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INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES Autarquia associada à Universidade de São Paulo TRATAMENTO DA MUCOSITE ORAL RADIO E QUIMIOINDUZIDA: COMPARAÇÃO ENTRE PROTOCOLO MEDICAMENTOSO CONVENCIONAL E TRATAMENTOS COM LASERS EM BAIXA INTENSIDADE ANELISE RIBEIRO PEIXOTO ALENCAR SÃO PAULO 2011 Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na área de Tecnologia Nuclear Materiais. Orientadora: Drª. Martha Simões Ribeiro

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INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES

Autarquia associada à Universidade de São Paulo

TRATAMENTO DA MUCOSITE ORAL RADIO E QUIMIOINDUZIDA:

COMPARAÇÃO ENTRE PROTOCOLO MEDICAMENTOSO CONVENCIONAL

E TRATAMENTOS COM LASERS EM BAIXA INTENSIDADE

ANELISE RIBEIRO PEIXOTO ALENCAR

SÃO PAULO

2011

Dissertação apresentada como

parte dos requisitos para obtenção

do Grau de Mestre em Ciências na

área de Tecnologia Nuclear –

Materiais.

Orientadora:

Drª. Martha Simões Ribeiro

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INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES

Autarquia associada à Universidade de São Paulo

TRATAMENTO DA MUCOSITE ORAL RADIO E QUIMIOINDUZIDA:

COMPARAÇÃO ENTRE PROTOCOLO MEDICAMENTOSO CONVENCIONAL

E TRATAMENTOS COM LASERS EM BAIXA INTENSIDADE

ANELISE RIBEIRO PEIXOTO ALENCAR

SÃO PAULO

2011

Dissertação apresentada como

parte dos requisitos para obtenção

do Grau de Mestre em Ciências na

área de Tecnologia Nuclear –

Materiais

Orientadora:

Drª. Martha Simões Ribeiro

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Dedico este trabalho a todos que contribuíram para a

realização do mesmo, em especial aos funcionários do

Serviço de Oncologia do Hospital Regional de

Araguaína e aos pacientes portadores de câncer de

cabeça e pescoço que, apesar de estarem vivendo um

momento de tantas incertezas, aceitaram participar

deste estudo clínico, a todos meus mais sinceros

agradecimentos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por todas as bênçãos que tem me concedido ao longo de todos estes

anos e pela saúde e força para superar os obstáculos.

A minha orientadora, Profª. Drª. Martha Simões Ribeiro, pela doçura,

disponibilidade e desprendimento, compartilhando seu conhecimento e tornando mais fácil

e agradável a realização deste trabalho.

Ao Prof. Hebert Batista sem o qual a realização deste trabalho seria impossível.

“Se pude enxergar mais longe é porque me apoiei nos ombros de

gigantes.”

(Isaac Newton)

Ao meu mestre Prof. José Ferreira de Menezes Filho que me apresentou ao

diagnóstico e me encantou com seu conhecimento, dedicação e amor à Odontologia.

Aos meus filhos Bruno e Guilherme pela paciência e amor. Obrigada, peço

desculpas pela falta de tempo e de paciência. Amo vocês.

Ao meu marido Iramilson, pelo carinho e amor que sempre dedicou a mim e a

nossa família. Eu te amo!

Seus olhos meu clarão

Me guiam dentro da escuridão

Seus pés me abrem o caminho

Eu sigo e nunca me sinto só

(Arnaldo Antunes)

A minha mãe Célia Maria, pelo amor, carinho e dedicação incondicional a

todos de nossa família.

A minha irmã Isabela e ao meu pai Raimundo, pelo incentivo e carinho sempre

tão presentes.

Aos meus sogros Iranísio e Maria José, pelo carinho, apoio e incentivo.

A Silmar, Ruth, Tânia e Socorro, sempre disponíveis e atenciosas para comigo

e principalmente para com os pacientes.

Aos amigos André Machado Senna e Rosa Maria Machado de Sena pelo apoio,

incentivo e ajuda imensurável, sem os quais a realização deste projeto seria praticamente

impossível.

Ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN pela oportunidade e

apoio sem os quais não seria possível a realização deste projeto.

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Este trabalho recebeu apoio financeiro da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia do

Tocantins e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

– Brasil, através do Edital SECT n. 02/2009 - Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada

em Saúde (PPSUS 2008/2009).

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“Quando eu tropeçar, dá-me valor.

Quando me cansar, renova minhas

forças.

Quando fraquejar porque sou humano,

inspira-me por mais tempo.

Se todos se tornarem muito exigentes

e os dias forem demasiadamente curtos

para minhas obrigações, ajuda-me a

recordar que escolhi servir e a fazê-lo

com generosidade.”

Darlene Larson

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TRATAMENTO DA MUCOSITE ORAL RADIO E QUIMIOINDUZIDA:

COMPARAÇÃO ENTRE PROTOCOLO MEDICAMENTOSO CONVENCIONAL

E TRATAMENTOS COM LASERS EM BAIXA INTENSIDADE

Anelise Ribeiro Peixoto Alencar

RESUMO

Neste estudo clínico verificaram-se os efeitos do laser em baixa intensidade na

prevenção e tratamento da mucosite oral radio e/ou radioquimioinduzida. Foram

selecionados 31 pacientes portadores de câncer em cabeça e pescoço a serem submetidos à

radioterapia ou a radioterapia em associação a quimioterapia, os quais foram distribuídos

aleatoriamente em três grupos: grupo 1 – (controle) tratamento medicamentoso; grupo 2 –

tratamento medicamentoso e laserterapia diária, a partir do início da ulceração referente à

mucosite grau 2 e grupo 3 – tratamento medicamentoso e laserterapia diária a ser iniciada

imediatamente antes do início da radioterapia. Os parâmetros de irradiação foram:

comprimento de onda de 660nm, potência de 100mW, modo de operação contínuo,

aplicação pontual, energia de 2J por ponto em 30 pontos pré-determinados, sendo o tempo

utilizado de 20s por ponto. O grupo controle recebeu tratamento medicamentoso que

consistia no uso de um conjunto de medidas preventivas e terapêuticas para abordagem dos

efeitos adversos agudos radioinduzidos. Os resultados foram avaliados, quanto à

ocorrência, graus e escore de dor associados à mucosite oral, perda de massa corpórea, uso

de sonda nasogástrica, necessidade de internação e interrupção do tratamento oncológico

decorrentes da mucosite oral. Os resultados indicam que o protocolo de aplicação do laser

em sua forma preventiva é o mais efetivo na prevenção e tratamento da mucosite oral e que

seu uso diário contribuiu para o alívio da sintomatologia dolorosa colaborando para

melhora da qualidade de vida do paciente oncológico.

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RADIO AND CHEMIOINDUCED ORAL MUCOSITIS TREATMENT:

COMPARISON BETWEEN CONVENTIONAL DRUG PROTOCOL AND

TREATMENTS WITH LOW INTENSITY LASERS

Anelise Ribeiro Peixoto Alencar

ABSTRACT

In this clinical study verified the effects of low intensity laser in the

prevention and treatment of oral mucositis radio and/or chemical induced. Thirty one

patients with head and neck cancer were selected before being submitted to cancer

exclusive radiotherapy or radio and associated chemotherapy. The patients were distributed

into three randomly groups as follows: group 1- (control) conventional medicine treatment;

group 2 – conventional medicine treatment and daily lasertherapy as soon as grade two oral

mucositis appeared; group 3 – conventional medicine treatment and daily lasertherapy to

be initiated immediately before radiotherapy sessions.The irradiation parameters were:

wavelength of 660nm, potency of 100mW, continuous mode, punctual application, 2J

energy on thirty pre-determined 30 points, with 20s of exposure per point. The control

group received medical treatment which consisted in using a set of preventive and

therapeutic approach for acute radiation-induced adverse effects. Results were evaluated

observing occurrence and grade of oral mucositis, score of pain, loss of body mass, use of

nasogastric sound line, internment and interruption of oncologic treatment due to oral

mucositis. The results showed that the preventive protocol as used was the most effective

in prevention and treatment of oral mucositis and that its daily application contributed in

relieving the painful symptomatology so collaborating to maintain and/or bettering the life

quality of oncologic patients.

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SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS............................................................................................................ 14

3 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 15

3.1 Câncer..................................................................................................................... 15

3.2 Tratamento.............................................................................................................. 17

3.2.1 Radioterapia......................................................................................................... 19

3.2.2 Quimioterapia....................................................................................................... 20

3.3 Mucosite oral........................................................................................................... 24

3.4 Tratamento medicamentoso.................................................................................... 28

3.5 Laser em baixa intensidade..................................................................................... 32

4 CASUÍSTICA E MÉTODOS................................................................................. 39

4.1 Casuística................................................................................................................ 39

4.1.1 Ética em pesquisa com seres humanos................................................................. 39

4.1.2 Coleta de dados............................................................................................................ 39

4.1.3 Tipo de estudo.............................................................................................................. 39

4.1.4 Local e infraestrutura................................................................................................. 40

4.1.5 População e critérios de inclusão e exclusão............................................................ 40

4.2 Métodos................................................................................................................... 42

4.2.1 Avaliação da condição bucal...................................................................................... 42

4.2.2 Parâmetros de irradiação............................................................................................. 42

4.2.3 Tratamento medicamentoso........................................................................................ 43

4.2.4 Avaliação da mucosite oral......................................................................................... 45

4.2.5 Avaliação da dor em mucosa...................................................................................... 45

4.2.6 Avaliação da perda de massa corpórea...................................................................... 45

4.2.7 Análise estatística......................................................................................................... 46

5 RESULTADOS........................................................................................................ 47

5.1 Descrição da amostra.............................................................................................. 47

5.2 Ocorrência de mucosite oral................................................................................... 54

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5.3 Severidade da MO................................................................................................... 57

5.4 Escore de dor.......................................................................................................... 61

5.5 Uso de sonda nasogástrica...................................................................................... 64

5.6 Internação hospitalar............................................................................................... 65

5.7 Interrupção do tratamento....................................................................................... 65

5.8 Perda de massa corpórea......................................................................................... 66

6 DISCUSSÃO............................................................................................................ 71

7 CONCLUSÕES.......................................................................................................

APÊNDICE A – Parecer consubstanciado...................................................................

APÊNDICE B - Ficha de Avaliação / Grupo 1( ) 2 ( ) 3 ( )......................................

APÊNDICE C - Ficha de Avaliação / Grupo 1( ) 2 ( ) 3 ( )......................................

APÊNDICE D – Protocolo medicamentoso................................................................

APÊNDICE E - Ficha de Avaliação / Grupo 1( ) 2 ( ) 3 ( )......................................

77

78

80

81

82

83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 84

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1 - INTRODUÇÃO

O câncer é um problema de saúde pública mundial, e sua incidência tem

apresentado um aumento constante e gradual. Conforme a World Health Organization

(WHO), 2002, são diagnosticados anualmente cerca de dez milhões de casos de câncer na

população mundial, sendo o mesmo responsável por aproximadamente seis milhões de

óbitos, o que representa cerca de 12% de todas as causas de morte no mundo.

O câncer de cabeça e pescoço ocupa a quinta posição na lista das neoplasias

mais freqüentes, com uma incidência mundial estimada de 780.000 novos casos por ano

(COLOMBO e RAHAL., 2009). No Brasil, a boca representa a quinta localização de maior

incidência em homens e a sétima em mulheres; as estimativas para o ano de 2010 de novos

casos por câncer são de 489.270, destes 14.120 ocorrerão em cavidade oral (BRASIL.,

2009a).

Como o câncer de cabeça e pescoço, em especial o câncer de boca, é uma

doença crônica que resulta em elevada morbidade e mortalidade, o diagnóstico precoce e o

imediato encaminhamento do paciente ao tratamento são essenciais para a redução dos

danos causados pela doença (COSTA e MIGLIORATI, 2001). Seu tratamento depende da

localização, estadiamento, tipo histológico e condições gerais do paciente

(ALBUQUERQUE e CAMARGO, 2007).

Os métodos de tratamento para o câncer de cabeça e pescoço consistem em

Radioterapia (RT), Cirurgia (CR) e Quimioterapia (QT). Estes podem ser usados

isoladamente ou em associação, adequando-se às necessidades de cada caso em particular,

tendo por base os resultados esperados de tempo e qualidade de sobrevida (KOWALSKI et

al., 2002).

Independente do tipo de terapia a ser utilizada, o paciente estará sempre

correndo o risco de sofrer sérias complicações na cavidade bucal, particularmente quando

submetido à RT e QT adjuvante (JOYSTON-BECHAL,1992). As principais complicações

decorrentes do tratamento do câncer de cabeça e pescoço incluem cáries, Mucosite Oral (MO),

xerostomia (diminuição do fluxo salivar), disgeusia (alterações de paladar), infecções secundárias,

osteorradionecrose e trismo (JHAM e FREIRE, 2006; SAWADA et al., 2006), sendo a MO o

efeito agudo de maior freqüência e o maior fator dose limitante para a RT em cabeça e

pescoço (DIB et al., 2000).

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Geralmente a MO é acompanhada de destruição da mucosa e da barreira

anatômica oral, atuando como uma porta de entrada para a flora microbiológica estando

associada geralmente a dor severa (SONIS e COSTELLO, 1995), sendo capaz de

comprometer em graus variados a qualidade de vida do paciente (DODD et al., 2000). Seu

impacto entre os pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço é geralmente

dramático, consistindo em uma condição que pode requerer hospitalização em uma

população a princípio tipicamente ambulatorial, não raro resultando em modificações da

terapia oncológica com interrupção do tratamento radioterápico ou redução da dose de QT

(SCULLY et al., 2006). Outros problemas associados à MO são a dificuldade de

deglutição de alimentos sólidos e ocasionalmente líquidos, limitação da fala e mastigação

(JOYSTON-BECHAL.,1992; KOSTLER et al., 2001).

Os protocolos terapêuticos empregados, até o presente momento, para a MO

decorrente do tratamento oncológico são paliativos e diversificados, e envolvem

terapêuticas profiláticas e tentativas de atenuar a sintomatologia dolorosa (KOSTLER et

al., 2001), sendo recomendado para o tratamento da MO o emprego de antibióticos e

antifúngicos (tópicos e sistêmicos), sucralfato, analgésicos, anestésicos e antiinflamatórios

(soluções para bochechos e sistêmicos), programa de cuidados e higiene oral

(ALBUQUERQUE e CAMARGO, 2007; BARASCH e COKE, 2007), suplementos

vitamínicos (vitaminas C, B, E e betacaroteno), cloridrato de benzidamida, glutamina e

amifostina (SANDOVAL et al., 2003).

Resultados clínicos e funcionais satisfatórios têm sido obtidos no tratamento da

MO com o emprego do Laser em Baixa Intensidade (LBI) (MIGLIORATI et al., 2001;

SANDOVAL et al,. 2003; BARASCH e COKE.,2007; KELNER e CASTRO., 2007). O

mesmo é bem tolerado pelos pacientes e tem demonstrado efeitos benéficos como

aceleração do processo de cicatrização de feridas e diminuição da intensidade da dor,

contribuindo para melhora da qualidade de vida dos pacientes em tratamento oncológico

(SANDOVAL et al., 2003; ALBUQUERQUE e CAMARGO., 2007). Desde que

empregados de forma adequada, não são observados efeitos colaterais e contraindicações,

com exceção da incidência do feixe direta ou indiretamente sobre os olhos (RIBEIRO e

ZEZELL., 2004).

Em conseqüência do significativo desconforto oral, tão comum em pacientes

portadores de câncer de cabeça e pescoço submetidos à RT exclusiva, ou RT e QT

adjuvante, ressalta-se que a adoção de condutas visando à prevenção e/ou controle destas

alterações, principalmente da MO que por sua vez está fortemente associada à dor,

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comprometimento do estado geral de saúde do paciente e em casos extremos necessidade

de interrupção do tratamento oncológico, são extremamente úteis e contribuem de forma

significativa para a melhora da qualidade de vida dos mesmos.

Desta forma é extremamente importante avaliar os efeitos do emprego do LBI

com comprimento de onda de 660nm na prevenção e tratamento da MO e da dor associada

à mesma em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço submetidos a tratamento

oncológico.

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2 - OBJETIVOS

Objetivo geral:

Desenvolver estudo comparativo entre diferentes protocolos, medicamentoso e

com laser em baixa intensidade de emissão em 660 nm, meio ativo de InGaAlP e potência

de 100mW, utilizados na prevenção e tratamento da mucosite oral resultante da terapia do

câncer em cabeça e pescoço em pacientes submetidos a RT exclusiva ou associada à QT.

Objetivo específico:

Avaliar, através da análise crítica dos dados obtidos durante o decorrer da pesquisa,

quais os efeitos dos protocolos na prevenção e tratamento da mucosite oral e a influência

dos mesmos na qualidade de vida dos pacientes, investigando as influências de variáveis

demográficas (idade, gênero, profissão, procedência e grau de escolaridade), subjetivas

(odinofagia, xerostomia e disgeusia) e objetivas (perda de massa corpórea, candidíase, uso

de sonda nasogástrica, necessidade de internação e interrupção do tratamento oncológico

em decorrência da mucosite oral).

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3 - REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Câncer

Entende-se por câncer como um conjunto de doenças de variadas localizações

e de diferentes tipos morfológicos que apresentam como principais características

biológicas o crescimento celular descontrolado e a capacidade de se estabelecer além do

tecido em que se origina (ALMEIDA et al., 2008). O mesmo é considerado uma das

principais causas de morbidade e mortalidade na população mundial. Entre 80 a 90% dos

cânceres têm sua gênese associada a fatores externos ao organismo e a maioria dos

mesmos apresenta latência de 10 a 20 anos. O câncer de cabeça e pescoço se enquadra

perfeitamente a estas considerações (CHIMENOS et al., 2008).

O câncer de cabeça e pescoço é um termo coletivo definido por bases

anatômico-topográficas para descrever tumores malignos do trato aerodigestivo

superior. Esta região anatômica inclui a cavidade nasal e seios paranasais, cavidade

oral, faringe e laringe (CHOONG e VOKES., 2008). Um subgrupo maior dos

carcinomas de cabeça e pescoço é referido como "câncer oral" surgindo nas mucosas

da boca (lábios, base da língua, língua, assoalho bucal e palato duro) e faringe

(compreende a orofaringe, a hipofaringe e a nasofaringe). Cerca de 40% dos cânceres

de cabeça e pescoço ocorrem em cavidade oral, 15% em faringe, 25% em laringe

(DOBROSSY., 2005; COLOMBO e RAHAL., 2009), e o restante nos demais sítios

remanescentes como glândulas salivares, tireóide, paratireóide, porção cervical do

esôfago e pele (FIG. 3.1) (RUBIRA et al., 2007).

