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A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE INSTITUTOS FEDERAIS: desafios contemporâneos
Verônica Soares Fernandes1
Resumo No Brasil, a educação básica teve sua maior ampliação na segunda metade do século XX e a educação técnica e tecnológica no final do século, incluindo a criação dos IFs. A avaliação de desempenho institucional é um dos instrumentos criados para avaliação da eficácia dos órgãos públicos federais, objeto de estudo desse artigo. O mapa estratégico permite comparar a atuação dos IFs, além de possibilitar um acompanhamento da evolução em relação ao seu desempenho. Entretanto, seu funcionamento efetivo depende de estratégias claras, que possibilitem a definição de indicadores, que congreguem aspectos qualitativos e quantitativos que representem a essência da organização.
Palavras-chave: educação tecnológica; eficácia objetiva; Indicadores.
Abstract In Brazil, basic education had the greatest expansion in the second half of the twentieth century and technical and technological education at the end of the century, including the creation of the Federal Institutes (IFs). The evaluation of institutional performance is one of the instruments created to evaluate the effectiveness of the federal public agencies, object of study of this article. The strategic map allows to compare the performance of the IFs, besides allowing a monitoring of the evolution in relation to its performance. However, its effective functioning depends on clear strategies that allow the definition of indicators that bring together qualitative and quantitative aspects that represent the essence of the organization. Keywords: technological education; objective efficacy; indicators.
1 Doutoranda em Políticas Públicas. Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj/ Universidade Federal do
Maranhão – UFMA. [email protected]
I. INTRODUÇÃO
O Brasil é um país marcado por um processo histórico de pouca valorização da
educação, com a expansão do ensino público somente na segunda metade do século XX. O
contexto social, cultural, político e econômico tem influência direta sobre a desigualdade e
exclusão construída, chegando ao início do século XXI com muitos desafios nessa área,
principalmente no que se refere à profissionalização em ensinos tecnológicos.
Considerando a esfera pública “como parte integrante do processo de
democratização, por meio do fortalecimento do Estado e da sociedade civil, expressa pela
inscrição dos interesses das maiorias nos processos de decisão política” (RAICHELES,
2000, p. 7), os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IF) congregam uma
especificidade por ser uma política pública focada na formação e qualificação que envolve
vários segmentos (educação superior, básica e profissional) e por sua proximidade com o
mercado de trabalho. Instituído pela lei 11.892/2008, os Institutos, fazem parte de uma Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada ao Ministério da
Educação, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica (art. 2º). A lei é
bem clara sobre o papel desses Institutos, fundamental para o desenvolvimento econômico,
tecnológico e profissional, juntamente com as Universidades.
Toda política gera produtos e impactos tangíveis e mensuráveis (FIGUEIREDO
& FIGUEIREDO, 1986). Os produtos dos IFs são bastante diversos, incluindo o ensino
presencial e a distância, a pesquisa, a extensão, a internacionalização e a inovação. A
formação é uma política fundamental para a inclusão social, a igualdade de oportunidades, o
desenvolvimento tecnológico e inovação, além do aprimoramento da força de trabalho,
deixando-a mais competitiva e preparada para as mudanças no mundo do trabalho interno e
na relação com outros países.
As políticas públicas estão em contínuo processo de aperfeiçoamento. No caso
dos IF, as mudanças aconteceram em um contínuo, passando por adaptações e
ampliações.
A análise dos instrumentos utilizados para avaliar a eficácia dessa política,
utilizando instrumentos já adotados no ambiente interno, como o mapa estratégico, visa dá
elementos para o aprimoramento político e institucional desses Institutos.
II. ESPAÇO PÚBLICO E POLÍTICAS PÚBLICAS: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS
Os espaços públicos têm grandes desafios no contexto atual, dentre eles, o de
representar efetivamente os interesses coletivos, de forma que favoreça a democratização
dos serviços e a garantia dos princípios definidos no âmbito legal e constitucional.
Como uma intervenção na realidade, a política pública parte de necessidades
coletivas e se desenvolve em esferas públicas, permeadas por interesses e expectativas
diversas. Sua definição e implantação são condicionadas pelo contexto social, político e
econômico, ou seja, atende a um determinado momento histórico, permeada pela pressão
exercida pelos grupos interessados em todas as etapas das políticas. Para isso, a política
“se estrutura, se organiza e se concretiza a partir de interesses sociais organizados em
torno de recursos que também são produzidos socialmente” (SILVA, 2001, p. 37).
