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Revista Linhas 02

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Ano 1 Outubro 2004

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Page 1: Revista Linhas 02
Page 2: Revista Linhas 02
Page 3: Revista Linhas 02

novas linhas novos futuros

Ensino UniversitárioLicenciaturas.Administração Pública.Biologia.Bioquímica e Química Alimentar.Design.Economia.Educação de Infância.Engenharia Cerâmica e do Vidro.Engenharia Civil.Engenharia de Computadorese Telemática.Engenharia de Materiais.Engenharia do Ambiente.Engenharia e Gestão Industrial.Engenharia Electrónicae Telecomunicações.Engenharia Física.Engenharia Geológica.Engenharia Mecânica.Engenharia Química.Ensino Básico – 1.º Ciclo.Ensino de Biologia e Geologia.Ensino de Electrónica e Informática.Ensino de Física e Química.Ensino de Inglês e Alemão.Ensino de Matemática.Ensino de Música.Ensino de Português e Francês.Ensino de Português e Inglês.Ensino de Português, Latim e Grego.Física.Gestão.Gestão e Planeamento em Turismo.Línguas e Administração Editorial Novo.Línguas e Relações Empresariais.Línguas e Tradução Especializada Novo.Línguas, Literaturas e Culturas Novo.Matemática Aplicada e Computação.Meteorologia e Oceanografia Física.Novas Tecnologias da Comunicação.Planeamento Regional e Urbano.Química.Química Industrial e Gestão.Tecnologias de Informaçãoe Comunicação

Serviços de Relações ExternasUniversidade de Aveiro

Campus Universitário de Santiago3810-193 Aveiro

Portugal

Tel. 234 370 211Fax 234 370 985

[email protected]

Graduação Ensino PolitécnicoBacharelato.Técnico Superior de Justiça

Escola Superior de Saúdeda Universidade de AveiroLicenciatura.EnfermagemLicenciaturas Bi-etápicas.Fisioterapia.Gerontologia.Radiologia.Radioterapia.Terapia da Fala

Escola Superior de Tecnologiae Gestão de ÁguedaBacharelatos.Documentação e Arquivística.Engenharia Electromecânica.Engenharia Electrotécnica.Engenharia Geográfica.Estudos Superiores de Comércio.Gestão Pública e Autárquica.Secretariado de Direcção

Instituto Superior de Contabilidadee Administração de AveiroLicenciaturas Bi-etápicas.Contabilidade e Administração Pública.Contabilidade e Administração:

-Ramo Contabilidade e Auditoria-Ramo Contabilidadee Administração de Empresas

-Ramo Fiscalidade

Page 4: Revista Linhas 02

04medicina e ciências biomédicasintegram projecto da uaReitora, Prof. Maria Helena Nazaré

06personalidades e acontecimen-tos que marcaram a história daua: Prof. Renato AraújoProf. João Lopes Baptista

10fábrica de ciência vivaProf. Paulo TrincãoDr. Francisco ProvidênciaDr. Manuel Ferreira Rodrigues

16o processo de bolonha comooportunidade para a mudançaProf. Isabel Alarcão

20melhorar a educação deinfância na guiné-bissauProf. Gabriela Portugal

24casos de sucessoantigos alunos da ua têm carreirasbem sucedidas

36projecto kits didácticosalternativas para promover acultura científica desde cedo

38projecto do lipapesca descontrolada na ria deaveiro ameaça recursos piscícolas

40instituto de investigação da uadez anos a promover a qualidadee a excelência

42prof. José Cavaleirotrês décadas ao serviço daquímica, na ua, reconhecidascom prémio

44novos cursos na ualínguas com novas licenciaturas,ambiente e saúde com novosmestrados

48publicaçõesda comunidade académica

54feira de empregoquatro edições coroadas de êxito

56I fórum de estudantes paloprecomendações documentadasem carta de aveiro

58dia aberto e dia da universidadedois dias marcantes para acomunidade académica

64competições na uacaptam a atenção de alunos detodas as idades

68ua nos media38 10 – UA com regressoanunciado

Page 5: Revista Linhas 02

04medicina e ciências biomédicasintegram projecto da uaReitora, Prof. Maria Helena Nazaré

06personalidades e acontecimen-tos que marcaram a história daua: Prof. Renato AraújoProf. João Lopes Baptista

10fábrica de ciência vivaProf. Paulo TrincãoDr. Francisco ProvidênciaDr. Manuel Ferreira Rodrigues

16o processo de bolonha comooportunidade para a mudançaProf. Isabel Alarcão

20melhorar a educação deinfância na guiné-bissauProf. Gabriela Portugal

24casos de sucessoantigos alunos da ua têm carreirasbem sucedidas

36projecto kits didácticosalternativas para promover acultura científica desde cedo

38projecto do lipapesca descontrolada na ria deaveiro ameaça recursos piscícolas

40instituto de investigação da uadez anos a promover a qualidadee a excelência

42prof. José Cavaleirotrês décadas ao serviço daquímica, na ua, reconhecidascom prémio

44novos cursos na ualínguas com novas licenciaturas,ambiente e saúde com novosmestrados

48publicaçõesda comunidade académica

54feira de empregoquatro edições coroadas de êxito

56I fórum de estudantes paloprecomendações documentadasem carta de aveiro

58dia aberto e dia da universidadedois dias marcantes para acomunidade académica

64competições na uacaptam a atenção de alunos detodas as idades

68ua nos media38 10 – UA com regressoanunciado

Page 6: Revista Linhas 02

Esta é uma proposta em que a toda aUniversidade se tem vindo a empenharno sentido de constituir um programapedagógico, de investigação e de inter-venção social inovador e de qualidadepara a área das Ciências da Saúde.

O Programa é eminentemente vocacio-nado para a resolução de questões con-cretas com que a sociedade portuguesase depara e de que se ressente o próprioSistema Nacional de Saúde. Estão iden-tificados e diagnosticados alguns factoresque caracterizam e condicionam a actualconjuntura neste domínio: a evoluçãotecnológica e a transferência de novosconhecimentos para a área da Saúde; aevolução demográfica e os novos para-digmas de cuidados de Saúde; a situaçãodo ensino nesta área em Portugal e astendências modernas de formação dosprofissionais de saúde são algunsdesses factores.

Medicina. Porquê?Uma recente análise do panorama nacio-nal de formação na área das Ciências daSaúde permitiu identificar que, paraPortugal acompanhar as dinâmicas dospaíses desenvolvidos, terá necessidadede aumentar o número de médicos aformar por ano.Seria viável colmatar a falta de profissio-nais de Medicina, no curto prazo, com oaumento da admissão de cerca de 350alunos/ano nos cursos de Medicina jáexistentes no nosso país.

a incluir no seu Plano de Desenvolvimento 1999/2003

a implementação e desenvolvimento de um Programa

para as Ciências da Saúde.

Daí decorreu a criação, em 2001, da Escola Superior

de Saúde, que é responsável pela formação inicial

politécnica, e ministra actualmente uma licenciatura

em Enfermagem, cinco licenciaturas bi-etápicas nas

áreas de Fisioterapia, Radiologia, Radioterapia, Tera-

pia da Fala e Gerontologia e um curso de comple-

mento de formação em Enfermagem.

Criada simultaneamente, a Secção Autónoma de

Ciências da Saúde tem como missão o desenvolvi-

mento de formação inicial universitária em Ciências

Biomédicas e programas de pós-graduação. Ministra

um curso de formação especializada e um mestrado

em Geriatria e Gerontologia e um mestrado em

Ciências da Fala e da Audição. Participa também nos

cursos de formação especializada em Telemática na

Saúde, em Boas Práticas em Serviços Telemáticos

de Saúde e no mestrado em Engenharia Biomédica

da responsabilidade de outros Departamentos da UA.

A investigação desenvolvida por esta unidade centra-

se em temas interdisciplinares, relevantes e inovado-

res no actual panorama português e mesmo interna-

cional. O envelhecimento, considerado na perspectiva

abrangente das ciências sociais e humanas, das

tecnologias e da investigação fundamental, é uma

aposta estratégica importante.

Muito anterior a esta realidade é a intervenção da

UA em termos de desenvolvimento de investigação

em Engenharia Biomédica e na aplicação das Tecno-

logias da Informação e Comunicação à área da

Saúde, que remonta à década de 70.

Projectos pioneiros nas áreas de telemedicina, biome-

dicina e instrumentação médica têm proporcionado

interessantes parcerias e colaborações com institui-

ções médicas e entidades nacionais e estrangeiras.

Mais recentemente, novas áreas têm tido relevantes

desenvolvimentos através de projectos de outras

Unidades de Investigação associadas aos

Departamentos de Biologia, de Química, de Eng.

Cerâmica e do Vidro, de Ciências da Educação e de

Electrónica e Telecomunicações, que mantém

actualmente em curso 79 projectos de I&D.

Em 2002, a UA lançou, com recurso a receitas

próprias, um concurso interno para projectos de

investigação multidisciplinares no domínio das

Ciências da Saúde, que permitiu impulsionar novas

áreas ou reforçar prioridades.

Medicina e Ciências Biomédicas

Atenta aos desafios crescentes

que a sociedade portuguesa

enfrenta no domínio da saúde

e à importância estratégica de

intervenção nesta área, poten-

ciando valências existentes nesta

instituição, a Universidade de

Aveiro prepara mais um passo

no desenvolvimento do seu

Projecto: o lançamento do

Programa de Formação Inicial

Universitária em Medicina e

Ciências Biomédicas.

Mas será esse o caminho?A UA propõe uma nova oferta de forma-ção em Medicina, que se distancia subs-tancialmente dos formatos tradicionais.O plano curricular da licenciatura emMedicina da UA aponta para a formaçãode médicos generalistas, com um forteenfoque na prevenção, no diagnósticoprecoce, nos cuidados continuados e noenquadramento sócio-cultural da doença,paradigmas que actualmente sustentamuma nova orientação das Ciências daSaúde. Por outro lado, é, eminentemente,uma proposta de formação em contextoprofissional que coloca o aluno emcontacto com o doente e com a realidadedo Sistema Nacional de Saúde, desde o1º ano curricular, através da realizaçãode estágios, preferencialmente emcentros de saúde e, posteriormente, emhospitais próximos. É uma propostaassumidamente próxima da comunidadee das suas necessidades, proporcionandoaos futuros médicos uma forte vivênciaclínica e de contextualização social ehumana, desde a base curricular,realçando-se o importante papel doclínico geral e do “médico de família”,em particular.O já longo percurso da UA no desenvol-vimento de investigação em áreas comoa do sinal e imagem médica, a telemedi-cina, a biomedicina e a instrumentaçãomédica facilita, por outro lado, que aformação de médicos recorra intensiva-mente a esses conhecimentos e recur-sos, hoje correntemente aplicados nos

processos clínicos. Mantém-se, assim,a tradição da Universidade de Aveiro depromoção da formação em contexto deinvestigação.

Outras novas formações: BiomedicinaFarmacêutica e Biomedicina MolecularEsta perspectiva alicerça a capacidade daUA para preparar, também, técnicos naárea da saúde com um perfil diferenciadoda tradicional formação: pelo que seavançam, também, neste programa, duaslicenciaturas em Ciências Biomédicas.A licenciatura em Biomedicina Farma-cêutica visa formar profissionais comconhecimentos adequados ao estudoe investigação do medicamento, vacinasou dispositivos médicos. Não intervindoclinicamente, estes profissionais estãoqualificados a participar no desenvolvi-mento de fármacos, a acompanhar oseu registo pelas autoridades reguladoras,e a assistir medicamente ao seu uso eaplicação prática.Em Portugal, como em toda a UniãoEuropeia, existe uma notória carênciadestes técnicos que, em muito, podemcontribuir para a afirmação da área dainvestigação do medicamento e paraimpulsionar o elevado potencial econó-mico desta indústria.

O vertiginoso avanço científico proporcio-nado pela sequenciação do genoma e aevolução da biologia molecular na últimadécada proporcionam novos desafios àMedicina. A aplicação da BiomedicinaMolecular ao Homem nas suas diferentesvertentes (diagnóstico, terapêutica,medicina forense e investigação) é quaseficção em Portugal, mas irá requerer are-engenharia do processo de prestaçãode cuidados médicos. Para se poderemfornecer cuidados de saúde recorrendoàs mais modernas técnicas é necessáriotreinar profissionais com essas competên-cias. É a proposta da UA ao alinhar ocurso de Licenciatura em BiomedicinaMolecular.A UA sustenta que a intervenção naformação em saúde se deve apoiar nainterdisciplinaridade entre as várias áreas

científicas, não se dissociando nunca ainvestigação como forma de antecipar amudança e de promover a transferênciae a interacção de conhecimentos com oSistema de Saúde Português.

O Programa da UA na ComunidadeMantendo uma política de integraçãoentre ensino, investigação e prestaçãode serviços à comunidade, traço caracte-rístico desta Universidade, pretende-seintervir no próprio sistema de saúde.Pondera-se a gestão integrada de centrosde saúde da região e contempla-se, tam-bém, a criação de um Complexo Clínico--Cirúrgico que reunirá um conjunto deunidades vocacionadas para a prestaçãode serviços, mas que assumirão um papeligualmente importante nas componentesda formação e investigação. As áreasprioritárias de intervenção dessas unidadessão a farmacologia humana, a imagiologia,a cirurgia, os cuidados paliativos e aaplicação da bioinformática à clínica.

É para a Universidade de Aveiro claro queo sucesso de um projecto desta naturezadepende em grande medida das vonta-des, valências e vocações institucionaisque se conseguem congregar e, por isso,procurou, desde o início, formar as parce-rias que considera críticas para este pro-jecto, e consultar os melhores especia-listas internacionais nas diferentes áreas.

Sendo um projecto ambicioso e inovador,é também sustentado, à semelhança daprópria Universidade de Aveiro.Internamente o Programa acolheu a apro-vação do Senado Universitário. Aguar-dam-se agora os desenvolvimentos porparte da tutela.

A Saúde na UA

O percurso trilhado pela UA no domínio das Ciências

da Saúde, que sustenta esta intervenção, agora num

novo sentido, conta já com algumas etapas bem

sucedidas.

A constatação das carências de pessoal técnico

qualificado no Sistema Nacional de Saúde e o

enquadramento proporcionado pela Resolução do

Conselho de Ministros n.º140/98 impulsionou a UA

integram projecto da UA

outubro ‘04Linhas medicina e ciências biomédicas05

Maria Helena NazaréReitora

Page 7: Revista Linhas 02

Esta é uma proposta em que a toda aUniversidade se tem vindo a empenharno sentido de constituir um programapedagógico, de investigação e de inter-venção social inovador e de qualidadepara a área das Ciências da Saúde.

O Programa é eminentemente vocacio-nado para a resolução de questões con-cretas com que a sociedade portuguesase depara e de que se ressente o próprioSistema Nacional de Saúde. Estão iden-tificados e diagnosticados alguns factoresque caracterizam e condicionam a actualconjuntura neste domínio: a evoluçãotecnológica e a transferência de novosconhecimentos para a área da Saúde; aevolução demográfica e os novos para-digmas de cuidados de Saúde; a situaçãodo ensino nesta área em Portugal e astendências modernas de formação dosprofissionais de saúde são algunsdesses factores.

Medicina. Porquê?Uma recente análise do panorama nacio-nal de formação na área das Ciências daSaúde permitiu identificar que, paraPortugal acompanhar as dinâmicas dospaíses desenvolvidos, terá necessidadede aumentar o número de médicos aformar por ano.Seria viável colmatar a falta de profissio-nais de Medicina, no curto prazo, com oaumento da admissão de cerca de 350alunos/ano nos cursos de Medicina jáexistentes no nosso país.

a incluir no seu Plano de Desenvolvimento 1999/2003

a implementação e desenvolvimento de um Programa

para as Ciências da Saúde.

Daí decorreu a criação, em 2001, da Escola Superior

de Saúde, que é responsável pela formação inicial

politécnica, e ministra actualmente uma licenciatura

em Enfermagem, cinco licenciaturas bi-etápicas nas

áreas de Fisioterapia, Radiologia, Radioterapia, Tera-

pia da Fala e Gerontologia e um curso de comple-

mento de formação em Enfermagem.

Criada simultaneamente, a Secção Autónoma de

Ciências da Saúde tem como missão o desenvolvi-

mento de formação inicial universitária em Ciências

Biomédicas e programas de pós-graduação. Ministra

um curso de formação especializada e um mestrado

em Geriatria e Gerontologia e um mestrado em

Ciências da Fala e da Audição. Participa também nos

cursos de formação especializada em Telemática na

Saúde, em Boas Práticas em Serviços Telemáticos

de Saúde e no mestrado em Engenharia Biomédica

da responsabilidade de outros Departamentos da UA.

A investigação desenvolvida por esta unidade centra-

se em temas interdisciplinares, relevantes e inovado-

res no actual panorama português e mesmo interna-

cional. O envelhecimento, considerado na perspectiva

abrangente das ciências sociais e humanas, das

tecnologias e da investigação fundamental, é uma

aposta estratégica importante.

Muito anterior a esta realidade é a intervenção da

UA em termos de desenvolvimento de investigação

em Engenharia Biomédica e na aplicação das Tecno-

logias da Informação e Comunicação à área da

Saúde, que remonta à década de 70.

Projectos pioneiros nas áreas de telemedicina, biome-

dicina e instrumentação médica têm proporcionado

interessantes parcerias e colaborações com institui-

ções médicas e entidades nacionais e estrangeiras.

Mais recentemente, novas áreas têm tido relevantes

desenvolvimentos através de projectos de outras

Unidades de Investigação associadas aos

Departamentos de Biologia, de Química, de Eng.

Cerâmica e do Vidro, de Ciências da Educação e de

Electrónica e Telecomunicações, que mantém

actualmente em curso 79 projectos de I&D.

Em 2002, a UA lançou, com recurso a receitas

próprias, um concurso interno para projectos de

investigação multidisciplinares no domínio das

Ciências da Saúde, que permitiu impulsionar novas

áreas ou reforçar prioridades.

Medicina e Ciências Biomédicas

Atenta aos desafios crescentes

que a sociedade portuguesa

enfrenta no domínio da saúde

e à importância estratégica de

intervenção nesta área, poten-

ciando valências existentes nesta

instituição, a Universidade de

Aveiro prepara mais um passo

no desenvolvimento do seu

Projecto: o lançamento do

Programa de Formação Inicial

Universitária em Medicina e

Ciências Biomédicas.

Mas será esse o caminho?A UA propõe uma nova oferta de forma-ção em Medicina, que se distancia subs-tancialmente dos formatos tradicionais.O plano curricular da licenciatura emMedicina da UA aponta para a formaçãode médicos generalistas, com um forteenfoque na prevenção, no diagnósticoprecoce, nos cuidados continuados e noenquadramento sócio-cultural da doença,paradigmas que actualmente sustentamuma nova orientação das Ciências daSaúde. Por outro lado, é, eminentemente,uma proposta de formação em contextoprofissional que coloca o aluno emcontacto com o doente e com a realidadedo Sistema Nacional de Saúde, desde o1º ano curricular, através da realizaçãode estágios, preferencialmente emcentros de saúde e, posteriormente, emhospitais próximos. É uma propostaassumidamente próxima da comunidadee das suas necessidades, proporcionandoaos futuros médicos uma forte vivênciaclínica e de contextualização social ehumana, desde a base curricular,realçando-se o importante papel doclínico geral e do “médico de família”,em particular.O já longo percurso da UA no desenvol-vimento de investigação em áreas comoa do sinal e imagem médica, a telemedi-cina, a biomedicina e a instrumentaçãomédica facilita, por outro lado, que aformação de médicos recorra intensiva-mente a esses conhecimentos e recur-sos, hoje correntemente aplicados nos

processos clínicos. Mantém-se, assim,a tradição da Universidade de Aveiro depromoção da formação em contexto deinvestigação.

Outras novas formações: BiomedicinaFarmacêutica e Biomedicina MolecularEsta perspectiva alicerça a capacidade daUA para preparar, também, técnicos naárea da saúde com um perfil diferenciadoda tradicional formação: pelo que seavançam, também, neste programa, duaslicenciaturas em Ciências Biomédicas.A licenciatura em Biomedicina Farma-cêutica visa formar profissionais comconhecimentos adequados ao estudoe investigação do medicamento, vacinasou dispositivos médicos. Não intervindoclinicamente, estes profissionais estãoqualificados a participar no desenvolvi-mento de fármacos, a acompanhar oseu registo pelas autoridades reguladoras,e a assistir medicamente ao seu uso eaplicação prática.Em Portugal, como em toda a UniãoEuropeia, existe uma notória carênciadestes técnicos que, em muito, podemcontribuir para a afirmação da área dainvestigação do medicamento e paraimpulsionar o elevado potencial econó-mico desta indústria.

O vertiginoso avanço científico proporcio-nado pela sequenciação do genoma e aevolução da biologia molecular na últimadécada proporcionam novos desafios àMedicina. A aplicação da BiomedicinaMolecular ao Homem nas suas diferentesvertentes (diagnóstico, terapêutica,medicina forense e investigação) é quaseficção em Portugal, mas irá requerer are-engenharia do processo de prestaçãode cuidados médicos. Para se poderemfornecer cuidados de saúde recorrendoàs mais modernas técnicas é necessáriotreinar profissionais com essas competên-cias. É a proposta da UA ao alinhar ocurso de Licenciatura em BiomedicinaMolecular.A UA sustenta que a intervenção naformação em saúde se deve apoiar nainterdisciplinaridade entre as várias áreas

científicas, não se dissociando nunca ainvestigação como forma de antecipar amudança e de promover a transferênciae a interacção de conhecimentos com oSistema de Saúde Português.

O Programa da UA na ComunidadeMantendo uma política de integraçãoentre ensino, investigação e prestaçãode serviços à comunidade, traço caracte-rístico desta Universidade, pretende-seintervir no próprio sistema de saúde.Pondera-se a gestão integrada de centrosde saúde da região e contempla-se, tam-bém, a criação de um Complexo Clínico--Cirúrgico que reunirá um conjunto deunidades vocacionadas para a prestaçãode serviços, mas que assumirão um papeligualmente importante nas componentesda formação e investigação. As áreasprioritárias de intervenção dessas unidadessão a farmacologia humana, a imagiologia,a cirurgia, os cuidados paliativos e aaplicação da bioinformática à clínica.

É para a Universidade de Aveiro claro queo sucesso de um projecto desta naturezadepende em grande medida das vonta-des, valências e vocações institucionaisque se conseguem congregar e, por isso,procurou, desde o início, formar as parce-rias que considera críticas para este pro-jecto, e consultar os melhores especia-listas internacionais nas diferentes áreas.

Sendo um projecto ambicioso e inovador,é também sustentado, à semelhança daprópria Universidade de Aveiro.Internamente o Programa acolheu a apro-vação do Senado Universitário. Aguar-dam-se agora os desenvolvimentos porparte da tutela.

A Saúde na UA

O percurso trilhado pela UA no domínio das Ciências

da Saúde, que sustenta esta intervenção, agora num

novo sentido, conta já com algumas etapas bem

sucedidas.

A constatação das carências de pessoal técnico

qualificado no Sistema Nacional de Saúde e o

enquadramento proporcionado pela Resolução do

Conselho de Ministros n.º140/98 impulsionou a UA

integram projecto da UA

outubro ‘04Linhas medicina e ciências biomédicas05

Maria Helena NazaréReitora

Page 8: Revista Linhas 02

Linhas outubro ‘04 rememorando

A rápida e preciosa intervenção do Reitorimpediu a resposta desabrida. O Reitortinha outros métodos. Aliás aquelareunião na reitoria não era nada do queeu tinha pretendido. Um docente que avárias turmas do primeiro ano tinha dadotrês ou quatro aulas, por atacado, isto é,todas seguidas, encomendando depoisaos alunos um trabalho de grupo no restodo semestre, merecia ser chamado àpedra, achava eu, Vice–Reitor. É verdadeque os alunos até nem deviam ter achadomau o método. Só se me tinhamcomeçado a queixar já no fim das aulasquando as notas, tipo sorteio do totoloto,apareceram. Eu, depois de ter posto todaa Universidade durante um ou dois diasa escrever os sumários do semestre,pusera-me a recolher evidências, turmaa turma, aluno a aluno. No mínimo queriaum processo disciplinar, seguido decastigo exemplar. Para servir de exemploa quantos na altura se serviam daUniversidade em vez de a servirem. Maso Reitor, um negociador nato, sempreatento às nuances da razão dos outros,tinha outros métodos.A reunião lá prosseguiu, Senhor Professorpara aqui, Senhor Professor para ali, tudonuma boa, no dizer dos alunos, e eu não

obtive o processo disciplinador. Sem eununca ter percebido bem porquê e como,o Senhor Professor resolveu abandonar-nos no fim desse ano. Terá ido pregarpara outra freguesia. Ainda hoje tenhodúvidas se, em circunstâncias parecidas,não seria tentado a resolver assuntoidêntico à minha maneira. Mas eu souassim. Na sofreguidão justiceira dosprimeiros ímpetos não distingo os meiostermos. Dum lado está o Certo, do outroo Errado. Dum lado o Bem, do outro oMal. Nisto não saí ao meu pai. Eracomerciante e quando eu o incitava aexigir aos que lhe deviam que pagassem,dizia-me muito calmo: deixa lá, não fazmal, se não pagarem ficam a dever. Comose fosse igual! A propósito vem-me àmemória o filho do Nero, o cão navarropuro do Miguel Torga. Nas caçadas,sôfrego, nervoso, espantava as perdizesantes que o dono lhes chegasse ao pé.Tinha saído ao lençol de baixo e o dononão teve outro remédio senão dá-lo.Eu consegui cumprir um mandato. Averdade seja dita, eu de facto não sabianada dessas modernas teorias, ignorân-cia que, aliás, se estendia igualmente àsmenos modernas. Confesso aqui,tardiamente, a minha falta. Tardiamente

rememorando

João Lopes BaptistaProfessor Aposentado do Departamento deEngenharia Cerâmica e do Vidro - UA

0706

O que sabe o Senhor Doutor

sobre as modernas teorias do

ensino-aprendizagem?

O Senhor Doutor era eu e a

pergunta, inesperada, quási me

deixou apopléctico.

Page 9: Revista Linhas 02

Linhas outubro ‘04 rememorando

A rápida e preciosa intervenção do Reitorimpediu a resposta desabrida. O Reitortinha outros métodos. Aliás aquelareunião na reitoria não era nada do queeu tinha pretendido. Um docente que avárias turmas do primeiro ano tinha dadotrês ou quatro aulas, por atacado, isto é,todas seguidas, encomendando depoisaos alunos um trabalho de grupo no restodo semestre, merecia ser chamado àpedra, achava eu, Vice–Reitor. É verdadeque os alunos até nem deviam ter achadomau o método. Só se me tinhamcomeçado a queixar já no fim das aulasquando as notas, tipo sorteio do totoloto,apareceram. Eu, depois de ter posto todaa Universidade durante um ou dois diasa escrever os sumários do semestre,pusera-me a recolher evidências, turmaa turma, aluno a aluno. No mínimo queriaum processo disciplinar, seguido decastigo exemplar. Para servir de exemploa quantos na altura se serviam daUniversidade em vez de a servirem. Maso Reitor, um negociador nato, sempreatento às nuances da razão dos outros,tinha outros métodos.A reunião lá prosseguiu, Senhor Professorpara aqui, Senhor Professor para ali, tudonuma boa, no dizer dos alunos, e eu não

obtive o processo disciplinador. Sem eununca ter percebido bem porquê e como,o Senhor Professor resolveu abandonar-nos no fim desse ano. Terá ido pregarpara outra freguesia. Ainda hoje tenhodúvidas se, em circunstâncias parecidas,não seria tentado a resolver assuntoidêntico à minha maneira. Mas eu souassim. Na sofreguidão justiceira dosprimeiros ímpetos não distingo os meiostermos. Dum lado está o Certo, do outroo Errado. Dum lado o Bem, do outro oMal. Nisto não saí ao meu pai. Eracomerciante e quando eu o incitava aexigir aos que lhe deviam que pagassem,dizia-me muito calmo: deixa lá, não fazmal, se não pagarem ficam a dever. Comose fosse igual! A propósito vem-me àmemória o filho do Nero, o cão navarropuro do Miguel Torga. Nas caçadas,sôfrego, nervoso, espantava as perdizesantes que o dono lhes chegasse ao pé.Tinha saído ao lençol de baixo e o dononão teve outro remédio senão dá-lo.Eu consegui cumprir um mandato. Averdade seja dita, eu de facto não sabianada dessas modernas teorias, ignorân-cia que, aliás, se estendia igualmente àsmenos modernas. Confesso aqui,tardiamente, a minha falta. Tardiamente

rememorando

João Lopes BaptistaProfessor Aposentado do Departamento deEngenharia Cerâmica e do Vidro - UA

0706

O que sabe o Senhor Doutor

sobre as modernas teorias do

ensino-aprendizagem?

O Senhor Doutor era eu e a

pergunta, inesperada, quási me

deixou apopléctico.

Page 10: Revista Linhas 02

porque já não podem vir a assacar-meresponsabilidades. Corte no vencimento,por exemplo. Fui professor e investigadorpor gosto. Para mim ensinar foi sempreum prazer, ainda por cima pago. Tive asorte, que talvez tenha colmatado ainsuficiência pedagógica, de ter sempreensinado daquilo que sabia e de nuncater tido que ensinar a ensinar o que nãosabia. O avatar do modernismo ficousem resposta. O Reitor é que tinha sidoeleito, portanto com pleno direito aresolver as coisas à sua maneira. Eu eraapenas um Vice-Reitor escolhido por ele.Os meus pais, de temperamentos bemdiferentes, numa coisa coincidiram noensinamento, talvez mais vulgar na época– o respeitinho! Eu lá fui tentando segui--lo durante o mandato.

A eleição do Reitor, a primeira naUniversidade de Aveiro, seguiu-se àdeclaração pública do Ministro que, paraespanto de alguns de nós, disse que anossa Universidade faria a eleição doReitor quando assim o entendesse.Espanto motivado pela convicção (ouinformação?) quási generalizada de queestaria dependente, há anos, deautorização do Ministério. A primeiraeleição de um Reitor é um acontecimentoinesquecível. Foi uma eleição directa.Montes de empenhamento! Anfiteatroscheios de perguntadores e de respostascomedidas, que nisto os universitáriosnão são como outros, que prometemmundos e fundos. Os fundos nunca vêmquanto mais os mundos. Nas eleiçõesdirectas há um extravasar de adrenalinapropício a discutir e aprofundar o méritorelativo das alternativas. Mas, depois, oGoverno alterou as regras. Agora aseleições, se ainda continuam na mesma,são pouco mais do que consensosresolvidos meses ou anos antes.Programas, por vezes bem elaborados,a merecer discussão e aprofundamentoou até rejeição, mas que poucos se dãoao trabalho de ler e que a Universidadeolimpicamente ignora. Uma boa eperiódica explosão de adrenalina fazmuita falta. Só que explosão lembraanarquia, anarquia lembra esquerda e o

governo alterou as regras. Não sei se, àdata, era um governo de direita ou deesquerda mas qualquer governo temsempre medo da esquerda à suaesquerda, reivindicativa, chata, não tendoem devida conta, ou até em nenhumaconta, os superiores interesses da Nação.

No caso da universidade nem se percebeo porquê da alteração. A esquerdauniversitária não é do tipo agressivo,reivindicativo. Teve ordenados iguais aosdos juízes, cortaram-lhe a regalia e nemprotestou nada que se visse. É mais dotipo intelectual. Há quem, incorrectamenteé certo, a queira incluir na chamadaesquerda caviar. Não é de certeza dotipo que, incorrectamente também,somos tentados a atribuir à Francisca.A Francisca, mais conhecida por Chica,mas que eu insisto em tratar porFrancisca porque gosto mais, foi nossamulher a horas. Três horas num dia,quatro noutro. E outras horas noutroslados. Deixou-nos por um empregoestável. Trabalho toda a semana, horáriofixo, folga ao Domingo, ordenado certo.No matadouro em tempos municipal,agora privatizado. Há dias, estava eu ea Beatriz a tomar a bica depois do almoçonuma esplanada, passou a Francisca.Nas horas de trabalho por aqui? Era acrise. Em tempo de pré-retoma perderao emprego. Estava com subsídio dedesemprego a sustentar dois filhospequenos, ambos de pais valdevinos. Iaao Pingo Doce porque lhe constara queprecisavam de pessoal de limpeza.Desabafou: se um dia vejo por cá ocadelo do Bagão Barroso dou-lhe umabajolada no meio dos cornos.Instintivamente lancei o olhar pelas mesasmais próximas. A Francisca entre outrosatributos próprios dos quási trinta anos,que chamam sobre ela a atenção dequalquer esplanada, tem uma tez pelomenos tão morena como a dosmarroquinos que por aqui nos tentamvender tapetes, malas de viagem eventoinhas. Quem pode hoje estar segurode não vir a ser considerado coniventenum futuro atentado da Al Qaeda? Afrase da Francisca nem pode ser

considerada como agressiva. Não passadum linguajar próprio de quem saiuapressado dos bancos da escola, comoutras contas a dar à vida. Daí a utilizaçãodum vernáculo regional altamenteespecializado que ao primeiro impactoquási fere ouvidos delicados. Tivesse aFrancisca nascido mais ao norte e teriatalvez dito: que Deus me ajude a resolveresta crise. Mesmo aceitando que a frasetem alguma agressividade e ainda quevenha a ter o projéctil à mão duvido queacertasse fosse no que fosse, tal aconfusão que vai na frase e porventurana sua mente. Basta ver, por exemplo,que os cachorros não costumam tercornos. Os bezerros é que têm. Alémdisso quem pode ter a certeza que aFrancisca é de esquerda ou até de direita?Se por acaso ela se interessa por políticae tão só por análise da frase que proferiu,somos levados a pensar que terá umaapetência natural pelo partido a queSaramago chama partido do meio.Seja como for a esquerda universitárianão é seguramente deste tipo. É do tipointelectual. Mas, perdoem-me que antesde continuar com o que estourememorando e de deixar em paz aFrancisca, que até é uma excelente ecorajosa rapariga e não tem nada a vercom a Al Qaeda, informe que ela voltoua passar, ainda nós estávamos na espla-nada. Voltou a passar desempregada.Se souberem de alguém que precise deumas horitas. Tem que ser à sucapa paranão perder o subsídio. Mas aí Francisca,alto e pára o baile, pois parece-me quequeres fazer o que não está certo. Tentarenganar os fiscais. Tentar enganar oEstado. Ou será que os meus conceitosdo Bem e do Mal começam a estarbaralhados e vais tentar enganar paraenganares a Fome? Voltando então àesquerda universitária intelectual e bempensante que, como já disse, há quemincorrectamente inclua na esquerdacaviar. Era bom era, quando muito e porrazões óbvias, a maioria dela poderáaspirar a ser chamada de esquerda pizza.Tem sorte porque os filhos já são suficien-temente crescidos para se deliciaremsozinhos com os hamburguers. Não fosse

isso e ainda lhe podiam vir a chamaresquerda McDonald´s. Aí, convenha-mos, já era com intenção de ofender.Shame on you mister Bush. Shame onyou. Valente Moore! Sendo esta aesquerda universitária porquê o medo?Mas enfim, parece que nada há a fazer.Deixemos isto e voltemos à primeiraeleição para Reitor.

Ganha em boa hora por quem, eviden-ciando desde logo as características deexcelente negociador, consegue resolverem pouco tempo o problema, até aíconsiderado quási insolúvel, do acessoaos terrenos do campus universitário.Insolúvel não era, mas que à partidaparecia bastante complicado isso parecia.Lembro-me de ter lido, antes ainda dese pôr a hipótese de ali vir a situar auniversidade, dos confrontos entre a GNRe agricultores com enxadas e carabinasde permeio. Coisas que só julgávamospossíveis nos romances com lobos doAquilino. Daí que, durante anos e anos,não se vissem progressos num assuntode tão vital importância. Sei como foiresolvido mas não pus nisso prego nemestopa. Limitei-me a ver entrar nogabinete do Reitor uns cidadãos, às vezes

com caras de poucos amigos, que saiamde lá já afeiçoados ao diálogo e em temporecorde tudo ficou acordado. Uma vezna posse do campus seguiu-se aencomenda a um excelente grupo dearquitectos do plano geral e dos planosde pormenor de cada edifício, tornandoassim possível o acesso rápido aosfundos comunitários para executar asobras. Assim dito, em meia dúzia delinhas parece fácil. Para mim, tenho quese trata de uma sequência de decisõesmemorável. Reveladora de uma visãoímpar do desenvolvimento na alturanecessário à Universidade e que culminounum dos mais belos e funcionais campusque Portugal possui. Chamam-lheCampus de Santiago. Não gosto donome! Não sei se é pela confusão quesempre faço entre os feitos do váriossantos, se é pelo nome da ordemreligiosa, se é pela lembrança aindarecente das sacholadas na GNR. Sejapelo que for, associo sempre o nome deSantiago a dragões atravessados porlanças de cavaleiros, braços decepadosde cristãos libertadores, cabeças de infiéisdegolados. Um horror! Nada que seadeque à Universidade que temos. Pormim, mudava-lhe o nome. Não era nada

de mais. Chamava-lhe Campus RenatoAraújo, assim só, sem Professor, nemDoutor, nem sequer Reitor. Só o nomedo Homem. Seria então o CampusRenato Araújo, em Santiago. O campuse quem o ajudou a nascer como está,merecem-no. Será que lhes ficamosa dever?“Escrito em Beja aos trinta de Junho dedois mil e quatro com trinta e nove grausà sombra das árvores da esplanada”.

outubro ‘04Linhas rememorando0908

Page 11: Revista Linhas 02

porque já não podem vir a assacar-meresponsabilidades. Corte no vencimento,por exemplo. Fui professor e investigadorpor gosto. Para mim ensinar foi sempreum prazer, ainda por cima pago. Tive asorte, que talvez tenha colmatado ainsuficiência pedagógica, de ter sempreensinado daquilo que sabia e de nuncater tido que ensinar a ensinar o que nãosabia. O avatar do modernismo ficousem resposta. O Reitor é que tinha sidoeleito, portanto com pleno direito aresolver as coisas à sua maneira. Eu eraapenas um Vice-Reitor escolhido por ele.Os meus pais, de temperamentos bemdiferentes, numa coisa coincidiram noensinamento, talvez mais vulgar na época– o respeitinho! Eu lá fui tentando segui--lo durante o mandato.

A eleição do Reitor, a primeira naUniversidade de Aveiro, seguiu-se àdeclaração pública do Ministro que, paraespanto de alguns de nós, disse que anossa Universidade faria a eleição doReitor quando assim o entendesse.Espanto motivado pela convicção (ouinformação?) quási generalizada de queestaria dependente, há anos, deautorização do Ministério. A primeiraeleição de um Reitor é um acontecimentoinesquecível. Foi uma eleição directa.Montes de empenhamento! Anfiteatroscheios de perguntadores e de respostascomedidas, que nisto os universitáriosnão são como outros, que prometemmundos e fundos. Os fundos nunca vêmquanto mais os mundos. Nas eleiçõesdirectas há um extravasar de adrenalinapropício a discutir e aprofundar o méritorelativo das alternativas. Mas, depois, oGoverno alterou as regras. Agora aseleições, se ainda continuam na mesma,são pouco mais do que consensosresolvidos meses ou anos antes.Programas, por vezes bem elaborados,a merecer discussão e aprofundamentoou até rejeição, mas que poucos se dãoao trabalho de ler e que a Universidadeolimpicamente ignora. Uma boa eperiódica explosão de adrenalina fazmuita falta. Só que explosão lembraanarquia, anarquia lembra esquerda e o

governo alterou as regras. Não sei se, àdata, era um governo de direita ou deesquerda mas qualquer governo temsempre medo da esquerda à suaesquerda, reivindicativa, chata, não tendoem devida conta, ou até em nenhumaconta, os superiores interesses da Nação.

No caso da universidade nem se percebeo porquê da alteração. A esquerdauniversitária não é do tipo agressivo,reivindicativo. Teve ordenados iguais aosdos juízes, cortaram-lhe a regalia e nemprotestou nada que se visse. É mais dotipo intelectual. Há quem, incorrectamenteé certo, a queira incluir na chamadaesquerda caviar. Não é de certeza dotipo que, incorrectamente também,somos tentados a atribuir à Francisca.A Francisca, mais conhecida por Chica,mas que eu insisto em tratar porFrancisca porque gosto mais, foi nossamulher a horas. Três horas num dia,quatro noutro. E outras horas noutroslados. Deixou-nos por um empregoestável. Trabalho toda a semana, horáriofixo, folga ao Domingo, ordenado certo.No matadouro em tempos municipal,agora privatizado. Há dias, estava eu ea Beatriz a tomar a bica depois do almoçonuma esplanada, passou a Francisca.Nas horas de trabalho por aqui? Era acrise. Em tempo de pré-retoma perderao emprego. Estava com subsídio dedesemprego a sustentar dois filhospequenos, ambos de pais valdevinos. Iaao Pingo Doce porque lhe constara queprecisavam de pessoal de limpeza.Desabafou: se um dia vejo por cá ocadelo do Bagão Barroso dou-lhe umabajolada no meio dos cornos.Instintivamente lancei o olhar pelas mesasmais próximas. A Francisca entre outrosatributos próprios dos quási trinta anos,que chamam sobre ela a atenção dequalquer esplanada, tem uma tez pelomenos tão morena como a dosmarroquinos que por aqui nos tentamvender tapetes, malas de viagem eventoinhas. Quem pode hoje estar segurode não vir a ser considerado coniventenum futuro atentado da Al Qaeda? Afrase da Francisca nem pode ser

considerada como agressiva. Não passadum linguajar próprio de quem saiuapressado dos bancos da escola, comoutras contas a dar à vida. Daí a utilizaçãodum vernáculo regional altamenteespecializado que ao primeiro impactoquási fere ouvidos delicados. Tivesse aFrancisca nascido mais ao norte e teriatalvez dito: que Deus me ajude a resolveresta crise. Mesmo aceitando que a frasetem alguma agressividade e ainda quevenha a ter o projéctil à mão duvido queacertasse fosse no que fosse, tal aconfusão que vai na frase e porventurana sua mente. Basta ver, por exemplo,que os cachorros não costumam tercornos. Os bezerros é que têm. Alémdisso quem pode ter a certeza que aFrancisca é de esquerda ou até de direita?Se por acaso ela se interessa por políticae tão só por análise da frase que proferiu,somos levados a pensar que terá umaapetência natural pelo partido a queSaramago chama partido do meio.Seja como for a esquerda universitárianão é seguramente deste tipo. É do tipointelectual. Mas, perdoem-me que antesde continuar com o que estourememorando e de deixar em paz aFrancisca, que até é uma excelente ecorajosa rapariga e não tem nada a vercom a Al Qaeda, informe que ela voltoua passar, ainda nós estávamos na espla-nada. Voltou a passar desempregada.Se souberem de alguém que precise deumas horitas. Tem que ser à sucapa paranão perder o subsídio. Mas aí Francisca,alto e pára o baile, pois parece-me quequeres fazer o que não está certo. Tentarenganar os fiscais. Tentar enganar oEstado. Ou será que os meus conceitosdo Bem e do Mal começam a estarbaralhados e vais tentar enganar paraenganares a Fome? Voltando então àesquerda universitária intelectual e bempensante que, como já disse, há quemincorrectamente inclua na esquerdacaviar. Era bom era, quando muito e porrazões óbvias, a maioria dela poderáaspirar a ser chamada de esquerda pizza.Tem sorte porque os filhos já são suficien-temente crescidos para se deliciaremsozinhos com os hamburguers. Não fosse

isso e ainda lhe podiam vir a chamaresquerda McDonald´s. Aí, convenha-mos, já era com intenção de ofender.Shame on you mister Bush. Shame onyou. Valente Moore! Sendo esta aesquerda universitária porquê o medo?Mas enfim, parece que nada há a fazer.Deixemos isto e voltemos à primeiraeleição para Reitor.

Ganha em boa hora por quem, eviden-ciando desde logo as características deexcelente negociador, consegue resolverem pouco tempo o problema, até aíconsiderado quási insolúvel, do acessoaos terrenos do campus universitário.Insolúvel não era, mas que à partidaparecia bastante complicado isso parecia.Lembro-me de ter lido, antes ainda dese pôr a hipótese de ali vir a situar auniversidade, dos confrontos entre a GNRe agricultores com enxadas e carabinasde permeio. Coisas que só julgávamospossíveis nos romances com lobos doAquilino. Daí que, durante anos e anos,não se vissem progressos num assuntode tão vital importância. Sei como foiresolvido mas não pus nisso prego nemestopa. Limitei-me a ver entrar nogabinete do Reitor uns cidadãos, às vezes

com caras de poucos amigos, que saiamde lá já afeiçoados ao diálogo e em temporecorde tudo ficou acordado. Uma vezna posse do campus seguiu-se aencomenda a um excelente grupo dearquitectos do plano geral e dos planosde pormenor de cada edifício, tornandoassim possível o acesso rápido aosfundos comunitários para executar asobras. Assim dito, em meia dúzia delinhas parece fácil. Para mim, tenho quese trata de uma sequência de decisõesmemorável. Reveladora de uma visãoímpar do desenvolvimento na alturanecessário à Universidade e que culminounum dos mais belos e funcionais campusque Portugal possui. Chamam-lheCampus de Santiago. Não gosto donome! Não sei se é pela confusão quesempre faço entre os feitos do váriossantos, se é pelo nome da ordemreligiosa, se é pela lembrança aindarecente das sacholadas na GNR. Sejapelo que for, associo sempre o nome deSantiago a dragões atravessados porlanças de cavaleiros, braços decepadosde cristãos libertadores, cabeças de infiéisdegolados. Um horror! Nada que seadeque à Universidade que temos. Pormim, mudava-lhe o nome. Não era nada

de mais. Chamava-lhe Campus RenatoAraújo, assim só, sem Professor, nemDoutor, nem sequer Reitor. Só o nomedo Homem. Seria então o CampusRenato Araújo, em Santiago. O campuse quem o ajudou a nascer como está,merecem-no. Será que lhes ficamosa dever?“Escrito em Beja aos trinta de Junho dedois mil e quatro com trinta e nove grausà sombra das árvores da esplanada”.

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o renascer das Moagens:Contudo, o Centro nunca teria abertotão rapidamente sem a eficácia dosServiços Técnicos da Universidade, queforam capazes de reunir um equipamultifacetada e encarar cada problemacomo um desafio, ao qual foi semprecapaz de dar a resposta adequada.

O que já está disponívelFábrica de Ciência Viva procura trans-mitir a ideia de permanente construção.Tudo está inacabado, tudo está emconstrução. A relação, que se procuraestabelecer com os que a visitam,incentiva a participação e a crítica.Idealmente, na Fábrica, todos os diasserão diferentes aos olhos dos que avisitam. A interacção com escolas dediferentes níveis de ensino, bem comoa conquista de novos públicos para aciência e tecnologia são apostas fortesdeste Centro. A cultura científica etecnológica é promovida através doincentivo à experimentação.

O facto de a Universidade de Aveiro terum papel central na criação e gestãodeste centro, oferece-lhe característicasparticulares, porque permite o afluxoconstante de informação, propostas eprojectos, que muito contribuem para odinamismo do Centro.

Fábrica, Centro de Ciência VivaHá muito que Aveiro merecia um Centrode Ciência Viva, porque a sua Universi-dade sempre valorizou a comunicaçãoe a divulgação, à cidade e ao país, dosseus trabalhos de ciência e tecnologia.A Semana de Ciência e Tecnologiaorganizada, exemplarmente, no mês deNovembro, tem representado um pontoalto nesta prática, contribuindo para abriras portas da Universidade a todosaqueles que sentem vontade de sabermais e, de uma forma mais próxima,como se faz ciência, quem são oscientistas e investigadores que dão vidaaos laboratórios espalhados por todo ocampus universitário.A existência de actividades de divulga-ção, como o EquaMat ou a Biologia naNoite, conseguiram, pela sua qualidade,granjear prestígio nacional.Com a criação do Mestrado em Comuni-cação e Educação em Ciência, aUniversidade dá uma contribuição paraa formação de uma nova classe deprofissionais nesta área, que muito irãovalorizar ao nível nacional, centros dedivulgação de ciência e instituiçõesmuseológicas.A aquisição pela Reitoria da antigaFábrica de Moagens de Aveiro introduziua componente física que faltava: oespaço para a instalação do centro.

O desafioA Reitoria lançou-me, em Outubro de2003, um desafio, claro e concreto, comosão os verdadeiros desafios: pensar,estudar, parametrizar e estabelecer umprograma e um calendário, para poten-ciais ocupações das Moagens, no âmbitode actividades culturais e de divulgaçãode ciência e tecnologia.Confesso que não me assustei particular-mente com o que vi na minha primeiravisita à Fábrica. Era mais um edifício emruína, mantendo alguma dignidade,escondida entre ferros e entulho, que aprocura de uma operacionalidade, quepermitisse a sobrevivência, obrigou aintroduzir ao longo da vida industrial dafábrica. O que mais me influenciou foi aescala do edifício, onde a área disponível,cerca de 10.000 m2, constituía, econtinua a constituir, um dos problemasmais complexos de equacionar.Face a esta situação colocavam-se duasalternativas:.definição de um programa para aocupação futura do edifício, com aprocura de recursos financeiros para asua concretização;.ocupação imediata de uma parte doedifício, com a realização de obras delimpeza mínimas, com a definição doprograma futuro a ocorrer simultanea-

mente com o desenvolvimento deactividades. Como é fácil de constatar,a opção tomada foi a segunda.

O que fazer?Por tudo o que foi dito, a criação de umCentro de Ciência Viva aparecia comouma solução possível. O conhecimentodo funcionamento do programa, asso-ciado ao total empenhamento logísticoe financeiro da Universidade, permitiucriar, muito rapidamente, uma candida-tura sólida à rede nacional de centros,que graças ao excelente funcionamentoda Agência Nacional para a CulturaCientífica e Tecnológica Ciência Viva,veio a ser aprovada no passado mêsde Abril.

A coordenação e gestão e o tratamentode imagem corporativa, realizados deuma forma eficaz pela Fundação JoãoJacinto de Magalhães, o apoio daCâmara Municipal e do Ministério daCultura, através da cedência de osdireitos de adaptação de parte de umaexposição, permitiram a criação desteCentro com grande rapidez.Com a participação directa de AmadeuSoares e Ivonne Delgadillo, foi possíveldefinir as linhas gerais programáticasdas exposições e espaços laboratoriais.

Organização estrutural da FábricaA Fábrica está organizada em váriossectores: Salas de Exposições temporá-rias e de projecção, Laboratório Didáctico,Estádio Nacional de Futebol Robóticoe Zona Administrativa.

“Os Genes e a Alimentação” é a expo-sição temporária actualmente existentee poderá ser visitada, até Julho de 2005.Através da observação e da interacção,os visitantes poderão conhecer maissobre os elos de ligação entre assuntostão diferentes como a agricultura primi-tiva e a engenharia genética.

A versão apresentada, realizada a partirda exposição produzida inicialmentepara o Alimentarium, Museu da Alimen-tação, em Vevey, Suíça, foi totalmenteconstruída para maximizar o efeitocénico da antiga fábrica. Revela comoa espécie humana sempre moldou o meioambiente, de acordo com as suas neces-sidades, e como assegurou, expandiu econstantemente melhorou, a materiali-zação das suas necessidades nutricio-nais básicas, através de processos deobservação e selecção.Assente numa perspectiva histórica, aexposição mostra também as aplicaçõescontemporâneas dos métodos biológi-

Paulo TrincãoProfessor do Departamento de Geociências - UAe Director da Fábrica, Centro de Ciência Viva

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o renascer das Moagens:Contudo, o Centro nunca teria abertotão rapidamente sem a eficácia dosServiços Técnicos da Universidade, queforam capazes de reunir um equipamultifacetada e encarar cada problemacomo um desafio, ao qual foi semprecapaz de dar a resposta adequada.

O que já está disponívelFábrica de Ciência Viva procura trans-mitir a ideia de permanente construção.Tudo está inacabado, tudo está emconstrução. A relação, que se procuraestabelecer com os que a visitam,incentiva a participação e a crítica.Idealmente, na Fábrica, todos os diasserão diferentes aos olhos dos que avisitam. A interacção com escolas dediferentes níveis de ensino, bem comoa conquista de novos públicos para aciência e tecnologia são apostas fortesdeste Centro. A cultura científica etecnológica é promovida através doincentivo à experimentação.

O facto de a Universidade de Aveiro terum papel central na criação e gestãodeste centro, oferece-lhe característicasparticulares, porque permite o afluxoconstante de informação, propostas eprojectos, que muito contribuem para odinamismo do Centro.

Fábrica, Centro de Ciência VivaHá muito que Aveiro merecia um Centrode Ciência Viva, porque a sua Universi-dade sempre valorizou a comunicaçãoe a divulgação, à cidade e ao país, dosseus trabalhos de ciência e tecnologia.A Semana de Ciência e Tecnologiaorganizada, exemplarmente, no mês deNovembro, tem representado um pontoalto nesta prática, contribuindo para abriras portas da Universidade a todosaqueles que sentem vontade de sabermais e, de uma forma mais próxima,como se faz ciência, quem são oscientistas e investigadores que dão vidaaos laboratórios espalhados por todo ocampus universitário.A existência de actividades de divulga-ção, como o EquaMat ou a Biologia naNoite, conseguiram, pela sua qualidade,granjear prestígio nacional.Com a criação do Mestrado em Comuni-cação e Educação em Ciência, aUniversidade dá uma contribuição paraa formação de uma nova classe deprofissionais nesta área, que muito irãovalorizar ao nível nacional, centros dedivulgação de ciência e instituiçõesmuseológicas.A aquisição pela Reitoria da antigaFábrica de Moagens de Aveiro introduziua componente física que faltava: oespaço para a instalação do centro.

O desafioA Reitoria lançou-me, em Outubro de2003, um desafio, claro e concreto, comosão os verdadeiros desafios: pensar,estudar, parametrizar e estabelecer umprograma e um calendário, para poten-ciais ocupações das Moagens, no âmbitode actividades culturais e de divulgaçãode ciência e tecnologia.Confesso que não me assustei particular-mente com o que vi na minha primeiravisita à Fábrica. Era mais um edifício emruína, mantendo alguma dignidade,escondida entre ferros e entulho, que aprocura de uma operacionalidade, quepermitisse a sobrevivência, obrigou aintroduzir ao longo da vida industrial dafábrica. O que mais me influenciou foi aescala do edifício, onde a área disponível,cerca de 10.000 m2, constituía, econtinua a constituir, um dos problemasmais complexos de equacionar.Face a esta situação colocavam-se duasalternativas:.definição de um programa para aocupação futura do edifício, com aprocura de recursos financeiros para asua concretização;.ocupação imediata de uma parte doedifício, com a realização de obras delimpeza mínimas, com a definição doprograma futuro a ocorrer simultanea-

mente com o desenvolvimento deactividades. Como é fácil de constatar,a opção tomada foi a segunda.

O que fazer?Por tudo o que foi dito, a criação de umCentro de Ciência Viva aparecia comouma solução possível. O conhecimentodo funcionamento do programa, asso-ciado ao total empenhamento logísticoe financeiro da Universidade, permitiucriar, muito rapidamente, uma candida-tura sólida à rede nacional de centros,que graças ao excelente funcionamentoda Agência Nacional para a CulturaCientífica e Tecnológica Ciência Viva,veio a ser aprovada no passado mêsde Abril.

A coordenação e gestão e o tratamentode imagem corporativa, realizados deuma forma eficaz pela Fundação JoãoJacinto de Magalhães, o apoio daCâmara Municipal e do Ministério daCultura, através da cedência de osdireitos de adaptação de parte de umaexposição, permitiram a criação desteCentro com grande rapidez.Com a participação directa de AmadeuSoares e Ivonne Delgadillo, foi possíveldefinir as linhas gerais programáticasdas exposições e espaços laboratoriais.