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FIGURA. 3.1 Anatomia cabeça e pescoço.

Fonte: Choong e Vokes, 2008.

Estima-se que, em 2020, o número de casos novos anuais seja da ordem de 15

milhões, e que cerca de 60% desses novos casos ocorrerão em países em desenvolvimento.

Sabidamente de todos os casos novos de câncer que ocorrem anualmente no mundo pelo

menos um terço poderiam ser prevenidos (BRASIL., 2007).

As estimativas para o ano de 2010 de novos casos por câncer para o Brasil são

de 489.270, sendo 236.240 no sexo masculino e 253.030 no sexo feminino. Destes os

cânceres de maior incidência serão: próstata (52.350); mama feminina (49.240); pulmão

(27.630); cólon e reto (28.110); estômago (21.500); colo de útero (18.430); cavidade oral

(14.120) e esôfago (10.630) (BRASIL., 2009a).

No Brasil as neoplasias malignas constituem a segunda causa de morte por

doença. Sendo a assistência nesta área extremamente onerosa, incluindo custos com a

prevenção, testes diagnósticos e tratamento, assim como custos indiretos decorrentes da

incapacidade de produção pelo doente, da morbidade associada à doença, do tratamento e

da mortalidade. Com relação à mortalidade, os óbitos em conseqüência de tumores em

cavidade oral ocupam a 10ª posição em freqüência (BRASIL., 2003).

Excluindo-se o câncer de pele, o câncer oral pode ser considerado o mais

comum da região de cabeça e pescoço é predominante no sexo masculino, tendo 75% dos

casos diagnosticados na faixa etária dos 60 anos, sendo o Carcinoma Epidermóide (CE)

responsável por cerca de 95% dos casos ( BRASIL 2001.; COSTA et al., 2002;

OLIVEIRA et al., 2006). O mesmo está frequentemente associado ao tabagismo, etilismo

e a vírus oncogênicos como o HPV-18 e 16 (NEVILLE e DAY., 2002; CHOONG e

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VOKES., 2008). Língua e assoalho bucal representam os sítios anatômicos mais comuns

(DEDIVITIS et al., 2004).

Os tipos mais freqüentes de neoplasias malignas orais não epidermóides são

por ordem decrescente o carcinoma adenóide cístico, adenocarcinoma e o carcinoma

mucoepidermóide. Os mesmos são seguidos pelos linfomas, melanomas, neoplasias

odontogênicas e sarcomas (SILVA FILHO., 2000).

3.2 Tratamento

Apesar dos avanços dos últimos anos, o tratamento oncológico continua sendo

complexo, estando geralmente associado a uma terapêutica agressiva acompanhada por

hospitalizações prolongadas e a protocolos de tratamento que apresentam uma alta

morbidade (DONAT e SANDOVAL., 2008), resultando, portanto, em impacto

significativo na qualidade de vida do paciente ( ALMEIDA et al., 2004; VIEIRA e

LOPES., 2006).

As opções de tratamento são variadas e dependem do tamanho e localização do

tumor primário, status dos linfonodos, presença ou ausência de metástases à distância,

aceitação e capacidade de tolerância ao tratamento por parte do paciente (NEVILLE e

DAY., 2002).

As modalidades de tratamento comumente utilizadas para as neoplasias

malignas são: CR, RT e QT (NEVILLE e DAY., 2002; BRENER et al., 2007; COSTA et

al., 2007; RUBIRA et al., 2007; CHOONG e VOKES., 2008). Segundo Cardoso et al,

2005, a CR e a RT continuam sendo os principais e mais efetivos métodos de tratamento

para os tumores de cabeça e pescoço. A QT e a imunoterapia são normalmente utilizadas

como terapias adjuvantes (VIEIRA e LOPES., 2006).

O tratamento cirúrgico do câncer apresenta dois objetivos principais: ressecção

e redução da neoplasia e de outros tecidos envolvidos, como os linfonodos e a remoção de

órgãos endócrinos que podem modificar a disseminação da doença. Diferentemente do

tratamento cirúrgico a RT e a QT não são específicos para o tecido, atuando, por sua vez,

pela inibição do crescimento de células que se dividem rapidamente (VOLPATO et al.,

2007).

Segundo a União Internacional Contra o Câncer (UICC) (1999) e Neville e

Day (2002), o sistema de estadiamento TNM é utilizado para descrever a extensão

anatômica da patologia e basea-se na pesquisa dos seguintes componentes: T – extensão

anatômica do tumor primário; N – ausência ou presença de metástases em linfonodos

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regionais; M – ausência ou presença de metástases à distância. A adição de números a

estes componentes indica a extensão do câncer, sendo que quanto maior for o estagio, pior

o prognóstico para o paciente. O estadiamento do câncer oral segue listado na Tabela 1.

TABELA 1 – Estadiamento do câncer oral segundo critérios da União Internacional Contra o

Câncer (UICC)

Estágios Descrição

0

I

II

*III

*IV A

*IV B

*IV C

Tis N0 M0

T1 N0 M0

T2 N0 M0

T3 N0 M0

T1 N1 M0

T2 N1 M0

T3 N1 M0

T4 N0 M0

T4 N1 M0

Qualquer T N2 M0

Qualquer T N3 M0

Qualquer T Qualquer N M1

* Pacientes que no momento do diagnóstico apresentarem estadiamento III e IV são considerados portadores

de doença avançada.

Fonte – UICC, 1999.

Os pacientes com doença muito avançada são submetidos a cuidados

paliativos, o que significa que não serão adotadas as formas terapêuticas convencionais, os

mesmos recebem tratamento diferenciado, visando uma possível melhora da qualidade de

vida (HONORATO et al., 2009).

É significativo o número crescente de pacientes que se apresenta aos serviços

especializados com doença em fase avançada. A avaliação preliminar dos dados do

Registro Hospitalar de Câncer no Hospital do Câncer / Instituto Nacional do Câncer

(INCA) demonstrou que aproximadamente 60% dos pacientes que chegam ao hospital com

câncer oral apresentam doença avançada nos estádios III e IV (BRASIL 2009b;

HERCHENHORN e DIAS., 2004). Tal fato contribui para o aumento de seqüelas

decorrentes do tratamento e diminui consideravelmente a possibilidade de cura e a

sobrevida dos pacientes em questão (COSTA e MIGLIORATTI., 2001). Desta forma, a

prevenção e tratamento das complicações orais decorrentes da terapia antineoplásica são

importantes para melhorar a qualidade de vida, reduzir a morbidade e os custos do

tratamento (OSTENE, et al; 2008).

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3.2.1 – Radioterapia

A RT é empregada como forma de tratamento em tumores sólidos, como os de

pele, língua, laringe, cérebro, mama e colo uterino, e no tratamento de tumores não sólidos

como as leucemias e linfomas. Pode ser empregada como tratamento radical visando à

eliminação das células neoplásicas, assim como tratamento paliativo (SANTOS FILHO et

al., 2008).

É a modalidade de tratamento não cirúrgico mais importante para o câncer,

consiste na utilização das radiações ionizantes no combate a doença, com o objetivo de

atingir as células neoplásicas, impedindo a sua multiplicação por mitose e/ou determinando

a morte celular (BRASIL., 2002). Aumentando, portanto, a probabilidade de controle do

tumor. (DONAT e SANDOVAL., 2008). Entretanto o efeito do tratamento radioterápico

também será sentido nas células normais, onde produz alterações reversíveis e

irreversíveis, a extensão e intensidade destes efeitos dependem da dose de irradiação,

tempo e volume de tratamento, dose de distribuição e uso de outras terapias, e resultam em

alterações importantes na qualidade de vida, durante e após o tratamento (RUBIRA et al.,

2007; CACCELLI e RAPAPORT ., 2008).

Por sua vez a radiossensibilidade celular está relacionada ao estágio do ciclo

celular e ao tempo de exposição à radiação, sendo a radiossensibilidade maior em células

que apresentam maior capacidade de divisão (células neoplásicas, endotélio, osteoblastos,

células da medula óssea). Estas células quando submetidas a baixas doses de radiação

perdem rapidamente a capacidade de reprodução (SEMBA et al.,1994).

A maioria dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço submetidos à RT

recebe uma dose total de 50-70 Gy, como dose curativa aplicada diretamente sobre a lesão

e tecidos adjacentes. Essas doses são fracionadas em um período de 5 a 7 semanas, uma

vez ao dia, 5 dias por semana, com dose diária de aproximadamente 2 Gy (SEMBA et

al.,1994; RAPOPORT et al., 2000; JHAM e FREIRE., 2006.). Quando necessário o

paciente pode ser submetido a uma dose total de até 80Gy, porém nestes casos também é

observado uma potencialização dos efeitos adversos associados a esta modalidade

terapêutica (HERCHENHORN e DIAS., 2004).

A RT é indicada para tumores não ressecáveis ou sem morbidade grave e para

aqueles que tendem a disseminar para locais contíguos previsíveis, a mesma pode ser

utilizada isoladamente ou em associação com a CR e/ou QT. Ressalta-se que a RT provoca

alterações bucais apenas quando atinge a região de cabeça e pescoço (COSTA et al.,

2007). A presença de fatores como: hospitalização prolongada, estado nutricional precário,

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20

hábito de fumar, uso de antibióticos de largo espectro, mudança da microflora oral,

titulação positiva para o vírus do herpes simples, infecção dentária pré-existente, higiene

oral deficiente, dentes fraturados podem aumentar a incidência e a severidade das

alterações orais (RAMPINI et al., 2009).

Os efeitos agudos e tardios da RT são frequentemente causa de desconforto,

dificultando ou limitando as atividades normais, entre os efeitos agudos mais comumente

associados a RT em cabeça e pescoço estão: mucosite, disgeusia, xerostomia e descamação

da pele. Já os efeitos tardios normalmente observados são: lesões vasculares, atrofia dos

tecidos, fibrose, edema, necrose dos tecidos moles, xerostomia, cáries de radiação, perda

de dentes, trismo, osteorradionecrose (BONAN et al., 2005; JHAM e FREIRE., 2006;

SAWADA et al., 2006; CHOONG e VOKES., 2008) e candidíase (JOYSTON-

BECHAL.,1992; DIB et al., 2000; RUBIRA et al., 2007).

Os tecidos afetados são aqueles presentes no campo de irradiação,

consequentemente, geralmente nenhum sítio da mucosa oral é poupado (SCULLY et al.,

2004). Apesar das complicações associadas ao tratamento serem potencialmente sérias, as

mesmas podem ser prontamente prevenidas ou controladas através da ação de equipe

multidisciplinar (NGUYEN, 1992).

3.2.2 Quimioterapia

A QT é capaz de alterar a integridade da mucosa, a flora microbiana que

normalmente habita a cavidade oral, a quantidade e composição salivar, e a maturação

epitelial (TURHAL et al., 2000).

O emprego da QT no tratamento do câncer em cabeça e pescoço apresenta

como principais objetivos diminuir as metástases à distância e aumentar o controle local da

doença. Porém, há alguns anos atrás, o papel da QT no tratamento do câncer de cabeça e

pescoço era bastante controvertido e limitado, isso se devia ao fato da mesma apresentar

maior efetividade frente a tumores com um significativo potencial de crescimento e com

elevada tendência a metástases à distância, propriedades raras no CE, que é o tipo de

neoplasia com maior prevalência em cabeça e pescoço (YOGI e SINGH, 2005).

Entretanto, em poucos anos importantes progressos foram obtidos em ensaios direcionados

ao desenvolvimento de protocolos envolvendo QT e RT para doença irressecável com o

objetivo de preservação de órgãos ou paliação em pacientes com doença recorrente ou

localmente avançada (HERCHENHORN e DIAS, 2004).

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21

Conforme Blunk et al (1997) a QT é denominada adjuvante quando empregada

concomitantemente ou, mais frequentemente, em um curto intervalo de tempo após a

terapêutica local cirúrgica ou, na maioria das vezes, radioterápica. A mesma tem por

objetivo a eliminação de micrometástases e/ou de células neoplásicas que tenham

permanecido no leito tumoral após o tratamento empregado. Como terapia neoadjuvante

entende-se a utilização da mesma anteriormente à modalidade de eleição para o tratamento

local, com o objetivo maior de reduzir as dimensões do tumor primário e obter melhores

condições cirúrgicas e/ou diminuição da área a ser irradiada, além da possível erradicação

de prováveis micrometástases. É denominada de paliativa quando empregada em pacientes

com tumores metastáticos e/ou recidivados sem possibilidades de cura.

Os agentes antineoplásicos podem ser classificados de acordo com a

especificidade no ciclo celular, estrutura química e função a nível celular. Com relação à

fase do ciclo celular em que atuam são classificados em ciclo independentes: atuam sobre

células em diversas fases do ciclo celular, ou seja, em células tanto em divisão quanto em

repouso; agentes fase específicos: atuam sobre células que se encontram em uma mesma

fase do ciclo celular. Com relação ao mecanismo de ação são classificados em alquilantes:

inibem a divisão celular formando uniões cruzadas entre cadeias de DNA impedindo sua

replicação; antimetabólitos: inibem a divisão celular atuando sobre enzimas

imprescindíveis para a síntese de bases púricas e pirimidínicas; inibidores de mitoses:

inibem a divisão celular através de sua atuação sobre os microtúbulos do núcleo,

impedindo sua divisão (SANDOVAL et al., 2003) e, por fim, como grupo que é

denominado de miscelânea: inclui agentes antiangiogênicos e inibidores da transdução de

sinal (ex: inibidores da tirosina quinase) (FERREIRA et al., 2008).

O tratamento quimioterápico basea-se no emprego de combinações de agentes

(poliquimioterapia) em detrimento do tratamento com um único agente quimioterápico

(monoterapia), a combinação entre drogas com diferentes mecanismos de ação busca o

efeito sinérgico dos fármacos (SANDOVAL et al., 2003). Essas combinações entre agentes

quimioterápicos incluem drogas ciclo-dependentes e ciclo-independentes, cobrindo tanto a

fase proliferativa quanto vegetativa do ciclo celular (DREIZEN, 1990).

Segundo Machado e Sawada (2008) os principais efeitos colaterais associados

ao tratamento quimioterápico são hematológicos, gastrointestinais, cardiotoxicidade,

hepatotoxicidade, nefrotoxicidade, toxicidade pulmonar, vesical, alterações metabólicas,

disfunção reprodutiva, toxicidade dermatológicas, reações alérgicas e anafilaxia.

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22

O efeito sistêmico da QT manifesta-se pela relação direta com a

mielossupressão, o mesmo é observado com os efeitos clínicos da mucosa oral. A lise das

células epiteliais do tecido normal é uma das razões das manifestações associadas a esta

forma de terapêutica: como erosões e ulcerações, ou mesmo, a perda generalizada de

superfície do epitélio. As complicações orais da QT se dão por dois mecanismos: 1 - ação

direta da droga sobre os tecidos orais ou estomatoxidade direta, neste caso a mucosite

ocorre em função da atrofia epitelial e necrose decorrente, e 2 - em conseqüência de

alterações induzidas em outros tecidos ou estomatoxidade indireta, como a

mielossupressão da medula óssea.

De acordo com Barasch e Coke (2007) as complicações orais decorrentes do

tratamento quimioterápico acometem 10% dos pacientes em QT adjuvante, 40% dos

pacientes em QT exclusiva e 80% dos pacientes em regime quimioterápico mieloablativo

(transplantes de medula óssea), sendo que as complicações orais mais comuns são

mucosite, infecção, dor, sangramentos e disfunções do paladar. Para Scully et al., (2006) a

MO, especialmente na presença de neutropenia, pode predispor a bacteremia, septicemia e

fungemia.

Cerca de 70% dos pacientes portadores de neoplasias malignas receberão, em

algum momento do tratamento, QT antineoplásica. Dependendo do tipo, da dosagem e da

freqüência de utilização dos agentes quimioterápicos, severas manifestações orais podem

surgir, estas podem ser graves e interferir nos resultados da terapêutica médica, acarretando

complicações sistêmicas importantes, que podem aumentar o tempo de internação

hospitalar, os custos do tratamento e afetar diretamente a qualidade de vida destes

pacientes (HESPANHOL et al., 2007).

Para Ostene et al., (2008) muitos pacientes imunossuprimidos por QT no

intervalo de 7 a 15 dias, após o inicio do tratamento, apresentam risco de desenvolvimento

de lesões dentárias ou periodontais, relacionadas a focos odontogênicos preeexistentes.

Tem-se demonstrado que os microorganismos bucais são fontes comuns de bacteremia

nesses pacientes. Sendo as infecções sistêmicas responsáveis por aproximadamente 70%

dos óbitos em pacientes que recebem QT mielossupressiva, em que os efeitos adversos

mais comumente associados à mesma são representados por neutropenia, anemia e

trombopenia.

Entre as drogas antineoplásicas usadas para o tratamento do câncer de cabeça e

pescoço está o metrotexate, a bleomicina, a cisplatina, a carboplatina, o 5-Fluouracil (5-

FU), a gencitabina, a ciclofosfamida, a doxorrubicina, a vincristina e a vinblastina, os

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taxóides (paclitaxel e docetaxel) e a vinorrelbina (BLUNK; 1997). A associação entre as

drogas geralmente resultam em maior tendência a ocorrência de mucosite (VIEIRA e

LOPES., 2006). Uma descrição das características e toxicidades das principais drogas

quimioterápicas empregadas em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço,

encontra-se esquematizada na Tabela 2.

TABELA 2 - Principais quimioterápicos úteis no tratamento dos tumores de cabeça e

pescoço e seus principais efeitos colaterais

Droga Grupo Farmacológico Toxicidades Principais Bleomicina

Antibiótico antitumoral Mucosite, dermatite e pneumonite intersticial

Carboplatina Derivado da platina

Mielotoxicidade com trombopenia e leucopenia

Ciclofosfamida Alquilante Leucopenia, trombopenia, alopecia, náuseas,

vômitos e cistite aguda hemorrágica

Cisplatina Derivado da platina Prejuízo da função tubular renal, náuseas,

vômitos, mielotoxicidade, ototoxicidade,

neuropatia periférica

5-Fluorouracil Antimetabólito Mucosite com diarréia, ulcerações e leucopenia

Metrotexate Antimetabólito Leucopenia, trombopenia, estomatite, diarréia,

disfunção hepática, nefrotoxicidade e

pneumonite

Fonte - Modificada de BLUNK et al., 1997.

