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publicação semestral novembro 2012 ISSN: 2182-0244

Revista Factus n. 3

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Revista de divulgação do PmatE/Universidade de Aveiro

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2012

ISSN

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3 # PMATE, UM PROJETO QUE MARCA A EDUCAÇÃO EM PORTUGAL, E NÃO SÓ! 4, 5 # EDUCONTEK - 1.ª FEIRA INTERNACIONAL DE CONTEÚDOS E TECNOLOGIAS PARA A EDUCAÇÃO 6 # ARTIGO DE OPINIÃO // MATEMÁTICA PARA TODOS? MATEMÁTICA POR TODOS?, PAULUS GERDES 7 # CONTEÚDOS DO PMATE REÚNEM O MELHOR DE TRÊS MUNDOS: O DESKTOP, A WEB E O MOBILE 8, 9 # GESTÃO, RÁPIDA E EFICAZ, DE TODO O PROCESSO EDUCATIVO À DISTÂNCIA DE UM CLIQUE 10, 11, 12 # ENTREVISTA // MARIA DE FÁTIMA SOUSA, CÂMARA MUNICIPAL DE CINFÃES 13 # PROJETO PMATE DISTINGUIDO COMO EXEMPLO DE BOAS PRÁTICAS NA EUROPA 14, 15 # REPORTAGEM // COMPETIÇÕES NACIONAIS DE CIÊNCIA 16 # CNC UNDERGROUND 17 # CONCURSO O PALCO É TEU! 18 # 3.ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA 19 # 31 DE OUTUBRO - DIA MUNDIAL DA POUPANÇA

20, 21 # ENTREVISTA // NUNO CRATO, MINISTRO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA 22 # EDUCAÇÃO FINANCEIRA, UMA ESCOLA PARA TODOS 23 # EDUCAÇÃO+ FINANCEIRA DE NORTE A SUL 24 # ARTIGO DE OPINIÃO // “PARA CONHECERES A UVA TENS QUE IR À SUA CEPA”, JOANA SILVA 25 # ENCONTRO AFI 26, 27 # PROJETO “À DESCOBERTA DE REDONDO” 28, 29 # PETIZ - PROJETO ESCOLA A TEMPO INTEIRO 30, 31 # ENTREVISTA // ANDERSON GOMES, SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE PERNANBUCO, BRASIL 32, 33 # FORMAÇÃO CONTÍNUA DE PROFESSORES, MAIS UMA APOSTA GANHA DO PMATE 34, 35, 36 # ARTIGO DE OPINIÃO // É PROÍBIDO NÃO TOCAR!, ANTÓNIO BATEL ANJO 37 # PROJETO CPLP NAS ESCOLAS 38 # ARTIGO DE OPINIÃO // LITERATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA NA OUTRA COSTA DE ÁFRICA, FERNANDA CAVACAS 39 # AGENDA

Propriedade e edição - Universidade de Aveiro / Projecto Matemática Ensino | Diretor - António Batel Anjo | Coordenação - Cláudia Rêgo

Design - Pedro Silva | Colaboração - Ana Carvalhal, Ana Ribeiro, António Batel Anjo, Catarina Tavares, Cláudia Rêgo, José Maximino, José Ricardo Alves, Paula

Antunes, Sandra Sequeira, Sara Duarte , Sérgio Cruz, Soraia Amaro, Susana Gomes | Fotogra�as - Diogo Conceição, João Silva, Alyne Pinheiro, arquivo PmatE

Tiragem - 1000 exemplares | Publicação Semestral | ISSN: 2182-0244

Universidade de Aveiro, Projecto Matemática Ensino / Projecto Pensas

-Zona Técnica, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193

Aveiro, Portugal | Telefone: +351 234 372 548 | Fax: +351 234 370 207 http://pmate.ua.pt

Ficha Técnica Contactos

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UM PROJETO QUE MARCA A EDUCAÇÃO EM PORTUGAL, E NÃO SÓ!

Corria o ano de 89 quando nasce, no Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro, o PmatE. Começa como todos os que querem crescer bem e de forma sustentável, com pequenos, mas �rmes passos.

No início da década de 90, o PmatE concebe uma estrutura digital para a representação de conteúdos que viria a torna-se a sua imagem de marca. A originalidade dessa estrutura aliada ao desenvolvi-mento da PEA, uma plataforma de ensino assistido por computador, fez dele um projeto pioneiro e singular, estatuto que mantém até hoje e que o catapultou de forma transnacional para novas áreas de atuação expressas nos seus três eixos de interven-ção atuais: a comunicação e divulgação de ciência, a intervenção escolar e a cooperação.

Ao longo de mais de 20 anos de atividades regula-res ao serviço da Educação, o PmatE passa por várias mudanças tecnológicas: primeiro a disquete, depois o CD, mantendo-se a partir de 2002 de�niti-vamente na Web. Começa por criar recursos educa-tivos digitais, primeiro em matemática, mas anos mais tarde abre-se a novos departamentos e com eles a novas áreas cientí�cas. Os formatos diversi�cam--se. Novos suportes tecnológicos emergem. E o PmatE torna-se um caso de estudo e um exemplo de boas práticas europeias.

A PEA, criada com o intuito de servir de ferramenta de apoio à avaliação, à aprendizagem e ao ensino,

ganha, com o tempo, novas potencialidades e passa de repositório de recursos educativos a contemplar também um sistema integrado de gestão que permi-te gerir, on-line, todo o processo educativo.

As parcerias consolidam-se. A adesão de muitas entidades externas permitem-lhe alargar objetivos e âmbitos de intervenção. Do impacto inicialmente local passa ao todo nacional, ditando novas formas de popularização da ciência e criando variados projetos de intervenção escolar, hoje com provas dadas no terreno. Daí até à sua internacionalização em países da CPLP foi um passo: marca, desde 2007, uma forte presença em Moçambique, com um dos maiores e mais emblemáticos projetos da coopera-ção portuguesa – o Pensas@Moz (www.pensas.ac.mz), e estabelece relações comerciais com o Brasil.

Por questões de sustentabilidade dá, em 2010, um passo em frente e cria a Edubox (www.edubox.pt), uma spin-o� da UA, com a qual passa a partilhar know-how e equipas de trabalho. Através da Edubox, representante o�cial do PmatE, passa a conseguir fazer chegar ao tecido empresarial o conhecimento gerado internamente, demonstrando o potencial de mercado dessa investigação.

A irreverência a que o PmatE acostumou os seus utilizadores mantém-se até hoje, tal como a vontade de continuar a criar soluções educativas de qualidade, tendo por base a inovação.

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FOI NA ÂNSIA DE DAR RESPOSTA A ESTAS QUESTÕES QUE, NOS DIAS 11 E 12 DE ABRIL, O PMATE ORGANIZOU, NA UA, A EDUCONTEK – 1.ª FEIRA INTERNACIO-NAL DE CONTEÚDOS E TECNOLOGIAS PARA A EDUCAÇÃO. (http://pmate.ua.pt/educontek)

O objetivo do certame era, como sempre, audaz. A educontek fora criada para servir de rampa de lançamento de novos produtos, mostra das últimas tendências educativas, e idealizada para funcionar também como um espaço de promoção e debate de questões fulcrais a todos quantos fazem parte do mundo educativo.

As tecnologias estão aí e vieram para �car. Imaginar o nosso dia a dia sem elas é, atualmente, inimaginável. Quem hoje (sobre)viveria sem computador, telemóvel ou internet?! Arriscamos mesmo dizer, que ninguém! Mas ser-nos-iam estas de grande pro�cuidade se não existissem conteúdos, softwares ou aplicações?

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Na qualidade de produtor de conteúdos digitais há mais de 20 anos, e experiente também o su�ciente tendo em conta as várias transições tecnológicas por que passou e às quais sempre se soube adaptar, o PmatE, adepto confesso de todas as inovações na área educativa, decidiu lançar-se numa nova aventura, a de promover uma feira cuja temática era, até à data, inexplorada em Portugal. Pôs mãos à obra, e em tempo recorde reuniu 24 empresas e instituições, nacionais e estrangeiras, numa mostra ainda que pequena, mas bem representativa do melhor que se faz dentro e fora de Portugal, no âmbito dos conteúdos e das tecnologias para a educação.

apresentação do plano tecnológico da educação de MoçambiqueO país convidado desta primeira edição da educontek foi a República de Moçambique

que se fez representar pelo Vice-Ministro da Educação, Augusto Jone Luís, e pelo Diretor Nacional para o Desenvolvimento das Tecnologias, Kauxique Maganlal, que vieram apresentar pela primeira vez, e fora de portas, o Plano Tecnológico da Educação desse país (http://www.ptemocambique.com).

assinatura de protocolo entre a ua e a unifevA sessão de abertura �cou igualmente marcada pela assinatura de um protocolo entre a Universidade de Aveiro e a UNIFEV – Centro Universitário de Votuporanga, no Brasil, �rmando mais um passo do PmatE rumo à internacionalização.

Para além de todo o espaço expositivo, que acolheu mais de meio milhar de visitantes, o primeiro dia �cou também marcado pela realização de duas tertúlias, onde especialistas e diversas personalidades partilharam informalmente conhecimento e experiências em áreas relevantes para a educação, gerando nos interessados uma oportunidade de formação e debate.

A primeira tertúlia denominada “papel vs. digital”, trouxe à discussão uma questão de certa forma ainda controversa. Perceber, ao nível da educação, o que nos reserva o futuro em matéria de acesso, formato e manusea-mento de conteúdos escolares: deixarão de existir livros em papel? Os conteúdos digitais multimédia, de que já tanto se fala, predomi-narão? Ou coexistirão ambos, em função dos utilizadores e das circunstâncias? Vasco Teixeira, da Porto Editora, Jorge Pedreira, da UnYLeya, e Ademar Aguiar, da Tecla Colorida, foram os especialistas de serviço.

A segunda tertúlia foi dedicada a um tema tão sensível quanto importante: “a internacio-nalização de conteúdos e tecnologias”. Augusto Jone Luís, atual Ministro da Educação de Moçambique, Marcelo Lourenço, Reitor da UNIFEV, Daniel Adrião, da E.Xample e Secundino Correia, da Cnoti, foram desa�ados a responder a perguntas como: estarão as empresas, produtoras de tecnologia, software e conteúdos educativos, preparadas para enfrentar o desa�o vital da internacionaliza-ção? Existirá know-how su�ciente para que estas entrem em novos mercados, diminuindo a dependência do mercado interno?

Sem dúvida, um grande momento de re�exão sobre o panorama educativo atual de Portugal, do Brasil e de Moçambique, países que, embora estejam em estádios de desenvolvimento diferentes nesta área, partilham a mesma língua, as mesmas preocupações e os mesmos desa�os.

“MOÇAMBIQUE, PAÍS CONVIDADO DESTA 1.ª EDIÇÃO, SERÁ O ANFITRIÃO DA 2.ª FEIRA

INTERNACIONAL DE CONTEÚDOS E TECNOLOGIAS PARA A EDUCAÇÃO, POR ISSO, PRÓXIMA PA-RAGEM: MAPUTO!”

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Por Paulus Gerdes

Instituto Superior de Tecnologia e Gestão (ISTEG), Boane, Moçambique

Nos anos 80, a UNESCO, Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, e a ICME, Comissão Internacional para Educação Matemática, estimularam vários debates sobre ‘Matemática para todos’: a matemática devia ser acessível para todos e não só para uma elite. ‘Para todos’ signi�cava

também para todos os povos do mundo, para todas as mulheres, para todos os �lhos de camponeses, para todos os �lhos de operários, para pessoas de todas as cores, para cegos..., simplesmente, para todos os seres humanos sem nenhuma exceção. Uma vez aceite o princípio moral de que se deve ensinar matemática para todos, surgiu a questão de que matemática ensinar a todos e como a ensinar? Como selecionar matérias interes-santes ou úteis para todos? Como construir um currículo de matemática realmente para todos? Ensinar-se-ão os mesmos temas da mesma maneira para todos? Ou escolhem-se temas especí�cos para ensinar a cada grupo alvo particular? E como ensinar matemática para cada grupo ou subgrupo?

Por exemplo, pode-se ensinar as bases da aritmética, da mesma maneira, a crianças em Portugal que têm a língua portuguesa como língua materna ou a crianças em Moçambique que têm uma língua africana como língua materna? Pode-se ensinar ideias geométricas, da mesma maneira, a crianças que vivem num bairro novo de Lisboa e a crianças que vivem numa comunidade de pescadores no litoral ou de agricultores no interior de Portugal?

O debate internacional sobre ‘Matemática para todos’ tem sido enriquecido, desde os mesmos anos 80, pelas re�exões da ‘etnomatemática’.

A etnomatemática é uma área de estudos que analisa as ideias matemáticas desenvolvidas por diversos povos e por vários grupos populacionais, como mulheres, carpinteiros, pescadores, cesteiros, ciganos.

A etnomatemática mostra que todos os povos, todos os grupos populacionais e até todas as pessoas desenvolvem ideias e práticas matemáticas, em certa medida originais, na sua vida do dia a dia. Isto independente do que os próprios envolvidos chamam a estas ideias e práticas de matemática. Por outras palavras, a etnomatemática salienta que a matemática é praticada por todos de uma ou de outra forma.