Organização estrutural da FábricaA Fábrica está organizada em váriossectores: Salas de Exposições temporá-rias e de projecção, Laboratório Didáctico,Estádio Nacional de Futebol Robóticoe Zona Administrativa.

“Os Genes e a Alimentação” é a expo-sição temporária actualmente existentee poderá ser visitada, até Julho de 2005.Através da observação e da interacção,os visitantes poderão conhecer maissobre os elos de ligação entre assuntostão diferentes como a agricultura primi-tiva e a engenharia genética.

A versão apresentada, realizada a partirda exposição produzida inicialmentepara o Alimentarium, Museu da Alimen-tação, em Vevey, Suíça, foi totalmenteconstruída para maximizar o efeitocénico da antiga fábrica. Revela comoa espécie humana sempre moldou o meioambiente, de acordo com as suas neces-sidades, e como assegurou, expandiu econstantemente melhorou, a materiali-zação das suas necessidades nutricio-nais básicas, através de processos deobservação e selecção.Assente numa perspectiva histórica, aexposição mostra também as aplicaçõescontemporâneas dos métodos biológi-

Paulo TrincãoProfessor do Departamento de Geociências - UAe Director da Fábrica, Centro de Ciência Viva

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cos e genéticos modernos, que nospermitem hoje melhorar, ainda mais, osnossos alimentos e tornar a produçãoagrícola mais eficiente, mais sustentávele menos nociva para o meio ambiente.Boa parte dos conteúdos são eviden-ciados de forma interactiva e estetica-mente apelativa.

Laboratório DidácticoO Laboratório Didáctico é um espaçopolivalente, aberto à realização de expe-riências científicas de todo o tipo, quegradualmente irão sendo propostas peloCentro aos seus visitantes.Extrair o ADN de um comum kiwi ouanalisar os nutrientes dos alimentos, quecomemos diariamente, são exemplos detarefas a executar neste Laboratório.As experiências, com uma duraçãomédia prevista de 40 minutos,funcionarão sempre com a presença deum ou mais monitores; no entanto, oobjectivo é que os participantes possam,eles próprios, executar e não apenasassistir a um procedimento.

No Laboratório, o visitante poderáexecutar experiências científicas simples,quer em pequenos grupos, com préviamarcação, quer como simples curioso,assistindo a um trabalho já em curso.

Um desafio às nossas escolasAlguns trabalhos poderão mesmo serexecutados e dirigidos por equipas dejovens estudantes de diversos graus deensino, estimulando a participação dasescolas neste projecto.Nesta modalidade, o Laboratóriofuncionará como uma montra de mini--projectos de divulgação científica aapresentar pelas escolas de diferentespontos do país.O Laboratório está equipado, ainda quede forma simples, com material, reagen-tes e equipamentos correntes numverdadeiro laboratório de investigaçãocientífica, possuindo três bancadasde trabalho.A marcação de experiências deve serfeita antecipadamente.

Robótica: Estádio Nacional deFutebol RobóticoO Estádio Nacional de Futebol Robóticoconstitui o primeiro campo de futebolrobótico permanente, em Portugal. Paraalém de treinos e jogos de futebol, serãoigualmente efectuados, neste espaço,um conjunto variado de demonstraçõesdas capacidades dos robots.

A robótica tem estado presente nasactividades da Universidade de Aveiro

(IEETA/DET), desde meados da décadade 1990, inicialmente no âmbito peda-gógico, mas, a partir de 1999, tambéma nível de investigação, culminando nacriação da Actividade Transversal emRobótica Inteligente (ATRI).Um dos projectos actuais da ATRI é oprojecto CAMBADA (CooperativeAutonomous Mobile roBots withAdvanced Distributed Architecture),financiado pela FCT – Fundação para aCiência e Tecnologia. O objectivo desteprojecto é desenvolver uma equipa defutebol robótico para competição noscampeonatos nacionais e internacionais,na modalidade de robôs médios.

No campo de futebol robótico daFábrica, equipas de robots disputarãoanimados campeonatos, acompanhadosde uma ruidosa claque cibernética, àqual o visitante se pode associar.

O que já se poderá ver muito em breveA Cozinha é um Laboratório será umespaço a abrir a partir de Janeiro de 2005.No espaço Cozinha-Laboratório pretendeexplicar-se, de uma forma divertida einteractiva, os processos subjacentes àstransformações químicas, que ocorremnos alimentos quando os preparamos.O visitante poderá saber, por exemplo,que transformações ocorrem quandopreparamos gelados, manteiga, pãoe pipocas.

As experiências funcionarão na presençade monitores e os “cozinheiros” serãoincentivados a pôr as mãos na massae, no final, poderão provar os resultadosdas suas experiências.De forma a promover a divulgação cien-tifica, será proposto um desafio aosalunos: repetir as experiências nas res-pectivas escolas e explicá-las aos colegas.

Para além da interacção com escolas,“A Cozinha é um Laboratório” pretendedespertar o interesse de outros públicos,pondo à disposição um vasto leque deactividades, relacionadas com a temáticada ciência dos alimentos.A fase de arranque e preparação foirealizada em 25 de Julho com umaacção no Pavilhão do Conhecimento

em Lisboa, onde se apresentou “A verda-deira história da química do ovo mole”.Para o ano de 2005 estão previstasoutras novidades que, oportunamente,serão notícia.Com a Fábrica, a Universidade e acidade ganharam um espaço de raizdedicado à promoção da culturacientífica e tecnológica.

Fábrica

Todos os contactos e realização de marcações

de visitas podem ser obtidos em:

tel: 234 427 053

fax: 234 426 077

e-mail: [email protected]

www.fabrica.cienciaviva.ua.pt

Francisco ProvidênciaProfessor do Departamento de Comunicação

e Arte - UA

Fábrica: industrialização do

conhecimento/laboratório da criatividade

“Fábrica” tem origem remota no latim significando

o lugar onde se opera a transformação da matéria

bruta em obra d’arte, por acção do trabalho;

ou seja, a Fábrica enquanto oficina – fabrico,

construção –, aparece já na língua portuguesa desde

o séc. XIV, mantendo-se com o mesmo significado

de fábrica oficina, até ao séc. XVIII.

No séc. XVI encontramos referência a inúmeras

fábricas por todo o país, desde fábricas de cal e

telha, a cerâmica e vidro, até a pólvora e conservas.

Fábrica seria uma palavra sem dúvida na moda

durante o séc. XVI.

Por extensão, fábrica significa também aquela

máquina que, no desígnio cego de produzir, reduz

o homem a escravo, como aquele que trabalhava

no engenho de fabrico do açúcar no Brasil do séc.

XVIII. Fabricar talentos, fabricar cientistas ou fabricar

artistas, é uma das maiores expectativas sobre a

produção universitária, a que a Universidade de

Aveiro também se obriga ao abrigar o projecto

da Fábrica.

A fábrica tem hoje um sentido produtivo muito

marcado pela arqueologia industrial do séc. XIX,

origem da massificação de produtos e de mercados;

mas é nessa memória que se encontra o humor

necessário para a elevação de uma fábrica de

farinha a fábrica de cientistas. O que falta a Portugal,

diz-se que é, entre outros, a falta de uma cultura

científica; fabricar cultura científica, significa educar

os cidadãos desde a idade infantil até ao estado

de adultos, para o conhecimento científico. Embora

estejamos habituados a afastar — na tradição

humanista clássica — o homem das suas criaturas

mecânicas, a verdade é que, sem o poder produtivo

da fábrica, ser-nos-á difícil atingir resultados

significativos na mudança da cultura portuguesa,

em tempo útil. O carácter eminentemente lúdico e

didáctico deste experimentário de ciência e tecno-

logia, contrasta com a imagem de massificação

industrial veiculada pelo laconismo do seu nome.

Eis, portanto, uma boa razão para a defesa desta

designação: numa época de desmantelamento

industrial, surge em Aveiro a Fábrica do Conheci-

mento ou a Fábrica da Ciência, onde se poderá

encontrar também uma Fábrica de Robots, uma

Fábrica de Exposições e o Bar da Fábrica.

Page 15: Revista Linhas 02

outubro ‘04Linhas fábrica de ciência viva1312

cos e genéticos modernos, que nospermitem hoje melhorar, ainda mais, osnossos alimentos e tornar a produçãoagrícola mais eficiente, mais sustentávele menos nociva para o meio ambiente.Boa parte dos conteúdos são eviden-ciados de forma interactiva e estetica-mente apelativa.

Laboratório DidácticoO Laboratório Didáctico é um espaçopolivalente, aberto à realização de expe-riências científicas de todo o tipo, quegradualmente irão sendo propostas peloCentro aos seus visitantes.Extrair o ADN de um comum kiwi ouanalisar os nutrientes dos alimentos, quecomemos diariamente, são exemplos detarefas a executar neste Laboratório.As experiências, com uma duraçãomédia prevista de 40 minutos,funcionarão sempre com a presença deum ou mais monitores; no entanto, oobjectivo é que os participantes possam,eles próprios, executar e não apenasassistir a um procedimento.

No Laboratório, o visitante poderáexecutar experiências científicas simples,quer em pequenos grupos, com préviamarcação, quer como simples curioso,assistindo a um trabalho já em curso.

Um desafio às nossas escolasAlguns trabalhos poderão mesmo serexecutados e dirigidos por equipas dejovens estudantes de diversos graus deensino, estimulando a participação dasescolas neste projecto.Nesta modalidade, o Laboratóriofuncionará como uma montra de mini--projectos de divulgação científica aapresentar pelas escolas de diferentespontos do país.O Laboratório está equipado, ainda quede forma simples, com material, reagen-tes e equipamentos correntes numverdadeiro laboratório de investigaçãocientífica, possuindo três bancadasde trabalho.A marcação de experiências deve serfeita antecipadamente.

Robótica: Estádio Nacional deFutebol RobóticoO Estádio Nacional de Futebol Robóticoconstitui o primeiro campo de futebolrobótico permanente, em Portugal. Paraalém de treinos e jogos de futebol, serãoigualmente efectuados, neste espaço,um conjunto variado de demonstraçõesdas capacidades dos robots.

A robótica tem estado presente nasactividades da Universidade de Aveiro

(IEETA/DET), desde meados da décadade 1990, inicialmente no âmbito peda-gógico, mas, a partir de 1999, tambéma nível de investigação, culminando nacriação da Actividade Transversal emRobótica Inteligente (ATRI).Um dos projectos actuais da ATRI é oprojecto CAMBADA (CooperativeAutonomous Mobile roBots withAdvanced Distributed Architecture),financiado pela FCT – Fundação para aCiência e Tecnologia. O objectivo desteprojecto é desenvolver uma equipa defutebol robótico para competição noscampeonatos nacionais e internacionais,na modalidade de robôs médios.

No campo de futebol robótico daFábrica, equipas de robots disputarãoanimados campeonatos, acompanhadosde uma ruidosa claque cibernética, àqual o visitante se pode associar.

O que já se poderá ver muito em breveA Cozinha é um Laboratório será umespaço a abrir a partir de Janeiro de 2005.No espaço Cozinha-Laboratório pretendeexplicar-se, de uma forma divertida einteractiva, os processos subjacentes àstransformações químicas, que ocorremnos alimentos quando os preparamos.O visitante poderá saber, por exemplo,que transformações ocorrem quandopreparamos gelados, manteiga, pãoe pipocas.

As experiências funcionarão na presençade monitores e os “cozinheiros” serãoincentivados a pôr as mãos na massae, no final, poderão provar os resultadosdas suas experiências.De forma a promover a divulgação cien-tifica, será proposto um desafio aosalunos: repetir as experiências nas res-pectivas escolas e explicá-las aos colegas.

Para além da interacção com escolas,“A Cozinha é um Laboratório” pretendedespertar o interesse de outros públicos,pondo à disposição um vasto leque deactividades, relacionadas com a temáticada ciência dos alimentos.A fase de arranque e preparação foirealizada em 25 de Julho com umaacção no Pavilhão do Conhecimento

em Lisboa, onde se apresentou “A verda-deira história da química do ovo mole”.Para o ano de 2005 estão previstasoutras novidades que, oportunamente,serão notícia.Com a Fábrica, a Universidade e acidade ganharam um espaço de raizdedicado à promoção da culturacientífica e tecnológica.

Fábrica

Todos os contactos e realização de marcações

de visitas podem ser obtidos em:

tel: 234 427 053

fax: 234 426 077

e-mail: [email protected]

www.fabrica.cienciaviva.ua.pt

Francisco ProvidênciaProfessor do Departamento de Comunicação

e Arte - UA

Fábrica: industrialização do

conhecimento/laboratório da criatividade

“Fábrica” tem origem remota no latim significando

o lugar onde se opera a transformação da matéria

bruta em obra d’arte, por acção do trabalho;

ou seja, a Fábrica enquanto oficina – fabrico,

construção –, aparece já na língua portuguesa desde

o séc. XIV, mantendo-se com o mesmo significado

de fábrica oficina, até ao séc. XVIII.

No séc. XVI encontramos referência a inúmeras

fábricas por todo o país, desde fábricas de cal e

telha, a cerâmica e vidro, até a pólvora e conservas.

Fábrica seria uma palavra sem dúvida na moda

durante o séc. XVI.

Por extensão, fábrica significa também aquela

máquina que, no desígnio cego de produzir, reduz

o homem a escravo, como aquele que trabalhava

no engenho de fabrico do açúcar no Brasil do séc.

XVIII. Fabricar talentos, fabricar cientistas ou fabricar

artistas, é uma das maiores expectativas sobre a

produção universitária, a que a Universidade de

Aveiro também se obriga ao abrigar o projecto

da Fábrica.

A fábrica tem hoje um sentido produtivo muito

marcado pela arqueologia industrial do séc. XIX,

origem da massificação de produtos e de mercados;

mas é nessa memória que se encontra o humor

necessário para a elevação de uma fábrica de

farinha a fábrica de cientistas. O que falta a Portugal,

diz-se que é, entre outros, a falta de uma cultura

científica; fabricar cultura científica, significa educar

os cidadãos desde a idade infantil até ao estado

de adultos, para o conhecimento científico. Embora

estejamos habituados a afastar — na tradição

humanista clássica — o homem das suas criaturas

mecânicas, a verdade é que, sem o poder produtivo

da fábrica, ser-nos-á difícil atingir resultados

significativos na mudança da cultura portuguesa,

em tempo útil. O carácter eminentemente lúdico e

didáctico deste experimentário de ciência e tecno-

logia, contrasta com a imagem de massificação

industrial veiculada pelo laconismo do seu nome.

Eis, portanto, uma boa razão para a defesa desta

designação: numa época de desmantelamento

industrial, surge em Aveiro a Fábrica do Conheci-

mento ou a Fábrica da Ciência, onde se poderá

encontrar também uma Fábrica de Robots, uma

Fábrica de Exposições e o Bar da Fábrica.

Page 16: Revista Linhas 02

a ‘fábrica’ no início do século XX

Tal como noutros sectores de actividade,também na moagem a difusão do vaporfoi lenta e tardia. Os velhos moinhos eas azenhas resistiram à moagemindustrial até há poucas décadas.Segundo A. Jorge Dias, na década de1950, “havia ainda cerca de 30.000moinhos de água e de vento registados,enquanto hoje [em 1964] não há 10.000em actividade, dos quais 3000 devemser a vento. É de supor que, dos 7000hidráulicos restantes, cerca de 5000sejam de rodízio. Em 1960 havia cercade 3000 moinhos de vento em laboração,dos quais só 1000 chegaram a 1964.”

Em Aveiro, a primeira moagem a vapornasce em finais de 1874. Foi instaladanum edifício antigo, conhecido até aoinício do século XX por Casa dosMoinhos, mas que nos é mais familiarpelo nome de Capitania, por ali terfuncionado a Capitania do Porto deAveiro, entre 1926 e 1995. O velhocasarão, que na sua origem fora ummoinho de maré, terá moído trigo e milhoa vapor durante dez anos. Entre os cincoelementos da sociedade entãoconstituída, com um capital social de6.000$000 réis, contavam-se Sebastiãode Carvalho Lima, um dos maisimportantes políticos aveirenses do

século XIX, pai de Sebastião e JaimeMagalhães Lima, e Manuel SimõesAmaro, referido, em 1868, como“construtor de moinhos de maré».No final de Oitocentos, nasce outramoagem a vapor em Aveiro. Em 1896,ano em que é fundada a fábrica de telhade Jerónimo Pereira Campos, ManuelHomem de Carvalho Cristo, mestre-de--obras e proprietário da padaria da Ruados Tavares, instala uma moagem avapor num edifício da Rua da Alfândega.A novel fábrica de moagem de cereaise «acidentalmente de descasque dearroz e de serração de madeira”, comalvará passado em 1897, empregava,em 1900, 15 trabalhadores.

Mas a vida desta empresa, nos primeirosanos de vida, não foi fácil. Em 1903, oseu passivo cifrava-se em 19.100$000réis, quando o valor do edifício dafábrica, de dois armazéns e de umquintal no Bairro dos Santos Mártires,bem como o de toda a maquinaria eutensílios perfazia 3.820$000 réis.Perante esta situação, Manuel Homemde Carvalho Cristo socorre-se de algunscomerciantes amigos, como Manuel daRocha e Albino Pinto de Miranda, e depessoas da sua família, como o seumais conhecido irmão, Francisco M.

Homem Cristo. Assim, em 11 de Maiode 1903, forma uma sociedade, emnome colectivo, com o mesmo objectosocial, sob a firma Cristo, Rocha,Miranda & Companhia. Manuel Cristoentrou com os bens referidos e os res-tantes cinco sócios com quotas iguais,no valor de 3.820$000 réis. Se, ao fimde três anos, os prejuízos persistissem– lê-se na escritura –, proceder-se-ia àdissolução e liquidação da sociedade.Manuel Homem de Carvalho Cristodetém à época um currículo cívico eprofissional notável. Na sequência dademolição da igreja do Espírito Santo,às Cinco Bicas, este mestre-de-obrasfoi responsável pela edificação da torreda Sé, que foi concluída em 1859. Em1882, é um dos fundadores da primeiracompanhia de bombeiros voluntáriosde Aveiro, e ocupa desde então umpapel de relevo na redacção do periódicorepublicano Povo de Aveiro, fundadopelo irmão, nesse mesmo ano.

Posteriormente, integrou a comissãopara a erecção da estátua de JoséEstêvão, inaugurada em 1889. Nos anosseguintes envolver-se-ia na direcção daSociedade Recreio Artístico (1897, 1900-1906 e 1919) e da Associação Comercialde Aveiro (1898-1901).O comerciante Manuel da Rocha era umamigo de longa data de Jerónimo PereiraCampos. Foi director da Associação deSocorros Mútuos, em 1866. Em 1888 éum dos fundadores da Fábrica Nacionalde Vidros de Aveiro (1888-1891). Foi ve-reador de 1890 a 1893 e de 1902 a 1904.

É então decidida a construção de novasinstalações, num espaço maisdesafogado, nos Santos Mártires. Umaequipa de técnicos estrangeiros instalaa máquina a vapor e demaisequipamentos, no início de 1904. Aimprensa dá conta do curso dostrabalhos, considerando “audaciosa eperigosa” a iniciativa, “atendendo à criseque presentemente atravessam asfábricas de moagem”; considerava, noentanto, que a fábrica era “um dosestabelecimentos mais aperfeiçoadosno seu género que ultimamente se têmposto a funcionar.”

Em Junho desse mesmo ano, prestes ainiciar a produção, a empresa anunciaa “moagem de milho e trigo, à qual seadicionará o fabrico de massas alimen-tícias, descasque de arroz e serração demadeiras.”Nos anos seguintes, a situação nãomelhorou muito. Em 1909-1910, opassivo volta a superar o activo. Doissócios cedem as suas quotas, e os queficam aumentam o capital para 36contos de réis. Durante a I GuerraMundial, período de grandes carências,apesar do papel regulador da moagemcontra a carestia do pão, a situação daempresa regista uma expressiva melho-ria. Como consequência, o capital socialpassa sucessivamente de 45 para 80contos e é reforçada a sua capacidadeprodutiva com a introdução do sistemaaustro-húngaro de moagem de trigo,milho e descasque de arroz.

Em 1922, a imprensa regionalista avei-rense anuncia com optimismo: “Aveirotem fábricas de conservas, de ladrilho,de lixa, nada menos de quatro de louçae duas de moagem de cereais, empresasde pesca, duas das quais em S. Jacinto,duas fábricas de pirolitos e quatro depreparo de sardinha, tanoarias,torrefacção de café, isto sem falar nascompanhias de pesca e navegação eem tantos outros estabelecimentosdignos de serem mencionados.” O apa-recimento da electricidade, antes dacrise da segunda metade dos AnosVinte, também alimentou sonhosdesenvolvimentistas.

Em 1920 – um ano após o nascimentode uma outra moagem a vapor emAveiro –, e no âmbito da acção damilitância regionalista, os melhorescomerciantes e industriais da cidadefundam o Banco Regional de Aveiro.Nesse mesmo ano, esta casa bancáriaadquire a moagem de Cristo, Rocha,Miranda & Companhia, por 850 contos,“a fim de dar maior incremento aos seusnegócios e introduzir o fabrico debolachas e de massas alimentícias”.Em 28 de Outubro de 1920 é constituídauma sociedade anónima de responsa-bilidade social, denominada “Companhia

Aveirense de Moagens”. Entre os onzesócios da nova firma contam-se três dasociedade anterior, mas o seu “adminis-trador”, Manuel Homem de CarvalhoCristo, cede então o lugar aos três“administradores-delegados” quecompõem o Conselho de Administração:o influente comerciante Albino Pinto deMiranda, que já antes integrava adirecção da empresa, o “carpinteiro”Henrique dos Santos Rato e o “proprie-tário” Manuel Barreiros de Macedo.

Albino Pinto de Miranda, um dosfundadores do Banco Regional deAveiro, contribuíra, em 1903, para asobrevivência da moagem e estavaagora na linha da frente no saltoqualitativo dos Anos Vinte. Estecomerciante, oriundo de Oliveira doBairro, fixou-se em Aveiro em 1894.Esteve ligado a diversos sectores, damoagem à cerâmica, dos impostosmunicipais, aos negócios dos fósforose do tabaco, assumindo papel de relevona Associação Comercial de Aveiro enos clubes da cidade, durante perto dequatro décadas.

Inicia-se assim uma nova e prósperafase da vida da empresa, que se torna,desde então, uma das mais importantesmoagens do país. Em 1925, ainda surgeuma outra moagem, mas a CompanhiaAveirense de Moagens havia reunidocondições e meios para fazer face aosefeitos da concorrência das unidadesque nasceram um pouco por todo o paísneste período, mormente na região daRia de Aveiro.

Breve nota histórica sobre os primórdios da CompanhiaAveirense de Moagens

outubro ‘04Linhas fábrica de ciência viva1514

Manuel Ferreira RodriguesProfessor da UA

Page 17: Revista Linhas 02

a ‘fábrica’ no início do século XX

Tal como noutros sectores de actividade,também na moagem a difusão do vaporfoi lenta e tardia. Os velhos moinhos eas azenhas resistiram à moagemindustrial até há poucas décadas.Segundo A. Jorge Dias, na década de1950, “havia ainda cerca de 30.000moinhos de água e de vento registados,enquanto hoje [em 1964] não há 10.000em actividade, dos quais 3000 devemser a vento. É de supor que, dos 7000hidráulicos restantes, cerca de 5000sejam de rodízio. Em 1960 havia cercade 3000 moinhos de vento em laboração,dos quais só 1000 chegaram a 1964.”

Em Aveiro, a primeira moagem a vapornasce em finais de 1874. Foi instaladanum edifício antigo, conhecido até aoinício do século XX por Casa dosMoinhos, mas que nos é mais familiarpelo nome de Capitania, por ali terfuncionado a Capitania do Porto deAveiro, entre 1926 e 1995. O velhocasarão, que na sua origem fora ummoinho de maré, terá moído trigo e milhoa vapor durante dez anos. Entre os cincoelementos da sociedade entãoconstituída, com um capital social de6.000$000 réis, contavam-se Sebastiãode Carvalho Lima, um dos maisimportantes políticos aveirenses do

século XIX, pai de Sebastião e JaimeMagalhães Lima, e Manuel SimõesAmaro, referido, em 1868, como“construtor de moinhos de maré».No final de Oitocentos, nasce outramoagem a vapor em Aveiro. Em 1896,ano em que é fundada a fábrica de telhade Jerónimo Pereira Campos, ManuelHomem de Carvalho Cristo, mestre-de--obras e proprietário da padaria da Ruados Tavares, instala uma moagem avapor num edifício da Rua da Alfândega.A novel fábrica de moagem de cereaise «acidentalmente de descasque dearroz e de serração de madeira”, comalvará passado em 1897, empregava,em 1900, 15 trabalhadores.

Mas a vida desta empresa, nos primeirosanos de vida, não foi fácil. Em 1903, oseu passivo cifrava-se em 19.100$000réis, quando o valor do edifício dafábrica, de dois armazéns e de umquintal no Bairro dos Santos Mártires,bem como o de toda a maquinaria eutensílios perfazia 3.820$000 réis.Perante esta situação, Manuel Homemde Carvalho Cristo socorre-se de algunscomerciantes amigos, como Manuel daRocha e Albino Pinto de Miranda, e depessoas da sua família, como o seumais conhecido irmão, Francisco M.

Homem Cristo. Assim, em 11 de Maiode 1903, forma uma sociedade, emnome colectivo, com o mesmo objectosocial, sob a firma Cristo, Rocha,Miranda & Companhia. Manuel Cristoentrou com os bens referidos e os res-tantes cinco sócios com quotas iguais,no valor de 3.820$000 réis. Se, ao fimde três anos, os prejuízos persistissem– lê-se na escritura –, proceder-se-ia àdissolução e liquidação da sociedade.Manuel Homem de Carvalho Cristodetém à época um currículo cívico eprofissional notável. Na sequência dademolição da igreja do Espírito Santo,às Cinco Bicas, este mestre-de-obrasfoi responsável pela edificação da torreda Sé, que foi concluída em 1859. Em1882, é um dos fundadores da primeiracompanhia de bombeiros voluntáriosde Aveiro, e ocupa desde então umpapel de relevo na redacção do periódicorepublicano Povo de Aveiro, fundadopelo irmão, nesse mesmo ano.

Posteriormente, integrou a comissãopara a erecção da estátua de JoséEstêvão, inaugurada em 1889. Nos anosseguintes envolver-se-ia na direcção daSociedade Recreio Artístico (1897, 1900-1906 e 1919) e da Associação Comercialde Aveiro (1898-1901).O comerciante Manuel da Rocha era umamigo de longa data de Jerónimo PereiraCampos. Foi director da Associação deSocorros Mútuos, em 1866. Em 1888 éum dos fundadores da Fábrica Nacionalde Vidros de Aveiro (1888-1891). Foi ve-reador de 1890 a 1893 e de 1902 a 1904.

É então decidida a construção de novasinstalações, num espaço maisdesafogado, nos Santos Mártires. Umaequipa de técnicos estrangeiros instalaa máquina a vapor e demaisequipamentos, no início de 1904. Aimprensa dá conta do curso dostrabalhos, considerando “audaciosa eperigosa” a iniciativa, “atendendo à criseque presentemente atravessam asfábricas de moagem”; considerava, noentanto, que a fábrica era “um dosestabelecimentos mais aperfeiçoadosno seu género que ultimamente se têmposto a funcionar.”

Em Junho desse mesmo ano, prestes ainiciar a produção, a empresa anunciaa “moagem de milho e trigo, à qual seadicionará o fabrico de massas alimen-tícias, descasque de arroz e serração demadeiras.”Nos anos seguintes, a situação nãomelhorou muito. Em 1909-1910, opassivo volta a superar o activo. Doissócios cedem as suas quotas, e os queficam aumentam o capital para 36contos de réis. Durante a I GuerraMundial, período de grandes carências,apesar do papel regulador da moagemcontra a carestia do pão, a situação daempresa regista uma expressiva melho-ria. Como consequência, o capital socialpassa sucessivamente de 45 para 80contos e é reforçada a sua capacidadeprodutiva com a introdução do sistemaaustro-húngaro de moagem de trigo,milho e descasque de arroz.

Em 1922, a imprensa regionalista avei-rense anuncia com optimismo: “Aveirotem fábricas de conservas, de ladrilho,de lixa, nada menos de quatro de louçae duas de moagem de cereais, empresasde pesca, duas das quais em S. Jacinto,duas fábricas de pirolitos e quatro depreparo de sardinha, tanoarias,torrefacção de café, isto sem falar nascompanhias de pesca e navegação eem tantos outros estabelecimentosdignos de serem mencionados.” O apa-recimento da electricidade, antes dacrise da segunda metade dos AnosVinte, também alimentou sonhosdesenvolvimentistas.

Em 1920 – um ano após o nascimentode uma outra moagem a vapor emAveiro –, e no âmbito da acção damilitância regionalista, os melhorescomerciantes e industriais da cidadefundam o Banco Regional de Aveiro.Nesse mesmo ano, esta casa bancáriaadquire a moagem de Cristo, Rocha,Miranda & Companhia, por 850 contos,“a fim de dar maior incremento aos seusnegócios e introduzir o fabrico debolachas e de massas alimentícias”.Em 28 de Outubro de 1920 é constituídauma sociedade anónima de responsa-bilidade social, denominada “Companhia

Aveirense de Moagens”. Entre os onzesócios da nova firma contam-se três dasociedade anterior, mas o seu “adminis-trador”, Manuel Homem de CarvalhoCristo, cede então o lugar aos três“administradores-delegados” quecompõem o Conselho de Administração:o influente comerciante Albino Pinto deMiranda, que já antes integrava adirecção da empresa, o “carpinteiro”Henrique dos Santos Rato e o “proprie-tário” Manuel Barreiros de Macedo.

Albino Pinto de Miranda, um dosfundadores do Banco Regional deAveiro, contribuíra, em 1903, para asobrevivência da moagem e estavaagora na linha da frente no saltoqualitativo dos Anos Vinte. Estecomerciante, oriundo de Oliveira doBairro, fixou-se em Aveiro em 1894.Esteve ligado a diversos sectores, damoagem à cerâmica, dos impostosmunicipais, aos negócios dos fósforose do tabaco, assumindo papel de relevona Associação Comercial de Aveiro enos clubes da cidade, durante perto dequatro décadas.

Inicia-se assim uma nova e prósperafase da vida da empresa, que se torna,desde então, uma das mais importantesmoagens do país. Em 1925, ainda surgeuma outra moagem, mas a CompanhiaAveirense de Moagens havia reunidocondições e meios para fazer face aosefeitos da concorrência das unidadesque nasceram um pouco por todo o paísneste período, mormente na região daRia de Aveiro.

Breve nota histórica sobre os primórdios da CompanhiaAveirense de Moagens

outubro ‘04Linhas fábrica de ciência viva1514

Manuel Ferreira RodriguesProfessor da UA

Page 18: Revista Linhas 02

Se bem que, nos últimos anos, setenham verificado indícios de mudançanas culturas nacionais e institucionais,têm faltado mecanismos que diminuama opacidade do valor dos vários diplomase graus atribuídos pelos diferentes paísese facilitem a transferabilidade indispen-sável à continuidade de estudos e aofomento da empregabilidade. Os docu-mentos que testemunham os nossospercursos académicos são, em geral,muito pouco informativos e aqueles denós a quem são solicitados pareceressobre equivalências conhecem por dentroas dificuldades do processo. O nome deum curso, a lista das disciplinasrealizadas, o número e a natureza dashoras de leccionação, ou mesmo oscréditos alcançados sem o referencial dasua contabilização ou os conteúdosdesalinhados de objectivos dizem-nosmuito pouco sobre as competênciasdesejadas e efectivamente alcançadas.

No mundo globalizado e na sociedadedo conhecimento e da mobilidade emque hoje nos movemos, estes processosassumem um carácter cada vez maisanacrónico, a exigir reflexão e acção.Fiquemo-nos pela Europa para lançarum olhar sobre a janela que, sobre estee outros aspectos, nos abre a tão

propalada “Declaração de Bolonha”.Assinada em 1999 por Ministros daEducação dos 29 Estados Membros, aDeclaração de Bolonha surge nasequência de outros dois documentos(A Magna Carta Universitatum, 1988 ea Declaração da Sorbonne,1998) epreconiza a constituição de um espaçode ensino superior europeu a partir de2010. A ela vieram juntar-se outrasdeclarações que, numa evidente linhade continuidade, têm vindo a aprofundaras ideias originais (com destaque paraa declaração de Praga, em 2001 e deBerlim, em 2003, que, por sua vez,assumem contributos de convençõesintermédias).

Os objectivos da constituição desteespaço assinalavam, logo no início doprocesso, a mobilidade de diplomadose estudantes, a empregabilidade dosdiplomados e a competitividade noespaço europeu e extra-europeu. Comocondição para a sua concretizaçãosalientava-se o reconhecimento dasqualificações obtidas e o corolário destepressuposto: a transparência einteligibilidade dos graus e dos curricula.Numa aproximação às estratégias paraa acção, preconizou-se a organizaçãodo ensino superior em três ciclos, de-

vendo a formação ao nível do primeirociclo ser relevante para o mercado dotrabalho. O sistema de acumulação etransferência dos conhecimentos, vulgoECTS (European Credit Transfer System),baseado na atribuição de créditos comounidade de estudos definida em funçãoda carga de trabalho dos estudantes edos resultados esperados e obtidos,emergiu como instrumento de compara-bilidade apropriado e, de certo modo, játestado nos programas europeus demobilidade estudantil. A cooperaçãoentre instituições e entre estadosmembros na avaliação da qualidade daformação foi outra das estratégias desdelogo apontadas.

Estas ideias fundacionais têm vindo aser aprofundadas e desenvolvidas.Assim, a declaração de Praga explicitaa função dos ECTS na mobilidade dosestudantes, na flexibilidade das forma-ções e na promoção da autonomia dosestudantes relativamente à construção,responsável, dos seus percursos deestudo. Além disso, assume a educaçãosuperior como um bem público, acentuaa importância da educação ao longo davida, chama a atenção para a necessi-dade de se envolverem as universidadese os estudantes, defende a instituciona-

lização de graus conjuntos e salienta anecessidade de ser assegurada agarantia de qualidade. A Declaração deBerlim, por sua vez, enfatiza a articulaçãoentre educação e investigação, o reco-nhecimento de competências previa-mente adquiridas e o estabelecimentode redes de formação. (Sobre o Processode Bolonha e as iniciativas que, sobreeste processo, têm sido tomadas na UA,cf. o site http://paco.ua.pt/documentos/)

Considero que o Processo de Bolonhaproporciona um contexto favorável auma mudança profunda no sistema deensino superior no nosso país, um paísda Europa. E, não obstante a fraca pro--actividade que se tem manifestado euma atitude de expectativa, pendentede que alguém venha dizer-nos como éque deve ser, teimo em acreditar queainda vamos a tempo de agarrar estaoportunidade. Para isso, porém, temosde compreender o Processo de Bolonhana sua essência e não apenas num ounoutro aspecto isolado. Até agora temo--nos centrado demasiado, quaseexclusivamente, na duração do 1º ciclode estudos que a Lei de Bases daEducação, recentemente aprovada naAssembleia da República, definiu paraPortugal como o grau de licenciatura

O Processo de Bolonha

Todos quantos, na sua vida

académica, têm a experiência

de terem mudado de instituição

a meio do seu percurso,

sabem como é difícil obter

uma equivalência ou um

reconhecimento dos estudos

realizados. A situação é ainda

mais complicada quando a

mudança ocorre ao nível

transnacional.

como oportunidade para a mudança

outubro ‘04Linhas 1716 processo de bolonha

Isabel AlarcãoVice-Reitora entre 1994/2001, Reitora emexercício entre Julho 2001 e Janeiro 2002,Professora do Departamento de Didáctica eTecnologia Educativa - UA

Page 19: Revista Linhas 02

Se bem que, nos últimos anos, setenham verificado indícios de mudançanas culturas nacionais e institucionais,têm faltado mecanismos que diminuama opacidade do valor dos vários diplomase graus atribuídos pelos diferentes paísese facilitem a transferabilidade indispen-sável à continuidade de estudos e aofomento da empregabilidade. Os docu-mentos que testemunham os nossospercursos académicos são, em geral,muito pouco informativos e aqueles denós a quem são solicitados pareceressobre equivalências conhecem por dentroas dificuldades do processo. O nome deum curso, a lista das disciplinasrealizadas, o número e a natureza dashoras de leccionação, ou mesmo oscréditos alcançados sem o referencial dasua contabilização ou os conteúdosdesalinhados de objectivos dizem-nosmuito pouco sobre as competênciasdesejadas e efectivamente alcançadas.

No mundo globalizado e na sociedadedo conhecimento e da mobilidade emque hoje nos movemos, estes processosassumem um carácter cada vez maisanacrónico, a exigir reflexão e acção.Fiquemo-nos pela Europa para lançarum olhar sobre a janela que, sobre estee outros aspectos, nos abre a tão

propalada “Declaração de Bolonha”.Assinada em 1999 por Ministros daEducação dos 29 Estados Membros, aDeclaração de Bolonha surge nasequência de outros dois documentos(A Magna Carta Universitatum, 1988 ea Declaração da Sorbonne,1998) epreconiza a constituição de um espaçode ensino superior europeu a partir de2010. A ela vieram juntar-se outrasdeclarações que, numa evidente linhade continuidade, têm vindo a aprofundaras ideias originais (com destaque paraa declaração de Praga, em 2001 e deBerlim, em 2003, que, por sua vez,assumem contributos de convençõesintermédias).

Os objectivos da constituição desteespaço assinalavam, logo no início doprocesso, a mobilidade de diplomadose estudantes, a empregabilidade dosdiplomados e a competitividade noespaço europeu e extra-europeu. Comocondição para a sua concretizaçãosalientava-se o reconhecimento dasqualificações obtidas e o corolário destepressuposto: a transparência einteligibilidade dos graus e dos curricula.Numa aproximação às estratégias paraa acção, preconizou-se a organizaçãodo ensino superior em três ciclos, de-

vendo a formação ao nível do primeirociclo ser relevante para o mercado dotrabalho. O sistema de acumulação etransferência dos conhecimentos, vulgoECTS (European Credit Transfer System),baseado na atribuição de créditos comounidade de estudos definida em funçãoda carga de trabalho dos estudantes edos resultados esperados e obtidos,emergiu como instrumento de compara-bilidade apropriado e, de certo modo, játestado nos programas europeus demobilidade estudantil. A cooperaçãoentre instituições e entre estadosmembros na avaliação da qualidade daformação foi outra das estratégias desdelogo apontadas.

Estas ideias fundacionais têm vindo aser aprofundadas e desenvolvidas.Assim, a declaração de Praga explicitaa função dos ECTS na mobilidade dosestudantes, na flexibilidade das forma-ções e na promoção da autonomia dosestudantes relativamente à construção,responsável, dos seus percursos deestudo. Além disso, assume a educaçãosuperior como um bem público, acentuaa importância da educação ao longo davida, chama a atenção para a necessi-dade de se envolverem as universidadese os estudantes, defende a instituciona-

lização de graus conjuntos e salienta anecessidade de ser assegurada agarantia de qualidade. A Declaração deBerlim, por sua vez, enfatiza a articulaçãoentre educação e investigação, o reco-nhecimento de competências previa-mente adquiridas e o estabelecimentode redes de formação. (Sobre o Processode Bolonha e as iniciativas que, sobreeste processo, têm sido tomadas na UA,cf. o site http://paco.ua.pt/documentos/)

Considero que o Processo de Bolonhaproporciona um contexto favorável auma mudança profunda no sistema deensino superior no nosso país, um paísda Europa. E, não obstante a fraca pro--actividade que se tem manifestado euma atitude de expectativa, pendentede que alguém venha dizer-nos como éque deve ser, teimo em acreditar queainda vamos a tempo de agarrar estaoportunidade. Para isso, porém, temosde compreender o Processo de Bolonhana sua essência e não apenas num ounoutro aspecto isolado. Até agora temo--nos centrado demasiado, quaseexclusivamente, na duração do 1º ciclode estudos que a Lei de Bases daEducação, recentemente aprovada naAssembleia da República, definiu paraPortugal como o grau de licenciatura

O Processo de Bolonha

Todos quantos, na sua vida

académica, têm a experiência

de terem mudado de instituição

a meio do seu percurso,

sabem como é difícil obter

uma equivalência ou um

reconhecimento dos estudos

realizados. A situação é ainda

mais complicada quando a

mudança ocorre ao nível

transnacional.

como oportunidade para a mudança

outubro ‘04Linhas 1716 processo de bolonha

Isabel AlarcãoVice-Reitora entre 1994/2001, Reitora emexercício entre Julho 2001 e Janeiro 2002,Professora do Departamento de Didáctica eTecnologia Educativa - UA

Page 20: Revista Linhas 02

Passou o tempo de poderconsiderar-se o ensino comouma actividade individual,realizada no isolamento dasala de aula.

outubro ‘04Linhas 1918

(seis a oito semestres podendo, emcasos excepcionais, incluir mais um aquatro semestres). A duração, emboraimportante, não é o elemento fundamen-tal na desejada constituição do espaçoeuropeu preconizado por Bolonha.Reduzir Bolonha à duração dos cursosé desvirtuar o espírito da Declaração. Aleitura do documento evidencia clara-mente que, para além da questão daduração e da articulação entre os ciclos,é fundamental repensar as estratégiasde formação e de creditação e sistemati-camente avaliar a sua qualidade sequeremos um espaço europeu caracte-rizado pela coesão, pela harmonia e pelacompetitividade.

Não se trata de uniformizar, pois aformação joga-se no equilíbrio entre auniversalidade do conhecimento e aparticularidade de cada situação. Doque se trata é de tornar inteligível essamesma universalidade e essa mesmaparticularidade. Trata-se de atribuir umsignificado claro aos diplomas que con-ferem os graus e estabelecer a harmoniacom outros diplomas. O previstoSuplemento ao Diploma tem essafunção: informar sobre as característicasda formação realizada a nível curricular,para-curricular e extra-curricular.

processo de bolonha

Os diplomas devem traduzir um conjuntode competências, alicerçadas em conhe-cimentos e atitudes, adquiridas atravésdo trabalho dos estudantes num contextode ensino indagador e crítico e certifica-das pela avaliação das aprendizagens edo próprio curso.

Uma leitura atenta da última frase evocaa necessidade de planos de acção paramudar muito do que hoje é o nossoensino superior. O processo de Bolonhaabre caminhos a uma auto-transformaçãodas instituições no modo como seorganizam para articular ciclos (1º, 2º e3º), formações (inicial, pós-graduada,especializada, ao longo da vida) e desem-penhos sociais. Mas também ao modocomo concebem e gerem os curricula,como compreendem e assumem os no-vos papéis de professores e de estudantesnum ensino que se quer problematizante,profundo e aberto, para se adequar aodesenvolvimento das competências quea sociedade hoje exige aos seusdiplomados.

O conhecimento que vamos construindona nossa experiência docente vê hojeconfirmado pela investigação que umdos factores mais decisivos na aprendi-zagem é o esforço, o envolvimento e a

responsabilidade que os estudantesdedicam às tarefas de aprendizagem (nopressuposto de que a natureza destasproporcione aprendizagens!). A ideia daaprendizagem mais centrada no alunonão é menos exigente para os profes-sores, como o confirmam as opiniõesdos que se têm envolvido em experiên-cias do tipo da aprendizagem à base deproblemas ou à base de projectos. Éuma outra maneira de ser professor,provocadora de uma outra maneira deser aluno. Eu seria, certamente, maiscorrecta se dissesse que a provocaçãoé bi-direccional.

A referência que acabo de fazer à apren-dizagem à base de projectos desviou aminha atenção para uma inovaçãopedagógica em curso na ESTGA/UA(Escola Superior de Tecnologia e Gestãode Águeda/ Universidade de Aveiro).Como o desvio se harmoniza com a linhade pensamento que tenho vindo a seguire que pretende argumentar em favor danecessidade e da possibilidade de auto--transformação e de inovação, vou deixar-me conduzir por esse trilho.

Tenho entre mãos um relatório que dáconta da origem, do desenvolvimento eda avaliação, ainda intercalar, desta

inovação pedagógica. A necessidade deencontrar formas de organizar o ensinoe a aprendizagem que se coadunassemcom as características do ensinopolitécnico, de natureza diferente da doensino universitário, incentivou o estudode modelos de aprendizagem à base deprojectos, já praticada noutras situaçõese noutros países. A experiência daUniversidade de Aalborg, na Dinamarca,serviu de referente a analisar (mas nãode modelo a copiar). Institucionalmenteapoiada pelos vários níveis de decisão(Reitoria, Direcção da Escola, Conselhosvários), a iniciativa foi orientada por umaliderança democrática, enquadrada porformação docente em contexto de tarefa(desenvolvimento do currículo eimplementação), realizada por docentescom grande empenhamento e espíritode inovação e sistematicamente avaliada.

O facto de se tratar de uma inovaçãomuito recente não permite aindaproceder a uma avaliação significativados resultados, em termos de desem-penho profissional dos diplomados. Mas,a avaliar pelos resultados parciais e pelasopiniões recolhidas, parece estar-seperante uma inovação pedagógica bemsucedida e bem necessária no contextoactual de promoção do sucesso

académico e de clarificação da naturezadas aprendizagens no ensino superiorpolitécnico.

Inovação que, pelo modo como está aacontecer, se enquadra nas condiçõesde mudança educacional para as quaisaponta a investigação, entre elas:introdução de novas ideias, liderançaclara, equilíbrio entre desafios e apoios,alinhamento entre objectivos, estratégias,monitorização e avaliação, reflexão sobrea inovação-em-acção, estabilidade,desenvolvimento profissional dos agentesno seu próprio ambiente de trabalho comenvolvimento nos processos de decisãoe realização.

Passou o tempo de poder considerar--se o ensino como uma actividadeindividual, realizada no isolamento dasala de aula. Se os esforços dosprofessores, individualmente, podem terum impacto ao nível dos seus alunos, asua influência é diminuta na mudançadas culturas institucionais. Passageira,esvai-se com o professor e poucocontribui para a constituição de um corpode saberes, sempre em actualização,sobre o modo de construir curricula, defazer aprender através do ensino, deavaliar a presença das competências

esperadas e dos conhecimentos e atitu-des que lhes subjazem. Não basta queos professores, isoladamente, sejamcriativos, reflexivos. Importa que o colec-tivo dos professores e dos alunos tambémo sejam. Importa que a instituição, comoum todo, o seja, igualmente.As inovações são, muitas vezes,induzidas por influências exteriores. OProcesso de Bolonha tem potenciali-dades de ser indutor da tão desejadaauto-transformação (a nível individual,institucional e intersistémico). Está nasmãos de todos nós transformar aspotencialidades em realidades.

Page 21: Revista Linhas 02

Passou o tempo de poderconsiderar-se o ensino comouma actividade individual,realizada no isolamento dasala de aula.

outubro ‘04Linhas 1918

(seis a oito semestres podendo, emcasos excepcionais, incluir mais um aquatro semestres). A duração, emboraimportante, não é o elemento fundamen-tal na desejada constituição do espaçoeuropeu preconizado por Bolonha.Reduzir Bolonha à duração dos cursosé desvirtuar o espírito da Declaração. Aleitura do documento evidencia clara-mente que, para além da questão daduração e da articulação entre os ciclos,é fundamental repensar as estratégiasde formação e de creditação e sistemati-camente avaliar a sua qualidade sequeremos um espaço europeu caracte-rizado pela coesão, pela harmonia e pelacompetitividade.

Não se trata de uniformizar, pois aformação joga-se no equilíbrio entre auniversalidade do conhecimento e aparticularidade de cada situação. Doque se trata é de tornar inteligível essamesma universalidade e essa mesmaparticularidade. Trata-se de atribuir umsignificado claro aos diplomas que con-ferem os graus e estabelecer a harmoniacom outros diplomas. O previstoSuplemento ao Diploma tem essafunção: informar sobre as característicasda formação realizada a nível curricular,para-curricular e extra-curricular.

processo de bolonha

Os diplomas devem traduzir um conjuntode competências, alicerçadas em conhe-cimentos e atitudes, adquiridas atravésdo trabalho dos estudantes num contextode ensino indagador e crítico e certifica-das pela avaliação das aprendizagens edo próprio curso.

Uma leitura atenta da última frase evocaa necessidade de planos de acção paramudar muito do que hoje é o nossoensino superior. O processo de Bolonhaabre caminhos a uma auto-transformaçãodas instituições no modo como seorganizam para articular ciclos (1º, 2º e3º), formações (inicial, pós-graduada,especializada, ao longo da vida) e desem-penhos sociais. Mas também ao modocomo concebem e gerem os curricula,como compreendem e assumem os no-vos papéis de professores e de estudantesnum ensino que se quer problematizante,profundo e aberto, para se adequar aodesenvolvimento das competências quea sociedade hoje exige aos seusdiplomados.

O conhecimento que vamos construindona nossa experiência docente vê hojeconfirmado pela investigação que umdos factores mais decisivos na aprendi-zagem é o esforço, o envolvimento e a

responsabilidade que os estudantesdedicam às tarefas de aprendizagem (nopressuposto de que a natureza destasproporcione aprendizagens!). A ideia daaprendizagem mais centrada no alunonão é menos exigente para os profes-sores, como o confirmam as opiniõesdos que se têm envolvido em experiên-cias do tipo da aprendizagem à base deproblemas ou à base de projectos. Éuma outra maneira de ser professor,provocadora de uma outra maneira deser aluno. Eu seria, certamente, maiscorrecta se dissesse que a provocaçãoé bi-direccional.

A referência que acabo de fazer à apren-dizagem à base de projectos desviou aminha atenção para uma inovaçãopedagógica em curso na ESTGA/UA(Escola Superior de Tecnologia e Gestãode Águeda/ Universidade de Aveiro).Como o desvio se harmoniza com a linhade pensamento que tenho vindo a seguire que pretende argumentar em favor danecessidade e da possibilidade de auto--transformação e de inovação, vou deixar-me conduzir por esse trilho.

Tenho entre mãos um relatório que dáconta da origem, do desenvolvimento eda avaliação, ainda intercalar, desta

inovação pedagógica. A necessidade deencontrar formas de organizar o ensinoe a aprendizagem que se coadunassemcom as características do ensinopolitécnico, de natureza diferente da doensino universitário, incentivou o estudode modelos de aprendizagem à base deprojectos, já praticada noutras situaçõese noutros países. A experiência daUniversidade de Aalborg, na Dinamarca,serviu de referente a analisar (mas nãode modelo a copiar). Institucionalmenteapoiada pelos vários níveis de decisão(Reitoria, Direcção da Escola, Conselhosvários), a iniciativa foi orientada por umaliderança democrática, enquadrada porformação docente em contexto de tarefa(desenvolvimento do currículo eimplementação), realizada por docentescom grande empenhamento e espíritode inovação e sistematicamente avaliada.

O facto de se tratar de uma inovaçãomuito recente não permite aindaproceder a uma avaliação significativados resultados, em termos de desem-penho profissional dos diplomados. Mas,a avaliar pelos resultados parciais e pelasopiniões recolhidas, parece estar-seperante uma inovação pedagógica bemsucedida e bem necessária no contextoactual de promoção do sucesso

académico e de clarificação da naturezadas aprendizagens no ensino superiorpolitécnico.

Inovação que, pelo modo como está aacontecer, se enquadra nas condiçõesde mudança educacional para as quaisaponta a investigação, entre elas:introdução de novas ideias, liderançaclara, equilíbrio entre desafios e apoios,alinhamento entre objectivos, estratégias,monitorização e avaliação, reflexão sobrea inovação-em-acção, estabilidade,desenvolvimento profissional dos agentesno seu próprio ambiente de trabalho comenvolvimento nos processos de decisãoe realização.

Passou o tempo de poder considerar--se o ensino como uma actividadeindividual, realizada no isolamento dasala de aula. Se os esforços dosprofessores, individualmente, podem terum impacto ao nível dos seus alunos, asua influência é diminuta na mudançadas culturas institucionais. Passageira,esvai-se com o professor e poucocontribui para a constituição de um corpode saberes, sempre em actualização,sobre o modo de construir curricula, defazer aprender através do ensino, deavaliar a presença das competências

esperadas e dos conhecimentos e atitu-des que lhes subjazem. Não basta queos professores, isoladamente, sejamcriativos, reflexivos. Importa que o colec-tivo dos professores e dos alunos tambémo sejam. Importa que a instituição, comoum todo, o seja, igualmente.As inovações são, muitas vezes,induzidas por influências exteriores. OProcesso de Bolonha tem potenciali-dades de ser indutor da tão desejadaauto-transformação (a nível individual,institucional e intersistémico). Está nasmãos de todos nós transformar aspotencialidades em realidades.

Page 22: Revista Linhas 02

a educação de infância

Gabriela PortugalProfessora do Departamento de Ciênciasda Educação - UA

outubro ‘04Linhas melhorar a educação de infância na guiné-bissau2120

melhorar

na Guiné-Bissau

“Melhorar a Educação de Infância na Guiné-Bissau” é um

Projecto de Investigação-Acção em desenvolvimento no âmbito

do Protocolo de Cooperação celebrado entre a Fundação

Educação e Desenvolvimento da Guiné-Bissau e a Universidade

de Aveiro, em 2003, e enquadrado no Departamento de Ciências

da Educação e na Unidade de Investigação Construção do

Conhecimento Pedagógico nos Sistemas de Formação – Linha

de Investigação Educação de Infância.

Apesar de vários esforços feitos ao longodos anos após a independência, aGuiné-Bissau não conseguiu definir,ainda, uma política para a Educação deInfância. Esta tem-se limitado a umaeducação pré-escolar essencialmenteurbana e muito selectiva, desperdiçandoa mais-valia da Educação de Infânciano contributo para a melhoria dascondições de vida das crianças emvários aspectos, desde a educaçãopropriamente dita até à saúde, nutriçãoe protecção em geral.

De acordo com os dados projectadospelo Gabinete de Estudos e Planeamentos(GEP) com o apoio da equipa técnica damissão do Banco Mundial, em 1999, numuniverso de 306.607 crianças com a idadecompreendida entre 0-6 anos, apenas4.159 crianças de 3-6 anos tinham acessoà educação pré-escolar o quecorrespondia a uma taxa de 2,3%.

Em termos de infra-estruturas para aco-lhimento, dados estatísticos fornecidospela mesma fonte revelam a existênciade 55 centros de educação pré-escolardistribuídos de forma desigual pordiferentes regiões do país. Só em Bissauexistiam 32 desses centros.Em termos de recursos humanos, o sectorapresentava profundas carências. Dos 231educadores e animadores, em exercício,apenas 43 (18.6%) possuíam qualificaçãopedagógica minimamente adequada.

Hoje, no entanto, devido ao aumentosignificativo desses centros, calcula-seque a percentagem de crianças benefi-ciárias tenha aumentado para 6,5%,contando com os jardins comunitáriosde apoio às crianças. Das poucascrianças que conseguem frequentar umainstituição pré-escolar, a maioria é oriundade famílias urbanas, um pouco maisescolarizadas e com um pouco mais depoder económico. Essas criançasadquirem em geral um melhor domíniodo português, facto que as coloca emsituação de vantagem, à entrada escolar,face à grande maioria sem esse privilégio.

O aumento significativo de centros deinfância não foi, contudo, acompanhado

de uma melhoria dos serviços. Faltamprincípios e fundamentos educativos,orientações curriculares, espaços,equipamentos e materiais pedagógicosde qualidade, formação e supervisão.Esta situação vem provocando umamultiplicidade e diversificação deintervenções, na sua maioria inadequa-das, grassando o desalento e afrustração na comunidade educativa.

