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Rio de Janeiro, setembro de 2005 Ano XII – Nº 88 Esclusivo: intervista all’ex-sindacalista Pietro Mancini www.comunitaitaliana.com.br A MAIOR MÍDIA DA COMUNIDADE ÍTALO-BRASILEIRA ISSN 1676-3220 R$ 7,50 Expansão capixaba com traços italianos Tradição dos imigrantes no Espírito Santo Salute!

Salute! - Comunità Italiana · A histórica cidade foi no passado um dos pólos da imigração italiana em ... da Festa Italiana de Petrópolis ... exposta na Fa-ap, em São

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Page 1: Salute! - Comunità Italiana · A histórica cidade foi no passado um dos pólos da imigração italiana em ... da Festa Italiana de Petrópolis ... exposta na Fa-ap, em São

Rio de Janeiro, setembro de 2005 Ano XII – Nº 88

Esclusivo: intervista all’ex-sindacalista Pietro Mancini

www.comunitaitaliana.com.br

A M A I O R M Í D I A D A C O M U N I D A D E Í T A L O - B R A S I L E I R A

ISS

N 1

676-

3220

R$

7,50

Expansão capixaba com traços italianosTradição dos imigrantes no Espírito Santo

Salute!

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EDITORIAL

DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIRETOR:Julio Cezar Vanni

VICE-DIRETOR EXECUTIVO:Adroaldo Garani

PUBLICAÇÃO MENSAL E PRODUÇÃO:Editora Comunità Ltda.

TIRAGEM:30.000 exemplares

ESTA EDIÇÃO FOI CONCLUÍDA EM:08/09/2005 às 19:30h

DISTRIBUIÇÃO:Brasil e Itália

REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:Rua Marquês de Caxias, 31

Centro – Niterói – RJ – BrasilCEP: 24030-050

Tel/Fax: (21) 2722-0181 /(21) 2719-1468

E-MAIL:[email protected]

SUBEDIÇÃOLuciana Bezerra dos Santos

REDAÇÃO:Giordano Iapalucci (repórter especial),

Luciana Bezerra dos Santos e Nayra Garofl e

REVISÃO / TRADUÇÃOCristiana Cocco

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:Alberto Carvalho

FOTO DE CAPAJocimar Montibeller Leonel

COLABORADORES:Franco Vicenzotti – Braz Maiolino

– Lan – Giuseppe D’Angelo (in memoriam) – Pietro Polizzo –

Giovanni Crisafulli – Venceslao Soligo – Marco Lucchesi –

Domenico De Masi – Franco Urani – Francesco Alberoni – Giovanni

Meo Zilio - Guido Sonino - Fernanda Maranesi - Giuseppe Fusco

CORRESPONDENTES:Guilherme Aquino (Milão)

Comunità Italiana está aberto às contribuições e pesquisas de estudiosos

brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira

responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refl etem, necessariamente, as opiniões e conceitos da Revista.

La rivista Comunità Italiana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima

libertà, personali opinioni che non rifl ettono necessariamente il pensiero

della direzione.

ISSN 1676-3220

Filiato all’Associazione

Stampa Italiana in Brasile

FUNDADO EM MARÇO DE 1994

Cúmplices da desgraça

Entretenimento com cultura e informação

Julio Vanni

COSE NOSTRE

COMENDA DE OURO

Ughetta Motroni Marins, psiquiatra e professora universitária de Niterói, Rio de Janeiro, recebeu Medalha de Ouro da Câmara de

Comércio, Indústria e Artesanato de Lucca. A premiação é oferecida às personalidades que divulgam a Itália, a Toscana e a província de Lucca no mundo. Ughetta nasceu em Borgo a Mozzano, nas proximi-dades de Lucca, é casada com Luiz Carlos Striotto Marins, tem três fi lhos brasileiros e atualmente é secretária da Associazione Lucchesi nel Mondo, Sezione di Rio de Janeiro.

CASA D´ITALIA EM S. JOÃO DEL REI

A histórica cidade foi no passado um dos pólos da imigração italiana em Minas Gerais. Cerca de mil famílias italianas oriundas das regiões de Tos-

cana, Veneto e Emilia foram precursoras do progresso da terra de Tiradentes e do ex-presidente Tancredo Neves. A fi m de resgatar a cultura italiana ali hi-bernada, o professor Ítalo Bertoletti conseguiu reunir um animado grupo de descendentes dos antigos colonos italianos, personalidades na cidade e no es-tado e, com isso, restabelecer a Sociedade Casa d´Itália de São João Del Rei, fechada durante a Segunda Guerra Mundial.

FESTA EM PETRÓPOLIS

Vem aí a 2ª edição da Festa Italiana de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro. O evento vai acontecer, de 15 a 18 de setembro,

na antiga fábrica de tecidos da Companhia Petropolitana, em Casca-tinha. A festa organizada pela Prefeitura será regada a muita música, folclore e culinária italiana para comemorar a imigração aportada na cidade no século XIX. Durante o evento serão expostas também foto-grafi as em homenagem a história do bairro Cascatinha. Mais informa-ções pelo telefone 0800-241516.

FÉRIAS PARA NAZISTA PRESO

A Justiça italiana permitiu que Erich Priebke, um ex-ofi cial

nazista que cumpre prisão domi-ciliar perpétua em Roma, passasse férias na casa de um amigo, ge-rando protestos da comunidade judaica e de políticos.

Priebke foi extraditado da Ar-gentina em 1994 e condenado três anos depois por sua participação no massacre de 335 civis nos arre-dores de Roma, em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial.

Pietro Petraglia Editor

FAMÍLIAS MAFFEI

A família Maffei vai promover o II encontro das Famílias Maffei, no dia 16 de outubro, em Caxias do Sul, Rio Gran-

de do Sul. O evento deverá reunir descendentes dos pionei-ros Leopoldo Maffei e Rachele Rossi, provenientes da cidade de Isera-TN. O casal teve os fi lhos Agostino, Giovambattista Ottavio, Giovanni Maria, Anna, Daniel, Raquel, Angela, Ro-sa Angela e Maria. Outras informações através dos e-mails: [email protected] ou [email protected].

BARROCO INÉDITO EM SP

A partir de 17 de setembro estará exposta na Fa-ap, em São Paulo, a mostra “Obras Primas da

Calábria”. Até 13 de novembro, o público poderá apreciar 104 obras dos séculos XIV ao XX inéditas no Brasil. São pinturas, esculturas de mámore e prata e peças de arte aplicadas. A maioria aborda temas sacros, já que foram executadas por artistas italianos para igrejas, conventos e outros edifí-cios religiosos da região da Calábria, na Itália. Há explícitos contornos barrocos. Entre os principais criadores estão Giovan Battista Caracciolo, Stefa-no Pozzi e Bebedetto de Maiano. A Faap fi ca na Rua Alagoas, 903, prédio um, em Higienópolis, na capital paulista. A entrada é franca. Mais informa-ções: (11) 3662-7198.

CONDECORAÇÃO

Massimo Bellelli, cônsul geral da Itália no Rio de Janeiro recebeu, da Câmara Municipal, a

medalha Pedro Ernesto.

ADEUS AO REI DA PIZZA

Vincenzo Pagnani, considera-do o rei da pizza napolitana,

proprietário da centenária pizza-ria Brandi, freqüentada durante anos por personalidades como o primeiro-ministro italiano Sílvio Berlusconi, os príncipes Alberto de Monaco e Emanuele Filiberto de Savoia. Pagani tinha 69 anos e morreu de infarto. Quando era muito jovem herdou de Pasquale Brandi a pizzaria na qual trabalha-va como ajudante, onde se desta-ca atualmente uma faixa com uma frase que recorda a origem da mais famosa entre as pizzas dedicada à rainha Margherita de Savóia: “Há 100 anos nasce a pizza margheri-ta: 1889-1989”.

“Enquanto o Coliseu se mantiver de

pé, Roma permanecerá; quando o Coliseu ruir, Roma cairá e se acaba-rá o mundo”. A profecia do monge inglês Vene-rável Beda dá a medida do signifi cado que teve para Roma o anfi teatro Flávio, ou Coliseu (Co-losseo, em italiano), nome que alude a suas proporções grandiosas. Em tempos de terroris-mo nada mais justo que proteger a obra secular com um moderno detec-tor de metais na entrada e dois soldados romanos vestidos a caráter, na re-taguarda.

LANÇAMENTO

Revista ComunitàItaliana será lançada no Espíri-to Santo. Dois eventos vão marcar a expansão:

o primeiro, no dia 22, em Vitória, no Shopping da Praia; o segundo, no dia 23, no Câmara Municipal, em Santa Teresa, uma das primeiras cidades brasi-leiras fundadas no século XIX por imigrantes.

Desde já convidamos toda comunidade para participar de mais essa ação.

Ans

a

Outro dia, em um restaurante do Rio de Janeiro, estávamos eu e um amigo sentados ao lado de uma mesa com turistas americanos. Entre muitas afi rmativas estapafúrdias, os gringos

indagaram ao provável guia: “What’s a Tsunami?”. Imagi-namos que talvez o moço não tenha entendido bem, mas o meu companheiro de mesa não hesitou, e lhe explicou com precisão geográfi ca o que acontecera. Pasmos, diante desses, que representavam a média da juven-tude americana, comprovamos: o americano, infelizmente, só enxerga seu próprio umbigo.

As elites são culpadas. Interessa aos governantes manterem pessoas na marginalidade, excluí-das pelo sistema sócio-econômico, que sirvam para o abastecimento da demagogia. Para o amanhã dessa massa, a prioridade continua sendo um prato de comida. Informação? Cultura? Não sobra tem-po. Ou melhor, não lhes é oferecido nenhum meio para que obtenham autonomia.

Certo que esse cenário de nossa Pindorama de Gilberto Freyre passa ao largo dos turistas america-nos com os quais eu e meu amigo nos deparamos. Não podemos dizer o mesmo daqueles que sofreram com o furacão Katrina. Os cidadãos do restaurante são de uma classe “alienada”, como tal mantida por uma indústria do entretenimento boçal, cujo fi m é inexoravelmente eleger os Bush’s da vida.

“A ignorância é a principal causa dos principais erros do ocidente”, como afi rma nosso colabora-dor Francesco Alberoni. Se os americanos conhecessem a história, saberiam que o Irã nasceu de uma revolta religiosa guiada por Shah Ismail, que caçou os mongóis. Ou que os aiatolás (Khomeini incluso) são os sucessores dos guerreiros que edifi caram o novo Estado. Em 1684, a armada guiada por Giovan-ni Sobiesky aniquilou o exército de 300 mil turcos prestes a conquistar Viena. Levantaram o estandarte de Nossa Senhora de Czestochowa, em 11 de setembro daquele ano. Sob olhar dos islâmicos, Bin Laden é apenas um dos “vingadores”.

O Katrina pode ser considerado para os anti-americanos como uma espécie de punição divina. Foi assim com o bíblico Grande Dilúvio e com as cidades depravadas de Sodoma e Gomorra. Sugerindo que em ambos os casos uma sociedade corrompida se desfez como pena para seus pecados. O despreparo, a inoperância, a covardia do governo que, mesmo sabendo da tragédia anunciada, não se mobilizou para evitar o pior naquela região com grande índice de pobreza, causam angústia e revolta. Bush, a exemplo dos atentados de 11 de setembro, preferiu se ausentar voando para longe de Wa-shington. Esse acidente natural fez aparecer as vísceras daquela nação. Ne-gros e hispânicos foram os que mais sofreram com o descaso. Nova Orleans foi tomada por saqueadores e gangues de rua. Para além das já penosas con-dições provocadas pelo furacão, as vítimas tiveram de conviver com tiroteios, estupros, suicídios. Cenas difíceis de acreditar mesmo em um ponto miserável do terceiro mundo.

Para que do mal da corrupção e da ignorância o Brasil não continue a viver, “sob pena divina”, conclamo famílias e escolas para que ensinem sobre a importância da democracia em casa e nas salas de aulas. Devemos ter nesses pilares o melhor exemplo para que governantes e políticos que insistem nas práticas, digamos, “severinas” transformem-se em símbolos do passado... alías, bem longínquo.

Lí com grande preocupação notícia do Jornal do Brasil do dia 28 de agosto, assinada por Sheila Machado, com o título “A voz dos EUA no Mercosul”. Reporto aqui parte do texto:

“Com a justifi cativa de estarem preocupados com a instabilidade política de Bolívia, Venezuela e Equador, os EUA elegeram o Paraguai seu novo aliado estratégico na América do Sul. Soldados ameri-canos estão na região do Chaco, com uma missão denominada humanitária, com destacamento de mé-dicos militares e treinamento de policiais e militares paraguaios. Na teoria, a operação acaba em 2006. Mas a ampliação da base de Mariscal Estigarribia, onde estão instalados, sugere que as tropas vão per-manecer por mais tempo. À primeira vista, pode parecer que a principal preocupação de Washington é vigiar a Tríplice Fronteira, de onde acredita que partiriam fi nanciamento para ações terroristas, ou fi car de olho no líder venezuelano Hugo Chávez. Mas para analistas consultados pelo JB, a aproximação en-tre os dois países tem um objetivo mais amplo: fazer do Paraguai a voz dos EUA no Mercosul, capaz de aproveitar espaços deixados por eventuais desavenças entre os principais integrantes do bloco”.

Vale ressaltar que o país latino-americano sofreu na guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870, justa-mente pelas mãos dos vizinhos Brasil, Argentina e Uruguai. E, principalmente, que a instalação militar fi ca a 100 km do poço de gás natural Independencia1, que se comunica no subterrâneo com as valiosas reservas de Tarija, na Bolívia. Além dessa, outras riquezas naturais chamam atenção como um enorme lençol de petróleo descoberto recentemente, ainda não avaliado, e a proximidade com o aqüífero Gua-rani, uma das maiores reservas de água doce do mundo. Segundo dados, essas águas são de grande va-lor e ocupam área de 1,2 milhão de km2 na América do Sul (o Brasil abriga 70% do tesouro, 19% está na Argentina, 6% no Paraguai e 5% no Uruguai).

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Durante almoço com o ministro para os italianos no Mundo, Mi-

rko Tremaglia, o presidente da Asso-ciação Cultural Italiana do Rio Grande do Sul (ACIRS) – engenheiro Erio Bona-zzo ressaltou o excelente trabalho que Tremaglia está desenvolvendo em prol dos italianos no exterior, entre as ini-ciativas, a possibilidade destes elege-rem seus representantes no Parlamen-to Italiano. O encontro aconteceu nas montanhas do vilarejo de Olga, Valle Taleggio, na região da Lombardia. En-tre os presentes, Maria Teresa Testori, Giorgio Sonzogni, Dona Itália, Alberto Mazzoleni e Marianna Pezzoli.

Um dos maiores fi lósofos contemporâneos da atu-alidade, o italiano Gianni Vattimo participou,

em agosto, da segunda edição do Fórum de Filosofi a Contemporânea – Krisis - promovido pela Puc-Rio. Durante palestra, Vattimo afi rmou que infelizmente a imagem dos socialistas na Itália não é muito boa. Se ele tivesse que optar por Hugo Chaves ou Berlusconi, ele optaria por Chaves. O Krisis contou ainda com o lançamento do livro “Niilismo e (pós) modernidade”, de Rossano Pecoraro, além de 200 palestras ministra-das por estrangeiros e brasileiros.

Os Italianos, de João Fábio Bertonha, retrata as múltiplas faces do povo italiano em uma perspectiva histórica e cultural de vários séculos. Editora Contexto, 304 págs., R$ 43,90

Un lettore mi ha chiesto di dire qualche cosa a proposito dell`assegno sociale. Allora parliamone.Riconosciamolo, questo è un problema, critico e spinoso, soprat-

tutto perché, in verità, è uma spina da anni fi ccata nella schiena degli italiani residenti all`estero. La spina ha causato il bubbone, per la cui guarigione battaglioni di politici, uomini di governo, esperti e consu-lenti hanno applicato per anni pomate e pomatelle, panni e pannicel-li... tutto inutile. Il bubbone sociale mantiene tutta la sua virulenza.

Intendiamoci: l’assegno sociale è uma prestazione di tipo pensioni-stico riconosciuta quando esistono certi requisiti.

Secondo la normativa attuale non è trasferibile all`estero? Perché no? Perché non è una pensione previdenziale, frutto del lavoro e dei contributi versati.

Allora che cosa è? È uma pensione di assistenza sociale per chi non è piú in grado di produrre reddito e che, comunque, non ha maturato il diritto alla pensione ordinaria.

Allora, l`assegno sociale è per il cittadino che non ha altri redditi, non è piú nell`età lavorativa e non può percepire nessuna pensione.

Esiste, tuttavia, un requisito escludente (essenzialmente anticosti-tuzionale): per avere il diritto e mantenerlo, è essenziale la residenza in Italia.

E qui casca l`asino, voglio dire, casca la classe politica dirigente,

[email protected] con l’Avvocato Giuseppe Fusco

sempre armata di buone intenzioni... ma, lo sappiamo, l`inferno è pieno di... buone inten-zioni e di promesse, soprattutto quando c`è in vista la tempesta elettorale.

In Parlamento ci sono diversi progetti di legge, molte associazioni da anni fanno sentire la loro voce, ogni commissione che arriva qui pri-ma si stupisce, poi si indigna, infi ne giura uma soluzione urgente. Alla fi ne, l´assegno sociale diventa oggetto di tecnicismo politico, imbriglia-to nella giungla paludosa della copertura fi nanziaria (dove prendere gli Euro?), ossia, la giustizia sociale è subordinata alle esigenze di bilancio. Cosí, chi non ha continua a non avere perché qualcuno, a Roma, dice che dare 365,05 Euro per il cittadino residente all’estero che ha superato i 65 anni (+10 Euro per chi ne ha piú di 75), che non ha altri redditi e che non ha diritto alla pensione vera e propria, non è possibile perché (Udite! Udite!) esiste un principio-dogma (elaborato da qualche men-te eccelsa della burocrazia italo-europea) secondo il quale, in materia di assistenza sociale, si deve distinguere tra ciò che è esportabile e ciò che non lo è.

Ma insomma, questo assegno sociale è esportabile o non esportabi-le? Perché sì e perché no?

Apro il dibattito. Sotto a chi tocca: bianco, verde, rosso, azzurro, parliamone senza censura.

Comunidade

Tornato in Italia dopo un periodo trop-po breve trascorso in Brasile, mi rimane profonda la sensazione di delusione ed incertezza in relazione alla grave crisi

che improvvisamente ha colpito il PT e lo stesso Presidente Lula che, sia pure con qualche pro-blema, sembrava stesse governando fi no ad un paio di mesi fa con forte consenso popolare.

Evidentemente, in questa sede, non è il ca-so di fare la storia del ciclone che – senza alcun preavviso - si è avventato su Governo ed Istitu-zioni ed ancora in pieno corso, non si sa bene con quali conseguenze.

Mi pare che sia messo in discussione tutto l’attuale sistema politico, frutto di una Costitu-zione elaborata faticosamente dopo la dittatura militare che, di fatto, impedisce ad un Paese di grande potenzialità qual è il Brasile di emergere come vorrebbe e potrebbe.

Innanzitutto, eleggersi è diffi cile ed onero-so, certo ben di più delle modeste sovvenzioni pubbliche, ed i partiti e candidati devono per

forza reperire, quando non dispongano di risorse proprie, donazioni o fi nanziamenti che richiedo-no impegni di contropartita o restituzione in ca-so di elezione, trattandosi spesso di operazioni illegali che non possono venire contabilizzate.

Il PT forse all’inizio rifuggiva da dette pra-tiche, ma poi si è visto che le ha usate anche troppo, anche in relazione al fatto che il partito – pur avendo avuto nel 2002 un buon 20% dei voti – non può sostenere il suo Presidente che ha avuto in prima battuta quasi il 50% dei voti ed in ballottaggio il 65% e che quindi deve costituire una coalizione di partiti poco congeniali, contro concessione di interessenze di vario tipo, al fi ne di ottenere la maggioranza parlamentare.

