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linhas REVISTA DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO ANO 9 DEZEMBRO ‘12 #018

Revista Linhas 18

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Ano 9, Dezembro 2012

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linhasREVISTA DAUNIVERSIDADE

DE AVEIRO ANO 9

DEZEMBRO ‘12

#018

Relevância e impacto são princípios centrais a toda a atividade da Universidade de Aveiro – na investigação, na formação e na cooperação, porque permitem afirmar o caráter singular do nosso papel na sociedade: um papel nem sempre visível e nem sempre bem compreendido.

Ser relevante em investigação não significa, necessariamente, haver lugar a aplicação no curto prazo, e muito menos vislumbrar-se, desde logo, valorização económica. Relevância significa avançar as fronteiras do conhecimento, ir mais além no entendimento do nosso universo, natural e humano, na compreensão das pessoas, das suas relações, das organizações, das expressões artísticas. Conhecimento que, em muitos casos, deve ter e tem impacto direto na resolução de questões atuais; não menos importante é o seu potencial para a prevenção de problemas, para permitir imaginar futuros diferentes ou, ainda, para formar melhor. Investigação fundamental, aplicada, em cooperação com outras universidades ou com empresas – todas são necessárias. 

Ser relevante na formação não significa olhar apenas para a taxa de emprego dos diplomados, a qual depende, largamente, da conjuntura económica. Ser relevante é contribuir para que cada estudante alargue os seus horizontes, desenvolva capacidades e tenha condições para lutar pelos sonhos e pelas melhores oportunidades; e para que o possa fazer num mundo em mutação, com mais mobilidade e menos fronteiras, em que as carreiras já não o são para a vida. Esta é a responsabilidade que assumimos e que nos deve levar a refletir, continuamente, sobre os processos de aprendizagem, sobre o que dizem os antigos alunos e os empregadores. Aliar a competente formação em disciplinas de base ao domínio de línguas, à habilidade para trabalhar em equipa, à capacidade de comunicação, à abertura a diferentes culturas, é um desafio permanente. O maior impacto da UA é conseguido através dos estudantes e diplomados que, pelos seus percursos e atitudes, têm um efeito multiplicador na sociedade. Esta é uma das razões subjacentes ao foco que, por ocasião dos 40 anos da UA, que se celebram em 2013, queremos pôr no Ensino e na Educação.

Ser relevante na cooperação – com autarquias, empresas, serviços públicos e associações – não é apenas mensurável pelo retorno direto, e absolutamente necessário, na captação do financiamento que nos permite atuar com maior sustentabilidade. Ser relevante é contribuir com conhecimento distintivo e valor acrescentado; e fazê-lo de forma complementar, como semente, não se substituindo nem concorrendo diretamente com as empresas. Cooperação que abrange, ainda, a divulgação dos saberes; a transferência de conhecimento; a prestação de serviços avançados; o estímulo à criação de empresas. O impacto alcançado não se confina às respostas às exigências do presente, mas revela-se, também, pela capacidade de colocar questões, e de alterar metodologias e práticas.

A abertura da UA, à região e ao mundo, é uma das pedras basilares da nossa atuação. A nossa comunidade é cada vez mais internacional, contando já com 49 nacionalidades. Vimos reforçando o trabalho em rede em todos os domínios, com cerca de três dezenas de cursos ministrados em parceria com instituições nacionais e internacionais. Colaboramos, com mais intensidade, com países da CPLP e, crescentemente, com países asiáticos. Estamos a desenvolver parcerias estratégicas com universidades do Norte da Europa. A posição nos rankings, reflexo do nosso trabalho, confere-nos acrescida visibilidade. Acreditamos que este é o caminho a prosseguir e que nos permite contribuir para o futuro de Portugal e dos Portugueses.

editorial

Manuel António AssunçãoReitor da Universidade de Aveiro

títuloLinhas, Revista da Universidade de Aveiro

edição e propriedadeUniversidade de Aveiro

direçãoManuel António Assunção

ediçãoJosé Alberto RafaelMargarida Isabel AlmeidaMiguel Conceição

redaçãoServiços de Comunicação, Imagem e Relações PúblicasAna CoimbraAna VazEmília Castro (colaboração)João CorreiaPedro FariasSandra Coutinho (colaboração)

design, fotografia e produçãoServiços de Comunicação, Imagem e Relações Públicas

impressãoEmpresa Diário do Porto, Lda

ISSN1645-8923

depósito legal312303/10

tiragem6 500 exemplares

periodicidadeduas edições/ano

EDITORIALmanuel antónio assunçãoreitor da ua

OPINIÃOdesafios para a investigação na atual conjuntura económica e financeirajosé fernando mendes

a divulgação de ciência e a missão da universidade de aveiroivonne delgadillo

o fim do mundo em 2012?alexandre correia

PERCURSOSdoutores honoris causajoão paulo borges coelhomichel waroquier

percurso singularvictor gil

antigos alunoscátia estimaruben bettencourtiola duarte

DISTINÇÕESrecebidas pela comunidade académica

engenharia civilconquista selo europeu de qualidade

VOLUNTARIADOuma universidade onde pulsa um enorme coração

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INVESTIGAÇÃO‘pele’ artificial protege aviões da airbus

UA e o património cultural imaterialnão o moliceiro mas a apanha do moliço

ESCAPARATEedições da comunidade académica

campus ExEmPLARnovos edifícios da saúde e CICFANO

ENTREVISTA COm…rui nabeiropresidente do grupo nabeiro/delta cafés

ENSINObrasil e cazaquistãoUA à conquista da globalização do ensino

“encontros com a ciência” para maiores de 50formação sénior: de volta aos estudos

COOPERAÇÃOincubadora dá o salto… por cima da crise

CULTURAL…da “cartola” sai música e festa há 20 anos

fábrica: um espaço renovado para fabricar ciência

“a química das coisas”: segunda temporadaUA desvenda mais segredos químicos do dia a dia

ACONTECEU NA UA…alguns momentos que marcaram a vida académica

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opinião desafios para a investigação

A atual conjuntura de crise económica e financeira é um fator que afeta todos os setores, não estando a investigação imune aos seus efeitos. Mas, se, por um lado, os desafios que, por natureza, são inerentes à atividade de investigação e desenvolvimento (I&D) assumem contornos particularmente difíceis de ultrapassar neste contexto, por outro, sabemos que, pelo seu carater, reprodutivo, a atividade de I&D é fundamental para ajudar os países a sair desta situação.

A diversificação de fontes de financia-mento, com vista a evitar a dependência financeira das agências nacionais, tem sido uma das preocupações constantes da Universidade de Aveiro que tem vindo a ganhar particular relevância, face aos atuais constrangimentos. O ano de 2013 será, porventura, um ano de grandes desafios neste domínio, uma vez que será o último ano do período de vigência do Sétimo Programa Quadro da União Europeia, em que haverá uma redução acentuada do número de convocatórias a publicar. A UA concentrar-se-á, por isso, na pesquisa e disseminação de programas de financiamento europeus e/ou internacionais alternativos, bem como na preparação da comunidade para a participação no Horizonte 2020.

Não obstante a definição de estratégias direcionadas para a captação de financiamento estrangeiro, a UA não deixará de continuar a promover o aumento do número de bolsas e projetos nacionais, sobretudo financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia

(FCT) e pela Agência de Inovação. Ter condições para competir nacional e internacionalmente pela captação de financiamento externo permite que, mais facilmente, se possam encontrar formas de equilíbrio entre o desenvolvimento de investigação aplicada e fundamental.

Outro dos grandes desafios que importa salientar é a capacidade para assegurar a atividade de I&D de alto nível desenvolvida na UA. A falta de financiamento nacional para a contratação (ou renovação de contratos) dos investigadores mais seniores pode colocar em causa o nível de qualidade e impacto dos resultados alcançados. As contratações de investigadores de alto nível previstas no âmbito dos cinco projetos, aprovados pelo programa Mais Centro e nas Cátedras Convidadas, poderão dar uma ajuda importante nesse sentido e, em simultâneo, contribuir para o desenvolvimento de cinco áreas estratégicas da UA (Materiais, Telecomunicações, Mar, Saúde e Energia).

A proximidade entre universidades e empresas é, por motivos óbvios, um dos temas cada vez mais presentes nas políticas económicas e, consequentemente, também nas políticas de investigação da União Europeia e do país. A UA não é alheia a esta matéria e tem vindo, desde há vários anos a esta parte, a definir algumas das suas principais estratégias neste âmbito. A este nível, e através da ação da Escola Doutoral, dar-se-á particular importância à constituição de programas doutorais conjuntos com empresas de referência

em áreas estratégicas, desenvolvendo-se as medidas necessárias à captação de financiamento para os mesmos, bem como para a obtenção de bolsas de douto-ramento em empresas, tendo em conta as últimas medidas anunciadas pela FCT.

As pessoas e os financiamentos são, sem dúvida, duas componentes essenciais ao desenvolvimento da atividade de I&D. Contudo, estratégias complementares de reforço de competitividade, internacionalização, interdisciplinaridade e racionalização de meios não podem ser descuradas. A recente criação do Aveiro Institute of Nanotechnology, a implementação do Laboratório Biology Systems e o reforço do estabelecimento de relações internacionais com instituições de referência são alguns dos instrumentos desenvolvidos nesse sentido. Prevê-se que outras iniciativas desta natureza venham a ter lugar a curto prazo, nomeadamente na área do Mar, tendo em conta os recentes avanços a que temos assistido neste domínio e os laços institucionais que se têm vindo a criar nesta área.

Não obstante todas as dificuldades com que se debate atualmente, a UA não abrandará os seus esforços no sentido de consolidar a sua investigação como uma referência nacional e internacional e de tornar os seus resultados em componentes cada vez mais imprescindíveis ao desen- volvimento da região e do país. As posições de destaque conseguidos nos rankings internacionais, bem como o aumento de receitas próprias através do financiamento competitivo para a I&D, demonstram que estamos no bom caminho.

desafios paraa investigação

na atual conjuntura económica e financeira

José Fernando MendesVice-reitor da UA

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opinião opinião

Ivonne DelgadilloDocente do Departamento de Química da UA e Presidente da Comissão de Gestão da Fábrica – Centro Ciência Viva

Alexandre CorreiaDocente do Departamento de Física da UA

conseguir apresentar ao público uma visão da Ciência que estimule o interesse por esta, criando-se oportunamente curiosidade sobre os conceitos básicos subjacentes à interpretação dos fenómenos observados. É particularmente importante que esta curiosidade seja despertada o mais cedo possível nas camadas jovens conduzindo a que sejam eles próprios a analisar os fenómenos, a levantar questões e a querer procurar as respostas adequadas. Na caminhada para o recrutamento de novas vagas de cientistas o primeiro e fundamental passo é conseguir o interesse dos jovens pela Ciência. Em consequência, a aprendizagem deveria ser a continuação natural do processo.

É importante desmistificar os conceitos de que a Ciência é só para alguns e de que aprender pode ser um processo essencialmente lúdico. Sendo verdade que os conceitos gerais e básicos para muitos fenómenos podem ser apresentados de forma simples, compreensível e divertida para o público em geral, também é certo que deve ser transmitida a noção de que vale a pena aprofundar os conceitos para conhecer a origem e causa dos mesmos fenómenos, fornecendo a resposta certa à curiosidade despertada. É neste sentido que o suporte científico oferecido pela Universidade de Aveiro à Fábrica – Centro Ciência Viva de Aveiro, faz a grande diferença entre estarmos perante simples encenações ou fazer parte de uma apresentação alternativa dos fenómenos científicos que poderá

“Nibiru”, colisão com um asteróide, ou alinhamento de todos os planetas do Sistema Solar, encontram-se entre os cenários favoritos. Para os menos informados, convém desde já esclarecer que todos estes cenários já ocorreram várias vezes no passado da Terra e o nosso planeta sobreviveu. De todos eles, só a colisão com outro corpo poderia pôr, realmente, em risco a vida na Terra. No entanto, se este cenário fosse real saber-se-ia com muita antecedência que a Terra estaria em rota de colisão. Assim, tranquilizem-se as mentes mais apocalípticas, pois nos tempos mais próximos, é mais provável que uma crise económica destrua a civilização atual do que um fenómeno astronómico!

E o que pode realmente dizer a ciência atual acerca do fim do nosso planeta? Sabemos que o Sol tem uma idade de cerca de 5 mil milhões de anos e que está sensivelmente a meio da sua longa existência. No entanto, daqui por outros 5 mil milhões de anos esgotar-se-á o combustível existente no núcleo do Sol e este vai começar a expandir-se. Ao aumentar de tamanho, os planetas mais próximos serão por si engolidos. Entre eles, provavelmente, a Terra. Mesmo que o nosso planeta não seja devorado, a temperatura vai subir para milhares de graus, esterilizando por completo a vida.

O cenário anterior é o mais conhecido e dramático, mas não é o único capaz de pôr fim à vida no nosso planeta. Outra possibilidade é a colisão da Terra com um dos seus planetas vizinhos, Mercúrio, Vénus ou Marte. Ao contrário do que geralmente se pensa, o Sistema

encontrar continuidade, na medida em que o visitante o desejar, porque existe o alicerce científico necessário.

Do ponto de vista da Universidade, a divulgação de ciência pode e deve ser uma oportunidade para mostrarmos ao grande público o que fazemos, a relevância da investigação que realizamos e do seu valioso papel como motor de desenvolvimento. É importante explorar todos os canais possíveis para estabelecer e reforçar laços de cooperação com os parceiros regionais que lhes permitam compreender a importância de investir em Ciência criando cadeias de valor em benefício de todos.

Outro motivo para a Universidade de Aveiro apostar na divulgação de ciência prende-se com o interesse que pode ser despertado nos mais jovens por desvendar os mistérios da natureza e, em consequência, cativar e estimular o desenvolvimento de bons futuros estudantes universitários nas diferentes áreas das Ciências e da Tecnologia. Uma intervenção ao nível do público escolar é uma aposta no futuro. É por isto essencial que os investigadores tenham em mente que tão importante como obter excelentes resultados é dá-los a conhecer à comunidade em geral, e não só aos seus pares, porque o que as pessoas não conhecem é como se não existisse.

Solar não é totalmente estável. Existe uma probabilidade de cerca de 1% dos planetas interiores entrarem em colisão entre si antes de se iniciar a expansão do Sol. Mas tranquilizem-se o mais nervosos, pois, além desta probabilidade ser baixa, tal só pode ocorrer dentro de 3 mil milhões de anos.

Uma possibilidade mais próxima é a modificação drástica do eixo da Terra que só está estabilizado em cerca de 23 graus graças à presença da Lua. No entanto, o nosso satélite afasta-se lentamente da Terra, cerca de 4 cm por ano. Dentro de 1,5 mil milhões de anos, a Lua estará muito mais longe (deixará de haver eclipses totais do Sol) e a sua gravidade deixará de conseguir estabilizar o eixo. Nessa altura, a gravidade dos outros planetas vai ser capaz de modificar a inclinação do eixo da Terra entre 0 e 80 graus, em apenas alguns milhões de anos, o que terá consequências dramáticas para o clima na Terra e para a vida.

De qualquer forma, todos estes cenários são longínquos. Convém lembrar que a espécie humana atual (homo sapiens sapiens) tem menos de 200 mil anos e que a evolução, a partir dos nossos primos “macacos”, menos de 10 milhões. Esperemos, por isso, que até lá a humanidade consiga entender-se, que não se autodestrua, e que consiga desenvolver novas tecnologias que lhe permita emigrar para outros planetas em torno de outras estrelas!

a divulgaçãoo fim do mundo em 2012?

A divulgação de ciência é uma das formas de a Universidade de Aveiro cumprir com a sua missão. A Ciência deve extravasar os muros universitários e dos laboratórios de investigação e ser visível e percebida pela sociedade. Não sendo necessário que todas as pessoas sejam cientistas, é essencial que o cidadão comum tenha uma perceção dos alcances da Ciência e do seu significado no dia a dia. Sob o ponto de vista de uma participação cidadã consciente e interventiva, com capacidade para opinar e fazer valer os seus direitos em temas básicos como saúde, alimentação ou ambiente, é indispensável, atualmente, estar-se minimamente informado.

A divulgação de ciência não tem os objetivos da “educação formal” escolar, na qual se pretende alcançar e avaliar uma aprendizagem. Contudo a divulgação de ciência é a melhor opção para criar um clima propício à aprendizagem. O contacto informal com os factos científicos retira a carga negativa do que pareceria à primeira vista como incompreensível. É preciso

Aproxima-se (mais) um final do Mundo. Desta vez está agendado para o dia 21 de dezembro de 2012 e baseia-se numa “profecia” do antigo povo Maia. Na realidade parece que os Maias nada anteviram, acontece apenas que no calendário deles, na data em causa, ocorre o final de um ciclo de 5125 anos. Há quem goste de interpretar a mudança de calendário como a entrada numa nova era para a humanidade (que até pode ser positiva), há quem goste de a interpretar como cataclismos. Recordam-se do ano 2000? Também correspondia apenas a um final de ciclo no nosso calendário, mas várias previsões do fim do Mundo foram igualmente agendadas na época...

Como os Maias nada escreveram sobre o que ocorria no final do ciclo de 5125 anos (provavelmente porque eles nada esperavam que acontecesse), os profetas do apocalipse deram largas à sua imaginação. Aumento da radiação emitida pelo Sol, inversão do eixo magnético da Terra, modificação do eixo de rotação da Terra, colisão com um planeta desconhecido chamado

de ciência e a missão da universidade de aveiro

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João Paulo Borges Coelhoescritor e professor moçambicano

É um nome incontornável no panorama da cultura moçambicana contemporânea. João Paulo Borges Coelho, escritor, historiador e professor na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo (Moçambique), é referência na investigação das guerras colonial e civil em Moçambique, tendo publicado sobre o tema dezenas de textos académicos em Moçambique, Portugal, Reino Unido, Espanha e Canadá.

Doutorado em história económica e social na Universidade de Bradford, no Reino Unido, os atuais trabalhos de pesquisa de João Paulo Borges Coelho incluem também a construção política e os conflitos e segurança na África Austral e no Oceano Índico, os movimentos e ordenamento populacional no território, e as questões que relacionam a história, o poder e a memória.

Revelação literáriaPara além de historiador e professor, João Paulo Borges Coelho abraça desde há alguns anos um projeto literário baseado na construção ficcionada de realidades presentes e passadas de Moçambique, um trabalho que empreende sempre com a ajuda da bagagem científica que carrega.

No seu conjunto, a obra intelectual de João Paulo Borges Coelho, constitui um exemplo de cruzamento profícuo da actividade académica com a criatividade artística. De facto, há no universo literário do autor um persistente

interesse pelas questões históricas, nomeadamente no que diz respeito à História de Moçambique. O seu primeiro livro, As Duas Sombras do Rio, foi lançado em 2003. A este, seguiu-se As Visitas do Dr. Valdez, um romance que ganhou a edição de 2005 do prémio literário José Craveirinha. Em 2009 o autor ganhou a 2ª edição do Prémio Leya com o romance O Olho de Hertzog. Hoje, João Paulo Borges Coelho assina uma obra literária que, no seu conjunto, se destaca no panorama das literaturas africanas em língua portuguesa e, no geral, no espaço da lusofonia.

Filho de pai português e de mãe moçambicana, João Paulo Borges Coelho nasceu no Porto, em 1955, mas cedo rumou para Moçambique onde cresceu e decidiu permanecer após a independência daquele país, adotando então a nacionalidade moçambicana.

A atribuição do título de Doutor Honoris Causa a João Paulo Borges Coelho acontece numa altura em que a UA tem em curso vários projetos de cooperação com Moçambique: o Pensas – Plataforma de Ensino Assistido de Moçambique, o Mestrado em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa na UniZambeze, o OUTclass, uma bancada móvel de ciências instalada no Ministério da Educação e Cultura de Moçambique, o desenvolvimento do ensino a distância e os trabalhos de conservação da biodiversidade marinha de Pemba.

percursos doutores honoris causa

michel Waroquieremérito da Universidade de Ghent

Professor emérito da Universidade de Ghent, onde lecionou durante 30 anos, Michel Waroquier, publicou mais de 300 trabalhos científicos. Numa primeira fase, o investigador e professor, doutorado em física, dedicou-se à física nuclear, desenvolvendo trabalhos em modelação molecular nos últimos quinze anos.

Assim, a atribuição deste Doutoramento Honoris Causa, pela Universidade de Aveiro, é uma forma de reconhecer a importância do seu currículo científico e do “trabalho de investigação de elevado impacto” por si desenvolvido e, mais que isso, de “assinalar o seu papel no desenvolvimento da Universidade de Ghent”, com a qual a UA tem vindo a estabelecer projetos de grande importância para o futuro de ambas as instituições, segundo o texto justificativo da proposta apresentada a Conselho Científico pelo Departamento de Física da UA.

Impulsionador da investigação em GhentMichel Waroquier, para além de vários outros cargos de responsabilidade na Universidade de Ghent, foi fundador do Center for Molecular Modelling. Participou em vários comités do Fundo Belga para a Investigação Científica (FWO), do Conselho Flamengo para a Política Científica (VRWB) e foi membro do comité permanente da European Science (ESF). O professor emérito belga “teve um papel destacado na definição das políticas e estratégias

de investigação científica da sua universidade, contribuindo assim decisivamente para o seu bom posicionamento no contexto das universidades europeias e mundiais”.

