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Ano 14 n 0 144 jun2011 www.teletime.com.br ENTREVISTA A estratégia da Paggo para se tornar a maior rede de pagamentos móveis EVENTO Teles mostram seus planos para competir com as app stores BANDA POPULAR O crescimento da economia gerou no País uma nova classe média digital. Quem são estes consumidores, e como governo e empresas farão para atender à demanda nacional por informação. ESPECIAL

Revista Teletime - 144 - Junho 2011

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Revista Teletime - 144 - Junho 2011

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ENTREVISTAA estratégia da Paggo para se tornar a maior rede de pagamentos móveis

EVENTOTeles mostram seus planos

para competir com as app stores

banda popularO crescimento da economia gerou no País uma nova classe

média digital. Quem são estes consumidores, e como governo e empresas farão para atender à demanda nacional por informação.

especial

Page 2: Revista Teletime - 144 - Junho 2011

oi.com.br

A Oi tem compromisso com a natureza. São várias iniciativas no seu Programa Oi de Sustentabilidade e um único objetivo: promover um futuro melhor pra todos. Mais uma prova disso é que a Oi acaba de integrar o ICO2 (Índice Carbono Eficiente) e está listada pelo terceiro ano no ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), da BM&FBovespa. É a Oi fazendo a sua parte, pra você também fazer a sua. Não precisa ser cliente Oi pra participar. Consulte os pontos de coleta: www.oi.com.br/coletadebaterias

Na oi, você tam bém troca seu aNti go aparelho por um futuro melh or pra todos.todo muNdo pode dar um oi para o planeta. traga seu aparelho e bateria antigos para reciclagem numa loja oi.

NBRJ1.1024.013A-ANUNCIO 46x30,5 COLETA BATERIAS REV TELETIME.INDD 1 5/31/11 11:48:16 AM

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oi.com.br

A Oi tem compromisso com a natureza. São várias iniciativas no seu Programa Oi de Sustentabilidade e um único objetivo: promover um futuro melhor pra todos. Mais uma prova disso é que a Oi acaba de integrar o ICO2 (Índice Carbono Eficiente) e está listada pelo terceiro ano no ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), da BM&FBovespa. É a Oi fazendo a sua parte, pra você também fazer a sua. Não precisa ser cliente Oi pra participar. Consulte os pontos de coleta: www.oi.com.br/coletadebaterias

Na oi, você tam bém troca seu aNti go aparelho por um futuro melh or pra todos.todo muNdo pode dar um oi para o planeta. traga seu aparelho e bateria antigos para reciclagem numa loja oi.

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A realidade da banda larga está mudando rapidamente. E não estamos falando ape-nas de tecnologias, de novos dispositivos. Nesta edição,

trazemos uma série de matérias organiza-das sob o especial temático de Broadband para mostrar um pouco do que está na lógica do mercado. A mobilidade ganha força e já se coloca como a principal ala-vancadora dos novos acessos à Internet em alta velocidade. Os desafios regulató-rios que se impõem nesse novo cenário são muitos, e as políticas estabelecidas precisam ser ágeis para dar conta da evo-lução do mercado. Mas a principal revolu-ção está na ponta do consumidor. Quem compra banda larga não é mais o cliente endinheirado, que não liga para preço e cobra qualidade na Justiça. O novo consu-midor de banda larga no Brasil é, como não poderia ser diferente, a nova classe média, que até há poucos anos sequer sonhava em ter um computador.

Os desafios para atender esse novo consumidor são muitos. Primeiro, é pre-ciso ter disposição e acreditar que essa faixa da população pode ser rentável e lucrativa. E quando observamos a argu-mentação de algumas empresas junto ao governo no embate sobre a massificação da banda larga, o discurso é sempre o de que o grosso da população brasileira não é rentável e que, portanto, precisa-se de subsídios públicos e isenção de impostos para ser atendida. A telefonia móvel prova que isso não é de todo verdade, e nessa edição vemos que tampouco na banda larga essa lógica é verdadeira.

O outro desafio para atender a classe C é de criatividade, é saber vender para uma população que tem o orçamento mais apertado. Algumas empresas começam a dar mostras de que já entenderam essa lógica. Se olharmos para o mercado de TV por assinatura, serviço que sempre foi considerado supérfluo, o grosso do impres-

sionante crescimento registrado nos últi-mos anos foi provocado justamente pela venda de pacotes de menor valor voltados para a nova classe média. A telefonia fixa, por sua vez, perdeu base e não soube se adaptar a esse novo consumidor.

Existe um outro importante desafio a ser vencido, que é o do desenvolvimento de aplicações para atender a essa nova faixa da população. Essa bandeira foi levantada pela Telebrasil e é relevante, já que um elemento impulsionador do acesso digital é aproveitar a infraestru-tura para dar serviços de qualidade e entretenimento para o cidadão.

Mas talvez o maior desafio para con-quistar essa nova classe média digital seja fazer com que as redes de telecomu-nicações fixas cheguem a esse consumi-dor. E não estamos falando apenas da rede de par trançado das concessioná-rias de telefonia. Essa rede já chega a praticamente todos os domicílios urba-nos (ou deveria chegar, pois a regula-mentação assim o exige). O que não está sendo trabalhado nas políticas públicas é a oferta de uma rede concorrente, de alternativas de acesso. E a história recente das telecomunicações no Brasil e no mundo mostra que só existe competi-ção efetiva, com redução de preços, ganhos de qualidade e inovação em ser-viços, quando redes paralelas brigam entre si. O Brasil tem competição com múltiplas redes de acesso e backhaul apenas nas principais cidades. Mas a nova classe média está em todo o Brasil, e fomentar o surgimento de redes de acesso novas fora dos grandes centros deveria ser prioridade número um das políticas públicas. Não é o que se vê. As discussões, até agora, giram apenas em torno de fazer com que as operadoras já existentes levem múltiplos serviços a um preço menor, mas serão sempre as mes-mas empresas. Falta fomentar a compe-tição entre novos agentes.

A banda larga mudou

.:editorial Samuel Possebonsamuca@con ver ge com.com.br

Instituto Verificador de Circulação

presidente Rubens Glasberg

diretores editoriais André Mermelstein Claudiney Santos

Samuel Possebon (Brasília)

diretor comercial Manoel Fernandez

diretor Financeiro Otavio Jardanovski

editorSamuel Possebon

editora adjunta e editora de projetos especiais

Letícia Cordeiro

editor de Mobilidade Fernando Paiva

redação Daniel Machado, Letícia Cordeiro, Fernando Paiva (Rio de Janeiro),

Helton Posseti (Brasília)

consultor especial Cláudio Dascal

arte Edmur Cason (Direção de Arte);

Rubens Jardim (Produção Gráfica); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica);

Débora Harue Torigoe (Assistente); Alexandre Barros (Colaborador); Bárbara Cason (Colaboradora)

departamento comercial Ivaneti Longo (Assistente)

Gerente de circulação Gislaine Gaspar

Marketing Elisa Leitão

Gisella Gimenez (Assistente)

Gerente administrativa Vilma Pereira

teletiMe é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401,

Conj. 603 - CEP: 01243-001 - Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910 - São Paulo, SP. Sucursal SCN - Quadra 02 Bloco D, sala 424 – Torre B - Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 - Fone/Fax:

(61) 3327-3755 - Brasília, DF. Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965)

Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A. Não é permitida a reprodução total ou parcial das

matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

central de assinaturas 0800 0145022 das 9 às 19 horas

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Job: 16861-003 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 16861-003-AFA-TIM-3 PREMIO TELA VIVA 23X30.5 Light Paint_pag001.pdfRegistro: 30526 -- Data: 17:27:35 06/06/2011

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Número

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4316

Editorial 4 | Ponto dE Vista 48 | Produtos 49 | Ponto & ContraPonto 50

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ilustração dE CaPa: Seri

EVEntoCabo de guerraLojas de aplicativos e operadoras disputam o mercado de serviços de valor agregado, sobretudo na classe C, que deve garantir o crescimento do setor no País.

EntrEVistaPreparando vôoMassayuki Fujimoto assume o comando da Paggo e fala sobre os desafios do mobile payment e da migração da empresa para o mercado de adquirência móvel.

EsPECial Banda largaO cenário evolutivo da banda larga fixa e móvel, a nova classe média digital conectada e os desafios político-regulatórios do setor.

rEgulamEntaçãoGanha-ganhaRepresentadas pela Telebrasil, operadoras apresentam ao governo estudo que defende o livre mercado nas regiões mais populosas e políticas públicas nas menos atrativas.

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24 mErCadoClasse média digitalDesprezada por muitos anos, classe C garante o crescimento da Internet e a rentabilidade das teles no País, com consumidores cada vez mais antenados em novas tecnologias e baixo índice de inadimplência.

30 moBilidadEGrande, mas quanto?Internet móvel é a que mais cresce no País, mas é difícil saber quanto, uma vez que operadoras, Anatel e institutos de pesquisa nem sempre adotam os mesmos critérios de medição. Não se entendem nem na definição de “banda larga móvel” e “smartphone”.

34 PolítiCaNovos rumos do PNBL?Trocas de cargos no Minicom e na Telebrás podem dar novos rumos ao Plano Nacional de Banda Larga. Os comentários são de que as mudanças privilegiam as teles nas negociações das metas de massificação da banda larga.

36 intErnEtO desafio dos PTTsFuturo da banda larga depende da ampliação dos pontos de tráfego à Internet (PTTs), infraestrutura que reduz o custo operacional e do serviço ao usuário final, além de multiplicar o número de provedores de serviço. Teles, no entanto, resistem à ideia.

38 artigoRegular a Internet: heresia ou necessidade?Afinal, a Internet é um serviço primário ou de valor agregado? Com a voz cada vez mais commoditizada, a web atualmente viabiliza o crescimento tecnológico e econômico das teles.

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o melhor para você

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A 10ª edição do Tela Viva Móvel, principal evento do País sobre o mercado de conteúdo móvel, que aconteceu nos dias 18 e

19 de maio, em São Paulo, trouxe à tona os esforços das operadoras celu-lares para voltar à cadeia de valor dos aplicativos móveis.

A consolidação do modelo de negó-cios das lojas de aplicativos a partir do lançamento da App Store, da Apple, marcou o fim do reinado das operado-ras móveis sobre o controle dos conteú-dos nos aparelhos de seus clientes. Mais do que perder a dominação desse mercado, as teles foram praticamente excluídas da cadeia de valor nos smart-phones e agora traçam suas estratégias para voltar ao jogo.

O lançamento da WAC (Wholesale Applications Community), uma iniciati-va internacional para a criação de uma plataforma única e padronizada de lojas de aplicativos mantidas por operadoras celulares, mostra que o movimento é global. Criada há cerca de dois anos, a WAC reúne algumas das maiores opera-doras móveis do mundo, como Vodafone, Orange e China Mobile. Três das gran-des operadoras em atividade no Brasil fazem parte da WAC através de suas matrizes: a Vivo, com a Telefónica; a Claro, com a América Móvil, e a TIM, com a Telecom Italia. A Oi avalia sua adesão ainda este ano.

Mas uma “app store” concorrente pode não ser suficiente e a movimenta-ção das operadoras no mercado nacional é uma indicação disso. Se não podem vencê-las, as teles parecem querer juntar-se a elas.

A Oi, por exemplo, discute acordos de billing com lojas de aplicativos de terceiros. A ideia é que essas lojas possam oferecer a cobrança de conte-údo diretamente na conta telefônica ou descontando créditos, no caso de clientes pré-pagos. As conversas estão em andamento com diversos

players, dentre os quais Nokia e Google. A Vivo, segundo seu diretor de produtos e serviços, Alexandre Fernandes, tam-bém começou a negociar diretamente com lojas de aplicativos a oferta de sua estrutura de billing para a compra de

aplicativos como uma alterna-tiva ao cartão de crédito. A Claro está em negociações bem avançadas com lojas de aplicativos e, ao que tudo indi-ca, começará os testes de

cobrança direta na conta telefônica dos usuários ou desconto nos créditos pré--pagos entre o final do primeiro semes-tre e o início do segundo. A estimativa é do gerente de marketing SVA da opera-dora, Rafael Lunes. “É claro que é mais fácil negociar com uma loja de aplicati-vos do que com outra, mas como estas negociações estão sendo feitas pela nossa holding no México para se aplicar a todo o grupo, estamos muito próximos de anunciar uma parceria”, conta.

.:evento Letícia [email protected]

De volta ao jogoDesbancadas pelas lojas de aplicativos, operadoras lutam para voltar à cadeia de valor do mercado de SVA. Classe C deve impulsionar crescimento do segmento no Brasil.

“abrir apis é uma maneira de reentrar num ecossistema de onde havíamos sido excluídos em um primeiro momento”Flávio Ferreira, da TIM

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Galaxy Tab da Samsung, quando a ope-radora fez uma parceria com a Gameloft para a venda de conteúdos de jogos em alta definição. “Todos os nossos apare-lhos já saem com o ícone da Gameloft de jogos em HD. Se tivermos uma pla-taforma de bookstore, podemos embar-car esse aplicativo em todos os apare-lhos que vendemos. Isso também pode valer para vídeo on-demand e música”, explica Lunes. Segundo ele, a Claro deve apresentar diversos lançamentos envolvendo tablets em breve.

Classe CO fenômeno da ascensão econômica

da classe C provoca reflexos no consu-mo de conteúdo no celular, o que pode impulsionar o crescimento do mercado de SVA no País. O lançamento de smart-phones a preços abaixo de R$ 400 e a criação de planos de tráfego de dados voltados para os clientes pré-pagos mostram que as operadoras estão aten-tas a essa oportunidade.

Uma pesquisa realizada pela agência digital Pontomobi em par-ceria com a W/McCann mostra que baixar aplicativos no celular é comum em todas as classes sociais. Chama a atenção o fato de que o índice é muito parecido em todas

as classes: 67,4% na classe A, 61,9% na classe B e 65,5% na classe C. Quando perguntados qual celular os entrevista-dos possuíam, 30% declararam ser donos de um smartphone e 40,5% dis-seram que pretendem trocar de apare-lho nos próximos seis meses. De acordo com Fabio Bruggioni, CEO de mobilida-de e Internet do grupo RBS, controlado-ra da Pontomobi, é provável que na troca de aparelho um percentual eleva-do de usuários adquira smartphones.

O debate realizado no 10º Tela Viva Móvel mostrou que a classe C já conso-me os serviços básicos de SVA e deseja evoluir para os serviços avançados. Algumas barreiras, entretanto, ainda

impedem que o consumidor de baixo poder aquisitivo saia dos formatos mais tradi-cionais de SVA, como os canais de notícia por SMS; embora o SMS ainda seja considerado uma ferramenta com formas de utilização ainda não exploradas.

O primeiro obstáculo que ainda impede a classe C de evoluir no consumo de SVA é

do grupo Telefónica, até o final do ano.

Outra frente da Vivo, revelada durante um dos paineis do Tela Viva Móvel, é tornar possível o desenvolvi-mento de aplicativos móveis por pesso-as comuns e não apenas por empresas especializadas. A operadora está traba-lhando em um projeto de aplicativos “pré-moldados”, já compatíveis com diferentes sistemas operacionais como iOS, Android e JavaScript, e novidades serão divulgadas nos próximos meses.

A chegada dos tablets ao mercado

nacional, segundo Lunes, ofereceu à Claro a oportunidade de tentar outra estratégia para participar novamente da cadeia de valor de conteúdos. “O usuá-rio de tablet não tem foco em serviços de voz. O foco será em consumo de con-teúdo e precisávamos de uma aborda-gem interna diferente para buscar pro-dutos específicos para esses novos devi-ces”, conta. “Nosso grande ativo é a agressividade na distribuição de smart-phones e tablets, com uma forte política de subsídio de aparelhos. O que estamos oferecendo para desenvolvedores e pro-vedores de conteúdo é trabalhar a cus-tomização dos aparelhos vendidos pela Claro”, revela o executivo. Lunes deta-lha que essa foi a estratégia usada no lançamento do

Contornando o problemaAlém de parcerias diretas

com lojas de aplicativos, as operadoras brasileiras ten-tam ainda outras alternativas. A TIM, por exemplo, aparen-temente encontrou uma maneira de contornar o modelo da Apple e voltar à cadeia de valor do mercado de aplicativos móveis. O gerente de marketing de VAS da operadora, Flávio Ferreira, explica que a ideia é abrir uma camada de exposição de APIs de redes e serviços da TIM, especialmente para possibilitar o IP billing. “Isso permitiria, por exem-plo, que um desenvolvedor que tenha aplicativos para iOS ou Android ou em outra loja de aplicativos coloque um serviço dentro do aplicativo que possa ser cobrado por SMS, utilizando nossa infraestrutura de billing”, detalha. De acordo com o executivo, como as opera-doras brasileiras estão caminhando no sentido de abrir essas APIs de serviços, será possível que um desenvolvedor venha a integrar os serviços de SMS de mais de uma operadora num mesmo aplicativo e assim atender a uma base de usuários mais ampla. “De certa forma é uma maneira de reentrar num ecossistema de onde havíamos sido excluídos em um primeiro momento; mas as APIs também permitiriam que as próprias lojas de aplicativos fossem tarifadas pela TIM”, avalia. O primeiro trial interno, com um aplicativo específi-co com serviço de cobrança por SMS, deve ter início na TIM ainda no final do primeiro semestre.

A abertura de APIs para desenvolve-dores teve início no Brasil ainda em 2010 com a Vivo e, segundo o diretor de produtos e serviços da operadora, Alexandre Fernandes, a ideia é expan-dir a iniciativa. Depois de ter criado uma versão para SMS, a operadora tem planos de criar APIs que permitam apli-cações integradas às suas plataformas de ringback tones e de voz, integrando, inclusive, a tecnologia de voice-to-spee-ch, usada hoje no serviço Vivo Torpedo Recado, que em apenas 60 dias conquis-tou 600 mil usuários.

