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A A G G E E N N D D A A L L A A D D O O " " B B d d e e B B H H Revista autogestiva sobre Grande BH T T a a r r i i f f a a d d o o Ô Ô n n i i b b u u s s sobe ou desce? Número 1, Maio 2014 • Recuperando Horizontes • Deu No Curral • MáNota Jornalística Argentina \ Venezuela \ Colombia \ Gabriel G. Marques \ BH no Olho da Rua \

Revista bh audaz N.1 Maio2014

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Revista BH Audaz N.1 Maio2014: BH em Movimentos. Descubra o que não se pode ver. Revista sobre os Movimentos Sociais da cidade brasileira de Belo Horizonte.

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Page 1: Revista bh audaz N.1 Maio2014

ColunasTTaarrii ffaa ZZeerroo

DDaannddaarraa

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BBHH

Revista

autogestiva

sobre

Grande

BH

TTaarriiffaa ddoo ÔÔnniibbuussssoobbee oouu ddeessccee??

Número1, Maio

2014

•• RReeccuuppeerraannddooHHoorriizzoonntteess

•• DDeeuu NNoo CCuurrrraall

•• MMáá­­NNoottaa JJoorrnnaallííssttiiccaa

Argentina \ Venezuela \

Colombia \ Gabriel G. Marques \

BH no Olho da Rua \

MMaannuueell CCaarrvvaallhhoo

AA vviiddaa nnaa UUrrbbee aa ttooddaa ccoorr

Page 2: Revista bh audaz N.1 Maio2014

ÍNDICENNOOTTAA EEDDIITTOORRIIAALL

OO PPoorrqquuêê ddeessttaa RReevvii ssttaa

Apresentamos a RReevvii ssttaa AAuuddaazz: BH emMovimentos, para que você descubra o quenão se pode ver. Uma rreevvii ssttaa ffeeii ttaa ppeell aa vvoozz ddoossMMoovviimmeenn ttooss SSooccii aa ii ss ,, mostrando que outromundo é possível e está sendo construído hoje,talvez ao seu lado. Os textos foram produzidospelas organizações populares que tratam dosassuntos de cada matéria. Sobre o transportefala o Movimento Tarifa Zero e sobre a moradiaescreve a Ocupação Dandara. Por tanto, arevista se faz de forma descentral izada,reproduzindo a forma de organização destesMovimentos Sociais.BH possui uma vasta acumulação cultural de

contestação dos males sociais gerados pelasociedade de mercado. NNoovvaass oorrggaann ii zzaaççõõeess eemmoovviimmeenn ttooss, que praticam o uso do espaçopúblico de forma criativa e lúdica, fazem dafesta uma forma de contestação e dacontestação uma festa. Uma nova forma dereivindicar que está nascendo e produzindooutra forma de pensar a cidade. Esta novidadeemergente parece ser ignorada pelos meios decomunicação tradicionais. Mas nós queremosmostrá-la. Cada pessoa precisa enxergar porsua própria conta o que não se pode ver.

Esta é uma rreevvii ssttaa aauu ttooggeessttii oonnaaddaa,, sseemmppaattrrããoo, na qual todos participamos de igualpara igual e a verdade se constróicoletivamente. Não é uma publicação partidáriae não tem rabo preso com ninguém. Foi feita deforma ffrraatteerrnnaall ee vvooll uunn ttáárrii aa. Uma revista queprocura ser audaz também no seu formatovisual, ao apontar outro padrão estético, quenão pode ser consumido institivamente, comonas publicidades comerciais das revistastradicionais, mas que exige a percepção doleitor para compreender cada página.Toda edição conta com um artista convidado esuas obras darão a cara singular de cadarevista. Nesta primeira edição agradecemos aoartista plástico Manuel de Carvalho. Ademais,participam o Fórum das Juventudes e ativistasvinculados ao carnaval de rua, às organizaçõesde base, à cena artística alternativa e contamoscom matérias desde Buenos Aires, Caracas eBogotá. Devemos compreender que o Brasil fazparte de um país maior, a América Latina,nossa Pátria Grande.

Esperamos contribuir para articular estesesforços, no caminho para construir outraopção de sociedade, baseada não nacompetição, mas sim na ssooll ii ddaarrii eeddaaddee; não nasleis de mercado, mas sim na rreeccii pprrooccii ddaaddee.Esta revista é de todos, não possui um dono,feita de maneira ccoommuunn ii ttáárrii aa,, hhoorrii zzoonn ttaall eedd ii rreettaammeenn ttee ppaarrttii ccii ppaattii vvaa, tal como deve ser anova sociedade que almejamos. Agradecemosàs pessoas e organizações que escreverampara este primeiro número. A revista estáaberta a qualquer organização, movimento ouindividuo que queira escrever. Sinta-se àvontade para contatar-nos.Estamos à disposição.

Fraternalmente,a Edição.

rreevvii ssttaaaauuddaazzbbhh@@ggmmaaii ll .. ccoommhttp://revistaaudazbh.wix.com/revista-audaz

5500 aannooss ddoo ggoollppee ddee 11996644

A Cena dos DJ's em BH

Caderno Cultural

Caderno de 1a Leitura

Colunas

TARIFA DO ÔNIBUS

Dandara

O porquê das Ocupaçoes Urbanas

Tarifa Zero

Memória dos Movimentos Sociais

Manuel Carvalho

bh

"Má-Nota"

bh

bh

JUVENTUDE NEGRA PAUTA DILMA

SURTO DE INFLAÇAO

Internacional: linchamentos naArgentina; Guarimbas na Venezuela

RNÍVEL

ATO DAS OCUPAÇOES URBANAS

ALAGAMENTO EM BH

bh

MORREU GABRIEL GARCIA MARQUES

PPgg.. 33

PPgg.. 44

PPgg.. 55

PPgg.. 66

PPgg.. 66

PPgg.. 1122

PPgg.. 88

PPgg.. 99

PPgg.. 1111

PPgg.. 1111

PPgg.. 1100

PPgg.. 1144

PPgg.. 1133

BH no Olho da Rua PPgg.. 77

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DDiittaadduurraa Ontem e Hoje50 Anos depois, uma história ainda longe do fim.

No dia 1 º de abri l chegamos aos 50 anos do golpe mil itar de 1 964, sem existir sequerum mil itar preso pelo eessqquueemmaa ddee ggeennooccíídd ii oo ppll aann ii ffii ccaaddoo sobre a dissidência política,povos indígenas e até pacientes psiquiátricos. O Estado assumiu ter matado a 1 .500pessoas, porém há indícios do extermino de etnias indígenas, ademais da morte de 60mil pessoas num manicômio em Barbacena (MG). Em menos de 24 horas depois dogolpe os mil itares entregaram os recursos minerais do país a empresas estrangeiras. Nocaso da Nescafé, o governo mil itar impôs tarifas exclusivas para empresas brasileirasque ofertavam o “novo” café solúvel a preços mais baratos que os estadunidenses.“Acordos de Cavalheiros” passaram a ser o modelo de capital ismo no Brasil . Em nome da“iniciativa privada” a burguesia nativa acabou com a competição entre as empresas,principal mecanismo regulador do sistema capital ista. EEmm nnoommee ddoo nnaaccii oonnaall ii ssmmoo oossmmii ll ii ttaarreess eenn ttrreeggaarraamm ooss rreeccuurrssooss ddoo ppaaííss. Este Estado total itário apenas deu lugar a outroquando certas funções suas estavam garantidas na formação do estado posterior, a serchamado de “democracia”. Por mais que uma imensidão de pessoas tenha atinado paraesta realidade apenas agora, está é a realidade do Brasil desde o fim da ditadura. O DG

de hoje foi o Pixote de ontem.O ll eeggaaddoo pprrooffuunnddoo ddaa dd ii ttaadduurraa encontramos num ssii sstteemmaa ppooll ííttii ccoo aauu ttooccrrááttii ccoo ee nnaa rreepprreessssããoo pprreevveenn ttii vvaa da

pobreza e da contestação das desigualdades. Um Estado Autocrático é aquele no qual manda uma só pessoa ougrupo reduzido, sem ter de dar satisfações a ninguém fora deste grupo.A burguesia brasileira se aglutinou ao redor da ditadura para fazer valer seus privi légios, mantendo só para si os

