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American Depositary Receipt (ADR) Os investidores internacionais estão cada vez mais interessados em buscar novas oportunidades nas economias de países emergentes. Para aproveitar o crescente interesse e facilitar o acesso desses investidores ao capital de empresas nacionais e, dessa forma, aumentar a captação de recursos externos, as grandes companhias brasileiras utilizam um instrumento muito comum nesses casos: os ADR (American Depositary Receipts). Os ADR são recibos de depósito norte-americano, que representam ações de empresas estrangeiras, não negociáveis no país das empresas emissoras. "A emissão do ADR significa que a empresa lançou títulos no mercado interno e no externo. Isso acontece porque o mercado interno não consegue comportar o tamanho da captação que a empresa necessita". Há quatro tipos de programas de ADR que se diferem pelo objetivo que a empresa pretende com a emissão, quantidade de exigências feitas pelas autoridades nacionais, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e, internacionais, como a Securities Exchange Commission (SEC), CVM norte- americana. "Tudo depende do objetivo da empresa. Em geral, a empresa que entra no programa nível 1 quer apenas ser mais conhecida no exterior, para facilitar futuras captações. No nível 2, a empresa já tem pretensões maiores. O nível 3 é o mais completo e oneroso. Requer todos as aprovações possíveis e tem que passar por ampla divulgação de toda a operação", Há quatro tipos de ADR, divididos em níveis, que seguem diferentes critérios. Veja abaixo a diferença entre os quatro tipos: Nível I: Não precisa atender normas contábeis americanas; Negociados no mercado de balcão (fora do mercado organizado); Não é lançamento de novas ações; Ações adquiridas no mercado secundário; Tem o objetivo simples de colocar ações no mercado norte-americano, preparando o terreno para futuros lançamentos primários; É o método mais simples, pois não precisa atender todas as exigências da Securities Exchange Commission – SEC (a CVM norte-americana). Nível II: Deve atender normas contábeis americanas; Não é lançamento de novas ações; Maiores exigências da SEC, por ser obrigatório o registro do ADR em Bolsa de Valores; Há negociação em Bolsa. Nível III: Mais completo e oneroso; Deve atender requisitos da SEC e das Bolsas; Deve atender normas contábeis americanas; Tem como objetivo o levantamento de recursos para a empresa; Atendimento total às exigências da SEC; Como o nível II, deve prever um programa de divulgação institucional de alta qualidade.

SEBRAE - Dicionário Financeiro II

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  • American Depositary Receipt (ADR)

    Os investidores internacionais esto cada vez mais interessados em buscar novas oportunidades nas economias de pases emergentes. Para aproveitar o crescente interesse e facilitar o acesso desses investidores ao capital de empresas nacionais e, dessa forma, aumentar a captao de recursos externos, as grandes companhias brasileiras utilizam um instrumento muito comum nesses casos: os ADR (American Depositary Receipts). Os ADR so recibos de depsito norte-americano, que representam aes de empresas estrangeiras, no negociveis no pas das empresas emissoras.

    "A emisso do ADR significa que a empresa lanou ttulos no mercado interno e no externo. Isso acontece porque o mercado interno no consegue comportar o tamanho da captao que a empresa necessita".

    H quatro tipos de programas de ADR que se diferem pelo objetivo que a empresa pretende com a emisso, quantidade de exigncias feitas pelas autoridades nacionais, como a Comisso de Valores Mobilirios (CVM) e, internacionais, como a Securities Exchange Commission (SEC), CVM norte-americana. "Tudo depende do objetivo da empresa. Em geral, a empresa que entra no programa nvel 1 quer apenas ser mais conhecida no exterior, para facilitar futuras captaes. No nvel 2, a empresa j tem pretenses maiores. O nvel 3 o mais completo e oneroso. Requer todos as aprovaes possveis e tem que passar por ampla divulgao de toda a operao",

    H quatro tipos de ADR, divididos em nveis, que seguem diferentes critrios. Veja abaixo a diferena entre os quatro tipos:

    Nvel I:

    No precisa atender normas contbeis americanas; Negociados no mercado de balco (fora do mercado organizado); No lanamento de novas aes; Aes adquiridas no mercado secundrio; Tem o objetivo simples de colocar aes no mercado norte-americano, preparando o terreno

    para futuros lanamentos primrios; o mtodo mais simples, pois no precisa atender todas as exigncias da Securities Exchange

    Commission SEC (a CVM norte-americana).

