como por parte do Frelintil - o braço armado do Fretilin. Apesar do minguado nUmero de guerrilheiros, os militares indonésios estimaram perdas entre 20-30 mil soldados.

Os contrastes não eram tanto sobre a independência, mas sobre o modelo de sociedade e de

estado que os timorenses queriam organizar para si. Como a maioria das ex-colônias

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portuguesas, também no Timor Leste, venceu a esquerda socialista independente, com o apoio

das bases rurais que sempre foram deixadas à margem pelo governo colonialista português.

No dia 31 de dezembro de 1978 o exército indonésio matou Nicolau Lobato, o líder da

resistência e comandante das Falintil. Começa então a liderança de um de seus companheiros,

José Alexandre Gusmão, conhecido na guerrilha como Ray Kala Xanana. Ele vai transformar

as FALINTIL numa frente ampla de resistência a partir de 1987 e no ano seguinte criar o

CNRT, o Consleho Nacional da Resistência Timorense, que reúne todos os partidos.

Em 1989 a Indonésia deu início a uma abertura relativa do território, que vivia num

isolamento total. Em outubro, o papa João Paulo II visita o Timor, marcada por manifestações

pró-independência, duramente reprimidas. No dia 12 de novembro de 1991 o exército

indonésio atira na multidão que prestava homenagem a um estudante morto pela repressão no

cemitério de Santa Cruz. Pelo menos 200 pessoas são assassinadas no local e outro tanto na

caçada humana que continuou dias e noites, inclusive nos hospitais. As imagens do massacre,

realizadas por jornalistas estrangeiros, fazem com que o mundo descubra a tragédia do Timor.

Em novembro de 1991 Xanana Gusmão é preso em Dili e levado para Jacarta, onde é

condenado à prisão perpétua em 23 de maio de 1993 num julgamento considerado uma farsa

por observadores estrangeiros. Em outubro de 1996 a causa do Timor ganha reconhecimento

internacional com a atribuição do Premio Nobel da Paz ao bispo Carlos Ximenes Bello e José

Ramos Horta . Em julho de 1997 o presidente Nelson Mandela visita Xanana na prisão e

começa a fazer pressão para uma solução negociada. No mesmo ano começa a crise

econômica na Ásia, que afeta duramente a Indonésia. O regime Suharto começa a ruir, com

manifestações cada vez mais violentas nas ruas, que levam à demissão do general em maio de

1998 e à ascensão de Yusuf Habibie.

Portugal e a Indonésia negociam a realização de uma consulta popular. Uma missão das

Nações Unidas, a UNAMET, se instala no território para supervisionar a realização de um

plebiscito. Sentindo que vai perder o território, a ala mais dura do exército indonésio, recruta

e treina milícias armadas que espalham o terror entre a população. Apesar de todas as

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ameaças, no dia 30 de agosto de 1999, mais de 98% da população vai às urnas, votar nu

silêncio que os observadores internacionais são unânimes em chamar de impressionante. O

resultado não deixam margem à dúvida: 78,5% dos timorenses escolheram a independência.

Antes mesmo da proclamação dos resultados, as milícias, protegidas pelo exército indonésio,

desencadeiam uma violência inédita até nessa terra que acreditava já ter visto tudo. Homens

armados de catanas ( imensos facões) e fuzis caçam e matam nas ruas todos aqueles que

supõem ter votado pela independência. Milhares de pessoas são separadas das famílias,

colocadas à força em caminhões que ninguém sabe para onde vão. A população começa a

fugir para as montanhas ou buscar refúgio nas igrejas e prédios de organizações

internacionais. Mas as milícias cercam e depois invadem a sede da Cruz Vermelha e as

Nações Unidas. Todos os estrangeiros acabam sendo evacuados, deixando o Timor entregue à

fúria das milícias e dos militares indonésios.

A colonização quatrocentenária portuguesa e a firmeza independentista do Fretilin

conseguiram dar uma identidade ao povo e desraigá-lo do contexto geopolítico australiano. A

quase total ausência do islamismo na ilha contribuiu para tornar os timorenses estranhos ao

contexto asiático e até desconfiados, tanto que, no decorrer de 24 anos de ocupação, a

Indonésia não exercitou nenhuma coação ou pressão religiosa para impor o islã. Pelo

contrário, talvez por fins políticos, a liberdade de culto, de pregação, de ensino religioso nas

escolas foi livre e subvencionada pelo governo de Jacarta. Além disso, o governo indonésio,

ainda para cativar a benevolência do povo timorense, financiou consideráveis iniciativas e

construções de edifícios eclesiais, como a catedral de Dili, uma das maiores igrejas do sudeste

asiático.