benefícios econômicos e eliminando os riscos nos negócios através da benção do Estado, que costuma arcar comos prejuízos a partir do imposto à população. Por isto, nosso mau sistema político não é um erro casual, senão quefoi planificado. Nem um cientista político explica facilmente como um deputado é eleito no Brasil . As pessoas sãointimadas a votar, pois o voto é obrigatório, e podem escolher apenas entre os candidatos dos partidos, casocontrário o voto é invalidado, quer dizer, seu voto não contará. Assim, Marcio Lacerda foi eleito prefeito de BH noprimeiro turno, com apenas 36% dos votos totais. Também existem os tais “coeficientes”, uma matemática surreal

de contagem de votos, na qual o candidato a deputado mais votadonem sempre é eleito.A “repressão preventiva” é o ggeennooccíídd ii oo dd ii áárrii oo que vive a população mais pobre e organizações populares. Os

descontentamento social é rapidamente rotulado de “subversivo”, algo “fora da ordem”, facil itando assim suarepressão. Este é um expediente prático para regular a sociedade a partir da opressão cotidiana. A ditadura deixoutoda uma eessttrruu ttuu rraa ll eeggaall ppaarraa jj uussttii ffii ccaarr aa rreepprreessssããoo pprreevveenn ttii vvaa contra a agitação social que é imediatamente vistacomo uma “manipulação subversiva do descontentamento”. A cidadania existe apenas para uma parte dapopulação, e não é válida para os demais.A situação herdada pela ditadura chegou ao extremo no neoliberal ismo dos anos ’90, com a invasão dos bancosestrangeiros (à bancarização da vida) e a dívida externa drenando o trabalho do brasileiro para os EUA.O Governo do PPTT aabbrrii uu ttooddaa eessttaa ccaaii xxaa ddee ppaannddoorraa, pois o Estado não tem recursos para validar a cidadania de

milhões de brasileiros mais. A combinação das politicas públicas, como o Bolsa Famíl ia, e o boom do mercadointerno ascendeu socialmente uma grande parte da população, num nível de vida ainda bastante precário eprivatizado, no qual tudo custa um preço e a satisfação é reduzida por impostos abusivos, serviços públicosindignantes e o trabalho se vê consumido por uma inflação artificial . A população se endivida para conseguirmelhorar de vida, chegando a tomar um trabalho a mais para pegar novos empréstimos. A famíl ia paga uma taxade Juros pela dívida contraída para reformar a casa, outra para comprar um carro e mais os gastos do cartão decrédito. Porém, a busca de maissalário para pagar o banco é acorrida de uma carroça contra umaFerrari, pois o Juros é algo quecresce mais rápido do que osalário. Isso indica que oo aacceessssoo aaooccrréédd ii ttoo ppooddee sseerr oo tteerrmmôômmeettrroo ddaaeebbuu ll ii ççããoo ssooccii aa ll .

A Tortura e oDesaparecimento Forçado

ainda são cotidianos.

"A REPRESSÃOPREVENTIVA E UM

ESTADO AUTORITÁRIO,SÃO HERANÇAS

DIRETAS DOS 20 ANOSDE DITADURA"

Tanques nas Ruas: Ontem e Hoje

MEMÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Menina recusa comprimentaro ditador Figueiredo.

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Você sabia que os ônibus de Belo Horizonte já forambem melhores do que são hoje? Na década de 90, aPrefeitura passou a exigir das empresasespecificações melhores dos ônibus. Um jornal daBHTRANS de junho de 1 996 mostra que o ônibuspadrão passou a ter porta mais larga, motor traseiro,banco estofado, degrau mais baixo e suspensão a ar.Esta especificação chegou a ser de um 1 /3 da frota deBelo Horizonte, mas ela foi abandonada nos anos2000.

E foi abandonada por quê? Por pressão dasconcessionárias, estas mesmas que hoje estãoexercendo uma pressão selvagem para aumentar apassagem à revelia da auditoria mal-feita que, ainda

assim, indicou lucro acima da taxa de contrato nos últimos anos.A disputa pelo transporte não é só pela redução da tarifa, mas também pela melhoria da qualidade. Ônibus

melhores, horários e itinerários que atendam à população, sistema de informação claro e eficiente. No projeto de leide iniciativa popular que o Tarifa Zero BH elaborou e hoje coleta assinaturas, propõe-se que a gestão do transportetenha participação popular de verdade. A criação de um conselho deliberativo de mobil idade urbana é um passofundamental para que decisões como as especificações dos ônibus não fiquem nas mãos do governante da vez.

Relatório da Auditoria Cidadã da Dívida questiona o trabalho daErnest&Young.

A Consultora Internacional foi contratada pela prefeitura de BH para verificar as planilhas de custos dasEmpresas de ônibus. Movimentos Sociais indicam que os dados usados não são verídicos.

11)) PPrreeççoo ddooss PPnneeuuss“A Ernst & Young não conferiu documentos fiscais originais. Ou seja, não verificou as notas de compra dos pneus.E aceitou o valor de R$ 1 .230, passado pelas empresas de ônibus, verificando apenas que o preço bate com o siteJRPNEUS. Ora, foi para isso que a PBH gastou 2 milhões com a auditoria da Ernst & Young? Para verificarem opreço num mísero site?! Todos sabem que os preços de produtos variam muito se comprados em grandesquantidades. E será que as empresas de ônibus de BH estão mesmo pagando 28% a mais por pneu do que deuma cidade no interior do Paraná?!”22)) VVeennddaa ddee ôônniibbuuss uussaaddooss“Você acredita que as concessionárias de BH repassam seus ônibus usadospor apenas 1 5% do preço de um novo?! Nós também não, mas a Ernst &Young e a BHTRANS acreditam.O SETRA BH não repassou para os "auditores" os ganhos que tem com avenda dos ônibus usados (como se eles desaparecessem no ar depois de4,5 anos de uso), e a Ernst & Young estimou o valor de venda em 1 5% deum novo. Baseado em quê ninguém sabe. Como esses ônibus novoscustam algo em torno de R$ 250 mil , seria como se os usados estivessemsendo vendidos por R$ 37.500. É o maior saldão da história! Um ônibussemelhante, com o mesmo tempo de uso, no Mercado Livre custa R$1 39.900. Desse jeito, todo mundo quer! Quem quiser mandar um email proSETRA BH fazendo uma encomenda, tá aqui ó: [email protected], vejam que coisa. Se para se livrar de seu patrimônio, asconcessionárias operam com preços diminutos, para adquirir a nova frotaelas são perdulárias. Segundo eles, os novos BRTs foram comprados por R$ 800.000,00, mas no Recife osmesmos ônibus foram comprados por R$ 71 7.000,00.”

“Façam essas perguntas para a perícia do Ministério Público. E solicite uma VERDADEIRAAUDITORIA no sistema de ônibusde BH, transparente e com participação popular, com acesso a documentos fiscais e movimentação financeira.

A imprensa não está cobrindo estas irregularidades. Vamos mostrar algumas ao longo da semana. Ajudem a divulgar,comparti lhem em suas redes e MANDEM EMAIL para a pericia do MP!

MMaannddee eemmaaii ll ppaarraa ppeerrii ccii aattaarrii ffaa@@ggmmaaii ll .. ccoomm”O relatório, protocolado no Ministério Público, pode ser acessado no site: http: //goo.gl/kcFboM

DeuNoCurralMMiinneerraaççaaoo nnaa SSeerrrraa ddoo CCuurrrraall:: SSíímmbboolloo ddee BBHH..

TTaarriiffaa ddoo ÔÔnniibbuussssoobbee oouu ddeessccee??

"Pular a Catraca", como umafogueira de festa junina, já viroumoda nas manifestaçoes

AA TTaarriiffaa ddoo ôônniibbuuss ssuubbiiuu ee ddeeppooiiss vvoollttoouu aaoommeessmmoo vvaalloorr.. EEssttaa mmoonnttaannhhaa--rruussssaa éé uummaahhiissttóórriiaa lloonnggee ddoo ffiimm.. OO MMoovviimmeennttoo TTaarriiffaaZZeerroo mmoossttrraa aaqquuii oo oouuttrroo llaaddoo ddaa mmooeeddaa..