    Nvel II:

    Deve atender normas contbeis americanas; No lanamento de novas aes; Maiores exigncias da SEC, por ser obrigatrio o registro do ADR em Bolsa de Valores; H negociao em Bolsa.

    Nvel III:

    Mais completo e oneroso; Deve atender requisitos da SEC e das Bolsas; Deve atender normas contbeis americanas; Tem como objetivo o levantamento de recursos para a empresa; Atendimento total s exigncias da SEC; Como o nvel II, deve prever um programa de divulgao institucional de alta qualidade.

  • Nvel 144 A:

    Menos oneroso que o nvel trs; lanamento privado; Negociado no Sistema Portal; Colocado apenas para investidores institucionais qualificados; No h necessidade de formalidades de registro em Bolsa.

    Alavancagem Imagine que um investidor queira comprar R$ 50 mil em determinada ao e disponha de apenas R$ 30 mil. Esse investidor tem tanta certeza de que vai obter lucro com o papel que pede um emprstimo de R$ 20 mil para cobrir o restante da operao. Se as previses dele se concretizarem, ao fim de determinado perodo poder vender o papel e apurar dinheiro suficiente para pagar o emprstimo e ainda lucrar. Mas, se a ao se desvalorizar, ele ter que conseguir mais dinheiro para cobrir o prejuzo. A isso, o mercado d o nome de alavancagem.

    Alavancagem significa obter recursos para investimentos e realizao de operaes. Esse tipo de operao possibilita a uma empresa, fundo de investimento ou indivduo se fortalecer numa posio atravs de capitais de terceiros. Na prtica, quem opera alavancado investe mais do que de fato possui.

    Risco to elevado quanto possibilidade de ganho

    A alavancagem uma operao muito arriscada, pois s se consegue xito quando as expectativas efetivamente se confirmam. Ou seja: os ganhos obtidos atravs dos investimentos e aplicaes tm de superar os custos do capital obtido. "O investidor deve estar muito bem informado para entrar numa posio alavancado",

    No mercado financeiro, a alavancagem realizada quando o investidor ou at mesmo os fundos de derivativos realizam investimentos em montantes superiores aos que eles possuem, utilizando capitais de terceiros. "Muitos fundos de derivativos operam com algum grau de alavancagem", Estes investem um montante acima do seu patrimnio e se endividam para obter maiores ganhos.

    Quem aplica em um fundo de investimentos que opera alavancado tem que ter conscincia do risco. Se as expectativas do gestor se confirmarem, a alavancagem pode resultar em um rendimento extraordinrio. No entanto, se ocorrer o inverso, o fundo dar prejuzo e os cotistas podem at mesmo ser obrigados a colocar mais dinheiro para cobrir o prejuzo. Por isso, importante ler com ateno o regulamento dos fundos antes de aplicar. Se o fundo puder operar alavancado, esta informao, por lei, deve constar no regulamento.

    Empresa tambm pode operar alavancada

    No universo empresarial, a alavancagem mostra o total de capitais de terceiros utilizado em investimentos por uma empresa. Em um sentido mais restrito, alavancagem pode ser a relao entre endividamento de longo prazo e o capital empregado por uma empresa. Quanto maior for este quociente - ou seja, quanto maior a utilizao de capitais de terceiros de longo prazo - maior o grau de alavancagem da companhia.

  • Uma empresa que faz seus investimentos utilizando capitais de terceiros, como financiamentos de longo prazo, possui elevado grau de alavancagem. Isso mostra que esta companhia no utiliza seus prprios recursos para crescer. Mesmo neste caso, h um grande risco embutido. Os lucros obtidos em decorrncia dos investimentos realizados devem compensar os custos dos capitais de terceiros utilizados na realizao dos investimentos.