Atualmente, os desenvolvedores parceiros recebem 70% da receita com download de aplicativos na Vivo e 10% do faturamento gerado pelas APIs de rede. As novas APIs serão integradas à BlueVia, plataforma global de APIs

teles foram praticamente excluídas da cadeia de valor nos smartphones e agora traçam suas estratégias para voltar ao jogo

“o que estamos oferecendo é trabalhar a customização dos aparelhos vendidos pela claro”Rafael Lunes, da Claro

“no celular, um aplicativo com

desempenho ruim dá má experiência

para o usuário”Otavio Pecego, da Microsoft

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Embora seja crescente a utiliza-ção de acesso à Internet pelo celular, os serviços baseados em

SMS ainda têm um grande potencial de crescimento, na opinião dos partici-pantes do Tela Viva Móvel. Para Richard Ferraresi, CTO da Peopleway, por exemplo, ainda não foi suficiente-mente explorado o uso de SMS para a aquisição de cupons de descontos e micropagamentos.

Federico Pisani, CEO da Hanzo, lembra que, neste caso, é importante a combinação do serviço com o mobile marketing. “Boa parte dos consumido-res não tem crédito, por isso o mobile marketing é tão importante”, afirma ele. O executivo acredita que os servi-ços baseados em SMS vão crescer

ancorados em conteúdo e interativida-de. Renato Marcondes, gerente geral da Playphone, lembra da necessidade de reduzir o preço. “Não existe mais essa de R$ 0,31 por mensagem. No final do mês, dá uma assinatura de TV a cabo”, afirma.

Com seu modelo de negócios, a Apple e seu iOS dominam com facili-dade a preferência dos desenvolvedo-res de aplicativos. “Os desenvolvedo-res primeiro fazem aplicativos para o iOS, que é onde tem mais dinheiro. Depois, se der tempo, desenvolvem para Android, que começa a ter uma base de devices já significativa. Só depois, numa terceira etapa – e que não se iniciou ainda –, é que pensarão em desen-

volver para uma outra plataforma”, explicou o CTO da Movile, Flávio Stecca, no painel “O futuro dos apps”, durante o Tela Viva Móvel.

Ele ressalta, entretanto, que a ten-dência é de que o desenvolvimento se fragmente com a grande adoção do sistema operacional (OS) Android e o potencial do WP7, depois do acordo da Microsoft com a Nokia. “Com o OS da Microsoft chegando agora, será mais um pesadelo para o desenvolvedor. Teremos que montar uma equipe para desenvolver para WP7”, diz o diretor da Maya, Adriano Santangeli. O arqui-teto de soluções da Microsoft Brasil,

Otavio Pecego Coelho, admi-te que a empresa se atrasou para lançar o seu sistema operacional e que agora terá de brigar para recuperar mercado frente ao Android e ao iOS. “A verdade é que houve muito foco em design, em aperfeiçoamento do Marketplace e no fechamen-to de parcerias. Estamos atrasados, mas chegamos

.:evento

Novos caminhos para o SVA

o acesso ao plano de dados. Essa barreira, entretanto, começa a ser ven-cida pelas teles. A TIM, por exemplo, comemora o sucesso do seu plano Infinity Web. Por R$ 0,50 por dia o cliente pré-pago tem acesso ilimitado à

web sendo que ele só é tarifado nos dias que ele usa o serviço. Para os clientes pós, a oferta é semelhante: acesso ilimi-tado a R$ 29,90 por mês e o cliente só paga no mês em que ele utilizar. Desde que o serviço foi lançado, a operadora registrou um aumento de cinco vezes no número de usuários que acessam à Internet por dia, informa Flávio Ferreira, gerente de marketing da TIM.

Outra barreira que aos poucos vem sendo vencida pelas operadoras é o aparelho. A TIM abandonou a estratégia de aparelho bloqueado. Ferreira afirma que hoje 10% dos clientes têm smar-tphones e que esse percentual deve chegar a 18% ao final do ano. Segundo ele, cerca de 65% dos proprietários de smartphones usam a Internet em pelos menos cinco dias por mês. Ferreira defende a tese da redução de preço para estimular o uso dos SVAs. “Não dá para cobrar R$ 5 por um truetone quando se fala em classe C”. Na TIM por R$ 5 por mês o cliente tem direito a cinco músi-cas inteiras.

o primeiro obstáculo que ainda impede a classe c de evoluir no consumo de sva é o acesso ao plano de dados

“hoje, para o desenvolvedor de uma aplicação que não faz grande sucesso logo de início, a loja

de aplicativos funciona como cauda longa, e a receita acaba sendo muito pequena”

Eduardo Peixoto, do C.E.S.A.R

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num design muito bom e estamos apostando nisso”, argumenta. Pecego explica que a Microsoft optou por um modelo intermediário entre o de seus concorrentes Android e iOS. “Temos um sistema operacional que dá pou-quíssima abertura ao fabricante por-que o OS também é uma marca e ter o controle do dispositivo cada vez fica mais importante. No celular, um apli-cativo com desempenho ruim fica evi-dente muito rapidamente e dá uma má experiência para o usuário; por isso o Marketplace está cada vez mais rigo-roso com terminais e aplicativos”.

HTML5“A fragmentação deve piorar ainda

mais com o surgimento de outros dis-positivos conectados como GPS para carros, tablets, TVs, entre outros, e os desenvolvedores terão de se preparar para isso”, alerta Stecca, da Movile. Para ele, a tecnologia HTML5, que deve ter suas especificações concluídas em 2014, será a alternativa para facilitar o desenvolvimento cross-plataforma. “É a alternativa para o desenvolvimento nativo e, se conseguir browsers padro-nizados, a tecnologia conseguirá esca-la”, diz. A Movile lançou no final de dezembro a sua loja de aplicativos em HTML5 Zeewe, que já conta com mais de 600 mil usuários, a maioria nos EUA e na Europa.

Já o diretor da Maya, Adriano Santangeli, embora admita que as pos-sibilidades dos HTML5 o agradem muito como desenvolvedor, acredita que estas demorarão a se concretizar. “Ainda há interesse das empresas de manter o desenvolvedor no sistema nativo, até mesmo como diferencial competitivo. O HTML5 vai crescer muito, mas conviverá com o desenvol-vimento nativo por algum tempo”.

Para o executivo chefe de negócios do C.E.S.A.R, Eduardo Peixoto, “com o HTML5 as aplicações poderão ser desenvolvidas apenas uma vez, sem precisar de todo trabalho de portar as aplicações. Peixoto compara o mercado de aplicativos ao de música, onde quem ganha não é que faz a música, mas sim as gravadoras – no caso, as lojas de aplicativos. “Hoje, para o desenvolve-dor de uma aplicação que não faz gran-de sucesso logo de início, a loja de aplicativos funciona como cauda longa, e a receita acaba sendo muito peque-na”, conclui.

Os melhores de 2010

GRAND PRIX DO JÚRICase: Plataforma Vivo de Mobile LearningEmpresa: VivoParceiros: La-mark, TIMwe e SupportComm

GRAND PRIX POPULARCase: Vivo OnEmpresa: VivoParceiros: Box 1824

APLICATIVO MÓVELCase: Pão de Açúcar DeliveryEmpresa: Grupo Pão de AçúcarParceiros: Grupo Pontomobi e Mobmidia

COMUNIDADE/REDE SOCIALCase: Vivo OnEmpresa: VivoParceiros: Box 1824

GAMECase: Jogos HD para tabletsEmpresa: ClaroParceiros: Gameloft e Samsung

INTERATIVIDADE COM MíDIACase: Páreo da sorteEmpresa: SBTParceiros: Jockey Club de São Paulo, Peopleway, Ratinho (Carlos Massa), Claro, CTBC, Oi, Sercomtel, TIM e Vivo

MOBILE MARKETINGCase: Chip do BrahmeiroEmpresa: AmbevParceiros: Aorta e Claro

MÚSICACase: Rádio SkolEmpresa: AmbevParceiros: Aorta e F/Nazca

SITE MÓVELCase: ZeeweEmpresa: MovileParceiros: N/A

TABLETCase: Veja no iPadEmpresa: Editora AbrilParceiros: Woodwing

UTILIDADE PÚBLICA/REDE SOCIALCase: Infinity Web e portal TIMEmpresa: TIM BrasilParceiros: Opera, Facebook, Google (Orkut), Twitter, Microsoft, Yahoo! e Cre8

VíDEOCase: Status: solteiraEmpresa: OiParceiros: Par Perfeito (Match Latam), Dinamo Filmes, M4U e Tam Viagens

•••

AGÊNCIA DE MOBILE MARKETINGEmpresa: Pontomobi

AGREGADOR DE CONTEÚDOEmpresa: Esporte Interativo

DESENVOLVEDOREmpresa: Aorta

INTEGRADOREmpresa: PureBros

OPERADORAEmpresa: TIM

PROVEDOR DE CONTEÚDOEmpresa: iG

O Prêmio Tela Viva Móvel, que anualmente homenageia os melhores cases e empre-

sas no segmento de serviços de valor adicionado (SVA) no Brasil, foi marcado este ano pelo volume recorde de cerca de 12 mil votos nas 18 categorias desta-cadas em 2011, uma votação três vezes maior do que a registrada no último ano.

Os vencedores das 18 categorias foram anunciados em cerimônia na pri-meira noite do evento Tela Viva Móvel, em São Paulo. Nesta edição, concorre-

Com votação recorde, a terceira edição do Prêmio Tela Viva Móvel celebrou os destaques em cases e empresas do mercado de SVA no Brasil em 2010

ram cases lançados comercialmente no País em 2010; e, nas categorias de

empresas, foi avaliada a atuação no setor de SVA em 2010 de cada inscrito.

A Vivo ganhou três troféus, incluindo o Grand Prix do Júri,

com o case mais bem avaliado pelos jurados, e o Grand Prix Popular, com o case com maior quantidade de votos populares. Merecem desta-

que também a Ambev e a TIM, com dois troféus cada, incluindo o

de melhor operadora para esta última. Conheça os vencedores por categoria:

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.:evento | Galeria

Zazá Sales (esquerda) e Flávia Biasotto (direita), da Pontomobi, recebem de Rubens Glasberg, da Converge, o troféu da categoria Aplicativo Móvel, pelo case “Pão de Açúcar Delivery”. A Pontomobi venceu a categoria Agência de Mobile Marketing.

Filipe Rosa (esquerda), do MEF, entrega o prêmio da categoria Site Móvel a Fabrício Bloise, da Movile, pelo case “Zeewe”.

André Mermelstein (esquerda), da Converge, entrega troféu da categoria vídeo a Bruno Vieira, da Oi, pelo case “Status: solteira”.

Rafael Lunes, da Claro, recebe de Samuel Possebon (direita), da Converge,

o prêmio da categoria Game, pelo case “Jogos HD para tablets”.

O Esporte Interativo foi eleito o melhor Agregador de Conteúdo. No centro, Manoela Castello recebeu o troféu de Patrícia Linger (de colete branco), da

Converge. A equipe do Esporte Interativo, da esquerda para a direita: Marília Lima, Maurício Portela, Fabio Sá, Manoela Castello, Felipe Aquilino e Sergio

Lopes. Na frente, abaixado, Eduardo Gatto.

Ricardo Anderáos (centro), da MTV, entrega a João Victor Martins (direita) e Felipe Bernal o troféu Grand Prix do Júri com a “Plataforma Vivo de Mobile Learning”. O case "Vivo On" deu também à Vivo o Grand Prix Popular e o prêmio da categoria Comunidade/Rede Social.

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O case “Páreo da sorte”, do SBT, foi o vencedor da categoria Interatividade com Mídia. Fernando Paiva, da Converge, entregou o troféu ao time do SBT: Ana Paula

Barbizan, Ana Carolina Oliveira e Giovana Raposo Matiussi.

Gustavo Mansur

(esquerda), do Grupo Abril,

recebe de Rubens

Glasberg o troféu da categoria

Tablet pelo case “Veja no iPad”.

Renato Virgili, da Aorta, recebe pela parceira Ambev o prêmio da categoria Música pelo case “Rádio Skol”. À direita, Manoel Fernandez, da Converge. Ambev e Aorta também levaram a categoria Mobile Marketing com o case “Chip do Brahmeiro” e Aorta levou ainda o troféu de melhor Desenvolvedor.

Claudio Roberto T. Coelho (esquerda), da Apadi, entrega prêmio da categoria Utilidade Pública/Rede Social a Flávio Ferreira, da TIM Brasil, pelo case “Infinity Web e portal TIM”. A TIM também levou o troféu de melhor operadora.

André Mermelstein (esquerda), da Converge, entrega a Ricardo Ferro, do iG, a premiação da categoria Provedor de Conteúdo.

Ari Meneghini (esquerda), da IAB Brasil, entrega prêmio da categoria Integrador a

Fernando Dias, da Pure Bros.

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.:entrevista

Após a entrada da Cielo como acionista com 50% de parti-cipação, a Oi Paggo está pas-sando por uma profunda

transformação. A empresa deixará de ser uma bandeira de cartão de crédito no celular para virar uma rede de adquirência móvel que funcione em qualquer operadora e com qualquer bandeira de cartão. Seu público alvo principal serão os 2,5 milhões de ven-dedores de porta a porta que existem no Brasil, além da própria Cielo, cujas máquinas de POS serão adaptadas para aceitarem pagamentos via celu-lar. Paralelamente, Oi e Banco do Brasil anunciarão nos próximos meses um cartão co-branded, o primeiro a ser captado pela Paggo enquanto rede de adquirência.

Como forma de expressar a nova fase, a logomarca foi alterada e a pala-vra Oi foi suprimida. A antiga contro-ladora continua com 50% do capital, mas está disposta a dividir sua partici-pação de maneira igualitária com outras teles que desejarem entrar no negócio. O afastamento da Oi será também físico: a Paggo transferirá sua sede, hoje localizada em Ipanema, no Rio de Janeiro, para São Paulo, em um edifício vizinho à Cielo.

Para comandar essa reestrutura-ção, foi contratado o executivo Massayuki Fujimoto como novo CEO da Paggo. Em entrevista para a TElETIME, ele falou sobre os novos planos da empresa e sobre o futuro do mercado de m-payment no Brasil. Uma de suas apostas é a de que o NFC (Near Field Communications) decole no Brasil este ano, mas embutido nos cartões de plástico, não nos celulares.

TeLeTiMe - Há grande expectati-va este ano em torno de serviços de m-payment ao redor do mundo, prin-cipalmente em relação à tecnologia NFC (Near Field Communications), com o lançamento do Google Wallet e da rede isis, nos eUA. Qual será o reflexo dessas iniciativas no Brasil?

Massayuki Fujimoto - Haverá reflexos porque os principais vendors dessa tecnologia procuram os players brasileiros, tanto bancos quanto adqui-rentes, dado o tamanho dessas empre-sas no Brasil. Os adquirentes brasilei-ros estão entre os maiores do mundo em quantidade de terminais. Eles influenciam a fabricação de terminais com novas tecnologias, pois têm esca-la.

São maiores que os americanos?

o nfc no brasil vai acontecer este ano e vai ser liderado pelos bancos. mas é um projeto muito caro. dependendo da escala, a conta não fecha.”

Não são maiores que a First Data, mas são maiores que a maioria dos adquirentes americanos e europeus. O Brasil tem uma característica muito particular em termos de serviços financeiros em geral. Temos aqui o melhor serviço financeiro do mundo. Os bancos brasileiros são os mais modernos em termos de tecnologia e em termos de produto, pois são múlti-plos. Um executivo de banco brasilei-ro conhece todos os produtos: segu-ros, cartões de crédito, cheque espe-cial etc. É um executivo bem completo em comparação com aqueles de outros mercados. Isso facilita o desen-volvimento de novos negócios e de novas tecnologias. O NFC no Brasil vai acontecer este ano e vai ser liderado pelos bancos. Para o NFC ser realida-de na mão da população precisa haver uma rede de aceitação ampla, que é montada pelos adquirentes. Mas é um projeto muito caro. Dependendo da escala, a conta não fecha.

Quanto custaria adaptar as máquinas de POS para aceitar NFC?

Em torno de US$ 400 por terminal.

É preciso trocar a máquina intei-ra? Não é possível uma adaptação?

Alguns terminais têm entrada para a conexão de uma leitora, mas a leito-ra é cara e talvez não garanta o nível de segurança necessário.

Qual é o tamanho do parque de terminais POS no Brasil hoje?

A Redecard deve ter 1,4 milhão e a Cielo, algo próximo a 1,8 milhão. Para entender essa questão do custo é importante lembrar que a principal característica de uma transação NFC é ter um tíquete baixo. O objetivo é privi-legiar a velocidade da transação em

De porta em portaComo a Paggo tenta desbravar um novo caminho para fazer bancos e operadoras de telefonia móvel convergirem na oferta de serviços bancários.

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Massayuki Fujimoto

Fernando Paiva, do Rio de [email protected]

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detrimento da necessidade de seguran-ça. Você simplesmente encosta o cartão e faz um micropagamento de um cafe-zinho, por exemplo. Para esse tipo de transação, se você não quer que ela demore, não pode exigir a senha. E aí, como são transações menores, aquele terminal não se paga.

então a conta não fecha mesmo?A conta fecha dependendo da

escala. Tem uma vantagem particu-lar do mercado brasileiro que é o fato de os cartões serem de cré-dito e débito. Isso concentra em um único dispositivo duas linhas de serviço, garantindo mais rentabilidade para o meio. O NFC seria um terceiro serviço sobre a mesma rede.

e os bancos brasileiros estão se movendo para lançar NFC?

