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Que venham os jogos Oportunidades de infraestrutura para … · 4 Oportunidades de infraestrutura para megaeventos Londres 2012: projetos de sustentabilidade Sede dos próximos Jogos

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Que venham os jogosOportunidades de infraestrutura para megaeventos

As Olimpíadas de Pequim, em agosto de 2008, foram as mais caras da história de todos os jogos. O evento consumiu bilhões de dólares. Em contrapartida, mobilizou o interesse de mais de quatro bilhões de telespectadores, tornando-se o evento esportivo de maior audiência no mundo.

Enquanto todos assistiam ao espetáculo, a anfitriã China desempenhava o papel principal. Em vários cantos do mundo, pessoas ligavam seus televisores para ver os atletas competir. Ao mesmo tempo em que se dedicavam a acompanhar os resultados, consumiam a China contemporânea sob um novo ângulo. Essa oportunidade de atrair a atenção do mundo inteiro por algumas semanas e, mais à frente, usufruir de um duradouro legado, representa a essência tangível e intangível do que os megaeventos proporcionam.

De fato, o legado gerado por um megaevento é bastante tangível. Relatório elaborado em outubro de 2009 pelos economistas Mark Spiegel (Federal Reserve Bank, de São Francisco) e Andrew Rose (Universidade da Califórnia), ambos dos Estados Unidos, mostra que as exportações cresceram cerca de 30% em países que sediaram as Olimpíadas. Ao analisar, entre 1950 e 2006, o desempenho econômico de 196 países, o estudo concluiu que o “efeito Olímpico” é maior em países-sede com tendência a uma política comercial mais aberta.1

1 Andrew K. Rose e Mark M. Spiegel, The Olympic Effect [O Efeito Olímpico]. National Bureau of Economic Research [Agência Nacional de Pesquisa Econômica dos Estados Unidos], outubro de 2009.

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Planejamento: um aliado na reputaçãoAtualmente, os países eleitos para sediar megaeventos devem se planejar com grande antecedência, talvez uma década ou mais, e ter clara a importância da infraestrutura para atletas e espectadores. Isso porque planejamentos ou execuções de infraestrutura inadequados podem prejudicar a imagem de realização grandiosa do evento. Há casos, por exemplo, em que informações sobre possíveis falhas de infraestrutura dominaram as notícias durante períodos que antecederam ao megaevento. São informações que podem comprometer a imagem positiva que uma cidade ou um país deseja construir. Nesse sentido, o planejamento prévio é essencial. Igualmente importante é demonstrar os benefícios duradouros resultantes dos investimentos em infraestrutura, um verdadeiro legado para a comunidade.

Foco no longo prazoInúmeras ideias e visões surgem em meio à euforia que se segue à escolha de uma cidade como sede de um megaevento. No entanto, concretizar essas ideias e visões não é simples. Para manter a clareza do projeto, recomenda-se que os administradores municipais testem a viabilidade a longo prazo de cada investimento previsto e questionem se o plano de investimentos corresponde às necessidades e aos objetivos de longo prazo de uma região. Eles devem se perguntar quais são os modelos financeiros mais adequados para cada caso e como considerar os critérios de sustentabilidade nesse cenário. Há ainda outras indagações a fazer, como, por exemplo, os custos de manutenção projetados, o sistema de aquisição e o tipo de supervisão do processo.

A PwC conhece cada um dos fatores de sucesso e as barreiras para a realização de grandes projetos. Neste documento, analisaremos os investimentos em infraestrutura realizados por algumas cidades-sede. Também analisaremos as implicações de longo prazo para cada região onde esses investimentos foram feitos. Nossa experiência na prestação de serviços de consultoria a comitês organizadores, empreiteiros e países-sede nos permite identificar, do ponto de vista de um investimento em infraestrutura, quais são os fatores responsáveis por gerar um legado duradouro para uma cidade ou país-sede.

O efeito transformador da infraestruturaFornecer transporte, telecomunicações, energia, saneamento e outros serviços de utilidade pública para milhares de atletas e milhões de espectadores em megaeventos representa um grande desafio. Mas qual é o destino de toda essa infraestrutura após o encerramento dos jogos? O mundo permanece atento aos eventos durante apenas algumas semanas, mas o efeito transformador de obras de apoio bem realizadas gera implicações econômicas, demográficas e sociais duradouras para a região inteira. A forma como um governo nacional, regional ou municipal planeja o legado da infraestrutura de apoio pode repercutir no desenvolvimento de uma região por décadas.

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Barcelona, 1992: alavanca para a revitalização

Barcelona, na Espanha, utilizou as Olimpíadas de 1992 como um catalisador para acelerar objetivos de reurbanização previamente estabelecidos. A cidade construiu anéis viários que descongestionaram o trânsito, modernizou seu aeroporto, reestruturou o transporte público, desenvolveu parques públicos, atualizou seu sistema de telecomunicações e modernizou o sistema de saneamento. Para beneficiar os moradores e as empresas a longo prazo, planejadores urbanos empregaram grandes esforços para transformar a cidade.2

Mas as Olimpíadas não foram o único fator responsável por esse desenvolvimento, de acordo com Stephen Essex, professor adjunto da Universidade de Plymouth (Reino Unido) que pesquisa as implicações das Olimpíadas na infraestrutura. Segundo ele, os Jogos “simplesmente aceleraram o processo de renovação que já estava planejado para ocorrer em 50 anos”, conforme o Planejamento Metropolitano Geral de Barcelona de 1976. O professor acrescenta que os organizadores já haviam “mobilizado o apoio público por meio de projetos urbanos que conseguiram estabelecer um consenso de mudança”. Simultaneamente, instalações existentes com modernizações planejadas serviram como arenas olímpicas. O apoio do setor público também foi significativo, segundo Essex, impulsionado pelo fim da era Franco e pela rápida valorização da identidade regional.3

Barcelona gastou seis vezes mais em infraestrutura (tanto para as Olimpíadas como em obras de apoio) do que na organização do evento. Quatro áreas urbanas até então negligenciadas fizeram parte do plano de instalações olímpicas da cidade, permitindo que os gestores alocassem recursos para uma ampla reurbanização.4 Como resultado, as Olimpíadas de 1992 conduziram Barcelona à condição de um dos principais destinos turísticos e comerciais da Europa. Segundo o prefeito da cidade, o que se viu foi uma metamorfose em cinco anos que, em qualquer outra circunstância, levaria três décadas.5 Diz o político que, devido ao investimento em infraestrutura e à valorização gerada pelas Olimpíadas, as receitas provenientes do turismo na capital da Catalunha mais que dobraram.