O Estado materializa as contradições e tensões presentes na sociedade, quando
faz suas escolhas e define sua agenda, definindo o que fazer e o que não fazer. O público
não é uma extensão do privado, ou não deveria ser. O público deve ter o claro papel de
contribuir com uma maior equidade social.
Outro grande desafio e fundamental para o aprimoramento da gestão pública é a
publicização de seus resultados, como uma mediação entre Estado e Sociedade Civil. Para
Raicheles, a publicização
...funda-se numa visão ampliada de democracia, tanto do Estado quanto da sociedade civil, e pela incorporação de novos mecanismos e formas de atuação, dentro e fora do Estado, que dinamizem a participação social de modo que ela seja cada vez mais representativa dos segmentos organizados da sociedade, especialmente das classes dominadas (2000, p.7).
Compreendendo que para a democratização das políticas e, junto com ela, a
publicização dos resultados dessa política, é fundamental a criação de instrumentos que
possibilitem uma leitura desses resultados, que dê conta não somente do técnico, mas do
aspecto político que o fundamenta, que a sociedade seja capaz de compreender, além de
espaços de interesses coletivos em todas as instituições. Com a publicização dos
resultados, os conflitos ficam mais evidentes, sendo fundamental para o aprimoramento das
instituições públicas.
Raicheles enumera alguns dos seus elementos que explicitam melhor a
concepção de “esfera pública como totalidade dinâmica e articulada”: ‘Visibilidade social’,
“no sentido de que as ações dos sujeitos devem expressar-se com transparência, não
apenas para os diretamente envolvidos, mas também para todos os implicados nas
decisões políticas.” Outro aspecto bastante debatido é o ‘Controle social’, com implicações
no acesso a participação e decisões da sociedade civil organizada nas várias etapas da
política (formulação, revisão das regras, fiscalização). Com isso, enumera a importância da
‘Representação de interesses coletivos’, envolvendo “a constituição de sujeitos políticos
ativos, que se apresentam na cena pública a partir da qualificação de demandas coletivas,
em relação às quais exercem papel de mediadores”. Permeando todo esse processo, a
‘Democratização’, por meio da “ampliação dos fóruns de decisão política”, possibilitando
“incorporar novos sujeitos sociais como portadores de direitos legítimos”. Nesse aspecto a
importância da explicitação e qualificação dos interesses divergentes que possam “gerar
adesão em torno das posições hegemônicas”. Concluindo esses aspectos enumerados por
Raicheles, a ‘Cultura pública’, para superar o “autoritarismo social e da cultura privatista de
apropriação do público pelo privado” (2000, p. 9-10).
III. A ANÁLISE DE UMA POLÍTICA PÚBLICA: ASPECTOS ESSENCIAIS
Compreendendo que a análise de uma política é fundamental para a ampliação
do conhecimento da ação do governo e pode ajudar a identificar aspectos a serem
aperfeiçoados na política, a exemplo de autores como DYE (1976), LASSWELL (1951) e
DROR (1971), HAM e HILL (1993), citados por Dagnino (2002), a análise de uma estratégia
utilizada para avaliação do desempenho dos IFs, o mapa estratégico institucional, visa
contribuir no processo de aprimoramento dessas instituições.
Arretche (2009) aponta para algumas tendências na avaliação de uma política,
podendo, para esta autora, ser sistematizado em três: eficiência, eficácia e efetividade.
A eficácia refere-se a avaliação da relação entre os objetivos e instrumentos
explícitos de um dado programa e seus resultados efetivos, sendo medidos as Metas
propostas e metas alcançadas; Instrumentos previstos e instrumentos empregados. As
principais dificuldades metodológicas para esse tipo de avaliação são: na obtenção e
confiabilidade e veracidade das informações obtidas e exigir pesquisas de campo capazes
de aferir e reconstituir o processo de implantação e/ou implementação da política analisada.
Na escolha metodológica de uma avaliação é fundamental a compreensão da
metodologia como um todo, considerando as dificuldades da proposta, fontes de
informações, objetivos da avaliação e o público destinado, obedecendo ainda, a economia e
o tempo disponível. Além disso, segundo Arretche, é necessário considerar os diversos
sujeitos/agentes envolvidos com a política, concepções ideológicas, compromissos
assumidos e habilidades técnicas.
