8
A partir do século XX as drogas começam a sofrer algumas formas de controle, o qual sempre foi legitimado por determinados discursos, tais como: médico, onde o usuário é considerado um doente, cujo aumento na sociedade se transforma numa epidemia; o discurso cultural, onde o jovem usuário é visto como aquele que se opõe ao consenso, que age contrariamente aos valores dos homens de bem; o moral, que define a droga como o veneno da alma e o usuário como ocioso, improdutivo e o político criminal, onde a droga é relacionada a outros crimes. Durante esse período, após a segunda guerra mundial, a política criminal do Ocidente se respaldou numa ideologia de defesa social, ou seja, um sistema de controle social que tem no sistema penal instrumento de reação contra a criminalidade. Porém, na década de 80, o combate ao tráfico ganha influência do neoliberalismo e passa a ser conduzido por uma ideologia de segurança nacional. Os EUA, talvez para fortalecer a sua noção de patriotismo, talvez para alimentar sua industria bélica, sempre construiu inimigos externos: nos anos 60 e 70 tínhamos a guerrafria, a ameaça soviética (o que pode ser comprovado pelos filmes de espionagem da época, como os do agente 007). Nos anos 80 foram as drogas (todos os filmes policiais eram contra traficantes negros ou colombianos). Hoje, naturalmente, é o terrorismo. Esta ideologia é formada pela idéia de estado de guerra, onde os inimigos devem ser eliminados. É o que Nilo Batista chama de “política criminal com derramamento de sangue”. Quem nunca ouviu dizer que as favelas do Rio são um Estado a parte? Essa idéia nos leva a crer encontrarse em risco nossa própria soberania, o que autoriza toda e qualquer medida para se impor a lei e a ordem, ainda que haja o sacrifício de garantias individuais (como as invasões de domicílio sem mandado). O que observamos é uma política irracional de controle, cujo problema não é criminal, mas sim de mercado, onde há oferta e procura. O tráfico se resume a alguém que quer comprar algo e alguém que tem esse algo para vender. Tal como ocorreu em Chicago nos anos 30 com a lei seca, onde se proibiu a venda de bebidas alcoólicas. Sua venda tornouse uma atividade marginal, fortaleceu o crime organizado e do colarinho branco, as pessoas continuaram bebendo enquanto outras morriam nesta guerra pelo controle. Da noite para o dia se percebeu a inutilidade de tal proibição e a venda de bebidas voltou a ser permitida. Numa sociedade desigual como a nossa, em que as oportunidades não são distribuídas de forma igualitária, onde o Estado é omisso e a grande parcela dos jovens não possui perspectivas, como punir criminalmente às custas de tantas vidas uma prática comercial? Como criminalizar o uso quando em última instância o usuário é a vítima do tráfico, que é um delito contra a saúde pública? Como manter uma política onde há mais mortes pelo seu combate do que pela própria droga? Existe um número muito maior de mortes em decorrência da luta armada entre traficantes e entre estes e policiais do que motivados pelo uso da droga em si. AULA 10: PENA: TEORIAS JUSTIFICACIONISTAS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA A pena como reação punitiva a uma conduta delituosa, caracterizada por seu teor aflitivo ao atingir determinado direito do condenado, necessita de uma fundamentação para que seja legitimada, principalmente num Estado Democrático de Direito.