A cisplatina é um antineoplásico efetivo quando administrado por via

intraperitoneal ou intravenosa, e apresenta potencial terapêutico em uma grande variedade

de neoplasias humanas e animais, principalmente no tratamento das neoplasias de testículo,

ovário, melanomas, nas neoplasias de cabeça e pescoço e nos carcinomas de bexiga e

pulmão. Contudo sua utilidade clínica é limitada em consequência de seus efeitos

colaterais que são náusea, vômito, hipomagnesemia, supressão da medula óssea,

ototoxicidade. A nefrotoxicidade é o seu principal efeito colateral, sendo a mesma

considerada dose limitante (ANTUNES e BIANCHI, 2004). Já o 5-FU é um

antimetabólito, comumente usado no tratamento de vários tipos de cânceres sólidos

incluindo, seio, cabeça e pescoço e neoplasias malignas gastrointestinais (esôfago,

estômago, colon e anal) (KUMMAR, 2000), que atua sobre as células inibindo a

biossíntese dos componentes essenciais do DNA e do RNA, impedindo a multiplicação e

funções normais da célula. Os antimetabólitos são particularmente ativos contra células

que se encontram na fase de síntese do ciclo celular (fase S). A duração da vida das células

tumorais suscetíveis determina a média de destruição das mesmas, as quais são impedidas

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24

de entrar em mitose pela ação dos agentes metabólicos que atuam na fase S (BRASIL,

2010).

A QT constitui uma parte importante do tratamento multidisciplinar para os

pacientes com câncer de cabeça e pescoço e esôfago, em que frequentemente é empregado

um esquema quimioterápico constituído por 4 a 5 dias de infusão continua de 5-FU in

bolus com cisplatina (FABRÍCIO et al., 2008). Esta combinação em associação a RT

resulta em um método altamente eficaz no controle do câncer de cabeça e pescoço, porém

a mesma esta associada a um aumento na incidência de MO grau 3 e 4 e de efeitos

hematológicos tóxicos (SEIWERT et al,. 2007). Para Scully et al., (2003) 90% dos

pacientes tratados com cisplatina e 5-FU desenvolverão mucosite.

Com relação à MO o uso de pedras de gelo (crioterapia oral) por 5 minutos

antes e 30 minutos durante a infusão com 5-FU reduz consideravelmente a severidade da

mesma (BIRON et al., 2000; DODD et al., 2000; SCULLY et al., 2004). O gelo promove

o resfriamento da mucosa oral acompanhado de vasoconstrição temporária, o que

consequentemente reduz a exposição da mucosa ao agente quimioterápico (KOSTLER et

al., 2001; SCULLY et al., 2006).

3.3 Mucosite oral

As células da camada basal do epitélio oral apresentam alta taxa de renovação

(10 a 14 dias) sendo especialmente sensíveis aos efeitos da terapia oncológica (CARL e

HAVENS, 2000). A mucosite afeta a mucosa do trato gastrointestinal e especialmente a

mucosa oral e da orofaringe, sendo uma complicação comum a citotoxidade da QT e RT

(KHOURI et al., 2009). A prevenção e tratamento da mesma são essenciais para a melhora

da qualidade de vida e das taxas de controle da doença (BENSADOUN et al ., 2001).

A mesma é resultado da ação direta da radiação sobre as células do epitélio oral

que por sua vez apresentam rápida capacidade de renovação e baixa radiorresistência,

sendo especialmente radiossensíveis o epitélio de revestimento do palato mole, ventre e

borda lateral de língua e assoalho bucal. A severidade das lesões está associada à qualidade

de radiação, dose e tempo total de tratamento (SEMBA et al., 1994; CARL e HAVENS,

2000; BENSADOUN et al., 2001; RUBIRA et al., 2007) angulação do feixe, localização

da lesão e nível de higiene oral. Os efeitos da radiação são mais intensos no lado ipsilateral

a administração embora a mucosite possa ocorrer em toda a cavidade oral, já sua duração

apresenta uma considerável variabilidade individual (ANDREWS e GRIFFITHS, 2001).

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Quanto a sua fisiopatologia são observados dois mecanismos: direto e indireto.

Na MO direta, em um período usual de 7 a 14 dias, as células epiteliais sofrem

transformações que as tornam suscetíveis aos efeitos da terapia citotóxica. Tanto a RT

quanto a QT são capazes de interferir no crescimento e maturação das células epiteliais,

ocasionando modificações celulares e morte. A MO indireta é resultado da invasão indireta

de bactérias gram negativas e de fungos. Ocorrendo normalmente a partir de 10 a 21 dias

após a administração da QT. A frequência da MO está estimada em 85% a 100% dos

pacientes submetidos a altas doses de radiação em cabeça e pescoço (BENSADOUN et al.,

2001; PETERSON, 2006).

Independente da forma de tratamento adotada, RT ou QT, as apresentações

clínicas da MO são semelhantes. No caso de MO quimioinduzida dependendo das

condições gerais do paciente e da abordagem terapêutica, a mucosa bucal tende a cicatrizar

em 14 dias (GALVÃO et al., 2006).

Alguns indivíduos desenvolvem lesões extremamente severas, o que faz que

sejam necessárias modificações no tratamento oncológico e/ou uso de analgesia parenteral.

Tal ocorrência é significativa em vários pacientes em tratamento para transplante de

medula óssea, em infusão continua para tratamento de câncer de seio e colon e em

tratamento para câncer de cabeça e pescoço. Nos pacientes submetidos aos protocolos de

alto risco a MO severa ocorre com uma freqüência superior a 60% (SONIS, 1998). Neste

caso são observadas ulcerações que penetram completamente na submucosa e causam dor

intensa. Nos casos de MO branda a mucosa apresenta-se eritematosa, com lesões atróficas,

porém intacta. Os pacientes referem sensibilidade semelhante àquela observada com a

ingestão de alimentos quentes, sendo esta sintomatologia de fácil controle (SONIS, 2004).

A MO é o efeito agudo mais freqüente e o maior fator dose limitante para a RT

em cabeça e pescoço, geralmente ocorre a partir da segunda semana de tratamento com

uma dose total em torno de 20Gy. Inicialmente é observado eritema de intensidade

variável, e discreto desconforto oral. Com o acúmulo da dose de radiação absorvida, e de

acordo com a resposta individual do paciente, a mucosite evolui para o esbranquiçamento

da mucosa, formação de pseudomembranas e de lesões ulcerativas que são notadas a partir

de 30 Gy. A intensidade da dor é tão severa quanto à proporção da área comprometida; a

exposição do tecido conjuntivo funciona como uma porta de entrada às infecções

oportunistas (DIB et al., 2000; KOSTLER et al., 2001). Comumente são relatadas

infecções por cândida e pelo vírus do herpes simples. Pacientes com neutropenia resultante

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de QT apresentam um maior risco de septicemia, particularmente envolvendo streptococos

α hemoliticus, espécies de candida, e bactérias gram negativas (SCULLY et al., 2004).

A MO radioinduzida se intensifica com a continuidade do tratamento, doses

diárias de 2Gy em grandes volumes em cabeça e pescoço resultam em morte celular que

excede a capacidade de proliferação das células da camada basal do epitélio. Como

resultado, a quase totalidade dos pacientes desenvolve MO confluente por volta da terceira

semana. A MO comumente persiste por duas a três semanas após o término da RT. Quatro

semanas após o término do tratamento radioterápico 90 a 95% dos pacientes apresentam

remissão completa do quadro (ANDREWS e GRIFFITHS, 2001; CACELLI e

RAPAPORT, 2008).

De acordo com Sonis et al, (2004) a MO é um complexo processo biológico

que ocorre em 5 fases: iniciação, super-regulação, sinalização e amplificação, ulceração

com inflamação e, finalmente, cicatrização. Iniciação: a injúria tecidual, que está associada

à geração de fatores oxidativos, ocorre tão logo se inicia a QT e/ou RT, quando tem início

o processo de mucosite por ação direta sobre o DNA. A quebra do DNA resulta em dano

que compromete a camada basal do epitélio e as células da submucosa, porém, neste

estágio a mucosa apresenta-se normal. Super-regulação: nesta segunda fase múltiplos

eventos ocorrem simultaneamente. Fatores oxidativos causam danos ao DNA resultando

em morte das células epiteliais. A ativação de fatores de transcrição em resposta aos

fatores oxidativos da RT e/ou QT resultam em super-regulação de muitos genes, incluindo

aqueles que resultam na produção de citocinas pró-inflamatórias, tais como o fator alfa de

necrose tumoral (TNF-a), interleucinas IL-1B, e IL-6 levando a injúria tecidual e a

apoptose. A super-regulação de outros genes causa a expressão de moléculas de adesão,

subseqüente a ativação da ciclooxigenase-2, e conseqüente angiogenese. Sinalização e

amplificação: a manifestação do efeito de destruição direta das células da mucosa adiciona

atividade às citocinas pró-inflamatórias que indiretamente amplificam a injúria tecidual,

iniciada pela QT e RT. Nesta fase observa-se que apesar do tecido apresenta-se

biologicamente alterado, a aparência da mucosa é normal. Ulceração: a mucosite

especialmente aquela induzida pela RT, frequentemente é referida como um processo

inflamatório. A fase ulcerativa da mucosite é caracterizada pelo abundante infiltrado

inflamatório abrangendo polimorfonucleares e demais células inflamatórias. Nesta etapa

ocorre a colonização bacteriana que pode ativar os macrófagos teciduais aumentando a

produção de citocinas inflamatórias que podem amplificar e acelerar o dano tecidual. As

conseqüências da ulceração são a amplificação adicional das citocinas, inflamação, dor, e

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em pacientes neutropênicos um aumento do risco de bacteremia e sepsis. Cicatrização: tem

início a partir de um sinal da matriz extracelular, esta conduz a proliferação, diferenciação

e renovação do epitélio e ao restabelecimento da microflora oral. Outros eventos podem

ocorrer simultaneamente tais como a recuperação da medula óssea e o aumento do número

de leucócitos. Após a fase de cicatrização a mucosa apresenta-se normal; entretanto, apesar

da aparência normal, a mucosa está significativamente alterada. O paciente apresenta um

maior risco de, no futuro, sofrer de episódios de mucosite e de complicações subseqüentes

à terapia anticâncer.

Vários esquemas foram propostos para mensurar a mucosite em pacientes com

câncer em função da presença de sinais como: eritema e ulcerações, isoladamente ou em

conjunto com sintomas como dor e dificuldade de deglutição (TURHAL et al., 2000). A

avaliação da MO deve ser minuciosa para que o grau de toxicidade e a terapêutica

adequada possam ser definidos. Conforme Rampini et al., (2009) as escalas mais utilizadas

para a avaliação das manifestações clínicas da MO estão listadas na Tabela 3 abaixo:

TABELA 3 - Comparação das escalas de mucosite

Escala toxicidade Grau 0 Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4 Grau 5

WHO Mucosite

oral

Sem

alteração

Eritema Eritema e

úlcera

A dieta

sólida é

tolerada

Eritema e

úlcera

Somente a

dieta líquida é

tolerada

Eritema e

úlcera

O paciente não

consegue se

alimentar

------

NCI-

CTC

Mucosite

orofarínge

a induzida

por QT

Sem

alteração

Eritema,

úlcera

indolor

Eritema

com dor,

edema ou

úlcera. O

paciente

consegue

se

alimentar

Eritema com

dor, edema ou

úlcera, requer

hidratação

Ulceração

severa Requer

nutrição

parenteral ou

enteral ou

intubação

profilática

Morte

relaciona

da à MO

NCI-

CTC

Mucosite

orofarínge

a induzida

associada

ao TMO

Sem

alteração

Eritema,

úlcera

indolor

Eritema

com dor,

edema ou

úlcera. O

paciente

consegue

se

alimentar

Eritema com

dor, edema ou

úlcera, requer

hidratação ou

nutrição

parenteral

Ulceração

severa Requer

intubação

profilática ou

resulta em

pneumonia por

aspiração

Morte

relaciona

da à MO

NCI-

CTC

Mucosite

orofarínge

a induzida

associada a

RT

Sem

alteração

Eritema,

úlcera

indolor

Eritema

com dor,

edema ou

úlcera. O

paciente

consegue

se

alimentar

Reação com

pseudomembra

na

Necrose e/ou

ulceração

profunda ou

sangramento

não induzido

por trauma.

Necessita de

nutrição

enteral ou

parenteral

Morte

relaciona

da à MO

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TABELA 3 - Comparação das escalas de mucosite

RTOG Mucosite

oral aguda

causada

por RT

Sem

alteração

Dor

branda

não

requer analgésico

Apresenta

áreas de

úlceras

com

sangramen

to. Requer

analgésico

Úlceras

confluentes

Requer uso de

narcóticos

Ulceração,

hemorragia ou

necrose

--------

Fonte – Rampini et al., 2009.

3.4 Tratamento medicamentoso

A prevenção da MO inicia-se com uma avaliação prévia ao tratamento

oncológico, e consiste na otimização da higiene oral, profilaxia dental e erradicação de

focos de infecção. Primeiramente as intervenções visam à manutenção da higiene oral,

correção da má nutrição com a ingestão de uma dieta calórica o que contribui

significativamente para o bem estar do paciente e redução dos efeitos associados à MO.

Não existe intervenção farmacológica largamente reconhecida como efetiva na prevenção e

tratamento da MO radioinduzida (JOHNSON, 2001; MCGUIRE et al., 2006). Sendo o

manejo da mesma em pacientes com câncer essencialmente paliativo (BENSADOUN et

al., 1999; SCULLY et al., 2004; BONAN et al., 2005) apresentando como objetivos

principais o alívio dos sintomas e a prevenção de complicações secundárias como a

desidratação, caquexia e infecções, permitindo uma melhor qualidade de vida (KOSTLER

et al., 2001).

Vários tratamentos tópicos e sistêmicos são direcionados a prevenção e

controle dos efeitos agudos decorrentes da QT e/ou RT, porém poucos têm apresentado

significativo efeito preventivo (BENSADOUN et al., 2001; LOPES et al., 2006;

VOLPATO et al., 2007; RAMPINI et al., 2009). Entre os vários agentes terapêuticos

usados na prevenção e tratamento da MO estão: glutamina, sucralfato, esteróides,

imunoglobulinas, amifostine, antibióticos, antifúngicos, clorexidina, vitamina E,

benzidamina, anestésicos locais e bochechos com antissépticos, porém nenhum destes

mostrou-se efetivo no alívio, assim como na redução da intensidade ou duração das lesões

(KOSTLER et al., 2001; SANDOVAL et al., 2003; SCULLY et al., 2003).

O uso do protetor labial promove a hidratação da mucosa resultando em alívio

do desconforto e prevenção da MO (COSTA et al., 2007). Para as candidíases orais

associadas à RT de cabeça e pescoço utiliza-se a nistatina 100.000UI suspensão oral,

quatro vezes ao dia ou mais (ALMEIDA et al., 2004). O uso de dexametasona visa o

tratamento das ulcerações e inflamações da mucosa, o paciente deve enxaguar a boca, de

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duas a quatro vezes ao dia e orientado a não deglutir (MIGLIORATI e MIGLIORATI,

2000; GUIMARÃES JUNIOR, 2005).

Para Baldisserotto et al., (2009) o uso de clorexidina para o controle de placa

deve ser recomendado de acordo com a necessidade de cada paciente e deve ser avaliado

pelo cirurgião-dentista.

Labbate et al., (2003) realizaram estudo clínico com o objetivo de avaliar a

eficiência da clorexidina na prevenção e tratamento da MO radioinduzida. Foram

analisados 21 portadores de câncer de cabeça e pescoço, distribuídos em dois grupos:

Grupo placebo com 11 pacientes submetidos a dois bochechos diários com água destilada e

Grupo medicamentoso, dez pacientes submetidos a dois bochechos diários com clorexidina

0,12%. Os pacientes foram analisados semanalmente para detecção de alterações mucosas

através da escala World Health Organization (WHO) e preenchimento de questionário de

qualidade de vida com ênfase nos aspectos de dor, apetite, paladar e hábitos alimentares.

Foi constatada MO mais intensa, assim como maiores intensidades de dor no grupo

placebo, portanto, a clorexidina contribuiu para a diminuição dos efeitos deletérios e da

intensidade da dor associadas à MO sem apresentar reflexo persistente na qualidade de

vida dos pacientes. Ao final do estudo foi constatada uma tendência à perda total de

paladar em todos os pacientes.

Dib e Curi (2002) em estudo prospectivo realizado no Centro de Tratamento e

Pesquisa Hospital do Câncer A.C. Camargo, com intuito de avaliar uma série de medidas

que constituem uma abordagem preventiva e terapêutica para as complicações orais agudas

da RT, com o objetivo de evitar casos de MO severa que possam acarretar a interrupção do

tratamento oncológico propusseram a abordagem profilática e terapêutica citada abaixo

(TAB. 4):

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30

TABELA 4 - Abordagem profilática e terapêutica indicada para as complicações orais

radioinduzidas agudas

Indicação/Medicamentos Posologia Abordagem

Mucosite oral

Soro fisiológico 0,9%

Hidróxido de alumínio e

magnésio, suspensão oral,

sabor não ácido

Bochechos 4x/dia

Bochechos 4x/dia com 1

colher de sopa. Tomar 1

colher de sobremesa

4x/dia

A partir do início da RT

A partir do início da RT

Mucosite e dor

Cetoprofeno 150mg,

comprimidos

Cetoprofeno 20 mg, gotas

Cloridrato de lidocaína

100mg,

carboximetilcelulose

sódica 125 mg, solução

viscosa para uso oral

1 comprimido 2x/dia

Tomar 50 gotas de 6/6 hs

Tomar 1 colher de sopa

3x/dia

Quando necessário

Quando necessário ou de 8/8 hs

Quando necessário

Xerostomia

Cloridrato de pilocarpina

2% (colírio)

Gel oral base de

Lactoperoxidase

Protetor labial (comum)

Tomar, via oral, 2 a 5

gotas três vezes ao dia

Usar quando necessário

Usar quando necessário

Queixa de secura na boca ou

espessamento do fluxo salivar

Queixa de secura na boca ou

espessamento do fluxo salivar

Lábios ressecados

Candidíase oral

Miconazol 2%, gel oral

Cetoconazol 200mg

Aplicar naboca ou

comissuras labiais 4x/dia

Tomar 1 comprimido 2

vezes ao dia por 21 dias

Evidência clínica de candidíase

oral

Evidência clínica de candidíase

orofaríngea

Fonte - Dib & Curi, 2002.