No entanto, apoio público e recursos nem sempre são suficientes. Muitas vezes financiamento privado, experiência e supervisão são necessários para preencher a lacuna existente entre o que o setor público é capaz de realizar e as necessidades de um megaevento. Além de quase US$ 5 bilhões investidos pelo setor público, as Olimpíadas de Barcelona atraíram aproximadamente US$ 7 bilhões em financiamentos privados.6 Nesse contexto, é importante observar que, atualmente, os municípios que sediam as Olimpíadas e outros megaeventos, como a Copa do Mundo, recorrem cada vez mais a opções do setor privado como forma de administrar melhor os recursos financeiros direcionados à infraestrutura de apoio. Algumas cidades e regiões, por exemplo, estabeleceram parcerias público-privadas (PPPs) como solução viável. Por serem mais adequadas para grandes empreendimentos, que requerem constante manutenção, as PPPs ganham espaço como meio de garantir financiamento adicional, melhor gerenciamento de riscos e maior transparência e responsabilidade.

2 Peter Kindel, Scott Watkins, e Andrew Hasdal, Land Use and Infrastructure Investments by Olympic Host Cities: Legacy Projects for Long-Term Economic Benefits [Uso de Terras e Investimentos em Infraestrutura por Cidades Sede das Olimpíadas: Projetos de Legado para Benefícios Econômicos de Longo Prazo], Topografis & Anderson Economic Group, LLC, 1 de outubro de 2009.

3 Comunicação por email com Stephen Essex, professor adjunto da Universidade de Plymouth, 10 de dezembro de 2010. 4 Greg Clark, Local Development Benefits from Staging Global Events [Benefícios de Desenvolvimento Locais de Sediar Eventos Mundiais], Organization for Economic

Cooperation and Development [Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico], 2008. 5 Michael Payne, “A Gold-Medal Partnership,” [“Uma Parceria Medalha de Ouro”] Estratégia+Negócios, primavera de 2007.6 Greg Clark. Local Development Benefits from Staging Global Events [Benefícios de Desenvolvimento Locais de Sediar Eventos Mundiais]. Organization for Economic

Cooperation and Development [Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico], 2008.

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Pequim, 2008: múltiplos retornos

7 Lee M. Sands, “The 2008 Olympics’ Impact on China” [O Impacto das Olimpíadas de 2008 na China], The China Business Review, julho-agosto de 2008. 8 Sunil Jagtiani, “Track Record: Temporary Hurdle [Histórico de Desempenho: Obstáculo Temporário],” Fund Strategy [Estratégia de Fundo], 1 de setembro de 2008. 9 William C. Kirby, “Do Olympic Host Cities Ever Win? A Huge Improvement for Beijing” [As Cidades Sede de Olimpíadas Têm Benefícios? Uma Incrível Melhoria para

Pequim]. The New York Times, 2 de outubro de 2009.10 Parceria para a Cidade de New York, Grounded: The High Cost of Air Traffic Congestion [No Chão: O Alto Custo do Congestionamento do Tráfego Aéreo], fevereiro

de 2009. 11 PwC, Cities of Opportunity [Cidades de Oportunidades], 2010.

Apesar de a quantia total investida em um megaevento sempre ser alta, ela também é bastante variável, de acordo com a situação existente. Entre 2002 e 2006, a China investiu aproximadamente US$ 40 bilhões só em empreendimentos de base para as Olimpíadas de 2008, em Pequim. Entre as ações, foi incluída a construção de 40 novos estádios, instalações de atletismo, um novo aeroporto e várias estradas (entre novas e reformadas).

O projeto contemplou ainda a duplicação da capacidade do sistema metroviário de Pequim e a conclusão do sistema de veículo leve sobre trilhos.7 Os investimentos relacionados às Olimpíadas representaram 15% do investimento total entre 2002 e 2008.8 Atendendo a uma antiga e crítica necessidade, a cidade recebeu significativo investimento de acordo com William Kirby, diretor do Centro Fairbank para Estudos Chineses da Universidade de Harvard. Kirby descreve o novo aeroporto como “impressionante, maior que o de Heathrow e, talvez, o mais belo aeroporto do mundo”.9 O aeroporto também representou um benefício econômico de longo prazo, diminuindo atrasos de voos e, consequentemente, descongestionando o tráfego aéreo.10

Depois das Olimpíadas, Pequim se tornou uma das cidades de melhor desempenho na categoria “infraestrutura”, conforme o relatório de cidades mundiais de 2010 da PwC. Mesmo com desafios urbanos de mobilidade ainda por superar, a cidade conta com o menor custo de transporte público para usuários, de um total de 21 cidades avaliadas.11