Page 5: Revista bh audaz N.1 Maio2014

FFaattooss ssoobbrree ooss BBuussõõeess ddee BBHH ((oouu ""ddeeiixxaa eeuu vveerr ssee eeuu eenntteennddii aa ttrreettaa""))

“Desde um movimento organizado amplo e horizontal como o Tarifa Zero BH, que conta com cerca de 40pessoas em média por reunião semanal, até o murmurinho cotidiano de indignação em todos os bairros dacidade, nada será como antes. É evidente que a política urbana já não pode ficar a cargo de meia dúzia deburocratas e aves-de-rapina.”

ppoorr AAnnddrréé VVeell oossoo,, mmeemmbbrroo ddoo TTaarrii ffaa ZZeerroo

1 . a BHTRANS e a prefeitura montam o circo e armam tudo pra que o aumento de tarifa seja justificado por a+b.Empresas no vermelho, "auditoria" oportunamente divulgada em um momento de greve dos rodoviários2. a tal da "auditoria" [da Empresa Ernst & Young] foi entregue à BHTRANS no começo de dezembro e foi mantidaem sigi lo e manipulada por mais de 3 meses. Mesmo feita com base em dados não-contábeis, passíveis demanipulação pelas empresas, uma das conclusões é que sem o investimento no BRT (altamente questionável), atarifa tinha que cair 27%, chegando a um valor de R$1 ,95.3. Os empresários de ônibus, acham ruim que um dos pilares de seus oligopólios pode sofrer prejuízo. Como aprefeitura tem compromissos (nunca explicitados, mas sempre óbvios) com essas empresas, ela não tem comofazer uma ação que vai atacar diretamente o caixa desse setor de apoio político fundamental.4. Pressionada por um movimento forte e organizado, fruto direto das manifestações de junho de 201 3, a prefeituraacaba deixando escapar as negociações de bastidores que travavam com os empresários para aumentar a tarifa jáem abri l . O Ministério Público informa ao Tarifa Zero a intenção do aumento, e o movimento já joga na rede e namídia todas as informações que dispõe, conclamando a população a pressionar o MP, que se mostrava reticente.5. Continuando com o jogo sujo, a prefeitura divulga as informações que balizariam oficialmente o aumento (umrelatório de singelas 1 50 páginas) apenas na noite do dia 28 de março, uma sexta-feira, ficando o fim de semanainteiro sem dar satisfação à imprensa.6. Enquanto isso, e em um movimento coordenado, as empresas de ônibus dão declarações absolutamentedesonestas e chantagistas à mídia. Afirmam que necessitam de um aumento de tarifa para 3 reais, e que, sem

este, o serviço de ônibus ficaria prejudicado em sua "qualidade", Ouseja, uma ameaça clara de lock-out, ou greve patronal.7. Em resposta a todos esses ataques, o Tarifa Zero convoca umamanifestação para o dia 3 de abri l , quinta-feira, que leva mais de 500pessoas às ruas para protestar contra o aumento (isso mesmodepois de um piores temporais do ano).8. No mesmo dia é divulgado portaria da prefeitura aumentandotodas as tarifas em 7,5%. Uma atitude criminosa e perpetuadora dociclo vicioso de reajuste tarifário que, ao longo dos últimos anos,contribuiu para o aumento da segregação espacial e do número decarros nas ruas, com todas as suas consequências: maisengarrafamentos, acidentes, poluição, etc.9. Depois de ter sido exposto e sofrer pressão da populaçãoorganizada para que defenda o patrimônio público, o MinistérioPúblico entra com uma ação civi l públ ica impedindo o aumento por30 dias, até que a perícia sobre a "verificação independente" daErnst & Young seja concluída. Uma atitude sensata, em meio ao

caos de política suja do poder público.1 0. No maior desrespeito dos últimos anos, as empresas descumprem a ordem judicial e operam com aumento detarifa no domingo, 6 de abri l . Jogam na lata de lixo qualquer noção de estado democrático de direito e roubaramdiretamente da população um valor equivalente a 90 mil reais, ao tomar a média de usuário no domingo quepagaram os 20 centavos a mais).Conclusões de momento: as empresas de ônibus demonstram cada vez mais que são um poder à parte da

sociedade, e que estão completamente imbricadascom o poder público na manutenção dos privi légiosdas elites.A prefeitura continuará agindo às escondidas e deforma desonesta,favorecendo seus apoiadorescom informaçõesprivi legiadas e com arranjosjurídicos-econômicosespeciais para que tudopareça correr dentro uma de"legalidade".

OOccuuppaaççooeess UUrrbbaannaass MMaarrcchhaamm ppoorr MMoorraaddiiaa DDiiggnnaa..

As Ocupaçoes Wil l ian Rosa, Guarani Kawioá, Esperança,Rosa Leão e Vitória fizeram uma passeata no dia 24 deAbri l , rumo ao Tribunal de Justiça de MG, contra o Despejode mais de 1 2.500 famil ias decretado pelosdesembargadores: Amorim Siqueira, Pedro Bernardes,Luiz Artur Hilário, Selma Marques e Luiz Carlos Gomes da

Mata.Fonte: ocupacaowil l iamrosa

O movimento Tarifa Zero chamoumanifestações na Praça 7 contra oaumento da tarifa em BH nos dias 04 e07 de abril, e na porta do DER-MGcontra o aumento da tarifametropolitana no dia 29 de abril.

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TTEEMMPPOORRAALL EEMM BBHH GGEERRAA AALLAAGGAAMMEENNTTOOAs águas de Março não fecharam o verão, mas sim as de Abri l . A população está entre a cruz e a espada:sem chuvas há perigo de faltar luz; mas com chuvao perigo é ficar debaixo d'água. Dia 02 e 03 de Abri lchoveu e a historia se repete: vários pontosalagados, córregos transbordaram, carrosarrastados e o Aeroporto da Pampulha tambémalagou. Vale culpar São Pedro? Para Phil ip

Fearnside, Prêmio Nobel residente em Manaus, as cheias no Norte e assecas no Sudeste estão conectadas, pois o desmatamento impede que aágua da Amazônia seja transportada pelos ventos para o Sudeste durantea temporada de chuvas, o que reduz as chuvas de verão no Sudeste.

PPRREEFFEEIITTUURRAA AANNUUNNCCIIAA CCOONNSSTTRRUUÇÇAAOO DDEE SSEEUU CCEENNTTRROOAADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVOO NNOO EESSTTAACCIIOONNAAMMEENNTTOO DDAA RROODDOOVVIIAARRIIAA..

SSeerráá qquuee oo ttrrâânnssiittoo ddaa rreeggiiããoo aagguueennttaa?? SSeerrããoo rreessppeeiittaaddooss ooss eeddiiffiicciioo pprrootteeggiiddooss?? CCoommeennttaaRRaaffaaeell BBaarrrrooss,, ddoo BBllooccoo FFiillhhooss ddee TTcchhaa TTcchhaa ee eexx--ccoonnsseellhheeiirroo mmuunniicciippaall ddee ccuullttuurraa..

É a síndrome da opulência e a necessidade de retribuir o importante dinheirinho doado durante as campanhaseleitorais continua mascarado pela retórica da eficiência e do progresso. . . E lá se vão mais tubos de recursospúblicos! Pergunto: a) se a questão é mesmo economizar e otimizar, porque a PBH não adquire alguns dos váriosimóveis ociosos do centro, contribuindo para a resolução de um grande problema urbano e gastando muitomenos? b) como o poder público procederá com a proteção arquitetônica da rodoviária e do histórico prédio dasecretaria de segurança, al i do lado, ambos tombados? Vão ignorar os perímetros de entorno e toda a legislaçãopatrimonial? Mas é claro! Porque o negócio mesmo é liberar a verba e pousar pra foto!

