Promoção da Saúde, Sustentabilidade e Agroecologia: uma discussão intersetorial

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Promoção da Saúde, Sustentabilidade e Agroecologia

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  • ResumoAnalisando a abordagem conceitual dos iderios de Agroecologia e da Promoo da Sade, percebe-se a aproximao desses campos cientficos e prticos a partir de suas diretrizes comuns de fomentar a democracia, promover a cidadania, o empowerment, a autonomia e a participao comunitria dos atores sociais, resgatar saberes e prticas tradicionais e populares, alm de promover sade, qualidade de vida e sustentabilidade nos nveis ambiental, social e econmico. Entretanto, apesar de suas interfaces comuns, esses dois campos no tm dialogado. A Agroecologia e sua potencial ao de promoo de sade no meio rural no tm sido discutidas na Sa-de Pblica e na Promoo da Sade; por sua vez, tais reas tampouco tm produzido conhecimentos que possam contribuir para o fortalecimento da Agroe-cologia enquanto estratgia de promoo da sade. Esse artigo pretende ressaltar a relao entre esses dois campos de estudos, explorando-os conceitual-mente. Alm disso, o artigo sinaliza a Agroecologia como uma estratgia intersetorial de promoo da sade, de sustentabilidade e de segurana alimentar e nutricional.Palavras-chave: Promoo da Sade; Agroecologia; Sustentabilidade; Intersetorialidade.

    Elaine de AzevedoProfessora Adjunta da Faculdade de Cincias da Sade, Universi-dade Federal da Grande Dourados. Ps-Doutoranda no Departa-mento de Prtica de Sade Pblica, Faculdade de Sade Pblica, Universidade de So Paulo. Endereo: Avenida Dr. Arnaldo, 715, CEP 01246-904, So Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected]

    Maria Ceclia Focesi PelicioniProfessora associada no Departamento de Prtica de Sade Pbli-ca, Faculdade de Sade Pblica, Universidade de So Paulo. Endereo: Avenida Dr. Arnaldo, 715, CEP 01246-904, So Paulo, SP, Brasil.E-mail: [email protected]

    1 Artigo realizado com apoio da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo (FAPESP Processo n. 09/54418-0).

    Promoo da Sade, Sustentabilidade e Agroecologia: uma discusso intersetorial1

    Health Promotion, Sustainability and Agroecology: an intersectoral discussion

    Sade Soc. So Paulo, v.20, n.3, p.715-729, 2011 715

  • AbstractWhen one analyses the conceptual approach in the areas of Agroecology and Health Promotion, one notices the similarities of those scientific and prac-tical fields starting from their common guidelines: to strengthen democracy; to promote citizenship, empowerment, autonomy and community partici-pation of their social actors; to revisit traditional and popular practices and knowledge; to promote health, quality of life and environmental, social and economic sustainability. However, in spite of their common interfaces, these two fields have not been dialoguing. Agroecology and its potential action of health promotion in the rural areas have not been discussed in the fields of Public Health and Health Promotion. In turn, these two areas of study have not produced knowledge that can contribute to Agroe-cology, as a health promotion strategy. This article intends to emphasize the relationship between those two fields of studies, exploring them theoretically. Besides, the article presents Agroecology as an inter-sectoral strategy of health promotion, sustainability and food safety.Keywords: Health Promotion; Agroecology; Sustai-nability; Intersectorality.

    IntroduoO movimento de Promoo da Sade teve incio no Canad, na dcada de 1970, quando o Ministro da Sade canadense Marc Lalonde estimulou a identifi-cao e anlise das principais causas determinantes da morbidade e mortalidade no pas e como tais causas influenciavam a sade da populao.

    O iderio de Promoo da Sade, compreendi-do por Pelicioni (2005) como um novo paradigma da Sade Pblica, percebido como um processo orientado por uma viso de sade que considera as diversas causas do binmio sade-doena a partir de valores ticos de democratizao, estmulo partici-pao popular, equidade, s prticas intersetoriais e promoo da sustentabilidade. Nesse contexto, a sade percebida como produto de um amplo es-pectro de fatores ambiental, fsico, social, poltico, econmico e cultural relacionados com a qualidade de vida. Alm de partir de uma ampla concepo do processo sade-doena e de seus determinantes, o campo de Promoo da Sade prope a articulao de saberes tcnicos e populares e a mobilizao de recursos institucionais e comunitrios, pblicos e privados, para seu enfrentamento e resoluo (Whestphal, 2006; Pelicioni, 2005).

    Assim sendo, a Promoo da Sade trabalha com a ideia de responsabilizao mltipla, seja pelos problemas, seja pelas solues propostas para eles, combinando aes do Estado (polticas pblicas saudveis); da comunidade (reforo da ao comu-nitria); de indivduos (desenvolvimento de habili-dades pessoais); do sistema de sade (reorientao do sistema de sade); e de parcerias intersetoriais (Buss, 2000, p. 165).

    Naido e Wills, citados por Westphal (2006), clas-sificaram em cinco grupos as diferentes iniciativas de Promoo da Sade realizadas at o momento: biomdicas caracterizadas por uma definio de sade como ausncia de doena e centradas na cura e reabilitao; comportamentais voltadas aos estilos de vida individuais; educacionais tambm voltadas ao estilo de vida, porm na perspectiva do empowerment2 individual; o empowerment coletivo

    2 Consideramos aqui a definio de Amartya Sen (2002) para empowerment como: a ampliao das possibilidades de controle, por um sujeito ou uma populao, dos aspectos significativos relacionados sua prpria existncia.