4 Oportunidades de infraestrutura para megaeventos

Londres 2012: projetos de sustentabilidadeSede dos próximos Jogos de 2012, Londres prevê gastos de aproximadamente US$ 15 bilhões na construção do Olympic Park, em East London, e na restauração da região inteira, incluindo transportes, pontes, serviços públicos e passarelas. A Vila Olímpica, que hospedará os atletas, servirá de moradia após os Jogos. A aquisição dessas habitações poderá ser feita inclusive com financiamento do governo. Relatório da Agência de Auditoria Nacional do Reino Unido informa que o “Olympic Park será um projeto de vida sustentável e ajudará a transformar o coração de East London”, região da cidade notadamente menos desenvolvida.12 Enquanto isso, diversos projetos de transporte de longo prazo, estimados em aproximadamente US$ 8 bilhões, mesmo não sendo especificamente direcionados às Olimpíadas, são essenciais para os Jogos, de acordo com o relatório da mesma agência. Entre os projetos está a ampliação da estrada M25, ao redor de Londres, e o desenvolvimento de ferrovias até os locais-sede, como a linha principal de West Coast e a Channel Tunnel Rail Link. Segundo maior anel viário da Europa, com 188 km, o M25 foi contratado como PPP e financiado integralmente por recursos privados.13, 14

África do Sul 2010: a esperança do país multicoloridoO governo sul-africano solicitou de forma ativa a participação privada em investimentos de infraestrutura, mais especificamente investimentos estrangeiros diretos. O governo ofereceu incentivos para que companhias estrangeiras estabelecessem parcerias com empresas locais. Obras de infraestrutura mais grandiosas sempre foram um dos objetivos do governo sul-africano, e a Copa do Mundo de 2010 – primeiro megaevento esportivo em continente africano – serviu para acelerar grande parte do planejamento e do desenvolvimento. Na verdade, o governo iniciou um projeto ambicioso de melhoria de infraestrutura em 2008, injetando inicialmente US$ 22 bilhões na geração e distribuição de energia, em transporte urbano, rodovias e telecomunicações. Durante a preparação para a Copa, mais de US$ 2,2 bilhões foram aplicados na revitalização de aeroportos. Um exemplo é a ampliação do Aeroporto Internacional Oliver Tambo, situado no distrito de Gauteng, em Johannesburgo. O aeroporto teve a capacidade dos terminais aumentada para 28 milhões de passageiros/ano, e a extensão das pistas foi ampliada para receber aeronaves maiores, como o novo Airbus A380.

12 Agência de Auditoria Nacional (Reino Unido), Preparations for the London 2012 Olympic and Paralympic Games: Progress Report February 2010 [Preparação para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2012 em Londres: Relatório de Progresso Fevereiro de 2010], 26 de fevereiro de 2010.

13 Ibid.14 PwC, Gridlines , junho de 2010.

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6 Oportunidades de infraestrutura para megaeventos

Mais de 1,2 mil projetos já foram estabelecidos para a Copa, que deve atrair três milhões de brasileiros e 600 mil estrangeiros.15, 16 Os novos projetos de infraestrutura previstos são nas áreas de mobilidade urbana, energia, segurança, portos, aeroportos, telecomunicações, rede hoteleira, entre outros. Embora com prazo ainda indefinido, também há estudos para a construção de uma linha ferroviária de alta velocidade (trem-bala), cujo investimento sugere as PPPs como uma das melhores opções para financiamento. Em energia, destaca-se a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no estado do Pará. Sua potência instalada será de 11.233 MW, o que fará dela a maior usina hidrelétrica inteiramente brasileira, visto que a usina hidrelétrica de Itaipu é também do Paraguai. Na Amazônia, mais especificamente no rio Madeira, estão em construção outras duas usinas hidrelétricas igualmente importantes: a de Santo Antônio e a de Jirau. Ambas são consideradas fundamentais pelo governo federal para o suprimento de energia elétrica do país. Esses projetos têm atraído a atenção de investidores privados do Oriente Médio, da Europa, dos Estados Unidos e da Ásia.

15 Entrevista com Mauricio Girardello, sócio, PwC Brasil, 26 de maio de 2010. 16 Mimi Whitefield, “For Next World Cup, Brazil Gets the Ball Rolling” [Brasil dá o Chute Inicial para a Próxima Copa do Mundo], The Miami Herald, 27 de julho de 2010.

Um cenário de novas oportunidades

Investimentos em infraestrutura oferecem diversos benefícios econômicos e sociais para uma região. Também geram múltiplas oportunidades para investidores em busca de novos mercados. O Brasil, por exemplo, deve investir aproximadamente US$ 83 bilhões em infraestrutura de 2009 a 2016, visando à Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, no Rio de Janeiro.

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Outra necessidade urgente é o desenvolvimento dos aeroportos brasileiros. O aumento da capacidade de tráfego aéreo é indispensável para comportar o volume de turistas esperado para ambos os megaeventos. Novamente, as parcerias público-privadas surgem como melhores opções para o desenvolvimento dos aeroportos. Recentemente, o governo federal colocou em consulta pública os editais de concessão para ampliação, manutenção e exploração dos aeroportos internacionais Governador André Franco Montoro, em Guarulhos (SP), Viracopos, em Campinas (SP), e Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília (DF).

Ao mesmo tempo, em Sochi, na Rússia, sede das Olimpíadas de Inverno de 2014, o governo federal está solicitando ativamente a participação de PPPs. Atualmente não há quase infraestrutura de apoio na cidade. Os gestores regionais e municipais esperam que os Jogos transformem Sochi e a região de Krasnodar, no sul da Rússia, 1.600 km ao sul de Moscou, em um resort moderno, com mais de 370 km de estradas e pontes, 201 km de ferrovias, 22 túneis, sistema de telecomunicações moderno, 386 km de tubulação de gás e um aeroporto internacional avançado.17

17 Comitê Organizacional de Sochi, Declarações de Posicionamento. 18 Sochi 2014 Bid, http://sochi2014.com/en/legacy/.

O investimento na região de Sochi abrange, ao todo, cerca 50 projetos de infraestrutura. A nova ferrovia de alta velocidade será capaz de transportar 8,5 mil passageiros por hora, levando-os da costa às montanhas em menos de 40 minutos. Diversas usinas a serem construídas deverão aumentar a capacidade energética atual de Sochi em até 2,5 vezes. As usinas serão inauguradas progressivamente, como preparação para o futuro aumento do consumo de energia. Projeta-se, ainda, investimento de US$ 500 milhões em novos equipamentos de telecomunicação para transmissões digitais e comunicação celular. Portanto, os dirigentes regionais e municipais desenvolveram planos de infraestrutura de transporte, energia e telecomunicações que beneficiarão moradores e negócios locais mesmo após as Olimpíadas de Inverno de 2014.18 Considerada atualmente destino turístico regional, Sochi deve se tornar um polo turístico internacional após os Jogos.