    Por isso, antes de comprar papis de uma empresa, uma boa dica verificar se ela est ou no operando alavancada, e qual o grau de alavancagem. Se for muito alto, mesmo que a empresa tenha um desempenho extraordinrio nos prximos anos, sobrar pouco ou nenhum lucro para ser distribudo entre os acionistas, j que boa parte da receita ser utilizada para cobrir obrigaes.

    Balano Em poca de divulgao de resultados, os investidores ficam muito atentos aos chamados balanos das empresas que tm capital aberto nas Bolsas de Valores. A explicao simples: o balano mostra a sade financeira de uma empresa e, conseqentemente, indica se os acionistas podero receber bons dividendos (parte dos lucros). Essa expectativa, muitas vezes, afeta o mercado acionrio, empurrando as aes para cima ou para baixo. O Balano um documento que mostra os ativos, passivos e demonstrativos de resultados e de fluxo de caixa num determinado perodo. Os ativos representam as disponibilidades de investimentos da empresa, como caixa, estoques e bens; e os passivos so os compromissos, como contas a pagar, fornecedores, financiamentos, entre outros. O demonstrativo de resultados (DRE) revela o desempenho do faturamento, das contas de receita e despesa e do resultado final (lucro ou prejuzo). J as demonstraes de fluxo de caixa, chamadas de Demonstrativo das Origens de Aplicaes dos Recursos (DOAR), mostram quanto a empresa recebeu e pagou (receita menos despesa) Jjunto com os balanos, as empresas divulgam notas explicativas. As de capital aberto so obrigadas a divulgar, especificamente, todas as medidas tomadas no exerccio anterior e os planos para o perodo seguinte. Esses detalhes so importantes e so lidos com ateno pelos investidores, Os analistas fundamentalistas costumam avaliar o comportamento financeiro de uma empresa comparando os balanos, j que possvel detectar a evoluo de uma ou mais contas e projetar a evoluo dos resultados.

    Arbitragem

    A arbitragem sempre existe em situaes onde ocorrem discrepncias entre duas taxas que deveriam ser iguais. Sempre que houver alguma diferena entre uma mesma taxa, haver a arbitragem. A operao consiste em lucrar exatamente na diferena entre elas. Vamos entender isso melhor:

  • Suponhamos que existam duas cidades prximas A e B, de maneira que no h custos de transporte e de transferncia de dinheiro entre elas. Por ter um mercado financeiro mais desenvolvido, a taxa de juros na cidade A inferior da cidade B. Na cidade B, o volume de crdito ofertado no atinge o total da populao demandante e, portanto, como a demanda supera a oferta, a taxa de juros sobe at que o valor dela limite a demanda ao tamanho da oferta.

    Este o cenrio ideal para o arbitrador. A operao consiste em adquirir emprstimos uma taxa inferior na cidade A e, posteriormente, emprestar este montante na cidade B a taxas superiores. Por exemplo, o arbitrador capta este dinheiro na cidade A com taxa de juros no valor de 5% e empresta novamente na cidade B com taxa no valor de 8%. O lucro da operao est na diferena entre as duas taxas.

    Por que a Arbitragem importante para o equilbrio dos mercados?

    O arbitrador um elemento muito importante no mercado. Atravs de sua atuao, as taxas convergem, criando uniformidade nos mercados.

    Seguindo o exemplo acima, sendo percebida a existncia de uma diferena entre as taxas das duas cidades, a procura por crdito na cidade A com o intuito de novamente emprestar este dinheiro na cidade B aumentar muito. O aumento de demanda por crdito na cidade A ir pressionar o preo dos juros nesta cidade. Ao mesmo tempo, na cidade B, o aumento da oferta de crdito ir baixar o preo da taxa de juros.

