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Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social da Faculdade São Francisco de Barreiras nº 3 SEMESTRE 2009.2 Repórter DEZEMBRO/2009 BARREIRAS, BAHIA Barreiras A baixa qualidade dos serviços de acesso à internet, a falta de novos links e as reduzidas opções de provedores têm causado prejuízo e insatisfação na cidade que fica a apenas 6 horas da capital do País. P.7 Esperanças e saudades dentro da mala JOVENS DE CRISTÓPOLIS RECUPERAM TRADIÇÃO DO TERNO DE CIGANA PROJETO DE PROFESSOR DE ARTES MARCIAIS TIRA CRIANÇAS DAS RUAS Ponto de partidas e chegadas, a rodoviária é local de promessas e de esperança de um futuro melhor. Matéria traz curiosas histórias de viajantes que passam pelo terminal rodoviário da cidade. A cachaça baiana agrada o paladar das mais diversas camadas sociais Mesas e cadeiras invadem calçadas e colocam vida do pedestre em risco Prefeitura quer regularizar construções irregulares de templos religiosos off-line ida V cultura E SP O R T E S 4 P.3 P.3 P.4 P.6 P.8 P.5 WELLVETHÂNIA DAMACENO SALOMÃO CORREIA CLÁUDIO FOLETO

Repórter Universitário #3

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Jornal-laboratório produzido pelos alunos do curso de jornalismo da Faculdade São Francisco de Barreiras no semestre 2009.2, sob a orientação do professor Cícero Félix.

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Jornal Laboratório doCurso de Comunicação Social da

Faculdade São Francisco de Barreiras

nº 3SEMESTRE 2009.2Repórter DEZEMBRO/2009

BARREIRAS, BAHIA

Barreiras

A baixa qualidade dos serviços de acesso à internet, a falta de novos links e as reduzidas opções de provedores têm causado prejuízo e insatisfação na cidade que fi ca a apenas 6 horas da capital do País. P.7

Esperançase saudadesdentro da mala

JOVENS DE CRISTÓPOLIS RECUPERAM TRADIÇÃO DO TERNO DE CIGANA

PROJETO DE PROFESSOR DE ARTES MARCIAIS TIRA

CRIANÇAS DAS RUAS

Ponto de partidas e chegadas, a rodoviária é local de promessas e de esperança de um futuro melhor. Matéria traz curiosas histórias de viajantes que passam pelo terminal rodoviário da cidade.

A cachaça baiana agrada o paladar das mais diversas camadas sociais

Mesas e cadeiras invadem calçadas e colocam vidado pedestre em risco

Prefeitura quer regularizar construções irregulares de templos religiosos

off-line

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ESPORTES

4A baixa qualidade dos serviços de acesso à internet, a falta de novos links e as reduzidas opções de provedores têm causado prejuízo e A baixa qualidade dos serviços de acesso à internet, a falta de novos

P.3 P.3

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Instituto Avançado de Ensino Superior de Barreiras (IAESB)

DIRETOR-PRESIDENTE

Tadeu Sergio BergamoDIRETOR-ADMINISTRATIVO

André Henrique Bergamo

DIRETOR ACADÊMICO

Roberto Marden LucenaVICE-DIRETORA

Luciane Cristiane JoiaCOORDENADOR DE JORNALISMO

José César dos SantosCOORDENADOR DE PUBLICIDADE

Rônei Rocha de Souza

SUPERVISÃO DE PROJETO GRÁFICO-EDITORIAL

Cícero FélixSUPERVISÃO DE PRODUÇÃO DE TEXTO

Hebert RegisALUNOS QUE PARTICIPARAM DESTA EDIÇÃO

Claudio Foleto, Francisco Marcos, Georgia Xavier, Luciane Souza, Renata Lopes, Salomão Correia, Wellvethânia Damasceno e Thiara RegesPROFESSOR COLABORADOR DESTA EDIÇÃO

Aderlan MessiasIMPRESSÃO

PolygrafTIRAGEM

1.000

BR 135 Km 01, Nº 2341 / Bairro Boa Sorte / Barreiras (BA) / Cep 47805-270 / CP 235.Telefone (0xx77) 3613.8800 /8833

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Jornal Laboratório doCurso de Comunicação Social da Faculdade São Francisco de Barreiras

Repórter

dezembro/2009

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Repórter

Longe de ser um exercício arraigado a modelos herméticos, o jornalismo é um organismo vivo, pautado pelas transforma-ções, deslocamentos e fraturas do corpo social. Sua função não é acusativa, empolado num terno de arrogância a pres-supor ser a última palavra – a verdadeira e inabalável versão.

É um exercício incansável de autoexame, a procurar respostas para: “o que informar?”, “para quem?”, “para quê?”, “de que forma?”. Portanto, as mudanças realizadas no projeto gráfi co/editorial encontradas nesta edição do Repórter Universitário não devem causar espanto. Mas, satis-fação. Isto demonstra que, efetivamente, o curso de jornalismo da Fasb está inserido no atual debate sobre as tendências e perspectivas de um fazer jornalístico responsável e qualifi cado.

Essas mudanças, inclusive, vêm a calhar, agora que não é mais obrigado a exigência do diploma para se contratar um jornalista pro-fi ssional – decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal em junho deste ano. Com isto, até que venha se restabelecer a exigência do diploma (uma Proposta de Emenda Constitucional está em tramita-ção no Senado), qualquer cidadão pode ocupar o cargo de jornalista, independente de sua formação e graduação. Fica, então, a pergunta: “É dispensável a formação acadêmica para o exercício profi ssional de jornalismo?”. Não. A decisão do Supremo não reduziu a prudência nem tornou menos criterioso o processo de seleção de jornalistas nas empresas de comunicação. A formação acadêmica continua esendo exigida.