O que vai acontecer no Brasil é que muito provavelmente os bancos lançarão seus cartões de plásticos com NFC. O Brasil vai começar com plástico, como aconteceu em todos os países do mundo. Isso é necessário para garantir escala e, consequente-mente, para viabilizar a implantação dos terminais de leitura. Só depois de haver uma escala mínima de aceitação é que veremos o NFC apli-

cado no celular.Quanto custará substituir os car-

tões de plástico no Brasil pela versão com NFC?

Dependendo da escala, pode che-gar ao mesmo custo do cartão tradi-cional de hoje.

Bancos e operadoras de telefonia celular parecem não falar a mesma língua quando o assunto é mobile

payment. existe uma queda de braço para saber de quem é o cliente. Na opinião de um executivo como você, que já esteve dos dois lados, quem vai ganhar essa disputa?

Acho que os dois vencem. Os dois lados têm a sua contribuição no rela-cionamento com o cliente. Acho que já chegamos a um consenso. Algumas operadoras e bancos formaram parce-rias para explorar esse mercado. A Paggo é fruto disso. Hoje 50% da Paggo é da Cielo e 50% é da Oi. E nossa ideia é de que a Paggo seja mul-tioperadora. Queremos atrair outras teles como sócias na Paggo para explo-

rar esse serviço junto com as institui-ções financeiras. Não faz sentido um serviço de m-payment ficar amarrado a um único player, pois não teria acei-tação e nem escala.

O fato de estar ligada a uma única operadora seria a principal razão para a Oi Paggo não ter deslanchado nesses quase cinco anos de vida?

Sim. Esse foi um dos fatores. Existem outros. Um deles é o for-mato de mercado que não era sufi-cientemente desa-fiador para que as indústrias apostas-

sem nessa direção. Faltava um modelo claro para que investidores, tanto do lado de telecom quanto do lado bancá-rio, tivessem certeza de que esse negó-cio teria escala e daria retorno. Está acontecendo tudo ao mesmo tempo no Brasil. O País é uma das estrelas da economia mundial, registra uma expansão econômica, inclusão de uma população nova na classe média: isso tudo faz com que os meios de paga-mento tenham que se ampliar para fronteiras para as quais não havia necessidade, porque não havia deman-da. Só que a estrutura de custos que foi montada pelos meios de pagamento

queremos atrair outras teles como sócias na paggo para explorar esse serviço junto com as instituições financeiras.”

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com celular e entende esse novo meio de pagamento. Atualmente a maioria dos lojistas não sabe que pode receber com celular. Isso é uma barreira. É preciso educar o público que paga e o

público que recebe.Na África, serviços de transferên-

cia financeira entre celulares são um sucesso, como o M-Pesa, do Quênia. Aqui, restrições na regulamentação do Banco Central impedem que se lance algo parecido. A mudança des-sas regras está em discussão?

Sim. As instituições financeiras estão trabalhando em uma proposta. Acredito que se criarmos um tipo de conta com algumas limitações de transações, conseguiremos viabilizar a regulamentação. Existe muito risco de lavagem de dinheiro, de uso de laranjas em larga escala para fazer o dinheiro circular nos sistema. A saída é criar uma conta com limites que inibam essa atividade e que, ao mesmo tempo, atraia o público das

classes C, D e E. Uma vendedora de porta a porta não precisa fazer uma transação de R$ 15 mil. Ela precisa fazer várias pequenas transações de R$ 50 ou R$ 100. Acredito que dentro de um ano ou um ano e meio teremos essas novas regras aprovadas.

esse cartão co-branded Oi/Banco do Brasil que você mencionou terá alguma relação com a Paggo?

A Paggo vai capturar esse cartão. A Paggo estará presente nos termi-nais da Cielo, como uma funcionalida-de móvel. Quando um cliente do car-tão Oi/Banco do Brasil chegar em uma loja que tenha a máquina da Cielo, vai poder pagar com o celular da Oi em vez de usar o plástico. Isso aumentará a aceitação e ajudará na criação de uma cultura de pagamento com celular.

Quando as máquinas da Cielo estarão interligadas com a Paggo, aceitando pagamento pelo celular?

Essa adaptação vai começar a ser feita daqui a um ou dois meses, remo-tamente. Estará pronta até o final deste ano.

A Paggo, enquanto bandeira de cartão de crédito, terá um cartão

plástico também?Não. A Paggo dei-

xará de ser uma ban-deira para se tornar uma adquirente móvel para complementar o mercado da Cielo, principalmente no seg-

mento de venda direta e porta a porta, que está crescendo bastante no Brasil. Ou seja, vamos atender a um público que hoje a rede da Cielo não tem capa-cidade de atender. Esse mercado porta a porta atinge 76% dos municípios bra-sileiros, ou 120 milhões de pessoas. E conta com uma força de vendas de aproximadamente 2,5 milhões de pro-fissionais. Quero botar um celular na mão de cada um deles para receber pagamento de cartão de crédito.

De qualquer cartão?Sim, de qualquer cartão. Vamos

começar por esse cartão Oi/Banco do Brasil, que deve ser lançado este ano ainda. No futuro vamos capturar qualquer bandeira. Queremos ser multioperadora e multibandeira.

atende a um determinado mercado. Esse novo mercado que está surgindo no Brasil trabalha com outros pata-mares de custo e com outra realidade de usabilidade, de localização, de for-malidade... Existem variáveis diferen-tes e precisamos criar um instrumento que seja adequado a esse novo públi-co. Os bancos e meios de pagamento tradicionais seguem uma rotina que demanda muito de seus investimentos e atenção. Para dividir essa mesma estrutura com o mercado novo seria um esforço e um risco altos. A solu-ção encontrada em outros países foi criar outra estrutura para atender a essa nova demanda. Ao longo dos últimos cinco anos o Brasil teve uma inclusão de cerca de 30 milhões de pessoas na classe C. A maior parte dos produtos e serviços desenvolvidos no Brasil focam nas classes A e B, que sempre foram as classes com poder de compra. Essa nova classe C muitas vezes nunca consumiu serviços finan-ceiros. Os produtos que existem hoje endereçados às classes A e B não são adequados à classe C.

O celular pode ser um instrumen-to para estimular a bancarização no Brasil?

Com certeza. Mas existe a necessi-dade de uma educação por etapas. Os consumidores não estão acostuma-dos a contratar serviços financei-ros de uma operadora celular. Sempre tem uma indústria de referência. Se for pegar um car-tão de crédito, o consumidor precisa do tangível, do plástico. A Oi e o Banco do Brasil lançarão um cartão de plástico co-branded, tal como fizeram outras operadoras com outros bancos. A gente poderia lançar esse cartão sem plástico, só no celular, como foi o Paggo. Mas a experiência da Paggo trouxe para a gente muitas lições. Uma delas é que a população mais simples precisa de algo para “tangibilizar” o serviço, que ela obser-va que as outras pessoas possuem. E o plástico é uma referência. Não adianta dizer para o consumidor que ele pode pagar com o celular se quando ele chega na loja está todo mundo pagan-do com plástico. Gera até um cons-trangimento, uma insegurança. O con-sumidor só vai se sentir confortável em pagar com celular quando ele perceber que o lojista sabe receber

atualmente a maioria dos lojistas não sabe que pode receber com celular. isso é uma barreira. é preciso educar o público que paga e o público que recebe.”

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Será a mesma solução tecnológica que vocês têm hoje?

Sim, mas estamos mudando o foco da empresa para endereçar ao público que realmente precisa de um meio mais barato para vender com cartão de crédito. O que existiu no passado foi um conflito entre essa solução e a máquina tradicional de POS. O feedback que tivemos dos lojistas parceiros da Oi Paggo é que passar o cartão em uma máquina é muito mais fácil do que digi-tar os dados no celular.

A instalação do aplicativo da Paggo no chip pode ser feita over--the-air (OTA)?

Para os chips da maioria da base da Oi hoje, sim, podemos fazer over-the--air. Ou seja, não precisaremos trocar o chip. O primeiro menu é genérico e dali pra frente há uma personalização que não está no chip, mas no servidor.

Se outras operadoras entrarem como sócias da Paggo, a aplicação terá que ser instalada em seus chips tam-bém?

Elas trabalharão com seu público como fazem normalmente. A diferença é que terão a oferta de um chip com a aplicação da Paggo embarcada.

Como a Paggo pretende conven-cer outras operadoras móveis a virar suas acionistas?

A melhor maneira de atraí-las é mostrando o serviço funcionando com qualidade e atendendo o público que interessa, tanto o lojista quanto o por-tador. Temos que mostrar para as operadoras uma estratégia de médio e longo prazo que contemple a banca-rização da baixa renda e a oferta da nossa carteira virtual.

A Paggo vai remunerar as opera-doras pelos SMS enviados?

Sim, isso fará parte do nosso custo.

A Paggo trabalhará com outras tecnologias de pagamentos móveis além dessa solução atual baseada no SiMCard?

Sim. A Paggo, por exemplo, passará a ser responsável por oferecer ao mercado a solução que a Cielo desenvolveu para iPhone. A gente vai criar aplicativos tam-

bém para Android. Estamos avaliando USSD e SMS simples. Queremos ser o braço de tecnologia digital da Cielo para novos mercados.

Como enxerga a convergência entre comércio eletrônico e mobile--payment?

O principal benefício da convergên-cia entre Internet e celular é a auten-ticação da transação através de um segundo meio, que é o celular, que é muito mais seguro que a Internet. A Paggo vai servir como meio de auten-ticação da transação. Isso pode ser feito digitando apenas o seu número de cartão no site e depois confirmando no celular. Ou recebendo uma senha no celular para digitar no site.

A Paggo revisou sua estratégia de marketing algumas vezes. Começou anunciando em veículos de massa, como TV, e depois optou por micro-marketing com foco no Nordeste. Qual será a estratégia a partir de agora?

Ainda não está completamente defi-nida, mas vamos trabalhar canais que façam parte do contexto desse público de venda porta a porta. Provavelmente usaremos micromarketing, redes sociais e SMS.

Quando vocês atrairão as outras bandeiras de cartões?

A partir do ano que vem.

A Paggo vai virar então uma rede de adquirência para o vende-dor móvel?

Exatamente. A gente quer que a Paggo se transforme em um meio para essas pessoas terem uma renda adicional. Muitos desses profissio-nais de venda porta a porta estão nessa atividade porque não conse-guem um emprego formal. Essa é a maneira de terem uma renda recor-rente. Muitas vezes recebem paga-mento em cheque e levam calote. O recebimento com cartão de crédito elimina o risco de fraude. E parale-lamente vamos inserir esse profis-sional no sistema financeiro, porque ele precisará de uma conta bancá-ria. Estamos negociando com nos-sos parceiros a criação de uma conta bancária para baixa renda, que não tenha tantas exigências de documentações e que permita ao correntista receber os pagamentos e reali-zar compras através do celular. Outra possibilidade é permitir que esses profissionais vendam recarga de telefone pré-pago através do celular, gerando uma nova fonte de renda para eles.

Quando a Paggo concluirá essa transição de bandeira para rede de adquirência móvel?

A Paggo chegou a ter 250 mil portadores e 90 mil estabelecimen- tos, mas agora não está mais expan-dindo. À medida que os portadores Oi Paggo passarem para o Oi/Banco do Brasil, essa carteira diminuirá até dei-xar de existir.

Como rede de adquirência, a receita da Paggo virá de uma taxa por transação?

Exatamente.

e do aluguel das máquinas, no caso, os celulares?

Não, aí não. O nosso público usará o seu celular pessoal na maioria das vezes. Algumas empresas talvez pre-cisem oferecer o celular para o usuá-rio e aí ela cobrará um aluguel. No nosso caso, como a solução está no chip, não precisamos cobrar aluguel.

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outra possibilidade é permitir que esses profissionais vendam recarga de telefone pré-pago através do celular, gerando uma nova fonte de renda para eles.”

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24 MercadoClasse média digitalDesprezada por muitos anos, classe C garante o crescimento da Internet e a rentabilidade das teles no País, com consumidores cada vez mais antenados em novas tecnologias e baixo índice de inadimplência.

30 MobilidadeGrande, mas quanto?Internet móvel é a que mais cresce no País, mas é difícil saber quanto, uma vez que operadoras, Anatel e institutos de pesquisa nem sempre adotam os mesmos critérios de medição. Não se entendem nem na definição de “banda larga móvel” e “smartphone”.

34 políticaNovos rumos do PNBL?Trocas de cargos no Minicom e na Telebrás podem dar novos rumos ao Plano Nacional de Banda Larga. Os comentários são de que as mudanças privilegiam as teles nas negociações das metas de massificação da banda larga.

36 internetO desafio dos PTTsFuturo da banda larga depende da ampliação dos pontos de tráfego à Internet (PTTs), infraestrutura que reduz o custo operacional e do serviço ao usuário final, além de multiplicar o número de provedores de serviço. Teles, no entanto, resistem à ideia.

38 artiGoRegular a Internet: heresia ou necessidade?Afinal, a Internet é um serviço primário ou de valor agregado? Com a voz cada vez mais commoditizada, a web atualmente viabiliza o crescimento tecnológico e econômico das teles.

.:especial banda larGaAs mudanças no setor nos últimos cinco anos, o novo perfil do usuário digital, o crescimento exponencial dos serviços e tecnologias móveis, o real tamanho do mercado de banda larga móvel, as mudanças estruturais no Minicom e Telebrás e seus impactos no Plano Nacional de Banda Larga. Neste especial, buscamos analisar o cenário atual dos serviços e suas perspectivas.

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.:especial banda larGa | Mercado | Daniel [email protected]

24 especial banda larGa | TeleTime jun_2011

De um lado, o bairro do Morumbi, um dos mais ricos de São Paulo, sinônimo de luxo e sofisti-cação; do outro, a favela de Paraisópolis, segunda maior de São Paulo, que há cinco

anos começou a ser asfaltada e conta com coleta de esgoto em somente 30% de seus domicílios. Qual dos bairros vizinhos é mais digital? Qual deles gasta mais tempo na Internet? Se a resposta foi Morumbi, ela pode não ser a mais exata.

Para o presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), Eduardo Neger, muita coisa mudou nos últimos 15 anos, quando a associação foi formada, principalmente com a ascensão social dos 30 milhões de brasileiros que nos últimos anos, segundo dados do governo, migraram das classes D e E para a classe C. “Nos últimos cinco anos, principalmente, o perfil predo-minante de internauta passou a ser o da classe média, não mais dos extratos sociais mais abastados”, diz. As operadoras alegam saber disso e dizem que trabalham com estratégias e serviços cada vez mais voltados para esse público. Mas a realidade não é bem essa.

A comunidade de Paraisópolis é um dos símbolos dessa nova classe média brasileira, que atualmente forma o maior grupo social do País. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), eles são 91 milhões de pessoas com renda mensal de R$ 1.064 a R$ 4.591. De acordo com o Ibope Mídia, representam 47% da população e

têm idade de 12 a 64 anos.A redução do desemprego, a elevação do salário

mínimo acima da inflação, a ampliação do acesso ao crédito e a valorização do real – associados a políticas públicas, como o Bolsa Família – são os principais gati-lhos desse fenômeno sócio-econômico. Porém, o ponto a se destacar é que, com a melhoria de vida, a Internet ganhou um papel fundamental para esse grupo social. Tão fundamental que nos últimos três anos mais de 45 milhões de brasileiros da classe C passaram a acessar a web, a maior migração tecnológica já vista desde a che-gada da televisão ao País, nos anos 50. Em 2004, segun-do o Target Group/Ibope, 65% dos internautas brasilei-ros pertenciam às classes A e B, enquanto 29% eram da classe C. Em cinco anos, essa diferença despencou de 36 para 8 pontos percentuais: ou seja, em 2009 as classes mais altas passaram a representar 50% desse total, ante 42% da classe média, que empata em número de inter-nautas se forem considerados os 8% das classes D e E.

E para o instituto de pesquisa Data Popular, esses números estão subestimados: 80% de internautas no Brasil são da classe C. “A nova classe média movimenta R$ 273 bilhões na web por ano somente com seu salá-rio. Se considerarmos o crédito disponível a ela, esse montante dobra”, informa Renato Meirelles, sócio--diretor do Data Popular.

O diretor de segmentos da Telefônica, Márcio

Classe média digitalA CLASSE C é O DESTAqUE NO CRESCIMENTO DA INTERNET NO PAíS. CONSUMIDORES SãO ANTENADOS EM NOVAS TECNOLOGIAS, BONS PAGADORES, ESTãO SEMPRE ONLINE E REPRESENTAM O MERCADO MAIS RENTáVEL PARA AS OPERADORAS.

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a penetração dos serviços de banda larga nas classes mais altas já é grande. quem garante o crescimento do speedy é o público das classes c e dMárcio Fabbris, da Telefônica

estamos presenciando uma verdadeira revolução digital acontecendo bem diante dos nossos olhosJoseph Crump, da Razorfish

jun_2011 TeleTime | especial banda larGa 25

Fabbris, acrescenta: “A penetração dos serviços de banda larga nas classes mais altas já é grande. Quem garante o crescimento do Speedy (serviço de Internet da operadora) realmente é o público das classes C e D”.

Nova classe média digitalA nova classe média vem chamando

tanto a atenção do mercado e dos especia-listas que no final do ano passado a consul-toria norte-americana Razorfish realizou um estudo, em parceria com o portal Terra, sobre os hábitos e comportamentos desses consumidores. Batizado de The Stampede (“A debandada”), o documento apresenta um retrato quantitativo e qualitativo inédito da classe média do Brasil, México e Argentina, os três maiores mercados da América Latina.