_________________________________________________________________________________

Kostler et al., (2001) após revisão de 139 artigos, concluíram que, apesar do

emprego em larga escala, não existe suporte científico para a indicação do uso de

sulcralfato, misoprosol, pentoxifilina, uridina e alupurinol para a prevenção da MO.

Entretanto intervenções não-farmacológicas, incluindo crioterapia, protetores de radiação,

tratamento com laser de baixa intensidade e higiene oral, assim como uma infinidade de

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31

drogas têm sido avaliados com sucesso como agentes profiláticos e terapêuticos para a

MO. Incluindo anestésicos locais e substâncias antimicrobianas, mas, mais recentemente,

substâncias citoprotetoras, como amifostina e uma série de citocinas, que apresentam

potencial de, em breve, tornar-se terapia padrão. Abordagens promissoras, mas ainda não

suficientemente avaliadas incluem o uso de substância anti-séptica, como iodo povidine e

benzidamina, vitamina E, ácido retinóico, beta caroteno e citocinas como TGF-β3. Novos

agentes como a interleucina-11, ácido dehidroascórbico, fator de crescimento de

queratinócitos e fator de crescimento epidérmico, que aceleram o crescimento,

diferenciação e migração celular no epitélio estão sendo avaliados. Além de todas estas

intervenções mecânicas e farmacológicas os autores ressaltam a importância dos efeitos

positivos obtidos através de atendimento médico humanizado.

Já para Barasch et al., (2006) após revisão, análise e debate de 55 artigos

obtiveram unanimidade nas seguintes conclusões: é recomendado em adultos o uso de

clorexidina para o tratamento da MO quimioinduzida, e de antibióticos em pastilhas para a

sua prevenção, assim como o uso de sulcralfato para o tratamento da MO radioinduzida;

em respeito ao uso de anestésicos tópicos, apesar dos mesmos consistirem em escolha

obvia para paliação da dor, as evidências com relação a sua eficiência no tratamento da

mucosite são insuficientes, sendo os anestésicos mais comumente usados a lidocaína e

benzocaina, o mesmo é observado com relação ao emprego de analgésicos tópicos, como o

sulfato de morfina ou o fentanil.

Turhal et al., (2000) após revisão de literatura com intuito de verificar a

eficácia do tratamento no alívio do desconforto resultante da MO, afirmaram que o

sucralfato, especialmente para mucosite radioinduzida, demostraram uma tendência ao

alivio dos sintomas sem, contudo apresentar significância estatística, em ensaio para a

mucosite quimioinduzida não foram observados nenhum benefício.

Segundo Scully et al., (2004) o desconforto ocasionado pela mucosite pode ser

reduzido através da adoção das seguintes condutas: eliminação dos irritantes orais (fumo,

álcool e alimentos duros e/ou picantes); manutenção de boa higiene oral; refrigeração oral

com pedras de gelo em pacientes que receberam QT com 5-FU; aplicação de analgésicos

tópicos, antes das refeições, para o combate da dor e disfagia. Estes incluem: agentes

anestésicos com lidocaína, diclonina, ou difenidramina que promovem alívio da

sintomatologia dolorosa; benzidamina que reduz a dor e a severidade da MO

radioinduzida; enxaguatório com doxepina que promove efeito analgésico prolongado;

agentes de revestimento, incluindo bioadesivo de hidroxipropilcelulose (Zilactin®) que

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32

além de ser usado para paliação da dor apresenta atividade anti-Herpes Simples Vírus

(HSV).

Pacientes submetidos à QT em altas doses, principalmente aqueles submetidos

a regimes quimioterápicos mielossupressivos ou imunossupressivos, frequentemente

recebem agentes antibióticos e antifúngicos profilaticamente ou durante os períodos de

leucopenia induzida pela QT (VOLPATO et al., 2007).

As formas leves de MO podem ser tratadas com boa higiene oral, incluindo

escova de dentes de cerdas macias e enxaguatórios com solução salina. É indicado o uso de

vários agentes paliativos tópicos no tratamento de MO leve e moderada; entretanto, até a

presente data é pobre a eficácia dos enxaguatórios bucais no controle das mesmas.

Enxaguatórios bucais e dentifrícios contendo irritantes químicos, álcool, fenol, aromáticos,

e óleos glicerinados prolongam a mucosite e devem ser evitados. Na mucosite severa

frequentemente é obtido algum sucesso com o uso de anestésico tópico em spray

(Citocaina®), elixir de acetominofem com codeína, ou enxaguatórios de tetraciclina,

nistatina, hidrocortisona, e maleato de clofeniramina. O uso dos mesmos se dá antes das

refeições com o intutito de permitir a manutenção de uma dieta adequada. Pacientes com

dor severa decorrente de MO podem requerer administração sistêmica de medicamentos

como morfina (0,3mg/kg) ou metadona (0,1mg/kg) a cada duas ou cinco horas. Para os

casos de dor severa prolongada o uso de morfina endovenosa pode ser necessário

(MEALEY et al., 1994).

O uso de anestésicos locais para o alívio da dor pode acarretar diminuição de

sensibilidade, aumentando o risco de traumatismo e inibindo a deglutição reflexa (BIRON

et al., 2000).

3.5 Laser em baixa intensidade

A aplicação do Laser em Baixa Intensidade (LBI) atua como um implemento

do processo curativo em geral, seu efeito se baseia na multiplicação celular, formação de

fibras colágenas e elásticas, regeneração de vasos, cicatrização do tecido ósseo,

repitelização do tecido lesado (RIBEIRO e ZEZELL, 2004; GALDAMES; et al., 2007;

SIMÕES et al., 2009), efeito antiinflamatório, redução do edema e estimulação da função

nervosa (RIBEIRO e ZEZELL, 2004).

O efeito produzido pela laserterapia baseia-se na capacidade de modular

diversos processos metabólicos que transformam a luz do LBI em energia útil para o

funcionamento celular. É observada a absorção da luz visível pelos cromóforos na cadeia

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33

respiratória mitocondrial, acarretando um aumento na produção de Adenosina Trifosfato

(ATP) e consequentemente aumento na proliferação celular e na síntese protéica o que

beneficia a reparação tecidual (KARU, 1988).

A mesma autora e colaboradores em período mais recente (2004) relataram que

a ocorrência de alguns mecanismos primários de ação são resultantes da fotoexcitação de

estados eletrônicos como mudança do estado redox dos componentes da cadeia

respiratória, liberação de óxido nítrico do centro catalítico do citocromo e oxidase (reação

redox), formação de oxigênio singleto, aquecimento transitório local de cromóforos

absorvedores e aumento subseqüente da produção do ânion superóxido (geração de

espécies reativas de oxigênio – ROS). Após a estimulação dos fotorreceptores, ocorre uma

cascata de reações bioquímicas celulares, que não precisa de posterior ativação da luz,

sendo observadas a transdução do sinal e cadeias de amplificação. É observado que uma

variação buscando oxidação é associada à estimulação da vitalidade celular e uma variação

buscando redução é associada à inibição. Células com pH abaixo do normal (estado redox

alterado direcionado para a redução) são consideradas mais sensíveis à ação estimuladora

da luz do que aquelas com parâmetro próximo ao normal.

LBI são lasers de baixa energia, sem potencial fototérmico, utilizados para

biomodulação. Os mais usados estão na faixa do vermelho (632 a 780nm), com fótons de

energia inferiores a 2,0 elétron-volt (eV), com energia de ligação inferior à energia de

ligação molecular e do DNA, não quebrando ligações químicas e não sendo capazes de

induzir mutação e carcinogênese (CISNEROS, 2000).

França et al., (2009) realizaram estudo clínico com o objetivo de investigar os

efeitos do laser na prevenção e tratamento da MO induzida em hamsters. Os animais foram

divididos em quatro grupos: crioterapia preventiva, laser preventivo, laser terapêutico e

grupo controle terapêutico. A MO foi induzida através de injeção intraperitoneal de 5-FU.

Os procedimentos preventivos foram executados em mucosa jugal direita, sendo que a

mucosa jugal esquerda não recebeu qualquer procedimento terapêutico ou preventivo. Os

parâmetros para o uso do laser foram: comprimento de onda de 660nm, potência de 30mW,

densidade de energia de 1,2J/cm², tempo de 40 segundos, spot de 3mm². A crioterapia foi

realizada com fragmentos de gelo aplicados 5 minutos antes da infusão com 5-FU e 10

minutos depois. O grupo controle não foi submetido a qualquer tratamento. Foram

avaliados os graus de MO e a perda de massa corpórea. Os animais submetidos à

laserterapia apresentaram uma melhor evolução clínica, cicatrização mais eficiente e maior

quantidade de tecido de granulação. Os animais do grupo submetido à crioterapia perderam

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15.16% de sua massa corpórea inicial, enquanto os animais submetidos à laserterapia

perderam aproximadamente 9% nos cinco primeiros dias. A menor perda de massa

corpórea apresentada pelo grupo laser foi atribuída a menor incidência de dor, menor

desconforto e consequentemente melhores condições de alimentação. Os autores

concluíram que o uso do LBI apresentou um efeito positivo na redução da severidade e no

tratamento da MO

Sandoval et al., (2003) executaram estudo com a finalidade de verificar a

eficiência do LBI na redução da dor e na severidade da MO radio e/ou quimioinduzida.

Foram avaliados 18 pacientes, entre fevereiro e julho de 2002, sendo oito pacientes do sexo

feminino e dez do sexo masculino, com idade entre 4 a 82 anos, portadores de diferentes

tipos de neoplasias malignas. Destes nove foram submetidos à QT, três a RT para câncer

de cabeça e pescoço, cinco a RT e QT concomitante e um a QT de condicionamento para

transplante de medula óssea. As aplicações de laser ocorreram diariamente, sob os

seguintes parâmetros: Comprimento de onda de 660nm, potência de 30mW, densidade de

energia de 2J/cm², de forma pontual, com tempo de um minuto e seis segundos por ponto.

O tempo gasto ao total de cada sessão era dependente do número e da extensão das lesões.

A severidade da MO foi avaliada através de escala baseada em características clínicas e de

escala para avaliação de toxicidade oral desenvolvida pelo INCA, tendo como base a

capacidade de deglutição, e a dor avaliada por escala visual antes e depois de cada

aplicação. Com relação aos resultados 66% dos pacientes referiram alívio imediato da dor.

Com base na escala funcional a MO grau 3 foi reduzida em 42.85% dos casos, e a MO

grau 4, de acordo com escala baseada em aspectos clínicos, foi reduzida em 75% dos

pacientes que apresentavam esta condição no início da laserterapia. Portanto, o LBI

demonstrou efeitos benéficos durante o manejo da MO, contribuindo para a melhora da

qualidade de vida dos pacientes em tratamento oncológico. Não foram realizadas análises

estatísticas em relação à duração e severidade da MO em decorrência da diversidade de

patologias e dos respectivos métodos de tratamento.

Em estudo desenvolvido com 11 pacientes por Migliorati et al., (2001) com a

finalidade de avaliar o papel da laserterapia de baixa intensidade no controle da dor

associada à MO decorrente do tratamento relacionado ao transplante de medula óssea foi

empregado o laser de GaAlAs (Mucolaser, MMOptics®, São Carlos, Brasil) com

comprimento de onda de 780nm, 60mW de potência, densidade de energia de 2J/cm², com

sessões diárias de 35 minutos. A laserterapia deve início 5 dias antes ao transplante e

continuou até o 5º dia pós-transplante. A severidade da mucosite foi clinicamente avaliada

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usando-se a escala World Health Organization (WHO), enquanto a dor foi mensurada

através da Escala Análoga Visual (VAS). Todos os pacientes concluíram o tratamento, e a

maioria associou a laserterapia ao alívio da dor e apesar das altas doses de QT não foram

constatados sangramentos e infecções.

Campos et al., (2008) realizaram estudo para avaliar a melhoria da qualidade

de vida em paciente oncológica submetida à laserterapia. Paciente de 15 anos de idade,

portadora de carcinoma mucoepidermóide, submetida à excisão cirúrgica e posteriormente

a 35 sessões de RT. Foi constatada ao exame clínico a presença de múltiplas lesões

ulceradas em cavidade bucal (Grau III de MO pela WHO). A paciente foi orientada com

relação à higiene bucal e submetida à LBI durante a RT. Foi utilizado laser de diodo

(MMOptics®, São Carlos, Brasil), em modo de contato, com diâmetro do spot de 0.04

cm², comprimento de onda de 660nm, 40mW de potência e densidade de energia de

6J/cm², sendo 0,24J por ponto, durante 6 segundos por ponto em toda a cavidade oral.

Adicionalmente a fim de promover um melhor efeito analgésico, foi utilizada irradiação

com laser de diodo de alta intensidade (ZAP® Lasers, Pleasant Hill, CA, USA) com 1W de

potência por 10 s/cm de cada lesão, com um total de aproximadamente 10J/cm² aplicado

em todas as ulcerações, 3 vezes por semana durante 6 semanas. Após a primeira sessão de

laser foi relatada diminuição da dor e da xerostomia. Melhora significativa foi observada

após a quinta sessão, embora com MO grau II a paciente relatava estar livre de dor,

possibilitando a reabilitação através de placa obturadora palatina. Após a 17ª sessão não

foram observados sinais de MO. Pode-se observar que a laserterapia contribuiu para a

melhora tanto da função oral como da qualidade de vida da paciente em questão.

Nes e Posso (2005) estudaram a ação do LBI no alívio da dor decorrente de

MO quimioinduzida. Foram analisados 13 pacientes adultos submetidos à QT entre o

período de 15 de março a 15 de agosto em Hospital no estado de São Paulo, Brasil. O laser

utilizado foi de AsGaAl (Thera Lase, DMC, Brasil), de forma pontual, com comprimento

de onda de 830nm, potência de 250mW, diâmetro do spot de 0,60mm, energia aplicada de

35J/cm² e duração, por sessão, de 30 minutos. Os pacientes foram submetidos à

laserterapia por 5 dias consecutivos, sendo a intensidade da dor mensurada antes e após

laserterapia através da escala VAS. Os resultados foram significativos e demonstraram

redução de dor em 67% quando comparada à intensidade da dor antes e imediatamente

após laserterapia.

Schubert et al., (2007) realizaram estudo randomizado duplo cego com a

finalidade de avaliar a eficácia do LBI na prevenção da MO em 70 pacientes submetidos a

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transplante de medula óssea expostos a QT exclusiva ou a QT associada a RT, foram

comparados dois comprimentos de onda, 650nm e 780nm. Os pacientes foram divididos

em três grupos: laser de GaAlAs com comprimento de onda de 650nm e potência de

40mW, laser de GaAlAs com comprimento de onda de 780nm e potência de 60mW e

placebo. Os pacientes receberam diariamente laserterapia em mucosa labial inferior,

mucosa jugal direita e esquerda, ventre e borda lateral de língua, e assoalho bucal, sendo a

dose de energia dispensada de 2J/cm². A laserterapia deve início no primeiro dia de

condicionamento e foi realizada diariamente até o segundo dia após o transplante. A dor

associada à MO foi mensurada nos dias 0, 4, 7, 11, 14, 18, e 21 pós-transplante. A

mensuração da gravidade da MO foi realizada por clínicos em medicina oral treinados e

calibrados que desconheciam a qual grupo de tratamento pertenciam os pacientes. Foram

utilizadas respectivamente para mensuração da severidade e da dor da MO as escalas “Oral

Mucositis Index” (OMI) e VAS. Após consolidação dos dados concluiu-se que o laser com

comprimento de onda de 650nm, em comparação com o laser de 780nm, foi mais eficiente

na redução da dor e da severidade da MO. O uso do laser foi bem tolerado e não foram

observados efeitos adversos.

Khouri et al., (2009) realizaram estudo com pacientes submetidos à QT de altas

doses e/ou RT para transplante de medula óssea com a finalidade de comparar a

laserterapia ao tratamento convencional na redução da freqüência e da severidade da MO.

Foram avaliados 22 pacientes, divididos randomicamente em dois grupos: Grupo I:

irradiado com laser de InGaAlP com comprimento de onda de 660nm e laser de GaAlAs

com comprimento de onda de 780nm, ambos com potência de 25mW, densidade de

energia de 6,3J/cm², 10 segundos por ponto em contato com a mucosa em associação ao

tratamento convencional. Os dois lasers foram aplicados diariamente de forma alternada,

sendo o laser de comprimento de onda 660nm indicado para reparação tecidual e o laser de

780nm devido ao seu maior poder de penetração indicado para analgesia. Foram irradiados

vermelhão e mucosa do lábio superior e inferior, mucosa jugal direita e esquerda, assoalho

bucal, borda lateral de língua direita e esquerda e ventre de língua; Grupo II: submetido

apenas ao tratamento convencional, que consistia em uma solução para bochecho contento

antiinflamatório (benzidamina), antifúngico (nistatina), agente anestésico (neututocaina) e

água destilada. As escalas WHO e Oral Mucositis Assessment Scales (OMAS) foram

utilizadas para avaliar os resultados. O grupo I apresentou menor freqüência de MO

(p=0,02) e menor média de acordo com as escalas WHO e OMAS (p<0,01 e p=0,01,

respectivamente). A aplicação do laser reduziu a freqüência e a gravidade da MO,

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sugerindo que o mesmo pode ser usado como uma forma de prevenção e tratamento da

mesma.

Simões et al., (2009) estudaram a eficácia do laser como método preventivo

contra a MO radioinduzida em 39 pacientes com câncer de cabeça e pescoço, foram

comparados os resultados obtidos entre laser de baixa e alta intensidade. Os pacientes

foram divididos em três grupos. Grupo I: irradiados três vezes por semana com LBI; Grupo

II: associação entre lasers de baixa e alta intensidade, três vezes por semana; Grupo III:

pacientes irradiados com LBI uma vez por semana. O LBI utilizado foi o de InGaAlP, de

forma pontual e por contato, com comprimento de onda de 660nm, potência de 40mW,

densidade de energia de 6J/cm², energia por ponto de 0,24J, seis segundos por ponto. O

laser de alta intensidade foi o de GaAlAs com comprimento de onda de 808nm, potência

de 1W. Esta terapia foi utilizada somente nos pacientes que apresentaram ulcerações já na

primeira visita. As irradiações foram perpendiculares à superfície da mucosa oral de um

modo desfocado em uma distância de 1 cm da lesão, cada lesão foi irradiada por 10

segundos (5 segundos com movimentos horizontais e cinco com movimentos verticais)

com densidade de energia de 10J/cm². Todos os protocolos de laserterapia acarretaram à

manutenção dos escores de mucosite oral no mesmo nível até a última sessão RT. Os

pacientes submetidos laserterapia três vezes por semana mantiveram os níveis de dor. No

entanto, os pacientes submetidos a laserterapia uma vez por semana relataram aumento

significativo da intensidade da dor, a associação entre de baixa / alta intensidade resultou

em aumento do tempo de cicatrização. Para os autores o LBI se destaca em conseqüência

de seus efeitos analgésicos e biomoduladores, destacando-se ainda pelo fato de não ser

invasiva.