Figueiredo & Figueiredo (1986) elenca dois tipos de eficácia, a objetiva e a
funcional, administrativa e contábil.
Quadro 1 – Tipos de eficácia
Avaliação EFICÁCIA OBJETIVA: Metas EFICÁCIA FUNCIONAL, ADMINISTRATIVA E CONTÁBIL Meios
Instrumentos utilizados
Relatórios anuais Relatórios contábeis, administrativos e institucionais Estatísticas institucionais
O que se avalia Volume e qualidade do produto Moral: administrativa e contábil e Instrumental
Quem faz Em geral, os próprios órgãos executores da política
Moral: Auditoria
Critério utilizado Se as metas são iguais, superiores e inferiores as metas propostas
Moralidade executória
Instrumental: eficácia funcional
Modelo analítico para aferição do sucesso ou fracasso
Meta proposta – meta atingida = X Instrumental: Os meios e metodologia de implantação do programa estão sendo empregados como definidas?
X está dentro dos limites toleráveis?
Faixas de sucesso >X Fracasso <X
Fonte: Adaptado de Figueiredo & Figueiredo (1986)
Partindo da compreensão de Figueiredo & Figueiredo, as avaliações de
desempenho institucional e individual adotadas no governo federal, regulamentada por meio
do Decreto 7.133/2010, funcionam como uma avaliação de eficácia objetiva.
Nessa mesma linha, para Draibe, os indicadores de “desempenho ou resultados
de um programa são aferidos” por meio de “indicadores que medem os graus, as
quantidades e os níveis de qualidade com que as metas programáticas foram cumpridas”.
Confrontam, portanto, “objetivos e metas” com “realizações alcançadas pela atividade-fim”
(2001, p. 7).
A autora dá alguns exemplos de indicadores de eficácia, que podem ser
identificados a partir das dimensões priorizadas (Quadro 2).
Quadro 2 – Resumo de dimensões e indicadores de eficácia: subprocessos ou sistemas da implementação
Dimensões Indicadores
Sistema gerencial e decisório Competência dos gerentes, capacidade de implementar decisões; graus centralização/descentralização
Processos de divulgação e informação Diversificação dos canais; suficiência e qualidade das mensagens; % público atingido; adequação de prazos; agilidade do fluxo
Processos de seleção (de agentes e ou beneficiários)
Publicização; competitividade do processo; qualidades dos sistemas de aferição de mérito; adequação do grupo selecionado aos objetivos do programa.
Processos de capacitação (de agentes e ou beneficiários)
Competência dos monitores durante e qualidade dos cursos: conteúdos, didáticas, avaliações dos beneficiários
Sistemas logísticos e operacionais (atividade-fim), financiamento e gasto; provisão de recursos materiais
Suficiência dos recursos; prazos e fluxos; qualidade da infraestrutura material de apoio.
Processos de monitoramento e avaliação internos
Monitoramento Regularidade, abrangência; agilidade na identificação de desvios e incorreções; capacidade/ agilidade em recomendar correções (feedback)
Avaliação interna
Regularidade, abrangência; graus de participação e comportamento dos atores e stakeholders; efetividade (em extrair lições, propor e recomendar melhoras, promover aprendizagem institucional)
Fonte: Draibe, 2001, p. 23.
Um estudo realizado pela ação educativa enumerou seis dimensões
fundamentais na análise da qualidade de um ambiente educacional: 1 – Ambiente educativo;
2 – Prática pedagógica e avaliação; 3 – Gestão escolar democrática; 4 – Formação e
condições de trabalho dos profissionais da escola; 5 – Ambiente físico escolar e 6 – Acesso
e permanência dos alunos (Ação educativa, 2005). Essa classificação pode ser utilizada
para o ensino superior e técnico, acrescentando as especificidades dessas políticas.
IV. ENTRE A FORMULAÇÃO E A AVALIAÇÃO DE UMA POLÍTICA
Quando uma política é formulada, em linhas gerais, a realidade é idealizada
numa perspectiva de uma implementação em que todas as condições objetivas ideais
seriam encontradas. Entretanto, o contexto histórico, social, econômico, político e
institucional é bastante dinâmico, ou seja, o contexto de implantação tem sua dinâmica
própria.
