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Interbits – SuperPro ® Web 1. (Unesp 2012) Se me mostrarem um único ser vivo que não tenha ancestral, minha teoria poderá ser enterrada. (Charles Darwin) Sobre essa frase, afirmou-se que: I. Contrapõe-se ao criacionismo religioso. II. Contrapõe-se ao essencialismo de Platão, segundo o qual todas as espécies têm uma essência fixa e eterna. III. Sugere uma possibilidade que, se comprovada, poderia refutar a hipótese evolutiva darwiniana. IV. Propõe que as espécies atuais evoluíram a partir da modificação de espécies ancestrais, não aparentadas entre si. V. Nega a existência de espécies extintas, que não deixaram descendentes. É correto o que se afirma em a) IV, apenas. b) II e III, apenas. c) III e IV, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, II, III, IV e V. Resposta: [D] [Resposta do ponto de vista da disciplina de Biologia] A teoria evolucionista de Charles Darwin propõe que as espécies evoluíram a partir de modificações de ancestrais aparentados entre si. As espécies extintas deixaram descendentes que formaram as espécies atuais. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Filosofia] Na frase do enunciado, Darwin evoca, de maneira irônica, a possibilidade de sua teoria poder estar errada. Para ele, a Página 1 de 59

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1. (Unesp 2012)

Se me mostrarem um único ser vivo que não tenha ancestral, minha teoria poderá ser enterrada.

(Charles Darwin)Sobre essa frase, afirmou-se que:

I. Contrapõe-se ao criacionismo religioso.II. Contrapõe-se ao essencialismo de Platão, segundo o qual todas as espécies têm uma

essência fixa e eterna.III. Sugere uma possibilidade que, se comprovada, poderia refutar a hipótese evolutiva

darwiniana.IV. Propõe que as espécies atuais evoluíram a partir da modificação de espécies ancestrais,

não aparentadas entre si.V. Nega a existência de espécies extintas, que não deixaram descendentes.

É correto o que se afirma em a) IV, apenas. b) II e III, apenas. c) III e IV, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, II, III, IV e V.

Resposta:

[D]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Biologia]A teoria evolucionista de Charles Darwin propõe que as espécies evoluíram a partir de modificações de ancestrais aparentados entre si. As espécies extintas deixaram descendentes que formaram as espécies atuais.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Filosofia]Na frase do enunciado, Darwin evoca, de maneira irônica, a possibilidade de sua teoria poder estar errada. Para ele, a ancestralidade é uma característica comum a todas as espécies de seres vivos, que, por isso, são considerados como sendo aparentados entre si, mesmo que através de um ancestral longínquo. Vale ressaltar que sua teoria da Evolução contraria tanto o criacionismo religioso quanto o essencialismo platônico ao desconsiderar a existência de espécies únicas e diferentes entre si em essência.

2. (Ufu 2013) De um modo geral, o conceito de physis no mundo pré-socrático expressa um princípio de movimento por meio do qual tudo o que existe é gerado e se corrompe. A doutrina

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de Parmênides, no entanto, tal como relatada pela tradição, aboliu esse princípio e provocou, consequentemente, um sério conflito no debate filosófico posterior, em relação ao modo como conceber o ser. Para Parmênides e seus discípulos: a) A imobilidade é o princípio do não-ser, na medida em que o movimento está em tudo o que

existe. b) O movimento é princípio de mudança e a pressuposição de um não-ser. c) Um Ser que jamais muda não existe e, portanto, é fruto de imaginação especulativa. d) O Ser existe como gerador do mundo físico, por isso a realidade empírica é puro ser, ainda

que em movimento.

Resposta:

[B]

O conceito de physis entre os pré-socráticos expressa basicamente o princípio gerador, constituinte e ordenador de todas as coisas. Segundo Parmênides, este princípio é aquilo que racionalmente compreendemos ser sempre e nunca mutante, sendo o seu contrário justamente o não-ser. É uma tese difícil de apreendermos, como se pode observar no seguinte trecho do seu poema:

“eu te direi, e tu, recebe a palavra que ouviste,os únicos caminhos de inquérito que são a pensar:

o primeiro, que é; e, portanto, que não é não ser,de Persuasão, é caminho, pois à verdade acompanha.O outro, que não é; e, portanto, que é preciso não-ser.Eu te digo que este último é atalho de todo não crível,

Pois nem conhecerias o que não é, nem o dirias...”

(tradução de José Cavalcante de Souza, “Parmênides de Eléia”, in Os pré-socráticos, coleção Os Pensadores)

3. (Uel 2013) No livro Através do espelho e o que Alice encontrou por lá, a Rainha Vermelha diz uma frase enigmática: “Pois aqui, como vê, você tem de correr o mais que pode para continuar no mesmo lugar.”

(CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p.186.)

Já na Grécia antiga, Zenão de Eleia enunciara uma tese também enigmática, segundo a qual o movimento é ilusório, pois “numa corrida, o corredor mais rápido jamais consegue ultrapassar o mais lento, visto o perseguidor ter de primeiro atingir o ponto de onde partiu o perseguido, de tal forma que o mais lento deve manter sempre a dianteira.”

(ARISTÓTELES. Física. Z 9, 239 b 14. In: KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os Pré-socráticos. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p.284.)

Com base no problema filosófico da ilusão do movimento em Zenão de Eleia, é correto afirmar que seu argumento a) baseia-se na observação da natureza e de suas transformações, resultando, por essa razão,

numa explicação naturalista pautada pelos sentidos. b) confunde a ordem das coisas materiais (sensível) e a ordem do ser (inteligível), pois avalia o

sensível por condições que lhe são estranhas. c) ilustra a problematização da crença numa verdadeira existência do mundo sensível, à qual

se chegaria pelos sentidos.

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d) mostra que o corredor mais rápido ultrapassará inevitavelmente o corredor mais lento, pois isso nos apontam as evidências dos sentidos.

e) pressupõe a noção de continuidade entre os instantes, contida no pressuposto da aceleração do movimento entre os corredores.

Resposta:

[C]

O argumento de Zenão problematiza a tese de que o espaço, conceitualmente dado, é divisível. Portanto, o seu argumento parte da suposição da verdade dessa qualidade do espaço, sua divisibilidade, para provar o seu absurdo. Se considerarmos possível a divisão do espaço, então teremos que assumir, por exemplo, que é impossível Aquiles ultrapassar a tartaruga em uma corrida, pois para Aquiles ultrapassar a tartaruga ele teria antes que ultrapassar a metade da distância entre eles, e depois a metade da metade, e depois a metade da metade, assim por diante infinitamente, de modo que Aquiles nunca sairia do seu lugar de origem. Como isso é absurdo, então o espaço não é efetivamente divisível e sim uno; também, o movimento é ilusório, pois não existe um percurso que se percorre, afinal não se pode realmente dividir o espaço.

4. (Ufsj 2013) A construção de uma cosmologia que desse uma explicação racional e sistemática das características do universo, em substituição à cosmogonia, que tentava explicar a origem do universo baseada nos mitos, foi uma preocupação da Filosofia a) medieval. b) antiga. c) iluminista. d) contemporânea.

Resposta:

[B]

A filosofia nasce, historicamente, em um período da Grécia antiga no qual se modificava a maneira com que os homens se relacionavam. Sendo que os mitos organizavam toda a vida social consolidando práticas e cerimônias religiosas nas famílias, entre as famílias, nas tribos, entre cidades, etc., a sua modificação, ou até extinção, inevitavelmente faria renascer, distinta, a organização das relações dos homens entre eles mesmos nas casas e na cidade. A filosofia, por conseguinte, tem sua origem em duas modificações uma contextual e outra subjetiva, isto é, uma modificação na cidade e outra no próprio homem. As modificações da cidade e da própria subjetividade se confundem, pois a própria cidade deixa de se conformar com certas tradições religiosas e a própria subjetividade, com o passar das gerações, deixa de prezar os valores ancestrais organizados nos mitos. Com essas mudanças a cidade e o homem passam a se constituir a partir de outras práticas consideradas fundamentais, como o pensamento racional – um pensamento com começo, meio e fim e justificado pela a experiência do mundo, sem o auxílio de entes inalcançáveis.

5. (Unicamp 2013) A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos

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homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância.O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir

conhecimentos. b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função

da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece

verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos. d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos,

preocupando-se apenas com causas abstratas.

Resposta:

[A]

Primeiramente, o ponto de partida da filosofia socrática não é a afirmação “sei que nada sei”, mas sim a palavra do oráculo de Delfos (dedicado a Apolo) que afirmou para Sócrates ser ele o homem mais sábio de todos. Sócrates não duvidou da palavra do Deus e partiu em busca da compreensão das palavras divinas. Interrogando outras pessoas, Sócrates percebeu que apesar de ele não possuir conhecimento sobre as coisas, possuía conhecimento sobre sua própria ignorância, algo que todos os outros homens não possuíam. A ignorância sobre o que significava a palavra divina o fez ir atrás do conhecimento sobre si mesmo.

6. (Uel 2013) Observe a charge a seguir.

Após descrever a alegoria da caverna, na obra A República, Platão faz a seguinte afirmação:

Com efeito, uma vez habituados, sereis mil vezes melhores do que os que lá estão e reconhecereis cada imagem, o que ela é e o que representa, devido a terdes contemplado a verdade relativa ao belo, ao justo e ao bom. E assim teremos uma cidade para nós e para vós, que é uma realidade, e não um sonho, como atualmente sucede na maioria delas, onde combatem por sombras uns com os outros e disputam o poder, como se ele fosse um grande bem.

(PLATÃO. A República. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994. p.326.)

a) Segundo a alegoria da caverna de Platão e com base nessa afirmação, explique o modelo político que configura a organização da cidade ideal.

b) Compare a alegoria da caverna e a charge, e explicite o que representa, do ponto de vista político, a saída do homem da caverna e a contemplação do bem.

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Resposta:

a) Platão dedica a obra República para criar a cidade ideal, isto a fim de demonstrar o que é a justiça e se a vida justa é mais feliz que a injusta. O filósofo rejeita as cidades existentes como modelos de cidades justas, pois as aparências não são suficientes para definir o que algo é em si mesmo. Então, para vislumbrar o que é a justiça, antes necessitamos enxergar o conceito de maneira ampliada, isto é, na cidade ideal e depois de maneira diminuta na alma do indivíduo. A cidade justa de Platão contempla trabalhadores, soldados e governantes realizando as funções para as quais estão mais aptos naturalmente. E assim como na cidade platônica é o filósofo quem governa, no indivíduo é a razão que o guia.

b) Na charge os personagens estão presos por correntes ao televisor, na alegoria os homens estão presos à caverna. Assim como na TV a realidade é forjada pelos programas, a realidade era forjada dentro da caverna por alguns homens livres dos grilhões. Os homens nos dois casos, as sombras são tidas como verdadeiras, porém quando libertos, eles passam a enxergar a realidade mesma. Essa saída indica a possibilidade de autonomia. No âmbito político, representa a possibilidade do exercício do governo à luz da justiça e o afastamento das formas de dominação.

7. (Ufu 2013) A atividade intelectual que se instalou na Grécia a partir do séc. VI a.C. está substancialmente ancorada num exercício especulativo-racional. De fato, “[...] não é mais uma atividade mítica (porquanto o mito ainda lhe serve), mas filosófica; e isso quer dizer uma atividade regrada a partir de um comportamento epistêmico de tipo próprio: empírico e racional”.

SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-socráticos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998, p. 32.

Sobre a passagem da atividade mítica para a filosófica, na Grécia, assinale a alternativa correta. a) A mentalidade pré-filosófica grega é expressão típica de um intelecto primitivo, próprio de

sociedades selvagens. b) A filosofia racionalizou o mito, mantendo-o como base da sua especulação teórica e

adotando a sua metodologia. c) A narrativa mítico-religiosa representa um meio importante de difusão e manutenção de um

saber prático fundamental para a vida cotidiana. d) A Ilíada e a Odisseia de Homero são expressões culturais típicas de uma mentalidade

filosófica elaborada, crítica e radical, baseada no logos.

Resposta:

[C]

A Filosofia difere fundamentalmente do mito, pois este é um discurso baseado na autoridade religiosa e aquela é um discurso baseado na racionalidade de todo e qualquer cidadão. O desenvolvimento da Filosofia está muitíssimo próximo do desenvolvimento das cidades-estados gregas que deixavam de tomar decisões concordantes com os aconselhamentos dos oráculos e passavam a tomar suas decisões através do diálogo entre homens igualmente racionais. De todo modo, a narrativa mítico-religiosa possuía sua importância por garantir a sobrevivência de tradições, que definiam a cultura dos povos e mantinham os cidadãos convivendo de modo relativamente harmonioso.