Resumo de Criminologia - Gerardo Veras - Resumo de Criminologia - Gerardo Veras 2

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Resumo de Criminologia - Gerardo Veras - Resumo de Criminologia - Gerardo Veras 2

Citation preview

  • 20/03/2015 ResumodecriminologiagerardoverasRESUMODECRIMINOLOGIAGERARDOVERAS

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cp%20style%3D%22margin%3A%200px%200px%2025px%3B%20padding%3A%200px%3B%20clear%3A%20both%3B%20color%3A%20rgb(51%2C%2051%2C%2051)%3B%20fontfamily%3A 1/8

    ApartirdosculoXXasdrogascomeamasofreralgumasformasdecontrole,oqualsemprefoilegitimadopordeterminadosdiscursos,taiscomo:mdico,ondeousurioconsideradoumdoente,cujoaumentonasociedadesetransformanumaepidemiaodiscursocultural,ondeojovemusuriovistocomoaquelequeseopeaoconsenso,queagecontrariamenteaosvaloresdoshomensdebemomoral,quedefineadrogacomoovenenodaalmaeousuriocomoocioso,improdutivoeopolticocriminal,ondeadrogarelacionadaaoutroscrimes.

    Duranteesseperodo,apsasegundaguerramundial,apolticacriminaldoOcidenteserespaldounumaideologiadedefesasocial,ouseja,umsistemadecontrolesocialquetemnosistemapenalinstrumentodereaocontraacriminalidade.

    Porm,nadcadade80,ocombateaotrficoganhainflunciadoneoliberalismoepassaaserconduzidoporumaideologiadesegurananacional.OsEUA,talvezparafortalecerasuanoodepatriotismo,talvezparaalimentarsuaindustriablica,sempreconstruiuinimigosexternos:nosanos60e70tnhamosaguerrafria,aameaasovitica(oquepodesercomprovadopelosfilmesdeespionagemdapoca,comoosdoagente007).Nosanos80foramasdrogas(todososfilmespoliciaiseramcontratraficantesnegrosoucolombianos).Hoje,naturalmente,oterrorismo.

    Estaideologiaformadapelaidiadeestadodeguerra,ondeosinimigosdevemsereliminados.oqueNiloBatistachamadepolticacriminalcomderramamentodesangue.QuemnuncaouviudizerqueasfavelasdoRiosoumEstadoaparte?Essaidianoslevaacrerencontrarseemrisconossaprpriasoberania,oqueautorizatodaequalquermedidaparaseimporaleieaordem,aindaquehajaosacrifciodegarantiasindividuais(comoasinvasesdedomicliosemmandado).

    Oqueobservamosumapolticairracionaldecontrole,cujoproblemanocriminal,massimdemercado,ondehofertaeprocura.Otrficoseresumeaalgumquequercompraralgoealgumquetemessealgoparavender.TalcomoocorreuemChicagonosanos30comaleiseca,ondeseproibiuavendadebebidasalcolicas.Suavendatornouseumaatividademarginal,fortaleceuocrimeorganizadoedocolarinhobranco,aspessoascontinuarambebendoenquantooutrasmorriamnestaguerrapelocontrole.Danoiteparaodiasepercebeuainutilidadedetalproibioeavendadebebidasvoltouaserpermitida.

    Numasociedadedesigualcomoanossa,emqueasoportunidadesnosodistribudasdeformaigualitria,ondeoEstadoomissoeagrandeparceladosjovensnopossuiperspectivas,comopunircriminalmentescustasdetantasvidasumaprticacomercial?Comocriminalizarousoquandoemltimainstnciaousurioavtimadotrfico,queumdelitocontraasadepblica?Comomanterumapolticaondehmaismortespeloseucombatedoquepelaprpriadroga?Existeumnmeromuitomaiordemortesemdecorrnciadalutaarmadaentretraficanteseentreestesepoliciaisdoquemotivadospelousodadrogaemsi.

    AULA10:PENA:TEORIASJUSTIFICACIONISTASEEVOLUOHISTRICA

    Apenacomoreaopunitivaaumacondutadelituosa,caracterizadaporseuteoraflitivoaoatingirdeterminadodireitodocondenado,necessitadeumafundamentaoparaquesejalegitimada,principalmentenumEstadoDemocrticodeDireito.