De entre os objectivos da Fundaçãopara a Educação e Desenvolvimento daGuiné-Bissau destacam-se a melhoriada qualidade da educação de criançase a formação de recursos humanos paraa educação. Nesse sentido, o protocoloestabelecido com a Universidade deAveiro, visa o desenvolvimento deparcerias e acções nos domínios daeducação de infância e ensino básico(1º ciclo) que concorram para essesobjectivos.

Da realidade guineense… à definiçãode objectivosNo que respeita à Educação de Infância,contactos iniciais com a realidade edu-cativa guineense permitiram a conscien-cialização in loco das principais questõese dificuldades, bem como dos recursosou “forças” existentes.

Encontraram-se profissionais abertos,interessados em confrontar ideias,esclarecer dúvidas, melhorar e inovaras suas práticas de educação,simpáticos e acolhedores no contactocom os visitantes; atentos, calmos eafáveis na interacção com as criançase preocupados em compreender eatender às necessidades e dificuldadesdas crianças e suas famílias (que, emgeral, expressam uma imagem positivarelativamente ao valor da educação deinfância).

A exposição e valorização dos trabalhosdas crianças são significativas havendouma forte preocupação com a educaçãoda cortesia, conhecimento e respeitopelas regras da vida em comum, bemcomo na preparação da criança para asaprendizagens de leitura e escrita.Nalguns jardins de infância encontram-

-se planificações semanais/mensais porsala ou por instituição, verificando-sealgumas práticas de reuniões entreprofissionais para planeamento eavaliação das actividades. Apesar dealgumas reuniões para pensar a acçãono jardim de infância, muitas práticas erotinas estão instaladas por hábito, nãoparecendo haver reflexão e argumen-tação para a sua manutenção.

Verifica-se predominância de actividadesdirigidas em função do grande grupo,apelando sobretudo à reprodução, àrepetição em coro e à uniformização dasexpressões, não se observando incentivoà iniciativa da criança quer na escolhade actividades, quer na discussão deideias, quer ainda na resolução deproblemas ou de conflitos interpessoais.O grau de passividade e atitudes de“espera” por parte das crianças emcontexto de sala de jardim de infância égrande. O leque de actividades disponí-veis é reduzido sendo sobrevalorizadasaprendizagens “escolares” e menosvalorizadas as actividades lúdicas(brincar) e actividades de descoberta ede expressão; aparentemente a culturaafricana é desconsiderada pois ascantigas, brinquedos, histórias, imagensou figuras decorativas,… são importadasde outras culturas.

Um problema sério é o que se reportaàs dificuldades de comunicação emlíngua portuguesa por parte das criançase de muitos profissionais, o que dificultao desenvolvimento da expressão oral,do pensamento e do raciocínio (aspectoparticularmente importante considerandoque a escolaridade obrigatória adopta oportuguês como língua oficial e que asestruturas básicas de pensamento secomeçam a organizar precocemente).

Por outro lado, apesar de alguns jardinsde infância disporem de boas infra--estruturas (edifício, salas, recreio, hortase jardins, …), a maior parte deles dispõemde salas pequenas, com insuficienteiluminação e demasiado ocupadas commesas e cadeiras, o espaço para movi-mentações mais amplas sendo extrema-mente dificultado e verificando-se a

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a educação de infância

Gabriela PortugalProfessora do Departamento de Ciênciasda Educação - UA

outubro ‘04Linhas melhorar a educação de infância na guiné-bissau2120

melhorar

na Guiné-Bissau

“Melhorar a Educação de Infância na Guiné-Bissau” é um

Projecto de Investigação-Acção em desenvolvimento no âmbito

do Protocolo de Cooperação celebrado entre a Fundação

Educação e Desenvolvimento da Guiné-Bissau e a Universidade

de Aveiro, em 2003, e enquadrado no Departamento de Ciências

da Educação e na Unidade de Investigação Construção do

Conhecimento Pedagógico nos Sistemas de Formação – Linha

de Investigação Educação de Infância.

Apesar de vários esforços feitos ao longodos anos após a independência, aGuiné-Bissau não conseguiu definir,ainda, uma política para a Educação deInfância. Esta tem-se limitado a umaeducação pré-escolar essencialmenteurbana e muito selectiva, desperdiçandoa mais-valia da Educação de Infânciano contributo para a melhoria dascondições de vida das crianças emvários aspectos, desde a educaçãopropriamente dita até à saúde, nutriçãoe protecção em geral.

De acordo com os dados projectadospelo Gabinete de Estudos e Planeamentos(GEP) com o apoio da equipa técnica damissão do Banco Mundial, em 1999, numuniverso de 306.607 crianças com a idadecompreendida entre 0-6 anos, apenas4.159 crianças de 3-6 anos tinham acessoà educação pré-escolar o quecorrespondia a uma taxa de 2,3%.

Em termos de infra-estruturas para aco-lhimento, dados estatísticos fornecidospela mesma fonte revelam a existênciade 55 centros de educação pré-escolardistribuídos de forma desigual pordiferentes regiões do país. Só em Bissauexistiam 32 desses centros.Em termos de recursos humanos, o sectorapresentava profundas carências. Dos 231educadores e animadores, em exercício,apenas 43 (18.6%) possuíam qualificaçãopedagógica minimamente adequada.

Hoje, no entanto, devido ao aumentosignificativo desses centros, calcula-seque a percentagem de crianças benefi-ciárias tenha aumentado para 6,5%,contando com os jardins comunitáriosde apoio às crianças. Das poucascrianças que conseguem frequentar umainstituição pré-escolar, a maioria é oriundade famílias urbanas, um pouco maisescolarizadas e com um pouco mais depoder económico. Essas criançasadquirem em geral um melhor domíniodo português, facto que as coloca emsituação de vantagem, à entrada escolar,face à grande maioria sem esse privilégio.

O aumento significativo de centros deinfância não foi, contudo, acompanhado

de uma melhoria dos serviços. Faltamprincípios e fundamentos educativos,orientações curriculares, espaços,equipamentos e materiais pedagógicosde qualidade, formação e supervisão.Esta situação vem provocando umamultiplicidade e diversificação deintervenções, na sua maioria inadequa-das, grassando o desalento e afrustração na comunidade educativa.

De entre os objectivos da Fundaçãopara a Educação e Desenvolvimento daGuiné-Bissau destacam-se a melhoriada qualidade da educação de criançase a formação de recursos humanos paraa educação. Nesse sentido, o protocoloestabelecido com a Universidade deAveiro, visa o desenvolvimento deparcerias e acções nos domínios daeducação de infância e ensino básico(1º ciclo) que concorram para essesobjectivos.

Da realidade guineense… à definiçãode objectivosNo que respeita à Educação de Infância,contactos iniciais com a realidade edu-cativa guineense permitiram a conscien-cialização in loco das principais questõese dificuldades, bem como dos recursosou “forças” existentes.

Encontraram-se profissionais abertos,interessados em confrontar ideias,esclarecer dúvidas, melhorar e inovaras suas práticas de educação,simpáticos e acolhedores no contactocom os visitantes; atentos, calmos eafáveis na interacção com as criançase preocupados em compreender eatender às necessidades e dificuldadesdas crianças e suas famílias (que, emgeral, expressam uma imagem positivarelativamente ao valor da educação deinfância).

A exposição e valorização dos trabalhosdas crianças são significativas havendouma forte preocupação com a educaçãoda cortesia, conhecimento e respeitopelas regras da vida em comum, bemcomo na preparação da criança para asaprendizagens de leitura e escrita.Nalguns jardins de infância encontram-

-se planificações semanais/mensais porsala ou por instituição, verificando-sealgumas práticas de reuniões entreprofissionais para planeamento eavaliação das actividades. Apesar dealgumas reuniões para pensar a acçãono jardim de infância, muitas práticas erotinas estão instaladas por hábito, nãoparecendo haver reflexão e argumen-tação para a sua manutenção.

Verifica-se predominância de actividadesdirigidas em função do grande grupo,apelando sobretudo à reprodução, àrepetição em coro e à uniformização dasexpressões, não se observando incentivoà iniciativa da criança quer na escolhade actividades, quer na discussão deideias, quer ainda na resolução deproblemas ou de conflitos interpessoais.O grau de passividade e atitudes de“espera” por parte das crianças emcontexto de sala de jardim de infância égrande. O leque de actividades disponí-veis é reduzido sendo sobrevalorizadasaprendizagens “escolares” e menosvalorizadas as actividades lúdicas(brincar) e actividades de descoberta ede expressão; aparentemente a culturaafricana é desconsiderada pois ascantigas, brinquedos, histórias, imagensou figuras decorativas,… são importadasde outras culturas.

Um problema sério é o que se reportaàs dificuldades de comunicação emlíngua portuguesa por parte das criançase de muitos profissionais, o que dificultao desenvolvimento da expressão oral,do pensamento e do raciocínio (aspectoparticularmente importante considerandoque a escolaridade obrigatória adopta oportuguês como língua oficial e que asestruturas básicas de pensamento secomeçam a organizar precocemente).

Por outro lado, apesar de alguns jardinsde infância disporem de boas infra--estruturas (edifício, salas, recreio, hortase jardins, …), a maior parte deles dispõemde salas pequenas, com insuficienteiluminação e demasiado ocupadas commesas e cadeiras, o espaço para movi-mentações mais amplas sendo extrema-mente dificultado e verificando-se a

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permanência das crianças em posição“sentadas à mesa” durante períodosdemasiado longos, gerando-se baixaimplicação e mal-estar. A maior partedos materiais são muito escassos, poucodiversificados, em deficiente estado deconservação e inacessíveis às crianças(por vezes, os materiais mantêm-seempacotados, em armários fechados ouem prateleiras altas). Contudo, parecehaver, em muitos casos, possibilidadede diversificação e ampliação dosespaços educativos pela utilização dosespaços e recursos naturais exteriores(recreio, hortas, jardim, exploração demateriais e recursos naturais, visitas,…).Salienta-se ainda a aproximação econvívio natural que ocorre no jardim deinfância, entre as crianças e diferentesprofissionais e respectivas actividades(cozinheira, costureira, agricultores…)amplificando as experiências de vidadas crianças. Aliás, nalguns contextos,o número de adultos por sala é muitoadequado, considerando o número decrianças e a faixa etária.

Com esta situação presente, tem-seprocurado desenvolver o projecto deinvestigação-acção “Melhorar aEducação de Infância na Guiné-Bissau”,onde se destacam quatro importantesobjectivos a realizar, em parceria comelementos da Fundação e educadoresguineenses: (1) apoiar a elaboração deorientações curriculares para a educaçãopré-escolar e conceber uma estratégiapedagógica de implementação no terrenodessas orientações, num processoreflexivo contínuo, (2) criar um grupo desupervisores educacionais locais paraacompanhar e apoiar o processo deimplementação, (3) avaliar o impacto ouefeitos do programa no terreno, nosdiversos níveis da intervenção (crianças,educadores e supervisores) (4) lançarbases sustentadas para a constituiçãode uma dinâmica e estrutura de funciona-mento capaz de continuar para além dopróprio projecto que a cria.

Já há alguns anos que a EducaçãoExperiencial tem sido o modelo norteadorda formação dos educadores de infânciana Universidade de Aveiro, no que res-

peita à prática pedagógica. Esta opçãoacontece por se considerar que o valore interesse da abordagem experiencial,em diversos contextos educativoseuropeus, na prossecução de práticaseducativas inclusivas de elevada quali-dade, têm sido sobejamente compro-vados. Acontece ainda porque a equipada prática pedagógica da Licenciaturaem Educação de Infância se identifica egenuinamente acredita nos seuspressupostos e conceitos organizadores.Mas, até que ponto os seus pressu-postos e conceitos de qualidade sãopertinentes e culturalmente adequadosà realidade africana? De que forma ouaté que ponto é possível enquadrar umaprática de educação de infância naGuiné-Bissau segundo esta abordagempedagógica? Acreditando que os indica-dores processuais de qualidade (bem-estar emocional e implicação) propostosneste modelo experiencial são universais,ainda que se possam revestir de formasde expressão culturalmentedeterminadas, baseamos a intervençãonesta linha de pensamento.

Pensamos, naturalmente, que as formaspráticas de promover níveis de bem-estaremocional e de implicação/desenvolvi-mento das crianças pressupõe estratégiasque só poderão ser concebidas tendoem consideração a realidade, os interes-ses, necessidades e possibilidades locais.A organização do ambiente educativo,ainda que possa ser enquadrada pelaabordagem experiencial, deveránecessariamente ser pensada em funçãodas particularidades sociais e culturais.

Da definição de objectivos…à implementação do projectoO desenvolvimento deste projecto iniciou--se em Janeiro de 2004, com um grupode 35 formandos/educadores, atravésde uma acção de formação inicial dirigidapara a concepção de orientações curri-culares gerais e abrangentes, nãoprescritivas, que incluam a possibilidadede fundamentar diversas opções educa-tivas e para uma abordagem experiencialda educação de infância focalizada noenriquecimento do meio, na comunicaçãoempática e na livre iniciativa da criança.

A introdução de conceitos e instrumentosque operacionalizam a intervençãopressupõe a sua adaptação e ilustraçãoem função do contexto educativoguineense, no sentido de os tornaracessíveis, válidos e generalizáveis a umgrupo mais vasto de educadores. Nesteprocesso, tem-se afigurado fundamentalo estabelecimento de relações equitativasentre todos os intervenientes de modoa que cada um se sinta capaz de exprimiros seus pontos de vista, tornando-sepossível a troca e confronto de ideias,processo crucial ao afinar dos conceitose aperfeiçoamento das práticas e aoestabelecimento de um consenso acercada importância do quadro conceptualque norteia o programa de intervenção.Só uma identificação e mobilizaçãoconjunta de todos os intervenientes noprograma de acção garante consistênciae coerência na acção.

Do grupo inicial de 35 formandos,identificaram-se os quatro educadoresque têm assumido as funções locais desupervisão, sendo desejável que estesvenham a realizar uma formação emsupervisão, durante quatro semanas, naUniversidade de Aveiro, num futuropróximo.

Por outro lado, afigura-se desejável irassegurando formação complementar,ao longo do desenvolvimento doprojecto, em resposta a necessidadese interesses identificados localmente.Neste contexto, e no seguimento daformação de Janeiro, delineou-se erealizou-se, ainda, em Abril de 2004,uma formação complementar sobretrabalho com famílias e comunidades etrabalho em equipa.

A priori parece ser pertinente vir aconsiderar para os próximos anoslectivos, acções de formação que visemsensibilizar e preparar os educadorespara temas como educaçãomulticultural, direitos da criança, ensinoprecoce do português, abordagem àleitura e escrita, áreas curriculares emeducação de infância como ciências ematemática, expressões artísticas emotoras, etc.

Todo este processo pressupõe um forteapoio financeiro, sem o qual será difícilprosseguir com o projecto, associado aum acompanhamento e supervisão dotrabalho realizado nas diferentes equipas,por parte de investigadores-formadoresligados à Universidade de Aveiro, aolongo de diferentes momentos, incluindo,no mínimo, dois a três encontros anuaisna Guiné.

Na prossecução desta ideia e na sequên-cia da formação inicial e paralelamenteà formação de Abril, foram sendorealizadas reuniões, quer com o conjuntodos supervisores, quer com as respec-tivas equipas, bem como visitas eobservações em jardins-de-infância, comvista a perceber e acompanhar in locoa dinâmica de inovação em curso.

Neste âmbito, prepararam-se instru-mentos de registo (ex. sistema de acom-panhamento das crianças), que apoiemos educadores nas suas observações eanálises periódicas da sala e de cadacriança, oferecendo, em simultâneo, aosinvestigadores-formadores da UA,elementos para monitorização doprocesso. Efectivamente, o sistema deacompanhamento das crianças, é parti-cularmente útil na sistematização dos

dados de avaliação, principalmente noque respeita aos índices de implicaçãoe bem-estar das crianças e às áreascurriculares e de desenvolvimentotrabalhadas com as crianças.

A estrutura de supervisão que acom-panha e apoia os educadores do terrenoprocura assegurar o desenvolvimentocontínuo de um processo de reflexão eavaliação sobre o impacto e significadoda intervenção, quer para os educadores,quer para as crianças, quer para os su-pervisores e outros elementos da comu-nidade que eventualmente venham a serenvolvidos e abrangidos pelas acções.

Em síntese, a intervenção realiza-se emdiferentes jardins-de-infância, procurandoos supervisores e educadores reflectirquinzenalmente sobre as práticas,procurando, inicialmente, desenvolverum consenso acerca da importância dasorientações curriculares e das variáveisbem-estar emocional e implicação,enquanto indicadores de qualidade;gradualmente, compreender e respeitaros actuais níveis de implicação e bem--estar emocional das crianças, odesenvolvimento de competências, ascircunstâncias e as limitações; seleccio-nar um domínio ou actividade para intervir

no sentido de aumentar a qualidadepercebida, procurando realizar-se todasas iniciativas que possam tornar aexperiência bem sucedida.Paralelamente, pretende-se estimular acomunicação ao nível da equipa, alter-nando tempos de acção com temposde reflexão/avaliação, e promover aabertura a outros parceiros educativosdisponíveis na comunidade (famílias eoutros agentes).

Este Projecto, que teve início em 2003e se estenderá até 2007, tem já calen-darizado um conjunto de acções para aconcretização dos seus objectivos, entreas quais se destacam actividades deacompanhamento e de apoio à super-visão por parte de formadores ligados àUA, formações complementares querespondam a necessidades e interesseslocais e mobilização de um movimentode apoio e de recolha de materiais e deequipamentos para apetrechamento dejardins de infância da Guiné-Bissau.

Equipa responsável

Universidade de Aveiro:

Gabriela Portugal

Fundação para a Educação e

Desenvolvimento da Guiné-Bissau:

Alexandre Furtado

outubro ‘04Linhas melhorar a educação de infância na guiné-bissau2322

Page 25: Revista Linhas 02

permanência das crianças em posição“sentadas à mesa” durante períodosdemasiado longos, gerando-se baixaimplicação e mal-estar. A maior partedos materiais são muito escassos, poucodiversificados, em deficiente estado deconservação e inacessíveis às crianças(por vezes, os materiais mantêm-seempacotados, em armários fechados ouem prateleiras altas). Contudo, parecehaver, em muitos casos, possibilidadede diversificação e ampliação dosespaços educativos pela utilização dosespaços e recursos naturais exteriores(recreio, hortas, jardim, exploração demateriais e recursos naturais, visitas,…).Salienta-se ainda a aproximação econvívio natural que ocorre no jardim deinfância, entre as crianças e diferentesprofissionais e respectivas actividades(cozinheira, costureira, agricultores…)amplificando as experiências de vidadas crianças. Aliás, nalguns contextos,o número de adultos por sala é muitoadequado, considerando o número decrianças e a faixa etária.

Com esta situação presente, tem-seprocurado desenvolver o projecto deinvestigação-acção “Melhorar aEducação de Infância na Guiné-Bissau”,onde se destacam quatro importantesobjectivos a realizar, em parceria comelementos da Fundação e educadoresguineenses: (1) apoiar a elaboração deorientações curriculares para a educaçãopré-escolar e conceber uma estratégiapedagógica de implementação no terrenodessas orientações, num processoreflexivo contínuo, (2) criar um grupo desupervisores educacionais locais paraacompanhar e apoiar o processo deimplementação, (3) avaliar o impacto ouefeitos do programa no terreno, nosdiversos níveis da intervenção (crianças,educadores e supervisores) (4) lançarbases sustentadas para a constituiçãode uma dinâmica e estrutura de funciona-mento capaz de continuar para além dopróprio projecto que a cria.

Já há alguns anos que a EducaçãoExperiencial tem sido o modelo norteadorda formação dos educadores de infânciana Universidade de Aveiro, no que res-

peita à prática pedagógica. Esta opçãoacontece por se considerar que o valore interesse da abordagem experiencial,em diversos contextos educativoseuropeus, na prossecução de práticaseducativas inclusivas de elevada quali-dade, têm sido sobejamente compro-vados. Acontece ainda porque a equipada prática pedagógica da Licenciaturaem Educação de Infância se identifica egenuinamente acredita nos seuspressupostos e conceitos organizadores.Mas, até que ponto os seus pressu-postos e conceitos de qualidade sãopertinentes e culturalmente adequadosà realidade africana? De que forma ouaté que ponto é possível enquadrar umaprática de educação de infância naGuiné-Bissau segundo esta abordagempedagógica? Acreditando que os indica-dores processuais de qualidade (bem-estar emocional e implicação) propostosneste modelo experiencial são universais,ainda que se possam revestir de formasde expressão culturalmentedeterminadas, baseamos a intervençãonesta linha de pensamento.

Pensamos, naturalmente, que as formaspráticas de promover níveis de bem-estaremocional e de implicação/desenvolvi-mento das crianças pressupõe estratégiasque só poderão ser concebidas tendoem consideração a realidade, os interes-ses, necessidades e possibilidades locais.A organização do ambiente educativo,ainda que possa ser enquadrada pelaabordagem experiencial, deveránecessariamente ser pensada em funçãodas particularidades sociais e culturais.

Da definição de objectivos…à implementação do projectoO desenvolvimento deste projecto iniciou--se em Janeiro de 2004, com um grupode 35 formandos/educadores, atravésde uma acção de formação inicial dirigidapara a concepção de orientações curri-culares gerais e abrangentes, nãoprescritivas, que incluam a possibilidadede fundamentar diversas opções educa-tivas e para uma abordagem experiencialda educação de infância focalizada noenriquecimento do meio, na comunicaçãoempática e na livre iniciativa da criança.

A introdução de conceitos e instrumentosque operacionalizam a intervençãopressupõe a sua adaptação e ilustraçãoem função do contexto educativoguineense, no sentido de os tornaracessíveis, válidos e generalizáveis a umgrupo mais vasto de educadores. Nesteprocesso, tem-se afigurado fundamentalo estabelecimento de relações equitativasentre todos os intervenientes de modoa que cada um se sinta capaz de exprimiros seus pontos de vista, tornando-sepossível a troca e confronto de ideias,processo crucial ao afinar dos conceitose aperfeiçoamento das práticas e aoestabelecimento de um consenso acercada importância do quadro conceptualque norteia o programa de intervenção.Só uma identificação e mobilizaçãoconjunta de todos os intervenientes noprograma de acção garante consistênciae coerência na acção.

Do grupo inicial de 35 formandos,identificaram-se os quatro educadoresque têm assumido as funções locais desupervisão, sendo desejável que estesvenham a realizar uma formação emsupervisão, durante quatro semanas, naUniversidade de Aveiro, num futuropróximo.

Por outro lado, afigura-se desejável irassegurando formação complementar,ao longo do desenvolvimento doprojecto, em resposta a necessidadese interesses identificados localmente.Neste contexto, e no seguimento daformação de Janeiro, delineou-se erealizou-se, ainda, em Abril de 2004,uma formação complementar sobretrabalho com famílias e comunidades etrabalho em equipa.

A priori parece ser pertinente vir aconsiderar para os próximos anoslectivos, acções de formação que visemsensibilizar e preparar os educadorespara temas como educaçãomulticultural, direitos da criança, ensinoprecoce do português, abordagem àleitura e escrita, áreas curriculares emeducação de infância como ciências ematemática, expressões artísticas emotoras, etc.

Todo este processo pressupõe um forteapoio financeiro, sem o qual será difícilprosseguir com o projecto, associado aum acompanhamento e supervisão dotrabalho realizado nas diferentes equipas,por parte de investigadores-formadoresligados à Universidade de Aveiro, aolongo de diferentes momentos, incluindo,no mínimo, dois a três encontros anuaisna Guiné.

Na prossecução desta ideia e na sequên-cia da formação inicial e paralelamenteà formação de Abril, foram sendorealizadas reuniões, quer com o conjuntodos supervisores, quer com as respec-tivas equipas, bem como visitas eobservações em jardins-de-infância, comvista a perceber e acompanhar in locoa dinâmica de inovação em curso.

Neste âmbito, prepararam-se instru-mentos de registo (ex. sistema de acom-panhamento das crianças), que apoiemos educadores nas suas observações eanálises periódicas da sala e de cadacriança, oferecendo, em simultâneo, aosinvestigadores-formadores da UA,elementos para monitorização doprocesso. Efectivamente, o sistema deacompanhamento das crianças, é parti-cularmente útil na sistematização dos

dados de avaliação, principalmente noque respeita aos índices de implicaçãoe bem-estar das crianças e às áreascurriculares e de desenvolvimentotrabalhadas com as crianças.

A estrutura de supervisão que acom-panha e apoia os educadores do terrenoprocura assegurar o desenvolvimentocontínuo de um processo de reflexão eavaliação sobre o impacto e significadoda intervenção, quer para os educadores,quer para as crianças, quer para os su-pervisores e outros elementos da comu-nidade que eventualmente venham a serenvolvidos e abrangidos pelas acções.

Em síntese, a intervenção realiza-se emdiferentes jardins-de-infância, procurandoos supervisores e educadores reflectirquinzenalmente sobre as práticas,procurando, inicialmente, desenvolverum consenso acerca da importância dasorientações curriculares e das variáveisbem-estar emocional e implicação,enquanto indicadores de qualidade;gradualmente, compreender e respeitaros actuais níveis de implicação e bem--estar emocional das crianças, odesenvolvimento de competências, ascircunstâncias e as limitações; seleccio-nar um domínio ou actividade para intervir

no sentido de aumentar a qualidadepercebida, procurando realizar-se todasas iniciativas que possam tornar aexperiência bem sucedida.Paralelamente, pretende-se estimular acomunicação ao nível da equipa, alter-nando tempos de acção com temposde reflexão/avaliação, e promover aabertura a outros parceiros educativosdisponíveis na comunidade (famílias eoutros agentes).

Este Projecto, que teve início em 2003e se estenderá até 2007, tem já calen-darizado um conjunto de acções para aconcretização dos seus objectivos, entreas quais se destacam actividades deacompanhamento e de apoio à super-visão por parte de formadores ligados àUA, formações complementares querespondam a necessidades e interesseslocais e mobilização de um movimentode apoio e de recolha de materiais e deequipamentos para apetrechamento dejardins de infância da Guiné-Bissau.

Equipa responsável

Universidade de Aveiro:

Gabriela Portugal

Fundação para a Educação e

Desenvolvimento da Guiné-Bissau:

Alexandre Furtado

outubro ‘04Linhas melhorar a educação de infância na guiné-bissau2322

Page 26: Revista Linhas 02

Élia Mendes Gato, Miguel Coutinho, Glória Cruz Ferreira, Hélder Oliveira e

Jacinta são mais cinco exemplos de antigos alunos da Universidade de Aveiro

que, pelos trajectos profissionais que seguiram, em Portugal ou no estrangeiro,

são hoje considerados casos de sucesso. A “Linhas” conversou com eles e

dá-lhe a conhecer o que os fez optar por estudar nesta Universidade e o percurso

bem sucedido que após a licenciatura têm vindo a traçar.

bem sucedidas

outubro ‘04Linhas casos de sucesso

carreiras

Élia Mendes Gato Miguel Coutinho Glória Cruz Ferreira Hélder Oliveira Jacinta

2524

Page 27: Revista Linhas 02

Élia Mendes Gato, Miguel Coutinho, Glória Cruz Ferreira, Hélder Oliveira e

Jacinta são mais cinco exemplos de antigos alunos da Universidade de Aveiro

que, pelos trajectos profissionais que seguiram, em Portugal ou no estrangeiro,

são hoje considerados casos de sucesso. A “Linhas” conversou com eles e

dá-lhe a conhecer o que os fez optar por estudar nesta Universidade e o percurso

bem sucedido que após a licenciatura têm vindo a traçar.

bem sucedidas

outubro ‘04Linhas casos de sucesso

carreiras

Élia Mendes Gato Miguel Coutinho Glória Cruz Ferreira Hélder Oliveira Jacinta

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Page 28: Revista Linhas 02

Já no liceu, em Abrantes, Élia Gato sedistinguia na área das ciências. Chegadaa altura de optar por uma carreira, aindaconsiderou a hipótese de seguir desportoou biologia, pelo fascínio que tinha pelainvestigação na área, mas as duvidosassaídas profissionais levaram-na a decidir-se pelo Ensino de Biologia e Geologiana Universidade de Aveiro, conscientede que o curso a iria preparar para aprofissão docente.

Com a conclusão da profissionalizaçãoem exercício, na Escola Secundária JoséEstêvão, em Aveiro, Élia Gato terminoua licenciatura em 1984. “Aprendi muitocom o meu orientador de estágio,sobretudo a nível pedagógico. Detentorde uma vasta experiência docente,ensinou-nos que o professor de Biologiae Geologia deve ser um investigador,conhecer profundamente a forma comoos jovens de hoje aprendem e, sobre-tudo, ser um professor com imaginaçãoe espírito criador. Alertou-nos para ofacto de ser difícil possuir todas estasqualificações, mas advertiu-nos paranunca as ignorarmos ou esquecermos”.

Antes de ter sido colocada comoProfessora Efectiva do 11º Grupo B naEscola C+S de Sardoal, Élia Gato passoupelas Escolas Secundárias de Ponte deSôr e de Mação. Hoje é Presidente doConselho Executivo numa escola única,onde diz trabalhar há 17 anos, “por puraopção”, e onde já desempenhou tambémas funções de Directora de Turma, Dele-gada de Grupo, Directora de Instalações,Coordenadora de Departamento e Vice-Presidente do Conselho Directivo.

Foi precisamente durante o seu mandatode Vice-Presidente do Conselho Directivo,entre 87 e 90, que a Escola passou aproporcionar aos jovens do concelho deSardoal o Ensino Secundário. “Comalgumas infra-estruturas de base e aaposta em mais recursos educativos, aEscola apresentou-se como uma opçãoviável para os jovens do concelho. Apopulação escolar foi aumentando e hojecontamos com cerca de 800 alunos e100 docentes”.

União no combate ao isolamentoComo parte integrante de um dos 34Territórios Educativos de IntervençãoPrioritária (TEIP) existentes em Portugal,esta escola resulta de uma parceriacomunitária que envolve a Câmara Muni-cipal de Sardoal, as Juntas de Freguesiado Concelho, o Centro de Saúde, a GNR,os Bombeiros, a Filarmónica UniãoSardoalense, e, entre outras entidades,a Associação de Pais e Encarregadosde Educação.É um projecto, explica Élia Gato, quevisa promover uma acção educativaintegrada, combatendo o isolamentoentre escolas e entre estas e a comuni-dade; dinamizar a cultura e o desportona região, promovendo hábitos de saúde,higiene e respeito pelo património; lutarpor um sucesso educativo de acordocom as necessidades, desejos e saberesda população escolar; multiplicar, renta-bilizar e gerir de forma integrada os recur-sos humanos e materiais; e promover aformação permanente de toda a comuni-dade educativa, com base nas reaisnecessidades educativas.

“Temos, por isso, vindo a desenvolverum conjunto de projectos direccionadospara os vários graus de ensino de formaa diversificar a oferta educativa dosalunos. Aventuro-me a dizer que o TEIPde Sardoal cumpriu, na medida do pos-sível, os seus propósitos, atenuandosituações de desvantagem e combatendoo insucesso escolar. Criou-se, porexemplo, a Sala em Movimento, SerLimpo, Biblioteca Escolar, ExpressãoFísico – Motora, Horizonte Juvenil –Jornal escolar, Clubes de Línguas estran-geiras e de música, Observatório deQualidade, e Ver e Viver a História, umsub-projecto que, no final do ano lectivopassado, envolveu todas as escolas doAgrupamento e toda a comunidade,fazendo a Vila de Sardoal vestir-se a rigorpara receber uma Feira Medieval.”.

Esta escola singular, dirigida por ÉliaGato, já teve honras de visita doPresidente da República. Jorge Sampaiodestacou, na altura, o enorme apoio quea Câmara Municipal do Sardoal dá ao

ensino, o que se traduz na melhoria dascondições de vida dos seus munícipese na quebra do isolamento, esbatendo--se as desigualdades entre o interior eo litoral mais desenvolvido.

Com um dia-a-dia sempre imprevisível,extremamente activo mas, graças àscaracterísticas de uma Vila do interior dePortugal, livre de stress, Élia Gato aplicaa maior parte do seu tempo no exercíciodas funções inerentes ao cargo queocupa na Escola. “Resolvo os problemasque vão surgindo no dia-a-dia, redijoofícios, despacho correio, leio actas,participo em reuniões, e desloco-me,uma vez por outra, à DREL e ao CAE daLezíria e Médio Tejo. No entanto, a minhaequipa, constituída por quatro Vice-presidentes e uma Assessora, facilitam--se muito a vida. Todos trabalhamos nosentido de construirmos uma Escola maisligada à comunidade, mais participada,mais interventiva e atenta à cidadania”.

Momentos inesquecíveisÉ por tudo isto que Élia Gato não temdúvidas em afirmar que se sente realizada.“O meu dia-a-dia tem vindo a mostrar--se uma espécie de luta motivada pelosmeus sonhos. Construí com muitos umavida que, tanto familiar como profissional-mente, me faz sentir realizada, mas con-tinuo a ter o desejo de ser mais para comos outros; uma intenção que está muitoassociada à perspectiva de cidadania eciência postas em prática na Universi-dade, aquando da minha formação”.

Uma carreira profissional que só conheceuo sentido ascendente, a par da gratasensação de realização não é, contudo,sinónimo de falta de projectos futuros.Élia Gato revela um conjunto de acçõesque realmente gostaria de ver concretiza-das através do estabelecimento deparcerias com o poder autárquico, “parapromover, por exemplo, o artesanatolocal”; com instituições locais ligadas aoMinistério da Saúde, “para coerentementese difundir informação/formação sobrea temática da sexualidade”; e com oMinistério da Ciência e do Ensino Superior,“para tornar possível a realização de

Élia Mendes Gato

No comando de uma escola única

Com 43 anos, uma mão cheia de projectos e um discurso

extremamente rico, Élia Mendes Gato é uma das primeiras

licenciadas em Ensino de Biologia e Geologia pela UA.

Hoje é Presidente do Conselho Executivo da Escola EB 2,3/S

Doutora Maria Judite Serrão Andrade, no Sardoal; uma escola

estruturada em Agrupamento Vertical que, por isso mesmo,

abrange seis estabelecimentos de educação pré-escolar, sete

escolas do 1º ciclo e a escola sede, onde funciona o primeiro,

o segundo e o terceiro ciclos e, ainda, o ensino secundário.

trabalhos de investigação e experimen-tação associados ao conhecimento daspotencialidades da cultura científico –tecnológica.”. Entre os seus planos estáainda a realização de trabalhos queevidenciem tanto a formação de umamentalidade ecológica como oaprofundamento das potencialidadesda Internet; “projectos que muito teriama ganhar se desenvolvidos em parceriacom a UA”.

Com o mesmo entusiasmo com que falade todos estes seus planos, Élia Gatorecorda os bons momentos que passouenquanto estudante da UA e os episó-dios que considera inesquecíveis. “Asaulas práticas, leccionadas pelo Prof.Doutor Rino, eram sempre momentosentusiasmantes de trabalho. Alegre ebem disposto, transmitia o seu estadode espírito aos alunos. Aprendíamosnum clima de auto-confiança e auto-estima. Lembro-me, por exemplo, dasnossas observações ao microscópioóptico diatomáceas. Pedíamos-lhe paraverificar se era ou não uma alga o quese encontrava no campo do microscópioe ele dizia Ó tecto, não caias!. Bastava-nos esta expressão para sabermos queestávamos a observar qualquer outrocorpo estranho, menos aquele grupo dealgas unicelulares. E a colecção dexaropes, Doutor Rino? E o livro que sedispunha escrever sobre As novas formasde escrever em Português? E as aulasteóricas? E a quantidade de informaçãotransmitida, a forma como se envolvia naexposição, o enlevo e a magia que punhanas palavras?

Enfim, houve professores que, pelo seuempenho, dedicação e amor à profissão,desenvolveram estratégias e adoptaramum estilo de ensino de tal modo eficazque foram capazes de desenvolver nosfuturos professores de Biologia eGeologia, um pensamento de inquéritocientífico, essencial ao carácter mutávelda ciência biológica e consequentenecessidade de mudança dos objectivosdo ensino. A todos o meu bem-haja!”.

outubro ‘04Linhas casos de sucesso2726

Page 29: Revista Linhas 02

Sempre foi bom aluno e o 1º da turmaa terminar todos os exames. Antes devir estudar para Aveiro, em 1981, MiguelCoutinho chegou a viver um ano nosEstados Unidos. Filho de mãe italiana,apetência para línguas não lhe faltava,mas foi a sua atitude claramente ambien-talista – andava sempre de bicicleta nacidade do Porto – que o levou a optarpor Engenharia do Ambiente. “Queriaproteger o ambiente e um dia vim visitara Universidade de Aveiro. Na altura sóexistiam três edifícios, mas tudo tinhaum ar muito arranjadinho. Todas as salasestavam equipadas com relógios e todosestavam sincronizados na mesma hora.Pode parecer estranho mas, naquelaépoca de pós 25 de Abril, esta organi-zação não era muito comum. A verdadeé que gostei do que vi. Deu-me segurança.”

Concluída a licenciatura, começouimediatamente a trabalhar na linha deinvestigação do Departamento deAmbiente e Ordenamento, coordenadapelo Prof. Borrego. O grupo de investi-gação que integrava tinha por missãodetectar os níveis de poluição atmosféricaque a implantação de uma nova fábrica,em dado lugar, poderia originar na suaárea envolvente. “Neste grupo, lembro-me que um dos primeiros projectos querealizei tinha por objectivo determinar aaltura que deveria ter a chaminé dacentral do Pego, perto de Abrantes, parareduzir os valores de poluentes».

Sem deixar de pertencer ao grupo deinvestigação, o percurso de MiguelCoutinho incluiu uma passagem pelaFaculdade de Engenharia da Universi-dade do Porto, onde tirou o Mestradoem Engenharia Térmica, e o regresso àUA para se doutorar em CiênciasAplicadas ao Ambiente, com um estudosobre a dispersão dos poluentes fabris,consoante o comportamento dos ventostípicos da zona costeira portuguesa.

Ao mesmo tempo, no início dos anos90, Miguel Coutinho e alguns colegasdo mesmo grupo de investigaçãocriaram a Coriolis – uma das primeirasempresas de Ambiente que tinha por

missão exclusiva a área da poluiçãoatmosférica. “Esta empresa existiudurante uns seis anos, com o trabalhode todos os sócios que ao mesmotempo estavam a tirar os seus mestradose doutoramentos. Quando alguns denós passaram a ter maior disponibilidade,já tinham surgido no mercado outrasempresas com uma implantação maisforte do que a nossa. Apesar de termosoptado por encerrar a empresa, foi umprojecto importante que nos obrigou aenfrentar os desafios inerentes aosermos responsáveis pelos nossospróprios projectos.”

Maestro do IDADEm 1994 surgiu o IDAD, uma Associaçãosem fins lucrativos que integra 17parceiros regionais e nacionais, cujamissão é prestar serviços na área doAmbiente. “O IDAD arrancou para darresposta ao crescente conjunto deserviços solicitados ao Departamentode Ambiente e Ordenamento, que assimpassou a poder dedicar-se exclusiva-mente à formação e à investigação. Aestes projectos na área do Ambientevieram juntar-se outros departamentosda Universidade de Aveiro, como o deFísica, Química, Geociências e, tambémoutras instituições regionais e nacionais,como a AIDA, AMRIA, o Instituto deConservação da Natureza e o Institutodo Ambiente, etc.”.

Foi então em Maio de 1994 que MiguelCoutinho começou a exercer as funçõesde Secretário-Geral do IDAD, coorde-nando as actividades do dia-a-dia; istoé, os cerca de 20 a 30 projectos/anoque se prolongam por dois, três meses,assim como o enorme conjunto deprojectos que se concluem em muitomenos tempo.

“Sinto-me muitas vezes como o maestrode uma orquestra que leva um conjuntode pessoas a atingir um determinadoobjectivo. Há no IDAD um conjunto deprojectos a decorrer, uns que requeremmais urgência que outros, e a minhafunção é garantir o funcionamento da“máquina”. Por outro lado, há um

conjunto de projectos em que a respon-sabilidade técnica é também minha,como é o caso de um trabalho que tenhoem mãos relacionado com a monitori-zação das dioxinas na atmosfera doGrande Porto. O meu dia-a-dia é, porisso, normalmente preenchido entre odar resposta a todas as questões técnicase de gestão de projectos que me sãocolocadas, e as deslocações às empre-sas que nos solicitam os projectos paradiscutir determinados problemas. Poroutro lado, faço questão de regularmenteproduzir alguns artigos científicos.”.

A verdade é que o Instituto do Ambientee Desenvolvimento intervém em váriosdomínios. Ali se fazem, desde análisesà qualidade da água a projectos relacio-nados com a área da monitorização dasunidades de incineração de resíduos.Com a construção das incineradoras doPorto e de Lisboa e, mais recentemente,a da Madeira, as instituições que geremestas unidades viram-se obrigadas amedir uma série de parâmetros no meioambiente para verificar se há ou nãocontaminação. O IDAD ficou, então,envolvido nesses programas, emboracom tipos de intervenção diferente.

“No caso da Lipor, e ao contrário do queé comum tanto em Portugal como noestrangeiro, todo o programa de moni-torização é da nossa responsabilidade,o que implica que temos a nosso cargo,desde a medição da qualidade do ar, dorio, dos solos, das couves e dos ovosdas galinhas, até ao sangue das pessoas.Já no que diz respeito às incineradorasde Lisboa e da Madeira somos apenasresponsáveis pela parte da qualidade doar. Estes são exemplos de projectos muitoimportantes, que se prolongam ao longode quatro, cinco anos”.

Miguel Coutinho

Ambientalista q.b.

Miguel Coutinho, 41 anos, licenciou-se em Engenharia do Ambiente em 1986.

Cinco anos depois era Mestre em Engenharia Térmica e, em 1996, Doutor em

Ciências Aplicadas ao Ambiente.

Desde então, assumiu as funções de Secretário-Geral do Instituto do Ambiente

e Desenvolvimento (IDAD); função que, há cerca de dois anos, acumula com a

de Administrador do Parque Desportivo de Aveiro – uma empresa constituída

pela Câmara Municipal de Aveiro.

outubro ‘04Linhas 2928 casos de sucesso

Page 30: Revista Linhas 02

Já no liceu, em Abrantes, Élia Gato sedistinguia na área das ciências. Chegadaa altura de optar por uma carreira, aindaconsiderou a hipótese de seguir desportoou biologia, pelo fascínio que tinha pelainvestigação na área, mas as duvidosassaídas profissionais levaram-na a decidir-se pelo Ensino de Biologia e Geologiana Universidade de Aveiro, conscientede que o curso a iria preparar para aprofissão docente.

Com a conclusão da profissionalizaçãoem exercício, na Escola Secundária JoséEstêvão, em Aveiro, Élia Gato terminoua licenciatura em 1984. “Aprendi muitocom o meu orientador de estágio,sobretudo a nível pedagógico. Detentorde uma vasta experiência docente,ensinou-nos que o professor de Biologiae Geologia deve ser um investigador,conhecer profundamente a forma comoos jovens de hoje aprendem e, sobre-tudo, ser um professor com imaginaçãoe espírito criador. Alertou-nos para ofacto de ser difícil possuir todas estasqualificações, mas advertiu-nos paranunca as ignorarmos ou esquecermos”.

Antes de ter sido colocada comoProfessora Efectiva do 11º Grupo B naEscola C+S de Sardoal, Élia Gato passoupelas Escolas Secundárias de Ponte deSôr e de Mação. Hoje é Presidente doConselho Executivo numa escola única,onde diz trabalhar há 17 anos, “por puraopção”, e onde já desempenhou tambémas funções de Directora de Turma, Dele-gada de Grupo, Directora de Instalações,Coordenadora de Departamento e Vice-Presidente do Conselho Directivo.

Foi precisamente durante o seu mandatode Vice-Presidente do Conselho Directivo,entre 87 e 90, que a Escola passou aproporcionar aos jovens do concelho deSardoal o Ensino Secundário. “Comalgumas infra-estruturas de base e aaposta em mais recursos educativos, aEscola apresentou-se como uma opçãoviável para os jovens do concelho. Apopulação escolar foi aumentando e hojecontamos com cerca de 800 alunos e100 docentes”.

União no combate ao isolamentoComo parte integrante de um dos 34Territórios Educativos de IntervençãoPrioritária (TEIP) existentes em Portugal,esta escola resulta de uma parceriacomunitária que envolve a Câmara Muni-cipal de Sardoal, as Juntas de Freguesiado Concelho, o Centro de Saúde, a GNR,os Bombeiros, a Filarmónica UniãoSardoalense, e, entre outras entidades,a Associação de Pais e Encarregadosde Educação.É um projecto, explica Élia Gato, quevisa promover uma acção educativaintegrada, combatendo o isolamentoentre escolas e entre estas e a comuni-dade; dinamizar a cultura e o desportona região, promovendo hábitos de saúde,higiene e respeito pelo património; lutarpor um sucesso educativo de acordocom as necessidades, desejos e saberesda população escolar; multiplicar, renta-bilizar e gerir de forma integrada os recur-sos humanos e materiais; e promover aformação permanente de toda a comuni-dade educativa, com base nas reaisnecessidades educativas.

“Temos, por isso, vindo a desenvolverum conjunto de projectos direccionadospara os vários graus de ensino de formaa diversificar a oferta educativa dosalunos. Aventuro-me a dizer que o TEIPde Sardoal cumpriu, na medida do pos-sível, os seus propósitos, atenuandosituações de desvantagem e combatendoo insucesso escolar. Criou-se, porexemplo, a Sala em Movimento, SerLimpo, Biblioteca Escolar, ExpressãoFísico – Motora, Horizonte Juvenil –Jornal escolar, Clubes de Línguas estran-geiras e de música, Observatório deQualidade, e Ver e Viver a História, umsub-projecto que, no final do ano lectivopassado, envolveu todas as escolas doAgrupamento e toda a comunidade,fazendo a Vila de Sardoal vestir-se a rigorpara receber uma Feira Medieval.”.

Esta escola singular, dirigida por ÉliaGato, já teve honras de visita doPresidente da República. Jorge Sampaiodestacou, na altura, o enorme apoio quea Câmara Municipal do Sardoal dá ao

ensino, o que se traduz na melhoria dascondições de vida dos seus munícipese na quebra do isolamento, esbatendo--se as desigualdades entre o interior eo litoral mais desenvolvido.

Com um dia-a-dia sempre imprevisível,extremamente activo mas, graças àscaracterísticas de uma Vila do interior dePortugal, livre de stress, Élia Gato aplicaa maior parte do seu tempo no exercíciodas funções inerentes ao cargo queocupa na Escola. “Resolvo os problemasque vão surgindo no dia-a-dia, redijoofícios, despacho correio, leio actas,participo em reuniões, e desloco-me,uma vez por outra, à DREL e ao CAE daLezíria e Médio Tejo. No entanto, a minhaequipa, constituída por quatro Vice-presidentes e uma Assessora, facilitam--se muito a vida. Todos trabalhamos nosentido de construirmos uma Escola maisligada à comunidade, mais participada,mais interventiva e atenta à cidadania”.

Momentos inesquecíveisÉ por tudo isto que Élia Gato não temdúvidas em afirmar que se sente realizada.“O meu dia-a-dia tem vindo a mostrar--se uma espécie de luta motivada pelosmeus sonhos. Construí com muitos umavida que, tanto familiar como profissional-mente, me faz sentir realizada, mas con-tinuo a ter o desejo de ser mais para comos outros; uma intenção que está muitoassociada à perspectiva de cidadania eciência postas em prática na Universi-dade, aquando da minha formação”.

Uma carreira profissional que só conheceuo sentido ascendente, a par da gratasensação de realização não é, contudo,sinónimo de falta de projectos futuros.Élia Gato revela um conjunto de acçõesque realmente gostaria de ver concretiza-das através do estabelecimento deparcerias com o poder autárquico, “parapromover, por exemplo, o artesanatolocal”; com instituições locais ligadas aoMinistério da Saúde, “para coerentementese difundir informação/formação sobrea temática da sexualidade”; e com oMinistério da Ciência e do Ensino Superior,“para tornar possível a realização de

Élia Mendes Gato

No comando de uma escola única

Com 43 anos, uma mão cheia de projectos e um discurso

extremamente rico, Élia Mendes Gato é uma das primeiras

licenciadas em Ensino de Biologia e Geologia pela UA.

Hoje é Presidente do Conselho Executivo da Escola EB 2,3/S

Doutora Maria Judite Serrão Andrade, no Sardoal; uma escola

estruturada em Agrupamento Vertical que, por isso mesmo,

abrange seis estabelecimentos de educação pré-escolar, sete

escolas do 1º ciclo e a escola sede, onde funciona o primeiro,

o segundo e o terceiro ciclos e, ainda, o ensino secundário.

trabalhos de investigação e experimen-tação associados ao conhecimento daspotencialidades da cultura científico –tecnológica.”. Entre os seus planos estáainda a realização de trabalhos queevidenciem tanto a formação de umamentalidade ecológica como oaprofundamento das potencialidadesda Internet; “projectos que muito teriama ganhar se desenvolvidos em parceriacom a UA”.

Com o mesmo entusiasmo com que falade todos estes seus planos, Élia Gatorecorda os bons momentos que passouenquanto estudante da UA e os episó-dios que considera inesquecíveis. “Asaulas práticas, leccionadas pelo Prof.Doutor Rino, eram sempre momentosentusiasmantes de trabalho. Alegre ebem disposto, transmitia o seu estadode espírito aos alunos. Aprendíamosnum clima de auto-confiança e auto-estima. Lembro-me, por exemplo, dasnossas observações ao microscópioóptico diatomáceas. Pedíamos-lhe paraverificar se era ou não uma alga o quese encontrava no campo do microscópioe ele dizia Ó tecto, não caias!. Bastava-nos esta expressão para sabermos queestávamos a observar qualquer outrocorpo estranho, menos aquele grupo dealgas unicelulares. E a colecção dexaropes, Doutor Rino? E o livro que sedispunha escrever sobre As novas formasde escrever em Português? E as aulasteóricas? E a quantidade de informaçãotransmitida, a forma como se envolvia naexposição, o enlevo e a magia que punhanas palavras?

Enfim, houve professores que, pelo seuempenho, dedicação e amor à profissão,desenvolveram estratégias e adoptaramum estilo de ensino de tal modo eficazque foram capazes de desenvolver nosfuturos professores de Biologia eGeologia, um pensamento de inquéritocientífico, essencial ao carácter mutávelda ciência biológica e consequentenecessidade de mudança dos objectivosdo ensino. A todos o meu bem-haja!”.

outubro ‘04Linhas casos de sucesso2726

Page 31: Revista Linhas 02

Sempre foi bom aluno e o 1º da turmaa terminar todos os exames. Antes devir estudar para Aveiro, em 1981, MiguelCoutinho chegou a viver um ano nosEstados Unidos. Filho de mãe italiana,apetência para línguas não lhe faltava,mas foi a sua atitude claramente ambien-talista – andava sempre de bicicleta nacidade do Porto – que o levou a optarpor Engenharia do Ambiente. “Queriaproteger o ambiente e um dia vim visitara Universidade de Aveiro. Na altura sóexistiam três edifícios, mas tudo tinhaum ar muito arranjadinho. Todas as salasestavam equipadas com relógios e todosestavam sincronizados na mesma hora.Pode parecer estranho mas, naquelaépoca de pós 25 de Abril, esta organi-zação não era muito comum. A verdadeé que gostei do que vi. Deu-me segurança.”

Concluída a licenciatura, começouimediatamente a trabalhar na linha deinvestigação do Departamento deAmbiente e Ordenamento, coordenadapelo Prof. Borrego. O grupo de investi-gação que integrava tinha por missãodetectar os níveis de poluição atmosféricaque a implantação de uma nova fábrica,em dado lugar, poderia originar na suaárea envolvente. “Neste grupo, lembro-me que um dos primeiros projectos querealizei tinha por objectivo determinar aaltura que deveria ter a chaminé dacentral do Pego, perto de Abrantes, parareduzir os valores de poluentes».

Sem deixar de pertencer ao grupo deinvestigação, o percurso de MiguelCoutinho incluiu uma passagem pelaFaculdade de Engenharia da Universi-dade do Porto, onde tirou o Mestradoem Engenharia Térmica, e o regresso àUA para se doutorar em CiênciasAplicadas ao Ambiente, com um estudosobre a dispersão dos poluentes fabris,consoante o comportamento dos ventostípicos da zona costeira portuguesa.

Ao mesmo tempo, no início dos anos90, Miguel Coutinho e alguns colegasdo mesmo grupo de investigaçãocriaram a Coriolis – uma das primeirasempresas de Ambiente que tinha por

missão exclusiva a área da poluiçãoatmosférica. “Esta empresa existiudurante uns seis anos, com o trabalhode todos os sócios que ao mesmotempo estavam a tirar os seus mestradose doutoramentos. Quando alguns denós passaram a ter maior disponibilidade,já tinham surgido no mercado outrasempresas com uma implantação maisforte do que a nossa. Apesar de termosoptado por encerrar a empresa, foi umprojecto importante que nos obrigou aenfrentar os desafios inerentes aosermos responsáveis pelos nossospróprios projectos.”

Maestro do IDADEm 1994 surgiu o IDAD, uma Associaçãosem fins lucrativos que integra 17parceiros regionais e nacionais, cujamissão é prestar serviços na área doAmbiente. “O IDAD arrancou para darresposta ao crescente conjunto deserviços solicitados ao Departamentode Ambiente e Ordenamento, que assimpassou a poder dedicar-se exclusiva-mente à formação e à investigação. Aestes projectos na área do Ambientevieram juntar-se outros departamentosda Universidade de Aveiro, como o deFísica, Química, Geociências e, tambémoutras instituições regionais e nacionais,como a AIDA, AMRIA, o Instituto deConservação da Natureza e o Institutodo Ambiente, etc.”.

Foi então em Maio de 1994 que MiguelCoutinho começou a exercer as funçõesde Secretário-Geral do IDAD, coorde-nando as actividades do dia-a-dia; istoé, os cerca de 20 a 30 projectos/anoque se prolongam por dois, três meses,assim como o enorme conjunto deprojectos que se concluem em muitomenos tempo.

“Sinto-me muitas vezes como o maestrode uma orquestra que leva um conjuntode pessoas a atingir um determinadoobjectivo. Há no IDAD um conjunto deprojectos a decorrer, uns que requeremmais urgência que outros, e a minhafunção é garantir o funcionamento da“máquina”. Por outro lado, há um

conjunto de projectos em que a respon-sabilidade técnica é também minha,como é o caso de um trabalho que tenhoem mãos relacionado com a monitori-zação das dioxinas na atmosfera doGrande Porto. O meu dia-a-dia é, porisso, normalmente preenchido entre odar resposta a todas as questões técnicase de gestão de projectos que me sãocolocadas, e as deslocações às empre-sas que nos solicitam os projectos paradiscutir determinados problemas. Poroutro lado, faço questão de regularmenteproduzir alguns artigos científicos.”.

A verdade é que o Instituto do Ambientee Desenvolvimento intervém em váriosdomínios. Ali se fazem, desde análisesà qualidade da água a projectos relacio-nados com a área da monitorização dasunidades de incineração de resíduos.Com a construção das incineradoras doPorto e de Lisboa e, mais recentemente,a da Madeira, as instituições que geremestas unidades viram-se obrigadas amedir uma série de parâmetros no meioambiente para verificar se há ou nãocontaminação. O IDAD ficou, então,envolvido nesses programas, emboracom tipos de intervenção diferente.

“No caso da Lipor, e ao contrário do queé comum tanto em Portugal como noestrangeiro, todo o programa de moni-torização é da nossa responsabilidade,o que implica que temos a nosso cargo,desde a medição da qualidade do ar, dorio, dos solos, das couves e dos ovosdas galinhas, até ao sangue das pessoas.Já no que diz respeito às incineradorasde Lisboa e da Madeira somos apenasresponsáveis pela parte da qualidade doar. Estes são exemplos de projectos muitoimportantes, que se prolongam ao longode quatro, cinco anos”.