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8. (Ueg 2013) O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja, recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução histórico-social em que o ser humano começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades, questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode-se afirmar que a filosofia a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos

sentimentos, das percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões.

b) existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica para seu nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e exige o trabalho da razão.

c) inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos são impostos pela tradição e pela sociedade, visando educar o ser humano como cidadão.

d) surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que validam ou invalidam suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da verdade revelada pela codificação mítica.

Resposta:

[D]

A filosofia nasce, historicamente, em um período da Grécia antiga no qual se modificava a maneira com que os homens se relacionavam. Sendo que os mitos organizavam toda a vida social, consolidando práticas e cerimônias religiosas nas famílias, entre as famílias, nas tribos, entre cidades, etc., a sua modificação, ou até extinção, inevitavelmente faria renascer, distinta, a organização das relações dos homens entre eles mesmos nas casas e na cidade. A filosofia, por conseguinte, tem sua origem em duas modificações uma contextual e outra subjetiva, isto é, uma modificação na cidade e outra no próprio homem. As modificações da cidade e da própria subjetividade se confundem, pois a própria cidade deixa de se conformar com certas tradições religiosas e a própria subjetividade, com o passar das gerações, deixa de prezar os valores ancestrais organizados nos mitos. Com essas mudanças, a cidade e o homem passam a se constituir a partir de outras práticas consideradas fundamentais, como o pensamento racional – um pensamento com começo, meio e fim e justificado pela a experiência do mundo, sem o auxílio de entes inalcançáveis.

9. (Ueg 2013) O surgimento da filosofia entre os gregos (Séc. VII a.C.) é marcado por um crescente processo de racionalização da vida na cidade, em que o ser humano abandona a verdade revelada pela codificação mítica e passa a exigir uma explicação racional para a compreensão do mundo humano e do mundo natural. Dentre os legados da filosofia grega para o Ocidente, destaca-se: a) a concepção política expressa em A República, de Platão, segundo a qual os mais fortes

devem governar sob um regime político oligárquico. b) a criação de instituições universitárias como a Academia, de Platão, e o Liceu, de Aristóteles. c) a filosofia, tal como surgiu na Grécia, deixou-nos como legado a recusa de uma fé inabalável

na razão humana e a crença de que sempre devemos acreditar nos sentimentos. d) a recusa em apresentar explicações preestabelecidas mediante a exigência de que, para

cada fato, ação ou discurso, seja encontrado um fundamento racional.

Resposta:

[D]

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No período em questão, as cidades passam a se organizar de uma maneira distinta, livrando-se de uma centralização na figura de um rei (anax) e estabelecendo a figura de vários líderes (basileus). Nesta nova ordem, o rei não é capaz de dar a ordem para ser obedecido incondicionalmente e os vários líderes devem ser convencidos da ação necessária pela racionalidade do argumento, e não pela coerção. Essa necessidade de argumentar racionaliza os procedimentos deliberativos da cidade e acabam por estabelecer uma ordem na qual a tradição passa a ser afastada de pouco em pouco por sua inaptidão em atender problemas de ordem prática com eficiência.

10. (Unimontes 2013) Muitos pensam que os mitos são lendas restritas aos povos tribais e que teriam desaparecido com a crítica do pensamento científico moderno. No que se refere ao mito, podemos afirmar, EXCETO a) O mito é falso e enganador, pois o mesmo falta com a verdade. b) O mito orienta a vida e o sentido da existência. c) Os mitos têm como função acomodar o homem em um mundo assustador. d) As narrativas míticas eram próprias de um mundo onde a oralidade ocupava lugar central na

vida humana.

Resposta:

[A]

O mito é uma simples história contada de modo pomposo. A grande diferença entre mito e ciência é a justificação do discurso, enquanto o primeiro simplesmente se satisfaz com o seu encantamento próprio, a segunda necessita axiomaticamente de uma satisfação pública de seu conteúdo, isto é, uma satisfação acessível a qualquer um que seja racional.

11. (Ufu 2013) Com efeito, existem a respeito de Deus verdades que ultrapassam totalmente as capacidades da razão humana. Uma delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno. Ao contrário, existem verdades que podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que Deus existe, que há um só Deus etc. AQUINO, Tomás de. Súmula contra os Gentios. Capítulo Terceiro: A possibilidade de descobrir

a verdade divina. Tradução de Luiz João Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 61.

Para São Tomás de Aquino, a existência de Deus se prova a) por meios metafísicos, resultantes de investigação intelectual. b) por meio do movimento que existe no Universo, na medida em que todo movimento deve ter

causa exterior ao ser que está em movimento. c) apenas pela fé, a razão é mero instrumento acessório e dispensável. d) apenas como exercício retórico.

Resposta:

[B]

A filosofia medieval é movida por querelas intelectuais nas quais de um lado encontramos os teólogos e de outro os filósofos, ou de um lado os defensores do conhecimento pela fé e de outro os defensores do conhecimento pela razão, ou de um lado a revelação bíblica e de outro a investigação dos filósofos gregos. A partir do século XII, com as traduções feitas pela escola de Toledo das obras de Aristóteles, essas disputas se acirraram. À primeira vista, o

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aristotelismo era incompatível com a doutrina cristã. No aristotelismo, por exemplo, não havia nenhuma noção de deus criador, de providência divina, de alma imortal, de queda e redenção do homem – todas estas noções caras à doutrina cristã. Essa incompatibilidade levou à censura da obra de Aristóteles. Porém, a capacidade intelectual de Tomás de Aquino aliada a sua inabalável fé cristã resolveram tais incompatibilidades com uma cristianização efetiva da filosofia aristotélica. Um exemplo da capacidade de Tomás está na sua apropriação da tese de Aristóteles sobre o Primeiro Motor (para haver um móvel é necessário que exista um imóvel, para que exista a passagem da potência para o ato é necessário haver algo que seja ato puro), e transformação desta em prova da existência do Deus cristão; essa é uma das cinco provas da existência de Deus aceitas por Santo Tomás.Porém, a questão do vestibular possui um problema grave, pois a alternativa: “por meios metafísicos, resultantes de investigação intelectual”, é correta segundo esta afirmação do texto citado: “existem verdades que podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que Deus existe”.

12. (Ufpa 2013) Ao pensar como deve comportar-se um príncipe com seus súditos, Maquiavel questiona as concepções vigentes em sua época, segundo as quais consideravam o bom governo depende das boas qualidades morais dos homens que dirigem as instituições. Para o autor, “um homem que quiser fazer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus. Assim, é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade”.

Maquiavel, O Príncipe, São Paulo: Abril cultural, Os Pensadores, 1973, p.69.

Sobre o pensamento de Maquiavel, a respeito do comportamento de um príncipe, é correto afirmar que a) a atitude do governante para com os governados deve estar pautada em sólidos valores

éticos, devendo o príncipe punir aqueles que não agem eticamente. b) o Bem comum e a justiça não são os princípios fundadores da política; esta, em função da

finalidade que lhe é própria e das dificuldades concretas de realizá-la, não está relacionada com a ética.

c) o governante deve ser um modelo de virtude, e é precisamente por saber como governar a si próprio e não se deixar influenciar pelos maus que ele está qualificado a governar os outros, isto é, a conduzi-los à virtude.

d) o Bem supremo é o que norteia as ações do governante, mesmo nas situações em que seus atos pareçam maus.

e) a ética e a política são inseparáveis, pois o bem dos indivíduos só é possível no âmbito de uma comunidade política onde o governante age conforme a virtude.

Resposta:

[B]

O pensamento de Maquiavel sobre o comportamento do príncipe estabelece uma ética fundada a partir de um princípio distinto da ética clássica. No pensamento clássico, a ética tinha a finalidade de formar um homem com um comportamento baseado em certas virtudes, como a sabedoria, a coragem, a temperança, a prudência. Já a ética maquiavélica não busca refletir sobre a formação dos hábitos de um homem, no caso o príncipe, tendo em vista tais virtudes, mas sim tendo em vista a sua manutenção no poder. Portanto, os hábitos do príncipe não podem ser pensados de acordo com virtudes cardeais, mas sim de acordo com a experiência comum através da qual se observa homens agindo de maneira desleal sem qualquer pudor ou respeito para com atitudes magnânimas.

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13. (Ufsj 2013) “Liberdade significa, em sentido próprio, a ausência de oposição [...] e não se aplica menos às criaturas irracionais e inanimadas do que às racionais”.

Esse é um fragmento de texto colhido de a) David Hume. b) Thomas Hobbes. c) Friedrich Nietzsche. d) Jean-Paul Sartre.

Resposta:

[B]

Liberdade, no entender de Hobbes, é ausência de obstáculos externos às ações que contribuem para a preservação da vida. De acordo com o Capítulo XIV do Leviatã, a liberdade é um direito, e opõe-se à lei. Estamos diante da condição humana, isto é, diante do estado natural, no âmbito dos apetites e dos desejos primários do homem, e não diante de alguma qualidade intrínseca específica do homem.

14. (Ufsj 2013) Thomas Hobbes afirma que “Lei Civil”, para todo súdito, é a) “construída por aquelas regras que o Estado lhe impõe, oralmente ou por escrito, ou por

outro sinal suficiente de sua vontade, para usar como critério de distinção entre o bem e o mal”.

b) “a lei que o deixa livre para caminhar para qualquer direção, pois há um conjunto de leis naturais que estabelece os limites para uma vida em sociedade”.

c) “reguladora e protetora dos direitos humanos, e faz intervenção na ordem social para legitimar as relações externas da vida do homem em sociedade”.

d) “calcada na arbitrariedade individual, em que as pessoas buscam entrar num Estado Civil, em consonância com o direito natural, no qual ele – o súdito – tem direito sobre a sua vida, a sua liberdade e os seus bens”.

Resposta:

[A]

A Lei Civil ordena o conteúdo proveniente da ação livre, isto é, da Lei Natural. Desse modo, o Estado Liberal, que pressupõe a existência da Lei Natural, organiza a atividade normativa através de leis positivas cuja finalidade é manter os excessos da liberdade controlados. Assim, “a função do poder civil, a segurança, consiste em fazer com que as Leis Naturais sejam observadas”. É por meio de leis civis que as leis naturais se tornam obrigatórias.

15. (Ufpa 2013) “Desta guerra de todos os homens contra todos os homens também isto é consequência: que nada pode ser injusto. As noções de bem e de mal, de justiça e injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais. A justiça e a injustiça não fazem parte das faculdades do corpo ou do espírito. Se assim fosse, poderiam existir num homem que estivesse sozinho no mundo, do mesmo modo que seus sentidos e paixões.”

HOBBES, Leviatã, São Paulo: Abril cultural, 1979, p. 77.

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Quanto às justificativas de Hobbes sobre a justiça e a injustiça como não pertencentes às faculdades do corpo e do espírito, considere as afirmativas:

I. Justiça e injustiça são qualidades que pertencem aos homens em sociedade, e não na solidão.

II. No estado de natureza, o homem é como um animal: age por instinto, muito embora tenha a noção do que é justo e injusto.

III. Só podemos falar em justiça e injustiça quando é instituído o poder do Estado.IV. O juiz responsável por aplicar a lei não decide em conformidade com o poder soberano; ele

favorece os mais fortes.

Estão corretas as afirmativas: a) I e II b) I e III c) II e IV d) I, III e IV e) II, III e IV

Resposta:

[B]

A teoria contratual de Hobbes busca estabelecer um movimento no qual o homem passa de um estado natural para um estado civil. No estado natural, o homem vive em guerra com os outros homens, isto é, a finalidade da vida é manter-se vivo e se beneficiar do uso da violência, da trapaça, etc. contra os outros. A insustentabilidade desse estado leva o homem a buscar manter-se vivo de outra maneira, a saber, instituindo um governo que, na opinião do filósofo, deveria ditatorialmente se sobrepor a todos e estabelecer uma ordem inabalável. O governante tem o monopólio do medo e mantém a paz através da repressão para manutenção da lei e a garantia da justiça.

16. (Ufu 2013) Porque as leis de natureza (como a justiça, a equidade, a modéstia, a piedade, ou, em resumo, fazer aos outros o que queremos que nos façam) por si mesmas, na ausência do temor de algum poder capaz de levá-las a ser respeitadas, são contrárias a nossas paixões naturais, as quais nos fazem tender para a parcialidade, o orgulho, a vingança e coisas semelhantes.

HOBBES, Thomas. Leviatã. Cap. XVII. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 103.