  • 20/03/2015 ResumodecriminologiagerardoverasRESUMODECRIMINOLOGIAGERARDOVERAS

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cp%20style%3D%22margin%3A%200px%200px%2025px%3B%20padding%3A%200px%3B%20clear%3A%20both%3B%20color%3A%20rgb(51%2C%2051%2C%2051)%3B%20fontfamily%3A 2/8

    Assim,urgedefinirumateoriaqueefetivamenteaponteafinalidadedaaplicaodapena,soboriscodeestaserincompatvelcomummodelogarantistadeDireitoPenal.

    TEORIASJUSTIFICATIVASDAPENA:Aolongodahistria,surgiramvriasteoriasquetentaramdefinirofundamentodapena:

    1.TeoriaabsolutaPresentenaIdadeMdia,entendeapenacomouminstrumentodecastigo,aplicadotosomentepararetribuiromalcausadopelodelito.Posteriormente,jnoEstadoburgus,apenavisavaretribuiradesordemordempblica.

    2.TeoriarelativadaprevenogeralParaaescolaclssica,apenauminstrumentodeintimidao,usadoparainibirosdemaismembrosdasociedadeapraticaremcrimes.

    3.TeoriarelativadaprevenoespecialOriginasecomoPositivismo.Segundoessateoria,apenadirigidaaocondenado,visandoasuaressocializao,intimidaoouneutralizao,quandoincorrigvel.

    4.TeoriamistaBuscaconjugartodasasoutrasteorias.

    5.TeoriagarantistaVisasubstituiravinganaprivada.

    Porfim,hojeZaffaronientende,combaseemestudosdeTobiasBarreto,queapenanopossuiqualquerfundamento,sendoummeroatopolticodepoder.

    HISTRIADAPENADEPRISO:

    Institutorelativamenterecenteemnossahistria,atchegaraomodeloatualapenaprivativadeliberdadesofreuvriasinfluncias.Vejamosalgumascuriosidades:

    AtosculoXIXaprisofuncionava,namaioriadasvezes,deformacautelar,paraconterosujeitoqueaguardavaasuasentenaouaaplicaodapenapropriamentedita.

    NoDireitoCannicoforacriadaapenitnciadoclaustro,aqualdeuorigemexpressopenitenciria.

    NaIdadeMdiahaviaaprisodeEstado,voltadaparaosinimigosdopoder.ExemplosdessasprisesforamaBastilha,emParis(Frana),eaPontedosSuspiros,

  • 20/03/2015 ResumodecriminologiagerardoverasRESUMODECRIMINOLOGIAGERARDOVERAS

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cp%20style%3D%22margin%3A%200px%200px%2025px%3B%20padding%3A%200px%3B%20clear%3A%20both%3B%20color%3A%20rgb(51%2C%2051%2C%2051)%3B%20fontfamily%3A 3/8

    emVeneza(Itlia).

    NossculosXVIeXVIIforammuitoutilizadasaspenasdegals,nasquaisocriminosoeracondenadoatrabalhosforados,presoemcorrentes.

    Havia,ainda,ascasasdecorreo,oficinasqueexploravamamodeobradepequenosdelinqentes,vadiosetc.

    Porfim,houveocasodoshulks,naviosenormesutilizadosparadeportarosdegredadosinglesesparaascolnias.InicialmenteoscondenadoseramenviadosparaosEUA,prticainterrompidacomaproclamaodaIndependncianorteamericana,em1776.Apartirda,aAustrliatornouseacolniaescolhidaparareceberosdegradadosingleses.Porm,porserbemmaisdistantedaInglaterradoqueeramosEUA,paraaviagemnosetornarinviveleconomicamenteeranecessrioesperarlotaronaviodecondenados,numaespciedelotada.Aespera,porm,implicavaemnovoscustos.Assim,odonodonaviocomeouaexploraramodeobradoscondenados,alugandoosparaotrabalhonaestivadoportoeemterrasvizinhas,oquepassouagerarumlucromaiordoquejganhavapelotransporte.