Miguel Coutinho

Ambientalista q.b.

Miguel Coutinho, 41 anos, licenciou-se em Engenharia do Ambiente em 1986.

Cinco anos depois era Mestre em Engenharia Térmica e, em 1996, Doutor em

Ciências Aplicadas ao Ambiente.

Desde então, assumiu as funções de Secretário-Geral do Instituto do Ambiente

e Desenvolvimento (IDAD); função que, há cerca de dois anos, acumula com a

de Administrador do Parque Desportivo de Aveiro – uma empresa constituída

pela Câmara Municipal de Aveiro.

outubro ‘04Linhas 2928 casos de sucesso

Page 32: Revista Linhas 02

responsabilidade está também a própriagestão económica do laboratório.“Escrevo os projectos de investigaçãoessenciais para assegurar a viabilidadedo meu laboratório e, sozinha ou comoco-autora, artigos que descrevem onosso trabalho e as nossas descobertas.”

Paralelamente, Glória C. Ferreira tem sidoregularmente convidada a fazer parte depainéis de diferentes agências oufundações americanas, como a U.S.National Science Foundation, cuja missãoé avaliar a qualidade científica dosprojectos candidatos a bolsas, e avaliafrequentemente artigos submetidos apublicação em várias revistas científicas.

A par das diversas disciplinas quelecciona nos cursos de doutoramento eMedicina, e de todo o trabalho adminis-trativo relacionado com a vida universi-tária; isto é, a definição de novoscurrículos, comités de admissão dealunos de doutoramento, avaliação decandidatos a docentes, discussão eplaneamento de orçamentos, etc.., émuitas vezes chamada a integrar júrisde defesa de doutoramento. “Tenhotambém organizado conferênciasinternacionais e tenho tido actividadesem diversas sociedades associadas coma minha área, como é o caso da Divisionof Biological Chemistry of the AmericanChemical Society. Em congressos,apresento frequentemente semináriossobre o trabalho de investigaçãorealizado no meu laboratório. Finalmente,já não com a frequência de há dez anos,faço as minhas experiências na bancadade laboratório”.

Glória C. Ferreira acredita que atingiu asmetas que estabeleceu para si própria,mas porque considera que em carreirasextremamente dinâmicas como a sua,há sempre novos objectivos a atingir, nãopode dizer que se sente realizada. “Gostode pensar que ainda não parei e que aindanão estou pronta para a tal avaliação derealização”. Quanto a projectos futuros,voltar para Portugal é algo que só recen-temente começou a equacionar, especial-mente por motivos familiares.

utilização de técnicas de biologiamolecular como um meio para abordarquestões relacionadas com a química deproteínas e, fundamentalmente, umaproteína mitocondrial, o transportador defosfato, que tem um papel crítico namanutenção da energia celular e nobem-estar da célula.

Para melhores terapias e diagnósticosEm 1991 começou a trabalhar naUniversity of South Florida, comoAssistant Professor (Professor Auxiliar)e, em 1999, já tinha atingido o topo dacarreira académica, com a atribuição dotítulo de Professora Catedrática. “Apesardo meu título oficial, a nível universitárioser o de professora catedrática, creioque sou essencialmente cientista/ investi-gadora”. Na verdade, Glória C. Ferreiraé responsável pelo programa de investi-gação de um laboratório da Universidadede South Florida, cujo trabalho se temcentrado no estudo de enzimas e meca-nismos de regulação da síntese do hemo.

“Utilizando engenharia de proteínas épossível modificá-las de modo a obterformas variadas que nos auxiliam adesvendar o seu mecanismo de funciona-mento a nível molecular. Várias doenças,como porfirias, anemia sideroblastica,leucemia e outros tipos de cancro, estãoassociadas a deficiências nas enzimas(e nos genes que as codificam) da síntesedo hemo, pelo que a investigação nomeu laboratório tem implicações nodesenvolvimento de terapias e diagnós-ticos. Uma outra dimensão dos nossosprojectos tem a ver com evolução dirigida,com a qual pretendemos obter novasenzimas de interesse em biotecnologia”.

Glória C. Ferreira dedica em média 12horas por dia à Universidade. Para alémdas actividades de gestão do laboratório,que implicam delinear os principaisobjectivos da investigação do seu grupo,coordena e orienta a investigação dosalunos de doutoramento e pós-doutora-mento, dos estudantes de medicina (nosEUA, Medicina é um curso de pós-graduação), dos de licenciatura e dostécnicos assistentes. Sob a sua

Não foi a vontade de seguir Engenhariado Ambiente (a licenciatura ainda nemtinha sido criada) que levou Glória C.Ferreira a candidatar-se à Universidadede Aveiro, mas sim a sugestão dos paisde, face à instabilidade político-socialque Portugal atravessava na época,ingressar numa universidade nova. “Noliceu, as disciplinas de química, física,matemática e biologia eram as que maisme entusiasmavam, por isso queria seguirum curso que abordasse estas matérias.Acabei por partir de Santarém, ingressarem Ciências da Natureza na UA eabandonar a ideia de me matricular emMedicina, na Universidade de Lisboa”.

Dois anos depois de ter entrado na UA,a crescente atracção pela bioquímica,levava-a a ponderar seriamente osconselhos de diversos professores,nomeadamente os dos Prof. DoutoresAristides Hall e Victor Gil, de avançarpara uma pós-graduação no estrangeiro,dada a inexistência desta licenciaturaem Portugal. “Nos últimos três anoscomo aluna da UA, optei por ingressarna entretanto criada Engenharia doAmbiente e, concluído o curso, fuidurante 10 meses assistente estagiáriano Departamento de Química”.

Sabendo que aos alunos de Doutora-mento nos EUA eram, em determinadascircunstâncias, atribuídas teachingassistantships, as quais lhes permitiamestudar para o doutoramento em trocade aulas laboratoriais dadas aos alunosundergraduate, Glória C. Ferreira decidiutomar esse rumo. As funções deteaching and research assistant viriama financiar-lhe o seu doutoramento naUniversidade da Geórgia. “Cheguei àGeórgia em Setembro de 82 e até 86,dei aulas e trabalhei no meu doutora-mento, cuja investigação envolveu apurificação e caracterização de duasenzimas da via biosintética do hemo (oelemento essencial de proteínas comoa hemoglobina).”.

Já doutorada, esteve como post-doctoralfellow, na Johns Hopkins UniversitySchool of Medicine, onde investigou a

Glória Cruz Ferreira

Cientista/investigadora nos EUA

Em 1981, Glória Cruz Ferreira licenciou-se em Engenharia do Ambiente na

Universidade de Aveiro. Um ano depois, a atracção pela bioquímica levou-a a

partir para os Estados Unidos da América para fazer doutoramento.

Hoje, tem 45 anos, vive em Tampa, na Florida, e para além de Professora Catedrática

é cientista/investigadora no Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da

University of South Florida, onde o trabalho que desenvolve assume especial

relevo no campo da definição de novas terapêuticas e diagnósticos de doenças

como a anemia e a leucemia.

outubro ‘04Linhas 3130 casos de sucesso

Page 33: Revista Linhas 02

responsabilidade está também a própriagestão económica do laboratório.“Escrevo os projectos de investigaçãoessenciais para assegurar a viabilidadedo meu laboratório e, sozinha ou comoco-autora, artigos que descrevem onosso trabalho e as nossas descobertas.”

Paralelamente, Glória C. Ferreira tem sidoregularmente convidada a fazer parte depainéis de diferentes agências oufundações americanas, como a U.S.National Science Foundation, cuja missãoé avaliar a qualidade científica dosprojectos candidatos a bolsas, e avaliafrequentemente artigos submetidos apublicação em várias revistas científicas.

A par das diversas disciplinas quelecciona nos cursos de doutoramento eMedicina, e de todo o trabalho adminis-trativo relacionado com a vida universi-tária; isto é, a definição de novoscurrículos, comités de admissão dealunos de doutoramento, avaliação decandidatos a docentes, discussão eplaneamento de orçamentos, etc.., émuitas vezes chamada a integrar júrisde defesa de doutoramento. “Tenhotambém organizado conferênciasinternacionais e tenho tido actividadesem diversas sociedades associadas coma minha área, como é o caso da Divisionof Biological Chemistry of the AmericanChemical Society. Em congressos,apresento frequentemente semináriossobre o trabalho de investigaçãorealizado no meu laboratório. Finalmente,já não com a frequência de há dez anos,faço as minhas experiências na bancadade laboratório”.

Glória C. Ferreira acredita que atingiu asmetas que estabeleceu para si própria,mas porque considera que em carreirasextremamente dinâmicas como a sua,há sempre novos objectivos a atingir, nãopode dizer que se sente realizada. “Gostode pensar que ainda não parei e que aindanão estou pronta para a tal avaliação derealização”. Quanto a projectos futuros,voltar para Portugal é algo que só recen-temente começou a equacionar, especial-mente por motivos familiares.

utilização de técnicas de biologiamolecular como um meio para abordarquestões relacionadas com a química deproteínas e, fundamentalmente, umaproteína mitocondrial, o transportador defosfato, que tem um papel crítico namanutenção da energia celular e nobem-estar da célula.

Para melhores terapias e diagnósticosEm 1991 começou a trabalhar naUniversity of South Florida, comoAssistant Professor (Professor Auxiliar)e, em 1999, já tinha atingido o topo dacarreira académica, com a atribuição dotítulo de Professora Catedrática. “Apesardo meu título oficial, a nível universitárioser o de professora catedrática, creioque sou essencialmente cientista/ investi-gadora”. Na verdade, Glória C. Ferreiraé responsável pelo programa de investi-gação de um laboratório da Universidadede South Florida, cujo trabalho se temcentrado no estudo de enzimas e meca-nismos de regulação da síntese do hemo.

“Utilizando engenharia de proteínas épossível modificá-las de modo a obterformas variadas que nos auxiliam adesvendar o seu mecanismo de funciona-mento a nível molecular. Várias doenças,como porfirias, anemia sideroblastica,leucemia e outros tipos de cancro, estãoassociadas a deficiências nas enzimas(e nos genes que as codificam) da síntesedo hemo, pelo que a investigação nomeu laboratório tem implicações nodesenvolvimento de terapias e diagnós-ticos. Uma outra dimensão dos nossosprojectos tem a ver com evolução dirigida,com a qual pretendemos obter novasenzimas de interesse em biotecnologia”.

Glória C. Ferreira dedica em média 12horas por dia à Universidade. Para alémdas actividades de gestão do laboratório,que implicam delinear os principaisobjectivos da investigação do seu grupo,coordena e orienta a investigação dosalunos de doutoramento e pós-doutora-mento, dos estudantes de medicina (nosEUA, Medicina é um curso de pós-graduação), dos de licenciatura e dostécnicos assistentes. Sob a sua

Não foi a vontade de seguir Engenhariado Ambiente (a licenciatura ainda nemtinha sido criada) que levou Glória C.Ferreira a candidatar-se à Universidadede Aveiro, mas sim a sugestão dos paisde, face à instabilidade político-socialque Portugal atravessava na época,ingressar numa universidade nova. “Noliceu, as disciplinas de química, física,matemática e biologia eram as que maisme entusiasmavam, por isso queria seguirum curso que abordasse estas matérias.Acabei por partir de Santarém, ingressarem Ciências da Natureza na UA eabandonar a ideia de me matricular emMedicina, na Universidade de Lisboa”.

Dois anos depois de ter entrado na UA,a crescente atracção pela bioquímica,levava-a a ponderar seriamente osconselhos de diversos professores,nomeadamente os dos Prof. DoutoresAristides Hall e Victor Gil, de avançarpara uma pós-graduação no estrangeiro,dada a inexistência desta licenciaturaem Portugal. “Nos últimos três anoscomo aluna da UA, optei por ingressarna entretanto criada Engenharia doAmbiente e, concluído o curso, fuidurante 10 meses assistente estagiáriano Departamento de Química”.

Sabendo que aos alunos de Doutora-mento nos EUA eram, em determinadascircunstâncias, atribuídas teachingassistantships, as quais lhes permitiamestudar para o doutoramento em trocade aulas laboratoriais dadas aos alunosundergraduate, Glória C. Ferreira decidiutomar esse rumo. As funções deteaching and research assistant viriama financiar-lhe o seu doutoramento naUniversidade da Geórgia. “Cheguei àGeórgia em Setembro de 82 e até 86,dei aulas e trabalhei no meu doutora-mento, cuja investigação envolveu apurificação e caracterização de duasenzimas da via biosintética do hemo (oelemento essencial de proteínas comoa hemoglobina).”.

Já doutorada, esteve como post-doctoralfellow, na Johns Hopkins UniversitySchool of Medicine, onde investigou a

Glória Cruz Ferreira

Cientista/investigadora nos EUA

Em 1981, Glória Cruz Ferreira licenciou-se em Engenharia do Ambiente na

Universidade de Aveiro. Um ano depois, a atracção pela bioquímica levou-a a

partir para os Estados Unidos da América para fazer doutoramento.

Hoje, tem 45 anos, vive em Tampa, na Florida, e para além de Professora Catedrática

é cientista/investigadora no Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da

University of South Florida, onde o trabalho que desenvolve assume especial

relevo no campo da definição de novas terapêuticas e diagnósticos de doenças

como a anemia e a leucemia.

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Page 34: Revista Linhas 02

Ainda Hélder frequentava o liceu e jáaproveitava as férias escolares paraacompanhar o seu irmão mais velho àempresa cerâmica onde, comoEngenheiro Químico, exercia o cargo deDirector de Produção. “Embora o meusonho fosse vir a ser médico, desdemuito cedo que estas estadas naempresa me despertaram o interesse eo gosto que tenho pela cerâmica.Lembro-me que naquela altura estavama lançar-se os mosaicos vidrados porcozedura rápida e eu pude assistir aodesenvolvimento de toda estatecnologia.”

A viver em Coimbra, Hélder aindapensou por lá ficar e seguir EngenhariaQuímica, mas Aveiro era perto e avontade de se vir a especializar no ramoda Cerâmica e do Vidro falou mais alto.Entrou na UA em 1980. Durante os seus3º e 4º anos foi representante dos alunosdo seu curso, no Conselho Pedagógico,e ainda hoje não esquece a mais-valiaque o rigor e a exigência quecaracterizavam alguns dos entãoprofessores imprimiam ao Departamentode Cerâmica e do Vidro.

Já no final do curso, uma visita de estudoa uma empresa espanhola acabava porvir a abrir-lhe as portas de toda a suacarreira. “Tanto eu como um colega quehoje está na Sanitana, aproveitámos oconvite do Colorifício Cerâmico Bonnete partimos para Espanha para realizarum estágio de um mês”. O grupo lançouentretanto, em Portugal, a Esmalticer,onde, logo em 1986, Hélder foi assumiro cargo de Director Técnico, chefiandoo laboratório. “Para além dos valiososmétodos de trabalho e do sentido deresponsabilidade perante os clientes,que aprendi na minha passagem porEspanha, ao serviço da Esmalticer fizimensa formação em Espanha e Itália,países onde o sector dos vidradoscerâmicos evoluía a um ritmoalucinante.”.

Em 1991, da divisão que se operou nogrupo, surgiu em Espanha a Quimicer.Hélder Oliveira foi convidado a liderar

um projecto que se viria a chamar, emPortugal, Onix Cristal, hoje QuimicerPortugal, SA. Desde então assumiu aDirecção Técnica desta empresa, queemprega 30 pessoas, e trabalha lado alado com o irmão, a quem cabe aDirecção Comercial.

“O know-how do vidrado está nas mãosdos colorifícios, muito desenvolvidosem Espanha e Itália. Nós somos umbraço deste sector. Importamos a fritae adicionamos-lhe matérias-primas deforma a criar vidrados cerâmicos comcaracterísticas diversas (brilhante, mate,opaco). É esse vidrado final compostoque fornecemos a fábricas cerâmicasportuguesas e de inúmeros paísesestrangeiros, o que faz da Quimicer aúnica empresa de colorifícios instaladaem território nacional a exportar os seusprodutos, representando já cerca de 30a 40% da nossa facturação.

Os nossos clientes escolhem as peçaspadrão que expomos em função dastendências, da cor e do desenho, ou detexturas novas. Todo este processo detransformação da matéria-prima emvidrados, que engloba a composiçãodo vidrado, seu desenvolvimento emlaboratório e o design final, é da minharesponsabilidade. Comigo trabalhamtécnicos de laboratório nodesenvolvimento de produto, técnicosdo laboratório de controlo, e designers”.

Rigor e rapidez é a chave parao sucessoAproveitando o percurso que tem quefazer de Coimbra até à fábrica, Héldercomeça normalmente o seu dia detrabalho com uma visita aos clientes,“muitas vezes, só para saber se estátudo a correr bem.”. À tarde, já nafábrica, divide o seu tempo entre oacompanhamento de todo o trabalhode desenvolvimento que o laboratóriotem em mãos e o controlo permanentedas produções para envio aos clientes,passando pelos inúmeros contactostelefónicos com Espanha, eprincipalmente com Itália, já que a

direcção técnica da Quimicer Itália estásob a sua responsabilidade. Viagensregulares ao estrangeiro fazem aindaparte da sua carreira, uma vez queacompanha o arranque de cada novafábrica no estrangeiro.

Metódico, exigente e com grandefacilidade em estabelecer contactos,Hélder Oliveira confessa-se exigentecom as pessoas com quem trabalha ediz nunca esquecer nada que pede paraser feito. Aprendeu que o rigor e arapidez na resolução dos problemas éa chave do sucesso e tudo faz parasatisfazer os seus clientes. É isso mesmoque tenta transmitir aos seuscolaboradores e variados estagiários doDepartamento de Cerâmica e do Vidroda Universidade de Aveiro que aQuimicer acolhe anualmente.

De resto, Hélder Oliveira defende que oconhecimento prático do sector que osantigos alunos de Engenharia Cerâmicae Vidro poderão transmitir aos actuaisestudantes é fundamental e, por isso,já lançou o desafio ao Departamento.“Através de seminários ou visitas deestudo, os antigos alunos deveriamtransmitir aos actuais, todo oconhecimento de uma vida prática naindústria cerâmica. Esta seria umaenorme mais-valia para os licenciadospela Universidade de Aveiro”.

Carreira na cerâmica

Hélder Oliveira

Hélder Oliveira, 43 anos, licenciou-se em Engenharia Cerâmica e

do Vidro em 1984. Hoje é Director Técnico da Quimicer, uma empresa

fornecedora de vidrado cerâmico às indústrias de pavimento e

revestimento nacionais e internacionais. Localizada na Zona Industrial

do Mamodeiro, a Quimicer Portugal, S.A. factura anualmente mais

de dois milhões de contos e emprega três outros engenheiros cerâmicos

formados pela Universidade de Aveiro.

outubro ‘04Linhas casos de sucesso3332

Page 35: Revista Linhas 02

Ainda Hélder frequentava o liceu e jáaproveitava as férias escolares paraacompanhar o seu irmão mais velho àempresa cerâmica onde, comoEngenheiro Químico, exercia o cargo deDirector de Produção. “Embora o meusonho fosse vir a ser médico, desdemuito cedo que estas estadas naempresa me despertaram o interesse eo gosto que tenho pela cerâmica.Lembro-me que naquela altura estavama lançar-se os mosaicos vidrados porcozedura rápida e eu pude assistir aodesenvolvimento de toda estatecnologia.”

A viver em Coimbra, Hélder aindapensou por lá ficar e seguir EngenhariaQuímica, mas Aveiro era perto e avontade de se vir a especializar no ramoda Cerâmica e do Vidro falou mais alto.Entrou na UA em 1980. Durante os seus3º e 4º anos foi representante dos alunosdo seu curso, no Conselho Pedagógico,e ainda hoje não esquece a mais-valiaque o rigor e a exigência quecaracterizavam alguns dos entãoprofessores imprimiam ao Departamentode Cerâmica e do Vidro.

Já no final do curso, uma visita de estudoa uma empresa espanhola acabava porvir a abrir-lhe as portas de toda a suacarreira. “Tanto eu como um colega quehoje está na Sanitana, aproveitámos oconvite do Colorifício Cerâmico Bonnete partimos para Espanha para realizarum estágio de um mês”. O grupo lançouentretanto, em Portugal, a Esmalticer,onde, logo em 1986, Hélder foi assumiro cargo de Director Técnico, chefiandoo laboratório. “Para além dos valiososmétodos de trabalho e do sentido deresponsabilidade perante os clientes,que aprendi na minha passagem porEspanha, ao serviço da Esmalticer fizimensa formação em Espanha e Itália,países onde o sector dos vidradoscerâmicos evoluía a um ritmoalucinante.”.

Em 1991, da divisão que se operou nogrupo, surgiu em Espanha a Quimicer.Hélder Oliveira foi convidado a liderar

um projecto que se viria a chamar, emPortugal, Onix Cristal, hoje QuimicerPortugal, SA. Desde então assumiu aDirecção Técnica desta empresa, queemprega 30 pessoas, e trabalha lado alado com o irmão, a quem cabe aDirecção Comercial.

“O know-how do vidrado está nas mãosdos colorifícios, muito desenvolvidosem Espanha e Itália. Nós somos umbraço deste sector. Importamos a fritae adicionamos-lhe matérias-primas deforma a criar vidrados cerâmicos comcaracterísticas diversas (brilhante, mate,opaco). É esse vidrado final compostoque fornecemos a fábricas cerâmicasportuguesas e de inúmeros paísesestrangeiros, o que faz da Quimicer aúnica empresa de colorifícios instaladaem território nacional a exportar os seusprodutos, representando já cerca de 30a 40% da nossa facturação.

Os nossos clientes escolhem as peçaspadrão que expomos em função dastendências, da cor e do desenho, ou detexturas novas. Todo este processo detransformação da matéria-prima emvidrados, que engloba a composiçãodo vidrado, seu desenvolvimento emlaboratório e o design final, é da minharesponsabilidade. Comigo trabalhamtécnicos de laboratório nodesenvolvimento de produto, técnicosdo laboratório de controlo, e designers”.

Rigor e rapidez é a chave parao sucessoAproveitando o percurso que tem quefazer de Coimbra até à fábrica, Héldercomeça normalmente o seu dia detrabalho com uma visita aos clientes,“muitas vezes, só para saber se estátudo a correr bem.”. À tarde, já nafábrica, divide o seu tempo entre oacompanhamento de todo o trabalhode desenvolvimento que o laboratóriotem em mãos e o controlo permanentedas produções para envio aos clientes,passando pelos inúmeros contactostelefónicos com Espanha, eprincipalmente com Itália, já que a

direcção técnica da Quimicer Itália estásob a sua responsabilidade. Viagensregulares ao estrangeiro fazem aindaparte da sua carreira, uma vez queacompanha o arranque de cada novafábrica no estrangeiro.

Metódico, exigente e com grandefacilidade em estabelecer contactos,Hélder Oliveira confessa-se exigentecom as pessoas com quem trabalha ediz nunca esquecer nada que pede paraser feito. Aprendeu que o rigor e arapidez na resolução dos problemas éa chave do sucesso e tudo faz parasatisfazer os seus clientes. É isso mesmoque tenta transmitir aos seuscolaboradores e variados estagiários doDepartamento de Cerâmica e do Vidroda Universidade de Aveiro que aQuimicer acolhe anualmente.

De resto, Hélder Oliveira defende que oconhecimento prático do sector que osantigos alunos de Engenharia Cerâmicae Vidro poderão transmitir aos actuaisestudantes é fundamental e, por isso,já lançou o desafio ao Departamento.“Através de seminários ou visitas deestudo, os antigos alunos deveriamtransmitir aos actuais, todo oconhecimento de uma vida prática naindústria cerâmica. Esta seria umaenorme mais-valia para os licenciadospela Universidade de Aveiro”.

Carreira na cerâmica

Hélder Oliveira

Hélder Oliveira, 43 anos, licenciou-se em Engenharia Cerâmica e

do Vidro em 1984. Hoje é Director Técnico da Quimicer, uma empresa

fornecedora de vidrado cerâmico às indústrias de pavimento e

revestimento nacionais e internacionais. Localizada na Zona Industrial

do Mamodeiro, a Quimicer Portugal, S.A. factura anualmente mais

de dois milhões de contos e emprega três outros engenheiros cerâmicos

formados pela Universidade de Aveiro.

outubro ‘04Linhas casos de sucesso3332

Page 36: Revista Linhas 02

of Music. Durante dois anos dedicou--se de alma e coração ao mestrado ediz que nunca há-de esquecer o tantoque lá aprendeu.

Agradável surpresaJacinta viveu também em S. Francisco,onde logo que chegou começou a actuarao vivo em duas bandas como convi-dada. Com constantes espectáculos emvários locais famosos da cidade, conhe-ceu os melhores músicos de jazz daCalifórnia. Foi neste contexto que surgiua sua actual banda e projecto: Jacintacanta Monk, que estreou em Portugal ese apresentou também no FestivalInternacional de Música de Aveiro, emMarço de 2003. “Este meu novo projectofoi depois expandido para OrquestraSinfónica, na sequência de um conviteque me foi endereçado pelo MaestroGraça Moura. Fiz uma temporada coma Orquestra Metropolitana de Lisboa emais recentemente actuei com aFilarmonia das Beiras, no Festival Interna-cional de Música de Aveiro deste ano”.

Foi também durante a época em queesteve a viver em S. Francisco que otrompetista português Laurent Filipe aconvidou para fazer uma série deconcertos de homenagem a BessieSmith. Este convite trouxe-a a Portugalem Fevereiro de 2001. “A estreiadecorreu no Centro Cultural de Belém ecorreu tão bem que recebemos pedidospara ir actuar a vários pontos do país”.

“Em Setembro, quando voltei a Portugalpara mais concertos, a Associação deTurismo de Lisboa da Câmara Municipalresolveu gravar um disco, o que à partidaseria uma edição local limitada. Noentanto, os críticos de jazz que metinham visto actuar, começaram a mexer--se e a verdade é que o disco foi pararà EMI – Valentim de Carvalho. Porinsistência quase diária do maior críticode Jazz português, José Duarte, a EMIacabou por ouvir o disco e resolveuenviá-lo ao Director da Blue Note. Foiassim que me tornei no primeiro músicoda história do Jazz português a gravarpara Blue Note – a maior companhia de

jazz do mundo. Tudo isto aconteceusem eu ter tido conhecimento. Portanto,a saída do disco, um ano e meio depoisda sua rápida gravação, na Blue Note,foi uma agradável e grande surpresa!”

Agora de novo a viver em Portugal,Jacinta diz ter ainda muitos sonhos porrealizar. Afirma-se como uma cantorapolivalente e, por isso, quer atirar-se acada um dos projectos de estilos dejazz diferente que possam surgir. Segurade si, não hesita em aconselhar quemqueira seguir uma carreira musical: “Malum músico se sinta profissional etecnicamente preparado deve assumir--se como profissional. Na maior partedas vezes, em Portugal só se é cantorquando uma editora descobre aspotencialidades de um artista, o que émuito difícil de acontecer. Nos EstadosUnidos, a mentalidade é diferente. Aspessoas assumem-se como músicos eseguem uma carreira, quer sejamconhecidas por 100 ou milhares depessoas. Por isso, defendo que se devetomar nas próprias mãos uma carreira,fazendo tudo o que é necessário paraa promover, arranjar espectáculos econseguir viver da música. As pessoasdevem pensar: vou realizar-meprofissionalmente quer toque toda a vidanuma determinada região ou tenhaconcertos em todo o mundo”.

Em criança sonhava com uma carreiraligada à dança. A música sempre estevepresente na sua vida. Aos 4 anoscomeçou a ter aulas de música, naEscola das Irmãs de Maria, na Gafanhada Nazaré. Com 12, entrou no Conser-vatório de Música de Aveiro. Enquantoconcluía o ensino secundário, terminouo conservatório e aos 19 anos entrouno curso de composição clássica.“Naquela altura, a voz para mim nãopassava de um hobbie. Só quando fuiestudar para a UA é que assumiu umpapel mais importante. Comecei aconsiderá-la como um instrumento. Foientão que iniciei o estudo da técnicavocal e, ao mesmo tempo, me interesseipelo Jazz”.

Anos antes, com 14/15 anos, Jacintachegou mesmo a querer deixar deestudar para se tornar uma cantora deblues. “Lembro-me de dizer que tambémgostava de jazz, mas não sabia muitobem o que era. Havia alguma coisa nosom que me atraía mas nem músicosde jazz conhecia. Só aos 18 anoscomecei a conhecer as grandes cantorasde jazz, como Sarah Vaughan, EllaFiztgerald e Billie Holiday, que são asminhas divas favoritas”.

Jacinta chegou a fazer parte de umgrupo de rock progressivo, mas foi aparticipação no programa de televisãoChuva de Estrelas, que lhe serviu deverdadeiro trampolim para o jazz. “Tinha22 anos e, no Chuva de Estrelas,descobri o meu potencial como cantorade jazz. Por outro lado, músicos e pro-motores de concertos que me ouviramno programa passaram a contratar-mecomo cantora de jazz. De um momentopara o outro comecei a ter dinheiro parapoder contratar músicos profissionais eactuar. Foi o pontapé de saída que meobrigou a entrar profundamente no jazz».

Terminado o curso na Universidade deAveiro, Jacinta mudou-se de armas ebagagens para Nova Iorque para seguiro conselho dado pelo Prof. João PedroOliveira no primeiro dia de aulas na UA– fazer mestrado na Manhattan School

Cantora de Jazz

Depois de ter vivido alguns anos em Nova Iorque e em S. Francisco, nos

Estados Unidos, onde regularmente actuava em restaurantes de cinco

estrelas, Jacinta, 33 anos, natural da Gafanha da Nazaré, regressou a

Portugal no início de 2004.

Licenciou-se, em 1995, na Universidade de Aveiro em Ensino de Música

(área específica de composição) e em 1997 partiu para Nova Iorque para

fazer mestrado em Jazz Vocal – performance. O seu primeiro CD – Um

tributo a Bessie Smith – foi lançado há um ano em Portugal, com a

chancela da Blue Note – a maior companhia de jazz do mundo – mas o

sucesso que atingiu já o fez sair na Suiça, Alemanha e Espanha.

outubro ‘04Linhas

Jacinta

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Page 37: Revista Linhas 02

of Music. Durante dois anos dedicou--se de alma e coração ao mestrado ediz que nunca há-de esquecer o tantoque lá aprendeu.

Agradável surpresaJacinta viveu também em S. Francisco,onde logo que chegou começou a actuarao vivo em duas bandas como convi-dada. Com constantes espectáculos emvários locais famosos da cidade, conhe-ceu os melhores músicos de jazz daCalifórnia. Foi neste contexto que surgiua sua actual banda e projecto: Jacintacanta Monk, que estreou em Portugal ese apresentou também no FestivalInternacional de Música de Aveiro, emMarço de 2003. “Este meu novo projectofoi depois expandido para OrquestraSinfónica, na sequência de um conviteque me foi endereçado pelo MaestroGraça Moura. Fiz uma temporada coma Orquestra Metropolitana de Lisboa emais recentemente actuei com aFilarmonia das Beiras, no Festival Interna-cional de Música de Aveiro deste ano”.

Foi também durante a época em queesteve a viver em S. Francisco que otrompetista português Laurent Filipe aconvidou para fazer uma série deconcertos de homenagem a BessieSmith. Este convite trouxe-a a Portugalem Fevereiro de 2001. “A estreiadecorreu no Centro Cultural de Belém ecorreu tão bem que recebemos pedidospara ir actuar a vários pontos do país”.

“Em Setembro, quando voltei a Portugalpara mais concertos, a Associação deTurismo de Lisboa da Câmara Municipalresolveu gravar um disco, o que à partidaseria uma edição local limitada. Noentanto, os críticos de jazz que metinham visto actuar, começaram a mexer--se e a verdade é que o disco foi pararà EMI – Valentim de Carvalho. Porinsistência quase diária do maior críticode Jazz português, José Duarte, a EMIacabou por ouvir o disco e resolveuenviá-lo ao Director da Blue Note. Foiassim que me tornei no primeiro músicoda história do Jazz português a gravarpara Blue Note – a maior companhia de

jazz do mundo. Tudo isto aconteceusem eu ter tido conhecimento. Portanto,a saída do disco, um ano e meio depoisda sua rápida gravação, na Blue Note,foi uma agradável e grande surpresa!”

Agora de novo a viver em Portugal,Jacinta diz ter ainda muitos sonhos porrealizar. Afirma-se como uma cantorapolivalente e, por isso, quer atirar-se acada um dos projectos de estilos dejazz diferente que possam surgir. Segurade si, não hesita em aconselhar quemqueira seguir uma carreira musical: “Malum músico se sinta profissional etecnicamente preparado deve assumir--se como profissional. Na maior partedas vezes, em Portugal só se é cantorquando uma editora descobre aspotencialidades de um artista, o que émuito difícil de acontecer. Nos EstadosUnidos, a mentalidade é diferente. Aspessoas assumem-se como músicos eseguem uma carreira, quer sejamconhecidas por 100 ou milhares depessoas. Por isso, defendo que se devetomar nas próprias mãos uma carreira,fazendo tudo o que é necessário paraa promover, arranjar espectáculos econseguir viver da música. As pessoasdevem pensar: vou realizar-meprofissionalmente quer toque toda a vidanuma determinada região ou tenhaconcertos em todo o mundo”.

Em criança sonhava com uma carreiraligada à dança. A música sempre estevepresente na sua vida. Aos 4 anoscomeçou a ter aulas de música, naEscola das Irmãs de Maria, na Gafanhada Nazaré. Com 12, entrou no Conser-vatório de Música de Aveiro. Enquantoconcluía o ensino secundário, terminouo conservatório e aos 19 anos entrouno curso de composição clássica.“Naquela altura, a voz para mim nãopassava de um hobbie. Só quando fuiestudar para a UA é que assumiu umpapel mais importante. Comecei aconsiderá-la como um instrumento. Foientão que iniciei o estudo da técnicavocal e, ao mesmo tempo, me interesseipelo Jazz”.

Anos antes, com 14/15 anos, Jacintachegou mesmo a querer deixar deestudar para se tornar uma cantora deblues. “Lembro-me de dizer que tambémgostava de jazz, mas não sabia muitobem o que era. Havia alguma coisa nosom que me atraía mas nem músicosde jazz conhecia. Só aos 18 anoscomecei a conhecer as grandes cantorasde jazz, como Sarah Vaughan, EllaFiztgerald e Billie Holiday, que são asminhas divas favoritas”.

Jacinta chegou a fazer parte de umgrupo de rock progressivo, mas foi aparticipação no programa de televisãoChuva de Estrelas, que lhe serviu deverdadeiro trampolim para o jazz. “Tinha22 anos e, no Chuva de Estrelas,descobri o meu potencial como cantorade jazz. Por outro lado, músicos e pro-motores de concertos que me ouviramno programa passaram a contratar-mecomo cantora de jazz. De um momentopara o outro comecei a ter dinheiro parapoder contratar músicos profissionais eactuar. Foi o pontapé de saída que meobrigou a entrar profundamente no jazz».

Terminado o curso na Universidade deAveiro, Jacinta mudou-se de armas ebagagens para Nova Iorque para seguiro conselho dado pelo Prof. João PedroOliveira no primeiro dia de aulas na UA– fazer mestrado na Manhattan School

Cantora de Jazz

Depois de ter vivido alguns anos em Nova Iorque e em S. Francisco, nos

Estados Unidos, onde regularmente actuava em restaurantes de cinco

estrelas, Jacinta, 33 anos, natural da Gafanha da Nazaré, regressou a

Portugal no início de 2004.

Licenciou-se, em 1995, na Universidade de Aveiro em Ensino de Música

(área específica de composição) e em 1997 partiu para Nova Iorque para

fazer mestrado em Jazz Vocal – performance. O seu primeiro CD – Um

tributo a Bessie Smith – foi lançado há um ano em Portugal, com a

chancela da Blue Note – a maior companhia de jazz do mundo – mas o

sucesso que atingiu já o fez sair na Suiça, Alemanha e Espanha.

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Jacinta

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Page 38: Revista Linhas 02

Aprender ciências desde cedo

UA cria

cultura científicaalternativas para promover

– E o sal, de onde vem o sal?– O sal vem do mar.– Só do mar?– Não, dos rios.– Os rios também dão sal?– …– Não. Há o sal do mar, que é extraídoda água do mar, e há uma rocha que sechama sal-gema da qual também sepode extrair o sal.

Aparentemente, o diálogo parece retiradode uma aula normal. Mas não é! É umaaula muito especial sobre objectos emateriais, cuja particularidade é ser“assistida” por alguns recursos didácticosdesenvolvidos na Universidade de Aveiro.Falamos de um conjunto de Kits didác-ticos que têm vindo a ser concebidos eproduzidos no âmbito de um Projectode Investigação do Departamento deDidáctica e Tecnologia Educativa da UA(DDTE), envolvendo alunos finalistas daLicenciatura em Ensino Básico - 1º ciclona disciplina de Seminário, com o intuitoprincipal de melhorar e criar alternativaspara uma educação em ciências quepromova a cultura científica das crianças,logo no primeiro contacto com a escola.“Há uma consciência crescente na nossasociedade de que a cultura científica dopúblico em geral é baixa e que a educa-ção em ciência e para a ciência tem quecomeçar nos primeiros anos”, refere aProf. Doutora Isabel Martins, coordena-dora da área de Didáctica das Ciênciaspara os primeiros anos e responsávelpelo Laboratório Aberto de Educaçãoem Ciências do Departamento deDidáctica e Tecnologia Educativa da UA,onde o Projecto de Investigação sedesenvolve.

Nesta matéria, acrescenta a docente,“a escola tem um papel importantíssimono desenvolvimento de metodologias,abordagens e estratégias que promovamessa cultura científica, pelo que é neces-sário investir na formação de professorese na produção de recursos didácticosque lhes sejam úteis para trabalhar comas crianças”.Embora sejam as crianças dos seis aosdez anos as destinatárias, por excelência,

deste projecto e dos recursos didácticosnele produzidos, para que possam delesbeneficiar é indispensável que os profes-sores a eles acedam e os compreendamde modo a poderem explorá-los. Comoexplicou a Professora, “uma criança nãoacede ao recurso por ela; só tem acessoa ele se o professor destinar utilizá-locom o seu grupo. Por isso, ele tem queconhecer o recurso e conhecer formasde o explorar, consoante o nível deescolaridade, o desenvolvimentocognitivo das crianças, as aprendizagense as experiências anteriores; daí a impor-tância de trabalhar sobre a concepçãode recursos didácticos na formação deprofessores do 1º Ciclo do EB”.

Perspectiva humanista da ciênciaMas porque não basta ter conhecimento,“visto que ele tem que se traduzir emalgo com valor para se saber ser e estarcomo indivíduo, para compreender oque nos rodeia e até saber tomar posi-ção sobre algumas situações”, comofez questão de salientar a entrevistada,o projecto não se resume a um objectivode instrução. Trata-se, antes, de umprojecto de produção de recursosdidácticos que permitam proporcionaraprendizagens com valor educativo. Naspalavras da coordenadora da equipa,«as nossas propostas didácticas incluemdimensões de educação em ciência,educação sobre ciência e educaçãoatravés da ciência. Pretendemos daruma perspectiva humanista da ciênciae da sua importância”.

Mais do que isto, este projecto pretende“dar à escola e à educação em ciêncianos primeiros anos uma perspectivainovadora, a noção de que a ciênciatem a ver com o mundo que nos cerca,fornecendo também aos docentes umavia alternativa para explorar temaspertinentes do ponto de vista educativoe social”. Foi esta a razão pela qual seescolheu como tema os Materiais eObjectos.“Tudo o que utilizamos são objectos etodos os objectos são feitos de um ouvários materiais. Tivemos a preocupaçãode nos centrarmos na realidade em quenos inserimos e de mostrar que através

da Ciência é possível compreendermelhor uma parte dessa realidade.Optamos, assim, por determinadosmateriais e debruçamo-nos então sobrepropriedades macroscópicas dessesmateriais”, elucidou a Prof. DoutoraIsabel Martins.

Com início há cinco anos, este projectoconta já vários Kits didácticos sobre aorigem dos materiais, suas propriedades,diferença entre materiais e objectos e,finalmente, classes de materiaisespecíficos, nomeadamente plásticos,fibras têxteis, metais e ligas metálicas.

Criatividade e Originalidade aprovamKits com distinçãoPara a concepção destes recursos énecessário conjugar criatividade e origi-nalidade já que se pretende produzir algoque ainda não existe e, ao mesmo tempo,garantir que tal é adequado às criançasdesse nível etário. Para isso é de grandeimportância a fase de validação quedecorre sempre em escolas e comcrianças, a partir da qual se infere a suaadequabilidade e/ou se introduzemalterações no conteúdo ou na exploração.

No contacto que os professores e ascrianças têm tido com estes Kits, querdurante os Dias Abertos e as SemanasAbertas da Ciência e Tecnologia na pró-pria UA, quer através do empréstimo àsescolas, é evidente um grau deentusiasmo elevado em professores ealunos, podendo considerar-se que otrabalho do grupo de investigação jápassou com distinção nas provas práticas.

Únicos no seu género, têm sido bastanteelogiados também por investigadoresestrangeiros, nomeadamente em con-gressos internacionais. Por enquanto, sãoproduzidos pela equipa da UA, em exem-plar único, mas a sua duplicação e a suacomercialização não está posta de parte.E lá inovadores são eles, não só pelostemas que abordam mas também pelaforma de explorar esses temas e pelofeedback apresentado pelas crianças.De resto, as perguntas não se esgotame a curiosidade dos pequenos pareceaguçar-se, à medida que o espírito

científico lhes molda a personalidade.Deixemos, pois, a aula continuar…–…E o que é que vocês estão a observar?– O tecido está a enrolar.– Muito bem. Isso quer dizer que estetecido é de origem artificial. Se elequeimasse era de origem natural…

Rui Neves, 7 anos

Escola EB1 do Seixo, Válega

Eu gostei muito de vir aqui. Aprendi a fazer experiên-

cias com os materiais dos objectos. Conheci alguns

materiais novos, como o sisal, o cobre e a estearina

e também aprendi donde vêm estes materiais e o

que é que podemos fazer com eles.

Nós apalpávamos uma bola e depois sem ver a bola

tínhamos que adivinhar de que material é que ela

era. Depois a Professora disse-nos o nome do

material e donde ele vinha e porque era diferente

dos outros.

Catarina, 8 anos e Helena, 7 anos

Escola EB1 do Seixo, Válega

Hoje aprendemos os tipos de tecidos; se eram de

origem animal, vegetal ou artificial. Estivemos a falar

da lã, da seda, do algodão, do linho, da licra, do

poliéster. Nós já os conhecíamos, só o poliéster é

que não. Aprendemos que podem ser de origem

natural, artificial, sintética, animal, vegetal…

Descobrimos ainda como são feitos os tecidos

através do papel que vem com a roupa: as etiquetas.

A professora também fez uma experiência para

descobrir qual é o tecido sem vermos na etiqueta.

Queimou o tecido com um isqueiro ou com uma

vela. Os tecidos que enrolaram eram artificiais e os

que queimaram eram de origem natural.

Equipa de investigação

Isabel P. Martins (Responsável)

Maria Fernanda Couceiro

Ana V. Rodrigues

Despertar crianças do 1º Ciclo e em idade pré-escolar para

a ciência não é ainda uma tarefa comum. Principalmente se

tivermos em conta os recursos disponíveis.

O Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da

UA, não alheio a esse facto, vem desenvolvendo um conjunto

de Kits didácticos que têm conseguido prender a atenção

dos mais novos. Colocados à prova junto dos especialistas

mais exigentes, o entusiasmo é notório e não deixa margens

para dúvidas: “é muito mais divertido aprender assim”.

outubro ‘04Linhas projecto kits didácticos3736

Page 39: Revista Linhas 02

Aprender ciências desde cedo

UA cria

cultura científicaalternativas para promover

– E o sal, de onde vem o sal?– O sal vem do mar.– Só do mar?– Não, dos rios.– Os rios também dão sal?– …– Não. Há o sal do mar, que é extraídoda água do mar, e há uma rocha que sechama sal-gema da qual também sepode extrair o sal.

Aparentemente, o diálogo parece retiradode uma aula normal. Mas não é! É umaaula muito especial sobre objectos emateriais, cuja particularidade é ser“assistida” por alguns recursos didácticosdesenvolvidos na Universidade de Aveiro.Falamos de um conjunto de Kits didác-ticos que têm vindo a ser concebidos eproduzidos no âmbito de um Projectode Investigação do Departamento deDidáctica e Tecnologia Educativa da UA(DDTE), envolvendo alunos finalistas daLicenciatura em Ensino Básico - 1º ciclona disciplina de Seminário, com o intuitoprincipal de melhorar e criar alternativaspara uma educação em ciências quepromova a cultura científica das crianças,logo no primeiro contacto com a escola.“Há uma consciência crescente na nossasociedade de que a cultura científica dopúblico em geral é baixa e que a educa-ção em ciência e para a ciência tem quecomeçar nos primeiros anos”, refere aProf. Doutora Isabel Martins, coordena-dora da área de Didáctica das Ciênciaspara os primeiros anos e responsávelpelo Laboratório Aberto de Educaçãoem Ciências do Departamento deDidáctica e Tecnologia Educativa da UA,onde o Projecto de Investigação sedesenvolve.

Nesta matéria, acrescenta a docente,“a escola tem um papel importantíssimono desenvolvimento de metodologias,abordagens e estratégias que promovamessa cultura científica, pelo que é neces-sário investir na formação de professorese na produção de recursos didácticosque lhes sejam úteis para trabalhar comas crianças”.Embora sejam as crianças dos seis aosdez anos as destinatárias, por excelência,

deste projecto e dos recursos didácticosnele produzidos, para que possam delesbeneficiar é indispensável que os profes-sores a eles acedam e os compreendamde modo a poderem explorá-los. Comoexplicou a Professora, “uma criança nãoacede ao recurso por ela; só tem acessoa ele se o professor destinar utilizá-locom o seu grupo. Por isso, ele tem queconhecer o recurso e conhecer formasde o explorar, consoante o nível deescolaridade, o desenvolvimentocognitivo das crianças, as aprendizagense as experiências anteriores; daí a impor-tância de trabalhar sobre a concepçãode recursos didácticos na formação deprofessores do 1º Ciclo do EB”.

Perspectiva humanista da ciênciaMas porque não basta ter conhecimento,“visto que ele tem que se traduzir emalgo com valor para se saber ser e estarcomo indivíduo, para compreender oque nos rodeia e até saber tomar posi-ção sobre algumas situações”, comofez questão de salientar a entrevistada,o projecto não se resume a um objectivode instrução. Trata-se, antes, de umprojecto de produção de recursosdidácticos que permitam proporcionaraprendizagens com valor educativo. Naspalavras da coordenadora da equipa,«as nossas propostas didácticas incluemdimensões de educação em ciência,educação sobre ciência e educaçãoatravés da ciência. Pretendemos daruma perspectiva humanista da ciênciae da sua importância”.

Mais do que isto, este projecto pretende“dar à escola e à educação em ciêncianos primeiros anos uma perspectivainovadora, a noção de que a ciênciatem a ver com o mundo que nos cerca,fornecendo também aos docentes umavia alternativa para explorar temaspertinentes do ponto de vista educativoe social”. Foi esta a razão pela qual seescolheu como tema os Materiais eObjectos.“Tudo o que utilizamos são objectos etodos os objectos são feitos de um ouvários materiais. Tivemos a preocupaçãode nos centrarmos na realidade em quenos inserimos e de mostrar que através

da Ciência é possível compreendermelhor uma parte dessa realidade.Optamos, assim, por determinadosmateriais e debruçamo-nos então sobrepropriedades macroscópicas dessesmateriais”, elucidou a Prof. DoutoraIsabel Martins.

Com início há cinco anos, este projectoconta já vários Kits didácticos sobre aorigem dos materiais, suas propriedades,diferença entre materiais e objectos e,finalmente, classes de materiaisespecíficos, nomeadamente plásticos,fibras têxteis, metais e ligas metálicas.

Criatividade e Originalidade aprovamKits com distinçãoPara a concepção destes recursos énecessário conjugar criatividade e origi-nalidade já que se pretende produzir algoque ainda não existe e, ao mesmo tempo,garantir que tal é adequado às criançasdesse nível etário. Para isso é de grandeimportância a fase de validação quedecorre sempre em escolas e comcrianças, a partir da qual se infere a suaadequabilidade e/ou se introduzemalterações no conteúdo ou na exploração.

No contacto que os professores e ascrianças têm tido com estes Kits, querdurante os Dias Abertos e as SemanasAbertas da Ciência e Tecnologia na pró-pria UA, quer através do empréstimo àsescolas, é evidente um grau deentusiasmo elevado em professores ealunos, podendo considerar-se que otrabalho do grupo de investigação jápassou com distinção nas provas práticas.

Únicos no seu género, têm sido bastanteelogiados também por investigadoresestrangeiros, nomeadamente em con-gressos internacionais. Por enquanto, sãoproduzidos pela equipa da UA, em exem-plar único, mas a sua duplicação e a suacomercialização não está posta de parte.E lá inovadores são eles, não só pelostemas que abordam mas também pelaforma de explorar esses temas e pelofeedback apresentado pelas crianças.De resto, as perguntas não se esgotame a curiosidade dos pequenos pareceaguçar-se, à medida que o espírito

científico lhes molda a personalidade.Deixemos, pois, a aula continuar…–…E o que é que vocês estão a observar?– O tecido está a enrolar.– Muito bem. Isso quer dizer que estetecido é de origem artificial. Se elequeimasse era de origem natural…

Rui Neves, 7 anos

Escola EB1 do Seixo, Válega

Eu gostei muito de vir aqui. Aprendi a fazer experiên-

cias com os materiais dos objectos. Conheci alguns

materiais novos, como o sisal, o cobre e a estearina

e também aprendi donde vêm estes materiais e o

que é que podemos fazer com eles.

Nós apalpávamos uma bola e depois sem ver a bola

tínhamos que adivinhar de que material é que ela

era. Depois a Professora disse-nos o nome do

material e donde ele vinha e porque era diferente

dos outros.

Catarina, 8 anos e Helena, 7 anos

Escola EB1 do Seixo, Válega

Hoje aprendemos os tipos de tecidos; se eram de

origem animal, vegetal ou artificial. Estivemos a falar

da lã, da seda, do algodão, do linho, da licra, do

poliéster. Nós já os conhecíamos, só o poliéster é

que não. Aprendemos que podem ser de origem

natural, artificial, sintética, animal, vegetal…

Descobrimos ainda como são feitos os tecidos

através do papel que vem com a roupa: as etiquetas.

A professora também fez uma experiência para

descobrir qual é o tecido sem vermos na etiqueta.

Queimou o tecido com um isqueiro ou com uma

vela. Os tecidos que enrolaram eram artificiais e os

que queimaram eram de origem natural.

Equipa de investigação

Isabel P. Martins (Responsável)

Maria Fernanda Couceiro

Ana V. Rodrigues

Despertar crianças do 1º Ciclo e em idade pré-escolar para

a ciência não é ainda uma tarefa comum. Principalmente se

tivermos em conta os recursos disponíveis.

O Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da

UA, não alheio a esse facto, vem desenvolvendo um conjunto

de Kits didácticos que têm conseguido prender a atenção

dos mais novos. Colocados à prova junto dos especialistas

mais exigentes, o entusiasmo é notório e não deixa margens

para dúvidas: “é muito mais divertido aprender assim”.

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Page 40: Revista Linhas 02

riaOs responsáveis pelo Laboratório deIctiologia, Pescas e Aquicultura doDepartamento de Biologia da UA (LIPA)estão apreensivos quanto ao futuro doequilíbrio ecológico da Ria de Aveiro.Estudos realizados desde 1999, e agoraem fase de conclusão, apontam para aexistência de uma captura anual depescado três vezes superior à capaci-dade produtiva desta bacia lagunar.Como explica o Prof. Doutor JoséEduardo Rebelo, coordenador da equipado LIPA, “entendendo-se por produtivi-dade, no caso dos peixes, a capacidadeque um sistema ecológico tem de gerardeterminado peso desses mesmospeixes por unidade de tempo, aquiloque se pesca durante esse período,suponhamos um ano, não deve excederaquilo que esse sistema tem capacidadede produzir. De outro modo, assistiremosao longo do tempo à diminuição dosrecursos e, num prazo mais ou menoscurto, a uma mais que provável extinçãodas espécies sujeitas a sobrepesca”.

Desde a 1ª República, quando em 1915foi publicado o “Relatório Oficial doRegulamento da Ria”, de autoria deAugusto Nobre, Jaime Afreixo e JorgeMacedo, que viria a originar o “Regula-

mento de Pescas e Apanha de Moliçoda Ria de Aveiro”, que a laguna não temtido a devida atenção por parte das insti-tuições governamentais que a gerem,particularmente no que diz respeito à ava-liação e controlo dos recursos de pesca.

De facto, foi a falta de números oficiaisrigorosos sobre a quantidade de peixecapturada por ano na laguna que levouos cientistas a vestir a pele de detective,já que “para fazer avaliações precisas énecessário ter dados estatísticos seguros;de contrário temos que ir por outroscaminhos”. Foi o que o LIPA fez, comocontou o Professor. “Apostámos emestudos de produtividade, complemen-tados por inquéritos feitos directamenteaos pescadores, os quais, aliás, nosrevelaram aspectos surpreendentes”.

E, embora os dados provenientes dosinquéritos devam ser tomados comnatural precaução, dada a escassez deinformação-base, como admitiu o respon-sável, há, no entanto, algumas conclusõesque não deixam dúvidas, sendo a maispreocupante a já referida disparidadeentre o volume de pesca e a capacidadeprodutiva do espaço aquífero. “A Ria deAveiro produz cerca de 100 toneladas de

peixe por ano. Segundo os nossos cálcu-los são pescadas, no mesmo período,cerca de 300 toneladas; ou seja, o triplodo que a laguna produz”.

Intensa pesca desportivaDesde tempos remotos que a pesca seassumiu como um dos pilares de susten-tação económica das populações dabeira ria, à semelhança das marinhas desal, muitas delas agora convertidas empropriedades de aquicultura. No entanto,o LIPA constatou, com surpresa, que,actualmente, a pesca comercial na Riade Aveiro não é tão representativa comoa pesca desportiva, que excede em muitoa primeira. “Com a quantidade deembarcações de recreio que existem naRia e com o número de marinas construí-das recentemente, e com tendência paraaumentar, assistimos a um crescimentodesmesurado e descontrolado do usoda Ria. Presume-se que das 7500embarcações de recreio registadas umagrande parte seja utilizada para recreio,onde se inclui maioritariamente a pescadesportiva. Para além destas embarca-ções, teremos ainda que considerar osocasionais botes insufláveis e pesca feitadirectamente da margem”, asseverou oProf. José Eduardo Rebelo.

A título de agravante, registe-se outroaspecto muito particular que tambémdeve ser tido em consideração. Asespécies que são alvo da pesca, tantodesportiva como comercial, utilizam aRia apenas na sua fase juvenil, ou seja,antes de se reproduzirem uma vez sequer.Com a captura intensiva e descontroladadesses exemplares, corre-se o risco deultrapassar a taxa mínima de sustenta-bilidade das espécies.

Uma lei sem aplicabilidadeA Ria de Aveiro é um ecossistema dis-perso por 47 km2, com zonas de pescadisseminadas de norte ao sul, o quedificulta sobremaneira uma fiscalizaçãoeficaz das actividades piscatórias. Emboraexista a Docapesca, esta não tem meiossuficientes para fiscalizar e controlar todaa extensão da Ria, de forma a ficar asaber o que é exactamente pescado,seja quantitativamente seja qualitativa-mente, estimando-se que lá seja desem-barcado apenas entre 3 a 5 por centodo pescado. A esta facilidade de fuga,junta-se uma legislação que peca pelafalta de contextualização específica,quando a Ria de Aveiro é, sem dúvida,um caso sui-generis no panoramahidrográfico nacional e internacional.A verdade é que existe legislação,aprovada em 1992, que regula a pescana Ria de Aveiro e que proíbe a pescade juvenis, mas, como refere o Prof. JoséEduardo Rebelo, “se esta lei fosseaplicada, terminava a pesca na Ria deAveiro, já que a maior parte dasespécies, com particular destaque paraas de interesse comercial, só frequentaa Ria de Aveiro na sua fase juvenil”.

