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ABSENTISMO E ACIDENTES DE TRABALHO (ENTRE TRABALHADORES ...
EM TURNOS DE INDOSTRIAS AUTOMOBILrSTICAS ~
~ FRIDA MARINA FISCHER
Tese de Doutorado apresentada a
Faculdade de Sade Pblica da
Universidade de So Paulo, Depa~
tamento de Sade Ambiental, para
obteno do ttulo de "Doutor em
Sade Pblica".
Orientador
sO PAULO 1984
Dr. Jorge da Rocha Gomes
DEDICATORIA
Aos meus queridos
marido e filhos.
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Jorge da Rocha Gomes, pela orientao e estmulo
para realizao do presente trabalho.
iii
Ao Prof. Diogo Pupo Nogueira, caro Mestre, pelo contnuo
incentivo em minha carreira acadmica e por suas suges -
tes apresentadas.
A Direo de todas as empre~as envolvidas, pelo valioso
auxlio e por terem me permitido o acesso aos dados coleta
dos.
,
A Coordenadoria de Aperfeioamento de Pessoal do Ensino
Superior ( CAPES) pela bOlsa concedida, atravs da qual
pude usufruir dos eficientes servios da Disseminao
_ Seletiva da Informao" da Faculdade de Sade Pblica da
Universidade de So Paulo.
As bibliotecrias Daisy Pires Noronha, Leda Corra Porto
de Campos Camargo, Maria Ceclia Gonzaga Ferreira, Suely
Olin, da Faculdade de Sade Pblica, que me auxiliaram
eficientemente na procura e aquisio de publicaes.
A Junko Mashida pelo auxlio na anlise estatstica dos
dados.
A Francisco Maura Rocha e Ferno Dias de Lima pela
inestimvel colaborao na rea de computao eletrnica.
A Janice Juosi e Ana Evangelina\de Campos pela datilogra
fia da Tese.
iv
cara colega Gisela Gross Trajman pela colaborao na reviso
Jrtogrfica.
v
r N D I C E pago
-Resumo .................................................................... xvi
S umma ry ...................................................................... xviii
1. Introduo ........................................... 1
1.1. Resenha histrica........................................ 3
1.2. Conceituao de trabalho em turnos. Definies
de expresses utilizadas na literatura ....... 6
2. Consideraes gerais sobre o trabalho em turnos
2.1. Motivos de sua implantao ................ 9
" 2.2. Problemas mais frequentes entre os trabalhadores
em turnos ................................................. 13 2.3. Critirios de seleo e orgnizao dos turnos ... 29
3. Absentismo no trabalho em turnos
3.1. Definies de conceitos ................... 32
3.2. Morbidade ......... ~ ............................. 32
3.3. Aspectos organizacionais ............... 36
3.4. Horas-extras.................................................... 41
3.5. Outros resultados e fatores que influenciam a
" frequincia ao trabalho .................. 43
4. Acidentes no trabalho em turnos ................ 48
4.1. Consideraes gerais ..................... 48
4.2. Fatores desencadeantes dos episdios .......... 49
4.2.1. Absentismo ............................... 51
4.2.2. Ritmos biolgicos e desempenho .......... 52
4.2.3. Pausas .......................................................... 59 4 .. 2 4. Sono ........................................................................ 6 O
4.2.5. Dia da semana, idade, tempo de servio .. 62
4.2.6. Turnos rouiziantes x turnos fixos 63
vi
pago 5. Propsito desta investigao .................... 66
6. Objetivos gerais do estudo ................. 71
7. Objetivos specficos ......................... 72
8. Objeto da pesquisa
9. Material e mitodos
...................................
................................... 74
75
9.1. Consideraes metodlgicas .............. 75
9.2. Populao do estudo ............................. 77 - . 9.2.1. Sistemas de turnos estudados ........ 78
9.3. Coleta de dados 81
9.4. Registros anotados de cada trabalhador ........ 81
9.4.1. Dados pessoais ........................... 81 9.4.2. Ausncias ...... :- ......................... 82
9.5. Medida do absentismo e dos acidents do trabalho. 83
9-.5.1. Variveis independentes .............. 83
9.5.2. Variveis dependentes
9.5"2.1. Episdios de
..................... faltas ...... e_e
84
84
9.5.2.2. Episdios de acidentes " ..... 86
9.5.3; Tratamento esttstico dos dados ... " .. 89
10. Resultadooe discusso .............. 90
10.1. Caracterizao da populao estudada .......... 90
10.2. Faltas ao trabalho ...................... 107
~0.2.l. Distribuio dos episdios na populao 107
10.2.2. Resultados das anlises de regresso das
ausncias dos trabalhadores ........... 110
10.2.3. Comparaes dos coeficientes de faltas
nos 4 sistemas de turnos ........... 120
10.2.4. Comparaes dos coeficientes de faltas
nos diversos perodos de trabalho, dos
4 sistemas de turnos ................. 121
10.2.S. Comparaes dos coeficientes de faltas, .
segundo os perodos do trabalho, em cada
sistema de turnos - Anlise 'ntra-shift" 122
vii
pago
10.2.6. Discusses dos resultados referentes s
- . ausenc1as . .. .. ..... .o ' ...................... ". ' ........... .o _e 129 10.3. Acidente, do trabalho ..... ! 133
10.3.1. Distribuio dos episdios ~a populao 133
10.3.2. Anlise de regresso dos acidente~ de
t;ra'balho ............ ................................................ 149
10 ~ 3 . 3. Comparaes dos coeficientes de aciden-
tes de trabalho nos 4 sistemas de turnos 157
10.3.4 Comparaes dos coeficientes d~ aciden-
tes de traJ>alho entre os perodos de
ati~idade .......................................................... 160
10.3.5. Comparaes do~ coeficientes de aciden-
tes de trabalho entre os per040s de
atividade, em cada sistema de turnos
( ~l' n ' h'ftn) 162 . ana 1.se ;tntr.a-s 1. .' .. '
10.4. Relao entre faltas e acidentes de trabalho . 165
10.5. Discusses gerais sobre os acidentes d trabalho 165
10.6. Proporo do no absentismo e da no ocorrncia
dos acidentes de trabalho nos 4 sistemas de
turnos .... .. . ~- ...... " ....... .. ............ ' ............... " ............. '. .. .. .. .. .... 168
11. Concluses .................................................................................... 180
12. Referncias B1bliogrficas ......... 183
ANEXOS
Anexo 1 - clculo do fator multiplicativo .. . ..... AI
Anexo 2 - nlises de varincia dos coeficientes de
ausncias dos 4 sistemas de turnos .. A2
Anexo 3 - Anlises de varincia de coeficientes de faltas
Anexo 4
nos diferentes perodos ' de atividade .... A4
Anlises de varincia nintra-shiftn ..... A6
Anexo 5 - Anlises de vari~cia dos coeficientes de aci-
dentes de trabalho , dos 4 sistemas de turnos . AlI
Anexo 6 - Anlises de varincia dos coeficientes de aciden
tes do trabalho, nos diferentes perdos de ati
vidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Anexo 7 - Anlises de varincia dos coeficientes de aciden
tes de trabalho, nos perodos de atividade, em
viii
pago
AIZ
cada sistema de turnos ....... A13
Anexo 8A- Proporo de nao absentismo doena - Sistema I. Al7
Anexo 8B- Proporo do no absentismo injustificado -
Sistema 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Al8 Anexo 8C- Proporo da no ocorrncia de acidentes de
trabalho -- Sistema 1 ........................... A19
Anexo 8D- Proporo de nao absent.smo doena '- Sistema Z AZO
Anexo 8E- Proporo de " - absentismo injustificado nao -Sistema Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . AZI
Anexo 8F- Proporo de no ocorrncia de acidentes -Sistema 2 ....................................... A2Z
Anexo 8G- Proporo de nao absentismo doena oi Sistema 3 AZ3
Anexo 8H- Proporo de nao abs'en tismo injustificado -Sistema 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . AZ4
Anexo 81- Proporo de no 'ocorrncia de acidente de
trabalho - Sistema 3' ..... .;..................... A25
Anexo 8J- Proporo de nao absentismo injustificado -Sistema 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . AZ6
Anexo 8L- Proporo de nao absentismo doena - Sistema 4 AZ7 Anexo 8M- Proporo de nao ocorrncia de acdentes -
Sistema 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ~ . . . . . . . . . . . . . . . . . AZ8
ix
r ND I C E D E F I G U R A S
pago
1. Interrelaio entre stress e esforo, e as influincias
das variveis intervenientes .................. 20
2. Estruturas causais na formao de problemas de sade
entre os trabalhadores em t.urnos ..................... 25 3. Modelo de tlma estrutura complexa de interao dos