    AULA11:SISTEMACARCERRIO

    Segundooart.1daLeideExecuoPenal(Lei7.210/84),onossoordenamentoadotouateoriarelativadaprevenoespecial,segundoaqualapenadevebuscararessocializaodocondenado.Porm,noissooqueseobserva.

    Tentaremosfazerumaanlisedapenaprivativadeliberdadedentrodeummodeloideal,umavezqueofracassodestaespciedepenacomumavriospases.Paraconstatartalrealidade,umdosdadosmaisrelevantesondicedereincidnciaquegiraemtornode70%tantonoBrasilquantonaSucia,pasdesenvolvidoquenoalcanaaressocializaoalmejada,mesmoinvestindoemumadasmelhoresestruturasdepresdiodomundo.

    Mas,primeiramente,umaquesto:

    Areincidncia,sendoaprticadeumcrimejhavendootrnsitoemjulgadodacondenaodeoutro,poderiaseconfigurarnumaagravantedapenaconformeoart.63doCdigoPenal?Nohaveriaumbisinidem?Sehouvereincidncia,nosedemonstraofracassodoEstadoemressocializar?

    Naprtica,ocorrequeosoperadoresdosistemairoorientaraaplicaodapenasegundoaquiloquelhescobrado.Ouseja,opoderpblicoeacoletividadepossuemoutraspreocupaesnoqueserefereaplicaodapena,oqueoriginarmetasinformaisquetornarseofinsprioritrios:impedirfugasemanteradisciplina,evitandorebelies.Assim,afugadeumpresovistacomoumfatopiordoqueasuareincidncia,aqualtambmseriaumafalhadoEstado.

    SISTEMASOCIALDAPRISO

  • 20/03/2015 ResumodecriminologiagerardoverasRESUMODECRIMINOLOGIAGERARDOVERAS

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cp%20style%3D%22margin%3A%200px%200px%2025px%3B%20padding%3A%200px%3B%20clear%3A%20both%3B%20color%3A%20rgb(51%2C%2051%2C%2051)%3B%20fontfamily%3A 4/8

    Tratasedeumasociedadedentrodeoutra,comumsistemapeculiardepodertotalitrio,namodepoucos,comimpossibilidadedesimbiose,baseadonaforaecomumaculturaparticular.

    Osquedelaparticipamsoodiretor,osguardaseospresos,dosquaisfalaremosaseguir.

    1.Direo:

    Emregra,formadapormembrosdascamadasmaisprivilegiadasdasociedade,sendoumcargodeconfianae,porisso,transitrio.

    SegundoThompson,aoassumirsuafunoodiretorbuscaadotarmedidaspararessocializarospresos,maspercebequepossuivriaslimitaes,porencontrarsenumsistemajemplenaatividadeque,sesofreralgumamudanamuitobrusca,podegerardvidasquelevemaumcolapso.

    Tambmdependemuitodosguardas,umavezquesoelesquemantmumcontatodiretocomospresos,masselhesdermuitaliberdade,podehaverexcessosquepodemgerarrebelies.

    Assim,verificaquenohreaosefracassarnosobjetivosdeintimidaoouderessocializao.Contudo,podeviraperderseucargosefracassarquantomanutenodaordeminternadacadeia.

    2.Guardas:

    Possuemumcontatomaisdiretocomospresos,tambmnopodendolhessercobradoopapelderessocializar,poissuasfunessoincompatveis:punirerecuperar,conseguirsuaconfianaetranclo,efetuarrevistas.

    Outracaractersticaquenacadeiatudoproibido,salvooqueexpressamenteautorizado,nohavendo,portanto,sensodedever.

    Comoaguarda,eminferioridadenumricaedesarmada,conseguemanteraordem?Oprincipalinstrumentodisponvelacapacidadedeinfluirnadistribuiodesanesdisciplinareserecompensas,presentesnoregulamentoouno.