Assim, o debate ‘matemática para todos’ tem mudado parcialmente de enfoque: de ‘para todos’ para ‘por todos’. Se em todas as comunidades se praticam e se desenvolvem ideias matemáticas, porque não utilizar essas ideias como uma ‘ponte’ da comunidade para a escola. Integrando as ideias matemáticas dos vários grupos populacionais no ensino, dar-se-á a possibilidade a cada aluno e a cada aluna de ‘fazer matemática’, de sentir matemática nem como uma ‘obrigação’ nem como ‘presente’ para ele ou ela que vem de fora, mas como uma atividade interessante que emerge a partir de dentro do ambiente que lhe é familiar e que pode ser tanto agradá-vel, como bonito e útil para a sua vida futura.

Dois livros, publicados em Portugal, que dão uma introdução à etnomatemática e que levantam diversas questões relacionadas com a educação matemática, são:

Gerdes, Paulus (2007): Etnomatemática: Re�exões sobre Matemática e Diversidade Cultural, Edições Húmus, Ribeirão

Palhares, Pedro (org.) (2008), Etnomatemática: Um Olhar sobre a Diversidade Cultural e a Aprendizagem Matemática, Edições Húmus, Ribeirão

MATEMATICA POR TODOS? MATEMATICA para todos?

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mbora a tecnologia não possa nem deva nunca sobrepor-se aos métodos

tradicionais de ensino, servindo apenas de complemento às aulas, é indiscutível a sua in�uência quotidiana. A imersão de conte-údos educativos em diversos formatos e em diferentes suportes pode, por isso, constituir uma oportunidade de a escola redese-nhar a forma de ensinar e de apren-der, sem se ter, contudo, de fazer um corte radical com o passado.

A pensar nisso, e no facto de se estar assistir, de algum tempo a esta parte, a um novo fenómeno – uma geração que mantém uma relação estreita com os recursos tecnológicos disponíveis, e que aprende, comunica e se diverte de forma manifestamente virtual – o PmatE, produtor de conteúdos há mais de duas décadas, decidiu apostar em recursos educativos digitais que reunissem o melhor de três mundos: o desktop, a Web e o mobile, complementando-os com os formatos mais tradicionais e nas mais variadas áreas do saber.

A conceção de pequenos jogos lúdico-educativos, jogos de tabuleiro e aplicações para as redes sociais são também outra aposta do PmatE que lançará brevemente, e em parceria com a Edubox, a grande novidade deste ano letivo – Desa�Arte, desa�a-te com arte! –, um conjunto de manuais escolares de matemática para o 1.º Ciclo do Ensino Básico que aliam o saber matemático ao desa�o, pela arte e engenho dos mais jovens que poderão fruir de mais de 450 atividades interativas, por livro.

Mas as boas novas não se quedam por aqui: todos os dias se desenvolvem novos recursos e aplicações no fervilhar da juventude que pulsa no PmatE, um projeto que continua a apostar na sintonia de recursos educati-vos, em diferentes formatos e suportes, e numa plataforma agregadora de conteúdos como uma peça chave, decisiva e fundamental, na contribuição para o sucesso escolar.

CONTEÚDOSDO PMATE REÚNEM O MELHOR DE TRÊS MUNDOS

O DESKTOP, A WEB E O MOBILE

MATEMATICA POR TODOS? MATEMATICA para todos?

Ao associar três componentes fulcrais para um ensino de excelência – uma plataforma de recursos educativos digitais, planos de formação, para professores e técnicos e um sistema integrado de gestão escolar – a PEA – plataforma de ensino assistido (pmate.ua.pt/PEA), tira partido daquilo que é central na escola – a aprendizagem, o ensino e a gestão escolar.

Ao ser modular e personalizável a PEA permite gerir, on-line, e de forma rápida e e�caz, todo o proces-so educativo. A sua mais-valia reside na integração de todos os dados educativos numa única plataforma, permitindo a criação de sinergias entre autarquias e comunidade educativa nos vários processos que envolvem a educação. Um contributo que consideramos determinante para

a agilização dos processos e para o aumento da e�ciência dos serviços, tornando o processo de comunicação rápido e e�caz e as informações únicas e atuais. O facto de a PEA estar adaptada a diferentes per�s de utilizadores torna possível congregar num único espaço todos os interveni-entes do processo educativo, os quais bene�ciam, ainda, de um portal para comunicação e partilha de mensagens e �cheiros.

A sua adaptabilidade a realidades distintas faz como que a PEA esteja atualmente implementada em Moçambique, no Brasil, e em Espanha, assim como em mais de 60 municípios portugueses, envolvendo, no total, 1.906 escolas, 427.900 alunos, 41.000 encarregados de educação, 8.452 professores e 300 técnicos,coadjuvando-os na gestão dos vários processos que envolvem a área da educação.

Com a PEA, a Gestão Escolar pode ser feita a qualquer hora e em qualquer lugar, uma vez que é baseada em tecnologias Web, permitindo ao utilizador o acesso a partir de qualquer computador que possua ligação à Internet.

de todo o processo educativo à distância de um clique

Gestão rápida e eficaz

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a PEA tira partido daquilo que é central na escola:a aprendizagem, o ensino e a gestão escolar

GESTÃO CURRICULAR / GESTÃO AEC

criação e partilha de documentos

repositório de documentos e mediateca

gestão da assiduidade e registo de sumários

acesso a mapas e livros de ponto

gestão de turmas e subturmas

construção e gestão de questionários

gestão de horários e calendário escolar

acesso a relatórios variados

GESTÃO DA AÇÃO SOCIAL

gestão de regras da ação social e respetiva monitorização

consulta, edição e validação das

pré-inscrições

gestão de escalões da ação social e de escalões customizados

histórico dos alunos (débitos e créditos) com atualização imediata

relatórios de previsão e análise de custos, por escalão e unidades

GESTÃO DE REFEIÇÕES E BARES

gestão de stocks

marcação de refeições, por aluno e por escola

de�nição do valor das refeições, por ciclo de ensino e por escola

consulta das refeições e ementas

pagamento das refeições, por escola e por turma, com acesso ao débito/crédito de cada aluno

acesso a relatórios variados

GESTÃO DE FRUTA E LEITE ESCOLAR

registo do consumo e gestão de stocks

disponibilização de informação em tempo real

criação de mapas e relatórios para o MEC

GESTÃO DE BIBLIOTECAS

registo, catalogação, indexação, criação de quota e disponibilização de obras das bibliotecas

gestão das con�gurações e de empréstimos

consultas e pesquisas

GESTÃO E INVENTARIAÇÃO DO ESPAÇO E PARQUE ESCOLAR

controlo dos equipamentos existentes nos diversos espaços escolares e respetiva catalogação

work�ow de pedidos de intervenção e respetiva monitorização

consulta detalhada das intervenções realizadas (acesso ao estado, ao histórico e aos custos)

acesso a relatórios variados

GESTÃO DE TRANSPORTES

criação e atribuição de circuitos

apoio à decisão e ajuda na otimização de trajetos

acesso a relatórios �nanceiros e de previsão de custos

ÚLTIMAS INTEGRAÇÕES DA PEA

MONITORIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

controlo da taxa de uso dos computadores nas escolas

identi�cação dos utilizadores dos equipamentos

monitorização central sobre o uso dos projetores de vídeo

informações discriminadas por escola, e por sala de aula

PLATAFORMA COLABORATIVA E SOCIAL

espaço Web privado, por escola, com endereço personalizado

promoção da colaboração, comunicação e partilha entre alunos, professores e pais

acesso a wikis, blogs, redes sociais, chats, mensagens privadas, micro-bloggin, etc..

Modular e personalizável,

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PARTIR DO MOMENTO EM QUE

COMEÇÁMOS A TRABALHAR COM PEA

PASSOU A HAVER MAIS RIGOR E EFICIÊNCIA EM TODOS OS PROCEDIMENTOS

O QUE MOTIVOU A IMPLEMENTAÇÃO DA PLATAFORMA DE ENSINO ASSISTIDO (PEA) NO CONCELHO DE CINFÃES?

As di�culdades económicas que o nosso país atravessa exigem uma gestão rigorosa, transpa-rente e responsável. Procurámos uma plataforma que permitisse a todos os agentes educativos - Município, Agrupamentos, professores, assistentes operacionais, alunos e encar-regados de educação - ter consciência das verbas públicas

que estão envolvidas e do retorno que estas devem ter em termos de qualidade da formação dos alunos, servindo também para consciencializar todos os intervenientes neste processo.Foi neste sentido que procurá-mos uma plataforma que nos ajudasse a efetuar esta gestão, que é difícil, não só por estarem várias pessoas envolvidas no processo, mas também devido à heterogeneidade territorial, populacional e social do concelho de Cinfães e à disper-são geográ�ca (densidade populacional de 84,6 por km2).

Acresce ainda o facto de a rede de infraestruturas escolares não estar totalmente concluída, implicando uma grande diferenciação do acesso aos recursos. A verdade é que estamos a atravessar um período em que os recursos económicos são cada vez menores e as exigências com a educação cada vez maiores, o que implica uma preparação dos nossos jovens adaptada às dinâmicas da realidade atual com uma capacidade de precaver as necessidades futuras.

ENTREVISTAS

Maria de Fátima Sousa

Vice-Presidente e Vereadora da Educação da Câmara Municipal de Cinfães

António Bernadino & Marta Vinagre

Professores de Inglês; Técnicos Superiores de Educação, Responsáveis pelas AEC

Cristina Pereira

Assistente Operacional do Complexo Escolar de Cinfães

Factus

Maria de Fátima Sousa

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De que forma a PEA deu resposta às necessidades da autarquia nesta área?

Iniciámos por módulos que colmatassem as necessidades do momento. Por exemplo, fazer a gestão do programa das refeições escolares, num concelho com as caraterísticas já descritas, é complicado, uma vez que nem sempre temos recursos para agilizar todos os processos envolvidos. Assim, torna-se necessário adaptar caso a caso as respostas de forma a obter os resultados pretendidos. Este programa exige o envolvimento de vários agentes educativos e de uma entidade privada, que é responsável pela confeção e distribuição das refeições escolares. Caso este processo não decorra com e�ciência, vários custos �nanceiros e sociais estarão envolvidos. Por exemplo, eram inúmeros os alunos que perten-ciam ao Escalão A, em termos dos apoios no âmbito da Ação Social Escolar, que faziam a requisição e que não compareciam no momento da refeição. Hoje, este problema está ultrapassado. Com a plataforma foi possível consciencializar a comunidade educativa e introduzir procedi-mentos e regras, que impedem que estas situações aconteçam.

Uma outra vantagem que reconhecemos nesta aplicação é o conjunto de indicadores a que podemos ter acesso permitindo uma análise que é fundamental para a tomada de decisão, mas também para demonstrar aos diferentes parceiros educativos com objetividade e oportunidade, facilitando o envolvimento dos mesmos nos diversos processos. A partir do momento em que começámos a trabalhar com PEA passou a haver mais rigor e e�ci-ência em todos os procedimentos.

Considera ter existido uma preocupação em adaptar os serviços prestados pela UA às caraterísticas do município?

Sim, sempre. A grande vantagem da PEA é essa, adaptam sempre os mecanismos às necessidades do projeto, tendo em conta os recursos disponíveis. Por exemplo, ao nível da gestão do parque escolar dispomos, atualmente, de equipamentos de manutenção exigente. Em Cinfães optámos por elaborar protocolos com as Juntas de Freguesia, o que implica a existência de �uxos de informa-ção especí�cos e com bons canais de comunicação. Desde logo, os serviços da PEA mostraram disponibilidade em adaptar os sistemas já existentes às nossas necessidades, permitindo manter este procedi-mento e melhorando-o.

Em termos práticos, o que mudou na gestão escolar do município ao nível dos serviços contratualizados?

Podemos considerar uma melhoria signi�cativa na gestão, pois permitiu uma consciência, por parte de todos os agentes educativos, dos diferentes procedimentos, necessidades reais, custos envolvidos e recursos existentes, conduzindo à implementação de estratégias que visam a melhoria contínua.

Um exemplo que podemos referir é a veri�cação dos custos reais envolvidos. A aplicação ao permitir a análise do custo por aluno, leva-nos a concluir que numa escola pequena, com seis alunos, como ainda existe em Cinfães, o custo por aluno é mais elevado do que num Centro Escolar com todos os recursos de que dispõe.

Um outro exemplo é a melhoria signi�cativa em termos de e�ciência energética. Com a PEA detetou-se que existiam escolas

com consumos bastante elevados. Assim, foi possível fazer-se uma re�exão desta problemática, minimizando-a.

Da parte das escolas houve sensibilidade para essa mudança?

Tem existido um esforço por parte de todos os intervenientes. Existem módulos que implicam uma grande intervenção dos assistentes operacionais e só a sua dedicação permitiu o funcionamento dos mesmos. Também os professores das AEC têm tido um trabalho importante, não só na parte pedagógica como no acompanha-mento deste grupo.

O facto de a plataforma ser fácil de usar foi uma vantagem para conseguir sensibilizar assistentes operacionais que nunca tinham utilizado um computador. Notou-se uma melhoria no desenvolvimento das suas funções, ou seja, consideramos que passaram a demonstrar uma postura mais rigorosa em relação à gestão de recursos.