Lula, si sa, è un Presidente della Repubblica senza alcuna esperienza di gestione politica, un leader carismatico che sa dialogare con il popolo, infondere ottimismo, bene accetto pure all’este-ro. E’ pure dotato di senso politico, in quanto non ha esitato a proseguire nel settore politico/economico gli indirizzi ortodossi del precedente

Governo con buoni risultati, anche se prima ripu-diati. Ha demandato ai suoi uomini di fi ducia ge-stione, coordinamento, approvazione delle leggi, equilibri politici e parrebbe, dalle risultanze fi nora emerse, che vi fosse un disegno di mantenersi al potere e forse oltre le prossime elezioni dell’otto-bre 2006 il cui esito diventa ora assai incerto.

Fatalità, mancanza di mestiere, la stampa generalmente sfavorevole anche per qualche idea per fortuna rientrata di limitarne la liber-tà, l’imbarazzo a rispondere alle accuse, hanno portato ad una situazione che, è probabile, com-prometterà assai il PT, già diviso tra radicali e moderati e forse la popolarità di Lula e la pos-sibilità di rieleggersi per un secondo mandato, ammesso che non debba dimettersi prima.

Quello che avviene ora in Brasile, come giu-stamente ricorda Domenico Petraglia nell’ultimo numero di Comunità Italiana, si può ricollegare al fenomeno Mani Pulite che aveva spazzato la politica italiana negli anni ’90, portando allo scioglimento della Democrazia Cristiana e del Partito Socialista con vicende giudiziarie sen-za fi ne e con la nascita di soli due schieramenti sulla base di un nuovo regolamento elettorale : uno moderato ed attualmente al potere, che è la casa della Libertà, ed il secondo, prima denomi-nato Ulivo ed ora Unione, progressista.

I risultati di questa rivoluzione politica non sono stati brillanti in Italia, in quanto gli schieramenti non sono omogenei, il leader dei moderati Berlusconi è coinvolto in confl itti di interessi e vicende giudiziarie, problemi tuttora in corso ed irrisolti. Con l’entrata dell’Euro, l’Ita-lia ha dovuto abbandonare le facili svalutazioni della Lira, è diventata sempre meno concorren-ziale e si deve barcamenare con un debito pub-blico enorme, 120% del PIL, per fortuna ad inte-ressi ora minimi, di meno del 2% all’anno.

Dato che ormai in Brasile si avvicinano ineso-rabilmente i tempi per riformulare la Costituzione e la legge elettorale per cercare di eliminare le sovvenzioni parallele e garantire una governabili-tà sulla base di programmi attendibili e schiera-menti parlamentari omogenei, potrà forse essere un buon riferimento quanto avvenuto in Italia.

La situazione economica brasiliana è po-tenzialmente assai migliore di quella italiana, in quanto il Paese – se il Governo funzionerà e diminuirà le sue assurde spese del 40% del PIL – ha ampio spazio per crescere e risolvere i suoi problemi di pessima distribuzione dei redditi e in-suffi cienza di infrastrutture. Basti dire che – con l’attuale situazione politica ed il tasso di sconto del 20% con infl azione del 6% annui trattando-si di sperequazione unica al mondo - anche que-st’anno il Brasile dovrebbe registrare un aumen-to del PIL di almeno il 3% e, qualora dovessero continuare gli attuali indirizzi politici/economici e gli interessi progressivamente diminuire ad un 15% all’anno contro l’attuale 20%, le previsioni sono ben maggiori per il 2006.

In conclusione, vorrei dire che forse non tutto il male vien per nuocere e può darsi che fi nalmente la politica brasiliana – ormai vista dall’opinione pubblica con sdegno e sospetto, principale responsabile delle diffi coltà nazionali – venga a trasformarsi, con una nuova Costitu-zione, forza traente e non frenante di progresso per il Paese.

Opinione - Franco Urani

Ciclone sul PT

Ric

ardo

Stu

cker

tItália - Brasil, Arte 2005, de Emanuel Von

Lauenstein Massarani, é um livro de artes dedicado a italianos e brasileiros. Editora

Spazio Surreale e Instituto de Recuperação do Patrimônio Histórico (IPH), 516 págs., R$ 250

Luci

ana

Bez

erra

dos

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tos

54 S E T E M B R O 2 0 0 5 / C O M U N I T À I T A L I A N AC O M U N I T À I T A L I A N A / S E T E M B R O 2 0 0 5

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Marco Lucchesi - Intervista

Cristianismo

Si è seduto sulla stessa sedia su cui sono stati Galileo Galilei e Giordano Bruno. In premio:

l’intolleranza. Proibito di esercere il sacerdozio dal Vaticano dal 1984, da quando la pubblicazione dei suoi libri è sotto il manto della teologia della libertazione – dal 1972 – ha cominciato a disturbare l’alto clero, Leonardo Boff propone, in un’intervista a Comunità, una riflessione più profonda su come il cristianesimo può essere rinvigorito. Di solito dice che il tortuoso dialogo con il Santo Offizio è cominciato con la pubblicazione di Jesus Cristo Libertador1 ed è arrivato all’apogeo, lontano da qualsiasi percorso di alterità e commiserazione, nel 1984, con il libro Igreja, Carisma e Poder.2 Ma il suo discorso si è mantenuto irremovibile e acuto, e adesso specialmente arricchito anche da osservazioni sociali sotto un prisma ecologico.

ecologico

Leon

ardo B

off

Comunità Italiana – In una famosa antologia di Küng e Tracy lei si occupava del problema del cambiamento di paradigma nel seno del cristianesimo e questo è stato uno dei suoi più bei contributi nel campo teologico…Leonardo Boff – Negli anni ’80, Hans Küng, nel contesto della riunione annuale della rivista Concilium a Tübingen, riunì diversi pensatori di varie aree del sapere perché pensassero il cristianesimo in modo pluralista. Si usò la categoria di T. Kuhn – il cambiamento di paradigmi – per DARMOS CONTA della diversità dell’esperienza cristiana. Lì c’erano persone conosciute come Habermas, Ricoeur, Tracy, Paulo Freire, Jüngel, Dussel e altri. Toccò a me di presentare il paradigma della teologia della libertazione. Il suo nucleo fonda-mentale era quello di dare centralità al povero come produttore di sostanza sociale, attore capace di contribuire nella trasformazione della società, così come attore di una nuova ecclesialità [cristiano attivo, produttore di un modello di Chiesa come rete di comunità]. Credo che questa proposta continui ad essere valida, visto che ef-fettivamente i poveri non sono soltanto destituiti dai mezzi di vita e di cultura, ma sono attori oppressi che non hanno perso la loro capacità di creare e di modellare in un altro modo la realtà sociale e ecclesiastica. CI – In questa dimensione, i bisogni ecolo-gici e una comprensione della terra cro-cefi ssa testimoniano nuove strade per il cristianesimo attuale... Boff – Fin dai primi tempi, sia dovuto al fat-to di essere francescano, sia perché osser-vavo le cose, mi sono reso conto del proble-ma ecologico. Ma in questa mia percezione mi sono sempre sentito, fi no ai giorni no-stri, solitario all’interno di una comunità di teologi della libertazione. Per me era chiaro che la stessa logica che sfrutta le persone, le classi, i popoli, sfrutta pure la natura. Questa logica è capitalista, malgrado il socialismo, per quanto riguarda l’ecologia, non differisca in niente dal capitalismo. Ambedue sono fi gli della modernità per la quale la natura non è mai passata da oggetto e campo di esercizio della libertà e creatività, senza alterità da essere rispettata. La tesi che sostengo è di che se la teologia della libertazione vuole essere integrale, deve incorporare nel suo discor-so e nella sua pratica la terra con i suoi ecosistemi. Se il marchio registrato della teologia della libertazione e l’opzione per i poveri contro la povertà, allora la terra va inclusa nell’opzione per i poveri, giacché è la più sfruttata e saccheggiata fra tutti i poveri. Negli an-ni ’80 del sec. XX, entrando in contatto con il nuovo paradigma de-rivato dalle scienze della terra, chiamato della nuova cosmologia e biologia, mi sono ancor più convinto del bisogno di pensare la terra in una prospettiva solistica liberatrice. Il risultato di questa ricerca è stato il mio libro Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres1, del 1993, dove cerco di stabilire il dialogo tra il discorso della teologia della libertazione e il discorso ecologico. Il libro è stato ricevuto meglio all’estero che qui, ed ha anche vinto un premio negli Stati Uniti come il libro che favoriva il dialogo tra la scienza moderna e la fede cristiana. E, grazie ad esso, ho avuto l’onore di ricevere il Premio Nobel della Pace Alternativo, a Stoccolma nel 2002. Ma sono convinto che l’allarme ecologico fonda una nuova centralità: garan-tire il futuro della terra e dell’umanità. Il problema centrale non è che il futuro possa avere il cristianesimo o il progetto della tecno-scienza, ma come queste istanze collaborano alla salvaguardia di un futuro comune promettente della terra e dell’umanità.CI – Le contraddizioni sociali non solo continuano, ma si am-pliano sempre più. Come puntare ad una rivoluzione profonda che alteri le forme di oppressione che vigono nel nostro paese?Boff – La crisi è del sistema globale di convivenza e non soltanto brasiliano. Qui esso assume un’espressione particolarmente perver-sa perché avrebbe tutti i crismi di essere differente. Ho dedicato molte rifl essioni su questo problema negli ultimi anni, organizzate in libri quali Globalização, nova era da Humanidade, Ethos Mun-dial, Ética da Vida, Do iceberg à Arca de Noé e recentemente, nei

tre volumi Virtudes para um outro mundo possível2, dove affronto l’ospitalità, la convivenza, il rispetto, la tolleranza, la commensali-tà e la cultura della pace. La mia tesi di base è che questo problema non sia appena politico ma, prima di tutto, etico. O facciamo una coalizione di forze interessate ad una minima etica umanitaria, op-pure potremmo andare incontro al peggio.CI – Caduta del muro. Pensiero unico. Morte delle utopie. Viviamo in un quadro di rifl usso o c’è, per caso, una fi nestra che si apre, forse la fi nestra dei secondi, attraverso la quale per gli ebrei potrebbe essere la venuta del messia?Boff – Secondo me, le nicchie produttrici di nuove utopie le ritro-viamo tra gli oppressi, specialmente tra i popoli di Porto Alegre, Seattle, Genova ecc. Questi gruppi si sono accorti che questo tipo di umanità, se si continuerà a seguire la logica perversa del sistema di dominazione su tutto (stare sopra e mai insieme a), può portare tanto l’umanità, quanto la terra, ad un impasse senza ritorno. Il pe-ricolo è così grande che possiamo decimare la specie umana e ferire profondamente la biosfera. La nuova utopia è centrata sulla vita, nel

suo rispetto, nella garanzia della sua diversità, nel diritto di tutti di far parte dei mezzi della vita e della promes-

sa di vita eterna. Qui vedo un nuovo campo di at-tuazione delle religioni, visto che esse – secon-

do Ernst Bloch, sono naturalmente generatrici di utopie benefattrici. Il cristianesimo, se in questo momento non fosse così centralizzato sulla difesa della sua identità, in questa sfi da potrebbe trovare un campo vasto della sua realizzazione e del rincontro con la sua vera identità, che non può essere diversa da quel-la del messia che è venuto a portare vita, e vita in abbondanza.

CI – Uno dei giudizi più ingiusti fatto sulla teologia della libertazione è stato

di dire che, alle sue radici, non c’era una vera dimensione mistica. Come risponde-

rebbe a questo problema?Boff – Quest’accusa è nata nei gruppi che non han-

no mai letto niente sulla teologia della libertazione e non hanno mai visto comunità ecclesiali che praticavano le in-

tuizioni della teologia della libertazione. Essa è nata all’interno di un’esperienza spirituale e mistica di scoperta del crocifi sso nei cro-cifi ssi della storia. È stata sempre accompagnata da una mistica di coinvolgimento e di servizio per i poveri e gli esclusi. È stata l’unica teologia del dopoguerra a produrre molti martiri che lo erano non per motivi politici, ma di fede e di comunione con i destituiti di questo mondo. I migliori testi della teologia spirituale scritti sulla America Latina sono di teologi della liberazione, specialmente di Gustavo Gu-tierrez, Dom Hélder Câmara e Pedro Casaldáliga. Oltre la metà della mia produzione teologica, che ormai annovera più di 70 opere, è de-dicata alla spiritualità, dalla traduzione della opera mistica del mae-stro Eckart, fi no al commento dell’Ave Maria, del Padre Nostro e del Gloria al Padre. Quando passeranno i confl itti, la verità verrà a galla e si vedrà che la teologia della liberazione, prima di tutto, ha signifi -cato una profonda rivoluzione spirituale che ci ha permesso di capire in un nuovo modo il mistero di Dio, la missione del messia, il luogo della Chiesa e il compito dei cristiani nel mondo dei poveri.CI – Secondo lei, quali sono le prospettive di cambiamento del cristianesimo agli inizi di questo secolo. Sarà possibile sognare di avere un Giovanni XXIV?Boff – Viviamo tempi di grande mediocrità in tutte le aree della cultura mondiale, nella politica, nel pensiero e anche nella teolo-gia. Tempi così sono tempi di paura, di ripetizione, di repressione a qualsiasi accenno di creatività. Purtroppo la Chiesa Cattolica at-tuale vive un’arretratezza simile, che viene rivelata dall’integrali-smo, dai chiari tratti del fondamentalismo nella sua dottrina e di mancanza generalizzata di coraggio per affrontare con intelligenza e audacia le attuali sfi de, che sono gravi. Ciò che ci salva è la fede nel fatto che Dio è presente nel Giardino degli Ulivi e, specialmen-te, sulla Croce. Dopo, ci sarà sempre un Tabor e una Risurrezione. Bisogna aspettare i momenti dello Spirito.

(Endnotes)1 Trad.: Ecologia: grido della Terra, grido dei poveri2 Trad. titoli dei libri: Globalizzazione, nuova era dell’Umanità, Etos Mondiale, Etica della Vita, Dall’iceberg all’Arca di Noè, Virtù per un altro mondo possibile.

‘Il pericolo

è così grande che possiamo

decimare la specie umana e ferire profondamente

la biosfera’

Texto original em português traduzido por Cristiana Cocco

Ron

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Pietro Mancini, 56 anni, ex dirigente di Autonomia Operaia, è stato arrestato lo scorso 22 giugno nel quartiere di Botafogo (Rio de Janeiro) dalla polizia brasiliana su segnalazione del-l’Interpol italiana. L’ex-sindacalista, condannato in contumacia

nel `94 a 21 anni di reclusione, fu accusato per rapina, banda armata e concorso nell’omicidio del brigadiere Antonio Custrà del 1977.

La sua attività sindacale inizia nella seconda metà degli anni set-tanta quando, ancora giovanissimo, entra a far parte del sindacato dei Lavoratori Metalmeccanici (FLM) di Milano. Nel 1978 decide di uscire dall’Italia proprio perché critico delle forme violente che certi settori del movimento avevano assunto. Nel 1980 arriva in Brasile, si sposa e vi si stabilisce. Dopo la cattura, si è anche parlato di “situazione Kafkiana” poiché Mancini in questi 25 anni non si è mai nascosto e non ha mai rinnegato la propria identità. In questa intervista in esclusiva a Comu-nitàItaliana, espone i fatti, secondo la propria versione, avvenuti in quelli che furono chiamati gli “anni di piombo”.

Comunità Italiana - Ci puoi raccontare i fatti che, negli anni settanta in Italia, ti hanno portato a vivere questo momento?Mancini - Dopo il liceo classico, a Varese, sono diventato uno dei leader della contestazione globale all’Università di Trento. Mi sono trovato in uno dei punti più caldi e più accesi di tutto il movimento universitario di quell’epoca. Li è avvenuta una prima maturazione non soltanto nella con-testazione contro il sistema universitario, ma, più in generale verso tutto il sistema politico. I sindacati di Milano in quel tempo, anche loro in tra-sformazione, mi hanno contrattato per essere funzionario dirigente della la FLM (Federazione Lavoratori Metalmeccanici). Sono stato leader sinda-cale per circa sei anni. Dal ‘69-‘70 al ‘75-‘76. Questi erano anni in cui sono avvenute delle trasformazioni sociali molto profonde in Italia. C’è stata una crisi verticale del clima politico e dei partiti. Tutto era messo in di-scussione, dal sistema di rappresentatività di questi partiti a quello dello stesso sindacato. Nacquero molte organizzazioni dal basso, sia all’interno del movimento studentesco che di quello sindacale. Tutte cercavano forme organizzative completamente originali e nuove rispetto al sistema politico in atto. Come dirigente sindacale io ebbi molte opportunità di incontrarmi con tutto quello che avveniva dentro e fuori dalla fabbrica. C.I. – Qual era il tuo rapporto con le altre organizzazioni di base?Mancini – Avevo contatti con molte organizzazioni, tra cui Autonomia Operaia. Questa fu un’organizzazione specifi ca di un nuovo corpo sociale italiano: degli operai, degli studenti e dei lavoratori inseriti nel mercato marginale come quello nero. Si venivano ad esprimere forme di contesta-zione e di lotta non tradizionali del movimento classico operaio, ma più acquisite dal movimento studentesco come manifestazioni e occupazioni, oltre che agli scioperi. In questo contesto vi fu una reazione molto violen-ta da parte dello Stato e di alcuni corpi dello Stato come le organizzazio-ni fasciste e para-militari, che crearono una vera e propria strategia della tensione. Da una parte vi era tutto questo fermento sociale estremamente sovversivo e rivoluzionario per costituzione; dall’altra parte vi erano ri-sposte di carattere terroristico con le bombe ai treni, alle banche e stragi, oggi ancora totalmente impunite, che crearono una situazione diffi cile in cui lo Stato sopravviveva dentro questi contrasti. Nella funzione di leader dei sindacati FLM ho partecipato ad alcuni momenti di questa organizza-zione. Ma mai ad organizzazioni clandestine o dedicate alla lotta armata, come sono state le BR o altre organizzazioni simili. Non solo, ma la linea ideologica a cui noi ci ispiravamo era contro questo tipo di comportamen-

to che per noi rappresentava anche una forma di castrazione delle esperienze più sincere e spon-tanee della base operaio-studentesca.C.I. – Quali sono i capi d’accusa che hanno portato alla condanna del 1994?Mancini - Sono tre tipi di accuse che nel de-correre degli ultimi 20 anni del secolo scorso si sono accumulate. Il primo capo di accusa riguar-da la cosidetta associazione sovversiva di banda armata. Sono accusato di aver partecipato e di essere dirigente dell’organizzazione Autonomia Operaia che praticava azioni con aspetti di ille-galità. Si trattava per esempio di appropriazio-ni nei supermercati o forme di lotta in fabbrica particolarmente violente come sabotaggi. Era-no in realtà manifestazioni molto epidermiche e molto diffuse nel panorama di lotta di quei tempi. Abbiamo attraversato dal 1972, con l’oc-cupazione delle fabbriche, anni di contestazione estrema che hanno modifi cato sia la struttura interna delle fabbriche, che quella dello Stato. In tale contesto un gruppo di reati sono per aver partecipato a questo tipo di avvenimenti.C.I. – Qual è l’accusa più pesante delle tre?Mancini - Secondo reato che spicca un po’ di più è quello della morte del brigadiere Antoni-no Custrà durante una manifestazione a Milano nel ‘77. Ci fu un corteo, se non ricordo male, contro il trattamento carcerario, o qualcosa di questo tipo. Una volta che il corteo arrivò vici-no a San Vittore, (carcere milanese n.d.r) si in-contrò con un plotone della polizia. Io ricordo che stavo in fondo a questo corteo, insieme ad altri leader e responsabili della manifestazione. Neanche mi resi conto di quello che stava suc-cedendo. Vidi di lontano che scoppiarono degli scontri tra i poliziotti e un gruppo di persone che presero la testa del corteo. Ci fu una spara-toria, gas lacrimogeni ecc. In questo contesto morì un poliziotto. L’accusa che mi fu attribui-ta è di essere uno degli organizzatori di questo corteo e quindi uno dei responsabili di tutto quello che vi succedette.C.I. – E l’ultima accusa riguarda la tua parte-cipazione al giornale “Rosso”?Mancini – Si, la terza imputazione è quella re-lativa al giornale “Rosso”. Un giornale di sini-stra che era forse il giornale più importante di questa nuova organizzazione, ovvero Autonomia Operaia. Si trattava di un periodico, una rivi-sta di avanguardia rivoluzionaria che cercava di interpretare tutti questi movimenti, come com-mentare la problematica della lotta armata e del potere. Fu giudicata in se stessa come una orga-nizzazione terrorista, una banda armata. Ma era un giornale con tanto di direttore responsabile, di giornalisti. L’accusa è di appartenenza a que-sto giornale.C.I. - Vi è stata da parte dell’Italia la richiesta di estradizione?Mancini - Si, io sono qui per questo. Tra l’al-tro, non sono prigioniero, ma in custodia. Que-sto proprio perché l’Italia ha richiesto la mia estradizione al Brasile. Ora questa richiesta de-ve essere motivata e articolata affi nché il Bra-sile la possa analizzare e decidere se concedere l’estradizione. La cosa importante da sottolinea-re è che io sto vivendo questa contraddizione e questa situazione paradossale perché l’Italia è uno dei pochi paesi al mondo che non è riuscito