efeitos do trabalho em turnos ...... ,................. 27
4. Pesos para diferentes grupos de variveis caracteriza~
do sua capacidade de modificar o estado de sade, se -
gundo diferentes graus de exposio ao trabalho ... 28
5. Fatores relacionados com os acidentes ocupacionais ... 49
" 6. Frequncia de erros e acidentes de trabalho durante as
24 horas ... >. 65
7. Esquema de linha de prensas e posio de trabalho dos ~ .
operarl.os ............................................ 78
8. Distribuiio porcentual de trabalhadores por faixa
etria e sistemas de turnos ...................... 95
9. Distribuiio de nmero de empregados que sofreram
acidentes de trabalho, em funo do nmero de episdios
e por sistema de turnos ................... , ........ 136
10. Distribuio dos acidentes segundo os dias de semana
e sistema de turnos T 141
11. Distribuiio mensal dos acidentes de trabalho nos 4
sis temas de turnos ................................. 146
12. Distribuio dos acidentes de trabalho, segundo
perodo de ocorrncia, nos 4 sistemas de turnos
13. Proporo do no absentismo doena e injustificado e
da nio ocorrncia de acidentes do trabalho, de 154
trabalhadores do Sistema 1, durante 24 meses, at o
148
primeiro episdio .................................... 173
14. Proporo do nao absentismo doena e injustificado
e da no ocorrncia de acidentes do trabalho entre
146 trabalhadores do Sistema l, durante 24 meses, at
x
pago
o primeiro episdio............ ......................... 174
15. Proporo do no absentismo doena e injustificado e
da no ocorrncia de acidentes do trabalho entre 35
trabalh'adores do Sistema l, durante 24 meses, at o
primeiro episdio .................................... 175
16. Proporo do no absentismo doena, injustificado e
da no ocorrncia de acidentes do trabalho entre 45
trabalhadores do Sistema i, durante 24 meses, at o primeiro episdio..................................... 176
17. Proporo do no absentismo injustificado nos 4 siste
mas de turnos. durante 24 meses, at o primeiro epi-
sdio .................... "........................... 177
18. Proporo do no absentismo doena nos 4 sistemas de
turnos, durante 24 meses., at o primeiro episdio.... 178
19. Proporo da no ocorrncia de aciden~es de trabalho
nos 4 sistemas de turnos, durante 24 meses, at o
primeiro episdio ................................... 179
xi
r N D I C E D E T A B E L A S
pago
1. Esquemas de turnos e seus possveis efeitos no sono .... 18
2. Nmero mdio de horas trabalhadas por semana entre
trabalhadores na produo industrial.................. 69
3. Comparao entre os sistemas de turnos das horas
trabalhadas .............. " ............ "............. 8 O
4. Distribuio dos trabalhadores por sistemas de
trabalho em turnos .............. ".". . . . . . . . . . . . . . . . 91
5. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos e
funo ........................................................ _ ........... , ......................... .. 92
6. Mdias e desvios-padres das idades dos trabalhadores.. 93
7. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos
e faixa etri"a ............................................................................... 94
8. Distribuio dos trab~lhadores por sistema ~e turnos
e escolaridade ............................................................................... 96
9. Dis%ribuio dos traba~hadores por sistema de turnos
eestadocivil ....... ,.! , 98
10. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos
e numero de dependentes ............................. 99
11. Mdias e desvios-padres do nmero de dependentes dos
trabalhadores dos 4 sistemas de turnos ............. 100
12. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos
e regio de proced;ncia ............................. 101
13. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos
e tempo de empresa .................................. 103
14. Mdias e desvios-padres do tempo de empresa e
respectivo sistema de turnos .......................... 102
xii
15. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos
e exposio ao estudo............................... 105
16. Nmero de empregados, ,ms a ms, nos 4 sistemas de
trabalho em turnos .................................. 106
17. Distribuio das ausncias por doena e injustificadas
dias perdidos, nos 4 sistemas de turnos ............ 107 " 18. Coeficientes de frequncia (de episdios e empregados)
e durao dos episdios, em cada sistema de trabalho
em turnos ........................................... 109 19. Correlao linear simples ds caractersticas dos
trabalhadores e coeficientes de faltas do Sistema 1 .. 110
20. Anlise de regresso mltipla do Sistema 1 ......... 113
21. Correlao linear simples das caractersticas dos
trabalhadores e coeficientes de faltas do Sistema 2 . 114
22. Anlise de regresso multivariada do Sistema l ...... 114
23. Correlao linear simples das caractersticas dos
trabalhadores e coeficientes de faltas do Sistema 3 . 115
24. Anlise de regresso .multivariada do Sistema l ...... 116
25. Correlao linear simples das caractersticas dos
trabalhadores e dos coeficientes de faltas do Sistema
4 117
26. Anlise de regresso multivariada do Sistema i , ..... 117 27. Resumo das anlises de regresso das .ausncias ...... 119
28. Mdias e desvios-padres dos coeficientes de faltas
nos 4 sistemas de turnos ...................... ' ..... . 124
29. Anlise de varincia dOs coeficientes de faltas, entre
os 4 sistemas de turnos' .............................. 125
30. Mdias e desvios-padres dos coeficientes de faltas,
entre os perodos de trabalho nos 4 sistemas de
xiii
pago
turnos .............................................................................................. 126
31. Anlise de varincia dos coeficientes de. faltas, nos
diferentes perodos de trabalho, dos 4 sistemas de
tu rno 5 ...................... T.. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 1 Z 7
32. Anlises de varincia dos coeficientes de faltas
"intra-shift" dos 4 sistemas de turnos .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 128
33. Distribuio dos acidentes de trabalho e sistemas de
turnos .............................................................................................. 134
34. Distribuio das horas trabalhadas nos 4 sistemas de
turnos ............................................................................................. 134
35. Distribuio do nmero de empregados que sofreram
acidentes de trabalho, em funo do nmero de epis-
dios e por sistema de turnos ..................................................
" 36. Coeficientes de frequncia' e gravidade dos acidentes
135
de trabalho nos 4 sistemas de turnos ....... 137
37. Dias perdidos por acidentes de trabalho, segundo o
sistema de trabalho em turnos ................................................ 138
38. Distribuio dos acidentes de trabalho, segundo os
dias da semana e sistemas de turnos ............. 140
39. Local de ocorrncia dos acidentes de trabalho e sis-
tema de turnos .............................................................................. 143
40. Ocorrncia mensal dos acidentes de trabalho por
sistema de turnos ........................................................................ 145
41. Nmero de acidentes de trabalho, segundo perodo de
ocorrncia, nos 4 sistemas de turnos ............... 147
42. Correlao linear' simples das caractersticas dos
trabalhadores e coeficientes de acidentes de trabalho
xiv
pago
do Sistema 1 ......... " .......... '. . . . . . . . .. . . . . 149
43. Analise, de regresso do coeficiente ATCM e caracters
~icas dos trabalhadores do Sistema 1................ 149
44. Correlao linear simples das caracterstic'asdos tra
balhadores e coeficientes de acidentes do trabalho do
Sistema 2' - '............................. 150
45. Analise de regresso mltipla dos coeficientes ATCM
e GRAV e caractersticas dos trabalhadores do Sistema
2 ............ e.e e.e 151
46. Correlao linear simples das caractersticas' dos
trabalhadores e coeficientes de "acidentes do trabalho
do Si~tema 3 ................................. 152
47. Analise de re"gresso mltipla dos coeficientes ATCM
e SEVAe caract'ersticas qOS trabalhadores do Sistema
3 152
48. Correlao linear simples das caractersticas dos tra
balhadores e coeficientes de acidentes do trabalho do
Sistema 4 ........................................ 154
49. Analise de regresso mltipla do coeficiente ATCM
e caractersticas dos trabalhadores, do Sistema 154 50. Resumo das analises de regresso de acidentes do
trabalho dos 4 sistemas de turnos ,.~ ................ 156
51. Mdias e coeficientes de acidentes, nos 4 sistemas
de turnos ........................................... 158
52. Analises de varincias dos coeficientes de acidentes
de trabalho, entre os 4 sistemas de turnos 159
53. Mdias e desvios-padres dos coeficientes de aciden-
tes de trabalho em 3 perodos de atividade, nos 4
sistemas de turnos
54. Anlises de variancia dos coeficientes de acidentes
do trabalho, entre os perodos de atividade, nos 4
sistemas de turnos .................................................... ~ .... T ........
55. Mdias e desvios-padres dos coeficientes de aciden-
tes de trabalho em cada sistema de turnos, considera~
~
pago
161
162
do os perodos de trabalho .................... 163
56. Resumo das anlises de varincia "intra-shift" dos
coeficientes de acidentes de trabalho nos 4 sistemas
de turnos ........................... T....................................................... 164
57. Relao entre ~altas e acidentes de trabalho ..... 165
58. Proporo do no absentismo e da nao ocorrncia de
acidentes do trabalho nos 4 sistemas de turnos, ao
fim de 24 meses ...................... lo.................................................. 172
~----- . --~_ .. ~
xvi
R E S U M O
Foram analisadas todas as ausncias e acidentes
de trabalho ocorridos entre 1354 trabalhadores das seoes de
prensas pesadas de indfistrias automobilsti~as da regio da
Grande So Paulo.
- O -trablho era organizado em quatro sis temas de
turnos semi-contnuos: 3 turnos fixos, 1 turno vespertino-no-
turno fixo, 2 turnos rodiziantes mensais e' 3 turnos rodizin-
tes quinzenais.
As anlises das caractersticas dos trabalhado -
res envolvidos em episdios de faltas e acidentes evidenciou
que o tempo de empresa uma importante varivel, e se relacio
na de forma inversamente proporcional frequncia dos epis-
dios.
Quanto aos sistemas de turnos, foram observados
maiores coeficientes de frequncia de faltas por doena nos
sistemas de 3 turnos fixos. Os perodos da manh e da tarde ~
presentaram maiores valores nos coeficientes de ausncias por
doena que o perodo vespertino-noturno e noturno.
Em relao s faltas injustificadas, o turno fi-
xo vespertino-noturno teve valores mais elevados que os ou-
tros sistemas de turnos e o perodo vespertino-noturno apre -
sentou maiores ausncias que tarde e noite.
No houve diferenas quanto frequncia, gravi-
dade e durao de acidentes e os perodos de trabalho em 3
sistemas de turnos.
xvii
Somente no esquema de 3 turnos fixos, a frequncia
de acidentes foi maior a tarde que i noite.
O'sistema de 3 turnos fixos teve coeficientes de
frequncia, gravidade e durao dos acidentes semelhantes a dos
turnos rodiziantes quinzenais. A nica diferena foi observada
entre os turnos rodiziantes mensais e quinzenais. Os primeiros
apresentaram maior frequncia de episdios.
O estudo do no absentismo em trabalhadores que
permaneceram 24 meses nos sistemas de turnos, mostrou que a pr~
poro do no absentismo injustificado inferior ao no absen-
tismo doena, em 3 'sistemas de turnos. A proporo dos no aci
dentados menor que a das faltas por doena em 2 sistemas de
turnos (rodiziantes mensaise fixos vespertinos-noturnos) e equ!
valente a dos episdios injustificados no sistema de 3 turnos
fixos. As faltas injustificadas representaram um problema mais
sriO que as ausncias por doena, nas indstrias estudadas.
xviii
S U M M A R Y
The variables associated to the occurrence of
absenteeism spel~sickness absence, unjustified absence and
accidents at work among shift workers were studied, in four
types of semic.on'tinuous shiftwork ( 3 fixed shifts, 1 late.
afternoon shift, 2 monthly rotating shifts, 3 fortnightly
rotating shifts ).
The research was conducted among 1,354 workers
in heavy sheet metal stamping sections of automotive plants
located in the Gteater So Paulo area.
In any type of shift-schedule the time on the
job appeared as an important variable inversely proportional
to the frequency of the spells. The 3 fixed shifts schedule
presented the highest sickness absence ratio.
The sickness ab~ence ratioswere higher during
the late afternoon and night shifts and on morning and even
ing working hours than in late-afternoon and night periods.
The unjustified absences rati~were higher dur
ing the late afternoon shifts. This work period showed a
higher absences than evening and night.
No significant differences were found regard -
ing the frequency, severity and length rati050f the accidents
at work during the periods (morning, evening and night) in
neither of the 3 shift systems. The 3 fixed shifts showed
a higher accident frequency at evening than at noon.
xix
The ratios of the frequency, severity and
accident length, respectively of the 3 fixed shifts system,
were of the same values as those of the fortnightly rotating
shifts system.