O sucesso da gestão só é possível quando todos os envolvidos têm a noção de que o seu papel é fundamental, quando integrado num todo.

Tendo em conta as exigências da supervisão pedagógica e da gestão dos equipamentos, consideramos que esta ferramenta poderá ser um auxílio aos coordenadores de estabe-lecimento, uma vez que se facilitou a comunicação e a agilidade dos processos.

Concluindo, consideramos que o facto do processo ser construído à medida das necessidades facilitou o envolvimento e a adesão por parte das escolas.

Há pouco falava em outras áreas e serviços que gostava de poten-

ciar. Que outras áreas gostaria de ver implementadas?

Inicialmente tentámos avançar para as áreas curriculares, por considerarmos ser um instrumento fabuloso, mas não temos conseguido potenciá-lo como gostaríamos. O objetivo é tentar, no próximo ano letivo, abrir esta ferramenta aos pais e conseguir que os professores titulares de turma a potenciem.

Vamos tentar aperfeiçoar a qualida-de dos processos em curso, imple-mentar o módulo do inventário, que já está desenhado e incluir o estudo para um potencial módulo de gestão do pessoal não docente.

ANTÓNIO BERNADINO & MARTA VINAGRE

Professores de Inglês; Técnicos Superiores de Educação, Responsáveis pelas AEC

De que forma é que a PEA veio facilitar o vosso trabalho prático?

António Bernardino – Ao nível das AEC, a PEA veio facilitar imenso o nosso trabalho, quer ao nível da escrita dos sumários, quer ao nível da marcação da assidui-dade dos alunos. A partir do momento em que há a plataforma, estes dados passaram a estar aces-síveis a todos os agentes educati-vos e isso é bastante bené�co.

O processo de avaliação dos alunos na plataforma terá sido o fator mais relevante em termos de sucesso.

Cada professor, dentro dos prazos estabelecidos, passou a poder fazer as avaliações à hora que quer, onde quer. Os professores das diferentes AEC passaram a poder trabalhar em simultâneo nas avaliações das mesmas turmas, e penso que isso foi uma mais-valia muito grande em termos da e�ciência do próprio processo. Outra questão muito importante é a possibilidade de exportar vários indicadores da plataforma.

ENTREVISTAS

Maria de Fátima Sousa

Vice-Presidente e Vereadora da Educação da Câmara Municipal de Cinfães

António Bernadino & Marta Vinagre

Professores de Inglês; Técnicos Superiores de Educação, Responsáveis pelas AEC

Cristina Pereira

Assistente Operacional do Complexo Escolar de Cinfães

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O facto de os dados das avaliações dos alunos serem tratados na plataforma possibilita o acesso a uma série de indicado-res que nos permitem, no �nal de cada período, ter a noção exata de qual terá que ser o trabalho no período seguinte, quer ao nível dos conteúdos quer das atitudes. Antes da implementação da PEA não era possível conseguir esta visão geral, mas agora consegui-mos tê-la e ainda conseguimos ser muito mais especí�cos ao nível dos dados que realmente queremos em termos pedagógicos.

Marta Vinagre – É importante referir também a disponibilidade dos técnicos da PEA, em particular na realização das adaptações necessárias no questionário de avaliação, aproximando-o de um resultado mais textual e menos grá�co. Para além disso, os dados obtidos, depois de exportados, podem ser enviados aos agrupa-mentos, contribuindo para melhorar a supervisão pedagógica, a gestão das turmas, ou até a articulação entre ciclos.

Em relação aos conteúdos, estes têm sido uma mais-valia? Como é que gostavam de potenciar essa área?

António Bernardino – Ao nível dos conteúdos de inglês, interessa referir que cada aluno tem um manual e um livro de atividades e as atividades da plataforma acabam por servir como um complemento a esses materiais pedagógicos. Os alunos gostam muito de resolver as atividades propostas pela plataforma e isso motiva-os bastante para a aprendizagem.

Ao nível curricular, a sua implementação seria uma mais-valia para as escolas, para os professores e principalmente, para os alunos, pela forma como os conteúdos são apresentados e tratados, assim como pelas atividades que são disponibiliza-das, que são excelentes, e ainda pela utilidade dos indicadores que o professor titular de turma

pode ter. O professor pode saber, por exemplo, quais as necessidades reais dos alunos, o que está a ser bem trabalhado, os aspetos que devem ser melhorados… Acho que é uma oportunidade absoluta-mente fantástica para os professo-res e, consequentemente, para o sucesso educativo dos alunos.

De uma forma geral, o balanço que fazem da PEA é positivo?

António Bernardino – Muito positivo em relação às AEC, e em todo o processo que envolve o Município e as assistentes operacionais. Gostaríamos também que os professores titulares de turma começassem, gradualmente, a utilizar a plataforma, por esta ser uma forma de fomentar o sucesso escolar dos alunos.

CRISTINA PEREIRA

Assistente Operacional do Complexo Escolar de Cinfães

De forma resumida, como descreve a interação prática com a plataforma?

No início foi complicado introduzir novos procedimentos, no entanto, em apenas uma semana conseguimos adaptar-nos. A ferramenta é simples, acho que é acessível a qualquer pessoa.

Como encara a formação dada pelos técnicos da Universidade de Aveiro?

É uma mais-valia ter esse contacto mais próximo com os técnicos, que se mostraram muito acessíveis. Tentaram simpli�car sempre os processos e esclareceram as dúvidas que foram surgindo.

Considera que a PEA veio facilitar o trabalho das escolas?

Sim, em termos de contas, agora é tudo mais prático, não é necessário andar com papéis, e isso é muito bom.

NO ESPAÇO DE DOIS ANOS, E JÁ COM MAIS DE DUAS DÉCADAS DE ATIVIDADES REGULARES AO SERVIÇO DA DIVULGAÇÃO E PROMOÇÃO DA CULTURA CIENTÍFICA PORTUGUESA, O PROJECTO MATEMÁTICA ENSINO VÊ O SEU TRABALHO RECONHECIDO POR DOIS PROJETOS EUROPEUS, STELLA E STENCIL, QUE O DISTINGUEM COMO UM EXEMPLO DE BOAS PRÁTICAS NA EUROPA, CONSIDERANDO-O “UM PROJETO DE VANGUARDA”

DISTINGUIDO COMO EXEMPLO DE BOAS PRÁTICAS NA EUROPA

PROJETO

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A trabalhar há 23 anos consecutivos na melhoria da Educação em Portugal, o PmatE é um verdadeiro incubador de ideias, onde os desa�os se multiplicam e crescem a cada dia que passa, originado novos e renovados projetos, num ciclo em que o limite é a imagi-nação. De forma criativa procurou, ao longo destes anos, conciliar os avanços tecnológi-cos com a produção de recursos educativos digitais, conjugando-os de forma harmoniosa rumo à inovação na aprendizagem.

Desta forma, marcou e continua a marcar os caminhos da Educação em Portugal com muitos desses projetos, sendo as CNC – Competições Nacionais de Ciência, o rosto mais emblemático de todo o seu percurso, um marco na sua primeira experiência de internacionalização, e agora motivo de reconhecimento europeu pelos projetos STELLA (Science Teaching in a Lifelong Learning Approach - http://www.stella-science.eu) e STENCIL (Science Teaching European Network for Creativity and Innovation in Learning -www.stencil-science.eu), que as distinguiram como um exemplo de boas práticas europeias.

No mais recente relatório da STENCIL, publicado em 2011, as CNC surgem, em destaque, na rubrica Novas Abordagens Pedagógicas– Inovação em Ensino/Aprendizagem, enquanto “projeto de vanguarda”. O caráter exclusivo do trabalho desenvolvido pelo Projeto também foi sublinhado pelos avaliadores ao a�rmarem que “esta �loso�a única em Portugal, e talvez mesmo no mundo inteiro, faz do PmatE um projeto singular, cuja longevidade con�rma a sua relevância na promoção do interesse e do sucesso na matemática, biologia, física, quími-ca e língua portuguesa”. Os modelos geradores de questões, estrutura digital para representação de conteúdos desenvolvida pelo PmatE, foram considerados como o coração de todo o trabalho e aquilo que faz dele “um projeto pioneiro”.

Este reconhecimento é um orgulho para o PmatE e representa uma responsabilidade acres-cida de quem quer sempre fazer mais pela Educação, e melhor!

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TREINAM DEZENAS, CENTENAS DE VEZES. NA ESCOLA E EM CASA. TROCAM IDEIAS ENTRE SI E

COLOCAM DÚVIDAS AOS PROFESSORES, QUE OS INCENTIVAM A CONTINUAR. NAS ESCOLAS

VENCEDORAS DAS COMPETIÇÕES NACIONAIS DE CIÊNCIA, A PREPARAÇÃO É LEVADA MUITO

A SÉRIO E O MOMENTO DE SUBIR AO PALCO É A RECOMPENSA MERECIDA

O que têm em comum as escolas vencedoras das Competições Nacio-nais de Ciência? Empenho, persistência e orgulho em levar para casa um troféu que merece um lugar de destaque nas escolas. Na prateleira do hall do Jardim-Escola João de Deus, em Coimbra, exibem-se orgulhosamente os Prémios Escola conquistados graças aos bons resultados dos alunos desta escola desde 2005.

Este ano não foi diferente: a João de Deus venceu a Diz3, competição destinada aos alunos do primeiro ciclo, e levou, mais uma vez, o prémio Escola. É, aliás, graças à sua prestação nas provas que esta escola privada já equipou cinco salas de aula com quadros interativos. “A maior parte dos alunos não vai pelos prémios, mas depois sentem-se muito orgulhosos, porque foram eles que ganharam, por exemplo, os quadros”, explica a diretora Teresa Guimarães.

QUANDO SUBIMOS AO PALCO SENTIMOS QUE TODO NOSSO ESFORÇO É RECOMPENSADO

primeiro lugar desta competição vai para a Escola João de Deus

desde que começaram a participar. Este ano, o Tiago Correia e o João Miranda foram os primeiros classi�cados, e não escondem que já contavam com isso. “Já estávamos à espera de �car no pódio, quando vimos os nossos tempos!”, dizem.

Confessam que �zeram muitos treinos, o que foi diminuindo as di�culdades sentidas. Para além disso, não partilham da ideia de que a matemática – uma das disciplinas da prova – é difícil. “Nós gostamos. É só estudar! E por ser um jogo, e no computa-dor, é uma maneira diferente de estudar”, rematam.

Para os professores, os principais impulsionadores de uma participação tão empenhada, as vantagens são muitas. Ana Rodrigues, Maria João Almeida e Alberto Cardoso representam os

professores envolvidos e são eles quem incentiva os alunos a treinar e dão resposta às suas di�culdades. “Muitas vezes, aproveitamos as dúvidas que são levadas para a sala de aula e acabamos por projetar a prova no quadro interativo e responder em conjunto”, explicam.

E o resultado é óbvio: para os seus alunos, “a matemática não é um problema, já que conseguem associá-la a situações do dia a dia”. Para além disso, “maior destreza de raciocínio, responsabilidade, um importante crescimento emocional e uma clara noção de respeito, já que, por participarem em dupla, os participantes têm de aprender a respeitar a opinião dos colegas e a negociar entre si quando divergem de opinião”.O terceiro lugar da Diz3 também �cou na João de Deus, graças à prova do João Ricardo e do Vasco Bastos. Com apenas nove anos, mas muito treino, estes alunos

do quarto ano vieram pela segunda vez à Universidade de Aveiro. Esta é, aliás, uma estra-tégia de motivação da escola: “a cada ano, os 30 alunos com melhores resultados nos treinos vão a Aveiro, e vão sempre pelo menos três pares do terceiro ano - para criar o bichinho para o ano seguinte”, conta a diretora. Para os alunos, valeu pelo dia diferente que viveram. “O mais importante foi a experiência divertida que nós tivemos. E a vitória!”, confessam.

PROVAS DE TREINO SÃO FERRAMENTAS DE APRENDIZAGEMNa Figueira da Foz, os alunos da Escola Básica do 2.º e 3.º Ciclos Dr. João de Barros participam nas CNC desde 2000, sempre com

boas classi�cações. Este ano, ganharam o prémio Escola MAISmat para o segundo ciclo, uma vitória que espelha a dedi-cação de professores e alunos.

“O Clube de Matemática da escola é o centro de toda a atividade em torno das provas, motivando os alunos e funcionando como espaço para a prática e discussão das questões. Muitas vezes, as dúvidas também são levadas para a sala de aula e discutidas entre a turma”, explicam os docentes.

Ana Félix, Ana Moura, Susana Correia e António Sousa Pais são alguns dos elementos do grupo responsável por motivar os alunos a participar nestas competições, e não hesitam quando questionados sobre os benefícios das mesmas. “Os alunos tiram sempre proveito, porque as provas são usadas não apenas como um meio para treinar para a vitória, mas sobretudo como uma ferramenta de aprendizagem”, asseguram.

Mas a Escola Dr. João de Barros não se destacou só na mate-mática: o primeiro e segundo lugares na prova DAR@língua para o oitavo ano também foram para a Figueira da Foz.