    Estes dois movimentos so simultneos e somente iro parar no momento em que as taxas se igualarem, por exemplo no patamar de 6,5%. A taxa de juros das duas cidades se uniformizou e no se torna mais interessante a operao de arbitragem.

    Arbitragem com a taxa de cmbio

    Esta recente desvalorizao do real vista, por muitos economistas como exagerada. Haveria ento, um desequilbrio na taxa de cmbio brasileira que estaria sobredesvalorizada. possvel imaginar, portanto, operaes de arbitragem com esta taxa. Veja como:

    Se o investidor possui dlar ou ativos em dlar, este pode sempre transform-los em reais. Momentos como estes parecem ser ideais para isto. Ao converter uma quantidade de dlar em reais, o investidor obter um montante superior de moeda nacional do que receberia se o cmbio estivesse equilibrado. Por exemplo, se o investidor trocasse US$ 100 uma taxa de cmbio dlar/real no valor de R$ 2,30, ele receberia R$ 230.

    Com o retorno do cmbio ao seu patamar de equilbrio, o investidor ir realizar a arbitragem se novamente transformar seus reais em dlares, obtendo uma quantia em dlares superior a inicial. Se, por exemplo, a taxa de cmbio dlar real cair para R$ 2,00, ao trocar novamente as moedas, o investidor obter US$ 115, um valor 15% acima do que possuia.

    Por que as taxas de juros de todo mundo no so iguais?

    Se as taxas de juros tendem a se equalizar atravs da arbitragem, por que as taxas de juros de todo mundo so iguais? Por causa do prmio de risco. muito simples, a taxa de juros americana livre de risco. Ou seja, aplicar em ttulos do tesouro americano garante um rendimento sem riscos. Para qualquer investidor aplicar seu dinheiro em outro lugar, com algum risco, ele deve auferir ganhos maiores devido ao risco que

  • este passa a correr. O prmio de risco a diferena entre as taxas de juros. Ou seja, as taxas seriam iguais se o risco nos dois lugares fossem iguais.

    Perceber a possibilidade de realizar uma operao de arbitragem muito difcil, devido esta diferena entre as taxas de juros de dois lugares. Contudo, o arbitrador capaz de fazer isso, pois possui informaes que permitem-no identificar estas diferenas.

    O risco de uma operao de arbitragem muito baixo, pois o arbitrador no est apostando, ele no usa suas expectativas para nada. Ele usufrui de um desequilbrio entre duas taxas e obtm ganhos na diferena entre elas.

    Balano de Pagamentos

    O Balano de Pagamentos um registro sistematizado de todas as transaes econmicas do pas com o resto do mundo. Este registro fundamental para controlar a evoluo das transaes externas entradas x sadas de divisas - e serve como base de informaes para que o governo tome decises de poltica macroeconmica.

    Os investidores domsticos e estrangeiros prestam muita ateno ao Balano de Pagamentos porque, atravs dele, medem a capacidade do pas honrar seus compromissos no exterior. Quando sai mais dinheiro do pas do que entra, as contas externas ficam desequilibradas.

    "O Balano de pagamentos mostra a vulnerabilidade do pas frente ao resto do mundo. Hoje, este o maior problema do Brasil", explica o economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).

    Dficits sucessivos no Balano de Pagamentos indicam fragilidade das relaes externas e isto vai refletir diretamente nas reservas internacionais (em moeda estrangeira). Essas ficaro reduzidas se usadas constantemente para cobrir os dficits. Quando isso ocorre, muitas vezes o pas obrigado a recorrer a emprstimos de regularizao junto ao FMI, para poder honrar seus compromissos e resguardar parte de suas reservas.

    Supervit do Balano de Pagamentos, por sua vez, considerado bastante positivo pelo mercado. Ou as exportaes do pas cresceram, ou ele est vendendo mais seus servios ao exterior, ou mais capitais esto entrando para investimentos.

    A estrutura do Balano de Pagamentos

    Os registros so feitos usando o sistema de partilhas dobradas, semelhante ao do Balano Patrimonial da Contabilidade empresarial. Isto significa que a cada valor positivo que entra numa conta, deve entrar um valor negativo igual em outra.

