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Analise critica
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CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – CFP
UNIDADE ACADÊMICA DE ENFERMAGEM – UAENF
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
COMPONENTE CURRICULAR: PSICOLOGIA APLICADA A SAÚDE
DOCENTE: SOFIA DIONIZIO
IANE KARINA
KRYS MACIEL
SANANDA MACIEL
TAMIRES VIEIRA
THAIANE OLIVEIRA
THALINE MARQUES
ANÁLISE DO FILME O PRIMEIRO DA CLASSE
CAJAZEIRAS – PB
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IANE KARINA
KRYS MACIEL
SANANDA MACIEL
TAMIRES VIEIRA
THAIANE OLIVEIRA
THALINE MARQUES
ANÁLISE DO FILME O PRIMEIRO DA CLASSE
Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Campina Grande como forma de obtenção da segunda nota para a conclusão da disciplina de Psicologia Aplicada a Saúde.
CAJAZEIRAS - PB
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SUMÁRIO
1 SINOPSE DO FILME..................................................................................................4
2 DISCURSSÃO SOBRE OS ASPECTOS DO FILME..............................................4
2.1 ANÁLISE DO PROCESSO DE ADOECIMENTO..............................................5
2.3 SINTOMAS................................................................................................................7
2.4 TRATAMENTO.......................................................................................................7
3 ANÁLISE DAS REAÇÕES EMOCIONAIS DOS PERSONAGENS DO FILME 8
3.1 ANÁLISE DAS REAÇÕES EMOCIONAIS DO PACIENTE, DA FAMÍLIA...8
3.2 ANÁLISE DA ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE.........................8
REFERÊNCIAS.............................................................................................................16
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1 SINOPSE DO FILME
Em 2008 - O filme (Front of the Class - O líder da Classe ou O Primeiro da
Classe) mostra o preconceito que Brad Cohen (Jimmy Wolk) sofreu por toda a sua vida
por fazer esses "barulhos" estranhos devido a Síndrome de Tourette. As pessoas não
entendiam, achavam que era uma brincadeira de mau gosto e o desprezavam e o
castigavam por isso (inclusive o seu próprio pai o maltratava).
Mas ele não se deixou abater e mostrou que era superior a qualquer tipo de
preconceito e então resolveu dar aulas para crianças, coisa que ele amava e sempre
sonhou em fazer. E se tornou o professor mais amado entre seus alunos. Esse filme
narra a história de vida de Brad Cohen (Jimmy Wolk), que tem Síndrome de Tourette (é
um distúrbio neurológico que faz com que o corpo perca o controle e a pessoa com essa
doença tem tiques nervosos) e mesmo assim ele não deixa que essa deficiência o vença.
Desde os 6 anos, ele tem esses problemas, mas sua mãe sempre o incentivou a
ter uma vida como a de todo mundo, não é por conta do Tourette que ele não podia ter
uma vida comum. Foi um diretor que o fez ser aceito na escola e pela ignorância dos
professores que ele teve na vida, decidiu o ser o professor que ele nunca tinha tido. Ele
adora ensinar o mais importante: que nada nunca o impediu de viver. Baseado em fatos
reais, hoje em dia o verdadeiro Brad é casado com Nancy, fez seu mestrado e faz o que
ele ama fazer: dar aulas. (SANTOS, 2013)
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2 DISCURSSÃO SOBRE OS ASPECTOS DO FILME
2.1 ANÁLISE DO PROCESSO DE ADOECIMENTO
Antes de relatar sobre o processo de adoecimento em si, é importante saber de
alguns conceitos básicos em relação ao processo do adoecer.
Saúde é o completo bem estar biológico, psicológico e social que uma pessoa possa
apresentar, e não podemos defini-la apenas como a ausência de doença. A saúde não é
um estado constante, visto que durante o decorrer de toda nossa vida passamos por
“oscilações” entre saúde e doença. Nós somos os principais responsáveis pela
manutenção deste estado de saúde. (OLIVEIRA, Nildete Terezinha de. 2009)
Doença pode ser definida como qualquer alteração no nosso estado fisiológico,
emocional, espiritual e social; causando assim, um desconforto ao nosso organismo, ao
meio em que vivemos e às pessoas que nos cercam. (SILVA, J. L. L. 2006)
Para definir saúde, precisamos também definir doença, visto que ambas estão
interligadas, fazendo com que não exista uma, sem a outra. Saúde e doença completam
uma totalidade de estado do ser, o que prova que precisam estar inter-relacionadas para
obtermos um entendimento absoluto da situação biopsicossocial em que o ser se
encontra. (SILVA, J. L. L. 2006).