Em relação ao papel do Estado, Hobbes considera que: a) O seu poder deve ser parcial. O soberano que nasce com o advento do contrato social deve

assiná-lo, para submeter-se aos compromissos ali firmados. b) A condição natural do homem é de guerra de todos contra todos. Resolver tal condição é

possível apenas com um poder estatal pleno. c) Os homens são, por natureza, desiguais. Por isso, a criação do Estado deve servir como

instrumento de realização da isonomia entre tais homens. d) A guerra de todos contra todos surge com o Estado repressor. O homem não deve se

submeter de bom grado à violência estatal.

Resposta:

[B]

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O Estado de natureza é "natural" em apenas um sentido específico. Para Hobbes a autoridade política é artificial e em contrapartida o Estado anterior à instituição do Governante é natural. Nesta sua condição "natural" o ser humano mantém apenas a relação de autoridade da mãe sobre o filho, pois ela tem a vida do filho. Entre adultos, inevitavelmente, o caso se complica e surge a necessidade do artifício. Naturalmente, todo homem tem direito igual a todas as coisas. Porém, cada homem difere um do outro em força e em inteligência. Apesar dessa diferença, cada homem tem poder suficiente para ameaçar a vida de qualquer outro, de modo que invariavelmente o Estado de natureza termina em uma disputa de todos contra todos por tudo que é direito de todos. Para o racionalismo hobbesiano, o Estado de natureza é forçosamente uma guerra de todos contra todos. O homem, como a máxima de Hobbes manifesta, é lupino.

17. (Uel 2013) Leia o texto a seguir.

A questão não está mais em se um homem é honesto, mas se é inteligente. Não perguntamos se um livro é proveitoso, mas se está bem escrito. As recompensas são prodigalizadas ao engenho e ficam sem glórias as virtudes. Há mil prêmios para os belos discursos, nenhum para as belas ações.

(ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre as ciências e as artes. 3.ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p.348. Coleção Os Pensadores.)

O texto apresenta um dos argumentos de Rousseau à questão colocada em 1749, pela Academia de Dijon, sobre o seguinte problema: O restabelecimento das Ciências e das Artes terá contribuído para aprimorar os costumes?Com base nas críticas de Rousseau à sociedade, assinale a alternativa correta. a) As artes e as ciências geralmente floresceram em sociedades que se encontravam em pleno

vigor moral, em que a honra era a principal preocupação dos cidadãos. b) A emancipação advém da posse e do consumo exclusivo e diferenciado de bens de primeira

linha, uma vez que o luxo concede prestígio para quem o possui. c) Os envolvidos com as ciências e as artes adquirem, com maior grau de eficiência,

conhecimentos que lhes permitem perceber a igualdade entre todos. d) O amor-próprio é um sentimento positivo por meio do qual o indivíduo é levado a agir

moralmente e a reconhecer a liberdade e o valor dos demais. e) O objetivo das investigações era atingir celebridade, pois os indivíduos estavam obcecados

em exibir-se, esquecendo-se do amor à verdade.

Resposta:

[E]

Rousseau alega que os perigos das artes e das ciências provêm do fato de elas serem resultantes de nossos vícios. A astronomia provém de nossa superstição; a eloquência de nossa ambição, ódio, bajulação e falsidade; geometria da avareza, física da nossa vã curiosidade; todas, até a filosofia moral, do nosso orgulho humano. E as próprias artes e ciências falham em contribuir qualquer coisa positiva para a moralidade. A ciência rouba tempo das atividades realmente importantes como: amor ao país, aos amigos e aos menos afortunados. As artes incentivam o egocentrismo contaminando o artista com a mera vontade de ser aplaudido. A ciência falha em produzir qualquer conhecimento que guie o comportamento do homem na direção da virtude cívica, a ciência cria unicamente o desejo no homem pelo luxo e faz-se somente um meio para facilitar nossas vidas e transformá-las em algo mais prazeroso, porém não moralmente melhor. As artes promovem a competição e a necessidade de ser superior ao próximo, as artes fazem a sociedade enfatizar os talentos em vez das virtudes como a coragem, a generosidade e a temperança.

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18. (Ufu 2013) Autonomia da vontade é aquela sua propriedade graças à qual ela é para si mesma a sua lei (independentemente da natureza dos objetos do querer). O princípio da autonomia é, portanto: não escolher senão de modo a que as máximas da escolha estejam incluídas simultaneamente, no querer mesmo, como lei universal.

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1986, p. 85.

De acordo com a doutrina ética de Kant: a) O Imperativo Categórico não se relaciona com a matéria da ação e com o que deve resultar

dela, mas com a forma e o princípio de que ela mesma deriva. b) O Imperativo Categórico é um cânone que nos leva a agir por inclinação, vale dizer, tendo

por objetivo a satisfação de paixões subjetivas. c) Inclinação é a independência da faculdade de apetição das sensações, que representa

aspectos objetivos baseados em um julgamento universal. d) A boa vontade deve ser utilizada para satisfazer os desejos pessoais do homem. Trata-se de

fundamento determinante do agir, para a satisfação das inclinações.

Resposta:

[A]

Em terminologia kantiana, a boa vontade é aquela cujo voluntarismo é totalmente determinado por demandas morais ou, como o filósofo normalmente se refere a isso, pela Lei Moral. Kant distingue dois tipos de lei produzidos pela razão. Dado certo fim que nós gostaríamos de alcançar, a razão pode proporcionar um imperativo hipotético – uma regra contingente e circunstancial como fundamento da ação – ou um imperativo categórico – uma regra necessária e universal como fundamento da ação. Como uma Lei Moral não pode ser meramente hipotética, pois uma ação moral não pode ser fundada sobre um propósito circunstancial, a moralidade exige uma afirmação incondicional do dever de um indivíduo, ou seja, a moralidade exige uma regra para ação que seja necessária e universal, ela exige um imperativo categórico.

19. (Uel 2013) Leia a tirinha e o texto a seguir.

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A visão de Kant sobre o Iluminismo articula-se com sua filosofia moral da seguinte forma: o propósito iluminista é abandonar a menoridade intelectual para se pensar autonomamente. Além disso, pensar por si mesmo não significa a rigor ceder aos desejos particulares. Portanto, o iluminista não defende uma anarquia de princípios e de ação; trata-se, sim, de elevar a moral ao nível da razão, como uma legisladora universal que decide sobre máximas que se aplicam a todos indistintamente.

(BORGES, M. L.; DALL´AGNOL, D.; DUTRA, D. V. Ética. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. p.22-23.)

a) De acordo com a filosofia moral kantiana, explique a diferenciação entre autonomia e heteronomia.

b) Explicite o significado do imperativo categórico de Kant e o relacione com a tirinha.

Resposta:

a) Enquanto a autonomia refere-se à capacidade de autodeterminação da vontade com o propósito de realizar uma ação a partir de um princípio racional, isto é, somente determinado pela imposição do dever de cumprir aquilo que foi previamente designado pela razão, a heteronomia refere-se a ações realizadas sob a influência de elementos externos à própria razão. Trata-se de casos em que a determinação da vontade humana se dá mediante influência externa à própria razão, como o cumprimento de mandamentos divinos, ou o impulso na direção de um desejo supérfluo, ou o contexto degradante como no caso da tirinha, etc.

b) O imperativo categórico é um procedimento formal segundo o qual pela própria razão se disporia das condições de discriminação de quais máximas subjetivas são universalizáveis, isto é, quais se enquadrariam em uma possível legislação universal. No caso da tirinha, o Imperativo Categórico é demonstrado na medida em que o personagem, diante de um conflito de ação, pondera o valor desta sua ação através do imperativo de que ela será necessária se, e somente se, puder ser universalizada.

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20. (Ufsj 2013) “A Filosofia a golpes de martelo” é o subtítulo que Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos ídolos. Tais golpes são dirigidos, em particular, ao(s) a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são os instrumentos eficientes para a

compreensão e o norteamento da humanidade. b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a sexualidade, ao materialismo, à abordagem

psicológica de artistas e pensadores, bem como ao antigermanismo. c) compositores do século XIX, como, por exemplo, Wolfgang Amadeus Mozart, compositor de

uma ópera de nome “Crepúsculo dos deuses”, parodiada no título. d) conceitos de razão e moralidade preponderantes nas doutrinas filosóficas dos vários

pensadores que o antecederam e seus compatriotas e/ou contemporâneos Kant, Hegel e Schopenhauer.

Resposta:

[D]

O indivíduo soberano, diz Nietzsche, deve livrar-se da moralidade, das coerções sociais. Um indivíduo assim se move de acordo com o seu instinto e sua natureza; ele não se submete à consciência que reprime seus impulsos desiderativos. O soberano se livra da consciência destruindo sua memória e alcança a liberdade através do esquecimento. Com marteladas, a ética pode ser fundada com o esquecimento do moralismo.

21. (Ufpa 2013) “Pode-se referir à consciência, à religião e tudo o que se quiser como distinção entre os homens e os animais; porém, esta distinção só começa quando os homens iniciam a produção dos seus meios de vida [...].A forma como os indivíduos manifestam a sua vida reflete muito exatamente o que são. O que são coincide portanto com a sua produção, isto é, com aquilo que produzem como com a forma como produzem.”

Marx, K. Ideologia Alemã, Lisboa: Editora Presença, 1980, p. 19.

Considerando que, segundo Marx, a maneira de ser do homem depende de alguns fatores, identifique, no conjunto de fatores listados abaixo, os que, na visão do citado filósofo, distinguem o ser humano:

I. os respectivos modos de produção.II. a própria produção de sua vida material.III. a forma de utilidade dos objetos produzidos em sociedade.IV. o estado de desenvolvimento de sua consciência depende de sua história de vida.V. a produção dos meios de subsistência tendo em vista o bem comum da sociedade.

Os fatores estão corretamente identificados em: a) I e II b) II e IV c) III e IV d) II e V e) I, III e V

Resposta:

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[A]

A obra A Ideologia alemã, escrita conjuntamente por Marx e Engels, é uma crítica ao pensamento produzido por aqueles que costumam ser chamados de “jovens hegelianos” (Feuerbach, Bauer, Stirner). Na obra, a intenção é apontar para a importância da materialidade na constituição da realidade e principalmente superar a ideia hegeliana de que é o espírito, e não a atividade humana, o sujeito da história.

22. (Uel 2013) Leia o texto a seguir.

O modo de comportamento perceptivo, através do qual se prepara o esquecer e o rápido recordar da música de massas, é a desconcentração. Se os produtos normalizados e irremediavelmente semelhantes entre si, exceto certas particularidades surpreendentes, não permitem uma audição concentrada, sem se tornarem insuportáveis para os ouvintes, estes, por sua vez, já não são absolutamente capazes de uma audição concentrada. Não conseguem manter a tensão de uma concentração atenta, e por isso se entregam resignadamente àquilo que acontece e flui acima deles, e com o qual fazem amizade somente porque já o ouvem sem atenção excessiva.

(ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: Adorno et all. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.190. Coleção Os Pensadores.)

As redes sociais têm divulgado músicas de fácil memorização e com forte apelo à cultura de massa.A respeito do tema da regressão da audição na Indústria Cultural e da relação entre arte e sociedade em Adorno, assinale a alternativa correta. a) A impossibilidade de uma audição concentrada e de uma concentração atenta relaciona-se

ao fato de que a música tornou-se um produto de consumo, encobrindo seu poder crítico. b) A música representa um domínio particular, quase autônomo, das produções sociais, pois se

baseia no livre jogo da imaginação, o que impossibilita estabelecer um vínculo entre arte e sociedade.

c) A música de massa caracteriza-se pela capacidade de manifestar criticamente conteúdos racionais expressos no modo típico do comportamento perceptivo inato às massas.

d) A tensão resultante da concentração requerida para a apreciação da música é uma exigência extramusical, pois nossa sensibilidade é naturalmente mais próxima da desconcentração.

e) Audição concentrada significa a capacidade de apreender e de repetir os elementos que constituem a música, sendo a facilidade da repetição o que concede poder crítico à música.

Resposta:

[A]

A arte organiza-se pelo sistema capitalista e, consequentemente, funciona como peça através da qual se manipula o interesse do público e se justifica como a reprodução de um estilo de vida. Essa arte deixa de servir a si mesma e passa a servir, como qualquer coisa industrial, à geração incessante de cifras. A indústria cultural deve, então, ser vista através de crítica severa, pois apenas assim se libertaria a Arte desta necessidade financeira e a transformaria em algo que serve o seu propósito social emancipatório. Isto quer dizer que a Arte precisa se liberar das reproduções sistêmicas próprias de uma indústria capitalista. O conformismo e a passividade do espectador devem ser, por conseguinte, superados para que a crítica aconteça.

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23. (Uel 2013) Observe a figura e leia o texto a seguir.