    Toda transao que contabiliza entrada de dinheiro no pas recebe o sinal positivo. A contrapartida se d na conta caixa do Banco Central. Nesta conta, ao contrrio das demais, a entrada de dinheiro tem sinal negativo e vice-versa. Ela segue o sistema contbil empresarial, no qual entrada de dinheiro um dbito da economia local em relao ao resto do mundo. E sada de dinheiro, por sua vez, um crdito da economia frente ao resto do mundo.

  • Conhea os principais itens da estrutura do Balano de Pagamentos (veja a estrutura resumida):

    1. Balana Comercial:

    o primeiro item da estrutura do Balano de Pagamentos. A Balana Comercial (ou Balano Comercial, como preferem alguns economistas) contabiliza todas as exportaes e importaes do pas. O saldo da Balana comercial o total das exportaes menos as importaes. Este pode ser superavitrio, quando as exportaes superam as importaes, ou deficitrio, quando as importaes so maiores que as exportaes.

    importante frisar que os valores so contabilizados sob a forma FOB (Free on Board), que nada mais do que o preo do produto j dentro do navio, incluindo o transporte at o porto, porm excluindo o frete (preo do transporte at o seu destino final) e o seguro das mercadorias, importante para se garantir contra qualquer contratempo durante o transporte do produto.

    2. Balano de Servios:

    A segunda conta do Balano de Pagamentos o Balano de Servios. Podemos dividir esta conta em duas: Servios de Fatores e de No Fatores. Na primeira, se contabilizam todos os pagamentos efetuados e recebidos do exterior dos derivados dos fatores de produo, como lucros, salrios, dividendos e juros.

    Servios de no fatores incluem os pagamentos e recebimentos dos servios de fretes e seguros dos produtos importados e exportados. Os gastos realizados por brasileiros na compra de produtos e servios em suas viagens internacionais tambm so sadas de dinheiro e entram no Balano de Servios, assim como os gastos dos turistas em nosso territrio. Servios governamentais e demais servios, como royalties e direitos autorais e de publicidade, completam o Balano de Servios de No Fatores.

    3. Transferncias Unilaterais

    As transferncias unilaterais so doaes e remessas de dinheiro de imigrantes para seus familiares nos seus pases de origem, assim como remessas de dinheiro de brasileiros no exterior para suas famlias aqui.

    4. Transaes em Conta Corrente

    O Saldo das Transaes Correntes a principal conta do Balano de Pagamentos. Ela a soma dos resultados da Balana Comercial, da Balana de Servios e das Transferncias Unilaterais. tambm a conta mais valorizada pelo mercado, pois leva em considerao a capacidade que o pas tem de efetivamente acumular reservas. O supervit desta conta significa que entraram dlares que efetivamente ficaro no pas. No h pagamentos de volta para estes.

    Porm, o professor Carlos Thadeu faz um alerta: "O Brasil um pas naturalmente importador de capitais. Precisa importar mquinas e tecnologia, para crescer. No se deve esperar que o pas passe a ter supervit em Transaes Correntes", afirma. A entrada de capitais, investimentos diretos e financiamentos externos importante para o desenvolvimento da economia do pas. Mas, em contrapartida, o pas envia grandes remessas de lucros, dividendos e, principalmente, juros para o exterior.

    Isto no significa, porm, que o Brasil deva ter grande dficit em Transaes Correntes. Quando isso ocorre, faz-se necessria a entrada de grandes montantes de capitais externos para financiar este dficit e os investidores passam a ter dvida quanto capacidade do pas cumprir seus compromissos.

  • "O pas deve manter um dficit controlado", complementa Carlos Thadeu. Assim, consegue seu objetivo de importaes e ao mesmo tempo, se mantm atraente entrada de capitais externos.

    5. Movimento de Capitais Autnomos:

    A conta seguinte do Balano de Pagamentos o Movimento de Capitais Autnomos. Estes movimentos se do na forma de emprstimos, financiamentos, investimento externo direto, amortizao de emprstimos obtidos, reinvestimentos e capitais de curto prazo.