Hoje, com as mídias sociais, a comunicação móvel e uma série de recursos tecnológicos disponíveis nos mais diversos tipos de aparelhos digitais e eletrônicos, a sociedade não depende mais exclusivamente das mídias tradicionais (rádio, TV, jornal impresso, revista) para se informar. O que não quer dizer que ela se tornou menos exigente. Pelo contrário: com o excesso de informação, a tendência é que haja uma fi ltragem maior - a busca seletiva, qualitativa e construtivista. Ou seja, isso só ratifi ca a importância da formação acadêmica. Contudo, não é o diploma, em si, que vai fazer a diferença. Mas uma forma-ção profi ssional gerada através de discussões contínuas sobre o fazer jornalístico. Um fazer que não se contenta com a quietação, e não se cansa de procurar a melhor forma de mediar o debate público. O jor-nalismo é um organismo vivo e a qualidade, uma vantagem que deve ser buscada continuamente.

O fazer jornalístico do novo Repórter Universitário

COLUNA TEMÁTICA TECNOLOGIA

Opinião

TECNOLOGIA SERÁTEMA DE DESTAQUENA PRÓXIMA ELEIÇÃO

THIARA REGESthiara_reges@email

2010 será sem dúvida o ano de ... inclusão digital. Bom, você deve ter pensado em políticos batendo a sua porta, fi las para votação no único dia de descanso semanal e, é claro, propaganda eleitoral obrigatória na TV na hora do jornal. De certa forma pensou certo, porque os dois assuntos estarão completamente ligados. A grande novidade começa com a nova legislação e regulamentações do uso da internet na campanha eleitoral, com destaque para as redes sociais. Twitteiros

Web incentiva leituraAo contrário do que pregam os céticos, a internet não é a vilã da leitura, tão pouco dos livros. Em entrevista publicada pelo site da revista INFO, a diretora editorial da Editora Record, Luciana Villas-Boas avalia que, embora envolvidos com os meios eletrônicos, os jovens estão cada vez mais interessados nos livros, e querem ter acesso à obra impressa, mesmo depois de já ter lido na internet. O consórcio formado por grandes bibliotecas norte americanas, disponibiliza para seus usuários 4,6 milhões de títulos digitalizados na íntegra e a Kindle lança o e-reader com capacidade para 1,5 mil e-books. No Brasil, o Ministério da Cultura ainda trabalha na modernização de bibliotecas públicas e centros digitais.

Energia do lixoO projeto conceito Gaon Street Light, desenvolvido por Haneum Lee, é o tipo de solução que toda grande cidade precisa. Como a tradução aponta, o projeto visa usar o metano liberado pelo lixo urbano para a geração de energia para os postes. O bom é que o subproduto também se aproveita como adubo. O projeto ainda está no papel.

Aumenta ataques de rakersSite Zone.h (www.zone-h.org) divulgou recentemente que rakers invadiram 1.195 páginas governamentais este ano, o que dá cerca de 4 invasões por dia.

Carro do futuroEm desenvolvimento há cerca de dez anos, os carros híbridos ainda estão distantes da realidade. Apesar do crescimento na lista de marcas e modelos, como Chevrolet Volt, Ford Fusion, Peugeot Prologue, Renault Ondelios, Nissan Leaf e o futurista BMW Vision, a curva do preço não segue a ordem natural da concorrência. Com valores estimados em 30% mais caro que o modelo tradicional, dirigir e proteger o meio ambiente ainda é privilégio de poucos. No Brasil, produção e importação ainda estão em fase de estudo.

Gato por lebreÀ venda em todo o país, aparelhos celular e modens móvel com tecnologia 3G não melhoraram a conexão à grande rede. Isso porque, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), apenas 11,3% dos municípios brasileiros possuem redes 3G em funcionamento. A justifi cativa está na indefi nição de uma prioridade: expandir para novos municípios ou melhorar a qualidade do serviço prestado?

de plantão devem se preparar para a enxurrada de ‘now following’ de candidatos do país inteiro.

Mas as polêmicas entre o mundo digital e as eleições já começaram. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, apresentou em novembro de 2009 a proposta para a utilização de R$ 1 bilhão de reais do fl uxo de caixa do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) do próximo ano para bancar o Plano Nacional de Banda Larga. Essa proposta surge depois da ‘mal interpretada’ “Bolsa Celular”, também de autoria do ministro.

Outra ação governamental que pretender mexer com 2010 é a criação, por determinação do presidente Lula, de uma legislação que preveja direitos e deveres dos internautas no uso dos meios digitais. A proposta põe por terra a tentativa do Ministério da Justiça de criar uma lei altamente restritiva para a internet. Desse jeito em vez de usermane e password, precisaremos de leitura biométrica.

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Cidades 3dezembro/2009Repórter

GEORGIA [email protected]

As Igrejas se espalham e crescem de maneira desordenada pelo município de Barreiras. Os registros oficiais sobre a si-tuação das igrejas praticamente não exis-tem. A Prefeitura Municipal aponta que isto se deve, em grande parte, ao grande número de construções em terrenos ad-quiridos de particulares que deixam de ser cadastrados como igrejas.

Praticamente 70% destes espaços são construídos irregularmente sem a autori-zação da Prefeitura Municipal e o acom-panhamento de profissionais da área. O secretário de infraestrutura do município, José Alves, admite que a administração pública não tem o controle da situação, principalmente dos particulares. “Quan-do se trata de área pública que a prefei-tura faz uma doação para a construção de igrejas, temos um cadastramento do terreno”, defende.