A crise da razão se manifesta na crise do indivíduo, por meio da qual se desenvolveu. A ilusão acalentada pela filosofia tradicional sobre o indivíduo e sobre a razão – a ilusão da sua eternidade – está se dissipando. O indivíduo outrora concebia a razão como um instrumento do eu, exclusivamente. Hoje, ele experimenta o reverso dessa autodeificação.

(HORKHEIMER, M. Eclipse da razão. São Paulo: Centauro, 2000, p.131.)

Com base na figura e nos conhecimentos sobre a crise da razão e do indivíduo na contemporaneidade, em Horkheimer, considere as afirmativas a seguir.

I. A crise do indivíduo implica na sua fragmentação: embora ele ainda se represente, a imagem que possui de si é incompleta, parcial.

II. A crise do indivíduo resulta de uma incompreensão: ignorar que ele é uma particularidade ordenada (microcosmo) inserida numa totalidade ordenada (macrocosmo).

III. O indivíduo, que é unitário, apreende a si mesmo e ao mundo plenamente, faltando-lhe, porém, os meios adequados para comunicar tal conhecimento.

IV. O desenvolvimento das ciências humanas levou a uma recusa da ideia universal de homem: nega-se à razão o poder de fundamentar absolutamente o conhecimento sobre o indivíduo.

Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Resposta:

[B]

Algo bastante importante a ser lembrado na filosofia de Horkheimer é que, sendo ela uma teoria crítica, ela se mantém através de procedimentos interdisciplinares dos quais se retira um diagnóstico sobre a realidade fundamental para a construção do conceito e da teoria. Isso é importante, pois a crise do indivíduo não é uma observação baseada em observações simples,

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porém através de estudos sobre cultura, sociologia, economia, psicologia, etc. De modo que, após o diagnóstico posterior à segunda guerra, constituído a partir da Dialética do Esclarecimento, todas as ciências, inclusive as sociais, passaram a se demonstrar incapazes de cumprir aqueles ideais iluministas de conhecimento racional, de conhecimento pleno, de autonomia do sujeito através da ação dirigida racionalmente, etc. A incapacidade do conhecimento racional de responder certas questões nos levou até algumas dúvidas sobre a constituição do sujeito, da cultura, da sociedade que faziam as representações do indivíduo desmanchar em fragmentos.

24. (Ufsj 2013) O Círculo de Viena foi um importante marco para a filosofia e, exemplarmente, propôs que, a) antes de ser classificado de percepção extrema ou subjetividade, todo e qualquer dado deve

ser sistematicamente analisado. b) em qualquer evento, existe algo de subjetivo e isso é disfarçado pelas extraordinárias

extensões no mundo metafísico. c) para ser aceita como verdadeira, uma teoria científica deveria passar pelo crivo da

verificação empírica. d) no limite do que o sujeito pode perceber e do que é exatamente o objeto há um abismo de

possibilidades e é nisso que consiste a importância da metafísica.

Resposta:

[C]

Três características fundamentais do pensamento promovido pelo Círculo de Viena são o Empirismo, o Positivismo e o uso de um método nomeado Análise Lógica. As duas primeiras características afirmam que apenas através da experiência se obtém conhecimento, e a terceira característica apresenta um método de esclarecimento sobre a estrutura dos problemas filosóficos através, em grande medida, da lógica simbólica.

25. (Unimontes 2013) Deleuze e Guattari entendem a filosofia como possibilidade de instauração do caos. Nesse sentido, a filosofia é capaz de criticar a si mesma e também às outras formas de pensar e agir. Com relação à filosofia, podemos afirmar: a) A filosofia não é um conhecimento absoluto e não permite uma atitude crítica sobre todos os

saberes. A filosofia impõe verdades e não permite que se recriem os espaços de discussões. b) A filosofia não é um conhecimento exato, uma atitude desprovida de crítica sobre todos os

saberes. A filosofia não impõe verdades, mas cria e recria constantemente espaços de discussões.

c) A filosofia não é um conhecimento acabado, mas uma atitude crítica sobre todos os saberes. A filosofia não impõe verdades, mas cria e recria constantemente espaços de discussões.

d) A filosofia não é um conhecimento, mas uma atitude dogmática sobre todos os saberes. A filosofia impõe verdades e exclui as pessoas dos espaços de discussões.

Resposta:

[C]

Em um universo dominado pela contingência a ordem é violência e o caos, paz. A busca por autonomia se relaciona intimamente com o pensamento crítico, e essa busca é filosofia. Libertar-se da menoridade e entrar na maioridade significa criar criticamente conceitos através

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de uma motivação sensível que percebe os problemas dispostos contingencialmente pela realidade.

26. (Unioeste 2013) “A imitação do belo na natureza concerne ou bem a um objeto único ou então reúne as notas de diversos objetos particulares e faz delas um único todo. O primeiro processo implica fazer uma cópia semelhante, um retrato; é o caminho que conduz às formas e figuras dos holandeses. O segundo é o caminho que leva ao belo universal e suas imagens ideais; esse foi o caminho seguido pelos gregos. […] [As] numerosas ocasiões de observar a natureza levaram os artistas gregos a ir ainda mais longe: começaram a formar certos conceitos universais – tanto a partir de partes isoladas do corpo, como de suas proporções de conjunto – que se erguiam acima da própria natureza; o seu modelo original, ideal, era a natureza espiritual concebida tão só pelo entendimento”.

Winckelmann.

Considerando o texto acima e que Winckelmann refere-se aos pintores holandeses do século XVII e aos escultores gregos antigos, seguem as afirmativas abaixo:

I. Os gregos, ao observarem a natureza, conseguiam captar algo pelo entendimento que, apenas pela observação visual, não seria possível.

II. Os holandeses, ao imitarem a natureza, captavam apenas as características visuais de um objeto particular.

III. O belo universal pode ser visto nos quadros pintados pelos holandeses.IV. As obras gregas estavam constituídas apenas com aquilo que era visto em um objeto

particular.V. A imitação do belo na natureza só pode ocorrer pela maneira que os gregos faziam suas

obras.

Das afirmativas feitas acima a) apenas a afirmação V está correta. b) apenas as afirmações I e II estão corretas. c) apenas as afirmações III e IV estão corretas. d) apenas as afirmações I, II e V estão corretas. e) apenas as afirmações III, IV e V estão corretas.

Resposta:

[B]

Winckelmann distingue nessa passagem citada duas maneiras de se imitar a natureza, a saber: 1) aquela maneira dos holandeses; e 2) aquela maneira dos gregos. A primeira é uma simples imitação, ou seja, é um trabalho técnico de retratar artisticamente aquilo que se observa com os olhos e, por conseguinte, é um trabalho simplesmente mecânico de reprodução daquilo que é visível com nossos olhos corporais. Já a segunda é uma imitação do divino alcançada pelo encontro dos olhos da alma com aquilo que a natureza possui de mais harmônico.

27. (Upe 2013) O conceito de cultura englobou desde a Grécia Antiga a noção de que o homem modifica o universo segundo seus propósitos. Inserido nele, o homem consegue penetrá-lo e transformá-lo com a força de seu trabalho. As mudanças que ele introduz não são alterações a esmo, implicam um grau de consciência ou intenção, bem como o uso de técnicas capazes de melhorar o mundo. E se o fazer integra o modo humano de existir, propiciando a

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concretização de intentos, pode-se indagar sobre o que se projeta no sonho transformador do homem.

CARVALHO, José Maurício. O Homem e Filosofia, 1998, p. 153.

Com relação a esse assunto, analise os itens a seguir:

I. O homem é um ser vivente, que, no cotidiano, é conhecido como único agente e membro da vida cultural.

II. O trabalho pode ser entendido como atividade do homem transformando a natureza. Assim sendo, parece evidente a relação entre trabalho e realização humana. Tal relação é tão antiga quanto a própria história da humanidade.

III. A civilização tecnológica tem influência marcante no modo de ser e pensar de cada um de nós, assim como na forma da organização econômica, política e cultural das sociedades contemporâneas.

IV. A transformação do mundo material ocorre simultaneamente com a das formas de conhecimento produzidas pelas sociedades ao longo da história. A passagem de um momento para outro, na história das sociedades, ocorre sem conflitos e sem traumas.

V. Os homens não são apenas seres biológicos produzidos pela natureza. São seres culturais que modificam o estado da natureza.

Assinale a alternativa que contém os itens CORRETOS. a) Apenas I, II, IV e V. b) Apenas I, II, III e V. c) Apenas II, III, IV e V. d) Apenas II, IV e V. e) I, II, III, IV e V.

Resposta:

[B]

O conceito de cultura é um conceito moderno consolidado a partir da segunda metade do séc. XIX. Aquilo que nós modernos consideramos ser Cultura, aparece no comportamento humano e nas civilizações antigas desde sempre. Um dos aspectos da Cultura é a transformação daquilo que é natural para que isto transformado sirva instrumentalmente ao homem, porém não é esse o único aspecto. A Cultura também se refere ao cultivo da alma e do intelecto, às religiões e à filosofia e às ciências teóricas, por exemplo, cuja finalidade não é a transformação, e sim a salvação do homem, ou compreensão da natureza.

28. (Unesp 2013) Leia.

O hormônio testosterona está ligado ao egoísmo, segundo uma pesquisa inglesa. Em testes feitos por cientistas da University College London, na Grã-Bretanha, mulheres que tomaram doses do hormônio masculino mostraram comportamento egocêntrico quando tinham de lidar com problemas em pares. Quando os pesquisadores ministraram placebo às voluntárias antes dos testes, elas cooperaram entre si. O estudo ajuda a explicar como os hormônios moldam o comportamento humano.

(Testosterona pode induzir comportamento egoísta. Veja, 01.02.2012.)

O pressuposto fundamental assumido pela pesquisa citada para explicar o comportamento humano pode ser identificado com a) as diferenças sociais de gênero. b) o determinismo biológico.

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c) os fatores de natureza histórica. d) os determinismos materiais da sociedade. e) a autonomia ética do indivíduo.

Resposta:

[B]

O determinismo biológico mencionado quer dizer algo bastante simples, a saber: fatores orgânicos presentes no ser humano ou devido seu nascimento (genéticos), ou devido alguma composição química do seu organismo (hormonais) alteram necessariamente o seu comportamento em geral. A pesquisa citada expressa exatamente isso, ela expressa exatamente que a alteração hormonal em mulheres (tomar testosterona) determina seu comportamento de tal maneira que ela passa a agir menos cooperativamente.

29. (Upe 2013) A filosofia, no que tem de realidade, concentra-se na vida humana e deve ser referida sempre a esta para ser plenamente compreendida, pois somente nela e em função dela adquire seu ser efetivo.

VITA, Luís Washington. Introdução à Filosofia, 1964, p. 20.

Sobre esse aspecto do conhecimento filosófico, é CORRETO afirmar que a) a consciência filosófica impossibilita o distanciamento para avaliar os fundamentos dos atos

humanos e dos fins aos quais eles se destinam. b) um dos pontos fundamentais da filosofia é o desejo de conhecer as raízes da realidade,

investigando-lhe o sentido, o valor e a finalidade. c) a filosofia é o estudo parcial de tudo aquilo que é objeto do conhecimento particular. d) o conhecimento filosófico é trabalho intelectual, de caráter assistemático, pois se contenta

com as respostas para as questões colocadas. e) a filosofia é a consciência intuitiva sensível que busca a compreensão da realidade por meio

de certos princípios estabelecidos pela razão.

Resposta:

[B]

A filosofia, para cumprir o seu intuito de explorar o real, não pode afastar-se do homem, pois afinal o real é verbalizado somente pelo homem. A filosofia é a insistência no ato reflexivo e, nesse sentido, ela não é exatamente um conhecimento, mas sim um saber compulsivo sobre si mesmo, um reconhecimento recorrente das próprias capacidades de conhecer do homem.

30. (Upe 2013) A história da ética, como disciplina filosófica, é mais limitada, no tempo e no material tratado, que a história das ideias morais da humanidade. Esta última história compreende o estudo de todas as normas que regulam o comportamento humano desde os tempos pré-históricos até nossos dias.

VITA, Luís Washington. Introdução à filosofia, 1964, p. 143.

Sobre esse assunto, coloque V nas afirmativas Verdadeiras e F nas Falsas.

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( ) A ética é uma ciência prática e, portanto, sem rigor teórico.( ) A ética ou filosofia moral é a parte da estética que se ocupa da reflexão a respeito das

noções e dos princípios que fundamentam a vida humana.( ) Uma das definições mais corriqueiras da ética ou moral é aquela que se refere ao estudo

da atividade humana com relação aos seus fins imediatos, que é a realização plena da humanidade.

( ) A história da moral serve de objeto de reflexão para a ética, ou seja, a ética parte da diversidade de morais no tempo, com os seus respectivos valores, princípios e normas.