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  • associado ao desenvolvimento comunitrio local, baseado no estmulo participao social de todos os envolvidos no problema;) para a transformao social centrado no conceito de democracia par-ticipativa, ou seja, a construo participativa de polticas pblicas saudveis, orientadas pelo prin-cipio da equidade, que orienta para a mudana das relaes de poder e aes sobre os determinantes sociais da sade.

    Nesse artigo destacamos duas diretrizes da Pro-moo da Sade o estmulo intersetorialidade e a promoo da sustentabilidade que sero aqui discutidas a partir da perspectiva da Agroecologia como um campo de estudos que reverbera com as premissas da Promoo da Sade.

    Para Mendes e Akerman (2007), a interseto-rialidade apresenta no campo do fazer os mesmos desafios que a interdisciplinaridade tem no campo do saber. Mais do que um princpio da Promoo da Sade, essa uma prtica a ser estabelecida em territrios especficos.

    O conceito de intersetorialidade foi bem foi defi-nido por Feuerwerker e Costa (2000 apud Mendes; Akerman, 2007, p. 94) como:

    ... articulao entre sujeitos de setores sociais di-versos e, portanto, de saberes, poderes e vontades diversos, para enfrentar problemas complexos. uma nova forma de trabalhar, de governar e de construir polticas pblicas que pretende possibilitar a superao da fragmentao dos conhecimentos e das estruturas sociais para produzir efeitos mais significativos na sade da populao.

    Em 2006, foi implantada no Brasil a Poltica Nacional de Promoo da Sade que, apesar da ambi-guidade de suas aes, ratifica o compromisso com a ampliao das propostas para a promoo da sade nos servios e na gesto do Sistema nico de Sade (SUS). Entre seus objetivos, est o de promover a sustentabilidade. Para Westphal e Ziglio (1999), tal princpio leva a iniciativas que estejam em acordo com o desenvolvimento sustentvel e que garantam o estabelecimento de processos de transformaes coletivas estveis e duradouras, com impacto de mdio e longo prazos.

    A ideia de desenvolvimento sustentvel foi

    construda a partir de distintas perspectivas, em contraponto viso tradicional de desenvolvimento, herdada do sculo 19, que privilegia o crescimento econmico e a industrializao como sinnimos de desenvolvimento, desconsiderando o carter finito dos recursos naturais e a excluso social. Assim sendo, o desenvolvimento sustentvel resgata as premissas de equidade social; de distribuio de riquezas; do fim da explorao dos seres humanos; da eliminao das discriminaes de gnero, raa, gerao ou qualquer outra; da garantia de direitos a vida, felicidade, sade, educao, moradia, cultura, emprego e envelhecimento com dignidade; da demo-cracia plena, alm da responsabilidade ecolgica e da participao cidad como partes indissociveis do desenvolvimento (Azevedo e Rigon, 2010).

    A noo de sustentabilidade foi pela primeira vez introduzida numa discusso de carter ambiental, em 1983, realizada em Nairbi e organizada pela ONU para estudar a relao entre desenvolvimento e meio ambiente e criar uma nova perspectiva para abordar estas questes. A Comisso sobre Meio Am-biente e o Desenvolvimento (UNCED) produziu nesse evento um documento chamado de Nosso Futuro Comum ou Relatrio Brundtland, em referncia presidente da Comisso, a ento primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Esse relatrio veio a pblico em 1987 e definiu o desenvolvimento sustentvel como um novo caminho de progresso social, ambiental e econmico que procura atender as aspiraes do presente sem comprometer a pos-sibilidade de atend-las no futuro (ONU, 1991).

    Desde essa poca o conceito de sustentabilidade vem sendo abordado sob diversas perspectivas e recebendo contribuies para sua construo. Um exemplo de tal construo pode ser explorado na tica da Agroecologia e do sistema agroalimentar, a partir da discusso que envolve a Promoo da Sade.

    Relacionar sade e sistema agroalimentar ainda tem sido um desafio acadmico. Mesmo com o for-talecimento dos movimentos da Reforma Sanitria Brasileira, na dcada de 1970, e de Promoo de Sade, na dcada de 1980, que resgataram a essen-cialidade dos diferentes determinantes e condicio-nantes do processo sade-doena, as repercusses socioambientais do padro produtivo dominante

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  • no ganharam a devida importncia na rea da sade. Isso se torna mais instigante se pensarmos que o Brasil ainda um pas com perfil fortemente agrcola e que grande parte da populao urbana tem vnculos com o meio rural (especialmente aquela mais vulnervel socialmente e foco de diferentes programas na rea de Sade Pblica). Ou seja, as intervenes da Sade Pblica parecem ter sido, essencialmente, encontrar solues para muitas mazelas urbanas que se originaram no meio rural.

    Grandes mudanas internas nas prticas agrco-las e na sociedade rural, ocorridas entre o final do sculo 18 e o incio do sculo 19, levaram intensi-ficao da produo de alimentos para dar suporte crescente populao urbana que apoiava a Revoluo Industrial. Tais mudanas no padro produtivo afe-taram de imediato a qualidade de vida da populao, de modo que Virchow (apud McNeely, 2002) j sina-lizava, em 1848, a necessidade de reforma agrria, o fortalecimento de cooperativas e o desenvolvimento rural como prticas que interferiam diretamente na melhoria da sade da populao. Na verdade, esse foi o momento em que se configurou o nascimento da Medicina Social na Europa.