Para regularizar a construção de pré-dios já construídos, a prefeitura manda

REN

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RENATA LOPES

A baiana Ildete Borges, usa o vestido branco, rodado e cheio de rendas para preparar seu acarajé que há 12 anos é co-nhecido em Barreiras. Monta o

balcão na calçada em frente à sua casa, e coloca as mesas sobre o passeio. A senhora de 66 anos não sabe, mas ela desobedece o Código de Posturas do município. Ildete, no entanto, não é a única.

Em Barreiras, passeios, praças, can-teiros e ruas são obstruídos pelo comér-cio. O Código de Posturas, que vigora desde 2004, é constantemente desrespei-tado não apenas por proprietários de ba-res, mas de lojas de roupa, concessioná-rias, vendedores ambulantes, feirantes e todo o tipo de comércio.

A Lei nº 650/2004, de 10 de novem-bro, que institui o Código, especifica as regras no uso do espaço público, como calçadas, ruas e praças públicas. Segundo a legislação, é proibido obstruir o trânsito de pedestres colocando sobre os passeios quaisquer instalações fixas ou móveis que funcionem como obstáculos ao des-locamento de pedestres e à locomoção de portadores de necessidades especiais.

A regra possui a sua exceção. Bares podem colocar cadeiras e mesas na cal-çada, desde que sejam autorizados pela Prefeitura e preservem uma faixa desim-pedida de largura superior a 1,50 metros para a circulação de pedestres.

Irregularidades - A Prefeitura Mu-nicipal nunca recebeu pedido para a utilização do espaço das calçadas como extensão do comércio. Apesar da legisla-ção vigente, o secretário de infraestrutu-ra, José Alves, afirma que o órgão não tem “poder de polícia” para fechar os estabelecimentos que ocupam o espaço público. “Nós vamos até o local, conver-samos com o proprietário e pedimos que ele desobstrua o espaço que estiver ocu-pando”, diz.

Esse é o caso de Ildete que já recebeu notificação da prefeitura sobre sua situ-ação irregular. “Já fui conversar lá na se-cretaria e expliquei que não tenho como ampliar o espaço, mas que só coloco as mesas ali durante à noite, quando o mo-vimento é menor”, conta. “E na verda-de ninguém nunca reclamou nesses 12 anos em que eu estive aqui”, acrescenta.

A secretaria de infraestrutura é res-ponsável também pelas denúncias. Se-gundo José Alves, as reclamações mais

Sem fiscalização, comerciantes barreirenses desrespeitam o código de posturas do município

Invasão das calçadas

Com tantos obstáculos nas calçadas, pedestres disputam espaço com carros nas ruas

comuns são em relação a bares que fe-cham as ruas, ou funcionam até muito tarde. Ele explica o procedimento após denúncia: “Nós advertimos o proprietá-rio uma vez, se ele insistir damos outra advertência, e em terceiro caso encami-nhamos para o Ministério Público res-ponsável pelo processo legal”.

O titular da Primeira Promotoria de Barreiras, Eduardo Bittencourt rebate:

“O Ministério Público deve entrar em úl-timo caso nessas questões. A prefeitura tem sim, o poder de notificar, multar e até mesmo caçar o alvará de funciona-mento do estabelecimento, inclusive os fiscais da secretaria de infraestrutura po-dem ir acompanhadas da polícia, como acontece nos grandes centros”.

Segundo Bittencourt, o problema real é a falta de fiscalização. “A verdade é que a prefeitura não quer se indispor com a comunidade. Essa omissão já vem de vários governos”. O promotor diz que o Ministério Público pretende instaurar um procedimento que obriga a prefei-tura a tomar as devidas providências. “Caso não sejam tomadas, abriremos um inquérito acusando o órgão respon-sável de improbidade administrativa, que é nada menos que omissão em seu papel administrativo”.

um arquiteto ou um engenheiro fazer um projeto. Isto pode corrigir algumas falhas e legalizar a obra.

A concessão de alvarás para a cons-trução de igrejas é semelhante a outros ti-pos de empreendimentos. Primeiro deve ser produzido o projeto, e logo depois deve ser protocolado na Secretaria de In-fraestrutura, solicitando o alvará.

Sobre essas irregularidades, o Conse-lho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA-BA) explica que age em parceria com o poder público muni-cipal fiscalizando e notificando. Dada a notificação, dentro do prazo de dez dias buscam-se as formas de processo legal para resolver o impasse junto ao Minis-tério Público.

Integração - O crescimento do nú-mero de igrejas na cidade está relacio-nado aos diferentes papéis que exercem junto à sociedade. Na opinião do soci-ólogo Sandro Augusto Ferreira, da Uni-versidade Federal da Bahia (UFBA), a Igreja tem muitas funções, entre elas a de integração, socialização e também de

estabelecer padrões sobre o que é certo ou errado. “Eu não tenho religião, mas costumo dizer que se não fosse ela tal-vez a sociedade fosse mais complexa, mais difícil de ser mantida e estruturada de uma forma diferente do que é hoje”, diz.

Com uma população de 130 mil ha-bitantes, Barreiras comporta os mais di-ferentes ritos religiosos, contudo é o cris-tianismo que mais se destaca. Neuraci Rosalina da Silva, 42 anos, participa de grupos de liturgia, assembléias de missas e reuniões pastorais. Há 26 segue as tra-dições religiosas herdadas da família. Ela faz parte segundo censo do IBGE de 2000 dessa maioria cristã que no Brasil chega a 89% da população, o equivalente a 150 milhões de pessoas, sendo 73,8% de ca-tólicos e 15,4% de evangélicos.

Neuraci também compartilha dessa idéia. O crescimento, em sua opinião, não deve ser visto como algo ruim. “Os caminhos e as regras são diferentes, mas todos buscam a comunhão e esperam por Cristo”, fala. Hoje existem em média 200 templos evangélicos e 20 igrejas cató-licas na zona urbana da cidade.