O processo saúde-doença aborda justamente essa ideia de que saúde e doença estão
completamente relacionadas. Nesta linha de pensamento, Laurell & Noriega (1989), ao
definir seu objeto de estudo, a medicina social considera que a apreensão do caráter
histórico do processo saúde-doença ocorre de maneira coletiva, já que quando um ser
adoece, o seu processo de adoecimento é notado por todo o meio em que ele está
inserido, e todos fazem parte desse processo. Considerando assim, os fatores propostos
pelo meio em que ele vive, como fatores determinantes para o seu estado de
adoecimento. (OLIVEIRA, Regina Márcia Rangel de. 2001).
Definidos estes termos, podemos analisar o processo de adoecimento de um
determinado ser, relatando antes que as pessoas reagem de diferentes maneiras à sua
doença, e mesmo marcados por muita dor e insatisfação, alguns ainda podem apresentar
o estado de aceitação de sua enfermidade. Apresentamos algumas fases relacionadas ao
processo de adoecimento:
- Regressão: o paciente apresenta comportamento infantil, se torna dependente de outras
pessoas para realizar sua rotina, é a mais constante entre as fases.
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- Negação: o ser mostra indignação à sua doença, e se recusa a aceitar que aquela
situação está acontecendo com ele. Frases como “Isso não está acontecendo, não é
verdade, não pode ser”, são muito comuns nessa fase.
- Minimização: o paciente tenta amenizar o estado de gravidade de sua doença, para
assim, ser menos doloroso para ele, e para as pessoas que o cercam.
- Raiva e culpa: está é a fase da “revolta” em si, onde o paciente está indignado com
aquilo que ele está passando, e sua maneira de achar explicações é colocar a culpa em
outras pessoas, o médico é o mais culpado, comumente. O paciente chega a desconfiar
do diagnóstico médico, e coloca a culpa em Deus e outras pessoas, na tentativa frustrada
de se sentir melhor.
- Depressão: a palavra depressão, neste contexto, se refere à um estado depressivo, de
angústia e insatisfação com si mesmo, e não a doença psicológica propriamente. O
paciente perde a sua auto–estima, sente angústia, perde a valorização de si mesmo.
- Rejeição: apesar do paciente já ter aceitado que está doente, evita falar sobre o
acontecido, para não lembrar e não ficar com sentimento de angústia.
- Aceitação: não é a fase de “se entregar à doença”, mas sim aquela que o paciente já
consegue falar normalmente no assunto, e não se deixa levar pelo estado depressivo,
sempre na esperança de se recuperar. (VECHIA, Flaviana Dalla. 2002)
No caso do filme “O primeiro aluno da classe”, notamos poucas das fases citadas,
em relação ao principal personagem: Brad. Uma das fases mais notável é a da aceitação,
onde Brad desde o começo da história, demonstra conviver bem com o seu problema, e
não “abaixa a cabeça” diante das dificuldades que enfrenta; pelo contrário, mesmo
sendo visto como incapaz por muitas pessoas, vai sempre em busca do seu sonho de se
tornar um professor admirável. Ao longo de todo o filme, o personagem principal vê o
seu problema como algo simples e tenta convencer os outros de que ele pode conviver
perfeitamente com isso, e ainda sim, ser “O melhor aluno da classe”.
2.2 FISIOPATOLOGIA
A Síndrome de Tourette (ST) é um distúrbio neurológico e psiquiátrico, onde há
a presença de fenômenos compulsivos que causam uma série de fatores múltiplos
repentinos como tiques motores e vocais, que podem ser simples ou complexos, na fase
inicial da Síndrome de Tourette estão presentes os tiques mais simples, com o passar do
tempo, eles vão evoluindo e se tornando mais complexos. Os tiques são movimentos
anormais, breves, rápidos e involuntários, em casos de ansiedade e tensão emocional,
podem ser mais constantes e intensos.