De olho na Copa do Mundo de 2018, a Rússia também planeja construir 16 estádios em 13 cidades. Grande parte do investimento necessário em modernização – 7.700 km de rodovias e 1.900 km de ferrovias – será realizado fora das principais cidades (Moscou e São Petersburgo), que atualmente apresentam uma infraestrutura muito modesta. Como ocorre em qualquer megaevento, os desafios estão na obtenção de financiamento, na atração de investidores privados, na conclusão de obras no prazo e na garantia de planejamento adequado para o uso do legado.

8 Oportunidades de infraestrutura para megaeventos

Investimentos e vantagens competitivasEm termos de infraestrutura, o legado duradouro deixado por um megaevento representa a base social e econômica para o desenvolvimento de uma região. Trabalhadores, por exemplo, economizam tempo em seus deslocamentos, e a logística de transportes de produtos e suprimentos flui mais rapidamente, reduzindo custos. Nessa direção, em relatório de 2010, a PwC apontou que a infraestrutura está diretamente vinculada ao custo e à qualidade de vida da população de uma região e indica seu potencial de desenvolvimento futuro. No contexto de um megaevento, os comitês de seleção analisam os investimentos de forma cuidadosa e numa perspectiva pragmática. Querem ter certeza de que a cidade é capaz de acomodar atletas e espectadores durante os jogos (hospedagem e transporte) e promover o megaevento sem complicações.

Enxergar além do evento se torna uma responsabilidade da cidade, região ou país-sede. Planejar o legado é um dos principais desafios para quem pretende sediar um megaevento devido à vantagem competitiva de longo prazo oferecida pelo investimento. A demanda global por infraestrutura continuará a crescer consideravelmente nas próximas décadas, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), impulsionada pelo desenvolvimento econômico mundial, por mudanças climáticas, pela urbanização e pelo aumento da concentração populacional.19

Compromisso com o futuroO planejamento do legado certamente foi considerado nas Olimpíadas de Sydney, conforme demonstrado pela análise da Secretaria de Administração Financeira do Tesouro de Nova Gales do Sul. O estudo identificou o desenvolvimento de grandes instalações e infraestrutura como fator promotor de benefícios comerciais, muito antes da realização das Olimpíadas de Sydney, em 2000.20 Essa ação antecipada é fator importante na escolha do país-sede.

Em sua avaliação pós-Olimpíadas, a PwC informou que os setores público e privado de Sydney investiram aproximadamente US$ 2 bilhões em empreendimentos direcionados exclusivamente aos Jogos. Além disso, empreendimentos regionais construídos a tempo para as Olimpíadas, mas não especificamente relacionados ao evento, totalizaram mais US$ 2 bilhões. As obras incluíram a reforma do aeroporto de Sydney, a construção de novas vias expressas, além da modernização de diversas estações ferroviárias e do sistema de saneamento.

Com custo aproximado de US$ 1,5 bilhão, a reforma do aeroporto de Sydney quase dobrou sua capacidade para passageiros internacionais, além de adicionar uma nova ligação ferroviária. A capacidade da operadora local de telecomunicações foi ampliada após o investimento de bilhões de dólares, permitindo mais de 500 mil ligações de celulares no Olympic Park durante a cerimônia de abertura (número recorde de ligações em um único evento).21 Atualmente, Sydney é uma das cidades mais bem colocadas no ranking de cidades mundiais de 2010 publicado pela PwC. A cidade lidera nos quesitos comercial, político e de qualidade de vida, considerando critérios como habitação, áreas verdes, qualidade do ar, administração de trânsito e impacto ambiental.22

19 Organization for Economic Cooperation and Development [Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico], Policy Brief: Infrastructure to 2030 [Instruções de Política: Infraestrutura para 2030], janeiro de 2008.

20 Tesouraria do Novo País de Gales: Secretaria de Administração Financeira, The Economic Impact of the Sydney Olympic Games [O Impacto Econômico dos Jogos Olímpicos de Sydney], novembro de 1997.

21 PwC, Business and Economic Benefits of the Sydney 2000 Games: A Collation of Evidence [Benefícios Comerciais e Econômicos dos Jogos de 2000 em Sydney: Uma Comparação Crítica de Provas], 2001.

22 PwC, Cities of Opportunity [Cidades de Oportunidades], 2010.

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23 Holger Preuss, The Economics of Staging the Olympics: A Comparison of the Games 1972-2008 [A Economia de Sediar Olimpíadas: Uma Comparação dos Jogos 1972-2008], Edward Elgar Publishing Limited, 2004.

24 Câmara de Comércio de Atlanta, “Atlanta’s Olympic Legacy” [“O Legado Olímpico de Atlanta”], http://www.metroatlantachamber.com/files/file/communications/oly/finalolympiclegacy.pdf, acessado em 10 fevereiro de 2010.

25 Dahshi Marshall, “Do Olympic Host Cities Ever Win? A Renaissance for Atlanta” [As Cidades Sede de Olimpíadas Têm Benefícios? Uma Renascença para Atlanta] The New York Times, 2 de outubro de 2009.

26 Câmara de Comércio de Atlanta, “Atlanta’s Olympic Legacy” [“O Legado Olímpico de Atlanta”], http://www.metroatlantachamber.com/files/file/communications/oly/finalolympiclegacy.pdf, acessado em 10 fevereiro de 2010.