JJUUVVEENNTTUUDDEE NNEEGGRRAA PPAAUUTTAA OO GGOOVVEERRNNOOpor Áurea Carolina de Freitas – Fórum das Juventudes da Grande BH

“A violência do Estado é maior, mais forte, concentrada e desigual”. Assim a presidentaafirmou sua posição contrária ao uso da violência por manifestantes nas ruas. Sãoformas distintas de violência, com pesos muito diferentes. Logo emendou que o governonão apresentaria projeto para coibir protestos, especialmente na Copa, em resposta acríticas de movimentos sociais sobre a criminal ização das manifestações como práticasterroristas. Escuto essa fala da presidenta no Palácio do Planalto, no dia 1 0 de abri l de201 4, em audiência convocada pelo governo com pessoas de movimentos juvenis. Naocasião, organizações da juventude negra denunciaram outra faceta da violência do Estado: a matança de jovens negros nasperiferias. Ressaltou-se que o racismo, a violência policial , o encarceramento em massa e a política proibicionista sobre drogassustentam essa realidade. Outros pontos reivindicados foi a extinção dos “autos de resistência”, exigindo investigações paramortes e lesões cometidas por policiais (Projeto de Lei 4471 ), e a demanda de fortalecimento do plano “Juventude Viva”, aprincipal política do Governo Federal voltada à redução da mortal idade de jovens.Em resposta, Dilma se comprometeu a destinar mais recursos ao Juventude Viva, em articulação com os Pontos de Cultura

locais. Ela repudiou os autos de resistência e se posicionou contra a redução da maioridade penal. São colocações significativas,mas que podem virar conversa sem futuro se não houver disposição do governo para mudar as políticas de segurança pública noBrasil . É preciso rever prioridades e investir em políticas que possam melhorar as condições de vida e acabar com o genocídioda juventude negra.

Alagamento em BH, dia 2 de Abri l .

DeuNoCurral

Alagamento da Francisco Sá, dia 3 de Abri l .

PPRREEFFEEIITTUURRAA DDEE BBHH CCEEDDEE ÀÀ PPRREESSSSÃÃOO DDOO DDUUEELLOO DDEE MMCC''ss

RReeaalliizzaannddoo eevveennttooss nnaa ppoorrttaa ddaa PPrreeffeeiittuurraa ((ooss dduueellooss ddee ccaannttoorreess)),, oo MMoovviimmeennttoo DDuueelloo ddee MMCCss eeFFaammíílliiaa ddee RRuuaa GGaammee ooff SSkkaattee,, eessttããoo iisseennttooss ddaa ccoobbrraannççaa ddee ttaaxxaass ppaarraa rreeaalliizzaarrmmaanniiffeessttaaççõõeess ddee ccuunnhhoo ccuullttuurraall sseemm pprreevviissããoo ddee lluuccrroo..

Acontenceu no dia 1 6 de Abri l um “duelo de MC’s” na porta da Prefeitura, mesmo dia em que aProcuradoria Geral do Município definiu a isenção de taxas para o evento, que antes lhes eramexigidos. Mera coincidência? O “Duelo” já vinha pressionando a prefeitura com a realizaçãodestes eventos e já havia enviado um pedido de parecer à Procuradoria Geral do Município,sol icitando a garantia da isenção das taxas públicas e o licenciamento dos shows. Parece que opoder público pediu arrego frente ao poder popular, que não abre mão de exercer nosso direitode ocupar os espaços públicos da cidade.

Page 7: Revista bh audaz N.1 Maio2014

LLEEVVAARR OOSS PPEERRTTEENNCCEESS DDOO MMOORRAADDOORR DDEE RRUUAA VVIIRROOUUMMOODDAA NNOO LLOOCCAALL

EEssppaaççoo CCoommuumm LLuuiizz EEssttrreellaa ffaazz ccaammppaannhhaa ddoo aaggaassaallhhoo ppaarraa PPooppuullaaççaaoo eemmSSiittuuaaççaaoo ddee RRuuaa,, eemm ccoonnttrraappaarrttiiddaa ddaa CCaammppaannhhaa ddee ""hhiiggiieenniizzaaççaaoo"" lleevvaaddaa aaccaabboo ppeelloo ppooddeerr ppúúbblliiccoo.. AA CCoonnssttiittuuiiççaaoo FFeeddeerraall ppaarreeccee vvaalleerr ssóó ppaarraa qquueemmtteemm mmoorraaddiiaa..

PPoorr JJoovvii aannoo MMaayyeerr

Campanha super oportuna e necessária do Espaço Comum Luiz Estrela! Os agentes daPrefeitura de BH, acompanhados dos cães de guarda da PM, aumentaram as apreensõesde pertences pessoais da população em situação de rua, incluindo agasalhos e cobertores(roubo institucional!). Quanto mais se aproxima a maldita COPA, mais violações de direitose garantias constitucionais. Ante a existência de um poder público a serviço do poderprivado, resta à população em situação de rua nossa solidariedade. A cada cobertorapreendido, 1 0 doados! O que o capital recolhe, o comum devolve!

Se a vida de morador de rua não é fácil , no frio então nem se fala. . . E é por isso que oEspaço Comum Luiz Estrela pede apoio a todos que puderem DOAR COBERTORES EAGASALHOS para serem distribuídos entre a pop de rua no domingo, dia 4 de maio. Deixesua doação no espaço comum, rua manaus 348, ou entre em contato (tim 75072038 ouvivo 71 757557).

BBHH nnooOOllhhooddaa RRuuaa

TTUUDDOO DDEE QQUUEEMM NNÃÃOO TTEEMM NNAADDAApor Mídia NINJA

Na manhã do dia 1 0 de abri l , fiscais da prefei-tura de Belo Horizonte, acompanhados da Po-lícia Mil itar, removeram os pertences de umgrupo de moradores em situação de rua quehabitam o vão do viaduto na Avenida Fran-cisco Salles, apesar do Coletivo deadvogados Margarida Alves ter conseguidol iminar impedindo este tipo de recolhimentos.A população do entorno se manifestou em

a-poio aos moradores, guaradaram algunsobje-tos básicos como colchões e roupas defrio para evitar a apreensão. "Eles nostomam as coisas e dizem que é para irmospara o abri-go, mas no abrigo é pior queaqui”, disse Maurício, habitante do viaduto."A prefeitura de belo horizonte conduz uma

política higienista de limpeza das ruas,escon-dendo toda a sujeira da desigualdade para debaixo dos tapetes ou melhor,presídios, periferias e abrigos.”, afirma Helena Cristina, que estaciona seu carrocotidianamente na região.

Foto: Luciano Andrade

Espaço ComumLuiz Estrela

Foto: Mídia Ninja

Page 8: Revista bh audaz N.1 Maio2014

PPááttrriiaa GGrraannddeeOO OOvvoo ddaa SSeerrppeennttee..

NOTA SOBRE OS ATUAIS “LINCHAMIENTOS” NA ARGENTINA.

ppoorr AAnnddrrééss RRuuggggeerrii,, ddeessddee BBuueennooss AAiirreess

Os "justiceiros" de hoje na Argentina são lá chamados diretamente de "linchadores". Éinteressante a similaridade deste fenomeno em contextos tão diferentes como Brasil eArgentina.

A taxa da criminal idade na Argentina é uma das menores em um continente violento. Astaxas de homicídio são semelhantes às de Cuba, Chile e Uruguai e apenas maiores do queos países da Europa Ocidental. Em comparação com o Brasil , ou Venezuela, Colômbia eMéxico, a hh ii sstteerrii aa ssoobbrree aa ii nnsseegguurraannççaa que os meios de comunicação estabeleceram nosúltimos anos na sociedade Argentina parece absolutamente irracional. Entanto, estediscurso, da expansão irrefreável do crime, não é apenas um recurso do jornal ismo amarelo

ou uma simples campanha política da direita para conseguir fortalecer as forças repressivas do Estado. Ele temconsequências mais profundas, como ooss "" ll ii nncchhaammeenn ttooss"" que capturaram a atenção da mídia e da política Argentinaddaass uu ll ttiimmaass sseemmaannaass.Foram vários casos, amplamente divulgados. O mais famoso foi o assassinato de

um jovem eemm RRoossáárrii oo, por uma multidão que lhe apontou como "motochorro" (moto-ladrão). O jovem David Moreira era pedreiro, tinha apenas 1 8 anos, e foi apontadoculpado dum roubo menor e morreu barbaramente espancado pelos "vizinhos" deum bairro pobre também. Em casos semelhantes, outros jovens, cujo ccrriimmee ffooii sseeaasssseemmeell hhaarr ccoomm ooss ll aaddrrõõeess, estiveram à beira da morte quando um grupo depessoas inflamadas às confundiram com os culpados do roubo, também emRosário. Apareceram alguns casos mais naquelas semanas em outras partes dopaís, porém os mais significativos desse humor social foram dois l inchamentos eemmPPaall eerrmmoo, bairro de classe média alta de Buenos Aires. Numa série de eventos, duas pessoas identificadas comoculpados de pequenos furtos (uma carteira e um relógio) estiveram perto de morrer pelos golpes dos "vizinhosindignados", pessoas que têm vida boa, elegantes e supostamente intel igentes, que consideraram menos valiosa avida de uma pessoa que as pequenas propriedades materiais.Eis o “x” da questão: ppaarraa ggrraannddee ppaarrttee ddaa ssooccii eeddaaddee aarrggeenn ttii nnaa ooss ““ddeell ii nnqquueenn tteess”” ppeerrddeerraamm aa ccoonndd ii ççããoo