Devido a esta inaplicabilidade da Lei,nada mais resta aos pescadores senãoignorá-la, atitude que até o próprioprofessor é obrigado a aceitar, uma vezque, explica, “são leis e iniciativas feitasde fora para dentro sem ter em conside-ração as especificidades da Ria e dointeresse das populações. A principalregulamentação em vigor resulta de umatransposição da legislação comunitáriapara a Ria de Aveiro sem ter em contaas suas características próprias.

No entanto, é urgente colocar algumasrestrições para bem deste ecossistema”.Fica o alerta!

LIPA: cinco anos a pesquisar na Ria de Aveiro

O Laboratório de Ictiologia, Pescas e Aquicultura

do Departamento de Biologia da UA nasceu há

cinco anos, sob orientação do Prof. Doutor José

Eduardo Rebelo, com o objectivo de estudar os

peixes da Ria de Aveiro nas suas várias vertentes:

produtividade, ciclo de vida, inventariação,

desenvolvimento, biodiversidade e a evolução dessa

biodiversidade ao longo do século XX.

Abarcando as áreas da ictiologia, pescas e

aquicultura, vários têm sido os estudos desenvol-

vidos pelo LIPA, que lhe permitem, actualmente,

apresentar um conjunto de relevantes informações

sobre uma das mais belas bacias lagunares do

litoral português.

“Temos muito conhecimento científico sistematizado

e fundamental sobre as espécies da Ria de Aveiro,

que nos permitem fazer ligações de carácter prático

à pesca e à aquicultura”, salientou o Prof. Doutor

José Eduardo Rebelo, coordenador do Laboratório,

explicando que “estudámos a ecologia, a idade e

o crescimento dos peixes, a biodiversidade, os

seus predadores e de que se alimentam, as doenças

e os parasitas que algumas espécies podem

apresentar e, ainda, a influência que os predadores

podem ter nesta diversidade de peixes. A partir daí,

ficámos com um conhecimento-base bastante

substancial para avançarmos noutros aspectos

como, por exemplo, a sua aplicação”.

Calcular a produtividade da Ria de Aveiro, determinar

a idade dos peixes ou avaliar a importância dos

chocos para os peixes da Ria de Aveiro são apenas

algumas das diversas investigações que têm ocupado

os biólogos da UA que têm procurado, assim,

encontrar respostas para alguns dos problemas mais

pertinentes que assolam a laguna, como por exemplo

a toxicidade das espécies da Ria de Aveiro. “Há

cerca de dois anos, fizemos estudos em relação ao

nível de mercúrio no robalo, uma das espécies mais

importantes e mais abundantes na Ria de Aveiro.

Verificámos que no Largo do Laranjo os níveis

registados eram significativamente superiores aos

verificados na restante área da laguna. No entanto,

esses valores encontravam-se abaixo dos níveis

aceites pela legislação da União Europeia. Este foi

um estudo de nossa livre e espontânea vontade,

embora na altura se falasse muito no assunto”, referiu

o investigador.

sem braços para tanto pescadorPesca descontrolada ameaça recursos piscícolas

Pela boca morre o peixe! No caso da Ria de Aveiro, é precisamente o excesso

de pesca desportiva e comercial ao longo dos anos que tem levado a que o

volume do pescado seja, anualmente, três vezes superior à capacidade

produtiva da laguna.

Se a isto se juntar a falta de dados estatísticos e a fraca fiscalização sobre a

pesca em geral e a ausência de avaliação e controlo dos recursos pelas entidades

que supervisionam a laguna, será alarmismo considerar que a biodiversidade da

Ria esteja em risco? O Laboratório de Ictiologia, Pescas e Aquicultura do

Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro dá-lhe a resposta.

Todavia, a toxicidade não tem sido a única

preocupação do LIPA. A aquicultura da região de

Aveiro tem estado também em observação, até

porque como referiu o responsável “é importante

determinar as consequências que este tipo de cultura

tem para a Ria, já que são zonas de grande

concentração de peixe, sem grande movimento, na

qual acumula bastantes resíduos das rações e dos

próprios dejectos dos peixes que depois são

arrastados para a Ria”, alertou o investigador,

salientando ainda que “temos de saber se isso é

poluente antes de resolvermos entrar em massa

nesta cultura”.

No entanto, o LIPA, embora ocupado actualmente

com esta questão, está disponível para realizar outros

estudos que possam contribuir para a preservação

de um ecossistema tão único quanto frágil. Como

o Professor fez questão de referir, “a Ria de Aveiro

é o nosso laboratório de investigação e o LIPA estará

interessado em aprofundar qualquer questão que a

envolva e que possa contribuir para um conhecimento

aprofundado da sua realidade. Só desta forma

poderemos perspectivar uma gestão sustentada dos

seus recursos”.

ficha técnica

Investigador Responsável

José Eduardo Rebelo

Equipa de Investigação

José Eduardo Rebelo

Lúcia Pombo

Sónia Guiomar

Elisabete Soares

Carla Lopes

Sandra Guedes.

Entidades Parceiras

Universidade do Algarve

Universidade do Porto

University of Hull (UK)

Université des Antilles et de la Guyane (França)

Aquacria

outubro ‘04Linhas projecto do lipa3938

Page 41: Revista Linhas 02

riaOs responsáveis pelo Laboratório deIctiologia, Pescas e Aquicultura doDepartamento de Biologia da UA (LIPA)estão apreensivos quanto ao futuro doequilíbrio ecológico da Ria de Aveiro.Estudos realizados desde 1999, e agoraem fase de conclusão, apontam para aexistência de uma captura anual depescado três vezes superior à capaci-dade produtiva desta bacia lagunar.Como explica o Prof. Doutor JoséEduardo Rebelo, coordenador da equipado LIPA, “entendendo-se por produtivi-dade, no caso dos peixes, a capacidadeque um sistema ecológico tem de gerardeterminado peso desses mesmospeixes por unidade de tempo, aquiloque se pesca durante esse período,suponhamos um ano, não deve excederaquilo que esse sistema tem capacidadede produzir. De outro modo, assistiremosao longo do tempo à diminuição dosrecursos e, num prazo mais ou menoscurto, a uma mais que provável extinçãodas espécies sujeitas a sobrepesca”.

Desde a 1ª República, quando em 1915foi publicado o “Relatório Oficial doRegulamento da Ria”, de autoria deAugusto Nobre, Jaime Afreixo e JorgeMacedo, que viria a originar o “Regula-

mento de Pescas e Apanha de Moliçoda Ria de Aveiro”, que a laguna não temtido a devida atenção por parte das insti-tuições governamentais que a gerem,particularmente no que diz respeito à ava-liação e controlo dos recursos de pesca.

De facto, foi a falta de números oficiaisrigorosos sobre a quantidade de peixecapturada por ano na laguna que levouos cientistas a vestir a pele de detective,já que “para fazer avaliações precisas énecessário ter dados estatísticos seguros;de contrário temos que ir por outroscaminhos”. Foi o que o LIPA fez, comocontou o Professor. “Apostámos emestudos de produtividade, complemen-tados por inquéritos feitos directamenteaos pescadores, os quais, aliás, nosrevelaram aspectos surpreendentes”.

E, embora os dados provenientes dosinquéritos devam ser tomados comnatural precaução, dada a escassez deinformação-base, como admitiu o respon-sável, há, no entanto, algumas conclusõesque não deixam dúvidas, sendo a maispreocupante a já referida disparidadeentre o volume de pesca e a capacidadeprodutiva do espaço aquífero. “A Ria deAveiro produz cerca de 100 toneladas de

peixe por ano. Segundo os nossos cálcu-los são pescadas, no mesmo período,cerca de 300 toneladas; ou seja, o triplodo que a laguna produz”.

Intensa pesca desportivaDesde tempos remotos que a pesca seassumiu como um dos pilares de susten-tação económica das populações dabeira ria, à semelhança das marinhas desal, muitas delas agora convertidas empropriedades de aquicultura. No entanto,o LIPA constatou, com surpresa, que,actualmente, a pesca comercial na Riade Aveiro não é tão representativa comoa pesca desportiva, que excede em muitoa primeira. “Com a quantidade deembarcações de recreio que existem naRia e com o número de marinas construí-das recentemente, e com tendência paraaumentar, assistimos a um crescimentodesmesurado e descontrolado do usoda Ria. Presume-se que das 7500embarcações de recreio registadas umagrande parte seja utilizada para recreio,onde se inclui maioritariamente a pescadesportiva. Para além destas embarca-ções, teremos ainda que considerar osocasionais botes insufláveis e pesca feitadirectamente da margem”, asseverou oProf. José Eduardo Rebelo.

A título de agravante, registe-se outroaspecto muito particular que tambémdeve ser tido em consideração. Asespécies que são alvo da pesca, tantodesportiva como comercial, utilizam aRia apenas na sua fase juvenil, ou seja,antes de se reproduzirem uma vez sequer.Com a captura intensiva e descontroladadesses exemplares, corre-se o risco deultrapassar a taxa mínima de sustenta-bilidade das espécies.

Uma lei sem aplicabilidadeA Ria de Aveiro é um ecossistema dis-perso por 47 km2, com zonas de pescadisseminadas de norte ao sul, o quedificulta sobremaneira uma fiscalizaçãoeficaz das actividades piscatórias. Emboraexista a Docapesca, esta não tem meiossuficientes para fiscalizar e controlar todaa extensão da Ria, de forma a ficar asaber o que é exactamente pescado,seja quantitativamente seja qualitativa-mente, estimando-se que lá seja desem-barcado apenas entre 3 a 5 por centodo pescado. A esta facilidade de fuga,junta-se uma legislação que peca pelafalta de contextualização específica,quando a Ria de Aveiro é, sem dúvida,um caso sui-generis no panoramahidrográfico nacional e internacional.A verdade é que existe legislação,aprovada em 1992, que regula a pescana Ria de Aveiro e que proíbe a pescade juvenis, mas, como refere o Prof. JoséEduardo Rebelo, “se esta lei fosseaplicada, terminava a pesca na Ria deAveiro, já que a maior parte dasespécies, com particular destaque paraas de interesse comercial, só frequentaa Ria de Aveiro na sua fase juvenil”.

Devido a esta inaplicabilidade da Lei,nada mais resta aos pescadores senãoignorá-la, atitude que até o próprioprofessor é obrigado a aceitar, uma vezque, explica, “são leis e iniciativas feitasde fora para dentro sem ter em conside-ração as especificidades da Ria e dointeresse das populações. A principalregulamentação em vigor resulta de umatransposição da legislação comunitáriapara a Ria de Aveiro sem ter em contaas suas características próprias.

No entanto, é urgente colocar algumasrestrições para bem deste ecossistema”.Fica o alerta!

LIPA: cinco anos a pesquisar na Ria de Aveiro

O Laboratório de Ictiologia, Pescas e Aquicultura

do Departamento de Biologia da UA nasceu há

cinco anos, sob orientação do Prof. Doutor José

Eduardo Rebelo, com o objectivo de estudar os

peixes da Ria de Aveiro nas suas várias vertentes:

produtividade, ciclo de vida, inventariação,

desenvolvimento, biodiversidade e a evolução dessa

biodiversidade ao longo do século XX.

Abarcando as áreas da ictiologia, pescas e

aquicultura, vários têm sido os estudos desenvol-

vidos pelo LIPA, que lhe permitem, actualmente,

apresentar um conjunto de relevantes informações

sobre uma das mais belas bacias lagunares do

litoral português.

“Temos muito conhecimento científico sistematizado

e fundamental sobre as espécies da Ria de Aveiro,

que nos permitem fazer ligações de carácter prático

à pesca e à aquicultura”, salientou o Prof. Doutor

José Eduardo Rebelo, coordenador do Laboratório,

explicando que “estudámos a ecologia, a idade e

o crescimento dos peixes, a biodiversidade, os

seus predadores e de que se alimentam, as doenças

e os parasitas que algumas espécies podem

apresentar e, ainda, a influência que os predadores

podem ter nesta diversidade de peixes. A partir daí,

ficámos com um conhecimento-base bastante

substancial para avançarmos noutros aspectos

como, por exemplo, a sua aplicação”.

Calcular a produtividade da Ria de Aveiro, determinar

a idade dos peixes ou avaliar a importância dos

chocos para os peixes da Ria de Aveiro são apenas

algumas das diversas investigações que têm ocupado

os biólogos da UA que têm procurado, assim,

encontrar respostas para alguns dos problemas mais

pertinentes que assolam a laguna, como por exemplo

a toxicidade das espécies da Ria de Aveiro. “Há

cerca de dois anos, fizemos estudos em relação ao

nível de mercúrio no robalo, uma das espécies mais

importantes e mais abundantes na Ria de Aveiro.

Verificámos que no Largo do Laranjo os níveis

registados eram significativamente superiores aos

verificados na restante área da laguna. No entanto,

esses valores encontravam-se abaixo dos níveis

aceites pela legislação da União Europeia. Este foi

um estudo de nossa livre e espontânea vontade,

embora na altura se falasse muito no assunto”, referiu

o investigador.

sem braços para tanto pescadorPesca descontrolada ameaça recursos piscícolas

Pela boca morre o peixe! No caso da Ria de Aveiro, é precisamente o excesso

de pesca desportiva e comercial ao longo dos anos que tem levado a que o

volume do pescado seja, anualmente, três vezes superior à capacidade

produtiva da laguna.

Se a isto se juntar a falta de dados estatísticos e a fraca fiscalização sobre a

pesca em geral e a ausência de avaliação e controlo dos recursos pelas entidades

que supervisionam a laguna, será alarmismo considerar que a biodiversidade da

Ria esteja em risco? O Laboratório de Ictiologia, Pescas e Aquicultura do

Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro dá-lhe a resposta.

Todavia, a toxicidade não tem sido a única

preocupação do LIPA. A aquicultura da região de

Aveiro tem estado também em observação, até

porque como referiu o responsável “é importante

determinar as consequências que este tipo de cultura

tem para a Ria, já que são zonas de grande

concentração de peixe, sem grande movimento, na

qual acumula bastantes resíduos das rações e dos

próprios dejectos dos peixes que depois são

arrastados para a Ria”, alertou o investigador,

salientando ainda que “temos de saber se isso é

poluente antes de resolvermos entrar em massa

nesta cultura”.

No entanto, o LIPA, embora ocupado actualmente

com esta questão, está disponível para realizar outros

estudos que possam contribuir para a preservação

de um ecossistema tão único quanto frágil. Como

o Professor fez questão de referir, “a Ria de Aveiro

é o nosso laboratório de investigação e o LIPA estará

interessado em aprofundar qualquer questão que a

envolva e que possa contribuir para um conhecimento

aprofundado da sua realidade. Só desta forma

poderemos perspectivar uma gestão sustentada dos

seus recursos”.

ficha técnica

Investigador Responsável

José Eduardo Rebelo

Equipa de Investigação

José Eduardo Rebelo

Lúcia Pombo

Sónia Guiomar

Elisabete Soares

Carla Lopes

Sandra Guedes.

Entidades Parceiras

Universidade do Algarve

Universidade do Porto

University of Hull (UK)

Université des Antilles et de la Guyane (França)

Aquacria

outubro ‘04Linhas projecto do lipa3938

Page 42: Revista Linhas 02

instituto de

Criado, em 1994, com o objectivo depromover e dinamizar uma plataformade contacto e coordenação entre asUnidades de Investigação da UA,disponibilizando recursos para a concre-tização da sua política de investigação,o II integra actualmente 14 unidades deinvestigação e dois laboratóriosassociados em áreas tão diversas comoa biologia, ambiente, línguas, mecânica,educação, geociências, física, electrónicae telemática, matemática, química,comunicação e arte, planeamento doterritório e as telecomunicações.

O incremento da inovação, da qualidadee de uma cultura de excelência tem-seassumido como o principal desafiodesde a sua criação. Logo nos primeirosanos, era atribuída uma parte do valortotal do Orçamento de Estado para ainvestigação às unidades com melhoresíndices de desempenho e, em 1999,celebra-se um Contrato Programa entrea Reitoria da Universidade e o II, queestabelece um financiamento total decerca de 5 milhões de euros às unidadesde investigação para o triénio 1999/2001,que permitiu melhorar as suas infra--estruturas e reforçar os seus recursoshumanos.

Foi, segundo o Prof. Francisco Vaz,Presidente do Instituto de Investigação,“uma medida imprescindível para mantera qualidade na investigação. A prova

disso é que, depois das sucessivasavaliações externas promovidas pelaFundação para a Ciência e a Tecnologia,75% das unidades de investigação daUA têm sido classificadas com“Excelente” e “Muito Bom”, um valorclaramente acima da média nacionalque se fica pelos 50%. Estes resultadossão reconhecidos tanto a nível nacionalcomo internacional”.

Actualmente, a investigação continua aser uma preocupação e a grande apostada UA. Embora nos últimos anos asverbas do estado destinadas à investi-gação tenham reduzido, a Universidadede Aveiro tem procurado manter o apoioque vinha prestando com o financiamentode bolsas de estudo a doutorandos epós-doutorados e pretende, já no próximoano, reforçar os seus recursos humanos,promovendo a contratação de investiga-dores de “elevado mérito” reconhecidosno estrangeiro e que aceitem vir paraAveiro trabalhar em áreas específicas efulcrais para esta universidade.

“Não estamos a pensar trazer osvencedores dos prémios Nobel, mas siminvestigadores com alguma reputação,com um pós-doutoramento com sete adez anos e que tenham capacidade paraorganizar uma equipa e de trazer consigoum conjunto de projectos que permitamlançar uma área de investigação”,explicou o Presidente do Instituto.

Não descurando as outras áreas em quea UA desenvolve a sua investigação, aaposta incidirá nas de excelência comoa área das ciências de materiais, as tele-comunicações, o ambiente e a químicaorgânica. Como explicou o Prof. FranciscoVaz, “estas são as áreas onde vamosapostar, mas queremos investir tambémem áreas interdisciplinares como é o casoda saúde. Para nós apostar na saúde éapostar em investigação integrada, jáque envolve as ciências sociais, as tecno-logias e as telecomunicações aplicadas,a tele-medicina, as práticas clínicas, oapoio ao cidadão com deficiências, asquímicas farmacológicas, engenharia demateriais, o ambiente e muitas outras”.

Cinquenta a 70 mil euros por ano é oque custará à UA cada um destesinvestigadores, uma decisão arrojadanuma altura em que se verifica umaretracção estatal no apoio orçamentaldestinado à investigação, salientou odocente. “É um investimento que ficacaro. O apoio financeiro tem sido a nívelinterno e, tendo em conta os montantesque a UA retira do OE atribuído para ainvestigação, ela é talvez a únicauniversidade do país que está a aplicartanto dinheiro nessa área. Desde hácinco anos, com o lançamento doPrograma Ciência, que não há umgrande investimento em infra-estruturacientífica. Se queremos ser competitivostemos que investir”.

Unidades de Investigação

CBC – Centro de Biologia Celular

CESAM – Centro de Estudos do Ambiente

e do Mar

CLC – Centro de Línguas e Culturas

TEMA – Centro de Tecnologia Mecânica e Automação

DTFF – Centro de Didáctica e Tecnologia na

Formação de Formadores

CCPSF – Construção do Conhecimento Pedagógico

nos Sistemas de Formação

ELMAS – Evolução da Litosférica e do Meio

Ambiental de Superfície

FSCOSD – Física de Semicondutores em Camadas,

Optoelectrónica e Sistemas Desordenados

IEETA – Instituto de Engenharia Electrónica e

Telemática de Aveiro

MA – Matemática e Aplicações

MIA – Minerais Industriais e Argilas

QOPNA – Química Orgânica e de Produtos Naturais

e Agro-Alimentares

UniCA – Unidade de Investigação em

Comunicação e Arte

CEOC – Centro de Estudos em Optimização e

Controlo

Laboratórios Associados

CICECO – Centro de Investigação em Materiais

Cerâmicos e Compósitos

IT – Instituto de Telecomunicações – Pólo da UA

investigação da UADez anos a promover a qualidade e a excelência

outubro ‘04Linhas instituto de investigação da ua

A comemorar a sua primeira década de existência, o Instituto

de Investigação da UA (II) tem já um currículo invejável. Com

cerca de 75% das suas unidades classificadas com “Excelente”

e “Muito Bom”, um valor claramente acima da média nacional,

o Instituto de Investigação prepara-se agora para reforçar os

seus recursos humanos com a contratação de investigadores

de elevado mérito, nas áreas das ciências de materiais,

telecomunicações, ambiente e química orgânica.

4140

Page 43: Revista Linhas 02

instituto de

Criado, em 1994, com o objectivo depromover e dinamizar uma plataformade contacto e coordenação entre asUnidades de Investigação da UA,disponibilizando recursos para a concre-tização da sua política de investigação,o II integra actualmente 14 unidades deinvestigação e dois laboratóriosassociados em áreas tão diversas comoa biologia, ambiente, línguas, mecânica,educação, geociências, física, electrónicae telemática, matemática, química,comunicação e arte, planeamento doterritório e as telecomunicações.

O incremento da inovação, da qualidadee de uma cultura de excelência tem-seassumido como o principal desafiodesde a sua criação. Logo nos primeirosanos, era atribuída uma parte do valortotal do Orçamento de Estado para ainvestigação às unidades com melhoresíndices de desempenho e, em 1999,celebra-se um Contrato Programa entrea Reitoria da Universidade e o II, queestabelece um financiamento total decerca de 5 milhões de euros às unidadesde investigação para o triénio 1999/2001,que permitiu melhorar as suas infra--estruturas e reforçar os seus recursoshumanos.

Foi, segundo o Prof. Francisco Vaz,Presidente do Instituto de Investigação,“uma medida imprescindível para mantera qualidade na investigação. A prova

disso é que, depois das sucessivasavaliações externas promovidas pelaFundação para a Ciência e a Tecnologia,75% das unidades de investigação daUA têm sido classificadas com“Excelente” e “Muito Bom”, um valorclaramente acima da média nacionalque se fica pelos 50%. Estes resultadossão reconhecidos tanto a nível nacionalcomo internacional”.

Actualmente, a investigação continua aser uma preocupação e a grande apostada UA. Embora nos últimos anos asverbas do estado destinadas à investi-gação tenham reduzido, a Universidadede Aveiro tem procurado manter o apoioque vinha prestando com o financiamentode bolsas de estudo a doutorandos epós-doutorados e pretende, já no próximoano, reforçar os seus recursos humanos,promovendo a contratação de investiga-dores de “elevado mérito” reconhecidosno estrangeiro e que aceitem vir paraAveiro trabalhar em áreas específicas efulcrais para esta universidade.

“Não estamos a pensar trazer osvencedores dos prémios Nobel, mas siminvestigadores com alguma reputação,com um pós-doutoramento com sete adez anos e que tenham capacidade paraorganizar uma equipa e de trazer consigoum conjunto de projectos que permitamlançar uma área de investigação”,explicou o Presidente do Instituto.

Não descurando as outras áreas em quea UA desenvolve a sua investigação, aaposta incidirá nas de excelência comoa área das ciências de materiais, as tele-comunicações, o ambiente e a químicaorgânica. Como explicou o Prof. FranciscoVaz, “estas são as áreas onde vamosapostar, mas queremos investir tambémem áreas interdisciplinares como é o casoda saúde. Para nós apostar na saúde éapostar em investigação integrada, jáque envolve as ciências sociais, as tecno-logias e as telecomunicações aplicadas,a tele-medicina, as práticas clínicas, oapoio ao cidadão com deficiências, asquímicas farmacológicas, engenharia demateriais, o ambiente e muitas outras”.

Cinquenta a 70 mil euros por ano é oque custará à UA cada um destesinvestigadores, uma decisão arrojadanuma altura em que se verifica umaretracção estatal no apoio orçamentaldestinado à investigação, salientou odocente. “É um investimento que ficacaro. O apoio financeiro tem sido a nívelinterno e, tendo em conta os montantesque a UA retira do OE atribuído para ainvestigação, ela é talvez a únicauniversidade do país que está a aplicartanto dinheiro nessa área. Desde hácinco anos, com o lançamento doPrograma Ciência, que não há umgrande investimento em infra-estruturacientífica. Se queremos ser competitivostemos que investir”.

Unidades de Investigação

CBC – Centro de Biologia Celular

CESAM – Centro de Estudos do Ambiente

e do Mar

CLC – Centro de Línguas e Culturas

TEMA – Centro de Tecnologia Mecânica e Automação

DTFF – Centro de Didáctica e Tecnologia na

Formação de Formadores

CCPSF – Construção do Conhecimento Pedagógico

nos Sistemas de Formação

ELMAS – Evolução da Litosférica e do Meio

Ambiental de Superfície

FSCOSD – Física de Semicondutores em Camadas,

Optoelectrónica e Sistemas Desordenados

IEETA – Instituto de Engenharia Electrónica e

Telemática de Aveiro

MA – Matemática e Aplicações

MIA – Minerais Industriais e Argilas

QOPNA – Química Orgânica e de Produtos Naturais

e Agro-Alimentares

UniCA – Unidade de Investigação em

Comunicação e Arte

CEOC – Centro de Estudos em Optimização e

Controlo

Laboratórios Associados

CICECO – Centro de Investigação em Materiais

Cerâmicos e Compósitos

IT – Instituto de Telecomunicações – Pólo da UA

investigação da UADez anos a promover a qualidade e a excelência

outubro ‘04Linhas instituto de investigação da ua

A comemorar a sua primeira década de existência, o Instituto

de Investigação da UA (II) tem já um currículo invejável. Com

cerca de 75% das suas unidades classificadas com “Excelente”

e “Muito Bom”, um valor claramente acima da média nacional,

o Instituto de Investigação prepara-se agora para reforçar os

seus recursos humanos com a contratação de investigadores

de elevado mérito, nas áreas das ciências de materiais,

telecomunicações, ambiente e química orgânica.

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Page 44: Revista Linhas 02

vem desses tempos e a sua atribuiçãosurpreendeu o próprio homenageado.“Naquela altura, cada um dos alunos do3º ano de doutoramento tinha que fazerum colóquio em âmbito departamentalsobre o seu trabalho, cabendo ao melhorum prémio”, conta o professor e conti-nuando, “a decisão cabia aos docentesdo departamento e nesse ano o prémiofoi-me atribuído, o que me causoualguma surpresa, já que a maioria dosmeus colegas eram ingleses. Esseprémio consistiu em receber uma cartada Instituição alusiva ao facto e umanota de 5 libras”.

De regresso a Lourenço Marques oProfessor constata uma pequena maspromissora mudança de cenário. AUniversidade adquirira entretanto algummaterial e equipamento, o que tornariapossível a realização de algum trabalhode investigação. Mas a primavera deAbril acabou por ditar o seu regresso aPortugal, tendo iniciado o serviço militarobrigatório na “famosa” incorporaçãode Outubro de 74.Após uma permanência, por algunsmeses, no Quadro Geral de Adidos,tomou posse na Universidade de Aveiro,em Agosto de 1975, como ProfessorAuxiliar. Desde então tem participadona implementação e afirmação daUniversidade em várias das suasvertentes.

De docente e investigador a editorO ano de 1999 marca mais umsignificativo momento na carreira doProf. Doutor José Cavaleiro. Váriassociedades europeias de Química, coma Sociedade Portuguesa de Química aíincluída, decidiram terminar as suaspublicações científicas de índole nacionale, em substituição, criar em conjuntopublicações ditas europeias. O Prof.José Cavaleiro é, então, convidado paraintegrar o grupo de editores científicosde uma dessas novas e importantespublicações de cariz internacional, o“European Journal of Organic Chemistry”(EurJOC). O Prof. José Cavaleiroconfessa que aceitou com muito gosto,embora prevendo que isso lhe iria trazer

bastante trabalho. Tentou algumas vezesinformar os colegas portugueses dasvantagens de publicarem os seus bonstrabalhos de Química Orgânica nessarevista. Apesar de reconhecer que “odesenvolvimento da investigaçãoportuguesa de há quinze anos para cátem sido bastante significativo, noEurJOC isso ainda não é muito visíveldado o reduzido número de publicaçõesportuguesas que lá têm aparecido”.

Tem vindo a leccionar disciplinas da áreade Química Orgânica a cursos deLicenciatura e de Mestrado naUniversidade de Aveiro, actividade quevai mantendo a par da sua investigaçãosobre porfirinas, flavonoides ecompostos naturais. O Prof. Doutor JoséCavaleiro confidencia ser um apaixonadopela Química e não concebe a sua vidasem a envolvente científica. Relembraas dificuldades nos princípios daUniversidade de Aveiro e agora, com ascondições actuais, gostaria de “andarpor cá muito tempo”.

Porfirinas: os compostos vitais

Compostos de tipo porfirínico, geralmente na forma

de complexos metálicos, desempenham funções

vitais na Natureza (na respiração, fotossíntese,

destoxificação, etc). O reconhecimento de tal

significado biológico tem levado a que tais

compostos tenham sido alvo, sobretudo a partir da

segunda guerra mundial, de estudos intensivos

visando o estabelecimento de novas sínteses, o

esclarecimento dos modos de acção e catabolismo,

e particularmente a procura de potenciais

aplicações, medicinais e outras, para os mesmos.

A aplicação em medicina é estudada desde há

várias décadas. Tornou-se conhecido que alguns

compostos desse tipo, se forem injectados em

animais, poderão acumular-se preferencialmente

em determinadas zonas, sobretudo malignas. Assim

esses compostos, por serem fluorescentes, poderão

ser utilizados como marcadores na localização de

tumores. Além disso, sob acção de luz ou radiação

adequada e controlada, esses compostos podem

transformar o oxigénio normal, o que se respira,

numa outra espécie muito reactiva. Esta espécie

reactiva, gerada no local onde se concentra o

composto, isto é, nas células doentes, reagirá com

constituintes celulares, originando a destruição

dessas células. É a chamada terapia fotodinâmica

já em uso em muitos países no tratamento de muitos

tipos de cancros.

A Universidade de Aveiro, através do grupo de

Química Orgânica e Produtos Naturais, coordenado

pelo Prof. Doutor José Cavaleiro, tem estado

envolvida em projectos nacionais e internacionais

visando a síntese e avaliação biológica de muitos

compostos sintetizados no grupo. Uma outra

possível aplicação também em estudo considera

o uso de metalo-porfirinas como catalisadores em

transformações oxidativas com peróxido de

hidrogénio, um oxidante de eleição. Essas metalo-

porfirinas, segundo explicou o Professor, permitem

então “transformar qualquer composto natural,

abundante e com pouco valor, num outro mais

valioso. Na UA faz-se síntese química, isto é,

estudam-se as vias de preparação para novos

compostos. Estamos bem posicionados

relativamente às complexas tarefas de síntese, mas

para a avaliação biológica deparamo-nos com

algumas dificuldades, uma vez que isso terá que

ser feito através de estudos interdisciplinares.

Contudo algumas acções já desenvolvidas levaram-

nos a resultados muito bons que nos permitiram já

ter duas patentes registadas, uma sobre acção

virucida e a outra sobre acção fungicida de alguns

dos nossos compostos”. A realização desses

estudos interdisciplinares é uma questão com

alguma solução “intra-muros” no âmbito do

programa lançado recentemente pela UA na área

da Saúde. De facto, como avançou o investigador,

“está a ser desenvolvido um projecto, com a

colaboração dos Departamentos de Física e de

Biologia, para, numa acção integrada entre os três

departamentos, poderem vir a ser validados para

a área de diagnóstico alguns dos compostos que

estamos a preparar”.

Ingressa na carreira docente logo quetermina a sua Licenciatura em CiênciasFísico-Químicas na Universidade deCoimbra, iniciando-se como Assistenteno Laboratório de Química dessaUniversidade.Um ano depois parte para a Universi-dade de Lourenço Marques,acompanhando o Prof. Doutor Vitor P.Crespo, seu director departamentalnessa Universidade. Aí teve oportunidadede leccionar aulas práticas e teorico--práticas de disciplinas de várias áreasda Química. Também teve a seu cargoa regência teórica da disciplina QuímicaOrgânica, o que foi para si umaexperiência determinante para inserir osseus interesses científicos nessa área.

O seu primeiro prémio: 5 librasesterlinasA ligação à Universidade de LourençoMarques e uma bolsa da FundaçãoCalouste Gulbenkian foram as ajudasnecessárias para conhecer novasrealidades. Em Outubro de 1970 partiupara a Universidade de Liverpool àconquista de novos saberes. Aí trabalhouafincadamente, tendo, em Julho de1973, concluído o Doutoramento emQuímica Orgânica. O seu primeiro prémio

Um prémio que “recebo com grandesatisfação”, é como o Prof. Doutor JoséCavaleiro caracteriza este ponto alto doseu já longo trajecto profissional,entendendo-o como “o reconhecimentode todo o meu passado e de todo otrabalho que desempenhei até agora,e especialmente do levado a caboem Aveiro”.Instituído em 1981, pela SociedadePortuguesa de Química, o prémio“Ferreira da Silva” é concedido a umquímico português que, pela obracientífica produzida em Portugal, tenhacontribuído significativamente para oavanço da Química.

Efectivamente, foram cerca de trêsdécadas de dedicação e devoção aoensino e à ciência, a contribuir significa-tivamente para o avanço da QuímicaOrgânica, período esse que o homena-geado recorda com prazer.

Em anos já distantes, influenciado porum professor, o então jovem JoséCavaleiro cedo optou pelas ciências,iniciando um trajecto que, em 1965,faria dele o primeiro licenciado da suaaldeia natal - Meãs, no concelho deMontemor-o-Velho.

Graças ao seu empenho e à

obra científica produzida

enquanto docente e

investigador na Universidade

de Aveiro, o Prof. Doutor José

Cavaleiro, Professor

Catedrático no Departamento

de Química da UA, foi

recentemente distinguido pela

Sociedade Portuguesa de

Química, com o prémio de

carreira “Ferreira da Silva”. O

primeiro investigador da área

da Química Orgânica a

receber esta distinção.

Três décadas ao serviço da Química, na UA, reconhecidas com prémio

José Cavaleiro

outubro ‘04Linhas professor josé cavaleiro4342

Page 45: Revista Linhas 02

vem desses tempos e a sua atribuiçãosurpreendeu o próprio homenageado.“Naquela altura, cada um dos alunos do3º ano de doutoramento tinha que fazerum colóquio em âmbito departamentalsobre o seu trabalho, cabendo ao melhorum prémio”, conta o professor e conti-nuando, “a decisão cabia aos docentesdo departamento e nesse ano o prémiofoi-me atribuído, o que me causoualguma surpresa, já que a maioria dosmeus colegas eram ingleses. Esseprémio consistiu em receber uma cartada Instituição alusiva ao facto e umanota de 5 libras”.

De regresso a Lourenço Marques oProfessor constata uma pequena maspromissora mudança de cenário. AUniversidade adquirira entretanto algummaterial e equipamento, o que tornariapossível a realização de algum trabalhode investigação. Mas a primavera deAbril acabou por ditar o seu regresso aPortugal, tendo iniciado o serviço militarobrigatório na “famosa” incorporaçãode Outubro de 74.Após uma permanência, por algunsmeses, no Quadro Geral de Adidos,tomou posse na Universidade de Aveiro,em Agosto de 1975, como ProfessorAuxiliar. Desde então tem participadona implementação e afirmação daUniversidade em várias das suasvertentes.

De docente e investigador a editorO ano de 1999 marca mais umsignificativo momento na carreira doProf. Doutor José Cavaleiro. Váriassociedades europeias de Química, coma Sociedade Portuguesa de Química aíincluída, decidiram terminar as suaspublicações científicas de índole nacionale, em substituição, criar em conjuntopublicações ditas europeias. O Prof.José Cavaleiro é, então, convidado paraintegrar o grupo de editores científicosde uma dessas novas e importantespublicações de cariz internacional, o“European Journal of Organic Chemistry”(EurJOC). O Prof. José Cavaleiroconfessa que aceitou com muito gosto,embora prevendo que isso lhe iria trazer

bastante trabalho. Tentou algumas vezesinformar os colegas portugueses dasvantagens de publicarem os seus bonstrabalhos de Química Orgânica nessarevista. Apesar de reconhecer que “odesenvolvimento da investigaçãoportuguesa de há quinze anos para cátem sido bastante significativo, noEurJOC isso ainda não é muito visíveldado o reduzido número de publicaçõesportuguesas que lá têm aparecido”.

Tem vindo a leccionar disciplinas da áreade Química Orgânica a cursos deLicenciatura e de Mestrado naUniversidade de Aveiro, actividade quevai mantendo a par da sua investigaçãosobre porfirinas, flavonoides ecompostos naturais. O Prof. Doutor JoséCavaleiro confidencia ser um apaixonadopela Química e não concebe a sua vidasem a envolvente científica. Relembraas dificuldades nos princípios daUniversidade de Aveiro e agora, com ascondições actuais, gostaria de “andarpor cá muito tempo”.

Porfirinas: os compostos vitais

Compostos de tipo porfirínico, geralmente na forma

de complexos metálicos, desempenham funções

vitais na Natureza (na respiração, fotossíntese,

destoxificação, etc). O reconhecimento de tal

significado biológico tem levado a que tais

compostos tenham sido alvo, sobretudo a partir da

segunda guerra mundial, de estudos intensivos

visando o estabelecimento de novas sínteses, o

esclarecimento dos modos de acção e catabolismo,

e particularmente a procura de potenciais

aplicações, medicinais e outras, para os mesmos.

A aplicação em medicina é estudada desde há

várias décadas. Tornou-se conhecido que alguns

compostos desse tipo, se forem injectados em

animais, poderão acumular-se preferencialmente

em determinadas zonas, sobretudo malignas. Assim

esses compostos, por serem fluorescentes, poderão

ser utilizados como marcadores na localização de

tumores. Além disso, sob acção de luz ou radiação

adequada e controlada, esses compostos podem

transformar o oxigénio normal, o que se respira,

numa outra espécie muito reactiva. Esta espécie

reactiva, gerada no local onde se concentra o

composto, isto é, nas células doentes, reagirá com

constituintes celulares, originando a destruição

dessas células. É a chamada terapia fotodinâmica

já em uso em muitos países no tratamento de muitos

tipos de cancros.

A Universidade de Aveiro, através do grupo de

Química Orgânica e Produtos Naturais, coordenado

pelo Prof. Doutor José Cavaleiro, tem estado

envolvida em projectos nacionais e internacionais

visando a síntese e avaliação biológica de muitos

compostos sintetizados no grupo. Uma outra

possível aplicação também em estudo considera

o uso de metalo-porfirinas como catalisadores em

transformações oxidativas com peróxido de

hidrogénio, um oxidante de eleição. Essas metalo-

porfirinas, segundo explicou o Professor, permitem

então “transformar qualquer composto natural,

abundante e com pouco valor, num outro mais

valioso. Na UA faz-se síntese química, isto é,

estudam-se as vias de preparação para novos

compostos. Estamos bem posicionados

relativamente às complexas tarefas de síntese, mas

para a avaliação biológica deparamo-nos com

algumas dificuldades, uma vez que isso terá que

ser feito através de estudos interdisciplinares.

Contudo algumas acções já desenvolvidas levaram-

nos a resultados muito bons que nos permitiram já

ter duas patentes registadas, uma sobre acção

virucida e a outra sobre acção fungicida de alguns

dos nossos compostos”. A realização desses

estudos interdisciplinares é uma questão com

alguma solução “intra-muros” no âmbito do

programa lançado recentemente pela UA na área

da Saúde. De facto, como avançou o investigador,

“está a ser desenvolvido um projecto, com a

colaboração dos Departamentos de Física e de

Biologia, para, numa acção integrada entre os três

departamentos, poderem vir a ser validados para

a área de diagnóstico alguns dos compostos que

estamos a preparar”.

Ingressa na carreira docente logo quetermina a sua Licenciatura em CiênciasFísico-Químicas na Universidade deCoimbra, iniciando-se como Assistenteno Laboratório de Química dessaUniversidade.Um ano depois parte para a Universi-dade de Lourenço Marques,acompanhando o Prof. Doutor Vitor P.Crespo, seu director departamentalnessa Universidade. Aí teve oportunidadede leccionar aulas práticas e teorico--práticas de disciplinas de várias áreasda Química. Também teve a seu cargoa regência teórica da disciplina QuímicaOrgânica, o que foi para si umaexperiência determinante para inserir osseus interesses científicos nessa área.

O seu primeiro prémio: 5 librasesterlinasA ligação à Universidade de LourençoMarques e uma bolsa da FundaçãoCalouste Gulbenkian foram as ajudasnecessárias para conhecer novasrealidades. Em Outubro de 1970 partiupara a Universidade de Liverpool àconquista de novos saberes. Aí trabalhouafincadamente, tendo, em Julho de1973, concluído o Doutoramento emQuímica Orgânica. O seu primeiro prémio

Um prémio que “recebo com grandesatisfação”, é como o Prof. Doutor JoséCavaleiro caracteriza este ponto alto doseu já longo trajecto profissional,entendendo-o como “o reconhecimentode todo o meu passado e de todo otrabalho que desempenhei até agora,e especialmente do levado a caboem Aveiro”.Instituído em 1981, pela SociedadePortuguesa de Química, o prémio“Ferreira da Silva” é concedido a umquímico português que, pela obracientífica produzida em Portugal, tenhacontribuído significativamente para oavanço da Química.

Efectivamente, foram cerca de trêsdécadas de dedicação e devoção aoensino e à ciência, a contribuir significa-tivamente para o avanço da QuímicaOrgânica, período esse que o homena-geado recorda com prazer.

Em anos já distantes, influenciado porum professor, o então jovem JoséCavaleiro cedo optou pelas ciências,iniciando um trajecto que, em 1965,faria dele o primeiro licenciado da suaaldeia natal - Meãs, no concelho deMontemor-o-Velho.

Graças ao seu empenho e à

obra científica produzida

enquanto docente e

investigador na Universidade

de Aveiro, o Prof. Doutor José

Cavaleiro, Professor

Catedrático no Departamento

de Química da UA, foi

recentemente distinguido pela

Sociedade Portuguesa de

Química, com o prémio de

carreira “Ferreira da Silva”. O

primeiro investigador da área

da Química Orgânica a

receber esta distinção.

Três décadas ao serviço da Química, na UA, reconhecidas com prémio

José Cavaleiro

outubro ‘04Linhas professor josé cavaleiro4342

Page 46: Revista Linhas 02

Depois do sucesso com a abertura daLicenciatura em Línguas e RelaçõesEmpresariais, em 2001/2002, o Departa-mento de Línguas e Culturas avançoupara a proposta de criação de três novoscursos de Licenciatura: Línguas, Litera-turas e Culturas; Línguas e AdministraçãoEditorial; e Línguas e Tradução Especiali-zada. O Senado aprovou-os porunanimidade e o primeiro dos quatroanos destas licenciaturas arranca já esteano lectivo.

Se até há bem pouco tempo, o Departa-mento de Línguas e Culturas da UAestava exclusivamente orientado para aformação de licenciados em ensino delínguas, a saturação do mercado detrabalho nesta área e a consequentequebra de procura destes cursos, tornouimperiosa a obrigação de repensar aoferta de formação graduada do Departa-mento, criando-se condições para atrairnovas candidaturas. Desenharam-se,assim, cursos inovadores, com a intro-dução, nos planos de estudos, de novoscruzamentos de saberes. Mobilizaram--se e potenciaram-se os recursoshumanos da UA e definiu-se o maiornúmero possível de disciplinas comuns.

Línguas, Literaturas e CulturasPossibilitando uma saída alternativa paraos cursos de formação de professores,a licenciatura em Línguas, Literaturas eCulturas abriu com 30 vagas e vem criarespaço para as formações científicasespecíficas (literatura, cultura, linguísticae língua, das áreas de especialidade –Português, Inglês, Francês, Alemão,Latim e Grego), a que darão continuidadeos actuais cursos de pós-graduaçãonos diferentes ramos de estudo (Cursosde Formação Especializada e Mestradosem Estudos Portugueses, EstudosFranceses, Estudos Ingleses, EstudosAlemães, Estudos Clássicos).

Deve sublinhar-se, contudo, afirma oPresidente do Conselho Directivo doDepartamento de Línguas e Culturas,Prof. António José Miranda, que “aformação de professores de línguas nãoé interrompida, dado que esta nova

licenciatura mantém a formação baseque permitirá aos alunos, logo a partirdo 2º ano, obterem formação nas áreascientíficas opcionais de Ciências daEducação e de Didáctica e TecnologiaEducativa, e orientarem, assim, o seupercurso para a via ensino. Deste modo,a alteração, decorrente, em grandemedida, das orientações dos acordosde Bolonha, incide sobre o modelo, enão sobre a possibilidade e a vontadede continuar a formar professores”.

Línguas e Administração EditorialNo que diz respeito à licenciatura emLínguas e Administração Editorial, aprincipal preocupação foi preencher aslacunas resultantes da actual inexistência,no panorama nacional, de cursosuniversitários de formação inicial nestaárea de formação, respondendo àsnecessidades existentes no mercadode trabalho, reconhecidas pelos própriosrepresentantes da AssociaçãoPortuguesa de Editores e Livreiros, eviabilizando a formação de competên-cias nesta área profissional por parte decandidatos oriundos de países de línguaportuguesa.

“O campo editorial exige, na actualidade,a agregação de um amplo e variadoconjunto de saberes, que englobam aformação literária, linguística e cultural,o conhecimento dos meios de suportee acompanhamento do processoeditorial, e as competências para apromoção e colocação eficazes dosseus produtos junto dos consumidores”,adverte o Prof. Miranda, adiantando quea formação literária, linguística e culturalserá contemplada num amplo elencode disciplinas que incluem, entre outras,as de História do Livro e das TécnicasGráficas; Sociologia do Livro e daLeitura; Língua, Literatura e CulturaPortuguesas; Língua, Literatura e CulturaInglesas; Língua, Literatura e Cultura deoutra língua europeia (Alemão, Francês,Espanhol); e História da Arte.

Por seu turno, o conhecimento dosmeios de suporte técnico e de acompa-nhamento do processo editorial será

ministrado em disciplinas como:Laboratório Multimédia; Projecto emDesign; Direitos de Autor; Introdução àIlustração; Ecdótica: Técnicas deRevisão. Já as competências exigidaspara a promoção e colocação eficazesdos produtos editoriais junto dosconsumidores vão ser adquiridas nasdisciplinas de Introdução à Gestão;Introdução à Economia das Empresas;Orçamentação e Gestão de Projectos;e Marketing, entre outras.

Esta licenciatura, que abriu com 25vagas, compreende ainda disciplinas deopção que possibilitam a escolha depercursos diversificados nos trêsprincipais domínios do curso: Literatura(Literaturas de Língua Portuguesa);Tecnologia (Laboratório Multimédia III eIV); Design (Projecto em Design II).

Línguas e Tradução EspecializadaCom 30 vagas arranca a licenciatura emLínguas e Tradução Especializada, cujoobjectivo é dar resposta à inexistênciaem Portugal de um curso com umaconfiguração curricular que contempladuas línguas estrangeiras, a línguamaterna, componentes tecnológicasrelativas ao trabalho de tradução e aoferta de um leque diversificado de áreasde especialização.

Além disso, é ainda objectivo destecurso responder de forma inovadora àsnecessidades de tradução, sobretudono segmento de tradução especializadaem diferentes áreas do saber científicoe tecnológico e abrir caminho à criaçãode cursos de pós-graduação emsectores específicos da traduçãoespecializada.

De acordo com o Prof. António JoséMiranda, “a crescente especializaçãoda tradução decorre da diversificaçãodos meios tecnológicos colocados àsua disposição e das exigências que osvários campos do saber impõem à suarealização”. Os conteúdosprogramáticos da área específica dasmetodologias e tecnologias queassistem a tradução, como processo e

novos cursos da uaAmbiente e Saúde com novos mestrados

São nove os cursos que vão funcionar pela

primeira vez este ano lectivo, na Universidade

de Aveiro. Cinco mestrados e três licenciaturas

e, ainda, um Curso de Qualificação para o

Exercício de outras Funções Educativas na

área da Formação, Comunicação Educacional

e Gestão de Informação.

outubro ‘04Linhas novos cursos na ua

Línguas com novas licenciaturas

4544

Page 47: Revista Linhas 02

Depois do sucesso com a abertura daLicenciatura em Línguas e RelaçõesEmpresariais, em 2001/2002, o Departa-mento de Línguas e Culturas avançoupara a proposta de criação de três novoscursos de Licenciatura: Línguas, Litera-turas e Culturas; Línguas e AdministraçãoEditorial; e Línguas e Tradução Especiali-zada. O Senado aprovou-os porunanimidade e o primeiro dos quatroanos destas licenciaturas arranca já esteano lectivo.

Se até há bem pouco tempo, o Departa-mento de Línguas e Culturas da UAestava exclusivamente orientado para aformação de licenciados em ensino delínguas, a saturação do mercado detrabalho nesta área e a consequentequebra de procura destes cursos, tornouimperiosa a obrigação de repensar aoferta de formação graduada do Departa-mento, criando-se condições para atrairnovas candidaturas. Desenharam-se,assim, cursos inovadores, com a intro-dução, nos planos de estudos, de novoscruzamentos de saberes. Mobilizaram--se e potenciaram-se os recursoshumanos da UA e definiu-se o maiornúmero possível de disciplinas comuns.

Línguas, Literaturas e CulturasPossibilitando uma saída alternativa paraos cursos de formação de professores,a licenciatura em Línguas, Literaturas eCulturas abriu com 30 vagas e vem criarespaço para as formações científicasespecíficas (literatura, cultura, linguísticae língua, das áreas de especialidade –Português, Inglês, Francês, Alemão,Latim e Grego), a que darão continuidadeos actuais cursos de pós-graduaçãonos diferentes ramos de estudo (Cursosde Formação Especializada e Mestradosem Estudos Portugueses, EstudosFranceses, Estudos Ingleses, EstudosAlemães, Estudos Clássicos).

Deve sublinhar-se, contudo, afirma oPresidente do Conselho Directivo doDepartamento de Línguas e Culturas,Prof. António José Miranda, que “aformação de professores de línguas nãoé interrompida, dado que esta nova

licenciatura mantém a formação baseque permitirá aos alunos, logo a partirdo 2º ano, obterem formação nas áreascientíficas opcionais de Ciências daEducação e de Didáctica e TecnologiaEducativa, e orientarem, assim, o seupercurso para a via ensino. Deste modo,a alteração, decorrente, em grandemedida, das orientações dos acordosde Bolonha, incide sobre o modelo, enão sobre a possibilidade e a vontadede continuar a formar professores”.

Línguas e Administração EditorialNo que diz respeito à licenciatura emLínguas e Administração Editorial, aprincipal preocupação foi preencher aslacunas resultantes da actual inexistência,no panorama nacional, de cursosuniversitários de formação inicial nestaárea de formação, respondendo àsnecessidades existentes no mercadode trabalho, reconhecidas pelos própriosrepresentantes da AssociaçãoPortuguesa de Editores e Livreiros, eviabilizando a formação de competên-cias nesta área profissional por parte decandidatos oriundos de países de línguaportuguesa.

“O campo editorial exige, na actualidade,a agregação de um amplo e variadoconjunto de saberes, que englobam aformação literária, linguística e cultural,o conhecimento dos meios de suportee acompanhamento do processoeditorial, e as competências para apromoção e colocação eficazes dosseus produtos junto dos consumidores”,adverte o Prof. Miranda, adiantando quea formação literária, linguística e culturalserá contemplada num amplo elencode disciplinas que incluem, entre outras,as de História do Livro e das TécnicasGráficas; Sociologia do Livro e daLeitura; Língua, Literatura e CulturaPortuguesas; Língua, Literatura e CulturaInglesas; Língua, Literatura e Cultura deoutra língua europeia (Alemão, Francês,Espanhol); e História da Arte.

Por seu turno, o conhecimento dosmeios de suporte técnico e de acompa-nhamento do processo editorial será

ministrado em disciplinas como:Laboratório Multimédia; Projecto emDesign; Direitos de Autor; Introdução àIlustração; Ecdótica: Técnicas deRevisão. Já as competências exigidaspara a promoção e colocação eficazesdos produtos editoriais junto dosconsumidores vão ser adquiridas nasdisciplinas de Introdução à Gestão;Introdução à Economia das Empresas;Orçamentação e Gestão de Projectos;e Marketing, entre outras.

Esta licenciatura, que abriu com 25vagas, compreende ainda disciplinas deopção que possibilitam a escolha depercursos diversificados nos trêsprincipais domínios do curso: Literatura(Literaturas de Língua Portuguesa);Tecnologia (Laboratório Multimédia III eIV); Design (Projecto em Design II).

Línguas e Tradução EspecializadaCom 30 vagas arranca a licenciatura emLínguas e Tradução Especializada, cujoobjectivo é dar resposta à inexistênciaem Portugal de um curso com umaconfiguração curricular que contempladuas línguas estrangeiras, a línguamaterna, componentes tecnológicasrelativas ao trabalho de tradução e aoferta de um leque diversificado de áreasde especialização.

Além disso, é ainda objectivo destecurso responder de forma inovadora àsnecessidades de tradução, sobretudono segmento de tradução especializadaem diferentes áreas do saber científicoe tecnológico e abrir caminho à criaçãode cursos de pós-graduação emsectores específicos da traduçãoespecializada.

De acordo com o Prof. António JoséMiranda, “a crescente especializaçãoda tradução decorre da diversificaçãodos meios tecnológicos colocados àsua disposição e das exigências que osvários campos do saber impõem à suarealização”. Os conteúdosprogramáticos da área específica dasmetodologias e tecnologias queassistem a tradução, como processo e

novos cursos da uaAmbiente e Saúde com novos mestrados

São nove os cursos que vão funcionar pela

primeira vez este ano lectivo, na Universidade

de Aveiro. Cinco mestrados e três licenciaturas

e, ainda, um Curso de Qualificação para o

Exercício de outras Funções Educativas na

área da Formação, Comunicação Educacional

e Gestão de Informação.

outubro ‘04Linhas novos cursos na ua

Línguas com novas licenciaturas

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Page 48: Revista Linhas 02

produto, estão contemplados nas disci-plinas de Tecnologias Aplicadas àTradução; Teoria e Metodologia da Tradu-ção; Tradução Audiovisual; Localização;e Terminologia.

Refere ainda o mesmo docente que “nasprimeiras edições do curso, a especiali-zação vai centrar-se na área da Saúdee Ciências da Vida, e a formaçãocontemplar a nomenclatura, os proces-sos, as especificidades discursivas e osgéneros textuais desta área do saber,com disciplinas como: Nomenclatura eConhecimento Científico; Química daVida; Nomenclatura das CiênciasBiomédicas, e Biologia. Em ediçõesposteriores será aberta a especializaçãoda área das Ciências Sociais e Adminis-tração Pública e, posteriormente, outrasespecializações que vierem a revelar-seoportunas no contexto profissional”.

À semelhança do que tem vindo aacontecer desde a abertura da licencia-tura em Línguas e Relações Empresariais,o Presidente do Conselho Directivo doDepartamento está confiante.“Contamos que estas três novas licen-ciaturas correspondam em igual medidaàs nossas expectativas, isto é 100% deinscrições em todos os anos”.

Novos mestrados em Educação…É já sabido que a Universidade de Aveirotem desempenhado um papel impor-tante na formação de professores. Como novo mestrado em Educação emLínguas no 1º Ciclo do Ensino Básico,esta instituição pretende aprofundar aformação dos professores do 1º Ciclodo Ensino Básico, de modo a permitir--hes compreender a importância de umaadequada educação em Línguas,capacitando-os, assim, a intervir deforma fundamentada nas suas própriasescolas e na comunidade em que estasse inserem.