O bispo Dom Ricardo Weberberger revela que a igreja católica foi surpreen-dida pelo crescimento de Barreiras. “Na medida em que a cidade cresceu tenta-mos acompanhar criando igrejas nas pe-riferias.

“As mesmas pessoas que reclamam das calçadas obstruídas por mesas e cadeiras estão sentadas nesses bares nos fins de semana”

EDUARDO BITTENCOURT, promotor

Cresce número de igrejas e obras irregulares HARMONIA

Católicos, protestantes, religiões afro-brasileiras, espíritas e espiritualistas, chegaram a Barreiras em diferentes épocas e aos poucos desenvolveram uma convivência pacífica, configurando um ambiente religiosamente diverso e com tendência de mobilidade entre as religiões. O catolicismo reúne o maior número de fiéis no Brasil. Em Barreiras, a dio-cese é composta por 15 municípios da região oeste, 19 paróquias, pela sede do bispado, centros de formação, casas de religiosas, capelas e obras sociais. O Protestantismo é o segundo maior segmento religioso do país, caracteriza-se pela grande diversidade denomina-cional, livre interpretação da Bíblia, e nenhuma instituição, concílio ou con-venção geral que agregue e represente os protestantes como um todo. Porém, em Barreiras, a Associação de pastores evangélicos congrega 12 ministérios, dentre eles a Assembléia de Deus, Igreja Batista e Batista Independente. O presidente Judson Bragança Filho destaca o objetivo da associação, “a intenção é promover a unidade dessas igrejas”.

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ESPORTES

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Repórter

BARREIRAS SONHA EM VOLTAR A ELITE DO FUTEBOL DA BAHIAO técnico Manoel Bento, do Rio de Janeiro inicia a missão de conduzir o Barreiras à primeira divisão do Campeonato Baiano. O time enfrenta a segunda divisão no ano 2010, mas as contratações já foram iniciadas com jogadores regionais e de outros estados.

Katão Agostinho de Lima Figueiredo (Katão), iniciou treinamentos para enfrentar mais

uma grande competição internacional. Desta vez vai disputar o Arnold Classic 2009, nos Estados Unidos.

SEM LIMITEA BARREIRENSE ANA MARIA ÍNDIA,

EX-PARTICIPANTE DO PROGRAMA

NO LIMITE, TREINA EM BARREI-

RAS PARA CAMPEONATO DE VALE

TUDO NO DIA 31 DE JANEIRO EM

LISBOA, PORTUGAL.

SALOMÃO [email protected]

Muito raramente a socie-dade se depara com al-guém que dedica parte do seu tempo às causas de milhares de vítimas

das diferenças econômicas e sociais do mundo, como faz o professor de artes marciais Wylk Leandro da Silva, 26. Apesar de ser um colecionador de tí-tulos, principalmente no Mixed Martial Arts (MMA), conhecido popularmente como Vale Tudo, o barreirense ainda não conseguiu ganhar fama e dinheiro como desportista. Mesmo assim, movi-do pela própria vontade, desenvolve um projeto que benefi cia 34 crianças caren-tes com idade acima dos quatro anos. Elas aprendem Judô e Jiu-Jitsu.

Para participar do programa, as crianças precisam ter disciplina, den-tro e fora da academia, além de um bom desempenho na escola. As regras de conduta incluem afastamento dos treinos e até dos campeonatos. Por ser amantes do esporte todos esforçam para seguir as orientações do professor.

A dona de casa Iabia Pereira de Al-meida sente-se orgulhosa com o com-portamento dos fi lhos depois que passa-ram a freqüentar a academia. Ela é mãe de Iago de Almeida Potrin, 13, que já conquistou quatro títulos no jiu-jitsu, dentre eles o de campeão baiano e do Pan Americano 2009 e de Ane Katielle, 12, campeã do Open de Ibotirama, da Copa Superação e do Pan Americano 2009. “Tenho duas escolhas ou deixá-las nas ruas para entrarem no mundo da criminalidade ou colocá-las em minha academia”, revela Wylk.

A ideia veio de sua infância, perío-do em que foi agredido e excluído pelos garotos com quem andava nas ruas, por não aceitar envolvimento com as dro-gas. O interesse pela autodefesa desper-tou o desejo de aprender a lutar. Nesta época foi acolhido por um professor de Jiu-Jitsu. “Ofereci ajuda. Limpeza, arru-mação da academia. Daí o professor me recompensou com uma bolsa de estu-dos. Tinha sete anos”, disse.

Hoje, agradecido, Wylk, devolve às crianças carentes, a mesma oportunida-de que teve de se livrar das drogas e da marginalidade. “Desejo que estes meno-res que estão abandonados, porque os pais não têm condições de cuidar, se-jam motivo de orgulho para eles. Não importa o que essas crianças fi zeram no passado, e sim como vai ser o futuro de-las”, ensina.

Apoio - Apesar do valor social que representa o projeto, o número de vo-luntários ou patrocinadores ainda é pequeno. Para mantê-lo, Wylk ministra aulas particulares em sua academia e conta com o apoio de amigos e empre-sários. Nos principais campeonatos al-gumas empresas chegam a oferecer até R$ 1,5 mil para ter a sua logomarca no

Professor de artes marciais, Wylk Leandro coordena projeto social que afasta as crianças das ruas através do esporte

quimono do atleta, mas essas competi-ções não acontecem com freqüência.

Quando vence uma luta recebe bo-nifi cação pela conquista do título. Para participar de grandes eventos ganha bolsa. Em caso de vitória garante maior premiação. Desta maneira, o competidor mantém viagens para campeonatos, a academia, o projeto e sustenta sua famí-lia (esposa e três fi lhos).