    3.Presos:

  • 20/03/2015 ResumodecriminologiagerardoverasRESUMODECRIMINOLOGIAGERARDOVERAS

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cp%20style%3D%22margin%3A%200px%200px%2025px%3B%20padding%3A%200px%3B%20clear%3A%20both%3B%20color%3A%20rgb(51%2C%2051%2C%2051)%3B%20fontfamily%3A 5/8

    Tudoorganizadoparaquesesintampartedacamadasocialmaisbaixa,moralmenteinferioreserejeitados(trancas,revistas,usodecoresneutras).Almdesualiberdade,vriosoutrosbenssoatingidospelapriso:

    Autonomia:opresoestobrigadoaseguirordens,semdireitoaanalislas,julglasoucompreendlas,tendosacrificadasuainiciativa,qualidadetorelevanteecobradanavidaextramuros.

    Intimidade:passaporrevistasdirias,tantopessoalquantodeseuspertences,inclusivenoite(incertas),temsuascartaslidas,nohavendoapossibilidadededesenvolvimentodapersonalidadedosujeito.Assim,adereaumaculturademassa,poisnohmaisanoodepropriedadeenemdeindivduo.

    Segurana:opresoencontrasemaisexpostoexploraodosdemais,poisnopodedenunciarautoridadeouenfrentaroagressor,sobpenaderepresliaspelosoutrosdetentos.

    Dificuldadedemanterrelaesheterossexuais:dependendodaduraodapena,muitodifcilparaopresomanterumrelacionamentocomalgumdefora.Oambienteopressivodoclaustrogeramuitascarnciasedepresso,oquelevaalgunspresosamanterrelaeshomossexuaisdentrodacadeia.

    Influenciadapeladisciplinamilitar,acadeiaoqueMichelFoucaultchamoudeinstituiodeseqestro.Umadisciplinaquetambmserviudemodeloparafbricas,escolasehospitais,locaisemqueotempoeocorpodosquedelesparticipamsosubmetidosaumregramentoquaseabsoluto:tempoparaentrar,horaparaacordar,paracomer,paratomarremdio,paratomarbanhodesol,paravisita,paradormir.

    Nocasodosistemacarcerrio,ummodeloquenoensinacomoviveremsociedade.Pelocontrrio,quantomaistempoosujeitopassanacadeiamaiseledesaprendeosvaloreseaspautasdecondutadavidaemliberdade.

    Eavida,napenitenciria,rola,morbidamente,emdireoaonadaosmeiostransmudadosemfins,osfinsrelegadosaomaiscompletoesquecimento.(AugustoThompson)

    AULA12:VITIMOLOGIA

    VitimologiaapartedaCriminologiaqueestudaosfenmenosrelacionadosvtima,seucomportamento,suagneseesuarelaocomovitimizador.Noquedizrespeitoteorizaodocontedodeseuobjetodeestudo,hduascorrentesdepensamento,distintasemconceitoseaplicaesprticas.Soelas:

    1.Escolaassistencialista

  • 20/03/2015 ResumodecriminologiagerardoverasRESUMODECRIMINOLOGIAGERARDOVERAS

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cp%20style%3D%22margin%3A%200px%200px%2025px%3B%20padding%3A%200px%3B%20clear%3A%20both%3B%20color%3A%20rgb(51%2C%2051%2C%2051)%3B%20fontfamily%3A 6/8

    2.Teoriadocrimeprecipitadopelavtima

    1.EscolaAssistencialista

    Foicriadaem1950porBenjaminMendelson,aoverificarquenohavia,atento,qualquerestudooumecanismodeproteosvtimas.

    AEscolaAssistencialistadefinevtimacomotodoaquelequeseencontranumaposiodemaiorvulnerabilidadeadeterminadaviolncia.Percebesequetaldefiniopossuiumconceitobastanteamplo,incluindomenoresabandonados,indgenas,populaocarcerriaetc.