hhuummaannaa e são pessoas que merecem a morte ou ser isoladas socialmente dos que sim merecem e ganharam odireito à cidadania, definida pela possibi l idade de consumir. É a ddeesshhuummaann ii zzaaççããoo ddaa ssooccii eeddaaddee nneeooll ii bbeerraall queconverte aos cidadãos em sujeitos de direito apenas se tem dinheiro, pois o individuo só vale se tem capacidade deconsumo. O oobbjj eettii vvoo ddaa vvii ddaa éé ccoonnssuummii rr,, ee eessttããoo aaqquueell eess aa sseerr ddeeffeenndd ii ddooss ppaarraa ppooddeerr dd ii ssffrruu ttaarr ddoo ccoonnssuummoo ee ooss qquuee

aattaaccaamm oo ccoonnssuummoo ddooss ddeemmaaii ss. Na linguagem da direita argentina do século XXI : “la gente”Vs. “los delinquentes” (algo similar no Brasil entre as “pessoas de bem” e os “delinquentes”).Trata-se de uma nnoovvaa vveerrssããoo ddaa eessttrruu ttuu rraa ccooll oonn ii aa ll da sociedade latino-americana, na

qual a condição de classe e a de “raça” se mimetizam desde os tempos da conquista ibérica.A sociedade transformada pela ditadura e o neoliberal ismo consolidou estas concepções eemmddeettrriimmeenn ttoo ddaa ssooll ii ddaarrii eeddaaddee, da organização social e dos valores de igualdade. Os avataresda nossa história fazem oscilar estas duas tendências: a solidariedade aflorou em 2001 ,porém quando as condições pioraram e os setores acomodados se viram próximos dostradicionalmente pobres, o ódio racista e de classe aflorou ao vir uma década derecuperação contrastada com o medo de perder seus benefícios.Estes “indignados” acreditam que o Estado não está fazendo o que fez em outras épocas, asaber, disseminar o terror no inimigo de classe. Isto, obviamente, não é correto. A polícia

mata pobres e as prisões estão superpovoadas deles. O paradoxo da situação é que a politica econômicaheterodoxa dos últimos anos priorizou o mercado interno e certa reindustrial ização apontando ao consumo comoelemento dinamizador. E fazendo isto termino cedendo à direita econômica um terrenocultural férti l , com ccii ddaaddããooss qquuee ppooddeemm ccoonnssuummii rr sseemm qquueessttii oonnaarr qquuaall ttii ppoo ddee ccoonnssuummooexercem e nem sequer si é realmente bom que uma economia cresce exclusivamentesobre esta base do consumismo. Os corpos atormentados de alguns pobresdemonstram as consequências à vista.

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MMoorrrreeuu GGaabbrriieell GGaarrcciiaaMMaarrqquueess,, oo ""GGaabboo""

AS "GUARIMBAS": DESESTABILIZAÇAO NA VENEZUELA

ppoorr FFrraanncciissccoo JJaavviieerr RRuuiizz MMaarrffiill,, ddeessddee CCaarraaccaass

Na Venezuela, as “Guarimbas” são barricadas montados para provocar tensão ao impedir a circulação de pessoas emercadorias. Quem se beneficia com a desestabilização de um país? Aqui, a nota de um “hermano” chavista.

Li muitas mentiras com relação ao que acontece no meu país. Ficamos estupefatos, quando não morrendo de rir, daquantidade de mentiras que sobem na rede virtual, com fotos que “provam a repressão”, mas que nem são daqui e simde outros países.É totalmente falso que a maioria dos 29 falecidos nas manifestações tenha sido responsabil idade dos órgãos de

segurança. O Estado venezuelano vem atuando com tolerância, o que dividiu setores da oposição contrários a estasações criminais. Você sabia que as pessoas dos organismos estatais incriminadas em práticas violentas, já estão presas?São 1 4 funcionários presos, por diversos motivos, como desobedecer a ordem de aquartelamento, desde o primeiro diadas guarimbas (1 2 de fevereiro).Por detrás destas “espontâneas manifestações” está um plano de golpe lento. A quem convêm as mortes? Várias das

vítimas foram disparadas por tiros que vieram de trás, ou seja, de dentro da própria manifestação. Muitos guarimberosnão pertencem à comunidade onde exercem sua “guarimbería tarifada”. Há uma gravação entre opositores quereconhecem estar pagando pessoas para manter a rua quente e violenta. Dia 11 de fevereiro se fi ltrou uma conversatelefônica, entre um ex-ministro de defesa e um ex-diplomata, anunciando os acontecimentos imediatos, incluindo asmortes. Momentos depois do assassinato de duas pessoas ao leste de Caracas, foram apreendidos dois franco-atiradores. Serão “manifestações espontâneas”, estas barricadas feitas com blocos de concretos trazidos porcaminhonetes último modelo? Bairros inteiros de classe média são sequestrados, onde se mata moradores que precisamsair para comprar comida e os manifestantes não deixam. Gente que morreu sem atendimento médico porque asambulâncias não passaram pelas barricadas. As classes populares não se somaram aos protestos. Dos 335 municípiosque possui o país, em apenas 6 existem manifestações guarimberas, todos governados por prefeitos da oposição. Estásendo preparado o terreno para uma intervenção mil itar, e digo mil itar porque outros tipos de intervenção já tivemos eseguimos vivendo.

GABO, PARA ALÉM DO PREMIO NOBEL

por Milena Hernándes, desde Bogotá

Ninguém põe em dúvida a grandezaliterária de Gabo. Mas o que sim gerasuspeita é a intenção de alguns em“despolitizá-lo” e invisibi l izar seucompromisso com o social ismo.Recordemos que ele foi censurado peladitadura mil itar do General Rojas Pini l la(1 953- 1 957) e exilado no marco doestatuto antiterrorista do governo deTurbay Ayala (1 978- 1 982), quem oacusou de ser membro da guerri lha M-1 9. Foi um convencido da revoluçãocubana desde seus primeiros anos.Viajou para a URSS e conheceu osocial ismo soviético, o qual criticou, masapesar disto considerava o social ismoum modelo ideal para América Latina.Gabo passou para a história como o

pai do “realismo mágico” e deu classe deirreverencia em cada uma de suasintervenções públicas. Seu discurso em

Estocolmo ao receber o prêmio Nobel por “Cem Anos deSolidão” é mostra disso: rompendo com as etiquetas, aoapresentar-se com um traje típico colombiano, falou dosaqueio e da exploração que sofreram os povos latino-

americanos desde aconquista ibérica e convidou asonhar com uma utopiacontrária. Vale destacar oprêmio Rómulo Gallegos querecebeu em 1 972 e doou aoMAS (Movimento AoSocial ismo).Gabo foi um dos defensores

mais firmes da necessidadede paz na Colômbia. Apesarde suas cotoveladas compresidentes e intelectuais dediferentes espectros, nuncadeixou de autodenominar-sesocial ista e pediu a CamiloTorres, o “padre guerri lheiro”,que batizasse um de seusfi lhos.

OO ccoolloommbbiiaannoo ggaannhhoouu oo pprrêêmmiioo nnoobbeell ppoorr ""CCeemm aannooss ddee ssoolliiddããoo""..AAuuttêênnttiiccoo eessccrriittoorr llaattiinnooaammeerriiccaannoo,, vviiaa nnoo ssoocciiaalliissmmoo aa ffoorrmmaa ddeeaaccaabbaarr ccoomm oo ssaaqquueeiioo ddooss nnoossssooss rreeccuurrssooss..

ESPECIAL

GG aa bb rr ii ee ll GG aa rr cc ii aa ll MM aa rr qq uu ee ss ss aa úú dd aa ooMM oo nn uu mm ee nn tt oo aa CC rr ii ss tt oo vv ãã oo CC oo ll oo mm bb oo

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CCOOLLUUNNAA TTAARRIIFFAA ZZEERROO

OO ttrraannssppoorrttee éé ccoolleettiivvoo

Na disputa pela cidade o deslocamento é eixofundamental de discussão para as populações urbanas. Naesteira dos movimentos da sociedade organizados contra aapropriação da mobil idade por grandes empresários,consórcios e cooperativas, a tarifa de ônibus simboliza esseconfronto e expõe a dissonância entre o serviço prestado eo valor por ele cobrado. Em última instância, explicita afalência da política de mobil idade urbana adotada pelasprefeituras dos grandes centrosno país.