Como investigador, Waroquier tem vindo a dar um contributo vasto na área da modelação molecular. Aplicando os princípios teóricos da física, nomeadamente de mecânica quântica, procura explicar e prever propriedades dos materiais e, com isso, identificar moléculas adequadas a certos fins. Nas suas publicações tem tido especial atenção à explicação de fenómenos práticos. O investigador belga tem ainda trabalhado no sentido de desenvolver novas abordagens para melhorar o desempenho dos cálculos que faz.

A obra literária e académica de João Paulo Borges Coelho, historiador da Universidade Eduardo Mondlane, e a carreira de Michel Waroquier enquanto investigador na Universidade de Ghent, na área da modelação molecular, motivam a atribuição de dois Doutoramentos Honoris Causa pela Universidade de Aveiro em dezembro de 2012.

honoris causapremeia modelação molecular e cultura moçambicana

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percurso singular

Parte de Abril ponderou travar nascimento da UADocente há 15 anos no Departamento de Química na Universidade de Coimbra (UC), Victor M. S. Gil era, no início dos anos 70, a autoridade máxima no país em Ressonância Magnética Nuclear (RMN). Primeiro português a especializar-se numa área que, mundialmente, dava os primeiros passos, o investigador já tinha edificado em Coimbra o Laboratório de RMN, um local único na Península Ibérica em meados dos anos 60. Victor Gil tinha 34 anos mas já tinha um invulgar currículo como cientista e professor.

O currículo servia perfeitamente para Veiga Simão o convidar a presidir à Comissão Instaladora da UA e, desse modo, tornar-se Reitor. Aceitou a missão porque nunca soube viver sem criar, sem inovar, sem dizer que sim a grandes desafios. Perceber exatamente as reais necessidades formativas das indústrias da região, definir áreas de atividade, escolher e preparar as licenciaturas a

Três anos depois de ter agarrado as rédeas da UA é tempo de balanços. A academia já era uma certeza mas o Reitor não estava contente face a algumas indefinições sobre o futuro institucional da UA. “Com conhecimento da Comissão Instaladora, escrevi uma carta ao Ministro da Educação e Investigação Científica, onde lhe dava conta da situação e pedia um maior envolvimento do Ministério”, desvenda.

A missiva continha ainda um outro recado. Quando veio para Aveiro, Victor Gil largou a docência e, em certa medida, a investigação científica, na expetativa de voltar três anos depois. Assim, a carta esclarecia o Ministro que, apesar desse pressuposto, tinha vontade de ficar mais um ano como Reitor se o Ministério se empenhasse mais com a UA. “Se esse empenhamento não puder existir, então considere a minha carta como um pedido de demissão”, rematava a caneta de Victor Gil. “Fui arrogante e insolente, as coisas não se escrevem assim”, reconhece 37 anos depois.

O Ministro não terá gostado do que leu e aceitou, de imediato, a saída de Victor Gil. Entre o alívio e a surpresa, arrumou a secretária, despediu-se das colaboradoras e apresentou-se dias depois no Departamento de Química da UA, local onde estava afeto como professor catedrático. “É isso que eu sei fazer, ensino e investigação. Para a gestão universitária não tinha experiência nem, naturalmente, pensava nela como uma carreira”, confessa.

À independência, à isenção e à inovação, no balanço que Victor Gil faz hoje dos três anos de liderança da UA, e com a tónica na letra i que tanto acha expressiva, junte-se “a insolência, a inexperiência e a ingenuidade, inclusive a ingenuidade política numa altura de revolução”.

Um miúdo que pode ser alguémO primeiro Reitor da UA nasceu em 1939, em Santana, uma freguesia do concelho da Figueira da Foz. A mãe costurava para fora e trabalhava com os avós numa pequena mercearia. O pai era agricultor. As posses da família eram modestas e,

o primeiro reitor da universidade de aveiro

ministrar, encontrar bolsas para formar no estrangeiro os futuros investigadores e professores e iniciar a instalação física da UA eram algumas das missões da Comissão de Victor Gil.

Avance-se então um ano no calendário, mais concretamente para abril de 1974. No fervor das mudanças de Abril, em especial nas sentidas no Ministério da Educação, Victor Gil sabe que “em alguns círculos do poder foi seriamente colocada a possibilidade de não avançar uma universidade em Aveiro”.

O antigo Reitor Victor Gil recorda hoje uma reunião que teve com o então Secretário de Estado do Ensino Superior, aliás seu amigo e colega de Coimbra: “Esteve uma tarde inteira comigo a tentar convencer-me, amavelmente, de que, como já tínhamos democracia, não precisávamos de universidades novas”. Especialmente a 60 quilómetros de Coimbra e a outros tantos do Porto.

Contra o fecho, avançar com a academia mais depressaAlarmada com a eventual intenção do poder de Lisboa, a Comissão Instaladora agiu rapidamente. O plano foi acelerar o parto da UA de forma a torná-la irreversível. “Se tivéssemos ficado à espera das grandes decisões políticas do Ministério em matéria de Ensino Superior, a UA podia não ter acontecido”, garante Victor Gil. Assim, alguns cursos abriram muito mais cedo do que o que estava previsto. O de Eletrónica e Telecomunicações, por exemplo, abriu mesmo em setembro de 1974, aprovado pelo Ministério depois de uma fundamentada argumentação e da disponibilidade de espaços e colaboradores pelo Centro de Estudos de Telecomunicações dos CTT em Aveiro.

Ironia das ironias é que, a mesma revolução que colocou em dúvida a necessidade da criação da UA, foi a mesma que permitiu, com a descolonização, a vinda para Aveiro de muitos professores da então Universidade de Lourenço Marques e que deram um peso crucial à viabilidade do projeto académico.

por isso, toda a ajuda era necessária. Quer no campo, ajudando o pai na rega do milho, quer atrás do balcão dos avós onde gostava de aviar frutos secos porque sempre metia um à boca “para comprovar a qualidade do produto”, Victor Gil tinha o caminho traçado. E não, não era em Santana que o iria palmilhar.

“O miúdo tem futuro! O miúdo pode ser alguém!”. As certezas que a professora sempre deu aos pais eram resultado das provas que Victor Gil dava na escola. Era o melhor aluno, uma posição cimeira que sempre procurou alcançar.

“Eu sentia essa responsabilidade, a de ser bom aluno e ter boas notas”, relembra Victor Gil. “O meu empenho na aprendizagem”, confessa, “era mais motivado pela necessidade de ter direito à bolsa de estudo e isenção de propinas do que muitas vezes por gosto”. Só assim, destacando-se pelas excelentes notas, conseguiu continuar a estudar e aliviar os sacrifícios paternos. Era uma lição que, desde tenra idade, tinha bem estudada.

E que profissão queria ter o pequeno Victor quando fosse grande? Bombeiro estava fora de causa porque o fustigava “a aflição do sino a tocar a rebate e a correria aflita de pessoas e baldes quando alguma chaminé da aldeia, por falta de limpeza, se incendiava”. Médico nem pensar porque “desmaiava facilmente no dia das vacinas”. Advogado muito menos pois “não tinha os grandes dotes oratórios que naquela época se associavam aos homens dos tribunais”.

Restava a Engenharia, “cativado especialmente pela Matemática que já considerava ser um mundo cheio de novidades à espera de serem descobertas”. Victor Gil já sonhava com a Ciência.

Viagem pioneira ao mundo do NuclearDepois de concluída a quarta classe, o futuro apontou-lhe o liceu da Figueira da Foz. E, aos 12 anos, seguiu para Coimbra onde o Liceu D. João III o recebeu até ao 7º ano de então. Um dia o professor de Ciências Naturais, por quem tinha uma grande

Recuemos a 1973. Nesse ano, Aveiro recebeu luz verde de Veiga Simão, o então Ministro da Educação, para preparar os primeiros tijolos de uma instituição superior que fizesse a diferença numa região cujas empresas estavam famintas de especialistas, carentes de novas metodologias e ávidas por futuros alicerçados na investigação.

Esse cenário, o de um tecido empresarial que precisava de ajuda para crescer, estava bem presente nos vários estudos que Veiga Simão tinha em mãos. Estes, mais concretamente, apontavam para a urgência de dotar com profissionais qualificados as indústrias ligadas à cerâmica, ao ambiente, à eletrónica e às telecomunicações, áreas que ainda hoje são de referência da Universidade de Aveiro.

Assim, de Lisboa veio a decisão: “Crie-se a comissão instaladora da futura UA”.

Era uma vez uma Universidade que queria nascer.Era uma vez um Reitor certode que a academia podia crescer forte e viver feliz para sempre.Era uma vez uma revolução de abril que quase interrompeu o parto.

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admiração, falou-lhe da energia nuclear e de como era uma caixinha de surpresas com tantos ângulos escuros à espera de serem iluminados.

“O facto de o professor me ter chamado a atenção para aquela área foi para mim um clique”, recorda Victor Gil que ficou então com uma incerteza quase certa na cabeça: “não sabia bem o que era a energia nuclear mas decidi que era por ali que eu ia estudar”. A aposta estava feita e à saída do liceu escolheu Ciências Físico-Químicas, o curso que mais se poderia aproximar do tal nuclear, um mundo imenso que lhe encheria a cabeça com pontos de interrogação. Um curso na UC onde o Professor do liceu lhe garantira haver um Professor “muito conhecedor destas matérias” e muito atento ao recrutamento dos bons alunos para a Química.

Mas foi só no final da licenciatura, já em 1960, que o enigmático tema voltou em força à tona do horizonte de Victor Gil. Os seus professores no Departamento de Química, onde era assistente, convidaram-no a desvendar a espectroscopia da RMN e a doutorar-se em Inglaterra. A aceitar, Victor Gil seria certamente o escolhido para que, quando se especializasse e regressasse a Portugal, ajudasse a criar em Coimbra um laboratório de investigação dedicado a uma área que, nos grandes centros científicos mundiais, percorria os primeiros metros.

Victor Gil tinha mais perguntas que respostas sobre “um campo científico nascido há poucos anos e que ainda não estava a ser ensinado”. Mas os mistérios que aquela área de estudo lhe suscitou na cabeça, essa irrequieta sempre a alimentar-se de grandes desafios, foram- -lhe muito sedutores. Aceitou a proposta.

Com a mulher, comprou passagem para terras de Sua Majestade Britânica, mais concretamente para a Universidade de Sheffield, onde terminaria, em 1965, o doutoramento como o primeiro português a compreender e aplicar a RMN.

“Inglaterra foi uma experiência ótima sob vários pontos de vista”, aponta Victor

Gil referindo-se à enorme formação científica e humana com que o país o bafejou. Coisas simples espantaram e engrandeceram o português, naquela época nada habituado à imensidão e beleza dos jardins públicos ou à cordialidade e cavalheirismo com que decorriam os debates e trocas de ideias na rádio e na televisão.

A produção científicaDe regresso a Portugal, a missão de Victor Gil estava já traçada. Tornou-se responsável pelo primeiro laboratório de RMN e pela orientação do respetivo grupo de investigação sediado no Departamento de Química da UC.

Os anos que se seguem a 1965 são conduzidos a uma velocidade cientificamente assinalável. Victor Gil foi autor ou coautor de mais de uma centena de trabalhos, principalmente sobre a teoria dos parâmetros espectrais RMN e em várias áreas da aplicação desta técnica em química orgânica e química inorgânica. Ao longo da carreira, o investigador orientou ou co-orientou 15 teses de doutoramento

ou mestrado. E há 25 anos, com a chancela da Fundação Gulbenkian, ajudou a escrever o livro Ressonância Magnética, Nuclear – Fundamentos, Métodos e Aplicações, uma obra que ainda hoje é uma referência sobre RMN em língua portuguesa.

Já na primeira década deste século, orientou o seu último doutorando em RMN, passando a dedicar mais tempo a várias outras actividades. Na sua “Nota auto-biomatemática”, Victor Gil classifica-se como um “polinómio de múltipas variáveis” enquanto, diz, “o balanço não se torna identicamente nulo” (ver caixa).

Em paralelo com a investigação, Victor Gil teve uma longa carreira como docente de Química Geral, Química Física, Espectroscopia Molecular e Ensino de Química nas universidades de Coimbra e Aveiro (também lecionou na Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro e no Instituto Politécnico de Tomar e deu cursos nas Universidades de Moçambique e de Sussex, em Inglaterra).

Trocar a Ciência por miúdosEnquanto esteve no Departamento de Química da UA, deu o seu nome aos primeiros artigos científicos publicados pela jovem academia e assinou também os primeiros livros didáticos editados pela instituição.

Cativar os mais novos para a Ciência, em particular os alunos dos Ensinos Básico e Secundário (aí incluindo os seus filhos), um prazer que despertou em Victor Gil na Inglaterra, foi sempre assumido como um outro projeto de vida. No campo do ensino da Química e da divulgação científica, Victor Gil tem no currículo a produção de dezenas de livros e de produtos de software educativo aos quais se juntam duas dezenas de artigos publicados sobre a Educação em Química.

Muitos o conhecem como autor de livros escolares, desde o Básico ao Superior, destacando-se os manuais de 12º ano de Química de que é co-autor, desde a introdução desse ano no Ensino Secundário. No plano internacional, marcou posição com o

livro “Orbitals in Chemistry” publicado pela Cambridge University Press.

E no prazer de trocar a Ciência por miúdos, em 1995, assume a responsabilidade pela instalação e condução do primeiro centro interativo de ciência em Portugal: o Exploratório Infante D. Henrique, depois Centro Ciência Viva de Coimbra. Até hoje, é o timoneiro de um espaço que recebe anualmente 30 mil crianças dos ensinos Básico e Secundário e que desenvolve muitas outras atividades, desde a formação contínua de professores às relações entre a Ciência e as outras expressões da Cultura.

“Gosto de mostrar aos pequenos como a ciência pode ser divertida e mais acessível do que se pensa, e isso sem prejuízo do rigor”, diz Victor Gil. Quer o responsável ajudar a fomentar entre as novas gerações “a par do conhecimento, a competência e a capacidade de se pensar pela própria cabeça, de levantar perguntas, de analisar os factos com frieza e objetividade, de confrontar ideias com racionalidade, com tolerância, com respeito e atitude critica”. Por isso, é o principal dinamizador da coleção “Ciência & Cª”, publicações e kits didáticos do Exploratório.

Já estava na direção do Exploratório quando, em 2002, se reformou como professor de Química da UC. A UA, de imediato o convidou a regressar a Aveiro como professor convidado, e a título gratuito, de forma a que pudesse dar o seu entusiasmo a estudos sobre ensino e aprendizagem no Superior. A UA queria ainda que Victor Gil ajudasse a lançar e coordenasse um Mestrado em Comunicação e Educação em Ciência. Não disse que não. Nunca diz que não a uma oportunidade de fazer e divulgar Ciência.

Victor Gil voltou a dizer adeus a Aveiro, em 2008, mas “é sempre um prazer regressar ao campus universitário mais acolhedor de Portugal, um local onde tenho grandes amigos e boas memórias”.

A Ciência e a Arte

Foi atrás do balcão da mercearia dos avós que o jovem Victor Gil ousou imaginar-se Camões e arriscou decassílabos. Teria 14 ou 15 anos quando a caneta trémula avançou inspirada nos Lusíadas rascunhando rimas em papel pardo. “Achava interessante a musicalidade das estrofes”, lembra. Os primeiros rasgos poéticos, que só o papel de embrulho testemunhou, foram isso mesmo, os primeiros. Outros se haveriam de seguir mais tarde.As mãos hábeis e irrequietas de Victor Gil, que na ciência se especializaram, pegaram também em pinceis e em telas. Estava em Coimbra, já na Universidade. Jovem tímido e recatado, quando não estava nas aulas ou em casa a estudar ou a ouvir o seu grande Johann Sebastian Bach, estava com os artistas do Círculo de Artes Plásticas da Associação Académica de Coimbra. Foi lá que descobriu que, através do desenho e da arte abstrata, da qual se tornou amante, tinha “outra grande frente de criação”. Foi lá que ganhou um imenso prazer em transpor para as telas as imagens que lhe povoavam a alma. E nunca mais perdeu a paixão pelas artes plásticas. Porque afinal, como a Ciência, também a Poesia e a Arte desvendam os mundos dos grandes criadores. Victor Gil gosta de parafrasear Mia Couto, que muito admira, “Arte e Ciência são margens do mesmo rio”, acrescentando “…são lágrimas do mesmo pranto, chamas da mesma brasa, escravas da mesma causa, silêncios da mesma pausa, ecos do mesmo encanto…”. E, assim, confessa, está em sintonia com a Theoria, Praxis, Poesis da UA.

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Reflexos, Victor Gil, 1961 (Óleo sobre madeira)

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engenharia mecânica no feminino

Um curso onde ainda hoje a presença feminina é bastante reduzida foi a escolha de Cátia Estima para o percurso e formação académica. A área da Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção e mais especificamente o curso de Engenharia Mecânica, mantém-se como preferência e referência de um território “deles”, mas a engenheira mecânica diplomada pela Universidade de Aveiro, em 2010, ajuda a desmistificar o preconceito.

Quis ser, como todas as meninas, “professora e cabeleireira”, quando o futuro ainda não constituia preocupação e o universo feminino das brincadeiras dava cor à imaginação. A escolha de um caminho profissional futuro é enviesado e definido à medida que cresce. No secundário percebe que “tem mais interesse nas coisas mais práticas” e que prefere a matemática e a física a outras áreas do conhecimento.

A convicção, organização e a persistência são, nas suas próprias palavras, os maiores traços da sua personalidade. Mas é o pragmatismo o que lhe marca a ação e a decisão.

A escolha do curso de engenharia mecânica foi feita por ser o que mais se adequa à sua personalidade. E a Universidade de Aveiro, constituiu a referência imediata, pela formação oferecida e que estava mais “próxima da área de residência”.

Termina o percurso académico, no ano de 2010, em plena retração da economia nacional e internacional. Mas a recém-graduada Cátia Estima não perde tempo nem ânimo. Decidida a entrar no mercado de trabalho, envia o curriculum vitae para várias empresas e em poucos meses está a contribuir para a economia do país, com a sua formação, juventude e criatividade.

Entre as empresas que a convidam para integrar o quadro técnico escolhe um grupo implantado no tecido empresarial da região de Aveiro. É o único rosto feminino na equipa de engenheiros de uma empresa de Águeda, que se mantêm orgulhosamente no

mercado desde 1976 – a Avedol. Numa escala e contexto regional, exerce a profissão para a qual obteve formação superior. Sobre as funções que preenchem o dia-a-dia descreve: “No gabinete técnico, faço investigação e desenvolvimento de produtos como resposta a um pedido inicial. Depois, com ajuda de programas de computador esboço o projeto e os cálculos até atingir um resultado que corresponda à ideia. Na fase final faço o acompanhamento do processo de produção relativo aos produtos desenvolvidos”.

Fala entusiasticamente do que faz e do espaço conquistado, pelo trabalho, junto dos colegas. O espírito de equipa faz apelo à dedicação e a engenheira mecânica não vira costas aos desafios. Quando lhe é colocado um problema que exige superação, investiga os produtos oferecidos na concorrência e “tenta sempre fazer melhor”. A sua “prova de fogo” na empresa, onde a pressão é enorme na captação e satisfação do cliente, e onde não há margem para erro, relaciona-se com um equipamento de grande aceitação no mercado desenvolvido para uma cadeia alimentar francesa.

O desafio inicial que constitui o problema, o projeto e os cálculos que se traduzem depois na “produção da solução final”, constituem a essência da Engenharia Mecânica, confirma. Estas noções são a base do conhecimento que a frequência da Universidade de Aveiro lhe vincou na mente. Um curso superior é sempre um “abrir de horizontes”, uma amostra de possibilidades existentes. Depois no mundo profissional “temos que ser nós os responsáveis pela superação, porque a pressão é grande”, refere.

Do seu passado como estudante fica a doce memória: “Foram cinco anos fantásticos que nunca vou esquecer. Os amigos que fiz na altura ficaram para a vida. Ainda hoje mantemos contacto”. Em discurso direto revisita o ano de 2005: “Fiquei encantada com o Campus da Universidade”. Para além do lado prático do ensino estar

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facilitado pela concentração dos edifícios num único espaço, salienta também as boas condições dos anfiteatros, os laboratórios e equipamentos do Departamento de Engenharia Mecânica que favoreciam o ensino. O Campus proporciona ainda o convívio entre estudantes com várias formações, o que a antiga aluna considera também uma “mais-valia” para a formação.

Os conteúdos aprendidos nas aulas suscitam-lhe interesse mas são sobretudo as matérias de que mais gosta aquelas onde brilha inscrevendo nas pautas notas muito acima da média. Na altura questionou a existência de determinadas disciplinas no plano do curso, mas com a distância entre o mundo universitário e o mundo empresarial, revela: “lembro-me que em relação à disciplina de desenho, comentava não ser necessário por existir computador. Hoje considero-a imprescindível: se não souber desenhar como transmito, em produção, as ideias”. Assume que a ligação entre a universidade e o mundo empresarial é fundamental e deve ser estimulada através de estágios realizados nas empresas. O curso de Engenharia Mecânica tem uma abrangência enorme e uma grande procura por empresas da área da metalomecânica, moldes, automação e robótica.

Em relação ao desenvolvimento da sua carreira profissional futura revela que “não exclui nenhum desafio”. A profissão que abraçou tem imensa procura e ofertas de trabalho no país ou estrangeiro. Recentemente diversificou as suas competências profissionais ao receber formação pedagógica de forma a assegurar a qualificação e competências de futuros empregados da empresa, ajudando-a a crescer.