São objectivos centrais deste mestradopromover o sucesso educativo, atravésda criação de condições propiciadorasa novas práticas pedagógico-didácticas,dotar as estruturas de coordenação

educativa de quadros qualificados paragerirem e tomarem decisões relacionadascom a Educação em Línguas nocontexto da gestão curricular do 1º Ciclodo Ensino Básico, bem como desenvolvernos formandos saberes, competênciase atitudes investigativas e criar espaçosde reflexão epistemológica, orientadapara as finalidades formativas e sociaisda Educação em Línguas.

O Mestrado dirige-se a docentes do 1ºCiclo do Ensino Básico, docentes doEnsino Superior com responsabilidadesna área da Educação em Línguas ligadaà formação de professores para o 1ºCiclo, nomeadamente em Didáctica/meto-dologia da Língua Materna, do PortuguêsLíngua não Materna e das LínguasEstrangeiras, e ainda a outros profissio-nais envolvidos em projectos deintervenção educativa nestes domínios.

… Planeamento do Território…Pioneira, a nível nacional, na criação deum curso superior inteiramente dedicadoao Planeamento Regional e Urbano, aUniversidade de Aveiro vai igualmentepassar a ministrar um novo programade formação pós-graduada em Planea-mento do Território que compreende osmestrados em Planeamento do Território– Ordenamento da Cidade; Planeamentodo Território – Inovação e Políticas doDesenvolvimento; Planeamento do Terri-tório – Riscos Naturais e Tecnológicos.

O primeiro destes três novos mestradostem por objectivo contribuir para odesenvolvimento científico e pedagógicodo Planeamento Regional e Urbano nodomínio do urbanismo, assim como parao melhor ordenamento do território epara uma maior influência e divulgaçãodo projecto PRU. Terá, por isso, na suacomponente lectiva módulos deAmbiente, Desenvolvimento, Mobilidade,Execução Urbanística e Planeamentoda Cidade. Os destinatários preferenciaisdeste curso são os técnicos actualmentea desempenhar funções de decisão einvestigadores no domínio do urbanismo,bem como técnicos de câmaras muni-cipais, das Comissões de Coordenação

e Desenvolvimento Regional, degabinetes de planeamento e urbanismoe estudantes de pós-graduação emurbanismo ou em outros domínios comele confluentes detentores de formaçãosuperior diversificada.

O Mestrado em Planeamento do Território– Inovação e Políticas do Desenvolvimentodestina-se fundamentalmente alicenciados que pretendam promover acapacidade de análise das dinâmicas eestratégias de desenvolvimento doterritório, queiram desenvolver compe-tências para a aplicação do conhecimento– Ciência, Tecnologia, Inovação – emdinâmicas sócio-económicas e territo-riais; ambicionem avaliar a eficiência eeficácia dos processos de transferênciade conhecimento; e desejem aprofundarconhecimentos sobre princípios,políticas e programas de promoção dodesenvolvimento económico a nívellocal, regional, nacional e da UniãoEuropeia. A construção de políticascapazes de estimular processos deaprendizagem que articulem Ciência eTecnologia com as dinâmicas sócio-culturais territoriais é o objectivo centraldeste Mestrado.

O Mestrado em Planeamento doTerritório – Riscos Naturais e Tecnoló-gicos visa abordar as várias situaçõesde risco, fornecer instrumentos para asua avaliação e gestão e possibilitarformas de actuação consentâneas comas consequências, no sentido demelhorar a prevenção e minimizar osprejuízos ambientais e sócio-económicos.Uma vez que a temática dos riscosnaturais e tecnológicos não pode seractualmente abordada numa sóperspectiva, este Mestrado promove umconhecimento interdisciplinar (ciênciassociais, ciências da terra e engenharias).

Dirige-se a profissionais em áreas emque a prevenção, avaliação e gestão deriscos se constitui como uma compo-nente importante na sua actividade, bemcomo a técnicos da administraçãocentral e local, da protecção civil,seguros, serviços financeiros e de saúde,

técnicos da indústria, dos transportes,actividades portuárias, e ainda dosPALOP’s, Norte de África e América Latina,

… e EnfermagemA evolução dos conhecimentos emCiências da Saúde, o percurso episte-mológico do saber em Enfermagem,tanto a nível da formação como dodesenvolvimento profissional, criaramexigências de formação aprofundadaneste domínio.

Na verdade, para além da necessidadede consolidação de quadros docentesnas escolas superiores deenfermagem/saúde, em virtude da suaintegração no ensino superior, o impactodo desenvolvimento científico etecnológico na prestação dos cuidadosde saúde e na organização dos serviços,as exigências sociais caracterizadas porum desejável acesso generalizado aoscuidados de saúde primária e umaatenção a uma população envelhecida,justificam a criação de um mestrado emEnfermagem.

Este mestrado, integrado no programade pós-graduação para a área deCiências da Saúde, dirige-se exclusiva-

mente a enfermeiros, e contemplaráquatro áreas de especialização: Enferma-gem Comunitária, Enfermagem Geronto-lógica, Avaliação da Qualidade emServiços de Enfermagem, e Informaçãoe Procedimentos de Enfermagem.

Curso de QualificaçãoO novo curso de qualificação para oexercício de outras funções educativasna área de formação de comunicaçãoeducacional e gestão de informação“Tecnologias na Comunicação Educacio-nal e na Gestão da Informação” dirige--se a professores com um mínimo decinco anos de serviço docente, titularesdo grau de bacharel ou equivalente.

O objectivo é requalificar/reorientarprofessores e educadores de infância,licenciados ou bacharéis, tornando-osaptos para o exercício de novas funçõeseducativas, designadamente: coorde-nação e/ou gestão de Centros deRecursos de Escolas; promoção, desen-volvimento e avaliação de projectos deintervenção a nível de escola ou doagrupamento na área do curso; formaçãode outros professores/educadores (daescola ou do agrupamento) e, assim,potenciar o papel multiplicador da

formação e desenvolvimento decompetências na área do ensino e daformação em Tecnologias da Informaçãoe da Comunicação (TIC).

A criação deste curso justifica-se, desdelogo, pela informatização dos diferentessectores da sociedade que colocamnovos desafios à escola, pelo diagnósticodas necessidades de formação deprofessores para uma efectiva integraçãodas TIC em contexto educativo, e pelanecessidade de requalificação dosprofessores, enquanto processo devalorização do sistema educativo.

O curso deverá funcionar em horáriopós-laboral conferindo o grau delicenciado aos professores e educadoresde infância detentores do grau debacharel (ou equivalente) que o concluamcom sucesso.

Informações adicionais sobre todosestes cursos poderão ser obtidas em:http://acesso.ua.pt ehttp://www.posgrad.ua.pt/

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produto, estão contemplados nas disci-plinas de Tecnologias Aplicadas àTradução; Teoria e Metodologia da Tradu-ção; Tradução Audiovisual; Localização;e Terminologia.

Refere ainda o mesmo docente que “nasprimeiras edições do curso, a especiali-zação vai centrar-se na área da Saúdee Ciências da Vida, e a formaçãocontemplar a nomenclatura, os proces-sos, as especificidades discursivas e osgéneros textuais desta área do saber,com disciplinas como: Nomenclatura eConhecimento Científico; Química daVida; Nomenclatura das CiênciasBiomédicas, e Biologia. Em ediçõesposteriores será aberta a especializaçãoda área das Ciências Sociais e Adminis-tração Pública e, posteriormente, outrasespecializações que vierem a revelar-seoportunas no contexto profissional”.

À semelhança do que tem vindo aacontecer desde a abertura da licencia-tura em Línguas e Relações Empresariais,o Presidente do Conselho Directivo doDepartamento está confiante.“Contamos que estas três novas licen-ciaturas correspondam em igual medidaàs nossas expectativas, isto é 100% deinscrições em todos os anos”.

Novos mestrados em Educação…É já sabido que a Universidade de Aveirotem desempenhado um papel impor-tante na formação de professores. Como novo mestrado em Educação emLínguas no 1º Ciclo do Ensino Básico,esta instituição pretende aprofundar aformação dos professores do 1º Ciclodo Ensino Básico, de modo a permitir--hes compreender a importância de umaadequada educação em Línguas,capacitando-os, assim, a intervir deforma fundamentada nas suas própriasescolas e na comunidade em que estasse inserem.

São objectivos centrais deste mestradopromover o sucesso educativo, atravésda criação de condições propiciadorasa novas práticas pedagógico-didácticas,dotar as estruturas de coordenação

educativa de quadros qualificados paragerirem e tomarem decisões relacionadascom a Educação em Línguas nocontexto da gestão curricular do 1º Ciclodo Ensino Básico, bem como desenvolvernos formandos saberes, competênciase atitudes investigativas e criar espaçosde reflexão epistemológica, orientadapara as finalidades formativas e sociaisda Educação em Línguas.

O Mestrado dirige-se a docentes do 1ºCiclo do Ensino Básico, docentes doEnsino Superior com responsabilidadesna área da Educação em Línguas ligadaà formação de professores para o 1ºCiclo, nomeadamente em Didáctica/meto-dologia da Língua Materna, do PortuguêsLíngua não Materna e das LínguasEstrangeiras, e ainda a outros profissio-nais envolvidos em projectos deintervenção educativa nestes domínios.

… Planeamento do Território…Pioneira, a nível nacional, na criação deum curso superior inteiramente dedicadoao Planeamento Regional e Urbano, aUniversidade de Aveiro vai igualmentepassar a ministrar um novo programade formação pós-graduada em Planea-mento do Território que compreende osmestrados em Planeamento do Território– Ordenamento da Cidade; Planeamentodo Território – Inovação e Políticas doDesenvolvimento; Planeamento do Terri-tório – Riscos Naturais e Tecnológicos.

O primeiro destes três novos mestradostem por objectivo contribuir para odesenvolvimento científico e pedagógicodo Planeamento Regional e Urbano nodomínio do urbanismo, assim como parao melhor ordenamento do território epara uma maior influência e divulgaçãodo projecto PRU. Terá, por isso, na suacomponente lectiva módulos deAmbiente, Desenvolvimento, Mobilidade,Execução Urbanística e Planeamentoda Cidade. Os destinatários preferenciaisdeste curso são os técnicos actualmentea desempenhar funções de decisão einvestigadores no domínio do urbanismo,bem como técnicos de câmaras muni-cipais, das Comissões de Coordenação

e Desenvolvimento Regional, degabinetes de planeamento e urbanismoe estudantes de pós-graduação emurbanismo ou em outros domínios comele confluentes detentores de formaçãosuperior diversificada.

O Mestrado em Planeamento do Território– Inovação e Políticas do Desenvolvimentodestina-se fundamentalmente alicenciados que pretendam promover acapacidade de análise das dinâmicas eestratégias de desenvolvimento doterritório, queiram desenvolver compe-tências para a aplicação do conhecimento– Ciência, Tecnologia, Inovação – emdinâmicas sócio-económicas e territo-riais; ambicionem avaliar a eficiência eeficácia dos processos de transferênciade conhecimento; e desejem aprofundarconhecimentos sobre princípios,políticas e programas de promoção dodesenvolvimento económico a nívellocal, regional, nacional e da UniãoEuropeia. A construção de políticascapazes de estimular processos deaprendizagem que articulem Ciência eTecnologia com as dinâmicas sócio-culturais territoriais é o objectivo centraldeste Mestrado.

O Mestrado em Planeamento doTerritório – Riscos Naturais e Tecnoló-gicos visa abordar as várias situaçõesde risco, fornecer instrumentos para asua avaliação e gestão e possibilitarformas de actuação consentâneas comas consequências, no sentido demelhorar a prevenção e minimizar osprejuízos ambientais e sócio-económicos.Uma vez que a temática dos riscosnaturais e tecnológicos não pode seractualmente abordada numa sóperspectiva, este Mestrado promove umconhecimento interdisciplinar (ciênciassociais, ciências da terra e engenharias).

Dirige-se a profissionais em áreas emque a prevenção, avaliação e gestão deriscos se constitui como uma compo-nente importante na sua actividade, bemcomo a técnicos da administraçãocentral e local, da protecção civil,seguros, serviços financeiros e de saúde,

técnicos da indústria, dos transportes,actividades portuárias, e ainda dosPALOP’s, Norte de África e América Latina,

… e EnfermagemA evolução dos conhecimentos emCiências da Saúde, o percurso episte-mológico do saber em Enfermagem,tanto a nível da formação como dodesenvolvimento profissional, criaramexigências de formação aprofundadaneste domínio.

Na verdade, para além da necessidadede consolidação de quadros docentesnas escolas superiores deenfermagem/saúde, em virtude da suaintegração no ensino superior, o impactodo desenvolvimento científico etecnológico na prestação dos cuidadosde saúde e na organização dos serviços,as exigências sociais caracterizadas porum desejável acesso generalizado aoscuidados de saúde primária e umaatenção a uma população envelhecida,justificam a criação de um mestrado emEnfermagem.

Este mestrado, integrado no programade pós-graduação para a área deCiências da Saúde, dirige-se exclusiva-

mente a enfermeiros, e contemplaráquatro áreas de especialização: Enferma-gem Comunitária, Enfermagem Geronto-lógica, Avaliação da Qualidade emServiços de Enfermagem, e Informaçãoe Procedimentos de Enfermagem.

Curso de QualificaçãoO novo curso de qualificação para oexercício de outras funções educativasna área de formação de comunicaçãoeducacional e gestão de informação“Tecnologias na Comunicação Educacio-nal e na Gestão da Informação” dirige--se a professores com um mínimo decinco anos de serviço docente, titularesdo grau de bacharel ou equivalente.

O objectivo é requalificar/reorientarprofessores e educadores de infância,licenciados ou bacharéis, tornando-osaptos para o exercício de novas funçõeseducativas, designadamente: coorde-nação e/ou gestão de Centros deRecursos de Escolas; promoção, desen-volvimento e avaliação de projectos deintervenção a nível de escola ou doagrupamento na área do curso; formaçãode outros professores/educadores (daescola ou do agrupamento) e, assim,potenciar o papel multiplicador da

formação e desenvolvimento decompetências na área do ensino e daformação em Tecnologias da Informaçãoe da Comunicação (TIC).

A criação deste curso justifica-se, desdelogo, pela informatização dos diferentessectores da sociedade que colocamnovos desafios à escola, pelo diagnósticodas necessidades de formação deprofessores para uma efectiva integraçãodas TIC em contexto educativo, e pelanecessidade de requalificação dosprofessores, enquanto processo devalorização do sistema educativo.

O curso deverá funcionar em horáriopós-laboral conferindo o grau delicenciado aos professores e educadoresde infância detentores do grau debacharel (ou equivalente) que o concluamcom sucesso.

Informações adicionais sobre todosestes cursos poderão ser obtidas em:http://acesso.ua.pt ehttp://www.posgrad.ua.pt/

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O Boletim “Horizontes Sociais”, cujo primeironúmero foi publicado em 2001, constitui o meionormal e regular de divulgação da informaçãoprocessada pelo Observatório Permanente deDesenvolvimento Social de Aveiro, pretendendoser um barómetro da conjuntura social da cidadee concelho.Com uma periodicidade anual, nele é divulgadoregularmente um conjunto de indicadores dedesenvolvimento social relativos às condiçõesde vida da população da cidade e do concelhode Aveiro e apresentada uma análise sintéticadas mudanças ocorridas no período a que cadanúmero se refere. Esses indicadores são oresultado da pesquisa realizada no âmbito doprojecto Observatório Permanente deDesenvolvimento Social (OPDS), que se iniciouno ano 2000 por iniciativa da Universidade deAveiro e co-financiado, desde 2002, pela CâmaraMunicipal de Aveiro, Administração Regional deSaúde do Centro – Sub-Região de Saúde deAveiro e Centro Distrital de Solidariedade eSegurança Social de Aveiro.

Esta revista destina-se, em geral, à comunidadeaveirense e, em particular, aos profissionais desaúde e acção social que exercem a sua activi-dade junto da população socialmente maisvulnerável do concelho. Apresenta informaçãosemi-elaborada e sem grande tratamento analítico,embora rigorosa, pretendendo-se que sejaacessível a toda a população e útil para quemtem a responsabilidade de intervir no âmbito dodesenvolvimento social no concelho de Aveiro.Tem sido concebida como um instrumento parao conhecimento das mudanças sociais, facilitadorda implementação de estratégias de intervenção

ajustadas a essas transformações. De facto, noâmbito do desenvolvimento social a observaçãocontinuada das condições de vida dos indivíduose das famílias, dos problemas que enfrentam edas medidas destinadas a combatê-los revela-se uma estratégia decisiva e fecunda, dada aextrema variabilidade dos fenómenos sociais.

No seu propósito de aumentar o conhecimentoda realidade social local, os trabalhos de pesquisadivulgados nesta publicação não prescindem dacontribuição de todas as instituições produtorasde informação, cooperando para elevar aquantidade e qualidade da informação e paraajustar os indicadores e as análises às própriasinstituições.

Coordenação Liliana Sousa e Pedro Hespanha,

Observatório Permanente de Desenvolvimento

Social da UA

Edição Universidade de Aveiro / Observatório

Permanente de Desenvolvimento Social da UA, 2004

Páginas 115

ISSN 1645-0906

penumbras da noite passada no solar do Barão,mas sobretudo pelos próprios complexospsicológicos e recalques inconscientes do serhumano que o constitui, a quem Luís de SttauMonteiro atribui a consciência de ser «um pesa-papéis sem Bela Adormecida e sem alma paraa ter», resultado do automatismo e daburocratização da vida moderna.A autora comenta os principais textos exegéticosda novela, em especial no que se refere àproblemática do superior realismo de Branquinhoda Fonseca, e analisa, no texto dramático, ainterpretação pessoal que dela elabora Luís deSttau Monteiro, privilegiando, pela ostensividadedos meios visuais e sonoros da arte teatral, oselementos que funcionam como símbolos danecessidade de expressão da criatividade e decomunicação entre os seres humanos.

Autora Maria Saraiva de Jesus, Professora do

Departamento de Línguas e Culturas da UA

( 2004)

Edição Universidade de Aveiro, 2004

Páginas 110

ISBN 972-8021-92-5

Partindo de uma reflexão sobre os aspectosteóricos da narratividade que enforma os textosliterários narrativos e os textos dramáticos, esteensaio centra-se na análise e na interpretaçãoda narrativa breve O Barão, que Branquinho daFonseca, sob o pseudónimo de António Madeira,publicou em 1942, na colecção «As melhoresnovelas dos melhores novelistas», da EditorialInquérito, e da sua adaptação projectada parao teatro, em 1964, por Luís de Sttau Monteiro.No capítulo em que analisa a novela, a autoracomeça por mostrar, noutras obras de Branquinhoda Fonseca, a sugestão de uma zona de mistérioe complexidade psicológica, em certos casostornada imperscrutável, pela incomunicabilidadeque corrói a existência das personagens.No caso de O Barão, ainda mais difícil se tornaa apreensão dessa realidade existencial defrustrações e incompletudes, que impulsiona umanacrónico Barão a actos de violência latente,mas, ao mesmo tempo, de uma tocantefragilidade, resultantes da vivência obsessiva deum amor impossível e da sua profundanecessidade da presença humana, numarecôndita aldeia da serra do Barroso, de costumesarcaicos e como que irremediavelmentepetrificados no tempo.

As dificuldades de interpretação da novela sãoacrescidas pelo facto de tudo nos ser narradopor um inspector das escolas de instruçãoprimária, cujas observações nem sempre sãofiáveis, dado que, como narrador e comopersonagem, encontra-se sujeito a diversaslimitações de perspectiva: não apenas pelo seudesconhecimento do espaço físico e social, epelos mistérios parcialmente aflorados nas

O cd-rom CiberMat é um ambiente virtual baseadona representação de um parque infantil e temcomo principal objectivo a introdução de conceitosmatemáticos a crianças com necessidadesespeciais (proporcionando um leque de interfacesadaptadas), permitindo desenvolver actividadescorrespondentes ao curriculum escolar e produzirrelatórios que facilitem o acompanhamento daaprendizagem.Ao entrar no CiberMat deparamo-nos com umparque infantil, com árvores, flores, baloiços,brinquedos, etc, o qual está dividido por áreas ecada uma delas corresponde a um grupo de ensino:conceitos verbais relativos à numeração – espaço(atrás e à frente); conceitos verbais relativos ànumeração – dimensões (mais pequeno e maior);conceitos verbais relativos à numeração – quanti-dade (tanto como, mais/menos, muitos/poucos,só um); contagem (cardinal e ordinal); enumeraçãoe transformação de quantidades; comparação dequantidades (mais e menos). Cada grupo de ensinoé constituído pelas animações e por uma sequênciade jogos/exercícios relacionados com os respec-tivos conceitos matemáticos.Com a sua génese no Projecto Desenvolvimentode Novas Estratégias para a Introdução de Concei-tos Matemáticos do Programa Cite 2000, do Secre-tariado Nacional para a Reabilitação e Integraçãodas Pessoas com Deficiência, o CiberMat foi desen-volvido por uma equipa constituída por investiga-dores da Universidade de Aveiro/IEETA e por técni-cos do Núcleo Regional Norte e do Núcleo RegionalSul da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral.

Coordenação Nelson Rocha, Director da ESSUA

Coordenação Técnica Clara Sousa

Edição Universidade de Aveiro, 2004

publicações Horizontes Sociais O Barão de Branquinho da Fonsecae de Luís de Sttau Monteiro

CiberMat: Parque Virtual para oEnsino da Matemática a Criançascom Necessidades Especiais

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O Boletim “Horizontes Sociais”, cujo primeironúmero foi publicado em 2001, constitui o meionormal e regular de divulgação da informaçãoprocessada pelo Observatório Permanente deDesenvolvimento Social de Aveiro, pretendendoser um barómetro da conjuntura social da cidadee concelho.Com uma periodicidade anual, nele é divulgadoregularmente um conjunto de indicadores dedesenvolvimento social relativos às condiçõesde vida da população da cidade e do concelhode Aveiro e apresentada uma análise sintéticadas mudanças ocorridas no período a que cadanúmero se refere. Esses indicadores são oresultado da pesquisa realizada no âmbito doprojecto Observatório Permanente deDesenvolvimento Social (OPDS), que se iniciouno ano 2000 por iniciativa da Universidade deAveiro e co-financiado, desde 2002, pela CâmaraMunicipal de Aveiro, Administração Regional deSaúde do Centro – Sub-Região de Saúde deAveiro e Centro Distrital de Solidariedade eSegurança Social de Aveiro.

Esta revista destina-se, em geral, à comunidadeaveirense e, em particular, aos profissionais desaúde e acção social que exercem a sua activi-dade junto da população socialmente maisvulnerável do concelho. Apresenta informaçãosemi-elaborada e sem grande tratamento analítico,embora rigorosa, pretendendo-se que sejaacessível a toda a população e útil para quemtem a responsabilidade de intervir no âmbito dodesenvolvimento social no concelho de Aveiro.Tem sido concebida como um instrumento parao conhecimento das mudanças sociais, facilitadorda implementação de estratégias de intervenção

ajustadas a essas transformações. De facto, noâmbito do desenvolvimento social a observaçãocontinuada das condições de vida dos indivíduose das famílias, dos problemas que enfrentam edas medidas destinadas a combatê-los revela-se uma estratégia decisiva e fecunda, dada aextrema variabilidade dos fenómenos sociais.

No seu propósito de aumentar o conhecimentoda realidade social local, os trabalhos de pesquisadivulgados nesta publicação não prescindem dacontribuição de todas as instituições produtorasde informação, cooperando para elevar aquantidade e qualidade da informação e paraajustar os indicadores e as análises às própriasinstituições.

Coordenação Liliana Sousa e Pedro Hespanha,

Observatório Permanente de Desenvolvimento

Social da UA

Edição Universidade de Aveiro / Observatório

Permanente de Desenvolvimento Social da UA, 2004

Páginas 115

ISSN 1645-0906

penumbras da noite passada no solar do Barão,mas sobretudo pelos próprios complexospsicológicos e recalques inconscientes do serhumano que o constitui, a quem Luís de SttauMonteiro atribui a consciência de ser «um pesa-papéis sem Bela Adormecida e sem alma paraa ter», resultado do automatismo e daburocratização da vida moderna.A autora comenta os principais textos exegéticosda novela, em especial no que se refere àproblemática do superior realismo de Branquinhoda Fonseca, e analisa, no texto dramático, ainterpretação pessoal que dela elabora Luís deSttau Monteiro, privilegiando, pela ostensividadedos meios visuais e sonoros da arte teatral, oselementos que funcionam como símbolos danecessidade de expressão da criatividade e decomunicação entre os seres humanos.

Autora Maria Saraiva de Jesus, Professora do

Departamento de Línguas e Culturas da UA

( 2004)

Edição Universidade de Aveiro, 2004

Páginas 110

ISBN 972-8021-92-5

Partindo de uma reflexão sobre os aspectosteóricos da narratividade que enforma os textosliterários narrativos e os textos dramáticos, esteensaio centra-se na análise e na interpretaçãoda narrativa breve O Barão, que Branquinho daFonseca, sob o pseudónimo de António Madeira,publicou em 1942, na colecção «As melhoresnovelas dos melhores novelistas», da EditorialInquérito, e da sua adaptação projectada parao teatro, em 1964, por Luís de Sttau Monteiro.No capítulo em que analisa a novela, a autoracomeça por mostrar, noutras obras de Branquinhoda Fonseca, a sugestão de uma zona de mistérioe complexidade psicológica, em certos casostornada imperscrutável, pela incomunicabilidadeque corrói a existência das personagens.No caso de O Barão, ainda mais difícil se tornaa apreensão dessa realidade existencial defrustrações e incompletudes, que impulsiona umanacrónico Barão a actos de violência latente,mas, ao mesmo tempo, de uma tocantefragilidade, resultantes da vivência obsessiva deum amor impossível e da sua profundanecessidade da presença humana, numarecôndita aldeia da serra do Barroso, de costumesarcaicos e como que irremediavelmentepetrificados no tempo.

As dificuldades de interpretação da novela sãoacrescidas pelo facto de tudo nos ser narradopor um inspector das escolas de instruçãoprimária, cujas observações nem sempre sãofiáveis, dado que, como narrador e comopersonagem, encontra-se sujeito a diversaslimitações de perspectiva: não apenas pelo seudesconhecimento do espaço físico e social, epelos mistérios parcialmente aflorados nas

O cd-rom CiberMat é um ambiente virtual baseadona representação de um parque infantil e temcomo principal objectivo a introdução de conceitosmatemáticos a crianças com necessidadesespeciais (proporcionando um leque de interfacesadaptadas), permitindo desenvolver actividadescorrespondentes ao curriculum escolar e produzirrelatórios que facilitem o acompanhamento daaprendizagem.Ao entrar no CiberMat deparamo-nos com umparque infantil, com árvores, flores, baloiços,brinquedos, etc, o qual está dividido por áreas ecada uma delas corresponde a um grupo de ensino:conceitos verbais relativos à numeração – espaço(atrás e à frente); conceitos verbais relativos ànumeração – dimensões (mais pequeno e maior);conceitos verbais relativos à numeração – quanti-dade (tanto como, mais/menos, muitos/poucos,só um); contagem (cardinal e ordinal); enumeraçãoe transformação de quantidades; comparação dequantidades (mais e menos). Cada grupo de ensinoé constituído pelas animações e por uma sequênciade jogos/exercícios relacionados com os respec-tivos conceitos matemáticos.Com a sua génese no Projecto Desenvolvimentode Novas Estratégias para a Introdução de Concei-tos Matemáticos do Programa Cite 2000, do Secre-tariado Nacional para a Reabilitação e Integraçãodas Pessoas com Deficiência, o CiberMat foi desen-volvido por uma equipa constituída por investiga-dores da Universidade de Aveiro/IEETA e por técni-cos do Núcleo Regional Norte e do Núcleo RegionalSul da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral.

Coordenação Nelson Rocha, Director da ESSUA

Coordenação Técnica Clara Sousa

Edição Universidade de Aveiro, 2004

publicações Horizontes Sociais O Barão de Branquinho da Fonsecae de Luís de Sttau Monteiro

CiberMat: Parque Virtual para oEnsino da Matemática a Criançascom Necessidades Especiais

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Page 52: Revista Linhas 02

Com a Declaração de Bolonha ou sem ela e todaa discussão, nem sempre conduzida da formamais coerente e eficaz, que se tem gerado à suavolta, uma realidade incontornável se apresentae é aceite por todos aqueles que estudam, inves-tigam ou, simplesmente, se interessam e preocu-pam com a problemática da transformação ou,até, da transmutação do ensino superior. Referimo-nos à ideia da necessidade de uma mudançaprofunda e, porventura, radical que, de algummodo, atravessa o livro “Formação e Inovação noEnsino Superior”. Uma mudança que, na opiniãodo autor, terá de passar por verdadeiras rupturassobretudo ao nível das atitudes e das concepçõese girar em torno de diversos factores: os actoresda formação (alunos, docentes e outros agenteseducativos e administrativos), os curricula comoinstrumentos de formação, os lugares, os tempos,os recursos materiais e a sua organização e gestão.Porém, estes factores deverão ter subjacente umadinâmica investigativa e inovadora séria, rigorosae sistematizada, sem as quais não haverá mudançaque valha, pois uma verdadeira mudança, transfor-mação ou transmutação exigem, certamente,rupturas quer ao nível das atitudes e das concep-ções quer ao nível dos métodos, das estratégiase das políticas. A esta luz, o leitor não deverápretender encontrar neste livro soluções ou receitaspara os males de que enferma o ensino superiorpois, segundo o autor desta obra, o sistema estáesgotado, não obstante a persistência e esforçode alguns que teimam em não querer admiti-lo.Trata-se antes de uma simples, despretenciosa eprofunda reflexão dirigida a todos aqueles quetrabalham ou se interessam por um maior sucessodo ensino superior mesmo que isso impliquemudar de ideias, mais disponibilidade e mais

trabalho e dedicação para a sua transformaçãoou transmutação. Este constitui também um grandedesafio que deixamos ao longo das suas 160 pági-nas. O ensino superior, nos seus subsistemasprecisa de uma nova alma que o revitalize pordentro e não de mais cosméticas como muitasdaquelas em que as diferentes comissões emtorno da Declaração de Bolonha se têm entretidoa discutir no decorrer destes últimos tempos sobrese se deve ou não optar por ciclos de 4+1+3 ou3+2+3 ou outro modelo qualquer. Estes problemasdeverão ser resolvidos rapidamente para que averdadeira discussão que é urgente fazer se centresobre as melhores formas e, se possível, as maisinovadoras e adequadas, para repensar e imple-mentar uma formação europeia mais coerente eeficaz em consonância com os grandes ideais doscidadãos europeus e de cada País Membro e queessa mudança aconteça efectivamente no interiordas diferentes instituições de formação. Estapublicação, porém, não se reduz à formação deeducadores e formadores quer ela se inscrevanum perfil de monodocência ou pluridocência,mas a todas as formas e tipos de formação deverdadeiros profissionais capazes e competentesseja ao nível de graduação, de especialização oupós-graduação tendo em conta a actividade quese possa vir a exercer.

Autor José Tavares, Professor do Departamento de

Ciências da Educação da UA

Edição Porto Editora, 2004

Páginas 160

ISBN 972-0-34735-X

O CD-Rom “Apprendre à lire en Français” constituium material multimédia dirigido a lusófonos quepretendem iniciar-se na aprendizagem do Francês,língua próxima mas desconhecida, e visa, essen-cialmente, o desenvolvimento de competênciasde compreensão escrita.

Em termos de pressupostos didácticos, procura--se explorar a proximidade linguística entre aslínguas românicas, tendo como base a suaorigem comum, o latim, rentabilizando-se asrelações que o aprendente é capaz deestabelecer entre a sua língua materna e alíngua-alvo, passando eventualmente por outraslínguas da mesma família com as quais játenham contactado.

“Apprendre à lire en Français” foi produzido noquadro do projecto Galatea: Apprentissage de laCompréhension en Langues Voisines – DomaineRoman, um projecto europeu que decorreu entre1995-1999, coordenado pelo Centre de Didactiquedes Langues da Université Stendhal, Grenoble III– França, e que agrupou cinco equipas de quatropaíses de língua românica (Portugal, França,Espanha e Itália). O objectivo foi desenvolverprodutos multimédia que permitissem ao locutorde línguas românicas mobilizar rapidamente acapacidade de compreender uma língua damesma família da sua mas que lhe fossedesconhecida.

“Livro de Pano: Momentos de ludicidadeconstrutiva nas práticas pedagógicas portuguesas”resultou de um projecto interdisciplinar e emparceria sobre a construção do livro de pano quese desenvolveu, na Universidade de Aveiro, soba coordenação da Professora Jucimara Rojas,estagiária de Pós-doutoramento na UA, emcolaboração com os docentes e as educadorasnas actividades da Prática Pedagógica paraeducadores de infância, com base num protocolode cooperação entre a UA e a Universidade deMato Grosso do Sul.

O Projecto “Livro de Pano – Ludicidade, Parceriae Práxis-Projeto LP” teve como objecto de estudoa ludicidade, formação e práxis do educador deinfância. Segundo a autora “primamos portrabalhar a prática desse educador enquantoprocesso metodológico no locus de acção. Comessa construtividade pretendemos demonstrarque a estratégia é auxílio metodológico ecompromisso na acção. Não enfatizamos apenasuma linha teórica, mas optamos por construir ateoria de forma interdisciplinar mostrando o valordo sujeito no processo que habita. Em umaaxiologia de saberes já contextualizados e emoutros, ainda não vistos, permitimo-nos elaborar,reflectir e equacionar momentos da ludicidadedo Educador de Infância, formador/formando,em escolas portuguesas. Legitimamos que afeitura de tal processo construtivo nos demandaum exercício intelectual elaborativo teórico-prático e prático-teórico paralelos, concretizandoe efectivando a práxis.Vislumbramos uma intencionalidade prática,numa visão poliocular em que tentamoscompreender e, não apenas explicar, os

momentos lúdicos que se vão sucedendo.(…)Delimitamos um primeiro momento, o quechamamos de um caminho de construção, cujapresença do veículo estratégico livro-de-pano-LP, é a solidez para uma abertura construtiva naprática pedagógica do educador de infância, emescolas portuguesas, e, um segundo momento,conjugando por meio de diferentes olhares embusca de uma cultura lúdica, alicerces deconstrução significativos à uma praxiologia doeducador de infância. Percebemos ainda váriasvisões teóricas, estilos e pensares que fazem ainterdisciplinaridade construtiva da práticapedagógica, em Educação de Infância doDepartamento de Ciências da Educação, naUniversidade de Aveiro».O «Livro de Pano: Momentos de LudicidadeConstrutiva nas Práticas PedagógicasPortuguesas» como todos os outros livros domundo pressupõe uma verdadeira construçãode conhecimento nos seus diferentes níveis deacção dos sujeitos sobre os objectos, assituações, os acontecimentos no seu próprioacontecer livre e espontâneo quer ao nívelsensorial, perceptivo, imaginativo, intuitivo,conceptual, crítico, inferencial, criativo e decisório.

Autora Jucimara Rojas, estagiária de Pós-doutoramento

na Universidade de Aveiro

Edição Universidade de Aveiro, 2004

ISBN 972-789-106-3

Formação e Inovação noEnsino Superior

Apprendre à Lire en Français Livro de Pano: Momentos deludicidade construtiva nas práticaspedagógicas portuguesas

No caso português, este projecto resultou naconstrução deste CD-Rom, assente narentabilização do grau de parentesco entre aslínguas românicas e composto por seis módulosem que se procura consciencializar o utilizadorpara o mundo da latinidade, para as estratégiasde leitura utilizadas e para a possibilidade derentabilizar conhecimentos prévios.

Concepção Didáctica Ana Isabel Andrade e Maria

Helena Araújo e Sá, Professoras do Departamento de

Didáctica e Tecnologia da Educação da UA

Colaboração Maria de Fátima Almeida

Edição Universidade de Aveiro

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Com a Declaração de Bolonha ou sem ela e todaa discussão, nem sempre conduzida da formamais coerente e eficaz, que se tem gerado à suavolta, uma realidade incontornável se apresentae é aceite por todos aqueles que estudam, inves-tigam ou, simplesmente, se interessam e preocu-pam com a problemática da transformação ou,até, da transmutação do ensino superior. Referimo-nos à ideia da necessidade de uma mudançaprofunda e, porventura, radical que, de algummodo, atravessa o livro “Formação e Inovação noEnsino Superior”. Uma mudança que, na opiniãodo autor, terá de passar por verdadeiras rupturassobretudo ao nível das atitudes e das concepçõese girar em torno de diversos factores: os actoresda formação (alunos, docentes e outros agenteseducativos e administrativos), os curricula comoinstrumentos de formação, os lugares, os tempos,os recursos materiais e a sua organização e gestão.Porém, estes factores deverão ter subjacente umadinâmica investigativa e inovadora séria, rigorosae sistematizada, sem as quais não haverá mudançaque valha, pois uma verdadeira mudança, transfor-mação ou transmutação exigem, certamente,rupturas quer ao nível das atitudes e das concep-ções quer ao nível dos métodos, das estratégiase das políticas. A esta luz, o leitor não deverápretender encontrar neste livro soluções ou receitaspara os males de que enferma o ensino superiorpois, segundo o autor desta obra, o sistema estáesgotado, não obstante a persistência e esforçode alguns que teimam em não querer admiti-lo.Trata-se antes de uma simples, despretenciosa eprofunda reflexão dirigida a todos aqueles quetrabalham ou se interessam por um maior sucessodo ensino superior mesmo que isso impliquemudar de ideias, mais disponibilidade e mais

trabalho e dedicação para a sua transformaçãoou transmutação. Este constitui também um grandedesafio que deixamos ao longo das suas 160 pági-nas. O ensino superior, nos seus subsistemasprecisa de uma nova alma que o revitalize pordentro e não de mais cosméticas como muitasdaquelas em que as diferentes comissões emtorno da Declaração de Bolonha se têm entretidoa discutir no decorrer destes últimos tempos sobrese se deve ou não optar por ciclos de 4+1+3 ou3+2+3 ou outro modelo qualquer. Estes problemasdeverão ser resolvidos rapidamente para que averdadeira discussão que é urgente fazer se centresobre as melhores formas e, se possível, as maisinovadoras e adequadas, para repensar e imple-mentar uma formação europeia mais coerente eeficaz em consonância com os grandes ideais doscidadãos europeus e de cada País Membro e queessa mudança aconteça efectivamente no interiordas diferentes instituições de formação. Estapublicação, porém, não se reduz à formação deeducadores e formadores quer ela se inscrevanum perfil de monodocência ou pluridocência,mas a todas as formas e tipos de formação deverdadeiros profissionais capazes e competentesseja ao nível de graduação, de especialização oupós-graduação tendo em conta a actividade quese possa vir a exercer.

Autor José Tavares, Professor do Departamento de

Ciências da Educação da UA

Edição Porto Editora, 2004

Páginas 160

ISBN 972-0-34735-X

O CD-Rom “Apprendre à lire en Français” constituium material multimédia dirigido a lusófonos quepretendem iniciar-se na aprendizagem do Francês,língua próxima mas desconhecida, e visa, essen-cialmente, o desenvolvimento de competênciasde compreensão escrita.

Em termos de pressupostos didácticos, procura--se explorar a proximidade linguística entre aslínguas românicas, tendo como base a suaorigem comum, o latim, rentabilizando-se asrelações que o aprendente é capaz deestabelecer entre a sua língua materna e alíngua-alvo, passando eventualmente por outraslínguas da mesma família com as quais játenham contactado.

“Apprendre à lire en Français” foi produzido noquadro do projecto Galatea: Apprentissage de laCompréhension en Langues Voisines – DomaineRoman, um projecto europeu que decorreu entre1995-1999, coordenado pelo Centre de Didactiquedes Langues da Université Stendhal, Grenoble III– França, e que agrupou cinco equipas de quatropaíses de língua românica (Portugal, França,Espanha e Itália). O objectivo foi desenvolverprodutos multimédia que permitissem ao locutorde línguas românicas mobilizar rapidamente acapacidade de compreender uma língua damesma família da sua mas que lhe fossedesconhecida.

“Livro de Pano: Momentos de ludicidadeconstrutiva nas práticas pedagógicas portuguesas”resultou de um projecto interdisciplinar e emparceria sobre a construção do livro de pano quese desenvolveu, na Universidade de Aveiro, soba coordenação da Professora Jucimara Rojas,estagiária de Pós-doutoramento na UA, emcolaboração com os docentes e as educadorasnas actividades da Prática Pedagógica paraeducadores de infância, com base num protocolode cooperação entre a UA e a Universidade deMato Grosso do Sul.

O Projecto “Livro de Pano – Ludicidade, Parceriae Práxis-Projeto LP” teve como objecto de estudoa ludicidade, formação e práxis do educador deinfância. Segundo a autora “primamos portrabalhar a prática desse educador enquantoprocesso metodológico no locus de acção. Comessa construtividade pretendemos demonstrarque a estratégia é auxílio metodológico ecompromisso na acção. Não enfatizamos apenasuma linha teórica, mas optamos por construir ateoria de forma interdisciplinar mostrando o valordo sujeito no processo que habita. Em umaaxiologia de saberes já contextualizados e emoutros, ainda não vistos, permitimo-nos elaborar,reflectir e equacionar momentos da ludicidadedo Educador de Infância, formador/formando,em escolas portuguesas. Legitimamos que afeitura de tal processo construtivo nos demandaum exercício intelectual elaborativo teórico-prático e prático-teórico paralelos, concretizandoe efectivando a práxis.Vislumbramos uma intencionalidade prática,numa visão poliocular em que tentamoscompreender e, não apenas explicar, os

momentos lúdicos que se vão sucedendo.(…)Delimitamos um primeiro momento, o quechamamos de um caminho de construção, cujapresença do veículo estratégico livro-de-pano-LP, é a solidez para uma abertura construtiva naprática pedagógica do educador de infância, emescolas portuguesas, e, um segundo momento,conjugando por meio de diferentes olhares embusca de uma cultura lúdica, alicerces deconstrução significativos à uma praxiologia doeducador de infância. Percebemos ainda váriasvisões teóricas, estilos e pensares que fazem ainterdisciplinaridade construtiva da práticapedagógica, em Educação de Infância doDepartamento de Ciências da Educação, naUniversidade de Aveiro».O «Livro de Pano: Momentos de LudicidadeConstrutiva nas Práticas PedagógicasPortuguesas» como todos os outros livros domundo pressupõe uma verdadeira construçãode conhecimento nos seus diferentes níveis deacção dos sujeitos sobre os objectos, assituações, os acontecimentos no seu próprioacontecer livre e espontâneo quer ao nívelsensorial, perceptivo, imaginativo, intuitivo,conceptual, crítico, inferencial, criativo e decisório.

Autora Jucimara Rojas, estagiária de Pós-doutoramento

na Universidade de Aveiro

Edição Universidade de Aveiro, 2004

ISBN 972-789-106-3

Formação e Inovação noEnsino Superior

Apprendre à Lire en Français Livro de Pano: Momentos deludicidade construtiva nas práticaspedagógicas portuguesas

No caso português, este projecto resultou naconstrução deste CD-Rom, assente narentabilização do grau de parentesco entre aslínguas românicas e composto por seis módulosem que se procura consciencializar o utilizadorpara o mundo da latinidade, para as estratégiasde leitura utilizadas e para a possibilidade derentabilizar conhecimentos prévios.

Concepção Didáctica Ana Isabel Andrade e Maria

Helena Araújo e Sá, Professoras do Departamento de

Didáctica e Tecnologia da Educação da UA

Colaboração Maria de Fátima Almeida

Edição Universidade de Aveiro

outubro ‘04Linhas publicações5150

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lugar, este livro se dirige, incluindo os professoresdo 1º ciclo do ensino básico, que é por onde oensino inovador das Ciências deve começar.Em “Ciência, Educação em Ciência e Ensino dasCiências”, defende-se através de três exemplosrecentes, realizados nas nossas escolas, que ainovação no ensino das Ciências passa necessa-riamente por uma reflexão epistemológica sobreo sentido da própria Ciência que se ensina e nãosó sobre métodos e técnicas pedagógicas decariz essencialmente instrumental. Os exemplosapresentados são para estudo crítico e não têmqualquer intenção prescritiva. Para ser conscientea inovação faz-se no dia a dia da acção docentee a sua maior riqueza reside em não seguirnenhum estereótipo.

Autores António Cachapuz, Professor do Departamento

de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA, João Praia,

Professor da Faculdade de Ciências da Universidade

do Porto e Manuela Jorge, Professora na Universidade

de Trás-os-Montes e Alto Douro

Edição Ministério da Educação, 2004

Páginas 353

ISBN 972-783-083-8

“O Ensino técnico em Portugal e no Brasil: umaperspectiva da realidade” trata-se de umapublicação constituída por dois estudos sobre asituação actual do ensino técnico e profissionalem Portugal e no Brasil ao nível do ensinosecundário (nomenclatura portuguesa) e doensino médio (nomenclatura brasileira). Têm emcomum não só a área de incidência mas tambéma metodologia seguida, o estudo de caso, masnão foram concebidos nem podem ser entendidoscomo estudos comparativos das duas realidades.Os cinco casos estudados em Portugal envolvemcursos tecnológicos de duas escolas secundáriasdo ensino público (Informática e Electrónica) etrês de escolas profissionais (Telecomunicações,Turismo e Mecatrónica), estas com uma lógicaprivada de funcionamento, ainda que uma delas,excepcionalmente, seja de iniciativa e proprie-dade públicas. Ao longo de sete capítulos tentamdiscutir-se as tendências actuais do ensinotécnico e profissional, procura caracterizar-se arealidade portuguesa actual e contextualizar asescolas estudadas, identificar os actores e osseus percursos, reflectir sobre a formação, asexpectativas e níveis de satisfação, sobre ocurrículo e as ligações ao mundo do trabalho.No caso brasileiro, o estudo envolveu cursos detrês escolas da região de São Paulo (InformáticaDiurno, Turismo Nocturno, Regular Nocturno eRegular Diurno) procurando caracterizá-las doponto de vista da sua inserção local, daorganização e dos cursos que oferecem,descrevendo e reflectindo sobre o perfil dosalunos e dos professores, bem como sobre asopiniões, as expectativas e competências de quesão portadores.

Autores Luís Pardal, Professor do Departamento de

Ciências da Educação da UA, Carlos Dias, Mestre em

Ciências da Educação na especialidade de Análise

Social e Administração da Educação pela UA, Maria

Laura Franco, Gláucia Novaes e Clarilza Prado Sousa

Edição Universidade de Aveiro, 2004

Páginas 185

ISBN 972-789-103-9

O papel do Estudo Técnico na actualidadeeducativa nacional e brasileira é a proposta quenos trazem duas das mais recentes publicaçõeseditadas pela UA. Um conjunto de estudos queincidem sobre as oportunidades e limitações deuma formação com um vínculo de conexãoumbilical ao mundo do trabalho, a exigir doscursos uma especificidade incontestavelmentepragmática.

Nascido a pretexto do projecto de trabalho sobreo ensino técnico e profissional em Portugal e noBrasil, envolvendo investigadores da PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo e doDepartamento de Ciências da Educação daUniversidade de Aveiro, este trabalho sobre oEnsino Técnico em Portugal acabou por setransformar num roteiro histórico da evoluçãodo ensino técnico e profissional de nívelsecundário no nosso país.

No plano cronológico descreve e vai reflectindosobre os seus principais movimentos desde afundação da Aula do Comércio em 1759,comummente aceite como ponto de partidadeste tipo de ensino em Portugal, até à análisedos documentos principais referentes à últimareforma do ensino tecnológico e profissional, noâmbito da reforma do ensino secundário, cujaaprovação definitiva ocorreu já no ano de 2004.

Tendo como principal fio condutor a análise daevolução do currículo prescrito nos textos legais,segue uma linha cronológica de apresentaçãodos factos sem esquecer a sua contextualizaçãoem termos históricos e políticos para cada umdos períodos tratados – desde a Aula do Comércio

É importante fomentar o entusiasmo de todosos cidadãos, em particular dos mais jovens, peloestudo das Ciências como a melhor forma deque podemos dispor para o conhecimento domundo natural. Disso depende em boa parte nãosó o desenvolvimento científico/tecnológico dassociedades modernas, mas também acapacidade de todos poderem participar naconstrução de sociedades que se querem livrese democráticas.

No entanto, é hoje patente a existência de umdivórcio de um número substancial de jovensportugueses por estudos científico/tecnológicos.Temos massificação do ensino mas não daaprendizagem e, por isso mesmo, a Educaçãoem Ciência que temos não ajuda demasiadosjovens a perceberem porque é que é importanteaprender ciências ou, dito de outra maneira, anão perderem uma boa oportunidade de ter umaoutra perspectiva de compreensão do mundo(certamente mais rica do que a visão limitadaoriunda do senso comum), o que é preocupante.

Para quem, como os autores desta obra, entendea ciência como um dos marcos culturais dahumanidade e exemplo de criatividade e inteligên-cia humanas, a defesa de uma tradição científicapassa por sermos capazes de facultar aos jovensexperiências de aprendizagem que lhe permitamapreciar a vitalidade dessa tradição científica.Aos professores de Ciências cabe, assim, umatarefa de primeiro relevo já que, para os autoresde «Ciência, Educação em Ciência e Ensino dasCiências», eles continuam a ser os agentescentrais (e tantas vezes esquecidos) da inovaçãodo ensino. É, pois para eles que em primeiro

Ciência, Educação em Ciência eEnsino das Ciências

O Ensino Técnico em Portugal

e o Marquês de Pombal, às diversas etapas doliberalismo oitocentista (a importância dalegislação de Passos Manuel, mas sobretudo ade Fontes Pereira de Melo e a acção de AntónioAugusto de Aguiar), à obra da 1ª República, daDitadura Nacional e do Estado Novo, à Revoluçãodo 25 de Abril, à Lei de Bases do Sistema Educativode 1986 e até às reformas mais recentes.Nele perpassam igualmente problemáticas comoa dicotomia humanismo versus técnica, ensinoteórico e ensino profissional, liceu e escolatécnica, bem como os condicionalismos sociaisque lhe andam associados.

Autores Luís Pardal e Alexandre Ventura, Professores

do Departamento de Ciências da Educação da UA e

Carlos Dias, Mestre em Ciências da Educação na

especialidade de Análise Social e Administração da

Educação pela UA

Edição Universidade de Aveiro, 2004

Páginas 149

ISBN 972-789-099-7

O Ensino técnico em Portugal e noBrasil: uma perspectiva da realidade

outubro ‘04Linhas publicações5352

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lugar, este livro se dirige, incluindo os professoresdo 1º ciclo do ensino básico, que é por onde oensino inovador das Ciências deve começar.Em “Ciência, Educação em Ciência e Ensino dasCiências”, defende-se através de três exemplosrecentes, realizados nas nossas escolas, que ainovação no ensino das Ciências passa necessa-riamente por uma reflexão epistemológica sobreo sentido da própria Ciência que se ensina e nãosó sobre métodos e técnicas pedagógicas decariz essencialmente instrumental. Os exemplosapresentados são para estudo crítico e não têmqualquer intenção prescritiva. Para ser conscientea inovação faz-se no dia a dia da acção docentee a sua maior riqueza reside em não seguirnenhum estereótipo.

Autores António Cachapuz, Professor do Departamento

de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA, João Praia,

Professor da Faculdade de Ciências da Universidade

do Porto e Manuela Jorge, Professora na Universidade

de Trás-os-Montes e Alto Douro

Edição Ministério da Educação, 2004

Páginas 353

ISBN 972-783-083-8

“O Ensino técnico em Portugal e no Brasil: umaperspectiva da realidade” trata-se de umapublicação constituída por dois estudos sobre asituação actual do ensino técnico e profissionalem Portugal e no Brasil ao nível do ensinosecundário (nomenclatura portuguesa) e doensino médio (nomenclatura brasileira). Têm emcomum não só a área de incidência mas tambéma metodologia seguida, o estudo de caso, masnão foram concebidos nem podem ser entendidoscomo estudos comparativos das duas realidades.Os cinco casos estudados em Portugal envolvemcursos tecnológicos de duas escolas secundáriasdo ensino público (Informática e Electrónica) etrês de escolas profissionais (Telecomunicações,Turismo e Mecatrónica), estas com uma lógicaprivada de funcionamento, ainda que uma delas,excepcionalmente, seja de iniciativa e proprie-dade públicas. Ao longo de sete capítulos tentamdiscutir-se as tendências actuais do ensinotécnico e profissional, procura caracterizar-se arealidade portuguesa actual e contextualizar asescolas estudadas, identificar os actores e osseus percursos, reflectir sobre a formação, asexpectativas e níveis de satisfação, sobre ocurrículo e as ligações ao mundo do trabalho.No caso brasileiro, o estudo envolveu cursos detrês escolas da região de São Paulo (InformáticaDiurno, Turismo Nocturno, Regular Nocturno eRegular Diurno) procurando caracterizá-las doponto de vista da sua inserção local, daorganização e dos cursos que oferecem,descrevendo e reflectindo sobre o perfil dosalunos e dos professores, bem como sobre asopiniões, as expectativas e competências de quesão portadores.

Autores Luís Pardal, Professor do Departamento de

Ciências da Educação da UA, Carlos Dias, Mestre em

Ciências da Educação na especialidade de Análise

Social e Administração da Educação pela UA, Maria

Laura Franco, Gláucia Novaes e Clarilza Prado Sousa

Edição Universidade de Aveiro, 2004

Páginas 185

ISBN 972-789-103-9

O papel do Estudo Técnico na actualidadeeducativa nacional e brasileira é a proposta quenos trazem duas das mais recentes publicaçõeseditadas pela UA. Um conjunto de estudos queincidem sobre as oportunidades e limitações deuma formação com um vínculo de conexãoumbilical ao mundo do trabalho, a exigir doscursos uma especificidade incontestavelmentepragmática.

Nascido a pretexto do projecto de trabalho sobreo ensino técnico e profissional em Portugal e noBrasil, envolvendo investigadores da PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo e doDepartamento de Ciências da Educação daUniversidade de Aveiro, este trabalho sobre oEnsino Técnico em Portugal acabou por setransformar num roteiro histórico da evoluçãodo ensino técnico e profissional de nívelsecundário no nosso país.

No plano cronológico descreve e vai reflectindosobre os seus principais movimentos desde afundação da Aula do Comércio em 1759,comummente aceite como ponto de partidadeste tipo de ensino em Portugal, até à análisedos documentos principais referentes à últimareforma do ensino tecnológico e profissional, noâmbito da reforma do ensino secundário, cujaaprovação definitiva ocorreu já no ano de 2004.

Tendo como principal fio condutor a análise daevolução do currículo prescrito nos textos legais,segue uma linha cronológica de apresentaçãodos factos sem esquecer a sua contextualizaçãoem termos históricos e políticos para cada umdos períodos tratados – desde a Aula do Comércio

É importante fomentar o entusiasmo de todosos cidadãos, em particular dos mais jovens, peloestudo das Ciências como a melhor forma deque podemos dispor para o conhecimento domundo natural. Disso depende em boa parte nãosó o desenvolvimento científico/tecnológico dassociedades modernas, mas também acapacidade de todos poderem participar naconstrução de sociedades que se querem livrese democráticas.

No entanto, é hoje patente a existência de umdivórcio de um número substancial de jovensportugueses por estudos científico/tecnológicos.Temos massificação do ensino mas não daaprendizagem e, por isso mesmo, a Educaçãoem Ciência que temos não ajuda demasiadosjovens a perceberem porque é que é importanteaprender ciências ou, dito de outra maneira, anão perderem uma boa oportunidade de ter umaoutra perspectiva de compreensão do mundo(certamente mais rica do que a visão limitadaoriunda do senso comum), o que é preocupante.