    O sistema agroalimentar moderno baseou-se nos avanos tecnolgicos e nas descobertas cien-tficas da agricultura e da pecuria (como o uso de fertilizantes sintticos, agrotxicos e drogas veterinrias; o melhoramento gentico, o confina-mento animal; a mecanizao); na grande escala de produo (local e global); na industrializao; na oferta de alimentos desconectada da sazonalidade; na distribuio e comercializao em grandes redes varejistas; na escolha disponvel a todos que podem arcar com os preos dos alimentos; nas desigual-dades nutricionais entre e dentro das sociedades; e nas repercusses socioambientais vinculadas ao modelo produtivo (Beardsworth e Keil, 1997). Mais recentemente, surgem novas biotecnologias vinculadas ao sistema agroalimentar, a partir do desenvolvimento das sementes transgnicas e dos alimentos produzidos pela nanotecnologia. Esse sistema agroalimentar, ao priorizar elevados ganhos

    de produtividade, gerou repercusses que podem ser agrupadas em trs dimenses: econmica, social e ambiental (Lamarche, 1993).

    Na dimenso econmica, pois um padro dispendioso que focou no aumento da eficincia tecnolgica e comercial, produzindo os efeitos da superproduo, com consequncias sobre o dinamis-mo da atividade produtiva. Tal dimenso se entrelaa com a social, uma vez que a modernizao no meio rural no se ajustou s condies da agricultura familiar, reduziu a necessidade da fora de trabalho e, consequentemente, excluiu o agricultor familiar do processo produtivo, tornando-se incremento de desigualdades sociais e pobreza nos meios urbano e rural.

    Na dimenso ambiental, o alto consumo de energia exigido pelo padro e o uso excessivo e indiscriminado dos insumos qumicos de origem in-dustrial provocam eroso, desmatamento, poluio das guas, solos, alimentos e ar e perda da biodiver-sidade aumentando o risco de desgaste de recursos naturais. Segundo a Agncia Brasileira de Notcias3, o Brasil hoje o maior produtor de agrotxicos, com aumento de 127% entre os anos de 2003 e 2008.

    O sistema agroalimentar vem se constituindo em um dos maiores fatores de desequilbrio ambiental, e a discusso que permeia a sade e o meio ambiente deve considerar esse fato, ampliando as discusses relacionadas ao uso funcional de agrotxicos. Isso porque a agropecuria tem provocado outros danos ambientais. De acordo com o censo agropecurio mencionado, desde 1995 houve uma reduo de 12,1 milhes de hectares (-11%) nas reas com matas e flo-restas contidas em estabelecimentos agropecurios em todo o Brasil. No que diz respeito influncia do sistema produtivo moderno sobre as mudanas climticas, dados fornecidos pelo relatrio do Pai-nel Intergovernamental sobre Mudana do Clima demonstram que o dixido de carbono, resultante da queima de combustveis e das mudanas no uso da terra como queimadas, contribui atualmente com 55% dos gases do efeito estufa; o gs metano, 20 vezes mais potente que o CO

    2, proveniente do

    3 Informao disponvel no site: . Acesso em: 5 nov. 2009.

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  • confinamento animal, tambm aparece como efeito causal, e o xido nitroso, 300 vezes mais potente que o CO

    2, resultante do uso de fertilizantes e queima-

    das da agricultura, contribui com 6% das emisses (IPCC, 2009). A ltima Conferncia Internacional de Promoo da Sade, realizada em 2009, em Nairbi, destacou a temtica do aquecimento global como um desafio. Tal temtica se insere na discusso sobre a diplomacia da sade, conceito que surge para tratar dos fatores da sade que transcendem as fron-teiras nacionais e expem os pases s influncias globais (Buss e Ferreira, 2010).

    Voltando s repercusses do padro moderno de produo de alimentos, destacamos que a sade pblica tambm sofreu os efeitos da adoo desse padro. Dados da rea de sade pblica mostram que a populao do continente americano vive uma epidemia crescente de doenas no transmissveis. Por outro lado, doenas transmissveis consideradas extintas, como a malria, a tuberculose, as infeces respiratrias e as diarreias, ainda matam (Alleyne, 2001). Essas doenas concentram-se especialmente entre a populao socialmente vulnervel, faixa que o padro tcnico moderno de produo de alimentos contribuiu significativamente para formar. O mundo ainda sofre com os problemas da desigualdade social e, consequentemente, com os riscos relacionados falta de alimentos. Outros riscos sobre a sade hu-mana so democrticos e atingem todas as classes sociais. So riscos relacionados contaminao das guas e do solo, alm da modificao da qualidade dos alimentos consumidos, questionada no que diz respeito sua toxicidade, devido presena de con-taminantes qumicos utilizados na sua produo.

    Existem estudos compilados na reviso de Siqueira e Kruse (2008) que sinalizam riscos de agrotxicos sobre a sade humana, na forma de alguns tipos de cncer (como os de mama, testcu-lo, prstata e ovrio), infertilidade e m formao congnita. Outras repercusses incluem sintomas respiratrios (Faria e col., 2005), Mal de Parkinson (Elbaz e col., 2009; Ascherio e col., 2006) e depresso (Beseler e col., 2006). A grande maioria dos estudos das repercusses de contaminantes qumicos da agricultura sobre a sade concentra-se nos agro-txicos, mas apresentamos a seguir repercusses sobre a sade de outros contaminantes explorados

    em estudos cientficos. Com relao ao consumo de nitratos provenien-

    tes de adubos nitrogenados, sabe-se que eles so transformados pelo cido clordrico em nitritos, de potencial ao carcinognica. Existem muitos estu-dos das dcadas de 1990 e incio de 2000, citados por Powlson e colaboradores (2008), que mostram uma associao positiva entre nitrato e linfomas de Non-Hodgkin, cncer de bexiga, ovrio, tero e colorretal e um tipo de anemia em bebs, a metaemoglobine-mia. Entretanto, os mesmos autores relatam que h estudos que mostram efeitos benficos dos nitratos em gastroenterites e doenas cardiovasculares. Tais controvrsias sugerem a necessidade de estudos urgentes que esclaream tais repercusses.