( ) A filosofia moral se ocupa da conduta humana sob o aspecto, segundo o qual pode ser julgada certa ou errada, virtuosa ou viciosa, boa ou má.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. a) F, F, F, V, V b) F, F, V, V, V c) V, F, F, V, V d) V, V, F, F, F e) F, V, F, F, V

Resposta:

[A]

A confusão entre ética e moral traz alguns problemas, principalmente para uma sociedade como a nossa que é tão consciente da distinção entre filosofia e da religião. A ética e a moral constituem idealizações dos nossos costumes, isto é, elas formulam a maneira ideal segundo a qual nós deveríamos nos comportar normalmente, porém elas não possuem origens similares. É bastante importante sabermos diferenciar que a ética é uma idealização proveniente da Filosofia, do pensamento de Aristóteles especificamente, enquanto a moral é uma idealização proveniente da Religião, do catolicismo especificamente. Então, é sempre importante diferenciar a ética da moral, pois ambas possuem princípios bastante distintos apesar de poderem dizer coisas similares posteriormente.

31. (Unesp 2013) Por que as pessoas fazem o bem? A bondade está programada no nosso cérebro ou se desenvolve com a experiência? O psicólogo Dacher Keltner, diretor do Laboratório de Interações Sociais da Universidade da Califórnia, em Berkeley, investiga essas questões por vários ângulos e apresenta resultados surpreendentes.Keltner – O nervo vago é um feixe neural que se origina no topo da espinha dorsal. Quando ativo, produz uma sensação de expansão confortável no tórax, como quando estamos emocionados com a bondade de alguém ou ouvimos uma bela música. Pessoas com alta ativação dessa região cerebral são mais propensas a desenvolver compaixão, gratidão, amor e felicidade.Mente & Cérebro – O que esse tipo de ciência o faz pensar?Keltner – Ela me traz esperanças para o futuro. Que nossa cultura se torne menos materialista e privilegie satisfações sociais como diversão, toque, felicidade que, do ponto de vista evolucionário, são as fontes mais antigas de prazer. Vejo essa nova ciência em quase todas as áreas da vida. Ensina-se meditação em prisões e em centros de detenção de menores. Executivos aprendem que inteligência emocional e bom relacionamento podem fazer uma empresa prosperar mais do que se ela for focada apenas em lucros.

(www.mentecerebro.com.br. Adaptado.)

De acordo com a abordagem do cientista entrevistado, as virtudes morais e sentimentos agradáveis a) dependem de uma integração holística com o universo.

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b) dependem de processos emocionais inconscientes. c) são adquiridos por meio de uma educação religiosa. d) são qualidades inatas passíveis de estímulo social. e) estão associados a uma educação filosófica racionalista.

Resposta:

[D]

A questão é problemática, pois o que nos é inato é a capacidade de reagir bem perante situações de certo tipo. No caso, o nervo vago ao ser ativado produz uma sensação agradável quando nos emocionamos diante de algum evento estético, isto é, diante de algum evento sensível. Não se pode confundir a condição de possibilidade (por exemplo, a existência do nervo vago e sua capacidade de realizar certa função), com a própria qualidade moral e os sentimentos bons; quer dizer, a materialização dessa função em algo bom necessita, como diz a resposta do cientista à segunda pergunta, de um estímulo específico contínuo. É, por isso, que deveríamos privilegiar “satisfações sociais como diversão, toque...”. Portanto, as qualidades e os sentimentos são construídos justamente através do incentivo social, ou seja, não são inatas. O homem seria, pela perspectiva exposta na questão, programado pela evolução para poder ser bom, e não para ser a priori bom; o homem é programado para a possibilidade. Poderíamos dizer que o homem é programado com livre-arbítrio.

32. (Ufu 2013) Em seus estudos sobre o Estado, Maquiavel busca decifrar o que diz ser uma verità effettuale, a “verdade efetiva” das coisas que permeiam os movimentos da multifacetada história humana/política através dos tempos. Segundo ele, há certos traços humanos comuns e imutáveis no decorrer daquela história. Afirma, por exemplo, que os homens são “ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante os perigos, ávidos de lucro”. (O Príncipe, cap. XVII)

Para Maquiavel: a) A “verdade efetiva” das coisas encontra-se em plano especulativo e, portanto, no “dever-

ser”. b) Fazer política só é possível por meio de um moralismo piedoso, que redime o homem em

âmbito estatal. c) Fortuna é poder cego, inabalável, fechado a qualquer influência, que distribui bens de forma

indiscriminada. d) A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. Esta é atraída pela coragem do homem que

possui Virtù.

Resposta:

[D]

O pensamento de Maquiavel define de acordo com a sorte as nossas ações de todo tipo, sendo em um momento a própria sorte um árbitro e noutro uma preocupação com a qual nos conformamos. Agir bem é agir efetivamente perante as circunstâncias. Não por outro motivo a história é muito importante para Maquiavel, pois é através dela que encontramos exemplos de homens que agiram efetivamente perante as adversidades e obtiveram resultados que contornaram o poder devastador da sorte. Neste contexto, virtù não pode ser a virtude de um homem bom como a filosofia antiga especulou, mas sim aquelas qualidades que o homem possui capazes de fazê-lo superar os eventuais percalços e se impor perante qualquer sorte. No caso do Príncipe, a virtù constitui aquele conjunto de qualidades pessoais necessárias para a manutenção do estado e a realização de grandes feitos, mesmo que estas qualidades sejam eventualmente cruéis

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33. (Unesp 2013) Leia.

Desde o início da semana, alunos da rede municipal de Vitória da Conquista, na Bahia, não vão mais poder cabular aulas. Um “uniforme inteligente” vai contar aos pais se os alunos chegaram à escola – ou “dedurar” se eles não passaram do portão. O sistema, baseado em rádio-frequência, funciona por meio de um minichip instalado na camiseta do novo uniforme, que começou a ser distribuído para 20 mil estudantes na segunda-feira. Funciona assim: no momento em que os alunos entram na escola, um sensor instalado na portaria detecta o chip e envia um SMS aos pais avisando sobre a entrada na instituição.

(Natália Cancian. Uniforme inteligente entrega aluno que cabula aula na Bahia. Folha de S.Paulo, 22.03.2012.)

A leitura do fato relatado na reportagem permite repercussões filosóficas relacionadas à esfera da ética, pois o “uniforme inteligente” a) está inserido em um processo de resistência ao poder disciplinar na escola. b) é fruto de uma ação do Estado para incrementar o grau de liberdade nas escolas. c) indica a consolidação de mecanismos de consulta democrática na escola pública. d) introduz novas formas institucionais de controle sobre a liberdade individual. e) proporciona uma indiscutível contribuição científica para a autonomia individual.

Resposta:

[D]

Especificamente, a questão se refere mais a uma questão Política, pois a Ética tem a ver com uma reflexão teórica sobre a maneira segundo a qual um homem estabelece os seus hábitos. Sendo a liberdade um dado constitucional presente no texto fundador da sociedade democrática, o problema de restringir a ação de um cidadão livre através de um controle do Estado, isto é, através do uso de poder, passa a ser um problema especialmente político. Isso quer dizer que a questão deve primordialmente se referir aos princípios e modos de organização da cidade e não a uma especulação sobre o dever ser. Resumindo, a questão é: o Estado pode controlar desta maneira a ação de um cidadão livre? O Estado possui esse poder, se o cidadão não comete nenhuma ação criminosa?

34. (Upe 2013) A validade de nossos conhecimentos é garantida pela correção do raciocínio. São dois os modos de raciocínio: o indutivo e o dedutivo.

Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA. a) O raciocínio indutivo é amplamente utilizado pelas ciências experimentais. b) O raciocínio indutivo parte de uma lei universal, considerada válida para um determinado

conjunto, aplicando-a aos casos particulares desse conjunto. c) O raciocínio dedutivo parte de uma lei particular, considerada válida para um determinado

conjunto, aplicando-a aos casos universais desse conjunto. d) O raciocínio dedutivo é uma argumentação na qual, a partir de dados singulares

suficientemente enumerados, inferimos uma verdade universal. e) O raciocínio indutivo é o argumento cuja conclusão é inferida necessariamente de duas

premissas.

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Resposta:

[A]

O raciocínio indutivo é aquele cuja inferência transcorre entre as premissas que levam a uma conclusão apenas provável. Os dados que compõem as premissas devem levar a uma conclusão que é qualificada de acordo com a sua probabilidade.O raciocínio dedutivo é aquele cuja inferência transcorre quando as premissas carregam a uma conclusão necessária. Os dados que compõem as premissas devem levar a uma conclusão que é qualificada por sua adequação em dizer algo que não pode ser diferente.Como todos nossos juízos empíricos sintéticos são apenas prováveis, os raciocínios indutivos são utilizados pelas ciências experimentais para estabelecimento de conhecimentos seguros sobre o universo.

35. (Unisc 2013) Em Filosofia, duas espécies de juízos podem ser emitidos pelos sujeitos: juízos de fato (quando dizem o que as coisas são, como são e por que são) e juízos de valor (quando dizem não o que é, mas como deveria ser, quando avaliam ações, acontecimentos, sentimentos e intenções). Isso posto, considere as afirmativas:

I. “A chuva é boa para as plantas.”II. “A universidade é um lugar onde se busca a formação profissional.”III. “Você não deveria ter ido àquela festa, e sim ter estudado para o vestibular.”IV. “Essa questão de Filosofia é fácil de ser acertada.”

A ordem correta, respectivamente e na ordem crescente, dos juízos acima é: a) juízo de fato, juízo de valor, juízo de valor, juízo de fato. b) juízo de valor, juízo de fato, juízo de valor, juízo de fato. c) juízo de fato, juízo de valor, juízo de valor, juízo de valor. d) juízo de valor, juízo de fato, juízo de fato, juízo de fato. e) juízo de valor, juízo de fato, juízo de valor, juízo de valor.

Resposta:

[E]

Segundo a questão, juízos de fato são descrições e juízos de valor são avaliações. O primeiro pretende uma neutralidade, já o segundo um comprometimento. Porém, não são tão simplórios os problemas referentes aos juízos que emitimos cotidianamente.Sobre esse assunto é interessante mencionar o início da seção IV (Dúvidas céticas sobre as operações do entendimento), da Investigação sobre o Entendimento humano, de David Hume. Nela o filósofo argumenta que a investigação humana possui como objeto as relações entre ideias e as questões de fato. No primeiro objeto temos todas as afirmações que sejam intuitiva ou demonstrativamente certas, no segundo temos as afirmações fundadas em relações de causalidade e dependentes da disposição das coisas existentes no universo. Um exemplo de relação entre ideias é o teorema de Pitágoras e um exemplo de questão de fato é a afirmação sobre o nascimento do astro-rei que depende do nosso hábito de vê-lo nascer toda manhã. Vale também conferir o Manual dos cursos de Lógica Geral, de Immanuel Kant.

36. (Upe 2013) Sobre o conhecimento filosófico, atente ao texto que se segue:

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O conhecimento filosófico é, diversamente do conhecimento científico, um conhecimento crítico, no sentido de que põe sempre em problema o conhecimento obtido pelos processos da Ciência.

MARTINS, José Salgado. Preparação à Filosofia, 1969, p. 9.

Tomando como base o conhecimento filosófico, coloque V nas afirmativas verdadeiras e F nas falsas.

( ) A filosofia é um tipo de saber, que não diz tudo o que sabe e uma norma que não enuncia tudo aquilo que postula. O saber filosófico, portanto, é profundo, mesmo quando parece mais claro e transparente.

( ) A filosofia deve ser estudada e ensinada com base nos problemas que suscita e não apenas em virtude das respostas que proporciona a esses mesmos problemas.

( ) A filosofia se faz presente como reflexão crítica a respeito dos fundamentos do conhecimento e da ação, por isso mesmo distinta da ciência pelo modo de abordagem do seu objeto que, no caso desta, é particular e, no caso da filosofia, é universal.

( ) O percurso da filosofia é caracterizado pela exigência de clareza e de livre crítica.( ) O conhecimento filosófico apresenta-se como a ciência dos fundamentos. Sua dimensão

de profundidade e radicalidade o distingue do conhecimento científico.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. a) V, F, V, F, V b) F, V, F, V, V c) V, V, F, F, V d) V, V, V, V, V e) F, V, F, V, F

Resposta:

[D]

A filosofia é um ato direcionado primordialmente pela crítica. A crítica é uma avaliação seletiva, isto é, de um conjunto infinito de possibilidades o pensamento recolhe de maneira judiciosa alguma, por exemplo, entre as possibilidades de o real ser apenas efêmero ou ser permanente se escolhe uma de maneira extremamente justificada. A filosofia não é exatamente um conhecimento, a filosofia é uma ação do pensamento que engendra raciocínios absolutamente rigorosos; a filosofia é, digamos, a própria expressão do ato crítico. A ciência é mobilizada pela filosofia, porém ela possui necessidades de funcionamento particulares que exigem a manutenção de certas estruturas, de certos paradigmas. Por conseguinte, a ciência não pode ser crítica a todo instante, por um período no tempo a ciência deve deixar de avaliar e fazer uso pragmático daquilo que já foi avaliado.