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A Síndrome de Tourette está associada a alterações neurofisiológicas e
neuroanatômicas, porém a etiologia ainda é desconhecida, estão sendo estudadas
anormalidades cromossômicas em pessoas e famílias portadoras da ST, com o objetivo
de identificar genes como o gene A da monoamina-oxidase (MAOA) (29) como
também regiões cromossômicas como a 18q22 (30), 17q25 e 7q31 (29), que podem
estar envolvidas nessa patologia. O processo de identificação, mostra que a ST é um
distúrbio genético de caráter autossômico dominante, uma vez que há uma presença
frequente de tiques e manifestações obsessivo-compulsivo na família dos portadores da
ST.
A nível cerebral, há circuitos neuronais paralelos, que mandam informações do
córtex até as estruturas subcorticais e voltam ao córtex pelo tálamo, chamado de
circuitos córtico-estriado-tálamo-corticais (CETC), esse circuito é responsável pela
atividade motora, sensorial, emocional e cognitiva. Os portadores da ST têm uma
deficiência na inibição desses circuitos, apresentando tiques e convulsões. (TEIXEIRA,
2010).
2.3 SINTOMAS
Os sintomas da ST são os tiques, que consistem em movimentos involuntários,
rápidos e repetitivos, geralmente eles surgem de maneira inesperada e sem ritmo,
existem os tiques motores, que podem ser simples ou complexos e surgem na fase
inicial da síndrome, e também os tiques vocais.
Os tiques motores se apresentam como: piscar dos olhos, caretas faciais,
movimentos de torção do nariz e boca, estalar da mandíbula, trincar dos dentes, levantar
os ombros, estiramento da língua, bater palmas, atirar, empurrar, pular, bater o pé,
saltitar, rodopiar, retorcer-se, bater com a cabeça, morder os lábios e a boca, ecopraxia,
copropraxia (gestos obscenos), entre outros.
Os tiques vocais se apresentam como: ruídos não articulados (exemplo: tossir,
fungar ou limpar a garganta), cacarejar, roncar, chiar, latir, apitar, gritar, grunhir,
gorgolejar, gemer, uivar, assobiar, zumbir, falar frases curtas e complexas incluindo
palilalia, coprolalia e ecolalia e também o bloqueio da fala. (BRAUNWLAD et al., 2002
apud LOUREIRO et al., 2005).
2.4 TRATAMENTO
O tratamento da Síndrome de Tourette é feito através da terapia psicossocial e
medicamentos como os antagonistas dos receptores de dopamina como por exemplo o
haloperidol. Antes de iniciar o tratamento é feita a avaliação dos tiques, para avaliar a
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frequência, intensidade, complexidade dos tiques, como também os relacionamentos
familiares e escolares com relação a ST.
Sabe-se que não há cura para a ST, porém o uso de medicamentos específicos
podem ajudar a diminuir os sintomas. Em alguns casos há indicação da psicoterapia,
evitando a estigmatização e superproteção por parte dos pais, familiares e pessoas que
convivem com as pessoas portadoras da ST. Os medicamentos antipsicóticos têm se
mostrado bem eficazes na redução da intensidade dos tiques, isso ocorre quando a
frequência dos tiques se reverte, prejudicando a autoestima e aceitação das pessoas.
(HANNA, 1995).
3 ANÁLISE DAS REAÇÕES EMOCIONAIS DOS PERSONAGENS DO FILME
3.1 ANÁLISE DAS REAÇÕES EMOCIONAIS DO PACIENTE, DA FAMÍLIA E
DA ESCOLA.