    Na rea de aditivos sintticos, Polnio e Peres (2009) ressaltam a carncia de pesquisas sobre o tema, mas compilam alguns estudos de diferentes tipos de aditivos que podem trazer riscos sade, em particular sade infantil. Na reviso desses autores, o nmero de estudos foi maior e os resul-tados mais consistentes quanto s manifestaes clnicas de rinite, urticria, angioedema, asma e alergias provocadas pelos aditivos, em particular pelos corantes artificiais.

    A produo animal tambm se utiliza de conta-minantes que podem trazer repercusses sobre a sade humana. O uso indiscriminado dos antibi-ticos nas raes pode intervir no desenvolvimento de populaes bacterianas resistentes, afetando a sade humana. Tais consequncias incluem infec-es que no ocorreriam sem o consumo regular de antibiticos nos alimentos contaminados, falha no tratamento com antibiticos e aumento na severida-de dos casos de infeco (FAO e col., 2003).

    Outras drogas veterinrias, encontradas como resduos no leite bovino, os piretroides, foram obje-to de estudo de Vassilief (2000), que descreveu sua ao neurotxica (especialmente hiperatividade) em crianas que consomem tal alimento.

    No que diz respeito aos alimentos transgnicos, os riscos sade humana esto relacionados a dois tipos de incertezas: a primeira vinculada aos tipos e circunstncias que promovem a absoro e a instalao e persistncia do DNA exgeno no trato gastrointestinal dos mamferos, podendo conduzir ao desenvolvimento de condies para aquisio

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  • de doenas crnicas (Smith, 2009). A segunda ca-Smith, 2009). A segunda ca-A segunda ca-tegoria de riscos aquela que pode vir da produo de ameaas potenciais, tais como os alergnicos, j experenciadas por consumidores que utilizaram o suplememto alimentar transgnico L- triptofano e o milho StarLink com o gene contendo a toxina Bt (Traavik e Heinemann, 2007; Bucchini e Goldman, 2002).

    Ressaltamos que o escasso nmero de estudos sobre o tema dos transgnicos evidencia a polmica sobre a adoo e a liberao dessa biotecnologia, bem como a incerteza de seus efeitos sobre a sade humana e ambiental e a ausncia de dados experi-mentais. Tal fato destaca uma questo importante que diz respeito imprudncia da Comisso Bra-sileira de Biossegurana (CNTBio)4, que liberou alimentos transgnicos sem consenso cientifico (como a Soja Bt) e outros no comprovadamente seguros, como os trs tipos de milho transgnico, o milho Liberty Link; o milho Guardian e o milho Bt1, os quais no apresentam nenhum estudo so-bre segurana alimentar e riscos sade humana e ao meio ambiente nos ecossistemas brasileiros, contrariando as normas mais elementares de bios-segurana (Camara e col., 2009).

    E, por fim, apresentamos as repercusses sobre a dimenso cultural. O padro tcnico moderno permitiu uma mudana na agricultura, inserida no contexto urbano-industrial prprio da modernidade, que enfatiza, alm da produtividade, tendncias de uniformizao dos modos de vida rural e urbano. Essas tendncias incentivaram mudanas no modo de viver do agricultor familiar e contriburam para minar a importncia da manuteno da sua raciona-lidade e de sua identidade cultural. O conhecimento agrcola tradicional, bem como os hbitos de vida relacionados manuteno da cultura de cada re-gio, foram desvalorizados. O sistema de produo de alimentos e os hbitos alimentares culturalmente diferenciados foram substitudos por alimentos produzidos sob a tica da predominncia econmica, tecnolgica e cultural ocidental (Wilkinson, 2002).

    Ao analisar essas dimenses vislumbram-se as mudanas no modo de viver dos agricultores que alteraram negativamente sua sade e qualidade de vida. Muitas dessas mudanas so tambm exten-sivas aos moradores do meio urbano ou interferem diretamente sobre eles. Pensar a produo de ali-mentos dentro do padro tcnico moderno como propulsora de modificaes na sade e qualidade de vida torna-se importante considerando que ela a principal atividade produtiva do meio rural, relacionada a vrias esferas da vida humana. Essa atividade, vinculada a agricultores familiares, o objeto de estudo da Agroecologia.

    A AgroecologiaA Agroecologia caracteriza-se como um movimento sociopoltico de fortalecimento do agricultor em busca de sua identidade e razes culturais e, princi-palmente, de sua autonomia, poder de deciso e par-ticipao ativa no processo produtivo, favorecendo o local como foco de ao.

    A Agroecologia, mais do que tratar do manejo ecologicamente responsvel dos recursos, constitui-se em um campo do conhecimento cientfico que pretende estudar a atividade agrria, partindo de um enfoque holstico e de uma abordagem sistmica (Caporal e col., 2009).