Para quem, como os autores desta obra, entendea ciência como um dos marcos culturais dahumanidade e exemplo de criatividade e inteligên-cia humanas, a defesa de uma tradição científicapassa por sermos capazes de facultar aos jovensexperiências de aprendizagem que lhe permitamapreciar a vitalidade dessa tradição científica.Aos professores de Ciências cabe, assim, umatarefa de primeiro relevo já que, para os autoresde «Ciência, Educação em Ciência e Ensino dasCiências», eles continuam a ser os agentescentrais (e tantas vezes esquecidos) da inovaçãodo ensino. É, pois para eles que em primeiro

Ciência, Educação em Ciência eEnsino das Ciências

O Ensino Técnico em Portugal

e o Marquês de Pombal, às diversas etapas doliberalismo oitocentista (a importância dalegislação de Passos Manuel, mas sobretudo ade Fontes Pereira de Melo e a acção de AntónioAugusto de Aguiar), à obra da 1ª República, daDitadura Nacional e do Estado Novo, à Revoluçãodo 25 de Abril, à Lei de Bases do Sistema Educativode 1986 e até às reformas mais recentes.Nele perpassam igualmente problemáticas comoa dicotomia humanismo versus técnica, ensinoteórico e ensino profissional, liceu e escolatécnica, bem como os condicionalismos sociaisque lhe andam associados.

Autores Luís Pardal e Alexandre Ventura, Professores

do Departamento de Ciências da Educação da UA e

Carlos Dias, Mestre em Ciências da Educação na

especialidade de Análise Social e Administração da

Educação pela UA

Edição Universidade de Aveiro, 2004

Páginas 149

ISBN 972-789-099-7

O Ensino técnico em Portugal e noBrasil: uma perspectiva da realidade

outubro ‘04Linhas publicações5352

Page 56: Revista Linhas 02

A par das iniciativas dos vários departa-mentos da Universidade que permitemassegurar a oferta de estágios curricularesaos alunos de grande parte dos cursosda UA e do trabalho que tem vindo a serdesenvolvido pelo Gabinete de Estágiose Saídas Profissionais, designadamenteao nível de recolha e divulgação deofertas de emprego e estágios e dacolocação e acompanhamento emempregos e estágios, a Feira de Empregoé uma excelente iniciativa para colocarem diálogo directo potenciais recruta-dores e candidatos a estágios ou aoprimeiro emprego.À semelhança do que aconteceu nasprimeiras três edições da Feira deEmprego, a Universidade montou umatenda na alameda do Campus universi-tário onde albergou, no início de Maio,várias empresas, o IEFP, organismosligados à formação e emprego, e agên-cias de recrutamento de recursos huma-nos nas mais diversas áreas. Por aqueleespaço passaram milhares de finalistase recém-licenciados das várias áreas deformação da Universidade de Aveiro eaté de outras universidades do país.Ao mesmo tempo, numa sala do edifícioda Reitoria, entidades ligadas à formaçãoe à temática do emprego deram a

conhecer aos estudantes da UA asmelhores técnicas de procura deemprego, as várias ofertas de formaçãoespecializada que constituem alternativaa uma situação de não emprego, o lequede programas de estágio nacionais eestrangeiros ou os passos a dar quandose pretende enveredar pelo empreen-dedorismo.Para as empresas que aceitaram oconvite da UA, este diálogo directo comos candidatos a estágio ou primeiroemprego que a Feira de Empregoproporciona é uma óptima oportunidadepara empresas e candidatos se darema conhecer, estabelecerem contactos,perceberem as competências queadquirem nos seus percursos deformação e concluírem que, por vezes,podem exercer funções que vão paraalém das suas expectativas.Susana Marques, responsável deselecção na agência de Aveiro daAdecco – Recursos Humanos, consideraesta iniciativa da Universidade de Aveiroexcelente para quem anda à procura deemprego e também para as própriasempresas que estão representadas.“Passou imensa gente por aqui ao longodestes três dias. Até agora possoassegurar que recebemos cerca de 150

candidaturas, nas áreas de Economia,Engenharias, Contabilidade, tanto delicenciados pela Universidade de Aveirocomo por outras universidades e dealunos que estão a terminar o curso.Agora vamos integrar todos os currículosna nossa base de dados e assim quesurjam pedidos dos nossos clientes como perfil destes candidatos, vamoscontactá-los para marcar entrevistas”.

Para Regina Sachetti, responsável pelaorganização e gestão de recursos naInova-Ria – um cluster de 18 empresasde telecomunicações, a Feira deEmprego da UA é uma iniciativa muitoimportante para os alunos que estão aterminar o curso e para aqueles que jáprocuram o seu primeiro emprego. “Oscurrículos que recebemos são analisadose seleccionados de acordo com asnecessidades das 18 empresas perten-centes à Inova-Ria. Quem visitou a Feirade Emprego ficou a saber quem somos,quais os nossos objectivos na região edetalhes sobre o Programa Talento Inova-Ria 2004, direccionado a estagiários”.

Já Ana Sofia Casais, responsável pelacomunicação e recrutamento da Altranem Portugal e do Grupo, a nívelinternacional, não tem dúvidas emafirmar que a Feira de Emprego da UAé uma excelente iniciativa que devia seradoptada por todas as universidades.“A atitude por parte dos visitantes destaFeira de Emprego de ter já um currículoelaborado surpreendeu-me pela positiva.Tento sempre evitar que as pessoasdeixem o seu currículo sem saberem oque é a Altran ou pelo menos semconhecerem as oportunidades de recru-tamento que existem. Neste momentoexistem oportunidades, sobretudo nasáreas de engenharia. A nossa presençaaqui tem por objectivo conhecer pessoascom diferentes perfis e escolher asmelhores. Vamos fazer uma primeiratriagem e analisar as competências daspessoas. Nas edições anterioresintegramos candidatos da Universidadede Aveiro. Todos os currículos quechegam até nós têm necessariamenteuma resposta. Se for positiva, os

candidatos são convidados a ir a umaprimeira entrevista. Se for negativa, háuma base de dados interna, a que têmacesso as quatro empresas do grupoAltran em Portugal.”

Oportunidades move visitantesAos recém-licenciados é a expectativade virem a conseguir uma oportunidadeque os move. Dora Zita Teixeira, 29 anos,licenciou-se em Engenharia e GestãoIndustrial na UA, em 1998. Já trabalhounuma empresa de consultadoria emAveiro e na Associação Industrial, ondetentou implementar um gabinete dequalidade, mas por questões financeiras,terminado o contrato, acabou por ficardesempregada. “É por este motivo queestou na Feira de Emprego da UA. Tenhoesperança de vir a conseguir emprego.Estão cá grandes empresas. E uma coisaé certa: todas as empresas presentesnos dão uma resposta, ao contrário doque acontece quando nos candidatamospor outras vias. No ano passado vim àFeira de Emprego e fui chamada a umaentrevista.”.

Filipe Cravo, 25 anos, já andou emEnsino de Electrónica e Informática, masdecidiu optar por um curso com umaforte componente prática e é agora alunodo 3º ano de Engenharia Electromecâ-nica, na Escola Superior de Tecnologiae Gestão de Águeda. “Embora estejaconvencido de que o meu curso temboas saídas profissionais, começo agoraa preocupar-me com o assunto. Porisso, vim conhecer e estabelecer con-tactos com as empresas”.

Liliana Rodrigues, 26 anos, concluiu obacharelato em Contabilidade eAdministração e terminou a licenciaturaem Auditoria em 2003. “Ainda não tivequalquer experiência profissional, tirandoum trabalho de auditoria a uma empresaainda no âmbito do curso, por isso andoa tentar encontrar emprego. Já fui a umaFeira de Emprego em Sever do Vougamas tinha muito menos empresasrepresentadas que esta da Universidadede Aveiro. Acho esta iniciativa muitopositiva porque nos permite conhecer

empresas e darmo-nos a conhecer aessas mesmas empresas. É uma formaconcreta de entregarmos currículos eaguardar uma oportunidade”.

O aumento das hipóteses de empregopara os estudantes da Universidade deAveiro é para o Vice-Reitor, Prof.Fernando Marques, a grande mais-valiada Feira de Emprego. “Todos os anosmais de mil currículos são entreguespelos estudantes e recém-licenciadosque passam nesta Feira, o que trazseguramente algumas dezenas deempregos e a vantagem dos estudantesse habituarem ao tipo de questões queas empresas colocam quandopretendem recrutar pessoal. Para alémdisso, visitando esta Feira, os estudantesficam com uma noção mais exacta doque é pedido num currículo e aprendema valorizar a sua apresentação noscontactos que estabelecem com osfuturos empregadores. A Feira deEmprego é um dos vários instrumentosde que a UA dispõe para facilitar ainserção de diplomados no mercado detrabalho. É uma acção em que se vaicontinuar a apostar claramente. Estamosconscientes de que as empresas estãoa retrair os seus investimentos, por isso,é positivo conseguirmos atrair à UA umadezena de empresas e a representaçãode muitas outras, através por exemploda Inova-Ria”.Para o próximo ano há mais e o conviteestá lançado. Se quiser ver a suaempresa representada na Feira deEmprego da UA, contacte os Serviçosde Relações Externas da Universidadede Aveiro.

Serviços de Relações Externas

http://www.adm.ua.pt/sre

tel. 234 370 211

fax 234 370 985

e-mail: [email protected]

Acabar o curso e entrar de imediato no

mercado de trabalho é a aspiração da

maioria dos estudantes do ensino superior.

É a pensar nesta legítima ambição de

finalistas e recém-licenciados e na sua

rápida inserção no mercado de trabalho

que a Universidade de Aveiro promove há

já quatro anos a Feira de Emprego. Ao

mesmo tempo, a UA dispõe de um

Gabinete de Estágios e Saídas

Profissionais, continua a cimentar relações

de cooperação com instituições de cariz

potencialmente empregador e, através da

Associação Académica, vai brevemente

dispor de uma UNIVA.

feira de empregoquatro anos de sucesso

outubro ‘04Linhas feira de emprego5554

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A par das iniciativas dos vários departa-mentos da Universidade que permitemassegurar a oferta de estágios curricularesaos alunos de grande parte dos cursosda UA e do trabalho que tem vindo a serdesenvolvido pelo Gabinete de Estágiose Saídas Profissionais, designadamenteao nível de recolha e divulgação deofertas de emprego e estágios e dacolocação e acompanhamento emempregos e estágios, a Feira de Empregoé uma excelente iniciativa para colocarem diálogo directo potenciais recruta-dores e candidatos a estágios ou aoprimeiro emprego.À semelhança do que aconteceu nasprimeiras três edições da Feira deEmprego, a Universidade montou umatenda na alameda do Campus universi-tário onde albergou, no início de Maio,várias empresas, o IEFP, organismosligados à formação e emprego, e agên-cias de recrutamento de recursos huma-nos nas mais diversas áreas. Por aqueleespaço passaram milhares de finalistase recém-licenciados das várias áreas deformação da Universidade de Aveiro eaté de outras universidades do país.Ao mesmo tempo, numa sala do edifícioda Reitoria, entidades ligadas à formaçãoe à temática do emprego deram a

conhecer aos estudantes da UA asmelhores técnicas de procura deemprego, as várias ofertas de formaçãoespecializada que constituem alternativaa uma situação de não emprego, o lequede programas de estágio nacionais eestrangeiros ou os passos a dar quandose pretende enveredar pelo empreen-dedorismo.Para as empresas que aceitaram oconvite da UA, este diálogo directo comos candidatos a estágio ou primeiroemprego que a Feira de Empregoproporciona é uma óptima oportunidadepara empresas e candidatos se darema conhecer, estabelecerem contactos,perceberem as competências queadquirem nos seus percursos deformação e concluírem que, por vezes,podem exercer funções que vão paraalém das suas expectativas.Susana Marques, responsável deselecção na agência de Aveiro daAdecco – Recursos Humanos, consideraesta iniciativa da Universidade de Aveiroexcelente para quem anda à procura deemprego e também para as própriasempresas que estão representadas.“Passou imensa gente por aqui ao longodestes três dias. Até agora possoassegurar que recebemos cerca de 150

candidaturas, nas áreas de Economia,Engenharias, Contabilidade, tanto delicenciados pela Universidade de Aveirocomo por outras universidades e dealunos que estão a terminar o curso.Agora vamos integrar todos os currículosna nossa base de dados e assim quesurjam pedidos dos nossos clientes como perfil destes candidatos, vamoscontactá-los para marcar entrevistas”.

Para Regina Sachetti, responsável pelaorganização e gestão de recursos naInova-Ria – um cluster de 18 empresasde telecomunicações, a Feira deEmprego da UA é uma iniciativa muitoimportante para os alunos que estão aterminar o curso e para aqueles que jáprocuram o seu primeiro emprego. “Oscurrículos que recebemos são analisadose seleccionados de acordo com asnecessidades das 18 empresas perten-centes à Inova-Ria. Quem visitou a Feirade Emprego ficou a saber quem somos,quais os nossos objectivos na região edetalhes sobre o Programa Talento Inova-Ria 2004, direccionado a estagiários”.

Já Ana Sofia Casais, responsável pelacomunicação e recrutamento da Altranem Portugal e do Grupo, a nívelinternacional, não tem dúvidas emafirmar que a Feira de Emprego da UAé uma excelente iniciativa que devia seradoptada por todas as universidades.“A atitude por parte dos visitantes destaFeira de Emprego de ter já um currículoelaborado surpreendeu-me pela positiva.Tento sempre evitar que as pessoasdeixem o seu currículo sem saberem oque é a Altran ou pelo menos semconhecerem as oportunidades de recru-tamento que existem. Neste momentoexistem oportunidades, sobretudo nasáreas de engenharia. A nossa presençaaqui tem por objectivo conhecer pessoascom diferentes perfis e escolher asmelhores. Vamos fazer uma primeiratriagem e analisar as competências daspessoas. Nas edições anterioresintegramos candidatos da Universidadede Aveiro. Todos os currículos quechegam até nós têm necessariamenteuma resposta. Se for positiva, os

candidatos são convidados a ir a umaprimeira entrevista. Se for negativa, háuma base de dados interna, a que têmacesso as quatro empresas do grupoAltran em Portugal.”

Oportunidades move visitantesAos recém-licenciados é a expectativade virem a conseguir uma oportunidadeque os move. Dora Zita Teixeira, 29 anos,licenciou-se em Engenharia e GestãoIndustrial na UA, em 1998. Já trabalhounuma empresa de consultadoria emAveiro e na Associação Industrial, ondetentou implementar um gabinete dequalidade, mas por questões financeiras,terminado o contrato, acabou por ficardesempregada. “É por este motivo queestou na Feira de Emprego da UA. Tenhoesperança de vir a conseguir emprego.Estão cá grandes empresas. E uma coisaé certa: todas as empresas presentesnos dão uma resposta, ao contrário doque acontece quando nos candidatamospor outras vias. No ano passado vim àFeira de Emprego e fui chamada a umaentrevista.”.

Filipe Cravo, 25 anos, já andou emEnsino de Electrónica e Informática, masdecidiu optar por um curso com umaforte componente prática e é agora alunodo 3º ano de Engenharia Electromecâ-nica, na Escola Superior de Tecnologiae Gestão de Águeda. “Embora estejaconvencido de que o meu curso temboas saídas profissionais, começo agoraa preocupar-me com o assunto. Porisso, vim conhecer e estabelecer con-tactos com as empresas”.

Liliana Rodrigues, 26 anos, concluiu obacharelato em Contabilidade eAdministração e terminou a licenciaturaem Auditoria em 2003. “Ainda não tivequalquer experiência profissional, tirandoum trabalho de auditoria a uma empresaainda no âmbito do curso, por isso andoa tentar encontrar emprego. Já fui a umaFeira de Emprego em Sever do Vougamas tinha muito menos empresasrepresentadas que esta da Universidadede Aveiro. Acho esta iniciativa muitopositiva porque nos permite conhecer

empresas e darmo-nos a conhecer aessas mesmas empresas. É uma formaconcreta de entregarmos currículos eaguardar uma oportunidade”.

O aumento das hipóteses de empregopara os estudantes da Universidade deAveiro é para o Vice-Reitor, Prof.Fernando Marques, a grande mais-valiada Feira de Emprego. “Todos os anosmais de mil currículos são entreguespelos estudantes e recém-licenciadosque passam nesta Feira, o que trazseguramente algumas dezenas deempregos e a vantagem dos estudantesse habituarem ao tipo de questões queas empresas colocam quandopretendem recrutar pessoal. Para alémdisso, visitando esta Feira, os estudantesficam com uma noção mais exacta doque é pedido num currículo e aprendema valorizar a sua apresentação noscontactos que estabelecem com osfuturos empregadores. A Feira deEmprego é um dos vários instrumentosde que a UA dispõe para facilitar ainserção de diplomados no mercado detrabalho. É uma acção em que se vaicontinuar a apostar claramente. Estamosconscientes de que as empresas estãoa retrair os seus investimentos, por isso,é positivo conseguirmos atrair à UA umadezena de empresas e a representaçãode muitas outras, através por exemploda Inova-Ria”.Para o próximo ano há mais e o conviteestá lançado. Se quiser ver a suaempresa representada na Feira deEmprego da UA, contacte os Serviçosde Relações Externas da Universidadede Aveiro.

Serviços de Relações Externas

http://www.adm.ua.pt/sre

tel. 234 370 211

fax 234 370 985

e-mail: [email protected]

Acabar o curso e entrar de imediato no

mercado de trabalho é a aspiração da

maioria dos estudantes do ensino superior.

É a pensar nesta legítima ambição de

finalistas e recém-licenciados e na sua

rápida inserção no mercado de trabalho

que a Universidade de Aveiro promove há

já quatro anos a Feira de Emprego. Ao

mesmo tempo, a UA dispõe de um

Gabinete de Estágios e Saídas

Profissionais, continua a cimentar relações

de cooperação com instituições de cariz

potencialmente empregador e, através da

Associação Académica, vai brevemente

dispor de uma UNIVA.

feira de empregoquatro anos de sucesso

outubro ‘04Linhas feira de emprego5554

Page 58: Revista Linhas 02

O desabafo dos estudantes dos PaísesAfricanos de Língua Oficial Portuguesaé geral: “É difícil ser estudante PALOPem Portugal. Somos muitas vezesabandonados à nossa sorte. Estamosà margem do sistema em domínioscomo a acção social e o Plano Nacionalde Saúde. Organizámos, por isso, umencontro para proporcionar um debateprofundo, entre estudantes e decisores,sobre os problemas que enfrentamosno dia-a-dia em Portugal e encontrarsoluções para as nossas dificuldadesque acabam por se reflectir no nossodesempenho escolar”.

Na verdade, durante os dois dias doencontro muitos foram os temas aborda-dos pelas várias individualidades queparticiparam nos diferentes painéis.Discutiu-se, por exemplo, a cooperaçãoentre a Universidade de Aveiro e osPALOP, a harmonização de políticas so-ciais e de cooperação, as estratégias deformação, internacionalização e o apoioaos estudantes, ou os incentivos e saídasprofissionais para os futuros quadros.

O resultado destes e doutros temas de-batidos durante os dois dias do encontro,levou à redacção da “Carta de Aveiro” eà sua apresentação na cerimónia deencerramento do Fórum. Perante aMinistra da Ciência e do Ensino Superior,Maria da Graça Carvalho, o Decano dosMinistros da Educação dos PALOP e aReitora da UA, os alunos deram aconhecer os problemas que vivem nodia-a-dia, apontaram algumas recomen-dações com vista à actualização de todosos acordos bilaterais existentes nas áreasda Educação e do Ensino Superior, efrisaram a necessidade de todos osPALOP serem apoiados nas áreas social,cultural e da saúde.

Paralelamente a esta abordagem maisséria dos problemas dos estudantesPALOP em Portugal, o Fórum integrouum conjunto de actividades de índolecultural que serviu, sobretudo, parafomentar o intercâmbio, a amizade e ocompanheirismo entre PALOPs e entreestes e os portugueses. Destaque-seas participações de Paulino Vieira e

Steve Potts que, num concerto que lotouo auditório da Reitoria, apresentaram duasperspectivas diferentes da música negra.No final deste grande concerto, PaulinoVieira, o orquestrador, cantor, compositor,poeta multi-instrumentista e pianista dodisco “Miss perfumado”, de CesáriaÉvora, juntou-se ao grande saxofonistaamericano Steve Potts, protagonizandoum inesquecível dueto final.

de todo o país reuniram na UA

A iniciativa partiu de um grupo de estudantes de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau

e S. Tomé e Príncipe, residentes em Aveiro. O resultado foi a realização, na UA, do I Fórum de

Estudantes do Ensino Superior dos PALOP em Portugal. O encontro decorreu no final de Maio,

reuniu estudantes de todo o país, Ministros, Embaixadores dos PALOP e a Ministra da Ciência e

do Ensino Superior nacional que, no último dia, esteve no ISCA-UA para ouvir a “Carta de Aveiro”,

um documento que sintetizou os trabalhos realizados nos dois dias do encontro e apontou

recomendações para os governantes PALOP nas negociações com o Estado Português, com

vista à resolução dos problemas sentidos por estes estudantes.

estudantes PALOP

outubro ‘04Linhas 1º forum de estudantes palop

É difícil ser estudantePALOP em Portugal.Somos muitas vezesabandonados ànossa sorte.

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Page 59: Revista Linhas 02

O desabafo dos estudantes dos PaísesAfricanos de Língua Oficial Portuguesaé geral: “É difícil ser estudante PALOPem Portugal. Somos muitas vezesabandonados à nossa sorte. Estamosà margem do sistema em domínioscomo a acção social e o Plano Nacionalde Saúde. Organizámos, por isso, umencontro para proporcionar um debateprofundo, entre estudantes e decisores,sobre os problemas que enfrentamosno dia-a-dia em Portugal e encontrarsoluções para as nossas dificuldadesque acabam por se reflectir no nossodesempenho escolar”.

Na verdade, durante os dois dias doencontro muitos foram os temas aborda-dos pelas várias individualidades queparticiparam nos diferentes painéis.Discutiu-se, por exemplo, a cooperaçãoentre a Universidade de Aveiro e osPALOP, a harmonização de políticas so-ciais e de cooperação, as estratégias deformação, internacionalização e o apoioaos estudantes, ou os incentivos e saídasprofissionais para os futuros quadros.

O resultado destes e doutros temas de-batidos durante os dois dias do encontro,levou à redacção da “Carta de Aveiro” eà sua apresentação na cerimónia deencerramento do Fórum. Perante aMinistra da Ciência e do Ensino Superior,Maria da Graça Carvalho, o Decano dosMinistros da Educação dos PALOP e aReitora da UA, os alunos deram aconhecer os problemas que vivem nodia-a-dia, apontaram algumas recomen-dações com vista à actualização de todosos acordos bilaterais existentes nas áreasda Educação e do Ensino Superior, efrisaram a necessidade de todos osPALOP serem apoiados nas áreas social,cultural e da saúde.

Paralelamente a esta abordagem maisséria dos problemas dos estudantesPALOP em Portugal, o Fórum integrouum conjunto de actividades de índolecultural que serviu, sobretudo, parafomentar o intercâmbio, a amizade e ocompanheirismo entre PALOPs e entreestes e os portugueses. Destaque-seas participações de Paulino Vieira e

Steve Potts que, num concerto que lotouo auditório da Reitoria, apresentaram duasperspectivas diferentes da música negra.No final deste grande concerto, PaulinoVieira, o orquestrador, cantor, compositor,poeta multi-instrumentista e pianista dodisco “Miss perfumado”, de CesáriaÉvora, juntou-se ao grande saxofonistaamericano Steve Potts, protagonizandoum inesquecível dueto final.

de todo o país reuniram na UA

A iniciativa partiu de um grupo de estudantes de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau

e S. Tomé e Príncipe, residentes em Aveiro. O resultado foi a realização, na UA, do I Fórum de

Estudantes do Ensino Superior dos PALOP em Portugal. O encontro decorreu no final de Maio,

reuniu estudantes de todo o país, Ministros, Embaixadores dos PALOP e a Ministra da Ciência e

do Ensino Superior nacional que, no último dia, esteve no ISCA-UA para ouvir a “Carta de Aveiro”,

um documento que sintetizou os trabalhos realizados nos dois dias do encontro e apontou

recomendações para os governantes PALOP nas negociações com o Estado Português, com

vista à resolução dos problemas sentidos por estes estudantes.

estudantes PALOP

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É difícil ser estudantePALOP em Portugal.Somos muitas vezesabandonados ànossa sorte.

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É Vice-Presidente do Conselho Científico,membro da Comissão Coordenadora doMestrado em Química e Qualidade dosAlimentos e, desde 2003, ProfessorAssociado com Agregação no Departa-mento de Química da Universidade deAveiro. Manuel António Coimbra, 41 anos,foi um dos nove doutores com agregaçãoque recebeu no Dia da Universidade oDiploma de Agregação em Química –Bioquímica e Química Alimentar. “Tantoo dia em que prestei provas, como esteem que me foi atribuído o respectivoDiploma, fazem parte do percurso acadé-mico de um Professor Universitário. São,por isso, momentos vividos e encaradoscom a naturalidade de quem tempassado a sua vida profissional a avaliare a ser avaliado, a dar lições e a recebê--las, a confrontar as suas ideias e as suasinterpretações com as dos seus colegas,a ouvir e a ser ouvido. Não é mais doque a nossa obrigação, mas ao mesmotempo representa mais uma etapacumprida na nossa vida académica.”

Ora Coordenador Científico, ora investi-gador responsável, ora participante numasérie de projectos de investigação daárea da Química Alimentar, Química dePolissacarídeos, Química, Bioquímica eCiências Agrárias, Manuel Coimbra temocupado grande parte dos últimos 10anos, a descobrir, no Grupo de Bioquí-mica e Química Alimentar do Departa-mento de Química, a relação existenteentre as características estruturais dospolissacarídeos e as propriedades queestes conferem à textura da azeitona eda pêra passa de Viseu, à espuma docafé expresso, ou à limpidez dos vinhosbrancos da Bairrada.

Foi precisamente uma lição sobre “Quí-mica de Polissacarídeos Aplicada aAlimentos – Relação entre as caracterís-ticas estruturais dos polissacarídeos eas propriedades que estes conferem aosalimentos” que Manuel Coimbra deu nosegundo dia das provas que prestou em2003. “No primeiro dia de provas deAgregação, depois de ter sido analisadoo meu Curriculum Vitae e a sua relevânciacientífica, pedagógica, de participaçãonos órgãos de gestão da Universidade

e actividades de extensão à sociedade,apresentei uma proposta de disciplina aser leccionada nas universidades portu-guesas (Química e Análise de Açúcarese Polissacarídeos, disciplina incluída noMestrado em Química e Qualidade dosAlimentos da Universidade de Aveiro),com o respectivo título, escolaridade,enquadramento, objectivos, conteúdosprogramáticos, metodologias de ensino,bibliografia recomendada e avaliação.No segundo dia das provas de Agregaçãofiz uma exposição de uma hora, ou seja,dei uma lição sobre a área em que tenhofeito investigação.”

Para Manuel Coimbra, as provas deagregação são sem dúvida uma mais--valia individual, mas também colectiva,já que constituem a prova da idoneidadecientífica e pedagógica individual, mastambém do grupo de trabalho. “Todauma estrutura (funcionários, alunos degraduação e de pós-graduação, profes-sores, infra-estruturas como laboratóriose respectivos equipamentos, e todos osserviços de apoio) tem que estar montadapara que a investigação e a actividadedocente de um professor possa darfrutos. É também fundamental a exis-tência de um ambiente propício ao desen-volvimento de um clima de cooperaçãoe de junção de esforços de todos os quetrabalham sob um mesmo tecto. Nonosso caso, é o que tem acontecido. Porisso, estou reconhecido à Universidadede Aveiro e ao Departamento de Químicapelas condições excelentes, materiais ehumanas, que proporcionam ao nossotrabalho, ao Grupo de Bioquímica eQuímica Alimentar, à Prof. Ivonne Delga-dillo, pioneira do Grupo e sua responsáveldesde a primeira hora, aos meus colegase aos alunos de pós-graduação quetenho tido o prazer de orientar”.

Muita descoberta e evolução constanteJá Maria João Pires da Rosa, 31 anos,Professora Auxiliar Convidada do Depar-tamento de Economia, Gestão e Enge-nharia Industrial da UA, diz ter sido com“algum espanto, mas com grande alegria”que deu por si nervosa e emocionada aoreceber o diploma das mãos da Reitora,Prof. Maria Helena Nazaré. “Não tinha

grandes expectativas sobre o dia deentrega de diplomas e, por isso, nemsequer tinha pensado muito no que iriasentir, mas confesso que a cerimóniaorganizada pela Universidade teve paramim o tal significado especial: o dia emque recebi o meu Diploma! Fez-melembrar de todos aqueles que me ajudaram a chegar até aqui, muito especial-mente da minha filha (que recebeu odiploma comigo), marido, pais, irmão eavós que, pela confiança que sempreme transmitiram, me fizeram acreditarque nada é impossível e que vale a penasonhar”.

Depois de se ter licenciado em Engenha-ria Química, na Universidade de Coimbra,e por insistência do então seu Professore orientador do trabalho final de licen-ciatura, Pedro Manuel Saraiva, MariaJoão decidiu avançar para doutoramento.“Nunca tinha equacionado esta hipótese.Parecia-me um projecto enorme edemasiado ambicioso para alguém quetinha acabado de concluir uma licencia-tura. Mas o Prof. Pedro Saraiva conven-ceu-me. Só fiz questão de o vir a realizarna UA, na área da gestão da qualidade.”.

“Definição de Bases Estratégicas e deExcelência para o Desenvolvimento doEnsino Superior em Portugal” foi a teseque defendeu em Dezembro de 2003,sob a supervisão dos ProfessoresHenrique Diz (UA) e Pedro Manuel Saraiva(FCTUC). Face à inexistência de ummecanismo de avaliação institucional,Maria João desenvolveu um modelo deauto-avaliação das instituições, baseadoem nove critérios de análise. “O modeloproposto pretende ser uma ferramentade avaliação e gestão que suporte a auto--análise de uma instituição de ensinosuperior, funcionando simultaneamentecomo uma fonte de oportunidades demelhoria contínua. O modelo foi aplicadonum conjunto de instituições de ensinosuperior portuguesas, numa universidadeem particular e numa unidade orgânicadessa mesma universidade. Os resulta-dos obtidos com o estudo realizado per-mitiram concluir que o modelo desenvol-vido e testado pode ser aplicado pelasinstituições de ensino superior portu-

outubro ‘04Linhas dia aberto e dia da universidade

dia da universidadeassinalado com entrega de diplomas e visita ministerial

5958

Manuel António Coimbra, Maria João Pires da Rosa, Ângela Curado e Maria José Amorim estão

de parabéns. Obtiveram, respectivamente, os graus de Doutor com Agregação, Doutor, Mestre

e Licenciatura pela Universidade de Aveiro e, por isso mesmo, foram quatro dos 1383 novos

graduados que estiveram presentes na cerimónia de entrega de diplomas 2002/2003. Este

importante momento da vida académica realizou-se no último Sábado de Maio e trouxe à UA

milhares de familiares e amigos dos diplomados. A par da inauguração do edifício central da

Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, pela Ministra Graça Carvalho, a entrega de

diplomas marcou a história do Dia da Universidade 2004.

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É Vice-Presidente do Conselho Científico,membro da Comissão Coordenadora doMestrado em Química e Qualidade dosAlimentos e, desde 2003, ProfessorAssociado com Agregação no Departa-mento de Química da Universidade deAveiro. Manuel António Coimbra, 41 anos,foi um dos nove doutores com agregaçãoque recebeu no Dia da Universidade oDiploma de Agregação em Química –Bioquímica e Química Alimentar. “Tantoo dia em que prestei provas, como esteem que me foi atribuído o respectivoDiploma, fazem parte do percurso acadé-mico de um Professor Universitário. São,por isso, momentos vividos e encaradoscom a naturalidade de quem tempassado a sua vida profissional a avaliare a ser avaliado, a dar lições e a recebê--las, a confrontar as suas ideias e as suasinterpretações com as dos seus colegas,a ouvir e a ser ouvido. Não é mais doque a nossa obrigação, mas ao mesmotempo representa mais uma etapacumprida na nossa vida académica.”

Ora Coordenador Científico, ora investi-gador responsável, ora participante numasérie de projectos de investigação daárea da Química Alimentar, Química dePolissacarídeos, Química, Bioquímica eCiências Agrárias, Manuel Coimbra temocupado grande parte dos últimos 10anos, a descobrir, no Grupo de Bioquí-mica e Química Alimentar do Departa-mento de Química, a relação existenteentre as características estruturais dospolissacarídeos e as propriedades queestes conferem à textura da azeitona eda pêra passa de Viseu, à espuma docafé expresso, ou à limpidez dos vinhosbrancos da Bairrada.

Foi precisamente uma lição sobre “Quí-mica de Polissacarídeos Aplicada aAlimentos – Relação entre as caracterís-ticas estruturais dos polissacarídeos eas propriedades que estes conferem aosalimentos” que Manuel Coimbra deu nosegundo dia das provas que prestou em2003. “No primeiro dia de provas deAgregação, depois de ter sido analisadoo meu Curriculum Vitae e a sua relevânciacientífica, pedagógica, de participaçãonos órgãos de gestão da Universidade

e actividades de extensão à sociedade,apresentei uma proposta de disciplina aser leccionada nas universidades portu-guesas (Química e Análise de Açúcarese Polissacarídeos, disciplina incluída noMestrado em Química e Qualidade dosAlimentos da Universidade de Aveiro),com o respectivo título, escolaridade,enquadramento, objectivos, conteúdosprogramáticos, metodologias de ensino,bibliografia recomendada e avaliação.No segundo dia das provas de Agregaçãofiz uma exposição de uma hora, ou seja,dei uma lição sobre a área em que tenhofeito investigação.”

Para Manuel Coimbra, as provas deagregação são sem dúvida uma mais--valia individual, mas também colectiva,já que constituem a prova da idoneidadecientífica e pedagógica individual, mastambém do grupo de trabalho. “Todauma estrutura (funcionários, alunos degraduação e de pós-graduação, profes-sores, infra-estruturas como laboratóriose respectivos equipamentos, e todos osserviços de apoio) tem que estar montadapara que a investigação e a actividadedocente de um professor possa darfrutos. É também fundamental a exis-tência de um ambiente propício ao desen-volvimento de um clima de cooperaçãoe de junção de esforços de todos os quetrabalham sob um mesmo tecto. Nonosso caso, é o que tem acontecido. Porisso, estou reconhecido à Universidadede Aveiro e ao Departamento de Químicapelas condições excelentes, materiais ehumanas, que proporcionam ao nossotrabalho, ao Grupo de Bioquímica eQuímica Alimentar, à Prof. Ivonne Delga-dillo, pioneira do Grupo e sua responsáveldesde a primeira hora, aos meus colegase aos alunos de pós-graduação quetenho tido o prazer de orientar”.

Muita descoberta e evolução constanteJá Maria João Pires da Rosa, 31 anos,Professora Auxiliar Convidada do Depar-tamento de Economia, Gestão e Enge-nharia Industrial da UA, diz ter sido com“algum espanto, mas com grande alegria”que deu por si nervosa e emocionada aoreceber o diploma das mãos da Reitora,Prof. Maria Helena Nazaré. “Não tinha

grandes expectativas sobre o dia deentrega de diplomas e, por isso, nemsequer tinha pensado muito no que iriasentir, mas confesso que a cerimóniaorganizada pela Universidade teve paramim o tal significado especial: o dia emque recebi o meu Diploma! Fez-melembrar de todos aqueles que me ajudaram a chegar até aqui, muito especial-mente da minha filha (que recebeu odiploma comigo), marido, pais, irmão eavós que, pela confiança que sempreme transmitiram, me fizeram acreditarque nada é impossível e que vale a penasonhar”.

Depois de se ter licenciado em Engenha-ria Química, na Universidade de Coimbra,e por insistência do então seu Professore orientador do trabalho final de licen-ciatura, Pedro Manuel Saraiva, MariaJoão decidiu avançar para doutoramento.“Nunca tinha equacionado esta hipótese.Parecia-me um projecto enorme edemasiado ambicioso para alguém quetinha acabado de concluir uma licencia-tura. Mas o Prof. Pedro Saraiva conven-ceu-me. Só fiz questão de o vir a realizarna UA, na área da gestão da qualidade.”.

“Definição de Bases Estratégicas e deExcelência para o Desenvolvimento doEnsino Superior em Portugal” foi a teseque defendeu em Dezembro de 2003,sob a supervisão dos ProfessoresHenrique Diz (UA) e Pedro Manuel Saraiva(FCTUC). Face à inexistência de ummecanismo de avaliação institucional,Maria João desenvolveu um modelo deauto-avaliação das instituições, baseadoem nove critérios de análise. “O modeloproposto pretende ser uma ferramentade avaliação e gestão que suporte a auto--análise de uma instituição de ensinosuperior, funcionando simultaneamentecomo uma fonte de oportunidades demelhoria contínua. O modelo foi aplicadonum conjunto de instituições de ensinosuperior portuguesas, numa universidadeem particular e numa unidade orgânicadessa mesma universidade. Os resulta-dos obtidos com o estudo realizado per-mitiram concluir que o modelo desenvol-vido e testado pode ser aplicado pelasinstituições de ensino superior portu-

outubro ‘04Linhas dia aberto e dia da universidade

dia da universidadeassinalado com entrega de diplomas e visita ministerial

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Manuel António Coimbra, Maria João Pires da Rosa, Ângela Curado e Maria José Amorim estão

de parabéns. Obtiveram, respectivamente, os graus de Doutor com Agregação, Doutor, Mestre

e Licenciatura pela Universidade de Aveiro e, por isso mesmo, foram quatro dos 1383 novos

graduados que estiveram presentes na cerimónia de entrega de diplomas 2002/2003. Este

importante momento da vida académica realizou-se no último Sábado de Maio e trouxe à UA

milhares de familiares e amigos dos diplomados. A par da inauguração do edifício central da

Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, pela Ministra Graça Carvalho, a entrega de

diplomas marcou a história do Dia da Universidade 2004.

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Manuel António Coimbra Ângela CuradoMaria José Amorim Maria João Pires da Rosa

guesas como uma ferramenta de auto--avaliação e suporte aos seus esforçoscontinuados de melhoria da qualidade.”.

Para Maria João a obtenção do grau deDoutor foi o culminar de um trabalho deinvestigação que lhe permitiu descobrir,aprender e evoluir muito, tanto a nívelprofissional como pessoal. “Foi umacaminhada que teve os seus momentosdifíceis, mas outros de grande entusias-mo.” Em termos de carreira universitária,a realização de doutoramento é condiçãonecessária para a aspiração ao sucessoe, nessa medida, “a obtenção do graude doutor foi certamente o primeiro passopara o meu sucesso profissional, emboranão seja, obviamente, o seu garante.”

De aqui em diante, Maria João esperacontinuar a trabalhar as questões daqualidade no ensino superior e a leccionarna UA, “uma actividade que só recente-mente descobri mas que me tem dadoum grande prazer e uma oportunidadeúnica não só de ajudar os outros na suaaprendizagem, mas também de euprópria aprender.”

Arquitectura + AmbienteTambém Ângela Curado, 38 anos,decidiu não se ficar pela licenciatura emArquitectura, concluída em 1989, naFaculdade de Arquitectura da Universi-dade Técnica de Lisboa. Depois de terpassado pela Câmara Municipal da Praiada Vitória e pela Direcção Regional dos

Assuntos Culturais da Secretaria Regio-nal da Educação e Cultura da RegiãoAutónoma dos Açores, Ângela Curadointegra o quadro de pessoal não docenteda Universidade de Aveiro, onde, desdede Janeiro de 1993, desempenha funçõesde Assessoria Técnica no domínio daArquitectura, nos Serviços Técnicos daUniversidade.

“Com o decorrer da licenciatura, transmi-tiram-me o princípio de que para alémde formação específica, estava a adquiriruma licença para estudar sozinha. Porisso, nunca o deixei de fazer. No entanto,a minha formação base não me permitiaestudar de forma autónoma uma áreatão apaixonante e preocupante como oAmbiente e decidi fazer mestrado emGestão e Políticas Ambientais”.

Com a tese “A Eficiência Energética dosEdifícios. Uma Estratégia para a Universi-dade de Aveiro”, Ângela Curado abordoua crescente preocupação ambientalresultante da permanente utilização defontes de energia não renováveis e aforma nem sempre mais eficiente de autilizar no que diz respeito aos edifícios.“O desenvolvimento sustentável é umameta importante a atingir e as alteraçõesclimáticas são uma das mais fortesameaças para as quais é urgente encon-trar formas de controlo”, reconhece.

O potencial dos edifícios e as tecnologiasexistentes no Campus da Universidade

de Aveiro, levaram Ângela Curado aseleccionar este espaço físico paraexplorar as possibilidades de aplicaçãode uma estratégia sustentável. Dadasas características do Campus, Ângelaconcluiu que se tratava de uma excelenteoportunidade para implementar estasestratégias e tecnologias, pelo quepropôs a adopção de um modelo queimplica uma política energética integradapara os edifícios existentes e para os jáprojectados para o Campus. “Com estetrabalho, torna-se sobretudo possívelidentificar carências e oportunidades,definir prioridades e elaborar um conjuntode recomendações.”.

No último Sábado de Maio, ÂngelaCurado esteve na UA mas ao contráriodo habitual, não entrou no gabinete ondetrabalha. À sua espera, na tenda gigantemontada no Campus para acolherdiplomados e convidados, estava o seulugar entre os colegas de mestrado. Foiem Gestão e Políticas Ambientais quese fez Mestre; uma nova formação queconsidera representar uma mais-valianão só por lhe ter permitido fazer a ponteentre a arquitectura e o ambiente, mastambém porque espera que a sua teseconstitua uma base para a “implemen-tação de uma estratégia de utilizaçãoracional de energia nos edifícios da UA,contribuindo assim para que, no futuro,seja mais um exemplo de excelênciapara o desenvolvimento da Universidadede Aveiro”.

De GPT à direcção de um HotelEntre os 1156 licenciados que aguarda-vam ser chamados a receber o tão ansiadocanudo, estava também Maria JoséAmorim. Entrou na Universidade de Aveiroem 1990 no curso de Matemática Apli-cada e Computação (MAC) mas foi emGestão e Planeamento em Turismo quese acabou por licenciar. “Desisti de MACpassados sete anos, que encaro, agora,como anos de tortura. Sentia-me muitofrustrada e decidi parar para reflectir poruns meses. Foi então que, com a ajudados meus familiares, principalmente daminha avó, mãe e melhor amigo (o meumarido), decidi recomeçar tudo de novo”.

Maria José analisou pormenorizadamenteos planos curriculares dos cursos quemais julgava irem ao encontro das suasexpectativas de realização. “Quandodescobri o de Gestão e Planeamento emTurismo acabaram-se as dúvidas. Em1998 consegui a transferência e a minhavida alterou-se radicalmente. Para alémde me ter aberto as portas para o mercadode trabalho, este curso permitiu-merelacionar-me com excelentes professo-res, colegas e profissionais da área”.

Embora considere o dia da Bênção deFinalistas o tal a que atribui aquelesignificado especial, a oportunidade deprestar uma merecida homenagem à avófoi o principal motivo que trouxe MariaJosé à UA no dia de entrega de diplomas.“A minha avó sempre acreditou e me fez

acreditar que este dia chegaria… Estevesempre presente nos momentos de maiorangústia, dando-me a força e a coragemnecessárias para nunca desistir desteobjectivo da Licenciatura. Infelizmentenão assistiu à cerimónia, por ter falecido,mas sei que bem lá do Céu esteve atentaà chamada do meu nome para recebero diploma! Aveiro é também teu, Avó!”.

Da vida de estudante, Maria José nãoesquece um conjunto de muitos bons pe-quenos momentos que, afinal, fizeram umlargo período de vida de estudante tervalido a pena. “O que nunca vou esquecerdesta fase de estudante? É difícil respon-der, pois passei por muitos momentos,uns bons outros piores, muitas vitórias…mas seguramente o que nunca vou esque-cer é que Aveiro é nosso e há-se ser!”

Hoje, aos 37 anos, Maria José está atrabalhar num Hotel em Anadia. É respon-sável pela sua promoção comercial,exercendo ainda funções de Direcçãodo Hotel. “Não enviei qualquer currículo,simplesmente contactei o Hotel, conseguiuma entrevista, apresentei-me, mostran-do-lhes a mais-valia que lhes podia ofe-recer. Deixei que a minha força e vontadetransparecessem e consegui o lugar!”

Atestado de competênciasA cerimónia de entrega de diplomas quetodos os anos se repete no final do anolectivo, começou, como não podia deixarde ser, com o discurso de boas-vindas

da Reitora da UA. Começando por daros parabéns a todos os novos graduadospela UA, a Prof. Maria Helena Nazarésalientou “a alegria e orgulho” com queeste momento tão especial para os diplo-mados é partilhado com os familiares eamigos. Reconheceu o “trabalho árduoe o sacrifício por que os novos graduadospassaram” e afirmou que o diplomaatesta a competência de cada um paraaprender criticamente. “O diploma quehoje vos vai ser entregue certifica compe-tências que, temos a certeza, são a melhorgarantia de que cada um pode conduziro seu percurso, de acordo com as esco-lhas e ambições que lhe são próprias.”.

Como é costume nesta celebração anual,a Reitora aproveitou também para fazero balanço do ano académico. Referiu-se ao sucesso dos 10 anos de actividadedo Instituto de Investigação “patente nosresultados da avaliação externa einternacional das Unidades de Investi-gação, que classifica 75% das unidadesexistentes com Excelente ou Muito Bom”,e à aposta, a partir de Setembro, nacontratação de cientistas de elevadomérito em áreas estratégicas para aUniversidade. (ver pág. 42)

Depois de nomear o conjunto deiniciativas que marcaram o ano lectivo2003/2004 e de salientar o alargamentodo leque de cursos de pós-graduação,a par da consolidação do programa deCursos de Formação Tecnológica, a

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Manuel António Coimbra Ângela CuradoMaria José Amorim Maria João Pires da Rosa

guesas como uma ferramenta de auto--avaliação e suporte aos seus esforçoscontinuados de melhoria da qualidade.”.

Para Maria João a obtenção do grau deDoutor foi o culminar de um trabalho deinvestigação que lhe permitiu descobrir,aprender e evoluir muito, tanto a nívelprofissional como pessoal. “Foi umacaminhada que teve os seus momentosdifíceis, mas outros de grande entusias-mo.” Em termos de carreira universitária,a realização de doutoramento é condiçãonecessária para a aspiração ao sucessoe, nessa medida, “a obtenção do graude doutor foi certamente o primeiro passopara o meu sucesso profissional, emboranão seja, obviamente, o seu garante.”

De aqui em diante, Maria João esperacontinuar a trabalhar as questões daqualidade no ensino superior e a leccionarna UA, “uma actividade que só recente-mente descobri mas que me tem dadoum grande prazer e uma oportunidadeúnica não só de ajudar os outros na suaaprendizagem, mas também de euprópria aprender.”

Arquitectura + AmbienteTambém Ângela Curado, 38 anos,decidiu não se ficar pela licenciatura emArquitectura, concluída em 1989, naFaculdade de Arquitectura da Universi-dade Técnica de Lisboa. Depois de terpassado pela Câmara Municipal da Praiada Vitória e pela Direcção Regional dos

Assuntos Culturais da Secretaria Regio-nal da Educação e Cultura da RegiãoAutónoma dos Açores, Ângela Curadointegra o quadro de pessoal não docenteda Universidade de Aveiro, onde, desdede Janeiro de 1993, desempenha funçõesde Assessoria Técnica no domínio daArquitectura, nos Serviços Técnicos daUniversidade.

“Com o decorrer da licenciatura, transmi-tiram-me o princípio de que para alémde formação específica, estava a adquiriruma licença para estudar sozinha. Porisso, nunca o deixei de fazer. No entanto,a minha formação base não me permitiaestudar de forma autónoma uma áreatão apaixonante e preocupante como oAmbiente e decidi fazer mestrado emGestão e Políticas Ambientais”.

Com a tese “A Eficiência Energética dosEdifícios. Uma Estratégia para a Universi-dade de Aveiro”, Ângela Curado abordoua crescente preocupação ambientalresultante da permanente utilização defontes de energia não renováveis e aforma nem sempre mais eficiente de autilizar no que diz respeito aos edifícios.“O desenvolvimento sustentável é umameta importante a atingir e as alteraçõesclimáticas são uma das mais fortesameaças para as quais é urgente encon-trar formas de controlo”, reconhece.

O potencial dos edifícios e as tecnologiasexistentes no Campus da Universidade

de Aveiro, levaram Ângela Curado aseleccionar este espaço físico paraexplorar as possibilidades de aplicaçãode uma estratégia sustentável. Dadasas características do Campus, Ângelaconcluiu que se tratava de uma excelenteoportunidade para implementar estasestratégias e tecnologias, pelo quepropôs a adopção de um modelo queimplica uma política energética integradapara os edifícios existentes e para os jáprojectados para o Campus. “Com estetrabalho, torna-se sobretudo possívelidentificar carências e oportunidades,definir prioridades e elaborar um conjuntode recomendações.”.

No último Sábado de Maio, ÂngelaCurado esteve na UA mas ao contráriodo habitual, não entrou no gabinete ondetrabalha. À sua espera, na tenda gigantemontada no Campus para acolherdiplomados e convidados, estava o seulugar entre os colegas de mestrado. Foiem Gestão e Políticas Ambientais quese fez Mestre; uma nova formação queconsidera representar uma mais-valianão só por lhe ter permitido fazer a ponteentre a arquitectura e o ambiente, mastambém porque espera que a sua teseconstitua uma base para a “implemen-tação de uma estratégia de utilizaçãoracional de energia nos edifícios da UA,contribuindo assim para que, no futuro,seja mais um exemplo de excelênciapara o desenvolvimento da Universidadede Aveiro”.

De GPT à direcção de um HotelEntre os 1156 licenciados que aguarda-vam ser chamados a receber o tão ansiadocanudo, estava também Maria JoséAmorim. Entrou na Universidade de Aveiroem 1990 no curso de Matemática Apli-cada e Computação (MAC) mas foi emGestão e Planeamento em Turismo quese acabou por licenciar. “Desisti de MACpassados sete anos, que encaro, agora,como anos de tortura. Sentia-me muitofrustrada e decidi parar para reflectir poruns meses. Foi então que, com a ajudados meus familiares, principalmente daminha avó, mãe e melhor amigo (o meumarido), decidi recomeçar tudo de novo”.

Maria José analisou pormenorizadamenteos planos curriculares dos cursos quemais julgava irem ao encontro das suasexpectativas de realização. “Quandodescobri o de Gestão e Planeamento emTurismo acabaram-se as dúvidas. Em1998 consegui a transferência e a minhavida alterou-se radicalmente. Para alémde me ter aberto as portas para o mercadode trabalho, este curso permitiu-merelacionar-me com excelentes professo-res, colegas e profissionais da área”.

Embora considere o dia da Bênção deFinalistas o tal a que atribui aquelesignificado especial, a oportunidade deprestar uma merecida homenagem à avófoi o principal motivo que trouxe MariaJosé à UA no dia de entrega de diplomas.“A minha avó sempre acreditou e me fez

acreditar que este dia chegaria… Estevesempre presente nos momentos de maiorangústia, dando-me a força e a coragemnecessárias para nunca desistir desteobjectivo da Licenciatura. Infelizmentenão assistiu à cerimónia, por ter falecido,mas sei que bem lá do Céu esteve atentaà chamada do meu nome para recebero diploma! Aveiro é também teu, Avó!”.

Da vida de estudante, Maria José nãoesquece um conjunto de muitos bons pe-quenos momentos que, afinal, fizeram umlargo período de vida de estudante tervalido a pena. “O que nunca vou esquecerdesta fase de estudante? É difícil respon-der, pois passei por muitos momentos,uns bons outros piores, muitas vitórias…mas seguramente o que nunca vou esque-cer é que Aveiro é nosso e há-se ser!”

Hoje, aos 37 anos, Maria José está atrabalhar num Hotel em Anadia. É respon-sável pela sua promoção comercial,exercendo ainda funções de Direcçãodo Hotel. “Não enviei qualquer currículo,simplesmente contactei o Hotel, conseguiuma entrevista, apresentei-me, mostran-do-lhes a mais-valia que lhes podia ofe-recer. Deixei que a minha força e vontadetransparecessem e consegui o lugar!”

Atestado de competênciasA cerimónia de entrega de diplomas quetodos os anos se repete no final do anolectivo, começou, como não podia deixarde ser, com o discurso de boas-vindas

da Reitora da UA. Começando por daros parabéns a todos os novos graduadospela UA, a Prof. Maria Helena Nazarésalientou “a alegria e orgulho” com queeste momento tão especial para os diplo-mados é partilhado com os familiares eamigos. Reconheceu o “trabalho árduoe o sacrifício por que os novos graduadospassaram” e afirmou que o diplomaatesta a competência de cada um paraaprender criticamente. “O diploma quehoje vos vai ser entregue certifica compe-tências que, temos a certeza, são a melhorgarantia de que cada um pode conduziro seu percurso, de acordo com as esco-lhas e ambições que lhe são próprias.”.

Como é costume nesta celebração anual,a Reitora aproveitou também para fazero balanço do ano académico. Referiu-se ao sucesso dos 10 anos de actividadedo Instituto de Investigação “patente nosresultados da avaliação externa einternacional das Unidades de Investi-gação, que classifica 75% das unidadesexistentes com Excelente ou Muito Bom”,e à aposta, a partir de Setembro, nacontratação de cientistas de elevadomérito em áreas estratégicas para aUniversidade. (ver pág. 42)

Depois de nomear o conjunto deiniciativas que marcaram o ano lectivo2003/2004 e de salientar o alargamentodo leque de cursos de pós-graduação,a par da consolidação do programa deCursos de Formação Tecnológica, a

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Reitora avançou com a notícia de quepara breve estará o arranque daconstrução de um novo complexo deresidências no Crasto.

Ministra Graça Carvalho inaugurouedifício na ESTGATerminada a sessão de entrega deDiplomas e o tradicional almoço oferecidopela Universidade a diplomados e convi-dados, foi tempo de rumar a Águeda. AMinistra da Ciência e do Ensino Superior,Maria da Graça Carvalho, era aguardadapara proceder à inauguração do edifíciocentral da Escola Superior de Tecnologiae Gestão de Águeda.

Depois de visitar as novas instalaçõesda Escola e de prometer aos estudantesfazer tudo o que está ao alcance do seuMinistério para acelerar o processo deassinatura do Despacho conjunto quepermite a realização de obras no edifíciodestinado às residências estudantis deÁgueda (a gestão do edifício está depen-de dos Ministérios da Defesa, Finançase Ciência e do Ensino Superior), a Ministrausou da palavra para elogiar o métodode ensino que caracteriza esta EscolaPolitécnica da Universidade de Aveiro.“É um método profundamente inovador,que vai de encontro à séria revoluçãoque todo o nosso sistema de ensino temque fazer (…) É um bom exemplo quedemonstra ser possível, em apenas trêsanos, formar profissionais muito úteis àsociedade e à região em que se inserem”.

Ao longo da sua intervenção, Maria daGraça Carvalho falou ainda do processode Bolonha e da nova Lei de Bases daEducação “orientada para as novasexigências do ensino superior”, da inte-gração do novo programa de Ciência eInovação 2010 no PRODEP, com“financiamento que permitirá a mobilidadeestudantil dentro do ensino superiornacional e para o mundo empresarial” eda continuação da aposta nos Cursosde Especialização Tecnológica envolven-do estabelecimentos de ensino superior.