O vice-presidente sênior de estratégia e planejamento da Razorfish, Joseph Crump, se mostrou surpreso com os resultados e alegou nunca ter visto uma evolução tecnológica tão rápida em uma região. “Estamos presenciando uma verdadeira revolução digi-tal acontecendo bem diante dos nossos olhos”, diz. Uma das principais conclusões do estudo é a de que a nova classe média latino-americana deve ser repensada e redefinida como a “New Digital Middle Class” ou a “nova classe média digital”, por ser esta a característica que melhor a define.

Outra importante premissa do relatório é a de que esse contingente é, ao mesmo tempo, “o mais poderoso e incompreendido” da América Latina. Isso porque ainda há uma percepção geral da classe C como um extrato social composto por gente pobre, ignorante, con-formada e desinformada. Essa visão, segundo a Razorfish, está totalmente ultrapassada. Além da maio-ria da população brasileira, o levantamento aponta que essas pessoas são agora protagonistas da nova economia nacional, ‘antenadas’, digitais, móveis e o mercado mais interessante e rentável para as empresas e operadoras.

Para entender o que está por trás da grande “debandada” da nova classe média digital rumo à Internet é preciso primeiro discernir as aspirações e motivações dessas pessoas. O primeiro, e talvez mais impor-tante motivo, é a educação e a ascensão social.

Segundo o estudo da Razorfish, os pais vêem o acesso à Internet como um modo de dar aos filhos “uma vida melhor, dife-rente daquela que eles tiveram”. O diretor da Telefônica concorda e ratifica. “Mais da metade das pessoas que assinam o Speedy o fazem por causa da educação dos filhos. Este é, sem dúvida, o principal motivo de compra do serviço”, diz Márcio Fabbris.

Além do mais, pontua o relatório, os pais estão cientes de que a qualidade do ensino público é precá-ria, por isso a Internet para eles desempenha uma função de compensação e complemento, fonte de informação e pesquisa.

O presidente da Abranet concorda com o estudo e

celebra a evolução do papel educacional da Internet. “Isso evoluiu de tal maneira que hoje já é possível até assistir aulas de algumas das melhores universidades do mundo. Instituições como Harvard e MIT

(Massachusetts Institute of Technology) já disponibilizam os arquivos de vídeo de suas aulas”, exemplifica. “Evidente que o aproveitamento do internauta não será igual à experiência presencial de um aluno, mas o conteúdo todo está ali. No Brasil, a Unicamp é uma das pioneiras”, diz.

empreendedorismoA outra mola propulsora da Internet na

classe C é a vocação ao empreendedoris-mo. Em condições financeiras mais favorá-veis e com a oferta de microcrédito, muitos optam por montar seu próprio negócio. Segundo dados do Banco Central, a média

mensal nos últimos dois anos é de 100 mil contratos de financiamento no valor médio de R$ 1,3 mil. “Praticamente todos são pequenos empresários, que não querem mais ter chefes e horários fixos. Eles enten-dem que a classe média está crescendo e que as melho-res pessoas para atender e entender essa classe só pode vir do mesmo grupo social”, diz o diretor da Razorfish. “Para essas pequenas empresas, a Internet é tão neces-sária quanto água e energia elétrica”, acrescenta.

As mulheres representam mais da metade (53%) desses pequenos empresários brasileiros, segundo o Banco Mundial. E, na classe C, são responsáveis por 41% da renda familiar (na classe A essa proporção é de 25%). O estudo da Razorfish classifica as mulheres como “CTOs, CFOs e early adopters da nova classe média digital”. “Elas são o coração dessa nova classe média, pois geralmente tomam a decisão de compra dos serviços e equipamentos tecnológicos de suas casas”, destaca o relatório, que acrescenta: “mais de 30% das mulheres são chefes de família e elas enten-dem o poder do ‘digital’ para aprimorar sua qualidade

de vida por meio do acesso à informação e educação e para melhorar o futuro de seus filhos, além de ferramenta de empreende-dorismo e geração de novas receitas”.

O estudo ainda revela que 40% das mulheres brasileiras gastam mais de duas horas por dia na web; 33% consideram a Internet uma melhor fonte de entretenimen-to em comparação à TV; e 15% sentem-se mais inteligentes por utilizar esse serviço.

“É por esse e outros motivos que a GVT utiliza cada vez mais a figura feminina e do jovem em suas estratégias de marketing. O papel da mulher mudou drasticamente nos últimos anos”, diz Alcides Troller, vice-

-presidente de marketing da GVT.Fabbris, da Telefônica, também entende assim e diz

que as campanhas da operadora têm quase sempre a família como protagonista, em ambiente doméstico.

Mídias sociaisAs redes sociais têm sido o principal motivo para o

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Programa Oi Inovação: Investimentose Infraestrutura para Desenvolvimentoe Pesquisa NACIONAL.

A OI TAMBÉMESTÁ COM AQUELESBRASILEIROS QUE VIVEMNUM LUGAR MUITODISTANTE: O FUTUR O.

A Oi desenvolve e apoia pesquisas brasileiras em empresas, universidades e institutos como: FITec, C.E.S.A.R, CERTI, RNP, CPqD, COPPE/UFRJ e PUC-RJ. O Programa Oi Inovação estimula a criação de novos produtos, serviços e processos, com aplicações no dia a dia dos brasileiros e em programas nacionais de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. Tudo isso para levar desenvolvimento, conforto e praticidade aonde quer que os brasileiros precisem.

Oi. De brasileiro pra brasileiro.

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Programa Oi Inovação: Investimentose Infraestrutura para Desenvolvimentoe Pesquisa NACIONAL.

A OI TAMBÉMESTÁ COM AQUELESBRASILEIROS QUE VIVEMNUM LUGAR MUITODISTANTE: O FUTUR O.

A Oi desenvolve e apoia pesquisas brasileiras em empresas, universidades e institutos como: FITec, C.E.S.A.R, CERTI, RNP, CPqD, COPPE/UFRJ e PUC-RJ. O Programa Oi Inovação estimula a criação de novos produtos, serviços e processos, com aplicações no dia a dia dos brasileiros e em programas nacionais de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. Tudo isso para levar desenvolvimento, conforto e praticidade aonde quer que os brasileiros precisem.

Oi. De brasileiro pra brasileiro.

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.:especial banda larGa | Mercadocrescimento da Internet no País. Os números impressio-nam. Recentemente, o Ibope divulgou um estudo apon-tando que 85,6% dos brasileiros acessaram ao menos uma vez alguma rede social durante o último mês de março, de casa ou do trabalho. Os dados demonstram que a “febre” cresce cada vez mais e conquista novos espaços não só como canal de relacionamento, mas tam-bém como ponto de contato entre empresas e clientes.

E, novamente, quem lidera esse crescimento é a clas-se C: 45% deles utilizam redes sociais frequentemente, que se somam a 10% pertencentes aos segmentos D e E. Ou seja, a maioria dos usuários dessas mídias é das clas-ses sociais de menor poder aquisitivo. Isso acontece, segundo especialistas, porque as classes C, D e E, sobre-tudo as crianças, adolescentes e jovens, vêem a Internet mais como ponto de encontro do que como mídia propriamente dita. E a nova classe média, de acordo com o Target/Ibope, é a que possui maior população jovem, com 38% de 12 a 19 anos; 24% de 20 a 24 anos; e 46% de 25 a 34 anos.

E quem ainda não entrou, pretende. Do total de internautas que não acessa às redes sociais, 34% têm interesse. Destes, 42% são da classe C; 56%, D/E e somente 25% das classes A/B, aponta o Ibope.

Para acessar às mídias sociais, a nova classe média digital utiliza muito as Lan houses. Há aproximadamente 90 mil des-ses estabelecimentos no Brasil e cerca de 37% dos acessos às redes sociais acontecem nesses locais. “Há muitos desses espaços em Paraisópolis, com cerca de 20 a 30 computadores. E também é bastante comum pessoas que assinam um serviço de banda larga e compartilham o link com os vizinhos. Dividir os custos ajuda a pagar a parcela do notebook, da tevê LCD, do smartphone”, explica Joildo Santos, diretor da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis.

Por representar o grupo social com maior contingen-te de jovens, essa nova classe média digital também é a que mais tem representantes da gera-ção Y. “Eles têm em média 20 anos e veem a Internet como item de consu-mo, uma necessidade. Para eles não é necessário ensinar ou criar uma cultu-ra digital, pois já nasceram nela”, diz Neger, da Abranet.

Desejo, renda e acessoAlcides Troller, da GVT, sustenta

que um outro fator decisivo no grande aumento da penetração da Internet na nova classe média digital pode ser resumido em três iniciais: IRA (inte-resse, renda e acesso).

Ele destaca que o interesse da classe média brasileira pela Internet e novas tecnologias sempre existiu, porém não passava de um desejo, uma vez que os serviços e equipamentos eram muito caros, a capacidade de consu-mo limitada e a infraestrutura de acesso distante dos bairros mais pobres. “Nos últimos três a quatro anos, o

custo dos computadores vem caindo no País. Não é por acaso que o número de PCs vendidos tem sido maior que o de TVs anualmente”. Levantamentos do varejo apon-tam que, em 2010, nove em cada dez computadores comercializados no País foram adquiridos pela classe C.

O executivo salienta que essa queda de preços tam-bém pode ser observada nos serviços. Para isso cita o exemplo da própria GVT, que há três anos vendia um link de 150 kbps por R$ 49 mensais. “Hoje, por este preço, é possível adquirir um plano de banda larga de 5 Mbps”, compara. “O poder de consumo da classe C vem subindo e os custos caindo. Com esses dois veto-res se movimentando em direções opostas e a infraes-trutura cada vez mais acessível, a classe média é a que mais contrata serviços de Internet no Brasil”. Segundo

ele, a presença da GVT no Rio de Janeiro é muito maior em bairros periféricos como Méier, Tijuca, Madureira, Bonsucesso e Jacarepaguá. “Cerca de 70% da nossa rede cobre regiões de classe C. Os outros 30% estão em locais com mais poder aquisitivo, como Copacabana, Ipanema e Barra da Tijuca”, revela.

Segundo o executivo, a GVT olhava para algumas cidades e via de 30% a 40% da popu-lação com renda e interesse em produtos da operadora. “Hoje observamos esses mesmos locais e vemos um mercado potencial de 70% a 80%”, diz.

O desejo descrito por Troller se mostra em números. Ao término de 2010, aproximadamente 3,7 milhões de famílias brasileiras tinham a intenção de comprar um computador: 13% das classes A e B; 30% da classe D e 57% da classe C. Entre os 28 milhões de lares com computador, 23% são das classes A/B; 63% da clas-se média; e 14% da classe D. Todas as residências dos ricos (A/B) com PC também contam com acesso à Internet, o que não ocorre nas casas das classes C (59%) e da classe D (18%), segundo dados do Data Popular.

Rodrigo Abdalla, pesquisador do IPEA, destaca outra vantagem da classe C: o baixo nível de inadimplência. “Eles utilizam bastante serviços de financiamento e cartões de crédito, por isso ter nome limpo na praça é essencial”, explica. Em 2009, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs), a população com renda inferior a R$ 1,7 mil representou 69% do mercado de cartões de crédito.

Cientes disso, bancos já negociam com redes de adquirência e operadoras a criação de uma conta bancária para baixa renda, que não exija muitas documentações e que viabilize aos usu-

ários a realização de compras e recebimento de paga-mentos pelo celular (ver entrevista na página 12).

Web móvelOutro bom exemplo do poder de consumo digital da

classe C está nos serviços móveis. O alto valor do minu-

28 especial banda larGa | TeleTime jun_2011

no ano passado

começamos a entender o

crescimento das classes c e

d, treinamos uma equipe

especificamente para esse

atendimento e estamos obtendo

excelentes resultados

Fernando Mota, da TIM

bancos já negociam com teles a criação

de conta bancária para baixa renda, afim de massificar compras

e recebimento de pagamentos pelo celular.

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Page 29: Revista Teletime - 144 - Junho 2011

to cobrado pelas operadoras móveis sempre represen-tou uma dor de cabeça principalmente aos integrantes da nova classe digital, mais sensíveis aos preços. Em 2009, a TIM radicalizou, com um plano que não mais tarifaria as ligações por minuto, mas sim por chamada. Ou seja, o usuário pagaria somente o primeiro minuto da ligação, podendo falar por quanto tempo quisesse sem pagar nada mais por isso, para outros celulares TIM e fixos de qualquer operadora. O sucesso da operadora, medido no aumento da base de assinantes (32 milhões de linhas em pouco mais de um ano e meio), obrigou os concor-rentes a adotarem planos flexíveis e agressi-vos, do ponto de vista financeiro, também para a base pré-paga.

O desafio das teles móveis agora é o de tornar a banda larga móvel mais acessível também para a base pré-paga.

Apesar de ter crescido bem mais do que a banda larga fixa no ano passado (138% contra 21%), a web móvel ainda não é uma mídia acessível para a maio-ria da nova classe média digital, segundo relatório da Razorfish.

Segundo o Target Group/Ibope, 39% dos celulares das classes A/B têm acesso à Internet, contra 21% da classe C e 12% das D/E.

No final do ano passado, mirando sua base pré-paga (a maioria, 80% em média dos clientes das operadoras móveis), a TIM lançou um plano de dados no melhor “esquema lan house”, no qual o usuário paga R$ 0,50 para utilizar a Internet no dia que desejar. Se a pessoa decidir usar a conexão nessa modalidade todos os dias gastará, ao final de um mês, R$ 15. “É muito mais acessível. A lan house mais barata cobra R$ 1,50 por hora. Nosso plano dá um dia inteiro de Internet por um terço disso. E com mobilidade”, diz Fernando Mota, diretor de marketing consumer da TIM para os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

A TIM parece ter saído na frente também em sua política de canais para a nova classe média. Enquanto o diretor de marketing da Claro, Erik Fernandes, defende que a operadora adota o mesmo tipo de

comunicação para todas as classes sociais e a Vivo divulga uma ação pon-tual no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, a TIM passou seis meses desenvolvendo um projeto comercial para as comunidades carentes e atual-mente conta com mais de 1.140 pon-tos de venda em 169 favelas do Grande Rio. “No ano passado começamos a entender o crescimento das classes C e D, treinamos uma equipe especifica-mente para esse atendimento e esta-mos obtendo excelentes resultados”, diz Mota. Segundo ele, o número de

adições líquidas da TIM entre janeiro e abril de 2011 praticamente dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, de 130 mil para 255 mil. “Levamos, para nossa loja no Complexo do Alemão, o iPhone 3GS por doze parcelas de R$ 99. Em três dias o estoque se esgotou e estamos com fila de

espera”, comemora. O executivo diz que a comunica-

ção local nessas favelas foi customi-zada, com músicas de funk como fundo musical dos anúncios e divul-gação e patrocínios em rádios locais. “Além disso, procuramos representantes de ONGs, associa-ções, pessoas influentes nos bairros e conquistamos alguns importantes evangelistas para divulgar nossos serviços”, lembra.

Em São Paulo, a empresa seguiu a mesma linha estabelecida no Rio de Janeiro. Pelo menos é o que afirma o diretor da associação de Paraisópolis. “A TIM foi a única operadora a adotar uma ação comercial específica em Paraisópolis, estabelecendo pontos de recarga em diversos comércios locais”, diz Joildo Santos.

a presença da gvt no rio de janeiro é muito maior em bairros periféricos. cerca de 70% da nossa rede cobre regiões de classe c. os outros 30% estão em locais com mais poder aquisitivoAlcides Troller, da GVT

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jun_2011 TeleTime | especial banda larGa 29

Nas cidades vizinhas de Pompeia, Garça e Marília, distantes cerca de 400 quilômetros de São Paulo, o provedor local Life decidiu inovar e oferecer serviços

de fibra óptica para as classes C e D dos municípios. Para isso, instalou fibra em toda a cidade e passou a prover links de 1 Mbps, 10 Mbps e 20 Mbps, com mensalidades a partir de R$ 39,90 e modem óptico cedido em comodato, por R$ 70. Um dos lugares que tem acesso a esse serviço é um conjunto habitacional popular (CDHU, na foto), do município de Pompeia, com moradores de baixo poder aquisitivo. O diretor de operações da Life, Oswaldo Zanguettin Filho, garante que a operação tem dado certo. “Atualmente temos 5 mil clientes de banda larga e 70% deles são da classe C. Nossa base de assinantes cresceu 65% no último ano e a expectativa é que esses números se mantenham”, diz.

A democratização do FTTx

o desafio das teles móveis agora

é o de tornar a banda larga mais acessível

também para a base pré-paga.

Conjunto habitacional popular do município de Pompeia, SP.

Page 30: Revista Teletime - 144 - Junho 2011

.:especial de redes | inFraestrutura

30 especial banda larGa | TeleTime jun_2011

Neste ano de 2011, diversos fatores corroboram para o crescimento do

mercado de banda larga móvel no Brasil. Os smart-phones, cada vez mais bara-tos, dominam as vitrines das lojas; planos de dados che-garam finalmente ao seg-mento pré-pago; e os tablets se tornaram o objeto de desejo do consumidor brasi-leiro. Não há dúvida que existe uma explosão do uso de Internet móvel no País. O difícil é saber o tamanho desse fenômeno. É necessá-rio analisar com cuidado os números apresentados pelas operadoras, pela Anatel e por institutos de pesquisa, pois nem sempre os crité-rios são os mesmos. Até mesmo as definições de “banda larga móvel” e “smartphone” podem variar.

A primeira consulta óbvia é ao site da Anatel, abastecido por dados oficiais das operadoras. A agência apresenta números do total de acessos móveis em serviço e abre quantos desses são feitos a partir de aparelhos WCDMA (3G) e quantos de termi-

nais de dados. Entre abril de 2010 e abril de 2011, o total de linhas móveis em serviço no Brasil cresceu 18%, alcançando 212,56 milhões. No mesmo intervalo de tempo, a quantidade de ter-minais WCDMA no País pas-sou de 9,22 milhões para 19,13 milhões: um salto de 108%. É nítido que houve um boom de vendas de smartphones, mas nem todos esses 19,13 milhões de usuários assinam planos de dados. A Anatel não coleta essa informação e poucas operadoras se dispõem a abri-la.