    Pormeiodeestudosepesquisassociais,aEscolaAssistencialistabuscainfluenciarmudanaslegislativas,propiciandoacriaodeleisquecriemmaiorescondiesdeamparosvtimas(CdigodeDefesadoConsumidor,Lei9.099/95,EstatutodaCrianaedoAdolescente,EstatutodoIdosoetc.)ecomoapoioainstituiesdecunhoassistencial.

    2.Teoriadocrimeprecipitadopelavtima

    CriadaporHansVonHentingem1948,defendequealgumasvtimaspossuemumafunocrimingena,aschamadasvtimasportendncia.Segundoestateoria,avtimapossuideterminadascaractersticasqueacolocam,aindaqueinconscientemente,numaposiodemaiorvulnerabilidade,oquesedenominoundicedepericulosidadedapersonalidadedavtima.Essendicepodeserexteriorizadoemdeterminadascaractersticas,taiscomo:ansiedade,agressividade,sentimentodeculpa,masoquismoeegofrgil,carncia.

    OinciodosestudosseaproximoumuitodasidiasdeLombrosoquesugeriuumaespciedevtimanata,quepossuiumapredisposioasevitimizar.Podemoscitarcomoexemplooscasosdemeninasqueusamroupasdecotadasembuscadeatenoeporissosomaisvulnerveisaoestupro,ouaspessoasqueandampelacidadeostentandoefalandoemseucelulareacabamsendofurtadas.Segundoestateoria,avtimasedispsaisso.

    Modernamente,contudo,possvelanalisarhiptesesmaiscoerentesemque,defato,acolaboraodavtimafundamentalparaaprticadocrime,oquepoderiaatinfluenciarnaculpabilidadedoagente.Algunsexemplos:

    Lesescorporais,quandohouveprovocaesdavtimaemmeiofamiliarouprofissional

    Eutansia,comopedidodavtima

  • 20/03/2015 ResumodecriminologiagerardoverasRESUMODECRIMINOLOGIAGERARDOVERAS

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cp%20style%3D%22margin%3A%200px%200px%2025px%3B%20padding%3A%200px%3B%20clear%3A%20both%3B%20color%3A%20rgb(51%2C%2051%2C%2051)%3B%20fontfamily%3A 7/8

    Acidentedetrnsito,quandoavtimafoiimprudente

    Nocasodecorrupoativa,tratamentomdicofraudulentoquandoopacientehipocondracoeexigequesejamedicado.

    AULA13:MDIAEPOLTICACRIMINAL

    Nosesabeexatamenteoporqu,talvezumatentativadeautoafirmao,ohomemsemprepossuiuuminteressemrbidopelaviolncia,peladesgraaalheia.Issoacontecedesdeosbardosquecantavamasguerraseascatstrofesataquelesquediminuemamarchadocarroparaveragravidadedodesastre.

    Osmeiosdecomunicao,emsuamaioriadepropriedadeprivada,refletironocontedoqueveiculamoseuprincipalobjetivoqueolucro.ATV,osjornaisouordiovisamobterlucropormeiodavendadeseusespaosparapropaganda.Assim,ainformaopassaaterqualidadedeprodutoeficasubmetidasleisdemercado.Paraatenderaesteinteressedohomempelaviolncia,amdiaaumentaosespaosdestinadossmatriasrelacionadasaessestemas.

    Aotransmitirumaimagemcodificadadomundo,alterandoarealidade,amdiapassaaintegraroprocessodesocializaodoindivduo,sustentandosenofcilacesso,navelocidadedetransmissoenasuacapacidadededramatizaranotcia(porexemplo,commsicaedepoimentosemocionados).Osujeito,passivonamaioriadasvezes,semadevidacapacidadeparafiltrarasnotcias,nopercebequeestdesenvolvendoopinies,idiasevaloresmanipuladospelaquantidadeepelaformacomoainformaopassada,transformandoumpontodevistaemumfatoconcreto,defendendoumaopinioalheiacomoprpria.