A Ministra aproveitou ainda para darconta de que, na sequência da aprovaçãodo espaço de ensino superior do mundoda Lusofonia, passará a ser possívelpromover-se a mobilidade de estudantese licenciados entre os países de línguaportuguesa e que, no que diz respeito àCiência, é intenção do Governo continuara apostar em quatro eixos fundamentais:aumentar o investimento público, promo-ver o ambiente facilitador ao investimentoprivado, aumentar os recursos humanosqualificados e o número de investigadoresnas áreas das ciências e das tecnologias,e promover o emprego científico.

Dia Aberto recheado de actividadesNa véspera do Dia da Universidade e,cumprindo a tradição de quase trêsdécadas, a Universidade de Aveiroreservou todo um dia para se mostrar aoexterior e receber os interessados emconhecer os cursos que ministra, asactividades de investigação que desen-volve, as iniciativas culturais que promovee as próprias instalações, já premiadaspela sua qualidade arquitectónica.

Para acolher da melhor forma os alunose professores de todos os graus deensino mas também os interessados emconhecer a Universidade de Aveiro, osvários Departamentos, EscolasSuperiores e Serviços da UA, e até aprópria Associação Académica,prepararam um conjunto de experiênciasem laboratórios, sessões de esclareci-mento sobre os vários cursosministrados pela UA e respectivas saídasprofissionais, palestras temáticas,exposições, mostras e visitas guiadas.

A par deste conjunto de actividades, acomunidade académica reuniu-se ameio da manhã para participar nahabitual cerimónia de entrega demedalhas aos funcionários quecompletaram 10, 20, 25 e 30 anos deserviço. No mesmo dia inauguraram-seas exposições “O espólio gráficoMadeira Luís e a memória da UA”, e a“Mostra retrospectiva da obra do PintorZé Penicheiro”.

outubro ‘04Linhas dia aberto e dia da universidade

Esta exposição “Espólio Gráfico MadeiraLuís” assumiu um especial destaque,uma vez que resultou da crescentepreocupação em preservar a memóriade uma Universidade que já completou30 anos, contou com o grande envolvi-mento do Departamento de Comunicaçãoe Arte e dos Serviços de Documentação,e traduz “a felicidade de ter encontradouma pessoa que não só nos doou umespólio de cerca de uma centena demilhar de cartazes, como se vemimplicando, directamente, na constituiçãoda imprescindível reserva documental emuseológica da Universidade de Aveiro.Falo, é claro, do Francisco Madeira Luísque, para além de tudo isto, se tornounum formidável embaixador itinerante daUA e, portanto, num ilustre membro danossa família”, afirmou o Vice-Reitor, Prof.Manuel Assunção.

O Vice-Reitor salientou, ainda, que amostra marca uma nova etapa norelacionamento que a UA vai mantendocom os materiais gráficos que vaiproduzindo, e adiantou que a colecçãoMadeira Luís está, em paralelo, a serobjecto de tratamento documental e deinvestigação. “Já está a ser utilizada emaulas e queremos que seja disponibilizadaà comunidade em geral”.

A inauguração da mostra retrospectivade Zé Penicheiro, artista residente da UA,foi outro dos momentos altos do dia.Reuniu mais de 70 obras representativas

do seu percurso artístico, reflectindo aarte de uma vida de expressividade, entrea pintura, a caricatura e a serigrafia.

O Dia Aberto foi ainda preenchido coma realização do Seminário Internacional“Sal Português”, com as iniciativas queintegraram o Fórum Cidadania Activa,promovido pela CIVITAS, e com ascomemorações do 10º aniversário doInstituto de Investigação (ver pág. 42),que contou com a presença especial doPresidente da Fundação para a Ciênciae Tecnologia, Prof. Ramôa Ribeiro.

Por seu lado, a Escola Superior deTecnologia e Gestão de Águeda recebeuo Ministro Marques Mendes para falarsobre o tema “Portugal: Desafios perantea Nova Europa”. O programa do diaterminou, à noite, no auditório da Reitoria,com um Concerto pela OrquestraFilarmonia das Beiras. Sob a direcçãodo Maestro António Vassalo e com aparticipação da violoncelista TeresaValente Pereira, a Filarmonia das Beirasinterpretou obras de Wolfgang AmadeusMozart e de Joseph Haydn; um espec-táculo com a marca de excelência quecaracteriza esta orquestra.

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Reitora avançou com a notícia de quepara breve estará o arranque daconstrução de um novo complexo deresidências no Crasto.

Ministra Graça Carvalho inaugurouedifício na ESTGATerminada a sessão de entrega deDiplomas e o tradicional almoço oferecidopela Universidade a diplomados e convi-dados, foi tempo de rumar a Águeda. AMinistra da Ciência e do Ensino Superior,Maria da Graça Carvalho, era aguardadapara proceder à inauguração do edifíciocentral da Escola Superior de Tecnologiae Gestão de Águeda.

Depois de visitar as novas instalaçõesda Escola e de prometer aos estudantesfazer tudo o que está ao alcance do seuMinistério para acelerar o processo deassinatura do Despacho conjunto quepermite a realização de obras no edifíciodestinado às residências estudantis deÁgueda (a gestão do edifício está depen-de dos Ministérios da Defesa, Finançase Ciência e do Ensino Superior), a Ministrausou da palavra para elogiar o métodode ensino que caracteriza esta EscolaPolitécnica da Universidade de Aveiro.“É um método profundamente inovador,que vai de encontro à séria revoluçãoque todo o nosso sistema de ensino temque fazer (…) É um bom exemplo quedemonstra ser possível, em apenas trêsanos, formar profissionais muito úteis àsociedade e à região em que se inserem”.

Ao longo da sua intervenção, Maria daGraça Carvalho falou ainda do processode Bolonha e da nova Lei de Bases daEducação “orientada para as novasexigências do ensino superior”, da inte-gração do novo programa de Ciência eInovação 2010 no PRODEP, com“financiamento que permitirá a mobilidadeestudantil dentro do ensino superiornacional e para o mundo empresarial” eda continuação da aposta nos Cursosde Especialização Tecnológica envolven-do estabelecimentos de ensino superior.

A Ministra aproveitou ainda para darconta de que, na sequência da aprovaçãodo espaço de ensino superior do mundoda Lusofonia, passará a ser possívelpromover-se a mobilidade de estudantese licenciados entre os países de línguaportuguesa e que, no que diz respeito àCiência, é intenção do Governo continuara apostar em quatro eixos fundamentais:aumentar o investimento público, promo-ver o ambiente facilitador ao investimentoprivado, aumentar os recursos humanosqualificados e o número de investigadoresnas áreas das ciências e das tecnologias,e promover o emprego científico.

Dia Aberto recheado de actividadesNa véspera do Dia da Universidade e,cumprindo a tradição de quase trêsdécadas, a Universidade de Aveiroreservou todo um dia para se mostrar aoexterior e receber os interessados emconhecer os cursos que ministra, asactividades de investigação que desen-volve, as iniciativas culturais que promovee as próprias instalações, já premiadaspela sua qualidade arquitectónica.

Para acolher da melhor forma os alunose professores de todos os graus deensino mas também os interessados emconhecer a Universidade de Aveiro, osvários Departamentos, EscolasSuperiores e Serviços da UA, e até aprópria Associação Académica,prepararam um conjunto de experiênciasem laboratórios, sessões de esclareci-mento sobre os vários cursosministrados pela UA e respectivas saídasprofissionais, palestras temáticas,exposições, mostras e visitas guiadas.

A par deste conjunto de actividades, acomunidade académica reuniu-se ameio da manhã para participar nahabitual cerimónia de entrega demedalhas aos funcionários quecompletaram 10, 20, 25 e 30 anos deserviço. No mesmo dia inauguraram-seas exposições “O espólio gráficoMadeira Luís e a memória da UA”, e a“Mostra retrospectiva da obra do PintorZé Penicheiro”.

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Esta exposição “Espólio Gráfico MadeiraLuís” assumiu um especial destaque,uma vez que resultou da crescentepreocupação em preservar a memóriade uma Universidade que já completou30 anos, contou com o grande envolvi-mento do Departamento de Comunicaçãoe Arte e dos Serviços de Documentação,e traduz “a felicidade de ter encontradouma pessoa que não só nos doou umespólio de cerca de uma centena demilhar de cartazes, como se vemimplicando, directamente, na constituiçãoda imprescindível reserva documental emuseológica da Universidade de Aveiro.Falo, é claro, do Francisco Madeira Luísque, para além de tudo isto, se tornounum formidável embaixador itinerante daUA e, portanto, num ilustre membro danossa família”, afirmou o Vice-Reitor, Prof.Manuel Assunção.

O Vice-Reitor salientou, ainda, que amostra marca uma nova etapa norelacionamento que a UA vai mantendocom os materiais gráficos que vaiproduzindo, e adiantou que a colecçãoMadeira Luís está, em paralelo, a serobjecto de tratamento documental e deinvestigação. “Já está a ser utilizada emaulas e queremos que seja disponibilizadaà comunidade em geral”.

A inauguração da mostra retrospectivade Zé Penicheiro, artista residente da UA,foi outro dos momentos altos do dia.Reuniu mais de 70 obras representativas

do seu percurso artístico, reflectindo aarte de uma vida de expressividade, entrea pintura, a caricatura e a serigrafia.

O Dia Aberto foi ainda preenchido coma realização do Seminário Internacional“Sal Português”, com as iniciativas queintegraram o Fórum Cidadania Activa,promovido pela CIVITAS, e com ascomemorações do 10º aniversário doInstituto de Investigação (ver pág. 42),que contou com a presença especial doPresidente da Fundação para a Ciênciae Tecnologia, Prof. Ramôa Ribeiro.

Por seu lado, a Escola Superior deTecnologia e Gestão de Águeda recebeuo Ministro Marques Mendes para falarsobre o tema “Portugal: Desafios perantea Nova Europa”. O programa do diaterminou, à noite, no auditório da Reitoria,com um Concerto pela OrquestraFilarmonia das Beiras. Sob a direcçãodo Maestro António Vassalo e com aparticipação da violoncelista TeresaValente Pereira, a Filarmonia das Beirasinterpretou obras de Wolfgang AmadeusMozart e de Joseph Haydn; um espec-táculo com a marca de excelência quecaracteriza esta orquestra.

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Page 66: Revista Linhas 02

Comecemos então pelas “Olimpíadasda Química” que, nas suas diversas fasese ao longo do ano, trouxeram ao CampusUniversitário cerca de 320 estudantesdo ensino básico e secundário.

Organizadas pela Sociedade Portuguesade Química (SPQ), em colaboração comvárias universidades do país, esta com-petição anual dirige-se a estudantes doensino básico e secundário. Visa testarconhecimentos, dinamizar o estudo e oensino da química, e despertar o interessepela ciência, cativando vocações paracarreiras científico-tecnológicas. É tam-bém através desta competição que sãoseleccionados os alunos que vãorepresentar Portugal nas OlimpíadasInternacionais.

Diz o Coordenador nacional da iniciativa,Prof. Paulo Ribeiro Claro, que “para aorganização das Olimpíadas de Química,a SPQ conta com a colaboração devárias universidades do país e de muitosprofessores das escolas básicas esecundárias, mas a Universidade deAveiro tem desempenhado um papel departicular relevo”.

Na verdade, “é na UA que se realiza afinal nacional das Olimpíadas de Químicado ensino secundário (além de umasemifinal regional)”, afirma, acrescentandoque “é também na UA que é efectuadaa preparação dos alunos para as com-petições internacionais”. Além disso, foi

escolaridade, dispostos a demonstraros seus conhecimentos de química. “Nãoquerendo reduzir as Olimpíadas às poucoatractivas provas de “papel-e-lápis”, aorganização arriscou a preparação deum conjunto de provas em laboratórioque tiveram uma excelente resposta porparte dos participantes. No final, asmedalhas foram entregues às equipasconstituídas por Diana Monteiro, RicardoFerreira e Miguel Saraiva, do Externatodas Escravas do Sagrado Coração deJesus (Ouro), Ana Catarina, Marta Bragae Vânia Costa, da Escola EB23 deArrifana (Prata), e Ana Silva, Pedro Silvae David Wessling, da Escola EvaristoNogueira – Viseu (Bronze)”, conclui oProf. Paulo Ribeiro Claro.

Micro-RatoA 9ª edição do concurso Micro-Ratodecorreu a 5 de Maio e englobou, àsemelhança das duas anteriores edições,as categorias Micro-Rato, destinada apequenos robôs móveis autónomosconstruídos e programados pelasequipas concorrentes, e o Ciber-Rato,uma competição com robôs virtuais, cujodesafio se prende apenas com a suarespectiva programação.

O elevado número de inscrições (26 noMicro-Rato, 20 no Ciber-Rato), prove-nientes de instituições de ensino de todopaís, equipas particulares e até deescolas secundárias e profissionais,permitiu, desde logo, antever um bom

o Departamento de Química da UA queassumiu, este ano, o desafio da realizaçãoda primeira edição das Olimpíadas deQuímica Júnior, destinadas aos estudan-tes do ensino básico. “Para tal contribuiua dedicação e o esforço de muitosdocentes do Departamento de Química,mas também o apoio institucional dopróprio Departamento e da Reitoria daUniversidade”.

Paulo Ribeiro Claro refere também que“as Olimpíadas de Química 2004 tiverama maior participação de sempre, com 96escolas secundárias inscritas (288alunos). Depois das semi-finais quedecorreram em Março, em Lisboa, Portoe Aveiro, os 27 finalistas estiveram emMaio na UA para realizar a prova final.Durante a manhã, a prova consistiu numteste escrito e à tarde numa provalaboratorial, realizada nos laboratóriosdo Complexo Pedagógico”.

Quanto a classificações, este ano osmelhores foram: Ana Ortins Pina, da ESInfanta D. Maria – Coimbra (Ouro),Cristina Paula Marques, da ES Cacilhas-Tejo – Almada (Prata) e Ricardo JoséLadeiras Lopes, da ES da Boa Nova –Leça da Palmeira (Bronze).

Por seu lado, a primeira edição das“Olimpíadas de Química Júnior” decorreua 24 de Abril e contou com a participaçãode 25 escolas básicas, que trouxeram àUA cerca de 150 alunos do 9º ano de

captam a atenção de alunos de todas as idades

Despertar o interesse pela Química, incentivar a criatividade e potencialidades electrónicas ou

alterar a ideia generalizada de que a Matemática é uma disciplina difícil são alguns dos propósitos

que levam alunos, docentes e investigadores da Universidade de Aveiro a promover regularmente

um conjunto de iniciativas dirigidas a estudantes dos mais variados graus de ensino. Abril e

Maio são os meses do ano mais movimentados. Em finais de Abril, por exemplo, a Mat12

trouxe à UA mais de 600 alunos dos 10º, 11º e 12º anos; já em Maio, a EquaMat juntou perto

de 4 mil, enquanto a final das Olimpíadas da Química e as Olimpíadas de Química Júnior

trouxeram, respectivamente, os 27 finalistas desta competição e 150 alunos do 9º ano. Entre

os vários concursos, competições e jogos promovidos pela instituição, destaque ainda para

o concurso Micro-Rato e para o jogo educativo Ecotoons, cujo sucesso leva a equipa responsável

a avançar para um novo desafio.

outubro ‘04Linhas competições na ua

jogos didácticoscompetições e

concursos,

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Comecemos então pelas “Olimpíadasda Química” que, nas suas diversas fasese ao longo do ano, trouxeram ao CampusUniversitário cerca de 320 estudantesdo ensino básico e secundário.

Organizadas pela Sociedade Portuguesade Química (SPQ), em colaboração comvárias universidades do país, esta com-petição anual dirige-se a estudantes doensino básico e secundário. Visa testarconhecimentos, dinamizar o estudo e oensino da química, e despertar o interessepela ciência, cativando vocações paracarreiras científico-tecnológicas. É tam-bém através desta competição que sãoseleccionados os alunos que vãorepresentar Portugal nas OlimpíadasInternacionais.

Diz o Coordenador nacional da iniciativa,Prof. Paulo Ribeiro Claro, que “para aorganização das Olimpíadas de Química,a SPQ conta com a colaboração devárias universidades do país e de muitosprofessores das escolas básicas esecundárias, mas a Universidade deAveiro tem desempenhado um papel departicular relevo”.

Na verdade, “é na UA que se realiza afinal nacional das Olimpíadas de Químicado ensino secundário (além de umasemifinal regional)”, afirma, acrescentandoque “é também na UA que é efectuadaa preparação dos alunos para as com-petições internacionais”. Além disso, foi

escolaridade, dispostos a demonstraros seus conhecimentos de química. “Nãoquerendo reduzir as Olimpíadas às poucoatractivas provas de “papel-e-lápis”, aorganização arriscou a preparação deum conjunto de provas em laboratórioque tiveram uma excelente resposta porparte dos participantes. No final, asmedalhas foram entregues às equipasconstituídas por Diana Monteiro, RicardoFerreira e Miguel Saraiva, do Externatodas Escravas do Sagrado Coração deJesus (Ouro), Ana Catarina, Marta Bragae Vânia Costa, da Escola EB23 deArrifana (Prata), e Ana Silva, Pedro Silvae David Wessling, da Escola EvaristoNogueira – Viseu (Bronze)”, conclui oProf. Paulo Ribeiro Claro.

Micro-RatoA 9ª edição do concurso Micro-Ratodecorreu a 5 de Maio e englobou, àsemelhança das duas anteriores edições,as categorias Micro-Rato, destinada apequenos robôs móveis autónomosconstruídos e programados pelasequipas concorrentes, e o Ciber-Rato,uma competição com robôs virtuais, cujodesafio se prende apenas com a suarespectiva programação.

O elevado número de inscrições (26 noMicro-Rato, 20 no Ciber-Rato), prove-nientes de instituições de ensino de todopaís, equipas particulares e até deescolas secundárias e profissionais,permitiu, desde logo, antever um bom

o Departamento de Química da UA queassumiu, este ano, o desafio da realizaçãoda primeira edição das Olimpíadas deQuímica Júnior, destinadas aos estudan-tes do ensino básico. “Para tal contribuiua dedicação e o esforço de muitosdocentes do Departamento de Química,mas também o apoio institucional dopróprio Departamento e da Reitoria daUniversidade”.

Paulo Ribeiro Claro refere também que“as Olimpíadas de Química 2004 tiverama maior participação de sempre, com 96escolas secundárias inscritas (288alunos). Depois das semi-finais quedecorreram em Março, em Lisboa, Portoe Aveiro, os 27 finalistas estiveram emMaio na UA para realizar a prova final.Durante a manhã, a prova consistiu numteste escrito e à tarde numa provalaboratorial, realizada nos laboratóriosdo Complexo Pedagógico”.

Quanto a classificações, este ano osmelhores foram: Ana Ortins Pina, da ESInfanta D. Maria – Coimbra (Ouro),Cristina Paula Marques, da ES Cacilhas-Tejo – Almada (Prata) e Ricardo JoséLadeiras Lopes, da ES da Boa Nova –Leça da Palmeira (Bronze).

Por seu lado, a primeira edição das“Olimpíadas de Química Júnior” decorreua 24 de Abril e contou com a participaçãode 25 escolas básicas, que trouxeram àUA cerca de 150 alunos do 9º ano de

captam a atenção de alunos de todas as idades

Despertar o interesse pela Química, incentivar a criatividade e potencialidades electrónicas ou

alterar a ideia generalizada de que a Matemática é uma disciplina difícil são alguns dos propósitos

que levam alunos, docentes e investigadores da Universidade de Aveiro a promover regularmente

um conjunto de iniciativas dirigidas a estudantes dos mais variados graus de ensino. Abril e

Maio são os meses do ano mais movimentados. Em finais de Abril, por exemplo, a Mat12

trouxe à UA mais de 600 alunos dos 10º, 11º e 12º anos; já em Maio, a EquaMat juntou perto

de 4 mil, enquanto a final das Olimpíadas da Química e as Olimpíadas de Química Júnior

trouxeram, respectivamente, os 27 finalistas desta competição e 150 alunos do 9º ano. Entre

os vários concursos, competições e jogos promovidos pela instituição, destaque ainda para

o concurso Micro-Rato e para o jogo educativo Ecotoons, cujo sucesso leva a equipa responsável

a avançar para um novo desafio.

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jogos didácticoscompetições e

concursos,

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espectáculo tecnológico. “Apesar de“alguns problemas técnicos inesperadosterem acabado por reduzir o número deequipas participantes, tendo sido efecti-vamente admitidas a concurso 17 equi-pas na categoria Micro-Rato e 13 noCiber-Rato, o público reagiu com entu-siasmo ao evoluir dos robôs em prova”,salientou um dos membros da organiza-ção desta iniciativa, Prof. Luís Almeida.

“A maior parte das equipas queparticiparam no Ciber-Rato conseguiramconcretizar os dois objectivos propostos;a saber: a movimentação até uma zonaescondida no labirinto (sinalizada porum pequeno farol de luz infra-vermelha,no caso do Micro-Rato), e o regresso àzona da partida, parando nessa posição.Este segundo objectivo é substancial-mente difícil do ponto de vista técnico,requerendo uma programação ecapacidade sensorial mais refinada”,lembra, acrescentando que, “curiosa-mente, na modalidade Micro-Rato houvemenos equipas a tentar o regresso àposição de partida do que em ediçõesanteriores, o que mostra que o problemacontinua a dar que fazer a todos os quese submetem a esta prova”.

Na categoria Micro-Rato todos os pré-mios ficaram em casa. O “Voyager 1.0”,do Departamento de Electrónica eTelecomunicações da Universidade deAveiro (DETUA) classificou-se em primeirolugar, seguido do “Made in Águeda V”,da Escola Superior de Tecnologia eGestão de Águeda (ESTGA), e do“Sukata_2”, também do DETUA. Oprémio especial do júri foi atribuído ao“Made in Águeda V” e o Prémio DETUAao “Voyager 1.0”.

Na categoria Ciber-Rato, o primeiro lugarfoi para “Miau” (Ancorensis – V. P. deÂncora), o segundo para “Nai”(Faculdade de Ciências da Universidadedo Porto), e o terceiro foi atribuído a“Rathlon” (Ancorensis – V. P. de Âncora).O prémio DETUA coube ao “NightMare”,do DETUA.

MINIMat, EquaMat e Mat12Para acabar com a fama de “bicho-de-sete-cabeças” a inverter os menos bonsresultados que a maioria dos estudantesda disciplina de Matemática obtém aolongo da sua vida escolar, a Universidadede Aveiro tudo tem feito. Através doProjecto Matemática Ensino (PmatE),coordenado pelo Prof. Batel Anjo, a UAtem vindo a promover um conjunto decompetições que abrangem alunos detodos os graus de ensino.

Na verdade, o Projecto MatemáticaEnsino é um projecto de Investigação eDesenvolvimento da Universidade deAveiro, que interage com escolas devariados graus de ensino. Avaliação eaprendizagem assistidas porcomputador são os temas dominantesdo trabalho desenvolvido e a integraçãode um sistema inteligente é um dos seusobjectivos principais (que se mantémdesde a origem do projecto). “Não épois de estranhar, que a Informática e aMatemática surjam como áreascientíficas naturalmente ligadas aoprojecto, conferindo-lhe umacaracterística de autonomia científica”,admite o Prof. Batel Anjo.

Este ano, para além de dezenas deconferências e muitas outras actividadesnas escolas do país e em Moçambique,o PmatE realizou três grandes eventosna Universidade de Aveiro. O Prof. BatelAnjo recorda-os aqui, um a um, em jeitode “crónica da vida de um projecto”.

“A MINIMat, uma mini-competiçãomatemática para alunos do 3º ao 6º ano,contou, este ano, com a presença de400 ruidosos, mas simpáticos e bemcomportados, alunos dos 3º e 4º anos.Ganhou a equipa da Inês e do Gonçalo,da Escola da Chousa Velha e o prémioescola foi ganho pela Escola da Glória.Todos de olhos grandes para ver aUniversidade e a peça de teatro “Falhade Cálculo”, com Anabiribana (lê-se detrás para a frente ou de frente para trás?),Gertrudes, a mulher da forma geomé-trica, e o Cálculo Mental, o homem dascontas de cabeça. Uma experiênciafantástica que se vai repetir no próximo

ano. Os meninos do 5º e 6º anos nãodevem ficar tristes, pois no próximo vãoter a sua competição.

A EquaMat associou-se às comemora-ções dos 30 anos da Universidade deAveiro e juntou 3.400 alunos, de 199escolas de todo o país. Teve honras devisita de Ministro da Educação e foi,como sempre, uma festa em grande. Aequipa vencedora era composta poralunos do 7º ano de escolaridade, numacompetição dirigida sobretudo a alunosdo 9º ano. A equipa do Pedro e daCatarina vieram do Colégio Internatodos Carvalhos, que também ganhou oprimeiro prémio escola. “Problema? Queproblema?” foi a peça que o Teatro daTrindade apresentou. Perante umaplateia repleta de alunos, os actoresconseguiram representar, com toda acoragem, várias e várias vezes a mesmapeça, sempre com alegria e rigor. Ou deMatemática não se tratasse.

A EquaMat teve, este ano, uma variantedigna de registo – a EquaMat em Rede.Realizou-se em 12 pólos dinamizadores,que convidaram alunos de outras escolasa participar, à mesma hora, a partir devários pontos do país e na EscolaPortuguesa de Moçambique – Centrode Língua Portuguesa em Moçambique.Participaram nesta EquaMat em Redemais de mil alunos.

A Mat12 reuniu 600 alunos dos distritosde Aveiro, Braga, Bragança, CasteloBranco, Coimbra, Leiria, Lisboa, Porta-legre, Porto, Santarém, Setúbal, Vila Reale Viseu e ainda contou com a participa-ção especial da Região Autónoma daMadeira. O primeiro prémio foi atribuídoao António e à Inês, da Escola Secundáriacom 3º ciclo do Ensino Básico Ferreirade Castro. O prémio escola foi ganhopela Escola Secundária com 3º Ciclo doEnsino Básico de Santa Maria da Feira.

Importa referir que para todas estas pro-vas decorreram milhares e milhares detreinos, estimando-se que tenham estadoenvolvidos mais de 8 mil estudantes.”.

outubro ‘04Linhas competições na ua

Sucesso do Ecotoons cria BioMatCom um cariz exclusivamente educativoe pedagógico, o Jogo de MatemáticaEcotoons fez mais uma vez as delíciasdos alunos da Escola da Glória que, a14 de Maio, voltaram à UA para partici-par num jogo que, afinal, ajudaram a criar.

De acordo com a coordenadora desteprojecto, Prof. Ana Breda, o jogoeducativo de Matemática Ecotoons é oresultado de um trabalho de três anos,realizado por uma equipa da Universi-dade de Aveiro que envolveu docentese discentes dos Departamentos deMatemática, Comunicação e Arte eDidáctica e Tecnologia Educativa.“É um jogo destinado ao 1º Ciclo doEnsino Básico que entrou no circuitocomercial em Dezembro de 2003, atra-

vés das Edições Nova Gaia. Aliando avertente pedagógica à lúdica, este jogoeducativo coloca o ambiente no centrodas questões, socorrendo-se da mate-mática para resolver os problemas quevão surgindo”, explica.

O Jogo Ecotoons, tem um módulo peda-gógico acoplado, que permite ajustar osdesafios propostos aos conteúdosministrados, tornando possível a suautilização em qualquer fase de leccio-nação. “O jogo permite a versatilidadede ser executado em módulo de treinoou de competição. No módulo treino, ojogador pode aprender e/ou consolidarum ou mais tópicos onde sinta não estarainda suficientemente à vontade. Nomódulo de competição poderá testar asua mestria”, afirma.

Para acabar com a fama de“bicho-de-sete-cabeças” einverter os menos bonsresultados que maioria dosestudantes da disciplina deMatemática obtém ao longoda sua vida escolar, aUniversidade de Aveiro tudotem feito.

Conta a Prof. Ana Breda que duranteestes três anos, mais de 2 mil alunos dediversas escolas básicas do paístestaram o jogo, “ajudando-nos aefectuar diversas aferições que servirampara posteriores melhoramentos. Ascrianças que connosco colaboraramforam, sem margem para dúvida, umdos êmbolos impulsionadores do Jogo”.O primeiro teste ao Jogo foi efectuadopor alunos do 1º Ciclo da Escola Nº 1da Glória. “Quisemos, por isso, com elasfestejar o culminar deste projecto. Assim,no dia 14 de Maio de 2004, reunimos,na Universidade de Aveiro, todos osalunos desta Escola, para que pudessemuma vez mais participar em algo queeles efectivamente ajudaram a criar. Foigratificante ver a forma interessada,desportiva e alegre com que seentregaram ao Jogo. Para todos eles ummuito obrigada”.

“Os alunos de estágio de Ensino deMatemática foram um veículo privilegiadopara levar o Jogo Ecotoons a EscolasBásicas situadas em zonas periféricas,inserindo este evento no seu plano deactividades. Continuaremos a utilizareste procedimento no próximo anolectivo”, defende Ana Breda, que avança“estamos agora empenhados naconcepção e implementação de um jogoeducativo de Matemática para os 5º e6ºs anos de escolaridade, que alia aMatemática e as Ciências da Natureza”.Trata-se do BioMat, que pretendem, diz,“que não se limite a testar competênciasnestas áreas científicas. No BioMat acoordenação e a gestão de temposempregues nas diversas actividades(académicas, lazer, formação...) de acor-do com os desafios propostos, serãoos agentes determinísticos da melhorou pior performance do utilizador”.

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espectáculo tecnológico. “Apesar de“alguns problemas técnicos inesperadosterem acabado por reduzir o número deequipas participantes, tendo sido efecti-vamente admitidas a concurso 17 equi-pas na categoria Micro-Rato e 13 noCiber-Rato, o público reagiu com entu-siasmo ao evoluir dos robôs em prova”,salientou um dos membros da organiza-ção desta iniciativa, Prof. Luís Almeida.

“A maior parte das equipas queparticiparam no Ciber-Rato conseguiramconcretizar os dois objectivos propostos;a saber: a movimentação até uma zonaescondida no labirinto (sinalizada porum pequeno farol de luz infra-vermelha,no caso do Micro-Rato), e o regresso àzona da partida, parando nessa posição.Este segundo objectivo é substancial-mente difícil do ponto de vista técnico,requerendo uma programação ecapacidade sensorial mais refinada”,lembra, acrescentando que, “curiosa-mente, na modalidade Micro-Rato houvemenos equipas a tentar o regresso àposição de partida do que em ediçõesanteriores, o que mostra que o problemacontinua a dar que fazer a todos os quese submetem a esta prova”.

Na categoria Micro-Rato todos os pré-mios ficaram em casa. O “Voyager 1.0”,do Departamento de Electrónica eTelecomunicações da Universidade deAveiro (DETUA) classificou-se em primeirolugar, seguido do “Made in Águeda V”,da Escola Superior de Tecnologia eGestão de Águeda (ESTGA), e do“Sukata_2”, também do DETUA. Oprémio especial do júri foi atribuído ao“Made in Águeda V” e o Prémio DETUAao “Voyager 1.0”.

Na categoria Ciber-Rato, o primeiro lugarfoi para “Miau” (Ancorensis – V. P. deÂncora), o segundo para “Nai”(Faculdade de Ciências da Universidadedo Porto), e o terceiro foi atribuído a“Rathlon” (Ancorensis – V. P. de Âncora).O prémio DETUA coube ao “NightMare”,do DETUA.

MINIMat, EquaMat e Mat12Para acabar com a fama de “bicho-de-sete-cabeças” a inverter os menos bonsresultados que a maioria dos estudantesda disciplina de Matemática obtém aolongo da sua vida escolar, a Universidadede Aveiro tudo tem feito. Através doProjecto Matemática Ensino (PmatE),coordenado pelo Prof. Batel Anjo, a UAtem vindo a promover um conjunto decompetições que abrangem alunos detodos os graus de ensino.

Na verdade, o Projecto MatemáticaEnsino é um projecto de Investigação eDesenvolvimento da Universidade deAveiro, que interage com escolas devariados graus de ensino. Avaliação eaprendizagem assistidas porcomputador são os temas dominantesdo trabalho desenvolvido e a integraçãode um sistema inteligente é um dos seusobjectivos principais (que se mantémdesde a origem do projecto). “Não épois de estranhar, que a Informática e aMatemática surjam como áreascientíficas naturalmente ligadas aoprojecto, conferindo-lhe umacaracterística de autonomia científica”,admite o Prof. Batel Anjo.

Este ano, para além de dezenas deconferências e muitas outras actividadesnas escolas do país e em Moçambique,o PmatE realizou três grandes eventosna Universidade de Aveiro. O Prof. BatelAnjo recorda-os aqui, um a um, em jeitode “crónica da vida de um projecto”.

“A MINIMat, uma mini-competiçãomatemática para alunos do 3º ao 6º ano,contou, este ano, com a presença de400 ruidosos, mas simpáticos e bemcomportados, alunos dos 3º e 4º anos.Ganhou a equipa da Inês e do Gonçalo,da Escola da Chousa Velha e o prémioescola foi ganho pela Escola da Glória.Todos de olhos grandes para ver aUniversidade e a peça de teatro “Falhade Cálculo”, com Anabiribana (lê-se detrás para a frente ou de frente para trás?),Gertrudes, a mulher da forma geomé-trica, e o Cálculo Mental, o homem dascontas de cabeça. Uma experiênciafantástica que se vai repetir no próximo

ano. Os meninos do 5º e 6º anos nãodevem ficar tristes, pois no próximo vãoter a sua competição.

A EquaMat associou-se às comemora-ções dos 30 anos da Universidade deAveiro e juntou 3.400 alunos, de 199escolas de todo o país. Teve honras devisita de Ministro da Educação e foi,como sempre, uma festa em grande. Aequipa vencedora era composta poralunos do 7º ano de escolaridade, numacompetição dirigida sobretudo a alunosdo 9º ano. A equipa do Pedro e daCatarina vieram do Colégio Internatodos Carvalhos, que também ganhou oprimeiro prémio escola. “Problema? Queproblema?” foi a peça que o Teatro daTrindade apresentou. Perante umaplateia repleta de alunos, os actoresconseguiram representar, com toda acoragem, várias e várias vezes a mesmapeça, sempre com alegria e rigor. Ou deMatemática não se tratasse.

A EquaMat teve, este ano, uma variantedigna de registo – a EquaMat em Rede.Realizou-se em 12 pólos dinamizadores,que convidaram alunos de outras escolasa participar, à mesma hora, a partir devários pontos do país e na EscolaPortuguesa de Moçambique – Centrode Língua Portuguesa em Moçambique.Participaram nesta EquaMat em Redemais de mil alunos.

A Mat12 reuniu 600 alunos dos distritosde Aveiro, Braga, Bragança, CasteloBranco, Coimbra, Leiria, Lisboa, Porta-legre, Porto, Santarém, Setúbal, Vila Reale Viseu e ainda contou com a participa-ção especial da Região Autónoma daMadeira. O primeiro prémio foi atribuídoao António e à Inês, da Escola Secundáriacom 3º ciclo do Ensino Básico Ferreirade Castro. O prémio escola foi ganhopela Escola Secundária com 3º Ciclo doEnsino Básico de Santa Maria da Feira.

Importa referir que para todas estas pro-vas decorreram milhares e milhares detreinos, estimando-se que tenham estadoenvolvidos mais de 8 mil estudantes.”.

outubro ‘04Linhas competições na ua

Sucesso do Ecotoons cria BioMatCom um cariz exclusivamente educativoe pedagógico, o Jogo de MatemáticaEcotoons fez mais uma vez as delíciasdos alunos da Escola da Glória que, a14 de Maio, voltaram à UA para partici-par num jogo que, afinal, ajudaram a criar.

De acordo com a coordenadora desteprojecto, Prof. Ana Breda, o jogoeducativo de Matemática Ecotoons é oresultado de um trabalho de três anos,realizado por uma equipa da Universi-dade de Aveiro que envolveu docentese discentes dos Departamentos deMatemática, Comunicação e Arte eDidáctica e Tecnologia Educativa.“É um jogo destinado ao 1º Ciclo doEnsino Básico que entrou no circuitocomercial em Dezembro de 2003, atra-

vés das Edições Nova Gaia. Aliando avertente pedagógica à lúdica, este jogoeducativo coloca o ambiente no centrodas questões, socorrendo-se da mate-mática para resolver os problemas quevão surgindo”, explica.

O Jogo Ecotoons, tem um módulo peda-gógico acoplado, que permite ajustar osdesafios propostos aos conteúdosministrados, tornando possível a suautilização em qualquer fase de leccio-nação. “O jogo permite a versatilidadede ser executado em módulo de treinoou de competição. No módulo treino, ojogador pode aprender e/ou consolidarum ou mais tópicos onde sinta não estarainda suficientemente à vontade. Nomódulo de competição poderá testar asua mestria”, afirma.

Para acabar com a fama de“bicho-de-sete-cabeças” einverter os menos bonsresultados que maioria dosestudantes da disciplina deMatemática obtém ao longoda sua vida escolar, aUniversidade de Aveiro tudotem feito.

Conta a Prof. Ana Breda que duranteestes três anos, mais de 2 mil alunos dediversas escolas básicas do paístestaram o jogo, “ajudando-nos aefectuar diversas aferições que servirampara posteriores melhoramentos. Ascrianças que connosco colaboraramforam, sem margem para dúvida, umdos êmbolos impulsionadores do Jogo”.O primeiro teste ao Jogo foi efectuadopor alunos do 1º Ciclo da Escola Nº 1da Glória. “Quisemos, por isso, com elasfestejar o culminar deste projecto. Assim,no dia 14 de Maio de 2004, reunimos,na Universidade de Aveiro, todos osalunos desta Escola, para que pudessemuma vez mais participar em algo queeles efectivamente ajudaram a criar. Foigratificante ver a forma interessada,desportiva e alegre com que seentregaram ao Jogo. Para todos eles ummuito obrigada”.

“Os alunos de estágio de Ensino deMatemática foram um veículo privilegiadopara levar o Jogo Ecotoons a EscolasBásicas situadas em zonas periféricas,inserindo este evento no seu plano deactividades. Continuaremos a utilizareste procedimento no próximo anolectivo”, defende Ana Breda, que avança“estamos agora empenhados naconcepção e implementação de um jogoeducativo de Matemática para os 5º e6ºs anos de escolaridade, que alia aMatemática e as Ciências da Natureza”.Trata-se do BioMat, que pretendem, diz,“que não se limite a testar competênciasnestas áreas científicas. No BioMat acoordenação e a gestão de temposempregues nas diversas actividades(académicas, lazer, formação...) de acor-do com os desafios propostos, serãoos agentes determinísticos da melhorou pior performance do utilizador”.

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Page 70: Revista Linhas 02

O desafio foi lançado no início do anoacadémico pelo novo canal “A Dois” e aUniversidade de Aveiro foi a única institui-ção de ensino universitário público aresponder afirmativamente, aderindo aoespaço Universidades. Durante os mesesde Junho e Julho todas as terças-feirasà noite, pela 1 da manhã, o 38 10 – UAlevou à antena da Dois um programa de55 minutos inteiramente produzido erealizado pela Universidade de Aveiro.

Para o Prof. Fernando Ramos, respon-sável institucional por este projecto,“…embora haja diversos aspectos amelhorar, quer ao nível de conteúdos querao nível da estrutura do programa, osresultados obtidos nesta primeira fasesão muito encorajadores, e julgo quecorrespondem, no essencial, aos objec-tivos que a Universidade se propôs quan-do decidiu aceitar este desafio. Para alémda promoção e divulgação das activida-des de investigação e formação, umaspecto muito importante que deve serrealçado é a significativa participação dealunos, o que é uma forma muito interes-sante de enriquecimento da formaçãoacadémica dos nossos alunos, dado po-ssibilitar um contacto directo com a reali-dade do mundo do trabalho. Por outrolado, este projecto tem um grande poten-cial de catalisador de outros projectos naárea do audiovisual, tanto ao nível de for-mação como ao nível de investigação, quepodem vir a ter repercussões, de âmbitoinstitucional e regional, muito interessantes.”

Integrada no CEMED, a equipa do pro-grama foi crescendo à medida das neces-sidades e conta agora com cinco jorna-listas, dois câmaras, dois editores deimagem, um produtor, e um realizador.Para além destes profissionais, funda-mental é igualmente a colaboração darestante equipa do CEMED e, obviamente,dos estudantes dos diversos cursosministrados na UA, nomeadamente naconcepção da imagem gráfica do pro-grama e na autoria da música original.Outros estudantes colaboram, ainda, emoutras áreas de trabalho, incluindo narecolha e edição áudio e vídeo. A verdadeé que todos não tiveram mãos a medirpara montar o projecto e fazer os noveprimeiros programas. “A maior parte daequipa do 3810-UA trabalhou mais de12 horas diárias para assegurar a qualida-de das peças emitidas”, garante o reali-zador, que é também um dos coordena-dores do projecto, João Salvado.

Reportagens institucionais demonstra-tivas da forma como a UA alia a qualidadedo ensino a uma investigação deexcelência e a uma intensa cooperaçãocom o mundo empresarial e a sociedadeque a rodeia, foram uma constante nosprogramas, mas o 3810 – UA apresentoutambém apontamentos sobre oquotidiano dos estudantes, professorese técnicos, histórias do presente e dopassado e não esqueceu a riquezacultural, económica e social da regiãoem que está inserida.

38 10 – UA regressa em outubroa UA nos médiaA ousadia da Universidade falou mais alto e o desafio lançado pelo canal “A Dois” às

Universidades portuguesas resultou num programa semanal de televisão inteiramente produzido

pela UA. Ao longo de nove semanas, o 38 10 – UA deu a conhecer ao país a dinâmica de uma

Universidade que ainda muitos não imaginavam existir.

A par desta emissão semanal, as actividades de investigação e cooperação com a sociedade,

os novos cursos criados pela instituição, as actividades culturais que promoveu ou os prémios

ganhos por membros da comunidade académica, foram também motivo de atenção por parte

de vários meios de comunicação social. A “Linhas” avança com a informação de que, já no

início de Outubro, o 38 10 – UA vai voltar à antena da Dois e destaca algumas das restantes

coberturas mediáticas de que a UA foi alvo ao longo dos últimos meses.

outubro ‘04Linhas ua nos media6968

Page 71: Revista Linhas 02

O desafio foi lançado no início do anoacadémico pelo novo canal “A Dois” e aUniversidade de Aveiro foi a única institui-ção de ensino universitário público aresponder afirmativamente, aderindo aoespaço Universidades. Durante os mesesde Junho e Julho todas as terças-feirasà noite, pela 1 da manhã, o 38 10 – UAlevou à antena da Dois um programa de55 minutos inteiramente produzido erealizado pela Universidade de Aveiro.

Para o Prof. Fernando Ramos, respon-sável institucional por este projecto,“…embora haja diversos aspectos amelhorar, quer ao nível de conteúdos querao nível da estrutura do programa, osresultados obtidos nesta primeira fasesão muito encorajadores, e julgo quecorrespondem, no essencial, aos objec-tivos que a Universidade se propôs quan-do decidiu aceitar este desafio. Para alémda promoção e divulgação das activida-des de investigação e formação, umaspecto muito importante que deve serrealçado é a significativa participação dealunos, o que é uma forma muito interes-sante de enriquecimento da formaçãoacadémica dos nossos alunos, dado po-ssibilitar um contacto directo com a reali-dade do mundo do trabalho. Por outrolado, este projecto tem um grande poten-cial de catalisador de outros projectos naárea do audiovisual, tanto ao nível de for-mação como ao nível de investigação, quepodem vir a ter repercussões, de âmbitoinstitucional e regional, muito interessantes.”

Integrada no CEMED, a equipa do pro-grama foi crescendo à medida das neces-sidades e conta agora com cinco jorna-listas, dois câmaras, dois editores deimagem, um produtor, e um realizador.Para além destes profissionais, funda-mental é igualmente a colaboração darestante equipa do CEMED e, obviamente,dos estudantes dos diversos cursosministrados na UA, nomeadamente naconcepção da imagem gráfica do pro-grama e na autoria da música original.Outros estudantes colaboram, ainda, emoutras áreas de trabalho, incluindo narecolha e edição áudio e vídeo. A verdadeé que todos não tiveram mãos a medirpara montar o projecto e fazer os noveprimeiros programas. “A maior parte daequipa do 3810-UA trabalhou mais de12 horas diárias para assegurar a qualida-de das peças emitidas”, garante o reali-zador, que é também um dos coordena-dores do projecto, João Salvado.

Reportagens institucionais demonstra-tivas da forma como a UA alia a qualidadedo ensino a uma investigação deexcelência e a uma intensa cooperaçãocom o mundo empresarial e a sociedadeque a rodeia, foram uma constante nosprogramas, mas o 3810 – UA apresentoutambém apontamentos sobre oquotidiano dos estudantes, professorese técnicos, histórias do presente e dopassado e não esqueceu a riquezacultural, económica e social da regiãoem que está inserida.

38 10 – UA regressa em outubroa UA nos médiaA ousadia da Universidade falou mais alto e o desafio lançado pelo canal “A Dois” às

Universidades portuguesas resultou num programa semanal de televisão inteiramente produzido

pela UA. Ao longo de nove semanas, o 38 10 – UA deu a conhecer ao país a dinâmica de uma

Universidade que ainda muitos não imaginavam existir.

A par desta emissão semanal, as actividades de investigação e cooperação com a sociedade,

os novos cursos criados pela instituição, as actividades culturais que promoveu ou os prémios

ganhos por membros da comunidade académica, foram também motivo de atenção por parte

de vários meios de comunicação social. A “Linhas” avança com a informação de que, já no

início de Outubro, o 38 10 – UA vai voltar à antena da Dois e destaca algumas das restantes

coberturas mediáticas de que a UA foi alvo ao longo dos últimos meses.

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Page 72: Revista Linhas 02

João Salvado não tem dúvidas. “Aminha experiência na área leva-me aconsiderar como sinal muito positivo aausência de críticas demolidoras. Numprojecto como este, apontado a umacomunidade específica, a relação deproximidade do espectador com osconteúdos, é maior. A televisão funcionacomo uma lupa – baixa a relação deindiferença, e as pessoas adoram ouodeiam o que vêem.”

Desenhado como um projecto demédio/longo prazo, o 38 10 – UAcomeça agora a estabilizar. “Já conse-guimos criar rotinas, quer a nível técnico,quer logístico, quer até de métodos detrabalho. A estrutura formal do progra-ma que seguimos foi, intencionalmente,um pouco conservadora, mas tenderáa alterar-se, dando provavelmente lugara peças mais experimentais… Optámospor essa estrutura clássica por elarepresentar como que o “menor múltiplocomum” entre os diversos públicos destacomunidade. Por outro lado fomosconfrontados com a necessidade defazer um programa de 55 minutos, semintervalo. Tivemos, por isso, queintroduzir mecanismos de promoçãointerna do programa, e mexemos naduração e no ritmo das reportagens.Pensamos que no futuro próximo,poderemos desenvolver o projectonoutras direcções e até criar formatosdiferentes.”.

TSF e RTP na UANo intervalo de apenas um mês, aTSF – Rádio Notícias esteve duas vezesna Universidade de Aveiro. Do Departa-mento de Ambiente e Ordenamentoemitiu, em directo, o Fórum TSF dedicadoao Planeamento Regional e Urbano. Osconvidados eram, claro, da casa. Osprofessores Rosa Pires e EduardoAnselmo discutiram os prós e contras dacriação das áreas metropolitanas; umdebate onde entrou igualmente o entãoSecretário de Estado da AdministraçãoLocal, Miguel Relvas.

Dias mais tarde, a TSF voltou à UA. Destavez para gravar o programa TSF/DiárioEconómico. Os jornalistas João Morais(TSF) e Madalena Queirós (DiárioEconómico) convidaram a Reitora, Prof.Maria Helena Nazaré, a Presidente daAssociação Académica, Rosa Nogueira,o responsável pela GrupUnave, Eng.Fernando Santos, e os engenheiros PauloMonteiro (Siemens) e Cristina Bóia(Extrusal) para uma conversa, em queinterveio também a Ministra da Ciênciae do Ensino Superior e o Prof. Jorge Alves(Casa do Futuro).

O programa foi para o ar a 1 de Maio egirou em torno do facto da UA serconsiderada uma universidade de ponta,da excepcional classificação obtidapelas Unidades de Investigação da casae do financiamento a estas Unidadesconcedido. A criação da Escola Superior

Aveiro Norte, em Oliveira de Azeméis, aaposta da instituição em formar pessoaspara as empresas, o diálogo constantemantido com o tecido empresarial daregião, o projecto Casa do Futuro e asmais recentes disciplinas leccionadasna UA, pelo crítico de jazz, José Duarte,foram outras das temáticas abordadasao longo do programa.

Por seu turno, o Euro 2004 foi o motepara um conjunto de directos realizadospela RTP, a partir das cidades queacolheram o Campeonato Europeu deFutebol. Convidada a participar, aUniversidade fez-se representar pelaReitora, que confirmou a forte ligaçãoda UA às empresas da região e aconstante preocupação na colocaçãodos seus licenciados no mercado detrabalho. O programa incluiu, ainda, umtrabalho da autoria do jornalista AlbertoSerra sobre a intensa cooperação daUniversidade com as empresas esociedade, mostrando como a Feira deEmprego, que anualmente se realiza naUA, funciona como um posto de escutaentre empresários e estudantes.

Os números falam por si

O 38 10 – UA é o programa mais visto entre os

programas das universidades, obtendo um share

de 6,8 contra os 3 e 4 das restantes universidades.

O share do canal (A Dois) é de 4,3. Cada programa

3810 – UA é visto, em média, por 363.800 especta-

dores. (5% acima da média das universidades). A

audiência média estabilizada de cada programa é

de 44.300 pessoas. (30% acima da média das

universidades).

A região do país onde o programa é mais visto é o

Litoral Norte, atingindo aqui um share de 14,3.

Nesta região, o share do 38 10 – UA quase

quadruplica o valor médio do canal. Nenhuma outra

região do país vê qualquer outro programa

Universidades acima do dígito 6. Depois do Litoral

Norte, as regiões que mais vêm o 3810 são o Grande

Porto (9,1) e o Litoral Centro (5,1).

A faixa etária que mais vê “A Dois” àquela hora,

todos os dias, ronda os 64 anos. No entanto, o

38 10 – UA é o único programa do espaço Universi-

dades que consegue uma penetração significativa

na faixa etária que se situa entre os 25 e os 34 anos

(8,5% da UA contra 1,5% das outras universidades).

Comparando com os programas das outras

universidades, o 38 10 – UA mantém os mesmos

níveis de penetração nas classes alta e média alta,

mas é o único que penetra significativamente na

classe média e média/baixa, conseguindo reter,

nestas classes, algum auditório que habitualmente

prefere a programação mais popular dos outros

canais, àquela hora. (12,5% contra 4%).

Fonte: RTP/A Dois/Markdata

Referente ao período Maio/Junho 2004

outubro ‘04Linhas ua nos media7170

Page 73: Revista Linhas 02

João Salvado não tem dúvidas. “Aminha experiência na área leva-me aconsiderar como sinal muito positivo aausência de críticas demolidoras. Numprojecto como este, apontado a umacomunidade específica, a relação deproximidade do espectador com osconteúdos, é maior. A televisão funcionacomo uma lupa – baixa a relação deindiferença, e as pessoas adoram ouodeiam o que vêem.”

Desenhado como um projecto demédio/longo prazo, o 38 10 – UAcomeça agora a estabilizar. “Já conse-guimos criar rotinas, quer a nível técnico,quer logístico, quer até de métodos detrabalho. A estrutura formal do progra-ma que seguimos foi, intencionalmente,um pouco conservadora, mas tenderáa alterar-se, dando provavelmente lugara peças mais experimentais… Optámospor essa estrutura clássica por elarepresentar como que o “menor múltiplocomum” entre os diversos públicos destacomunidade. Por outro lado fomosconfrontados com a necessidade defazer um programa de 55 minutos, semintervalo. Tivemos, por isso, queintroduzir mecanismos de promoçãointerna do programa, e mexemos naduração e no ritmo das reportagens.Pensamos que no futuro próximo,poderemos desenvolver o projectonoutras direcções e até criar formatosdiferentes.”.

TSF e RTP na UANo intervalo de apenas um mês, aTSF – Rádio Notícias esteve duas vezesna Universidade de Aveiro. Do Departa-mento de Ambiente e Ordenamentoemitiu, em directo, o Fórum TSF dedicadoao Planeamento Regional e Urbano. Osconvidados eram, claro, da casa. Osprofessores Rosa Pires e EduardoAnselmo discutiram os prós e contras dacriação das áreas metropolitanas; umdebate onde entrou igualmente o entãoSecretário de Estado da AdministraçãoLocal, Miguel Relvas.

Dias mais tarde, a TSF voltou à UA. Destavez para gravar o programa TSF/DiárioEconómico. Os jornalistas João Morais(TSF) e Madalena Queirós (DiárioEconómico) convidaram a Reitora, Prof.Maria Helena Nazaré, a Presidente daAssociação Académica, Rosa Nogueira,o responsável pela GrupUnave, Eng.Fernando Santos, e os engenheiros PauloMonteiro (Siemens) e Cristina Bóia(Extrusal) para uma conversa, em queinterveio também a Ministra da Ciênciae do Ensino Superior e o Prof. Jorge Alves(Casa do Futuro).

O programa foi para o ar a 1 de Maio egirou em torno do facto da UA serconsiderada uma universidade de ponta,da excepcional classificação obtidapelas Unidades de Investigação da casae do financiamento a estas Unidadesconcedido. A criação da Escola Superior

Aveiro Norte, em Oliveira de Azeméis, aaposta da instituição em formar pessoaspara as empresas, o diálogo constantemantido com o tecido empresarial daregião, o projecto Casa do Futuro e asmais recentes disciplinas leccionadasna UA, pelo crítico de jazz, José Duarte,foram outras das temáticas abordadasao longo do programa.

Por seu turno, o Euro 2004 foi o motepara um conjunto de directos realizadospela RTP, a partir das cidades queacolheram o Campeonato Europeu deFutebol. Convidada a participar, aUniversidade fez-se representar pelaReitora, que confirmou a forte ligaçãoda UA às empresas da região e aconstante preocupação na colocaçãodos seus licenciados no mercado detrabalho. O programa incluiu, ainda, umtrabalho da autoria do jornalista AlbertoSerra sobre a intensa cooperação daUniversidade com as empresas esociedade, mostrando como a Feira deEmprego, que anualmente se realiza naUA, funciona como um posto de escutaentre empresários e estudantes.

Os números falam por si

O 38 10 – UA é o programa mais visto entre os

programas das universidades, obtendo um share

de 6,8 contra os 3 e 4 das restantes universidades.

O share do canal (A Dois) é de 4,3. Cada programa

3810 – UA é visto, em média, por 363.800 especta-

dores. (5% acima da média das universidades). A

audiência média estabilizada de cada programa é

de 44.300 pessoas. (30% acima da média das

universidades).

A região do país onde o programa é mais visto é o

Litoral Norte, atingindo aqui um share de 14,3.

Nesta região, o share do 38 10 – UA quase

quadruplica o valor médio do canal. Nenhuma outra

região do país vê qualquer outro programa

Universidades acima do dígito 6. Depois do Litoral

Norte, as regiões que mais vêm o 3810 são o Grande

Porto (9,1) e o Litoral Centro (5,1).

A faixa etária que mais vê “A Dois” àquela hora,

todos os dias, ronda os 64 anos. No entanto, o

38 10 – UA é o único programa do espaço Universi-

dades que consegue uma penetração significativa

na faixa etária que se situa entre os 25 e os 34 anos

(8,5% da UA contra 1,5% das outras universidades).

Comparando com os programas das outras

universidades, o 38 10 – UA mantém os mesmos

níveis de penetração nas classes alta e média alta,

mas é o único que penetra significativamente na

classe média e média/baixa, conseguindo reter,

nestas classes, algum auditório que habitualmente

prefere a programação mais popular dos outros

canais, àquela hora. (12,5% contra 4%).

Fonte: RTP/A Dois/Markdata

Referente ao período Maio/Junho 2004

outubro ‘04Linhas ua nos media7170

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