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MOÇÃO 19 REGRESSO À POLÍTICA Subscrita por

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MOÇÃO 19

REGRESSO À POLÍTICA

Subscrita por

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“Não cresceremos em sabedoria antes de compreendermos que muito do que fizemos foi errado.”

Friedrich Von Hayek O ideal é aprender com os erros dos outros; mas, pelo menos sejamos capazes de crescer com os nossos.

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I Introdução

A Nova Direita Governados por uma social democracia autoritária e autista e por um socialismo inconsequente, os portugueses suspeitam cada vez mais da política e dos políticos. Nos últimos anos, muitos políticos parecem empenhados numa única tarefa: desacreditar a nobre arte da política, a ideia de que o exercício de um cargo público não é uma honraria mas antes um fardo que se deve carregar com dedicação à causa e respeito pelos cidadãos. Ao longo dos últimos anos empenhámo-nos em demonstrar que havia em Portugal uma forma diferente de fazer política. Foi por isto que em Outubro do ano passado conquistámos a confiança de dez por cento dos eleitores portugueses. Aqueles que conquistámos no passado e aqueles que queremos conquistar no futuro são bem mais importantes que nós. E essa conquista faz-se com ideias e com acção. Ideias que reflictam o nosso pensamento e que não sejam meras extrapolações de sondagens; acções que demonstrem a validade do que dizemos, e coerência no que fazemos. Somos um partido sem complexos de esquerda nem traumas de direita, que não herda as culpas de um passado em que não participou nem permitimos que sejam os nossos adversários a definir quem somos. A nossa direita será nova; mas tem memória. Lembramo-nos de todos os autoritarismos, dos totalitarismos, e dos iluminados que submetem o mundo às suas ilusões; lembramo-nos dos que têm interesses pessoais superiores ao interesse nacional, dos que perdoaram criminosos e se esqueceram das vítimas, dos que venderam a nossa agricultura por menos de trinta moedas; lembramo-nos dos que prometeram tudo e cumpriram nada, dos que fizeram propaganda com o dinheiro de todos, dos que dispuseram do País como se de uma coutada se tratasse. A direita que somos governará com as convicções, cumprindo os seus ideais; não somos dos que mudam de opinião conforme o resultado das sondagens, nem dos que prescindem de agir para evitar a crítica de alguns e o desconforto dos interesse instalados. A direita que somos sabe que o Estado nasceu para servir os indivíduos e a comunidade, não o contrário; sabe que os impostos não são um direito do Estado, são uma contrapartida dos contribuintes; sabe que o País pertence aos cidadãos e que o Governo é um administrador com contrato a prazo, não é proprietário, ou sequer herdeiro do País. Queremos construir o futuro com raízes implantadas no passado; temos presente que o País não é nosso, “herdámo-lo dos nossos pais e pedimo-lo emprestado aos nossos filhos”. Não temos o direito de destruir o que muitas

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gerações levaram séculos a criar, nem estamos autorizados a inventar o futuro dos que hão-de vir depois de nós. Por isso somos a direita da liberdade e da responsabilidade; da justiça e da igualdade perante a lei, da propriedade e da solidariedade. Somos, acima de tudo, a direita do respeito pelos homens e pelo País, pelo passado e pelo futuro. Somos a direita que considera a propriedade um direito fundamental dos homens e a solidariedade um dever da vida em comunidade. Todos têm de ter direito a construir a sua riqueza, ninguém pode ser condenado a viver numa miséria herdada. Um País que esquece os mais fracos e não luta contra a exclusão é um País sem respeito por si próprio. As diferenças entre os homens só são salutares se o respeito que todo o ser humano merece fôr cumprido. Somo a direita que reconhece ao Estado o dever de cobrar impostos justos, e aos cidadãos o direito de exigir uma gestão rigorosa e equilibrada do dinheiro de todos. Consideramos ser dever de todos respeitar a liberdade de cada um, e dever de cada um respeitar as leis que asseguram essa liberdade. Por isso, não nos esquecemos que sem responsabilidade não há liberdade que subsista, e que sem a firme aplicação da lei não é possível garantir que todos são responsabilizados pelos seus actos. A justiça e a segurança são indispensáveis à vida em sociedade, o laxismo e a vingança pontual destroem a confiança nas instituições. Sabemos que os cidadãos não têm apenas o direito de votar. Têm direito a participar em referendos, a ser ouvidos sobre as grandes questões, a sentir-se reconhecidos nas decisões do poder político. Acreditamos que é dever dos políticos representar quem os elegeu, mas não podemos aceitar que alguns se queiram substituir ao próprio povo. O primeiro dever de um político é respeitar o povo e o seu País. O primeiro dever de um político é saber que o seu poder é provisório. O País não.

II O Estado A sociedade é a única forma conhecida de realização social do indivíduo. O Estado é uma criação dos homens. Só a esquerda imagina o contrário, que o homem é uma criação do Estado. Liberdade e responsabilidade são os direitos do indivíduo. A família é a forma primeira e genuína que homem encontrou para se agrupar. Ao Estado cabem, entre outras, as tarefas de administrar a justiça. garantir a segurança e manter a defesa.

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Os homens livres, com mercados livres, fazem povos livres. Permitir que assim seja é o dever básico do Estado. O indivíduo é maior minoria de todas, e mesmo assim tem sido completamente esquecida por aqueles que pretendendo governar em nome de todos apenas governam em nome do interesse próprio. Cabe à direita que somos e que estamos a construir, que acredita num Estado à medida do Homem, lutar por esta imensa minoria de onze milhões. Um Estado que nos rouba a liberdade é um Estado que não acredita nos portugueses. Um Estado que não nos exige responsabilidade é um Estado que não nos dá liberdade. Esse não é o nosso Estado; esse não é o Estado que queremos construir. O maior recurso que temos são os portugueses. É neles que temos de apostar, são eles que devem realizar o País que queremos. Todos têm o direito de contribuir, ninguém pode ficar de fora, a exclusão não é um fatalismo. A sociedade que esquece os que caem é uma sociedade que não acredita em si própria. Acreditar nos portugueses é acreditar em todos nós; é fazer com que os que nascem com menos oportunidades não estejam condenados ao insucesso e à exclusão. Não queremos prestações iguais para quem tem necessidades diferentes, queremos que cada um contribua com o que pode para que todos usufruam ao que têm direito. Ao Estado cabe executar com rigor e responsabilidade as tarefas que lhe estão confiadas. A responsabilidade merece-se, não se conquista. A confiança concede-se, não se impõe. Quando ao Estado cabe administrar a justiça, não lhe é lícito invocar incapacidades conjunturais para exercer a sua tarefa; Quando ao Estado cabe garantir a segurança, não lhe é permitido desculpar-se com escassez de meios; Quando ao Estado cabe a criação de infraestruturas, não é admissível que só pense em metade do País. Quando ao indivíduo cabe dar a sua opinião, não é lícito que o Estado a presuma; Quando o contribuinte cumpre as suas obrigações, não é lícito ao Estado que não cumpra as suas; Quando os homens têm ambição e vontade própria, não é lícito ao Estado que os tente tornar dependentes.

III Construção Europeia Nova Dinâmica Europeia Introdução:

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A integração europeia tinha no início como fins reconciliar a Alemanha com os seus vizinhos, reconstruir a economia e resistir à ameaça Soviética. Ao fim de 38 anos esses objectivos foram todos atingidos. No presente a Europa precisa de novos desafios, sendo a busca de poder (económico, político e militar) o mais fundamental. Poder esse para fazer face aos agrupamentos regionais já formados ou emergentes. Processo de decisão na União Europeia: Nesta área, existe um conjunto de problemas que vêm dificultando o bom funcionamento da União. Não existe separação de poderes, à excepção do poder judicial, já que o legislativo é partilhado entre o Conselho e o Parlamento, e o poder executivo é partilhado entre a Comissão e o Conselho. Na óptica confederal (divergente da óptica federal que nós rejeitamos), o papel do Conselho é privilegiado em relação às outras instituições comunitárias, e em particular ao Parlamento Europeu. O Conselho, emanação de Governos Nacionais que foram designados democraticamente e são responsáveis perante as suas opiniões públicas e os seus Parlamentos Nacionais, é a instituição democrática por excelência (depois do Conselho Europeu) da União Europeia. Nesta óptica os poderes do Conselho devem ser acrescidos, e o importante é o controle, popular ou parlamentar, exercido, em cada país, sobre os Governos investidos de negociar em Bruxelas. Os Parlamentos Nacionais devem ser reintroduzidos no "triângulo institucional" comunitário, porque ele só e não o Parlamento Europeu pode sancionar os Governos, que são os verdadeiros e legítimos executivos comunitários. Inspirando-se nesta óptica parece-nos fundamental duas premissas: em primeiro lugar a necessidade de um controle reforçado dos parlamentos nacionais sobre os Governos; em segundo lugar a existência de uma cooperação reforçada entre os Parlamentos Nacionais e o Parlamento Europeu. Instituições Europeias: É necessário a existência de instituições fortes e desburocratizadas. Actualmente a União é viciada pela extensão desordenada das competências, pela sobreposição de estruturas e pela complexidade crescente dos procedimentos administrativos. É preciso instaurar um esquema institucional transparente e prático, bem como estabelecer entre os Estados e a União uma repartição de competências equilibrada e estável. É preciso, por isso, definir um modelo claro de integração: o princípio de Subsidariedade deve ser completado pela definição clara de repartição de competências.