Para chegar ao número real de usuários de banda larga móvel, é preciso cruzar dados de outros estudos. A

CVA Solutions realizou uma pesquisa em março na qual entrevistou 7,2 mil pessoas nas principais capi-tais do País sobre a utilização de celular. Segundo esse levantamento, 59% dos donos de smartphones no Brasil acessam à Internet pelo aparelho. Se apli-cado esse percentual à quantidade de terminais 3G auferida pela Anatel em abril, teríamos cerca de 11,3

Grande, mas quanto?BANDA LARGA MóVEL CRESCE RAPIDAMENTE NO BRASIL, MAS NãO é POSSíVEL TER UMA IDEIA PRECISA DO TAMANHO DESSE MERCADO.

.:especial banda larGa | Mobilidade | Fernando Paiva, do Rio de [email protected]

O próximo passo da banda larga móvel no Brasil será a entrada em operação de redes HSPA+, cuja velocidade teórica de download alcança 21 Mbps em

uma única portadora. Embora as redes brasileiras estejam prontas para realizar a evolução, as teles preferem ganhar um pouco mais de tempo. São duas as razões para a demora: o custo das licenças para o upgrade e a sensação de que talvez o consumidor não esteja preparado para pagar mais caro por esse serviço. Atualmente as operadoras vendem banda larga móvel em planos por volume de dados trafegados, nos quais a velocidade é reduzida depois de atingida a franquia. Pedro Azambuja, da Vivo, admite que um dos entraves para o lançamento do HSPA+ é definir os planos de forma que o consumidor fique satisfeito e que a operadora tenha um retorno sobre o investimento. Fiamma Zarife, da Claro, reconhece a mesma dificuldade: “é complicado voltarmos a cobrar por velocidade. Teríamos que fazer

uma pesquisa junto aos consumidores para saber o que pensam”. Fiamma se refere ao começo do 3G no País, quando as teles ofereciam planos de acordo com a velocidade. Como não conseguiam garanti-la, em razão de fatores externos (topologia, chuvas, quantidade de usuários conectados a uma torre etc), foram obrigadas a modificar o modelo de tarifação.

Para o diretor do 4G Américas na América Latina, Erasmo Rojas, o HSPA+ representará uma oportunidade para as teles móveis de competirem de verdade com a banda larga fixa. Mas talvez as operadoras não estejam interessadas nessa briga. Para elas, o cliente que usa um modem 3G em casa, no lugar de um acesso fixo, sobrecarrega a sua rede, requerendo mais investimento em backhaul. “O melhor consumidor de banda larga móvel para a gente é aquele que valoriza a mobilidade”, resume Roberto Guenzburger, da Oi.

HSPA+ é o próximo passo

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Page 31: Revista Teletime - 144 - Junho 2011

jun_2011 TeleTime | especial banda larGa 31

milhões de usuários de planos de dados em handsets 3G no País. Porém, a conta não é tão simples assim. A pesquisa perguntou quem navega na Internet pelo celular, mas não a rede de acesso. Há gente que não assina planos de dados e prefere acessar a web quando está em hotspots Wi-Fi. Além disso, é preciso considerar que os dados da CVA são fruto de uma pesquisa de percepção, ou seja, o que importa é a visão do respondente. Desta forma, há números discrepantes em relação àqueles das operadoras. Na pesquisa da CVA, 31,5% dos entrevistados afirmaram possuir um smartphone e, dentre eles, 57% responde-ram que seu aparelho é 3G. Se esses percen-tuais pudessem ser aplicados sobre o total da base brasileira, considerando que em março havia 210 milhões de linhas em serviço no País, a quantidade de smart phones seria de 66 milhões, dos quais 37,8 milhões seriam 3G, quase o dobro do número registrado na Anatel naquele mês (veja quadro abaixo). A explicação mais plausível para essa discrepância é que o brasileiro não sabe o que é um smartphone, muito menos o que é 3G.

O consumidor não deve se envergonhar, pois nem as próprias empresas do setor chegaram a um con-senso sobre o que é um smartphone. A definição mais comum utilizada por institutos de pesquisa é de que seria um aparelho com sistema operacional aberto, que permite ao usuário baixar e instalar apli-cativos, além de navegar na Internet e ler e-mails. Dentro dessa definição, segundo o IDC, os smartpho-nes devem representar cerca de 17% das vendas de aparelhos no Brasil em 2011. A Strategy Analytics, que aplica o mesmo conceito, prevê que o Brasil terá ao fim deste ano 15,8 milhões de usuários de smart-phones, número que deverá subir para 45,4 milhões em 2015. Mas há empresas de pesquisas, como a OTR Global, que adotam um entendimento mais abrangente, chamando de smartphone qualquer handset com um navegador embarcado capaz de acessar à web tradicional (leia-se: não WAP), o que inclui na lista aparelhos como o Nokia C3 e o LG Cookie. A confusão se espalha entre fabricantes e operadoras. A definição mais abrangente é a adota-da pela Claro, que divulgou que suas vendas de smartphones em abril foram 1.300% maiores que no mesmo mês de 2010. Para a Vivo, porém, aparelhos como Nokia C3 e LG Cookie são classificados como “smartphones light”. Na TIM, ganharam o nome de “webphones”. Outro apelido comumente usado no mercado é “messaging phones”. Provavelmente mui-tos dos respondentes da pesquisa da CVA que disse-ram ter um smartphone são donos de messaging phones.

O próprio conceito de banda larga móvel é variá-vel. Para a maioria, só pode ser chamada assim a conexão feita em aparelhos 3G ou superiores (HSDPA, HSPA+ etc). O IDC, contudo, é mais criterio-so e não chama de banda larga móvel o acesso a partir de handsets 3G, mas apenas de minimodems. “Não consideramos o smartphone como banda larga

móvel porque a experiência é diferente daquela obti-da em desktops e laptops”, explica João Paulo Bruder, analista do IDC.

Novas dúvidas surgem quando da análise do tamanho do mercado de modems 3G no Brasil. A Anatel publica números consolidados do mercado de “terminais de dados”, cuja base cres-ceu 24% entre abril de 2010 e abril de 2011, atingindo 6,44 milhões de unida-des. Todavia, dentro desse número estão computados não apenas os modems 3G, mas também os módulos de comuni-cação entre máquinas (M2M), muitos dos quais são GPRS ou Edge, ou seja, alcançam velocidades máximas meno-res que 1 Mbps. Um estudo patrocina-

do pela Huawei aponta que o número de modems 3G no Brasil em março era de 4,8 milhões, o que repre-senta um aumento de 22% desde dezembro de 2010, quando eram 4,3 milhões.

Preços e planos pré-pagosMedir com precisão o tamanho da base de usuá-

rios de banda larga móvel no Brasil pode ser difícil, mas apontar os fatores que estão contribuindo para o seu crescimento não. O primeiro deles é a queda de preço dos smartphones no País. Um relatório da GfK mostra que o preço médio do smartphone 3G (na definição mais restritiva) no Brasil caiu 35% entre fevereiro de 2010 e fevereiro de 2011, passando de R$ 1.282 para R$ 833. Em alguns modelos, os pre-ços baixaram pela metade. O Samsung Galaxy 5, que hoje é o smartphone mais barato no portfólio da TIM, vendido por R$ 400, custava cerca de R$ 900 um ano atrás.

O próprio iPhone, aparelho ícone no segmento high end, entrou na dança. Em maio, a TIM lançou o

banda larga móvel não é mais opção. é algo que todo o mundo vai terRoger Solé, da TIM

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Os números oficiais da Anatel (em milhões)

Fonte: anatel.

Terminais de dados móveis

Handsets 3G

Linhas móveis em serviço (BR)

abril 2011 6,44 19,13 212,56março 2011 6,29* 18,15 210,51Fevereiro de 2011 6,187 17,4 207,57Janeiro de 2011 6,1 16,47 205,15dezembro de 2010 6,01 14,61 202,94novembro de 2010 5,86 13,59 197,53Outubro de 2010 5,78 12,93 194,44Setembro de 2010 5,66 12,15 191,47agosto de 2010 5,57 11,36 189,43Julho de 2010 5,46 11,02 187,02Junho de 2010 5,35 10,42 185,14maio de 2010 5,27 9,87 183,71abril de 2010 5,19 9,22 180,77

*Huawei/Teleco diz que 4,8 milhões são 3G.

Page 32: Revista Teletime - 144 - Junho 2011

.:especial banda larGa | Mobilidade

32 especial banda larGa | TeleTime jun_2011

iPhone 3GS por R$ 999 e parcelado em até doze vezes. “Não é queima de esto-que. A Apple segue produzindo o iPhone 3GS para nos atender. Agora temos um iPhone de entrada e um iPhone high end”, comenta o diretor de marketing consumer da TIM, Roger Solé, referindo--se aos dois modelos da Apple presentes no portfólio da operadora .

Ao mesmo tempo, cresceu a varieda-de de modelos de smartphones disponí-vel nas prateleiras das lojas brasileiras. “Para o terceiro trimestre, mais de 50% dos aparelhos que encomendamos são smartphones ou smartphones light. Um ano atrás 60% do nosso portfólio era composto por modelos low e mid”, relata Pedro Azambuja, gerente de pla-nejamento de vendas da Vivo.

Diante da forte queda de preços, os smartphones começaram a se popularizar junto a clientes com planos pré-pagos, que representam cerca de 80% da base de linhas em serviço no Brasil. Consequentemente, as operadoras perceberam a necessidade de criar planos de tráfego de dados adequados a esse consu-midor. Com preços promocionais, acessar a web hoje com um chip pré-pago sai até mais barato do que em uma conta pós-paga. Na Claro, por exemplo, o cliente pós-pago desembolsa R$ 49,90 por um plano de 200 Mb, enquanto o pré-pago gasta R$ 11,90 por mês por 300 Mb. “O pré-pago está tempo-

rariamente mais barato porque estamos testando esse mercado”, justifica Fiamma Zarife, diretora de serviços de valor agre-gado e roaming da Claro. Na TIM o cliente pré-pago tem a vantagem de pagar por dia de uso de Internet móvel: R$ 0,50/dia. Os números demonstram que o plano, batiza-do de Infinity Web, está sendo bem sucedi-do: ele registrava em maio uma média de 1,3 milhão de usuários únicos por dia e 8,5 milhões por mês, o que significa quase 20% da base pré-paga da empresa. A CTBC seguiu a ideia da TIM e criou um plano pré--pago com acesso à web por R$ 0,50 ao

dia, cujo limite de tráfego é de 20 Mb diários, o que dá 600 Mb ao mês por R$ 15. Como se não bastasse, a CTBC oferece o acesso à web gratuitamente até o final do ano, em caráter promocional.

As operadoras estão entusiasmadas com a abertu-ra desse novo mercado. “Banda larga móvel não é mais opção. É algo que todo mundo vai ter”, diz Solé, da TIM. “Será como oxigênio: ninguém viverá sem”, faz coro Fiamma, da Claro. O diretor de produtos de mobilidade da Oi, Roberto Guenzburger, explica as razões econômicas por trás da empolgação das teles: “No tráfego de dados não há custo de interconexão. É como se fosse uma chamada de voz on net: não divido a receita com ninguém. No longo prazo, dados móveis serão a parte principal do nosso faturamento”.

Outro produto que pode impulsionar a venda de planos de dados são os tablets. O IDC calcula que ano passado foram vendidas 100 mil unidades no País. Em 2011, a projeção é de 400 mil, já considerando os benefícios fiscais concedidos pelo governo federal para a produção local. Há quem aposte que no fim do ano haverá tablets mais baratos que smartphones no Brasil. A diretora de marketing da Qualcomm para a América Latina, Jacqueline Lee, destaca a oportuni-dade para lançamento de tablets nacionais a partir de contratos com ODMs (Original Design Manufacturers) asiáticos. “No mercado de tablets o consumidor não é tão sensível à marca como é com smartphones”, argu-menta Jacqueline. Novamente, é preciso lembrar que não necessariamente os donos de tablets assinam planos de dados com as operadoras: muitos utilizam apenas a conexão via Wi-Fi. Faltam números por parte das operadoras sobre esse segmento. A Oi é uma das poucas a revelar sua estimativa de usuários de tablets conectados à sua rede de dados: seriam aproximadamente 10 mil em março.

o pré-pago está temporariamente

mais barato porque estamos

testando esse mercado

Fiamma Zarife, da Claro

é necessário analisar com cuidado os números apresentados pelas

operadoras, pela anatel e por institutos de pesquisa, pois nem sempre os

critérios são os mesmos.

há 19,13 milhões de terminais 3g em serviço em abril no país (Fonte: anatel)

há 10,2 milhões de smartphones em uso em dezembro de 2010. projeção é de 15,8 milhões ao fim deste ano e 45,4 milhões em 2015 (Fonte: Strategy analytics)

vendas de smartphones* da claro em abril foram 1.300% maiores que no mesmo mês de 2010 (Fonte: claro)

10% da base da Tim têm smartphone em março. projeção é de 18% ao fim do ano (Fonte: Tim)

85% dos novos clientes da vivo que compram smartphones assinam planos de dados (Fonte: vivo)59% dos donos de smartphones no brasil acessam a internet móvel (Fonte: cva Solutions)

1,3 milhão de usuários únicos pré-pagos da Tim acessam a internet pelo celular por dia no plano infinity web e 8,5 milhões por mês (Fonte: Tim)

há 6,44 milhões de terminais** de dados móveis em serviço em abril no país (Fonte: anatel)há 4,8 milhões de minimodems 3g em serviço em março no país (Fonte: huawei/Teleco)

Foram vendidos 100 mil tablets no país no ano passado. projeção é de 400 mil em 2011 (Fonte: idc)

As pistas para dimensionar o mercado de banda larga móvel no Brasil

*Inclui “messaging phones” ** Inclui módulos M2M

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Page 33: Revista Teletime - 144 - Junho 2011

29 DE JUNHO DE 2011 HOTEL PAULISTA PLAZA, SÃO PAULO-SP

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Page 34: Revista Teletime - 144 - Junho 2011

34 especial banda larGa | TeleTime jun_2011

vamos atuar sempre no

mercado de atacado e

incentivar o mercado de

parceiros para atender o

varejoCaio Bonilha,

da Telebrás

A troca de comando na Telebrás, no final de maio, é a prova de que o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) idealizado no governo Lula pode não ser o mesmo que será concre-

tizado no governo Dilma. Fica a dúvida se a ênfase será em privilegiar a atuação da Telebrás, que em parceria com os provedores levará acesso à Internet para as cidades com pouca oferta, ou se o caminho para massi-ficar a banda larga será por meio de uma negociação com as concessionárias de telecomunicações.

Fato é que, com as mudanças de comando na Telebrás, algumas informações ficaram públicas. Por exemplo, ficou evidente que a estatal sofreu com a falta de recursos, ao contrário do discurso oficial. De acordo com o plano inicial, seriam repassados à esta-tal R$ 600 milhões em 2010 e mais R$ 400 milhões em 2011. Porém, o aporte inicial de R$ 600 milhões se transformou em R$ 316 milhões, e do orçamento deste ano a empresa ficou apenas com R$ 226 milhões. De todo o orçamento do biênio 2010/2011, entre-tanto, foram liberados apenas R$ 50 milhões. Os cortes de recursos tiram força da Telebrás.

Na saída da reunião do conselho de administração da Telebrás, onde foi oficia-lizada a demissão de Rogério Santanna, o demissionário disse que “à medida que o PNBL foi avançando, que os interesses das teles foram se mostrando, minha relação com o ministro foi se deteriorando”. Para completar, Santanna disparou: “Eu não sabia que um dos ajustes na Telebrás era a minha demissão”.

Santanna disse não acreditar na entrega do geren-ciamento do PNBL às teles – especificamente à Oi – mas que o distanciamento que mantinha com elas ajudou a derrubá-lo do cargo. “Não acredito que chegue a esse ponto, mas está clara a orientação do governo de se aproximar das empresas. Esse é o motivo da minha demissão”, declarou.

O nome inicialmente cotado para substituir Santanna era o de César Alvarez, secretário-executivo do Ministério das Comunicações. Sua indicação, entre-tanto, foi abortada pelo Palácio do Planalto e quem assumiu foi Caio Bonilha, que era diretor comercial da estatal. Bonilha é um técnico que já havia atuado em toda a modelagem da Telebrás antes da estatal ser reativada e, segundo comentários de mercado, teria a confiança da presidenta Dilma pela capacidade técni-co-gerencial. Já Alvarez, que havia concordado com

sua transferência para a Telebrás, permaneceu como secretário-executivo no Minicom – a contragosto do ministro, que aproveitou a onda de mudanças para substituir Nelson Fujimoto, secretário de telecomuni-cações, por Maximiliano Martinhão que ocupava a gerência de engenharia de espectro da Anatel.

Esse foi o saldo de uma rápida, mas significativa, crise política aberta com o vazamento da informação de que Alvarez deixaria o ministério e iria para a Telebrás. Diante da repercussão negativa que o fato geraria junto à militância e às bases, e ao fato de que Alvarez tem laços políticos fortes com o ex-presidente Lula, o Planalto avaliou que seria imprudente deixar o Minicom conduzir a questão como planejado. Outra interpretação é que Dilma não teria enxergado em Alvarez o perfil de gestor para tocar uma empresa.