Existem vários modelos detransporte coletivo e individualuti l izados ao mesmo tempo nascidades brasileiras. Para otransporte coletivo: ônibus emetrô, vans, peruas, trensurbanos, carroças; para oindividual: carros, motos, taxis,bicicletas e helicópteros. Adiscrepância entre eles, suaeficiência, conforto, segurança,função social e, sobretudo,acesso, nos colocam diante denossa conformação social esuas contradições.Mais do que isso, as intervenções do Estado para que osmeios de deslocamento tenham garantido seufuncionamento dizem com todas as letras de quem o poderpúblico é funcionário. Os orçamentos, planos plurianuais,as obras e promessas de campanha divulgam os objetivosdos financiadores dos políticos travestidos de anseios dapopulação. Isto é, enquanto as ciclovias, para citar umexemplo, avançam vagarosamente pelas ruas de BeloHorizonte, aass oobbrraass ddee vvii aadduu ttooss,, BBRRTT’’ss ee aaffii nnss aattrraavvaannccaammoo ttrrâânnssii ttoo ppoorr aannooss,, aauummeenn ttaannddoo ggeeoommeettrrii ccaammeenn ttee oossggaassttooss ddoo ppooddeerr mmuunn ii ccii ppaall ccoomm aass eemmpprreeii ttee ii rraass.Correndo por fora do discurso das obras estão empresas

de transporte coletivo, beneficiadas pelos contratos deconcessão feitos para garantir o maior lucro possível pelomaior espaço de tempo. E, no fim da cadeia simplistademonstrada, as montadoras, que têm o consumo de seuproduto, o automóvel, incentivado indiretamente pelasobras das prefeituras e diretamente pelas isenções fiscaisconcedidas pelo governo federal, a título de política parasalvaguardar empregos e garantir crescimento do PIB.Assim, empreiteiras, empresas de ônibus, montadoras e

políticos, em atitude de defesa e manutenção de suasrelações promíscuas, colocam-se acima do bem comum.Sustentabil idade, sol idariedade, eficiência, democracia ecomunidade são norteadores que estão muito distantes

desse processo. Além desse fato, é inquestionável oeficiente trabalho dos marqueteiros de uma maneira geral,da indústria automobilística ao jingle de campanha. Oautomóvel detém o status de mercadoria fetiche e o sensocomum não compreende, e não quer compreender porenquanto, as implicações de seu uso.Ao fim da cadeia está a população e, em especial, o

usuário do transporte coletivo. O mais atingido dentre essesusuários é o morador da extrema periferia e das cidadesdormitório das regiões metropolitanas. Esse indivíduo écobrado diariamente pela ineficiência da política demobil idade urbana em todos os aspectos. Pois enquanto omorador das regiões centrais esbraveja no trânsito por umperíodo determinado, o suburbano paga mais caro, gastamais tempo no deslocamento, é atendido por um transportede péssima qualidade e, aos fins de semana e folgas, arca

com o custo desproporcional danecessidade de acessar os serviços daregião central.Novamente a cidade coloca-se diante

dos nossos olhos e emerge suacontradição.A luta pelo transporte público não é

apenas sobre o valor da passagem.Uma tarifa zero não é, por si só, garantiade uma mudança satisfatória naqualidade do serviço oferecido,chamado transporte “público”. Amobil ização pelo passe livre não deveadotar uma perspectiva l imitada deconstituir fundos públicos tão somentepara a reprodução das práticas atuaisentre governo e empresários do ramo. ÉÉ

uurrggeenn ttee aa ccrrii aaççããoo ddee mmeeccaann ii ssmmooss ppaarrttii ccii ppaattii vvooss ddeeaavvaall ii aaççããoo,, ggeessttããoo ee ffii ssccaall ii zzaaççããoo ddooss ccoonn ttrraattooss ddee ttrraannssppoorrtteeppúúbbll ii ccoo ppeell aa ssooccii eeddaaddee ccii vvii ll , para que não impere a lógicade promiscuidade entre público e privado, como na rreell aaççããooeenn ttrree aass ddooaaççõõeess ddee ccaammppaannhhaa eell ee ii ttoorraall ee aauummeenn ttoo ddoopprreeççoo ddaass ppaassssaaggeennss..Por outro lado, a potência da proposta está colocada

quando desloca para o centro da discussão um velhojargão: a justiça social. Os empresários e o poder públicotêm total consciência do fato. Enquanto não cedem ou seadaptam à proposta por entender que qualquer movimentonesse sentido pode desencadear um processoincontrolável, a combativa pauta revela que as instituiçõesgarantidoras do arranjo político-empresarial podem serabaladas e abolidas por outro projeto político para a cidade.Por fim, antes da intrincada luta pela mobil idade urbana

realizar-se na luta pelo espaço urbano como local decomparti lhamentoe usufruto do queé produzido pelotrabalho, ééffuunnddaammeenn ttaalleenn tteennddeerrmmooss qquueeoo ttrraannssppoorrttee hhoojj eennããoo éé ppúúbbll ii ccoo,, éépprrii vvaaddoo,, ee nnóóss oo

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SRReeccuuppeerraannddooHHoorr ii zzoonntteess

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OO PPOORRQQUUÊÊ DDAASS OOCCUUPPAAÇÇOOEESS UURRBBAANNAASS

Sem o direito à moradia garantido, a populaçao seorganiza para fazer valer a Constituiçao.

FFoonnttee:: DDaannddaarraa RReessiissttee

As ooccuuppaaççõõeess, além de ll eeggaaii ss ddoo ppoonn ttoo ddee vvii ssttaa jj uu rríídd ii ccoo – poisas áreas não cumprem sua função social – são éticas emoralmente justas – já que há terrenos inuti l izados e pessoassem casa.

Elas foram ccoonnsseeqquuêênnccii aa ddaa aauussêênnccii aa ddee ppooll ííttii ccaasshhaabbii ttaaccii oonnaaii ss para os pobres em nosso país. Em BeloHorizonte, Contagem, Timóteo, em todo Estado de MinasGerais, al iás, em todo país, o programa Minha Casa, MinhaVida não atende as milhares de famíl ias pobres que necessitamde um lugar pra morar.Quaisquer justificativas que possam ser venti ladas para tentardeslegitimar a luta do povo pobre e trabalhador ganhacontornos de cinismo, quando não de crueldade.NN ii nngguuéémm eemm ssãã ccoonnssccii êênnccii aa ccoonncceeddee oorrddeemm ddee ddeessppeejj oo ppaarraa

mmaaii ss ddee 11 22 mmii ll ffaammííll ii aass. . . os JUÍZES e DESEMBARGADORESdo TJMG precisam sair de suas salas com ar condicionado ecadeiras confortáveis e conhecer a realidade dessas famíl ias –e isso, só será possível - quando os DOUTORES(AS)colocarem os pés nas ocupações que permeiam o Estado econstatarem, através de seus próprios olhos, quão injustas earbitrárias tem sido suas decisões.As Brigadas Populares vêm a público denunciar o absurdo

cometido por essas autoridades que hoje ocupam postos de“poder” e, mais uma vez, reafirmar nosso compromisso comessas milhares de famíl ias.ENQUANTO MORAR FOR UM PRIVILÉGIO, OCUPAR SERÁUM DIREITO!

NNããoo vvaaii tteerr ccooppaa –– ddeeuu nnoo nneeww YYoorrkkttiimmeessO principal Jornal do Mundo, “The New York

Times”, soltou uma matéria contando domovimento no Brasil “Não Vai Ter Copa!”. OJornal ianque coloca que este “. . .. éé oo ggrrii ttoo ddee gguueerrrraaddooss mmaann ii ffeessttaann tteess,, qquuee eessttããoo rreegguu ll aarrmmeenn ttee nnaass rruuaass ddeessddeejj uunnhhoo ddoo aannoo ppaassssaaddoo. [. . . ] No Carnaval todos os blocosexplodiram com o ‘Não Vai Ter Copa! ’ [. . . ] Os sinais decorrupção abundam: enormes estouros orçamentários nosprojetos dos 1 2 estádios para o Mundial [. . . ] ‘Copa Pra Quem?’é outro lema dos protestos. . . Vídeos de tanques passando entrecrianças nos becos e de meninas sendo derrubadas a chutespor policiais circulam nas redes sociais sob o ‘hashtag’#NãoVaiTerCopa. HHáá tteemmoorreess ddee qquueeaa rreepprreessssããoo ii rráá ssee aaggrraavvaarr. ”

.