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Engenheira mecânica recém-diplomada pela Universidade de Aveiro, Cátia Estima, 25 anos, fala entusiasticamente da atividade que desenvolve numa empresa de Águeda, numa profissão cuja matriz é ainda hoje masculina.

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poesia dedilhada na guitarra

A música embalou-o desde criança. Aos seis anos os dedos conheciam de cor as cordas da sua primeira guitarra. Com uma tradição e raiz familiar assente nos sons populares da terra que o vê nascer – a ilha açoriana da Terceira – Ruben Bettencourt está destinado a aprender um instrumento musical. Primeiro, com aulas particulares e, depois, numa escola de música, cresce ao ritmo da expressividade e emotividade musical transmitida pela família. No fim do Conservatório Regional de Angra do Heroísmo e ao atingir a maioridade está preparado para descobrir novos destinos. Prepara as malas, despede-se de Victor Castro, o seu primeiro mestre, da família, da ilha do seu coração, e viaja para o continente.

Escolhe a Universidade de Aveiro, numa “opção única”, onde outros dois mestres o acompanham e lhe marcam o compasso da aprendizagem, na licenciatura em Música: Paulo Vaz de Carvalho e Pedro Rodrigues.

A mente ávida de conhecimento é o terreno fértil para a aprendizagem. O curso proporciona-lhe o alimento necessário: novos saberes, técnicas musicais diferentes, sons e ritmos desconhecidos, compositores criativos e sobretudo, o reconhecimento do seu talento pela massa crítica e atenta dos docentes da UA.

Termina o curso em 2009, na vertente de guitarra clássica, com a classificação de 19 valores. Observador atento do trabalho do aluno da UA, o pianista e compositor português António Chagas Rosa, que leciona a disciplina de Música de Câmara, admira a sua determinação, a sua vontade em saber mais e, impressionado com a dedicação do pupilo, não hesita em recomendá-lo e apoiá-lo na internacionalização do percurso. Uma única palavra, numa escala de várias conversas cúmplices entre professor e aluno, num final de aula, é o acorde final para a decisão em aperfeiçoar a técnica na guitarra e partir para a Europa. O conselho do docente é claro: “A opção é tua” mas “tens que voar”. As palavras soaram como o estímulo,

a força e o tónus necessário para a escolha.

Volta a fazer as malas. O destino é europeu, os Países Baixos e o Conversatorium Maastricht. Presta provas na prestigiada escola e, entre uma centena de candidatos ao lugar, conquista um espaço entre os dez escolhidos. É aí que se cruza com a melodia e a técnica de Carlo Marchione, seu orientador de mestrado. Frequenta as suas classes até ao final do curso que conclui em 2011. O maestro italiano reconhece-lhe o talento e atribuí-lhe nove valores, numa escala de 10 notas.

A exigência, a determinação e a persistência na prossecução dos seus objetivos são adjetivos cujo significado conhece bem. Mas Maastrich mostra-lhe o reconhecimento internacional, os palcos, o público conhecedor e exigente do centro da Europa.

Uma forte vontade de aperfeiçoar a técnica e de evoluir absorvendo os grandes ensinamentos continua a ser um traço forte na sua personalidade. Assiste a master classes, frequenta aulas particulares com as grandes referências da arte da guitarra, participa de forma sistemática, em concursos de guitarra clássica onde consegue resultados que o incitam a prosseguir. É convidado para integrar a Escola Robert Schuman, em Dusseldorf, na Alemanha. Nos últimos anos sucedem-se, a um ritmo crescente, um dedilhar de concertos e palcos na sua curta, mas incisiva carreira de guitarrista.

Grava o primeiro concerto para a Antena 2, numa noite, sala e público que lhe ficam inscritos na memória. A obra e compositor que apresenta ao público, nessa noite do Palácio Foz, são desconhecidos em Portugal e valem-lhe os maiores elogios. “Three Forest Paintings” de Kostantin Vassiliev, uma peça que admira e que adota no seu programa recolhe também a sua preferência em relação à sua emotividade e expressividade.

Os elogios, os prémios e o sucesso são breves. Ruben Bettencourt sabe

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bem disso. São os valores transmitidos pelos grandes mestres que o fazem crescer, também, enquanto intérprete. A humildade presente no discurso dos grandes músicos torna-o diferente. Aprende ao ouvir o testemunho dos Músicos com quem convive, que já partilharam o palco e aplauso com as maiores lendas. Estes ensinam que o estatuto de grande Músico, ao alcance de poucos, só se atinge numa atitude de grande respeito pela obra do compositor e abertura em relação ao saber do próximo.

Sobre o futuro não gosta de falar. Uma única certeza: a vontade em prosseguir o programa doutoral em música na UA, onde ingressou em 2011, tornando-se o mais jovem de sempre a fazer este ciclo de estudos em Portugal. Quanto às incertezas, talvez o percurso passe pelos Estados Unidos da América, o pisar de palcos de maior sonoridade em Portugal, um dueto imprevisto, um convite para um projeto, a gravação de um álbum a solo. Ou até um concerto no Tchaikovsky Hall, em Moscovo. “Quem sabe…”, diz com um sorriso que lhe ilumina o rosto e de quem é senhor do seu destino.

De volta à essência, Ruben Bettencourt, de apenas 24 anos, confessa, “sou mais feliz em palco”. Prefere os espaços mais pequenos e, por isso, mais calorosos onde o rosto de quem assiste não se dissipa. É aos Açores que este “pequeno, mas grande” português, com alma açoriana, e “também aveirense”, como faz questão de sublinhar, regressa, sempre que pode, e se sente em casa.

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Ruben Bettencourt, 24 anos, soube muito cedo que o caminho a percorrer incluía uma guitarra, música e muita entrega.

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uma certeza na profissão: ser investigadora

Um discurso contido, estruturado e disciplinado resume as respostas às questões. As palavras soltam-se quando fala das paixões: a química, a investigação, a família e a Universidade de Aveiro. Não necessariamente por esta ordem, mas antes como momentos de um percurso profissional que começa onde nascem todos os sonhos, na infância e, depois, na juventude.

Das brincadeiras de criança não fazem parte tubos de ensaio nem experiências químicas. Brinca como todas as meninas com bonecas e “ao faz de conta”, numa infância que começa em Angola, viaja pelo Brasil, até se fixar em Aveiro, num regresso ao país que constitui, para os pais, um novo ponto de partida. É nesta cidade que a criança, que também quis ser “médica pediatra”, ensaia as suas primeiras experiências. Recorda também, como marcante, as conversas que mantém com o pai, um apaixonado pela relojoaria, e o entusiasmo que ele lhe transmite ao revelar-lhe as descobertas científicas que fizeram avançar o conhecimento, estimulando-lhe a curiosidade e o fascínio pelo saber.

É na Escola Secundária José Estevão, na cidade de Aveiro, que descobre que a química lhe reservará um encontro marcado com a ciência no percurso profissional. Quando conclui o secundário, a média final de 19 valores possibilita-lhe escolha ampla. Pondera enveredar pela saúde, pelo curso de Medicina, mas Iola Duarte mantém-se fiel à química. Refuta a norma e escolhe o curso da Universidade de Aveiro que acabava de ser reformulado oferecendo três ramos de conhecimento. A estudante opta por Bioquímica e Química Alimentar.

Chega em 1993, vinte anos depois do início do “setor de química” ter sido lançado por Victor Simões Gil, primeiro Reitor da UA, também ele químico de formação. Inaugura as novas instalações do departamento desenhadas e projetadas por Alcino Soutinho, e encanta-se. Descreve desta forma a universidade duas décadas depois da sua criação:

“um dos aspetos que diferenciava a UA de outras Universidades mais antigas, para além das boas instalações, era a proximidade que os professores estabeleciam com os estudantes. Recordo também o espírito de entreajuda entre colegas, e o bom ambiente, de um modo geral”.

O trabalho realizado ao longo da licenciatura distingue-a entre os colegas. Logo em 1995, um projeto de iniciação à investigação, um estudo espectroscópico relacionado com o processo de amadurecimento de frutos permite-lhe representar o país no London International Youth Science Forum. No final do ano académico seguinte, recebe o prémio Dow Portugal, S.A por ter sido a melhor aluna do curso de química na UA. Em 1997, termina a licenciatura com média de 16 valores. A continuação dos estudos é, naturalmente, uma outra etapa que decorre do caminho percorrido.

A professora Ana Gil ocupa um lugar de referência no seu percurso: “Foi com ela que descobri e desenvolvi o gosto pelo trabalho de investigação, que aprendi a valorizar todos os resultados, incluindo os que pareciam menos bons, e a procurar fazer sempre qualquer trabalho com rigor e com brio. Hoje, trabalhamos juntas em vários projetos e partilhamos a amizade e o entusiasmo em fazer ciência”.

A produção científica com posters, comunicações em congressos nacionais e internacionais e publicações em revistas da especialidade, intensifica-se durante e após o doutoramento. Em 2003, defende a tese “Aplicação de espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear e espectroscopia vibracional para a caracterização de produtos de frutas e bebidas”. Este trabalho proporciona-lhe a exploração de um conjunto de técnicas, entre as quais se destaca a Ressonância Magnética Nuclear (RMN).

A vivacidade toma conta das palavras quando fala de investigação. Nessa altura “esta técnica começava também a encontrar aplicações muito

promissoras na área da saúde, que despertaram a minha curiosidade e o meu interesse”, refere a investigadora. O contacto estabelecido com um dos grupos de referência que utilizava a técnica no transplante do fígado, em Inglaterra, precedeu a investigação sobre as assinaturas metabólicas do cancro do pulmão, desenvolvida na UA em colaboração com a Faculdade de Medicina e os Hospitais da Universidade de Coimbra.

É com este projeto sobre o cancro pulmonar que recebe o Prémio de L’Oreal Portugal para as Mulheres na Ciência 2007, e também uma Bolsa da Liga Portuguesa contra o Cancro. O reconhecimento é celebrado em equipa e um grande estímulo para prosseguir a investigação em saúde, uma linha onde o grupo de metabolómica em que se insere desenvolve vários outros projetos, por exemplo no diagnóstico pré-natal e na área da toxicologia.

Sobre a ciência, a investigação no país e na UA constata o esforço feito “O aumento significativo da produção científica em inúmeras áreas, a crescente participação de investigadores e instituições portugueses em redes e projetos internacionais, a capacidade de liderar investigação competitiva e atrair fundos para a suportar são sinais de uma evolução notável”.

Para além de investigadora, docente e cidadã ativa Iola Duarte é também mãe, um projeto maior que abraçou por duas vezes. A célula familiar é o seu refúgio e o regresso diário de uma rotina que começa bem cedo traduzida num “tempo único e precioso que ajuda ao equilíbrio pessoal e à produtividade no trabalho”.

Iola Duarte continua a perseguir o avanço do conhecimento “não só para a ciência do ponto de vista mais lato, mas para a qualidade de vida das pessoas”, nos múltiplos projetos em que participa. A investigadora tenciona continuar no país e ativamente, no Departamento de Química da UA, a sua “segunda casa”.

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O percurso de Iola Duarte é uma sucessão natural de acontecimentos numa cadeia de etapas bem definidas. Aos 37 anos, a investigadora do Laboratório Associado CICECO é um nome reconhecido na comunidade científica.

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distinçõesUniversidade de Aveiro entre as 400 melhores do mundo

A Universidade de Aveiro classificou-se, pelo segundo ano consecutivo, entre as 400 melhores do mundo de acordo com o ranking do Times Higher Education (THE), promovido pela editora científica Thomson Reuters, tornando-se a segunda universidade portuguesa melhor classificada.A UA melhorou a sua posição em todos os cinco critérios, sobretudo nos tópicos “ensino” (subiu 24%), “investigação” (melhorou 33%), “citações” (melhorou 20%), “receitas provenientes da indústria” (subiu 15%), tendo evoluído 6% no tópico “internacionalização”. Apesar desta melhoria, salienta-se a forte subida de outras universidades estrangeiras, nomeadamente das asiáticas.O Vice-reitor José Alberto Rafael  reforçou a importância desta presença da UA no restrito grupo de 2% com melhor desempenho, num total de 16.500 instituições de ensino superior, segundo dados da European Universities Association.Em maio deste ano, foi divulgado o novo ranking do Times Higher Education para universidades com menos de 50 anos, no qual a Universidade de Aveiro surgia em posição liderante entre as portuguesas e na 66ª posição a nível mundial.

UA conquista dois prémios Estímulo à Investigação

Dois investigadores da Universidade de Aveiro foram distinguidos, este ano, com o prémio Estímulo à Investigação, num total de oito premiados. Flávio Sousa Coelho e António José de Almeida, ambos em doutoramento no Departamento de Física, mereceram o reconhecimento do júri desta iniciativa promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian.António Almeida, investigador do laboratório associado I3N, polo de Aveiro, desenvolve a tese “Core-shell-host interactions in nanocrystal quantum dots”, sob orientação do investigador Rui N. Pereira. O trabalho insere-se no âmbito de um projeto internacional em que participam instituições alemãs, norte-americanas e suíças.Flávio Coelho prossegue o seu doutoramento sob orientação de Carlos Herdeiro, professor do Departamento de Física da UA. A investigação insere-se nas áreas teóricas da Física Gravitacional e Física de Altas Energias e procura alternativas e extensões da teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein. 

José Fernando mendes membro da Academia EuropaeaJosé Fernando Mendes, vice-reitor, investigador do I3N e professor do Departamento de Física, foi convidado para membro da Academia Europaea, uma instituição constituída por cientistas e académicos, sobretudo europeus, que se distinguiram e distinguem internacionalmente em várias áreas. O convite foi motivado, segundo os termos da própria Academia, “pelos notáveis resultados como investigador”, nomeadamente no estudo de redes complexas e redes neuronais. É o único membro da UA na Academia Europaea.

a educação formal e não formal em Ciência/Ciências”.Os primeiros órgãos sociais desta Associação integram na sua composição, dois outros investigadores do Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF): nomeadamente Rui Marques Vieira e Maria de Fátima Paixão.

Império Bonança, parte do grupo CGD.Os alunos da Escola Superior de Saúde da UA Bruno Portelada, Elisabete Marques e Guilherme Oliveira, apresentaram um projeto dirigido à população sénior.

Isabel martins preside a Associação Ibero-Americana CTS na Educação em CiênciaIsabel Martins foi recentemente esco-lhida, para presidir nos próximos quatro anos à Associação Ibero-Americana CTS (Ciência Tecnologia-Sociedade) na Educação em Ciência.A docente e investigadora comprometeu-se, com os propósitos da AIA-CTS: “ser uma Associação forte, coesa e capaz de se afirmar, no contexto Ibero-Americano, como entidade promotora de pensamento e divulgadora de orientações CTS [ciência – tecnologia – sociedade] para

Investigadores e professores da UA decidem sobre artigos na “Scientific Reports”Marina Cunha e José Fernando Mendes, investigadores da UA, são os mais recentes elementos do conselho editorial da revista “Scientific Reports”. Convidados pela “Nature Publishing Group”, o grupo editorial proprietário da “Nature”, os cientistas dos departamentos de Biologia e de Física, respetivamente, fazem parte do Painel Consultivo que tem por missão dar suporte editorial, aconselhamento e ajuda na hora da decisão sobre a publicação, ou não, dos trabalhos científicos submetidos àquela revista.

Um HELP dos mais experientes à economia familiarH de horta, E de educativa, L de lúdica e P de produtiva correspondem ao desdobramento do acrónimo HELP, um projeto desenvolvido por três alunos gerontólogos, no âmbito da Unidade Curricular de Programas de Promoção do Envelhecimento Produtivo, do Mestrado em Gerontologia, sob a orientação dos docentes José Carlos Mota e Maria Piedade Brandão. O trabalho foi distinguido com uma menção honrosa no concurso “PIR Académico – Innovation in Retirement Award” organizado e promovido pelas seguradoras Fidelidade Mundial e

António Sousa homenageado com título de Professor EmeritusAntónio Sousa, professor e diretor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro, foi homenageado com o título de Professor Emeritus em Engenharia Mecânica pela Universidade de New Brunswick, no Canadá. A distinção foi atribuída na 183.ª cerimónia de entrega de diplomas daquela instituição.Na universidade canadiana, o docente da UA lecionou disciplinas ligadas à área dos termofluídos, tema onde é internacionalmente reconhecido como especialista. Esteve também envolvido na criação do primeiro curso do Departamento de Engenharia Mecânica ligado às energias renováveis – Ecologia Industrial – que, rapidamente, se tornou num curso de grande sucesso.

Investigações em saúde respiratória premiadas a nível internacionalOs estudos que têm vindo a ser desenvolvidos na Escola Superior de Saúde da UA, nomeadamente na área da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e da reabilitação respiratória, valeram distinções no último congresso da European Respiratory Society Annual Congress (ERS), ocorrido recentemente em Viena de Áustria, a duas investigadoras da Universidade de Aveiro, fisioterapeutas, Joana Cruz e Cristina Jácome.Um prémio atribuído a Joana Cruz e uma bolsa de investigação, de curta duração num centro de reabilitação

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respiratória na Bélgica, atribuída a Cristina Jácome, foram o resultado de uma participação muito positiva da ESSUA na ERS2012. A bolsa proporcionou a Cristina Jácome a possibilidade de participar num projeto intitulado “Efeitos do treino dos músculos inspiratórios em pacientes com DPOC”.

Investigadores da UA conquistaram primeiro e segundo lugares no Fraunhofer Portugal ChallengeUm software de angiografia coronária por tomografia computadorizada, proposto por Samuel Silva, investigador do Instituto de Engenharia Eletrónica e Telemática de Aveiro, conquistou o primeiro lugar, na categoria doutoramentos, no Fraunhofer Portugal Challenge 2012. O trabalho resultou na proposta de uma ferramenta de software que procura ajudar o médico a perceber melhor como está funcionar o coração, a detetar potenciais problemas e a testar novas medidas de caraterização da função cardíaca.Por outro lado, o dispositivo para controlo integrado dos consumos de água, eletricidade e gás, de Mafalda Rocha, antiga aluna do mestrado em Design da Universidade de Aveiro, mereceu o segundo lugar na categoria de mestrados.

melhor desenho de investigação atribuído a doutoranda da UAUm plano de investigação bem delineado com o título “Co-Creation of brands artifacts” da autoria de Catarina Lélis, aluna no Programa Doutoral em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais, foi a candidatura vencedora no concurso promovido pela Idea Puzzle, em parceria com a Deloitte e a Beta Capital. O projeto de investigação da doutoranda da UA, base da candidatura apresentada ao concurso da Idea Puzzle, centra-se no pressuposto de que os colaboradores de uma determinada organização partilham conhecimento de marca e participam na construção e evolução da mesma, constituindo “parte ativa e criativa” no processo.

na Central de Diseño, em Madrid, até fevereiro de 2013.

Fernando Rocha é membro de Honra da Sociedade Checa de ArgilasFernando Rocha, diretor do Departa-mento de Geociências e coordenador da unidade de investigação GeoBioTec – Geobiociências, Geotecnologias e Geo-engenharias, foi distinguido como Membro de Honra da Sociedade Checa de Argilas e homenageado durante a sessão inaugural do Congresso MECC2012, em Praga. O professor, proferiu a conferência de abertura sobre propriedades mecânicas de geopolímeros.

Investigação da UA propõe alternativa à amniocenteseSílvia de Oliveira Diaz, aluna do Progra-ma Doutoral em Química, recebeu um prémio pela melhor comunicação de estudante apresentada na International Conference of the Metabolomics Society, que decorreu em Washington, nos Estados Unidos da América. O trabalho “Perfil metabólico da urina materna: um meio para seguir as adaptações metabólicas ao longo da gravidez e prever distúrbios pré-natais” integra-se no tema de doutoramento que a aluna está a realizar e faz parte de um projeto de investigação mais vasto que decorre desde 2005, liderado pela UA.

Ordem dos Farmacêuticos distingue Teresa HerdeiroO projeto “O papel do farmacêutico no Sistema Nacional de Farmacovigilância”, da autoria de Teresa Herdeiro, venceu o Prémio de Investigação Científica Professora Doutora Maria Odette Santos-Ferreira. A distinção entregue ao trabalho da investigadora do Centro de Biologia Celular da Universidade de Aveiro (UA) foi atribuída pela Ordem dos Farmacêuticos na sessão solene do dia do Farmacêutico, assinalado em setembro último. O trabalho de Teresa Herdeiro teve como objetivo aumentar a quantidade e relevância da notificação espontânea de reações adversas a medicamentos (RAM) por partes dos farmacêuticos e criar uma cultura de notificação. Objetivo que se revelou cumprido ao fim dos dez anos em que decorreu o projeto.

UA recebe prémios “As Novas Fronteiras da Engenharia 2012”Margarida Pinho Lopes, Joaquim Macedo e Fernando Bonito, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro (UA), receberam o prémio “As Novas Fronteiras da Engenharia – Docentes 2012”. O galardão, atribuído pela Região Centro da Ordem dos Engenheiros, distingue o artigo “Cooperative learning in a soil mechanics course at undergraduate level” da autoria dos três investigadores da UA. O trabalho foi publicado na revista internacional European Journal of Engineering Education. A Ordem dos Engenheiros atribuiu ainda duas menções honrosas, uma das quais ao artigo “Integrating user studies into computer graphics-related courses” da autoria dos docentes da UA Beatriz Santos, Paulo Dias, Samuel Silva, Carlos Ferreira e Joaquim Madeira.