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Reconquista de opinião pública: Existem vários sinais de desmotivação dos Europeus em relação à Integração Europeia. Existe um fosso entre a opinião pública e o "ideal europeu". O déficit democrático das instituições europeias, o secretismo envolvendo o processo decisório e sobretudo o autismo tecnocrático, arrasaram com a confiança das pessoas. As opiniões públicas estão atrasadas em relação aos tratados. É fundamental alterar este estado de coisas, elaborando um conjunto de medidas, em que o referendo é o meio mais democrático e melhor sucedido de motivar as opiniões públicas para debater as várias questões. Política externa e política de defesa da União Europeia: A nível de política externa, a linha dominante deverá ser a inter-governamentabilidade das decisões, e evitar a institucionalização de uma política externa comum subordinadas a Bruxelas, em detrimento dos estados. A nível de política de defesa é preciso criar as condições para a afirmação do U.E.O. dando responsabilidades próprias e dando-lhe meios para intervir no cenário europeu, sobretudo no antigo bloco de leste. No entanto, a defesa europeia não poderá constituir-se contra a NATO, já que esta aqui representa na Europa o mecanismo mais eficaz no plano da segurança e da defesa. A U.E.O. deve-se tornar no pilar europeu da NATO, exigindo num entanto um reequilibrar das respectivas tarefas e áreas de intervenção. União monetária: Não podemos ser obrigados a entrar ou não entrar na Moeda Única. O direito de aderir é nosso, temos de o poder exercer na medida em que o consideramos útil para o País e eficaz para a nossa economia. No entanto essa integração não poderá ser feita à custa do nosso tecido produtivo nem sem que o povo português se tenha pronunciado através do referendo. Portugal não pode permitir etiquetas insultuosos do estilo "Club Med " que nos foram postas pelo presidente da BundesBank, Hans Tietmeyer, nem tolerar o afastamento de certos países, nem a repescagem de outros através de uma alteração da interpretação dos critérios definidos no Tratado da União Europeia. O "Pacto da Estabilidade" defendido pela Alemanha deve ser rejeitado liminarmente como a tentativa germânica de criar um núcleo duro à volta da Moeda Única com países da sua esfera de influência (Benelux). A necessidade de criar um bloco comercial europeu forte contra os EUA e os asiáticos poderá passar possivelmente pela união monetária. É indiscutível para a maioria dos economistas que a união monetária traz estabilidade cambial e estabilidade a nível da taxa de juro, tal como é indiscutível para os políticos que reduz a nossa soberania.

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IV A CPLP

A criação de uma comunidade Lusófona é um objectivo antigo, que sempre encontrou extremas dificuldades em ser alcançado. Com efeito, a ideia de juntar os países que tivessem o Português como língua oficial, interligando diferentes culturas e tradições pareceu, em determinados momentos da nossa História mais recente, uma utopia. Não só pelos problemas decorrentes do incorrecto processo de descolonização, mas também por algum desinteresse de certos países, devido sobretudo à instabilidade política vigente em Portugal, esta questão foi permanentemente adiada. Apesar disso, o nosso país sempre teve ideias concretas em relação a este processo. É importante referir que no 1º Governo Constitucional, instituído em Julho de 1976 um dos pressupostos fundamentais era a aproximação dos países Africanos de língua oficial Portuguesa (PALOP), a convenção de LOMÉ, o qual hoje em dia se mostra plenamente confirmado. Escrevia-se então no programa do 1º Governo Constitucional apresentado na Assembleia da República em 2 de Agosto de 1976, « Assiste-se a um movimento desses países africanos para virem a aderir à convenção de LOMÉ (...). Entronca aqui uma das razões para qual Portugal venha a integrar-se no mercado comum, visto que até que tal aconteça Portugal assumirá o papel de país terceiro, sendo forçado a assistir ao estabelecimento de actos privilegiados entre os novos países africanos de expressão Portuguesa e a Comunidade Europeia». Em suma, em Julho de 1976 com a tomada de posse do 1º Governo Constitucional irão ser ultrapassadas as propostas anti-europeias, quer provindas do regime ditatorial quer as desencadeadas durante o período revolucionário iniciado em 1974, com o primeiro passo na opção europeia a ser dado com a entrada de Portugal no Conselho da Europa em Setembro de 1976. Finalmente em Junho de 1996 é assinado o tratado que institui a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. A CPLP é composta por Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau e S.Tomé e Príncipe. O Partido Popular é extremamente favorável a esta comunidade, apesar de existirem certos pontos que requerem uma melhor explicações e fundamento. Com efeito, ao analisarmos a CPLP temos que dividir as realidades dos países aderentes. Assim é importante verificar que efectivamente os países africanos não se encontram tão desenvolvidos como Portugal e o Brasil. Todos esses problemas que se vivem nos PALOP derivam de um mau processo de descolonização que provocou roturas imensas na economia e no estrato socio-cultural dos países em questão. Desta forma é entendimento do Partido Popular que o Governo de Portugal tem que proporcionar, não só condições a nível económico para alargamento dos nossos mercados, bem como de volume de exportações, assim como é fundamental a implantação de quadros empresariais, para além daqueles já

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existentes. Neste ponto é fundamental o Brasil, país de grande potencial, quer a nível económico, quer ao nível de recursos naturais bem como ao nível de consumo. é de realçar neste caso que o Brasil se encontra vinculado à MERCOSUR, acordo de carácter económico e de livre troca de produtos bens e serviços, que inclui também a Argentina, Uruguai a Paraguai. Um aspecto importante neste processo é a posição do actual presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, incondicional adepto de uma lógica de cooperação. Convém não esquecer que nos anos 60, Fernando Henrique Cardoso tinha enunciado a teoria da dependência, segundo a qual o facto de existirem no Continente Americano dois países extremamente desenvolvidos como os Estados Unidos e o Canadá iria gerar um subdesenvolvimento dos países da América Latina. Esta lógica de cooperação, neste caso exercida a nível regional pode vir a trazer algumas incongruências à CPLP. É importante para o Partido Popular definir se a vontade política que motivou o Brasil a aderir à comunidade se coaduna com a vontade económica. É um problema semelhante que se terá que apresentar ao estado Português dada a relação com a União Europeia, que infelizmente para nós é traduzida numa lógica de integração, na qual há limitações à soberania dos Estados Membros. Nesta lógica de cooperação da CPLP, é fundamental realçarmos o papel importante que o Estado Português pode ter no desenvolvimento dos PALOP, ou seja, a colocação de quadros nestes países serve igualmente como fonte de novos conhecimentos e formação. Está, aliada à mão de obra e à introdução de novas tecnologias provocará inevitavelmente o desenvolvimento desses países. Factor crucial na CPLP é, para o Partido Popular, a expansão da Língua Portuguesa. O Português é sem dúvida das línguas mais faladas do mundo. Esta intensificação da Língua Portuguesa aliada à cultura e tradição histórica do nosso país deve ser um vector a defender pelo governo Português. Neste sentido é essencial a implantação de Universidades Portuguesas nestes países, tal como foi feito em Moçambique. Como conclusão, fica provado que o Governo Português terá que aproveitar esta comunidade para aumentar o desenvolvimento do nosso país e incentivar o desenvolvimento de outros países inseridos na CPLP. De igual forma o cimentar da língua e dos traços culturais e históricos, deverão ser assumidos por o nosso país. Julgamos que a CPLP, desde que seja bem desenvolvida, será crucial para a expansão da riqueza histórica de Portugal no Séc. XXI, bem como no seu posicionamento no Mundo.

V Timor A intensificação diplomática que Portugal exerceu no exterior nos últimos anos, mais exactamente após o massacre de Dili em 1992, começa a surtir os efeitos desejados.

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O Partido Popular viu com enorme alegria e satisfação a atribuição do prémio Nobel da Paz ao Dr. José Ramos Horta e ao Sr. Bispo D. Ximenes Belo. É importante referir que um homem teve influência fundamental nos processos da luta pela independência, Xanana Gusmão, que ainda hoje é o símbolo da resistência Timorense. Neste processo de libertação do povo Maubere em relação à Indonésia, Portugal terá que continuar atento. O Partido Popular foi e será sempre um apoiante desta causa como bem provou, quer através dos seus dirigentes, quer através do seu movimento político de juventude, JC-Gerações Populares. O Partido Popular deve pressionar o Governo no sentido de reforçar as relações diplomáticas com os Estados Unidos da América, que são por todo o seu poder fundamentais a esta questão. Um factor que avalia bem a maneira como o Partido Popular se tem empenhado nesta causa é o facto de o Presidente da Comissão Por Timor ser um dirigente deste partido. Até ao final desta luta, que irá coincidir com um Timor independente e Democrático, O Partido Popular será sempre um acérrimo defensor desta causa e estará sempre pronto para internamente ou externamente dar o seu contributo.