CCOOLLUUNNAA DDAANNDDAARRAA

Em Abril, a Ocupaçâo Dandara comemorou 5 anosde existencia, com festa e reafirmando a luta pormoradia digna.

ppoorr IIzzaaeell AAllvveess,, ddaa OOccuuppaaççããoo DDaannddaarraa

No dia 9 de abri l , tivemos o prazer de comemorar maiscinco anos de força luta e resistência, estar aqui fazendoparte dessa comunidade chamada Dandara, e uma alegriasem igual. Foram muitas marchas e lutas, mais com issotambém muitas vitórias. Passamos sustos, enfrentamostempestades mais Dandara sempre se manteve forte esempre unida, hoje pesamos o que já passou e o que aindatem por vir e vemos que somos um povo abençoado ,por queapesar de tudo que passamos, estamos aqui, lutando e nosunido cada dia mais. O povo daqui, já da para ver que somosfirmes! UUmm ppoovvoo qquuee aa úúnn ii ccaa ccooii ssaa qquuee qquueerr ee oo sseeuu dd ii rreeii ttoo ddeemmoorraadd ii aa, e desse direito não abrimos mão nunca! Por essedireito, e que vamos para as ruas, marchamos para o centro,ocupamos prefeitura, tudo isso, para mostrar para todos quenão estamos fazendo nada mais do que ocupar o que énosso por direito.Cinco anos de convivência e parcerias, somos conhecidos

pelo mundo, somos apoiados por muitos, somos um povo,uma comunidade que tem um reconhecimento enorme, isso eresultado de tudo que já fizemos, nossa caminhada aqui nãofoi fácil , passamos sede, passamos fome, enfrentamos sol echuva, mas o resultado é isso que vemos uma comunidadelinda, unida e estruturada. Hoje tteemmooss nnoossssoo cceenn ttrrooccoommuunn ii ttáárrii oo rreeffoorrmmaaddoo e lindo! NNoossssaa hhoorrttaa ccoommuunn ii ttáárrii aaproduzindo como nunca! Temos arte e cultura. Enfim!Dandara continua crescendo cada dia mais.

É isso! Esperamos que no próximo ano estejamoscomemorando mais uma vez a nossa vitória, que possamosestar aqui como sempre, mas sem pressão do governo e daprefeitura, que possamos uussuu ffrruu ii rr ddoo qquuee éé nnoossssoo ppoorr dd ii rreeii ttoo,na paz , sseemm rreepprreessssããoo,, sseemm ddeessppeejj oo , e sim com nossasescrituras nas mãos legalizando o que já possuímos, nossobelo e humilde lar , nosso cantinho , o lugar ondedescansamos e criamos nossos fi lhos , nossa moradia digna.

COLUNASCOLUNAS

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COLUNAS

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MMáá--nnoottaa JJoorrnnaallííssttiiccaaInflação: surto de aumento ou surto de pessimismo?

No dia 1 0 de abri l os jj oorrnnaaii ss aannuunnccii aarraamm aa mmaaii oorr ii nn ffll aaççããoo eemm 11 11 aannooss. Se bem ospreços aumentam, estamos longe dum “pânico inflacionário”. Como solução o BancoMundial e o FFMMII apontam a necessidade de ccoobbrraarr mmaaii ss iimmppoossttooss (“ajuste fiscal”).Porém, frear o consumo cobrando mais impostos difici lmente é uma boa saída,lembrando o velho Keynes. O Governo alega que a alta do tomate, da batata e da carnese deve à seca, que dificulta a produção destes alimentos. Porém aa sseeccaa nnããoo eexxppll ii ccaa aaii nn ffll aaççããoo, visto que a seca é um fenômeno momentâneo e a inflação vem sendoconstante.Mas, o que é a inflação? Nada mais é do que o aumento general izado e contínuo dospreços. NNoo BBrraassii ll aattuuaall ,, aa ii nn ffll aaççããoo eessttáá sseennddoo ccaauussaaddaa ppoorr ttrrêêss ffaattoorreess ccoonn jj uuggaaddooss..1 º) Os grandes centros de abastecimento e ssuuppeerrmmeerrccaaddooss,, como Carrefour e Wall

Mart, especulam com os alimentos: estimando que os preços subirão, preferem estocá-los à espera desta elevação, o que aumenta ainda mais os preços.2º) Os ii nndduussttrrii aa ii ss repassam ao preço final de suas mercadorias qualquer modificação nos preços de suas

matérias-primas e mão de obra. Isto aconteceu com o aumento da conta de luz, que foi anunciado no dia 4 deabri l , pelo Jornal “O Tempo”. No dia 1 0, quando apareceu o tal “surto inflacionário”, se podia ler neste mesmoJornal que as indústrias repassavam o aumento da conta de energia para o preço dos produtos, ou seja, aoconsumidor final.3º) Os ccaammppooss estão sendo usados para plantar soja e exportá-la para a China, pois é mais lucrativo que

plantar outros cultivos. A mineração tem o mesmo efeito na agricultura. Os grandes produtores de alimentos, porsua vez, preferem não inundar o mercado comseus produtos, pois isto faria baixar os preços.

Assim, aa ii nn ffll aaççããoo eexxii sstteenn ttee nnoo BBrraassii ll ééaarrttii ffii ccii aa llmmeenn ttee ggeerraaddaa, e não será cobrando maisimpostos que ela diminuirá. Historicamente, vemosque sempre há inflação quando os trabalhadorespassam a ganhar mais. Ou seja, basta com que avida do povo melhore, para que os capital istascobrem mais pelos mesmos bens.

RReeccuuppeerraannddooHHoorr ii zzoonntteess

Foi real izado em BH uma oficina sobre Mídia Independente e Ativismo Político

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CCaaddeerrnnoo CCuullttuurraall

UUmm oollhhaarr ssoobbrree aa cceennaa mmuussiiccaall llooccaall ddiiffuunnddiiddaappeellooss DDJJss

ppoorr JJooããoo GGaabbrrii ee ll ((DDJJ BBii ll ll ))

Um disc jockey ou dd ii ssccoo-- jj óóqquueeii ((DDJJ )) éé uumm aarrttii ssttaa pprrooffii ssssii oonnaall qquuee sseell eeccii oonnaa ee"" ttooccaa"" aass mmaaii ss dd ii ffeerreenn tteess ccoommppoossii ççõõeess, previamente gravadas ou produzidas nahora para um determinado público alvo, trabalhando seu conteúdo e diversificandoseu trabalho em radiodifusão em frequência modulada (FM), pistas de dança debailes, clubes, boates e danceterias.Em Belo Horizonte o Quarteirão do Soul que iniciou em 2004 representa o Baile

Black da música negra americana da década de 70 que continua até hoje comforça total divulgando o espírito da música dançante no coração da cidade, praça 7.NNaa aattuuaall ii ddaaddee hháá vváárrii ooss bbaarreess ee eevveenn ttooss ccuu ll ttuu rraaii ss ii nnddeeppeennddeenn tteess que surgiram de

iniciativas individuais e coletivas, propagando a música tocada por essesprofissionais.Há variados esti los de eventos atualmente como o reggae, dub, indie, músicaeletrônica, dubstep, trap, rap e uma infinidade de ritmos e novas escolas musicais.OO DDJJ tteemm ssuuaa ll ii nnhhaa ddee ppeessqquu ii ssaa ee ssee aapprrooffuunnddaa nnaa mmuussii ccaall ii ddaaddee para oferecer

essa música para as pessoas na hora do entretenimento como centro culturais,bares, boates e até na rua. Há DJsespecial izados em música em vini l , e abusca é mais suti l e intensa, pelaprocura de bolachas já fora decatálogo. Há inclusive na cidadecoletivos como Deskareggae, AltaFidel idade, Jungle Clube entre outros,e também DJs que tocam regularmentena cidade como Alex C, Fausto, BlackJosie, Roger Dee, entre outros. Omovimento existe também no interiorcomo o Vini l é Arte de Juiz de Fora,hoje com seus membro espalhados emRio e São Paulo, e o Freqüência