O presidente da Associação Baiana de Lutas, Luciano Soares, declarou que Wylk desenvolve um trabalho dinâmico, bem elaborado e futurista voltado para essas crianças e por isso recebe apoio da entidade. Por preocupar-se com essa questão social e pela graduação que possui como atleta, Soares o tem como referência do MMA regional. Ele quer enviá-lo para ser um dos representantes da associação em um campeonato no México em 2010.

Está difícil, mas não vou desistir. Vale a pena participar de um campeonato e ver o sorriso dessas crianças com uma medalha na mão dizendo eu sou cam-peão. É gratifi cante o carinho do público e dos pais me abraçando como se eu fos-se fi lho também”, orgulha-se.

O time enfrenta a segunda divisão no ano 2010, mas as contratações já foram iniciadas com jogadores regionais e de outros estados.

para enfrentar mais uma grande competição internacional. Desta vez vai disputar o Arnold Classic 2009, nos Estados Unidos.

Sucesso do programa é motivo de alegria para alunos e seus familiares

“NÃO VOUDESISTIR”

SAIBA MAIS

Veja o desempenho de Wylkem várias disputas pelo Brasil.

JIU-JITSU

•Pentacampeão baiano

•Tetracampeão NO/NE

•Tetracampeão Sudoeste da BA

•3º no Brasileiro em 2001

4º no Mundial em 2004

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•Campeão peso e absoluto no Baiano em 2004

MMA

•Sete títulos em sete disputas

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em várias disputas pelo Brasil.em várias disputas pelo Brasil.em várias disputas pelo Brasil.

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Durante horas os passageiros esperam seus ônibus. O viajante leva muitas bagagens, enfrenta calor e o cansaço de uma longa viagem. Edilúcia distrai os dois filhos antes de retomar a viagem

CLAUDIO [email protected]

“Estou te esperando aqui na rodoviária, meu amor”, disse o mecânico Pedro Bezerra, 42, antes de des-ligar o celular. Minutos

depois, de bermuda e chinelo, recebe a esposa que vinha de Irecê, onde passou o feriado de finados. Assim como a mu-lher de Pedro, muitos passam pelo Ter-minal Rodoviário de Barreiras. O local tem capacidade de embarque e desem-barque para 45 mil pessoas mensalmen-te. Número que aumenta em épocas de feriado, chegando a 130 mil.

Muitos, às vezes, não dão a devida importância ao local. Alguns passam tão rápido. Outros precisam esperar ho-ras e horas em um banco de madeira, como se fosse uma eternidade.

O burburinho toma conta da cena. Passageiros aguardam os ônibus, aten-tos ao aviso que sai dos alto-falantes. Nos bancos, diversas situações. Jovens lêem revistas. Mães amamentam seus bebês. Pessoas olham apreensivas ao re-lógio com as malas ao lado.

Um ancião com o olhar para frente, encolhido no seu banco, carrega ma-las, sacos e três caixas. É a bagagem de Raimundo Varela, 62, vinda em um ônibus de Luis Eduardo Magalhães. No dia seguinte ele chegará ao destino. Uma

pequena cidade do Ceará chamada Cra-teús. Leva roupas, fibra de coco para trabalhos artesanais, couro e produtos típicos da culinária do oeste baiano.

Raimundo já conhece a rodoviária de Barreiras de outras passagens. “No feriado do sete de setembro fiquei aqui nessa rodoviária cinco horas, até con-seguir meu ônibus”, diz o viajante, ao recordar uma ocasião em que perdeu o ônibus.

Segundo o responsável pela admi-nistração do Terminal Rodoviário de Barreiras, Luis Fábio Martins, 23, exis-tem fluxos alternados de passageiros que utilizam os serviços da rodoviária, a depender principalmente dos feria-dos. Em média 45 mil embarques e 130 mil pessoas transitam pelo local por mês. Grande parte dessas pessoas vem da região Centro-Oeste com destino ao Nordeste. Quinze empresas de viagens e transportes dispõem de ônibus que pas-sam por Barreiras, com os mais variados destinos.

Edilúcia Mota Santos, 23, moradora da zona rural leva seus dois filhos para visitar os avós na cidade de Piritiba. São 800km até chegar ao seu destino, com apenas uma parada em Irecê. “A viagem é cansativa muito quente, com dois me-ninos pequenos, aproveito o pouco tem-po nas paradas para eles descansarem”, diz a viajante arrumando um pequeno colchão no meio de suas bagagens.

Comércio une pessoas e ajuda passageiros

As rodovias brasileiras são extensas e com destinos muitas vezes longos e

perigosos. Viajar é se aventurar. A rodo-viária serve tanto para embarque como para abrigo e proteção, afinal, quem pega a estrada sozinho leva na bagagem a vontade de chegar.

A funcionária pública Nathalia Win-cher relata que em 2005, em uma de suas viagens de São José do Rio Preto a Barreiras, teve sua bagagem furtada em uma parada na localidade de Roda Velha, distrito de São Desidério. Só foi notar quando chegou em Barreiras. Não conhecia ninguém na cidade. Sem di-

Local de partidas e chegadas, a rodoviáriadeixa saudades, cria esperança e alimenta promessas de um futuro melhor e diferente

Bagagem à mão, destino no pensamento

nheiro, teve que esperar uma amiga de Luis Eduardo Magalhaes.”Tive que ficar na rodoviária das 6h até às 17h. Lembro que era um dia quente e seco. Se estivesse em outro lugar, poderia ser mais difícil”. Não somente viajan-tes, mas também moradores da cida-de usam a rodoviária como ponto de encontro, para fazer as suas refeições, ou mesmo para exporem os seus pro-dutos no comércio localizado no Ter-minal Rodoviário de Barreiras.