IV.I. Os Institutos Federais
O ensino na Rede Federal sofreu muitas modificações no Brasil na última
década, sendo uma das maiores, na Rede dedicada à educação profissional e tecnológica
(EPT), dentre eles, a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia
(IFs), considerados uma novidade institucional da Rede de Educação Profissional. Derivado
da junção dos Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs), além das escolas
agrotécnicas e colégios técnicos federais, os Institutos ofertam um modelo integrado de
ensino, possuem uma estrutura multicampi e visam o desenvolvimento local, mediante o
apoio à inovação dos sistemas produtivos locais e integram as instituições públicas na oferta
da educação básica (PACHECO, sem ano).
Integrante do Ministério da Educação (MEC), os IF, têm suas bases em um
conceito de educação profissional e tecnológica, enquanto proposta político-pedagógica.
Pela Lei 11.892/2008, foram transformados em IFs 38 institutos, com 314 campi espalhados
por todo o país, além de várias unidades avançadas.
A normatização dos IFs, tem em sua proposta, romper com a dualidade ensino
propedêutico (para os estratos de média e alta renda)/ensino profissional (para os estratos
de renda baixa), mediante um modelo integrado de ensino.
A Lei estabelece em seu art. 6º. as finalidades e características dos IFs:
I - ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional
nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional; II - desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais; III - promover a integração e a verticalização da educação básica à educação profissional e educação superior, otimizando a infra-estrutura física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão; IV - orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal; V - constituir-se em centro de excelência na oferta do ensino de ciências, em geral, e de ciências aplicadas, em particular, estimulando o desenvolvimento de espírito crítico, voltado à investigação empírica; VI - qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do ensino de ciências nas instituições públicas de ensino, oferecendo capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino; VII - desenvolver programas de extensão e de divulgação científica e tecnológica; VIII - realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e tecnológico; IX - promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente.
A partir da lei, observa-se a abrangência dos IF em termos de público, atuação
e de perspectivas futuras.
IV.II. Os sujeitos envolvidos com os IFs
Partindo do paradigma marxista, que considera a perspectiva de classe, ou seja,
rompe com a visão individualista e considera a divergência dos interesses das classes
envolvidas com a política, além da determinação da base econômica, o Estado, como um
dos atores dessa política termina por reproduzir as relações sociais de classes, assume
função de classe.
O antagonismo de interesses pode ser identificado mediante as escolhas do
Estado, ele precisa desenvolver sua economia e acumular, como legitimar-se para continuar
o governo. Os grupos envolvidos com a política participam de suas diversas etapas a partir
de suas demandas, interesses e competências.
A partir das estratégias definidas pelos IFs, são citados como sujeitos mais
diretamente relacionados ao Instituto seis grupos: alunos, servidores, terceirizados,
profissionais, pessoas com necessidades específicas e comissões internas.
Arranjos culturais Arranjos produtivos Arranjos sociais Comunidade Empresa Org. internacionais Outras mídias Públicos estratégicos. Rádios Rede federal Redes sociais Setor público Sociedade Tvs educativas
Alunos Comissões internas
Pessoas com necessidades
específicas Profissionais Servidores
terceirizados
Figura 1 – Sujeitos dos Institutos Federais
Fonte: Mapas estratégicos dos IF
Esse mapeamento dos sujeitos dá visibilidade ao leque de interesses e
interessados identificados pelos IF e opções tomadas na implantação da política.
Dentre os elementos presentes considerados, podemos citar o ensino, a
pesquisa, a extensão, a internacionalização, a inovação e a Ead.
IV.III. Papel do mapa estratégico na publicização das ações governamentais
No processo de implementação, são muitos os aspectos a serem observados,
considerando a necessidade de diálogo permanente dos envolvidos a partir de seus
interesses. Há, portanto, uma construção de consensos e ajustes no processo de
implementação.
Considerando indicadores como “sinais que revelam aspectos de determinada
realidade e que podem qualificar algo”, e que a variação dos mesmos “nos possibilita
constatar mudanças” nessa realidade (Ação educativa, 2005), é fundamental ao serem
pensados os indicadores, considerar a questão qualitativa e quantitativa.
No aspecto quantitativo, os indicadores podem ser descritos como dados
contínuos e dados discretos, ou seja, dados numéricos obtidos a partir de uma contagem,
dentro de um determinado intervalo, podendo estar representado por um número,
percentual, razão, taxa, proporção, incidência, prevalência, média. O indicador é, portanto,
uma variável crítica, que precisa ser controlada, mantida em determinados patamares.