Custos menores e mais qualidade de vidaO rápido desenvolvimento dos projetos de infraestrutura e transporte de Munique durante a preparação para as Olimpíadas de 1972 permitiu que a cidade antecipasse seu desenvolvimento urbano em uma década.23 Em Atlanta, os dormitórios construídos para hospedar os atletas das Olimpíadas de 1996 abrigam hoje dez mil estudantes universitários. Simultaneamente, a conversão de espaços comerciais em espaços residenciais atraiu mais de cem mil novos residentes ao centro da cidade desde 2000. A chegada desses novos moradores representa a reversão de uma tendência populacional dos anos 70 e 80, quando aproximadamente cem mil habitantes deixaram o centro em direção ao subúrbio.24, 25 Além disso, uma região de 85 mil metros quadrados nas margens do centro de Atlanta, que anteriormente abrigava um distrito industrial abandonado, hoje é uma das maiores áreas verdes urbanas nos Estados Unidos.26

Uma nova percepção mundialAs descobertas das pesquisas da PwC indicam que uma cidade ou região deve obter sucesso em quatro dimensões essenciais para capturar a atenção do mundo: serviços de qualidade para residentes e empresas, desenvolvimento sustentável, liderança visionária e imagem coerente. As cidades e regiões que já estão prontas para implementar transformações em tais dimensões são as mais aptas a utilizar um megaevento com o propósito de acelerar essas transformações, como é o caso de Barcelona durante as Olimpíadas de 1992. De forma semelhante, o sucesso de Alemanha e África do Sul durante a realização da Copa do Mundo de 2006 e 2010, respectivamente, também alterou a percepção mundial sobre esses países. A Alemanha alcançou seus objetivos, apresentando ao mundo um país dinâmico, receptivo e caloroso e assim revertendo a visão antiga que se tinha dos alemães. O evento na África do Sul foi um marco para o continente; até então percebido notadamente pela pobreza e por diferenças raciais e sociais. Esse é um dos fatores que explicam a competição acirrada entre concorrentes a megaeventos. Pequim, por exemplo, venceu dez cidades durante a escolha da sede das Olimpíadas de 2008 e, a partir de então, iniciou investimentos acelerados em infraestrutura.

Brasil: o maior desafio

O Brasil muito provavelmente terá diante de si o maior desafio em termos de preparação para megaeventos. A Copa do Mundo e as Olimpíadas ocorrerão com diferença de dois anos, mas ainda há uma enorme defasagem em termos de serviços públicos e infraestrutura de base que precisa ser solucionada. As dimensões de nosso país requerem um planejamento integrado de todos os gestores públicos envolvidos. Os montantes requeridos, excluindo as maiores obras, tais como o trem-bala, são de longe os maiores já imaginados em qualquer megaevento esportivo.

Em razão dos altos investimentos exigidos, a construção de novas arenas e as reformas significativas nas já existentes merecem atenção especial. Por se basearem em projetos de alta qualidade, esses equipamentos poderão se transformar em referência para

o desenvolvimento do esporte, com impactos positivos também em termos de inclusão social. Entretanto, é necessário pensar na operação desses estádios a longo prazo, já que nem sempre sua exploração para a realização de eventos esportivos e culturais é suficiente para assegurar o retorno dos vultosos investimentos realizados.

Os aeroportos são a segunda prioridade para a realização desses eventos no Brasil. As dimensões continentais do país, a descentralização dos jogos da Copa e a enorme carência dos terminais brasileiros configuram um desafio gigante para as três instâncias do governo, para a iniciativa privada e para as entidades organizadoras. Isso demanda um planejamento consistente, com base na análise profunda das necessidades de cada uma das instalações e na articulação entre todos os agentes do setor.

Afinal, apresentar uma infraestrutura de transporte aéreo eficaz durante a Copa do Mundo é essencial para o país confirmar que seu crescimento econômico se traduz em desenvolvimento e que o talento dos brasileiros vai muito além dos campos esportivos. Isso requer ação assertiva e célere: um verdadeiro drible no tempo.

As cidades-sede montaram estruturas de gestão para conduzir e monitorar todas as fases dos projetos relacionados direta e indiretamente ao evento. O estado da Bahia desponta como um exemplo a ser seguido. Tão logo Salvador foi anunciada como cidade-sede para os jogos, o governo do estado estruturou a Secretaria da Copa e elaborou um Plano Diretor com todas as diretrizes estratégicas, ferramentas de controle e ações necessárias para garantir o sucesso do evento no estado e na cidade de Salvador. Esse processo permitiu uma articulação de todas as esferas políticas e a mobilização positiva da sociedade. O trabalho bem coordenado cria meios para aproveitar os benefícios e ampliar o legado social do evento para a capital baiana.

10 Oportunidades de infraestrutura para megaeventos

Demonstrando que um megaevento não se restringe aos grandes centros urbanos, Natal, capital do Rio Grande do Norte, apresentou um dos projetos de estádio mais atraentes, mesmo não dispondo de todos os recursos necessários, e foi uma das cidades brasileiras mais elogiadas pela missão da Fifa que percorreu as principais sedes do futuro evento.

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A diversidade cultural das cidades escolhidas, com suas festas, comidas e características típicas, será um espetáculo à parte durante os 30 dias do Mundial da Fifa. Principal cartão-postal brasileiro, o Rio de Janeiro enfrentará o maior desafio de todas as sedes: ao mesmo tempo em que receberá a Copa do Mundo de 2014, sendo palco da final dos jogos e sede para

o centro de mídia, estará em plena execução dos preparativos exigidos para as Olimpíadas de 2016.

Os dois megaeventos passarão, mas é preciso aproveitar para que eles deixem um legado duradouro, que proporcione o salto de qualidade de vida e prosperidade econômica que todos os brasileiros e amantes do esporte esperam.