    Tal iderio se ajusta s questes sociais que permeiam a realidade rural brasileira; enquanto a Agricultura Orgnica considerada um sistema produtivo que trabalha com diferentes segmentos sociais, a Agroecologia tem a agricultura familiar como foco de seu campo de estudos e clama para ser compreendida no apenas como um sistema produtivo, mas como uma nova cincia em constru-o. Entretanto, quando se aborda especificamente o padro produtivo assumido pela Agroecologia, reporta-se ao termo Agricultura Ecolgica e os alimentos produzidos nesse padro so chamados de alimentos ecolgicos. Esclarecemos que no Brasil existem diversos sistemas produtivos que

    4 A Lei de Biossegurana sancionada no Congresso Nacional Brasileiro, estabelece normas de segurana e mecanismos de fiscalizao de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados e seus derivados; cria o Conselho Nacional de Biossegurana CNBS; reestrutura a Comisso Tcnica Nacional de Biossegurana CTNBio; e dispe sobre a Poltica Nacional de Biossegurana PNB (Brasil, 2005).

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  • trabalham sob a tica da conservao ambiental e da produo de alimentos isentos de contaminantes qumicos. Entre eles, citamos a Agricultura Orgni-ca, a Biodinmica, a Natural, a Biolgica, a prtica da Permacultura, entre outras que, junto com a Agro-ecologia, esto subordinadas ao nome comum de Agricultura Orgnica, a partir da legislao de 2007 (Brasil, 2007). Sem desconsiderar as diferenas en-tre tais correntes, nesse artigo, os termos alimentos orgnico e ecolgico sero usados ocasionalmente como sinnimos.

    Para Caporal e Costabeber (2004, p. 11), a Agro-ecologia entendida como um enfoque cientfico destinado a apoiar a transio dos atuais modelos de desenvolvimento rural e de agricultura convencio-nais para estilos de desenvolvimento rural e de agri-culturas sustentveis. Para esses autores, essa nova cincia deve atender requisitos sociais, considerar aspectos culturais, preservar recursos ambientais, considerar a incluso poltica e o empowerment dos seus atores, por meio de uma ao social coletiva, de carter participativo. Sua prtica leva obteno de resultados econmicos favorveis ao conjunto da sociedade, com uma perspectiva temporal de longo prazo, ou seja, uma agricultura sustentvel. Assim sendo, a proposta da Agroecologia vinculada a um marco poltico/ideolgico estabelecido pela tica.

    Alm disso, a Agroecologia sustenta o conceito de Segurana Alimentar e Nutricional (SAN) referenda-do no Brasil pelo Conselho Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional (CONSEA), que o define como a realizao do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base prticas promotoras de sade, que respeitem a di-versidade cultural e que sejam social, econmica e ambientalmente sustentveis. Entre as diretrizes da SAN aparece a conservao da biodiversidade e a utilizao sustentvel dos recursos no processo de produo de alimentos, a promoo da agricultura familiar e das prticas de Agroecologia (CONSEA, 2007).

    O modo de produzir conhecimento na Agroecolo-gia pode ser compreendido na perspectiva de Paulo Freire e tambm no mbito da Educao em Sade apresentado por Pelicioni e colaboradores (2008).

    Tal perspectiva definida por Caporal e colabora-dores (2009, p. 6) da seguinte forma:

    A Agroecologia no oferece uma teoria sobre desenvolvimento rural, sobre metodologias participativas e, tampouco, sobre mtodos para a construo e validao do conhecimento tcni-co. Mas essa cincia busca, principalmente, nos conhecimentos e experincias j acumuladas ou atravs da Aprendizagem e Ao Participa-tiva [...].

    Uma afirmao comum entre os opositores da Agroecologia e das diferentes formas de agricul-turas sustentveis a de que, em tais sistemas, impossvel produzir alimentos em quantidade suficiente para alimentar a humanidade. Autores como Pimentel e colaboradores (2005), em estudo de reviso comparando sistemas orgnicos e conven-cionais, discordaram de tal afirmao e concluram que a produo orgnica, em base por hectare, pode se igualar convencional na grande maioria dos cultivos avaliados. Esse artigo no vai debater essa questo, mas importante ressaltar aqui que a alta produtividade dos sistemas convencionais s foi possvel graas a srias interferncias na fertilidade do solo, nas florestas, na qualidade do ar e das guas e na prpria vida. Os resultados de grandes safras comemorados anualmente tm sentido somente dentro de uma viso de desenvolvimento economi-cista, de curto prazo, que no considera a finitude dos combustveis fsseis e dos recursos naturais e promove as desigualdades e iniquidades sociais. Alm disso, o perfil de distribuio dessas grandes safras no sofre mudana; sendo assim, tal aumen-to no contribui para amenizar a problemtica da falta de acesso aos alimentos que tem complexas implicaes polticas e sociais.

    Diferentes contaminantes so relacionados a diversas enfermidades e disfunes, como j mos-trado. Entretanto, so praticamente inexistentes estudos recentes que exploram a relao consumo de alimentos ecolgicos ou orgnicos e sade. Tal dificuldade esperada nesse tipo de pesquisa, uma vez que os estudos populacionais que compararam as condies de sade das pessoas apresentaram grande nmero de variveis. Assim sendo, a pos-sibilidade de confundir a questo dieta saudvel

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  • (a base de alimentos ecolgicos ou orgnicos) com outros fatores relacionados a estilos de vida saud-veis so grandes. De forma geral, Azevedo (2006) afirma que tais alimentos so mais saudveis, pois alm de terem valor nutricional equilibrado, maior durabilidade e melhores caracteristicas sensoriais, tm menor toxicidade.