Segundo Biron et al., (2000) o uso do LBI de hélio-neônio é um procedimento

promissor, sendo largamente demonstrado que a laserterapia retarda o início, diminui a

severidade, encurta a duração da MO especialmente nos pacientes submetidos a transplante

de medula óssea. Entretanto as aplicações curativas do laser aparentam ser menos efetivas

do que seu uso profilático. Aparentemente a técnica deve ser melhorada para atingir a

precisão em seu mecanismo de ação, tornando possível a elaboração de planos de

tratamento específicos para as diferentes regiões da mucosa bucal.

Para Bensadoun et al., (2001) e Schubert et al., (2007) devido às diferenças

significativas entre a metodologia de diferentes estudos, infelizmente não é possível

determinar qual a forma de laserterapia com LBI irá proporcionar o melhor resultado na

prevenção e/ou tratamento da MO radio e/ou quimioinduzida. Entretanto apesar das

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diferentes metodologias empregadas em diferentes estudos foi observado redução da

morbidade nos pacientes tratados com laser quando comparados com os pacientes controle

com conseqüente melhora da qualidade de vida (RAMPINI et al ., 2009).

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4 - CASUÍSTICA E MÉTODOS

4.1 – Casuística

4.1.1 Ética em pesquisa com seres humanos

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da

Fundação de Medicina Tropical do Tocantins, filiada ao Conselho Nacional de Pesquisa

em Seres Humanos (CONEP), conforme protocolo nº 212/2009/CEP (APÊNDICE – A).

Foram obtidas autorização e aprovação do Conselho através de carta específica, sendo que

os voluntários assinaram termo de consentimento livre esclarecido com orientações sobre a

pesquisa.

4.1.2 Coleta de dados

O primeiro contato com o paciente se deu através de entrevista realizada no

momento da primeira consulta ao cirurgião-dentista, quando lhe foi explicado o tipo de

pesquisa a ser desenvolvida e apresentado o termo de livre consentimento esclarecido. A

coleta de dados foi realizada na primeira consulta odontológica, antes do início da

radioterapia, através de instrumentos específicos de avaliação (fichas clínicas e

questionários) os quais forneceram as informações relevantes para este estudo

(APÊNDICE - B e C).

4.1.3 Tipo de estudo

Estudo clínico prospectivo e randomizado com coleta de dados primários

através da qual se procurou entender a realidade estudada. O estudo clínico foi realizado

por um único examinador, sendo ele o próprio pesquisador.

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4.1.4 Local e infraestrutura

O estudo foi desenvolvido durante maio de 2009 e outubro de 2010 no Serviço

de Prevenção e Diagnóstico do Câncer Bucal localizado no Centro de Alta Complexidade

do Hospital Regional de Araguaína - Dr. Iderval da Silva Sobrinho, anexo ao serviço de

Radioterapia do respectivo Hospital. O serviço em questão conta com sala equipada com

consultório odontológico completo (FIG. 4.1) (Cadeira odontológica, dois mochos, equipo,

autoclave, dois equipamentos de laser Photon Lase III / DMC, amalgamador,

fotopolimerizador, eletrocautério, jato profilático, instrumental e material de consumo para

tratamento cirúrgico, periodontal e restaurador).

FIGURA 4.1- Consultório

4.1.5 População e critérios de inclusão e exclusão

O estudo foi realizado em um grupo de pacientes voluntários, de ambos os

sexos, com idade superior a 21 anos, portadores de câncer de cabeça e pescoço e não

submetidos à radioterapia prévia na região de interesse. O tratamento padrão para os

pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço do Centro de Alta Complexidade do

Hospital Regional de Araguaína consiste em cirurgia e/ou radioterapia exclusiva ou em

associação com quimioterapia. As doses de radioterapia foram prescritas após

planejamento específico para cada paciente, cujo campo de irradiação envolvia a cavidade

bucal e/ou o complexo maxilo-mandibular (dose total: 6000 – 8000cGy / dose diária

fracionada: 180 – 200cGy). A radioterapia foi realizada diariamente com o uso de

acelerador linear Primus Mid (Siemens), com fótons com 6MeV de energia. Os campos

utilizados foram o cérvico-facial direito e esquerdo e o das fossas supraclaviculares.

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41

Quando necessário as drogas quimioterápicas utilizadas em associação ao

tratamento radioterápico consistiram em cisplatina e/ou 5 fluorouracil em dois protocolos

pré-estabelecidos selecionados de acordo com a necessidade de cada paciente:

Protocolo I

Cisplatina 80 mg/m2

associada a 5-Fluorouracil 1000 mg/m²

Endovenoso em infusão, 28/28 dias.

Protocolo II

Cisplatina 40 mg/m2 semanal durante o tratamento radioterápico.

Os pacientes foram incluídos nos grupos de estudo conforme critérios pré-

estabelecidos e foram randomizados de acordo com a ordem de adesão dos mesmos ao

estudo constituindo 3 grupos:

Grupo 1 (Controle) - Constituído por 11 pacientes que receberam orientações e

tratamento medicamentoso para a prevenção e tratamento da mucosite oral, antes

do início e durante toda RT. As orientações e tratamento medicamentoso

consistiram em orientação de higiene bucal e dieta, uso de antifúngicos,

antiinflamatórios, antibióticos e analgésicos (TAB. 4.1)

Grupo 2 – Constituído por 9 pacientes que receberam orientações e tratamento

medicamentoso (TAB 4.1), para a prevenção e tratamento da mucosite oral, antes

do início e durante toda RT, sendo submetidos à laserterapia diária, a partir do

início da ulceração referente à mucosite (grau 2) até o final do tratamento

radioterápico, com sua execução vinculada às sessões de RT.

Grupo 3 – Constituído por 11 pacientes que receberam orientações e tratamento

medicamentoso (TAB 4.1) antes do início e durante toda RT e laserterapia diária, a

ser iniciada imediatamente antes do início da radioterapia, sendo a mesma

empregada até o final do tratamento radioterápico, com sua execução vinculada às

sessões de RT.

Foram fatores de elegibilidade o comprimento total das seguintes etapas:

tratamento odontológico antes do início da radioterapia, acompanhamento diário, de

acordo com as sessões de RT, para os pacientes do grupo 1, 2 e 3 e avaliação oral dos

pacientes após o término do tratamento oncológico.

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42

4.2 Métodos

4.2.1 Avaliação da condição bucal

No período que antecedeu a radioterapia os pacientes foram submetidos a uma

criteriosa avaliação e posterior tratamento odontológico gratuito que consistiu em:

anamnese, exame físico intra e extra-oral, exame radiográfico (radiografia panorâmica),

plano de tratamento e preparo odontológico pré-tratamento oncológico e orientações

básicas a respeito de sua saúde oral (APÊNDICE – D).

O preparo odontológico pré-tratamento oncológico consistiu em: orientação do

paciente com relação à higiene oral e ao uso de prótese (Dib e Curi, 2002; Cardoso et al.,

2005), exodontia de dentes com prognóstico duvidoso ou ruim (Nguyen, 1992; Migliorati e

Migliorati, 2000), eliminação da placa e cálculo e estabilização da doença periodontal

(Migliorati e Migliorati, 2000), tratamento restaurador dos dentes cariados e fraturados

(Nguyen, 1992; Migliorati e Migliorati, 2000), instituição de medidas de higiene oral como

escovação com creme dental fluoretado após as refeições (Sonis et al., 1996; Cardoso et

al., 2005; Barasch e Coke, 2007) e enxágües com solução antibacteriana e antifúngicas

(Dib e Curi, 2002).

4.2.2 Parâmetros de irradiação

O equipamento utilizado foi o Photon lase III, DMC Equipamentos, São

Carlos, São Paulo, Brasil, cujos parâmetros empregados para este estudo clínico foram:

comprimento de onda de 660nm, vermelho, potência de 100mW, meio ativo InGaAlP,

freqüência de modo contínuo, modo de aplicação pontual, energia de 2J por ponto (Genot-

Klastersky et al., 2008). O laser era aplicado uma vez ao dia, 5 dias por semana

pontualmente e perpendicularmente ao tecido. A ponteira era desinfetada com álcool 70%

e envolvida em filme plástico. Os pacientes assim como o operador usaram óculos para

proteção. Foram irradiados 30 pontos fixos independente de a área estar ulcerada, e a

distância entre os pontos era de aproximadamente 1cm. As aplicações ocorreram

diariamente em mucosa labial inferior (3 pontos), mucosa labial superior (3 pontos), lado

direito e esquerdo da mucosa jugal (5 pontos), ventre (2 pontos), dorso, borda lateral de

língua e assoalho bucal (3 pontos) (FIG. 4.2), tempo utilizado de 20s por ponto e tempo

total por sessão de aproximadamente 13 minutos. Caso o ponto de aplicação a ser irradiado

estivesse a menos de 1cm da área tumoral a laserterapia não era realizada neste local

(Bensadoun et al.,1999).

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43

FIGURA 4.2 –

4.2.3 Tratamento medicamentoso

As condutas medicamentosas adotadas no tratamento da mucosite oral radio e

quimioinduzidas foram pautadas literatura especializada, experiência clínica e em

resultados de protocolos de pesquisa desenvolvidos em várias instituições especializadas.

Consistem em um conjunto de medidas profiláticas e terapêuticas para a abordagem dos

efeitos adversos agudos radioinduzidos. Podem ser aplicadas de forma isolada ou em

A B

C D

E F

Pontos a serem irradiados com LBI: A – Dorso de língua;

B – Borda lateral de língua; C – Mucosa labial superior;

D – Mucosa labial inferior; E – ventre de língua e assoalho de

boca; F – Mucosa jugal

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44

associação, além de ajustadas de acordo com necessidades individuais dos pacientes. A

medicação instituída deve ser mantida até o término do tratamento radioterápico ou

enquanto persistirem os quadros sintomatológicos relacionados às complicações orais

agudas decorrentes do tratamento oncológico (APÊNDICE - D ).

A abordagem medicamentosa preventiva e terapêutica utilizada neste estudo

clínico para o tratamento da mucosite oral induzida pelo tratamento oncológico para câncer

de cabeça e pescoço segue citado abaixo (TAB. 4.1):

TABELA 4.1 - Medicamentos utilizados para a prevenção e tratamento da mucosite

oral nos pacientes submetidos a tratamento para câncer de cabeça e pescoço no

Centro de Alta Complexidade do Hospital Regional de Araguaína

Medicamentos Posologia Abordagem

Nistatina suspensão oral –

100.000UI

Bochechos 4x/dia A partir da radioterapia

Hidróxido de alumínio

Bochechos 2 a 4x/dia A partir da radioterapia

Soro fisiológico 0,9%

Bochechos 4x/dia A partir da radioterapia

Protetor labial*

Usar quando necessário

(Ressecamento labial)

A partir da radioterapia

Sucralfato**

Bochechar e engolir um

frasconete antes das

principais refeições

A partir do quadro de

odinofagia

Dexametasona elixir**

Bochechar 4x/dia A partir da ulceração e

inflamação da mucosa

Clorexidina 0,12% sem álcool Bochechar 2x/dia Para pacientes com feridas

cirúrgicas,lesões infectadas,

pós-exodontias e para

prevenção da cárie e controle

de placa bacteriana *De acordo com o grau de ressecamento e desconforto labial.

**Prescritos, após consulta prévia ao médico responsável, para aqueles pacientes que relataram odinofagia

significativa.

Fontes - Adaptado a partir de Migliorati e Migliorati, 2000; Dib e Curi, 2002; Guimarães Jr, 2005;

Albuquerque e Camargo, 2007.

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45

4.2.4 Avaliação da mucosite oral

Foi realizada diariamente, sendo o grau de mucosite classificado conforme

tabela de avaliação baseada no grau de mucosite oral de acordo com a toxicidade oral

segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (FIG. 4.3).

GRAUS DE MUCOSITE

Escala

Toxicidade

oral (OMS)

0

Nenhuma

1

Sensibilidade e

eritema

2

Eritema,

úlcera,

pode

deglutir

alimentos

sólidos

3

Úlcera,

eritema

extenso,

não pode

deglutir

dieta

sólida

4

Úlcera,

mucosite

extensa, não

é possível

deglutição

FIGURA 4.3 - Grau de mucosite oral de acordo com a toxicidade oral (OMS).

4.2.5 Avaliação da dor em mucosa

A avaliação da dor provocada pela mucosite oral decorrente do tratamento

oncológico foi realizada conforme escala de Faces Wong- Baker (FIG. 4.4), com a qual o

paciente foi solicitado a fazer uma auto-avaliação diária da intensidade da dor

imediatamente antes da avaliação oral e/ou da laserterapia, sendo a mesma registrada em

ficha de registro da disfunção oral e dor (APÊNDICE – E). Os dados obtidos foram

avaliados estatisticamente em seguida.

FIGURA 4.4 - Escala de Faces Wong-Baker utilizada para avaliação da dor. Classificação da dor: 0 - sem

dor; 2 e 4 – dor leve; 6 – dor moderada; 8 – dor intensa; 10 – dor insuportável.

4.2.6 Avaliação da perda de massa corpórea

Realizada diariamente através da pesagem dos pacientes em balança específica

para este fim, sendo a massa corpórea anotada em ficha clínica (APÊNDICE – E) e ao

término do tratamento, após a obtenção da média de massa perdida em quilos por grupo, os

dados obtidos foram avaliados estatisticamente.

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46

4.2.7 Análise estatística

Foram realizadas comparações entre três protocolos empregados para a

prevenção e tratamento da mucosite oral induzida por tratamento oncológico em pacientes

portadores de câncer em cabeça e pescoço, identificando qual a freqüência, severidade e

escore de dor da mucosite oral, assim como a necessidade de uso de sonda nasogástrica,

internação e interrupção do tratamento em consequência da mesma.

Para observações descritivas foi utilizado o delineamento inteiramente

casualizado, com emprego no estudo de dispersão de freqüência através do índice de Qui-

quadrado (X²), análise de variância de Kruskal-Wallis utilizando teste de comparação

múltipla de Dunn’s para variáveis não paramétricas, enquanto que para variáveis

paramétricas utilizou-se análise de variância “one way” empregando para a comparação

múltipla entre grupos teste de Bonferrone. Foi utilizado para realização destes cálculos

estatísticos o software Prism® 5 for Windons (Graph Pad Software, Inc). Os resultados

foram considerados significantes quando p<0,05.

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47

5 - RESULTADOS

5.1 Descrição da amostra

Com relação aos dados demográficos dos 31 participantes deste estudo foi

observado que 77,5% (24/31) pertencem ao gênero masculino. A idade variou entre 28 a

83 anos (média de idade de 55,5 anos). No que diz respeito à faixa etária 74,2% (23/31)

dos pacientes apresentavam mais de 51 anos. Quanto ao nível de escolaridade observou-se

que 90,4% (28/31) dos indivíduos apresentavam baixa escolaridade ou eram analfabetos.

Com relação a atividade profissional 25,8% (8/31) eram aposentados, 29% (9/31)

lavradores e 32,2% (10/31) exerciam outras atividades tipicamente urbanas. As mulheres

apresentavam uma menor diversidade de ocupações, estando ligadas basicamente ao

trabalho doméstico (13%). A maioria dos pacientes era procedente de áreas urbanas (TAB.

5.1).

TABELA 5.1 – Distribuição em número e porcentagem dos pacientes segundo gênero,

idade, grau de escolaridade, profissão e procedência (n = 31)

Gênero Número Porcentagem

Masculino 24 77,5%

Feminino 07 22,5%

Idade

Menor que 50 08 25,8%

Maior que 51 23 74,2%

Grau de escolaridade

Analfabetos 07 22,5%

Ensino fundamental 21 67,9%

Ensino médio 02 6,4%

Ensino superior 01 3,2%

Procedência

Urbana 24 77,5%

Rural 07 22,5%

Profissão

Aposentados 08 25,8%

Lavradores 09 29%

Do lar 04 13%

Outros 10 32,2%

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48

Foram analisados os dados referentes ao câncer, seu tratamento e a frequência

e severidade de MO em 31 pacientes portadores de câncer em cabeça e pescoço

submetidos à RT exclusiva ou associada à QT adjuvante e/ou a procedimento cirúrgico,

sendo os três grupos de estudo constituidos respectivamente por 11, 9 e 11 pacientes (TAB.

5.2).

TABELA 5.2 - Distribuição dos pacientes dos grupos 1, 2 e 3: dados associados ao

câncer de cabeça e pescoço, aos seus tratamentos, ocorrência e grau máximo de

mucosite oral (CR- Cirurgia, RT – Radioterapia e QT – quimioterapia)

GRUPO 1

Nº Localização Tipo histológico Estadiamento Tratamento M. oral Gr.máx.

MO

1 Nasofaringe Carc. linfoepitelioma IV RT e QT SIM 2

2 Língua Carc. epidermóide IV CR, RT e QT SIM 4

3 Laringe Carc. epidermóide IV CR, RTe QT NÃO 0

4 Palato duro Carc. Adenóide cistico IV CR, RT e QT SIM 2

5 Lábio superior Carc. epidermóide IV RT SIM 3

6 Laringe Carc. epidermóide IV RT e QT SIM 2

7 Ass. bucal Carc. epidermóide IV CR, RT e QT SIM 4

8 Língua Carc. epidermóide IV CR, RT e QT SIM 4

9 P. amigdaliano Carc. epidermóide IV RT e QT SIM 3

10 Parótida Carc. epidermóide IV CR, RT e QT SIM 1

11 Parótida Adenocarcinoma II CR e RT SIM 1

GRUPO 2

Nº Localização Tipo histológico Estadiamento Tratamento M. oral Gr.máx

MO

1 Lábio inferior Carc. epidermóide III CR e RT SIM 2

2 Língua Carc. epidermóide III CR, RT e QT SIM 4

3 Pi amigdaliano Carc. epidermóide IV RT e QT SIM 2

4 Ass. bucal Carc. epidermóide IV CR, RT e QT SIM 4

5 Prega vocal Carc. epidermóide IV RT e QT SIM 2

6 L. amigdaliana Carc. epidermóide IV CR, RT e QT SIM 2

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TABELA 5.2 - Distribuição dos pacientes dos grupos 1, 2 e 3: dados associados ao

câncer de cabeça e pescoço, aos seus tratamentos, ocorrência e grau máximo de

mucosite oral (CR- Cirurgia, RT – Radioterapia e QT – quimioterapia)

7 Pescoço Sarc. de partes moles III CR e RT SIM 3

*8 Orofaringe Carc. epidermóide IV RT e QT SIM 1

9 Gl. submandib Carc. epidermóide III CR e RT SIM 3

GRUPO 3

Nº Localização Tipo histológico Estadiamento Tratamento M. oral Gr.max.