Os muitos treinos realizados pelas alunas vencedorascompensaram quando subiram ao palco. “Quando chamaram o nosso nome sentimo-nos realizadas, sentimos que o nosso esforço �nalmente compensou, porque praticámos muito”, conta a Edna. A Maria Francisca recorda-se do ano anterior, quando tiveram “bons resultados nos treinos e depois em Aveiro não correu bem”.

Para a So�a e a Maria Manuel, a sensação vivida no momento da entrega dos prémios não tem descrição possível. “Não há palavras para descrever… porque é o nosso trabalho reconhecido. Quando subimos ao palco, sentimos que todo o esforço foi ali recompensado”, concluem.

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metamorfose está no ADN do PmatE, por isso, este ano, as competições serão

underground, algumas terão novo formato, e os alunos acesso a blocos temáticos!

Com o objetivo maior de surpreender, ano após ano, os nossos utilizadores, decidimos ousar e promover a nova edição das CNC – Competições Nacionais de Ciência, no subsolo. Popularizar novas formas de fazer chegar o saber e a ciência aos mais jovens é o que nos move, por isso decidimos transformar um parque de estacionamento subterrâneo na mais gigante sala de aula do País, e apostar em novos formatos de competição.

À Diz3, competição multidisci-plinar para o 1.º Ciclo, junta-se a DIZ+, uma competição para o 2.º

Ciclo do Ensino Básico, que tem por objetivo avaliar a destreza mental dos alunos e testar, de forma lúdica, os conhecimentos adquiridos por estes em três grandes áreas de estudo - matemática, língua portuguesa e ciências da natureza. A estas, juntam-se também as competições multidisciplinares FQuest, de física e química, GVIDA, de biologia e geologia, para alunos que frequentem os 10.º e 11.º anos destas disciplinas, respetivamente, e a competição nota+, para o 1.º Ciclo, dedicada à educação �nanceira.

Outra nova aposta são os blocos temáticos! Instrumentos, de acesso livre, para professores e alunos, que podem potenciar a criação de novas dinâmicas de aprendizagem, em ambientes formais e informais. As provas das áreas de Ciência e os blocos

temáticos de questões irão contemplar ainda uma compo-nente prática, incluindo questões sobre atividades laboratoriais.

CNC 2012 VOX POPNos dias das CNC andámos pelo Campus, e as respostas não se �zeram esperar. Há alunos para quem as CNC são já da praxe, há quem se estreie, e há os que partem para um novo patamar: a universidade! Con�ra alguns depoimentos das CNC 2012.

Maria Gonçalves, 14 anos

8º ano – Figueira da Foz

“É o quinto ano que venho ao EQUAmat… A prova continua a dar pica. Há sempre aquele friozinho na barriga e a esperança de levar um prémio. É para voltar para o ano!”

Gonçalo Neves, 14 anos

9º ano – Caneças

“Esta foi a minha segunda participação no EQUAmat. Correu mal, apesar de nos termos preparado muito, mas dá gozo participar. Sou fã!”

Vera Lúcia, 17 anos

12º ano – Felgueiras

”Foi a minha primeira participa-ção nestas competições. Nos treinos as coisas pareciam mais difíceis, mas as provas correram bem. Apesar de ser uma experi-ência positiva (aprende-se a trabalhar em equipa), espero não voltar a participar porque para o ano quero estar na universidade.”

Isabel Rasteiro, 11 anos,

EB 2,3 Dr. João de Barros

“Foi giro, mas por ser quinto e sexto ano juntos havia coisas que eu não sabia… e não me tinham calhado nos treinos. Não trouxe nenhum prémio individual, mas também contribuí para o prémio escola. Fico orgulhosa.”

Afonso Cruz, 10 anos,

Jardim-Escola João de Deus

“Fiz mil treinos. Ou mais… Agora sei a matéria toda! Há sempre aquela motivação de ir a Aveiro e dar o nosso melhor. É um dia diferente, fazemos as provas, brincamos, conhecemos alunos de outras escolas”.

O MAIOR EVENTO DE EDUCAÇÃO PORTUGUÊS ESTARÁ DE VOLTA À UA, DIAS 22, 23 e 24 DE ABRIL

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Os concursos de talentos proliferam por todo o País e em todos os meios. Que em Portugal há talento, não há dúvida, mas desta vez, o talento veio à UA! Durante três dias, as CNC foram palco de uma mistura explosiva de vários géneros musicais e performances artísticas que testemunharam a qualidade do talento português.

A seleção dos participantes decorreu via facebook (www.facebook/pmate.ua), mas a votação foi feita no palco perante a atuação, ao vivo, dos 12 concorrentes. A decisão do júri e do público foi soberana: Miguel Ângelo, Diogo Santos e Ana Silva sagraram-se os vencedores da primeira edição do concurso O PALCO É TEU!, perante uma plateia de 15 mil participantes que �caram ao rubro com as várias atuações.

O repto de uma próxima edição do concurso O Palco é Teu! �cou lançado, e com ele a pro-messa de revelar novos e diferentes talentos!

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Universidade de Aveiro, 3 e 4 de julho. O an�teatro do Departamento de En-genharia Mecânica encheu-se, durante dois dias, para a 3.ª Conferência Interna-cional de Educação Financeira, orga-nizada pela Escola Aberta de Educação Financeira do Projecto Matemática Ensi-no (PmatE), da Universidade de Aveiro, com o apoio da Caixa Geral de Depó-sitos. Cerca de 120 participantes, entre os quais muitos professores dos vári-os graus de ensino, seguiram, atenta-mente, o desenrolar dos trabalhos.

A apresentação do tema proposto, “Educa-ção Financeira: transversalidade e cidada-nia”, esteve a cargo de 37 oradores, nacio-nais e estrangeiros. Aberta, pela primeira vez, a submissões espontâneas, a confer-ência contou, também, com alguns orado-res convidados, proporcionando dois dias intensos de re�exão, encontro e troca de experiências, que, permitiram, identi�car tendências e traçar um quadro, com contornos muito realistas, daquilo que se está a fazer, no nosso País e no mundo, em matéria de Educação Financei-ra. No �nal, �cou a promessa: Até para o ano!

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DE OUTUBRO DIA MUNDIAL DA POUPANÇADEDICADO À FORMAÇÃO FINANCEIRA

O PNFF, recorde-se, é dinamizado pelos supervisores �nanceiros (Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e Instituto de Seguros de Portugal) e conta com a colaboração de ministérios, associações do setor �nanceiro e de consumidores, centrais sindicais e algumas universidades, entre as quais a de Aveiro.

E o Dia Mundial da Poupança, instau-rado em 1924, por ocasião do “1st International Savings Bank Congress”, que teve lugar em Milão (Itália), continua a chamar a atenção para a necessidade de disciplinar gastos e amealhar algum dinheiro, de forma a prevenir di�culdades futuras e evitar situações de sobre-endividamento.

A participação da Escola Aberta de Educação Financeira traduziu-se na presença da exposição interativa Educação+ Financeira, patrocinada

pela Caixa Geral de Depósitos, que está a percorrer o país pelo terceiro ano consecutivo.

Trata-se de uma exposição itinerante que conta com o apoio do jornal Correio da Manhã, na qualidade de media-partner, e destina-se a ajudar os mais jovens a adquirir os conhecimentos e as competências essenciais a um desempenho consciente, esclarecido e respon-sável na hora de tomarem decisões de índole �nanceira.

Nos dois primeiros anos, a exposição Educação+ Financeira foi vista por mais de 30 000 jovens e já esteve em cerca de quatro dezenas de cidades, do Minho ao Algarve.

No mesmo dia (31 de outubro), o coordenador do projeto, Sérgio Cruz, esteve na RTP2, para participar no programa “Sociedade Civil”, de Fernanda Freitas, dedicado ao Dia Mundial da Poupança.

A Escola Aberta de Educação Financeira, projeto de literacia �nanceira da Universidade de Aveiro, associou-se às comemorações do Dia Mundial da Poupança, que decorreram a 31 de outubro, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, integradas no Dia da Formação Financeira, numa iniciativa da responsabilidade do Plano Nacional de Formação Financeira (PNFF).

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Factus - Qual é o balanço que faz de um ano de governo na área da Educação? Maiores di�culdades e constrangimentos?

Nuno Crato - Neste primeiro ano introduzimos algumas mudanças importantes: concentrámos o currículo nas matérias fundamentais e ajudámos a reduzir a dispersão curricular, começámos

a estabelecer metas de aprendizagem que organizam as matérias dos programas de forma clara, reforçámos a avaliação dos alunos com provas �nais nos anos terminais de ciclo, demos mais tempo para o português e a matemática, tal como para as ciências e para a história e a geogra�a, demos mais autonomia às escolas, estamos a reforçar o ensino pro�ssional, en�m, tocámos em várias áreas fundamentais.

É importante ouvir os parceiros, introduzir as mudanças de forma gradual, discuti-las e explicá-las. Há sempre alguma resistência, sobretudo política, porque em muitas áreas de política educativa tem imperado uma visão pouco rigorosa e pouco exigente das coisas. Mas creio que temos tido bastante apoio dos professores, dos diretores e dos pais. As pessoas percebem que as mudanças que estamos a introduzir há muito que são necessárias.

Em que é que esta experiência como ministro alterou a sua perspetiva crítica relativamente às grandes questões da educação? Se fosse hoje, voltaria a aceitar ser Ministro da Educação?

Aceitei o convite pois, depois de ter durante tanto tempo falado sobre educação, pareceu-me que não poderia recusar colaborar nas mudanças necessárias.

É claro que agora, que estou no Ministério, apercebo-me de uma série de constrangimen-tos práticos que antes não percebia tão bem. Trabalha-se com aquilo que é possível, e nem sempre se consegue alcançar tudo o que se pretende. No entanto, a minha perspetiva crítica relativamente às grandes questões da educação e as ideias que, com muitas outras pessoas, tenho defendido não se alteraram, e é sobre estes princípios, que estão muito bem expressos no programa de governo, que estamos a trabalhar.

Avaliar pelos resultados das provas de aferição que se conhecem (os resultados pioraram), a Matemática continua ser o calcanhar de Aquiles de muitos estudantes. Será uma fatalidade?

A matemática não é uma fatalidade. É uma disciplina interessante, necessária, que tem uma forte ligação ao dia a dia e que é indispensável para ter uma visão lógica do mundo e para apreciar a sua dimensão quantitativa. É muito objetiva e clara: 2+2=4, não há outra interpretação possível. Com trabalho e treino, pode tornar-se o ponto forte da maioria dos estudantes. Mas há algumas di�culdades que têm de ser ultrapassadas. É uma disciplina que exige treino continuado, esforço de abstração, domínio dos conceitos e disciplina.

Qual é futuro que está reservado às atividades de enriquecimento curricular no atual contexto?

As atividades de enriquecimento curricular são um complemento da educação dos nossos alunos. As alterações que estamos a fazer neste momento vão no sentido de que aquelas que são oferecidas pelas escolas possam aproveitar os recursos humanos existentes, o que é melhor para as escolas e melhor para os alunos.

O desemprego está a afetar fortemente os jovens recém-graduados e quem tem mais formação. Quer isto dizer que as universi-dades continuam a não preparar para a vida? Por que é que o número de vagas nos cursos superiores não é �xado em função das necessidades do mercado?

A nossa orientação é que, na de�nição das vagas, deve ter-se em conta a empregabili-dade dos cursos, mas não pode ser esse o único critério. A empregabilidade também evolui e não se devem cortar oportunidades só por haver menor empregabilidade. Por exemplo, mesmo que não houvesse neste momento um único emprego para um licenciado em �loso�a não se deveriam fechar todos os cursos de �loso�a.

Em tempos de crise, é fundamental uma boa gestão das �nanças pessoais. Não terá chegado a altura de introduzir a educação �nanceira nas nossas escolas? Do básico ao superior?

A literacia �nanceira é importante para que os jovens possam tornar-se consumidores consci-entes das suas possibilidades e limitações.

Há hoje em dia diversos projetos que incentivam esta literacia, e a mesma é trabalhada em sala de aula no âmbito da disciplina de matemática. Não faz sentido, porém, introduzir uma disciplina especí�ca para o tema. Não podemos esquecer que o sistema educativo português é campeão de dispersão curricular, dispersão esta que acabamos de diminuir signi�cativamente com a Revisão da Estrutura Curricular que entra em vigor agora em 2012/2013.

Os manuais escolares continuam a mudar todos os anos, impedindo a sua reutiliza-ção, ao contrário do que acontece inclusive em países mais ricos. Porquê?

Os manuais têm um período de vigência de seis anos, que na maior parte dos casos tem sido respeitado. As alterações feitas pelo Ministério da Educação e Ciência têm também isso em conta. O novo acordo ortográ�co, por exemplo, está a entrar nos manuais escolares de forma faseada, de modo a que as famílias não sejam obrigadas a renová-los antes do �m do seu período de vigência.

ENTREVISTA

NUNO CRATO Ministro da Educação e Ciência

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UMA ESCOLA PARA TODOS A Escola Aberta de Educação Financeira da Universidade de Aveiro (EAEF/UA) é o projeto aglutinador de todas as iniciativas e ações que se têm vindo a desenvolver nos últimos anos, das que estão atualmente em curso, e daquelas outras que projeta realizar, no futuro, na área da Educação Financeira.