    A II Conferncia Internacional de Promoo da Sade, em Adelaide, enfatizou a alimentao saudvel como um elemento central para prevenir doenas (Brasil, 1998). Todos os programas atuais de preveno de doenas incluem a nutrio equilibra-da como prtica saudvel essencial. Se a perspectiva socioambiental da Agroecologia e a necessidade de considerar a iseno de contaminantes qumicos (alm dos biolgicos) forem inseridas no conceito de alimento saudvel, no h dvida de que tais pro-dutos so efetivamente capazes de promover sade e qualidade de vida no mais ampliado aspecto que esses termos abrangem.

    Entretanto, existe outra dimenso da relao Agroecologia e sade com base na perspectiva ambiental, muitas vezes desconsiderada quando se aborda sade. Desde a Terceira Conferncia In-ternacional sobre Promoo da Sade realizada na Sucia, em 1991, as reas de sade e meio ambiente tm sido consideradas inseparveis e interdepen-dentes (OPAS, 1991). Sabemos que o equilbrio do ambiente est intrinsecamente ligado ao conceito de sade humana, e a Agroecologia pode tornar-se instrumento na promoo da sade ambiental. A adoo de prticas orgnicas na produo de ali-mentos prev consequncias ambientais positivas, como o aumento da fertilidade do solo, a promoo da qualidade de vida dos animais e seres humanos vivendo num ambiente isento de substncias txi-cas, a manuteno da diversidade biolgica da flora e da fauna e o incremento da qualidade das guas, do solo e do ar.

    Tambm no mbito de promoo da sade so-cial e da sustentabilidade, a Agroecologia tem se apresentado como uma possibilidade concreta. Alguns estudos abaixo demonstram a relao entre as prticas da Agroecologia, a promoo da sade socioambiental e da sustentabilidade em seus dife-rentes nveis.

    A tese de Siliprandi (2009) analisou as prticas

    sociais de participao e militncia de um grupo de novos sujeitos polticos, as mulheres agricultoras, vinculadas Articulao Nacional de Agroecologia (ANA) no Brasil. O estudo mostra a capacidade dessas mulheres de promover a transformao do sistema produtivo no qual elas se inserem, a luta por seu direito de serem sujeitos plenos de suas vidas e a capacidade de transformao das injusti-as a que so submetidas no meio rural (Siliprandi, 2009, p. 135).

    Autores como Azevedo (2004), Rigon (2005) e Navolar (2007) tm explorado em seus trabalhos a relao entre a Agroecologia e a Agricultura Familiar Orgnica e a perspectiva da promoo da sade e da qualidade de vida dos produtores de alimentos produzidos de forma sustentvel.

    Sodre e colaboradores (2008) e Rosario (2006) mostraram alternativas socioeconmicas viveis com base na aquicultura e na apicultura de base familiar. No primeiro estudo, a aquicultura com base familiar se apresenta como tecnologia de baixo impacto ambiental, como fonte de renda e empre-go e fortalecimento de relaes familiares para segmentos da sociedade marginalizados (no caso, os pescadores tradicionais das diferentes regies brasileiras citadas no estudo). Em sua pesquisa, Rosario (2006) sinalizou a viabilidade econmica, a promoo da participao popular e o fortalecimento das comunidades envolvidas na produo de mel no Arquiplago do Bailique, no delta do Rio Amazonas, estado do Amap. Tambm no que diz respeito aos agricultores familiares, o trabalho de Andrade e colaboradores (2009) comprovou a existncia do potencial econmico da agroindstria familiar na Serra da Baixa Verde, PE, a partir da atuao e do apoio da Associao de Desenvolvimento Sustent-vel da Serra da Baixa Verde (ADESSU Baixa Verde). O estudo ressaltou tambm o potencial de fixao dos agricultores nas atividades agrcolas, reduzindo a pluriatividade e promovendo a qualidade de vida para seus familiares.

    Nicola e Diesel (2006) demonstraram avano em diferentes elementos do capital social a partir da implantao do Projeto rea Piloto, que vem estimu-lando a participao, o fomento democracia e o de-senvolvimento sustentvel na comunidade de Carro Quebrado, municpio de Pinheiro Machado, RS.

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  • O objetivo do estudo de Loss e Foeger (2009) foi o de identificar os benefcios e desafios da Agricultura Orgnica em propriedades rurais de Santa Teresa, ES. As entrevistas com os produtores rurais familia-res mostraram um aumento do retorno financeiro e melhoria da qualidade de vida, alm da queixa, por parte dos agricultores, de falta de interao com a sociedade civil organizada para fortalecimento da proposta.

    Oliveira e colaboradores (2006) compilaram resultados positivos no processo de implantao de um sistema de avicultura com baixo impacto ambiental em propriedades de famlias com alto risco social na localidade de Lagoa de Cima, RJ, evidenciando tal proposta como instrumento de erradicao do trabalho infantil e fortalecimento do agroecoturismo local.

    Carvalho (2006) relatou a experincia desen-volvida na Associao de Pequenos Produtores de Alimentos da Nascente do Rio Almada, na Bahia. Por meio de um Projeto de Manejo Integrado e de estmulo participao comunitria, a associao implantou propostas de conservao ambiental, intervenes no saneamento bsico e na dimenso de gerao de renda (por meio da apicultura). Tais iniciativas transformaram-se em impactos favor-veis sobre a qualidade de vida da comunidade e a conservao de recursos naturais da microbacia hidrogrfica da nascente do rio mencionado.