12 Oportunidades de infraestrutura para megaeventos

Qatar: uma visão ambiciosa

PPPs: menos riscos

As Olimpíadas de maior sucesso resultam da colaboração entre os setores público e privado, de acordo com Michael Payne, que trabalhou no Comitê Olímpico Internacional por 21 anos.29 Os Jogos representam uma oportunidade não só para a cidade-sede, mas também para que os participantes privados divulguem suas marcas – ou consolidem suas posições – no palco mundial. As Olimpíadas de 1984, em Los Angeles, representam um notável exemplo de participação privada. Depois de sérios contratempos financeiros registrados décadas atrás – como foi o caso dos Jogos de Montreal (1976), originalmente estimados em US$ 310 milhões, mas que alcançaram US$ 2 bilhões e levaram quase 30 anos para serem pagos – muitas cidades preferem não concorrer a sede olímpica. Los Angeles, inclusive, foi a única cidade concorrente em 1984. Praticamente sem financiamento público, as Olimpíadas daquele ano dependeram de recursos privados. Primeiros Jogos a se pagarem totalmente, as Olimpíadas de Los Angeles produziram lucro de US$ 223 milhões para o seu comitê organizador.30

O Qatar, nação peninsular que está emergindo como centro cultural do Oriente Médio a partir de políticas nos campos da economia, da educação, da saúde e do esporte, também está pronto para a transformação.

Escolhido como sede para a Copa do Mundo de 2022, o Qatar espera investir aproximadamente US$ 70 bilhões em infraestrutura. O país se comprometeu a construir um novo aeroporto, um novo sistema ferroviário de alta velocidade, uma nova rede rodoviária e uma ponte de ligação com seu vizinho, Bahrain. Grande parte dessas construções no Qatar faz parte da visão de transformação de longo prazo para o país até 2030. A construção e a reforma de estádios, com base em instalações modulares, devem custar outros US$ 4 bilhões. Todos os estádios serão equipados com tecnologia de ponta, sistemas de ar-condicionado externo para amenizar as temperaturas de verão acima de 38 graus que são comuns no Oriente Médio. Para favorecer o planejamento do legado, autoridades do governo anunciaram que as arquibancadas de diversos estádios serão desmontadas e enviadas para países que não têm infraestrutura adequada para sediar jogos de futebol. As fileiras inferiores serão mantidas como instalações menores, para sediar eventos desportivos locais.27, 28 Assim como em outros megaeventos de sucesso, será necessária a colaboração do setor privado para concretizar esse ambicioso empreendimento.

27 Qatar 2022 Bid, http://www.qatar2022bid.com/qatars-bid/legacy.28 Matthew Futterman e Jonathan Clegg, “World Cup Headed to Russia and Qatar” [Copa do Mundo vai à

Rússia e Qatar] The Wall Street Journal, 3 de dezembro de 2010. 29 Michael Payne, Olympic Turnaround: How the Olympic Games Stepped Back from the Brink of Extinction

to Become the World’s Best Known Brand [Reviravolta Olímpica: Como as Olimpíadas Saíram do Risco de Extinção e se Tornaram a Marca Mais Conhecida no Mundo], Praeger, 2006.

30 Michael Payne, “A Gold-Medal Partnership,” [“Uma Parceria Medalha de Ouro”] Estratégia+Negócios, primavera de 2007.

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Projetos que superam expectativas

O sucesso de Los Angeles foi replicado e aprimorado nos eventos seguintes. Parcerias privadas complementaram o know-how do setor público com financiamento, experiência e supervisão adicionais. Um bom exemplo é a Canada Line, linha regional de metrô de superfície com 19 km que conecta o centro de Vancouver, o Aeroporto Internacional de Vancouver e o centro de Richmond, na Colúmbia Britânica. Embora esse novo sistema de veículo leve sobre trilhos não esteja voltado especificamente para as Olimpíadas de Inverno de 2010, os Jogos serviram como catalisador para o projeto, concluído como PPP com diversos meses de antecedência. A obra fazia parte do planejamento de longo prazo da região desde o fim dos anos 60. Projetos inovadores de túneis e um plano de serviços para gerar maior receita, com base no aumento da utilização diária, resultaram na proposta de economia de custos de construção de US$ 85 milhões em valor presente líquido. A utilização superou os níveis esperados quase imediatamente após a inauguração da Canada Line, em agosto de 2009.31,32

De forma semelhante, o projeto de rodovia Sea to Sky Highway de Vancouver, também desenvolvido como PPP, foi concluído a tempo para as Olimpíadas de Inverno de 2010. Essa reforma, que também fazia parte do planejamento de longo prazo da região, muito provavelmente também retornará 100% dos investimentos, de acordo com Norm O’Reilly, que trabalhou no Comitê Olímpico Canadense (COC), de 1998 a 2002, e em ações com o COC para as Olimpíadas de Inverno de 2010 em Vancouver. Professor de Administração Desportiva na Universidade de Ottawa, O’Reilly explica que a modernização da estrada reduz o tempo de acesso a um dos mais famosos destinos de esqui da América do Norte, além de aumentar a segurança para os motoristas. Embora as Olimpíadas tenham acelerado o término da obra, O’Reilly afirma que a construção em si foi “simples e óbvia”.33

Na realidade, diversos níveis de PPPs foram desenvolvidos no decorrer de muitas décadas de colaborações para as Olimpíadas. Amplamente utilizadas em países como o Reino Unido e a Austrália, as PPPs agora oferecem oportunidades para Brasil, Rússia e Qatar atraírem participação do setor privado em infraestrutura. Os custos e benefícios associados a megaeventos representam oportunidades ideais de parcerias de investimento público-privado para atender a objetivos mais amplos de desenvolvimento urbano. Negócios estruturados para serem benéficos tanto para parceiros públicos como privados apresentam maiores chances de serem bem-sucedidos, visto que cada parceiro se torna um investidor ativo. Dependendo do acordo ou do tipo de investimento em infraestrutura, parceiros privados podem se tornar investidores de longo prazo. Ao incentivarem maior participação do setor privado, as cidades podem obter o benefício duplo de melhorar o acesso ao capital e elevar a segurança orçamentária. Contratos bem estruturados podem alocar riscos relacionados a excedentes de custo, atraso e qualidade para o setor privado.