A mudança aconteceu em um ambiente político ruim: Cezar Alvarez e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, estão com a relação desgastada por uma série de razões. A principal delas é falta de confian-ça e afinidade política. Cezar Alvarez nunca foi a primeira escolha de Bernardo para a secretaria executiva. Foi colocado por indicação do ex-presidente Lula e ten-tou ganhar espaço como formulador de políticas, muitas vezes batendo de frente com o projeto do ministro, segundo inter-locutores familiarizados com a situação.

Primeiro passoApesar de toda a turbulência política, a Telebrás

conseguiu firmar o seu primeiro acordo com um pro-vedor regional. Trata-se da Sadnet que opera em Santo Antônio do Descoberto (GO), que venderá o acesso de 1 Mbps por R$ 35 com garantia de 20% da banda contratada. A Telebrás não revela o valor do link, mas seu novo presidente, Caio Bonilha, garante que ficou abaixo de R$ 200 o Mbps. A expectativa do provedor é de dobrar o número de clientes da empre-sa, passando para 2 mil usuários.

Inicialmente o plano da Telebrás era cobrar R$ 230 pelo link de 1 Mbps, mas com a determinação da presidenta de que o acesso ao cliente final seja de 1 Mbps e não 600 kbps, é provável que na prática o preço seja menor para que o provedor tenha lucro com a operação. “Como eu estou exigindo uma velo-cidade mínima de 1 Mbps, significa que aquele mega dedicado (link) vai dar menos clientes para o prove-dor. Temos que vender um pouquinho mais barato

Novos rumos do PNBL?TROCA DE COMANDO DA TELEBRáS E DEMISSõES NO MINICOM ExPõEM DIVERGêNCIA POLíTICA NO GOVERNO E MUDANçA NO DIRECIONAMENTO DO PNBL. Há qUEM DIGA qUE COM ISSO, GOVERNO SE APROxIMA DAS TELES.

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tem país, como a coreia do sul, que demorou 15 anos para levar o acesso a 100% da população, mas nós não temos 15 anos mais, temos que resolver com menos tempoPaulo Bernardo, ministro das Comunicações

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senão o pequeno provedor vai ficar apertado”, disse Paulo Bernardo.

Bonilha informou que em breve mais seis contra-tos deverão ser assinados pela estatal com prestado-res de serviço na rota entre Brasília e Itumbiara (GO), além de contratos com clientes corporativos. Bonilha mantém o discurso de parceria com os provedores. “Vamos atuar sempre no mercado de atacado e incentivar o mercado de parceiros para atender o varejo”. Ele rei-terou que o papel da empresa é regular o preço no atacado, já que os usuários finais não serão atendidos diretamente.

PGMU iiiParalelamente, o Minicom negocia com as

teles as metas do PGMU III, que já foi aprova-do pela Anatel. O texto, que está sendo anali-sado pelo Minicom e pelo conselho consultivo da Anatel, não altera as metas de backhaul que passaram a fazer parte das obrigações das teles desde o PGMU II. A Anatel apenas esclarece que o valor de uso da capacidade de backhaul, ofertada pela concessionária para interligação da rede de acesso de prestadoras de serviços de telecomunicações ao back-bone, será estabelecido em ato específico da Anatel. A agência deixa claro ainda que a oferta de EILD não se confunde com a comercialização de capacidade de backhaul.

Outros pontos importantes do PGMU III serão regulamentados através de um regulamento específi-co, o Regulamento do PGMU, que será editado em até 90 dias, segun-do o presidente da agência, o embai-xador Ronaldo Sardenberg, embora o texto estabeleça um prazo de até 12 meses para a Anatel fazê-lo.

Entre os aspectos que constarão nesse regulamento estão, por exem-plo, o detalhamento do processo de encontro de contas entre as conces-sionárias e a Anatel para aferir se as metas estão com saldo positivo ou negativo, bem como as eventuais fontes de financia-mento que possam vir a ser estabelecidas com a possi-bilidade de uso do Fust e do abatimento da taxa bienal de 2% sobre o faturamento das teles prevista no contra-to de concessão. Isso significa que, provavelmente, as concessionárias assinarão os contratos de concessão com o PGMU anexo sem ter certeza absoluta de como serão essas regras. José Gonçalves Neto, superinten-dente de universalização da Anatel, admite que existe uma relação de confiança entre agência e empresas de que nesse regulamento não haverá nada além daquilo já conversado durante o PGMU.

O que ainda não está acertado com as teles é a maneira de viabilizar a participação delas na oferta de banda larga por R$ 35. Estudo encomendado pela Telebrasil à LCA Consultoria mostra que a oferta nes-ses moldes é inviável. O estudo indica que para obe-decer às premissas de acesso banda larga fixa de

1 Mbps, desvinculado de outros serviços, sem limite de download, a um preço de R$ 35, o tempo de retor-no do investimento poderia variar de 14 anos a mais de 90 anos, considerando-se diferentes áreas do país e uma margem EBTIDA para a prestadora de 25%.

450 MHzJá era dada como certa a imputação

às teles da faixa de 450 MHz, que seria acompanhada de metas de cobertura do serviço de telefonia em áreas rurais. Durante o painel Telebrasil, entretanto, o ministro surpreendeu ao afirmar que as teles não estavam com muito “apeti-te” para cumprir metas e que, por este motivo, era provável que a faixa seria licitada. De fato, o texto do PGMU III permite que a faixa tanto seja licitada quanto imputada às teles.

Um dia depois, novamente em entre-vista durante o Painel Telebrasil, o ministro aparece com outra possibilidade para a faixa de 450 MHz: vincular a licitação de 2,5 GHz à faixa de 450 MHz, com metas de atendimento de áreas rurais. Bernardo enfatizou que não necessariamente isso acontecerá, mas que é uma das formas de estimular a banda larga rural. O ministro disse não acreditar que o mercado seja capaz de univer-salizar de fato a banda larga no país. “Tem uma faixa da

população para a qual nós precisa-ríamos discutir como fazer a univer-salização. Tem país, como a Coreia do Sul, que levou 15 anos para levar o acesso a 100% da população, mas nós não temos 15 anos mais, temos que resolver com menos tempo”.

A súbita mudança de posição do ministro sobre a licitação da faixa de 450 MHz parece ter uma explicação. Bernardo afirmou que o reconhecimento internacional da existência de um grande mercado não atendido no País, especialmen-te nas áreas rurais, motivou o inte-resse de mais uma empresa estran-

geira em oferecer serviços e soluções tecnológicas satisfatórios às regiões agrícolas de ponta, como Paraná e Mato Grosso do Sul. Trata-se, segundo o ministro, da norte-americana Access, que tem operações na Suécia e outras regiões da Escandinávia. A empresa fez uma apresentação de seus serviços (baseados na tecnologia CDMA) ao ministro e solicitou a liberação da faixa de 450 MHz para participar de licitação no País. Quer ofe-recer telefonia rural e Internet às regiões agrícolas, exclusivamente.

A Access se junta à coreana SK, que também suge-riu, há um mês, estudos para utilização da faixa de 2,1 GHz para oferta rural de Internet, por meio de tecnologia convergente entre serviços móveis e saté-lite. O interesse do Minicom é negociar novos investi-mentos em telecom ao mesmo tempo em que elimina as vastas áreas de ‘sombra’ do atendimento das tele-comunicações no território nacional.

ao invés de privilegiar a atuação da telebrás, que em parceria com os provedores levariam acesso à internet para as cidades com pouca oferta, o governo dá sinais

de que utilizará as teles para essa função.

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A Internet nada mais é do que uma grande rede na qual todos os pontos estão interligados. Para facilitar a comunicação entre esses diversos pontos espalhados por todo o mundo, foram

criados nós de interconexão, onde os demandadores de tráfego podem se conectar diretamente sem que seja pre-ciso estabelecer um link entre cada um deles. Foi a partir desse conceito que nasceu a Internet nos Estados Unidos, onde a maioria de provedores de conteúdo e de acesso se conectam diretamente nos diversos Network Access Point (NAPS) espalhados pelo País.

No Brasil o desenvolvimento da Internet foi um pouco diferente porque as operadoras de telecomuni-cações, que detém o monopólio das redes nas suas respectivas regiões, lucram com a venda de banda IP para terceiros. Assim, ao contrário dos EUA, são pou-cos os pontos de troca de tráfego existentes (PTTs), com baixo volume de tráfego e, mesmo assim, muito con-centrados no PTT de São Paulo, que tem se tornado o grande entroncamento da Internet brasileira. No Brasil existem atualmente apenas 16 PTTs, mas boa parte do tráfego é trocado em São Paulo. O PTT de São Paulo troca em média 29 Gbps de tráfego por dia, sendo que o volume total nacional, considerados todos os demais pontos, é de 36 Gbps.

O NIC.br é o organismo responsável pela manuten-ção de quase todos os PTTs que existem no Brasil, através do projeto PTT Metro, criado em meados de 2004. Há cerca de um ano, o NIC.br baixou a exigência mínima de conexões para que uma empresa possa ser considerada uma AS (Autonomous Systems) e assim obter o Autonomous Systems Number (ASN) de 4 mil para mil números IP. As redes AS possuem uma política de roteamento comum e a elas são destinados blocos de IP específicos que permitem identificar a origem do tráfego.

A flexibilização da quantidade mínima de endereços IP fez com que o número de instituições com ASN mais do que dobrasse do ano passado para cá. Hoje no Brasil existem 1.135 instituições nesta categoria. Além dos grandes provedores de conteúdo, têm o ASN grandes empresas, algumas universidades e, com a queda do número mínimo de endereços IP, alguns provedo-res de Internet de menor porte.

O PTT Metro trabalha na expansão dos PTTs já pensando na Copa do Mundo de 2014. O obje-tivo é que até lá todas as cidades-sede tenham um PTT. Das 12 cidades-sede, três delas (Cuiabá, Natal e

Manaus) não têm pontos de troca de tráfego de Internet ainda. “Estamos indo atrás das empresas para conven-cê-las a participar dos PTTS nessas localidades. A que está mais difícil é Manaus. As demais já estão sendo

trabalhadas. E temos verba para instalar todas essas cidades”, diz Milton Kashiwakura, diretor de projetos do NIC.br.

Benefícios e custoEstar conectado a um PTT significa estar

a um número menor de passos do destino desejado a custo quase zero. Isso porque a participação nos pontos administrados pelo NIC.br não tem custo, o participante só pre-cisa contratar um link que o leva até um dos PIXs (ponto de acesso do PTT). Outra carac-terística importante dos PTTs é a sua natu-reza distribuída. Os PIXes ficam espalhados pela cidade para que cada interessado possa

se conectar ao PIX mais próximo. Além dos PTTs do NIC.br existe um outro em São Paulo de natureza pri-vada, administrado pela Terramark. No PTT Metro,

estamos indo atrás das

empresas para convencê-las a participar dos

ptts nas cidades-sede (da copa) de

cuiabá, natal e manaus

Milton Kashiwakura,

do NIC.br

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Helton Posseti, de Brasí[email protected]

O desafio dos PTTsA AMPLIAçãO DOS PONTOS DE TROCA DE TRáFEGO à INTERNET (PTT) é APONTADA COMO UM CAMINHO PARA BARATEAR O SERVIçO E MULTIPLICAR O NúMERO DE OPERADORES, MAS OPERADORAS RESISTEM EM TROCAR TRáFEGO LIVREMENTE.

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empresas particulares, como datacenters, podem exer-cer o papel de PIX. Para isso elas devem estabelecer uma conexão com o PIX Central da região através de uma fibra óptica apagada (que permite grande escala-bilidade) e arcar com os custos do equipamento local (switch). Elas podem, então, estabelecer condições e valores para a conexão dos participantes do PTT ao seu PIX. Os equipamentos, no entanto, são administrados pelo NIC.br, representando o Comitê Gestor da Internet, que define também a política de troca de tráfego e do uso do sistema de interconexão. Essa infraestrutura é considerada pelo Comitê Gestor como de uso público e, portanto, seu uso é, hoje, gratuito. “O crescimento da região se dá em torno daquele ponto. Isso ajuda a orga-nizar a infraestrutura de rede do País. As operadoras que quiserem fazer investimento já sabem onde têm que chegar para atender às empresas daquela região”, explica Kashiwakura.

Outra vantagem de se conectar ao PTT é o contato direto entre usuários de outros participantes, o que elimina muitos roteadores do caminho e gar-galos de transmissão das operadoras. A comunicação se torna mais rápida, estável e mais barata. “Hoje, os acessos que temos aos PTTs correspondem a cerca de 35% do nosso tráfego total, o que nos trouxe uma economia de 20% no nosso custo mensal de links de Internet, além de nos deixar a menos de 5 metros de distância dos usuários da Net e GVT na região de Porto Alegre”, afirma Juliano Primavesi, diretor de operações da Cyberweb/Kinghost, companhia gaúcha que atua com serviços de hospedagem, registro de domínio e data center.

Eduardo Parajo, diretor-presidente da Abranet, recomenda que os associados se juntem ao PTT no momento em que estiverem precisando aumen-tar a banda contratada junto à operadora. Ao partici-par do PTT, o provedor conseguirá economizar de 15% a 30% da banda contratada e assim ele consegue adiar a expansão do link. “Conectar-se ao PTT é interessante não só pelo custo, mas pelo efeito de redução de passos e redundância”, diz Parajo.

RestriçõesAs incumbents normalmente estão conectadas aos

PTTs, mas não participam do chamado ATM (acordo de troca multilateral). Elas utilizam-se da infraestrutura dos PTTs para fechar acordos bilaterais. Embora a ati-tude acarrete mais “passos” para que terceiros atinjam seus usuários e/ou conteúdos, a aposta dessas empresas é perfeitamente aceitável. Uma forte componente da receita delas vem justamente da comercialização de trânsito IP. “É uma questão de modelo de negócio. Se o modelo dele é vender trânsito Internet, fica de fora ele trocar tráfego com todo mundo”, afirma Parajo, da Abranet. Das 189 empresas que fazem parte do PTT de São Paulo apenas 11 não fazem troca multilateral.

Outro entrave que afasta as teles da troca multilate-ral é o volume de tráfego. Se ela trocar tráfego com todos haverá um desbalanceamento grande entre o volume de dados que ela busca em outras redes e o

volume que as outras redes buscam nela. “A Oi e a Telefônica vão dizer: ‘você não é meu parceiro, é meu cliente”, resume Alexandre Grojsgold, diretor de enge-nharia e operações da RNP. De maneira geral, as gran-des operadoras fazem troca apenas entre si, a acade-mia e o governo, excluindo-se é claro os concorrentes.

“Estamos pagando por conexões que não precisa-vam ser pagas. São criadas barreiras artificiais, por-que o PTT reduz custo de banda. Eu duvido que a Oi esteja trocando tráfego com a GVT. Se a Oi e a GVT não se ligam diretamente, esse tráfego pode ir a Miami e voltar”, sustenta Carlos Ribeiro, diretor de operações da Telbrax – companhia mineira de comu-nicação de dados para o mercado corporativo. O exe-cutivo afirma que o tráfego do PTT de Belo Horizonte é de 500 Mbps, o que é pouco comparado com cidades do mesmo porte, como Porto Alegre, que tem uma demanda de 2 Gbps. O objetivo da Telbrax é elevar o tráfego do PTT de Belo Horizonte para 1 Gbps até o fim do ano e assim elevar o número de operadoras e

empresas conectadas ao PTT de Belo Horizonte e atrair os gigantes da Internet como Google e Yahoo.

Considerando o preço de referência da Telebrás – R$ 230 o Mbps – Ribeiro estima que a economia gerada pelo PTT atendendo a toda a demanda da cidade seria da ordem de R$ 5,5 milhões por ano. Apesar das críticas ferrenhas à postura das incumbents, Ribeiro afirma que a posição delas está mudando. Com o crescimento da operação de banda larga das redes alternativas como Net, GVT e os provedores regionais, a troca de tráfego passa a ser um pouco mais

balanceada. “Além disso, eles (as incumbents) estão perdendo competitividade em banda”, afirma Ribeiro. A Oi, através da assessoria de imprensa disse que não participaria da matéria e a Telefônica não retornou o pedido de entrevista.

A pequena Sercomtel, do Paraná, está há um ano conectada aos PTT de São Paulo e Curitiba e já colhe os frutos da decisão tomada no âmbito de uma reestrutura-ção que está sendo promovida por seu presidente, Fernando Kireeff. “Dá mais velocidade e eficiência na troca de tráfego. Nossa rede agora está muito mais com-plexa. No monitoramento você vê para onde vai o tráfego da sua rede”, explica o executivo. A companhia agora estuda participar de algum NAP norte-americano para buscar eficiência ao acessar também o conteúdo hospe-dado fora do Brasil.

Um dos grandes parceiros do NIC.br no projeto PTTMetro é a RNP, que administra desde a década de 90 uma extensa redes de POPs espalhados por todas as capitais para conectar as universidades e os centros de pesquisa. Inclusive, a RNP forneceu o local do primeiro PTT do NIC.br, em Brasília. Alexandre Grojsgold acres-centa que os PTTs são uma infraestrutura de grande relevância para as cidades pequenas. “Para as cidades mais distantes, a troca de tráfego começa a ter uma importância técnica além de econômica para fomentar trânsito e tráfego locais”, argumenta.

conectar-se ao ptt é interessante não só pelo custo, mas pelo efeito de redução de passos e redundânciaEduardo Parajo, da Abranet

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Em 1995, através da Norma 04, o Ministério das Comunicações definiu que “provimento e utili-zação dos serviços de conexão à Internet” são um Serviço de Valor Adicionado (SVA) que, por

sua vez, é definido como sendo aquele que “acrescenta a uma rede preexistente de um serviço de telecomunica-ções meios ou recursos que criam novas utilidades espe-cíficas, ou novas atividades produtivas, relacionadas com o acesso, armazenamento, movimentação e recuperação de informações”. Esta decisão foi correta do ponto de vista político (pois permitiu que a Internet não ficasse debaixo do então monopólio do Sistema Telebrás) e técnico. Afinal, naquele momento, a Internet era, de fato, um serviço de valor adicionado que se utilizava das redes construídas origi-nalmente para o STFC.