IV.IV. Análise dos indicadores de desempenho a partir do Mapa estratégico dos IF
Os indicadores de desempenho institucional têm papel importante na gestão
organizacional, possibilitando analisar problemas estratégicos de forma proativa, antes que
desvios ocorram, além de apoiar a busca de novos caminhos estratégicos para a
organização, a tomada de decisão, o aprendizado da organização, o reconhecimento da
dedicação coletiva e comunicar as estratégias e as prioridades da alta direção e dos
gestores (FNQ, 2012).
O Mapa estratégico é a base do Balanced Scorecard (BSC), sendo na
atualidade, a forma mais utilizada para a seleção de indicadores que possibilitem uma
avaliação institucional. Sua intenção é dar visibilidade a razão de ser e o propósito da
intervenção institucional. O mapa estratégico é uma ferramenta auxiliar a gestão, não
podendo deixar de lado questões vitais para a organização como a qualidade de vida e
sustentabilidade do quadro de pessoal e da organização.
O levantamento realizado nesta pesquisa partiu dos mapas estratégicos
disponíveis na internet. Foram identificados mapas estratégicos, sendo 9 gerais e 9 de
setores específicos do Instituto: Pró-reitoria de extensão, Reitoria, PROET, PROEX, PROAD
- PRÓ-REITORIA DE ADMINISTRAÇÃO, PROEN - PRÓ-REITORIA DE ENSINO . Os
mapas gerais dos IFs, em sua maioria, fazem parte do Plano de Desenvolvimento
Institucional, são dos IFs: IFAL, IFBA, IFCE, IFES, IFMG, IFPA, IFRR, IFRS e IFSC.
Nessa análise, serão utilizados apenas os mapas gerais dos IFs. Para efeitos
didáticos, as Diretrizes encontradas foram agrupadas em15 temáticas, sendo destacadas as
temáticas relacionadas a processo com 50 estratégias, e alunos e sociedade, com a
frequência de 41 estratégias.
Quadro 3 – Diretrizes e temáticas presentes nos mapas estratégicos
Diretrizes Freq.
1. Processos/processos internos 50
2. Alunos/alunos e sociedade /sociedade 41
3. Princípios institucionais/ Resultados institucionais 17
4. Pessoas/pessoas e conhecimentos/ pessoas e infraestrutura 12
5. Orçamentária e financeira/orçamento e finanças/ Captação de recursos/ Planejamento e orçamento/ Responsabilidade orçamentária e financeira 11
6. Infraestrutura/ garantir a estrutura /recursos humanos e infraestrutura/tecnologia e infraestrutura/garantir a infraestrutura de TI/aprimorar a comunicação com o usuário referente a ações de TI/implantar a gestão de riscos de TI 10
7. Integralização curricular /integração ensino - pesquisa – extensão/ Ensino/ensino, extensão, pesquisa e inovação 10
8. Aperfeiçoar os fluxos de trabalho/aprendizagem e crescimento/desenvolvimento de pessoas 9
9. Gestão/gestão democrática 6
10. Interação com as demandas da sociedade/intensificar a interação com os campi e outras instituições 5
11. Promover o desenvolvimento da equipe de TI/aprimorar a gestão de TI/prover soluções tecnológicas em TI para a instituição/melhorar a qualidade dos produtos e serviços de TI 4
12. Acesso, permanência e inclusão 2
13. Tics/facilitar o acesso às informações 2
14. Abrangência geográfica 1
15. Sustentabilidade 1
Fonte: Construído com base nos Mapas estratégicos /2016.
Considerando a abrangência das estratégias trabalhadas em processos e
processos internos (acadêmicos, acessibilidade, administrativo, comunicação, contratações,
divulgação, egressos, expansão, gestão, governança, identidade, infraestrutura, ingresso,
inovação, integração, interação, internacionalização, normativo, oferta, ouvidoria,
padronização, parceria, participação, pedagógico, permanência, pesquisa, planejamento,
ppc, qualidade do ensino, qualificação, recursos, TI, transparência, uniformização e
verticalização), nessa análise, focaremos em alunos e sociedade, como um dos aspectos
estratégicos mais detalhados nos mapas.
Na análise das estratégias definidas no mapa, é importante observar, a condição
real do estabelecimento de indicador(es) que possa(m) avaliar a estratégia definida. Em um
exercício dessa análise, organizamos as estratégias em possíveis indicadores de avaliação
do desempenho do IF.