VI Educação Não podemos continuar a procurar adjectivos para valorizar a educação em relação a outros campos, esse tipo de actuação não é própria das pessoas sérias mas dos "acrobatas" da política. Estes utilizam na retórica aquilo que não sabem ou não querem fazer na prática. O Partido Popular não pode entrar neste jogo, terá de se afirmar pela diferença que já noutro campo defende. A política não pode ser uma actividade estaca mas sim dinâmica e isso passa essencialmente por uma aposta na acção. O Partido popular não pode ficar à espera das Propostas de Lei ou de Projectos de Lei dos seus adversários políticos para só depois se pronunciar e apresentar contra propostas, a estas faltará uma grande virtude a iniciativa. Este tipo de actuação é fundamental no campo da Educação, aqui estão concentradas as atenções daqueles que poderão fazer a diferença num futuro próximo aquelas que agora votaram pela primeira vez ou que o vão fazer no próximo acto eleitoral, se outros temos de conquistar estes basta-nos convencer. Os jovens entre os 16 e os 22 anos no seu dia-a-dia dependem essencialmente daquilo que centro das suas vidas, a escola ou a universidade e é a partir daí que estabelecem a sua ligação à política. Esta faixa etária já deu dez anos de maioria absoluta porque acreditou em algo urge que acreditem no Partido Popular. Para uma correcta política de Educação o Partido Popular deverá concentrar a sua actuação em três campos fundamentais:

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- Reforma definitiva do Sistema Educativo - Pacto Educativo - Ligação entre a Educação e o Emprego REFORMA DO SISTEMA EDUCATIVO O Partido Popular tem de apresentar um projecto de Reforma Educativa que seja definitivo e de aplicação programada. Esta Reforma terá de ser global, do Pré-Escolar aos Doutoramentos, e terá de ter um plano de aplicação no tempo para que não prejudique aqueles que estiveram integrados no Sistema Educativo no momento em que se registaram essas alterações. Uma verdadeira Reforma não pode ser um modelo criado ano a ano com aplicação especifica para esse momento, nem pode ser apresentado a meio do ano lectivo para o qual é proposto. Uma verdadeira Reforma tem que ser pensada como um modelo que atinja um grau de eficácia suficiente para que se consiga adoptar as constantes evoluções sem ter de alterar a sua estrutura base e a sua credibilidade. Uma verdadeira Reforma, tem de ser apresentada conjuntamente com um plano progressivo de aplicação para que aqueles que integram o novo Sistema saibam quando e como isso irá acontecer. Esta verdadeira Reforma do Sistema Educativo terá de dar especial atenção ao Ensino Pré- Escolar, a situação que se vive neste campo do ensino é insustentável e determina uma enorme descriminação social; terá de diversificar e credibilizar novas vias para o Ensino Secundário; terá de dar autonomia às Universidades para que se crie um sistema lógico de acesso ao Ensino Superior; terá de criar um sistema justo de pagamento de propinas, em que o cheque de ensino, os empréstimos e as bolsas garantem que ninguém será excluido do sistema por falta de condições económicas; terá de avaliar a capacidade das Universidades públicas e privadas para que não haja estudantes discriminados pelo mercado de trabalho por terem um diploma considerado nulo. Esta verdadeira Reforma do Sistema Educativo tem de ser corajosa como tem de ser aqueles que se sujeitam ao actual sistema. PACTO EDUCATIVO O Pacto educativo é essencial para que se consiga uma credebilização do Ensino em Portugal. O Ensino não pode continuar a ser um mero

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instrumento político tem de passar a ser campo de consenso daqueles que acreditam que a formação é a base essencial de constituição de uma sociedade evoluída. O Pacto Educativo não poderá ser um documento de estudo terá de ser um compromisso entre os diversos agentes intervenientes. Este Pacto tem de ser assumido como um contrato porque só assim deixará de ser um instrumento político. O Pacto Educativo deverá ter consagrados os pilares que permitam a Reforma do Sistema Educativo. EMPREGO - EDUCAÇÃO Tal como a sociedade não é um conjunto de grupos que se reúnem ocasionalmente para estabelecerem todo o tipo de relações mas sim um conjunto de pessoas que estabelecem constantemente relações independentemente de estarem integrados em grupo, também o Governo não pode ser um conjunto de Ministérios independentes que se reúnem às quintas-feiras para trocar impressões. Há realidades que não podem ser suplantadas por nenhuma estrutura, é o caso da ligação evidente entre a Educação e o Emprego. Se a Educação não forma pessoas para que estas se limitem a enriquecer os seus conhecimentos o Emprego também não faz um recrutamento através do Caderno Eleitoral ou qualquer outra base de dados. A criação de um Ministério da Educação e Emprego seria a solução ideal para resolver este problema permitindo assim acabar com a divergência entre as ansiedades do Emprego e as soluções apresentadas pela Educação. Esta é certamente uma das medidas mais importantes a tomar no sentido de diminuir o Desemprego. Estamos a entrar no século XXI, aquilo ao qual temos vergonha de mostrar certas coisas, chamamos "em vias de desenvolvimento" aos países subdesenvolvidos e iliterádos aos analfabetos. A semântica pode alterar o sentido das coisas na poesia, e mesmo que o consiga fazer na prosa, certamente que nunca o conseguirá fazer na realidade. Se queremos ter um futuro melhor temos de o construir e os alicerces são evidentemente a Educação.

VII Sectores produtivos

Felizmente, poucos são já aqueles que praticam o socialismo como doutrina económica, mesmo aqueles que ainda se chamam de socialistas ou de sociais democratas.

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Mas, apesar de já se terem esquecido das suas origens, continuam sem compreender a economia de mercado, Esquecem-se que o desenvolvimento económico com manias de controlo estatal, nem com regulamentos burocráticos só para manter o protagonismo de alguns. Em consequência, Portugal perdeu dezenas de anos em crescimento e desenvolvimento económico. Em nome de uma falsa igualdade, os portugueses perderam a liberdade das oportunidades. A União Europeia Muitas vezes no passado, o Partido Popular recebeu comentários críticos e a raiar a injúria dos seus adversários político-partidários. A verdade é que, hoje não somos os únicos na Europa a levar a realidade e a racionalidade à construção do mercado europeu, nem somos também já os únicos em Portugal a acolher as nossas certezas e incertezas em relação à concretização da União Económica e Monetária tal qual inicialmente desenhada e prevista. Hoje, a legitimidade do Partido Popular é maior. Contudo, muito há ainda que não foi dito. Não se compreende, não se percebe porque é que a União Europeia tem de definir qual é a nossa capacidade de produção agrícola, qual o tamanho e as características dos nossos produtos industriais nem como se faz o nosso queijo da serra ou o vinho do Porto. A corrida partiu viciada, está viciada, e há quem deixe e aceite que continue viciada. Nós não deixaremos que as empresas portuguesas suportem custos de produção que as impossibilitem de concorrer com as outras empresas da U.E. Faz hoje mais do que sentido, é mesmo um imperativo, promover e incentivar a instalação de empresas geridas por jovens, empresas que utilizem tecnologia de ponta, empresas que criem valor acrescentado à própria UE. Faz mesmo muito sentido, que o Estado Português, pelo seu governo, beneficie estas empresas. E aqueles que não tiveram coragem para assumi-lo e praticá-lo, por os eurocratas não o permitirem, então demitam-se, pois não serão um governo, serão uma delegação comunitária. Os Sectores Produtivos Tradicionais Um país, um Estado, uma Nação não se constitui apenas por um povo, um Território e um poder político. Ao lado destes elementos terá de possuir acima de tudo uma identidade, uma cultura, em suma - uma alma. Mal de um país, se um dia desprezar os seus valores, costumes e tradição. Não é apostando em produtos estrangeiros que se adquire credibilidade no mundo - bem pelo contrário. Só através de uma aposta forte, firme e autêntica é que seremos conhecidos e reconhecidos. Temos infelizmente assistido em Portugal nos últimos anos, a uma forma de governar descabida, apoiada em políticas altamente lesivas para o interesse Nacional.