A difference was observed between the monthly
and fortnightly rotating shifts. The former presented a
higher frequency of the accidents.
The survey of the shift workers who worked 24
months on the job showed that the unjustified non-absenteeism
ratio is lower than the sickness non-absenteeism ratio, for
the three shifts systems. The_non-accident absenteeism ratio
is lower than the sickness non-absenteeism ratioS" in two
shifts systems (monthly rotating and fixed late afternoon)
and it is equal to the ratio of unjustified absence for the
3 fixed shifts.
Unjustified absences represented more serious
problems than sickness absenes in studied industries.
"Quem nao experimentou os efeitos de anos de confinamento en-
tre as paredes da produo em massa, sem meios aparentes de
escape, no pode compreender o efeito debilitante na mente,no
vocabulirio, na capacidade espiritual da resistincia humana.
Ninguim, sem essa experiincia, pode realmente. compreender por
que o homem larga as ferramentas, quando superficialmente is-
to parece apenas um pretexto para escapar momentaneamente da
monotonia de uma existincia no-natural .. "
85
KEARNS, J.L.
,-1-
1. INTRODUO
A aceitao tcita de crescentes e graves embara-
os no trabalho, atravs da presena de agentes estressan
tes ocupacionais, tanto na sua durao, impacto e univer-
salidade, tem sido um preo que a sociedade imps para. o '1-8, 92.
desenvolvimento tecno16gico e industrial .
A rpida industrializao e as crescentes inovaes
tecno16gicas nos pases do Terceiro' Mundo com ousadas me-
tas de produtividade, introduziram tcnicas e esqemas de
org~nizao de trabalho at ento pouco utilizados nestes 10 3
locais. Tornou-se necessrio s populaes trabalhadoras
a adaptao rpida a um ambiente que se caracterizava por
acelerada mudana nos padres tradicionais. Estas modifi-
caes ocorridas nos modos de operar das organizaes tm
reflexos sobre os indivduos que devero suport-las co-97,100
mo uma. c;;trga adicional aos seus problemas dirios. No
houve tempo suficiente par que os trabalhadores fossem
conscientizados e educados formalmente, a fim de se ajus-
tarem s novas condies de trabalho. A escolha do empre-85
go era e continua sendo restrita 52
DUBOS declara que "o custo da adaptao do Homem
aos ambientes de trabalho criados pela moderna tecnologia,
seria alcanado s custas dos prejuzos de sua sade".
"A tolerncia teriaconseqUncias indiretas que seriampr~
judiciais a longo prazo,mesm0!l0r que os fatores deletrios
nem sempr~ so reconhecidos desde o incio da exposio.
Os efeitos iriam ~esde distrbios crnicos at problemas
de ordem psico16gica". 70
GARDELL ao 'comentar os efeitos advers os de condi
- oes de trabalho inadequadas, analisa os diversos tipos
de comportamento que podem surgir nos trabalhadores:
-2-
a) "Os sentimentos experimentados pelos indivduos, como
a apatia, a monotonia, as tenses, a sensao de isola
mento social".
b) "Os comportamentos ativos, tais como as queixas, as su
gestes para que ocorram modificaes no trabalho, a
rotatividade e, em alguns casos as aes de diminuio
e paTada no trabalho".
c) "Os comportamentos passivos, como a resignao, a fal-
ta de interesse, a indi ferena em produzi r produtos com
qualidade, o absentismo".
d) "Os efei tos na. sade, a baixa qualidade de vida, prcbl~
mas familiares e pequena participao na vida comunit
ria e poltica".
Um fator estressante freqUente nas linhas de monta
gem industrial a falta de autonomia dos trabalhadores . Os efeitos imediatos do "stress" ocupacional podem ser me
didos em termos de 'produtividade, ausincias, conflitos in 31
ternos, greves etc.
A sociedade moderna, vida por possuir bens e servios a
sua disposio durante as 24 horas do dia, necessita cada
vez mais de indivduos que estejam dispostos a trabalhar em
horrios vespertinos, noturnos e durante as tradicionais
horas de lazer e descanso. 193
l'/EBB propoe a existncia de mlti;llos fatores capazes de
trazer ins tabi lida de aos indivduos submetidos ao traba
lho em turnos. Haveria as causas diretamente identific-
veis - infeces e anomalias nos diversos sistemas funcio
nais causadas por agentes fsicos, qumicos e biolgicos,
e aquelas que estariam ligadas aos desajustes emocionais,
ao aparecimento do stress, de hbitos e atitudes. Estas
-3-
causas aumentariam a suscetibilidade e poderiam resultar
num maior "desgaste" com todas as conseqUncias possiVeis
nestes trabalhadores.
:-.Ia -anlise das causas intervenientes do processo
sade-doena torna-se importante o estudo das variveis
independentes e dependentes que possam interagir durante
a vida dos trabalhadores em turnos.
1.1 Resenha histrica
_o trabalho em turnos vem sendo utilizado des-
de a poca dos romanos, usado para manter a vigiln-
cia entre as tropas e a- guarda do fogo sagrado pelas 158
vestais . Parteiras, padeiros, ,esto entre as profisses , 143
mais antigas'do mundo, j citadas por RAMAZZINI co . I
mo aqueles que trabalhavam noite enquanto os demais
dormiam.
Foi a partir da Revoluo Industrial ocorrida
na Europa entre 1770 1850, que o trabalho em turncs
expandiu-se rapidamente. Iniciou-se nas fbricas tx
teis e fundies. O dia de trabalho se estendia por
14, 16 horas, at que surgiram as primeiras leis re-
gulamentando a permanncia de crianas apenas duran-
te o dia e instituindo o descanso semanal. Tambm p~
ra os artesos que realizavam o trabalho em casa, a
jornada diria era longa (14 a 16 horas por dia) 158
SCHERRER comenta que es.tes trabalhadores j
sofriam provavelmente de dficits crnicos de sono.
No fim do sculo XIX e incio deste, dezenas de mi-
lhares de trabalhadores trabalhavam noite, princi-
palmente, na Frana e na Inglaterra.
Durante o e~foro de guerra, entre 1914 e19l~
-4-
o dia de trabalho estendia-se por 14 - 15 horas, du-
rante 6 a 7 ,dias por semana, com um aumento alarman-
te' dos ndices de fal tas e ,acidentes do trabalho.
Os e'studos realizados pelo "Health of Munition Wor-
kers Commi ttee- Interin and Final Report", em 1917 .e,
1918, recomendavam o rodzio das horas de trabalho e 77
a reduo das 60 horas semanais de trabalho
Em 1920 foi realizado um amplo estudo na mai-
or parte das indstrias nos Estados Unidos, com o fim
de analisar as possibilidades de serem institudos
turnos, de 8 horas de trabalho ao lado da prtica de
12 horas dirias, corrente naipoca. O presidente da
quele pas, l'larren G.Hrding, comentou no prefcio
do livro: " .. A antiga no.rma de 12 horas por dia de
ve dar lugar a uma melhor e mais criteriosa forma de
organizao das foras produtoras desta nao, a fim
de que uma adequada vida familiar e a cidadania pos-
sam ser desfrutadas adequadamente por todo nosso po-
vo". As concluses dste estudo indicam que j se co.!!
s ideravam as "razes humanitrias ", ao lado da demanda
econmica, para a modificao dos sistemas de traba-ss
lho 55
Neste mesmo estudo j mostrada a tendn-
cia das fbricas de automveis de Detroit operar
em 2 turnos de 8 horas cada.
Nos Estados Unidos estimava-se em 1975 que
19' da, fora de trabalho estava,empregada em siste-34
mas de turnos . Em 1977, as estatsticas do"Bureau
oi Labor" dos Estados Unidos indicavam que um numero
superior a 13,5 milhes de pessoas (18\ da fora de
trabalho) estavam trabalhando em perodos parciais e
integrais, nos tutnos vespertinos e noturnos. Em 3 anos
-5-
(1974 a 1977) aumentou 13% o numero de trabalhado-81
res dos turnos noturnos
Em 1978, havia na Frana um contingente prxi-158
mo a.2 milh6es de pessbas trabalhando i noite
Calcula-se que haja nos pases industrializa-
dos, entre 8 a 15% da populao ativa trabalhando 36 ,
em turnos , enquanto que nos palses em desenvolvi-
mento a taxa tende a ser menor 53
36 CARPENTIER e CAZAMIAN ressaltam que, fre-
qUentemente,no se encontram nas empresas, postos de
'trabalho diurnos com remuneraao equivalente i do
trabalho noturno, para as pessoas que devem deixar ~
de trabalhar i noite por ~otivos de no-adaptao.
Desconhece-se no Brasil a-populao que trab~
lha em turnos, mas, nas grandes reas industriaisbr~
sileiras' deve haver centenas .de milhares 'de pessoas,
j que ai seutilizam de processos tecnolgicos e pres-
tao de servios semelhantes is dos pases industria
rizados.
* A convenao da O.I.T. n 9 90 disp6e sobre a
proibio do trabalho noturno para menores de 18 anos.
No Brasil, os menores e as mulheres so proibidos de
trabalhar i noite (das 22:00 is 05.:00 horas). Apenas
em algumas ocupa6es (sade, educao, telecomunica-
6es, servios de computao eletr6nica, locais de
diverso, em algumas indstrias de exportao e em
casos de fora maior, permitido o trabalho noturno 35
das mulheres . H muita controvrsia entre legis-
ladores e movimentos feministas, sobre a possvel li
berao em ser permitido i mulher, trabalhar i noi-
te.
* Organizao Internacional do Trabalho.
-6-
1. 2 Conceituao de trabalho em turnos . Definies de ex-
pressoes utilizadas ~a literatura
o termo "trabalho em turnos" abrange uma gra!l
de variedade de arranjos na organizao do trabalho
e possui muitos significados. 171.
TAYLOR o define como sendo "todos os arranjos de
horas de trabalho alm do estrito horrio diurno ou
em substituio a este. 9
RKERSTEDT e GILLBERG referem-se ao trabalho
em turnos como sendo aquele em que trabalha mais de
uma equipe na produo de bens ou prestao de servi
os, e o tempo total excede ao dia das horas de tra-
balho normais. 109
J MAURICE distingue o trabalho em turnos do tra-
balho diurno. Este ltimo e realizado durante o dia, ~.
geralmente em dois per10dos - matutino e vespertino,
com intervalo para uma refeio e cada trabalhador
interrompe no fim do dia, uma tarefa que s reini-
ciada no dia seguinte.
No trabalho em turnos h uma continuidade na produo
ou na prestao de servios e uma descontinuidade na
tarefa executada por cada trabalhador, pois outros
trabalhadores do 2 9 ou 39 turno continuam o trabalho
executado durante o 1 9 turno.