MO

1 Laringe Carc. epidermóide II RT NÃO 0

2 Laringe Carc. epidermóide III CR, RT e QT NÃO 0

3 Laringe Carc. epidermóide IV CR, RT e QT NÃO 0

4 Laringe Carc. epidermóide IV CR, RT e QT SIM 1

5 Parótida Carc. Adenóide cístico III CR e RT SIM 2

6 Língua Carc. epidermóide IV RT e QT SIM 4

7 Pescoço Carc. epidermóide Não se aplica RT e QT NÃO 0

8 Língua Carc. epidermóide III CR, RT e QT SIM 3

9 Língua Carc. epidermóide III RT e QT SIM 1

10 Laringe Carc. epidermóide IV CR, RT e QT SIM 1

11 Laringe Carc. epidermóide IV RT e QT SIM 2

*Paciente nº 8 do grupo 2 não desenvolveu MO grau 2 não sendo submetido a laserterapia. Portanto, seus

dados não fizeram parte da análise estatística.

Na análise dos dados, referentes ao câncer de cabeça e pescoço, foi observado

que 83,8% (26/31) dos pacientes eram portadores de carcinoma epidermóide. As

localizações mais freqüentes dos tumores primários foram 45,2% (14/31) em cavidade

oral, com destaque para língua com um total de 19,6% (6/31) dos casos, e 25,8% (8/31)

em laringe (TAB. 5.3).

Quanto ao estadiamento 64,5% (20/31) dos pacientes apresentavam doença em

estádio IV (FIG. 5.1), 25,8% (8/31) em estádio III, 6,4% (2/31) em estádio II e em 3,2%

(1/31) o estadiamento não se aplicava. Dos 28 pacientes estadiados clinicamente com

doença avançada (estadiamento III e IV) 96,4% (27/28) foram submetidos a tratamentos

associados. O único paciente em estadiamento IV submetido a RT exclusiva como forma

de tratamento, assim o foi em consequência da irresecabilidade da lesão e de suas

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condições gerais de saúde que contraindicavam a realização de QT adjuvante (TAB 5.2 e

5.3).

FIGURA 5.1 – Pacientes de diferentes grupos de estudo apresentando estadiamento III (A) e IV (B, C e

D). Caracterizados respectivamente por tumorações com infiltração em tecidos

adjacentes e/ou presença de metástases regionais significativas e/ou metástases à

distância

No que diz respeito aos métodos de tratamento oncológico oferecidos aos

participantes deste estudo 6,4% (2/31) foram submetidos exclusivamente a RT, 32,2%

(10/31) a RT e QT, 45,2% (14/31) a CR, RT e QT e 16,1% (5/31) a RT e CR (TAB. 5.3).

Do total de pacientes 77,4% (24/31) foram submetidos à RT e QT adjuvante

independente de serem submetidos ou não a CR (TAB. 5.3). Dos pacientes submetidos a

QT adjuvante 12,5% (3/24) foram submetidos a esquema quimioterápico constituído por

quatro a cinco dias de infusão contínua de 5-FU in bolus com cisplatina em ambiente

hospitalar e 87,5% (21/24) a cisplatina 40 mg/m2 semanal durante o tratamento

radioterápico (TAB. 5.4).

A B

C D

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TABELA 5.3 - Número e porcentagem de pacientes segundo tipo histológico,

localização, estadiamento do câncer e tratamento (n = 31)

Tipo Histológico Número Percentagem

Carcinoma epidermóide 26 83,8%

Carcinoma adenóide cístico 02 6,4%

Sarcoma de partes moles 01 3,2%

Carc. linfoepitelioma 01 3,2%

Adenocarcinoma 01 3,2%

Tumor primário

Cavidade oral 14 45,2%

Gl. Salivares maiores 04 12,9%

Laringe 08 25,8%

Faringe 02 6,4%

Pescoço 02 6,4%

Prega vocal 01 3,2%

Estadiamento

Não se aplica 01 3,2%

I --- ---

II 02 6,4%

III 08 25,8%

IV 20 64,5%

Tratamento

RT

CR e RT

RT e QT

CR, RT e QT

02

05

10

14

6,4%

16,1%

32,2%

45.2%

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TABELA 5.4 – Distribuição por grupos do número e porcentagem de pacientes

segundo tratamento quimioterápico a que foram submetidos

Quimioterapia

Grupos Nºde pacientes Submetidos à

quimioterapia

Cisplatina Cisplatina+5 FU

Grupo 1 11 (100%)

9 (82%) 7 (77,7%) 2 (22,2%)

Grupo 2 9 (100%)

6 (66,6%) 5 (83,3%) 1 (16,6%)

Grupo 3 11 (100%)

9 (82%) 9 (100%) 0 (0%)

Total 31 (100%)

24 (77,4%) 21 (87,5%) 3 (12,5%)

Dos pacientes participantes deste estudo 61,2% (19/31) eram tabagistas,

25,8% (8/31) ex-tabagistas e 13% (4/31) nunca haviam fumado. Com relação ao consumo

de álcool 61,2% (19/31) pacientes eram etilistas, 19,4% (6/31) ex-etilistas e 19,4% (6/31)

negaram o consumo de bebida alcoólica. Neste estudo clínico foram considerados ex-

tabagistas e ex-etilistas aqueles pacientes que haviam abandonado o vício há mais de dois

anos. Tal conduta também foi adotada por Abdo et al. (2002). Do total de pacientes 45,2%

(14/31) associavam o consumo de tabaco e álcool antes do diagnóstico (TAB. 5.5). Todos

os pacientes foram orientados, a partir do momento do diagnóstico, a suspender tais

hábitos.

TABELA 5.5 – Número e porcentagem de pacientes segundo hábitos associados ao

desenvolvimento de câncer em cabeça e pescoço

Hábitos associados à genese do câncer de cabeça e pescoço

Fumantes 19 61,2%

Ex-fumantes 08 25,8%

Nunca fumaram 04 13%

Etilistas 19 61,2%

Ex-etilistas 06 19,4%

Nunca beberam 06 19,4%

Fumantes e etilistas 14 45,2%

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Entre os efeitos colaterais agudos comuns ao tratamento para o câncer de

cabeça e pescoço os manifestados com maior frequência pelos pacientes deste estudo

clínico foram xerostomia (diminuição ou cessação do fluxo salivar) em 96,7% (30/31),

disgeusia (distúrbios de paladar) em 90,3% (28/31), odinofagia (dor ao deglutir) em 90,3%

(28/31), mucosite oral em 83,8% (26/31), e candidíase em 22,5% (7/31) (FIG. 5.2).

FIGURA 5.2 – Apresentações clínicas de complicações decorrentes do tratamento

oncológico- mucosite oral: A – Grau 1; B – Grau 2; C – Grau 3; D –

Grau 4; E e F – Candidíase pseudomembranosa em ventre, dorso e

borda lateral de língua

A B

C D

D E

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5.2 Ocorrências de mucosite oral

Neste estudo clínico foram analisados um total de 31 pacientes, sendo que

83,8% (26/31) desenvolveram algum grau de MO. Assim, dos pacientes do grupo 1, 90,9%

(10/11) desenvolveram algum grau de MO. Para o grupo 2, 100% (9/9) desenvolveram

algum grau de MO, porém um dos pacientes apresentou apenas MO grau 1, não sendo

submetido a laserterapia conforme o protocolo pré-estabelecido, assim seus dados foram

excluidos da análise estatística de comparação. Para os 11 pacientes que integravam o

grupo 3, 66,7% (7/11) apresentaram algum grau MO. Não houve diferença estatisticamente

significante com relação à ocorrência de MO quando comparado o número de pacientes

dos 3 grupos de estudo (Kruskal-Wallis p=0,0711).

Entretanto, quando analisada a ocorrência de MO por pacientes durante as

sessões de tratamento, verificou-se a existência de significância estatística e a presença de

diferenças entre os grupos de estudo. Demomstrando que o grupo 3 é estatisticamente

diferente do grupo 1 e 2, e que os grupos 1 e 2 são estatisticamente iguais (TAB. 5.6).

TABELA 5.6 – Análise estatística entre os grupos de estudo para ocorrência de MO

durante as sessões de tratamento

Tabela de análise

Teste de Kruskal-Wallis

Valor P

Número de grupos

Estatística

<0.0001

3

25.73

Teste de Dunn’s Diferença das somas Significância p< 0.05

Grupo 1 x 2

Grupo 1 x 3

Grupo 2 x 3

16.86

36.41

19.56

Não

Sim

Sim

Quando comparadas estas diferenças entre os grupos 1 e 3 observou-se um

fator de proteção significativo, conforme tabela 5.7 Quí-quadrado. Possibilitando inferir

que o emprego do laser não inibiu a ocorrência de MO na maioria dos pacientes do grupo

3, mas ao observar por sessão esta ocorrência, verificou-se que os pacientes do referido

grupo, ou seja, aqueles submetidos a laserterapia a partir da primeira sessão de RT

apresentaram uma menor ocorrência da mesma, com Qui-quadrados significativos entre as

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9ª e 18ª sessões, que correspondem às 2ª, 3ª e 4ª semanas de tratamento, exibindo um fator

de proteção (Odds Ratio) para o seu estabelecimento.

FIGURA 5.3 – Representação gráfica da ocorrência de MO por pacientes* segundo

sessões de tratamento. * A ocorrência de MO foi analisada a partir de seu

surgimento até a 35ª sessão de tratamento

A MO teve início na 8º, 9º e 12º sessão respectivamente para os grupos 1, 2, e

3 (FIG. 5.3), demonstrando que a utilização do laser a partir da primeira sessão de RT

retardou em 4 sessões a ocorrência de MO. Proporcionando assim, entre as 8º e 11º sessões

um risco relativo igual à zero (P=0.0014), demonstrando que o laser foi um fator de

prevenção de ocorrência para a MO. Na 12ª sessão, o risco relativo apresentado foi de 0,25

(P=0,0102), demonstrando que o laser em sua forma preventiva mostrou-se 0,25 vezes

mais efetivo na prevenção da ocorrência da MO (TAB. 5.7).

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TABELA 5.7 - Qui-quadrado para fator de proteção referente à ocorrência de MO

Sessões de

Tratamento Q² P RR IC - RR OR IC - OR

8ª 2.2 0,1380 0 Infinito 0.1652 0.007035 a 3.880

9ª 4,889 0,027* 0 Infinito 0.072 0.0033 a 1.552

10ª 8.25 0.0041* 0 Infinito 0.03679 0.001740 a 0.7779

11ª 10.27 0.0014* 0 Infinito 0.02609 0.001218 a 0.5585

12ª 6.6 0.0102* 0.25 0.06779 a

0.9220

0.08333 0.01097 a 0.6328

13ª 4.545 0.033* 0.375 0.1338 a

1.051

0.1406 0.02152 a 0.9188

14ª 4.701 0.0301* 0.44 0.1938 a

1.019

1270 0.01781 a 0.9054

15ª 3.143 0.0763 ----- ----- ----- -----

16ª 4.701 0.0301* 0.44 0.1938 a

1.019

0.127 0.01781 a 0.9054

17ª 7.071 0.0078* 0.44 0.1790 a

0.8938

0.05714 0.005208 a 0.6270

18ª 5.238 0.0221* 0.5 0.2548 a

0.9810

0.08333 0.00775 a 0.8952

19ª 3.143 0.0763 ----- ----- ----- -----

20ª 3.143 0.0763 ----- ----- ----- -----

21ª 3.143 0.0763 ----- ----- ----- -----

22ª 3.143 0.0763 ----- ----- ----- -----

23ª 1.692 0.1933 ----- ----- ----- -----

24ª 3.143 0.0763 ----- ----- ----- -----

25ª 3.143 0.0763 ----- ----- ----- -----

26ª 4.701 0.0301* 0.44 0.1938 a

1.019

0.127 0.01781 a 0.9054

27ª 3.143 0.0763 ----- ----- ----- -----

28ª 1.692 0.1933 ----- ----- ----- -----

29ª 2.933 0.0868 ----- ----- ----- -----

30ª 4.701 0.0301* 0.44 0.1938 a

1.019

0.127 0.01781 a 0.9054

31ª 2.933 0.0868 ----- ----- ----- -----

32ª 2.933 0.0868 ----- ----- ----- -----

33ª 2.933 0.0868 ----- ----- ----- -----

34ª 2.933 0.0868 ----- ----- ----- -----

35ª 8.33 0.0039* 0.3 0.1164 a

0.7734

0.0311 0.001357 a 0.7131

*Presença de significância estatística.

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57

5.3 Severidade de MO

Com relação aos graus de MO foi observado clinicamente que os pacientes do

grupo 3 apresentaram, durante o tratamento oncológico, menor severidade de MO do que

os pacientes do grupo 1 e 2. Verificando a figura 5.4 e a tabela 5.8 observou-se que os

pacientes do grupo 3, quando comparados aos pacientes dos demais grupos de estudo,

apresentaram graus mais amenos de MO durante todo o tratamento e sinalizaram ao final

do mesmo com uma tendência a redução das médias dos graus de MO. Com relação a

obtenção do grau máximo de MO, este ocorreu geralmente entre a 17ª e a 30ª sessão,

equivalente a 4ª e 6ª semanas de RT. Não sendo obrigatoriamente coincidente ou

imediatamente precedido ou sucedido pelo escore máximo de dor ocasionado pela mesma.

Maior coincidência entre grau máximo de MO e escore máximo de dor ocorreram no grupo

2 (33,3%) (TAB. 5.9).

FIGURA 5.4 – Representação gráfica das médias e desvio padrão dos graus de MO

durante sessões de tratamento dos pacientes, segundo grupos de

estudo. * As média dos graus de MO foram analisados a partir de seu surgimento

até a 35ª sessão de tratamento

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58

TABELA 5.8 – Análise da representação gráfica 5.4 determinando a área sob a curva

para as médias dos graus de MO segundo sessões de tratamento para os grupos de

estudo

Linha de base Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

Área total

Área total dos picos

Número de picos

Pico Máximo X (sessões)

Pico máximo de Y (média dos

graus de MO)

40.47

40.47

1.000

26.00

2.000

40.83

40.83

1.000

27.00

2.125

18.21

18.21

6.000

1.000

0.9091

TABELA 5.9 - Ocorrência de grau e escore máximo de dor de MO durante RT e ao

final da mesma, segundo diferentes grupos de estudo

GRUPO 1 – Tratamento medicamentoso

Pac Grau Máx

de MO

Sessão de RT Esc. Máx de

dor

Sessão de

RT

Grau de MO

ao final da

RT

Esc. de dor

ao final da

RT

1 2 8ª 2 19ª 2 2

2 4 26ª 10 27ª 4 6

3 0* ---- 0 ---- 0 0

4 2 12ª 6 20ª 1 4

5 3 29ª 6 28ª 1 6

6 2 10ª 2 11ª 2 0

7 4 25ª 4 15ª 0 0

8 4 23ª 8 13ª 3 2

9 3 30ª 2 28ª 2 2

10 1 17ª 0 ---- 1 0

11 1 14ª 4 16ª 0 4

*Pacientes que não desenvolveram MO durante o tratamento oncológico.

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59

TABELA 5.9 - Ocorrência de grau e escore máximo de dor de MO durante RT e ao

final da mesma, segundo diferentes grupos de estudo

GRUPO 2 – Tratamento medicamentoso e laser a partir do início da ulceração referente à

mucosite grau 2

Pac Grau Máx

de MO

Sessão de RT Esc. Máx de

dor

Sessão de

RT

Grau máx. de

MO ao final

da RT

Esc. de dor

ao final da

RT

1 2 33ª 2 1ª 2 2

2 4 23ª 4 17ª 3 4

3 2 13ª 8 25ª 2 6

4 4 19ª 6 19ª 4 6

5 2 14ª 4 31ª 0 4

6 2 14ª 4 14ª 1 2

7 3 14ª 2 14ª 2 0

8* 1 30ª 8 35ª 1 8

9 3 20ª 4 18ª 2 0

*Paciente nº 8 não desenvolveu MO grau 2 não sendo submetido a laserterapia, portanto seus dados não

fizeram parte da análise estatística.

GRUPO 3 - Tratamento medicamentoso e laser diário iniciado imediatamente antes do

início da RT, sendo empregado até o final da mesma

Pac Grau Máx de

MO

Sessão de RT Esc. Máx de

dor

Sessão de

RT

Grau máx. de

MO ao final

da RT

Esc. Máx de

dor ao final

da RT

1 0* ---- 4 35ª 0 4

2 0* ---- 4 13ª 0 2

3 0* ---- 2 14ª 0 2

4 1 14ª 0 ---- 0 0

5 2 27ª 0 --- 1 0

6 4 17ª 4 4ª 4 0

7 0* ---- 4 12ª 0 2

8 3 14ª 6 11ª 3 4

9 1 12ª 4 11ª 1 0

10 1 15ª 0 ---- 0 0

11 2 18ª 8 28ª 0 4

*Pacientes que não desenvolveram MO durante o tratamento oncológico.

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60

Para verificação da severidade de MO entre os grupos de estudo foi realizada

análise de variância do tipo não paramétrica de Kruskal-Wallis determinando que existem

diferenças estatisticamente significantes entre os grupos. Quando comparado um grupo ao

outro, pelo teste Multíplo de Dunn's, revelaram-se ser iguais os grupos 1 e 2, e

estatisticamente diferente o grupo 3 dos demais grupos (FIG. 5.5 e TAB. 5.10).