Dezesseis anos depois, a Norma 04 pare-ce ter se tornado um mantra, repetido por muitos como uma garantia quase que divina de que a Internet não deve ser regulada. Mas, se tanta coisa mudou neste período, não seria necessário ter a coragem de revisitar a Norma 04 e abrir o debate sobre a regulação da Internet?

Ou, mais do que isso, será que alguma vez a Internet deixou de ser regulada? E talvez aqui esteja o vício de origem de todo este debate: supor que só há regulação quando ela é exercida pelo Estado. Ora, é fato que agen-tes de mercado também exercem forte poder regulador, influenciando a direção que outros agentes seguirão. Nesse sentido, podemos dizer que a Internet sempre foi regulada. O que muda agora é a necessida-de deste debate ser feito de forma pública, incluindo o maior número possível de ato-res sociais, dado que a Internet é hoje um insumo imprescindí-vel para o desenvolvimento humano. Isso significa que pre-cisamos sair de um cenário de regulação privada para outro de regulação pública.

Ao contrário do início dos anos 90, não é mais ver-dade que a Internet se utiliza de uma infraestrutura construída originalmente para outros serviços. Pelo contrário, é o tráfego Internet que orienta econômica e tecnologicamente os investimentos em telecomunica-ções. Já a voz do STFC é que tende a se tornar uma commodity.

O governo sabe disso e percebeu que precisa de uma política para a infraestrutura da Internet. Mas, infeliz-

Regular a Internet: heresia ou necessidade?

.:especial banda larGa | artiGo | Gustavo Gindre*[email protected]

mente, optou por manter a inviolabilidade da Norma 04 e embutir esta regulação no interior de um contrato de outorga de um outro serviço, o STFC, ao invés de reco-nhecer a Internet em sua especificidade. Esta opção terá nefastas consequências tanto para o STFC (ao one-rar as tarifas de voz com os investimentos feitos para o tráfego de dados) quanto para a Internet (quando abrir-mos o debate sobre a reversibilidade dos bens). Defendo

que se faz necessária a criação de um novo serviço de telecomunicações, alicerçado em três pilares: a convergência entre voz, vídeo, dados e mobilidade; a separação funcional entre os agentes econômicos que operam as redes e aqueles que provêm o acesso; a transformação da operação da rede em ser-viço a ser prestado em regime público (e privado), com o consequente Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU).

Mas a Internet é mais do que a infraestru-tura de telecomunicações. E um outro deba-te, muito mais complexo, gira em torno das definições de padrões e arquiteturas que,

como nos lembra o professor Lawrence Lessig, são a “lei” da rede. Por exemplo, quando a Apple decide que seus aparelhos não acessarão vídeos em Flash, ela está ou não exercendo um poder de mercado significativo (PMS)? E não seria aceitável algum tipo de auditoria nos algoritmos de busca do Google, responsáveis por mais de 70% das buscas mundiais na Internet? Vale lembrar

que estar na primeira ou na décima página de uma busca no Google pode significar a morte ou o sucesso de um empreendimento.

Mas os padrões e as arqui-teturas dos sistemas na Internet, em geral, são defini-dos em fóruns internacionais, onde a presença das grandes empresas transnacionais é avassaladora. Para atuar nessa arena, o País precisaria

definir objetivos (por exemplo, padrões abertos e intero-peráveis) e aliados táticos e estratégicos, no âmbito de uma política capaz de produzir um verdadeiro desen-volvimento industrial. Definir, por exemplo, se seremos eternos consumidores de padrões proprietários, com cujos royalties teremos que arcar, ou se vamos ter algum tipo de inserção soberana.

Ou seja, precisamos ter uma política para nossa atuação em organismos como World Wide Web Consortium (W3C), Internet Engineering Task Force

não é mais verdade que a internet se utiliza de uma infraestrutura construída originalmente para

outros serviços. pelo contrário, é o tráfego internet que orienta

econômica e tecnologicamente os investimentos em telecomunicações.

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(IETF), Internacional Telecommunication Union (ITU) e Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN). Inclusive levando em consideração o fato de que em alguns destes órgãos a atuação é ins-titucional, do governo do país, e em outros ocorre através de pesquisadores e empresas.

Neutralidade de redeEste é um outro ponto onde a regulação do tráfego

Internet já deveria ter sido alvo de regulação. Nos Estados Unidos, a Eletronic Frontier Foundation (EFF) acusa a AT&T de degradar a qualidade de serviços que a empresa considerava concorrentes aos seus (como o VoIP) ou que poderiam expor o fato de que as operado-ras vendem, ao usuário final, uma largura de banda que simplesmente não podem entregar (como o P2P). E o que impede que esta mesma prática esteja sendo utili-zada hoje no Brasil? Qual o controle existente?

Claro que se faz necessário reconhecer que serviços diferentes requerem tratamento diferenciado. Por exemplo, um ser-viço de vídeo por streaming requer uma latência mais baixa do que o envio de um e-mail. Contudo, a mesma qualidade aplicada ao vídeo de uma empresa X deve ser forne-cida ao vídeo de uma empresa Y, sob pena de termos um cenário onde criar dificuldades para vender facilidades pode se tornar um negó-cio bem lucrativo.

Fiquemos, então, com a defini-ção aprovada por consenso pelos membros do Comitê Gestor da Internet (CGI.br), mas que carece de forte regulação para se tornar realidade: “filtragem ou pri-vilégios de tráfego devem respeitar apenas critérios técnicos e éticos, não sendo admissíveis motivos polí-ticos, comerciais, religiosos, culturais, ou qualquer outra forma de discriminação ou favorecimento”.

No caso da privacidade e segurança dos dados que trafegam na Internet, tradicionalmente tendemos a ter receios do Estado-leviatã, não sem bons motivos. E isso vale tanto para a China e o Irã, por exemplo, quanto para os Estados Unidos e sua poderosa National Security Agency (NSA). Mas, temos poucas proteções contra a ação dos conglomerados de mídia e as cente-nas de dados que conseguem coletar sobre um mesmo indivíduo: o que ele escreve no Gmail, o que armazena no Google Docs, suas mensagens e redes de amigos no Facebook, suas músicas no iTunes, fotos no Picasa, dados profissionais no Linkedin, sua localização por GPS, compras nos cartões de crédito, logs de acesso, etc. Tudo isso batido em poderosos liquidificadores de data mining que produzem as mais diversas segmenta-ções, capazes até mesmo de antecipar padrões de con-sumo. Hoje em dia é possível até mesmo encontrar um mercado secundário de venda e compra de dados pes-soais, como no caso da BlueKai.

A União Europeia já possui uma diretiva específica para lidar com a privacidade e a segurança da infor-

mação e vários de seus membros estão criando agên-cias para regular o tema. Parece que, aqui também, estamos atrasados.

Direito autoralTrata-se aqui, por um lado, de reconhecer a neces-

sidade de termos modelos de negócio capazes de remu-nerar o produtor (e que não entreguem o poder de gestão dos direitos nas mãos de distribuidores/atraves-sadores) e, por outro lado, reconhecer também que informação não é um bem rival e que pode ser reprodu-zida ao infinito com custo marginal tendente a zero (especialmente na Internet, onde não há mais um suporte físico para esta informação). Este novo modelo começa com o reconhecimento de que “pirataria” é um termo impreciso demais e que coloca no mesmo balaio circuitos de produção totalmente distintos, que vão desde as máfias de reprodução e comercialização com fins de lucro até o peer-to-peer baseado numa espécie

de “gift economy”. Mas um novo modelo terá que reconhecer tam-bém que o acesso à informação é um direito humano e não pode estar restrito às demandas de lucro da indústria cultural.

Ou seja, precisamos de um novo regime de direitos autorais, que pactue uma aliança possível entre a remuneração do produtor e o direi-to humano ao acesso à informação e à cultura. Um regime radicalmen-te diferente daquele criado pelo

Estatuto da Rainha Ana, de 1710, e que ainda hoje preside o discurso dos agentes econômicos do setor.

Por fim, temos o desafio de pensar a regulação do conteúdo, ainda que aqui, por limitação temática, não pretenda entrar na discussão do vasto tema do fomento ao conteúdo regional/nacional, em língua portuguesa e de produção independente, que explore o universo de formatos para a obra audiovisual (incluindo os jogos) que a Internet permite e demanda.

Até que ponto ainda é possível usar as consagradas regras de regulação do broadcasting, como cotas e limites à concentração de propriedade, num ambiente convergente e transfronteiras? Como regular a publici-dade na Internet? O que é imprensa na Internet e até onde se aplicam as regras de responsabilidade edito-rial? Não há respostas prontas para tais questões e o grau de dificuldade é considerável. Mas isso não signi-fica, muito pelo contrário, que este debate não deva ser travado publicamente.

Diante de questões desta magnitude, a única coisa que não podemos é deixar a regulação exclusivamen-te nas mãos dos grandes atores privados. Urge um debate público sobre a regulação da Internet em todos os seus aspectos. E o Estado não pode mais fugir às suas responsabilidades.

* Gustavo Gindre é pesquisador da área de comunicações e membro do Coletivo Intervozes

precisamos de um novo regime de direitos autorais,

que pactue uma aliança possível entre a

remuneração do produtor e o direito humano ao acesso à informação e à cultura.

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As operadoras de telecomu-nicações deram, durante o Painel Telebrasil, realizado no começo de junho em Brasília, o tom de como

pretendem se relacionar com o governo daqui por diante. As operadoras ressalta-ram, na Carta de Brasília, a bandeira da necessidade de que o governo comece a pensar em aplicações que agreguem às redes de banda larga ferramentas efeti-vas de inclusão digital e cidadania. Essa foi a linha central do congresso, em que foram exaltadas experiência de aplica-ções de TICs (Tecnologias de Informação e Co mu nicação) no campo da educação, saúde, agricultura e previdência. O que está por trás dessa estratégia da Telebrasil é mostrar que, mais do que exigir das empresas a expansão das redes, cabe ao próprio governo estimular o uso dessa infraestrutura.

Mas se as aplicações e o desenvolvi-mento das TICs eram a mensagem de fundo, o discurso de impacto ficou por conta do estudo realizado pela LCA Consultoria que tinha por objetivo pontu-ar a visão das empresas sobre o mercado de banda larga e sugerir formas de expandir esse mercado.

A mensagem final da Telebrasil com o estudo passa pela constatação óbvia de que o País não é homogêneo. O estudo estratificou cinco realidades diferentes, com necessidades diferentes, e levantou a tese de que um mesmo estímulo pode ter resultados diferentes em cada região. Outra constatação da Telebrasil é que é possível massificar a banda larga, mas isso requer investimentos, chegando a algo da ordem de R$ 144 bilhões até 2020. Por fim, a Telebrasil destaca a necessidade de se criar alavancas para atrair investimentos, incentivando a con-vergência da oferta de serviços.

O estudo, contudo, não precisou, pelo menos na versão pública mostrada para uma plateia de autoridades, que incluía o próprio ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o quanto desse investi-

mento as operadoras já teriam que fazer de qualquer maneira simplesmente por conta das disputas naturais de um mer-cado competitivo. Também não ficou claro, segundo interlocutores do governo que acompanharam a apresentação, se os tais estímulos previstos pelas empre-sas são indispensáveis ou se as empresas conseguiriam chegar aos resultados almejados com esforço próprio, ainda que isso representasse uma redução das margens ou da lucratividade das empre-sas. “Qualquer operadora, para crescer e ganhar mercado, precisa gastar dinhei-ro. As concessionárias, nesse estudo, parece que querem ganhar o mercado da classe C, D e E sem gastar nada, só com os incentivos do governo”, disse uma fonte de alto escalão.

O levantamento da LCA é feito de uma perspectiva empresarial. Ele identi-fica um forte crescimento das classes C, D e E nos últimos anos e aponta para a presença de infraestrutura de banda larga fixa em todos os municípios, e banda larga 3G em cerca de 1,5 mil. Depois, a LCA analisa o mercado de computadores, e constata que há uma baixa penetração no total de PCs no

Brasil. Segundo o estudo, as classes D e E têm um índice de penetração de com-putadores pessoais de apenas 10%, “dos quais 59% já têm Internet”. No universo total brasileiro, o levantamento LCA/Telebrasil aponta que 35% dos domicílios têm computador, dos quais 77% têm Internet (2009), sendo que nestes, 81% das conexões são banda larga. Ou seja, onde o computador está presente, diz o estudo, a penetração da banda larga já é bastante elevada. A barreira ao serviço passa, portanto, pelo terminal de acesso (o PC). A resposta a essa conclusão foi dada pelo próprio ministro Paulo Bernardo no evento. “Minha impressão é que se banda larga fosse mais barata as pessoas teriam mais estímulo para com-prar computadores”

Cinco países em umDepois dessa constatação, a LCA pro-

pôs o uso da metodologia de estratifica-ção da sociedade utilizada pelo Banco Mundial para analisar a realidade brasi-leira e assim apontar onde são necessá-rias políticas públicas e onde não são. Segundo o estudo, o Brasil tem 34 muni-cípios que concentram 21% dos habitan-tes e têm renda per capita de R$ 32,4 mil; e há ainda 741 municípios com 35% da população e renda de R$ 19,9 mil. Nesses 775 municípios seria viável a massificação da banda larga pela força do próprio mercado, diz o estudo. Ou seja, as teles se sentem em condições de massificar a banda larga sem maiores dificuldades em localidades que somam hoje 108 milhões de habitantes. Nos outros três conjuntos está uma massa de 80,3 milhões de pessoas com renda per capita abaixo de R$ 5,3 mil, onde a inter-venção do Estado com ações de estímulo são fundamentais, diz o estudo.

A diferença, do ponto de vista das empresas, é puramente econômica. Enquanto nos dois conjuntos mais ricos, onde a infraestrutura de telecom está mais presente, o investimento para conectar um cliente com banda larga é

.:reGulaMentaÇÃo

Caminho das pedrasTelebrasil contrata estudo e apresenta ao governo o que considera o melhor caminho para massificar a banda larga. Em 800 cidades, a sugestão é deixar o livre mercado agir, mas nas demais localidades políticas públicas são essenciais.

Samuel Possebonsamuca@con ver ge com.com.br

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44 TeleTime jun_2011

de R$ 400 por domicílio e se pagaria em 14 anos (com a premissa de um serviço de 1 Mbps sem limite de banda, sem a oferta de outros serviços e mantida uma margem EBITDA de 25% para a opera-dora), nos conjuntos mais pobres o investimento vai a R$ 700 por cliente, com retorno estimado em 90 anos nas mesmas premissas. Isso, pelo menos, segundo o estudo.

Mais uma vez, fontes ligadas ao gover-no ouvidas por esse noticiário mostraram desconfiança. “Se a realidade fosse essa, acredito que não haveria ninguém ofere-cendo banda larga nesses municípios mais pobres, porque o investimento é alto e o retorno em 90 anos é inviável”, diz a fonte, lembrando que existem em muitos desses municípios provedores oferecendo o serviço e tendo retorno com isso. “Talvez o problema esteja em querer manter uma margem de 25% em qual-quer operação, ou considerar apenas as tecnologias mais caras para levar o servi-ço. É preciso entender melhor a metodo-logia da LCA”, diz o observador.

A análise da realidade brasileira feita pela LCA também constata aquilo que o próprio governo diz: a banda larga preci-sa ser massificada, precisa ser mais bara-ta e precisa ser de melhor qualidade. No ranking compilado pelo estudo da Telebrasil, o Brasil está na posição 27 entre os países com maior penetração de banda larga (fixa mais móvel). Para a LCA, o fato de o País ter demorado para licenciar as faixas de 3G é uma das razões para isso, já que os líderes liberaram o espectro para esse serviço até 2001 e o Brasil apenas em 2007. Segundo a LCA, em 2014 podemos chegar a 57 milhões de acessos banda larga (fixa e móvel), contra 33,5 milhões hoje, sem a necessi-dade de alavancas ao desenvolvimento. E seria possível chegar a 93 milhões de acessos em 2020, sem alavancas de estí-mulo. Ainda assim, serão investidos R$ 55 bilhões, considerando as outorgas.

Mas em um cenário referenciado, em que medidas de estímulo sejam adotadas, pode-se chegar a um patamar de R$ 144,6 bilhões até 2020, o que gerará uma base de banda larga (fixa e móvel) de 78 milhões de acesso em 2014 e 153,6 milhões em 2020.

O desafio, mais uma vez, é a dispari-dade de renda. Enquanto o investimento médio por acesso adicional nas áreas de maior renda é de cerca de R$ 1 mil, nas áreas menos abastadas é de R$ 3,2 mil, segundo o estudo da LCA. Nesse quadro,

o País chegaria em 2020 com pratica-mente 100% de penetração de banda larga nas áreas mais ricas, e velocidades de acesso acima de 12 Mbps, e cerca de 22,6% de penetração nas áreas menos ricas, com velocidades em torno de 2 Mbps. Na média, o cenário referenciado (ou estimulado por políticas públicas) geraria penetração de banda larga fixa e móvel de 74% em 2020.