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Hoje assiste-se à lógica de que os produtos estrangeiros que são bons. É pois contra esta ideia que o Partido Popular tem de se insurgir, apelando à Sociedade portuguesa, para que adquira produtos nacionais. Não aceitaremos em caso algum enraizamento do miserabilismo na mentalidade dos portugueses. Portugal tem efectivamente condições de apostar claramente nos seus produtos incentivando a produção e criação nacional. Desta forma há que privilegiar os designados “ Sectores Produtivos Tradicionais”. Se os Suíços produzem chocolates, relógios, Portugal tem plena capacidade para se impor nos mercados internacionais com os seus queijos, vinhos produtos agrícolas e hortícolas. As novas políticas governativas para Portugal, terá de passar necessariamente pela adopção destes princípios. O Governo tem de apoiar sem receios os agricultores em geral e os jovens agricultores em particular, dando-lhes reais condições de trabalho. Não será com uma política extintiva de inúmeros sectores de produção que a economia crescerá; não poderemos admitir que em nome dos interesses da Europa se prejudiquem claramente os interesses nacionais, pagando subsídios aos agricultores portugueses para que queimem as suas vinhas, os suas colheitas, as suas produções. Não queremos que os nossos produtos se imponham sem mais, mas porque acreditamos nos portugueses temos a certeza que eles vencerão pela sua própria qualidade. Acreditamos nos portugueses, e juntos Vamos Cumprir Portugal. A Economia Real e o Estado Não é possível imaginar uma economia sem um sector empresarial privado forte, capaz e empreendedor. Por isso, reafirmamos que o Governo existe para potenciar a acção dos agentes económicos e não para deles se servir. Para o Partido Popular, os agentes económicos estão primeiro que a administração pública e, quando esta tem um peso na economia superior à iniciativa privada, é porque se inverteu a lógica. Um Estado, para ser eficaz e justo, tem que ter uma estrutura simples e célere. Um Governo do Partido Popular, será necessariamente um Governo reduzido em tamanho mas grande na acção. O desperdício de recursos,

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humanos ou financeiros, não é compatível com os objectivos de crescimento e de desenvolvimento que qualquer país deseja, e muito compatível para um país como Portugal que tanto precisa quer de recursos quer de crescimento e de desenvolvimento. Porque, se é verdade que a taxa de desemprego em Portugal é a 2ª menor da União Europeia, não é menos verdade que foi em Portugal que se registou nos últimos anos o maior ritmo de crescimento de desemprego. É um facto, Triste, mas é um facto. E, reafirmamos, Portugal não se pode dar à veleidade desperdiçar cerca de meio milhão de portugueses prontos e ávidos para trabalhar. A irracionalidade política dos governantes portugueses é gritante. Querem que as empresas sejam competitivas, mas adiam constantemente a reforma do sistema fiscal; afirmam que falta qualificação profissional, mas existem milhares de jovens qualificados no desemprego e não atinam com a política de educação; clamam pela justiça social com “esmolas”, mas mais não fazem do que passar atestado de pobreza; proclamam o combate à evasão e à fraude fiscal, mas imiscuem-se em ambientes esféricos e permitem que se criem verdadeiros “mercados de poder”; criam novos instrumentos fiscais em nome da justiça mas mais em favor da receita; pedem contenção, mas a verdade é que o total da despesa do Estado tem um grande crescimento real. Em suma, exigem aos privados aquilo que eles próprios não são capazes de cumprir. É o próprio Estado que prefere conviver com a evasão fiscal em detrimento de uma eficaz tributação do rendimento real dos contribuintes. Para o Partido Popular a luta contra a fraude e evasão é um imperativo de justiça. E, o que é justo é exigir ao Estado que seja o primeiro a liquidar as suas dívidas para com legitimidade ser exigente e rigoroso na cobrança dos seus créditos. O que é justo é o Estado ser humilde na sua grandeza para que com eficiência possa efectivamente cobrar sobre os rendimentos reais auferidos. E, para que não restem dúvidas sobre a avidez e a gula dos estatizantes governantes portugueses, vejamos qual o móbil da tributação da propriedade no sistema fiscal vigente. A qualquer contribuinte é exigido o pagamento de imposto sobre os rendimentos auferidos e, quem com esforço de aforro se aventurar a adquirir uma habitação ou um terreno, é premiado pelo Estado com o Imposto Municipal de SISA, com a Contribuição Autárquica e com o Imposto sobre Sucessões e Doações. Depois de o Estado tributar os rendimentos auferidos, o Estado tributa ainda o esforço de poupança e de investimento com os impostos sobre a propriedade e estes mais não são do que nacionalizações parciais. A economia real, o único motor do crescimento económico, tem de se ver livre dos sistemas tentaculares e burocráticos da administração central. Não haverá melhor qualidade de vida enquanto não houver mais e melhores empresas. Para o Partido Popular, não deveriam existir custos administrativos e notariais para a criação e constituição de empresas, para facilitar e promover a criação de empresas, emprego e crescimento económico.

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VIII Reforma da Administração Pública

Tradicionalmente, a Administração Pública portuguesa dividiu o território em Províncias com autonomia. Veja-se o caso da criação das Capitanias na Madeira e nos Açores no Séc. XV e no Brasil no Séc.XVI. Em 1838, a Constituição nos seus artigos 129,130 e 131, prevê para o Governo Administrativo e Municipal de cada Distrito um magistrado nomeado pelo Rei, uma junta electiva e um Conselho de Distrito igualmente electivo. Pretendiam estas medidas tornar a administração mais próxima do cidadão, que podia depender de órgãos administrativos mais próximos da sua realidade e das suas necessidades. O cidadão podia também confiar na justeza e rectidão das pessoas que ocupavam os lugares da administração pública pois, note-se, elas eram eleitas. Podia-se falar no Estado de direito, do Estado pessoa de bem. As funções do Estado e sua concretização através da Administração Pública. Hoje, preocupa-nos o Estado Social/Solidariedade. Hoje, questionamos o Estado de infraestruturas, responsável pela administração do país, responsável pela justa contrapartida dos impostos, dos bens de uso comum e interesse público. Por isso, acreditamos que a Administração Pública deve reestruturar os seus serviços para que as suas decisões possam ser justas, legais, úteis, oportunas e transparentes. O princípio da prossecução do interesse público e da protecção dos limites e interesses dos cidadãos não pode permanecer letra morta, deve antes funcionar como objectivo primordial de todo o serviço público administrativo. Formação Profissional e Novas Tecnologias Não esquecemos que a Administração Pública deve ser tendencialmente pequena, poupada e desburocratizada. A defesa da descentralização e desconcentração de atribuições e competências, a racionalização dos custos leva-nos à conclusão que se impõe, prioritariamente, a formação profissional dos funcionários públicos, para que possam ser revalorizados em sectores mais carenciados. Impõe-se também a aplicação das novas tecnologias disponíveis, que funcionarão como meio eficaz de desburocratização devido à sua rapidez, eficácia, redução de custos e conforto de utilização. A nova base tecnológica permitirá à Administração Pública apresentar ao cidadão diferentes “produtos”, diferentes soluções que permitem liberdade de escolha quanto ao modo de solucionar os seus problemas, conforme as necessidades de cada um. Interesse Público e Transparência À Administração Pública portuguesa falta-lhe uma cultura de serviço e de rigor, lacuna essa que cresce à medida dos jobs for the boys. Ou seja, a clientela dos partidos. Defendemos para isso a definição de regras claras e concretas

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para a admissão dos funcionários, evitando assim que as nomeações desçam a níveis hierárquicos cada vez mais baixos. A progressão na carreira pública deve ter em conta o mérito, a produtividade e o tempo de serviço - só deste modo melhoramos a qualidade do funcionalismo público, devolvendo-lhe gradualmente a credibilidade que tem vindo a perder. Nesta sequência, é inevitável falar da privatização de alguns sectores da Administração Pública, nomeadamente no que diz respeito à fiscalização. A transparência dos serviços prestados à comunidade deverá ser assegurada por auditorias independentes, ficando os resultados à disposição do poder político. O Estado e o Cidadão A Administração Pública deve agir eficazmente e assegurar a todos os cidadãos uma participação activa no desenvolvimento de uma nação realmente democrática. A Administração Pública deve permitir uma verdadeira aproximação entre a entidade abstracta que é o Estado e realidades concretas que o compõem, os cidadãos.

IX Solidariedade Ser de direita é sobretudo acreditar na capacidade individual de organizar a vida e o futuro. No entanto, para isso é preciso ter também o sentido da responsabilidade. Embora toda a gente caminhe alegre e inconscientemente para o abismo que já é e vai ser a falência dos sistemas de Saúde e da Segurança Social, ninguém vê da parte do Estado uma tentativa séria de modificar a situação. O grande problema de hoje é que o cidadão paga uma elevada taxa para a “sua” segurança social mas o Estado gasta o dinheiro noutras chamadas “ prioridades”. Ora como a população está envelhecida e necessitando por isso, cada vez mais de assistência logo despesa por parte do Estado e como a população activa é cada vez em menor número as receitas descerão inevitavelmente. Até ao colapso. A JC-GP, jovens que somos hoje e que teremos daqui a alguns anos que ser nós a suportar a sociedade, está preocupada com o que a espera e sobretudo por até agora ninguém ter tentado seriamente mudar este estado de coisas. Pensamos que a revolução que terá de ser feita passa pela liberdade de obrigatoriamente descontar para um seguro de saúde e de assistência mas que individual e não põe norma o Estado. Isto é, se o Estado não consegue prestar um serviço de saúde com o mínimo de qualidade, há que contratar serviços de saúde privados e, seguramente mais fácil uma seguradora ou o cidadão pagar essa prestação. Mas infelizmente há outras problemas graves. A toxicodependência cada vez custa mais dinheiro ao País em internamentos, reabilitação, apoio psicológico e

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outros. Ora também aqui acha a JC-Gerações Populares que a liberalização da venda das “chamadas drogas leves” vai ainda tornar o problema mais grave em termos de miséria humana mas também em termos de custo real para a sociedade. Não basta pedir dinheiro e sacrifícios em nome do bem-estar colectivo, é primordial que esse dinheiro seja bem aplicado para que o sacrifício pessoal seja encarado com generosidade e solidariedade e não como um gastar desnecessário que empobrece o dador e não ajuda quem deveria receber resultando numa sensação de frustração generalizada.