Rotary Club de Aveiro homenageia funcionários da UAReconhecimento, dedicação, afetividade. Eis apenas três das qualidades atribuídas a Ivo Mateus e José Simões, trabalhadores da Universidade de Aveiro, cujas carreiras foram celebradas pelo Rotary Club de Aveiro, em outubro. A homenagem pela intituição aveirense inscreve-se na sua missão de distinguir personalidades pela sua exemplar conduta, visando a consolidação das boas relações. A escolha dos dois profissionais da Universidade dá cumprimento à missiva do Rotary Club mas prende-se, sobretudo, com a “homenagem a profissionais que, não sendo docentes, são de capital importância para a vida universitária”, salienta Manuel António Coimbra, presidente do Rotary Club de Aveiro e docente da UA.

Trabalho de mestrado em Engenharia de materiais premiado internacionalmenteBruno José Marques, antigo aluno do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica viu a sua dissertação distinguida com o primeiro lugar na competição “European Powder Metallurgy Association – EPMA 2012 Thesis Competition”. O trabalho, resultado do Mestrado em Engenharia de Materiais, incidiu sobre “O aço inoxidável como ligante no metal duro”.

III Bienal Ibero-Americana de Design distingue trabalho orientado por docente da UAO trabalho desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento de Márcio Buson, cuja orientação esteve a cargo de Humberto Varum, docente do Departamento de Engenharia Civil foi distinguido pelo Júri da III Bienal Ibero-Americana de Design.O projeto KRAFTTERRA, dos autores Márcio Albuquerque Buson, Humberto Varum e Rosa María Sposto, foi distinguido pelo júri da III Bienal Ibero-Americana de Design, com uma menção, como um dos melhores trabalhos apresentados a concurso na categoria Produto Industrial. O conjunto de trabalhos premiados ficará exposto

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Estudante de Engenharia Civil recebe IGS Student Award 2012David Miranda Carlos, aluno de doutoramento em Engenharia Civil, recebeu o IGS Student Award atribuído pela International Geosynthetics Society. Este prémio foi entregue durante a “5th European Conference of Geosynthetics”, que decorreu em Valência, Espanha. Nesta conferência foram distinguidos 11 estudantes selecionados por delegações da IGS de diferentes países europeus.O trabalho premiado de David Carlos incluiu o estudo da influência de diferentes parâmetros utilizados para realizar o dimensionamento de estruturas de solo reforçado com camadas horizontais de geossintético.

Aveiro, o sal e alunos de DesignA primeira edição do PORTfolio Graduate Show, mostra nacional de design universitário, distinguiu a criação “D. Branca e o Sr. Moço”, de um grupo de alunos da licenciatura em Design. Ana Fonseca, Ana Rego, Cândida Brites, Eduardo Miguel Rocha e Pedro Monteiro idealizaram produtos que promovessem o consumo equilibrado do sal, fazendo uso de processos criativos.

Projeto “Newton gostava de ler!” vence primeiro prémio no concurso “Ciencia en Acción”Dos dois projetos da Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro selecionados para a final do concurso “Ciência en Acción”, o projeto “Newton gostava de ler!”, desenvolvido em parceria com a Rede de Bibliotecas Escolares, venceu o primeiro prémio em ex aequo na modalidade “Materiais Didáticos de Ciência”.“Ciencia en Acción” é um concurso internacional de língua espanhola e portuguesa que visa fomentar a divulgação científica e tecnológica.O júri valorizou especialmente a combinação, numa só proposta, de ciência/leitura/experiência, envolvendo diversas temáticas e materiais simples.

Estudante da UA vence concurso“O Design é mEO”Mário Tavares, estudante de Design da Universidade de Aveiro, foi o vencedor do concurso nacional “O Design é MEO” promovido pela PT e pelo município de Paredes, no âmbito do Pólo do Design de Mobiliário. O objetivo do concurso era conceber uma cadeira de ambiente

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engenharia civilconquista selo europeu de qualidade

Paz, do CICECO, Beate Röeder e Steffen Hackbarth, da Universidade de Humboldt e El Mustapha Rakib, Abdellah Hannioui e Souad Mojahidi, da Universidade Sultan Moulay Slimane. O artigo foi publicado no vol. 68, de 30 de setembro de 2012, deste periódico editado pela Elsevier.

Antigo aluno recebe prémio Educador Pré-Universitário do AnoSérgio Ramos foi distinguido com o prémio Educador Pré-Universitário do Ano, atribuído pelo Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE). O docente da Escola Secundária com 3.º Ciclo Dr. Mário Sacramento, em Aveiro, conquistou o galardão mundial, segundo o IEEE, por “promover o envolvimento ativo dos alunos em ciência, tecnologia e engenharia e motivá-los para seguirem carreiras técnicas”.Licenciado na Universidade de Aveiro em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações e em Ensino de Eletrónica e Informática, Sérgio Ramos é mesmo o primeiro professor português a receber o galardão da maior associação profissional do mundo dedicada ao avanço e excelência da tecnologia ao serviço da Humanidade.

televisivo para o espectador do futuro.A peça vencedora do concurso, no qual participaram cerca de uma centena de projetos, esteve em exibição em Paredes, na exposição internacional de design de equipamento “Art on Chairs”.

Primeiro prémio no EDP University ChallengeGuida Duarte e Kelly Figueiredo, alunas do curso de mestrado em Marketing, alcançaram o primeiro lugar no desafio lançado pela “EDP University Challenge 2012”. A estratégia de comunicação concebida pela equipa do Instituto Superior de Contabilidade de Administração da UA, coordenada pelo docente Miguel Pereira, apresentou um Plano de Comunicação de Eficiência Energética dirigido ao segmento sénior. O prémio da competição refere-se a duas bolsas: uma de estudo, no valor de 10 mil euros, e outra de investigação, de 3.500 euros, para o docente orientador.

Artigo do QOPNA destacado na capa da revista TetrahedronUm trabalho de investigadores do centro de investigação Química Orgânica de Produtos Naturais e Agroalimentares (QOPNA) da Universidade de Aveiro, em articulação com investigadores do Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO), também da UA, e ainda das universidades de Humboldt (Alemanha) e Sultan Moulay Slimane (Marrocos), mereceu capa da revista Tetrahedron.O trabalho foi assinado pelos investigadores Nuno Moura, Maria do Amparo Faustino, Maria da Graça Neves, Augusto Tomé, Artur Silva e José Cavaleiro, da unidade de Investigação QOPNA, Filipe Almeida

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A abertura dos mercados internacionais aos estudantes de engenharia é uma mais-valia reconhecida por Margarida Pinho Lopes, diretora do Mestrado Integrado. “A marca de qualidade EUR-ACE corresponde a um reconhecimento e valorização internacional da formação em engenharia, que identifica cursos de alta qualidade e facilita a mobilidade académica e profissional”.

Com esta distinção os estudantes de engenharia podem “exercer a sua atividade profissional de forma reconhecida, clara e valorizada no espaço europeu”, congratula-se Eduardo Silva, Vice-reitor da UA responsável pela formação de primeiro e segundo ciclos.

O curso de Engenharia Civil tem a duração de cinco anos letivos, sendo lecionado como Mestrado Integrado desde 2010/2011.

A formação nesta área habilita o diplomado para o desempenho de funções em gabinetes de projeto, empresas de construção e de obras públicas, em serviços de administração central e local, na conceção, inovação e execução de projetos de vias de comunicação, de geotecnia, de estruturas, de obras hidráulicas, de planeamento de grandes e pequenas obras. Mas também de recuperação e reabilitação do património edificado, da reciclagem de materiais de construção e de gestão de empreendimentos.

UA tem três cursos de engenharia acreditados com a marca EUR-ACEImporta salientar que a UA possui outros dois cursos – Mestrado Integrado em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações e Mestrado Integrado em Engenharia Química – reconhecidos com a EUR-ACE, tendo integrado, em 2009, o lote das três primeiras instituições de ensino superior nacionais a conquistar a marca de qualidade. Atualmente existem no país 16 cursos de engenharia detentores do selo.

EUR-ACE qualidade posta à prova O Selo EUR-ACE é atribuído, em Portugal, pela Ordem dos Engenheiros. Este sistema compreende e reconhece os critérios de qualificação exigidos na entrada na atividade profissional pelas instituições. Por outro lado, visa o reconhecimento das qualificações profissionais de forma exigente e clara, melhorando a automatização do reconhecimento das qualificações e simplificando os procedimentos administrativos. Entre os vários critérios que são analisados estão contemplados os objetivos e atividades pedagógicas, a publicação de artigos em periódicos de referência, a adequação da docência ou o envolvimento dos professores na orientação do curso. São também apreciados parâmetros como a qualidade das instalações, os projetos de cooperação com outras instituições ou ainda a avaliação do curso concluída por alunos, recém diplomados e empregadores.

O Conselho Diretivo Nacional da Ordem dos Engenheiros atribuiu o Diploma de Qualidade Europeia EUR-ACE (European Accreditation of Engineering Programmes) ao Mestrado Integrado em Engenharia Civil da Universidade de Aveiro.Este selo é conferido segundo critérios definidos pela associação European Network for Accreditation of Engineering Education e consagra uma referência europeia para a qualidade da lecionação em Engenharia. Com esta distinção, válida até 2018, são três os cursos da UA certificados internacionalmente com a excelência da formação ministrada.

A EUR-ACE destina-se também a promover a mobilidade no mercado de trabalho europeu: um curso ao qual tenha sido atribuída a Marca de Qualidade será automaticamente reconhecido em todos os países da União Europeia.

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maestro Luís Clemente vence concurso internacional de Direção de OrquestraLuís Clemente, aluno do Programa Doutoral em Música, arrebatou o primeiro prémio no Concurso Internacional de Direção de Orquestra Sinfónica que decorreu em Budapeste (Hungria). A distinção e prémio alcançados proporcionaram-lhe o convite para dirigir a Orquestra Sinfónica da Hungria, na próxima temporada.

Investigação sobre cancro da mama premiadaAs investigadoras do Centro de Espec-trometria de Massa da Universidade de Aveiro, Luisa Helguero e Rosário Domingues, foram distinguidas com um prémio pela Sociedade Portuguesa de Senologia, pelo trabalho que desenvolvem desde 2010 e os avaços que ele representa no combate ao cancro da mama. O projeto tem como principal objetivo a identificação de marcadores de respostas celulares associados à malignidade tumoral.O prémio atribuído a Luisa Helguero e Rosário Domingues refere-se à investigação sobre lipidómica e resposta hormonal e a sua relação com o cancro da mama. Esta distinção ocorreu pelas publicações científicas das duas autoras, em revistas internacionais, no ano de 2012. O trabalho decorre no Grupo de Espectrometria de Massa da unidade de investigação Química Orgânica, Produtos Naturais e Agro-Alimentares (QOPNA) da UA e centra-se em duas linhas de pesquisa: o estudo de alterações do perfil lipídico e mecanismos que regulam a resposta hormonal.

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Não se trabalha nem se estuda na Universidade de Aveiro apenas a pensar na Ciência. Nem se pode. Porque a solidariedade está bem presente no coração da academia e é extremamente contagiosa.

Toneladas de alimentos recolhidas e doadas. Voluntários atentos do outro lado do telefone com palavras amigas para dar. Grupos que se disponibilizam para ajudarem estudantes com mobilidade reduzida e necessidades educativas especiais. Alunos que ajudam a dar as boas-vindas aos colegas estrangeiros. Constantes parcerias com Instituições de Solidariedade Social. Atenções redobradas com os alunos carenciados. Tunas académicas em espetáculos de beneficência. Angariações de livros para enviar para escolas. E mais, e mais, e muito mais…

As ações desenvolvidas ao longo dos 40 anos letivos na UA, em que são sempre as necessidades dos outros quem mais ordena, surgiram com a própria academia. Nascida por decreto (ver referências nas páginas 10 a 13) em 1973, a UA construiu-se muito por força do espírito que uniu estudantes, professores e funcionários não docentes, todos apostados em fazer despontar uma casa que só num abraço coletivo poderia singrar. Quatro décadas depois, a herança altruísta dos

pioneiros continua bem cravada no ADN da academia.

“A UA sempre teve uma perspetiva solidária”, afirma Liliana Sousa, Pró-reitora da academia. A investigadora da Seção Autónoma de Ciências da Saúde da UA é a responsável por um pelouro que se estreou em Aveiro com a atual equipa reitoral, o do Desenvolvimento Social e Comunitário. A nova missão surgiu da necessidade de coordenar, orientar e ajudar o crescente número de ações que visam o desenvolvimento social, seja as que surgem no Campus a pensar na própria comunidade académica, seja as que, através de outras instituições, “colocam o conhecimento acumulado pela academia nas áreas da ação social e da saúde ao serviço da comunidade em geral”.

Mais recente, em 2011, a UA criou a Comissão de Coordenação do Voluntariado da UA, da qual Liliana Sousa é igualmente responsável. A entidade nasce pela saudável pressão do número cada vez maior de ações de voluntariado que, dispersas pelo Campus, e da responsabilidade direta da reitoria ou da espontaneidade da comunidade académica, careciam elas próprias de ajuda para agilizar processos e otimizar esforços.

“Não faz sentido trabalhar para ganhar cada vez mais”, diz Liliana Sousa. “A dada altura as pessoas querem a sua essência. E a nossa essência enquanto seres humanos é relacional. Nós existimos na relação com o outro e as ações de voluntariado e de solidariedade social são ótimas oportunidades para exercer essa nossa natureza”, aponta a responsável.

Um abraço muito, muito maior do que o CampusAutarquias, escolas, hospitais, misericórdias ou instituições de solidariedade social são algumas das entidades onde a UA diz presente através do trabalho solidário de investigadores e docentes e da empatia dos estudantes.

As estratégias inovadoras para minimizar os sintomas da demência que a Escola Superior de Saúde da UA está, actualmente, a ensinar aos técnicos de quatro lares para pessoas idosas do Distrito de Aveiro, e o projecto do Departamento de Comunicação e Arte que, através de estudantes de Design, tem desenvolvido ações no Estabelecimento Prisional de Aveiro que pretendem melhorar e ocupar o dia a dia dos reclusos, são apenas dois dos muitos abraços que a UA estende ao seu redor.

O Campus Júnior é outra das pontes solidárias que a UA edificou com o exterior. Anualmente, a iniciativa traz à academia dezenas de alunos do ensino básico. Durante as férias da Páscoa, a Universidade pretende que os mais pequenos, que em comum trazem um enorme historial de desmotivação pela escola, descubram interesses e vocações através de atividades científicas e de desenvolvimento pessoal orientadas por cientistas e estudantes da casa.

E o que dizer dos milhares e milhares de contos que, em moeda antiga,

a Associação Académica da UA, nos finais dos anos 90, conseguiu angariar para custear bolsas de estudo em Timor? “Essa campanha foi um êxito absoluto. Houve uma enorme mobilização na comunidade académica, e não só, pela causa”, recorda hoje Ângelo Ferreira, na altura presidente da associação estudantil que conseguiu, inclusive, trazer a Aveiro o Bispo Dom Ximenes Belo.

Quando há 10 anos Alexandre Cruz, então na liderança do Centro Universitário de Fé e Cultura (CUFC) de Aveiro, além de normais encaminhamentos para ações de voluntariado pontuais, perguntou à comunidade académica se gostaria de participar num conjunto de projetos de voluntariado universitário, dinamizados em colaboração com a Associação Académica, os Serviços de Ação Social e com o apoio da Reitoria, a resposta dos estudantes foi um entusiasmado “Sim!”.

Desde então, todos os anos, dezenas e dezenas de alunos dividem-se solidariamente entre as explicações escolares a crianças do Bairro Social de Santiago, o voluntariado no Hospital de Aveiro e na CERCIAV, a assistência a idosos, as visitas ao Estabelecimento Prisional de Aveiro, o apoio na Associação Perdidos e Achados e, na altura, a ajuda à Cáritas Diocesana. E longe de descansarem nas férias, alguns destes jovens estudantes voluntários rumam no verão, através do CUFC em parceria com a Diocese de Aveiro, para o Brasil, Angola, Moçambique ou Guiné, países onde os espera trabalho humanitário.

“Ser estudante e ser cidadão é ser voluntário. E ser voluntário é preparar-se energicamente para ser de futuro um profissional mais completo”, afirma Alexandre Cruz.

Os voluntários (e bons amigos) do Gabinete PedagógicoÉ hora do almoço na cantina do Campus de Santiago. O Carlos, a Rita e o João (chamemos-lhes assim) são estudantes da UA e, tal como hoje, todos os dias têm ao seu lado, sentados à mesa, muito mais do que colegas voluntários. Para os ajudarem com as refeições, três amigos – e a amizade é sempre uma relação que desponta por aqueles lados – da lista que está escalonada para esta semana, ajudam-nos a contornarem a paralisia cerebral que lhes tolhe os movimentos.

Acompanhar à hora das refeições os estudantes da academia com mobilidade reduzida é apenas um dos muitos gestos aos quais os voluntários do Gabinete Pedagógico da UA dizem presente. Criado há uma década atrás, o grupo dá apoio, preferencialmente, a alunos com necessidades especiais, podendo abranger também quem, não sendo portador de deficiência, compro-vadamente precise de uma mão extra.

Ensinar percursos aos estudantes com deficiência visual ou ajudá-los a formatar trabalhos, ir buscar a refeição à cantina para a entregar a um aluno que não o possa fazer por estar doente, apoiar nos estudos, ajudar estudantes com deficiência nas atividades desportivas ou, simplesmente, acompanhá-los a um concerto ou a uma peça de teatro, são algumas das missões que esperam cada um dos elementos do grupo altruísta.

uma universidade onde pulsa um enorme

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Disponíveis para o que for preciso, a lista conta atualmente com quase 60 voluntários, entre alunos, professores e funcionários não docentes. Só no início deste ano letivo responderam à chamada do Gabinete Pedagógico 20 novas pessoas dispostas dar aos outros um pouco de si.

“O que eu gostaria de dizer sobre os voluntários do Gabinete Pedagógico, e o muito que merecem que seja dito, ultrapassa a dimensão das palavras”, diz Gracinda Martins. A responsável pelo Gabinete Pedagógico e membro da Comissão de Coordenação do Voluntariado da UA, comove-se quando fala da disponibilidade de um grupo que, “a qualquer hora e dia, fins de semana incluídos” está sempre pronto para ajudar.

“Os nossos voluntários são indispen-sáveis”, homenageia a responsável que reafirma mil vezes: “Eles complementam os procedimentos da UA no âmbito da inclusão e o impacto do que fazem é tal que, sem o seu trabalho e sem a sua extrema generosidade, a nossa academia seria menos inclusiva”.

Entre os muitos sorrisos que esboça com os resultados do trabalho do grupo, Gracinda Martins guarda dois muito especiais. O primeiro dá de si quando diz que “alguns alunos que solicitam apoio se tornam eles próprios voluntários do Gabinete e dão o seu contributo em áreas para as quais têm competências”. O segundo sorriso,

especialmente enorme, surge quando desvenda que, “sobretudo nas situações de apoio mais duradouro, nascem boas e sólidas amizades” entre os voluntários e os estudantes auxiliados.

Veteranos altruístas, caloiros solidáriosÉ a maior concentração de mãos que, anualmente, se estende num só gesto na Universidade de Aveiro). O objetivo é ajudar quem mais precisa. Juntas, desde há seis anos para cá, essas mãos já recolheram cerca de quinze toneladas de alimentos e produtos de higiene que endereçaram a várias instituições de solidariedade social da região de Aveiro. A oferta dos caloiros da UA, orientada pelos alunos mais velhos, acontece a cada início de ano letivo durante o dia do Grande Aluvião. Essa é a hora em que, simbolicamente, os ‘veteranos’ batizam todos os caloiros com água e sal da ria e lhes dizem que não estão em Aveiro apenas para receberem uma formação académica e científica.

“É uma maneira de transmitirmos aos alunos que chegam pela primeira vez à UA um pouco do que fazemos pelos outros e de os incentivarmos a realizarem pequenas coisas que se podem transformar em grandes para os que mais precisam”, explica Paulo Pintor. O Mestre do Salgado

não deixa aos caloiros margem para grandes dúvidas: “Dar cada vez mais aos outros que precisam de nós é o nosso lema e uma das coisas que mais nos caracteriza enquanto Conselho do Salgado e Praxe”.

Para além das muitas toneladas de alimentos que o Conselho do Salgado já conseguiu reunir e doar, os estudantes, entre as praxes e as festas académicas, têm-se desdobrado em múltiplas ações que em comum têm o objetivo de dar sem pedir nada em troca.

Paulo Pintor recorda duas das ações de voluntariado, promovidas recentemente pelo Conselho do Salgado, que mais o encheram de orgulho: a visita ao Centro de Ação Social do Concelho de Ílhavo, onde os estudantes pintaram muros e salas desbotadas, e a ajuda que deram, a pedido da Câmara de Aveiro, nas obras de remodelação de uma casa demasiado modesta e, até então, sem condições dignas para albergar a proprietária doente.