37. (Ueg 2013) A ciência desconfia da veracidade de nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas, da ausência de crítica e da falta de curiosidade. Por isso, onde vemos coisas, fatos e acontecimentos, a atitude científica vê problemas e obstáculos, aparências que precisam ser explicadas.

CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003. p. 218.

Com base na afirmação precedente pode-se afirmar que: a) a ciência, ao contrário do senso comum, é um conhecimento objetivo, quantitativo e

generalizador, que se opõe ao caráter dogmático e subjetivo do senso comum. b) a ciência domina o imaginário contemporâneo. Isso significa que, cada vez mais, confiamos

no testemunho de nossos sentidos que promovem uma adesão acrítica à realidade dada.

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c) a ciência existe para confirmar nossas certezas cotidianas, utilizando um pensamento assistemático que despreza o trabalho da razão.

d) a rigor, a ciência complementa o senso comum, mas banindo os obstáculos e problemas observados por nossa percepção imediata das coisas.

Resposta:

[A]

Em geral, a ciência estabelece um método de pesquisa racional que busca a construção coletiva de conhecimentos refletidos e seguros sobre a variedade da natureza, e, também, de conhecimentos esclarecedores sobre os fenômenos que nos parecem familiares. Sendo assim, a ciência possui uma base racional fundante a qual todo homem pode ter acesso e, desse modo, todos podem participar. Ela possui, além disso, como objeto de pesquisa a perplexidade do homem perante a variância de alguns fenômenos naturais e a permanência de outros, e como objetivo da pesquisa harmonizar estas diferenças em equilíbrios dinâmicos através de conceitos e sistemas de conceitos justificados da melhor maneira possível, isto é, pela construção de experimentos controlados e avaliações imparciais.

38. (Ueg 2013) Leia a letra da canção abaixo.

IDEOLOGIA

Cazuza

Meu partido É um coração partido E as ilusões Estão todas perdidas Os meus sonhos Foram todos vendidos Tão barato Que eu nem acredito Ah! eu nem acredito... Que aquele garoto Que ia mudar o mundo Mudar o mundo Frequenta agora As festas do "Grand Monde"... Meus heróis Morreram de overdose Meus inimigos Estão no poder Ideologia! Eu quero uma pra viver

Ideologia! Eu quero uma pra viver... O meu prazer Agora é risco de vida Meu sex and drugs Não tem nenhum rock 'n' roll Eu vou pagar A conta do analista Pra nunca mais Ter que saber Quem eu sou Ah! saber quem eu sou... Pois aquele garoto Que ia mudar o mundo Mudar o mundo Agora assiste a tudo Em cima do muro Em cima do muro... Meus heróis Morreram de overdose Meus inimigos Estão no poder

Ideologia! Eu quero uma pra viver Ideologia! Pra viver... Pois aquele garoto Que ia mudar o mundo Mudar o mundo Agora assiste a tudo Em cima do muro Em cima do muro... Meus heróis Morreram de overdose Meus inimigos Estão no poder Ideologia! Eu quero uma pra viver Ideologia! Eu quero uma pra viver... Ideologia! Pra viver Ideologia! Eu quero uma pra viver...

Disponível em: <http://letras.mus.br/cazuza/43860/>. Acesso em: 6/09/2012.

A categoria “ideologia” é central para as ciências humanas. Nesse sentido, na letra da música citada, ela significa: a) uma inversão da realidade produzida pelos ideólogos, tal como na concepção de Marx, e

que consiste numa necessidade do proletariado. b) uma visão de mundo que os seres humanos necessitam para se adaptarem a um mundo em

que as utopias perderam sua força mobilizadora.

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c) um elemento que contribui para maior coesão social na medida em que explicita as contradições da sociedade de classes.

d) um fato social sem importância para a construção da subjetividade na sociedade atual e na qual todos são reduzidos à condição de consumidores.

Resposta:

[B]

A ideologia é, em geral, uma organização das ideias e a consolidação de uma visão de mundo. Desse modo, a ideologia é funcional, ou seja, a ideologia possui o caráter de fornecer de acordo com o dado material um conjunto de explicações intelectuais para certo evento. Por exemplo, para o problema da miséria que aflige o nosso país, e a todos os outros, grosso modo, uma ideologia qualquer poderia fornecer automaticamente um conjunto de explicações e soluções que resolveriam os problemas. Uma ideologia é como uma função matemática, para certo dado material x encontra-se uma solução no conjunto de possibilidades consolidado y. Quando as ideologias deixam de fornecer respostas, ou seja, deixam de funcionar, então surge a perplexidade, pois, afinal, tudo aquilo para o que havia resposta, deixa de haver. Surge então a necessidade de nova ideologia, de um trabalho de reconstrução ideológica capaz de mobilizar aqueles que necessitam modificar o mundo, os jovens.

39. (Unimontes 2013) É verdade que a publicidade, por meio de competentes agências e suas criativas campanhas, divulga a variedade e a qualidade do que é produzido pelo mercado. Desse modo, o consumidor toma conhecimento dos produtos e pode fazer escolhas. No entanto, como vivemos em uma época de consumismo, as pessoas são levadas a comprar muito mais do que necessitam. Com relação à publicidade, é CORRETO afirmar: a) É neutra e não aceita interferência ideológica. b) Não vende apenas produtos, mas também ideias. c) O espaço publicitário não tem interferência do mercado. d) Não sofre interferência religiosa e política.

Resposta:

[B]

A publicidade se constrói através de mitos. Seus autores contam quaisquer fábulas, elaboradas por um trabalho meticuloso de fabricação industrial. Essa atividade tem o intuito de engendrar pela comunicação um encantamento que nos atrai na direção de um produto acessível apenas através do ato consumista de comprar.

40. (Unimontes 2013) Um espaço importante de ação ideológica são os meios de comunicação de massa, como jornais, revistas, rádio, tevê, internet. Pela internet, dispomos, além da troca de mensagem entre particulares, da difusão de versões on-line de jornais e de páginas pessoais (blogs) das mais diversas tendências políticas. Com relação à ideologia, podemos afirmar: a) O pensamento é sempre determinado pela ideologia. b) Os pensamentos são fixos e não admitem mudanças. c) Os pensamentos são sempre ideológicos e formulados para dominar o ser humano. d) A ação e o pensamento nunca são totalmente determinados pela ideologia. Sempre haverá

espaços para a crítica e fenda que possibilitam a elaboração do discurso contraideológico.

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Resposta:

[D]

Ideologia é a planificação do discurso através da priorização do uso privado da razão e da obliteração do uso público da razão. Os meios de comunicação de massa transmitem lógicas prontas que servem ao cidadão liberando-o da atividade deliberativa, isto é, poupando-o da necessidade de avaliar o valor de suas ações. A ideologia garante ao indivíduo que a ação propagandeada lhe resultará sempre no melhor resultado possível e, por conseguinte, é a melhor maneira de se viver; a ideologia responde definitivamente todas as questões e anula a função reflexiva da existência humana.

41. (Unimontes 2013) Gusdorf entende que o adolescente anseia pela liberdade. A liberdade, por sua vez, não é uma dádiva, mas conquista. Com relação à liberdade na adolescência, podemos afirmar: a) O adolescente não precisa aprender a ser livre. A liberdade não depende dos significados

que damos à nossa existência. b) O adolescente pode fazer o que bem entende. Liberdade não requer respeito pelo próximo. c) O adolescente precisa aprender a ser livre e isso depende dos significados que dá à sua

existência. d) O adolescente pode fazer o que bem entende. Liberdade não requer respeito nem por si

mesmo nem pelo próximo.

Resposta:

[C]

O homem tem como uma de suas questões primordiais a questão da liberdade. O homem necessita saber o que é ser livre, e assim como o adolescente, o adulto também anseia. Diferentemente do que aponta a questão, a liberdade não é equivalente à independência. Como diz Sartre, o homem está condenado a ser livre e a se responsabilizar pela sua liberdade.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

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42. (Uel 2013) Em 2012, o Vaticano permitiu o acesso do público a vários documentos, entre eles o Sumário do julgamento de Giordano Bruno e os Atos do processo de Galileu. As teorias desses estudiosos, juntamente com o Homem Vitruviano, são exemplos de uma profunda transformação no modo de conceber e explicar o conhecimento da natureza.Com base nos conhecimentos sobre a investigação da natureza no início da ciência moderna, particularmente em Galileu, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.

( ) A nova atitude de investigação rendeu-se ao poder de convencimento argumentativo da Igreja, a ponto de o próprio Galileu, ao abjurar suas teses, ter se convencido dos equívocos da sua teoria.

( ) A observação dos fenômenos, a experimentação e a noção de regularidade matemática da natureza abalaram as concepções que fundamentavam a visão medieval de mundo.

( ) O abandono da especulação levou Galileu a adotar pressupostos da filosofia de Aristóteles, pois esse pensador possuía uma concepção de experimentação similar à sua.

( ) O método de investigação da natureza restringia-se àquilo que podia ser apreendido imediatamente pelos sentidos, uma vez que o que está além dos sentidos é mera especulação.

( ) Uma das razões mais fortes para a condenação de Galileu foi sua identificação da imperfeição dos corpos celestes, o que contrariava os dogmas da igreja.

Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta. a) V, V, V, F, F. b) V, V, F, V, F. c) V, F, V, F, V. d) F, V, F, F, V. e) F, F, V, F, V.

Resposta:

[D]

“E talvez tenha ocorrido em Siena o efetivo pronunciamento do famoso Eppur si muove. Vejamos que história é essa. Segundo dois livros de meados do século XVIII, logo depois de abjurar, Galileu teria dito “E, no entanto, se move”, referindo-se ao movimento da Terra que acabara de renegar. Os estudiosos sempre acharam esse rompante impossível, ou porque não

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haveria testemunhas favoráveis para registrá-lo ou porque Galileu saberia das terríveis consequências de tal gesto, se fosse percebido por um inquisidor. Porém, o restauro em 1911 de um quadro espanhol de 1643, no qual aparece inscrita aquela frase, mostra que a história quase certamente já era divulgada com Galileu ainda vivo. E é bastante possível que ele tenha altiva e jocosamente pronunciado tal afirmação numa das recepções de Picolomini”.

(P. R. Mariconda & J. Vasconcelos. Galileu – e a nova Física. In Coleção Imortais da ciência. São Paulo: Odysseus Editora, 2006, p. 184)

Esta anedota relata muito bem como Galileu era não só um sujeito capaz da mais convincente retórica, como também capaz da afirmação mais difícil perante a autoridade religiosa. O nascimento de uma ciência nova baseada puramente na matemática, distante da religião e distante de qualquer autoridade que não seja a experiência constitui uma nova atitude que estabelece o novo pensamento contrário ao estilo dogmático da escolástica.

43. (Uncisal 2012) A bioética é uma ética aplicada que trata de conflitos e controvérsias morais no âmbito das Ciências da Vida e da Saúde, envolvendo valores e práticas. Suas reflexões abordam temas que atingem a vida de forma irreversível.

As opções a seguir apresentam temas tratados pela Bioética, exceto: a) políticas públicas na área de saúde e combate à mortalidade infantil. b) aborto e clonagem. c) eutanásia e uso de órgão de animais em seres humanos. d) fertilização artificial e conservação do corpo humano após a morte. e) produção de transgênicos e engenharia genética humana.

Resposta:

[A]

Somente a alternativa [A] não faz referência a problemas de Bioética. Esta procura encontrar fundamentos para a “gestão” da vida, no contexto de alto desenvolvimento nas pesquisas da medicina e da biologia. A pergunta básica da bioética é “Até que ponto podemos interferir na vida e, em especial, na vida humana?”. Tal questão não engloba as políticas públicas na saúde e o combate à mortalidade infantil, que são problemas de Saúde Pública, e não de Bioética.

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44. (Enem PPL 2012)

De acordo com algumas teorias políticas, a formação do Estado é explicada pela renúncia que os indivíduos fazem de sua liberdade natural quando, em troca da garantia de direitos individuais, transferem a um terceiro o monopólio do exercício da força. O conjunto dessas teorias é denominado de a) liberalismo. b) despotismo. c) socialismo. d) anarquismo. e) contratualismo.