Na legislao. brasileira, trabalho noturno aquele
realizado entre 22 horas e 5 horas do dia seguinte
(art. 73 2 da Lei 5452 de 1 9 de maio de 1943 - Con 35
solidao das Leis do Trabalho)
A padronizao dos termos que freqUentemente
sao utilizados na descrio dos estudos sobre traba-
lho em turnos de. fundamental importncia. Na pre-
-7-
sente pesquisa, sao adotados os conceitos propostos 128,130
pela Organizao Internacional do Trabalho:
Trabalho em turnos: e o modo de organizao do tra-
balho no qual grupos ou equipes de trabalhadores se
sucedem no mesmo local de trabalho, cumprindo cada
um, horrio ou turno, o que permite empresa funci~
nar mais tempo que a durao legal. No caso brasilei
ro, 48 horas/semana.
Trabalho em turnos descontnuos: a atividade de tra
balho nas empresas menor que 24 horas, havendo uma
interrupo diria e_tambm, geralmente, nos fins-
-de-semana (sbado e/ou domingo) e feriados.
Trabalho em turnos semi-contnuos: as atividades de
trabalho nas empresas ocorrem durante 24 horas por
dia, isto , sem interrupo diria, mas com suspe~
so do trabalho nos fins-de-semana (sbado e/ou do-
mingo) e feriados .
Trabalho em turnos contnuos: o trabalho desenvol
vido durante 24 horas por dia, inclusive fins-de-
-semana e feriados.
Turmas: grupos de trabalhadores que operam em reve-
zamento no mesmo horrio e local de trabalho.
Turno: um dado numero de horas trabalhadas pelas tU!
mas.
Turno fixo: os trabalhadores permanecem sempre no
mesmo turno, isto , trabalham sempre mesma hora
ou perodo.
Turno alternante (ou rodiziante): os trabalhadores
-8-
passam de, um turno a utro; seu horrio de trabalho
se altera periodicamente de acordo com o ciclo de
rotao estabelecido.
Ciclo de rotao: o intervalo de tempo compreen-
dido entre duas designaes do trabalhador pa~a o
mesmo turno. Tome-se como exemplo, um turno rodizi-
ante semanal em que as turmas operem em trs hor-
rios distintos - 6:00, 14:00 e 22:00 horas. O Cl-
cIo de rotao ser de 21 dias.
Pode-se definir a direo da rotao como:
a) r~gular: os trabalhadores que esto no turno ma-
tutino passam ao vespertino; os do turno vesper-
tino ao noturno;
no matutino.
os do noturno retornam ao tur
b) inversa: os trabalhadores do turno matutino pas-
sam ao turno noturno e deste ao turno vespertino.
-9-
2. CONSIDERAOES GERAIS SOBRE O TRABALHO EM TURNOS
2.1 Motivos de sua implantao~
AS razoes da adoo do trabalho em turnos po-
dem ser de ordem tcnica, social, econmica ou or-36 109 129 159
gan'zacional
Os motivos tcnicos advm do carter contnuo
de operaes industriais de indstrias qumicas, pe-
troqumicas, siderrgicas, fabricao de vidro, pa-
pel, cimento, fertilizantes, usinas aucareiras, moi 20 36 38 159
nhos etc.
Pode ocorrer tambm a necessidade de transfor
maes ou transporte de materiais que se constituem
em matrias-primas para indstrias de operao cont
nua. Um exemplo o transporte de madeira que abast~
ce as fbricas de papel e celulose; este e realizado
durante aproximadamente 350 dias por ano e nas gran-
des indstrias brasileiras h centenas de motoristas,
trabalhando dia e noite, em variados turnos de traba
lho, com rodzios semanais, quinzenais, a cada 3 e 4
d f se ias, lXOS / *
O corte, transporte e transformaes da cana-
-de-acar tambm se processam em regimes contnuos
e sazonais.
Os trabalhadores de muitas usinas de acar trabalham
em regime de 12 horas de trabalho ,dirias, com reve-
zamento semanal; a cada 15 dias dobram o turno de tra
balho, para "cobrir" o perodo de 24 horas de folga
da outra turma.
Alguns ramos industriais pela sua complexida-
de de produo ou para atender aos funcionrios que
* Observao pessoal da autora
-10-
trabalham nos divesos perodos, mantm equipes de
plantiQ a fim de prestar assistncia midica, prover
alimentaio e conservar em segurana seus equipamen-
tos e instalaes. FreqUentemente encontra-se o pes-
soal da manutenio trabalhando em turnos contnuos e,
principalmente~ no perodo noturno. Em perodos de
firias coletivas,as turmas que executam reparos e re 58
formas, trabalham intensamente
Deve ser ainda lembrado que os prmios ou adi
cionais pagos aos trabalhadores representam um ince~
tivo para a manutenio das turmas que trabalham no
perodo noturno, fins-de-semana e .fe.riados. 200
ZALUSKY descreve em s.eu relatrio publicado pela
A FL-CIO Americana, sobre _pesquisa efetuada em 1975,
que de 1514 acordos do setor privado realizados com
trabalhadores em turnos, havia 1214 (80%) do total,
que pagavam diferenciadamentea estes trabalhadores. 56
FINN lembra a necessidade de complementar o ora-
menta domistico com o' segundo emprego. 116
MOTT e cal. ,ao pesquisarem esta situaio, encontra-
ram 23\ dos trabalhadores noturnos e 19% dos vesper-
tinos com uma segunda ocupaao, quando comparados com
11% dos trabalhadores diurnos.
Constatou-se emSio Paulo que telefonistas e
pessoal envolvido em servios de .computaio possuem
com freqUncia 2 empregos, pois a lei estipula 6 ho-
ras diirias de trabalho, o que lhes permite manter o
esquema de trabalho em 2 turnos. Junto s telefonis-
tas observou-se que estas fazem arranjos internos com
suas colegas e realizam rodziosde horirio para man _ 58
te.r a segunda ocupaao
A existnci4 de 2 empregos pode levar os tra-
-11-
balhadores a enfrentarem dificuldades na aceitao
de novos esquemas de trabalho em turnos, sem conside
rar a~~da os problemas de sade resultantes do ex-159
cessivo nmero de horas de trabalho 53
DUMONT a partir de dados obtidos de levanta
mentos realizados em 9 pases em desenvolvimento,se~
do 7 deles na Amrica Latina, ressalta que no se p~
de ignorar a segunda atividade remunerada levada a
cabo pelos trabalhadores em turnos, principalmente
por aqueles que. esto trabalhando no perodo vesper-
tino.
No se deve esquecer que a escolha para trab~
lhar em turnos, especialmente noite, recai num fa-. 161
tor de importante peso: os- adicionais ao salrio .
No Brasil, por todo o trabalho efetuado entre 22:00
e. 05:00 horas recebe-se 25' a mais que o equivalente
diurno; tambm a hora noturna de trabalho de 52 mi
nutos e 30 segundos, isto , a cada 7 horas trabalha 3S
das, recebem-se 8 horas
As razes econmicas da instalao dos turnos
de trabalhoderi vam de vrios fatores, entre os quais
pode-se citar a necessidade da amortizao rpida de
mquinas e outros equipamentos, as. elevadas taxas de
capi talizao de uma produo, a obsolescncia tcnica
de materiais em constante evoluo devido s inova-
es tecnolgicas e s exigncias de produo, a pe-
quena margem de lucro do produto,o que demanda maior 105 109 12l 159
uso do equipamento 109
MAURICE estima que na indstria automobils
tica,601 a 701 das mquinas tornam-se obsoletas an-
tes que estejam desgastadas fisicamente. Uma das cau
sas seria a pequena" "vida" comercial de determinado
""'10 llbliot" oo,U!",.talao fACULDADE DE SADE PUIlIU .IYHSIIIADf Df 510 PAutO
-12-
modelo.
Pode-se deduzir do Imposto de Renda das empr~
sas a depreciao dos equipamentos e ins tal aes , o que
vem a favorecer aqueles que possuem vrios turnos
de trabalho, pois o fator de multiplicao para cl-_ _ 14"
culo da depreciaao aumenta com o numero de turnos .
O aumento do capital tem importante papel na
acelerao do crescimento econmico, ao mesmo tempo 84 96 109
que contribui para aumentar as ofertas de emprego
O pleno uso das mquinas depende da sua u-
tilizao por mais pessoal em diversos turnos di -84 96 13"
rios A utilizao do trabalho em turnos nos
pases em desenvolvimento, principalmente naqueles
de rpida industrializao, tem sido uma boa opo
econmi~a, dada a existncia de abundante mo-de~ra 25 8" 164
e ~scasso capital 36
CARPENTIER e CAZAMIAN sao contrrios a im-
plantao dos turnos, se introduzidos apenas por mo-
tivos econmicos.
Tm-se noticiado recentemente, os nveis ele-
vados da capacidade ociosa industrial brasileira,com
possveis conseqUncias desastrosas para a indstria,
atraso tecnolgico, perda de "know-how" pela demisso
de pessoal qualificado, aumento da ineficincia e re
duo na competitividade 1
Em pocas com grande potencial de vendas, ce!
tos produtos sao manufaturados err, grane escala havencio
freqUentemente a necessidade de instalarem.,. se 2 ou 3 tur
nos dirios, a fim de completar a demanda. Por outro
lado, deixando de existir sada para os produtos,no
dispensadas as novas turmas admitidas*.
Hoje existem acordos coletivos realizados entre va-
*Observao pessoal em indstrias metalrgicas
-13-
rios sindicatos de trabalhadores e empresas, que re-
gulamentam a estabilidade dos empregados durante cer ~ 57
to per~odo
Com a desacelerao do crescimento econmico
brasileiro, ocorrida principalmente a partir de 1980,
previu-se uma sensvel queda no nmero de trabalhado 57
res em turnos e o aumento acentuado dos nveis de ~ 2
desemprego em nosso Pa~s .
O levantamento efetuado pela Federao das In
dstrias do Estado de So Paulo d conta da reduo
do nme
13 109 196 problemas psicossomticos
-14-
Concentram~se as pe~quisas dos ritmos biolgico~ em
dezenas de investigaes realizadas
j que muitos problemas resultam da desin
cronizao de. padres temporais, em resposta a con-
flitos entre ritmos biolgicos endgenos e exigncias 10
ambientais
o termo "ritmo circadiano" tem sido aplicado
s flutuaes orgnicas que ocorrem no espao aproxi
mado de 24 horas
o mundo biolgico est sincronizado em pero-
dos regulares, quando se realizam as atividades di-
rias ligadas sobrevivncia, vida social, traba-
lho, lazer. Nos seres vivos-estas atividades depen-
dem de mecanismos auto-reguladores, endgenos e ex-
genos.