A ocupação indonésia até impeliu os timorenses à conversão ao catolicismo. Se no momento

da partida dos portugueses, em 1975, os católicos eram 200 mil (25% da população), em

1999, quando da saída da administração indonésia, eram 90%. Vários fatores contribuíram

para a passagem da população ao catolicismo, como a obrigação, durante a ocupação

indonésia, de se declarar a pertença a uma das grandes religiões (catolicismo, protestantismo,

budismo e hinduísmo). A razão, porém, que mais explica esse repentino crescimento é

sociopolítica. O catolicismo foi uma forte e eficaz referência cultural e de diferenciação da

ideologia Indonésia de integração. A Igreja, com sua organização de paróquias, casas

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religiosas, instituições sociais, sacerdotes e religiosas que arriscavam a vida espontaneamente,

apresentou-se como uma organização solidária e acessível ao povo humilde e uma alternativa

à ocupação estrangeira. O Estado indonésio promovia a língua nacional; a Igreja promovia a

língua local, o tetum, até na liturgia. O governo insistia para um controle dos nascimentos

através de qualquer método: a Igreja a abria dispensários para educar e ensinar métodos

nahirais. Os militares pediam aos sacerdotes que, nas homilias, falassem de integração com a

Indonésia; eles, pelo contrário, defendiam a livre escolha por um referendo.

Fala-se muito do atual bispo, dom Carlos Ximenes Belo, e de sua veemente defesa da vontade popular, mas o mais duro foi o seu predecessor, dom Martinho Costa Lopes, implacável defensor dos direitos humanos, que foi obrigado a demitir-se e exilar-se em Portugal, em 1983.Dom Carlos Belo foi promovido bispo porque parecia mais maleável que seu predecessor, mas, pelo contrário, foi exigente defensor dos direitos humanos e escolhido,junto com o compatriota Ramos Horta, para receber o Prêmio Nobel da Paz (1996).

No lado indonésio, a situação e o apoio dos católicos não foi sempre claro. Inicialmente, havia um apoio tácito a tentativa de integração à Indonésia do território timorense. Depois dos excessos militares, houve uma cautelosa e tímida tomada de posição do episcopado indonésio sobre a violação dos direitos humanos.

Por mais de um quarto de século, os timorenses ficaram sozinhos numa luta difícil, mas a

teimosia, o desprezo do perigo e a determinação sem fim transformaram-se em certeza de

vitória. Assim, aconteceu a vitória que estremeceu a economia local, mas avivou o espírito

patriota.

A Igreja sempre esteve presente no desenrolar dos acontecimentos, até a declaração de

independência e a formação de um governo legítimo e agora terá o papel de ajudar a

reconstruir a sociedade, na parte educativa, social e religiosa. O caminho não será fácil porque

existem, especialmente no Fretilin, facções anticlericais, herdeiras da melhor tradição

comunista russa. Mas, as pessoas que conseguiram levar o país à independência, saberão

também levá-lo à plena democracia.

Quando Timor Leste tiver resolvido os problemas mais imediatos, como a organização do país, e se dedicar a identificar os lugares mais simbólicos da luta pela independência, não poderá esquecer a pequena igreja de Suai, devendo transformá-la num monumento nacional. No dia 6 de setembro de 1999, algumas centenas de pessoas foram massacradas dentro e no pátio da igreja, uma semana após o referendo sobre a independência. Entre eles, estava o vigário, pe. Hilário Madeira, de sentimentos anti-indonésios, mas também o jovem jesuíta, Tarsisius Dewanto, indonésio recém-chegado. Tudo foi destruído e queimado. As seis irmãs canossianas do convento em frente da igreja

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ainda se perguntam qual santo as protegeu, poupando-lhes a vida. Alguns milicianos queriam matá-las Depois foram carregadas num caminhão e levadas a Atambua em território indonésio e, por fim, soltas.

Quantos defensores da independência foram mortos naqueles dias? E quantos civis? Ninguém sabe: talvez várias centenas. Como serão julgados esse crimes e violações dos direitos humanos, antes e depois do referendo sobre a independência? A resposta não é fácil por diferentes motivos.