Sempre a imaginar a melhor forma de continuar a intervir, e constantemente aberto a pedidos de intervenção e ajuda social, Paulo Pintor tem já na agenda próxima – na dele e na dos caloiros voluntários – uma viagem à Mata do Bussaco onde os alunos não vão só apanhar ar puro. O grupo da UA vai viajar até aquela mancha florestal da região centro do país para participar numa grande ação de limpeza.

Numa curta viagem até Águeda, concretamente até junto dos estudantes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA), refira-se ainda o enorme êxito da campanha “Juntos pelo bem comum”.

Organizada em julho último pelo núcleo associativo dos alunos daquela escola politécnica da UA, o gesto solidário, que

começou por querer angariar alimentos para os colegas mais carenciados, contagiou toda a população aguedense. E o resultado extravasou todas as expectativas.

Os estudantes recolheram tantos alimentos, peças de vestuário, brinquedos e material escolar que, distribuídos os cabazes pelos alunos mais necessitados, quatro instituições de solidariedade social da região beneficiaram igualmente das doações. Isto sem contar com a Associação dos Amigos dos Animais de Águeda que recebeu também das mãos dos estudantes de Águeda comida própria para animais doada durante a campanha. Luís Soares, presidente do núcleo de estudantes da ESTGA, garantiu que o sucesso da iniciativa é uma prova de que “ser solidário é uma questão de cidadania”.

Vozes amigas que chegam da LUAO telefone toca. O relógio está quase a marcar a uma da manhã. Do outro lado da linha está alguém que diz: “É da LUA? Preciso de ajuda…”. Deste lado do telefone, bem no Campus da UA, os voluntários da Linha Universidade de Aveiro (LUA) têm sempre uma palavra amiga para dar. Assim acontece desde 2009, ano em que os Serviços de Ação Social da UA (SASUA), com a coordenação de Anabela Pereira, investigadora do Departamento de Educação da UA, criaram um serviço único entre as universidades portuguesas.

A fórmula solidária assenta no trabalho voluntário de 259 pessoas, entre alunos, docentes e psicólogos da academia, que, desde o início do projeto já deram a voz pela LUA. Diariamente, entre as 21h00 e a 1h00, e através de um contacto telefónico (800 208 448), estudantes da academia podem, gratuita e confidencialmente, receber apoio psicológico ou apenas uma palavra para cortar a solidão da noite. O atendimento, feito por alunos com formação específica, pode, nos casos mais urgentes, encaminhar quem pede auxílio para as consultas de psicologia da LUA.

Através do email, também é possível chegar aos conselhos da LUA. Aqui o serviço serve para que se exponham situações menos urgentes. As respostas acolhedoras, neste caso, são escritas por alunos com necessidades educativas especiais.

Não querendo substituir-se ao papel do Estado na garantia da igualdade de oportunidades no acesso e frequência do ensino superior, os SASUA têm vindo também a desenvolver vários projetos a pensar nos estudantes que atravessam dificuldades económicas e que, por várias razões, não estão abrangidos pelos apoios estatais diretos.

“Suportados por receitas próprias”, aponta Anabela Oliveira, diretora de serviços nos SASUA, esse conjunto de apoios “visa contribuir para a consolidação do percurso escolar dos alunos e pretende dar resposta a situações de rutura, procurando impedir abandonos por escassos recursos financeiros dos estudantes”.

Assim, o Apoio Social Ativo, a Bolsa de Mérito Social, o Vale Social e a redução do preço de alojamento nas residências da UA são os apoios sociais indiretos que os SASUA têm à disposição dos alunos que, comprovadamente, deles precisem para seguir em frente.

O primeiro dos apoios referidos, o Social Ativo, pretende contribuir para a consolidação do percurso escolar e reforçar a qualificação académica e profissional dos estudantes. A ajuda funciona através da entrega de um subsídio em dinheiro ou da atribuição de alimentação ou alojamento. A Bolsa de Mérito Social subsidia os alunos consoante as horas de colaboração nas atividades desenvolvidas pela UA. Segue-se o Vale Social que permite que os estudantes que dele beneficiem efetuem gratuitamente as suas refeições nas unidades alimentares dos próprios SASUA. Por fim, os alunos têm ainda à disposição uma possível redução no preço de alojamento nas residências da UA.

Feitas as contas aos apoios dos SASUA, no ano letivo de 2010/2011 quase três centenas e meia de estudantes foram abrangidos por uma destas quatro mãos da UA. Em 2011/2012 o número desses alunos subiu para 476.

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Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro está a desenvolver para a indústria aeronáutica um revestimento inteligente que, quando aplicado à fuselagem dos aviões lhes serve de ‘pele’.

O revestimento repara pequenas ruturas resultantes de impactos mecânicos e ambientais sofridos pelos aparelhos durante o voo. Constituído por nano-contentores com uma espessura mil vezes mais pequena da de um fio de cabelo, que libertam do seu interior moléculas ‘restauradoras’ sempre que necessário, o revestimento vai ser utilizado por um dos maiores fabricantes mundiais de aviões comerciais, a EADS.

Para além da empresa proprietária da AIRBUS, que prevê estar a voar com a protecção da UA em 2013, também há grandes nomes da indústria automóvel, das plataformas petrolíferas e das ventoinhas eólicas em lista de espera para aplicarem nos seus equipamentos o revestimento revolucionário desenvolvido pelo Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO).

“A funcionalidade de auto-reparação é introduzida nos aviões através dos nossos nano-contentores que são incorporados nas tintas utilizadas no revestimento dos aparelhos”, explica Mikhail Zheludkevich, coordenador da investigação do grupo da Engenharia de Superfície e Proteção contra Corrosão do CICECO. “Com esta abordagem”, garante o investigador da UA, “a segurança, a performance e a sustentabilidade a longo prazo dos aviões podem ser significativamente melhoradas”.

Fuselagens com sensoresA equipa do CICECO está ainda a trabalhar num outro projecto não só a pensar na AIRBUS como também noutros gigantes da aviação europeia, caso da Alenia Aermacchi, da Bombardier Aerospace ou da Israel Aerospace Industries. Trata-se igualmente de um revestimento

nano-partículas inteligentes do CICECO reparam revestimentos

investigação

inteligente que, por sua vez, liberta uma solução florescente à volta de fissuras resultantes de impactos mecânicos ocorridos quer durante a montagem quer durante a exploração das aeronaves. Estas falhas no material têm muitas vezes tamanhos microscópicos, mas são altamente perigosas se não forem detetados em terra, já que tendem a alastrar durante o voo.

A florescência tem a grande vantagem de, ao tornar visíveis a olho nu a localização das falhas do material, evitar que o avião siga viagem com uma imperfeição não detetada pelas equipas de manutenção. Para além disso, o tempo que o aparelho fica em terra para ser vistoriado com segurança é drasticamente reduzido, o que para as empresas de aviação representa uma melhor rentabilização dos aparelhos. O CICECO prevê

que dentro de quatro anos este revestimento inteligente com sensores de impacto mecânico possa já estar a sobrevoar os céus do planeta.

Os dois projetos da UA, cujos investigadores liderados por Mikhail Zheludkevich estão na vanguarda mundial do desenvolvimento de nano-contentores para revestimentos inteligentes, resultam da participação da academia nos projectos MUST e SARISTU, do 7º Programa-Quadro da União Europeia, onde estão também presentes outros 80 nomes maiores quer da investigação quer do setor industrial do velho continente.

Com o patrocínio da União Europeia, o MUST e o SARISTU têm por objetivos melhorar a competitividade da indústria europeia através do desenvolvimento de revestimentos inteligentes.

‘pele’ artificial protege aviões da airbus

‘pele’ artificial protege aviões da airbus

Instituto de Nanotecnologia nasce na UA

Na Universidade de Aveiro aposta-se cada vez mais na compreensão, controlo e manipulação da matéria a uma escala compreendida entre um e 100 nanómetros. Não é por isso de estranhar que os investigadores da academia que se dedicam às nanociências, como é o caso de Mikhail Zheludkevich (ver peça ao lado), descubram em mundos infinitamente microscópicos cada vez mais fenómenos físico-químicos e biológicos únicos que podem ser explorados em novas aplicações. Na UA, a Nanotecnologia, com os seus cada vez mais ínfimos e investigados nanómetros, é uma área transversal a vários domínios científicos e está organizada em diferentes unidades de investigação que atravessam sete unidades orgânicas da academia: Engenharia de Materiais e Cerâmica, Física, Engenharia Mecânica, Química, Engenharia Civil, Biologia e Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda. Nos laboratórios CICECO, FSCOSD--I3N e TEMA, associados a cada uma das sete unidades, trabalham 97 docentes, 57 investigadores a tempo inteiro, 121 pós-doutorados e 175 alunos de doutoramento, recursos humanos de excelência que, aliados a um parque instrumental e científico único no país, desenvolvem trabalho de vanguarda nas áreas da síntese, propriedades e aplicações de nanomateriais.Com base nestes indicadores, a UA reforçou e concertou a atividade de investigação que se faz em todo o campus académico dentro das nanociências e das nanotecnologias, apostando claramente nestes domínios científicos e promovendo uma imagem coesa e unitária. Surgiu assim, em outubro último, o Instituto de Nanotecnologias de Aveiro (IAN), um agrupamento interdisciplinar de unidades básicas e transversais de investigação da UA nesses domínios. A constituição do IAN foi formalizado na cerimónia de lançamento do ano letivo 2012/2013, através da assinatura de um convénio de colaboração pelos coordenadores dos três centros de investigação.

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investigação UA e o património cultural imaterial

Portugal, no século XIX, também chamado século de ouro da burguesia que proliferava sobretudo com os negócios centrados nas grandes cidades, era essencialmente um país rural. Fora de Lisboa e Porto, a população divertia-se nas feiras e arraiais populares. No início do século, surgiam as primeiras bandas filarmónicas que começavam a dar concertos públicos para grande gáudio das populações que não tinham acesso à ópera nem à música erudita. Do outro lado do Atlântico, algures nos Estados Unidos, Thomas Edison nem tinha nascido. Só em 1877 apresentaria publicamente o fonógrafo, recitando “Mary had a little lamb”, que permitia gravar e reproduzir sons num cilindro de estanho e mais tarde de cera.

A região de Aveiro tornou-se, nesses primeiros anos do século XIX, o terreno de eleição das bandas filarmónicas. De tal modo, que, durante vários anos, a Banda de Santiago de Riba-Ul, supostamente criada no século anterior, a Banda Amizade (1834) e a Banda da Vista Alegre (1826), três das mais antigas do país, não poderiam participar em concursos, dado o elevado nível

atingido, tal como noticia O Jornal do Povo em 15/4/1905 (cit. in Lourosa 2012).

Ser músico chegou, aliás, a constituir uma profissão na pequena aldeia de Santiago de Riba-Ul, em Oliveira de Azeméis, como atestam os registos paroquiais da época, salienta Susana Sardo, professora do Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) e coordenadora do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos de Música e Dança (INET-MD), polo da UA. Esta docente orientou o doutoramento de Helena Lourosa que em maio passado, defendeu a tese desenvolvida a partir do arquivo da Banda de Santiago de Riba Ul à guarda da UA. O seu trabalho, para além de desvendar muitos aspectos interessantes associados às Bandas Filarmónicas oitocentistas no distrito de Aveiro, reitera o facto de as atuações das bandas filarmónicas, terem constituído raras oportunidades para se fazer ouvir música não tradicional, fora de Lisboa e Porto.

O acervo histórico da Banda de Santiago de Riba-Ul foi depositado para estudo e divulgação na UA, e é uma peças-chave deste puzzle. Outra será também o estudo a desenvolver sobre as três bandas da cidade de Ilhavo, no âmbito do Projecto MIMAR, e o papel central que desempenharam, ao longo de décadas, na construção de uma cultura de elite musical e cultural em Ílhavo, salienta a investigadora. Trata-se da Banda da Vista Alegre (1826-1982), a Música Velha (atual Filarmónica Gafanhense, fundada em 1936) e a

Banda dos Bombeiros Voluntários de Ilhavo – Música Nova, criada em 1900.

Como a música moldou a cidade de ÍlhavoA forma como a música moldou a cidade e a sociedade de Ílhavo, em que a experiência nas bandas filarmónicas fez “aspergir” cultura musical pelo território e ao longo do tempo, é também tema de investigação na UA. A partir das bandas filarmónicas surgiram os chamados “jazzes” e outras iniciativas, onde se destaca o Festival da Canção do Illiabum Clube que trouxe para a ribalta músicos como o falecido Carlos Paião. Aqui, a investigação articula-se com uma candidatura da autarquia ao Programa Operacional do Centro 2007-2013, tópico “Política das Cidades – Parcerias para a Regeneração Urbana”, Eixo 2 – “desenvolvimento das cidades e dos sistemas urbanos”. Se dúvidas houvesse sobre a força e o valor do património imaterial, este seria o caso esclarecedor.

O estudo do papel que as bandas filarmónicas desempenharam na sociedade portuguesa é vizinho de um outro que configura um projeto em curso no INET-MD designado por “Música do Meio”. Esta música – a do meio – carateriza o trabalho dos orfeões, algures no meio entre a música tradicional e a música erudita, e que constituiu um dos instrumentos da Política do Espírito instigada pelo Estado Novo, na senda da “orfeonização da Nação”, explica Susana Sardo. O estudo dos orfeões está a ser dirigido por uma das investigadoras do INET-MD

e professora do DeCA, Rosário Pestana, que dirige um projeto de pesquisa sobre Armando Leça.

No mesmo período, uma das figuras marcantes da música no século XX português, de um ecletismo que o tornou incontornável, tanto na música popular como na música erudita, foi Frederico de Freitas (1902-1980), cujo espólio também foi doado à UA. Vários investigadores, coordenados por Helena Marinho, também professora do DeCA e investigadora no INET-MD, têm vindo a revelar traços da vida e obra deste compositor, que perseguiu um alegado estilo português para a música erudita e que compôs para bailado e teatro, fez fado e a música para o primeiro filme sonoro português (“A Severa”, de Leitão de Barros – 1932), para além de ter composto música erudita.

UA parceiro incontornávelEste breve circuito pelo património imaterial musical que a UA preserva, estuda e divulga, pode passar ainda por acervos como o do divulgador de jazz José Duarte e projetos como “Mensageiros do Jazz: a importância dos divulgadores no percurso do Jazz em Portugal no século XX”, em curso. Durante a cerimónia do Dia do Aniversário da UA, a 17 de dezembro, será ainda assinado o protocolo para entrega de 4500 discos de 78 rpm gravados entre 1900 e 1949, sobretudo de fado, e que pertencem ao acervo de José Moças.

Para além deste património relacionado com a música, à guarda da UA estão

UA e o património cultural imaterialDe tempos idos chegam memórias, histórias, frases… Sons, cores e aromas… Hábitos, rituais e vivências. Coisas frágeis e sem corpo que só perduram se contadas pelos pais aos filhos, pelos avós aos netos. Como quem diz: se forem estudadas e registadas. O moliceiro é corpóreo, elegante e colorido; está à vista na Ria de Aveiro. Mas quanto à apanha do moliço, quem ainda se lembra da atividade económica que foi? Um saber, uma forma de vida… O suor que escorria no rosto? Estes elementos também são património; cultural e imaterial. A Universidade de Aveiro reúne, estuda e divulga uma boa parte deste património português e tornou-se incontornável neste domínio.

Banda filarmónica de

Santiago de Riba-Ul

(à esquerda) e alguns dos

“jazzes” que surgiram a

partir da experiência nas

bandas filarmónicas

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não o moliceiro mas a apanha do moliço

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ainda, entre vários outros: pinturas de Hélène de Beauvoir; a coleção do escritor e divulgador Aldónio Gomes; os acervos compostos por cartazes, gravuras, ferro, peças de cerâmica e vidro, de Madeira Luís. Na sua preservação e tratamento têm um papel central os Serviços de Biblioteca, Informação Documental e Museologia da UA (SBIDM).

Testemunhos diversos que se enquadram na definição estabelecida na Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, aprovada pela UNESCO em Outubro de 2003. Nela se esclarece que o património imaterial é composto por “práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões – bem como os instrumentos, objetos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados – que as comunidades, os grupos e, sendo o caso, os indivíduos reconheçam como fazendo parte integrante do seu património cultural”. Nesta definição, como explica a investigadora Susana Sardo, cabe por exemplo “não o moliceiro, mas sim a apanha do moliço e tudo o que lhe está associado”.

A música tem sido um dos comportamentos expressivos mais expostos à integração na lista de património imaterial. O fado, aliás, é, desde 27 de Novembro de 2011 Património Imaterial e Intangível da Humanidade. Mas não é o disco em si ou a partitura que definem essa dimensão patrimonial que agora se defende. O disco ou a partitura são

de facto objetos de museu. Mas os saberes que eles guardam são, esses sim, o centro da imaterialidade patrimonial. Portugal ratificou a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial em 2008.

Assumindo, assim, um papel de destaque entre as entidades portuguesas quanto às questões sobre património cultural e imaterial, a UA está representada pela professora e investigadora Susana Sardo na recém-constituída Associação Portuguesa para a Salvaguarda do Património Cultural e Imaterial. Este organismo foi constituído para responder à necessidade de estudar e classificar o património cultural e imaterial nacional, tendo em conta que só proponentes com formação superior e investigação produzida poderão organizar as candidaturas para classificação. A UA é, não só repositório de diversas coleções que podem ser objeto de estudo e de divulgação, como pode também vir a ser interlocutora da comunidade nos processos de candidatura das mais diversas formas de expressão cultural e imaterial.

Os SBIDM, vão inaugurar, no princípio de 2013, um espaço museológico, em duas partes, no edifício da antiga Companhia Aveirense de Moagens. Numa das áreas poderá ser visto um conjunto permanente de peças de vidro e cerâmica da coleção da Universidade de Aveiro. Para além desta área que será uma janela para as coleções da UA, haverá outra área para exposições várias em regime rotativo.

Professora da UA lança livro sobre pioneiro de etnomusicologia

Armando Leça, que realizou as primeiras gravações de campo em Portugal, usando para isso a fita magnética, com intuitos etnográficos, foi objeto de um estudo e de um livro publicado no início de novembro, pela editora Tinta da China.“Armando Leça e a Música Portuguesa (1910-1940)”, da investigadora Rosário Pestana, professora do Departamento de Comunicação e Arte da UA, é uma edição apoiada pela Câmara Municipal de Matosinhos.Armando Leça foi o responsável pela primeira “peregrinação folclórica” em Portugal, como ele próprio lhe chamava, através da qual gravou, pela primeira vez no campo, nas décadas de 1930 e 40 e usando a fita magnética, as vozes da música portuguesa em contexto rural. Mais tarde, Michel Giacometti e Fernando Lopes Graça percorreriam os mesmos itinerários de Leça, publicando entre 1960 e 1970, cinco discos da então designada “Antologia da Música Regional Portuguesa”.

De Aluno a Enfermeiro. Desenvolvimento de competências em contexto de ensino clínicoAutoria Marília dos Santos Rua, docente da Escola Superior de Saúde da UAEdição LusociênciaISBN 9789728930684Ano 2011

Organic Light Emitting Diodes: The Use of Rare Earth and Transition MetalsAutoria Luiz Pereira, docente do Departamento de Física da UA Edição Pan Stanford Publishing Pte LTDISBN 9789814267298Ano 2012

Os Duendes na Mata do BussacoAutoria Milene Matos, investigadora no Departamento de Biologia da UA e CESAM, e Lídia Dias, monitora da Fundação Mata do Bussaco Edição Departamento de Biologia e Edições Afrontamento ISBN 9789723612431Ano 2012

Intercultural Crossings: Conflict, Memory and IdentityAutoria Maria Sofia Pimentel Biscaia, investigadora do Centro de Línguas e Culturas da UA, e Lénia Marques e Glória Bastos, investigadoras do Centro de Estudos da Migrações e Relações Interculturais da Universidade AbertaEdição P.I.E Peter LangISBN 13: 9789052018164Ano 2012

Feriados em Portugal. Tempos de memória e de sociabilidadeAutoria Luís Oliveira Andrade (1959-2005), antigo docente do Departamento de Línguas e Culturas da UA, e Luís Reis Torgal, Professor Catedrático aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de CoimbraEdição Imprensa da Universidade de CoimbraISBN 9789892602967Ano 2012

EDIÇÕESRisco Financeiro – Medida e GestãoAutoria Carlos da Costa Pinho e Mara Madaleno, docentes do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da UA; Ricardo Valente, professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, e Elisabete Vieira, professora do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da UAEdição Edições SílaboISBN 9789726186588Ano 2012

Análise Financeira – teoria e práticaAutoria Carla Fernandes e Elisabete Vieira, docentes no Instituto Superior de Contabilidade e Administração da UA; Cristina Carvalho, doutoranda na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e Joaquim Santos, antigo aluno do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da UAEdição Edições SílaboISBN 9789726186854Ano 2012

A edição em Portugal 1970-2010: percursos e perspectivasAutoria Rui Beja, antigo aluno do Departamento de Línguas e Culturas da UAEdição APELISBN 9789729202513Ano 2012

Panoramas Atuais Acerca do Ensino das CiênciasAutoria Jorge Bonito, membro do Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores da UAEdição Editora da Universidade Federal de Roraima e Faculdade Roraimense de Ensino SuperiorISBN 9788560215720Ano 2012

The Virtues Of Leadership: Contemporary Challenges for Global ManagersAutoria Arménio Rego, docente do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da UA; Miguel Pina e Cunha, professor na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, e Stewart R. Clegg, University of Technology Sydney Business SchoolEdição Oxford University PressISBN 9780199653867Ano 2012

O Livro dos coraçõesAutoria Luciana Graça, investigadora no Departamento de Educação da UAEdição BooklândiaISBN 9789898617033Ano 2012

Pedras que falam – digipackAutoria e apresentação João Baptista, investigador da Unidade GeoBioTec – Geobiociências, Geotecnologias e Geo-engenharias da UAEdição RTP Madeira e Madeira Rochas – Divulgações Científicas e CulturaisNº de registo 3662Ano 2012

Armando Leça e a Música Portuguesa (1910-1940)Autoria Maria do Rosário Pestana, docente do Departamento de Comunicação e Arte da UAEdição Tinta da ChinaISBN 9789896711061Ano 2012

Design Gráfico em PortugalAutoria Margarida Fragoso, Prémio João Branco 2008Edição Livros HorizonteISBN 9789722417167Ano 2012

Quando se apagam as cerejeirasAutoria Luís Serrano, antigo docente do Departamento de Geociências da UAEdição Universidade de Aveiro e Chiado EditoraISBN 9789896975579Ano 2012

investigação

Discos de 78 rpm da coleção de José MoçasFrederico de Freitas

escaparate

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campus exemplar

novos edifícios

saúde e CICFANO

Um novo cenário com todas as etapas de ensino e investigação coexistindo num mesmo espaço que passará a ser partilhado por estudantes, professores e investigadores. Estas são as grandes vantagens do novo edifício da Escola de Saúde destacadas por Odete Cruz e Silva, professora da Secção Autónoma das Ciências da Saúde e coordenadora do Centro de Biologia Molecular, unidade de investigação que ocupará aquele espaço. Melhores condições de trabalho, áreas mais adequadas às funções a desenvolver e a perspetiva de abrir novos campos de investigação, também facilitados pela integração das diferentes experiências, são aguardadas pela professora e investigadora. Uma novidade entre as áreas de investigação do CBC, que estuda as bases moleculares e celulares de várias patologias, será o interface entre a Física e a Biologia Molecular ou a Neurociência que a investigadora designa como nano-biofísica.