31 Simon Kent, “Passing the Torch” [Passando a Tocha], PM Network, dezembro de 2008. 32 PwC, Public-Private Partnerships: The US Perspective [Parcerias Público-Privadas: A Perspectiva dos EUA], junho de 2010.33 Entrevista com Norm O’Reilly, professor de administração desportiva da Universidade de Ottawa, 25 de setembro de 2010.

14 Oportunidades de infraestrutura para megaeventos

Desenvolvimento com prosperidade

O impacto de sediar grandes eventos esportivos varia de acordo com o nível de desenvolvimento da cidade e do país-sede, segundo Andrew Zimbalist, professor de Economia no Smith College, em Massachusetts (EUA), e autor de diversos livros sobre os aspectos econômicos do esporte. Zimbalist diz que, com um planejamento adequado, sediar um grande evento pode acelerar o desenvolvimento da infraestrutura, com maiores benefícios para áreas menos desenvolvidas do que para aquelas que já apresentam infraestruturas implantadas.34

Na Europa e na Ásia, por exemplo, sediar eventos como as Olimpíadas, os Jogos da Commonwealth e a Copa do Mundo representa parte do processo de desenvolvimento local e regional de longo prazo.35 Em última instância, moradores e empresas locais de cidades-sede de megaeventos se beneficiam a longo prazo quando os gestores e os líderes regionais criam e desenvolvem uma infraestrutura de apoio de acordo com o planejamento de longo prazo já estabelecido para a região. O megaevento serve como agente agregador para um desenvolvimento socioeconômico acelerado, o que inclui, algumas vezes, assegurar financiamentos difíceis. “O legado olímpico é mais eficiente e evidente quando relacionado a desenvolvimentos e políticas urbanas mais amplas”, diz Essex, professor adjunto da Universidade de Plymouth.36

O relatório de 2010 do Fórum Econômico Mundial estabeleceu que a falta de investimentos em infraestrutura é um dos dez maiores riscos econômicos para o cenário mundial, visto que a infraestrutura é a base da prosperidade e da resiliência de uma região.37

Paralelo

Investimento em infraestrutura: o que é melhor?

Algumas cidades-sede de megaeventos fizeram investimentos mais adequados em infraestrutura do que outras. Estas são algumas prioridades que ajudam a assegurar um legado duradouro:

1. A infraestrutura de apoio é mais eficiente quando relacionada ao plano de desenvolvimento de longo prazo da região. Barcelona já tinha um plano de desenvolvimento de 50 anos em vigor; o projeto de transporte de Vancouver, a Canada Line, já fazia parte do plano de longo prazo da região há décadas.

2. Projetos de reurbanização oferecem compensações a longo prazo. O Wentworth Point, antigamente conhecido como Homebush Bay, em Sydney, era uma área pantanosa de quase 8 km2 com instalações de empacotamento de carnes, algumas instalações industriais e um depósito de munição. As Olimpíadas de 2000 transformaram a região em um próspero bairro residencial.38

34 Andrew Zimbalist, “Is it Worth It?” [Vale a Pena?] Finance & Development , março de 2010.

35 Greg Clark, Local Development Benefits from Staging Global Events [Benefícios de Desenvolvimento Locais de Sediar Eventos Mundiais]. Organization for Economic Cooperation and Development [Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico], 2008.

36 Comunicação por email com Stephen Essex, professor adjunto da Universidade de Plymouth, 10 de dezembro de 2010.

37 Fórum Econômico Mundial, Global Risks 2020: A Global Risk Network Report [Riscos Globais: Um Relatório de Rede de Riscos Globais], janeiro de 2010.

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3. Uma abordagem ampla é capaz de traduzir a visão em realidade: objetivos do projeto bem definidos, responsabilidade e controle transparente, supervisão estruturada do projeto, cronograma bem definido e extensiva comunicação e relatórios ajudam a garantir a conclusão bem-sucedida desses projetos de infraestrutura em grande escala.

4. O planejamento de legado para estádios, principalmente em locais grandes, é indispensável. O Qatar, por exemplo, planeja construir estádios modulares para a Copa de 2022, desmontá-los após o evento e enviá-los para nações em desenvolvimento.

5. As parcerias público-privadas oferecem opções adicionais de financiamento, conhecimento especializado e transferência de riscos, como no caso do sistema de transporte rápido Canada Line, em Vancouver.

6. O comprometimento do setor público com parcerias de longo prazo é essencial. No caso da expansão da M25, por exemplo, quando o financiamento privado se tornou uma incerteza, o Departamento de Transportes do Reino Unido investiu US$ 790 milhões para salvar o projeto. No fim das contas, fundos privados financiaram o projeto inteiro. Porém, o comprometimento do setor público foi fundamental para o sucesso.39

7. A colaboração entre diferentes níveis do governo — federal, estadual e municipal — é essencial para o investimento e o planejamento da infraestrutura para megaeventos. O Rio de Janeiro foi selecionado para sediar as Olimpíadas de 2016 somente após três esferas governamentais se comprometerem, coletivamente, a fornecer os recursos necessários. Após aprenderem com duas tentativas fracassadas, eles trabalharam juntos para cumprir com os requisitos de infraestrutura do Comitê Olímpico Internacional e serem selecionados.

Por fim...

A preparação para os megaeventos não depende apenas de planejamento e disciplina na execução dos projetos. É necessário enxergar os benefícios qualitativos de longo prazo, mas também de curto prazo.

Em vários eventos não se consegue fazer a tempo tudo o que foi planejado. Muitas vezes se faz o melhor possível considerando uma visão de longo prazo e a realidade e as restrições existentes. Além disso, nem tudo que é feito resulta em sucesso ou atinge as metas preestabelecidas. Nesse momento, entra em campo a vontade de fazer e de mostrar ao mundo algo de valor diferenciado. Portanto, que venham os jogos!