a dare una sintesi politica e giuridica a questo processo degli anni Settanta attraverso un isti-tuto come l’amnistia o l’indulto; cosa che è stata comune in altri paesi. Manca cioè la capacità, la maturità di fare il punto sulla situazione storica e dire che quei fatti rappresentavano un momen-to importante per mettere un punto fi nale, come è successo per esempio in Brasile con l’istituto dell’amnistia. Tale istituto è spesso sinonimo di trasparenza. Il fatto stesso che si prescrivino, giustifi chino o collochino nel passato certi av-

venimenti, obbligano le parti, i protagonisti a dire quello che è successo. C.I. - Hai parlato del Brasile. Qui le cose so-no state in parte risolte, appunto con l’amni-stia e con l’indulto.Mancini - In Brasile queste misure hanno risolto defi nitivamente tutte le contraddizioni di quegli anni ed hanno permesso che quella generazione partecipasse attivamente alla formazione dello Stato Democratico. In fondo è questo l’obiettivo più importante di una società, ovvero capire ma anche recuperare e riciclare tutte le sue “punte” di contraddizioni e renderle partecipi alla costitu-zione della società e dello Stato organizzato. Qui, come vedi stiamo parlando di ex-militanti e guer-riglieri degli anni Settanta che sono ministri, go-vernatori, presidenti di partiti, deputati ecc. Cioè niente si butta via in una società che voglia capi-re e recuperare le qualità che hanno portato alla formazione del proprio passato. Questa è la cosa più triste quando si rivede la storia dell’Italia.Qual è la tua aspettativa riguardo all’estra-dizione?Mancini - Io mi sento molto tranquillo in re-lazione a questo. Perchè i miei crimini sono assolutamente politici. Ho partecipato a certi movimenti con carattere assolutamente politi-co. L’Italia non è abituata ad analizzare le cose da questo punto di vista. Per l’Italia vi è il cri-mine o il perdono. Cioè ancora non ha raggiunto la maturità giuridica. Non ammette che possa esistere il crimine politico come il dissenso. Ma altri paesi sì. Il Brasile è molto chiaro, sia nel-la costituzione, sia nello statuto degli stranieri: nessuno può essere estraditato per motivi poli-tici. Di fatto abbiamo avuto altri tre casi prece-denti al mio: quello di Pasquale Valitutti, Achille Lollo e di Luciano Pessina. Nei tre casi l’estradi-zione fu negata per 11 a zero dal Supremo Tri-bunale Federale. C.I. – Stai quindi aspettando nel centro di cu-stodia che il STF rigetti la richiesta di estra-dizione per poter tornare a casa?Mancini – Sì, ma il problema e la cosa noiosa è che, come tutti i processi internazionali, sono

Il passato chePolitica

rigurgitaGiordano Iapalucci

‘L’Italia è uno dei pochi paesi al

mondo che non è riuscito a dare una

sintesi politica e giuridica a questo

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O público se deleitou com obras de cerca de 500 artistas

Politica

uante volte abbiamo ascoltato alla tv, pubblicità di automobili, la cui maggior caratteristica pubblicizzata è il loro esse-re “fl ex”? Molte! Si tratta di una parola, relativamente nuova nel mondo dell’au-

tomobilismo civile. Ma come succede per molti beni legati alla ricerca e all’alta tecnologia il suo tempo di vita sembra già essere agli sgoccioli. Ma andiamo piano. È forse meglio spiegare prima cosa sia mai questo “oggetto del desiderio” delle case automo-bilistiche legate al mercato sud-americano.

Responsabile di questa innovazione legata ai motori a scoppio è la Magneti Marelli, azienda italiana che in Brasile ha già compiuto 27 an-ni. Come racconta il presidente della MM-Brasil (controle motor), Silverio Bonfi glioli:

– La storia della Marelli nel paese sudameri-cano inizia nel 1978, a San Paolo, Avenida In-terlagos, quando fu comprata una impresa del gruppo Vasconcellos che produceva carburatori. Nel 1986 ci siamo trasferiti a Campinas, Horto-landia, dove a tutt’oggi esiste la nostra fi liale brasiliana – precisa Bonfi glioli.

Attualmente, la multinazionale italiana, ol-tre ad essere presente in America Latina con 9 stabilimenti, 1 in Argentina (Cordoba) e ben 8 in Brasile, investe circa il 9% del fatturato annuo, sia nei centri di ricerca e sviluppo (in Brasile ne esistono 3), veri cuori palpitanti e chiavi d’en-trata nel mercato globale del XXI secolo, sia in mezzi produttivi e linee di produzione. Il fattu-rato del 2004 ammonta a circa 4 miliardi di euro e per il 2005 è previsto un aumento del 13%.

In Sud-America occupa circa 5.600 lavora-tori, i quali lavorano in sei grandi linee di busi-ness. Queste vanno dallo sviluppo di motori ad iniezione elettronica alla realizzazione di proiet-tori e fanali posteriori, dalla costruzione di so-spensioni e ammortizzatori a quella di sistemi di scarico, fi no alla realizzazione di quadri di bordo (elettronica distribuita sul veicolo). Anche chi non è un attento osservatore non sarà sicura-

mente sfuggito il “fagiolino” blu sul musetto della Ferrari di Formula Uno. Il settore delle competizioni sportive in cui la Marelli investe una importante quota del proprio fatturato an-nuale ha come meta fi nale quella di attualizzare, magari dopo qualche anno, le tecnologie per il consumo civile. Un esempio pratico è il cambio elettronico che fu montato per la prima volta su una F1 nel ’95 e del quale oggi sono equipag-giate alcuni modelli di Fiat Panda. La fonte di innovazione è di fatto la F1 e le competizioni sportive vengono utilizzate come trampolino di lancio per prodotti e tecnologia.

Nel 2003, la MM ha messo sul mercato i siste-mi fl ex (bicombustibili). I centri di ricerca, formati quasi completamente da soli ingegneri brasiliani, hanno impiegato 5 anni tra ricerca e sviluppo. Il primo pezzo è andato in produzione il 23 marzo 2003 su una vettura Wolksvagen con un progetto sviluppato interamente in Brasile. La scelta, in tal senso, è dovuta a due ragioni. La prima riguarda il minor costo rispetto a quelli europei; il secon-do perché il paese sudamericano ha in mano una importante matrice energetica rinnovabile che nei prossimi decenni potrà fare la differenza: l’alcol.

– Il progetto fl ex si basa su una tecnologia che è un grandissimo modello matematico. Viene cal-colata la percentuale di alcol nel serbatoio in un

rapporto benzina/alcol che può essere 0 di alcol e 100 di benzina oppure qualsiasi percentuale fi no ad arrivare anche a 100 di alcol e 0 di benzina – di-chiara il presidente Bonfi glioli durante l’intervista.

Oggi il 70% dei veicoli che utlizzano motori fl ex matricolati in Brasile sono con sistemi inie-zione MM, mentre il 100% di veicoli chiamti popu-lar, ovvero le cilindrate 1000 adottano tutti tec-nologia MM. Ma come è stato accennato all’inizio la voglia di ricerca e sviluppo della Magneti Marelli non si è appagato con il grande successo del mo-tore fl ex. Questo è, infatti, un primo passo di una catena molto piu lunga in cui è necessario vedere questo progetto in una evoluzione molto più pro-fonda rispetto a quello che è poi il risultato attua-le. Il prossimo, come ha svelato il presidente della MM-Brasil (controle motor), è quello di riuscire ad avere un unico tipo di motore montato sulle vetture per tutto il sudamerica, che possa essere utlizzato dal messico alla Patagonia.

La risposta a questo sogno che tra qualche tempo diventerà realtà è il motore tetrafl ex in cui ci si potrà “divertire” a mescolare a seconda delle necessità: benzina pura (carburante utiliz-zato in Argentina, Cile e Uruguay), a benzina con parte di alcool (miscela tipica del Brasile), ad alcool puro e/o gas naturale.

Il tetra verrà lanciato tra la fi ne 2005 e ini-zio 2006. Con questa nuova tecnologia sarà an-che possibile eliminare l’attuale serbatoio sup-plementare dove è necessario un livello minimo di benzina per la partenza a freddo. Questo si-stema non è stato pensato solo per veicoli di al-ta gamma, ma anche per il veicolo popolare con motore di piccola cilindrata.

– Abbiamo cosi fatto un unico veicolo per tut-to il Sudamerica come esiste nel mercato comune europeo in cui sono mantenute le prestazioni del veicolo in termini di potenza e di emissioni ridot-te. Saranno ridotti sia il costo per Km/percorso del 46% e le emissioni di Co2 del 18% – ha dichiarato con grande soddisfazione Bonfi glioli.

Motori quattro volte

Bonfiglioli: Il tetra verrà lanciato tra la fine 2005 e inizio 2006Giordano Iapalucci

Economia

‘Abbiamo fatto un unico veicolo

per tutto il Sudamerica’

SILVERIO BONFIGLIOLI

Q

processi lunghi; più che complicati sono lunghi. Le possibilità dell’Italia di ottenere l’estradizio-ne sono poche, e questo lo ha sempre saputo. La cosa più importante su cui insisto è che il cri-mine è politico, non voglio che l’estradizione sia negata per caratteri tecnici. Mi interessa che sia ancora una volta una sentenza politica, chiara da un punto di vista politico e che faccia capire all’Italia che i tempi sono cambiati. Ma purtrop-po c’è il problema dei tempi e anche dei grandi danni che queste cose provocano.C.I. – Parli da un punto di vista mediatico?Mancini – No, non mediatico. La stampa e la solidarietà sono cosi alte e attente che, devo dire, hanno addirittura aiutato a capire meglio chi io sia e a riscattare certe pagine della storia. Quindi questo non mi sta pregiudicando, al con-trario. Ma dal punto di vista del lavoro sì. Perché io sono un imprenditore, sono direttore di una impresa con i suoi clienti e i suoi conti da paga-re. Questi nessuno me li ripaga. C.I. – Com’è che sei arrivato in Brasile?Mancini - Io sono arrivato passando per altri paesi. Prima addirittura sono stato negli Sta-ti Uniti, in Oriente e in Argentina. In realtà dall´Italia sono andato via nel ’78 e nel Brasile sono arrivato nel 1980. I fatti per i quali sono stato processato sono del ‘76. Ma i processi ini-ziano verso l’ ’82-’83. La condanna defi nitiva è del ’94 ed avviene quindi molti anni dopo che sono uscito dall’Italia. Tutto questo è stato per me una sorpresa, perché quando sono uscito dall’Italia non solo non avevo una condanna, ma neanche una previsione di una possibile condanna. In tutti questi 25 anni non mi sono mai nascosto e non ho neanche avuto ragio-ne di nascondermi perché ho vissuto sempre legalmente. Ho montato con mia moglie una impresa di produzione per la televisione e ci-nema molto conosciuta, ho avuto una fi glia qui in Brasile ed ho sempre vissuto nella zona sud agli stessi indirizzi.C.I. – Perché la richiesta della giustizia italia-na arriva solo ora, secondo te?Mancini – La risposta è una sola. Un proces-so di fascistizzazione dell’Italia che ha portato piano piano a fascistizzare tutti gli istituti, an-che quelli più lontani, in Brasile, in India ecc. Ormai hanno cambiato anche l’ultimo usciere. Un’altra spiegazione può essere che in questo momento il governo, che mi pare nel suo cre-puscolo dovuto alla crisi economica gravissima in cui ha ridotto il popolo italiano, frustrato dal risultato elettorale delle ultime elezioni, usi questi ultimi fatti e elementi un poco come marketing. Tra le poche cose che gli rimango-no con qualche punta di riscontro nell’opinione pubblica vi è questa lotta che, teoricamente, il governo Berlusconi sta facendo al terrorismo. Per cui qualsiasi cosa che richiami anche va-gamente al tema può essere interessante in qualche modo. Però, se vanno a cercare quello che io ho fatto in tutti questi 25 anni, mi pare che l’operazione è piuttosto cinematografi ca. Proprio per rispondere alla sua domanda, l’altro giorno, leggendo Camilleri, ho trovato una frase che forse era adeguata alla circostanza e cioè: “si trova solo quello che si cerca”. In realtà non mi hanno mai cercato! Quello che mi ha stupi-to è quello di essere stato “trovato” così tanto

tempo dopo dagli episodi, circa 30 anni e sen-za che mi fossi mai nascosto. Al tal proposito ti voglio citare anche un episodio che penso faccia proprio onore a questa frase di Camilleri. Quando fu arrestato un altro compagno e amico carissi-mo che è Luciano Pessina, per il quale si fece un processo di estradizione circa 5-6 anni fa, Lucia-no viveva con me, nell’appartamento intestato a me. Quindi non si capisce perché non sia stata in quel momento la mia cattura.C.I. - Ritieni quindi che l’aspetto politico abbia pesato in maniera decisiva sulla tua cattura?Mancini - Non vi è il minimo dubbio. I fatti per i quali sono imputato sono fatti politici relativi al ciclo storico della fi ne anni Sessanta, inizio dei Settanta, contingenti ad un momento stori-co-politico particolare e molto importante, co-minciato nel 1968, non solo in Italia, ma anche nell’Europa intera.C.I. - È vero che è stata presentata al presi-dente Lula una mozione per sensibilizzare la tua posizione? Hai avuto sentore a riguardo?Mancini - No, non so nulla di tutto questo. Non mi risulta che sia stata fatta una richiesta al pre-sidente Lula. Anche perché la difesa che stiamo facendo non è legata ad appoggi di potere che sarebbero anche facilmente raggiungibili per il tipo di lavoro che ho svolto qui in Brasile. Ho la-

vorato in campagne politiche con la mia impre-sa. Ma non è vera questa informazione. E non mi farebbe piacere che il Supremo Tribunale fosse infl uenzato, sempre che lo si possa pensare, dal presidente o da un ministro ecc. Io sono con-vintissimo che la legge è già suffi ciente per ne-gare l’estradizione. La legge è chiarissima ed io non ho mai chiesto asilo politico perché la leg-ge già permetteva che per crimini politici non fossi estraditato. Quello su cui sto contando è la grande solidarietà e partecipazione dei parti-ti politici, della gente. Vi sono molte iniziative, tutte con grande successo. Vi sono state interro-gazioni parlamentari. Tutto questo dimostra che non vi è nessun preconcetto in Brasile rispetto a questi temi. Cosa che in Italia suscitano ancora brividi, rancori e scalpore. Qui trovo molta ma-turità, comprensione e appoggio. C.I. – Com’ è il tuo rapporto con la politica italiana, mantieni relazioni con i vecchi com-pagni in Italia?Mancini - Sì, certamente. In realtà la mia ge-nerazione si è dispersa nel mondo. Io stesso mi allontanai dall’Italia per una questione pu-

ramente personale e di ripensamento di tutta l’esperienza che avevo avuto nell’organizzazio-ne di base, nei sindacati ecc. per conoscere il mondo, nuovi orizzonti. Ma questo non è sta-to soltanto un mio percorso. In realtà è stato quello di grande parte della mia generazione. Per cui questi amici e compagni con cui aveva-mo lottato insieme, magari sono dispersi negli Stati Uniti, in Francia, ecc. Vi è stata una glo-balizzazione territoriale del movimento. Non ho più molti grandi amici. Ce ne sono alcuni, ma in un ambito completamente diverso rispet-to a quello che ci aveva fatto conoscere. Vi è un legame, una storia, un ricordo, come una volontà di rivedersi che purtroppo per me non si può mettere in pratica. Ma non si tratta più di un legame di carattere militante; non se ne parla nemmeno. Più che altro affettivo.C.I. - Hai mai pensato di continuare un’attivi-tà sindacale qui in Brasile?Mancini – No. Come ho detto, quando sono arri-vato qui in Brasile è stato perché ho tagliato, in un certo senso, con l’ideologia. Ho voluto cono-scere la vita da un punto di vista più personale e più legato all’esperienza del viaggio, della cultu-ra, dell’ecologia. Quegli anni sono stati piuttosto duri dal punto di vista personale. Avevamo sacri-fi cato tutto in nome della contestazione, della ri-voluzione e della utopia. Eravamo molto giovani. Abbiamo bruciato la nostra gioventù, anche se questo è stato una base solidissima per la nostra maturità. Lo rifarei di nuovo. Sono contento di aver partecipato ad un processo che mi ha reso cosciente di tante cose. Però è un processo che è fi nito come processo stesso. Alla fi ne degli anni Settanta già vi era soltanto il buio, morte, silen-zio e censura. Non c’è stato più niente di creati-vo. Per cui è stata una esperienza che ho tagliato e ne ho iniziato una nuova, completamente di-versa anche senza rigettare le radici. Però molto diversa da un punto di vista dell’obiettivo. Non era più lo Stato ma la natura, l’arte. Prima si trat-tava di conquistare il “cuore” dello Stato o cose del genere che sono assolutamente non vere. Non esiste questo cuore dello stato. Era il frutto della nostra coscienza in quel momento. Ho spostato il fuoco dell’obiettivo, pur continuando ad avere un compromesso sempre molto profondo con la veri-tà e la politica. C.I. -Cosa ne pensi di questo momento della politica brasiliana?Mancini - Sorpreso e disilluso come grande parte dei brasiliani. Perché questo governo rappresen-tava l’idea di cambiamento, di riforma, di rivolu-zione. In una situazione come quella brasiliana, con contraddizioni profonde, purtroppo questo mega-scandalo rappresenta in certa forma una grande perdita di fi ducia e di sogno rispetto a questa possibilità. Vedo, però, che il Brasile ha ancora una volta questa grande capacità di dare quello che chiamano “a volta para cima”. Cioè di riuscire a metabolizzare le crisi. Non c’è, nono-stante la venuta a galla di tutte queste magagne, un potere del male o un potere del comando che ostruisce alla verità di venire a galla. E quando la verità viene a galla le istituzioni devono cambia-re e i partiti si devono rimettere in discussione. Per cui queste cose, secondo me, devono essere viste da un punto di vista dialettico e non come fallimento di un processo.

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era adeguata alla circostanza e cioè: si trova solo quello

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Il presidente della Magneti Marelli - Silverio Bonfiglioli

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Luciana Bezerra dos Santos

vecchiamento della popolazione mostra già se-gnali del fatto che la terza età è uno dei pilastri del reddito familiare. L’IBGE indica che il 44% delle persone con più di 60 anni corrispondono a più della metà delle entrate della casa. Altri 27% pagano tutto ai fi gli, nipoti e, in qualche caso, pronipoti. Ossia, tre anziani su dieci man-tengono la casa praticamente da soli.

E questo dovrà intensifi carsi con l’avanza-mento accellerato delle tecnologie e della me-dicina, che garantiranno più tempo di vita alle persone. Negli ultimi 15 anni, la popolazione di anziani è aumentata da 10 a 15 milioni. Entro la fi ne del 2005 avremo, secondo stime degli spe-cialisti, circa 32 milioni di brasiliani con più di 60 anni.

REDDITO INSUFFICIENTEI dati rivelano che un gran numero di anziani mantiene la famiglia non signifi ca che l’anziano brasiliano riceva dall’INSS una fortuna che gli garantisce una longevità con qualità di vita. Le statistiche, alle volte, dipendendo dal contesto, possono rivelarsi opache.

La maggior parte degli anziani brasiliani vive con soltanto un salario minimo al mese. Soltan-to il 12,83 % di loro raggiunge il pensionamento tra i 60 e i 69 anni, il 6,22% tra i 70 e i 79 anni e soltanto l’1,16% degli anziani ultraottantenni ci possono contare.