Para além do CBC, o novo edifício da Saúde acolherá a Escola Superior de Saúde (ESSUA), com mais de 700 alunos, nos dois níveis de ensino e cinco cursos – Radiologia, Terapia da Fala, Gerontologia, Enfermagem, 1º e 2º ciclos de formação em Fisioterapia – e a Secção Autónoma das Ciências da Saúde, com quase 500 alunos nos vários níveis de formação, incluindo cinco mestrados e dois doutoramentos. Haverá laboratórios de especialidade das diferentes áreas dos cursos e um laboratório de biomecânica. O edifício inclui o mais recente projeto de simulação clínica em Portugal, o Centro de Simulação das

IT-Aveiro assinala 20 anos com edifício para comunicações rádio e óticas

Num período em que se assinalam 20 anos do Instituto de Telecomuni-cações – polo de Aveiro, prepara-se o alargamento das instalações com um novo edifício. A nova estrutura terá cerca de 2000 m2, e concentrará a investigação nas áreas das Comunicações Óticas e Comunicações Rádio. Os 480 m2 de área laboratorial foram tecnicamente projetados de forma potenciar a utilização da mais recente tecnologia aplicada à investigação.O projeto de arquitetura foi elaborado pela Estrutura de Arquitetura e Desenvolvimento Físico da UA (arquiteto Joaquim Oliveira).Os laboratórios possuem piso anti-estático, instalação elétrica suportada por unidades de alimentação ininterrupta, ar comprimido, sistema de exaustão forçada e controlo de acessos. O edifício garante ainda uma infraestrutura flexível que permite a fácil instalação de nova cablagem, quer dentro dos laboratórios quer entre laboratórios ou o exterior.

novos edifícios da saúde e CICFANO

Em fase acelerada de conclusão, os dois novos edifícios da Escola de Saúde e do Complexo Interdisciplinar de Ciências Físicas Aplicadas à Nanotecnologia e à Oceanografia, vão significar um novo impulso nas atividades de ensino e investigação pela melhoria das condições e pela maior facilidade integração de pessoas e tarefas. Enquadram-se numa nova geração de edifícios inovadores, conseguindo um elevado grau de eficiência energética.

consomem menos de metade da energia em climatização

Ciências da Saúde da UA (CSimCS-UA). Terá também condições para prestar serviços de saúde à comunidade. O diretor da Escola Superior de Saúde, Francisco Amado, considera que estas novas condições permitirão impulsionar ainda mais a formação e investigação em Saúde da UA.

O projeto de arquitetura é assinado pelo gabinete AT.93 (Paulo Cirne e Bruno Dray). A solução de aproveitamento de energia geotérmica, ou seja, o aproveitamento constância da temperatura do subsolo para aquecer ou arrefecer o edifício, envolveu a instalação de um sistema de circulação de líquido, no interior das estacas, que transporta energia e anula diferenças de temperatura. As lajes são termoativadas, ou seja, são providas de um sistema de aquecimento interior. Com estas condições, conseguir-se-ão poupanças de energia em climatização da ordem dos 60 por cento.

Novos laboratórios de Física AplicadaO mesmo nível de poupança é também esperado no edifício do Complexo Interdisciplinar de Ciências Físicas Aplicadas à Nanotecnologia e à Oceanografia (CICFANO). O edifício inclui vários laboratórios de investigação, entre eles, salas limpas (da classe 1000/10000) destinadas ao fabrico, manipulação e caracterização de materiais e dispositivos micro e nano- -estruturados.

Os vários laboratórios e os “open-space” contíguos acolherão investigadores e

alunos de pós-graduação do Depar-tamento de Física, enquadrados em três Laboratórios Associados: Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação (I3N), Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) e Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM).

Entre outros, estarão disponíveis, no novo edifício, laboratórios e equipamentos para o estudo e modelação da atmosfera e do oceano; propriedades óticas de materiais híbridos orgânico/inorgânico; propriedades magnéticas de nanomateriais; processamento e aplicação de materiais ferroelétricos; produção e caracterização física de nanoestruturas baseadas em nanopartículas de silício; produção e caracterização de células solares baseadas em filmes finos de semicondutores inorgânicos; estruturas e dispositivos baseados em semicondutores orgânicos; e de desenvolvimento de materiais e sistemas para deteção de radiação e imagiologia médica.

A arquitetura foi concebida, neste caso, pela Estrutura de Projeto de Arquitetura e Desenvolvimento Físico da UA (arquiteto Joaquim Oliveira). A solução faz uso, para além dos princípios da geotermia, com 49 estacas a 10 metros de profundidade, dos princípios de biotermia que, numa solução inovadora, aproveita a constân-cia térmica de uma conduta de esgotos que passa no subsolo do campus. Para isso, foi necessário substituir as condutas de fibrocimento da conduta por outras permutadoras de calor.

Os dois edifícios deverão entrar em funcionamento, previsivelmente, até março do próximo ano.

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rui nabeiroentrevista

rui nabeiro

O que diria hoje ao pequeno Rui, o menino que fez a quarta classe com grande sacrifício financeiro dos pais e cedo começou a trabalhar para os ajudar?Dava os parabéns a esse menino por ter sido obediente e por ter mantido um carisma próprio que lhe permitiu continuar a ser obediente pela vida fora. E é por isso que essa quarta classe teve muito mais valias em relação às que, aparentemente, se possam pensar. É que o pequeno manteve sempre uma ligação ao conhecimento. Por isso aprendeu que devia também retribuir aos pais, aos meus pais que tantas carências tinham. Assim, quando terminei a quarta classe eu sabia que tinha de ajudá-los porque eles já me tinham ajudado a mim. E era assim mesmo que esse sentimento existia.

Como recorda os seus pais?Eram maravilhosos e guardaram para si as carências para conseguirem mandar o filho à escola. Queriam-me dar algum bem-estar. Fui à escola e soube aproveitar. Por isso digo que os meus pais foram aquilo que os pais têm de ser. Eram pais rigorosos, eram pais que exigiam dos filhos, ainda que estes fossem crianças. Na época, onde a crise era permanente, era assim. E eles encontraram em mim um filho que soube responder.

Daria agora algum conselho à criança que foi?Eu aconselharia hoje que esse menino fosse igual a ele próprio, que fosse crente, que fosse aberto, saudável e preocupado com a vida dos pais e dos outros, conforme sempre foi. E dizia-lhe mais isto: mesmo que façamos muito, podemos fazer mais. Eu aconselhava-o a ser melhor do que aquilo que fui.

“O país precisa de uma claridade que não tem e é nas escolas que se recebe essa grande luz.”

Ser melhor do que aquilo que se é… É o conselho que dá hoje aos jovens?Perfeitamente. Vem hoje à minha procura muita gente jovem, uns acabados de sair das escolas, outros

das universidades, outros sem terem acabado o Ensino Secundário. A estes moços pergunto sempre pelas habilitações. Não há um dia em que não me aconteça isto. E quando me dizem que têm o sétimo ano digo-lhes que é uma pena que seja assim. Mas também lhes digo que se querem fazer mais eu estou disponível para colaborar. Porque o país precisa de uma claridade que não tem e é nas escolas que se recebe essa grande luz.

E na impossibilidade de estar com todos os jovens deste país, é através das bolsas de mérito e dos prémios que o Grupo Delta atribui a muitos estudantes, e em particular aos da Universidade de Aveiro, que os tenta cativar para luz do conhecimento?Eu sou uma pessoa, com certeza, já marcada pela providência e por Deus, e tenho as minhas mais-valias. Mas se eu tivesse mais escola tinha ainda mais ferramentas. Mas como não a tenho, desejo que outros a possam ter. Essas bolsas e esses prémios são um aconselhar para a necessidade que há de haver pessoas melhor preparadas. Ainda que se diga, neste momento, que as coisas estão difíceis, o mundo é mais fácil para as pessoas melhor preparadas.

E para quem não estiver preparado…… as coisas ficam muito mais difíceis. É por isso mesmo que o meu conselho é que todos tenham sempre as portas da escola abertas. Ao contrário do que se possa julgar, estudar é trabalhar. Quando converso com os estudantes sobre trabalho digo-lhes sempre que a coisa mais digna e mais formidável que um ser humano tem é a possibilidade de dar a sua prestação de vida à vida. E dá-se uma prestação de vida à vida principalmente através do trabalho. Eu sou um entusiasta desse trabalho, sou um entusiasta da vida. E quem gosta de viver sente esse prazer. Diz-se que toda a gente gosta de viver. Mas para se ter o gosto de viver tem de se ter o gosto por ser útil. E ser útil… por vezes nem todos o somos. Mas é altura de nos irmos aconselhando e não há pessoa que não siga em frente com um bom exemplo.

presidente do grupo nabeiro/delta cafés

Todo o ser humano tem de fazer mais do que aquilo que faz

Desde 2004 Rui Nabeiro

atribui anualmente três

prémios monetários

a estudantes da

Universidade de Aveiro.

O melhor estudante

bolseiro dos Serviços de

Ação Social e os dois

melhores oriundos

dos PALOP são os

contemplados pela

vontade de um homem

que, em oito décadas de

vida, quis e conseguiu

fazer a diferença nos

negócios e, sobretudo,

na vida dos outros.

A responsabilidade

social assumida pela

Delta Cafés é levada

muito a sério. Assim

exige o presidente

Rui Nabeiro que nunca

deixou de colocar ao

serviço de quem mais

precisa o que tem de

melhor: um enorme

sorriso que, tal como o

seu café, enche a alma.

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rui nabeiro

Fala de trabalho sem se referir a negócios, dinheiro ou investimentos financeiros. Quem não o conhecer pensará que não é um empresário ambicioso.Eu sou um homem ambicioso, mas ambicioso de criar. Uma coisa é ser ambicioso de querer para si próprio, outra coisa é ser ambicioso de criar meios, de criar riqueza que seja sentida, que seja dividida e não uma que sirva apenas para ele e somente ele. A propósito da partilha, não há um dia que não tenha uma história para contar. Porque as pessoas aproximam-se de mim e as coisas acontecem.

Quer contar a história de partilha que lhe aconteceu hoje?Um casal visitou-me à hora do almoço só por simpatia. Vinham de longe e foram embora felizes por me terem conhecido. Isso deixou-me também a mim feliz. E vieram ter comigo apenas porque o filho e a nora lhes falaram de mim. Já não me lembro bem desse episódio, mas o casal contou-me que eu, em tempos, recebi os seus familiares extraordinariamente bem em Campo Maior. Se assim foi, apenas cumpri a minha obrigação de receber bem as pessoas. No fundo, quem está espalhando essa minha fama de ser atencioso com as pessoas não sou eu, é a circunstância que vai acontecendo. As pessoas que me conhecem é que dizem quem eu sou. Eu nunca digo quem eu sou.

E o que diz de si quem o conhece?Eu tenho dificuldade em ouvir algumas das coisas que muita gente

diz. Falam com admiração da minha pré-disposição permanente. Realmente, eu nunca disse não a ninguém. E neste mundo conturbado em que vivemos, em que todos os dias tenho à porta da minha casa, da minha fábrica ou do meu escritório pessoas de vários sítios, muitas vindas de longe e com problemas de emprego, eu, ainda que possa não ter necessidade do seu trabalho, recebo-as sempre bem. Se vieram ter comigo têm esse direito. E se alguma vez me cansei, eu pedi desculpa a mim próprio. Porque realmente quem vem ter comigo é quem precisa.

“Uns estão bem, outros estão mal ou muito mal. E isso acontece porque alguém falha”.

E o que diz o Rui Nabeiro de si próprio?Quando se faz algo por quem quer que seja, não é favor nenhum. A obrigação moral do ser humano é prestar-se, é ser útil a quem se aproxima como foi o caso do casal que hoje me visitou com uma oferta de simpatia que eu podia não ter tido. Mas o reconhecimento da minha parte também foi grande. Portanto, eu digo sempre que nunca fiz aquilo que devia fazer. Porque todo o ser humano tem de fazer mais do que aquilo que faz.

É um homem realizado?Sinto-me realizado como homem e sinto-me realizado como empresário, mas há sempre um débito. E no fundo, as pessoas que gostam mais e menos de mim é que saberão falar melhor

desse débito… Porque também existe quem gosta menos de mim ou mesmo quem não gosta de todo.

Lida bem com essas pessoas?Aqueles que dizem que não gostam de mim ou que se mostram, às vezes, insatisfeitos comigo por qualquer razão, não há dúvida nenhuma que, mais dia, menos dia, acabam sempre por voltar a entrar. A porta da minha casa fica sempre meia aberta. Tenho um estômago saudável nesse aspeto. Costumo dizer que o estômago é que digere todo o nosso bem ou mau estar. E sendo assim posso fazer mais pelo mundo.

E o que pode fazer mais pelo mundo?O que não fiz. Todos nós nunca fizemos aquilo que devíamos ter feito. Falo de coisas em que devia ter investido e não investi, coisas que devia ter realizado e facilitado. Falo de ter alargado mais o meu horizonte. Eu podia com certeza ter feito mais. Não há dúvida de que fiz muito, que estou a fazer bastante, mas há algo que não se consegue decifrar em pormenor mas que fica por fazer. Não é por filosofia que faço esta afirmação, longe disso. Faço-a porque sinto que o ser humano tem obrigação de ajudar mais. E a prova está aqui. Uns estão bem, outros estão mal ou muito mal. E isso acontece porque alguém falha. E, pode ser que assim seja, eu sou um dos que está a falhar.

Não acredita que haja um momento de realização completa, em que poderá dizer que já fez tudo o que gostaria de ter feito?

Não acredito. Afirmo mesmo com rigor que ninguém é capaz de fazer tudo.

mas o menino Rui, que saiu da escola para ajudar os pais, cresceu, fez-se homem, viajou bastante, construiu uma marca incontornável em Portugal e não só, conheceu e ajudou muita gente... Mas eu tenho a ambição de fazer mais e de criar cada vez mais coisas. Temos o nosso ATL das crianças, temos o Coração Delta que é um trabalho lindo, temos o projeto Tempo para Dar que está ligado ao Coração Delta e que faz um trabalho maravilhoso… Ainda há duas semanas fui entregar um telemóvel a uma idosa que está isolada num monte de uma freguesia do concelho de Arronches… Mas porque é que eu não tinha ido lá há mais tempo levar o telefone à senhora?

Porque provavelmente não soube mais cedo do caso dessa senhora a viver isolada…Sim, não sabia, mas se tivesse pergun-tado há mais tempo talvez soubesse mais cedo da situação. Nessa altura arranjámos 124 telemóveis para entregar a 124 pessoas que vivem isoladas. O cenário é a prova que, de facto, nem todos fazemos aquilo que devíamos fazer. E eu também não faço. Talvez faça mais do que muitos outros mas não faço tudo o que posso.

E, muitas vezes, nem é preciso muito dinheiro para mudar a vida de alguém em dificuldades. Neste caso bastou um telemóvel. A senhora adorou. Quando recebeu o telemóvel a cara dela era de uma felicidade tão grande. Já tinha tudo, não tendo quase nada, pois vive em condições muito modestas. Ria-se, ria-se, ria-se muito de felicidade. Tenho tantas histórias destas para contar. É o meu dia a dia. Mas a história com a senhora não acabou com o telemóvel porque ela a dada altura dizia: “é bom, é bom mas falta-me o ouvido”. Assim, trouxemos a senhora ao médico em Campo Maior. Conclusão, o ouvido está-se a tratar e a senhora vai ter um aparelho auditivo. Não se inventou nada mas conseguiu-se contornar facilmente uma situação de carência.

É feliz?Muito.

Feliz apesar dessa insatisfação que diz ter em não conseguir realizar mais e mais…Sou um homem realizado. Sinto felicidade. Mas dizer-lhe realmente que está tudo feito, não. Enquanto houver carências a apontar, há coisas por fazer. E para fazer tudo seria preciso que eu fosse um homem caminhante para poder ter tempo para caminhar por todos os locais. É que este caminhar, naquilo que me dá as condições, ocupa-me muito tempo.

“Isto é o que faz a arte das pessoas: trabalhar muito, trabalhando bem e não trabalhar muito fazendo esforços sobrenaturais”.

Trabalha quantas horas por dia?Trabalho muitas horas todos os dias. Levanto-me cedo e deito-me tarde. Tenho os olhos abertos nunca menos de 17 horas por dia. Trabalho, tenho qualidade de vida, tenho saúde, posso com esta idade – e estou a caminho dos

82 anos – poder dar felicidade a tanta gente e receber a felicidade que tanta gente me dá a mim.

Oito décadas que começaram com o pequeno Rui a carregar sacos de café para o outro lado da fronteira.Direi que aí fui já uma pessoa mais evoluída. Porque também no trabalho se têm de ter as evoluções todas. Eu era o mentor da organização. Organizava a forma das pessoas levarem os sacos de café e de tratarem bem uma profissão digna. Eu era já um gestor. Fazia um trabalho que dava atitude não só a mim como também a quem trabalhava comigo. Eram essas as pessoas que levavam os sacos de café para Espanha e era eu quem tinha de saber para onde iam e quem estava lá para os ir buscar. Isto é o que faz a arte das pessoas: trabalhar muito, trabalhando bem e não trabalhar muito fazendo esforços sobrenaturais.

Ainda hoje usa esse ensinamento na sua empresa?Completamente. Quando falo ao meu pessoal digo-lhes sempre que não lhes peço que trabalhem mais, mas que trabalhem melhor.

O seu segredo de sucesso é mesmo esse, o de organizar bem as pessoas e o de saber tirar o que de melhor elas têm para dar à empresa. Concorda?Isso é extraordinariamente eficaz para uma empresa. Não há outras formas de sermos felizes numa empresa se não soubermos dar a volta ao nosso pessoal, acarinhando-o, idealizando-o, vivendo-o, cumprimentando-o… E trocar sorrisos com as pessoas.

Acredita que se tivesse nascido noutro local teria agarrado uma outra área de negócios com o mesmo sucesso?Não posso fazer esse paralelo. Posso dizer que tenho essa atitude e consigo estar ao serviço do próximo sem pensar verdadeiramente em mim, porque isso chega a seguir. E, portanto, penso que se pegasse noutro produto, poder-lhe-ia dar outro seguimento. Mas teria de encontrar a base de onde vimos e onde nos encontramos ainda hoje. É de facto a situação de Campo Maior.

entrevista

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S Que características tem Campo maior que, ligadas à sua destreza, potenciaram com tanto sucesso uma marca de cafés?Estamos arrumados numa localidade que, já naquela altura, era fértil em dimensão e, ao mesmo tempo, era uma força da natureza. Nós somos da raia. O esforço que fazíamos e os perigos que enfrentámos deram-nos uma coragem e uma atitude únicas. É essa a enorme força que fez com que sempre acreditássemos, com muita esperança, que era possível vencer na vida. E vencemos! Tenho que dizer que, estando noutro setor, isso poderia não ter acontecido. Mas eu conquisto os locais. Eu conquisto as pessoas, conquisto quem eu preciso e quem precisa de mim. Tenho a certeza que isso são dons naturais.