    Estudo de Annoni e colaboradores (2006) diag-nosticou os potenciais do desenvolvimento rural sustentvel com base na Agroecologia e na prtica do turismo rural. Os autores evidenciaram estrat-gias de ao inovadoras baseadas na valorizao do espao rural em termos sociais, ambientais, econmicos e culturais nas regies do Vale do Rio dos Sinos e do Paranhana e nas Encostas da Serra do Rio Grande do Sul.

    Lima e Cunha (2006) pesquisaram um importan-te aspecto para o desenvolvimento sustentvel e para a Promoo da Sade, o de valorizao da cultura local, durante implantao do programa RS Rural, no municpio de Santana da Boa Vista, RS. O Programa executou diferentes aes, que envolveram diversos agentes sociais, os quais, de forma participativa, colocaram em prtica vrias iniciativas voltadas melhoria das condies sociais da comunidade

    e ao resgate da cultura local. Entre essas aes ressaltam-se o fomento ao retorno de atividades agrcolas abandonadas, a volta da operao de en-genho artesanal (e a consequente independncia, estmulo ao autoabastecimento e melhoria de renda dessas famlias) e a promoo de feiras de trocas de sementes crioulas. Dessa forma, o Projeto contribuiu para a permanncia dos sujeitos nos seus espaos de origem e para a recuperao da autoestima daquele grupo de agricultores familiares.

    A prtica da economia solidria na perspectiva do desenvolvimento sustentvel foi objeto de estu-do de Jesus e Jesus (2006). As autoras estudaram a Associao de Desenvolvimento Comunitrio dos Trabalhadores Rurais do Paran da Eva, ASCOPE, e mostraram a eficcia das aes realizadas dentro de um modelo de gesto autossustentvel no meio rural amaznico.

    Vargas e Spolidoro (2006) pesquisaram a inser-o recente de um ator no espao rural na regio ser-rana fluminense, os chamados neorrurais, capazes de promover qualidade de vida e desenvolvimento sustentvel a partir do pluriativismo agrcola, do turismo rural, do associativismo, da conscientiza-o ambiental e cidad e da divulgao de conceitos agroecolgicos.

    Pedroso e Silva (2006) apresentaram iniciativas voltadas conservao ambiental, ao desenvolvi-mento econmico e melhoria da qualidade de vida no Quilombo de Ivaporunduva, no Vale do Ribeira (SP), realizadas por meio de uma parceria entre o Instituto Socioambiental e a Associao Quilom-bo de Ivaporunduva. Os resultados obtidos at o momento indicam favoravelmente a viabilidade da proposta bem como a necessidade de multiplicao de iniciativas que foquem na noo de desenvol-vimento rural sustentvel nessa regio de grande vulnerabilidade social.

    Snchez (2006) analisou as condies em que se desenvolviam as atividades pro du tivas em unidades de produo agrcola de cinco municpios do Estado do Rio Grande do Sul, nas quais seus atores sociais buscaram a sustentabilidade dos agroecossistemas por meio de estratgias e prticas agroecolgicas. O estudo constatou que 65% das unidades de produo pesquisadas apresentavam viabilidade econmica e ecolgica.

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  • Estudo na ilha dos Marinheiros, municpio de Rio Grande, RS, mostrou resultados positivos dos pontos de vista tcnico, econmico, ambiental e social a partir da implantao de um projeto de horticultura orgnica na regio (Reichert e Timm, 2006).

    Valarini e colaboradores (2007) demonstraram o desempenho ambiental positivo das Agriculturas Orgnica e Ecolgica ao evidenciar indicadores favorveis da horticultura no sentido de ampliar as vantagens que tal atividade pode trazer em ter-mos de contribuio para o desenvolvimento local sustentvel.

    Fora do pas, estudo de Stolz e colaboradores (2000), que pesquisaram os impactos ambientais da Agricultura Orgnica na Europa, quando com-parados aos causados pelas propriedades com agricultura convencional, destacou aspectos que repercutem sobre o equilbrio do meio ambiente e que tendem a influenciar positivamente a sade p-blica: (1) o equilbrio do ecossistema: com aumento da biodiversidade na flora e fauna e conservao da paisagem e da vida selvagem; (2) a qualidade do solo e a conservao da sua fertilidade e a estabilidade do sistema, alm de maior controle de eroso; (3) a qualidade das guas superficiais e profundas, resul-tando em baixas taxas de nitrato (quando aplicadas tcnicas adequadas na Agricultura Orgnica), e a ausncia de poluio por agrotxicos; (4) o equilbrio do clima e da qualidade do ar, resultando em menor emisso por hectare de N

    2O, NH

    3 e CH

    4.

    Outras pesquisas europeias demonstram tam-bm menor gasto de energia para a produo de alimentos orgnicos de origem animal e vegetal, situao que contribui para a reduo na emisso de gases que causam o efeito estufa e o aquecimento global (Grnroos e col., 2006; Gndogmus e Bayra-moglu, 2006; Van Der Werf e col., 2007).

    Zhu e colaboradores (2000) demonstram que pro-dutores chineses de arroz duplicaram suas colheitas quando assumiram a diversidade das variedades tradicionais do cereal em vez da monocultura ali estabelecida. Tal prtica agroecolgica evita as pragas que atacam a monocultura e contribui para diminuir o uso de fungicidas, barateando o custo de produo.

    Em estudo realizado na Etipia, Pretty (2000) mostrou que 12.500 agricultores familiares que

    viviam de ajuda internacional passaram a adotar mtodos de agricultura sustentvel e tiveram um incremento de 60% em suas colheitas. Alm de pro-duzir para autoconsumo, o excedente da produo passou a ser vendido no mercado local, aumentando a qualidade de vida e a renda dessas populaes.