EAEF/UA assume-se como uma verdadeira escola, não no formato tradicional, pois não

terá salas de aulas com quadro, mesas e cadeiras, mas no sentido mais universal de um espaço de formação interdisciplinar, �exível, versátil e de grande mobilidade, aberto à participação de outras instituições públicas e privadas e ao estabelecimento de parcerias com outros agentes sociais.

Este Projeto distinguir-se-á pela qualidade e pelo rigor das formações, mas também pela

utilidade prática das aprendiza-gens e pela promoção do uso intensivo das novas tecnologias da informação e da comunicação.

Além da exposição Educação+ Financeira, no terreno há dois anos, a EAEF/UA de�niu a formação, a sensibilização/ mobilização e a produção de conteúdos como os seus principais eixos de atuação.

Ao nível da intervenção escolar e social, a EAEF/UA promoverá ações de formação dirigidas a toda a comunidade escolar, às

pessoas com capacidade de intervenção e multiplicação (formadores, animadores culturais e sociais, jornalistas), e ao público em geral.

Dando continuidade ao trabalho já desenvolvido no âmbito da sensibilização/ mobilização, continuará a promover conferên-cias, seminários, debates, tertúlias e mesas redondas, assim como exposições e semanas temáticas.

Outra aposta da EAEF/UA será dar seguimento à produ-

ção de conteúdos que está em curso, e conceber novos jogos de mesa e jogos multimédia, assim como livros, folhetos e conteúdos de caráter informativo/formativo.

Por �m, mas não menos importante, a Escola Aberta de Educação Financeira da Universi-dade de Aveiro continuará a estabelecer colaborações regulares com os órgãos de comunicação social, através de parcerias estratégicas e da colocação de conteúdos de Educação Financeira nos media.

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DE NORTE A SULeducação �nanceira é um tema de grande atualidade, que tem vindo a despertar um interesse crescente por

parte da sociedade, devido não só a uma maior consciência da impor-tância das decisões �nanceiras que temos de tomar ao longo da vida mas, também, por causa da atual conjuntura económico-�nanceira.

Diversas instituições nacionais e internacionais têm vido a desen-volver ações de sensibilização/ formação, por forma a aproximar o ensino das necessidades atuais, no que diz respeito à educação para a cidadania.

MAIS DE 33 MIL VISITANTES

Pelo terceiro ano consecutivo, a Universidade de Aveiro, através do Projecto Matemática Ensino, está a desenvolver o projeto Educação+ Financeira, em parceria com a Caixa Geral de Depósitos.

O projeto é constituído por uma exposição itinerante com atividades interativas, que se desloca de distrito em distrito, por todo o País, dando a oportunidade aos alunos de diferentes níveis de escolaridade – e ao público em geral – de tomarem contacto com as principais questões relativas à gestão das �nanças pessoais, que se colocam no dia a dia.

A exposição é, geralmente, acompanhada por um ciclo de

conferências denominado “Construindo uma Educação+ Financeira”.

Durante este ano letivo, a exposição Educação+ Financeira está, pela terceira vez, a dar a volta a Portugal. Esteve em mais de 40 cidades e vilas do continente e soma mais de 33.000 visitantes/participantes.

Muitos têm sido os apelos à continuidade destas ações manifestados no decorrer das sessões ou comunicados nos testemunhos voluntários recolhidos durante as visitas.

O projeto tem como objetivos principais sensibilizar para a importância da educação �nanceira e despertar o interesse da comunidade educativa - e da população em geral - para este tema, por forma a que possa vir a ser incluído, em breve, entre as atividades escolares.

EDUCAÇÃO+FINANCEIRA IIIA primeira edição do projeto Educação+ Financeira arrancou a 6 de outubro de 2010, em Águeda, e terminou, na sua segunda edição, no passado dia 18 de maio, em Aveiro. O bom acolhimento e os sucessivos apelos à continuidade do projeto incentivaram a realização desta terceira edição, que arrancou no dia 2 de Outubro, em Setúbal e vai terminar em Aveiro, no dia 24 de Abril de 2013, depois de percorrer 23 cidades.

Acompanhe as atividades do projeto em:

http://pmate.ua.pt/educacaomais ou através do Facebook.

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PARA CONHECERES A UVATENS QUE IR À SUA CEPA

uantos de nós já não ouviu e não raras

vezes - comen-tários do géne-

ro: “A reforma é inútil porque

existem outros problemas mais

importantes que o da ortogra�a!”; “O Brasil vai invadir-nos culturalmente”; “Se o -h desaparecer em palavras como homem, honra, humano, estas palavras descaraterizam-se”; “O acordo de 1945 que era simples e coerente, perderá essas qualidades”; ”A introdução de letras estrangeiras des�gura o alfabeto português”, etc., etc..?

Falar de ortogra�a, ou de “arte de escrever correto na língua portuguesa” é falar antes de mais de escrita e falar de escrita é falar por sua vez de uma necessidade grá�ca de representação da fala que preside à comunicação entre os interlocutores de uma determinada língua.

Atingir um público in ausentia temporal e espacial é também um dos seus objetivos.

No entanto, para que haja um registo correto das palavras enunciadas é necessário que haja uma uni�cação de um conjunto de normas, a partir da qual todos os falantes de uma língua se possam basear.

É este o domínio da ortogra�a. Composta por duas palavras gregas aglutinadas ortos (direito) + grafein (escrever) esta palavra é de�nida como "o conjunto de regras estabelecidas pela gramática normativa que ensina a gra�a correta das palavras".

Não obstante, a língua, enquanto organismo vivo, está sujeita a permanentes mutações. Para além de vivo, é também um organismo “absorvente” e, uma vez inserida num determinado contexto social e cultural, acaba por transparecer o seu re�exo.

É este o fator que vai demarcar as diferentes fases de vida da gra�a da língua portuguesa.

Viajemos pela sua história: Até ao século XV, a gra�a da língua portuguesa arcaica era carateri-zada pela simplicidade e pelo sentimento fonético.

Havia uma tentativa de represen-tar a escrita o mais próximo possível dos sons da fala.

Escrevia-se tal qual se pronunciava e, como a pronúncia não é igual de falante para falante, existiam por isso várias formas de se escreve-rem as mesmas palavras.

ygreja, eygreya, eygleyga, eigreia, eygreia, eygreyga, igleja, igreia, igreja e ygriga.

Surge, no século XVI, uma nova fase da gra�a da língua portuguesa em que o processo de simpli�cação é descurado.

Com o Renascimento e com o avanço nos estudos humanísticos, era douto recorrer-se, nas várias áreas do saber, ao almejante padrão clássico. O latim e o grego voltam a ter muito prestígio e a serem consideradas línguas ricas e modelares. O léxico português é então invadido por referências destas duas línguas e passam a ser valorizadas algumas das suas formas grá�cas restauradas.

Evidencia-se o recurso a consoantes mudas: regno por reino; fructo por fruto, bem como os grupos consonânticos -ch (com som de -k), -ph, -rh, -th.

Os sécs. XVI, XVII e XVIII, são séculos marcados pelo incidente estudo nesta área e em que a proposta ortográ�ca assentava em princípios inúteis e de complicações.

É o período, por isto, designado por pseudo etimológico na medida em que a etimologia servia apenas de pretexto para todos os �oreados que se pretendia atribuir à língua.

Em 1576, Duarte Nunes de Leão publicou a sua “Orthographia da Lingoa Portuguesa”.

Este e outros autores (como Álvaro Ferreira da Vera, João Franco Barreto, entre outros) pugnavam por uma ortogra�a assente em pilares de artifício e que construíam um óbice à evolução da língua.

No século XVIII, o panorama ortográ�co alterou-se. É aqui que surge o período Histórico-Cientí�co.

Com as in�uências iluministas, Luiz António Verney insurge-se contra esta gra�a de sentimento etimológico criticando o �oreado pomposo da gra�a. Manifestou-se contra o emprego das letras dobradas (quando não pronuncia-das), o uso do -c antes do -t, do -ch por -k e ainda contra as consoantes mudas -g e -h que, segundo a sua opinião, deviam simplesmente desaparecer.

Com todas estas variações criou-se e aguçou-se no século XIX uma necessidade de criar uma norma �xa da língua portuguesa.

Desde este século até então, foram várias as propostas no sentido da criação de um Acordo Ortográ�co que fosse do agrado de todos os países da CPLP. Foi, no entanto, um período de muitos avanços e recuos, encontros e divergências, neste processo de tentativa de concordância, até que, em 2004, os ministros da Educação da CPLP se reuniram e decidiram que as mudanças iriam ser implementa-das se apenas três países rati�-cassem o acordo, algo que foi conseguido em 2008.

Estamos, neste momento, a viver um período decisivo deste processo.

O grande objetivo desta reforma é não só simpli�car a escrita, como também uniformizá-la.

Sendo que a língua portuguesa é a sétima língua mais falada no mundo (falada por cerca de 220 milhões de pessoas) é de facto uma medida que se torna imperiosa no processo de evolução, homogeneização e uni�cação dos países com a língua portuguesa como língua o�cial. Com isto, pretende-se ainda uma maior interseção cultural e cientí�ca, que promova por sua vez uma maior divulga-ção da língua.

Antes de declararmos a nossa resistência à nova reforma, não será talvez uma melhor atitude procurarmos as suas raízes, ao invés de a avaliarmos apenas pela rama?

(Provérbio popular português)

Por Joana Silva - Projecto Matemática Ensino / Projecto Pensas

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VII edição do Encontro AFI, que se realizou no

Centro Cultural de Redondo, centrou-se

na importância dos recursos educativos digitais no desen-volvimento das aprendizagens, com o objetivo de dar contribu-tos focalizados pelo olhar das diferentes aprendizagens - formais, informais e não formais. Durante três dias, os cerca de 80 participantes do AFI puderam assistir a 41 conferências que se materializaram na troca de expe-riências entre público e palestran-

tes, e na partilha de projetos e ati-vidades bastante abrangentes no que diz respeito às áreas explora-das, e que foram enriquecidos pelos contributos da assistência durante os momentos de debate.

O AFI procurou ainda apresentar percursos paralelos, e mostrar, através de projetos internacionais, nacionais e até regionais, modos de interagir na construção de um projeto signi�cativo e global, servindo igualmente para revelar novas estratégias e metodologias de transmissão de conhecimento.

De destacar ainda o apoio do Centro de Competência TIC da Universidade de Évora, do Grupo de Investigação Ciberdidact da Universidad de Extremadura, em Espanha, e da Câmara Municipal de Redondo, na co-organização deste encontro. Assim como a presença de dois nomes consagrados de Moçambique: Mia Couto, biólogo e escritor, e Paulus Gerdes, matemático, que apresentaram “Aprender a não saber” e “Cultura e a concepção de jogos e puzzles matemáticos: alguns exemplos de África”, respetivamente.

Depois de Braga, Fundão, Região Autónoma da Madeira, Chaves, Aveiro e Redondo, a VIII edição do Encontro AFI – Aprendizagem Formal e Informal, realizar-se-á em Amarante, dias 10, 11 e 12 de julho de 2013, tendo como tema central “o potencial educativo do audiovisual na aprendizagem em ambiente formal, informal e não formal”. Este Encontro encontra--se creditado.

Mais informações poderão ser encontradas em: http://pmate.ua.pt/a�.

O AFI é um encontro itinerante que reúne professores de todos os ciclos de ensino, investigadores e divulgadores de ciência que se debruçam sobre as questões da aprendizagem em diferentes ambientes, dando a conhecer as atividades e os projetos que levam a cabo e mostrando, num espaço dedicado à troca de experiências, o que de melhor se faz em Portugal na área da Educação

10 11 12Junho 2013 Amarante

dias

PRÓXIMA PARAGEM:

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A Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei 46/86) salienta a função formativa da escola e o Currículo Nacional do Ensino Básico consagra ao Estudo do Meio – área disciplinar do 1.º Ciclo do Ensino Básico – um conjunto alargado de potencialidades.

O Estudo do Meio local permite desenvolver competências de análise da sociedade. A comunidade local funciona como um laboratório onde se desenvolvem competências de ação e se testam estratégias e modelos de intervenção. Assim, entender a comunidade é a primeira etapa para compreender a sociedade global na qual o cidadão, em constante formação, intervirá e participará. Isto justi�ca o alargamento progressivo dos conteúdos focados no meio local como ponto de partida para a aprendizagem. De facto, o Estudo do Meio local preconiza o desenvolvimento integral do aluno em todas as suas dimensões de identidade pessoal e social, tendo um papel crucial no desempenho de competências para a cidadania.

De acordo com o Ministério da Educação, em 2001, a aventura de partir à “descoberta” para conhecer o Meio – no sentido de saber pensar e atuar sobre ele – pressupõe o desenvolvimento de competências especí�cas em três grandes domínios que se relacionam entre si: a localização no espaço e no tempo; o conhecimento do ambiente natural e social e o dinamismo das inter-relações entre o natural e o social. Isto prende-se com a preocupação da promoção de um ensino ativo e crítico, em que os alunos são estimulados a pensar e a re�etir, desenvol-vendo o pensamento re�exivo, partindo das suas próprias conceções sobre o que os rodeia.