Questa constatazione rasenta l’ovvietà: in Brasile, raramente l’anziano riesce a ritornare al mercato del lavoro e spesso ne viene escluso an-che prima di compiere 60 anni. La popolazione anziana che ha qualche tipo di occupazione rap-presenta circa il 10,62% degli abitanti.

Ma la discriminazione, in molti casi, comin-cia in casa, in uno scenario stressante che si intensifi ca tanto per l’anziano quanto per i suoi fi gli e nipoti. Uno dei principali motivi di abban-dono nella terza età.

Il Departamento de Enfermagem da Univer-sidade Federal de São Paulo (Unifesp) ha riscon-trato che l’aumento di casi del morbo di Alzhei-mer – malattia degenerativa che, poco a poco, atrofi zza il cervello e provoca la morte gradativa dei neuroni – si deve allo stress e alla relazione tortuosa e poco affettuosa di molti dei familiari nei riguardi dei loro anziani.

Per arrivare a questa conclusione, l’Unifesp ha valutato 324 persone, di cui 162 sono pazienti con il morbo di Alzheimer e il resto degli analizza-ti sono parenti che badano agli anziani. La meta dello studio era quella di capire i motivi che por-tano i familiari a ricoverare i loro anziani.

Empirismo o no, si crede che l’Alzheimer – incurabile e di origini sconosciute – colpisca metà delle persone con più di 80 anni.

CENSIMENTO DELLE CASE DI RIPOSODa una parte, impazienza e intolleranza; dall’al-tra, una fi gura fi sicamente indifesa, che accetta passivamente il suo destino: il distacco dalla fa-miglia. Ma che istituzione è questa che riceve i nostri anziani?

Un altro studio, stavolta dell’ Universidade Federal de São Paulo (USP), indica che ci sono due modelli di Case di Riposo. Uno formato da istituti fi lantropici, che corrispondono al 35% del totale delle Case di Riposo, gratuite per per-

sone della terza età e della sua famiglia. E un altro, dove si fa pagare per la manutenzione del-l’anziano presso l’istituto.

Nello stato di Minas Gerais è stato recente-mente pubblicato dal Ministério Público un cu-rioso rilevamento delle Case di Riposo controlla-te dallo stato. Il preoccupante risultato – a cui si è arrivati dopo due anni di lavori – dice che tra le 602 istituzioni esistenti in 317 città, al-l’incirca l’80% non ha l’autorizzazione sanitaria.

La situazione non è tra le migliori, tanto è che il CNDI (v. nota) sta impiantando una specie di censimento che riguarda la situazione delle Case di Riposo. Ancor prima del rilevamento, l’installazione dei Consigli municipali per gli an-ziani – previsti dalla Legge federale 8.842/1994 – potrebbe promuovere un grande progresso nel miglioramento della qualità delle Case nel Paese. Per fare ciò, ci vuole soltanto volontà politica.

L’APPOGGIO ITALIANOLa situazione generale è delicata ma ci sono, for-tunatamente, eccezioni come quella di Vila Para-diso, istituto mantenuto dall’Ospedale Italiano di Rio in convegno con il Consolato d’Italia, dove si trova dona Maria do Carmo e altri 31 anziani, tra uomini e donne di cui si occupano 20 impiegati. Alcuni di loro sono italiani e, quindi, assistiti dal Consolato d’Italia grazie al trasferimento di som-me del governo italiano. Ma altri sono brasiliani e le famiglie pagano le loro spese.

Secondo Aldo Chianello, presidente della Sociedade Italiana de Benefi cência e Mútuo So-

corro, il consolato realizza una scelta per sele-zionare i casi che veramente hanno bisogno di aiuti dall’istituzione, specialmente quelli degli anziani italiani.

- Alcuni di loro non sanno nemmeno se han-no famiglia. Altri sono stati abbandonati. Il go-verno italiano mette a disposizione una somma di denaro per un numero molto ridotto di perso-ne. In tutto sono 11 e basta. Ma ci sono anche brasiliani, solo che in questo caso i familiari si responsabilizzano – racconta Chianello, che mette enfasi sul fatto che Vila Paradiso si re-sponsabilizza soltanto per l’accoglienza, il ser-vizio sanitario giornaliero, l’assistenza sociale e infermeria.

Secondo Marly Mendes Dion, 68 anni, direttri-ce di Vila Paradiso, l’interattività fatta grazie ad

Statistiche indicano l’invecchiamento della popolazione. Governi stranieri, tra cui quello italiano, appoggiano Case di Riposo brasiliane

on ha avuto fi gli, né nipoti, per raccontare le sue storie. Un passato che insegna. Anzi, è inesorabilmente l’unica cosa che ci insegna. A 84 anni, statura media, timida e abbastanza colta, la paraense Maria do Carmo Araújo è questo passato che cerca orecchie e, soprattutto, menti

per insegnare. L’ascolta solo qualche infermiere premuroso della Casa di Riposo Vila Paradiso, nel quartiere Grajaù, Rio de Janeiro, dove lei si trova dal 2003. Ogni tanto dona Maria parla con qualche parente per telefono. E non esce più per “paura della violenza nella città”, dice.

Curiosamente, dona Maria, che è stata infermiera, usa come specie di oracolo il libro “A escola de enfermagem Anna Nery – Sua história – Nossas

, che ha aiutato a scrivere ed è stato pubblicato dalla Casa editrice Cultura Médica, nel 1997. Il suo rapporto con l’opera è giornaliero, quasi reli-gioso. Si siede, comincia a sfogliarlo… è in questo momento che l’espressione del suo viso cambia. È come se ogni pagina del libro fosse un pezzettino del suo passato. Con gli occhi pieni di lacrime e una nostalgia latente dice:

- Sono rimasta otto anni praticamente rinchiusa nella ‘Escola de enfer-magem Anna Nery’.

Dona Maria non si è sposata per dedicarsi alla professione e a sua ma-dre, morta due anni fa. È arrivata a Rio nel 1942 e ha abitato nella casa degli zii, nel quartiere di Andaraì ,per poter fare il corso di infermiera.

- All’epoca della rivoluzione [Nota dell’editore: insediamento di Getúlio Vargas, nel 1930], il governo brasiliano ritenne che doveva impossessarsi dei beni di tutti, ma specialmente degli italiani e dei giapponesi, che so-no stati perseguitati. Se mi metto a raccontare tutto, non la fi niamo mai. Il mio primo impiego come infermiera è stato nella casa di sanità tede-sca, che è stata trasformata in ospedale militare. Per quanto riguarda il libro, fa parte della mia storia, non ne sono stata l’unica autrice, ma ho collaborato parecchio affi nché fosse pubblicato – ricorda.

Come dona Maria do Carmo, in Brasile oggi ci sono circa 265 mi-la anziani che trasformano le Case di Riposo in veri e propri bauli di saggezza e storia di noi tutti. Un numero della popolazione che non smette di crescere.

Secondo il Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI), orga-no della Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República2, in Brasile il fenomeno dell’invecchiamento ha superato le aspettative degli ultimi anni. La spiegazione è di un cartesianesimo commovente: fi no agli inizi del sec. XX, morire prima dei 40 anni era comune. Invece oggi abbiamo tutti grandi possibilità di arrivare ai 70 anni. Un altro organo governativo, l’ Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), indica che fi no al 2002 in Brasile c’erano più di 16 milioni di persone con più di 60 anni, ossia, il 9,3% del totale degli abitanti.

Quindi non è da considerare strano che, malgrado in Brasile siamo negligenti per ciò che riguarda i nostri anziani, questo in-

attività ricreative e TV è fondamentale affi nché gli anziani non si sentano esclusi da una realtà per la quale anche loro sono stati importanti.

- Sto lavorando perché abbiano diverse attività sociali. Loro hanno il diritto a medi-cine, ricreazione, fi sioterapia, alimentazione bilanciata e sana, oltre all’assistenza medica e ospedaliera – dice.

PARADISO PER ANZIANIL’italiana Elvira Scrivana, 87 anni – da dieci a Vila Paradiso – è nata nella provincia di Fuscal-do, in Calabria, ed è arrivata in Brasile – come migliaia di italiani venuti nel dopoguerra – con un’amica di sua sorella che abitava già a Rio de Janeiro. In Brasile, Elvira si è sposata, ha avu-to tre fi gli, un maschio e due femmine, ma le due sono morte ancora bambine. Elvira è rima-sta sorpresa vedendo la sua foto su Comunità, accanto al ministro per gli italiani nel mondo Mirko Tremaglia, che durante la sua visita in Bra-sile ha visitato la Casa di Riposo.

Per Elvira, Vila Paradiso è come se fosse l’estensione della sua casa:

- Ero già passata di qui prima, ma il posto era brutto, soltanto dopo che ho visto tutto mi-gliorato ho deciso di rimanere. Sono qui da die-ci anni e se non mi piacesse non rimarrei tanto tempo. Mio fi glio si chiama Antonio Marzullo, ha 53 anni, abita con la moglie e due fi gli, Prisci-la, 18 anni, e Marcelo, 23. E siccome non voglio disturbarli preferisco restare qui, visto che ho qualcuno con cui parlare – racconta Elvira.

Vila Paradiso è costruita su due piani. A quello superiore ci sono gli anziani con diffi col-tà di movimenti e l’ala maschile. Lungo i corridoi della Casa ciò che fa più impressione è il numero di signore, la maggior parte vedove, superiore a quello di signori.

È in quest’ala che si trova una delle assistite dal consolato, l’italiana Maria Santoro, 92 anni, da due a Vila Paradiso. Lei non si muove, parla con diffi coltà, ma le rimangono un’ottima me-moria e una voce singolare per cantare vecchie canzoni romantiche del Belpaese. Tutto, è chia-ro, rigorosamente in italiano.

- Quando era giovane, Maria era cantante professionista e cantava nei bar in Italia – di-ce la psicologa e ricreatrice Ezi Teixeira, 52 anni, che è ritornata a Vila Paradiso dopo 10 anni di assenza.

In Brasile ci sono circa 265

mila anziani che trasformano le

Case di Riposo in veri e propri bauli

di saggezza e storia di tutti noi

Statistiche indicano l’invecchiamento della popolazione. Governi stranieri, tra cui quello italiano, appoggiano Case di Riposo brasiliane

Non ha avuto fi gli, né nipoti, per raccontare le sue storie. Un passato che insegna. Anzi, è inesorabilmente l’unica cosa che ci insegna. A 84 anni, statura media, timida e abbastanza colta, la paraense Maria do Carmo Araújo è questo passato che cerca orecchie e, soprattutto, menti

per insegnare. L’ascolta solo qualche infermiere premuroso della Casa di Riposo Vila Paradiso, nel quartiere Grajaù, Rio de Janeiro, dove lei si trova dal 2003. Ogni tanto dona Maria parla con qualche parente per telefono. E non esce più per “paura della violenza nella città”, dice.

Curiosamente, dona Maria, che è stata infermiera, usa come specie di oracolo il libro “A escola de enfermagem Anna Nery – Sua história – Nossas memórias”1, che ha aiutato a scrivere ed è stato pubblicato dalla Casa editrice Cultura Médica, nel 1997. Il suo rapporto con l’opera è giornaliero, quasi reli-gioso. Si siede, comincia a sfogliarlo… è in questo momento che l’espressione del suo viso cambia. È come se ogni pagina del libro fosse un pezzettino del suo passato. Con gli occhi pieni di lacrime e una nostalgia latente dice:

- Sono rimasta otto anni praticamente rinchiusa nella ‘Escola de enfer-magem Anna Nery’.

Dona Maria non si è sposata per dedicarsi alla professione e a sua ma-dre, morta due anni fa. È arrivata a Rio nel 1942 e ha abitato nella casa degli zii, nel quartiere di Andaraì ,per poter fare il corso di infermiera.

- All’epoca della rivoluzione [Nota dell’editore: insediamento di Getúlio Vargas, nel 1930], il governo brasiliano ritenne che doveva impossessarsi dei beni di tutti, ma specialmente degli italiani e dei giapponesi, che so-no stati perseguitati. Se mi metto a raccontare tutto, non la fi niamo mai. Il mio primo impiego come infermiera è stato nella casa di sanità tede-sca, che è stata trasformata in ospedale militare. Per quanto riguarda il libro, fa parte della mia storia, non ne sono stata l’unica autrice, ma ho collaborato parecchio affi nché fosse pubblicato – ricorda.

Come dona Maria do Carmo, in Brasile oggi ci sono circa 265 mi-la anziani che trasformano le Case di Riposo in veri e propri bauli di saggezza e storia di noi tutti. Un numero della popolazione che non smette di crescere.

no della Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repúblicaaspettative degli ultimi anni. La spiegazione è di un cartesianesimo commovente: fi no agli inizi del sec. XX, morire prima dei 40 anni era comune. Invece oggi abbiamo tutti grandi possibilità di arrivare ai 70 anni. Un altro organo governativo, l’ Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), indica che fi no al 2002 in Brasile c’erano più di 16 milioni di persone con più di 60 anni, ossia, il 9,3% del totale degli abitanti.

Il paese del futuro...Atualidade

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Aldo Chianello preoccupato con assistiti italiani

Dona Maria, 84 anni, ricordi nel libro

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Molti italiani, specialmente anziani, che oggi vivono in Brasile ignorano l’esi-stenza di un Patronato l´Istituto Nazionale Assistenza Sociale in Brasile (INAS), entità indipendente con sedi a San Paolo – la principale -, Recife, Vitoria e Rio de Janeiro, che aiuta i consolati italiani in Brasile. Lo scopo dell’Inas è quello

di orientare nella selezione per l’assistenza, che può essere anche fi nanziaria, gli italiani bisognosi che vivono all’estero. L’aiuto gratuito va fi n dal conseguimento di un estratto previdenziale per riscattare periodi di lavoro senza contribuzioni, al rendere agile la buro-crazia per i pagamenti di pensioni, specialmente quella alle vedove.

- Ancora oggi troviamo cittadini che ignorano il lavoro realizzato dai Patronati, forse per mancanza di divulgazione da parte dei Consolati e di altre istituzioni, così come per mancanza di fondi per la pubblicità, visto che contiamo su scarse risorse per questo fi ne – si rammarica Rita Martire, organizzatrice della sede di Rio. In Italia ci sono 721 sedi dell’Inas/Cisl. All’estero, ci sono 74 nuclei, con circa 131 operatori distribuiti nei paesi di maggior emigrazione italiana.

Secondo Rita, tutte le tappe per ottenere il pensionamento possono essere presenta-te all’area di assicurazione sociale del governo italiano per mezzo dell’Inas, fi nanche la raccolta dei documenti necessari e l’aggiornamento dei dati dell’assicurato.

Oggi, con la creazione dei poli territoriali in Italia, la sede dell’INPS di Forlì è responsa-bile dei processi di pensionamento italiano che partono dal Brasile. La creazione di questi poli, spiega Rita, è stata importante per sveltire le attese in fi la per ottenere la pensione.

- Prima si aveva bisogno di quattro anni, all’incirca. Oggi il tempo di attesa può essere meno di un anno – dice Rita.

La rappresentante dell’Inas avverte però che non sono tutti gli italiani che hanno diritto alla pensione concessa dall’INPS italiano. Il motivo, mette in risalto, è che molti immigranti non hanno mai contribuito in Italia.

Insieme al Consolato Generale d’Italia e al Comitato degli Italiani all’Estero (COM.IT.ES), l’Inas effettua anche richieste di assistenza medico-ospedaliera e la distribuzione di medicine agli italiani – soprattutto anziani – fi nanziariamente impossibilitati.

Terza età esige perfino cambiamenti nell’architettura della casa

Adeguare una casa propria o di riposo e ospedali con architettura propria per rispondere alle esigenze della terza età è ancora una cultura poco diffusa in Brasile. Dati della Facoltà di Medicina del-la USP di Ribeirão Preto, indicano che il 12% dei decessi tra gli

anziani è provocato da cadute. Il sondaggio fa anche risaltare che il 30% cade una volta all’anno.

Sono pochi i luoghi che si preoccupano di questo. Uno di essi è l’Ospe-dale Israelita Albert Einstein, a San Paolo, che da un anno ha comprato apparecchi di infermeria geriatrica. Sono stati spesi R$ 5 milioni nelle in-novazioni in ingegneria e architettura. Il pavimento delle stanze è stato costruito con un materiale che assorbe l’impatto in caso di cadute.

Il mercato immobiliare, malgrado la poca cultura architettonica per l’anziano, sta già investendo nelle chiamate abitazioni assistite nelle prin-cipali capitali del paese. Ma l’iniziativa in realtà è fuori dalla realtà econo-mica dei nostri anziani. Le somme mensili da pagare per il servizio spazia-no dai R$ 2mila ai R$ 5mila.

Per la famiglia dell’anziano sarebbe più economico – e anche molto più lodevole – sviluppare nelle proprie case strutture ideali per la terza età. Sbarre di appoggio in bagno, meno mobili, più spazio nelle stanze e al-tezza del wc sono alcune delle azioni più comuni. Oltre al gesto di affetto sono effi cienti e, soprattutto, non pesano sulle tasche. (L.B.S.)

MIRE NO FUTURO

Para aqueles que só vivem o presente, uma sugestão da fi lósofa Simone de Beauvoir: “Não sabemos quem somos, se ignorarmos

quem seremos; aquele velho, aquela velha, reconheçamo-nos neles. Isso é necessário, se quisermos assumir em sua totalidade nossa con-dição humana”.

- Oggigiorno affrontiamo tanti problemi, stiamo vivendo una crisi fi nanziaria nel paese, l’aumento dell’età, i gravi problemi di salute e la diminuzione, da parte del governo italiano, della somma sollecitata. Tutto questo fa sì che siano rivisti i concetti di bisogno [n.d.r.: degli italiani all’estero] visto che le risorse sono limitate – dice Rita.

Lei avvisa pure che c’è “una massiccia pressione” dell’Inas, dei Co-mites e del Consiglio Generale degli Italiani all’Estero (CGIE) affi nché venga concesso all’estero l’assegno di solidarietà, benefi cio italiano per i più bisognosi.

A Rio de Janeiro si trovano circa 2000 pensioni italiane già concesse (dati del 2003) e perlomeno 200 processi ancora in andamento.

- In realtà questi dati non possono essere così precisi considerando il gran numero di morti negli ultimi anni – informa Rita.

Per sollecitare una richiesta di pensionamento non è necessario andare al Consolato, visto che i Patronati sono responsabili per riconoscere l’ido-neità, inoltrare e accompagnare tutto il processo.

Per sapere di più sull’Inas, basta entrare nel sito italiano www.inas.cisl.it. La pagina brasiliana si trova in costruzione e dovrebbe essere pronta agli inizi dell’anno prossimo. (L.B.S.) Più spazio tra

le poltronePerdendo tempo!

Benefi ci più sollecitati

Domanda di Vecchiaia;Anzianità Contributiva;Domanda ai Superstiti.

Documenti necessari

Certifi cato di nascitaCarta d’identità e Codice FiscaleCertifi cato di matrimonioCertifi cato di residenzaPeriodo di contribuzione italiano e brasilianoCertifi cato di decesso (quando necessario)

Per richiedere una pensione per vecchiaia

Uomini – 65 anni d’età e 20 anni di contributi tra Brasile e Italia;Donne – 60 anni d’età e 20 anni di contributi tra Brasile e Italia;Il calcolo per il pagamento viene effettuato con base sugli anni di contribuzioni fatti in Italia (Pro Rata)

NUNCA É DEMAIS LEMBRAR

O Estatuto do idoso foi sancionado pelo presidente Lula há exatamente dois anos. Nele há 118 parágrafos que regulam a relação da sociedade com pessoas

da terceira idade. O Estatuto prevê, entre outras ações, pena de 6 meses à 12 anos de prisão para quem provocar danos físicos ou morais ao idoso. Denúncias podem ser feitas pelos telefones 0800-239191 ou 2299-5700.

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Italiani anziani in Brasile ignorano istituzione che può orientarli sul pensionamento e perfino offrirgli assistenza sociale

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SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute

Saúde Saúde

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A maior difi culdade das mães amamen-tarem seus fi lhos no peito não é física e nem psíquica, mas social. Segundo o pediatra Hamilton Robledo, do Hospital

e Maternidade São Camilo e membro do Depar-tamento de Aleitamento Materno da Sociedade Paulista de Pediatria, a maior inimiga das mães é a falta de informação.