Os fatores exogenos tambm chamados de "zeitgebers"
so importantes sincronizadores das funes biolgi-
cas, especialmente os'ligados vida social e profis 17
sional
As flutuaes na produo e liberao de sub~
tncias hormonais, de eletrlitos, da excreo de me
tablitos, nas funes respiratrias e cardiocircula
trias etc. mant~m padres rtmicos intimamente as-64046137
sociados com certas atividades dos indivduos
Entre estas, pode-se citar o ciclo s6no-vi-
glia, como um dos elementos mais importantes na ma-" nuteno do equilbrio e responsvel em grande par-
te pela adaptao dos trabalhadores aos seus horrios ,~
10 30 36 95 149 196 de atividade
ASCHOFF 18
ressalta a influncia do ciclo sono
-viglia e das ref~ies, na atividade de vrias fun
-15-
es rtmicas, como o ritmo da temperatura corporal,
a excreo urinria das catecolaminas, os nveis de
cortisol plasmtico, de sdio, potssio, clcio, do
desempenho em testes experimentais.
Em grande nmero de esquemas de turnos, o te~
po de sono deslocado para perodos diurnos; isto
significa que "o trabalho em turnos deve ser o que
causa maiores perturbaes nos padres de sono e vigi 9
lia, nas sociedades industrializadas KNAUTH e
RUTENFRANZ 88
relatam qu~ pelos dados da literatura,
as queixas concernentes s dificuldades de sono sur
gem em 90\ ou mais das pesquisas, entre os trabalha-
dores dos turnos noturnos, e mais raramente entre os
turnos diurnos (de 5 a 20\).
Fatores externos podem aI terar a qualidade 9 97 112 179 184 9 87 184 e a durao do sono Este
3 7 150 influenciado pelas condies de habitao
d . 9 22 88 92 179 pela hora de ir orml.r , pela id~
de 7 12 6 1 1 O 9 1 12 1 4 l' ~ 81 1 o 9 1 4 1 1 5 o
, pelo rUl.do , es tado 12 150 1 87 109 1" 150
civil idade das crianas , locali-_ 1
-16-
diurnas presentes em grande parte do ano em muitos
pases, alm do grande nmero de pessoas que moram
nas modestas residncias dos t-rabalhadores e sua 10-
calizao inadequada em- reas ruidosas, fazem com que
o sono diurno seja mais difcil, entre ~s trabalhad2
res em turnos dos pases em desenvolvimento. Isto se
ria um dos fatores que tornaria o trabalho em turnos
"mais rduo" nestes pases, do que nas naes indus-
trializadas. 66
FORET lembra que,freqtientement~ encontram~
-se associadas as dificuldades de sono e a incapaci-
dade de continuar trabalhando em turnos. 179 ".
TEPAS esquematiza os crescentes problemas
do sono dos trabalhadores-em turnos:
Perda aguda de sono
Oficits crnicos do sono
Cochilos
Lapsos de vigilncia
Desempenho prejudicado 179
O autor chama a ateno para resultados de pesqui-
sas que resultam exclusivamente de relatos dos trab~
lhadores. Estes podem no se dar conta do que real-
mente lhes es t acon tencendo, como nas si tua-es de
lapsos de vigilncia e cochilos ("micro-sleeps' em ln
gua inglesa).
As tendncias atuais recomendam a introduo de co-
chilos i noite, para evitar dficits crnicos de so-10e 117
no, assim como para melhorar os sintomas de fadiga
91 KOGI apresenta um resumo (tabela 1) dos pri!!
cipais esquemas de trabalho em turnos e os problemas
que estes apresentam em relao aos distrbi~ de so-
-17-
no. Este autor baseou-se nos resultados da pesquisa
realizada em 1979, pelo "Shift Work Committee, Japan
Association of Industrial Health."
A utilizao do trabalho em turnos est asso-
ciada a problemas digestivos, principalmente verifi-
cada entre os trabalhadores no adaptados aos siste-
mas noturnos e rodiziantes. 3 182
As pesquisas de AANONSE~ e TP~lS-EVENSEN e mais 16
recentemente a de ANGERSBACH e colo mostraram que
a incidncia de ausncias mais elevada entre aque-
les indivduos que se transferiram para os turnos di
urnos por razes mdicas. 92
KOLLER e colo 'ao estudarem os problemas de
sade e os inconvenientes relativos s famlias de
trabalhadores em turnos. de uma refinaria de petr-
1eo observaram que aqueles que "abandonaram" os tur
nos pelo trabalho diurno no se encontravam to ada~
tados quanto seus colegas diurnos. Entretanto, os
mais graves problemas" gastrintestinais e cardiovas
culares foram observados entre os que permaneceram
sempre nos turnos. 16 e
TASTO e colo em estudo efetuado entre en-
fermeiras e processadores de alimentos que trabalha-
vam em diversos esquemas de turnos, verificaram que
os problemas de sade (fadiga, distrbios gastrin-
testinais, ingesto de bebidas alcolicas, satisfa-
ao familiar) eram mais srios entre os trabalhado-
res dos turnos rodiziantes. 29
BRANDT ao analisar a freqUncia de, doenas
entre trabalhadores de fbricas de automvel, fundi-
ao e txtil, encontrou maior morbidade entre os tra
balhadores mais jovens (at 30 anos) de 3 turnos.
-18-
Tabela 1
Esquemas de turnos e "seus possveis efeitos no sono
Sistema de Ciclo rota turno o - diaS
I Dias duplos
descontnuos 14
II Sistema des
contnuo diu-no
turno 14
III Trs turnos
semi-contnuos 21
IV Dois turnos
contnuos 3-4
Trs turnos
contnuos
a) trs equipes 9-21
b) quatro equipes 8-20
V Dias alterna
dos 2
Nmero de noi tes consecutI" vas
-
5-6
5-6
1-2
3-7
2-5
1
VI Irregulares irregular variado
VII Turno notur-
no pennanente 7 3-6
Condies que le-vam acumulao de dfici ts de sono
1, 2
1, 2,3, 4
2, 3
1, 4, 7
1,2,3,5,6
2, 3, 6
1,4,6,7
2,3,4,6
1,2,3,4,7
1) Longas horas de trabalho ou trabalhar 2 turnos juntos 2) Deslocamento da fase do sono por turno noturno di-
reto ou matutino . 3) Curto perodo entre turnos 4) Elevada freqUncia mensal de turnos noturnos 5) Longo intervalo entre folgas 6) Pouco tempo livre aps turno noturno 7) M distribuio do tempo livre
Fonte: KOGI 91
-19-
o Em estudos de reviso bibliografica AKERSIEUf e
13 15 109 36 colo , ANDLAUER , MAURICE , CARPENTIER
AGERVOLD 5
, RUTENFRANZ e colo 152 197
, WINGET ,HADENGUE 75
e col. afirmam que o trabalho em turnos causaria
direta ou indiretamente problemas digestivos e ps-
147 RUTENFRANZ ressalta que os problemas digestivos e~
tariam ligados basicamente ingesto irregular dos
alimentos, associados a outras fontes de stress que
potencializariam os efeitos do trabalho em turnos.
O hbito de fumare a ingesto de bebidas alcolicas
influenciam na incidncia dos distrbios gastrintes
tinais e so importantes para serem pesquisados. 1'5
REINBERG e col. .discutem a "tolerabilida-
de"do trabalho em turnos baseando-se em trs pontos:
os problemas digestivos (dispepsia, gastrite, lcera
pptica, colite), os psquicos (irritabilidade e fa-
diga persistente que no melhora aps o repouso) e
os de sono (ter ins~ia e ou, acordar freqUentemente
durante o sono).
COLQUHOLN e RUTENFRANZ3
analisam as relaes
entre as situaes de stress, resultantes das ruptu-
ras dos ritmos fisiolgicos causados pelo trabalho
em turnos e a demorada volta condio de normalid~
de destes ritmos C"re-entrainment" em lngua inglesa)
no alterado ciclo da viglia e do sono. Esta situaoo
induziria a um esforo excessivo nos trabalhadores,
que poderia afetar sua eficincia no trabalho, sua
sade e sua vida, nos planos familiar e social.
Um certo nmero de "variveis intervenientes" agiriam
separadamente ou combinados, durante este processo.
(Figura 1)
-20-
Figura 1 - Interelaes entre stress e esforo, e as influncias das
variveis intervientes.
I S~res! I Esforo excessivo , Mudana de fases / Potencial:
ineficincia sade prejudicada relaes perturb~
nas horas de tra balho e de sono
Variveis in-
tervienentes
- Caractersticas
individuais
das
{
idade personalidade adaptabilidade fisiolgica
Fatores relacionados~
- Trabalho (carga fsica e mental das tarefas, esqu~ ma de trabalho)
- Condies ambientais
- Ci rcuns tnciaS{ es tado c i vi 1 nmero de crianas
domsticas na casa 'c9ndies de habita
ao
FONTE: COLQUHOUN & RUTENFRANZ~3
A utilizao do tempo pode vir a comprometer
f .. l7 68 115 127 128 151 189
interesses pessoais e am1l1ares
Os efeitos do trabalho em turnos dependem dos esque-
mas de turnos adotados assim como da personalidade
do trabalhador
BROWN 3l 27 e BLAKELOCK discutem os problemas
ligados sincronizao das atividades culturais, fa
miliares e de trabalbo, nos sistemas de turnos, e a
-21-
participao dos trabalhadores nestas.
S~gundo estes autores, o trabalho em turnos torna
problemitica a integrao social do trabalhador, no
momento em que a sociedade estabelece horrios infle
xveis para certas atividades.
BLAKELOCK 12 172
e TAYLOR comentam a prefern-
cia dos trabalhadores em turnos para atividades mais
soli tirias, tais como "hobbies" domsticos, pescarias,
viagens em horirios com pouco movimento.
KHALEQUE e RAHMfu~ 86
em recente estudo entre
trabalhadores de 3 turnos fixos e com rodzio sema-
nal, encontraram elevadas procentagens de trabalhad~
res dos turnos fixos-vespertinos e noturnos - que re-
clamaram da interferncia.do trabalho em sua vida do
mstica e soci~l. so
CZEISLER e colo ressal taram que, a ausen-
cia do rodzio resulta para os trabalhadores num am
biente com "sincronizadores" conflitantes e estes a-
dotam as atividades diurnas durante os dias de folg~
Por outr,o lado, estes autores propem rodzios a ca-
da 21 dias, com a mudana de horrios obedecendo a
seguinte seqUncia: manh ---. tarde---. noite--
---~ manh, em vez dos tradicionais rodzios sema-
nais.