Leila Gardênia,49, proprietária da banca de revistas, Revista e Cia, gos-ta do seu trabalho “Conheço pessoas diferentes e faço uma troca cultural com gente de todo Brasil. Tenho von-tade de viajar também, vendo as pes-soas embarcarem nos ônibus”, relata a comerciante que há mais de 30 anos vende revistas com seu esposo, desde a primeira rodoviária de Barreiras.

“Tenho vontade de viajar também vendo as pessoas

embarcarem no ônibus”

LEILA GARDÊNIA, comerciante

130 mil pessoas transitam

mensalmente pela rodoviária de

Barreiras

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Economia6 dezembro/2009Repórter

A ‘baiana’ ganha o BrasilDo alambique para as altas camadas sociais, a famosa branquinha conquista gostos e paladares refi nados

LUCIANE [email protected]

A cachaça está a quase 500 anos no mercado. Já virou letra de música, ditado po-pular e, ultimamente, vem conquistando o paladar da

classe alta. E, entre as mais variadas mar-cas, a baiana vem conquistando espaço. Mas não tem sido fácil. Quem é produ-tor, como José Maria de Albuquerque Júnior, sabe dos desafi os enfrentados no mercado da cachaça, principalmen-te quando a relação é a concorrência da artesanal com a industrial. Uma cachaça artesanal “boa” custa aproximadamente R$ 50 ou R$ 100, uma de qualidade mé-dia, fi ca entre R$ 10 e R$ 13; já a indus-trializada, está na faixa de R$ 5 a R$ 6.

Desde 2006, José Maria fabricava ca-chaça mas não para comercializar. Ain-da não estava “no ponto”. Porém, em julho deste ano, conseguiu lançar dois produtos na Exposição Agropecuária de Barreiras: “Flor de Trovão” e “Aca-ba Vida”. A produção é armazenada e envelhecida em barris fabricados com madeiras típicas do cerrado, por um pe-ríodo mínimo de seis meses.

Questionado quanto ao sabor da bebi-da baiana, Albuquerque afi rma que não existe diferença entre a cachaça fabricada na Bahia e em Minas, cuja fama de exce-lência do produto corre o Brasil. O dife-rencial mercadológico está no marketing. “A fermentação da cachaça mineira é a mesma utilizada em Barreiras”, garante.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-BA), a produção da bebida baia-na vem crescendo. Na Bahia, estima-se que estão envolvidos na fabricação de derivados da cana-de-açúcar mais de 6 mil pequenos empreendimentos rurais, gerando aproximadamente 25 mil em-pregos diretos e mais de 50 mil indiretos. A grande maioria utiliza práticas antigas e obtém produtos que são comerciali-zados na região, sendo na sua grande maioria informal. Apesar do crescimen-to do mercado da cachaça os fabrican-tes sempre acabam perdendo um pouco quando o assunto é o imposto sobre a bebida. Dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mos-tram que a cachaça é o produto mais tributado no Brasil, com 81,87%.

O pequeno produtor de cachaça che-ga a pagar R$ 2,20 de imposto por litro vendido. O destilado industrial, mono-polizado por quatro grandes empresas do país, é vendido mais barato, por isso paga R$ 0,30 por litro. Segundo a Asso-ciação Brasileira de Bebidas (Abrabe) cerca de 30 mil produtores, principal-mente no semi-árido, têm o alambique como fonte de renda numa produção estimada de 500 milhões de litros/ano. As quatro ou cinco maiores empresas de destilados industriais fabricam cerca de 800 milhões de litros por ano de cacha-ça a baixo preço.

Para Albuquerque, se todos os pro-dutores forem tributados pelo teor alco-ólico, terão de pagar o mesmo imposto, o que elevaria a arrecadação de governo em mais R$ 1,5 bilhão. “O mercado mo-vimenta de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões por ano” complementa.

Sabor de uísque - “O consumidor que quiser apreciar uma boa cachaça ar-tesanal tem de deixar de lado as que são oferecidas nos balcões dos bares ou as que estão expostas nas gôndolas dos su-permercados”. É possível produzir cacha-ça com fermento de padaria e consumi-la

em dois dias, assegura Albuquerque. A questão, no entanto, é a qualidade. As de boteco, por exemplo, não são envelheci-das. E pode não ter qualidade alguma.

Para produzir uma cachaça artesa-nal de qualidade, segundo o produtor, é preciso uma série de cuidados, como a escolha da levedura, da madeira e ou-tros itens. Devido a isso, a cachaça aca-ba virando alvo de preconceito. “Muitas pessoas enchem a boca para falar que tomam uísque, e não tomam cachaça. Uísque se não for envelhecido ao menos oito anos é muito ruim. Uma cachaça de

boa qualidade é tão saborosa quanto um uísque” afi rma.

Pagar mais caro por uma cachaça depende também do apreciador da be-bida. Albuquerque afi rma que se for apreciada por bebedores cuja única pre-ocupação é mostrar que pode beber sem fazer careta, qualquer valor acima dos R$ 10 pode ser caro. “Por outro lado, se o importante são as sutilezas aromáticas que a cachaça brasileira de qualidade pode ter como a suavidade, a discussão de preço só surgirá após a degustação e avaliação da bebida” garante.

RAIO X DA CACHAÇA

Dados sobre o crescimento econômico e a geração de renda da cachaça baiana

Segundo a Associação Brasileira de Bebidas (ABRABE) cerca de 30 mil

produtores, principalmente no semi-árido, têm o alambique como fonte de renda.