Negação: é uma defesa contra a tomada de consciência da
enfermidade, que consiste na recusa parcial ou total da
percepção do fato de estar doente, sendo frequentemente
encontrada nas fases iniciais das doenças agudas (IAM) ou de
prognóstico grave (câncer). (Vechia, s.a., p.01)
Na cena onde o pai está conversando com Brad e seu irmão, e Brad começa a
emitir sons “estranhos” seu pai diz: “Chega de palhaçada, seu irmão pode achar
engraçado mais eu não, Brad diz: eu não consigo evitar, o pai responde: não tem nada
de errado com você que um pouco de autocontrole não concerte”. O estado de negação
vivido pelo pai nesta cena e caracterizado pela não aceitação do fato de seu filho ser
doente, faz com que o pai tenha um comportamento equivocado e faça seu filho sofrer
por não conseguir controlar os sons. Nesta cena o pai reflete uma reação emocional de
negação, pois não aceita a doença do filho, para ele o filho faz aqueles sons para chamar
atenção, essa negação é evidenciada por essa fala do pai irritado ao escutar os sons do
filho. Tal reação é vivenciada por diversas famílias no processo de adoecimento de um
dos seus componentes familiares ao descobrir a enfermidade existente no mesmo.
Em outra cena que o pai apresenta reação de negação, é quando eles estão voltando de
um jogo de Beisebol com Brad e seu irmão, e à medida que os tiques do menino
aumentam, seu pai dispara em voz alta: “PARE, PARE”, e batendo no menino, como se
fosse uma atitude proposital dele.
Brad mais uma vez vive um momento frustrante, agora apresentado pela sua
professora. “Durante uma avaliação aplicada na escola, Brad sempre costumava levar
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mais tempo que os outros alunos, o que já era um sofrimento para Brad, pois tinha que
dividir o seu tempo com seus barulhos e espasmos, mesmo assim ele sempre se saia
muito bem nas avaliações. No decorrer da avaliação a professora furiosa chamou-lhe
lá na frente e de forma grosseira o obrigou a pedir desculpas à turma e prometer que
não iria mais fazer essas coisas “estranhas” que tanto os incomodava. Assim Brad fez,
mas logo que voltou para a sua cadeira voltou a realizá-los novamente, a turma toda
ria, Brad foi para a diretoria. Neste momento a síndrome de Brad ainda não tinha sido
diagnosticada”. A fase exercida pela professora se caracteriza pelo fato dela achar que
Brad emitia aqueles sons de forma proposital, o obrigando a parar. Para a professora não
havia a possibilidade de doença, essa hipótese era totalmente descartada, ou seja, não
havia a percepção de uma possível doença, ela acreditava apenas que Brad não passava
de um menino travesso que gostava de chamar atenção e atrapalhar a turma. A
professora age dessa forma por não ter conhecimento algum sobre a síndrome de Brad,
tomando então, conclusões precipitadas e consequentemente tornando a vida do menino
ainda mais conflituosa e difícil.
Em outra cena a mãe vai conversar com o médico após ter lido sobre a síndrome
e ter traçado seu próprio diagnóstico, a mesma leva o seu possível diagnostico do
quadro que seu filho apresentava, o médico confirma o diagnóstico, logo, a mãe começa
a questionar sobre a possível cura da doença de seu filho, o médico diz que não há cura,
e a mãe indignada começa a dizer: “Esse livro é velho hoje já tem a cura no é Dr. E o
médico responde novamente: não, não tem cura, e a mãe diz: Não pode ser que meu
filho vá ficar com isso pelo resto da vida, tem cura, já estão em busca da cura”. A mãe
reflete a sua não aceitação sobre a enfermidade de seu filho questionando o médico, e
insistindo que teria que haver a cura para a doença do menino, a mãe não quer acreditar
que vá viver com seu filho apresentando a doença por toda a vida. Esta parte do filme
relata a reação emocional da mãe ao saber que iria lidar com aquela enfermidade por
toda sua vida, naquele momento a mãe estava vivendo a etapa de negação, ao descobrir
a enfermidade e as consequências que ela traria uma etapa vivida pela família pelo
descobrimento de uma enfermidade crônica.