Em primeiro lugar, os principais responsáveis moram na Indonésia e Jacarta não está muito propensa a processar seus generais e soldados. Em 21 de fevereiro de 2002, um tribunal indonésio acusou formalmente sete pessoas, entre as quais o ex-governador do Timor Leste, Abilio Soares, o ex-chefe da policia, Herman Sedyono, e outros policiais e militares. A acusação seria de crime contra a humanidade: eles teriam provocado ou nada feito para evitar a chacina que seguiu à proclamação dos resultados do referendo, porém, são figuras que tiveram um papel secundário e, certamente, executaram ordens superiores. A opinião publica e as organizações humanitárias internas e internacionais pedem que sejam inquiridos os altos comandos militares, entre os quais o então ministro da Defesa e chefe do Estado maior, general Wiranto. Alguns propõem até um tribunal internacional, como dom Belo, que diz, claramente, não confiar nos processos realizados em Jacarta: "Acreditamos que somente um tribunal internacional possa processar os generais e os comandantes sobre as violências cometidas. Alguns diplomatas ocidentais nos dizem que o custo desses tribunais seria muito alto e politicamente complexo. Mas também existe um custo pelo falimento da justiça A justiça não pode ser o privilégio de poucos: deve ser universal. Então, o que está bem para a Croácia e Ruanda deve funcionar também para Timor Leste. Não se pode dar trégua a monstros políticos como aqueles que desencadearam a destruição no Timor Leste em 1999...".

Entre os que não estariam completamente de acordo, está Xanana Gusmão, que venceu as

eleições presidenciais, realizadas em 14 de abril 2002. Para ele, tido como o único

personagem político que pode guiar a re-estruturação social e política do país, o Timor tem

que deixar atrás de si o passado e olhar para o futuro." Somente depois de ter reconstruído

legalmente o pais e constituído uma suficiente estabilidade interna, será possível fazer justiça

e pedir a Indonésia, hoje com graves problemas políticos internos, de colaborar".

Cultura

O líder da resistência timorense, José Alexandre Gusmão, mais conhecido como Xanana

Gusmão, é também o maior nome da poesia do país. Em 1973, antes mesmo da Revolução

dos Cravos, Xanana Gusmão já se destacava na literatura, chegando a receber o Prémio

Revelação da Poesia Ultramarina. Contudo, foi a Guerra Civil Timorense, iniciada em 1975,

que despertou em Gusmão a necessidade de expressar-se através da escrita. Entre 1977 e

1979, ele publicou dois livros: “Pátria e Revolução” (cujo título tornar-se-ia o lema da luta no

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país), e “Guerra, Temática Fundamental do Nosso Tempo”, no qual ensaia todas as

características das chamadas Guerras Populares, descrevendo o papel de um líder carismático

na condução de seu povo.

O livro “Mar Meu”, de 1998, reuniu vários poemas de Xanana escritos no período de 1994 e 1996. Os seus poemas conquistaram a crítica literária em língua portuguesa, sendo que a obra do revolucionário foi bastante difundida em países como Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal. O poema “Pátria” tornou-se um verdadeiro hino da causa timorense.

Xanana Gusmão é também um forte expoente da pintura timorense, tendo desenvolvido essa actividade principalmente enquanto esteve preso. As suas telas retratam essencialmente as paisagens de Timor, enfocando as suas tradições, o jeito simples do seu povo, a sua felicidade. A sua pintura mais conhecida é “Aldeia Típica de Timor”.

Outros escritores importantes de Timor são: Luís Cardoso, Fernando Sylvan, Jorge Lauten, Francisco Borja da Costa, Jorge Barros Duarte, João Aparício, Ponte Pedrinha - pseudónimo de Henrique Borges, Fitun Fuik e Afonso Busa Metan. Poemas, contos e crónicas de alguns desses autores encontram-se reunidos no livro “Timor Leste - Este País Quer Ser Livre”, organizado por Sílvio Sant’Anna, da Editora Martin Claret. Um escritor português que viveu alguns anos em Timor e que produziu obras de grande qualidade foi Ruy Cinatti, poeta, antropólogo e botânico.