José Maria utiliza uma moenda de porte médio para a extração da garapa da cana-de-açúcar

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“Flor de Trovão” e “Acaba Vida”: cachaças lançadas

em julho desse ano são envelhecidas por um período

mínimo de seis meses

82%É A CARGA TRIBUTÁRIA

DA CACHAÇA. DE ACORDO COM DADOS DO INSTITUTO

BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO (IBPT)

O pequeno produtor de

cachaça chega a pagar R$ 2,20 de imposto por

litro vendido

O industrial paga R$ 0,30

por litro

50 mil empregos

INDIRETOS E 25 MIL DIRETOS APROXIMADAMENTE SÃO

GERADOS NA FABRICAÇÃO DA CACHAÇA NO ESTADO

DA BAHIA EM 6 MIL EMPREENDIMENTOS RURAIS

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Page 7: Repórter Universitário #3

Falta de serviço com qualidade dificulta acesso aos serviços on-line e causa insatisfação nos consumidores

FRANCISCO [email protected]

O nome é chat – e às vezes só falta um “o” no final, para que o termo seja a mais perfeita expressão do que ocorre nas residên-

cias de quem possui computador, com acesso à internet sem fio em Barreiras. O bate-papo (ou chat, na linguagem da internet) entre os usuários da web é um só: a baixa qualidade ou a falta de op-ção para o serviço na cidade.

A idéia de que bastam um termi-nal de computador, uma placa de fax modem, uma linha telefônica ou uma conexão via rádio para navegar mundo afora nem sempre condiz com a reali-dade. Profissionais do setor garantem que até mesmo provedores que utilizam links (conexão direta entre dois pontos) mais potentes sofrem para se conectar a internet, principalmente quando há sobrecarga de uso, como nos finais de semana.

De acordo com Clarisse Bertunes Weinberg, superintendente da empresa de banda larga e Vélox na região, uma das razões da dificuldade é que a ope-radora de telefone estaria priorizando os serviços para capitais. Resultado: a empresa não tem link disponível para atender a demanda de usuários que procura o serviço.

A instabilidade e ociosidade das co-nexões são irritantes, intensos e cons-tantes. “Basta um click para o estresse se fazer presente”, lamenta o empresá-rio Prado Cunha, para quem o domingo é o pior dia para navegar. Se conectar não é fácil e, quando acontece, a lenti-dão na transferência de dados aborrece. As páginas travam. O unico jeito para os usuarios é desconectar, tentar outra conexão, o que nem sempre dá certo.

Além deste problema, de acordo com Cunha, como a cidade não possui um número maior de opções de prove-dores, a concorrência é baixa e a qua-lidade do serviço deixa a desejar. “Mi-nha conexão era banda larga. Há pouco tempo comprei um moden, e quando acesso meu e-mail e alguns sites, a tela fica branca e o navegador informa ‘Ser-vidor não encontrado’. Clico então no botão reload. Às vezes consigo carregar a página, às vezes não. Isto ocorre com a maioria dos endereços”, revolta-se.

Barreiras

off-lineOutro usuário insatisfeito, o supervi-

sor de telemarketing do Terra, na Bahia, Edvaldo Zerlin, conta que a provedora local está com sobrecarga devido a bai-xa velocidade dos links de 64k (velo-cidade máxima de 64 mil bites por se-gundo). “As empresas prometeram que instalaria um link de 256k, a pedido da nossa provedora de internet, no segun-do semestre. Só que não cumprem o programado. Assim fica complicado. A gente precisa utilizar os serviços on-line e não há êxito nenhum”, reclama.

As principais reclamações de usu-ários de provedores locais de acesso à internet na cidade são: a falta de link da Vélox para novos cliente e a baixa quali-dade de sinal e velocidade dos moldens 3G. Com isso, fica-se no beco sem saída em plena Era Digital.

Empresas não conseguem solucionar problemas

As empresas cedentes do serviço não são capazes de resolver o problema.

O custo para sobreviver nesse mercado é alto. De acordo com Nawila Marques e Verônica Albuquerque, representan-tes comercial de modens de uma ope-radora de telefonia móvel, paga-se 1,7 mil mensais para se ter um de 64k, e 3 mil por um de 128k. Detalhe: um link de 64k, explica, suporta no máximo 30 usuários dependurados na Internet.

Nawila e Verônica explicaram ain-da que o custo para se trabalhar com conexão via telefone não é tão em conta assim. Um pacote com 16 linhas mais um link de 64k custa R$ 2,2 mil mês para o dono de um provedor. “Uma provedora de pequeno porte, além desse dinheiro, teria que desem-bolsar, também, com despesas como luz, água, telefone, pagamento de funcionários - chegaria a algo perto de R$ 3,5 mil. Levando-se em conta uma mensalidade de R$ 30,00, seriam ne-cessários 120 clientes só para bancar a conta. Se a provedora não tem dinhei-ro para aumentar sua capacidade de atendimento, não tem como melhorar esse atendimento”, justificou.

As empresas que atendem Barrei-ras e cerca de outras 35 cidades, enten-dem que a presença de provedores de acesso banda larga e Vélox não deve ser uma realidade apenas para poucos. O atendimento diferenciado, só pode ser efetuado com a iniciativas de em-presários locais. “As grandes redes de supermercados, por exemplo, não acei-tam pendurar as contas, como o arma-zém ou supermercado do bairro. Com a Internet, acontece a mesma coisa”, pondera o supervisor de telemarketing Zerlin. Ele, porém, condena o desapa-recimento de empresas que deixam de investir em tecnologia. Nesse caso, o investimento neste setor tem que ser intenso constante, caso contrário, os barreirenses vão continuar clicando no navegador na tentativa de conectar-se à net, porém, o servidor acusará ser-viço indisponível, o deixando off-line.