“Brad começa a dar aula em uma turma de segundo ano, ao término da aula,
todos os pais foram buscar seus filhos na escola, um pai ao ir buscar sua filha na
escola, percebe os tiques e os sons emitidos por Brad e resolve retirar sua filha da
turma dele, o pai alega que seus tiques iriam retirar a concentração de sua filha e
prejudicar o aprendizado dela”. Nesta cena observa-se um preconceito exercido dessa
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vez por parte do pai da Aluna, que Ao observar as características de Brad logo deduziu
que aquele homem jamais seria capaz de ser o melhor para o aprendizado da sua filha e
não aceitava de forma alguma que sua filha fosse aluna de Brad, no outro dia aquela
menina já não era mais aluna de Brad, seu pai havia pedido para mudá-la de sala, e
como explicação para a diretora questionou a dificuldade desses sons e movimentos na
atenção da sua filha. Queria apenas o melhor para a sua filha, mesmo não sendo a
mesma vontade da pequena menina. Portanto, o preconceito nessa fase se caracteriza
pela situação que o pai da menina não aceitar de forma alguma que aquele doente seja
capaz de transmitir bons ensinamentos. Podemos deduzir que essa atitude do pai está
relacionada com alguma frustação passada por ele no passado que o faz lembrar essa
situação, e como uma forma de defesa o pai apresenta a reação de se esquivar diante o
fato. E também podemos relacionar esta cena há um tipo de negação se pensar pelo lado
do pai da menina ter negado a agressão a Brad, onde apresentou um comportamento
preconceituoso, porém esses tipos de avaliação não estão bem esclarecidos no filme.
A sensibilidade às frustrações: É uma característica que está na
base da construção do comportamento do típico doente crônico.
Por esse funcionamento os indivíduos tornam-se mais
vulneráveis a qualquer afecção ou lesão que lhes atinja o corpo
e/ou a autoestima. A qualquer momento, seu corpo-
consequentemente seu ego – corre o risco de ser atacado.
(Coelho,2001,p.71)
Brad cresce se torna um professor e sai em busca de emprego, porém em uma de suas
entrevistas, o diretor da escola ao saber que ele tinha a síndrome de Turette diz: “eu não
posso te contratar com esses sons, você não tem condição de dar aula” , e Brad sai da
escola sem esperança por não encontrar emprego por causa de sua doença, ele chora
incontrolavelmente e com atitudes de raivas chuta e dar murro em seu carro. Ao chegar
da entrevista em casa Brad liga para sua mãe e diz: “foi a pior entrevista que eu tive,
quando o diretor olhava para mim tudo que via era a minha doença, é só o que todos
veem”, e sua mãe responde: “bom querido se eles não conseguem ver que ótimo
professor você seria, fracasso é deles e não seu”, e Brad responde: a sensação é que o
fracasso é meu”. Devido às dificuldades que Brad começava a vivenciar, ele começa a
se culpar por ter doença, a se culpar que a doença que faz com que ele não arrume um
emprego, e que mesmo ele sendo um bom professor, e tendo um invejável currículo ele
não vai arrumar nenhum emprego por causa de sua doença. Essa cena relata uma reação
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de culpa e raiva vivenciada por Brad, evidenciada pela frase que ele diz, “a sensação é
que o fracasso é meu”, ele demostra uma atitude de desistir de seu ideal, de
incapacidade, de raiva por não encontrar emprego devido sua doença.
Diante o comportamento psicológico de sua mãe nesta cena, ela apresenta uma reação
de aceitação, evidenciada pelas palavras de força que sua mãe dar a seu filho no
momento em que ele está passando por essa fase de culpa. No caso de Brad por ele ser
portador de uma doença crônica o seu diagnóstico poderia afeta suas condições
psicológicas mais do que sua própria doença. Portanto Brad percorreu um caminho
diferente onde não se deixou abater pelo seu diagnóstico, buscou uma adaptação para
sua sobrevivência. Onde seguiu sua vida normalmente, tendo vida social e afetiva,
formação acadêmica. Ele suportou a exposição a sua doença crônica apresentando uma
boa reação emocional e assim fazendo com que a doença não atracasse o seu psiquismo.