ARQUITECTURA TRADICIONAL

O núcleo dedicado à arquitectura tradicional é sem dúvida o mais espectacular e até ao momento único no mundo, constituindo uma espécie de ex-libris do C.D.D.C.T., composto por uma série de maquetas construídas em madeira, bambu e fibras de palmeira. A partir de desenhos e fotografias de Ruy Cinatti e de Brigitte Clamagirand, são reproduções fieis, à escala, das casas tradicionais timorenses das regiões de Lautém, Suai, Bobonaro, Viqueque, Maubisse, Marobo e Ocussi. Altares e totens da religião animista e painéis esquemáticos e informativos sobre cada região completam este núcleo.

A frequência das exposições obriga a um restauro constante destas maquetas extremamente frágeis, para estarem presentes na Expo'98 houve necessidade de dois meses de trabalho.

TECELAGEM E VESTUÁRIO

Cinco painéis explicam a tecelagem tradicional timorense, desde a colheita até à tecelagem propriamente dita, passando pelas diversas fases a que o algodão é sujeito, até se transformar nos belíssimos "tais", (panos timorenses), multicolores e de graciosos desenhos.

Todos os artefactos expostos foram construídos pelo C.D.D.C.T. com base em fotografias e descrições de alguns timorenses, desde o fuso aos teares.

Fotografias e os coloridos "tais" completam o núcleo da tecelagem, que, por vezes ganha vida, com a inclusão de manequins vestidos a rigor com os trajes tradicionais.

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MÚSICA

Os instrumentos musicais usados em Timor dividem-se em três grupos, percussão, sopro e cordas, todos eles de construção artesanal, construídos em metal, madeira, bambu, chifre, etc. Revelam por vezes certas originalidades, caso dos gongues feitos a partir dos tampões das rodas das inúmeras viaturas abandonadas pelos japoneses após a II. guerra mundial, caso também do "lakadouk" instrumento de cordas feito integralmente em bambu, inclusive as cordas.

O "kakolo" instrumento de percussão em bambu era usado em Timor não para a música, mas para espantar os pássaros das searas ou para enviar sinais codificados, introduzido na música pelo maestro timorense Simão Barreto, passou a fazer parte do universo musical timorense.

A introdução do violino na música tradicional perdeu-se nos séculos, feito por vezes artesanalmente, passou a ser o instrumento principal nos "estilu" (festas) timorenses, quem já assistiu a um "katuas" (velho) timorense a executar em violino as músicas tradicionais jamais o esquecerá.

Os pequenos tambores "babadok", variadas flautas, instrumentos de sopro em chifre de búfalo e conchas de búzios e guizos completam a gama de instrumentos musicais tradicionais.

CESTARIA E ARTESANATO

A cestaria é uma das actividades mais activas em Timor Leste, tanto na produção de peças para venda ao turista, como para uso quotidiano.

Depois de cortada em tiras mais ou menos estreitas conforme os objectos a fazer a folha de palmeira é entrançada pelas mãos hábeis das timorenses transformando-se em cestos, caixas, pratos, açafates, cigarreiras, bolsas, etc. Onde o colorido e a minúcia do desenho nos espantam, por vezes as tiras têm pouco mais de 1mm de largura.

Distinguem-se três tipos de entrançado, diagonal, ortogonal e hexagonal, sendo este último o mais surpreendente nas formas e nos desenhos.

Os "katupa" (saquinhos) feitos em folha de coqueiro para cozer o arroz de coco são um exemplo da utilidade da cestaria no dia a dia do timorense, servem de recipiente para conter o arroz durante a cozedura e ao mesmo tempo para o transporte do mesmo em viagem, as timorenses mais idosas sabiam fazer algumas dezenas de formas diferentes destes saquinhos.

O artesanato timorense está muito ligado ao quotidiano, traduzindo-se a grande maioria das peças em representações mais ou menos estilizadas da realidade, as conhecidas casas de sândalo feitas à imagem das casas de Lautém, as figuras de pássaros feitas em chifre de búfalo, o crocodilo da lenda da formação de Timor, os guerreiros, os búfalos e os cavalos de Timor, as corcoras e beiros (barcos de Timor) feitos em casca de tartaruga, etc.

Por vezes objectos de uso diário vão sendo minuciosamente trabalhados, transformando-se em autênticas peças de arte, caso dos pentes em chifre, das conchas em casca de coco, etc.