Analisando a tabela 5.9 é possível observar que apesar de apresentarem graus

amenos de MO, grau 1 e 2 respectivamente, o paciente número 8 do grupo 2 e o paciente

número 11 do grupo 3 evoluiram com dor intensa (escore 8). A princípio tal intensidade de

dor não pode ser atribuida à MO, sendo esta associada possivelmente a outras

complicações bucais, tais como: xerostomia e odinofagia. Porém, é possível observar que o

paciente do grupo 3, apresentou maior intensidade de dor na 18ª sessão que representa a 4ª

semana de tratamento, concluindo o mesmo (35ª sessão) com escore de dor 4. Já o paciente

do grupo 2 apresentou maior escore de dor na 30ª sessão de tratamento (6ª semana)

mantendo a mesma intensidade da dor até a conclusão do mesmo que ocorreu na 35ª sessão

(7ª semana). Portanto, é importante observar que o paciente do grupo 3, submetido a

laserterapia diária a partir da primeira sessão de RT evoluiu com redução da intensidade

da dor, concluindo o tratamento em situação mais confortável, do que o paciente número 8

do grupo 2, que não foi submetido a laserterapia, pois não apresentou ulcerações em boca

(MO grau 2), que cursou com a mesma intensidade de dor até o final do tratamento.

FIGURA 5.5 – Médias e desvio padrão dos graus de MO durante as sessões de RT,

segundo grupos de estudo

a

a

a

b

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61

TABELA 5.10 – Análise estatística entre os grupos para intensidade de mucosite oral

entre os grupos de estudo

Tabela de análise

Teste de Kruskal-Wallis

Valor P

Número de grupos

Estatística

<0.0001

3

19.62

Teste de Dunn’s Diferença das somas Significância p< 0.05

Grupo 1 x 2

Grupo 1 x 3

Grupo 2 x 3

-1.829

26.73

28.56

Não

Sim

Sim

Com relação a análise das médias dos graus de MO foi possível observar que

os pacientes do grupo 3 apresentaram menor média do que aquelas observadas nos

pacientes dos grupos 1 e 2 respectivamente (FIG. 5.5).

5.4 Escore de dor

Com relação às médias do escore de dor no decorrer das 35 sessões de RT não

foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos 1 x 3,

entretanto, diferenças estatisticamente significantes foram obtidas entre os grupos 1 x 2 e

2 x 3 (FIG. 5.6) (TAB 5.11). Porém, ao analisar as médias do escore de dor a partir da 20º

sessão de RT, equivalente ao início da 5ª semana de tratamento, foi constatada a presença

de diferenças estatisticamente significantes entre os três grupos de estudo (FIG. 5.7 e TAB

5.12). Comprovando que o uso do LBI a partir da primeira sessão de RT mostrou-se

efetivo na diminuição da dor e consequentemente do desconforto bucal, contribuindo para

uma melhor qualidade de vida dos pacientes em tratamento oncológico.

Para o grupo 3 o pico máximo de dor ocorreu na 13º sessão apresentando 2

como média do escore de dor, enquanto a média de escore de dor para os grupo 1 e 2 foram

respectivamente de 3,273 e 3.5, com os picos máximos de dor ocorrendo nas 31º e 26º

sessões. Assim, comprovando que as médias de intensidade da dor foram maiores e

ocorreram mais tardiamente nos grupos 1 e 2 (FIG. 5.8).

Quando comparadas as médias de intensidade de dor ao final do tratamento é

possível observar que os grupos 3 e 2 apresentaram tendência a diminuição das mesmas, o

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62

mesmo não ocorrendo com relação ao grupo 1 que ao final do tratamento sinalizaram

claramente o contrário (FIG.5.8).

FIGURA 5.6 - Médias do escore de dor e desvio padrão segundo grupos de estudo no

decorrer do tratamento

FIGURA 5.7 - Médias do escore de dor segundo grupos de estudo a partir da 20ª

sessão de tratamento

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63

FIGURA 5.8 - Representação gráfica das médias de escore de dor durante o

tratamento oncológico segundo grupos de estudo

TABELA 5.11 - Análise de variância das médias do escore de dor segundo grupos de

estudo no decorrer do tratamento

One Way Análise de variância

Valor de p

Número de grupos

F

R

P<0.0001

3

12.83

0.201

ANOVA SS DF MS

Tratamento

Residual

Total

14.1

56.05

70.15

2

102

104

7.05

0,5495

Bonferroni D. Média Significância IC 95%

Grupo 1 x 2

Grupo 1 x 3

Grupo 2 x 3

-0.4734

0.4238

0.8972

Sim

Não

Sim

-0.9047 a- 0.04204

-0.007502 a 0.8551

0.4659 a 1.329

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64

TABELA 5.12 - Análise de variância das médias do escore de dor após a 20º sessão de

tratamento

One Way Análise de variância

Valor de p

Número de grupos

F

R

P<0.0001

3

85.05

0.7908

ANOVA SS DF MS

Tratamento

Residual

Total

15.61

4.131

19.75

2

45

47

7.807

0.09180

Bonferroni D. Média Significância IC 95%

Grupo1 x 2

Grupo 1 x 3

Grupo 2 x 3

-0.5883

0.8032

1.392

Sim

Sim

Sim

0.857 a 0.3219

0.5369 a 1.070

1.125 a 1.658

5.5 Uso de sonda nasogástrica

Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos

de estudo com relação ao uso de sonda nasogástrica em decorrência da MO, obtendo os

seguintes valores para o Teste exato de Fisher quando comparado os Grupo 3 x 2 com

p=0,5459; Grupos 3 x 1 com p=0,5865; e Grupos 2 x 1 com p=1. Entretanto, clinicamente

foi observado a necessidade do seu uso em três pacientes do grupo 1 (FIG. 5.9), dois

pacientes do grupo 2 e em somente um paciente do grupo 3.

FIGURA 5.9 – Uso de sonda nasogástrica em paciente do grupo 1 com MO grau 4 em

mucosa jugal e borda lateral de língua

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65

5.6 Internação hospitalar

Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos

de estudo com relação a internação hospitalar em decorrência da MO, sendo a mesma

necessária em apenas 1 paciente do Grupo 1 que no momento da internação apresentava

MO grau 4, uso de sonda nasogástrica e dor insuportável associada à mesma. A internação

durou 5 dias e o paciente foi liberado após remissão da dor e melhora de seu quadro clínico

(TAB. 5.13).

TABELA 5.13 – Tratamentos e ocorrência de complicações decorrentes da MO

segundo diferentes grupos de estudo Pac Grupo Localização Tratamento Porc. de

perda de m.

corpórea.

Uso de

SNG

Internação

hospitalar

Interrupção

do

tratamento

2 1 Língua CR, RT e QT 13,8% Sim Sim Não

7 1 Assoalho

bucal

CR, RT e QT 11,6% Sim Não Não

8 1 Língua CR, RT e QT 7% Sim Não Não

2 2 Língua CR, RT e QT 5,9% Sim Não Não

4 2 Assoalho

bucal

CR, RT e QT 16% Sim Não Não

6 3 Língua RT e QT 6,6% Sim Não Não

5.7 Interrupção do tratamento

Não foi observada a necessidade de interrupção do tratamento em decorrência

da MO, para nenhum dos participantes deste estudo. Entretanto, um paciente do grupo 1 e

um paciente do grupo 2 interromperam o tratamento oncológico respectivamente em

conseqüência de problemas respiratórios e comprometimento acentuado de seu quadro

clínico geral. No momento da interrupção do tratamento os pacientes apresentavam

respectivamente graus 3 e 1 de MO. A interrupção e a retomada do tratamento oncológico

foram determinadas por ordem do médico responsável pelos pacientes em questão.

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66

5.8 Perda de massa corpórea

Para obtenção da comparação das médias de perda de massa corpórea foi

realizada análise de variância seguida do teste de Bonferroni (TAB 5.14). A média de

massa corpórea perdida entre os grupos foi praticamente equivalente (P=0,0906). Quando a

perda de massa corpórea foi comparada no início (1ªsessão) e no final do tratamento (35ª

sessão), observou-se que entre os grupos 1 e 3 as médias de perda de massa corpórea foram

equivalentes, respectivamente 5.600 (8,9%) e 5.791 kg (8,7%). A média de perda de massa

corpórea foi maior nos pacientes do grupo 2, sendo a mesma de 8.125 kg (12,96%) (TAB

5.15). É possível inferir através da análise da figura 5.10 que a partir da 20ª sessão de RT, a

média de perda de massa corpórea foi mais pronunciada nos pacientes do grupo 2,

mantendo-se desta forma até a conclusão do tratamento (35ª sessão).

Entretanto, no decorrer de toda a RT a média de massa corpórea perdida pelos

pacientes em relação a cada grupo de estudo foi respectivamente, G1: -3,405 (DP: 1,598);

G2: - 4,130 (DP: 2,883); e G3: -3,002 (DP: 1,753) (FIG. 5.11 e TAB. 5.16).

FIGURA 5.10 – Representação gráfica da redução de massa corpórea por grupo de

estudo ao longo do tratamento

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67

FIGURA 5.11 – Representação gráfica da média de redução de massa corpórea por

grupo de estudo

TABELA 5.14 - Análise de variância das médias de perda de massa corpórea segundo

grupos de estudo

One Way Análise de variância

Valor de P

Número de grupos

F

R

P=0.0906

3

2.458

0.04598

ANOVA SS DF MS

Tratamento

Residual

Total

22.84

473.9

496.7

2

102

104

11.42

4.646

Bonferroni D. Média Significância IC 95%

Grupo 1 x 2

Grupo 1 x 3

Grupo 2 x 3

0.7245

-0.4027

-1.127

Não

Não

Não

-0.5297 a 1.979

-1.657 a 0.8514

-2.381 a 0.1269

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68

TABELA 5.15 - Distribuição dos pacientes: dados associados à perda de massa

corpórea entre a 1ª e 35ª sessão de RT em Kg e porcentagem e sua relação com grau

máximo de MO e escore máximo de dor durante o tratamento

GRUPO 1 Nº Massa corp ao

início do

tratamento

Massa corp ao

final do

tratamento

Total de massa

corp perdida

em Kg e %

Grau máximo

de MO

Escore máximo de

dor durante o

tratamento

1 53.000 48.100 4.900 / 9.2% 2 2

2 75.000 64.600 10.400 / 13.8% 4 10

3 58.700 54.900 3.800 / 6,4% 0 0

4 68.700 64.600 4.100 / 5.9% 2 6

5 49.500 45.000 4.500 / 9,0% 3 6

6 51.100 48.900 2.200 / 4,3% 2 2

7 67.700 59.800 7.900 / 11,6% 4 4

8 42.400 39.400 3.000 / 7.0% 4 4

9 57.300 51.100 6.200 / 10,8% 3 3

10 72.500 63.000 9.500 / 13% 1 1

11 73.300 67.900 5.400 / 7,3% 1 1 Média de perda de massa corpórea dos pacientes obtida através da comparação entre a 1ª e 35ª sessão de RT

em Kg: 5.600Kg. Média de perda de massa corpórea em %: 8,9.

GRUPO 2 Nº Massa corp

ao início do

tratamento

Massa corpórea

ao final do

tratamento

Total de massa

corpórea perdida

Grau máximo

de MO

Escore máximo de

dor durante o

tratamento

1 53.400. 50.000 3.400 / 6,3% 2 2

2 81.000 76.200 4.800 / 5,9% 4 4

3 61.900 49.500 12.400 / 20,3% 2 8

4 60.000 50.400 9.600 / 16% 4 6

5 61.900 50.700 11.200 / 18,1% 2 4

6 65.400 55.800 9.600 / 14,6% 2 4

7 60.000 52.400 7.600 / 12,6% 3 2

8* 48.200 41.500 6.700 / 17% 1 8

9 64.400 58.000 6.400 / 9,9% 3 4 *Paciente nº 8 não desenvolveu MO grau 2 não sendo submetido a laserterapia, portanto seus dados não

fizeram parte da análise estatística.

Média de perda de massa corpórea obtida através da comparação entre a 1ª e 35ª sessão de RT em Kg:

8.125Kg. Média de perda de massa corpórea em %: 12,96.

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69

GRUPO 3 Nº Massa corp

ao início do

tratamento

Massa corp ao

final do

tratamento

Total de massa

corpórea perdida

Grau máximo

de MO

Escore máximo de

dor durante o

tratamento

1 69.900 64.200 5.700 / 8,1% 0 4

2 63.200 55.900 7.300 / 11,5% 0 4

3 74.700 66.600 8.100 / 10,8% 0 2

*4 62.900 64.200 + 1.300 / 2.0% 1 0

5 93.800 90.100 3.700 / 3,9% 2 0

6 49.500 46.200 3.300 / 6,6% 4 4

7 42.400 37.100 5.300 / 12,5% 0 4

8 67.200 58.100 9.100 / 13,5% 3 6

9 60.200 54.400 5.800 / 9,6% 1 4

10 86.100 77.400 8.700 / 10,1% 1 0

11 66.900 58.900 8.000 / 11,9% 2 8 Média de perda de massa corpórea obtida através da comparação entre a a 1ª e 35ª sessão de RT em Kg:

5.791Kg . Média de perda de massa corpórea em %: 8,7.

* Único paciente entre toda a população estudada a apresentar ganho de massa corpórea.

TABELA 5.16 - Análise de variância das médias de perda de massa corpórea segundo

grupos de estudo

One Way Análise de variância

Massa corpórea Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

Valor máximo de perda

Mediana

Valor mínimo de perda

-5.391

-3.936

0.0000

-11.04

-3.625

0.0000

-5.460

-3.409

0.08182

Média

Desvio padrão

Erro padrão

-3.405

1.598

0.2701

-4.130

2.883

0.4873

-3.002

1.753

0.2964

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70

Apesar de não existirem diferenças estatisticamente significantes entre os

grupos de estudo para a média de perda de massa corpórea durante o decorrer do

tratamento oncológico (TAB. 5.14), observa-se que a perda de massa corpórea por paciente

foi mais acentuada no grupo 2, e que esta não obrigatoriamente coincidiu com os graus

mais intensos de MO (graus 3 e 4) (TAB 5.15). É importante observar que, apesar de um

maior número de pacientes do grupo 3 não apresentar MO, este fator não foi determinante

na média da perda de massa corpórea, podendo a mesma estar associada a outros fatores

como odinofagia, xerostomia, disgeusia, dificuldades de mastigação e deglutição, assim

como a dor ocasionada pelo câncer, cuja análise não foi objetivo deste estudo. Porém,

analisando-se a Tabela 5.15, chama atenção o fato de apenas um paciente, participante do

grupo 3, apresentar ganho de massa corpórea durante o tratamento oncológico.

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71

6 - DISCUSSÃO

Apesar das diversificadas metodologias empregadas em diferentes estudos,

resultados clínicos e funcionais satisfatórios têm sido obtidos no tratamento da MO com o

emprego do LBI sendo observada redução da morbidade nos pacientes tratados com laser

quando comparados com os pacientes controle, com conseqüente melhora da qualidade de

vida dos mesmos (Biron et al., 2000; Rampini et al., 2009).

Durante o período de maio de 2009 a outubro de 2010, um total de 53 pacientes

foram randomizados para desenvolvimento de estudo clínico, destes 22 não puderam por

motivos de ordem clínica, pessoal ou particular completar o esquema de tratamento

proposto, enquanto que 31 pacientes completaram corretamente o esquema de tratamento

preconizado. Todos os pacientes foram submetidos à RT em região de cabeça e pescoço

sendo permitida a associação com CR e/ou QT.

Com relação à faixa etária, gênero, procedência e escolaridade, os achados

corroboram os dados encontrados por Abdo et al., (2002) e Brener et al., (2007) que

relataram uma maior incidência da doença em homens a partir da 4ª década de vida, com

baixo grau de instrução e provenientes em sua maioria de zona urbana.

Dos pacientes participantes deste estudo 61,2% faziam ou fizeram uso isolado

ou em associação de tabaco e álcool. Tais dados são condizentes com aqueles relatados por

Brasil (1996), demonstrando um claro envolvimento do fumo e do álcool com o câncer,

sendo esta associação responsável por um maior aumento do risco que a soma de cada

fator isolado. O aumento do risco de desenvolvimento do câncer bucal pelo efeito

simultâneo do tabaco e do álcool também foi relatado por Neville e Day (2002).

A análise de dados referentes ao câncer de cabeça e pescoço no que diz

respeito ao tipo histológico e localização está de acordo com Dobrossy (2004) para o qual

a maioria dos cânceres de cabeça e pescoço são do tipo carcinoma epidermóide e

ocorrem, preferencialmente, em cavidade oral e laringe. Porém esta análise difere de

Sawada et al. (2006), que observaram laringe como o sítio anatômico mais comum para o

câncer de cabeça e pescoço.

No que diz respeito ao estadiamento, apesar deste estudo clínico apresentar um

maior índice de pacientes com doença avançada, cerca de 90%, os dados são condizentes

com os relatados por Brasil (2009b) e Herchenhorn e Dias (2004) em que

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72

aproximadamente 60% dos pacientes que chegam ao hospital com câncer de cabeça e

pescoço apresentam doença avançada nos estádios III e IV.

Segundo estudo desenvolvido por Rapoport et al., (2001) a seleção do

tratamento deve levar em consideração às necessidades de cada caso em particular, tendo

como base os resultados esperados de tempo e qualidade de vida. Para os tumores em

estádio II o mesmo resultado oncológico pode ser obtido com CR ou RT. Para os pacientes

com estadiamento III e IV, ressecáveis associa-se a CR à RT e/ou QT. O mesmo é dito por

Specenier e Vermorken (2008). Nossos dados estão de acordo com a afirmação dos autores

acima, visto que a maioria dos pacientes portadores de doença em estadiamento III e IV

foram submetidos a tratamentos associados.

Este estudo clínico deve o cuidado de igualar as condições de higiene oral dos

pacientes, oferecendo tratamento odontológico de suporte pré, trans e pós-tratamento

oncológico com o intuito de prevenir e/ou minimizar as complicações orais decorrentes do

tratamento oncológíco. Tal conduta é aceita por Mcguire et al., (2006), para os quais a

prevenção da MO inicia-se com uma avaliação prévia ao tratamento oncológico, e consiste

na otimização da higiene oral, profilaxia dental e erradicação de focos de infecção. Tal fato

é corroborado por Sonis (1998) e Rampini et al., (2009), para os quais a presença de

fatores como infecção dentária pré-existente, higiene oral deficiente e dentes fraturados

podem aumentar a incidência e a severidade das alterações bucais decorrentes do

tratamento do câncer de cabeça e pescoço.