ASCHOFF la ao avaliar a direo da mudana nos
rodzios, verificou que se torna mais ripido o reto!
no normalidade da temperatura corporal, quando o
rodzio feito respeitando-se a ~equncia de hor-
rios que so posteriores queles em que o indivduo
se encontrava trabalhando. Por exemplo, se o turno
vai das 15:00 s 23:00 horas, no prximo rodzio o
horrio de trabalho deveria ser das 23:00 s 7:00 ho
-22-
raso Isto seria especialmente vlido nos indivduos
que apresentam perodos rtmicos mais longos. 194 191
WEDDERBU~~ e WALKER so contra os esqu~
mas de turnos com longo rodzio (acima de 6 dias).
Segundo pesquisas por eles realizadas, o rodzio r-
pido (2 x 2 x 3) produziu resultados satisfatrios
em termos de fadiga e monotonia quando comparado com
o sistema ( 6 x 2). Muitos homens casados passaram a
preferir tais sistemas de rotao rpida, pois que
consideravam como uma das caractersticas indesej':
veis do 'rodzio semanal, o fato de deixarem as espo-
sas sozinhas noite, quando realizavam o turno ves-
pertino e noturno. 2 I
BANKS tambm notou insatisfao entre as
esposas dos trabalhadores de uma fundio, que reali
zavam rodzio mais longos que 7 dias 29
BRANDT recomenda turnos com rpido rodzio,
para impedir "uma somao dos danos noturnos". 156
SAlTO estudou a distribuio do tempo de
trabalhadores em sistema de turnos fixos noturnos no
seguinte esquema: 3 noites com 12 horas de trabalho,
seguidas de 4 noites de folga. primeira vista, o
fato de ter tantos dias de folga permitiria aos tra-
balhadores realizar um grande nmero de atividades
de lazer com a famlia e amigos. Mas foi observado
que devido aos dbitos de sono acumulados durante as
3 noites de trabalho, grande parcela de tempo de fol
ga do 1 9 dia era destinado a equilibrar este dficit.
"Sincronizadores" - fatos e situaes de carter do-mstico, social e biolgico, que atuando simultnea ou alternadmente, 'facilitam aos indivduos que tra-balham em turnos, re~ntegrar-se nos cursos normais de seus ritmos biolgicos:
-23-
No 49 dia, as atividades ficavam restritas, e os tra
balhadores dormiam mais, preparando-se para as prxi
mas noites de trabalho. Isto refora a tese de RU-151
TEKFRANZ e colo de que, as possibilidades de par-
ticipao do trabalhador em turnos,em atividades !?~
ciais e familiares ficam bastante limitadas se a du-
raao do trabalho se ~rolongar alm das 8 horas di
rias.
Em 75\ das 150 entrevistas realizadas por
CONROY e MILLS 46 , foi manifestada a preferncia. pe-
lo trabalho em turnos com a alegao de que h menor
necessidade de fazer horas extras.
ADLER e ROLL 4
tribuio do tempo
chamam a ateno para. a dis-
-24-
la ti vamente longo, poderiam de.tectar os ass im chama-_ 16
dos "efeitos alongo prazo" do trabalho em turnos 175
TAYLOR e POCOCK realizaram um estudo sobre
a mortalidade entre trabalhadores de 10 empresas, cQ
brindo um perodo de 13 anos. No encontraram dife-
renas significativas nas taxas de mortalidade de tra
balhadores diurnos e de turnos; mas entre aqueles
que desistiram do trabalho em turnos, a taxa foi sis.-
nificantemente mais elevada que seus colegas diurnos. 93
KUNDI e col. analisaram a natureza multifatQ
rial dos problemas dos trabalhadores em turnos. Eles
sugerem que "a satisfao no trabalho e as atitudes
frente ao trabalho em turnos tem papel central no me
canismo de formao dos problemas de sade nos traba
lhadores. A instabilidade das relaes entre a vida
familiar. a situao de trabalho e os hbitos de so-
no afetaro a sade diretamente ou aumentaro os fa-
tores de risco." 93
Num estudo realizado ~or estes autores entre in
divduos que trabalhavam numa refinaria de petrleo
em 3 esquemas de turnos com rpido rodzio. e seus co
legas diurnos, foram pesquisadas 6 variveis pass-
veis de influir na sade dos trabalhadores.
Os resultados mostravam que existem razoveis dife-
renas entre as estruturas causais na formao de
problemas de sade entre os trabalhadores em turnos.
quando comparados com seus colegas diurnos (figura2}.
-=25-Figura 2
Estruturas causais na formao de problemas de sade enTre' os trabalhadores em turnos (A) e diurnos (B)
-( . 39)
A ( . 56) ( . 25)
J
( . 31)
(.26) ( .6) F R H
(.20)
(.36)
5
( . 24) (.30)
( . 45) J
( . 37)
( . 1) R H
5 (.25)
FONTE: KUNDI, KOLLER, CERVINKA & HAIDER (93 )
As variveis includas nas anlises foram: situao da famlia (F), atitudes frente ao trabalho em turnos (A); situao de trabalho, problemas de sono (5), satisfao no trabalho (J), fatores de risco (R) e estado de sade (H).
Entre parenteses encontram-se os coeficientes de correlao das di versas variveis estudadas.
-26-
76 HAIDER e colo expressam na figura 3 , a CO!!!
plexa interao dos efeitos do trabalho em turnos e
dos numerosos fatores que seriam importantes para a
adaptao dos indivdios. Devem ser notadas as posi-
es centrais que os problemas do sono, a situao
familiar e as atitudes frente ao trabalho, assumem
nos fatOres de risco e no conseqUente estado de saG-
de dos trabalhadores.
Tem-se a impresso ao ver um modelomultifato
rial, que as diversas variveis influenciam sempre
com a mesma intensidade os trabalhadores envolvidos. 76
Entretanto, HAIDER e colo ao analisarem dados de
sua pesquisa verificaram que o "peso" destes fat~
res varia com o tempo de exposi,o aos turnos (figu-
ra 4). Da a necessidade de serem cuidadosamente pes
quisadas as coortes de trabalhadores levando em cotta
esta varivel.
Figura 3
Fatores de risco
Queixas
o estado de
sade
Comporta-mento de
sono
-27...;
~._..." Situao trabalho
Modelo de uma estrutura complexa de interao dos efeitos
do trabalho em turnos
FONTE HAIDER e! caL
-28-
Figura 4
Pesos para diferentes grupos de variiveis caracterizando
sua capacidade" de modificara estado de sade, segundo di-
ferentes graus de exposio ao trabalho em turnos
Peso
.5
.....L 1-3
-L 4-6
-L.. 1- 12.
Comportamento do sono
Fatores de risco Atitude face trabalho em turnos
_--r-r. Tipo matutino/vespertino
-L.. 13 -.22.
Tenso no trabalho
Atividades sociais Sat1sfaao no trabalho
-L.. 23-40
Tempo de trabalho em turnos
76 FONTE: HAIDER e cal.
-29-
2.3 Critrios de seleo e organizao dos turnos
A adoo de critrios na seleo dos trabalha 32
dores em turnos e recomendada. BRUSGAARD 151 147
RUTENFRANZ e colo e RUTENFRANZ discutem
os problemas de sade como um dos critrios na esco-
lha de trabalhadores. No devem preferencialmente t~
balhar noite ou em horrios que lhes tragam hbi-
tos irregulares de sono, e ou, das refeies, os in-
divduos que apresentam histrias pregressas de dis-
trbios digestivos, diabetes. doenas cardacas, tu-
berculose, epilepsia, problemas mentais envolvendo
estados depressivos e aqueles que sofrem de crnicas
dificuldades para dormir. _
Por outro lado, critrios para a seleo dos
trabalhadores em turnos tm sido cada vez mais utili " 1 3 1
zados. Estudos realizados por OSTBERG FOLKARD e 63 o 185
colo TORSVALL e AKERSTEDT ,COLQUHOUN e 42
FOLKARD permitem separar os indivduos em tipos
"matutinos" e "vespertinos" de acordo com suas cu r-
vas de temperatura corporal, hbitos de sono, distri
buio de horri~de atividade (horrios habituais
de despertar e ir dormir e alimentao). Os indiv-
duos "matutinos" apresentariam melhor desempenho em
turnos que se iniciam pela manh, mas maior dificul-
dade em se adaptarem aos turnos noturnos. pelo fato
de se levantarem normalmente mais cedo que os "ves-! 3 1
pertinos". 6 3
Um questionrio elaborado por FOLKARD e ISS
TORSVALL avalia a capacidade que tem o indiv-
duo de se ajustar a diferentes ritmos de trabalho, fle
xibilidade nos hbitos do sono, s preferncias pelo
-30-
horrio de atividade. Entretanto,no devem ser esqu~
cidos outros componentes objetivos, tais como: anli
ses dos ritmos circadianos, a avaliao mdica dos
candidatos ao~ turnos, a aplicao de testes de per-
sonalidade para detectar eventuais dificuldades .. para
o futuro trabalhador em turnos e os problemas situa-
cionais (ou sdja, os fatores ligados ~ vida do ~raba
lhador: habi tao, acei tao da famlia dos horrios
de trabalho s,
etc.) .
KNAUTH e RUTENFRANZ 89 baseando-se em crit-
rios fisiolgicos, psicolgicos e sociais, propenas
seguintes recom~ndaes para o estabelecimentd de es
quemas de turnos:
a) Organizar perodos de t raba1ho curtos e flexveis,
a fim de reduzir os dbitos acumulados de sono ,
aps vrias noites de trabalho.
b) Um sistema de turnos
secutivas de traballio.
deve ter poucas noi tes con
c) Os turnos matutinos nao devem ser iniciados muito
cedo.
d) Evitar pequenos intervalos de tempo entre o fim
de um turno de servio e seu reincio no dia se-
guinte.
e) Os esquemas de turnos devem ser regulares com ci-
cIo de rotao nao muito longo e rodzio direto
(manh ----") tarde ----> noite ----) manh).
f) Compor os esquemas de turnos com o maior nmero
possvel de fins-de-semana livres, com pelo menos
dois dias de folga .
-31-
g) Estabelecer a durao do trabalho em funo do e~
foro fsico e mental necessrios i realizao da
tarefas.
Observa-se nestas propostas, uma constante e
crescente preocupao em proporcionar ao trabalhador
uma vida com padres prximos aos diurnos. O aspecto
organizacional , portanto, de fundamental importn-
c~a para a manuteno de vrios turnos de trabalho,
com um mnimo de queixas e de problemas de sade. 35
A legislao brasileira preve perodos de
descanso entre 2 turnos no inferiores a 11 horas.