“São duas coisas diferentes, mas elas compõem-se bem. A universidade dá o conhecimento, a vida dá a audácia”

Ficou-lhe alguma mágoa por não ter podido continuar a estudar?Muita, muita… Costumo dizer aos jovens, quando sou convidado para ir falar às escolas, às empresas ou as universidades, que eu sou uma pessoa que nasceu como qualquer um deles, mas que cresceu muito depressa. E quem cresce depressa não tem tempo para as coisas. E os meus pais não tinham meios nem tinham tempo. Naquela altura, no meu ano, meia dúzia de rapazes fez a quarta classe. O resto

ficou na primeira e já não seguiu em frente. Os meus pais tiveram coragem, com as carências todas que tinham, e mandaram os cinco filhos à escola. E desses, quatro tiveram a quarta classe. Foram uns pais corajosos. E eu nunca mais tive tempo, com aquela pressa de crescer, de poder fazer mais escola.

Que área gostaria de ter estudado?Por todas as razões, gostava de economia, de gestão e das finanças. E são áreas que ter-me-iam sido muito úteis. Porque se eu tivesse a acutilância de ser um estudante aplicado e com boas capacidades – que possivelmente até era capaz de ser – aprender essas áreas teria sido muito importante.

mas se tivesse ido para a Universidade teria trilhado um outro caminho.Talvez sim, talvez não. Ao mesmo tempo estou muito satisfeito com o que fui porque, não sendo universitário, consegui que as universidades me considerem como uma pessoa que é capaz de comentar e dizer alguma coisa de útil para elas. Um homem que tem rasgos próprios tem-nos sempre, quer vá ou não à universidade. Podia era não ter sofrido com os esforços que a raia alentejana impunha. Talvez tivesse ficado mais recatado em casa a estudar e não tivesse sido confrontado com a raia que me deu a atitude de vencer e de acreditar que é assim que se pode fazer. São duas coisas diferentes, mas elas compõem-se bem. A universidade dá o conhecimento e, por outro lado, a vida dá a audácia.

mas é um homem que junta a audácia ao conhecimento e por isso é que é tantas vezes convidado para dar o seu testemunho em universidades, empresas e instituições. Há muita simpatia em convidarem-me. Acho que isso ganha-se por méritos da própria humildade e da forma de estar. Eu, felizmente, tenho esse dom, o de saber estar e cativar as pessoas, o de ser simples e humilde. E há muitas outras coisas que não foram só criadas por mim, mas pelos meus que me rodearam e que me deram estas mais-valias. A vida sorriu-me e não me deu o orgulho mas a simplicidade.

E o que diria hoje o menino Rui ao empresário Rui Nabeiro? O menino dir-me-ia que sou feliz, que fui bom, que pensei nos outros, que sou amigo, que continuo vivendo com humildade e que não fiz mais nada que não fosse a minha obrigação… Mas, naturalmente, o menino também me perguntaria em que é que eu poderia ter feito mais. Apontar-me-ia este ou outro campo onde não entrei e os sítios para onde poderia ter viajado… Nem tudo é perfeito na vida e por isso o menino Rui dir-me-ia que algumas vezes nem sempre dialoguei e aconselhei como deveria ter feito. Mas acho que primeiro a criança dar-me-ia os parabéns por eu ter feito com ela um trajeto equilibrado, sensato, saudável e bom. Quem faz isso poderia fazer mais. Por isso, o menino Rui dir-me-ia para seguir em frente porque, mesmo com esta idade, posso caminhar ainda mais.

entrevista

unaveFUTURO DA APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA

A UNAVE, para além das ofertas de catálogo, concebe e prepara cursos de formação à medida das necessidades específicas das organizações – empresas públicas e privadas. A UNAVE é uma entidade formadora acreditada peloDGERT – Direção Geral do Emprego e das Relações do Trabalho, na Formação Presencial e a Distância. É ainda membro da Rede “Learning Working Group”.

PRESENCIAL bLEARNING eLEARNING

ÁREAS FORMATIVASComportamentalConstrução e segurançaDesignEficiência energéticaEngenharia de tráfegoEngenharia de materiaisEngenharia de metalomecânica Estatística aplicada às ciências Gestão das operaçõesInformáticaMarketingMetodologias de investigaçãoMultimédiaProgramaçãoSaúde

APPRENTISSAGE TOUT AU LONG DE LA VIE · LIFELONG LEARNING · LEBENSLANGES LERNEN

“A Estratégia Europa 2020 reconhece que é fundamental uma transformaçãona educação e formação para enfrentar as novas habilidades e competências necessárias para a Europa se manter competitiva, superar a atual crise económica e aproveitar futuras oportunidades.”Joint Research Centre, Institute for Prospective Technological Studies

e-mail [email protected] www.unave.ua.pt

tecnológico do Brasil, concretizado através da mobilidade internacional de docentes, estudantes e investigadores brasileiros, estimulando a transferência do know how adquirido nas melhores instituições portuguesas.

O programa resulta do esforço conjunto dos Ministérios da Ciência e Tecnologia e do Ministério da Educação do Brasil, através das suas instituições de fomento, a CNPq e a Capes – entidades análogas à Fundação para a Ciência e Tecnologia – e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico. Até 2015, serão distribuídas 101 mil bolsas de estágio (75 mil oferecidas pelo Governo Federal e mais 26 mil bolsas concedidas com recursos da iniciativa privada) a estudantes de graduação e pós-graduação. O objetivo é potenciar o sistema de ensino superior brasileiro, promover o intercâmbio e o contacto com experiências educacionais competitivas em relação à tecnologia e inovação.

No âmbito desta iniciativa, a UA recebeu 780 candidatos, 179 dos quais foram admitidos para, durante um ano letivo, frequentarem uma das 33 licenciaturas que a UA oferece especificamente para estes estudantes.

Durante a sua permanência na academia de Aveiro, os estudantes brasileiros têm ainda a oportunidade de desenvolver um estágio curricular, numa empresa ou unidade de investigação, organizado conjuntamente pela Área de Mobilidade e Integração Profissional, Reitoria e Coordenadores Departamentais, em colaboração com o aluno.

Programa de Licenciaturas Internacionais: formar para melhor instruirA UA acolhe desde o início do ano, e pela primeira vez, 28 estudantes vindos do Brasil, integrados no Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI). Esta iniciativa tem como objetivo elevar a qualidade da graduação, tendo como prioridade a melhoria do ensino dos cursos de licenciatura e a formação de professores, por meio da ampliação e dinamização as ações voltadas à formação inicial e implementação de novas diretrizes curriculares para a formação de professores, com ênfase no ensino fundamental e no ensino médio. O PLI pretende contribuir, de igual modo, para a internacionalização da formação universitária inicial estimulando a mobilidade de estudantes de cursos de licenciaturas de universidades brasileiras.

Lecionado em regime de “dupla titulação”, concedida pelo Brasil e por Portugal, o PLI tem a duração de quatro anos e prevê que o primeiro e último ano dos cursos sejam frequentados na universidade brasileira, e os semestres intermédios, numa instituição nacional.

Os estudantes permanecem na UA durante dois anos, com uma bolsa financiada pela CAPES, e terminam a licenciatura no Brasil ficando habilitados à obtenção de uma “licenciatura sanduíche”, concedida pela UA e pela universidade brasileira.

Na UA, o programa abrange seis áreas de atuação: física, química, matemática, biologia, línguas e música.

memorando de entendimento abre a UA ao Oriente Ao abrigo do protocolo estabelecido entre as universidades de Aveiro e Kazakh National Technical University after K.I. Satpayev, 22 alunos provenientes do Cazaquistão tiveram a possibilidade de efetuar um período de estudos na UA (de quatro meses a um ano), nas áreas de Informática, Economia, Gestão e Engenharia Mecânica.

Para facilitar a integração destes estudantes, a academia de Aveiro adaptou os seus programas para inglês e russo, favorecendo o desenvolvimento do ensino e promovendo, desta forma, a cooperação e a transferência de informação e de conhecimento.

Os planos curriculares de cada um destes cursos procuraram responder às necessidades manifestadas pelos próprios alunos, fomentando a realização de projetos, de investigação e contribuindo para a aquisição de competências técnicas desenvolvendo, deste modo, as aptidões cientificas, linguísticas e culturais dos estudantes.

Os estudantes, 18 de graduação e quatro de mestrado, chegaram a Portugal com bolsas financiadas pelo governo do seu país e conheceram em Aveiro oportunidades de cooperação transfronteiriça, em matéria de ensino superior, dando um importante contributo para aumentar a visibilidade da academia aveirense e pôr o nome da UA no mapa do mundo. 

As fronteiras da ciência, entre Aveiro e o Cazaquistão, ficaram assim, com a assinatura deste memorando, mais

próximas. Durante três anos, as duas instituições de ensino superior vão cooperar em matéria de investigação, publicação em revistas de elevado fator de impacto, organização de eventos científicos conjuntos e na promoção do intercâmbio de estudantes, investigadores e docentes.

A Universidade de Aveiro, através do Vice-reitor, Prof. Eduardo Silva, reconhece que ao serem desenhadas estas ações de parceria, intensificam-se as já vastas colaborações com as melhores instituições de ensino e investigação. Por outro lado, a partici-pação em cada um dos programas contribuirá para o enriquecimento da oferta formativa da UA e, também, para aumentar o reconhecimento desta academia, a nível internacional.

No próximo semestre, a academia prepara-se para acolher mais alunos internacionais que elegeram a UA como a instituição de ensino e investigação da sua preferência para realizar um período de estudos ou completar a sua formação superior.

brasil e cazaquistãoUA à conquista da globalização do ensino

Ouve-se um português “diferente” no Campus Universitário, desde o início do ano letivo. Os 473 estudantes internacionais que chegaram à Universidade de Aveiro, vindos de 31 países diferentes, escrevem um novo capítulo da história da academia; nunca a UA recebera tantos alunos e de tantas nacionalidades distintas. Na mala, além de uma vontade enorme de aprender, estes alunos trouxeram o passaporte para uma experiência única de Erasmus, Erasmus Mundus, Ciência sem Fronteiras, Programa de Licenciaturas Internacionais e múltiplos acordos de intercâmbio que a academia de Aveiro tem estabelecido com outras universidades. Com programas atrativos, que permitem uma vivência cultural intensa, e inovadores, como adquirir uma dupla licenciatura, a UA é já símbolo de multiculturalidade.

Ciência sem Fronteiras: promoção do desenvolvimento tecnológicoCiência e tecnologia são dois conceitos cruciais para o desenvolvimento de um país. Por isso, a Universidade de Aveiro apoia o projeto Ciência sem Fronteiras, cujos pressupostos passam pela promoção do desenvolvimento

brasil e cazaquistão

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O programa despontou de um concurso de ideias, lançado em 2011 pela Reitoria da UA. Um dos projetos entregues, e não premiados na altura, acolheu o entusiasmo dos promotores que apoiaram a implementação da ideia no terreno, até porque este já era um dos objectivos integrados na missão da UINFOC. As autoras do projeto, alunas da UA, fizeram uma sondagem e aplicaram um questionário junto da população sénior de Aveiro. Os resultados revelaram-se promissores: “O processamento dessas respostas deu a indicação das áreas que esse público prefere, do tempo que tem disponível, ou que está disposto a investir nesta formação”, constata a docente.

Surgem assim os “Encontros com a Ciência” que mais não são do que unidades de formação, que permitem a públicos não tradicionais, aceder a programas temáticos, em diferentes áreas do conhecimento, refletindo a multidisciplinaridade da própria Universidade.

Formação continuada: oferta ímpar no paísEstas unidades de formação podem ser frequentadas por qualquer tipo de público, acima dos 50 anos, sendo integralmente desenhadas e ajustadas para os candidatos que a elas se propõem. Este tipo de formação não requer habilitação mínima, sendo reconhecido pela UA, e por outras instituições de ensino superior, através do processo externo de reconhecimento, validação e certificação de competências para prosseguimento de estudos, ou apenas para satisfação pessoal. A UA é, assim, a única Universidade do país a oferecer esta tipologia de ação, baseada em unidades de formação.

Os “Encontros com a Ciência” oferecem duas formações: “Introdução ao multimédia”, lecionada por Ana Veloso, do Departamento de Comunicação e Arte, e “Histórias com Sabor a Matemática”, da responsabilidade de Andreia Hall, do Departamento de Matemática. Esta ação, que liga a

matemática ao português, desvenda ou desenvolve o contador de histórias com ciência, que existe em cada um dos formandos e vai muni-los de materiais auxiliares desenvolvidos durante as sessões.

Com o curso de multimédia são fornecidas competências básicas sobre o funcionamento do computador, as questões de processamento de texto e imagem, a Internet e as várias ferramentas de comunicação e informação que esta suporta. E se, à primeira vista, o tema parece banal, Lucília Santos enumera os argumentos que contrariam as evidências. “Há imensas pessoas que são iletradas do ponto de vista computacional e, portanto, sendo tão banal a utilização dos computadores, quem não está à vontade a usá-los sente-se constrangido a dizer que não sabe”.

As sessões têm a duração de 15 horas e decorrem, neste primeiro momento, entre dezembro e fevereiro. Para o

segundo semestre estão previstas três ações de formação: Identidade Artística Portuguesa, Introdução à Geologia Médica e Introdução ao Geoturismo.

No ano em que o Envelhecimento Ativo ganha destaque, a UA mostra que o equilíbrio intergeracional é possível, e a rede de transferência de conhecimentos uma realidade num Campus que se quer exemplar, também do ponto de vista da equidade entre as diferentes formas de aprender; as mesmas que dão sentido à expressão “comunidade” universitária. “Considero que a Universidade reage bem à presença deste público não tradicional. A minha esperança é que ver cá ‘estudantes diferentes’ sirva de catalisador para novas ideias”, observa Lucília Santos.

De idades diversas, nacionalidades distantes ou formações distintas, a UA acolhe, de braços abertos, todos os que vêm para receber uma experiência académica sem par.

e assegurar, a pessoas deste grupo etário, programas formativos que as habilitem a compreender e a adaptar-se às novas realidades. “Os seniores são pessoas extremamente válidas para a sociedade, que são ativas mas já não estão no desempenho de uma profissão. São indivíduos que também não estão interessados em vir um semestre para a universidade, mas preferem antes dispensar umas horas do seu tempo”, define Lucília Santos, professora responsável pela Unidade de Formação Continuada (UINFOC), entidade que coordena os cursos para seniores na UA.

Foi com base nesta premissa que a Universidade de Aveiro pôs mãos à obra e criou os “Encontros com a Ciência”, acrescentando  ao seu tradicional papel de ensino e formação dos mais jovens, uma nova missão que, naturalmente, complementa o serviço público que lhe cabe prestar à sociedade, “mas que a Universidade não está habituada a proporcionar”, reconhece a responsável.

É um regresso aos bancos da escola. Um regresso aos livros, aos horários e às aulas. Todos eles têm mais de 50 anos, instruções diversas, muita disponibilidade e uma vontade ávida de conhecer. Estudar pelo simples gosto de saber mais, pela sede de conhecimento, não para conseguir um emprego ou a sempre desejada progressão na carreira, até porque a reforma, em alguns casos, há muito chegou. A formação vocacionada para o público sénior, que na Universidade de Aveiro se traduz em “Encontros com a Ciência”, é muito mais do que, simplesmente, uma forma de ocupar os tempos livres; é a possibilidade de descobrir ou redescobrir o prazer de aprender.

O aumento da esperança de vida e a diminuição considerável da natalidade redesenharam a pirâmide etária da população portuguesa, sendo expectável que os maiores de 50 anos venham a desempenhar um papel ainda mais ativo na sociedade. À Universidade compete estar atenta a esta realidade

formação sénior:

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de volta aos estudos

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cooperação

Os doze projetos empresariais atual-mente incubados na IEUA, envolvem quarenta e três postos de trabalho e movimentaram no 1.º semestre de 2012 um volume total de negócios superior a 900 mil euros. Juntamente com os seis projetos em fase de pré-incubação, são apoiados pela Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA). São empresas e projetos inovadores e com grande potencial de crescimento que, dependendo dos casos, competem diariamente nos mercados ou alinham produtos e estratégias tentando lançar-se no mercado global e passar por cima da crise.

Apesar da inovação, do potencial de crescimento e do reconhecimento do interesse comercial dos produtos, não é fácil conseguir o financiamento para uma jovem empresa se lançar no mercado quando não há capital próprio disponível. Por isso, esta hipótese não serviu à bitBOX, start up da IEUA que pretende lançar a primeira impressora 3D desktop portuguesa no mercado mundial. Os jovens empreendedores enfrentaram a impossibilidade de outras fontes de financiamento, a demora na resposta das instituições de crédito, numa ocasião em que a entrada de novo capital era vital para a continuação do projeto, explica Francisco Mendes, um dos sócios da empresa e antigo aluno do Mestrado em Automação Industrial. Com apoio da IEUA, foi possível encontrar um investidor privado para apoiar o projeto.

A bitBOX é apenas um, entre muitos outros casos de projetos empresariais com potencial de crescimento, que bateram com o nariz em portas que aparentemente estavam abertas. Por isso, a IEUA juntou, ao já inovador programa de incubação, a criação de um Comité de Investidores. O Comité é constituído por duas dezenas de investidores privados que, investindo nestes projetos inovadores com grande potencial de crescimento, podem conseguir um retorno superior ao que está normalmente associado a depósitos bancários.

Serviços à medida das jovens, e menos jovens, empresasA partir de janeiro de 2013, a adesão de ideias de negócio e de projetos empresariais à IEUA, passará a pressupor a adesão ao IEUA Start Incubation Program com os respetivos serviços, facilidades e espaços.

As ideias de negócio candidatas à IEUA devem ser geradas a partir do conheci- mento adquirido na UA, bem como de investigação aplicada, e serem lideradas pela comunidade académica, nomeadamente alunos, ex-alunos, docentes, investigadores e trabalhadores. O processo de candidatura tem início com uma reunião de caraterização da ideia de negócio (Consultório de Empreendedorismo) onde é avaliada a proposta de valor e os recursos necessários para a sua concretização.

O apoio à capacitação das ideias de negócio é concretizado através do IEUA Start, um programa de incubação dividido em cinco fases, com a duração mínima de 25 semanas e máxima de 150 semanas, incluindo um período de pré-incubação que pode atingir as 25 semanas. Em cada fase é definido o tipo de apoio a conceder, as especificidades, intensidade, a abrangência, o investimento e as obrigações dos promotores e da IEUA. As empresas que concluem com sucesso o programa de incubação estão capacitadas para desenvolver a sua atividade de forma autónoma, tendo ainda a possibilidade de se candidatarem ao IEUA Graduate, um programa de 100 semanas orientado para a alavancagem das Empresas IEUA Graduadas.

As empresas com estatuto de graduadas que tenham passado pelas cinco fases de incubação e/ou que já estejam a operar no mercado, mas que queiram regressar à IEUA, poderão fazê-lo através da adesão a um programa de incubação específico ou, opcional-mente, apenas através da utilização de um espaço da antiga Companhia Aveirense de Moagens. No futuro, todas as empresas podem ser “transferidas” para o Creative Science Park (Parque

de Ciência e Inovação) próximo do Campus Universitário.

Uma família de sucessoAo longo da vida da Incubadora foram vários os “pupilos” motivo de orgulho. Para além do pioneiro e sobejamente conhecido caso do portal Sapo, que voou alto para outras paragens, salientam-se ainda os casos da Methateke, Micro I/O, iUZ Technologies, Edubox, ClusterMedia Labs, a JHC Electronics – que quer comercializar a gaita-de-foles eletrónica -, ou a idtour, que desenvolve o projeto “Restaurante do Futuro”. Estes são apenas alguns entre vários outros.

Já este ano, a ClusterMedia Labs, empresa graduada da IEUA, ficou entre os cinco semi-finalistas da área “Life Sciences” do concurso ISCTE-IUL MIT, com o projeto “NeckFlow – Listening to the neck”. Por outro lado, dois semifinalistas do concurso BES Inova-ção deste ano, têm ligação umbilical à IEUA. Foi o caso do projeto SWE – Software With Emotion, apresentado pela empresa be.ubi (candidato na área “Tecnologias de Informação e Serviços”) e do projeto apresentado pela EcoInCer (concorrente na área Clean-Tech e Processos Industriais), atualmente em pré-incubação.

incubadora dá o salto…

por cima da criseA Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA) assinala 16 anos com um novo ciclo, onde se destacam um inovador programa de incubação e o alargamento do espaço à antiga Companhia Aveirense de Moagens. Ali, a IEUA recebe, numa espécie de reencontro, empresas que estiveram incubadas, as chamadas “Empresas IEUA Graduadas”. A inovação, portanto, cerra fileiras contra a crise.

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incubadora dá o salto…

Guia Aveiro Empreendedor disponível

Instrumento de apoio a todos aqueles que pretendam criar o seu negócio, o Guia Aveiro Empreendedor, lançado recentemente pelo Projeto Aveiro Empreendedor, no qual a Universidade de Aveiro é parceira através da sua Incubadora de Empresas e da Unidade de Transferência de Tecnologia, é um meio para encontrar informação sobre várias áreas. Elaborado de uma forma simples, este Guia procura ser um suporte efetivo aos empreendedores que pretendam trabalhar no crescimento da sua ideia de negócio/projeto, até à sua consolidação.Mais informações em http://www.aveiro-empreendedor.net/

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…da

cartolasai música e festa há 20 anos

“Heterónimos” como a Cartola’s Band, o lado mais festivo e brincalhão da Magna Tuna Cartola, e a SymphonyCartola & Co., o lado sinfónico, e outros que poderão surgir entretanto, antecipa o atual presidente, Daniel Amorim, são provas do fôlego criativo e da solidez – apesar da renovação periódica da sua constituição – do projeto que nasceu em 1993. Para além destas várias faces com se tem apresentado nos espetáculos que faz no país e no estrangeiro, este fervilhar traduz-se também em força criadora de outros projetos musicais, alguns com notoriedade, e que foram constituídos a partir de elementos que estiveram na MTC, referem com entusiasmo e em conjunto, Daniel Amorim e o seu vice-presidente Pedro Ferreira.