Ruderal de Viçosa, também dedicadoa discotecagem em vini l . Há inclusivea VinylLand que é um selo deprensagem dedicado ao vini l LongPlay e compacto com escritório emBelo Horizonte e sede em Londresorganizado por Luiz Valente.Há também ótimos coletivos e festas

no Rio de Janeiro como o Soul, Baby,Soul do lendário SirDema SenhorSoul, Vitrol inha de Niterói e São Paulocom Funky Nuggets, VenenoSoundsystem, Original Pinheiros Stylee em Santos o Vitrolada organizadopor Wagner Parra que possui um

acervo considerado inacreditável.AA ccuu ll ttuu rraa ddoo vvii nn ii ll eessttáá mmaaii ss vvii vvaa ddoo qquuee nnuunnccaa, com a Polysom na ativa

novamente, relançando discos já fora de catálogo e novas produções, DJsestrangeiros tocando somente música brasileira como Xangô de Amsterdã queatualmente vive em Bruxelas e o selo Analog África da Alemanha que tem suapesquisa dedicada às raridades Africanas, Latinas e até brasileiras nos ritmosesquecidos como o carimbó e a síria.

Dj Bil l . Músico e DJ pesquisador de música brasileira e world music. Participou discotecandoem eventos no espaço Ysti l ingue, Bordello, Piolho Nababo, Terça Sim Terça Não, Old Pub,

Jângal, Savassi Jazz Festival, Café Belas Artes,Objetoria entre outros.

Contato no Facebook: DDii ssccootteeccaaggeemmDDjjBB ii ll ll

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por Ramon Ramalho

Manuel Carvalho, o “Manolo”, éum jovem artista plástico mineiro:sua fala mansa contrasta com aaudácia de suas pinturas.Formado na Escola Guignard, éprofessor de comunicação visualdo SENAI e compôe exposições em diferente lugares, como na Aliança Francesa ou no Edifício Maletta. Versati l idade exigidanestes novos tempos. Sem escapar da cena “underground” na cidade, sua arte foi premiado pelo BDMG.Entrando em seu atel iê encontramos um cenário de criação em plena atividade, quadros as meias por todos os lados, rugido

de máquinas impressoras, experimentações com materiais e fotografias, e vemos sobre tudo cores, muitas cores, o quetransparece em suas obras.Para o Manolo a arte possui uma função educativa, a de sensibi l izar o olhar, o toque, aaudição, e de refletir sobre o gosto em geral, buscando ver o mundo de uma forma maissensível em seu cotidiano, algo oposto à artificial idade da sociedade de consumo, e quese pauta no entendimento de que o mundo não está pronto, mas sim está para serexperimentado e vivido, necessitando por tanto desta educação dos sentidos humanoscomo parte integrante da sensibi l ização do ser não apenas frente à arte, mas inclusivepara o discernimento social e a interação entre as pessoas. Nesta concepção daeducação artística como sensibi l idade para se viver em sociedade, Manuel Carvalho se vêcomo um artista que “pesquisa o olhar”.A simbiose com a realidade pauta toda sua obra. A influência do entorno, notoriamente urbano, capta uma gama de imagensinteressantes que são sobrepostas na tela, adicionando uma pitada de psicodelismo setentista, transferidas às pinturas numexcessos de cores que gera excitação visual ainda aprofundada por formas eróticas mais ou menos explicitas. E toda estaaudácia acontece respeitando a formalidade estética. A técnica usada na maioria das obras é o óleo sobre tela, algumas vezesacrescida de acríl ico.Em vez da fluidez do realismo mágico, esti lo Salvador Dali , a obra de Manuel Carvalho toma imagens realistas que sofrem

bruscas e inesperadas interferências de outras imagens ou cores, que por fim se chocam expressivamente, atual izando emostrando a modernidade do dadaísmo. As questões políticas e sociais são tomadas de maneira indireta, nesta relaçãosimbiótica com o entorno cotidiano, em uma estética discursiva que longe de fechar as interpretações, as deixa abertas na

interação com o espectador.Manuel entende que o artista, com exceções, faz parte da sociedade

de uma forma positivamente marginal, sendo este afastamento umanecessidade para a criação artística l ivre e fluida, fora dos padrõesconsumistas que entendem a posse da experiência como umapropriedade privada adquirível monetariamente. Por outra parte, vê umcenário em crescimento para o artista plástico em BH, e busca suaexpansão também para o exterior, estando prestes a embarcar para aSérvia, onde realizará uma residência artística que pretende interagircom a população local na criação de conjunta de objetos artísticos.

As obras mostradas ao longo de toda revista são de autoria do artistaconvidado, que pode ser contatado no seguinte correio eletrônico:

mmaannooll ooaatteell ii eerr@@ggmmaaii ll .. ccoommA proposta da revista, seguindo seu principio geral autogestivo e

descentral izado, é contar em cada edição com um artista convidado, compondoo padrão estético de cada edição com o acervo de autoria deste convidado.

MMaannuueell CCaarrvvaallhhooOO AArrttiissttaa CCoonnvviiddaaddoonneessttaa pprriimmeeiirraa eeddiiççããoonnooss ffaallaa ssoobbrree aa aarrtteeccoommoo sseennssiibbiilliizzaaççããoossoocciiaall ee eexxpplliiccaa oossmmaattiizzeess ddaa ssuuaa oobbrraa..

ARTISTACONVIDADO

Page 15: Revista bh audaz N.1 Maio2014

•1a3demaio.Encontro

NacionaldosAtingidospelaCopa(ANCOP).Lugar:Colégio

Marco

ni.Horário:todoodia.

•01a13deMaio.Festa

deNossa

SenhoradoRosário.Lugar:R.Jataí1309,Concórdia.

Horário:VerProgramação.Te

l.:(31)34217646.

•03demaio.Atonacional:Copasempovo,tônaruadenovo!Lugar:A

v.doContornocom

Av.A

mazonas.Horário:14hs.

•04deMaio.Asse

mbleiadeAsse

mbleiasPopulares(Asse

mbleiaPopularHorizo

ntalBH)

•07a28deMaio.Ciclo

deDebates:ReformaUrbana.Lugar:SindibelSindicato,Av.A

fonso

Pena,726,18ºandar,Centro.Horário:todaquarta

demaio,das19ás21h30.

•08e09demaio.Seminário

MobilidadeUrbanadoMP.A

v.ÁlvaresCabral,1.690,1ºandar.

Tel.:(31)3330-8016/3330-8166.

•10demaio.Oficin

aPermanentedeComunicaçãoPopular.1ºEncontro,de10às13.

EspaçoComumLuizEstre

la.RuaManaus,348.

•11deMaio.4a.ReuniãodoAtoUnifica

doDireitoàCidade.ViadutoSantaTereza.15:00.

•15deMaio.AtoUnifica

do:DireitoàCidade.Lugar:PraçaRaulSoares,às17hs.

•30deMaioa01deJunho.XIEncontro

deRaízLapinhaMuseuVivo.Inscriçõ

es:A

CESA,

R.Bahia,570.

•06e07deJunho.7ªConferência

Municip

aldeHabitação.Inscriçõ

esdeEntidadesaté

09/05.Lugar:RuaCarangola,288,BH.Dias06das18hàs21he07das8hàs17h.

-Terça

s,às19hs.Reuniãoaberta

doMovim

entoTarifa

Zero.facebook.co

m/tarifa

zerobh

-Quartas,às19hs.Reuniãoaberta

doCOPAC.facebook.co

m/atingidos.co

mitedacopa

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Na"SociedadedaInformação",somosafogadospornoticiasque

maisbem

desinformam,aonosdistrairdosfatosenomesque

interferememnossasvidas.

Aquiumatentativaderomperocerco,divulgandositioseletrônicos

queacreditamosapresentarumconteúdorelevante.

BR

ASIL

Brasild

eFatohttp://w

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efato.com.br/

Carta

Maior:www.cartamaior.co

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AnovaDemocra

cia:www.anovademocra

cia.com.br/‎

RededeComunidadeseMovim

entoscontra

aViolência:

www.redecontraviolencia.org/‎

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CIO

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ropopular:www.barrica

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