Na génese do Projeto “À Descoberta de Redondo”, desenvolvido pelo PmatE, esteve a escassez de materiais de apoio multimédia e audiovisuais que pudessem recriar situações diversi�cadas de aprendizagem e que incluíssem o contacto direto com o meio envolvente. Também foi preponderante a imprescindibilidade de inverter o papel subalterno dos meios tecnológicos, incenti-vando a utilização das novas tecnologias, e aproximar o público-alvo à realidade de Redondo.

É uma iniciativa inovadora, envolvente e dinâmica, que consiste na implementação de recursos didáticos de conteúdos programáticos do 1.º CEB preconizados pelo Ministério da Educação e Ciência, reajustando-os à realidade local.

“À Descoberta de Redondo” assume um caráter integrador e motivante para os intervenientes. Embora esta iniciativa possua um cariz mais local e desenvolva conteúdos maioritari-amente de Estudo do Meio, outra mais-valia reside na transversalidade da sua aplicação e de públicos que podem bene�ciar da sua implementação. Além disso, a natureza dos recursos desenvolvidos é muito diversi�cada e engloba recentes dispositivos informáticos (quadros interativos, tablets, smartphones, desktops, laptops e netbooks). Todas as aplicações estarão acessíveis gratuitamente.

Os recursos pedagógico-didáticos estão subdivididos em dois formatos – físico e multimédia –, existindo ainda recursos que apresentam duplo formato. Todos eles contêm um guia de exploração com sugestões pedagógicas.

O ProjetoÀ Descoberta de Redondo

Estudo do Meio:do nacional ao local

O ESTUDO DO MEIO LOCAL NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

No recurso “Poluição” há um tópico com curiosidades

especí�cas de Redondo. O item “Aprende” reúne a informação e o “Explora” permite navegar

por cenários e explorar diferentes tipos de poluição.

27

Outros recursos multimédia são compostos por uma parte expositiva e outra exploratória, com caráter mais dinâmico, lúdico e interativo.

Projeto de desenvolvimento local >> do signi�cante ao signi�cado!

O “Ciclo da Água” é composto por uma animação legendada e duas componentes de aplicação de conheci-mentos, sendo uma delas o reconhecimento das formas da água na natureza em Redondo.

“Viver Portugal” é composto por um puzzle e por informação interativa (distribuição populacional, clima e atividades económicas nacionais e locais).

O “RedonDIN” pretende desenvolver habilidades

de estratégias e de negociação. Todas as suas

“casas” são estabelecimen-tos, entidades e serviços

de Redondo. Paralela-mente à dinâmica de

negociação existem desa�os, curiosidades

e informações.

O “Miradouro” é uma aplicação multimédia de navegação em perspetiva tridimen-sional, onde se localizam pontos caraterísticos da região com informação adicional.

A “DizRedondo” é uma prova assente em conceitos de modularidade, �exibi-lidade e aleatoriedade.As questões pretendem avaliar a destreza mental dos alunos e tastar os conhecimentos adquiridos.

28

No contexto educativo atual, as Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) são uma das mais estruturantes oportunidades de criação de um projeto educativo complementar à Escola. Primeiro, por potenciarem a envolvência efetiva dos diversos intervenientes de cada Comunidade Educativa, depois, por contarem com o apoio das autarquias que têm vindo a desempenhar um papel particularmente relevante nesta matéria

o seio de projetos educativos que têm sabido conjugar as diferentes potencialidades das autarquias, dos agrupamentos de escolas e

do corpo docente (professores titulares e professores que dinamizam as AEC), o PETIz – Projeto Escola a Tempo Inteiro (www.facebook.com/petiz.UA) tem conseguido a�rmar-se por apostar num leque mais abrangente de atividades e diferenciar-se, ao otimizar os recursos locais existentes e ao criar dinâmicas de comunicação e colaboração na construção de experiências de aprendizagem enriquecedoras.

A atuar na área das AEC desde 2006, o PETIz já teve oportunidade de trabalhar em diversos distritos e em vários municípios do País, sempre com o objetivo basilar de proporcionar aos alunos oportunidades de aprendizagem num ambiente não formal e informal, que privilegia a interdisciplinari-dade, a multiculturalidade e a ligação à comunidade. A relação estreita do PETIz com as autarquias, com o corpo docente das escolas e a intervenção dos encarregados de educação têm contribuído para que, de forma lúdica, os alunos possam desenvolver as suas capacidades num ambiente participativo, criativo e inovador.

Ao apostar na criação de recursos didáticos próprios, o PETIz tem desenvolvido trabalho em diversas áreas das AEC, respondendo aos desa�os colocados pela comunidade educativa local, ao criar novos projetos e ao adaptar atividades. Assim, além de desenvolver as principais atividades

preconizadas pelo Ministério da Educação e Ciência – o inglês, a música e a atividade física e desportiva – o PETIz tem igualmente apostado em áreas tão diversas como a arTICiência, a expressão plástica, a expressão dramática, as TIC e o xadrez. Ao longo dos últimos anos, diferenciou também a oferta de conteúdos, fez plani�cações anuais de atividades para cada ano letivo (do 1.º ao 4.º ano), e em todas as áreas, concebendo de forma complementar diversos Kits Didáticos nas áreas de inglês, música e xadrez.

O trabalho realizado pelo PETIz, tem-se pautado por uma postura de adequação das AEC às necessidades das autarquias e agrupamentos de escolas possuindo, por isso, um vasto leque de serviços que presta aos diversos intervenientes escolares, de entre os quais se destacam: a contra-tação de docentes; a plani�cação e implementação das AEC; a articulação e reuniões com todos os Parceiros; a apli-cação de inquéritos de satisfação a alunos e encarregados de educação; a avaliação e o acompanhamento das AEC (de forma periódica e contínua); a implementação e disponibilização de recursos, e a realização de ações de formação aos docentes das AEC (ao longo de todo o ano letivo).

Não existindo uma fórmula de sucesso única para as AEC, o PETIz tem procurado, ao longos dos anos, trilhar o seu próprio caminho, tendo o seu trabalho sido desen-volvido de formas diferentes nos diversos municípios e agrupamentos de escolas.

PROJETO ESCOLAA TEMPO INTEIRO

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EVENTOS PETIz1 de junhoAnsiãoDIA MUNDIAL DA CRIANÇA 700 alunos

2 de junhoEstarreja ESTalento + de 150 alunos

9 de junhoPedrógão Grande, Ansião e Alvaiázere PEDDY-PAPER INTERMUNICIPAL 100 alunos

13 de junhoSátão DIA DAS AEC 450 alunos

17 de junhoEstarreja

FESTA DA MÚSICA 14 escolas participantes

TORNEIOS DE XADREZ Agrupamentos de Cacia e Eixo, Concelho de Estarreja400 alunos

FACTUS PETIz

4 Distritos0 Municípios

4 Agrupamentos de Escolas+ de 00 Escolas

+ de 4000 Alunos+ de 50 Professores

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Entrevista Anderson Gomes, Secretário de Educação do Estado de Pernambuco, Brasil

a tecnologia é um meio,

não é um �m Com 12 mil salas de aulas

distribuídas por 1.112 escolas, o Estado de Pernambuco, no Brasil, é

casa para 839 mil estudantes. A gestão de tudo isto está a cargo de

Anderson Gomes, Secretário de Educação do Estado de

Pernambuco, que esteve recentemente na Universidade de

Aveiro, a participar no Ciclo de Conferências “A Educação no

Mundo”. Anderson Gomes, que é também professor universitário na

área da Física, falou sobre o "Desenvolvimento da Educação no

Estado de Pernambuco – Brasil"

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Factus: Na sua intervenção, referiu existirem uma série de metas para a alfabetização e aumento da escolarização no Brasil e, nomeadamente, no Estado de Pernambuco. Que medidas especí�cas estão em curso?

Anderson Gomes: O Governo do Estado ajuda os municípios na área pedagógica, com acções concretas de capacitação e alfabetiza-ção, e também na realização de uma prova anual, para avaliar os estudantes, cujos resultados são depois entregues aos municípios. Para além disso, ajuda ainda através de repasses �nanceiros. Cada Estado repassa 25% de um certo valor para os municípios. Desse valor, 10% estão atrelados à área da Educação. Por isso, se o município não �zer uma boa aplicação desse dinheiro, estará a perder recursos, e isso incentiva a que o município tenha boas creches, escolas, professores…

No caso do Brasil, esta gestão escolar no terreno está a cargo dos Estados e municípios, e não do Governo central. Acha que esta descentralização é uma vantagem?

Acredito que sim, mas é preciso que o gestor municipal, o Secretário de Educação cuide bem da área que está a seu cargo, porque ele tem um papel decisivo, e nos sítios onde isto não acontece quem sofre são os estudantes. Mas esta descentralização é boa, porque o país é grande e este é o modelo ideal para um país deste tamanho.

Que importância é dada à formação continuada de professores?

Hoje, a formação continuada dos professores precisa de ser diferente. Existe o modelo

antigo, que ainda é usado, em que essa formação é dada pontualmente, uma ou duas vezes por ano, reúnem dois ou três dias para capacitação... Mas isto já não funciona, esta formação tem de ser dada em trabalho, ao longo do ano, até com a participação dos estudantes. E tem de ser dada em coisas inovadoras, em pedagogias e metodologias novas, porque o conteúdo o professor já domina. Temos de capacitá-lo no uso de ferramentas inovadoras, seja tecnológicas, seja pedagógicas ou de gestão.

Qual é, ou qual acha que deve ser, o papel da tecnologia no Ensino?

Na Educação, a tecnologia é um meio, não é um �m. Hoje a sua importância é incontornável. Precisamos dotar a sala de aula de toda a tecnologia, precisamos capacitar os alunos e professores para usar estas ferramentas tecnológicas como instrumento pedagógico, porque o digital é a extensão do livro, do caderno, da caneta… E se haverá horas em que o professor não vai querer fazer uso dela, da mesma forma que às vezes não quer usar o livro ou o caderno, quer apenas discutir com os alunos, haverá outras horas em que ela será uma grande aliada. Por isso, acho que a principal questão não é saber se ela é necessária, porque é, é saber como ajudar o professor e o aluno a usá-la da melhor forma.

Na sua intervenção, deu o exemplo de uma escola, a 450 quilómetros da capital do Estado de Pernambuco, que venceu o prémio de melhor escola do Brasil. Como é que podemos diminuir as assimetrias entre as escolas dos centros urbanos e as outras?

Esta escola é um grande exemplo… O que é que ela tem de diferente? As pessoas. As pessoas quiseram juntar-se - as famílias, os professores, os gestores… - e usar o que tinham e o que não tinham, por isso na di�culdade elas criaram coisas novas. Hoje, quando os Governos colocam os instrumentos à disposição – e mesmo nos lugares onde eles não colocam – quem faz a diferença são as pessoas. As pessoas que pensam que estão a cuidar de vidas, que estão a cuidar do futuro do Estado, do país… Isso faz a diferença.

É muito interessante, porque não foi uma escola do Rio de Janeiro, de São Paulo, nem mesmo uma escola da capital do nosso Estado… E nós temos escolas boas na capital, bem equipadas, com professores pós-graduados, onde os alunos não têm problemas de mobilidade… Mas não foram estas escolas que serviram de exemplo para o país, e sim a escola que se distinguiu pelo trabalho diferente realizado.

Referiu ainda a intenção de estenderno Brasil o conceito de escola em tempo integral…

Sim, penso que isso é fundamental. Na maioria dos países que conheço os estudantes passam o dia todo na escola, e os professores também �cam todo o dia na mesma escola. No Brasil isso não é assim. Em Pernambuco nós temos o nosso Ensino Médio a caminhar para isso, e mostramos que, ao longo dos últimos cinco anos, com escola em tempo integral, há uma evolução muito grande. E acredito que é isso que precisamos para evoluir e tirar este atraso.

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QIQuadros Interativos

213 formandos21%

FORtechA tecnologia aoserviço do ensino

144 formandos14%

QICONTWEBQuadros Interativos, Conteúdos e WEB

646 formandos65%

O PmatE está atento aos novos desa�os que as escolas enfren-tam. Nos dias de hoje, a escola deve estar preparada para intervir em domínios distintos como o domínio social, o domínio do crescimento pessoal e o domínio das aprendizagens, reinventando estratégias de ensino e de aprendizagem de forma a despertar nos alunos a curiosidade, o espírito crítico e a vontade de construir o seu próprio conhecimento.

Cada escola tem uma realidade própria, para a qual contribuem diversos fatores como a localiza-ção, o número de alunos, as condições físicas e os recursos disponíveis. Contudo, indepen-dentemente da realidade em que está inserida, cada escola deve contar com pro�ssionais empreendedores e motivados, que sejam capazes de inovar ao nível dos procedimentos pedagógico-didáticos no sentido de construir uma escola dinâmica e promotora de aprendizagens ativas e signi�cativas.

Apesar disso, não basta ter acesso a ferramentas. É neces-sário estar munido de um conjunto de conhecimentos e

competências que permitam

rentabilizar essas ferramentas

para que seja possível tirar o

maior proveito das mesmas,

numa lógica de crescimento

efetivo, quer do aluno, quer do

professor. É neste sentido que a

formação contínua de professo-

res tem um papel fundamental,

não devendo ser esquecida.