38 PwC, Business and Economic Benefits of the Sydney 2000 Games: A Collation of Evidence [Benefícios Comerciais e Econômicos dos Jogos de 2000 em Sydney: Uma Comparação Crítica de Provas], 2001.

39 PwC, Gridlines , junho de 2010.

16 Oportunidades de infraestrutura para megaeventos

Referências bibliográficas

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2. Peter Kindel, Scott Watkins, and Andrew Hasdal, Land Use and Infrastructure Investments by Olympic Host Cities: Legacy Projects for Long-Term Economic Benefits, Topografis & Anderson Economic Group, LLC, October 1, 2009.

3. E-mail communication with Stephen Essex, associate professor at the University of Plymouth, December 10, 2010.

4. Greg Clark, Local Development Benefits from Staging Global Events, Organization for Economic Cooperation and Development, 2008.

5. Michael Payne, “A Gold-Medal Partnership,” Strategy+Business, Spring 2007.

6. Greg Clark, Local Development Benefits from Staging Global Events. Organization for Economic Cooperation and Development, 2008.

7. Lee M. Sands, “The 2008 Olympics’ Impact on China,” The China Business Review, July-August 2008.

8. Sunil Jagtiani, “Track Record: Temporary Hurdle,” Fund Strategy, September 1, 2008.

9. William C. Kirby, “Do Olympic Host Cities Ever Win? A Huge Improvement for Beijing.” The New York Times, October 2, 2009.

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11. PwC, Cities of Opportunity, 2010.

12. National Audit Offi ce (UK), Preparations for the London 2012 Olympic and Paralympic Games: Progress Report February 2010, February 26, 2010.

13. Ibid.

14. PwC, Gridlines, June 2010.

15. Interview with Mauricio Girardello, partner, PwC Brazil, May 26, 2010.

16. Mimi Whitefi eld, “For Next World Cup, Brazil Gets the Ball Rolling” The Miami Herald, July 27, 2010.

17. “Do Brazil’s Infrastructure Plans Have a Sporting Chance?” Project Finance, December 2009.

18. Sochi Organizing Committee, Position Statements, accessed April 1, 2011.

19. Sochi 2014 Bid, http://Sochi2014.com/en/legacy/.

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23. New South Wales Treasury: Offi ce of Financial Management, The Economic Impact of the Sydney Olympic Games, November 1997.

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24. PwC, Business and Economic Benefits of the Sydney 2000 Games: A Collation of Evidence, 2001.

25. PwC, Cities of Opportunity, 2010.

26. Holger Preuss, The Economics of Staging the Olympics: A Comparison of the Games 1972-2008, Edward Elgar Publishing Limited, 2004.

27. Metro Atlanta Chamber of Commerce, “Atlanta’s Olympic Legacy,” http://www.metroatlantachamber.com/files/file/communications/oly/finalolympiclegacy.pdf, accessed February 10, 2010.

28. Dahshi Marshall, “Do Olympic Host Cities Ever Win? A Renaissance for Atlanta,” The New York Times, October, 2, 2009.

29. Metro Atlanta Chamber of Commerce, “Atlanta’s Olympic Legacy,” http://www.metroatlantachamber.com/files/file/communications/oly/finalolympiclegacy.pdf, accessed February 10, 2010.

30. Organization for Economic Cooperation and Development, Policy Brief: Infrastructure to 2030, January 2008.

31. Paul Kelso, “Hourglass Starts Running for Qatar to Vindicate FIFA’s 2022 Gamble,” The Daily Telegraph, January 10, 2011.

32. Qatar 2022 Bid, http://www.qatar2022bid.com/qatars-bid/legacy.

33. Matthew Futterman and Jonathan Clegg, “World Cup Headed to Russia and Qatar,” The Wall Street Journal, December 3, 2010.

34. Michael Payne, Olympic Turnaround: How the Olympic Games Stepped Back from the Brink of Extinction to Become the World’s Best Known Brand, Praeger, 2006.

35. Michael Payne, “A Gold-Medal Partnership,” Strategy+Business, Spring 2007.

36. Simon Kent, “Passing the Torch,” PM Network, December 2008.

37. PwC, Public-Private Partnerships: The US Perspective, June 2010.

38. Interview with Norm O’Reilly, professor of sport management at the University of Ottawa, September 25, 2010.

39. Andrew Zimbalist, “Is it Worth It?” Finance & Development, March 2010.

40. Greg Clark, Local Development Benefi ts from Staging Global Events. Organization for Economic Cooperation and Development, 2008.

41. E-mail communication with Stephen Essex, associate professor at the University of Plymouth, December 10, 2010.

42. PwC, Cities of Opportunity, 2010.

43. World Economic Forum, Global Risks 2020: A Global Risk Network Report, January 2010. Infrastructure investment: What works best? a PwC, Business and Economic Benefi ts of the Sydney 2000 Games: A Collation of Evidence, 2001.b PwC, Gridlines, June 2010.

18 Oportunidades de infraestrutura para megaeventos

Para discutir as questõesPara uma discussão mais aprofundada sobre a infraestrutura de megaeventos, favor contatar nossos parceiros consultores de eventos esportivos mundiais, tais como:

• Copa do Mundo 2006, Alemanha

• Copa do Mundo 2010, África do Sul

• Copa do Mundo 2014, Brasil

• Copa do Mundo 2018, Rússia

• Copa do Mundo 2022, Qatar

• Olimpíadas 2000, Sydney

• Olimpíadas 2008, Pequim

• Olimpíadas 2010, Vancouver

• Olimpíadas 2012, Londres

• Olimpíadas 2014, Sochi

• Olimpíadas 2016, Rio de Janeiro

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Infraestrutura e megaeventos

Mauricio Girardello+55 11 3674 [email protected]

Richard Dubois+55 11 3674 [email protected]

América Latina

João Lins+55 11 3674 [email protected]

Hazem Galal+55 11 3232 [email protected]

20 Oportunidades de infraestrutura para megaeventos

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