X Droga A droga é um dos grandes problemas que mais tem suscitado controvérsia nos nossos tempos. Inúmeras são as causas apontadas para a justificar, sendo no entanto bastante escassas as soluções para a resolucionar. Ao abordar este problema não podemos ficar insensíveis e de alguma forma “hipnotizados” com aquele discurso fácil e inconsequente daqueles que pretendem a despenalização do tráfico e consumo de drogas. Um problema como este exige por parte de quem o aborda uma reflexão cuidadosa, de forma que se consiga chegar a determinadas conclusões que contribuam para combater um dos maiores flagelos do nosso século. É também uma realidade inequívoca que nesta matéria não devemos olhar a interesses particulares ou singulares, devendo estabelecer um consenso generalizado que abranja todas as vertentes da sociedade portuguesa. “O que está em questão é um problema social, e não um problema de poucos”. Parece-nos óbvio de que só assim será possível combater a proliferação deste flagelo, bem com responsabilizar todos aqueles que retirem dividendos pessoais deste malefício tão grave. Dito isto, cabe-nos dar a conhecer as linhas mestras do nosso pensamento. Num primeiro momento, parece-nos evidente a necessidade de uma verdadeira política que actue à priori, como forma de prevenção, essencialmente dirigida à juventude, pois é aí que a droga tem as maiores repercussões, bem como é a juventude aquela que mais exposta está aos malefícios da droga. Num segundo momento, defendemos a existência de um controlo repressivo que se insira nas competências das entidades policiais, podendo ir até á criação de uma verdadeira brigadas anti-droga. É necessário culpabilizar todos aqueles que enriquecem à custa do detrimento das faculdades físicas e psicológicas de outrem, devendo por outro lado tentar evitar a todo o custo a formação das chamadas “ milícias populares”, especialmente nos meios rurais. Uma das grandes soluções que tem sido apresentada pela generalidade das pessoas que se debruçam sobre este tema é a criação de mais centros de tratamento. Estamos de acordo com ela. Deve-se apenas ter em atenção o binómio quantidade - qualidade; não interessa ter mais 100 ou 200 centros de tratamento se não tiverem as condições mínimas para um trabalho sério e eficaz. É necessário que esses centros sejam controlados por duas vertentes:

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quanto ao aspecto científico e quanto ao aspecto económico. É imperativo que sejam dotadas das melhores técnicas de tratamento, bem como sejam acessíveis economicamente à generalidade das pessoas. Uma última nota no que diz respeito ao poder judicial, e à legislação em vigor - partilhamos da mesma opinião do Partido Popular na aplicação de uma lei mais dura para os traficantes de droga. O que se pretende é estabelecer um regime de equiparação entre assassinos e traficantes de forma a consciencializar as pessoas para a prática de determinados actos, e não descobrir a fórmula escondida para combater a burocratização dos serviços judiciais. Defendemos assim um maior empenho do Estado, que passe pelo apoio a entidades não estaduais ( com carácter de beneficiência ) e partilhamos a tese de que uma verdadeira conjugação de vontades dentro da sociedade civil permitirá combater com mais eficácia esta dura realidade. Não podemos esquecer que a droga é um factor decisivo na difusão e expansão da criminalidade, bem como um contributo para a inibição intelectual o isolamento social. É urgente o combate à droga, e ele tem que começar hoje.

XI Justiça e Segurança O actual sistema judicial português é uma verdadeira punição para os inocentes, onde os prazos são uma ilusão, os adiamentos um passatempo e as infraestruturas uma declaração pública de incapacidade. O sistema judicial tem de aplicar a todos a mesma lei, e todas as leis com a mesma firmeza. Uma sociedade de respeito pela liberdade de cada um é necessariamente uma sociedade de respeito pela integridade física e pelo património de todos. Nenhuma lei vale mais que os Homens, nem nenhum homem está acima da Lei. Os cidadãos que cumprem a lei têm o direito de ser protegidos de quem a não cumpre. Justiça é proteger a liberdade e a segurança de quem cumpre a lei, e aplicar a sanção legalmente prevista para quem a viola. O sistema judiciário não pode ser uma farsa, que apenas persegue alguns, quando se sabe por onde andam tantos outros. As polícias existem para proteger os cidadãos e perseguir os criminosos, não podemos aceitar a inversão dos valores e permitir que algumas polícias desrespeitem os direitos dos cidadãos e se esqueçam dos seus deveres para com os criminosos. As polícias não podem errar por excesso ou por defeito, seja com uns ou com outros; se as polícias servem para fazer cumprir a lei, têm, antes de mais, o dever de a respeitar. Também o sistema prisional carece de alterações. As prisões não podem ser armazéns de gente condenada nem podem ser escolas de crime. As prisões servem para proteger a sociedade dos criminosos, mas também para tentar reconciliar os que violaram a lei com a sociedade.

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Queremos os criminosos presos, e os homens que cometeram crimes recuperados.

Na àrea da segurança, a nossa actuação deve centrar-se, principalmente,

em dois campos basilares, o campo de Facto e o campo de Direito. No que diz respeito ao campo de Facto, é prioritário e inadiável, aumentar

o policiamento nas ruas. Só assim será possível actuar de uma forma preventiva com o objectivo de combater a delinquência que ameaça alastrar-se por todo o País.

Defendemos a extinção das super-esquadras. A única coisa que elas conseguiram provar, foi o inequívoco "tiro no pé" por parte da Administração Interna. Quando se procura resolver determinados problemas burocráticos, a solução nunca poderá ser potencializar mais burocracia.

No campo de Direito é estritamente necessário aumentar as penas para os crimes de sangue e de tráfico de drogas. Uma realidade que temos vindo a assistir periodicamente, é o que se poderá chamar vulgarmente de "despenalização criminal", e que temos forçosamente que combater. O Estado travado pela sua impossibilidade de resolver o grave problema que é a burocratização dos serviços judiciais ou por outros denominado de "entupimento" dos Tribunais, procura resolvê-lo através das inúmeras amnistias que têm sido aplicadas ao longo dos últimos anos. A consequência inevitável e bastante negativa, é a de que os processos passam a decorrer da disponibilidade dos Tribunais em vez de serem os Tribunais a adequar-se aos processos.

Outra realidade que merece a nossa atenção é a chamada "delinquência

juvenil". Actualmente, este fenómeno conseguiu atingir índices e proporções elevadíssimas, chegando mesmo a um patamar que nos faz olhar com algumas reservas para o futuro. Urge levar a cabo uma verdadeira política de combate contra este fenómeno, que passa por uma adequada "Lei da Droga", que tendo em atenção o lado humano da questão, tenha a consciência de que ela é uma das principais responsáveis pelo aumento da criminalidade. Tem de passar necessariamente pela elaboração de um sistema de ocupação de tempos livres sério e motivador, em que as diversas entidades que tenham algumas competências nesta matéria (nomeadamente o Governo, Autarquias, IPJ, Associações Juvenis, Escolas, entre outras) actuem em conformidade e sintonia uma com as outras.

XII Defesa Nacional

Esta é sem dúvida uma das áreas mais importantes de qualquer país. Para além de representar um forte pilar da Soberania de um Estado, serve para a tranquilidade e paz do seu povo.

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No nosso país a Defesa Nacional assenta fundamentalmente no Serviço Militar Obrigatório (SMO). Acontece porém que actualmente a figura do SMO não tem a importância de outrora, nem oferece garantias de êxito na defesa do país. Actualmente existem novos imperativos Geo-estratégicos que não se coadunam minimamente com umas Forças Armadas constituídas por amadores. Fica assim claro que a opção para o futuro passa necessariamente por uma rápida e eficiente profissionalização das Forças Armadas, composta por um menor número de elementos, mas melhor preparados para acompanharem a evolução das novas tecnologias. De nada serve termos novas máquinas, novos equipamentos, se não os soubermos utilizar. Por outro lado, o Estado não pode obrigar ninguém a cumprir um serviço militar. A defesa da Pátria não pode ser encarada como um dever, mas antes como um direito, que como tal poderá ser renunciado por quem o não quiser exercer. Queremos umas Forças Armadas voltadas para o séc. XXI com um menor mas melhor contingente. Queremos um Estado que gaste menos na Defesa Nacional mas que gaste melhor, através de uma política inteligente de gestão de recursos Humanos e logísticos. Queremos em suma uma verdadeira DEFESA NACIONAL.

XIII Descentralização A constatação de graves desequilíbrios regionais e consequentes assimetrias é algo que nenhuma política de desenvolvimento em Portugal pode negar. De facto, fruto de uma má gestão de ordenamento do território os últimos governos conseguiram aumentar ainda mais as assimetrias regionais. Nunca o Alentejo e Trás-os-Montes estiveram tão longe de alcançar o progresso e o desenvolvimento. A falta de infraestruturas, nomeadamente de redes escolares e hospitalares, estão a provocar um verdadeiro descalabro consumado no cada vez maior êxodo rural. Efectivamente, as populações do interior procuram as designadas “grandes” cidades do litoral à procura de um emprego, que não têm nas suas regiões.