Nos casos onde houver necessidade de continuidade do
trabalho, dever ser estabelecida escala de reveza-
mento, de maneira que num perodo mximo de 7 sema-
nas o empregado tenha (apenas!) pelos menos 1 domin-
go de folga. As demais folgas recairo sobre outros
dias quaisquer.
O projeto de lei n 9 2190, acrescenta disposi-
tivo ao artigo 58 da C~nsolidao das Leis do Traba-
lho, de 1/5/43, fixando em 6 horas, a jornada de tra
balho dos que exercem suas atividades em regime de
turnos rodiziantes
-32-
3. ABSENTISMO NO TRABALHO EM TU~~OS
3.1 Definies de conceitos
A ausncia no trabalho, qualquer que seja o a 3
motivo, representa um fator de baixa prodtividade.
'+5 O Sub Comit de Absentismo, pertencente a Co-
misso Permanentes e Associao Internacional em Sa
de Ocupacional, estabeleceu as seguintes definies:
a) Absentismo: "so as ausncias dos trabalhadores
ao trabalho, naquelas ocasies em que seria de es
perar sua presena, por razoes de ordem mdica ou
quaisquer outras".
b) Absentismo-doena: " a ausncia ao trabalho atri-
buda doena ou leso acidental, e como tal, a-
ceita pela entidade empregadora ou pelo sistema
de previdncia social".
3.2 Morb idade
Estudos de absentismo envolvendo grande nume-
ro de trabalhadores em turnos mostraram taxas de fre
qUncia e durao de ausncias por doena e por ou-
tros motivos, mais baixas entre estes trabalhadores
quando comparados com seus colegas diurnos. Pesqui-169 171
sas neste sent.ido foram realizadas por TAYLOR 177 3 136
TAYLOR e colo , AANONSEN , POCOCK e colo 182 l..6 38
THII5-EVENSEN Al\GERSBACHe coJ. ,CHEVROLLE , den-
tre outros.
-33-
182 3 TIlIIS-EVENSEN e AANONSB! preocuparam-se em
separar dentre os trabalhadores estudados, aqueles
que deixaram o trabalho em turnos por razes mdi-
cas, _e lou sociais, transferindo-se para horirios
permanentemente diurnos. A incidncia de faltas por
doenas, com predominncia de distrbios nervosos ou
digestivos neste grupo de ex-trabalhadores em turnos,
foi superior a dos trabalhadores diurnos, e destes,
maior que dos trabalhadores em turnos que nao se
transferiram.
16 col.
Semelhante situao encontrou ~~GERSBACH e
ao levar adiante recentemente, um estudo re-
trospectivo numa indstria qumica. As observaes
levaram a concluir que os-ex-trabalhadores em turnos
apresentaram quase o dobro do absentismo-doena, que
seus colegas diurnos e de turnos. 169
TAYLOR analisou trabalhadores de uma inds
tria petroqumica entre 1962 e 1965 e verificou que
os trabalhadores em turnos rodiziantes semanais apr~
sentaram menor nmero de faltas por homem-ano, e du-
rao tambm menor destas que seus colegas diurnos. 177
Uma outra investigao de TAYLOR e colo ,realizada
entre 1968 e 1969, incluiu vinte e nove empresas, com
965 trabalhadores empregados em diversos tipos de
turnos (trs turnos descontnuos, trs turnos cont-
nuos com ripido rodzio, dias e noites alternados e
turnos permanentemente noturnos) e 965 trabalhadores
diurnos.
Foi usada a tcnica de duplas comparaoes por idade,
trabalho e tempo de servio. O arranjo de trabalho
que apresentou as menores ausncias, para faltas de
curta durao (at -trs dias) foi o de ripido rod-
5.,.1\0 d. Ilbli."ca Doc.m .... \i1 UCUlOIOI OI SIOI PIUO IJIIIVU(:lnUI= ns:
-34-
zio (a cada dois ou trs dias os trabalhadores troca
vam o horrio de trabalho).
Entre as causas que provocaram os afastamentos, to-
das (com exceao da lcera pptica) tiveram incidn-
cia ligeiramente superior entre os trabalhadores diur 111
nos. Segundo os autores, possvel que antes
da realizao desta investigao, alguns indivduos
tenham deixado o trabalho em turnos transferindo -se
para o servio diurnb. mas, aque les que o fi zeram por
motivos de sade foram excludos da pesquisa. Levan
tam a hiptese de que o "absentismo-doena no seja 176
sintoma de morbidade" Esta afirmao est In
de
acordo com o comentrio de MONIZ pois segundo
este ..... a penalizao disciplinar e a inferioriza-
o moral, foram influenciando o trabalhador que fa!
ta ao servio, na maior parte dos casos, a invocar a
doena como motivo. at por lei de menor esforo". 133
OWEN tambm afirma que ..... a penalizao ,
do empregado que se ausenta pode reduzir o absentis-
mo". Estes pontos de vista geralmente no so acei-
tos pelos sindicatos e trabalhadores que veem nas au
sncias, motivos bastante justificveis.
H COLLIGAN de opinio que o absentismo p~
de estar mais em funo da motivao do trabalhador
do que representar um problema de sade. 65
FONTES ao tecer consideraes sobre a pr~
dutividade do trabalhador brasileiro ressalta a im-
portncia das relaes de trabalho. do empobrecimen-
to das tarefas. das ocupaes. do ambiente e condi -
es de trabalho. entre outros, no absentismo dos !Ta
balhadores.
-35-
Considerando-se o trabalho de um prensista,
com suas caractersticas montonas e as condies do
ambiente de trabalho, nada deveria impedir as ausn -
cias, exceto a perda salarial!
122 _ NICHOLSON e colo chamam a ateno para a
necessria distin~o entre a "motivao de compareci-
mento" e o "comportamento que leva o indivduo a se
ausentar". Para o primeiro, haveria a identificao
com interdependncia fsica e psicolgica entre o tr~
balhador e a empresa. As ausncias seriam as respos-
tas ao desconforto, a fatores intrnsecos do trabalho;
representariam comportamentos adaptativos frente a si -
tuaes, hbitos, normas, problemas situacionais.
176 111 TAYLOR e colo comentam que, o simples fa-
to de encontrar menor nmero de episdios entre os tra
balhadores em turnos, no justifica a sua implantao.
Segundo esses autores, ..... os resultados podem ser
consequncia de uma au\o-seleo dos prprios traba -
lhadores em turnos aos altos nveis de satisfao no
trabalho, ao senso de responsabilidade destes traba -
lhadores, culminando em maior motivao para compar~
cer ao trabalho".
Admite-se tambm que, aqueles empregados que tendem
a adoecer freqUentemente, evitam realizar trabalho em
turnos, ou que os administradores selecionem os traba
lhadores especificamente, para os sistemas de trabalho 8 133 16S 173 116 177
existentes nas empresas.
o processo de seleo de muitos grupos ocupa-
cionais os torna bastante distintos da populao como 18
um todo. ~o seria conselhvel transpor resultados
-36-
observados numa populao especfica de trabalhdores
em turnos, por exemplo metalrgicos, para trabalhado-
res da construo civil ou de indstrias eletrnicas . * (TEPAS, 1982) .
Em pocas de desemprego acentuado, os indivduos mais
saudveis e com melhor capacidade de adaptao pode -
ro ocupar postos de trabalho antes destinados ou ocu 18
pados por outros tipos de indivduos.
Em pesquisa realizada em nove empresas da Re-
gio Metropolitana de So Paulo, no se encontrou uma
exigncia especfica que co~stasse do e~ame pr - ad-
missional e contra indicasse o trabalho em turnos.
Aqueles indivduos que apresentavam boa sade fsica
e mental no eram realmente admitidos, nem ao traba -58
lho em turnos', nem ao diurno
3.3 Aspectos organizacionais
I 3 3 OWEN destaca tambm a natureza do trabalho
influindo sobre o comportamento do empregado: "Quan-
do o trabalho desagradvel, pesado, de baixo "sta -
tus" , no oferece treinamento ou oportunidade de pr~
moo, deve-se esperar que produza maior absentismo,
* Comunicao pessoal
-37-
que em outras atividades." Tambm sao variveis im-
portantes no estudo das ausncias, o horrio de in-. 159 178
C10 e termino dos turnos , freqUncia e direo
do rOdzio, continuidade e descontinuidade do siste-178
ma de trabalho 125
NOGUEIRA ao estudar o absentismo-doena,
entre trabalhadores' em turnos e diurnos, de ambos os
sexos, em uma indstria txtil da Capital de So Pa~
lo, encontrou maior nmero de episdios no turno m~
tutino (06:00 as 14:00 horas), seguido pelos traba-
lhadores diurnos (07:00 s 17:00 horas), e em tercei
ro lugar, os engajados no trabalho noturno fixo (so-
mente homens, das 22:00 s 06:00 horas).
o menor absentismo ocorrera entre os trabalhadores do turno vespertino (14:00 s 22:00 horas).
Os turnos matutinos e vespertinos eram organizados
em regime. de alternncia semanal. t possvel que os
resultados possam ser explicados em parte, pelas di-
ficuldades em acordar muito cedo, o que reduziria o
tempo de sono noturno. 71
GARDNER e DAGNALL constataram nao haver e-
vidncias que mostrem tendncias para modificao do
absentismo por doena, ao ocorrer uma mudana de tur
nos. de 8 para 12 horas por dia, em traba-lhadores de
uma refinaria e petroqumica.
WALKER 191 estudou as ausncias de um grupo de
trabalhadores em turnos que modificaram seu esquema
de trabalho, substituindo o rodzio semanal, pelo sis
tema de rotao rpida (2 x 2 x 3) e (2 x 2 x 2) e
verificou que os novos sistemas tiveram maior aceita
o, principalmente pelos efeitos positivos na esfe-
ra domstica e social.
-38~
o absentismo-doena e o injustificado tambm tiveram
reduo sensvel aps a implantao dec novos siste-
mas. o 11 AKERSTEDT & TORSVALL observaram os efeitos
sobre a sade aps modificaes nos esquemas de tur-
nos de trabalhadores de uma aciaria sueca. A introdu
ao de 3 turnos com rodzio semanal causou perturba-
esna sade, contrastando com o esquema anterior
de revezamento a cada 2 dias. O absentismo cdos traba
lhadores em 3 turnos que foram transferidos para o
horrio c diurno diminuiu significativamente. Os auto-11 16
res comentam que um indicador decisivo dos efei
tos do trabalho em turnos. pode ser a extenso do ab
sentismo-doena. u 186
VACEVA estudou a variao da morbidade en-
tre 3325 trabalhadores txteis. organizados em um
turno diurno, dois e trs turn6s rodiziantes semanais.