Resposta:

[E]

O contrato social se estabelece de maneiras distintas dependendo de cada teórico, porém não há em nenhuma das grandes teorias uma noção de “acordo tácito”. Justamente o contrário, as teorias expressam aquilo que os homens deliberaram racionalmente e elas também explicitam que a melhor opção para a generalidade seja a conjunção da espécie sob uma ordem comum. De modo que o contrato social expõe algo muito diferente do pensamento de Calvin, pois não afirma de modo algum que o uso da força deva ser feito livremente e moderado pela natureza.

45. (Uenp 2012)

Analise a charge e as afirmações abaixo.

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I. O conhecimento filosófico possui como critério de verdade a coerência lógico-argumentativa dos argumentos.

II. O conhecimento científico possui como critério de verdade a experimentabilidade e a possibilidade de verificação.

III. O conhecimento mítico-religioso possui como critério de verdade a crença. IV. A tirinha do Calvin não problematiza a questão da verdade, apontando para a existência de

apenas um tipo de conhecimento válido.

Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e II. b) I, II e III. c) I, III e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV.

Resposta:

[B]

A tirinha de Calvin problematiza a questão da verdade. Sua produção é diversa, dependendo do tipo de conhecimento a que se refere. Em uma das formas de se conceber a filosofia, pode-se dizer que a verdade é extraída da coerência dos argumentos. Na ciência, ela depende da experimentação, enquanto que no mito e na religião ela depende da crença para se sustentar.

46. (Uenp 2012) A charge abaixo retrata a oposição epistemológica de duas escolas filosóficas cujos iniciadores podem ser considerados, respectivamente, Francis Bacon e René Descartes. Assinale a alternativa correta.

a) Empirismo X Criticismo b) Ceticismo X Existencialismo c) Empirismo X Racionalismo d) Racionalismo X Existencialismo e) Racionalismo X Ceticismo

Resposta:

[C]

Francis Bacon é um dos principais expoentes do empirismo, enquanto que Descartes é o principal representante do racionalismo. Ambos desenvolveram métodos científicos, mas que

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partem de concepções epistemológicas bastante distintas. Enquanto Bacon enxerga na experiência a origem do conhecimento, Descartes considera que somente a partir da Razão pode-se conhecer alguma coisa verdadeiramente.

47. (Uenp 2010) Conosco homens, aí se diz, se passa o mesmo que com prisioneiros, que se achassem numa caverna subterrânea, encadeados, desde o nascimento, a um banco, de modo a nunca poderem voltar-se, e assim só poderem ver a parede oposta à entrada. Por detrás deles, na entrada da caverna, corre por toda a largura dela, um muro da altura de um homem, e por trás deste, arde uma fogueira. Se entre esta e o muro passarem homens transportando imagens, estátuas, figuras de animais, utensílios etc, que ultrapassem a altura do muro, então as sombras desses objetos, que o fogo faz aparecerem, se projetam na parede da caverna, e os prisioneiros também percebem, além da sombra, o eco das palavras pronunciadas pelos homens que passam. Como esses prisioneiros nunca perceberam outra coisa senão as sombras e o eco, têm eles essas imagens pela verdadeira realidade. Se eles pudessem, por uma vez, voltar-se e contemplar, a luz do fogo, os próprios objetos, cujas sombras foram apenas o que até agora viram; e se pudessem ouvir diretamente os sons, além dos ecos até então ouvidos, sem dúvida ficariam atônitos com essa nova realidade. Mas se além disso pudessem, fora da caverna e à luz do sol, contemplar os próprios homens vivos, bem como os animais e as coisas reais, de que as figuras projetadas na caverna eram apenas cópias, então ficariam de todo fascinados com essa realidade de forma tão diversa.

PLATÃO, 7.º livro da República, p.514 ss..

Relacionando o fragmento de texto de Platão e a tirinha da Turma da Mônica, de Maurício de Souza, com os seus conhecimentos sobre o Mito da Caverna, assinale a alternativa incorreta. a) Os homens acorrentados no fundo da caverna são aqueles que passam a vida

contemplando sombras, acreditando que elas correspondem à realidade e à verdade. b) Para Platão existem três níveis de conhecimento: o primeiro é chamado de agnosis, que

significa ignorância, e corresponde ao estágio dos homens no interior da caverna; o segundo é denominado de doxa, ou opinião, e é o primeiro estágio de conhecimento, que se forma logo após os homens saírem da caverna e contemplarem a realidade; o terceiro é designado pela palavra grega epistheme, que significa ciência, ou o conhecimento em sua integralidade.

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c) Para Platão existe um único mundo sensível e inteligível, de forma que os homens devem aprender com a experiência a distinguir o conhecimento verdadeiro de impressões falsas dos sentidos.

d) O visível, para Platão, corresponde ao império dos sentidos captado pelo olhar e dominado pela subjetividade. É o reino do homem comum preso, às coisas do cotidiano.

e) O inteligível, para Platão, diz respeito à razão. É o reino do homem sábio, que desconfia das primeiras impressões e busca um conhecimento das causas da realidade.

Resposta:

[C]

Segundo a dimensão epistemológica o mito da caverna é uma alegoria a respeito das duas principais formas de conhecimento: na teoria das ideias, Platão distingue o mundo sensível, dos fenômenos, e o mundo inteligível, das ideias, portanto, existem dois mundos.

48. (Uel 2010) Observe a tira e leia o texto a seguir:

Assentemos, portanto, que, a principiar em Homero, todos os poetas são imitadores da imagem da virtude e dos restantes assuntos sobre os quais compõem, mas não atingem a verdade [...] parece-me, que o poeta, por meio de palavras e frases, sabe colorir devidamente cada uma das artes, sem entender delas mais do que saber imitá-las.

(PLATÃO. A República. Livro X. Tradução, introdução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. 8. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1996. p. 463)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a mímesis (imitação) em Platão, é correto afirmar: a) Dispõe o poeta da perfeição para colorir tão bem quanto o pintor, por isso descreve

verdadeiramente os ofícios humanos. b) A mímesis apresenta uma imagem da realidade e assim representa a verdade última das

atividades humanas. c) Por sua capacidade de imitar, o poeta sabe acerca dos ofícios de todos os homens e, por

esse motivo, pode descrevê-los verdadeiramente. d) Por saber sobre todas as artes, atividades e atos humanos, o poeta consegue executar o

seu ofício descrevendo-os bem. e) Por meio da imitação, descreve-se com beleza os atos e ofícios humanos, sem, no entanto,

conhecê-los verdadeiramente.

Resposta:

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[E]

Para Platão toda a criação era uma imitação, até mesmo a criação do mundo era uma imitação da natureza verdadeira (o mundo das ideias). Sendo assim, a representação artística do mundo físico seria uma imitação, uma cópia. A mímesis é dividida em artes divinas e humanas e que, além disso, outro tipo de produtividade partilhado tanto por Deus como pelo homem que não produz as essências, mas apenas cópias. A arte do poeta, do pintor ou do ator são amímesis, pois não usa instrumentos, mas cria a imagem na sua própria pessoa.

49. (Uff 2010) Filosofia

O mundo me condena, e ninguém tem penaFalando sempre mal do meu nomeDeixando de saber se eu vou morrer de sedeOu se vou morrer de fomeMas a filosofia hoje me auxiliaA viver indiferente assimNesta prontidão sem fimVou fingindo que sou ricoPra ninguém zombar de mimNão me incomodo que você me digaQue a sociedade é minha inimigaPois cantando neste mundoVivo escravo do meu samba, muito embora vagabundoQuanto a você da aristocraciaQue tem dinheiro, mas não compra alegriaHá de viver eternamente sendo escrava dessa genteQue cultiva hipocrisia.

Assinale a sentença do filósofo grego Epicuro cujo significado é o mais próximo da letra da canção “Filosofia”, composta em 1933 por Noel Rosa, em parceria com André Filho.

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a) É verdadeiro tanto o que vemos com os olhos como aquilo que apreendemos pela intuição mental.

b) Para sermos felizes, o essencial é o que se passa em nosso interior, pois é deste que nós somos donos.

c) Para se explicar os fenômenos naturais, não se deve recorrer nunca à divindade, mas se deve deixá-la livre de todo encargo, em sua completa felicidade.

d) As leis existem para os sábios, não para impedir que cometam injustiças, mas para impedir que as sofram.

e) A natureza é a mesma para todos os seres, por isso ela não fez os seres humanos nobres ou ignóbeis, e, sim suas ações e intenções.

Resposta:

[B]

De forma resumida, a doutrina de Epicuro é uma filosofia do prazer. Achar o caminho de maior felicidade e tranquilidade, evitando a dor, era a máxima epicurista. No entanto, não se trata da busca de qualquer prazer, que é evidente na canção de Noel Rosa quando exalta sua vida de sambista e nela encontrar indiferença para os que vivem em função do “dinheiro que não compra alegria”. Para Epicuro, a música era um dos prazeres no qual o ser humano ao encontrar, não devia jamais se separar. Epicuro não faz uma defesa do carpe diem ou da libertinagem irresponsável. O prazer em questão não é nunca trivial ou vulgar. Na carta a Meneceu, Epicuro afirma que “nem todo o prazer é digno de ser desejado”, da mesma forma que nem toda dor deve ser evitada incondicionalmente. A deturpação do conceito de prazer usado por Epicuro foi algo que ocorreu durante a sua vida, e ele teve, portanto, a oportunidade de rebater: “Quando dizemos então, que o prazer é a finalidade da nossa vida, não queremos referir-nos aos prazeres dos gozadores dissolutos, para os quais o alvo é o gozo em si. É isso que creem os ignorantes ou aqueles que não compreendem a nossa doutrina ou querem, maldosamente, não entender a sua verdade. Para nós, prazer significa: não ter dores no âmbito físico e não sentir falta de serenidade no âmbito da alma”. Em outras palavras, a ataraxia, a quietude, a ausência de dor, a serenidade e a imperturbabilidade da alma.

50. (Uel 2010) Observe a tira e leia o texto a seguir:

Mas há um enganador, não sei quem, sumamente poderoso, sumamente astucioso que, por indústria, sempre me engana. Não há dúvida, portanto, de que eu, eu sou, também, se me engana: que me engane o quanto possa, nunca poderá fazer, porém, que eu nada seja, enquanto eu pensar que sou algo. De sorte que, depois de ponderar e examinar cuidadosamente todas as coisas é preciso estabelecer, finalmente, que este enunciado eu, eu sou, eu, eu existo é necessariamente verdadeiro, todas as vezes que é por mim proferido ou concebido na mente.

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(DESCARTES, R. Meditações sobre Filosofia Primeira. Tradução, nota prévia e revisão de Fausto Castilho. Campinas: Unicamp, 2008, p. 25.)

Com base na tira e no texto, sobre o cogito cartesiano, é correto afirmar: a) A existência decorre do ato de aparecer e se apresenta independente da essência

constitutiva do ser. b) A existência é manifesta pelo ato de pensar que, ao trazer à mente a imagem da coisa

pensada, assegura a sua realidade. c) A existência é concebida pelo ato originário e imaginativo do pensamento, o qual impede que

a realidade seja mera ficção. d) a existência é a plenitude do ato de exteriorização dos objetos, cuja integridade é dada pela

manifestação da sua aparência. e) A existência é a evidência revelada ao ser humano pelo ato próprio de pensar.

Resposta:

[E]

A palavra evidência contida a afirmação E é a primeira das quatro grandes regras elaboradas por Descartes e significa que só demos admitir como verdadeiro um conhecimento evidente, ou seja, no qual e sobre o qual não caiba qualquer dúvida. A segunda, a regra da divisão diz que para conhecermos realidades complexas precisamos dividir as dificuldades e os problemas em suas parcelas mais simples. A terceira, a regra da ordem diz que os pensamentos devem ser ordenados em séries que vão dos mais simples aos mais complexos, dos mais fáceis aos mais difíceis, pois a ordem consiste em distribuir conhecimentos de tal maneira que possamos passar do conhecido ao desconhecido e por fim, a quarta, a regra da enumeração diz que cada conhecimento novo obtido, deve-se fazer a revisão dos passos dados, dos resultados parciais e os encadeamentos que permitiram chegar ao novo conhecimento.A existência do ser humano é revelada a ele mesmo através do ato de pensar e este é o princípio fundamental de toda a certeza racionalista. Para chegar ao 'penso, logo existo', Descartes utilizou-se da dúvida radical ou hiperbólica. Ele duvidou inicialmente de suas sensações como forma de conhecer o mundo, pois as sensações enganam sempre, duvidou posteriormente da realidade externa e da realidade do seu corpo como forma de comprovar que o conhecimento certo, através do argumento do sonho, duvidou da certeza advinda das entidades matemáticas, através do argumento do gênio maligno, mas não teve como duvidar que estava duvidando. Eis aí a primeira certeza: duvido, logo existo, mas duvidar é um modo de pensar, então: 'Penso, logo existo', que significa: penso, logo tenho consciência de mim mesmo, ou penso, logo sei, ou penso, logo tenho consciência, ou penso, logo sei algo certo.