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Face a estes problemas não se pode ficar indiferente - é o futuro de Portugal que se fala. Assim, surge neste contexto a Regionalização, prevista na nossa Constituição desde 1976. A Regionalização foi entendida como um conjunto de medidas de carácter institucional que conduzirão à criação de instituições regionais e ao reforço da sua capacidade de decisão autónoma. Revista de imensa polémica, regionalização não encontra uma base consensual, mesmo no seio dos seus defensores. Não se entendem quanto ao número de regiões a criam quanto à sua finalidade. A Regionalização não é efectivamente o melhor modelo para o desenvolvimento do país. Se numa das mãos ela traz a descentralização, traz na outra um novo modelo de centralização - a centralização regional. Quer isto dizer, que se hoje se critica - e bem, o excesso de poder do Terreiro do Paço, com a criação de quatro, cinco ou seis novas regiões, passaríamos a ter não um, mas cinco, ou seis novos Terreiros do Paço. Assim, não temos dúvidas ao afirmar a nossa rejeição pela regionalização e a nossa aposta num Modelo Municipalista. Porquê um Novo Modelo Municipalista ? É inegável que o nosso municipalismo nunca funcionou da forma desejável. Por isso o modelo por nós defendido é um modelo que atribuirá mais funções, mais responsabilidades, em suma, que atribua mais poderes aos nossos Municípios. Defendemos uma verdadeira descentralização do poder, que tem efectivamente, ao longo dos tempos beneficiado em muito a Região de Lisboa. Porém, não queremos atribuir o poder a quatro ou cinco novas entidades, mas antes aos 305 Concelhos do país, por forma a que sejam as populações a resolver os seus respectivos problemas. É fundamental que a união e coesão do nosso país não sejam em caso algum afectadas, por isso a opção clara pelo Municipalismo como instrumento essencial de desenvolvimento. Só através de um Municipalismo forte, instruído e participado é que haverá um verdadeiro progresso do País.

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Acreditamos contudo, que dada a importância desta matéria, terão de ser os portugueses a pronunciarem-se de forma inequívoca num Referendo Nacional. A última palavra terá de ser sempre dos portugueses.

XIV Desertificação 1. INTRODUÇÃO Portugal é hoje um País onde podem ser verificadas, de forma mais ou menos acentuada e com maior ou menor frequência, as condições caracterizadoras de um processo de desertificação, entendida ao abrigo da definição fornecida pela Convenção Internacional de Combate à Desertificação nos países afectados por seca grave ou desertificação, designadamente como a degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e sub-húmidas secas em resultado da acção de vários factores, incluindo a variação climática e a influência humana. Os condicionalismos impostos pelas características físicas, biológicas e climáticas do meio, associados ao factores humanos e culturais, determinaram para as zonas de Portugal onde se registam influências mediterrânicas e/ou ibéricas, uma evolução do padrão agrário conducente a níveis preocupantes de degradação do recurso solo. Uma tal situação, embora diferenciada local e regionalmente, restringe as possibilidades futuras de desenvolvimento, limitando as escolhas possíveis para a agricultura, a silvicultura e a produção animal estratégica nacional. O processo de degradação do solo e do coberto vegetal que afecta algumas áreas significativas do Sul e da faixa interior do Centro e Norte de Portugal, a par da redução das disponibilidades hídricas e da sua qualidade, tem vindo a contribuir para um sério retrocesso da actividade económica e para acentuar os sinais da crise do mundo rural. Todos estes aspectos têm sido determinantes para a menor viabilidade dos sistemas agro-silvo-pastoris tradicionais, tendência incrementada ainda pela globalização crescente dos mercados agrícolas na Europa e no mundo. Em Portugal, e até à poucos anos a esta parte, o problema da degradação do recurso solo nunca constituiu uma preocupação dominante, tanto por parte dos intervenientes directos no aproveitamento da terra, como por aqueles que

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estabeleceram inicialmente as regras de ordenamento e de uso do património solo. A lógica produtivista de curto prazo acabou por persistir até que as situações de ruptura evidenciaram a insustentabilidade das práticas políticas e das opções culturais seguidas. No Alentejo, a campanha de trigo ocorrida entre 1929 e 1938 assume o papel de principal responsável pelo fenómeno da erosão nesta região do território nacional, designadamente pelo arrastamento da terra arável e pela perda do fundo de fertilidade do solo, contribuindo fortemente para a transformação dos solos originais em solos esqueléticos com baixíssima capacidade de retenção para a água e baixa produtividade. Da área total de Portugal, aproximadamente 75 % estava sujeito à cultura agrícola, enquanto as cartas de capacidade de uso do solo vieram a afectar-lhe uma percentagem bastante inferior, conferindo à capacidade de uso florestal o aproveitamento dominante. Nesta época, estava-se ainda perante uma intensificação da monocultura cerealífera que veio a revelar-se indutora de graves problemas de erosão, agravados com os défices hídricos característicos do clima nacional, especialmente em regiões semi-áridas do Sul. A intervenção florestal desenvolvida em Portugal a partir dos anos 50 tem contudo procurado contribuir para a inversão de todo este processo de desertificação. Na grande maioria das situações verificadas em Portugal, tem sido a própria intervenção humana um dos factores responsáveis pelo início e acentuar dos processos de degradação, usualmente associados à sobre-exploração de sistemas produtivos inseridos nestes ecossistemas. Por todo este conjunto de razões, é da maior importância definir um conjunto de regras de exploração racional que permitam aos gestores de ambiente desenvolver práticas de aproveitamento integrado e sustentado dos escassos recursos de estações pobres. 2. REGIÕES EM RISCO DE DESERTIFICAÇÃO

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A degradação dos ecossistemas florestais frágeis representa um problema tão mais preocupante quanto mais forem tidos em conta os longos períodos de recuperação geralmente associados a este tipo de estruturas ambientais. Por vezes, quando se atinge o ponto de não retorno, torna-se mesmo impossível proceder à regeneração de tais ecossistemas florestais, sendo então criados verdadeiros desertos estéreis sem qualquer forma de aproveitamento conhecida. A desertificação corresponde a um estado do ecossistema caracterizado por uma distribuição geográfica segundo manchas em que a relação entre a Precipitação Anual e a Evapotranspiração Potencial de uma região se situe em valores abaixo de 0.65, isto é, nas designadas terras secas. De um modo global, a área territorial correspondente às zonas em vias de desertificação anteriormente caracterizadas supera já ligeiramente os 4 milhões de hectares, podendo este valor ser repartido por três grandes regiões: Norte Interior; Sul do Tejo e Alentejo; Algarve. Na base da tendência de desertificação registada em diversas regiões de Portugal, podem ser apontadas algumas razões principais de fundo: · O incremento da área de incultos, essencialmente devido ao abandono da

agricultura e às áreas desarborizadas e não regeneradas, tanto natural como artificialmente;

· O incremento da área florestal devido à expansão do eucalipto, mesmo em

estações consideradas menos aptas para o bom desenvolvimento da espécie, bem como ao significativo acréscimo de áreas de regeneração natural de folhosas indígenas, ocorrida em formações mistas, arbustivas e arbóreas.

Actualmente, o quadro florestal de todas estas regiões parece ter um desenvolvimento orientado para um cenário estável, marcado por um aceitável nível de consolidação e diversidade. Uma tal situação requer, no entanto, um procedimento de acompanhamento e vigilância permanentes dada a grande fragilidade dos ecossistemas em questão, por forma a transformar os ganhos conjunturais verificados em ganhos sustentáveis e a longo prazo. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Ao longo das últimas 3 décadas, dentro ou fora de qualquer esquema de ajudas formais, tem vindo a ser registado um progressivo abandono de zonas agrícolas marginais, especialmente nas zonas montanhosas entre o Alentejo e o Algarve, o que permitiu a expansão da regeneração natural do sobreiro e de outras folhosas indígenas, bem como o início de um processo embora altamente localizado, de reocupação pelo coberto florestal. Os aspectos positivos decorrentes de uma expansão do coberto vegetal em algumas regiões de Portugal, mas também de uma intervenção cultural fortemente subsidiada, não omitem os problemas ligados à viabilidade técnica e económica de muitas das soluções ensaiadas, bem como da sua própria sustentabilidade fora de um quadro de ajudas generalizadas. O facto de se tratar de um território afectado ou ameaçado pelos fenómenos da degradação do solo e do coberto vegetal obriga a uma ponderação especial em diferentes aspectos que condicionam fortemente o sucesso das intervenções florestais. Neste ponto, a experiência das últimas décadas demonstra que sem uma forte motivação económica à manutenção dos povoamentos instalados, a sua existência decai ou torna-se praticamente inviável. As soluções de uso múltiplo tornam-se, deste modo, de grande importância para compensar os longos períodos de espera pelos rendimentos florestais. Acresce ainda que neste contexto regional, a existência de uma área florestal já significativa obriga a conferir grande prioridade à gestão e conservação da floresta existente. A possibilidade de dispor de um leque de produções não lenhosas, com mercado assegurado, constitui já de si um importante contributo que é essencial mobilizar regionalmente em apoio das actividades de manutenção e regeneração do património florestal, quebrando uma tradicional e instalada tendência para depender dos subsídios e das ajudas do Estado. Os pontos anteriores remetem para alguns aspectos de carácter conclusivo: · Uma parte maioritária das pastagens instaladas em regime silvo-pastoril não

teve o regime de continuidade de exploração desejável, resultando a sua degradação em perda ou abandono completo. Tratando-se de um elemento