Quadro 4 - Indicadores estratégicos dos IFs
Indicador Estratégia
% da estrutura de governança definida Consolidar as estruturas de governança.
% de ações desenvolvidas focadas na sustentabilidade
Desenvolver atividades institucionais de acordo com os objetivos do desenvolvimento sustentável.
% de alunos atendidos no Restaurante Acadêmico
Favorecer o percurso formativo do aluno por meio da oferta e bom funcionamento dos Restaurantes Acadêmicos.
% de alunos atendidos, considerando seu contexto
Atender aos potenciais alunos, considerando seus diferentes perfis e o contexto social e econômico da sua região de abrangência.
% de alunos com necessidades específicas atendidas de forma adequada
Criar condições para atender às demandas das pessoas com necessidades específicas.
Dotar os campi de infraestrutura e condições pedagógicas voltadas para as pessoas com deficiência, de modo a garantir o êxito acadêmico
% de alunos participantes de intercâmbios internacionais Promover o Intercambio discente em nível Internacional.
% de currículos contextualizados a realidade e a demanda de formação
Formar Integralmente o cidadão com conhecimentos científicos, tecnológicos, políticos, culturais e éticos.
% de cursos articulados com os arranjos produtivos locais
Desenvolver atividades de extensão em articulação com o mundo do trabalho e os arranjos produtivos, sociais e culturais.
% de cursos com organização estudantil
Estimular a organização interna das entidades de mobilização estudantil.
% de cursos de extensão ofertados que atendem a demanda da comunidade
Aumentar a oferta de cursos de extensão e prestação de serviços a comunidade.
% de cursos desenvolvidos na modalidade Ead
Promover a Educação a Distância como estratégia para melhoria do processo de ensino-aprendizagem e ampliação da oferta de vagas.
% de alunos do IF inseridos no mercado, mediante parcerias
Fortalecer a inserção profissional do aluno e do egresso.
Fortalecer e estimular parcerias institucionais com o setor produtivo.
Desenvolver políticas para fomentar e estreitar o relacionamento instituto-empresa.
% de projetos culturais desenvolvidos em parceria com a comunidade
Incentivar uma política cultural com a Comunidade, baseada na Integração, troca valorização das atividades sociais, artísticas e desportivas.
% de tecnologias desenvolvidas a partir de pesquisas e programas
Desenvolver e Implementar novas tecnologias com base em pesquisa aplicada.
Desenvolver políticas/programas para fomentar a inovação tecnológica.
Desempenho da instituição nas avaliações oficiais
Adotar medidas que visem a melhoria do desempenho da Instituição nas avaliações oficiais.
Consolidar a imagem do IF como uma instituição multicampus com identidade única, pública, gratuita e de qualidade, integrada à Rede Federal EPCT.
Consolidar a qualidade na oferta do ensino.
Índice de aprovação no IF Reduzir índices de evasão e reprovação escolar.
Índice de atendimento a demandas Ter agilidade e efetividade no atendimento às demandas dos alunos e
de alunos da sociedade.
Índice de interação do IF com a sociedade Ampliar ações para maior interação entre o IF e a sociedade.
Índice de retenção no IF
Desenvolver políticas de combate à evasão e à retenção, com base na análise sistemática de dados.
Reduzir as taxas de evasão e retenção de alunos.
No. De cursos de pós-graduação stricto senso funcionando
Desenvolver políticas para fomentar a pós-graduação stricto sensu.
Expandir e fortalecer os programas de pós-graduação.
No. De projetos de extensão desenvolvidos
Fortalecer extensão tecnológica
Intensificar atividades integradas de ensino, pesquisa e extensão socialmente relevantes.
Orientar os projetos de pesquisas para atendimento às demandas da sociedade.
No. De vagas ofertadas por modalidade de ensino
Ampliar a oferta de vagas em cursos presenciais em todas as modalidades de ensino.
Expandir a abrangência e a oferta de vagas.
Normatização de criação e extinção de cursos estabelecida
Regulamentar os processos de criação e extinção de cursos, visando a contribuir para o desenvolvimento local e regional.