Estudos realizados por Dib et al., (2000) e Rubira et al., (2007) sobre a

abordagem multidisciplinar das complicações orais da RT em pacientes com câncer de

cabeça e pescoço permitiram concluir que a mucosite, xerostomia, disgeusia são

complicações comuns a este tipo de tratamento, sendo a MO o efeito agudo de maior

freqüência e o maior fator dose limitante para a RT em cabeça e pescoço. Para Caccelli e

Rapoport (2008) a xerostomia é a segunda alteração bucal mais comum do tratamento

oncológico, sendo precedida apenas pela MO. Neste estudo a xerostomia apresentou maior

incidência que a MO o que nos faz acreditar que a adoção de medidas preventivas e

terapêuticas, incluindo a utilização do LBI em sua forma preventiva atuou minimizando a

ocorrência e severidade da mesma.

Compreendemos como emprego preventivo do LBI, sua aplicação sobre a

mucosa oral de pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço submetidos a RT

exclusiva ou a RT associada a QT, na ausência de qualquer sintomatologia clínica de

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73

mucosite instalada. Assim, como entendemos como emprego terapêutico, sua aplicação

sobre a mucosa oral após a ocorrência de sinais clínicos associados à MO.

A avaliação dos dados referentes à ocorrência de MO segundo o número de

pacientes mostrou que os pacientes do grupo 3 não apresentaram diferença estatística

significante quando comparados aos pacientes dos demais grupos. Porém, clinicamente o

uso do LBI em sua forma preventiva se mostrou mais eficiente na prevenção da MO do

que as outras formas de tratamento aqui empregadas. Entretanto, quando analisada a

ocorrência de MO por pacientes durante as sessões de RT, verificou-se a existência de

significância estatística entre os grupos de estudo, demonstrando que o grupo 3 foi

estatisticamente diferente do grupo 1 e 2, não havendo diferença estatisticamente

significativa entre os dois últimos grupos citados anteriormente. Estes dados corroboram a

eficiente ação preventiva do laser na inibição da ocorrência de MO.

Tais dados são condizentes com aqueles relatados por Bensadoun et al. (1999),

que realizaram estudo randomizado com 30 pacientes portadores de câncer em cabeça e

pescoço submetidos a tratamento radioterápico, obtendo bons resultados na diminuição da

incidência e da gravidade da dor da MO radioinduzida. Resultados semelhantes foram

obtidos por Genot-Klastersky et al. (2008) em dois estudos clínicos prospectivos com a

finalidade de testar a eficiência do LBI na prevenção da MO radio e/ou quimioinduzida. O

primeiro com 26 pacientes portadores de tumores sólidos tratados com QT, e o segundo

com 36 pacientes portadores de tumores hematológicos tratados com QT e RT intensivas

antes do transplante de medula, estudo randomizado com 18 pacientes tratados com LBI e

18 com laser placebo.

Foi encontrada diferença estatística significante entre os diferentes grupos

quanto a severidade dos graus de MO, evidenciando que os pacientes do grupo 3,

submetidos à laserterapia preventiva, evoluíram com graus mais amenos de MO do que os

pacientes do grupo 2 e 1, respectivamente submetidos a laser a partir do surgimento de

MO grau 2 e a tratamento medicamentoso exclusivo. Não foram observadas diferenças

estatisticamente significativas entre os grupos 1 e 2. Os dados deste estudo clínico estão de

acordo com Cowen et al., (1997) que realizaram estudo randomizado duplo cego com 30

pacientes submetidos a transplante de medula óssea e RT com o intuito de comparar a

evolução da MO, mostrando que o uso do LBI retardou o início, reduziu a severidade e a

duração da MO, promovendo a redução da dor decorrente da mesma, e considerando a

aplicação do laser em sua forma preventiva mais efetiva que a curativa para a prevenção e

tratamento da MO induzida por tratamento oncológico.

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74

A mesma opinião é compartilhada por Biron et al., 2000, segundo os quais o

uso do LBI é um procedimento promissor, sendo largamente demonstrando que a

laserterapia retarda o início, diminui a severidade, encurta a duração da MO especialmente

nos pacientes submetidos a transplante de medula óssea. Sendo as aplicações curativas do

laser aparentemente menos efetivas do que seu uso preventivo.

Dib et al., (2000) em seu trabalho sobre fatores de risco para a MO severa

induzida por RT avaliou 100 pacientes concluindo que os quadros mais severos de MO

foram observados a partir da 5ª semana de tratamento, e geralmente estavam associados a

importante sintomatologia dolorosa e significativo impacto sobre a capacidade de ingestão

de alimentos.

Neste estudo clínico a avaliação dos dados referentes ao escore de dor durante

o tratamento oncológico não demonstrou diferença estatisticamente significativa entre o

grupo 3 e o grupo 1. Sendo a mesma encontrada quando comparados os grupos 1 e 2 e 2 e

3. Porém ao se analisar as médias de escore de dor a partir da 5ª semana de tratamento

constatou-se a presença de diferenças estatisticamente significativas entre os grupos.

Demonstrando que o uso do laser em sua forma preventiva resultou em menores médias de

escore de dor, contribuindo para a melhora da qualidade de vida dos pacientes em questão.

Não observamos diferenças estatisticamente significativas entre os grupos com

relação ao emprego de sonda nasogástrica em consequência da MO induzida por

tratamento oncológico, sendo necessário seu uso em três pacientes do grupo 1, dois

pacientes do grupo 2 e em somente um paciente do grupo 3. Sendo que neste último caso o

paciente era etilista e consumiu bebida alcoólica durante o decorrer do tratamento, o que

nos faz pensar que o álcool atuou como fator irritante agravando o quadro de mucosite já

existente. Tal hipotese é corroborada por Dib et al., (2000), Scully et al., (2004) e Rampini

et al., (2009) que relataram que o uso do álcool e tabaco contribuem para o aumento da

incidência e/ou agravamento da MO radioinduzida.

Neste estudo todos os pacientes que apresentaram necessidade de colocação de

sonda nasogástrica em decorrência da MO eram portadores de carcinoma epidermóide em

cavidade oral com destaque para localização em língua (66,6%), todos foram submetidos a

RT e QT adjuvante. Tais dados estão de acordo com a literatura para e demonstram que a

MO é uma complicação extremamente comum aos pacientes portadores de câncer de

cabeça e pescoço submetidos a tratamento oncológico, onde a associação entre RT e QT

resulta na potencialização da severidade da mesma acarretando desconforto e

comprometimento nutricional.

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Esta observação está de acordo com Mendes et al., (2006) para os quais o

estado nutricional é um importante dado a ser avaliado no paciente oncológico, em especial

nos portadores de câncer em cabeça e pescoço, pois está associado à tolerância ao

tratamento, às complicações, ao prognóstico e ao tempo de hospitalização, sendo a terapia

nutricional com sondas indicada para os pacientes com risco nutricional e na presença de

desnutrição (perda de peso superior a 10% em relação ao peso habitual).

Com relação à necessidade de internação hospitalar em decorrência da MO está

foi necessária em apenas um paciente do grupo 1. Este paciente era portador de CE em

língua e evoluiu com MO grau 4 e dor de intensidade máxima. A necessidade de

internação de apenas um paciente é creditada à adoção de medidas preventivas e

terapêuticas para complicações orais, prontamente adotadas durante todo o tratamento

oncológico tal raciocínio está de acordo com Mcguire et al., (2006).

Para Lees, (1999) a MO dificulta a ingestão de alimentos, resultando em piora

do estado nutricional e desidratação, representando a principal causa de hospitalização e

ocasionalmente interrupção de tratamentos antineoplásicos em pacientes portadores de

câncer de cabeça e pescoço. Porém neste estudo, não foi observada, em nenhum dos

participantes, a necessidade de interrupção do tratamento em decorrência da MO.

Acreditamos que a não interrupção do tratamento possa ser justificada, em parte pela

minimização da incidência e gravidade da MO através da adoção de condutas preventivas e

terapêuticas pré e trans-tratamento oncológico. Esta observação está de acordo com

Nguyen (1992), Dib et al., (2000), Bensadoun et al., (2001) que afirmaram que ações

preventivas adotadas pré e trans-tratamento atuam minimizando a incidência e a severidade

da mucosite oral radioinduzida contribuindo para a melhor qualidade de vida do paciente

oncológico.

Em estudo desenvolvido por Donaldson (1977) a média de perda de massa

corpórea em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço, após seis a oito semanas

de RT foi de 3,7Kg.

Em nosso estudo não foram observadas diferenças estatisticamente

significativas entre os grupos com relação à média de perda de massa corporal. A perda de

massa corpórea ocorreu em 30 dos 31 participantes, com exceção de um participante do

grupo 3 que ao término do tratamento havia apresentado ganho de 1,3Kg de massa

corpórea, sendo a média de perda de massa corpórea por grupo no decorrer do tratamento

respectivamente de 3,405, 4,130 e 3,002 Kg.

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Menor média de perda de massa corpórea foi observada no grupo 3, ou seja,

nos pacientes submetidos a laserterapia a partir da 1ª sessão de RT. Este resultado está de

acordo com os relatados por França et al., (2009) que realizaram estudo com o objetivo de

investigar os efeitos do LBI na prevenção e tratamento da MO induzida por 5-FU em

hamsters, mostrando que o grupo de animais submetidos à crioterapia apresentou perda de

massa corpórea durante os primeiros cinco dias significativamente maior (15.16%) do que

o grupo submetido à laserterapia preventiva (8,97%). Tal fato foi atribuído, em parte, a

menor dor e desconforto oral, o que resultou em melhor condição de alimentação.

Sugerindo, portanto, que o laser apresenta efeito positivo no tratamento da MO.

Segundo estudo comparativo entre pacientes bem nutridos e mal nutridos

desenvolvido por Van Bokhorst de Van der Schueren et al., 1998 com 66 pacientes

portadores de CE em cabeça e pescoço a má nutrição é caracterizada por perda de 10% ou

mais de massa corpórea em um período de 6 meses e está associada há uma maior risco de

ocorrência de complicações principalmente infecciosas. Os pacientes desse estudo que

apresentaram redução da massa corpórea igual ou maior que 10% durante os últimos seis

meses foram descritos como severamente desnutridos e apresentaram diminuição

significativa da expressão de HDA-DR em monócitos, sendo a mesma considerada como

fator de risco para infecção e morte.

Neste estudo clínico os pacientes do grupo 2 apresentaram média de perda de

massa corpórea entre a 1ª e 35ª sessão de 12,9%, porém não foi observada presença de

quadros infecciosos mais severos, exceto dois casos de candidíase pseudomembranosa, que

também se fez presente em três pacientes do grupo 1 (8.8%) e dois pacientes do grupo 3

(8.7%). Segundo Dib et al., (2000) e Scully et al., (2004) a candidíase é uma infecção

oportunista relativamente comum em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço

submetidos a tratamento oncológico.

Apesar dos resultados promissores obtidos com o laser em baixa intensidade

empregado de forma preventiva, mais pesquisas precisam ser realizadas a fim de reiterar os

benefícios obtidos com o mesmo na prevenção e tratamento da MO radio e/ou

radioquimioinduzida em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço.

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7 - CONCLUSÕES

Os resultados obtidos permitiram concluir que:

Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na prevenção

da MO entre o número de indivíduos tratados exclusivamente com tratamento

medicamentoso e aqueles tratados com tratamento medicamentoso e laserterapia

preventiva apesar de haver tendência para tal. Porém, clinicamente foi possível observar

que os pacientes submetidos à laserterapia preventiva apresentaram menor frequência de

mucosite oral do que os pacientes submetidos exclusivamente a tratamento

medicamentoso.

A aplicação do laser em sua forma preventiva apresentou resultados mais

efetivos na diminuição da severidade dos graus e do escore de dor associado à MO

induzida por tratamento oncológico do que aqueles obtidos exclusivamente com tratamento

medicamentoso e com tratamento medicamentoso e laserterapia para a MO já instalada.

O uso do laser mostrou-se mais eficiente clinicamente na prevenção de

intercorrências como o uso de sonda nasogástrica e internação hospitalar, entretanto, com

relação à perda de massa corpórea, não foi possível observar diferenças significantes entre

os grupos.

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APÊNDICE A – Parecer consubstanciado

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APÊNDICE A – Parecer consubstanciado

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APÊNDICE B - Ficha de Avaliação / Grupo 1( ) 2 ( ) 3( )

1.1 Identificação:

Nome:_______________________________________________________________

Gênero:___________________________Data de nascimento:___________________

Cor:_________________Escolaridade:_____________________________________

End. Contato:__________________________________________________________

Zona:________________Telefone:________________________________________

Naturalidade:________________________Procedência:________________________

1.2 Protocolo Utilizado:

( ) I - Medicamentos e orientações a serem empregados a partir do início do

tratamento radio quimioterápico;

( )II - Medicamentos e orientações a serem empregados a partir do início do

tratamento radioquimioterápico, e laserterapia a ser empregada a partir das

manifestações clínicas de mucosite radioquimio induzidas;

( )III - Medicamentos, orientações e laserterapia a ser empregada a partir do início do

tratamento radioquimioterapico.

1.3. Diagnóstico histopatológico:

_________________________________________________________________________

1.4. Estadiamento:

_________________________________________________________________________

1.5. Localização da lesão:

_________________________________________________________________________

1.6. Hábitos nocivos:

_________________________________________________________________________

1.7. Doenças concomitantes:

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

1.8. Medicamentos de uso continuo extra-tratamento oncológico:

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

1.9.Esquema de tratamento

Radioterapia:______________________________________________________________

Quimioterapia: Esquema I ( ) esquema II ( )

_________________________________________________________________________

Araguaína,____de_____________de 20____

________________________

Examinador

Anelise R. Peixoto

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APÊNDICE C - Ficha de Avaliação / Grupo 1( ) 2 ( ) 3( )

Nome:___________________________________________________________________

Data: _____________

Sentia a boca seca antes? ( )sim ( )não

Tem aftas freqüentemente? ( )sim ( )não

Tem herpes bucal/labial? ( )sim ( )não

Sente ardência ( )sim ( )não

Há sangramento gengival? ( )sim ( )não

Observações extra-orais:

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

Exame intra-oral:

Uso de prótese: ( ) PT sup/inf ( )PPR sup/inf ( ) PF sup/inf

Tempo de

uso:____________________________________________________________________

Odontograma:

Legenda:

(X) Dente Ausente

(RR) Raiz Residual

(M) Mobilidade Classificada em GI, II ou III

( • ) Cárie ou Restauração fraturada

( * ) Restaurações

Presença de biofilme? ( ) sim ( ) não

Cálculo? ( ) sim ( ) não

Exudato? ( ) sim ( ) não

Sangramento gengival: ( ) à sondagem ( ) espontâneo ( ) ausente

Condição de Higiene Bucal: ( ) boa ( ) regular ( ) insatisfatória

Presença de abcesso? ( )sim ( )não

Lesões estomatológicas:

________________________________________________________________________

Exames Complementares:

( ) Radiografia Panorâmica

( ) Radiografia Periapical . Elementos dentários:__________________________________

( ) Citológico ( ) Biópsia

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APÊNDICE D - Protocolo adotado pelo Serviço de Prevenção e Diagnóstico de Câncer

Bucal / Cons: 12 Ambulatório de Especialidades Médicas – Hospital de Regional de

Araguaína.

Medidas úteis na prevenção, tratamento de lesões e manutenção da saúde bucal de

pacientes em tratamento oncológico para tumores em cabeça e pescoço.

A partir do início da radioterapia e/ou quimioterapia

Não fume e não consuma bebidas alcoólicas durante todo o tratamento;

Dê preferência para alimentos líquidos, e/ou pastosos, frios ou a temperatura

ambiente. Evite alimentos muito doces, ácidos e temperados;

Pacientes usuários de prótese devem evitar o seu uso durante o tratamento;

Escove os dentes após cada refeição e antes de dormir;

Utilize escova de dente macia e creme dental com flúor. Pacientes desdentados

utilizar gaze umedecida em soro fisiológico 0,9% ao invés de escova;

Fazer bochecho com uma colher de sopa de hidróxido de alumínio, 2 a 4 vezes ao

dia por cerca de 1 minuto. Cuspir e não enxaguar a boca;

Uma hora após o uso do hidróxido de alumínio fazer bochecho com nistatina

solução, uma colher de sopa, 4 vezes vão dia, bochechar por 1 minuto e depois se

preferir engolir. Cuspir e não enxaguar a boca nos próximos 20 minutos;

Fazer bochecho com uma colher de sopa de gluconato de clorexidina a 0,12% sem

álcool durante 1 minuto, 2 vezes ao dia;

No caso de lábios ressecados fazer uso de protetor labial;

Leve sempre consigo uma garrafa com água, e umedeça a boca sempre que ela

estiver seca;

No caso de machucados em boca fazer bochechos com uma colher de sopa de

decadron elixir, 3 a 4 vezes ao dia, não engolir;

No caso de machucados ou qualquer alteração em boca procure o cirurgião-dentista

o mais rápido possível;

Retorne ao consultório para avaliação sempre que estiver retornando para as

consultas médicas de acompanhamento;

Obs: Os medicamentos citados acima serão prescritos ao longo do tratamento à medida

que seu uso se faça necessário. A utilização dos mesmos será acompanhada pelo

profissional responsável pelo seguimento dos pacientes. Sendo o uso suspenso caso se

constate qualquer intercorrência resultante do emprego dos mesmos. O uso de antifúngicos

sistêmicos (cetoconazol 200mg e fluconazol 150mg), analgésicos, sucralfato e de

antibióticos será feita de acordo com a necessidade e em comum acordo com o médico

responsável, e a dose utilizada depende de sua indicação, se para prevenção ou para

tratamento.

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APÊNDICE E - Ficha de Avaliação / Grupo 1( ) 2 ( ) 3( )

Nome:_______________________________________________________________

Gênero:___________________________Data de nascimento:___________________

Cor:_________________Escolaridade:_____________________________________

End. Contato:__________________________________________________________

Zona:________________Telefone:________________________________________

Naturalidade:________________________Procedência:________________________

Esquema de QT: Esquema I ( ) Esquema II ( )

Data Nº de

sessões

de RT

RT- Dose

fracionada

RT –

Dose

total

Grau de

mucosite

Sintomatologia Esc. de

BW antes

da

laserterapia

Laserterapia

nº de

sessões

Esc. de

BW após

da

laserterapia

Peso

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