Usuários tentam, mas não conseguem. A busca incansável pela conexão à internet parece ser inútil

“Quando acesso meu e-mail e alguns sites, a tela fica branca e o navegador informa ‘servidor não encontrado’.”

PRADO CUNHA, empresário

64kÉ A CAPACIDADE PARA SUPORTAR , NO MÁXIMO, 30 USUÁRIOS DEPENDURADOS NA INERTNET

Não conseguem conexão em casa, optam pelos lan houses

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Tecnologia 7dezembro/2009Repórter

Page 8: Repórter Universitário #3

8dezembro/2009

Resgate de uma cultura esquecida pela população de Cristópolis há

mais de duas décadas

cultura

Pioneiras se deslumbram ao relembrar o terno

Felismina Ribeiro Pignata, 97, mais co-nhecida por Donzinha, conta que essa

cultura foi trazida por ela do município de Catolândia. E juntamente com os jovens daquela época ensaiavam e se apresenta-vam pelo “Buritizinho”, como era conhe-cida a cidade de Cristópolis. “Fiz foi muito Terno, tinha muitos jovens, cada moça tinha um rapaz e eles conduziam uma lanterna numa vara, para clarear a rua”, relembra com lágrimas nos olhos.

O Terno da Cigana era uma forma de contribuir com as obras sociais da Igreja, e como distração para os jovens. “Parava-se um dia, dois e continuava-se com mais alegria, vontade de se divertir e de ajudar, em uma cidadezinha em que a única dis-tração era participar de algum evento da Igreja e o Terno era o mais descontraído de todos”, relembra. Com o tempo os jo-vens foram se casando, outros viajaram para outras cidades e o Terno da Cigana foi se acabando.

Para Donzinha os jovens que foram aparecendo não se importavam com aque-la cultura e isso acarretou no fim do tão divertido terno da cigana. Jardelina Antu-nes, 82, também integrante histórica da manifestação, lembra que cada uma tinha seu par, bailavam e quando chegavam às casas, fazia aquele cordão muito boni-to, com os cânticos. “Até hoje lembro, a gente cantava, bailava, pedia licença aos donos da casa, às vezes eles nem abriam as portas, mas a gente prosseguia. Podia chover que a gente não se importava”. Jardelina não se esquece dos trajes de ci-ganos, as roupas enfeitadas, e quando o grupo formava um circulo, cada moça ti-nha a sua estrofe e eram os homens quem respondiam. “Quando terminava recebía-mos aquela “mixaria” uma coisinha boba de pagamento e íamos embora, felizes a cantar “recorda.

WELLVETHÂNIA [email protected]

Com roupas de cores exuberantes ela se arruma, passa a maquia-gem colorida e chamativa, se enfeita com colares e pulseiras reluzentes e sai. Tem um sorriso

no rosto. A ansiedade a faz transpirar. En-contram-se vestidos ao mesmo estilo, mas não vão para uma festa comum. Eles vão levar adiante uma cultura há muito aban-donada.

Edivanildes Damaceno, 27, mais conhe-cida por Lalá, se reúne com outros jovens de Cristópolis, cidade que fica a 72 quilômetros de Salvador, dispostos a retomar uma tradi-ção em uma época em que as pessoas não parecem muito ligadas a memória.

Em um salão, todos esperam inquietos. Muitos com o interesse de relembrar algo que há muito não se via. Entram casal por casal, todos com um sorriso no rosto, de-monstrando a alegria de retomarem a cultu-ra cristopolense com o “Terno da Cigana”, surgida por volta de 1960. Lalá entra com o seu par e vai, juntamente com o grupo, montando os círculos, com os homens por fora. Vão construindo rimas e cantarolando. “Com a vossa licença, nós queremos entrar, com a alegria imensa, e com o vosso gozar. De longe chegamos, descansa quem quer. Ai, ai, ai, eu lhe direi tua sorte. Ai, ai, ai, len-do as palminhas das mãos”, entoam. A noite passa. Cada dama tem a sua estrofe, com os rapazes a responder e cortejá-las.

Vestidos como ciganos, os casais passam a visitar as casas da cidade, dançando e can-tando, iluminados por lanternas produzidas artesanalmente. De tanto ouvir sua mãe Al-merinda falar de suas andanças com o Terno das Ciganas, e por saber que as irmãs mais velhas também participavam, Lalá se inte-ressou e acabou convencendo outros jovens a integrarem a manifestação. O grupo, sem-pre que possível, se apresenta em Cristópolis e nas cidades vizinhas, não para arrecadar dinheiro, mas para entreter os jovens e re-passar a cultura local. “Podemos mostrar que temos capacidade de resgatar a cultura da nossa cidade e mostrar que os jovens não estão mortos e sim vivos e podem, além dis-so, expor essa cultura para todos” explica.

Ternode culturas

O PROJETOO “Terno das Ciganas” é uma manifestação folclórica, baseada em algum motivo religioso ou regional. Nos anos sessenta foi trazido por Felismina Ribeiro Pignata (Donzinha) e Jardelina de Paiva Antunes (Jarde). Contam os mais velhos que um grupo de rapazes e moças saiam visitando casa por casa vestidos como ciganos, enfeitados, dançando e cantando. Para iluminar, levavam em uma vara, lanternas coloridas de papel de seda e crepom, feitas artesanalmente por eles, com uma vela ou candeeiro dentro. Alguns instrumentos acompanhavam a can-toria, como o violão, pandeiro e sanfona. Sempre que podiam se apresentavam nas comunidades e todos sempre entusiasmados com aquelas manifestações, acompanhavam e se divertiam.

Jovens saem vestidos de ciganos e visitam as casas entoando canticos

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Igreja Matriz foi uma das beneficiadas com o

“Terno das ciganas”

Repórter