51. (Uel 2010) Observe a tira e leia o texto a seguir:

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Quando se concebeu a ideia de razão, o que se pretendia alcançar era mais que a simples regulação da relação entre meios e fins: pensava-se nela como o instrumento para compreender os fins, para determiná-los.Segundo a filosofia do intelectual médio moderno, só existe uma autoridade, a saber, a ciência, concebida como classificação de fatos e cálculo de probabilidades.

(HORKHEIMER, M. Eclipse da Razão. São Paulo: Labor, 1973, pp.18 e 31-32.)

Com base na tira, no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Horkheimer a respeito da relação entre ciência e razão na modernidade, é correto afirmar:

I. Se a razão não reflete sobre os fins, torna-se impossível afirmar se um sistema político ou econômico, mesmo não sendo democrático, é mais ou menos racional do que outro.

II. O processo que resulta na transformação de todos os produtos da ação humana em mercadorias se origina nos primórdios da sociedade organizada à medida que os instrumentos passam a ser utilizados tecnicamente.

III. A razão subjetivada e formalizada transforma as obras de arte em mercadorias, das quais resultam emoções eventuais, desvinculadas das reais expectativas dos indivíduos.

IV. As atividades em geral, independentes da utilidade, constituem formas de construção da existência humana desvinculadas de questões como produtividade e rentabilidade.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.

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e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Resposta:

[B]

Crê Horkheimer que a razão desembaraça-se da reflexão sobre os fins e torna-se incapaz de dizer que um sistema político ou econômico é irracional. Por mais que pareça que o filósofo seja cruel e despótico, contanto que funcione, a razão o aceita e não deixa ao homem outra escolha a não ser a resignação. A teoria justa, ao contrário, escreve Horkheimer, "nasce da consideração dos homens de tempos em tempos, vivendo sob condições determinadas e que conservam sua própria vida com a ajuda dos instrumentos de trabalho". Ao considerar que a existência social age como determinante da consciência, a teoria crítica não está anunciando sua visão do mundo, mas diagnosticando uma situação que deveria ser superada e é isto que evidencia a tira.

52. (Uel 2010) Observe a fotografia e leia o texto a seguir:

A névoa que recobre os primórdios da fotografia é menos espessa que a que obscurece as origens da imprensa; já se pressentia, no caso da fotografia, que a hora da sua invenção chegara, e vários pesquisadores, trabalhando independentemente, visavam o mesmo objetivo: fixar as imagens da câmera obscura, que eram conhecidas pelo menos desde Leonardo (Da Vinci).

(BENJAMIN, W. Obras Escolhidas. Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 1996, p. 91.)

Com base na obra de Walter Benjamin, no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar:

I. O domínio do processo técnico de fixação das imagens teve sua trajetória retardada devido às reações de natureza religiosa que fizeram com que a fotografia surgisse apenas na segunda metade do século XIX.

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II. Em virtude da expectativa gerada pela descoberta da fotografia no século XIX, o seu caráter artístico, desde o início, torna-se evidente entre os pintores.

III. A presença do rosto humano nas fotos antigas representa um último traço da aura, isto é, aquilo que significa a existência única da obra de arte.

IV. O valor de exposição triunfa sobre o valor de culto à medida que a figura humana se torna ausente nas fotografias.

Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Resposta:

[C]

Nas próprias palavras de Walter Benjamin é possível entendermos o que se pede na questão: “Depois de mergulharmos suficientemente fundo em imagens assim, percebemos que também aqui os extremos se tocam: a técnica mais exata pode dar às suas criações um valor mágico que um quadro nunca mais terá para nós. Apesar de toda a perícia do fotógrafo e de tudo que existe de planejado em seu comportamento, o observador sente a necessidade irresistível de procurar nessa imagem apequena centelha do acaso, do aqui e agora, com a qual a realidade chamuscou a imagem, de procurar o lugar imperceptível em que o futuro se aninha ainda hoje em momentos únicos, há muito extintos, e com tanta eloquência que podemos descobri-lo, olhando para trás. A natureza que fala à câmara não é a mesma que fala ao olhar; é outra, especialmente porque substitui a um espaço trabalhado conscientemente pelo homem, um espaço que ele percorre inconscientemente. Percebemos, em geral, o movimento de um homem que caminha, ainda que em grandes traços, mas nada percebemos de sua atitude na exata fração de segundo em que ele dá um passo. A fotografia nos mostra essa atitude, através dos seus recursos auxiliares: câmera lenta, ampliação. Só a fotografia revela esse inconsciente ótico, como só a psicanálise revela o inconsciente pulsional”. (BENJAMIN, Walter. “Pequena História da Fotografia”. In: Magia e Técnica, Arte e Política: ensaios sobre literatura. Obras Escolhidas, Volume 1. 7ª. Ed. Trad.: Sérgio Paulo Rouanet. Pref.: Jeanne-Marie Gagnebin. São Paulo: Brasiliense, 1994. P. 93s.)

53. (Ueg 2010) Observe a tirinha a seguir e responda ao que se pede.

A crítica da tira é compatível com a ideia filosófica

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a) do “bom selvagem”, do romantismo de Rousseau. b) do “homem alienado pela propriedade”, do socialista Karl Marx. c) do “homem como lobo do homem”, do humanismo cristão de Hobbes. d) do homem “manchado pelo pecado original”, do escolástico Santo Agostinho.

Resposta:

[B]

Somente a alternativa B é correta. O conceito de alienação está intimamente ligado com a noção de desumanização. O homem que perde a relação com o fruto do seu trabalho torna-se alienado e incapaz de perceber as relações sociais que o circundam.

54. (Enem 2010)

Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos.”

JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionario Basico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo a) impedir a contratação de familiares para o serviço público. b) reduzir a ação das instituições constitucionais. c) combater a distribuição equilibrada de poder. d) evitar a escolha de governantes autoritários. e) restringir a atuação do Parlamento.

Resposta:

[D]

A alternativa D é a única correta, pois a alternativa A faz referência ao nepotismo e as alternativas B, C e E se referem justamente a atos praticados por governantes despóticos.

55. (Uff 2009)

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Na célebre pintura A escola de Atenas, o artista renascentista italiano Rafael reuniu os principais nomes da filosofia grega, tendo ao centro do quadro as figuras de Platão e de Aristóteles. Na figura, Platão aponta com sua mão para o alto e Aristóteles aponta para baixo. Deste modo, com estes gestos, Rafael estava ilustrando a distinção entre a filosofia de Platão e a filosofia de Aristóteles.Indique e discorre sobre a principal diferença entre a filosofia de Platão e a de Aristóteles.

Resposta:

Platão e Aristóteles são considerados os dois principais filósofos gregos. Os dois apresentam inúmeras diferenças entre si, sendo as principais relacionadas à forma de conhecimento. Ainda que façam a separação entre o conhecimento sensível e o intelectual, Platão busca a verdade em um mundo ideal, enquanto que Aristóteles a busca no mundo material, não fazendo a distinção entre os dois mundos. É por isso que, na pintura de Rafael, Platão aponta o dedo para cima (para o mundo das ideias) e Aristóteles faz referência para baixo (para o mundo material).

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Resumo das questões selecionadas nesta atividade

Data de elaboração: 27/11/2013 às 09:20Nome do arquivo: Questões de filosofia

Legenda:Q/Prova = número da questão na provaQ/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro®

Q/prova Q/DB Grau/Dif. Matéria Fonte Tipo

1.............108881.....Média.............Biologia..........Unesp/2012..........................Múltipla escolha 2.............125799.....Baixa.............Filosofia.........Ufu/2013...............................Múltipla escolha 3.............121851.....Baixa.............Filosofia.........Uel/2013...............................Múltipla escolha 4.............124518.....Baixa.............Filosofia.........Ufsj/2013..............................Múltipla escolha 5.............121562.....Baixa.............Filosofia.........Unicamp/2013......................Múltipla escolha 6.............122892.....Baixa.............Filosofia.........Uel/2013...............................Analítica 7.............125798.....Baixa.............Filosofia.........Ufu/2013...............................Múltipla escolha 8.............121056.....Baixa.............Filosofia.........Ueg/2013..............................Múltipla escolha 9.............121061.....Baixa.............Filosofia.........Ueg/2013..............................Múltipla escolha 10...........125509.....Baixa.............Filosofia.........Unimontes/2013...................Múltipla escolha 11...........125802.....Baixa.............Filosofia.........Ufu/2013...............................Múltipla escolha 12...........122583.....Baixa.............Filosofia.........Ufpa/2013.............................Múltipla escolha 13...........124527.....Baixa.............Filosofia.........Ufsj/2013..............................Múltipla escolha 14...........124528.....Baixa.............Filosofia.........Ufsj/2013..............................Múltipla escolha 15...........122587.....Baixa.............Filosofia.........Ufpa/2013.............................Múltipla escolha 16...........125804.....Baixa.............Filosofia.........Ufu/2013...............................Múltipla escolha 17...........121854.....Baixa.............Filosofia.........Uel/2013...............................Múltipla escolha 18...........125806.....Baixa.............Filosofia.........Ufu/2013...............................Múltipla escolha 19...........122893.....Baixa.............Filosofia.........Uel/2013...............................Analítica 20...........124531.....Baixa.............Filosofia.........Ufsj/2013..............................Múltipla escolha 21...........122585.....Baixa.............Filosofia.........Ufpa/2013.............................Múltipla escolha

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22...........121857.....Baixa.............Filosofia.........Uel/2013...............................Múltipla escolha 23...........121845.....Baixa.............Filosofia.........Uel/2013...............................Múltipla escolha 24...........124519.....Baixa.............Filosofia.........Ufsj/2013..............................Múltipla escolha 25...........125507.....Baixa.............Filosofia.........Unimontes/2013...................Múltipla escolha 26...........125727.....Baixa.............Filosofia.........Unioeste/2013......................Múltipla escolha 27...........122233.....Baixa.............Filosofia.........Upe/2013..............................Múltipla escolha 28...........121759.....Baixa.............Filosofia.........Unesp/2013..........................Múltipla escolha 29...........122230.....Baixa.............Filosofia.........Upe/2013..............................Múltipla escolha 30...........122231.....Baixa.............Filosofia.........Upe/2013..............................Múltipla escolha 31...........125127.....Baixa.............Filosofia.........Unesp/2013..........................Múltipla escolha 32...........125803.....Baixa.............Filosofia.........Ufu/2013...............................Múltipla escolha 33...........121751.....Baixa.............Filosofia.........Unesp/2013..........................Múltipla escolha 34...........122234.....Baixa.............Filosofia.........Upe/2013..............................Múltipla escolha 35...........125521.....Baixa.............Filosofia.........Unisc/2013...........................Múltipla escolha 36...........122229.....Baixa.............Filosofia.........Upe/2013..............................Múltipla escolha 37...........121058.....Baixa.............Filosofia.........Ueg/2013..............................Múltipla escolha 38...........121068.....Baixa.............Filosofia.........Ueg/2013..............................Múltipla escolha 39...........125511.....Baixa.............Filosofia.........Unimontes/2013...................Múltipla escolha 40...........125512.....Baixa.............Filosofia.........Unimontes/2013...................Múltipla escolha 41...........125504.....Baixa.............Filosofia.........Unimontes/2013...................Múltipla escolha 42...........121859.....Baixa.............Filosofia.........Uel/2013...............................Múltipla escolha 43...........112887.....Média.............Filosofia.........Uncisal/2012........................Múltipla escolha 44...........126988.....Baixa.............Filosofia.........Enem PPL/2012...................Múltipla escolha 45...........110119.....Média.............Filosofia.........Uenp/2012............................Múltipla escolha 46...........110120.....Baixa.............Filosofia.........Uenp/2012............................Múltipla escolha 47...........108369.....Média.............Filosofia.........Uenp/2010............................Múltipla escolha 48...........96426.......Média.............Filosofia.........Uel/2010...............................Múltipla escolha 49...........96372.......Média.............Filosofia.........Uff/2010................................Múltipla escolha

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50...........96423.......Elevada.........Filosofia.........Uel/2010...............................Múltipla escolha 51...........96432.......Elevada.........Filosofia.........Uel/2010...............................Múltipla escolha 52...........96436.......Média.............Filosofia.........Uel/2010...............................Múltipla escolha 53...........97737.......Média.............Filosofia.........Ueg/2010..............................Múltipla escolha 54...........100327.....Baixa.............Filosofia.........Enem/2010...........................Múltipla escolha 55...........108374.....Média.............Filosofia.........Uff/2009................................Analítica

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