No currículo, a MTC conta quatro CD’s, muitos temas originais e mais de 200 prémios. Destes, Jerónimo Fernandes, o primeiro presidente, apelidado “pai” entre os “cartolas”, destaca com orgulho os prémios conquistados no 1º Festival de Tunas dos Açores, no final dos anos 90 – Melhor Solista, Melhor Tuna, Tuna + Tuna e Melhor Porta-Estandarte – o prémio internacional em Nijmegen, Holanda, em 1995, e as presenças na Expo’98, Expo 2000 (em Hannover), e as duas tournées europeias em 2008 e em 2011.

Os três “cartolas” concordam que a formação musical de vários elementos, nomeadamente através do curso de Música, terá sido um fator importante para o sucesso da MTC. Foi o caso de

elementos como Paulo Neto, maestro, dos guitarristas André Madeira e Ricardo Neves, entre outros.

O “Pai Fernandes” entrou em Planeamento Regional e Urbano, em 1990, após o curso de Enfermagem, em Braga, e depois de uma experiência associativa como presidente da assembleia geral dos estudantes daquela escola. Foi membro ativo da MTC até 2000. Daniel Amorim e Pedro Ferreira, representantes da geração atual, estão na Tuna há, respetivamente, cinco e quatro anos.

Fernandes distingue, no percurso da MTC duas fases: uma primeira mais apoiada em géneros de música tradicional portuguesa e, a seguir, outra, que resultou da evolução da primeira, e que coincide com a atualidade em que se foi consolidando um estilo próprio.

Família de aprendizagem criativa e solidáriaUm conjunto de aproximadamente trinta estudantes de vários cursos da Universidade de Aveiro e diversas origens geográficas, deram o primeiro passo há quase 20 anos. Aquele fundador salienta o papel da Tuna, não só como plataforma de aprendizagem de expressão artística, e musical em particular, mas também como grande família de acolhimento, convívio e solidariedade, com diferentes gerações de universitários. De tal modo, que no convívio que se preparara para o próximo ano, já se pensa em contratar uma “babysitter” para tomar conta

dos filhos dos “cartolas”. Fernandes acrescenta que os antigos membros aparecem, frequentemente, nos mais diversos locais onde a MTC atua.

A Cartola`s Band, também considerada “a versão elétrica da Tuna”, é um caso de sucesso que o atual presidente, Daniel Amorim, faz questão de assinalar. Estreou-se em 2000, no âmbito da Semana do Enterro da Universidade de Aveiro e atuou em concertos com Rui Veloso, Jorge Palma, Irmãos Catita, Cebola Mole e Tony Carreira. A Cartola`s Band é já, refere o texto sobre a história da MTC no seu sítio da Internet, um dos momentos mais esperados das Semanas de Integração e das Semanas do Enterro do Ano pelos espetáculos festivos e irreverentes.

Alguns cartolas, pela sua prestação, estão na memória de todos, sem desprimor para os restantes, porque a Magna Tuna Cartola é – e sempre foi – uma criação coletiva, como atestam os quase 150 “cartolas” que fazem parte da grande família e que se encontram regularmente. Sendo a MTC um núcleo musical da Associação Académica da UA, os que têm mais conhecimentos nesta área podem ter um contributo mais visivel. Daniel Amorim, salienta, no entanto, que todos são úteis, porque vertentes como a organização e a gestão do núcleo são também fundamentais para a vida da grande Cartola. Acima de tudo, conclui, é fundamental que o que caracteriza a MTC se mantenha vivo de geração para geração.

Vinte anos: novo CD e espetáculo na prisão

A Magna Tuna Cartola (MTC) assinala o vigésimo aniversário com o lançamento de um novo CD, uma Gala Musical com entrega de prémios e um toque solidário no programa, algo que aliás não é inédito na vida da MTC. O novo CD “Vinte”, lançado a 6 de dezembro, no Auditório da Reitoria da UA, é composto por 10 temas originais, dos quais cinco encaixam na vertente tradicional da Tuna e as restantes cinco correspondem ao “formato Cartola’s Band”. Tanto as letras como os arranjos são assinados por membros da Cartola. O CD está à venda no site da MTC, Frontdesk da AAUAv nas catacumbas, e online na plataforma Itunes e CD Baby.Desde a sua formação, a MTC promoveu, várias vezes, gestos solidários. Nesse sentido, a MTC prepara uma atividade inspirada no histórico concerto de Johnny Cash na Prisão de Folson, em finais de 1968, que é também uma forma de chegar a outros públicos. Com a participação de reclusos, será preparado e realizado um espetáculo entre os dias 18 e 20 de fevereiro. Serão envolvidos também antigos membros da MTC com maior experiência musical.Para além destas atividades, o programa que assinala os vinte anos inclui um espetáculo no Teatro Aveirense, em Abril de 2013 e uma “Cartola’s Volunteering” (Criação de uma sala de TIC num país a designar) em Julho de 2013.

Um espetacular “homem canhão”, um passeio de triciclo, o som do serrote a cortar uma guitarra, garrafas que fazem música… Todos estes foram elementos cénicos e sonoros nos espetáculo da Magna Tuna Cartola (MTC), ao longo das suas joviais vinte primaveras. Cenas da vida de uma tuna da Universidade de Aveiro que são prova da criatividade desta família alargada a 144 membros com pleno estatuto de “cartola”. O primeiro presidente e os atuais presidente e vice-presidente, ajudam a pintar um quadro sobre o que foi e é a MTC.

… da cartola sai música e festa há 20 anoscultural

55São 4 mil metros quadrados de infraestruturas, que se espraiam por cinco pisos, 12 salas de atividades e se traduzem em ofertas diversificadas em termos de valências e serviços. A Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro abre portas já em março do próximo ano, com muitas novidades na programação e um espaço totalmente renovado, tudo para que a missão de levar a divulgação de ciência ao público em geral, através do incentivo à experimentação, conheça agora condições beneficiadas.

Um ano e meio depois de ter encerrado para obras de beneficiação, o Centro Ciência Viva de Aveiro, instalado no edifício da antiga Companhia Aveirense de Moagens, retoma a sua atividade já em março de 2013. Tudo para que a missão de levar a divulgação de ciência ao público em geral, através do incentivo à experimentação, conheça agora condições beneficiadas.

O centro, que funciona como uma estrutura de interface da Universidade de Aveiro para a promoção da ciência, e se integra na Rede Nacional de Centros Ciência Viva, apresenta-se com nova imagem, espaço alargado e um programa de atividades multidisciplinar reformulado – concebido em estreita articulação com os vários docentes da UA – que mantém a aposta na interatividade com visitantes e lhe confere características únicas no país.

Voltada para a cidade, e de olhos postos na região, a nova entrada está agora localizada junto à Baixa de Santo

António, e proporcionará melhores condições de acesso e de conforto aos visitantes, sobretudo aos de mobilidade reduzida, que passam a dispor de elevador e rampas de acesso a todos os espaços do edifício.

Aumentam as condições de acolhimento, o espaço de experimentação, as ofertas programáticas e os serviços de apoio. Contudo, na nova Fábrica, a bilheteira não sofre alteração. “Fomos sensíveis à conjuntura do país e consideramos que o preço do bilhete não deve constituir um entrave à visita ao centro”, afirma Pedro Pombo, diretor do espaço.

O projeto de requalificação da Fábrica tem a assinatura da UA e totaliza um investimento de um milhão de euros, comparticipado em 85 por cento pelo programa Mais Centro (QREN).

Programas e valências que convidam à experimentaçãoA Fábrica apresentará um programa diversificado, inovador e repleto de novos desafios para os visitantes. No total, serão 42 propostas em áreas científicas tão diversas como Biologia, Química, Física, Geologia, Matemática, Robótica ou Holografia. As duas últimas integram, inclusivamente, o novo menu de ofertas do centro, que passa a incluir 17 atividades, criadas exclusivamente a pensar nos novos espaços da Fábrica.

Espetáculos, teatros e histórias para comunicar ciência, exposições temáticas, jogos e laboratórios didáticos, saídas de campo e

experiências são as valências apresentadas por um dos maiores centros ciência viva multidisciplinares do país. Algumas das atividades conservam os conceitos de base, que herdaram das antigas instalações, mas todas sofreram requalificação para poderem ser adaptadas às características do novo espaço. “Houve a preocupação de fazer um upgrade e de reconfigurar as valências, quer em termos de desenho cénico, quer em termos de iluminação”, esclarece o responsável pelo centro.

4 mil metros quadrados de ciência: novos espaços e serviçosAs melhores inovações tecnológicas, no que respeita à promoção e divulgação de ciência, vão apetrechar 4 mil metros quadrados e cinco pisos de um edifício que reunirá uma equipa multidisciplinar pronta a acolher os visitantes.

Entre as novas infraestruturas vão encontrar-se espaços versáteis, como um auditório e um cibercafé. O primeiro, com capacidade para 100 lugares sentados, vai conter uma bancada retrátil e servirá para acolher peças de teatro (Questão d’Ar, Diopatra, a Senhora dos Anéis, Oficina do Teatro de Sombras), cafés de ciência, espetáculos para comunicar ciência (Química por tabela 2.0, Física Viva) palestras e festas de aniversário. O cibercafé apresentará dupla funcionalidade: a de serviço de apoio aos visitantes, e à comunidade universitária, e a de espaço expositivo com um conjunto de características que permitirão aliar a arte à ciência.

um espaçorenovado para fabricar ciência

um espaço renovado para fabricar ciênciacultural

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Os 13 novos episódios de “A Química das Coisas” continuaram a debruçar-se sobre temas que fazem parte do quotidiano e mostraram como a Química está presente nos mais inesperados objetos e produtos. Nesta segunda temporada da iniciativa foram revelados, por exemplo, os segredos químicos das cores de outono, das notas de euro, do fogo, dos

artigos de desporto, dos instrumentos musicais, das piscinas, da pastilha elástica e até demonstrada a importância daquela ciência na investigação criminal.

A fórmula de sucesso manteve-se; os episódios, de cerca de três minutos cada, foram produzidos a pensar no grande público e decifraram, numa linguagem acessível e com recurso a explicações visuais apelativas, as mais complexas equações e ligações entre os elementos da tabela periódica.

“Este programa deu-me a oportunidade de utilizar recursos (que de outra forma não estariam ao alcance de um investigador), que mostrem ao público em geral a importância da investigação e do desenvolvimento científico no dia a dia de cada um de nós”, justifica Paulo Ribeiro Claro, autor da iniciativa.

Para além dos episódios, professores e alunos podem aceder, na página oficial http://www.aquimicadascoisas.org/, a todos os recursos produzidos para o programa, designadamente vídeos, ilustrações científicas e textos, e muito material que poderão utilizar nas salas de aula ou na preparação de trabalhos.

Este projeto de divulgação de ciência está estruturado para multiplataformas sendo disponibilizada no Facebook, Twitter, Youtube, Vimeo e Sapo Campus Vídeos há ainda uma versão para iPad. A primeira série, também de 13 episódios, estreou-se em março, na RTP2.

“a química das coisas”segunda temporada

UA desvenda mais segredos químicos do dia a dia

Na Fábrica são usados instrumentos múltiplos para a comunicação e a divulgação da ciência. Imprensa escrita, rádio, televisão e plataformas web são as “indústrias” que têm adquirido os conceitos e programas “manufaturados”. Para conservar e maximizar os produtos produzidos, foi criada a Sala Fábrica Media, composta por uma estrutura de interface com o público, na qual os visitantes podem conhecer em pormenor os trabalhos desenvolvidos, nas suas várias componentes, nomeadamente para a SICK, Rádio Terranova e Diário de Aveiro. Para breve estará ainda a apresentação dos “Snacks de Ciência”, pequenos clips videográficos a exibir na web, onde serão reveladas curiosidades científicas.

Hologramas 3D e robots: uma nova era na divulgação de ciência A holografia é uma área da Física que, transposta para o contexto da divulgação de ciência, existe apenas na Universidade de Aveiro. A partir do próximo ano, esta valência passa a estar, a título permanente, disponível na Fábrica. O Centro Ciência Viva de Aveiro passa, assim, a ser o único no país e um dos poucos a nível internacional, a oferecer programas em que é possível observar várias imagens a 3D e gravar hologramas, através da manipulação de lasers, espelhos e outros componentes óticos.

“Esta é uma área muito interessante e aliciante da tecnologia que começa a integrar o dia a dia das pessoas, ainda que nem sempre se apercebam disso,

e é também uma novidade que marca, uma vez mais, a qualidade da ciência feita na UA”, atesta Pedro Pombo.

Muito apreciada é, igualmente, a robótica, uma área de reconhecido prestígio na UA, que tem suscitado o interesse dos vários públicos da Fábrica e até de outros centros de ciência do país. Novos robots e equipamentos e mais desafios convi- dam os visitantes a iniciar uma viagem pelo mundo da robótica e das máquinas autónomas.

Programas de itinerâncias: deslocalizar para melhor divulgarNos últimos meses, apesar do layoff no que respeita à visitação, a Fábrica manteve a laboração contínua na prestação de serviços, nomeadamente através da criação de kits, módulos e exposições que serviram para equipar centros de ciência em Angra do Heroísmo e em Cabo Verde. Para a cidade da Praia, a equipa de Aveiro idealizou e concebeu todo o centro, através da criação de conteúdos, materiais e atividades de programação do espaço, designado por “Casa da Ciência”. Em curso está ainda o desenvolvimento de módulos para o futuro Centro Cultura e Ciência de Vagos.

Paralelamente, a Fábrica deslocalizou as suas atividades regulares e levou os programas ao coração de Aveiro, dinamizando iniciativas de diálogo entre o público em geral e a comunidade científica em hotéis, centros comerciais ou no Campus Universitário.

O Centro tem também permanentemente disponível um programa de visitas em itinerância, onde leva na bagagem atividades em diferentes formatos. “A Fábrica é uma entidade cuja missão é importante de mais para ficar dentro de portas. Este é um projeto não apenas de Aveiro mas, sobretudo, dos 11 municípios que compõem a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA). O trabalho de itinerância tem vindo a crescer e pretendemos consolidá-lo, só assim conseguiremos manter a ligação com o público que nos acarinha e nos visita”, realça o responsável.

Os cosméticos, o chocolate, o pão, os vitrais ou o fogo de artifício são produtos que resultam de espetaculares manifestações da Química no quotidiano de todos nós. A Química que se esconde por detrás de todas estas reações esteve na base da segunda temporada da série “A Química das Coisas”, emitida em outubro e novembro no sítio oficial do projeto e noutros repositórios digitais. A iniciativa teve a chancela do Departamento de Química da Universidade de Aveiro, produção da Science Office e Duvideo e apresentação de Cláudia Semedo.

cultural “a química das coisas”

marcação de visitas2ª a 6ª feira10h00-13h0014h00-17h30

Fábrica Centro Ciência Viva de AveiroRua dos Santos Mártires3810-171 AveiroTel. 234 427 053www.ua.pt/[email protected]

Horário de funcionamento3ª a 6ª feira10h00-18h00Sábados, domingos e feriados11h00-19h00Encerra2ª feira

ACONTECEU

Ciência para todos os gostos na Semana Aberta de Ciência e Tecnologia da UAA maior festa de celebração e divulgação da ciência made in Universidade de Aveiro abriu portas, pelo 13º ano consecutivo. Durante cinco dias, públicos de todas as idades visitaram a UA e contactaram de perto com os cientistas, as inovações tecnológicas e as descobertas recentes.O programa da semana integrou atividades experimentais, palestras, exposições, workshops, apresentações de projetos e saídas de campo que permitiram o contacto com a comunidade científica da UA. Ao todo foram 140 atividades, divididas por 270 sessões, organizadas por 18 unidades da UA.

Um outono em forma de Festival deu a ouvir Portugal em AveiroO concerto de abertura dos Festivais de Outono de 2012, com o pianista e compositor Luís Pipa e a Orquestra Filarmonia da Beiras, foi o ponto de partida para uma edição de celebração da música portuguesa e de tributo aos músicos portugueses e músicos residentes em Portugal. A 8ª edição dos Festivais de Outono, promovidos pela Universidade de Aveiro, foi concebida também para lembrar que “o talento musical atravessa uma idade de ouro no nosso País”, esclareceu o compositor, docente do Departamento de Comunicação e Arte e diretor artístico do Festival, António Chagas Rosa.A 8ª edição dos Festivais de Outono

apresentou um programa abrangente que incluiu grandes nomes do piano, como Madalena Soveral, Joana Sá, Filipe Pinto-Ribeiro, Luís Pipa e João Rosa, valorizando também os reportórios e os artistas portugueses dos séculos XX e XXI, e incluindo obras de compositores do Departamento de Comunicação e Arte da UA.

portuguesas envolvidas em projetos de cooperação em educação com aquele jovem Estado do Sudeste Asiático. Bendito Freitas ouviu um ponto da situação do desenvolvimento do projeto na UA, que inclui a elaboração de programas de 14 disciplinas do 10º, 11º e 12º anos de escolaridade, respetivos manuais para alunos e guias de professor.O ministro da Educação de Timor-Leste veio acompanhado do adido da Educação da Embaixada de Timor-Leste em Lisboa, João Aparício Guterres, dos seus assessores e do chefe de gabinete do ministro da Educação e Ciência de Portugal, e reuniu-se com o Reitor da Universidade de Aveiro e com a coordenadora do projeto “Falar Português – Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste” na UA, Isabel Martins, e o coordenador adjunto Ângelo Ferreira.Ao longo de cerca de três anos e até março de 2013, o projeto “Falar Português – Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste” produzirá 84 volumes contextualizados e preparados especificamente para a realidade timorense, um trabalho desenvolvido por uma equipa multidisciplinar de 62 pessoas, professores e investigadores da UA e de outras Universidades e, também, professores experientes do ensino secundário.Paralelamente a este projeto e complementar com ele, a Universidade de Aveiro está envolvida na formação contínua de professores para o ensino secundário de Timor-Leste. O projeto é financiado pelo Fundo da Língua Portuguesa (Instituto Camões) e pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Mais informações sobre as iniciativas promovidas pela

UA: http://uaonline.ua.pt

Abertura do Ano da UA com anúncio de mudanças na FCT e apresentação do AINA sessão de Abertura Oficial do Ano Letivo na Universidade de Aveiro foi marcada por novidades no âmbito da investigação e na estratégia de apoio à investigação nas várias instituições nacionais. O presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) esteve na sessão, assistiu à apresentação do novo Aveiro Institute of Nanotechnology (AIN), e anunciou mudanças na estratégia de apoio à investigação. Miguel Seabra falou na diversificação dos apoios à investigação e na intenção de melhorar a comunicação entre a FCT, a comunidade científica e os cidadãos. O Reitor falou em cinco “novas direções” da investigação da UA.

Universidade de Aveiro apresentou manuais do Secundário ao ministro da Educação de Timor-LesteA Universidade de Aveiro recebeu o novo ministro da Educação de Timor-Leste, Bendito dos Santos Freitas, a 26 de novembro, numa das paragens do seu périplo por três universidades

UAnaaconteceu na ua

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LIN

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serviços de comunicação, imagem e relações públicas tlf. (+351) 234 370 211 · jornal on-line http://uaonline.ua.pt

DEZEmBRO

› 19 dezExposição “Frederico de Freitas: do fado à música erudita”

JANEIRO

28 › 29 III Congresso Internacional em Estudos Culturais “Ócio, Lazer e Tempo Livre nas Culturas Contemporâneas”

› 30Exposição de ilustração científica “Miscere utile dulci”

FEVEREIRO

6 › 8Jornadas da Fundação para a Computação Científica Nacional

20Ciclo de debates ESTGAReforma Autárquica: repensar os concelhos?

mARÇO

6 TECLA 2013 – Torneio Estudantil de Computação Multilinguagem de Aveiro

13Dia Aberto da ESTGA – Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda

14 › 16IV Jornadas Nacionais de Ciências Biomédicas

16 › 20Conferência TWAM 2013 “Transboundary water management across borders and interfaces: present and future challenges”

20Ciclo de debates ESTGAEmpresas e instituições: que papel na formação superior?

21 › 22atUAliza-te – Conferências de Marketing

22 › 2416ª Conferência ESAFORM on Material Forming

ABRIL

5 › 67º Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psicologia Experimental

10Workshop Internet of Things: aplicações práticas e inovadoras com Microcomputadores

17Ciclo de debates ESTGACrescer com a Troika?

22 › 24Competições Nacionais de Matemática, Português, Estudo do Meio, Biologia, Física, Geologia, Ciências da Natureza e Físico-Química

22 › 26Semana do Enterro do Ano

mAIO

7 › 8Fórum 3e: emprego | empresas | empreendedorismo

9 › 11XIII Congresso da Sociedade Ibérica de Citometria

16 › 17Conferência sobre Morfodinâmica Costeira e Estuarina

22Ciclo de debates ESTGA(In)segurança na Internet?

29IV Jornadas de Secretariado e Assessoria da ESTGA

31Sessão de entrega de medalhas aos trabalhadores da UA

JUNHO

1Dia da UACerimónia de entrega de diplomas aos graduados da UA