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crucial para a procurada funcionalidade múltipla destes espaços, um tal sucesso revela-se preocupante;

· Um número apreciável de projectos de florestação não recebeu os cuidados

mínimos de manutenção e os tratamentos culturais necessários, traduzindo-se este abandono num elevado desperdício de recursos. Não sendo possível estimar uma taxa global de insucesso quanto às acções de florestação empreendidas, poder-se-á dizer que os resultados terão ficado aquém das expectativas iniciais e das metas programadas. No entanto, é possível assinalar um desempenho positivo no âmbito do esforço de arborização com o sobreiro, não obstante os insucessos localizados e as faltas de tratamentos culturais já assinalados, e com pinheiro manso;

· É notório, a partir de 1986, um grande esforço de investimento na melhoria e

beneficiação dos povoamentos existentes, sobretudo nos montados de sobre e azinho, embora a correcção técnica das intervenções, sobretudo limpezas de mato e podas, nem sempre tenha sido acautelada. Na verdade, foram produzidos excessos de que resultou uma redução exagerada do estrato arbustivo.

Finalmente, algumas considerações gerais quanto à adequação dos distintos programas ao objectivo central de reconstituição dos sistemas ou mosaicos agro-silvo-pastoris, entendidos como os que reúnem as melhores potencialidades biofísicas e económicas para a prevenção ou redução dos riscos de degradação das terras nas zonas áridas, semi-áridas e sub-húmidas secas. Com excepção do Projecto Florestal Português cujos objectivos eram distintos, embora não forçosamente incompatíveis, todos os programas tinham por objectivo principal cobrir o uso múltiplo dos espaços agrários. Inclusivamente nos instrumentos de apoio à florestação de terras agrícolas, as soluções mais divulgadas no Sul e no Interior do País orientaram-se para espécies, tais como o sobreiro e a azinheira, compatíveis com um modelo de uso múltiplo da vegetação. No entanto, existe a necessidade de ultrapassar o carácter disperso e parcelar das intervenções até agora produzidas, superando igualmente muitas das lacunas técnicas existentes a nível da fase projecto, procurando viabilizar um

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quadro mais coerente de ordenamento local e regional e, dentro deste, garantir a estabilidade e continuidade das formações e dos espaços florestais. Este último aspecto remete para a importância de formulação de unidades de planeamento mais vastas e abrangentes, designadamente à escala de bacias hidrográficas, com o consequente zonamento por actividades e funções e o estabelecimento de um normativo quanto às técnicas de instalação e condução cultural dos povoamentos florestais. O exercício proposto não pode contudo ser de carácter meramente administrativo, devendo passar a envolver o conjunto dos actores locais e a representação dos distintos interesses ambientais, culturais, sociais e económicos, por vezes até mesmo conflituais. 4. PROPOSTAS DE FUNDO A gestão logística, integrada e sustentada de florestas exige uma sólida base de conhecimentos sobre o seu enquadramento biofísico e sócio-económico. Devido ao abandono, no passado, dos ecossistemas áridos, os responsáveis pelo planeamento e pela gestão, a nível nacional, acabaram por se deparar na actualidade com grandes dificuldades no domínio da racionalização e avaliação de projectos de desenvolvimento para essas áreas. Na base de tais dificuldades, está a escassez de informação científica no respeitante a dados sobre a composição dos povoamentos, à disponibilidade de recursos lenhosos e não lenhosos, à informação sobre a sua ecologia e biologia, às técnicas de gestão sustentada e melhoria de rendimento, bem como à falta de instrumentos e mecanismos para vincular as comunidades à gestão sustentada dos recursos da respectiva região. O nível de conhecimento e o estado da arte da gestão das florestas e da florestação das zonas áridas varia de região para região em Portugal, mas em termos gerais pode ser afirmado que as seguintes áreas são reconhecidamente deficientes: · Inventário dos recursos em plantas lenhosas;

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· Silvicultura e autoecologia dos ecossistemas florestais de zonas áridas e crescimento e rendimento de espécies de uso múltiplo; fraca utilização de modelos de exploração e de áreas com potencial para produção de bens lenhosos e não lenhosos;

· Aspectos antropológicos e sócio-culturais; · Interligação de políticas orientadas para recursos naturais da terra

relacionados entre si e oportunidades para a sua harmonização; · Devolução e entrega do poder às estruturas comunitárias no que respeita à

gestão dos seus próprios recursos; · Marketing e impactes da comercialização de produtos não lenhosos da

floresta sobre a sustentabilidade dos recursos; · Ecofisiologia das espécies florestais, nutrição de plantas e métodos para

melhorar a eficácia da utilização da água pelas plantas; · Técnicas de plantação de árvores e métodos de gestão de culturas segundo

diferentes tecnologias e zonas nas terras áridas; · Dados sólidos sobre parâmetros meteorológicos e sobre os solos das zonas

áridas e informação climática detalhada; · Avaliação do grau de degradação do solo sujeito à utilização normal pela

comunidade e definição de critérios e indicadores para o uso sustentado da floresta;

· Exploração, processamento e armazenamento dos produtos da floresta e

criação de oportunidades para lhes conferir valor acrescentado, aumentando o rendimento da comunidade e população local;

· Tecnologias tradicionais e indígenas e possíveis instrumentos para

protecção de algumas dessas tecnologias; · Bases de dados actualizadas sobre o coberto vegetal, suas modificações e

substituições; valor dos bens e serviços lenhosos e não lenhosos por

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ecossistemas florestais e sub-zonas agrárias; compatibilidade entre espécies/estações e variações na proveniência das espécies.

No futuro, há que evidenciar todos os esforços no sentido da adopção de um modelo de ordenamento sustentado das zonas áridas do território nacional, opção essencial para travar e reverter toda a sua degradação. Para além disso, tendo em conta a situação de convergência entre a pobreza e a precariedade dos recursos verificada em algumas das regiões do País, qualquer intervenção de fundo terá de ser norteada para a expansão dos canais de criação de rendimento antes de qualquer tentativa para estabilizar a relação entre os agricultores pobres em recursos e o ambiente que os rodeia. Parece também evidente que, neste tipo de ecossistemas, muitas plantas evoluíram para a sobrevivência e não para uma grande produtividade, não estando em certos casos em condições de satisfazer as necessidades crescentes de populações de pessoas e animais em rápida expansão. Por último, uma gestão prudente deverá procurar fazer uso múltiplo de todos os recursos, ao invés de tentar minimizar o rendimento de um dado produto ou bem, arriscando a sua degradação ou até mesmo destruição irreversível. Os esforços do passado foram orientados apenas para a realização de estudos florestais básicos, sendo generalizadamente marcados pela falta de uma visão logística e participativa. No futuro, a concepção e implementação de iniciativas de desenvolvimento em terras áridas deverão ter em conta as falhas de conhecimentos, as oportunidades e as limitações existentes nessas zonas. O primeiro passo deverá sempre estar orientado para as actividades que sejam prioritárias para as comunidades e possam, também por isso, produzir resultados palpáveis, especialmente todas aquelas que possam ser implementadas e sustentadas mediante a utilização de recursos próprios. Todas as actividades deverão gravitar em torno dos recursos naturais disponíveis, tanto quanto possível renováveis à escala humana, incluindo o solo, as comunidades de plantas, o gado, os animais silvestres e a paisagem circundante.

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A tomada de acções imediata é fundamental e não pode ser adiada devido à enorme falta de informação básica, conjuntos de acções com provas dadas ou mão de obra especializada. Deste modo, propõe-se a adopção de um programa que combata a desertificação em 3 frentes principais, designadamente - projectos de recuperação e desenvolvimento de aldeias tradicionais portuguesas; programa de investigação científica e desenvolvimento nacional e regional e formação profissional de gestores, de técnicos e de parceiros locais.