Fonte: Indicadores propostos a partir dos Mapas estratégicos IFs
Algumas das estratégias presentes no mapa estratégico possuem uma
abrangência extensa, dificultando o estabelecimento de indicadores, podemos citar, dentre
eles: Fomentar as ações de Inclusão social, tecnológica e produtiva no IF; Fortalecer a
cultura empreendedora nas regiões de atuação do IF; Fortalecer os cursos ofertados no IF;
Gerar, difundir e transferir conhecimento e tecnologia de acordo com as demandas da
sociedade; Promover o reconhecimento da formação profissional como estratégia de
mobilidade social; Proporcionar formação ampla e qualificada aos alunos e Ser referencia na
formação inicial e continuada de professores de educação básica.
A utilização do mapa estratégico nos IF, como uma ferramenta avaliativa,
permite comparar a atuação dos institutos, as ênfases dadas na gestão, os conflitos e
interesses vigentes, além de possibilitar um acompanhamento da evolução em relação ao
seu desempenho. Alguns ajustes podem ser feitos para que os indicadores definidos melhor
congreguem as perspectivas e valores definidos institucionalmente.
V. CONSIDERAÇÕES
No Brasil, o aperfeiçoamento de estratégias de monitoramento e avaliação da
eficácia organizacional no serviço público federal vem ganhando alguns instrumentais,
sendo criado em 2010, a lei que define a avaliação de desempenho institucional. Como uma
sistemática para facilitar a definição dos indicadores institucionais, os Institutos Federais têm
adotado o mapa estratégico institucional como parte do Plano de Desenvolvimento
Institucional.
Com os mapas estratégicos onde são definidas dimensões, estratégias e
indicadores, é possível ser feito a avaliação da eficácia objetiva dos IF, tendo como fontes
de informações relatórios anuais e estatísticas institucionais. Entretanto, para que funcionem
efetivamente, as estratégias devem possibilitar a definição clara de indicadores, que
congreguem aspectos qualitativos e quantitativos, e que subsidiem a tomada de decisões, a
gestão e o aprimoramento da política.
REFERÊNCIAS
AÇÃO EDUCATIVA. Indicadores da qualidade na educação - edição revista / Ação Educativa, Unicef, PNUD, Inep-MEC (coordenadores). São Paulo: Ação Educativa, 2005.
ARRETCHE, Marta T. S. Tendências no estudo sobre avaliação; in: RICO, Elizabeth Melo. Avaliação de Políticas Sociais: uma questão em debate. 6ª. edição. São Paulo, Cortez: Instituto de Estudos Especiais, 2009.
BRASIL. Decreto nº 7.133, de 19 de março de 2010. Regulamenta os critérios e procedimentos gerais a serem observados para a realização das avaliações de desempenho individual e institucional e o pagamento das gratificações de desempenho.
BRASIL. Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências.
DAGNINO, Renato et alii. Gestão Estratégica da Inovação: metodologias para análise e implementação. Taubaté, Editora Cabral Universitária. 2002.
DRAIBE, Sônia Miriam. Avaliação de implementação: esboço de uma metodologia de trabalho em políticas públicas. In: BARREIRA, Maria Cecília Roxo Nobre. CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. (org.). Tendências e Perspectivas na avaliação de políticas e programas sociais. São Paulo: IEE/PUC-SP, 2001.
FIGUEIREDO, Argelina Maria Cheibub; FIGUEIREDO, Marcus Faria. Avaliação política de políticas: um quadro de referencial teórico. São Paulo: IDESP, 1986.
FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE. Indicadores de Desempenho – Estruturação do Sistema de Indicadores Organizacionais. 3. ed. São Paulo: Fundação Nacional da Qualidade, 2012.
PACHECO, Eliezer. Os Institutos Federais uma revolução na educação profissional e tecnológica. Sem data. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/insti_evolucao.pdf. Acesso em 01 out 2016.
RAICHELIS, Raquel. Democratizar a gestão das políticas sociais – um desafio a ser enfrentado pela sociedade civil. Serviço Social e Saúde: Formação e Trabalho Profissional. Versão revista e ampliada do texto “Desafios da gestão democrática das políticas sociais”, originalmente publicado em Política Social. Módulo 03. Capacitação em Serviço Social e Política Social. Programa de Capacitação Continuada para Assistentes Sociais. Brasília, CFESS, ABEPSS, CEAD/NED-UNB, 2000.
SILVA, Maria Ozanira Silva e (org). Avaliação de políticas e programas sociais: teoria e prática. São Paulo, Veras Editora, 2001.