Sensível à dimensão pro�ssional

do docente que procura a

formação contínua em diversas

áreas do saber, o PmatE dispõe

de uma equipa de formação que

trabalha a �m de dar resposta às

necessidades dos docentes. O

pilar que sustenta a formação

ministrada pelo PmatE é inovar

na construção do saber. Seguindo

este mote, no ano 2011/2012 a

equipa de formação sofreu uma

reestruturação, adquirindo uma

nova designação: F5 – inovar e

saber. O novo nome surgiu da

necessidade de espelhar a aposta

do PmatE na inovação no ensino

das diferentes áreas do saber. F5,

como o próprio nome indica,

procura ser um refresh, uma

lufada de ar fresco na formação

de professores, sendo que todas

as formações ministradas

assentam nas TIC e na sua rentabilização no contexto escolar.

No decorrer do ano letivo 2011/2012 a equipa de formação F5 – inovar e saber esteve presente em diversos municípios, abrangendo um universo de 1003 formandos.

Neste ano letivo foram ministra-das essencialmente três ações de formação creditada: FORtech – A tecnologia ao serviço do ensino, QI – Quadros Interativos e QICONTWEB – Quadros Interati-vos, Conteúdos e Web.

As formações ministradas centraram-se sobretudo em conteúdos relacionados com os quadros interativos e tam-bém na Plataforma de Ensino Assistido (PEA). No que concer-ne aos quadros interativos a equipa de formação F5 – inovar e saber visou promover a constru-ção de materiais dinâmicos passíveis de serem utilizados em contexto de sala de aula.

MAIS UMA APOSTA GANHA DO PMATE

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No próximo ano letivo a equipa de formação disponibiliza um leque alargado de formação creditada.

ConTIC - As novas tecnologias na produção de conteúdos: 30h (15h presenciais + 15h não presenciais) / 1,2 Créditos

Plataforma de Ensino Assistido - As novas tecnologias em contexto de sala de aula: 40h (20h presenciais + 20h não presenciais) / 1,6 Créditos

Ensino Experimental das Ciências apoiado pela Tecnologia50h / 2,0 Créditos

FORtech - A tecnologia ao serviço do ensino - 30h / 1,2 Créditos

QICONTWEB - Quadros Interativos, Conteúdos e Web25h / 1,0 Créditos

QI - Quadros Interativos - 15h / 0,6 Créditos

QICONT - Quadros Interativos e Conteúdos - 20h / 0,8 Créditos

QICONTEAP – Quadros Interativos, Conteúdos e Estratégias de Aprendizagens - 40h / 1,6 Créditos

Os professores tiveram a oportunidade de conhecer as potencialidades do quadro interativo e do software a ele associado. O quadro interativo funciona como um estímulo acrescido à construção de aprendizagens, disponibilizando um conjunto de ferramentas e funcionalidades que tornam a exposição dos diferentes conteúdos mais apelativa e completa. Desta forma, os formandos podem desenvolver competências no sentido de construírem materiais e recursos adequados à realidade de cada turma e especi�cidade de cada aluno, investindo num ensino globalizante mas, ao mesmo

tempo, individualizado, que privilegia a interação professor-aluno. Relativamente à aborda-gem da PEA, esta constituiu uma mais-valia para os professores que exercem a sua atividade em municípios que utilizam esta ferramenta na gestão escolar.

A PEA permite a interface entre os vários intervenientes do universo escolar agilizando os diferentes processos, bem como o acesso a uma série de conteúdos, nomeadamente modelos geradores de questões, manuais escolares digi-tais e conteúdos cur-riculares multimédia, certi�cados cientí�ca e pedagogicamente pela Universidadede Aveiro. Assim,

a sua utilização pelos municípios e, mais concretamente, pelas escolas, contribui para uma mudança positiva na cultura escolar, promovendo a partilha de opiniões, materiais e recursos.

Através do feedback dado pelos formandos foi possível perceber que as ações de formação ministradas foram relevantes para o seu crescimento pro�ssional.

Amadora

Évora

Estremoz

Espinho

Bragança

Lisboa

Fafe

Mondim de Basto

Montijo

Porto

Mourão

Pombal

Portel

Póvoa de Lanhoso

Redondo

Reguengosde Monsaraz

Sabugal

Santarém

Terras de Bouro

Vendas Novas

Viana doAlentejo

Vieira do Minho

Vila Nova da Barquinha

Vila Novade Famalicão

VilaVerde

Vila Viçosa

Vizela

OFERTA FORMATIVA NO ANO LETIVO 2012/2013

ONDE ESTIVEMOS

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Por António Batel Anjo

Assessor do Ministro da Educação

de Moçambique

Museu da Ciência e da Técnica é o lugar ideal para quem deseja viver as relações do homem

com o mundo, onde se privilegia o conhecimento num espaço interativo capaz de proporcionar aprendizagem através do despertar de sentidos – os sentidos da ciência.

Em Moçambique prepara-se a primeira unidade de uma rede de Museus de Ciência e Tecnologia que vão existir neste país.

Quando vai existir uma rede de museus? Não importa o tempo, importa a certeza – vai existir. A ciência discute-se a cada passo, a cada dia. Já o avanço da mesma não é questionável por ninguém. Criar uma sociedade moderna exige espaços de experimentação onde a ciência seja posta à prova.

Assim, na Escola Secundária Francisco Manyanga vai nascer um Museu de Ciência e da Técnica. Qual o seu enquadramento?

Esta é uma das recomendações, de entre muitas saídas da Conferência de Nairobi, promovida pela Unesco em 1976.

“Authorizes the Director-General to undertake or pursue a programme of activities designed to promote, in the context of lifelong education, the renovation and improvement of structures, content, methods and techniques of school and out-of-school education geared to development, bearing in mind

Unesco’s recommendation concerning education for international understanding, co-operation and peace and education relating to human rights and fundamental freedoms and the various needs of Member States”. (1)

Da leitura deste documento salienta-se a criação de uma forte consciência social e política em torno da Ciência e da sua Divulgação como forma de promoção do sucesso.

Imagine um espaço onde a informação transita

livremente e, aliada à possibilidade de entretenimento consegue

criar conexões com o conhecimento e o potencial cientí�co.

Estamos a falar de um lugar real onde tudo é possível

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Formal, Não-Formal ou Informal? EIS A QUESTÃO.A aprendizagem que cada indivíduo for construindo ao longo da sua vida é fundamental para a compreensão da Ciência. Para isso contribuirão todas as situações de ensino formal, não-formal e informal com que se vier a confrontar.

A educação formal carateriza-se por ser altamente estruturada. Desenvolve-se no seio de instituições próprias – Escolas e Universidades – onde o aluno deve seguir um programa pré-determinado, semelhante ao dos outros alunos que frequen-tam a mesma instituição.

A educação não-formal processa-se fora da esfera escolar e é veiculada pelos museus, meios de comunicação e outras instituições que organizam eventos de diversa ordem, tais como cursos livres, feiras e encontros, com o propósito de ensinar ciência a um público heterogéneo. Pode ainda dizer-se que a educação não-formal é toda a atividade organizada, sistemática e educativa, realizada fora do sistema o�cial e de forma

intencional, para facilitar determinadas aprendizagens a grupos de adultos ou crianças. A aprendizagem não-formal desenvolve-se, assim, de acordo com os desejos do indivíduo, num clima especialmente concebido para se tornar agradável.

Finalmente, a educação informal ocorre de forma espontânea na vida do dia a dia através de conversas e vivências com familiares, amigos, colegas e interlocutores ocasionais.

Posto isto, podemos a�rmar que os ensinos formal, não-formal e informal podem apresentar-se como vias complementares de acesso à informação cientí�ca. Esta perspetiva tem como foco uma visão de linearidade ciência-cultura. Neste sentido, a ciência não se opõe à cultura, antes a integra, contribuindo com conhecimentos especí�cos para um saber que se adapte às necessidades gerais dos indivíduos numa sociedade.

Para estes investigadores distinguem-se apenas a educação formal e a educação informal. Assim, a educação considerada não-formal passa a estar englobada na denominação por informal, pelo que o “conceito de informal” passa a conter também a de�nição apresentada para não-formal.

A aprendizagem informal é de entre todas, a forma de apren-dizagem menos programável. É um processo que dura toda a vida e em que as pessoas adquirem e

acumulam conhecimentos, capacidades, atitudes e modos de discernimento mediante as experiências diárias e sua relação com o meio ambiente.

No entanto, a ocorrência de umas e outras na vida de cada um não é equivalente. Com efeito, o ensino formal ocorre normalmente na primeira fase da vida, antecede a atividade pro�ssional e é estrutu-rado de acordo com os objetivos das políticas educativas vigentes.

O conhecimento a que se pode aceder na escola é, em grande parte, não determinado por cada estudante. Daí os confrontos entre setores que defendem diferentes currículos, diferente escolaridade e diferentes modos de avaliação. No contexto do ensino formal, as diversas propostas apresentadas pelos educadores de Ciência conver-gem todas no sentido de que este ensino deverá fornecer ao aluno as bases para aceder a mais conhecimento cientí�co (por via escolar ou não) e tornar-se um cidadão esclarecido e informado para a tomada de decisões. Por isso, o ensino das ciências terá que contribuir para a formação da atitude crítica próprias de um espírito cientí�co.

No que respeita à educação em ciências, a Escola tem um papel fundamental, mesmo com todas as suas possíveis lacunas, pois muitos dos conceitos cientí�cos são contra-intuítivos e precisarão de um sistema formal de ensino para serem aprendidos.

A Articulação entre os Ensinos FORMAL E INFORMALHoje em dia, a educação em ciência é considerada de forma irrefutável uma das principais áreas na instrução do cidadão

comum. Para além desta corrente ser praticamente um dado adquirido, o ensino das ciências deve começar cada vez mais cedo. Para tal, são apresentadas várias razões, entre elas:

Responder à curiosidade das crianças (é mais fácil ganhar um físico aos 5 anos do que aos 15!);

Ser uma via para a construção de uma imagem positiva e re�etida acerca da ciência (as imagens constroem-se desde muito cedo e a sua mudança não é fácil).

A conjugação destes e de outros fatores leva a que cada vez mais se procurem caminhos paralelos na construção e enriquecimento do saber cientí�co global de uma sociedade bombardeada com eventos entusiasmantes mas que de certa maneira desviam os mais novos de um saber cienti�camente letrado. Deste modo, surgem-nos, a partir de estudos efetuados, diversas alternativas didáticas proporcio-nando novas abordagens, e criando oportunidades, para os mais novos, de instrução de um saber cientí�co cada vez mais sólido. Nesta perspetiva, o papel da escola na promoção da literacia cientí�ca dos jovens exige que nela se desenvolva o ensino inteligente das ciências, uma questão tão complexa como vasta.

A Escola deixou de ser para uma elite e teve que se reorganizar para receber, acompanhar e desenvolver um grupo heterogé-neo de alunos provenientes muitos deles de famílias com um passado escolar muito mais reduzido. Os problemas da escolarização passaram a ter novos contornos embora a intenção global continuasse a ser a de proporcionar formação e competências para o futuro a nível pro�ssional, pessoal e social.

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as sociedades modernas as vias de acesso à informação e formação são diversas, algumas

delas pelas suas caraterísticas bem mais cativantes da atenção e interesse dos jovens. Isto não signi�ca, no entanto, que a Escola esteja a perder o seu papel na formação dos jovens mas sim que terá que atender às potenciali-dades formativas de outras vias, até porque os alunos trazem para a Escola muita informação e saberes adquiridos por via não-formal ou mesmo informal.

A Escola não é o único espaço de aprendizagem, mas terá de ser um lugar de eleição das apren-dizagens. As atividades relaciona-das com o conhecimento da Ciência e Tecnologia estão a ser, cada vez mais, reconhecidas como motores de crescimento económico e impulsionadores do bem-estar melhorado. Muitos países estão a dar prioridade a programas de desenvolvimento cuja instrução em ciência é mais elevada e com o empreendi-mento da Tecnologia baseada na Ciência no sentido de se tornarem economicamente mais desenvolvidos.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) e a UNESCO são as forças impulsionadoras de desenvolvi-mento apoiado na C&T dentro do mundo industrializado.

Tendo em consideração todo o impacto da Ciência na sociedade, torna-se óbvia a Divulgação de Ciência como agente da Cooperação para o desenvolvi-mento Internacional.

Em suma, a Cooperação para o Desenvolvimento deve apostar na Divulgação Cientí�ca como forma de contribuir para a melhoria da Educação em Países em Desenvolvimento, tendo,

porém consciência da impor-tância dos recursos existentes nos espaços de ensino não-formal, como ambientes complementares da sua ação.

Património Cientí�co e TecnológicoAo Património Cultural, urge acrescentar outros conhecimen-tos que a Ciência e a Tecnologia proporcionam, contribuindo para uma visão enriquecida, do mundo e de nós próprios. A ideia enraizada de que estas temáticas são herméticas e incompreen-síveis é uma ideia a contrariar com o esforço de todos os que se envolvem no trabalho de produção e divulgação de ciência.

É verdade que os resultados da investigação produzidos em laboratório são difíceis de comunicar, (a comunicação não é linear) mesmo entre pro�ssionais da mesma área, se não forem especializados nessa área (o trabalho de investigação está cada vez mais compartimentado).