XV Ambiente

A gestão do ambiente deverá ser entendida, antes de mais, como se tratando da gestão de bens comuns que são pertença de toda a sociedade e em que toda a sociedade se deve rever. O ar, a água, os oceanos, o solo, as espécies de fauna e de flora, as formas naturais e humanizadas da paisagem, todas as componentes do Ambiente sem excepção fazem parte de um património conjunto e colectivo, contribuíndo para dar um rosto e uma identidade a Portugal. Ao falarmos de política ambiental, somos sistematicamente confrontados com a problemática do Ambiente e Desenvolvimento, faces indissociáveis de uma mesma realidade. Achamos por isso que, o Desenvolvimento deverá ser praticado de forma sustentável. A produção de riqueza não é, em nossa opinião, uma realidade incompatível com a protecção e valorização do Ambiente. A protecção e valorização do Ambiente é, para nós JC/Gerações Populares, um dever e um direito fundamental da pessoa humana. Não basta exigir, é de todo necessário agir, por forma a criar mecanismos orientados por uma crescente mobilização e consciencialização de todas as pessoas para a problemática decorrente das grandes questões ambientais. Defendemos que a Educação e a Formação Ambiental sejam encarados como uma prioridade, e por isso achamos que as mesmas devem ser levadas e tidas em conta com todo o respeito e seriedade. Implementação de actividades de conservação e valorização do Património cultural e paisagístico, reforço das relações institucionais com Organizações Não Governamentais (nomeadamente as associações de defesa do Ambiente), revisão imediata da Lei de Bases do Ambiente, Lei de Bases das Florestas e Plano Nacional de Política do Ambiente são, para nós JC/Gerações Populares, aspectos fundamentais e imprescindíveis de serem realizados, daí a razão de estarem inseridos nesta moção. Ao contrário do que se diz, ou se pensa, relativamente às questões ambientais, estas não são tidas como do foro exclusivo da Esquerda, pois são

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também preocupações da Direita, mas mais do que isso, são preocupações de todos nós Portugueses em particular, e habitantes do Planeta Terra em geral. A JC/Gerações Populares pretende assim transmitir e assegurar a preservação do Ambiente, bem como a ideia de continuidade dos recursos do mesmo, para as gerações vindouras, mas estamos cientes de que, sem uma Política Ambiental responsável e fundamentada, a tarefa será muito mais difícil. Será desejável que não sejamos piedosos, por isso iremos exigir que à Política do Ambiente seja aliada um processo de consciencialização ambiental que contribua para a formulação de uma Política Ambiental à escala nacional.

XVI Autárquicas

O Partido Popular, tem o dever e obrigação com os Portugueses de concorrer aos 305 Concelhos deste país, pois se queremos ser um partido verdadeiramente nacional, temos a obrigação, que tem de ser assumida por todos, de estarmos representados em todos os Concelhos, em todas as Freguesias de Portugal. As Eleições Autárquicas representam um teste fundamental para todas as estruturas locais do Partido Popular, pois o crescimento que ambicionamos exige a participação de todos, obrigando a um esforço não só dos Presidentes Concelhios, como também de todos os militantes do Partido Popular na conquista de um grande número de lugares autárquicos, visto serem estes os lugares políticos por excelência no contacto directo com todos os Portugueses. Assim, é fundamental, uma atitude de humildade por parte de todos em servir o Partido Popular, onde for necessário, onde for reclamado, pois ninguém está dispensado dos combates eleitorais que temos de travar, sejam eles Deputados, Dirigentes Nacionais e Locais ou simples Militantes, todos temos de assumir as nossas responsabilidades em nome dos valores em que acreditamos. O Partido Popular deve assumir, como princípio e como regra, a apresentação de candidaturas autónomas em todos os Concelhos, a não ser em situações excepcionais e mediante proposta de coligação apresentadas por cada Concelhia ao Conselho Nacional com vista a sua aprovação. Assim, as coligações, a existirem, deverão ter como parceiro preferencial o Partido Social Democrata, tendo em conta o que é melhor para o Concelho, o que é melhor para o Partido Popular. Ás Concelhias do Partido Popular cabe a árdua tarefa de escolha de candidatos, de preparação de listas, bem como a preparação de um programa eleitoral a apresentar aos eleitores, tendo em consideração a sua aproximação com os Munícipes, a sua aproximação com os Portugueses. Para esse trabalho ter êxito, para o partido ter eito, é necessário começar já, correndo o risco de amanhã ser tarde demais. Não podemos, como sempre aconteceu, deixar tudo para a ultima hora, sob pena de perdermos espaço para os outros partidos, assim, até Maio de 97 tem de estar tudo pronto para enfrentarmos esta batalha decisiva para o nosso partido.

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As próximas Eleições Autárquicas têm de representar para o Partido Popular, o consolidação das suas estruturas locais, tendo em conta uma mais valia política que irá impulsionar o partido para a vitória nas Eleições Legislativas de 1999.

XVII Construir a Nova Direita Mais do que um partido, o PP é um projecto político. Assumirmos isto é assumirmos o que nos separa de todos os outros, é a diferença entre a direita e os socialismos. Quando levantamos a bandeira da moralização da classe política sabemos que, mesmo sendo participantes não podemos nunca deixar de ser juízes, críticos connosco e com os outros. Somos diferentes, mas fazemos parte do sistema. Isto não nos obriga a estar calados; bem pelo contrário, obriga-nos a bradar bem alto tudo o que está mal e que urge corrigir. Não estamos contentes com o socialismo que está no governo. O PSD perdeu as eleições passadas porque se preocupou mais com as clientelas do que com o país, porque foi arrogante em vez de arrojado; porque estava mais preocupado com o seu presente do que com o futuro do país. O PS ganhou as eleições porque o País queria mudar. Estava mais cansado que convencido com os méritos da alternativa; temia mais a situação do que a aventura da mudança. Em devido tempo criticámos a arrogância e o despotismo do PSD, ganhando assim confiança de dez por cento dos portugueses. Hoje temos o dever de criticar a inércia de um poder que fala sem fazer, que projecta sem concretizar. Demos o benefício da dúvida a quem vinha de dez anos na oposição; hoje temos a certeza que é para lá que o PS deve voltar. O País não pode esperar que o Ministro da Educação acorde um dia com coragem para repor ordem, exigência e qualidade no ensino; Portugal não pode caminhar para a falência da protecção social enquanto espera que alguém preencha as páginas do “livro branco da segurança social”; A reforma da administração pública não pode ficar à espera da reforma dos burocratas; A reforma da saúde não pode estar dependente da popularidade da ministra; Os ministros da economia e da agricultura não podem ser meros tradutores das directivas comunitárias;

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O PS fez mal o que não lhe competia fazer, para não ter de fazer o que era urgente. Quis conceder perdões fiscais aos clubes de futebol, prepara-se para aumentar os impostos e é incapaz de reformar o sistema fiscal; Suspendeu as propinas e falsificou os exames, mas recusa-se a reformular o sistema educativo; Lançou o debate da regionalização, mas é incapaz de corrigir as assimetrias do País; O ministro da agricultura manifesta-se no Terreiro do Paço mas não se impõe em Bruxelas. O PS não governa, cria .comissões, suspende e espera por uma conjuntura favorável e um pretexto válido para ter novas eleições e chegar a uma maioria absoluta. Exige-se hoje, em nome da confiança que em nós foi depositada a 1 de Outubro de 1995, que não nos calemos, que não nos resignemos, que não sejamos cúmplices. A alternativa que somos e pretendemos demonstrar constrói-se com os nossos projectos, ouvindo o País. O PP não nega a sua origem de direita, nem afasta os eleitores do centro direita. Temos a obrigação de chegar a quem ainda não chegamos, de convencer os que ainda não crêem. O crescimento do PP passa pela consolidação da confiança dos que acreditaram em nós e pela conquista dos que podem vir a acreditar. São os que se abstêm, os que vão votar pela primeira vez, os que se desiludiram com o PSD e os que estão arrependidos de ter acreditado no PS que nos podem levar à vitória. O PP cresce incluindo; não excluindo. É alargando ao centro direita que ampliaremos a nossa base; é com os que estão lá fora que seremos maiores. A direita que queremos é popular; conhece o País e reconhece-se no povo. Queremos resolver os problemas dos portugueses, queremos responder aos seus anseios. Mas não temos ilusões. Não somos donos da razão, nem dominamos a verdade. Quem quer saber quais são os problemas do País, pergunta ao povo de que sofre. Quem quer ter soluções, pede respostas a quem sabe. Quem quer crescer soma, não subtrai. É altura de reunir a direita e chamar o centro-direita para se juntarem a este nosso projecto.

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É esse o nosso grande desafio, ser o denominador comum de todos os que acreditam em Portugal e no potencial dos portugueses; de todos os que acreditam na Europa mas não querem vender o seu País; de todos os que acreditam na necessidade de credibilizar a política e os políticos; de todos os que acreditam que o sistema tem falências mas pode ser recuperado. Em suma, de todos os que acreditam tanto na propriedade como na solidariedade

XVIII Conclusão

Regressar à política é reconhecer que o que nos fez crescer foi ter um projecto por Portugal; que o que prejudica a confiança que o eleitorado depositou em nós é perdermos tempo a discutir o partido quando deveríamos discutir o país. Regressar à política é reconhecer que não temos militantes a mais, e que todos os que temos são tão necessários ao nosso projecto, como aqueles que ainda não o são. Regressar à política é .repôr o partido na rua, levar os dirigentes ao país, e os deputados a quem os elegeu. Em política, a confiança é o capital mais difícil de conquistar, e o mais fácil de perder. Se o Partido Popular quer ganhar a Direita e conquistar o centro direita, tem de se recuperar, tem de superar as divergências pessoais e unir-se no que é essencial para criar um denominador comum da direita e do centro direita. O Partido Popular precisa de atrair quem está próximo mas ainda não pertence e conquistar quem ainda não crê. É urgente encontrar, entre aqueles que estão fora do partido, todos as que estão dispostas a colaborar num projecto comum da direita e do centro direita. Preocupemo-nos mais com o país e menos connosco próprios e o país terá razões para confiar no projecto político do Partido Popular.

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