    Criaodemedos,ilusesediscursosjustificadores

    Em1835,naBahia,ocorreuumarevoltadeescravosmuulmanosqueficouconhecidacomoRevoltadosMals.Elaganhounotoriedadepelasuaorganizao,fatoquelogochegouCorte,entonoRiodeJaneiro,mexendocomoimaginriodapopulaoquefoitomadapelomedodeumarevoltanacapitaldoImprio,passandoaexigirmedidasdrsticasdecontroledosescravos.

    Damesmaforma,comovistoanteriormente,osujeitoquediariamentebombardeadocominformaesrelacionadascriminalidadedesenvolveumagrandesensaodeinsegurana,exigindodopoderpblicoasmedidasnecessriaspararesolveroproblema.

    Porm,talsoluonotosimples.Sabesequemuitodacriminalidadeurbanaquenosassombradecorredeproblemaseconmicosesociais,equeparadiminuiressesconflitosmuitosedeveriainvestiremeducao,empregoeurbanismo.

    OcorrequeosrepresentantesdenossoEstadoencontraramummeiomuitomaisbaratoparasaciarosanseiosdopovo.Porexemplo,seaimpunidadecostumaser

  • 20/03/2015 ResumodecriminologiagerardoverasRESUMODECRIMINOLOGIAGERARDOVERAS

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cp%20style%3D%22margin%3A%200px%200px%2025px%3B%20padding%3A%200px%3B%20clear%3A%20both%3B%20color%3A%20rgb(51%2C%2051%2C%2051)%3B%20fontfamily%3A 8/8

    usadacomoumdosprincipaisargumentosparaafaltadesoluodosproblemas,quesefaam,ento,leismaisseveras.Assim,ficarevidentequemedidasestosendotomadasequeoscriminososseropunidoscommaiorrigor,oqueporfimcriminalidade.

    Naverdade,essasmedidassooquenschamamosdeleispenaissimblicas,leiscosmticascriadasparasaciardeterminadosreclamessem,porm,teracapacidadederealmentealcanarofimproposto.FoioqueocorreucomaLeideCrimesHediondoseoEstatutodoDesarmamento.

    1. LeideCrimesHediondosdesdeoseunascimento,temvriosdeseusdispositivosquestionadosquantoasuaconstitucionalidade,jtendosidoalteradapelalei11.464/2007.Surgiucomapromessadecoibircrimesbrbaros(hediondos)e,aindaquedeformaincoerenteedesproporcional,definiucomohediondo,porexemplo,otrficodedrogas,queumcrimedeperigoabstratoenoohomicdiodolososimples,quemaisgrave,ouseja,hojepunidocommaisseveridadeaquelequevendeumcigarrodemaconhaparaalgumdoquesevieramatlo.

    1. EstatutodoDesarmamentointencionouretirarocrimedeporteilegaldearmasdacompetnciadosjuizadosespeciaiscriminaisetornloinafianvel.Porm,nacampanhadoplebiscitofoiinteressanteobservarousodomedoparanoseproibirocomrciolegaldearmas:ONO,quedefendiaapermannciadocomrcioestavaperdendoquandonasltimassemanasutilizousedoargumentodequesefosseproibidaapossedearmadentrodecasaosbandidosteriamcertezadequeoscidadosestariamdesarmadose,porisso,poderiaminvadirnossascasasaqualquermomento,oquelevouvitria,tendoemvistaomedocriadonapopulaoportalperspectiva.Podemosdefinirestaespciedeleicomoilegtimaeinconstitucionalporferiroprincpiodaidoneidade,oqualdecorredoprprioEstadoDemocrticodeDireito,quesignificaquetodososatosdoEstadodevemseridneos,aptosasatisfazerametadeclarada,casoresteverificadoquenohtalpossibilidadeoatoseriainconstitucional.

    7