Aceitação: permanente tentativa de buscar uma "convivência
razoável" com a doença. Não significa uma aceitação passiva
nem uma submissão à doença, mas sim que a reação depressiva
provocada pela doença pode ser elaborada e controlada pelo
paciente. (Vechia, s.a., p.01)
“Certa vez o diretor da escola de Brad o chamou e lhe fez uma pergunta: Brad
você vai participar do concerto? Logo Brad respondeu: Não senhor! O diretor volta a
perguntar: Por quê? Brad responde: Os meus barulhos atrapalham o concerto senhor.
Logo o diretor afirma que quer a sua presença no concerto. Brad não entendia a
intenção do diretor, mesmo assim compareceu. Durante o concerto ele continuava a
emitir os sons e tiques, todos o observavam e criticavam, não só os alunos mais
também todos os integrantes da escola, mas ele não parecia se incomodar com aquilo.
No final do concerto o diretor põe-se a chamar Brad lá para frente, chegando lá o
questionou fazendo várias perguntas sobre a sua doença. E Brad respondeu a todas de
forma firme e segura. Explicou que nada que ele fazia era proposital, pois o seu
cérebro era quem o comandava a fazer todos aqueles sons e espasmos, mesmo que ele
não quisesse, acontecia de forma involuntária. O diretor perguntou como ele e demais
poderiam ajudá-lo, a resposta de Brad foi simples, queria apenas que todos o
aceitassem como ele era, pois quando as pessoas lhe tratam de forma normal, tudo que
ele fazia de forma involuntária parecia se controlar, ou seja, os seus tiques ficavam
menos presentes e calmos. Todos presentes o aplaudiram e passaram a entender a sua
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doença, daí então, começou uma nova vida para Brad, a sua vontade de viver e vencer
foi renovada”.
Nessa cena pode-se verificar o processo de aceitação da doença por parte do
diretor, alunos e integrantes da escola. Onde o convívio dali por diante teria que ser de
forma respeitosa e harmoniosa, pois aquele menino era uma pessoa normal como todos,
e não apresentava aquilo por escolha, todos tinham que aceitá-lo como ele era. Nessa
cena está claro a busca por uma convencia melhor com o problema ou doença de Brad.
A mãe de Brad o levou para um grupo de apoio de pessoas com a sua mesma
síndrome, procurando modos para que seu filho tenha uma vida normal, ela dizia: “você
precisa ter contato com outras pessoas que vivem com isso, descobrir como elas
vivem”, porém o grupo de apoio literalmente não dava apoio, todos lá já haviam
desistido de superar as dificuldades e todos viviam presos em casa, às crianças não
estudavam, os adultos não trabalhavam, eles se escondiam na doença, a doença já os
tinha superados, ai então a sua mãe resolveu que ali não era um bom lugar para seu
filho, pois ela não queria q ele ficasse escondido com os outros ali presentes, e não
queria que ele desistisse dele, dos sonhos dele, e então não frequenta mais o grupo.
Quando o Brad está voltando do grupo de apoio com sua mãe para casa, sua mãe diz:
“Isto era pra ser um grupo de apoio, mas ai não tem nada de apoio, vamos esquecer isso
Brad”, e Brad responde: “eu não quero esquecer isto mãe, porque todas aquelas pessoas
deixou a doença vencer e eu não quero deixar a minha doença me vencer”. Nesta cena
podemos perceber a reação de aceitação da mãe de Brad, na busca de conhecer pessoas
que convive com a mesma doença para facilitar a sua convivência com a síndrome.
Também percebe a busca da aceitação do menino em superar a doença. Essa fase é
primordial para o tratamento de qualquer doença, que é a fase que a família e o doente
aceita que está com a doença e busca tratamento assim como facilita seu cuidado e
consequentemente sua sobrevivência.
“Uma escola dar chance para que Brad demostre sua capacidade de ensinar,
em uma turma de segundo ano de ensino infantil, Brad explica a seus alunos que tem
uma doença chamada de síndrome de Tourette, e explica que os sons que ele emite é
devido essa doença que ele tem no cérebro que faz com que ele faça isso, são sons
emitidos involuntariamente, as crianças curiosas fazem diversas perguntas como: Isso
pega? Isso tem cura? Você vai ao cinema com isso? E Brad responde: Que não pega,
que não tem cura, e que ele vai ao cinema porém as pessoas colocam ele para fora.