Mas são esses mesmos investiga-dores que têm que fazer um esforço ainda maior para transmitir (comunicar) a informa-ção de forma acessível, seja em diálogo direto com os cidadãos seja através de intermediários pro�ssionais vocacionados para a comunicação e ações de divulgação de ciência e tecnologia (entre os quais também se encontram os professores).

A produção de conhecimento cientí�co e tecnológico deve vir a ser entendida como qualquer outra pro�ssão de interesse público não só pelo produto acabado como pela evidente melhoria das condições de vida que pode originar.

Tal como no Ensino na Escola, a Comunicação ao público em geral, deve ter em conta a experiência, vivências e interesses dos recetores da informação. A aproximação a fenómenos facilmente identi�cáveis e observáveis na natureza é importante para não quebrar os canais de comunicação com os seus destinatários. Desta tarefa não faz parte ensinar nem hierarquizar saberes adquiridos, nem muito menos avaliá-los e classi�cá-los. Esta é a diferença mais óbvia entre Divulgação /Comunicação de Ciência, e ensino Escola em sociedade, mas ambas as áreas de intervenção em sociedade contribuem para a promoção da Cultura em geral e a cultura cientí�ca em particular.

É PROIBIDO NÃO TOCARÉ aqui que tudo de encaixa. O visitante torna-se participante: ora pode escalar uma rampa, num “desa�o de uma coreogra�a arbitrária”, ora pode cruzar o espaço numa bicicleta num precário equilíbrio ou deitar-se numa cama de pregos. Quando estamos a aprender – tocar e sentir é a parte essencial do processo.

Mas a ideia pode ir mais longe: é proibido não desa�ar as ideias estabelecidas e confrontá-las com os nossos saberes.

No artigo “No theory is too special to question” (2) , Casey Luskin fala da suposta descoberta que os neutrinos podem viajar mais rápido que a luz. No entanto após refazer o conjunto de experiências, �cou demonstrado que os neutrinos não podem viajar mais rápido do que a luz. Mas a tentativa de refutar a a�rmação foi um exercício útil para a comunidade da física

teórica. A situação levou a comunidade dos Físicos Fundamentais a discutir o modo apropriado de lidar com casos nos quais os resultados experimentais preliminares desa�am leis "estabelecidas".

Parece que aqueles físicos estavam abertos a desa�ar uma das teorias mais preciosas, a relatividade especial. O facto é que a Teoria de Einstein saiu dos testes sem nenhum beliscão, mas o facto de haver alguém que coloque a hipótese de considerar a possibilidade de que a relatividade especial estivesse errada é encorajante.

Penso que na comunidade dos Biólogos existe uma teoria que todos têm uma grande estima e consideração – a Teoria da Evolução. Procurei por várias bases de dados cientí�cas e não encontrei um artigo que se propusesse para desa�ar os aspetos fundamentais da evolução. Será apenas uma questão de tempo.

A liberalidade e a disposição de tolerar o desa�o de “é proibido não tocar” é de facto o princípio básico da ciência. Criar espaços onde tudo possa ser testado, mesmo que levante todas as dúvidas, é sem dúvida o mais importante e fundamental da nossa sociedade.

(1). Records of the General Conference

Nineteenth Session Nairobi, 26 October to

30 November 1976, Volume 1, Resolutions

United Nations Educational, Scienti�c and

Cultural Organization.

[http://unesdoc.unesco.org/images/0011/0

01140/114038e.pdf]

(2). “No theory is too special to question”,

Nature 483, 125 (08 March 2012). [Giovanni

Amelino-Camelia, a theoretical physicist at the

University of Rome La Sapienza, has a

thoughtful article in Nature titled, "No theory

is too special to question." It recounts the

recent spat over the supposed discovery of

neutrinos that can travel faster than light. As

he notes, after further experiments, it turns out

that neutrinos can't travel faster than light.]

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PROJETO DE INTERVENÇÃO ESCOLAR E COMUNITÁRIA DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

NAS ESCOLAS

OBJETIVOS DO MILÉNIO (ODM):1. Erradicar a pobreza extrema e a fome.

2. Atingir o ensino primário universal.

3. Promover a igualdade de género e a capacitação das mulheres.

4. Reduzir a mortalidade infantil.

5. Melhorar a saúde materna.

6. Combater o HIV-SIDA, a malárias e outras doenças.

7. Garantir a sustentabilidade ambiental.

8. Criar uma parceria global para o desenvolvimento.

Todas as etapas foram planeadas e estruturadas tendo por base quatro dimensões, consideradas fundamen-tais para o sucesso deste projeto, nomeadamente a formação, a tecnologia, os conteúdos e a coordenação.

A implementação do projeto será acompanhada atra-vés de uma plataforma interativa online, que permiti-rá a partilha de conteúdos e experiências, aprofun-dando o conhecimento uns dos outros e das culturas.

missão desta iniciativa encontra-se indexada ao oitavo objetivo dos “Objetivos do Milénio”*, a serem atingidos por todos os países até 2015.

Este objetivo diz respeito à constituição de parcerias e interações entre países desenvolvi-dos e em desenvolvimento, na prossecução de um desenvolvimento global sustentável. E está alicerçado na meta 18 que pretende “tornar acessíveis os benefícios das novas tecnologias, em particular os da informação e comunicação”, através da promoção da educação para o desenvolvimento e do acesso a tecnologias da informação e comunicação.

O “CPLP nas Escolas", sendo um projeto de intervenção escolar e comunitária de grande envergadura foi dividido em três fases de desenvolvimento: lançamento e experimenta-ção do programa, expansão e consolidação.

A CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) foi criada o�cialmente em 1996, com o principal propósito de promover a articulação e aprofundar laços entre os oito Estados-Membros – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçam-bique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

O PROJETO “CPLP NAS ESCOLAS”,DESENVOLVIDO EM PARCERIA COM ALGUMAS ENTIDADES, ENTRE AS QUAIS O PMATE – VISA A APROXIMAÇÃO DAS GERAÇÕES MAIS JOVENS DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA, PERMITINDO-LHES TROCAR INFORMAÇÃO E PARTILHAR EXPERIÊNCIAS, CONSTRUINDO PONTES ENTRE OS ESTADOS-MEMBROS DA CPLP.

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Ler Mia Couto continua a ser para um grande número de leitores esta comu-nhão de sentir e imaginar, de viver e de prolongar no tempo (con)vivências através da magia da palavra e de situações partilha-das com personagens distantes mas pare-des meias com as nossas dúvidas e os nossos pensamentos. E o encantamento dessa leitura prolonga-se e projeta-se na compreensão do mundo transcultural e na aceitação da pertença multicultural a um universo de que a ironia nos desvenda cíclicos episódios de fanatismo e de a�rma-ções bacocas de supremacias de raças, crenças e civilizações.

O Outro Pé da Sereia é o sexto romance do autor e o primeiro que assenta explicita-mente no cruzamento das viagens moçam-bicana e portuguesa.

Trata-se de um cruzamento de estórias situadas no Oceano Índico (entre Goa e a costa oriental de África) e especi�camente em Moçambique, que se desenrolam em treze momentos narrativos encadeados em tempos muito distantes: Dezembro de 2002, atualidade da sociedade moçambi-cana, e (des)encontros histórico-culturais à época dos Descobrimentos Portugue-ses, entre 1560 e 1561. Neste caso, os factos

históricos em que se baseia a narrativa coutiana prendem-se com a primeira incur-são católica na corte do Império do Mo-nomotapa levada a cabo por D. Gonçalo da Silveira, o provincial dos jesuítas na Índia Portuguesa.

O convite para a leitura do livro faz-se desde logo pelo título: O Outro Pé da Sereia é um identi�cador temático, onde a função metafórica espreita encaminhando--nos para um mundo mágico de um ser mitológico que é apreendido a partir da estátua de Nossa Senhora, benzida pelo Papa e símbolo maior da peregrinação dos Portugueses, com a desfaçatez/sensa-tez de quem lhe aplica a sua crença desco-brindo-lhe diferenças para se adequar à santidade da Kianda, a deusa das águas. De facto, não há a surpresa atónita da metade do corpo da bela mulher com cauda de peixe. Há antes a necessidade de compreensão do destino a dar aos pés da santa para que a ordem possa ser reposta.

Também as duas citações com que Mia Couto inicia o romance tomam a forma de epígrafes, e cumprem o papel de elemen-tos prefaciais que nos suscitam e orientam a leitura, explicando e enquadrando o horizonte de expectativas num quadro de permanência dos mortos na vida dos que

partilham com eles o �uir dos dias - crença profunda na mediação dos mortos entre o sagrado e o quotidiano humano - e de en-tendimento da vida que vai �uindo como a água e em que o sonho exerce o seu pa-pel equilibrador.

Finalmente, deter-nos-emos apenas na que consideramos ser a personagem principal – Mwadia Malunga, a que tinha corpo de rio e nome de canoa, a esposa de Zero Madzero, a quem cabe o papel de viajante, elo condutor das várias estórias em presença, cujo programa narrativo recupera e interpreta os diversos papéis das outras personagens e estabelece um paralelismo com a viagem da Santa e a necessidade premente de lhe encontrar um lugar para que ela possa, �nalmente, descansar: Junto ao tronco [de um largo embondeiro], ela depositou a Virgem, se ajoelhou e disse: – Você já foi Santa. Agora é sereia. Agora é nzuzu(p.380).

De facto, cumprindo embora o papel tradici-onal feminino na sociedade moçambicana, a força desta mulher que assume a missão de encontrar um destino para a estátua de Nossa Senhora em Vila Longe, a sua terra natal, �ca patente aos olhos do leitor e corres-ponde inteiramente à metáfora da canoa que nos leva a bom porto e em segurança.

LITERATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA NA OUTRA COSTA DE ÁFRICAMais que obstáculo o oceano Índico foi um caminho, um cruzamento de culturas. Por suas águas chegaram navegantes de outros continentes, de outras raças, outras religiões. Na linha da costa moçambicana se teceram sociedades de trocas. Os navios eram a agulha que costurava esse imenso pano onde se estampam diversidades. Durante séculos não se procedeu apenas ao comércio de mercadorias, de línguas, culturas e genes. Construíram-se contornos de nações. Moçambique foi tecido assim do mar para o interior. A linha que costurou o nosso país veio da água, da viagem, do desejo de ser outro. A bandeira que nos cobre é um pano de muitos e variegados �os.

(Mia COUTO, «Um mar de trocas, um oceano de mitos», in Índico, n.º 14, 2001: 27-30.)

POR FERNANDA CAVACAS

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CNC EM REDENo dia 6 de março de 2013, as escolas estarão tecnologicamente ligadas, apesar da sua separação geográfica. O mote desta união serão as competições nacionais de ciência em rede, que visam criar um elo de ligação entre diferentes escolas em prol de um objetivo comum: a promoção do sucesso escolar. http://pmate.ua.pt/compete

CNC COMPETIÇÕES NACIONAIS DE CIÊNCIA

Dias 22, 23 e 24 de abril de 2013, realizar-se-ão as CNC, um evento em que participam, todos os anos, entre 15 a 20 mil alunos, oriundos das mais variadas áreas geográficas. O objetivo é promover e aumentar o sucesso escolar em áreas como a matemática, o português, a biologia, a física e a geologia. As provas são realizadas via Web e a final tem lugar em Aveiro. http://pmate.ua.pt/compete

ENCONTRO AFIO AFI é um encontro itinerante que reúne professores, investigadores e divulgadores de ciência que se debruçam sobre as questões da aprendizagem em diferentes ambientes, dando a conhecer as atividades e os projetos que levam a cabo, e mostrando, num espaço dedicado à troca de experiências, o que de melhor se faz em Portugal, na área da Educação. A VIII edição terá lugar em Amarante, dias 10, 11 e 12 de julho, tendo como tema central “o potencial educativo do audiovisual na aprendizagem em ambiente

formal, informal e não formal”. Este Encontro encontra-se acreditado. http://pmate.ua.pt/afi

2.ª EDIÇÃO DA EDUCONTEK Depois de Aveiro, a segunda edição da educontek – feira internacional de conteúdos e tecnologias para a educação terá lugar em Maputo, Moçambique. Trata-se de um certame que tem por objetivo servir de rampa de lançamento de novos produtos e mostra das últimas tendências educativas, servindo, igualmente, como espaço de promoção e debate de questões fulcrais a todos quantos fazem parte do mundo educativo. http://pmate.ua.pt/educontek

4.ª CONFERENCIA INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA Em tempos de crise, é fundamental uma boa gestão das finanças pessoais. Ciente do tema, a UA tornou-se pioneira, também, na área da educação financeira. Dando continuidade a este desígnio, irá organizar em 2013, e pela quarta vez, um evento que se assume como um fórum de discussão de ideias, divulgação de iniciativas e boas práticas, bem como ponto de encontro de todos os que, em Portugal ou lá fora, desenvolvem atividades ou se interessam pelas questões da educação financeira. http://pmate.ua.pt/edufin2013

IV BIENAL DA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA, LÍNGUA PORTUGUESA E TECNOLOGIAS Em 2013, a IV Bienal realizar-se-á em Macau, depois de já ter passado por Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Um encontro de professores e investigadores dos países de língua portuguesa que tem como propósito estreitar laços entre instituições e profissionais de vários países, promovendo o debate de ideias sobre o ensino, as novas abordagens metodológicas e as novas tecnologias. http://pmate.ua.pt/bienal