    Mder e colaboradores (2002) compararam sis-temas orgnicos e convencionais durante 21 anos e concluram que o sistema orgnico utiliza 50% me-nos fertilizantes e energia e 97% menos agrotxicos. Os autores concluem que mesmo que a renda total da produo orgnica seja menor, a renda lquida significativamente superior.

    Outro exemplo a ser considerado a ilha de Cuba que, em 1989, foi duramente atingida pelo colapso da Unio Sovitica. Milhes de espaos urbanos se transformaram em hortas e, em 1998, mais de 8.000 fazendas urbanas eram cultivadas por 30.000 pessoas. A alimentao era produzida sem insumos sintticos, e o ataque de pragas agrcolas diminuiu significativamente por meio da utilizao de mto-dos de agricultura sustentvel. Segundo Murphy (1999), a segurana alimentar em Cuba melhorou consideravelmente depois dessa crise.

    Por fim, so poucos os estudos que exploram a re-lao consumo de orgnicos e preveno de doenas ou disfunes. Essa lacuna sinaliza a necessidade de novos estudos sobre o tema. Pesquisas de Curl e colaboradores (2003) e Lu e colaboradores (2006) demonstraram que uma dieta base de alimentos orgnicos pode diminuir a exposio de crianas aos pesticidas. Foram encontradas somente duas pesquisas da dcada de 1990 que mostraram que a alimentao orgnica tem um efeito positivo no quesito fertilidade; uma vez que muitos pesticidas so disrruptores endcrinos, uma dieta isenta de agrotxicos tende a afetar a fertilidade masculina (Abell e col., 1994; Jensen e col., 1996).

    Diante desses estudos, podemos perceber o po-tencial da Agroecologia e da Agricultura Familiar em oferecer estratgias produtivas sustentveis, minimizar a fome e a misria e promover a soberania e a segurana alimentar e nutricional da populao. A proposta tambm uma forma de fomentar a dig-nidade social dos agricultores e diminuir os riscos ambientais relacionados produo de alimentos.

    O fato de todos os estudos terem sido realizados

    724 Sade Soc. So Paulo, v.20, n.3, p.715-729, 2011

  • em propriedades familiares, de pequeno porte, enfatiza ainda mais a distncia que as grandes pro-priedades agrcolas e o agronegcio vm tomando das noes de sustentabilidade e de Promoo da Sade.

    Consideraes FinaisDiferentes caractersticas e indicadores de Pro-moo da Sade podem ser reconhecidos a partir desse artigo.

    Primeiramente, ressaltamos a importncia de considerar prticas intersetoriais para promover a sade e o desenvolvimento sustentvel. Visto que atualmente os campos da agricultura e do desen-volvimento rural no tm aparecido vinculados ao iderio de Promoo da Sade, considerar essas aes como estratgias que repercutem na melho-ria da sade exige uma reavaliao do que tem sido proposto at o momento na Poltica Nacional de Promoo de Sade. O meio rural pode se tornar o espao no qual os especialistas da rea da sade podero vir a trabalhar com outros profissionais, como extensionistas e economistas rurais, agrno-mos, veterinrios, bilogos, socilogos e tambm os agricultores. Dessa forma, ser possvel alcanar os grandes objetivos da Promoo da Sade e melhorar as condies locais de vida.

    Consideramos como essenciais nos estudos mostrados o envolvimento de Associaes de Agri-cultura e Desenvolvimento Sustentvel, apoiando as propostas de promoo de sade a nvel local. Nesse mbito tambm se destaca a importncia da organizao social e o papel do trabalho associativo e cooperativo, com vistas ao incentivo democracia participativa e ao fomento do processo de empower-ment coletivo. A partir das questes que envolvem o local (meio rural) importante pensar nos agricul-tores como agentes culturais de revitalizao desse meio, de resgate de prticas agrcolas e de hbitos alimentares tradicionais e de estmulo ao processo de territorializao, essencial nas discusses sobre Promoo de Sade, sustentabilidade e segurana alimentar.

    Outra questo a se considerar a percepo do meio rural como espao de preveno de doenas e de promoo de estilos de vida saudveis: espao

    com potencial para produzir alimentos de qualidade, limpos e saudveis e local propcio para realizao de atividades laborais no sedentrias (como no caso das atividades agrcolas). O tema direciona tambm para a problemtica da contaminao qumica dos alimentos cujos efeitos podem ser minimizados com a adoo da agricultura orgnica e ecolgica.

    A proposta de perceber a agricultura e o sistema agroalimentar como estratgias de promoo da sade ambiental deve ser tambm considerada, uma vez que o padro agropecurio moderno um dos elementos de maior interferncia no equilbrio do meio ambiente.

    O artigo permite ainda sinalizar que o descaso com o meio rural como espao de promoo da sa-de tende a repercutir sobre a qualidade de vida das cidades, ou seja, preciso pensar em tal meio como espao legtimo de preveno de diferentes proble-mas sociais que afetam os centros urbanos.

    Por fim, incluindo o mbito econmico e conside-rando o Brasil como um pas de base agrcola, repen-sar o meio rural e a agricultura como atividade pri-mria essencial que repercute nas condies de vida da populao configura-se como estratgia urgente para fortalecer as propostas de segurana alimentar e de promoo da sade e da sustentabilidade.

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    Recebido em: 03/07/2010Aprovado em: 01/03/2011

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