Mas as crianças após entender sobre a síndrome do Brad, aceita os sons que o
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professor dele emite durante a aula. Brad mostra ser um ótimo professor, e os alunos
se apaixonam pela aula do professor Brad”.
A aceitação por parte das crianças foi mais fácil e simples do que todos que já
havia tido contato antes. Brad sempre deixava as pessoas bem a vontade a respeito da
sua doença, então assim também fez com seus alunos aceitasse bem a sua doença, até
por eles conhecerem o problema que Brad passava. Logo as crianças se acostumaram
com o seu jeito, mesmo engraçado Brad era muito respeitado. As crianças conviveram
normalmente com Brad, a sua capacidade de ensino era maior que a sua síndrome, e
nada deixava o atrapalhar e cumprir a sua missão. Os alunos aceitaram bem a
deficiência de Brad, passando a conviver todos os dias com aqueles sons emitidos por
ele sem nenhum problema, a aceitação é evidenciada pelo entendimento de seus alunos
e com a colaboração deles nas aulas e a vontade de ficar na turma dele.
Seu pai ao saber que Brad está trabalhando como professor, incentiva para que
ele faça um mestrado, porém há diversas dificuldades na hora de Brad realizar a prova,
uma delas é o fato da administração não querer disponibilizar uma sala especial para ele
fazer a prova. E com a ajuda de seu pai Brad realiza a prova, pois seu pai vai até a
administração “brigar” para que seu filho realize a prova com todos os direitos que ele
tem por ser deficiente. Nesta cena o pai já está apresentando uma reação de aceitação,
demostrado pela força que o pai dar ao filho para realizar a sua prova do mestrado, e
também pela atitude do pai em ir lutar pelo direito de seu filho realizar a prova. A
aceitação da família é muito difícil, porém de suma importância para o apoio com o
doente e o tratamento do mesmo, tendo em vista que o doente precisa de bastante
incentivo familiar para aderir a tratamento.
Brad é escolhido entre todos os professores do estado, para ganhar o prêmio de
melhor professor do ano. Quando o Brad vai receber o prêmio, ao subir no palco para
fazer seus discurso ele começa a fazer seus sons que ele sempre emitia, mas diante de
todos ele não se envergonha e inicia seu discurso dizendo:“ O barulho que acabam de
ouvir é da síndrome de Tourette, se estou aqui é porque o apoio e o amor de muita
gente me colocaram aqui hoje, minha família, meus colegas de escola, meus alunos, e
todos os meus amigos, eu devo esse prêmio a todos eles, mas eu também devo isso a
professora mais dura e mais dedicada que eu já tive em toda minha vida, minha
companheira constante, minha Tourette, alguns de vocês pode pensar que agradecer a
uma deficiência e chama-la de grande professora é bem estranho, mas enfrentar minha
doença me ensinou a lição mais valiosa que alguém possa aprender que é a de nunca
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deixar alguma coisa te impedir que vá atrás de seus sonhos, de trabalho, de laser e de
amor.” Está cena bastante emocionante, mostra a aceitação do Brad em reconhecer e
aceitar a sua doença e tentar viver com a mesma, mesmo com todas as dificuldades,
exclusões sociais e problemas vivenciados pelo o mesmo, onde ele superou a sua
doença, realizando seus sonhos e vencendo seus medos, a aceitação do menino foi
evidenciado pelo discurso que o mesmo fez, diante de toda a sociedade e principalmente
sem temer falar de sua doença, mencionando ela até como sua companheira.
A aceitação para a vida do paciente é uma fase de grande superação, onde ele vai
começar a tentar levar uma vida “normal” mesmo diante de seu problema, vai tentar da
melhor forma conviver com suas limitações, mas sem deixar que ela impeça que o faça
alguma coisa, essa fase também é importante para melhorar a autoestima do paciente,
para aderir ao tratamento, e para obter melhores resultados diante o tratamento
escolhido.
3.2 ANÁLISE DA ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
O filme “O primeiro da classe” mostra que desde os seis anos, quando começa a
aparecer os sintomas, como os espasmos o garoto passa por vários profissionais que o
deram o mesmo diagnóstico, onde falavam que ele possuía um problema psicológico.