Ignorância, inimiga da amamentação

Amamentação saudável precisa de...

Observar o peso da criança. O mínimo é ganhar de 15 a 18 gramas por dia;

Siga o ritmo do seu fi lho. Não se espelhe pelo bebê da sua vizinha;

Tamanho do peito não determina quantidade de leite produzido;

A produção do leite depende de dois hormônios: a prolactina, estimulada pela sucção do mamilo e a oxitocina, produzida pelo sistema nervoso;

O pré-natal é o tempo ideal para preparar o bico dos seios. Peça orientações ao obstetra;

Além de melhorar a imunidade do bebê, prevenindo uma série de doenças na fase adulta, a amamentação é importante para a família e para a sociedade.

DIGA NÃO

A sensualidade clássica da bafo-rada de cigarro não convence

mais. Segundo especialistas da Or-ganização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável do mundo. Da fuma-ça partem nada menos do que 4.720 substâncias químicas - muitas ain-da desconhecidas -, sendo 60 delas comprovadamente cancerígenas. Só a nicotina, a mais popular, é capaz de inúmeros estragos: além de causar dependência, ela reduz o diâmetro dos vasos sangüíneos, difi cultan-do a chegada de nutrientes e oxigênio às células.

De acordo com estudo do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), realizado em 107 cidades do país, com mais de 200 mil habitantes, aponta que 32% dos brasileiros acima de 12 anos fu-mavam na década de 80. Atualmente, dezessete por cento cultivam este hábito.

Não é à toa que os números de vítimas fatais continuam aumen-tando, apesar do crescimento dos antitabagistas. Estima-se que as tragadas provoquem 4,9 milhões de mortes anuais - ou 10 mil óbitos por dia. E, se nada for feito, a previsão é de que em 2030 essa marca se aproxime dos 10 milhões.

PREÇO REDUZIDO

A Organização Panamericana de Saúde (OPS) conseguiu uma redução entre 15%

e 55% de desconto nos anti-retrovirais – me-dicamentos usados contra o HIV - mais utili-zados no tratamento da doença. O acordo foi fi rmado entre governos de 11 países da Amé-rica Latina e 26 companhias farmacêuticas. As negociações permitirão que os países possam reduzir seu gasto com os remédios entre 9% e 66%. Desta maneira, a América Latina se tor-na a primeira região do mundo a desenvolver essa iniciativa.

PODER DO AZEITE

O azeite de oliva extra-virgem tem propriedades analgésicas. É o que

aponta estudo realizado por especialistas do Monell Chenical Senses, da Filadélfi a, publicado na revista Nature. Segundo a pesquisa, apenas 50 gramas de azeite são equivalentes a um décimo de uma dose do analgésico ibruprofeno, bastante po-pular nos Estados Unidos. Processos in-fl amatórios estão na raiz de várias doen-ças crônicas. Batizada de oleocanthal, a substância ajuda a explicar os benefícios da dieta do mediterrâneo.

AROMA DA SAÚDE

É difícil encontrar alguém que resista ao aroma e ao sabor do morango. Além

de saborosa, essa delícia traz diversos be-nefícios para a saúde. Isso porque possui pectina e fi bras solúveis que, ao serem con-sumidas regularmente, auxiliam na redução do colesterol e evitam a prisão de ventre. O morango contribui ainda para a multiplica-ção de células devido ao ácido fólico, nu-triente indispensável na gestação por evitar malformações no feto.

Rico em potássio, responsável por equi-librar a quantidade de sódio no organismo, evitando a retenção de líquidos. Mais: a fruta tem poucas calorias - cerca de 36 cal por xícara ou 100 gramas.

MILAGRE DA SOJA

Nenhuma outra leguminosa oferece mais pro-teínas do que a soja. Como se não bastasse,

ela é também uma ótima fonte de fi bras e, quando consumida com outros vegetais, pode fornecer ao organismo uma boa quantidade de aminoácidos equivalente a da carne. Além disso, o grão con-tém uma espécie de hormônio vegetal semelhante ao estrógeno. Responsável por controlar os hor-mônios da mulher e ajudar a prevenir diversos tipos de câncer, como o de mama e de útero. O consumo do grão auxilia ainda no controle do co-lesterol, diabetes, osteoporose, doenças cardio-vasculares, ameniza sintomas da TPM, menopausa e no tratamento do mal de Alzheimer.

CÉLULAS PULMONARES

Uma equipe de cientistas no Imperial Col-lege de Londres anunciou ter conseguido

criar células do pulmão em laboratório, a par-tir de células-tronco. A pesquisa - divulgada pela revista especializada Tissue Engineering - aponta que as células criadas são da área do pulmão na qual ocorrem trocas gasosas, como a absorção do oxigênio pelo organismo. An-ne Bishop, cientista que liderou a pesquisa, ressaltou que “esse é um grande passo para a criação de células que poderão reparar pul-mões danifi cados”.

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NADA DE HAMBÚRGUER

Tentar acompanhar a aventura gastronômica do netinho, recheada por hambúrguer e batata-frita, defi nitivamente não combina com o vovô

ou a vovó. Alimentação em qualquer idade é coisa muito séria e na tercei-ra idade não poderia ser diferente. Portanto, o melhor é optar por alimen-tos mais macios e de fácil mastigação, já que após os 60 o organismo não tem a mesma efi ciência para reter nutrientes como na juventude. E, claro, uma boa caminhada faz bem. Mais dicas nos sites: www.nutritotal.com.br e www.saudenamaturidade.com.br.

Para ele, apesar da maciça informação da mídia, a maioria das mamães ainda se sente in-segura e desinformada sobre o assunto. Robledo enfatiza que só há uma saída: se informar com quem entende do assunto.

- A maioria dos problemas para amamentar poderia ser revertida se as mães seguissem os conselhos dos médicos - afi rma o médico.

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Notícias

L’UNIONE IN BRASILE

Nel corso di una riunione tenutasi ad agosto, a San Paolo, alla presenza di alcuni rappresentanti della comunità italiana (Cgie, Comites, Asso-

ciazioni, Sindacati, Partiti, Camera di Commercio), è stata formalizzata la costituzione del Coordinamento dell’Unione della metropoli brasiliana. Il prossimo mese di settembre è prevista una riunione del Coordinamento di tutto il Brasile, che dovrebbe elaborare un programma comune da inviare a Roma insieme ad una prima “rosa” di nomi su possibili candidature per le prossime elezioni del 2006.

Allineamento anagrafe

La collaborazione tra il Ministero degli Esteri, il Ministero degli Italiani nel Mondo e dell’Interno ha prodotto l’operazione Mailing che consentirà l’al-

lineamento degli elenchi delle anagrafi consolari con l’elenco dell’Aire. L’opera-zione Mailing, attraverso l’invio di un formulario che richiederà agli interessati i dati anagrafi ci e la residenza all’estero, uniformerà in modo defi nitivo i due elenchi, consentendo l’esatto e certo esercizio del voto degli Italiani all’este-ro. Tale questionario sarà inviato a tutti i cittadini le cui posizioni non sono ancora chiarite mentre tutti i residenti che in passato recente hanno ricevuto le cartoline elettorali non sono coinvolti nell’attuale iniziativa e quindi non riceveranno comunicazioni. E fondamentale che tutti coloro i quali verranno raggiunti da questa comunicazione rispondano non oltre il 30 settembre.

Settimana brasiliana

Dal 13 al 18 settembre chi risiede in Provincia di Trento avrà l’oppor-tunità di conoscere da vicino la realtà dei discendenti degli emigrati

trentini in Brasile. Il programma prevede mostre fotografi che, incontri con la cittadinanza e momenti di approfondimento sul tema dell’emigrazione. Fra questi ultimi è attesa la proiezione del fi lmato “Brasile 1875-2005”, del giornalista Mauro Neri che documenta l’attività delle comunità trentine in Brasile. La folta delegazione brasiliana che arriverà a Trento, è formata in prevalenza da soci dei Circoli trentini, degli stati di San Paolo, Santa Cata-rina, Rio Grande do Sul, Paranà.

Borse di studio

Saranno 40 le borse di studio annuali che la giunta provinciale di Trento ha destinato a emigrati trentini all’estero e a loro discendenti, per la

frequenza nell’anno 2005/2006 dei corsi di lingua italiana del Consorzio di Università italiane. La domanda di partecipazione al concorso è reperibile anche sul sito internet www.mondotrentino.net e dovrà essere presentata entro il 18 ottobre 2005 presso il Servizio emigrazione e solidarietà interna-zionale della Provincia autonoma di Trento, in via Romagnosi 9 di Trento.

Padovani in Sudamerica

I padovani d’oltreoceano incontrano le origini. L’occasione è quella offerta dalla

tournée in Sud America della compagnia di teatro comico dialettale di Bruno Capovil-la. L’attore, nonchè autore di tante comme-die in vernacolo, è stato scelto dalla Pro-vincia come “ambasciatore” della cultura veneta in quattro città dell’America Latina: Buenos Aires, Montevideo, Porto Alegre e Bento Goncalves. Lo scopo dell’iniziativa è duplice: culturale e imprenditoriale. La Provincia vuole far conoscere anche alle generazioni più giovani lo stile di vita, le tradizioni e le usanze della gente veneta. Il tutto per continuare a rinsaldare il legame che lega il Veneto alle migliaia di emigrati veneti presenti in tutta l’America Latina e ai loro discendenti.

Master per toscani

Scade il 26 settembre il termine per la presentazione delle do-mande relative alle 2 borse di studio per toscani residenti al-

l’estero destinate alla frequenza dell’XI Master in Gestione e Con-trollo dell’Ambiente alla Scuola Superiore Sant’Anna di Pisa e al Ma-ster in Management dell’Innovazione. La borsa di studio, a copertu-ra totale della quota di iscrizione, è offerta dalla Regione Toscana e dalla Camera di Commercio Industria Artigianato e Agricoltura di Fi-renze. Per ulteriori informazioni: e-mail: [email protected]; internet: www.sssup.it

TARIFFE PIÙ CARE

Le tariffe di imbarco nei voli nazionali hanno subiranno un aumen-to medio del 70% a partire dal 1° ottobre. L’aumento, che era già

stato autorizzato dal Ministero della Fazenda e pubblicato dal Coman-do dell’Aeronautica, è stato regolato grazie ad un decreto della Difesa pubblicato sul “Diário Ofi cial” dell’União agli inizi di settembre.

Il decreto stabilisce che le tariffe di imbarco nei principali ae-roporti del paese – classifi cati come di 1a categoria – che prima costavano R$ 11,55 – aumenteranno a R$ 19,62. La tariffa di im-barco internazionale – una delle più alte del mondo – continuerà a costare US$ 36.

‘SACRIFICIO’ DI BERLUSCONI

Il premier italiano Silvio Berlusconi ha detto a Sochi, in Russia, che con-correre alla rielezione è per lui un grande sacrifi cio. Per Berlusconi, il

cambiamento di governo, ossia il passaggio, dopo le elezioni, da un Esecu-tivo di centro-destra ad uno di centro-sinistra, “sarebbe insensato”.

Per ciò che riguarda le sue relazioni internazionali, ha aggiunto che “se penso a qualcuno seduto dall’altra parte del tavolo, al posto mio, francamente mi sento male”. Berlusconi ha anche incontrato il presiden-te Vladimir Putin per discutere problemi bilaterali tra i due paesi.

BRASILE / ITALIA

Rimini - Intensa la partecipazione della Cooperazione allo Svilup-po del Ministero degli Affari Esteri al Meeting di Rimini. Nella

città romagnola, in agosto, si è tenuto un incontro sulle iniziative riguardanti la cooperazione in Brasile. L’incontro ha avuto come argo-mento chiave la promozione dello sviluppo nelle aree maggiormente depresse del Brasile attraverso la lotta alla povertà ed all’esclusione sociale. L’accento è stato posto in particolar modo sul progetto che AVSI (Associazione Volontaria per il Servizio Internazionale) sta con-cludendo a Salvador Bahia, iniziato nel 2001 con un fi nanziamento di 5 milioni di dollari della Banca Mondiale su contributi della Coo-perazione Italiana.

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I Solisti Veneti in

terra carioca

L’orchestra italiana I Solisti Veneti ha portato al delirio i fan di musica clas-sica che hanno riempito la Sala Cecìlia Meirelles, a Rio de Janeiro. Nel reperto-

rio, musica strumentale del sec. XVIII e grandi capolavori sinfonici corali, tra cui l’ “Estro Armo-nico” di Vivaldi e lo “Stabat Mater”, di Rossigni. Secondo gli organizzatori, in circa 800 hanno assistito allo spettacolo. Il successo è stato così grande che l’orchestra è dovuta ritornare sul pal-co per un meritato bis.

Considerata dal pubblico come una delle or-chestre più prestigiose del mondo, I Solisti Vene-ti è diretta da Claudio Scimone e quest’anno ce-lebra il suo 46º anniversario. Secondo Scimone, che ha fondato l’orchestra a Padova nel 1959, il

Notizie

numero di integranti cambia a seconda del re-pertorio musicale.

- In generale siamo 20 persone, ma possia-mo arrivare a 50 quando suoniamo opera o com-posizioni sinfoniche di grande livello. Ogni mu-sicista ha già un’importante attività di solista con grandi qualità tecniche e sonorità massima – mette in risalto.

Il gruppo, che si è già presentato in ol-tre 50 paesi in Europa, Asia e America Lati-na, partecipa regolarmente ai più importanti festival mondiali, tra cui il Festival di Sali-sburgo. Oltre ad aver ricevuto premi mondiali

come il Grand Prix du Disque dell’ Académie Charles Cros, di Parigi (quattro volte), il Gram-my, di Los Angeles, il Grand Prix de l’Académie du Disque Lyrique, la Elisabeth Memorial Me-dal, di Londra. Il prossimo spettacolo sarà a Quito, in Equador

Il direttore della Sala Cecília Meirelles, João Guilherme Ripper, dice che quest’anno la casa compie 40 anni e che la presentazione de “I So-listi Veneti” fa parte dei festeggiamenti e del ca-lendario culturale della Sala del 2005. L’evento è stato promosso dall’Istituto Italiano di Cultura di Rio de Janeiro. (N.G)

Cultura

Lo scorso 18 agosto, con una manifesta-zione di protesta davanti al Consolato Generale d’Italia di Rio, alcuni dei 65 rap-presentanti del corpo di ballo del Centro

Culturale Opera Brasil hanno danzato in forma di denuncia, verso il sindaco di Catania, Umberto Scapagnini, per il mancato pagamento della tour-née effettuata sei mesi fa in Sicilia. Tutto nasce quando Fernando Bicudo e la sua compagnia di ballerini viene invitata da Scapagnini, sindaco e medico personale di Silvio Berlusconi, a rappre-sentare 9 spettacoli, dal 9 al 18 febbraio scorso. La tournée va benissimo ed i 1.500 posti per i nove spettacoli in poco tempo sono tutti esau-riti. Secondo alcuni integranti dell’Opera Brasil, Scapagnini avrebbe utilizzato le entrate degli spettacoli per fi nanziare, in parte, la campagna elettorale per le elezioni comunali del 15 giugno passato. Dalla vendita dei biglietti (70 euro ca-dauno) si stima che il comune di Ca-tania abbia incassato circa 1 milione di euro. Scapagnini, il giorno dopo la manifestazione di protesta di Rio, ha fatto pervenire un comunicato in cui si spiega che “il comune di Cata-nia, fi no all’approvazione del proprio bilancio 2005, non può assumere al-cun impegno fi nanziario relativo al pagamento dei costi, al viaggio da e per San Paolo della compagnia, ai trasporti del materiale scenico e dei costumi, nonche’ all’acconto del ca-

Artisti brasiliani truffatichet pari a 98 mila euro’’. L’aiuto, in questo senso, è arrivato dal “paziente-premier” Berlusconi che, con un provvedimento “quasi” ad hoc, ha assicu-rato la copertura dei debiti del comune siciliano e quindi il pagamento alla compagnia di balletto brasiliana. Il decreto sulle “Disposizioni urgenti in materia di infrastrutture”, in vigore dal 19 ago-sto, prevede l’incremento dei livelli occupazionali offrendo un premio di 18 milioni di euro l’anno ai Comuni che “dal primo luglio 2004 alla presente data abbiano avviato con esito positivo iniziati-ve per la trasformazione a tempo indeterminato del rapporto di lavoro con i lavoratori socialmente utili”. La misura riguarda solo i Comuni del Mez-zogiorno con più di 300 mila abitanti, escludendo quelli che abbiano goduto in passato di “benefi ci analoghi”. Nel sud, la sola città con oltre 300 mi-la abitanti che ancora non abbia usufruito di tali “benefi ci analoghi” è Catania. (G.I.)

DALL’APPENNINO A SAN PAOLO

Dopo l’incontro di fi ne luglio sull’Appennino toscano, è proseguita anche ad agosto la

festa per le comunità toscane in Sud-America. Fino al 22 di settembre, infatti, il vice presiden-te del Consiglio dei Toscani all’Estero, Lorenzo Murgia, è stato in visita a San Paolo. Durante l’assemblea straordinaria con il Circolo Toscano e l’Associazione Giovani Cuori di San Paolo, Murgia ha consegnato, insieme al coordinatore del Sud America Mario Rossi, i contributi alle persone bisognose di San Paolo così come stabilito dal Programma fi nanziario 2005.

Protesta di artisti brasiliani davanti al Consolato Italiano di Rio

INFINITO NO PLANETÁRIO

De 12 a 16 de setembro acontece no Planetário da Gávea, no Rio de Ja-

neiro, o circulo de palestras, leituras dramatizadas e descobertas das galáxias, “Infi nitos Universos e Mundos”. O even-to, promovido pelo Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, faz parte das comemorações dos 35 anos da Fundação Planetário. Entre os palestrantes, Giulio Giorello, Nuccio Ordine, Luiz Alberto Oli-veira e Leonardo Boff. O planetário fi ca na rua Vice-Governador Rubens Berardo, 100 - Gávea. Mais informações pelo telefone: (21) 2532-2146.

TEATRO ITALIANO IN BRASILE

Si è appena conclusa con successo la tournée in Brasile de “Il raglio del-

l’asino”, diretto da Roberto Bacci. Lo spettacolo è stato presentato al Festival Internazionale di Teatro di São Jose do Rio Preto e successivamente nelle città di Santos e Diadema. Ma la Fondazione Pon-tedera Teatro in Brasile è attiva su diversi fronti. In agosto a San Paolo ha debuttato “L’ombra di Quixote”, una tappa importan-te all’interno del progetto Casa Laborato-rio per le Arti del Teatro.

Bertinetto festeggia il cambiamento di edificio

CONSOLATO CAMBIA CASA

Giovedì 22 settembre il Consolato Italiano di San Paolo sarà aperto al pubblico, per l’ulti-

ma volta, nella palazzina di Av. Higienopolis. Mar-tedì 27 settembre riaprirà le porte in un moderno palazzo sulla Avenida Paulista, al numero 1963, vi-cino alla Rua Augusta e alla stazione della metro-politana Consolação. L’occasione è arrivata quando una banca italiana ha lasciato il Brasile (purtrop-po) ed ha reso cosi disponibile il palazzo moderno nella prestigiosa Avenida di San Paolo. La nuova casa ha dimensioni adatte ai bisogni del Consolato e potrà accogliere anche l’Istituto del Commercio Estero. La coabitazione fra Consolato ed ICE nella nuova sede consentirà maggiori sinergie e grandi vantaggi di effi cienza.

– In tutto ci sono voluti quasi due anni, ma ci siamo arrivati. Ormai è cominciato il conto alla rovescia di una complessa pianifi cazione, che deve consentirci di trasferire tutti i servizi del Consolato nel giro di un solo fi ne settimana – ha dichiarato il console Bertinetto.

IMPERDÍVEL

O grupo italiano Serenata Trio fará úni-ca apresentação no dia 25 de setem-

bro, às 11h, no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. E no dia 23, o grupo se apresentará no Rio de Janeiro. O trio for-mado por IIaria Cusano (Violino), Simone Briatore (Viola) e Emanuele Silvestri (Vio-loncelo) traz no repertório classícos de Mo-zard, Boccherini e Beethoven. Desde sua formação, o Serenata Trio já ganhou prê-mios nacionais e internacionais. O evento é mais uma promoção do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo. A Casa Brasilei-ra fi ca na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2705, Pinheiros. Mais informações, tel. (11) 3032-3727. Entrada franca.