Salientamos ainda o trabalho de ourivesaria, tanto em ouro como em prata.

PESCA

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No núcleo dedicado à pesca em Timor podemos admirar, além de variadas fotografias, uma miniatura de um "beiro" (barco tradicional de Timor) e uma curiosa espingarda de caça submarina oriunda da ilha de Ataúro, feita em madeira e bambu, com um longo arpão em ferro, (apenas conhecemos dois exemplares em Portugal).

Curiosos são os óculos de mergulho usados pelos pescadores submarinos, feitos em osso ou bambu e com dois fundos de garrafa, colados com cera de abelha, a servir de lentes.

Curiosamente apesar de Timor Leste ser uma ilha a pesca apenas é praticada por uma ínfima parte da população, na sua maioria habitantes da pequena ilha de Ataúro.

1.3 A língua portuguesa no Timor-Leste

O contexto histórico-social e as condições em que ocorreu e ocorre a expansão da

língua portuguesa, fizeram com que se tornasse a língua oficial e de ensino. Como em todo o

processo de colonização, a língua do colonizado é aprendida para que se possa implantar a

língua do colonizador.

"Portugal abandonara o território que administrava havia quatrocentos anos". Esse abandono da colônia permitiu a invasão da Indonésia em 1975, que submeteu a população outra vez ao idioma do invasor, ou seja, o povo timorense foi submetido à aprendizagem do idioma indonésio. A língua portuguesa, nesse período de duas décadas, é silenciada por bastante tempo e passa a ser falada quase que na clandestinidade pelos mais idosos segundo (Hull, 2000, p.32) "o invasor indonésio proibiu em todas as escolas o ensino de português, substituindo-o pelo ensino indonésio", Sousa (2003).

Após a saída dos indonésios, instala-se um conflito de opiniões quanto à escolha do

idioma oficial, se por um lado a geração jovem desejava a língua indonésia ou inglesa por

outro lado a geração mais velha desejava a língua portuguesa. A língua portuguesa ganha

destaque de resistência, de elemento de identidade. Sendo assim, mais tarde, a língua

portuguesa junto à língua tétum passam a ser consideradas pela Constituição da República

Democrática de Timor-Leste, em seu Art.13 (2002, p.14) como oficiais, o que significa na

prática governamental, administrativa, educativa e social. Essa escolha se deve por desejo

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político e não pela conveniência linguística, principalmente por ter sido a línguas de luta e de

resistência durante os vinte quatro anos de dominação.

A importância desse trabalho é mostrar a Lusofonia no Timor-Leste, visto ser ele um país

de independência tardia e, assim como nós, brasileiros, foram colônia de Portugal.

2 OBJETIVOS

O objetivo desse trabalho é mostrar a presença da língua portuguesa, como uma das

línguas oficiais do Timor-Leste, fazendo apontamentos sobre a influência de Portugal como

colonizador.

3 METODOLOGIA

Nossa metodologia de trabalho por se tratar de uma pesquisa estritamente teórica e

baseada em material bibliográfico, será norteada pela leitura dos estudiosos a respeito do

tema, ou seja, dos teóricos que desenvolvem o conceito de lusofonia.

Este estudo seguirá então a forma analítico-reconstrutiva do pensamento dos autores

indicados nas referências deste projeto, que ocorrerá por meio da leitura, fichamento e análise

de tais textos.

4 REFERÊNCIAS

http://timor-leste.gov.tl/?p=29 . Acessado 27/11/2013.

http://www.timorcrocodilovoador.com.br/historia.htm . Acessado 27/11/2013.

http://www.pime.org.br/mundoemissao/igrejamasiatimor.htm. Acessado 27/11/2013.

http://www.suapesquisa.com/paises/timor_leste/. Acessado 01/12/2013.

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http://www.brasilportugal.org.br/nacional_BKP/conteudo/banco/Documentos/

timor_leste.pdfAcessado 01/12/2013.

http://www.fmsoares.pt/casa_museu/expo_temp_timor_leste_apresenta Acessado 02/12/2013.

http://www.cultura.gov.tl/pt/documentacao/legislacao Acessado 02/02/2014.

http://www.lusoafrica.net/ Acessado 02/02/2014.

CARVALHO, Nelly. Empréstimos e identidade cultural. Artigo publicado em 22/09/2005 - O

fenômeno lingüístico/cultural do empréstimo.

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