O último psiquiatra onde Brad se consultou disso o mesmo e ainda prescreveu
remédios ao paciente, comentando com a mãe do menino que aqueles espasmos que
Brad tinha aconteciam porque o garoto queria chamar atenção dos pais e também
porque ele poderia se sentir culpado pela separação dos mesmos. O médico em questão
atendeu as exigências éticas, técnicas em partes, pois antes da mãe de Brad descobrir a
Síndrome a qual o filho sofria, o psiquiatra deu o seu diagnóstico e prescreveu os
medicamentos para aquele diagnóstico em questão, porém não atendeu a todas as
exigências, pois não pesquisou a fundos os sintomas que o paciente apresentava e
medicou um paciente que não sofria da patologia a qual aqueles remédios iriam ajudar.
O psiquiatra pecou muito na assistência, pois para que a síndrome fosse
descoberta foi preciso que a mãe do paciente fosse a uma biblioteca para pesquisar
sobre o assunto e tentar mostrar a esse profissional que o problema de Brad não era só
“querer aparecer-se” e sim um problema onde o Brad não tinha controle no que fazia. O
médico em questão tem como papel fundamental tentar descobrir o porquê de mesmo
com a medicação que havia passado para o menino e do acompanhamento que ele já
vinha tendo os sintomas não terem nem ao menos diminuído, ele como profissional
deveria ter dado uma assistência mais meticulosa a esse paciente, tendo assim
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descoberto por ele mesmo que o problema não era só psicológico e sim
neuropsiquiátrico.
Também pode ser citado que em nenhum momento o que o menino falava, como
por exemplo, que não podia controlar aqueles sintomas, foi levado em questão tanto
pelo profissional quanto pelos pais.
Quando a mãe do menino foi pesquisar a fundo numa biblioteca e voltou ao
psiquiatra com algumas coisas que havia encontrado onde falava de Tourette e seus
sintomas, o médico viu que ela realmente poderia ter razão e que ele tinha errado em
seu diagnóstico. Foi nesse momento que o doutor passou alguns exames onde foi
realmente verificado que o paciente sofria dessa patologia e que essa doença não tinha
cura.
Quando os sintomas da Síndrome começam a aparecer é preciso fazer um trabalho
psicológico com os familiares, por serem as pessoas que vão estar mais próximas do
paciente. A criança com essa síndrome irá precisar tanto de tratamento com
medicamentos quanto um tratamento psicológico, pois Tourette será uma companheira
constante dele.
Infelizmente, ainda não foi encontrado nenhum tipo de cura para essa doença.
Sendo assim, essa síndrome não tem cura. O psicossocial da família e do paciente
precisam ser muito bem analisados para que ocorra uma tentativa de sucesso na
assistência, principalmente pelo “baque” que ambos irão ter quando descobrirem que a
mesma não possui cura e que apesar de não matar, para essa criança ter uma melhor
vida ela irá precisar do uso de remédios pelo resto dela.
16
REFERÊNCIAS
Tese de Doutorado, Nildete Terezinha de Oliveira, O processo de adoecimento do
trabalhador da saúde: o setor de enfermagem do pronto socorro de um hospital
universitário, Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.
SILVA, J. L. L. O processo saúde-doença e importância para a promoção da saúde.
Informe-se em promoção da saúde, n.2.p.03-05. 2006.
Oliveira, Regina Márcia Rangel de. Capítulo 3, O estudo da saúde-doença e a relação
com o processo de trabalho A abordagem das lesões por esforços repetitivos/distúrbios
osteomoleculares relacionados ao trabalho - LER/DORT no Centro de Referência em
Saúde do Trabalhador do Espírito Santo - CRST/ES. [Mestrado] Fundação Oswaldo
Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 2001. 143 p.
Flaviana Dalla Vechia, colaboração da Psicóloga Márcia Lisboa (HU), As reações
psicológicas à doença e ao adoecer.
Valdemar, Augusto, Angerami, Carmon (organizador). Psicossomática e a psicologia
da dor. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
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