PIÙ SICUREZZA A ROMA

Tre importanti musei di Roma, Palazzo Massimo, Terme di Diocleziano e Palazzo Althemps, meriteranno misure

di sicurezza rafforzate, dice il ministro italiano per i Beni Culturali, Rocco Buttiglione. Secondo lui, i musei useranno barriere con metal detector come è già stato fatto con il Colosseo. Il ministro ha messo in risalto che per Castel San-t’Angelo, sempre a Roma, e per l’area archeologica di Pom-pei, a Napoli, non sono previste nuove misure di sicurezza.

ALITALIA: MINISTRO RIMANDA SCIOPERO

Uno sciopero degli impiegati dell’Alita-lia previsto per gli inizi di settembre è

stato rimandato da Pietro Lunardi, ministro italiano dei trasporti. Secondo notizie rese pubbliche dal ministero, la misura è stata necessaria per evitare danni gravi e irre-parabili al diritto di libertà di circolazione garantito dalla Costituzione. Malgrado ciò, gli assistenti di volo dell’Alitalia vincolati al Sult (Sindacato Unitario dei Lavoratori dei Trasporti), che rappresenta circa il 50% del personale, hanno confermato lo sciopero già convocato, ha detto il segretario nazionale dell’organizzazione, Fabrizio Tomaselli.

CRITICA A VENEZIA

Il direttore del 62° Festival di Venezia, Marco Müller, ha negato durante un co-

municato stampa di aver detto che i fi lm brasiliani erano “troppo brasiliani”.- Certamente, dopo aver visto quasi mille fi lm è diffi cile dire no ad opere che hanno, in qualche modo, istigato la nostra curiosi-tà, ma la selezione è stata fatta in modo de-mocrativo con gli altri membri del comitato – ha detto Müller.Il direttore della mostra ha dovuto giustifi -care in varie occasioni l’assenza del cinema latinoamericano che è poi stato festeggiato in altri festival minori.

GITA PER L’ITALIA

L’Italia e le sue regioni, le principali città, il patrimonio storico, i paesag-gi, l’arte, la cucina, i vini, il clima e il sistema alberghiero saranno alcuni

dei topici affrontati nel ciclo di conferenze promosse dalla Camera italo-bra-siliana di Commercio e Industria, delegazione di Campinas (SP) e il Centro Universitario Salesiano. L’evento avrà luogo dal 13 settembre al 22 novembre presso il Campus São José, Av. Almeida Garret, 267 – Jd. Nossa Senhora Auxi-liadora, entrata dal Portone 4. Le iscrizioni potranno essere fatte all’indirizzo www.sj.unisal.br/formulario

DIRITTO ROMANO A RIO

Ad agosto si sono svolti all’auditorium Machado Guimarães, presso la Procura della Repubblica di Rio de Janeiro, una serie di seminari con

il tema: “Rio Roma americana: Impero contro Globalizzazione”. L’evento ha visto presenti docenti universitari di fama mondiale come gli italiani Pie-rangelo Catalano, Giacomo Marramao, Antonio Colajanni, Silvano Peloso ed i brasiliani Gustavo Binenbojm, Antonio Celso Alves Pereira e Ronaldo de Brito Poletti. All’apertura dei seminari, il giorno 29 agosto, il procura-tore generale Francesco Conte, italiano di nascita, alla presenza del con-sole di Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, ha voluto ringraziare sia l’Union Latina che il governo italiano per la donazione di circa 100 libri sul diritto romano alla biblioteca della stessa Procura della Repubblica di Rio. Con-te ha poi voluto comunicare che dal 5 settembre al 31 ottobre la Escola

Superior de Advocacia Publica (ESAP) ha programmato un corso di specia-lizzazione in diritto romano con iscrizioni interamente gratuite destinato a laureati in giurisprudenza. Nei giorni 5, 6, 12, 13 e 14 settembre dalle 17.00 alle 19.00 il prof. Catalano discuterà sul tema: Il diritto “Sistema del Buono ed Equo”; Origine del Diritto e Sviluppo Storico e su Le Fonti del Diritto Pubblico.

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de existem apenas uma câmera as cenas demoram mais. E a Gloria escreve umas cenas gigantes de rodeio. Essas cenas de rodeio são todas gravadas em estúdio depois eles en-caixam nas imagens reais dos rodeios. Eu realmente adoro gravar, pareço criança – diz.

Em América, novela escrita por Glória Perez, Eliane interpreta uma mãe autoritária que acha que seu fi lho Junior (Bruno Gagliasso) é um “garanhão”. Homossexualismo é um dos temas mais difíceis de se tratar na televisão. Giardini deixa claro: entre ela e Neuta não há nada em comum:

- Tenho inúmeros amigos homossexuais, tanto homens, quanto mulheres. Não en-tendo isso como opção: a pessoa é ou não. Ela pode até escolher assumir ou não, mas nasce com essa tendência. É absolutamente comprovado. Isso é tão determinante como ter cabelo preto ou louro, olho azul ou castanho. A sociedade é lenta. Esse estigma tem que acabar. A visão da Neuta é totalmente diferente, acho que o mundo dela vai despen-car quando souber da opção do fi lho.

Decoração e paisagismo, caso não fos-se atriz, seriam áreas em que trabalharia:

- Adoro decorar minha casa e tenho uma atenção especial por jardins e plan-tas – assinala.

Para manter um corpo e um rosto bo-nitos – diga-se, de passagem, de causar inveja -, a atriz tem algumas receitas, mas não esconde que na hora de abrir a boca, a aventura por pratos mais, digamos, par-rudinhos, não se prende a pudores.

- Olhe é difícil porque gosto de tudo que engorda [risos]. Mas precisamos nos disciplinar. Faço pelos menos cinco dias de comida balanceada para dois em que enfi o o pé na jaca [risos] – confessa.

Eliane Giardini – apesar do sucesso – deixa transparecer humildade e a certe-za que ninguém é perfeito. Ela reconhece a difi culdade em estabelecer limites. Quando impõe limite, ressalta, as pessoas se assustam.

- Fui educada de uma forma muito rígida, estudei em colégios de freiras. Sou mui-to rigorosa com a vida. Tenho muita difi culdade em dizer não para pessoas. Sou muito boazinha, mas, às vezes, sou muito ruinzinha também é aí que as pessoas se assustam. O melhor é temperar. Afi nal tenho sangue italiano. Vou fi cando boazinha e daqui a uma hora vem um dragão que ninguém espera. Isso é meio chato de administrar – afi rma uma descontraída Eliane em meio a muitas risadas.

Mas quando o assunto é crise política no país, o sorriso da atriz dá lugar a um ar austero. Nessas horas, explica ela, só mesmo uma graça divina.

– Ave Maria...Ave Maria! Eu só não me iludi completamente, porque nunca me iludi, entendeu? Votei no [presidente] Lula porque tinha uma esperança muito gran-de nele, mas acima de tudo entendo o ser humano. A minha visão do mundo é mais religiosa. Não acredito nessas revoluções. Tenho compromisso comigo mesma e com meu Deus. De ser uma pessoa boa, honesta e legal. Independente do que faço ou não tenho um rigor comigo.

Apesar do discurso espiritualizado, a atriz afi rma não ser adepta de uma religião específi ca, mas sim de uma composição do que várias delas oferecem de mais humano, uma espécie de orientação fi losófi ca, mais racionalizada. Para ela, fé quando cega é sinônimo de faca amolada. Judaísmos, catolicismo e hinduísmo estão no cardápio de estudos de Giardini sobre a fé, mas é a cabala que vem merecendo mais atenção dela.

- Hoje eu não sou católica mais tenho ainda essa dimensão religiosa muito forte. Acredito que eu, como ser humano, para ser uma pessoa melhor tenho que burilar as coisas que vou fazer. O que acontece é que as pessoas que estão na política não têm esse comprometimento. Por mais bem intencionadas que sejam, elas se organizam em partidos. Fica muito fácil enquanto está na oposição. Quando está na situação o poder vem com a força de corromper de comprar. Se a pessoa não tiver uma história, ela se corrompe. Só entendo uma revolução: a individual. Já se foi o tempo de acreditar em coisas que estão fora da gente. Esse é o momento de acreditar nas coisas internas, ou seja, na nossa intuição – fi losofa.

A atribulada vida artística não a impede de curtir a vida, ler. Hoje, ela vem experi-mentando o mundo virtual. Está fascinada. Qual o hobby?

– Ler e entrar no Orkut [risos]. É uma delícia chegar todo dia e ler os recadinho das pessoas. Você encontra pessoas que estudaram contigo e que as não vê há tempos – diz uma empolgada Giardini com a rede de computadores.

Eliane ainda não pensou em qual projeto aderir após o fi m da novela América. Se for cinema, vai depender do convite. Namorando? Que nada, solteiríssima.

‘Tenho sangue italiano. Vou

ficando boazinha e daqui a uma hora vem um

dragão que ninguém espera’

Par romântico com Murilo Rosa, Eliane é destaque em América

A atriz rechaça a desgastada tese de que o fato de ser casada com o ator Paulo Betti – na época em que iniciou a carreira – seria um facilitador para o ingresso na TV:

Essa história já está ultrapassada. Nos formamos na mesma escola e turma, mas o Paulo começou a fazer televisão antes de mim. Ele, na [TV] Globo, e eu, na [TV] Bandeirantes. Obviamente a dimensão de sucesso dele foi muito maior. Isso ocasionou a mim, muito tipo de coisa, como compe-titividade, frustrações... minhas, principalmente. Mas, na verdade, depois que isso passa, vai deixando a gente melhor.

Esperar para gravar a frustra. Giardini já esperou cerca de sete horas para iniciar uma cena.

- É mais do que qualquer ser humano pode agüentar às vezes. Mas isso não é uma regra. As cenas gravadas no estúdio demoram menos, passa o dia inteiro porque é uma cena atrás da outra. Geralmente em externas, on-

Estrela da TV Globo, Eliane Giardini exalta sua herança italiana e diz que nem mesmo a vida atribulada e a atual crise política azedam o seu dia-a-dia

Comportamento

Luciana Bezerra dos Santos

Essa

Ter a célebre atriz italiana Ana Magnani [Roma, città aperta, de Rosselini – 1942] como fonte de inspiração só poderia resultar em uma carreira sólida. Foi essa a trilha da descendente de calabreses, a atriz Eliane Giardini, para consolidar-se como uma das principais

atrizes da TV Globo na atualidade. Interpretando Neuta, uma viúva mãe de um jovem homossexual na novela América, Eliane, que já visitou várias vezes a terra de seus antepassados, sente orgulho ao falar sobre as origens em Sorocaba, interior de São Paulo:

– Meus avós maternos vieram da Calábria, Sul da Itália. E fi xaram re-sidência no interior de São Paulo, mas precisamente para Sorocaba. Nossa família era muito grande. Meu avô, que era bastante centralizador, tinha uma ofi cina mecânica e a família toda trabalhava no mesmo lugar. Nossa família era tão grande que morávamos praticamente todos na mesma rua. Todas as festas eram realizadas na casa do meu avô. Lembro-me bem que qualquer motivo tinha festa. Aniversários, batismo, casamentos e até mes-mo velórios. Acho muito saudável isso. A relação era mais humana.

Para o palco, Eliane leva calor, espontaneidade, afeto, conjunto... um rol de características de seus avós italianos também estampado na atriz Ana Mag-nani, uma persona que marca, “até hoje”, como frisa, as suas interpretações.

- Ela era forte, altamente dramática, mas que se utilizava de recursos da comédia. Eu acredito que tenho essa persona defi nida dentro da televi-são e todos os meus personagens se encaixam direitinho nesse perfi l – en-fatiza Eliane, referindo-se à Ana Magnani.

De todos os personagens que mais gostou de fazer, a lista é grande. Há Dona Patroa (Renascer), Lola (Explode Coração), Nazira (O Clone)... Esta última, personagem que desenhou o início de uma agradável surpresa na carreira de Eliane: o humor. O que se fortaleceria com o convite de Guel Arraes para fazer a Comédia da Vida Privada.

- Nem eu sabia que tinha essa veia cômica – reconhece a atriz, que con-cluiu o curso de artes dramáticas, em 1974, na Universidade de São Paulo (USP), quando iniciou a carreira no grupo teatral “O pessoal do Riso”. A pri-meira novela viria em 1982, “O ninho da serpente”, na TV Bandeirantes.

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Com Bruno Gagliasso, o desafio de interpretar uma mãe conservadora

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Capa

ANTA TERESA (ES) - Onze dias no mar Atlântico. Estava calmo, sem ondas. O cruzamento entre Itália e Brasil, mais que uma simples via-gem no navio Júlio César, seria a busca por um destino longe da ter-ra natal, de sua cultura, de paren-

tes, de amigos. Mas na mente de uma jovem, na época com apenas 13 anos, não cabia espa-ço para o temor. Apesar das lágrimas (e foram muitas), o futuro deveria ser construído. Hoje, com 93 anos, morando em Santa Teresa, cida-de capixaba colonizada por italianos no século XIX, a genovesa Natalina Zurffelatto Mognato, recorda aqueles longínquos momentos em que se preparava para chegar ao Brasil:

- Eu chorei muito... ah, chorei muito por causa de meu pai. Meu irmão mais velho serviu ao exército e depois ele não queria mais fi car lá, na Itália. Queria sair, pois achava que podia fazer mais futuro. Naquele tempo, parecia que aqui no Brasil juntava-se dinheiro com o rodo, o que ainda não aconteceu, né?! Então ele veio para o Brasil sozinho.

A lembrança inabalável de Natalina é prova de que a memória italiana é igual ao vinho da bota. Quanto mais o tempo passa, melhor ele fi ca. Os pais Luiz e Emília Meneghini Zuffelatto – a pedido do fi lho que já estava no Brasil – recomendaram às fi lhas que também fossem desbravar o Brasil. No início do século, o café estava em alta. Natalina, Guilhermina e Clementina vieram. O embarque no trem que as levariam ao porto foi doloroso. Mas havia esperança de que a distância seria por pou-co tempo, de que um dia retornariam à Itália. Isso nunca aconteceria à Natalina.

- Correram lágrimas dos olhos do meu pai, assim ele se despediu, me beijou e comecei a chorar. Me deitei na poltrona do trem. Estava sozinha até que peguei no sono. Dez horas da noite me acordaram porque eu tinha de fazer a baldeação do trem para ir embora.

Antes mesmo de chegar ao Brasil, as tradi-ções culturais arraigadas em uma época onde a religiosidade ditava o comportamento foram re-forçadas pelo pai.

S - Antes de eu vir, meu pai fez uma promessa a Santo Antonio. Nós fomos à igreja, o padre cele-brou uma missa no altar do santo. E deu o livro de missa, catecismo e um terço para cada uma de nós, assim a gente ia rezar. Era para rezar 105 Aves Ma-

rias, que era para segurar nossa virgindade. Eu es-tou até hoje rezando e como que valeu. Todas três casamos como Deus quer. Casei com um italiano que chegou ao Brasil quando tinha cinco anos. Ele se lembrava muito pouco [da Itália], só de quando estava passeando na parte de cima do navio e esta-va com um chapeuzinho vermelho, o vento levou o chapeuzinho para o mar. Só isso que ele lembrava.

Todos os irmãos de Natalina casaram. E foram os únicos a retornarem à Itália para reverem os pais. Natalina, não. Foi a única dos fi lhos de Luiz e Emília que nunca mais os viu. Hoje, porém, da família restou apenas uma irmã, com 87 anos, que vive na Itália como freira. Não a vê desde 1984. O marido de Natalina, João Atílio Mognato – que antes de chegar ao Brasil chamava-se Giovanni – morreu há três anos. Foram casados durante 68 anos. Tiveram 10 fi lhos, dos quais três mulheres. Como lembrança das origens, um crucifi xo trazido da Itália por sua fi lha. Um elo com o passado do qual ela nunca se separou.

- Estava na casa onde eu morava quando criança, onde nasci, estava no quarto de meus pais, e ela trouxe para mim.

Católica fervorosa, Natalina, que nasceu no dia de Natal, fez da fé o esteio para a saudade. Além do crucifi xo, o livro da missa que o pai pe-diu para rezar antes de deixarem a Itália também é guardado com esmero.

- A igreja ajudou a suportar a saudade da Itália e dos meus pais, mas depois a gente co-meçou a ter amizades com o pessoal da região.

Antes de construir seu destino em Santa Te-resa, Natalina e suas irmãs fi caram dois anos em São Paulo, trabalhando na casa de João Matedi, casado com uma prima de dona Emília, para pa-gar a passagem. Mas o dinheiro não sobrou.

- Meu patrão era beberrão e meus irmãos vi-nham da roça e passavam todos os dias na beira do terreiro dele. Em um dia - todo o dia à tarde ele estava meio bêbado - ele pegou a carabina e atirou em uma cachorra que era dele. Coitada, as tripas dela saíram do outro lado e ela morreu logo. Meu irmão fi cou bravo quando viu aquilo e me tirou de lá. O pior é que minha patroa esta-va precisando de mim, pois oito dias depois ela ganhou neném.

‘Correram lágrimas dos olhos do meu pai, assim ele se

despediu, me beijou e comecei a chorar’

NATALINA ZUFFELATTO MOGNATO, 93

Natalina recorda a promessa do pai para que ela não perdesse a virgindade

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Poucos países do mundo têm uma colonização italiana tão eloqüente quanto o Brasil. São histórias que narram uma trajetória sócio-cultural como poucas. Em Santa Teresa, a 78 quilômetros de Vitória, uma das primeiras cidades fundadas por imigrantes da Bota em solo brasileiro, moram alguns personagens que nos remetem ao passado. Um longínquo início do século XX, quando verdadeiros desbravadores chegaram a um país não apenas para trabalhar, mas para mudar o destino de uma terra. E mudaram, mas as novas gerações não sabem disso.

Imigraçãosem folclore

Luciana Bezerra dos Santos

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pesquisa em fonte documental”. O que se privile-giou era a tradição oral, segundo o estudioso. A pesquisa, com base em documentos do Arquivo Público do Espírito Santo, aponta que o nome Santa Teresa conferido à região antecede à che-gada dos italianos do Trento e do Vêneto, que dividiam com poloneses – os primeiros a chega-rem na região, em 1873 - a colonização local.

No entanto Sandra Gasparini, de 58 anos, presidente do Instituto Histórico de Santa Teresa, afi rma que o povoado ain-da não tinha nome e que houve quem lembrasse o nome de São Virgilio, com o qual discordou o então vice-diretor de coloniza-ção o austríaco Franz Von Lipp. O impasse, todavia, foi sanado durante os atos religiosos realizados pelos colonos sob uma árvore e diante da imagem de San-ta Teresa, trazida da Itá-lia. A então sede impro-visada do núcleo Senador Prado foi rebatizada. Nas-cia Santa Teresa.

Localizada a 78 qui-lômetros da capital Vitó-ria, com altitude de 651 metros acima do nível do mar, deixando seu clima frio e muito agradável, Santa Teresa tornou-se local propício aos italia-nos para a plantação de café, milho e mandioca. A avicultura e sericultura também foram desen-volvidas na região.

Mas a polêmica sobre quem realmente chegou primeiro à Santa Teresa é, diríamos, também se-cular. Um ano antes, porém, o decreto imperial autorizou o médico Pietro Tabachi a levar imi-grantes italianos tiroleses para o município de Santa Teresa Cruz. Os Tabachi eram italianos de Trento, que lutaram pela independência da região de Tirol sob o protetorado da Áustria, por isso, foram perseguidos e vieram para o Brasil, onde se radicaram em Santa Cruz, numa fazenda com o nome de “Nova Trento”. Foram os primeiros a

Teve a oportunidade de retornar à Itália. Um homem com 30 anos, desiludido por não conse-guir seduzir sua irmã Guilhermina, se ofereceu para levá-la de volta aos pais. Ela, na ocasião com 15 anos, não quis.

- Antes de ele ir embora me pediu se eu que-ria que me levasse para a Itália, para a casa de meu pai. Mas eu já sabia o que era o mundo, e pensei: ‘Eu vou junto com ele nada, sei lá se ele vai me levar para a Itália mesmo, vai que ao in-vés disso me leva para a França’. Então, eu disse para ele que não.