PropostasMas afinal, o que é preciso fazer

para chegar lá? Segundo a LCA, nas áreas ditas melhores, o próprio merca-do já vem atuando, com velocidades médias próximas à experiência interna-cional. A proposta da Telebrasil é, então, seguir com soluções de mercado, com o mínimo de intervenção do Estado. Segundo o estudo das teles, isso permi-tirá atender inclusive às regiões pobres dentro desse conjunto de municípios mais ricos. Mas nas áreas menos favo-recidas do Brasil serão necessários mais investimentos, políticas públicas e esfor-ços de ganho de eficiência e redução de tributos. Nessas áreas, as ações para estimular a massificação dos acessos poderiam ser: 1) Estímulo a acessos

coletivos (lan houses, telecentros); 2) Subsídio direto (Fust); 3) Financiamento de terminais de acesso e terminais conectados; 4) Aplicações de TICs crian-do demanda pública e; 4) Desoneração tributária. Essas medidas não precisam ser adotadas em conjunto em todos os casos. Quanto mais carente for a região, mais medidas dessas seriam combina-das. Para a Telebrasil, a redução tribu-tária e o estímulo a aplicações de TICs públicas deveriam acontecer em todas as regiões, mesmo naquelas mais ricas.

Para estimular a construção de infraestrutura, seriam necessários, segundo a Telebrasil, recursos públicos nas áreas mais pobres, aplicação de fundos setoriais, liberação de espectro, políticas de transparência e redução do risco regulatório e flexibilização regula-tória nas questões urbanas e de direi-tos de passagem, além da possibilida-des de ofertas de pacotes e desonera-ção de equipamentos.

O estudo da LCA também tem como efeito secundário reforçar a posição das operadoras na negociação das contra-partidas voluntárias ao Plano Nacional de Banda Larga, em que o governo exige das empresas o compromisso de ofere-cer o serviço de acesso na velocidade de 1 Mbps, a R$ 35, com qualidade de ser-viço. As teles propõem chegar a esse valor apenas em algumas regiões mais desenvolvidas, e querem poder oferecer pacotes de serviços combinando voz e TV por assinatura nas regiões mais pobres para compensar a falta de atrati-vidade econômica. O resultado será conhecido no dia 30 de junho, quando o modelo deve ser anunciado.

as teles querem poder oferecer pacotes de serviços combinando voz e tv por assinatura nas regiões mais pobres, para compensar a falta de atratividade econômica.

Para TIM, faltou falar das redes

A operadora de celular TIM considerou insuficientes as contribuições da Telebrasil sobre o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e se recusou a assinar a Carta de Brasília. De acordo com o diretor de assuntos regulatórios

e institucionais da TIM, Mario Girasole, a operadora teria pedido que fosse incluído na lista de ações necessárias da Carta de Brasília o entendimento de que é “essencial que o setor promova um marco regulatório equilibrado que garanta um ambiente de redes abertas para o acesso isonômico às infraestruturas fundamentais por parte de todas as prestadoras, que estimule a competição, evitando as posições dominantes, e incentive o compartilhamento de infraestrutura. Tais pontos, juntamente com a ampliação da disponibilidade de espectro, são as maiores alavancas dos investimentos necessários ao provimento de serviços de qualidade acessíveis a todos os cidadãos”. A Telebrasil não incluiu a demanda da TIM na carta, e por isso a operadora foi a única a não assinar o documento.

As críticas do executivo da TIM também se direcionaram ao estudo da Telebrasil encomendado à LCA Consultores. Segundo Girasole, o estudo desconsidera itens importantes como o compartilhamento de infraestrutura e apresenta erro de metodologia ao juntar acessos fixos e móveis em uma mesma análise.

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Na busca de soluções para o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), uma das soluções aventadas é o rádio cognitivo. Mas o que seria

isso? Em poucas palavras, “rádio cogni-tivo” é um rádio que possui inteligência suficiente para se reconfigurar e se adap-tar ao meio ambiente, a fim de executar a tarefa necessária à sua função. São rádios digitais (SDR) que utilizam softwa-re que permite sua adequação ao meio.

Os dispositivos computadorizados atuais já possuem uma capacidade de autoconfiguração, mas em geral apenas para as funcionalidades acima da cama-da IP. No rádio cognitivo, essa inteligên-cia começa na camada da transmissão física, ao detectar e processar os tênues sinais de radiofrequência.

O conceito de rádio cognitivo foi cria-do em 1999 por Joseph Mitola. Na época, a preocupação dele era fazer com que os dispositivos de rádio tivessem inteligên-cia suficiente para tirar o máximo provei-to do canal de comunicação. Por exem-plo, se o canal estivesse com pouco ruído ou multipercurso, seria bobagem desper-diçar esforço computacional tanto no transmissor quanto no receptor proces-sando códigos desnecessários.

Ao longo do tempo, essas ideias se alargaram, abrangendo atualmente um horizonte bem mais amplo. Hoje, rádio cognitivo é sinônimo de uma melhor forma de ocupação do espectro, o qual, segundo medidas realizadas por diversos pesquisadores ao redor do globo, se encontra bastante subutilizado.

Existem diversas aplicações poten-ciais para essa tecnologia. Uma delas seria a implantação de uma rede de acesso Internet, nos moldes de uma rede Wi-Mesh, agregando os recursos de rádios cognitivos para uma maior flexibi-lidade de uso do espectro. Outra possibi-lidade, retomando a concepção inicial, seria a implementação de equipamentos de rádios (notadamente as ERBs de siste-mas 3G ou 4G) autonômicos, ou seja, com capacidade de autoconfiguração

e otimização do uso do espectro mos-tram a existência de diversas abordagens possíveis. Na abordagem atual, exceto pelas faixas totalmente livres (ISM, Wi-Fi, etc.), o espectro é alocado geográfica e espectralmente a usuários fixos (direito exclusivo de uso do espectro). Uma pri-meira alternativa seria a de possibilitar o uso compartilhado, em períodos deter-minados, por diferentes usuários ou ser-viços (alocação dinâmica do espectro). Por exemplo, um canal não utilizado durante a madrugada poderia ser empre-gado para trafegar dados.

Uma alternativa diametralmente oposta seria a de liberar totalmente algu-mas faixas do espectro, para que possam ser utilizadas por meio de redes Wi-Fi ad-hoc ou similares.

Uma terceira vertente é a do acesso hierárquico – que recebe esse nome por fazer uma distinção entre usuários pri-mários e secundários. Conforme deno-minação da Anatel, usuários primários são aqueles cuja faixa é protegida contra interferências. Existem duas possíveis abordagens nesse caso. Na primeira, denominada “subjacente” (underlay) o sinal do rádio cognitivo, de baixíssima intensidade, coexiste com o sinal primá-rio em forma de ruído de fundo. É como se fosse um sinal CDMA convivendo com o sinal principal. Na outra aborda-gem (overlay), o sinal oportunístico é justaposto aos vãos livres do espectro, possivelmente nas bandas de guarda dos sinais principais.

Observa-se assim que o rádio cogni-tivo, mais que um novo patamar nas comunicações sem fio, é praticamente um novo campo, com muitas potenciali-dades e desafios. O CPqD está organi-zando um workshop sobre o tema, e mais informações (incluindo as apresen-tações) podem ser encontradas em radiocognitivo.cpqd.com.br

Antonio Carlos Bordeaux*[email protected].:pontodevista

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Rádio cognitivo e acesso dinâmico ao espectro

descendo ao nível de camada física. Mas um dos exemplos mais significativos foi o apresentado pelo prof. Przemysław Pawełczak há alguns anos, citando um desastre ocorrido na Holanda. Naquele episódio, um incêndio em um depósito de material inflamável provocou diver-sas mortes e danificou, inclusive, parte

dos sistemas de comunicação. As equi-pes de resgate viram-se então face a uma situação desesperadora, na qual os sistemas das diversas equipes (bombei-ros, médicos e voluntários) não conver-savam entre si. Observa-se assim que, a inteligência nos rádios, mais que uma oportunidade, aproxima-se de uma necessidade premente.

Os estudos sobre os rádios cognitivos

rádio cognitivo é sinônimo de uma melhor forma de ocupação

do espectro, o qual, segundo medidas realizadas por

diversos pesquisadores ao redor do globo, se encontra

bastante subutilizado.

* Diretor de gestão da inovação do CPqD. Colaboraram Takashi Tome, pesquisador, Marco Antonio Ongarelli, gerente de articulação da inovação, e Juliano Bazzo.

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.:produtosVídeo para equipes em campoA espanhola OonAir está trazendo para o Brasil a sua solução corporativa de compartilhamento e armazenamento de vídeos móveis. Ela permite que equipes em campo gravem vídeos nas ruas a partir de celulares e enviem pela rede 3G ou Wi-Fi para um servidor, onde os arquivos são armazenados. Pela web, a empresa acessa e organiza seus vídeos em pastas. Seguradoras são potenciais clientes dessa solução, pois seus peritos podem enviar vídeos dos sinistros diretamente do local. A rede de lojas Zara utiliza o sistema para que seus arquitetos auxiliem à distância a construção de novas lojas e a organização das vitrines, que seguem todas o mesmo padrão. O aplicativo que é instalado nos celulares dos funcionários para gravar os vídeos está disponível para iPhone, Android, Blackberry, Windows Mobile e Symbian. A cobrança é feita por licenciamento, de acordo com a quantidade de usuários.www.oonair.com

Fernando [email protected]

Datacenter no celularOs CIOs agora podem acompanhar na tela de seus smartphones ou tablets o funcionamento do data center de suas empresas em tempo real. A Fazion criou uma solução para monitoramento remoto de data centers a partir da web ou de dispositivos móveis que rodem Android ou Java. Na tela do smartphone ou tablet, o executivo navega por um modelo em 3D de seu datacenter e acompanha informações como temperatura, umidade e consumo de energia dos equipamentos. Os dados são captados a partir de sensores instalados no datacenter. É possível gerenciar remotamente o acesso de pessoas ao local, além de trancar e destrancar racks. A Fazion cobra pela instalação dos equipamentos e configuração, além de uma taxa mensal pelo uso do software.www.fazion.com.br

Processadores para IPv6Os endereços IP da Internet estão se esgotando, em razão do crescimento de celulares e outras máquinas conectadas à web. A solução é migrar do atual padrão IPv4 para IPv6, com endereços IP mais extensos. A NetLogic Microsystems, que fabrica processadores para roteadores e switches, anunciou o lançamento da família de processadores NL11K, que funcionam em IPv6. Os primeiros produtos com esse componente chegarão ao mercado no terceiro trimestre, fabricados por variados OEMs. O NL111024, principal processador dessa nova família da Netlogic, usa transistores de 40 nm e realiza 1,6 bilhão de decisões por segundo (BDPS). Seu desempenho permite uma comunicação em IPv6 tão rápida quanto aquela em IPv4, apesar de os endereços serem mais longos.www.netlogicmicro.com

Nokia com dois chipsDemorou, mas chegou. A Nokia finalmente lançou no Brasil seus primeiros modelos de aparelhos com duas entradas para SIMCards. O X1-01 é voltado para música: tem uma tecla dedicada a essa função e suporta até 36 horas de reprodução contínua de MP3. Além disso, permite o uso de ringtones diferentes para cada SIMCards e tem entrada para cartão MicroSD de até 16 GB. O C2-00, por sua vez, traz como vantagem a possibilidade de trocar um chip sem desligar o aparelho, através de uma entrada na lateral do handset. O modelo permite o uso de cartões de memória de até 32 GB.www.nokia.com.br

CRM para telecom

A Convergys lançou uma nova versão de sua solução de CRM (Customer Relationship Management) voltada para operadoras de telecomunicações e utilities. O Convergys CRM foi desenvolvido sobre a plataforma Microsoft Dynamics CRM2011 e é otimizado para o uso de operadoras de telefonia. Seu objetivo é ser um meio termo entre soluções antigas que não atendem às demandas das teles e sistemas novos demasiadamente complexos que requerem um longo trabalho de configuração. O Convergys CRM controla a gestão de todos os pontos de contato com os clientes, cruza com informações de vendas e automatiza processos, reduzindo custos e tempo de atendimento, além de auxiliar as equipes de marketing.www.convergys.com

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50 TeleTime jun_2011

Para que o País passe a ter relevân-cia em setores tecnológicos com-plexos e com uma rápida evolução como são os setores de telecomu-

nicações e informática, é preciso atacar uma série de fatores. Muito alentadora a iniciativa da Anatel de gerar um regula-mento para estímulo da inovação, pesquisa e desenvolvimento para as telecomunica-ções. Sabe-se que outros setores também estão em busca de um caminho, como no caso da Aneel, que já tem um regulamento com este teor para o setor elétrico.

O seminário organizado pela Anatel e pelo IPEA em maio para discutir o tema teve ampla participação de concessionárias e operadoras de outros serviços, várias áreas do governo, ministérios, indústria, fundações e centros de pesquisa.

A motivação imediata para esta movi-mentação se deve à constatação do cres-cente déficit da balança comercial setorial, que já inquieta o governo. Vale lembrar que qualquer impacto na balança comercial resultante de um esforço de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) leva alguns anos. Assim, não devemos incorrer no engano de associar os dois temas no curto prazo, e tender por isso a optar por soluções de curto prazo que possam não ter um efeito duradouro para o País em termos de pesquisa e desenvolvimento.

Fundos, taxas e impostos específicos para financiar desenvolvimento de tecnolo-gias são muitos. Em particular, temos no setor o Funttel, que foi estabelecido na Lei Geral de Telecomunicações, além dos incentivos da Lei de Informática, que tam-bém deveriam resultar em desenvolvimen-to e investimentos em tecnologia. Cabe fazer uma análise dos resultados do dinhei-ro investido através destes mecanismos como dado de entrada na avaliação da efi-cácia das medidas que já foram adotadas nos últimos anos. É essa análise que nos levará a corrigir eventuais distorções e reforçar os acertos.

Fiquei agradavelmente surpreso com os vários programas de inovação instituí-dos pelas concessionárias. É claro que eles estão direcionados aos objetivos e necessi-dades das empresas, sem que isto diminua seu mérito e validade.

Numa coisa há certamente consenso:

não dá para fazer tudo. Temos que ser seletivos e procurar nichos para concentrar os esforços para os quais se queira dar estímulos. Alguns cuidados devem ser tomados nessa escolha, tendo em vista o ciclo de vida das tecnologias e a capacidade de fazer com que os resultados sejam de uso global, não limitados às necessidades locais do mercado brasileiro. Outro aspecto relevante é o ciclo de P&D, uma vez que queremos nos aproveitar da demanda interna como fator para alavancar o uso do resultado do esforço em cada iniciativa. Assim, devemos identificar as oportunida-des que estejam disponíveis no momento certo de demanda do mercado global (time--to-market).

Outra questão polêmica é para onde canalizar os estímulos. Ninguém nega que uma estrutura perene de inovação deve contar com a capacidade de pesquisa das universidades. Entretanto, as nossas uni-versidades não têm se destacado em gerar patentes e ideias que poderiam alimentar as indústrias, como na concepção de produtos que pudessem estar na linha de frente do desenvolvimento mundial. Por isso, meca-nismos devem ser contemplados de forma a estimular a criatividade e iniciativas de pesquisadores, universidade e fundações de pesquisa públicas e privadas, mas com a preocupação de que não nos limitemos à pulverização das iniciativas sem gerar massa e resultados que tenham significado macroeconômico também. A política de estímulos deve também contemplar meca-nismos para as iniciativas de maior enver-gadura, mais maduras e que podem inclusi-ve exigir outras medidas complementares para viabilizar seu uso pelas empresas, com o reconhecimento deste uso como contri-buição a este esforço.

De toda maneira, o esforço e estímulo de PD&I têm que ser contínuos e têm que

olhar metas de longo prazo. O regulamen-to a ser proposto pela Anatel deve ser claro na definição do objetivo que quere-mos atingir e contemplar métricas ade-quadas de avaliação, para que possamos ter uma clara ideia se estamos caminhan-do na direção esperada.

A preocupação imediata expressada no início do seminário Anatel/IPEA sobre pes-quisa e desenvolvimento girava sobre o déficit da balança comercial setorial. Outros mecanismos, contudo, têm que ser discuti-dos, pois não basta a inovação e a tecnolo-gia. Precisamos poder fabricar competitiva-mente no Brasil, e há vários casos de empresas multinacionais que poderiam tomar suas decisões de implantar fábricas para atendimento de mercados regionais ou globais no País, mas acabamos sendo descartados por aspectos tributários, legis-lação trabalhista e segurança jurídica. O mesmo acontece com centros de pesquisa, que acabam indo para outros países devido ao alto custo da mão-de-obra, consideran-do os custos trabalhistas incorporados.

Assim, volto a insistir, é louvável a ini-ciativa da Anatel e muito bem-vinda, mas deve ser acompanhada de outras medidas que permitam que esta inovação venha a se tornar uma atividade produtiva também.

Como reflexão, recorde-se de vários surtos de políticas de estímulo ao desenvol-vimento de tecnologia para o setor vistos no Brasil que possivelmente foram adequadas na época, mas que não produziram sufi-cientes efeitos duradouros. Tivemos algu-mas oportunidades, com a privatização, com o leilão do 3G e com a TV digital, de dar um salto aproveitando estas disrup-ções, mas não as aproveitamos. Smartphones, nuvem, PNBL e LTE são possíveis oportunidades, mas para o ciclo de inovação e P&D talvez já seja tarde, embora não seja tarde para incentivar a produção local.

O Brasil é, com certeza, competente em outras áreas e desponta no agronegócio, mas a nossa reflexão deve nos levar muito cuidadosamente para qual o papel que podemos almejar para o Brasil em inova-ção, pesquisa e desenvolvimento nas áreas de telecomunicações e informática. Se defi-nirmos corretamente os objetivos, temos uma boa chance de atingi-los.

.:ponto&contraponto Cláudio Dascalcartas.tele ti me@con ver ge com.com.br

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é louvável a iniciativa da anatel, mas deve ser acompanhada

de outras medidas que permitam que esta inovação

venha a se tornar uma atividade produtiva também

Reflexões sobre inovação

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