O turno da tarde (das 13:00 s 22:00 horas) apresen-
tou maior nmero de di'as perdidos e durao mdia
das ausncias ligeiramente superior a dos turnos no-
turnos e matutinos. O nmero dos casos de ausncia
no incio da semana de trabalho (primeiros dois dias)
mostrou-se mais elevado que no decorrer da semana.
Trinta por cento dos trabalhadores sofreram proble-
mas de"infeco das vias respiratrias superiores,
sendo que aqueles que trabalhavam noite apresenta-
ram maior morbidade que seus colegas diurnos. u 186
VACEVA enumera os fatores meteorolgicos (mudan-
as bruscas de temperatura, principalmente) como uma ~12S u 186
das causas. Tanto NOGUEIRA como VACEVA encon-
tratam resultados semelhantes, seja na prevalncia
de doenas do aparelho respiratrio. como cno dia em
-39-
que se iniciam as licenas (segundas-feiras). u
VACEVA atribui fadiga, como um dos fatores predis-
ponentes das ausincias dos trabalhadores em turnos,
embora no haja efetuado testes que comprovem esta-
dos debilitantes ou de baixo desempenho entre estes
trab alhadores.
o D~partamento de Emprego e Produtividade(DEP)
da Gr-Bretanha realizou em 1968, pesquisa em 2.000
empresas para avaliar a extenso do trabalho em tur-
nos e horas de trabalho (inclusive horas extras), 118
alm de outros aspectos referentes aos turnos
o absentismo entre trabalhadores em turnos e diurnos
apresentou-se em nveis "bastante prximos. As dife-
renas mais acentuadas foram notadas nas ausincias
voluntrias dos homens que trabalhavam em minerao
(5,1% para trabalhadores em turnos e 3,8% para trab~
lha dores diurnos). Computadas todas as causas de ab-
sentismo, os trabalhadores em turnos apresentaram me _ o 118
nos ausenClas que os d1urnos~.
168 - dO f d TASTO nao encontrou 1 erenas nas taxas e
ausincias de trabalhadores noturnos fixos e rodizian
teso Entretanto, foram comparados enfermeiros com
grupos de trabalhadores de indstrias processadoras
de alimentos, o que torna difcil a comparao pura
e simples! " 68 FROBERG relata sobre um amplo estudo efe-
28 S4
tuado na Sucia por BOSTRAND e ERIKSEN sobre ab
sentismo e suas causas, quando foram comparados os
trabalhadores pertencentes a dois, tris turnos, dias
duplos, somente noturnos e diurnos. As taxas mais e-
levadas de ausncias por doenas de longa durao
pertenceram aos trabalhadores de dois turnos . No
-40-
foi possvel tirar concluses definitivas acercad::s tra-
balhadores de trs turnos.
As ausncias por outras razes que nao doenas, fo-
ram mais freqUentes entre as pessoas que trabalhavam
em horrios irregulares. 1'>2
QUAAS e TUNSGl estudaram 1577 casos de do-
enas entre 1968 e 1969. Verificaram que o maior- n-
mero de ausncias por doena ocorria no turno notur-
no e no incio da semana, quando havia mudana dos
horrios de trabalho. Gradativamente os casos iam di
minuindo-, at novamente ocorrer o aumento no dia da
troca dos turnos. Os autores consideram que estes re
sultados no correspondem a um real estado de sade
dos trabalhadores, mas s 'suas dificuldades em se des
ligarem do seu meio social para irem trabalhar.
A fim de verificarem qual a repercusso sobre
as ausncias causadas por urna mudana na organizao 136
de trabalho em turnos de urna empresa, POCOCK e colo
compararam os registros de absentismo de 782 traba-
lhadores, 12 meses antes e 12 meses depois da modifi
cao de seu sistema de trabalho, do rodzio semanal
para o rodzio rpido (continental). As ausncias m
dicas aumentaram 36~, as injustificadas 29\. Houve
queda de apenas 2\ nos demais motivos de faltas. Su-136
gerem os autores que, a aceitao social no deve
ser o nico fator a se considerar, quando a adminis-
trao da empresa resolve modificar o sistema de tur
nos. Recomendam o estudo em sistemas de rpida rota-
ao, cuj os turnos noturnos _no s ej am os l timos an-
tes da folga, ou naqueles em que no Inja um prmio para
a presena no trabalho. 169
TAYLOR tambm encontrou maiores ausncias
-41-
de trabalhadores em turnos nos _dias que coincidiam
com a troca dos turnos, porm, para os trabalhadores
diurnos, a segunda-feira foi o dia que apresentou
mais -indcios de faltas por doena. 198
WYATT e MARRIOTT encontraram pequenas dif~
renas entre as taxas de ausncia dos turnos notur-
nos e diurnos, mas, quando os ciclos de rotao eram
superiores a uma semana, o absentismo comeava a se
elevar na segunda e subseqentes semanas de trabalho
noturno. A mesma constatao foi feita por NICHOL~~ 123
e Colo - que apontaram a importncia de fatores so-
ciais (comunitrios e famili~res) nas causas das au--
sncias injustificadas mais elevadas no fim dos ci-
clos de rotao, que no seu princpio (notadamente
antes dos fins-de-semana) ... "O elevado absentismo
dos turnos da manh -e da noite pode ser devido i-
nrcia dos trabalhadores para se decidirem a ir tra-_ _ 123
balhar em horarios nao-sociais"
3.4 Horas-extras
192 _
WALKER e DE LA MARE estudaram a incidencia
e a durao de ausncias entre trabalhadores diurnos
e noturnos fixos. As ausncias de longa durao(qua-
tro dias a mais) foram superiores entre os trabalha-
dores noturnos. No houve diferena quanto s ausn-
cias de curta durao entre os diversos turnos de 192
trabalho. Os autores admitem que pode ter havido
uma auto-seleo entre os trabalhadores que preferem
um ritmo de trabalho menos rduo, e uma atmosfera
mais tmnqUilai noite. No foram constatada~ maiores
ausncias nos perodos de trabalho com horas-extras,
-42-
159 apesar de que muitos administradores queiram re-
lacionar o absentismo com este fato. Os resultados
foram justificados devido s horas extras terem sido
realizadas voluntariamente, possibilitando aos fun-
cionrios ajustarem suas horas de trabalho as suas
necessidades financeiras.
Outra evidncia que comprova este comportame!!
t6 frente s horas-extras, g a pesquisa do Departa-119
mento de Emprego e Produtividade da Gr-Bretanha
Esta mostrou menores ausncias por todas as causas,
entre os trabalhadores em turnos que realizaram gra!!
de quantidade de horas extras, quando comparados com
seus colegas diurnos e com-os trabalhadores em tur-
nos que nao as faziam. 160
SERGEAN e BRIERLEY em estudo realizado numa
indGstria metalGrgica, encontraram menor absentismo
no turno matutino. Entretanto, chamam a ateno para
o fato que neste perodo ocorrera o maior nGmero de
horas extras. No ~altr no turno diurno pode ser
uma conseqUncia do atrativo representado pelas ho-
ras extras, enquanto que no turno noturno tal esfor-
o nao seria to compensador.
Em pesquisa realizada entre nove empresas da 58
regio metropolitana de So Paulo em 1981 , cons-
tatou-se a existncia de prmios de assiduidade a
trabalhadores em turnos. No faltar e/ou no se atra
sar, representava para o trabalhador em uma das em-
presas, atg 15% a mais de gratificao sobre o sal-
rio-base. Em outra, o prmio queles que no tinham
nais que cinco atrasos ou sadas antecipadas, era o
ie receber refeies gratuitas durante um ms, acom
-43-
panhada de carta defelici taes. Para evitar o ab-
sentismo em feriados, tais como Natal, Ano Novo ,uma
empresa pagara 200' a ma1S nestes dias, que o sali-
rio normal. 17 a __
TAYLOR. e colo conclu1ram que o pagamento e
um importante fator a influenciar o absentismo-doen-
a: " ... Os trabalhadores em turnos que tm como pri!! 3
cipal motivao para ir trabalhar, o fato de ganha-
rem mais, podem ser menos satisfatrios no comparec!
mento ao trabalho que aqueles atrados por outros in
centivos no-financeiros."
Quando as horas-extras sao compulsrias, o ab
sentismo pode tornar-se um problema e vir a ser uti-
lizado pelo trabalhador como um instrumento para ob-178 192
ter maior controle sobre seu tempo 195
WEDDERBURN ressalta que, no deve ser per-
mitido aos trabalhadores em turnos fazer horas-extras
ou pedir que "dobrem" seu perodo de trabalho para
"cobrir" a ausncia de um colega.
3.5 Outros resultados e fatores que influenciam a fre-
qUncia ao trabalho
Alguns estudos conduzidos sobre absentismo en
tre trabalhadores em turnos, mostraram ser estes, me-
nos freqUentes ao trabalho, que seus colegas diurnos. 1 39
Estudo realizado por PRADHA~ estudando en-
tre 735 trabalhadores de uma indstria na ndia, de
1960 a 1964, mostrou a ocorrncia de maiores ausn-
cias, por todas as causas, para os trabalhadores do
turno noturno (12%), quando comparados com seus cole
gas diurnos (8%) e vespertinos (6%).
-44-
29 BRANDT comparou ausncias por doena e aci-
dentes de trabalho em trs indstrias (montadora de
veculos, txtil e fundio) entre os trabalhadores
diurnos e de dois e trs 'turnos. Os resul tadosmais
desfavorveis foram encontrad'os nos sistemas de trs
turnos, embora tais concluses sejam discutveis fa-
ce a ausncia de testes estatsticos.
REVERENTE e ARIOSA 146 analisaram os registros
de 12 meses de consultas de 100 trabalhadores em tur
nos e o mesmo nmero de empregados diurnos, numa in-
dstria.de detergente e sabes. A mesma pesquisa se
estendeu para 50 trabalhadores em turnos e diurnos
de um hotel em Manila. Observou taxas de ausncias
distintas entre os trabalhadores da indstria de sa-
bes e do hotel. Os primeiros apresentaram taxas de
ausncias por doena mais elevadas que os empregados
do hotel. Os trabalhadores em turnos de ambas as em-
presas faltaram mais por motivos de doena que seus
colegas diurnos.
DUMONT 53 ao reunir os dados de nove monogra-
fias realizadas em pases em desenvolvimento, obser-
vou no ser possvel concluir,que trabal