Natalina casou aos 22 anos na famosa e mística gruta de Santa Teresa. Viveu sempre com o marido.

- Muitos pediram para namorar comigo, mas ele foi o primeiro namorado e eu casei com ele, mas tinha tempo que eu gostava dele sem ele gostar de mim.

MUITO SUORA história riquíssima de Natalina Zuffelatto Mog-nato também é contada em Santa Teresa, uma bela cidade do interior do Espírito do Santo. Uma das primeiras no Brasil a acolher imigran-tes italianos. Aliás, como a história dessa nossa heroína, há muitas outras de colonos italianos que precisam ser contadas. A riqueza histórica das cidades capixabas é imprescindível para um conhecimento profundo das transformações só-cio-culturais no estado e, porque não, no Brasil. Luiz Busatto, professor do departamento de Lín-guas e letras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), alerta para essa necessidade em notas publicadas no livro “Estudos Sobre Imi-gração Italiana no Espírito Santo” (Editora FCAA - 1978), já que há uma preocupação com a falta de identidade das gerações atuais com o ethos italiano de seus antepassados:

“As cidades do Espírito Santo fundadas por imigrantes italianos ainda não têm a história es-crita que merecem (...) Cem anos de colonização deveriam ter sedimentado hábitos, costumes e tradições familiares, o que de fato não se verifi -cou. Um capixaba de quarta geração não sabe o nome dos bisavós e esta falta de memória cultu-ral se justifi ca por diversas causa”, escreveu Bu-satto. Para ele, faltou mais critério aos escritos sobre a imigração no estado. “Não teve base em

‘Cem anos de colonização

deveriam ter sedimentado

hábitos, costumes e tradições

familiares, o que de fato não se

verificou’LUIZ BUSATTO,

ACADÊMICO DA UFES

aportarem no Espírito Santo. Como se fossem bandeirantes, desbravaram as terras e montanhas da então Província até chegarem ao que hoje é o Distrito de Vinte e Cinco de Julho e lá inicia-ram a colonização de Santa Teresa. Paulo Casotti, Bernardo Comper, Lázaro Tonini, Giuseppe Pauli, Abramo Zurlo, Francesco Bassetti, Daniele Palaoro e Aníbal Lázaro fi zeram história, mas são poucos que a conhecem. Dados históricos dão conta de que Tabachi veio com 60 famílias venetas e tren-tinas. Teriam chegado ao porto do Rio de Janeiro em 12 de abril de 1875. Foram encaminhados, inicialmente, à Barra do Piraí e depois Vitória.

TERNO E PÉS DESCALÇOSA pesquisadora Sandra Gasparini escreve um livro sobre Santa Teresa com lançamento previsto para outubro. Ela afi rma que os primeiros navios a che-garem ao país, em 1874 e 1875, trouxeram os pri-meiros imigrantes que se fi xaram na região.

- Durante pesquisa para o livro que estou es-crevendo existe uma contradição em relação à chegada dos imigrantes no sul do país. Segundo levantamento, alguns imigrantes não se adapta-ram no Espírito Santo e pediam para ir para outras regiões mais frias – assevera Sandra, que criou no

Instituto Histórico da ci-dade um grupo preocupa-do em resgatar a memó-ria italiana, com base em documentos e iconogra-fi a, de Santa Teresa.

- Eu conto a história dessas imagens. O imi-grante mal vestido, uns descalços, e, às vezes, ele tinha que aparecer naquela foto bem vesti-do, para mostrar a seus parentes na Itália que estavam bem. Quando chegaram ao Brasil vi-nham bem vestidos, mas aqui não conseguiam condições de recuperar o que tinham. O que ob-servei dessas fotos foi a expressão deles de tris-teza. Em algumas fotos o pai e a mãe estavam muito bem produzidos

e atrás a casa estava caindo aos pedaços. Eu conheci essa realidade com meus avós, recor-da Sandra, que fez pesquisa minuciosa inclusive em cemitérios.

Da historia da fotografi a, Sandra aborda sobre as mulheres que sofreram muito com o machismo. Há mulheres, conta ela, que trabalharam tanto quanto os homens. Enquanto eles saiam para a roça, elas cozinhavam para tropeiro, criavam os fi lhos e ainda iam à roça ajudar seus maridos.

- Essa mulher que batalhou junto com seu marido não é muito valorizada – reconhece a estudiosa, que vem lutando para que a rica his-tória da cidade seja contada nas escolas. - Nossa cidade é repleta de escritores que não são co-

nhecidos devido à difi culdade de se conseguir patrocínio para cultura.

Santa Teresa tem um plano de desenvolvi-mento para recuperar a importância da cidade para o estado do Espírito Santo. Sandra ressalta que muitas pessoas iam à cidade para estudar no colégio Ítalo-brasileiro, dos capuchinhos. Toda uma tradição deixada como herança pelos anti-gos imigrantes.

- O imigrante não se deixou vencer, ele ti-nha muita fé, esperança. Pelos menos 80% deles não se deixaram escravizar. Queriam terras para produzir. Saíram da Itália porque estavam sendo reprimidos também.

AÇÃO POLÍTICAResgatar o passado e, sobretudo, fazer com que as novas gerações de oriundi conheçam a importân-cia de seus antepassados vem sendo o trabalho do atual prefeito de Santa Teresa, Gilson Antonio de Sales Amaro, com 60 anos. Seus avós maternos, da família Danti, vieram da Itália em 1888.

- Em 2006 todas as escolas municipais terão italiano em seus currículos. A partir dessa inicia-tiva vamos premiar a escola que nos apresentar o melhor projeto cultural sobre a cidade. O valor do prêmio será de R$ 10 mil para a melhoria da escola – promete o prefeito.

A situação fi nanceira do município não é, contudo, das melhores. Segundo Sales Amaro, o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guias, anunciou a liberação de verba para a construção do parque Augusto Ruschi, previsto para 2006. Segundo ele, o Governo federal pretende investir no parque cerca de R$ 800 mil.

- Nossos antepassados sofreram muito e não podemos deixar que isso se perca – discursa Sa-les Amaro.

A secretaria municipal de Turismo, Cleusa Fardin, é preciso reforçar a veia turística da re-gião. Como a maioria da população é católica, a cidade comemora no dia 15 de outubro o dia da padroeira da cidade. Há previsão de que o pólo da uva na região seja inaugurado ainda este ano para estimular a viticultura. A estimativa é de que 60 mil mudas de videiras sejam plantadas nas vinícolas da cidade e que 500 empregos di-retos e indiretos sejam gerados. Cleusa ressalta que um convênio de cooperação técnica foi fi r-mado entre o Circolo Trentino, de Santa Teresa, e a região de Trento, na Itália, justamente com a intenção de aprimorar a produção do fruto, além de trazer as técnicas do plantio para o Brasil.

- A produção caseira de vinhos gera um mi-lhão de litros no interior – diz ela.

Santa Teresa é uma cidade de 20 mil habi-tantes, não tem ônibus urbano e 75% da popu-lação traz nas veias sangue italiano, segundo Antônio Ângelo Zurlo, 71 anos – presidente do Circolo Trentino, afi rma que a família da cidade que tem mais parentes é a Corteletti, oriunda de Mattarello, no Trento. Nomes como Zonta, Modesto, Biasutti, Scalzer, Loss, Misc-chiatti, Gasperazzo, Martiello, Ferrari, Pauli, Speranzini, Romagna, Martinelli são bastante conhecidos na cidade.

Seu Zurlo, com base em relatos dos mais antigos, garante que a colonização italiana em Santa Teresa começou no dia 17 de fevereiro de

1874, com a chegada a Vitória do veleiro La So-fi a trazendo os primeiros imigrantes. De Santa Teresa, muitos destes imigrantes rumaram para outras regiões, como o Vale do Canaã, Tabocas e desceram a montanha rumo a Colatina.

- Eu, por exemplo, nasci bem no interior, num lugar chamado Caldeirão, que era colonizado lite-ralmente por colonos trentinos – diz Zurlo.

A predominância da região era de trenti-nos, veneto e lombardos, mas do total, 90% eram trentinos.

- Lembro-me que até os 14 anos a língua que eu falava era o dialeto. Na época meu avô, Matteo Corteletti, já tinha seu parreiral de uvas e produzia seu vinho. Havia uma particularida-de muito interessante porque os fi lhos quando casavam, permaneciam com a família paterna. A fi lha ia morar com o sogro, que com o tempo construía uma casa para esse fi lho e ele continu-ava vivendo ali e trabalhava a meia [plantação de café] com o pai. Além do café tinham gado no pasto – conta Zurlo, em mais uma alusão ao modelo patriarcal como determinante na forma-ção cultural da região.

REPRESSÃO EM 30A vida dos imigrantes não era fácil. Eles passa-ram por todos os tipos de difi culdades. A primei-ra escola construída na região foi 25 anos após a chegada dos italianos. Segundo Renzo Grosselli, que escreveu o livro Colonie imperiali nella terra del Caffè, uma pesquisa sobre a colonização no Espírito Santo, há em Santa Teresa concentra-ção maior de trentinos, que fundaram suas vi-das num tripé: religião, família e trabalho. Mas o período mais delicado viria com a repressão do governo de Getúlio Vargas, a partir de 1930.

- Era proibido falar o italiano. Se o delega-do ouvisse alguém falando italiano ou dialeto, era preso. Lembro bem disso. Meu pai teve que ir ao cemitério arrancar as cruzes dos túmulos da família, que estavam escritas em italiano e as escondeu em casa com medo da repressão. E isso fez com que o nosso imigrante procurasse se conter diante da sua origem o que refl etiu de-pois nos descendentes – recorda Zurlo, que não deixa a história de seus antepassados morrer. À frente do Circolo Trentino, promove festas italia-nas, cursos, danças e um coral infantil.

Filha de Inocêncio Martinelli, que veio do Trento junto com o pai Andrea Martinelli, a oriundi Clementina Martinelli, hoje com 93 anos, conta sobre as difi culdades de seu pai e avô na Itália e a forma como foram seduzidos pelas pro-pagandas de que no Brasil “tudo seria mais fácil”. De fácil, nada havia. Já na viagem houve a triste constatação disso. Segundo Clementina, sua avó sofreu a dor de perder um fi lho. Durante a viagem ao Brasil, teve seu fi lho, com apenas seis meses de vida, lançado ao mar em virtude de uma grave doença. Como os remédios que traziam no navio não o curaram, a criança foi jogada ao mar, para não contaminar os demais passageiros.

Ao chegarem ao Brasil improvisavam uma rede com lençóis amarrados nas árvores. Todo o cuidado era pouco porque onças rondavam os acampamentos durante a noite.

- Para afastá-las, a fogueira fi cava acesa à noite toda – relembra Clementina.

As barracas em que dormiam eram cobertas de palha e as paredes revestidas de madeira e palha de palmeira.

- Sofreram e trabalharam muito para sobre-viver. Na Itália, deixaram amigos e familiares, da maioria nunca mais tiveram notícia – assinala a oriundi. Aos dez anos, Clementina perdeu o pai, que morreu sem ao menos reencontrar algum de seus parentes na Itália.

De sua adolescência, não se lembra muito. Apenas que tinham que trabalhar na agricultura para ajudar a família, num local chamado São Lourenço. Plantaram café, milho e feijão. Depois que as plantações cresciam, andavam a pé cerca de 28 quilômetros até a Vila de Santa Leopoldi-na. Lá, pernoitavam e faziam as compras com o pouco dinheiro que tinham. Na volta, mais 28 quilômetros andando até Santa Teresa.

Clementina aprendeu a ser forte com a sua história. Herdou de seus pais e patrícios que para esquecer o sofrimento e manter a alegria é pre-ciso ter fé e, sobretudo, esperança. E isso, ela, dona Natalina e todos os outros nonagenários – italianos e oriundi - que moram em Santa Teresa nunca vão esquecer. Impossível esquecer.

‘Lembro-me que até os 14 anos a

língua que eu falava era o dialeto.

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Fotos antigas: muitos imigrantes do campo fotografavam bem vestidos, porém descalços

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“Passei a vida to-da isolado na roça. Quase nunca saía-mos para a cidade. Produzíamos quase tudo. Meus bisavós vieram da Itália, mas meus pais nasceram aqui também. Deles também não tenho muitas lembranças. O único fato que me marcou foi a marte de meu pai quando eu ti-nha quatro anos. Minha mãe teve que cui-dar dos sete filhos.”

Frederico Romanha, oriundi, 93 anos

“Dei continuidade ao trabalho dos meus pais que vieram da Itália. E até hoje tra-balho na agricultura. A cultura italiana significa acreditar, ter fé em tudo que se faz. Uma das histórias que meu avô me contava era de como ele chegou até Santa Teresa. Segundo ele, vieram de Vitória até Santa Teresa a pé desbravando a mata.”

Antonio Scalzer, oriundi, 71 anos

“A primeira moradia não foi boa porque mi-nha avó morreu ao dar a luz ao primeiro filho. Abatido meu avô quis ficar perto dos paren-tes italianos e esco-lheu o município Cin-co de Novembro para morar. Os irmãos Loss, Maximinio, Ângelo e Vicente trouxeram de Trento partituras de canções sacras usadas nas missas para o Brasil.”

Américo Loss, oriundi, 91 anos

1870 – Chegada dos primeiros imigrantes no Espírito Santo. Segundo registros do Memorial do Imigrante em São Paulo, chegam os sete primeiros imigrantes ao Brasil.1880 a 1903 – Chegam 1.850.985 imigrantes europeus (a maioria italiana).1903 – Crise do café. Itália proíbe imigração subsidiada. 1904 a 1930 – Entram no Brasil 2.142.781 pessoas, além de italianos, japoneses, portugueses e espanhóis. É a Política de

Valorização do Café.1927 – Fim do subsídio para imigração em São Paulo.1929 – Nova crise do café.1930 – Revolução. Getúlio Vargas chega ao poder. A imigração permanece, mas com sinais de declínio.1939 – Começa a Segunda Guerra. No Brasil, italianos sofrem preconceito e alguns são perseguidos devido à adesão de Mussolini no bloco com Japão e Alemanha.

SANTA TERESA (ES) – Os pesquisadores Aurélia Castiglioni e Mauro Reginato produziram juntos o livro Imigração Italiana no Espírito Santos. Constataram que o Espírito San-to deixou de atrair imigrantes porque a economia do estado começou a decair.

- Os que vieram no século inteiro vinham num navio – conta Aurélia, que preci-sou de três anos para fi nalizar o estudo sobre imigração, urbanização e desenvolvimento atual do Espírito Santo, apresentado inclusive na Bélgica. – Os documentos já estavam deteriorados e às vezes precisei usar lupas para poder ler.

- O que analisamos é que esses imigrantes eram um pouco mais alfabetizados dos que já estavam aqui. Quando esses imigrantes chegaram aqui os fi lhos deles não tinham es-colas e caiu o nível de instrução – explica.

Segundo a pesquisadora, a imigração – fundamentalmente italiana – foi decisiva para o cres-cimento da população do Espírito Santo, que historicamente apresentava uma lenta evolução, passando de 82.137 habitantes, em 1872, para 209.783, em 1900, e para 457.328, em 1920.

- A imigração daquele momento foi intensa, porém de curta duração. As saídas da Itália quase cessaram quando, em 1895, uma lei italiana proibiu a emigração para o Es-pírito Santo – assinala Aurélia.

O Espírito Santo é o estado cuja participação dos italianos no conjunto dos estran-geiros é maior em todos os censos. Em seu livro, Aurélia aponta como ocorreu essa evo-lução: “Mas, como em todo o país, a participação dos italianos na população estrangeira residente no estado do Espírito Santo apresenta um declínio gradativo no decorrer do presente século: enquanto no censo de 20 este contingente representava 67% dos es-trangeiros, em 1991 o percentual fi ca em 10,6%. Uma tendência que se repetiu nos de-mais estados tradicionalmente receptores de italianos, reforçando as constatações de que a sociedade brasileira já não oferecia aos italianos os mesmos atrativos para a emigração, tal como verifi cado até as primeiras décadas do presente século.” (L.B.S)

Livro narra evolução italiana no ES

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O que faziam os primeiros imigrantes - 1850-1900

Fonte: Aurélia Castiglioni

Outros14%

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TrentinoAlto-Adige

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Emilia Romagna13%

Lombardia17%

As origens - 1850-1900Fonte: Aurélia Castiglioni

1950 – Em meados da década de 50 chegam novos contingentes de japoneses.1960 – Até a década de 60 a Itália estava em segundo lugar como fornecedora de mão-de-obra para o Brasil, mas o contingente de italianos representava apenas 16% da imigração total.1961 – Queda acentuada do número de imigrantes durante a década. Os que chegam são técnicos, projetistas e engenheiros.

1961 a 1975 – Entrada de italianos soma apenas 764 pessoas e a taxa de retorno à pátria foi de 111,6%.1980 – A nova onda imigratória internacional assume a mão inversa. As tendências mais visíveis são o afluxo de brasileiros para os Estados Unidos, Europa e Japão e a chegada de coreanos, bolivianos, angolanos.2000 – O Brasil é um dos países com o maior número de descendentes de italianos: Mais de 25 milhões.

SANTA TERESA (ES) – Um dos restaurantes mais tradicionais de Santa Teresa, o Mazzolin di Fiori, ser-ve a típica comida italiana. O menu inclui diversas massas, carnes, peixes, sopas e outras igua-rias da mama. Há 15 anos à frente do restaurante Mazzolin, a simpática oriundi Adylis Monteiro, com 63 anos, gosta mesmo é de acompanhar a produção dos pratos italianos bem de perto.

- Nasci aqui, mas meus avós maternos vieram de Trento, norte da Itália, em 1976. Passei a maior parte da juventude em colégios de freiras. Com a morte de meu marido, assumi o restau-rante para o sustento da família - assinala Adylis

Mas quem preferir um clima mais descontraído após apreciar uma massa, a dica é o Bar Elite, uma das principais atrações da cidade. A casa, com 70 anos de história, é famosa pela cantoria italiana que invade suas mesas e calçadas aos domingos.

Há aperitivos com o que há de mais saboroso da mesa italiana: polenta frita, queijo frito, sanduíche de mortadela, lingüiça, torresmo e muito mais. Impossível resistir a esses pecados da culinária.

A Cantoria deixou de existir em 1980, mas para alegria de seus pio-neiros, voltou em 2003. Norma Fer-raz, com 55 anos, é coordenadora da atração há três anos. Segundo ela, a cantoria no Bar atrai cada vez mais turistas à cidade.

Todos os domingos, após a missa na Igreja da Matriz, situada em frente ao Bar Elite, os amantes da música ita-liana se reúnem ao som do acordeon e da concertina comandados por Augusto Meneghini, Oto Calazans e Pedro Bia-sutti. Para Léo Hoffmann, dono do lu-gar, a tradição do Elite vem desde seus antepassados e até hoje a arquitetura está preservada. (L.B.S)

Mangiare... cantare!!!

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VITÓRIA (ES) - É inegável a participação dos imigrantes italianos na constru-ção da economia capixaba. Essa heran-ça, entretanto, é pouco reconhecida. O

presidente da Federação das Indústrias de Vitó-ria (Findes), Lucas Izoton, vê a franca expansão econômica do Espírito Santo momento ideal para resgatar essa tradição sócio-econômica. Afi nal, em meio a toda essa onda desenvolvimentista no estado, mais de 60% - cerca de dois milhões de pessoas - da população são oriundi descendentes de venetos. Izonton, por exemplo, tem um primo prefeito da cidade de Veneto, Emilio Izoton. Um mundo tão pequeno, que seria impossível não fortalecer a ponte comercial entre italianos e bra-sileiros: uma câmara comercial veneto-brasileira foi criada pela Findes em agosto.

- Eu mesmo sou oriundi e tenho dupla ci-dadania, as minhas famílias italianas são Izo-ton, Izanini, da província de Beluno, Comuna de Mel, da região do Veneto, e também Merizio e Sangali, da Comuna de Caravaggio, em Ber-gamo, em Milão. Inclusive falamos em tom de brincadeira: se formos a um cemitério ou pe-gar a lista telefônica, parece que estamos na Itália, já que os sobrenomes são praticamente todos italianos. Um outro fato interessante é que mais da metade da diretoria da Findes é

de descendentes de italianos com dupla cida-dania. Hoje o Espírito Santo tem perto de dois milhões de habitantes descendentes de italia-nos – enfatiza o presidente da Findes. O Centro Universitário Vila Velha fez uma pesquisa em Colatina, no norte do estado, de como a cultu-ra italiana contribuiu para que os colonos pro-gredissem industrialmente.

A colonização italiana foi mesmo decisiva na industrialização do Espírito Santo. Seus refl exos estão na construção civil, na confecção, no se-tor moveleiro e, até, na área de rochas orna-mentais com mármore e granito. Atrair parceiros investidores da Itália não tardaria. A Vale do Rio Doce mantém uma joint-venture com a Itabras-co. Outra parceria peso-pesado é entre a Compa-nhia Siderúrgica de Tubarão (CST), a Kavasaki e a italiana Ffi nsider.

Em face desse potencial leque de acordos, a recém-implantada câmara de comércio vene-to-brasileira integra as sete províncias daquela região italiana ao Espírito Santo. As províncias do Veneto, Lombardia e Piemonte correspondem a mais de 50% dos negócios da Itália.

- Nosso interesse maior em unir forças é por-que a maior parte dos descendentes do estado

Findes implanta câmara comercial bilateral com região italiana

são da região do Veneto. Nossa intenção é am-pliar o comércio internacional, exportação e im-portação com toda a Itália. A implantação dessa câmara foi sugestão e interesse dos próprios em-presários italianos de Verona. Acreditamos que se ampliarmos essa parceria comercial, isso vai facilitar o intercambio cultural e turístico.

SAINDO DA TOCAO estado do Espírito Santo fi cou 460 anos es-condido para a economia nacional. Nos últimos 40 anos, uma nova fotografi a se construiu: da monocultura do café, na década de 60, para a industrialização. Hoje já tem praticamente cerca de 5% do comércio exterior nacional, exportan-do 33% do seu PIB, enquanto que o Brasil ex-porta 16%. São sete mil indústrias cadastradas no estado, que equivalem a 40% do PIB Capi-xaba, ou US$ 12 bilhões. Em escala nacional, o estado mantém 2% do PIB nacional.

Não faltam, portanto, indicadores econômi-cos em solo capixaba para garantir segurança aos investidores internacionais. Já estão enco-mendados investimentos de, aproximadamente, US$ 18 bilhões, nos próximos cinco anos. E a que se atribui essa segurança? Izonto explica:

- Somos um estado pequeno, mas com uma infl uência européia muito grande na sua colo-nização. A maior parte da nossa miscigenação é por parte da cultura italiana, germânica, por-tuguesa e, claro, dos índios e escravos. Sou um exemplo disso: dos meus oito bisavós, sete são europeus, quatro italianos, dois portugueses, um holandês e um africano. Sou o resultado da miscigenação do nosso Brasil – destaca o presi-dente da Findes.

Segundo Izoton, cresce o número de brasi-leiros que vai à Itália buscar informações sobre suas origens:

- Para se ter uma idéia, sou Izoton e o pre-feito da cidade de Veneto é meu primo Emilio Izoton, que também é engenheiro como eu, tem uma construtora chamada Izoton Engenharia. Já fui lá várias vezes. Levei meus pais, que até os 11 anos falavam dialetos. No Espírito Santo, há algumas regiões que fazer festas italianas. Em Venda Nova do Imigrante, por exemplo, as cores da cidade são as cores da bandeira da Itália, até os pontos de ônibus são pitados com as cores da bandeira. Temos festa da Polenta, o festival do vinho, uma séria de eventos. O projeto de An-chieta quem idealizou foi eu – conta o empolga-do oriundi Izoton. (L.B.S)

Ponte para o Vêneto

Capa Capa

Lucas Izoton: economia capixaba em expansão

VITÓRIA (ES) - A cultura capixaba não foi voltada para o turismo. A constatação é da secretária-adjunta de Desenvol-vimento Econômico e Turismo de es-

tado do Espírito Santo, Márcia Abrahão, que vem implementando ações para reverter esse quadro. Ela ressalta que o estado capixaba fi cou para trás na corrida pela exploração das belezas naturais.

- O nordeste, por exem-plo, se aquele povo não en-xergasse essa ferramenta, estava morrendo de fome, como em algumas cidades do nordeste estão até hoje. No sudeste, estamos presos entre grandes áreas como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. E a cultura de-les foi desenvolver o turismo como fonte de divisas – com-para a secretária.

O projeto de desenvol-vimento turístico do estado – que faz parte de um amplo programa denominado “Qua-lifi ca Espírito Santo” - já chegou a 48 municípios. A iniciativa também envolve obras de infra-es-trutura, como a recuperação das estradas es-taduais ou, simplesmente, asfaltar onde nunca houve asfalto.

Segundo Márcia, o território capixaba foi di-vidido em 11 regiões turísticas.

- Não temos como olhar 78 municípios com vocação turística, já que alguns não são turísti-cos e na cultura do povo basta se fazer uma fes-ta, que eles acham que a cidade é atração turís-tica e não é por aí – pondera a secretária.

O terceiro ciclo de emprendedorismo no es-tado – que tem o petróleo como principal pilar - está em franca ascensão. Apesar do cenário fa-vorável, o governo local começa a se preocupar com o quarto ciclo:

- O ciclo do petróleo dura no máximo 20 anos e não tem como continuar – assinala a secretária.

O turismo também está nesse plano anteci-pado rumo ao quarto ciclo. Márcia Abrahão fri-sa, em tom esperançoso, que a cultura local não morreu. Segundo ela, “não se mata” a cultura popular e, sim a fortalece-se.

- O político não sabe o que é turismo. Ele olha para educação, saúde, segurança porque is-so tudo dá voto e o turismo não dá, na visão de-le. Estou estimulando neles que o turismo é um vetor de desenvolvimento, de geração de em-

pregos e de renda. Para ele enxergar voto nisso também – sugere Márcia.

Ela cita o exemplo de Santa Teresa como um exemplo de cidade importante e que pode ter o seu turismo como fonte atração para novos

empreendimentos, inclusive internacionais, devido a sua tradicional cultura italiana. Para isso é necessário, po-rém, conscientização e in-vestimento para receber um número maior de visitantes.

- É uma rota bacana co-lonizada pelos imigrantes ita-lianos. O número de visitan-tes é, entretanto, muito bai-xo devido à falta de hotéis e pousadas na região. Em nosso investimento de promoção de cada rota turística, colocaria R$ 1 milhão em cada uma, fo-ra infra-estrutura, que serão mais R$ 50 milhões da Secre-taria de Infra-estrutura, e R$ 50 milhões, do projeto Cami-nhos do Campo, da Secretaria de Agricultura. Esse investi-mento está sendo implantado desde 2003, quando o gover-nador Paulo Hartung assumiu

e vai até 2006, quando termina o mandato dele – informa Márcia Abrahão.

RESORT ITALIANOA meta do governo capixaba – apesar de não haver um aeroporto internacional no estado - é

estender ao máximo o potencial turístico do Es-pírito Santo para além das fronteiras brasileiras. Barreiras à parte, já há um trabalho de quali-fi cação de taxistas, bares e restaurantes, com, inclusive, cursos de inglês. São cerca de 300 profi ssionais se especializando para atender o turismo nas áreas de Vitória, Vila Velha e Serra, onde se concentra o turismo de negócios.

Mas não é apenas o turismo de business que interessa:

- Estamos focando em 10 segmentos turís-ticos: o religioso, eco-turismo, agro-turismo, saúde, negócios, eventos, lazer, náutico, melhor [terceira] idade, dentre outros. O governador também recebeu um grupo de italianos interes-sados em implantar um resort no norte do esta-do, mas ainda não há nada concretizado – ante-cipa a secretária Macia Abrahão. (L.B.S)

Resgate do turismoApesar das barreiras culturais, governo do ES cria

projeto para atrair mais visitantes ao estado

‘O número de visitantes é, muito baixo

devido à falta de hotéis

e pousadas na região’

MÁRCIA ABRAHÃO, SECRETÁRIA-ADJUNTA DE TURISMO DO ES,

SOBRE SANTA TERESA

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Beleza italiana, em Santa Teresa

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COMO CHEGAR • De avião: Deve-se pegar um avião até Vi-tória e de lá seguir de carro ou de ônibus até Santa Teresa. A Gol tem vôos saindo do Rio para Vitória a partir de R$ 282,63, ida e vol-ta, com taxas de embarque. Pela Varig, o bi-lhete custa a partir de R$ 388,63. A Tam tem passagens a partir de R$ 386,63, na compra pela Internet.• De Ônibus: São cerca de duas horas de Vitó-ria à Santa Teresa. Há ônibus diariamente, em diversos horários, saindo da estação rodoviá-ria de Vitória. O valor da passagem é a partir de R$ 10,30• De Carro: Saindo de Vitória, são cerca de 75 quilômetros de distância. A viagem dura mais ou menos uma hora. Para chegar em Santa Teresa, pegar a BR-101, sentido Vitó-ria – Salvador. No quilômetro 228, na altura de Fundão, entrar na esquerda. Em seguida, pela ES-261 por 28 quilômetros de serra, entre plantações de café e Mata Atlântica, sempre observando as placas. Por São Roque do Canaã, Santa Leopoldina, entrar na estra-da 080. Vindo de Santa Maria, a estrada é a 261 e 355.

ATRATIVOS TURÍSTICOS Santa Teresa é uma cidade colonizada por imi-grantes europeus, em sua maioria italianos. Ro-deada pela Mata Atlântica, a temperatura local é, em média, de 18º C.

• Vale do Caravaggio: O vale é formado por cordi-lheiras que chegam a 860m de altura. Na estrada no sentido de Vargem Alta, encontra-se uma pequena capela de Nossa Senhora do Caravaggio construída pelos imigrantes italianos. Do lugar se avista pe-quenas propriedades rurais e lavouras de café. • Vale do Canaã: O Vale montanhoso serviu de tema para o escritor Graça Aranha em seu ro-mance Canaã, em 1902. Foi um dos locais aonde se iniciou a ocupação do município por imigran-tes italianos. Fica cerca de 3 quilômetros de dis-tância do centro de Santa Teresa.• Vale dos Tabocas: O vale foi colonizado por imigrantes italianos e suas férteis colinas são densamente cultivadas com café e outros pro-dutos da região.• Cachoeira Country Club: Para quem busca aventura esse roteiro é ideal. Queda d´água com cerca de 80m de altura formando uma piscina natural. O volume de água varia durante o ano.• Reserva Biológica Augusto Ruschi: O local ser-ve de apoio para pesquisadores no Centro de Vi-vência para Educação Ambiental.Tel. (27) 3225-8510 / 3324-1811.• Casa Augusto Ruschi: Dedicada à difusão da vida, obra e ideais de Augusto Ruschi.Tel. (27) 3259-6057 • Casa de Virgílio Lamber: Tombada pelo Conse-lho estadual de Cultura a residência de estuque foi a primeira construída no município. • Museu de Biologia Professor Mello Leitão:Tel. (27) 3259-1182

ONDE COMPRAR• Galeria de Artesanato: Rua Ricardo Pasolini, s/n – Centro (ao lado da rodoviária). Diaria-mente: das 8h30 às 17h. Tel. (27) 3259-2086• Cantina Mattiello: Rua São Lourenço, 1725. Tel. (27) 3259-2062• Doces Helena: Tel. (27) 3259-1120 • Claid´s Biscoitos: Av. José Ruschi, 241 – Centro. Tel. (27) 3259-1368• Produtos Artesanais Romanha: São Lourenço. Tel. (27) 3259-1909

ONDE COMER• Mazzolin Di Fiori – cozinha italiana: Praça Domin-gos Martins – Centro. Tel. (27) 3259-1465 / 1101• Bar Elite: Rua Cel. Bonfi m Jr.Tel. (27) 3259-2944• La Tavernetta: Rua Pedro Gasparini – Centro. Tel. (27) 3259-1708

ONDE FICAR• Pousada Paraíso: Alto Santo Antonio.Tel. (27) 9984-9284• Pousada Pietrobelli: Rua São Lourenço.Tel. (27) 3259-3333• Pousada Milli Piacere: Rua Luiz Duarte Ma-chado da Silva. Tel. (27) 3259-2123• Hotel Solar dos Colibris: Av. dos Manacás, 400 – JD Montanha. Tel. (27) 3259-1208• Hotel Pierazzo: Av. Getúlio Vargas, 115 – Centro. Tel. (27) 3259-1233

Preparando as malas

SANTA TERESA (ES) – O Ministério da Ciência e Tecnologia vai assumir o museu ecológico Augusto Ruschi, em Santa Teresa, no Espí-rito Santo, a partir de 2006. O museu, que

atualmente é comandado pelo Instituto do Pa-trimônio Histórico e Artístico nacional (Iphan), vivenciava um impasse sobre quem encamparia o projeto desde antes da morte do cientista Au-gusto Ruschi, patrono nacional da ecologia, em 4 de junho de 1986.

Com a doença, Ruschi deixou o museu para a Fundação Nacional Pró-memória. Na época, segundo fontes da região, ele teria oferecido o lugar ao Museu Nacional e à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que supos-tamente não se interessaram. Com o estágio

avançado da doença, Ruschi fi cou dividido en-tre os livros que faltavam escrever e a passa-gem do museu.

Conhecedor da história de Santa Teresa, Antô-nio Ângelo Zurlo, 71 anos, reconhece em Ruschi um grande defensor do meio ambiente e da natureza, mas as convicções do patrono nacional da ecologia, na maioria das vezes, eram incompreendidas.

- Tudo que agredisse ao meio ambiente ele se revoltava e isso o impopularizou. Porque as pessoas queriam plantar de forma desordenada e ele preservar. Ele era conhecido na cidade co-mo ‘eco-chato’. A importância dele é de que as pessoas vejam a necessidade de preservar o meio ambiente. Uma vez incendiaram o carro dele, agora não sei o porquê – diz Ângelo Zurlo.

Ruschi deixou-nos uma vasta obra escrita com 450 trabalhos e 22 livros. Era oriundi. Nasceu em

Santa Teresa, em 12 de dezembro de 1915. Foi o oi-tavo entre os 12 fi lhos do casal de imigrantes Giu-seppe Ruschi e Maria Roatti. Seu pai era agrônomo, trabalhava na topografi a e construção; veio para o Brasil em missão do Governo Italiano para auxiliar no desenvolvimento das colônias italianas.

Sua família tem mais de 2 mil anos de tra-dição no trabalho com ciência e plantas, cul-tivando-as e estudando-as, sendo inclusive o nome da família originário da espécie Ruscus aculeatus ou azevinho do campo. Atendendo a um desejo seu foi enterrado nas matas da Reserva Biólogica de Santa Lúcia. Coincidente-mente, no dia 05 de junho de 1986, Dia Mun-dial do Meio Ambiente. (L.B.S)

A repórter Luciana viajou a convite da Prefeitura Municipal de Santa Teresa

MCT vai assumir museu ecológico Ruschi em 2006

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Um verão estilo oriundi

O verão só começa para valer em dezembro, mas o calor de 40 graus já demonstra que não vai dar trégua. Es-

pecialistas da alta-costura acreditam que a próxima estamparia da estação do sol será baseada nas cores vi-brantes, como amarelo, uva, laranja e verde-limão. Nessa praia multicor aportou a Zapping, grife tradicional-mente voltada para o público jovem e adolescente. Os temas da coleção – esportiva e curto - vão desde alegria e futebol à música e, creiam, gastro-nomia italiana.

Thais Losso, estilista da grife, criou para o próximo verão uma co-leção que traduz o espírito italiano, com a linguagem urbana, em ritmo hip hop. Uma leitura jovem, atual e descontraída das cores, sons e sabo-res da velha bota. O futebol - paixão comum entre italianos e brasileiros - pontua os looks com distintivos, os números e tecidos esportivos recor-tados e reconstruídos tanto em casa-cos e bermudas quanto em camisetas e vestidos.

O frescor de bambinos e bam-binas, mesclado com a sensualidade dos ícones do cinema, revela uma coleção que vai do sexy ao divertido em tons esmeralda, maçã vermelha, púrpura, orquídea, nectarina, ama-relo sunshine, marrom glacê, moran-go, preto e branco. (L.B.S)

XIV Edizione della Cosmoprof

L’ICE in collaborazione con l’UNIPRO - Asso-ciazione Italiana delle Industrie di Cosme-

tici parteciperà con un “Punto Italia” alla XIV edizione della Cosmoprof Cosmética 2005, che si svolgerà a San Paolo dal 9 al 12 settembre, presso il centro espositivo di Anhembi. Tratta-si della principale manifestazione dell’America Latina dedicata al settore cosmetico. Il Punto Italia non sarà solo un uffi cio di informazioni, ma anche un centro operativo dove le aziende italiane saranno a disposizione degli operatori locali per fornire tutte le informazioni necessarie per sviluppare eventuali rapporti di collaborazio-ne commerciale. Il mer-cato italiano, il 3º in Eu-ropa, registra un consu-mo quantifi cato in circa 8,5 miliardi di euro.

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A gastronomia italiana é conhecida por suas massas com su-culentos molhos vermelhos. Mas, ao contrário do que mui-tos pensam, há inúmeras variedades de carnes e peixes na culinária da bota e até mesmo uma combinação pra lá de

exótica como o penne à putanesca. Um macarrão com molho ver-melho, regado com tomati pellati, aliche, coentro, alcaparras, alho, azeitona preta, azeite e um toque especial com frutos do mar.

A iguaria é um dos pratos mais pedidos do aconchegante res-taurante Piccola Italia, no Itanhangá, Rio de Janeiro. O lugar é decorado por Raul Travassos – cenógrafo da Rede Globo – com vinhos, queijos, utensílios antigos e pinturas de algumas regiões da Bota. Nas paredes, inúmeros famosos, que não resistiram ao pecado da massa, deixaram suas fotografi as registradas. Há tam-bém quatro janelas falsas, ao fundo, que remetem às ruas italia-nas, fazendo com que o cliente se sinta num típico restaurante na terra de Pavarotti.

E quem comanda esse mundo italiano no Piccola é um genuíno descendente do povo da Bota? Nada disso. É o economista por-tuguês, Eurico Carvalho da Cunha, de 65 anos. Segundo o maitre e gerente, Antônio Martins, 47 anos - há 15 no ramo da gastro-nomia -, Eurico perdeu a visão aos oito anos em virtude de uma grave doença, mas a defi ciência não foi empecilho para que ele gerencie uma rede com 15 restaurantes na cidade.

- Apesar de tudo ele é um apaixonado pela gastronomia – diz Martins.

Inaugurado há três meses, o restaurante é bastante procurado pelos amantes da comida italiana, assinala Martins. A casa ofere-ce também um rodízio com diferentes molhos e massas a partir de R$ 9,90 para o almoço e R$ 12,90 para o jantar. Há ainda um bufê com frios, saladas e queijos.

Para acompanhar o saboroso penne à putanesca, Martins reco-menda o vinho tinto Santa Cristina do Antinori.

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Penne à putanesca

Ingredientes:5g de alho5g de aliche5g de coentro10 g alcaparras20 ml azeite de oliva30 g de azeitona preta chilena150g tomate pellatti50 g de lula50g de polvo70g de camarão100g de Penne Rigatti Modo de Preparo Molho:Coloque o azeite e alho na panela até que fi quem dourados. Em seguida, coloque os frutos do mar cortados em cubos e o aliche; após o refogado, coloque o molho de tomate, as alcaparras e as azeitonas. Por último, despeje o coentro para dar o toque fi nal. Deixe cozinhar por seis minutos e o molho à putanesca estará pronto. Massa:Coloque a massa para cozinhar por dez minutos, com uma pitada de sal e azeite, para que fi que ao dente. Depois, é só colocar o molho e servir. Quantidade de porções: 2 pessoas.

Impossível não ‘pecar’

A decoração do lugar recorda vilarejos italianos

SERVIÇO: CANTINA PICCOLA ITALIA

ITANHANGÁ CENTER - EST. DA BARRA DA TIJUCA, Nº1636, LOJA A2, BL. BTELS.: 21.2491-4293 / 21.2491-3506

Nayra Garofl e

Sapori d’Italia

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