    Como o prprio nome diz, todo o dinheiro que saiu ou entrou no pas ao sabor do mercado, por mera vontade dos investidores, seja para investimentos em bolsas e fundos, seja em investimentos de prazos mais longos.

    Esta outra conta muito importante para o pas. O Brasil consegue ter um grande supervit nesta conta, principalmente pela entrada de grandes montantes de capitais em investimentos externos diretos. Estes investimentos so representados por remessas de empresas estrangeiras para o pas para a construo de novas fbricas, por exemplo. Quando uma estatal privatizada e comprada por empresa estrangeira, o dinheiro que entra para o pagamento tambm contabilizado como investimento direto. Este supervit possibilita ao pas manter um dficit controlado em transaes correntes, como j explicado acima.

    6. Saldo do Balano de Pagamentos

    O Saldo do Balano de Pagamentos a soma do Saldo das Transaes Correntes com o Movimento de Capitais Autnomos e Erros e Omisses (um valor estimado para anular as imperfeies que normalmente ocorrem).

    7. Capitais Compensatrios

    A ltima conta do Balano de Pagamentos o Movimento de Capitais Compensatrios. Esta conta inclui a conta de caixa do Banco Central, que mede a variao de reservas internacionais (em moeda estrangeira) do pas, emprstimos de regularizao e atrasados comerciais.

    O Saldo do Balano de Pagamentos tem o mesmo valor absoluto e sinal contrrio ao Movimento de Capitais Compensatrios. Isto se ocorre porque, como explicado anteriormente, para cada valor que entra nas contas existe uma contrapartida no mesmo montante. Esta contrapartida, na maioria das vezes, se d na conta caixa do Bacen, que mede a variao das reservas.

    O Movimento de Capitais Compensatrios mostra de onde sai o dinheiro quando o Balano de Pagamentos deficitrio e para onde vai o dinheiro quando o pas obtm supervit. Nesta conta podemos verificar a variao das reservas internacionais do pas, que aumentam quando o pas atinge supervit e diminuem quando o pas obtm dficit.

    Base Monetria A Base Monetria usualmente entendida como a quantidade de moeda que circula na economia. Este conceito no totalmente correto. O Banco Central o responsvel pela criao e destruio da Base Monetria. Portanto, a Base Monetria igual ao estoque de moeda emitida pelo Banco Central desde seu

  • incio. Na prtica porm, esta emisso no ocorre voluntariamente em benefcio de um agente econmico, mas sim em resposta a uma operao em que o Banco Central receber algo em troca. Vamos explicar isto melhor:

    A Base Monetria o passivo do Banco Central. No um direito, mas uma obrigao. Por exemplo: um exportador que acaba de receber o pagamento da venda de seu produto em dlares procura o Banco Central para trocar seus dlares por reais. Os dlares que o Banco Central recebe vo aumentar as reservas internacionais do pas, que tornam-se propriedade, so o ativo, do Banco Central. Da mesma maneira, esta emisso feita ao exportador aumenta a Base Monetria, o passivo, compromisso do Bacen.

    O exemplo contrrio o do importador que possui reais e deseja obter dlares para efetuar os pagamentos necessrios no exterior. Neste caso, o Banco Central ceder divisas, diminuindo o seu ativo, e ao mesmo tempo adquirir reais, caindo o montante de suas obrigaes (passivo).

    A Base Monetria contabilmente igual ao papel moeda em poder do pblico mais as reservas bancrias compulsrias dos bancos comerciais recolhidas pelo Banco Central. Consideram-se papel moeda em poder do pblico tanto o dinheiro que est efetivamente nas mos dos cidados quanto o que est no caixa dos bancos para suprir os saque que sero feitos.

    As reservas bancrias compulsrias recolhidas pelo Banco Central so obrigaes dos bancos comerciais, que devem legalmente separar uma parte pr-determinada dos depsitos vista do pblico, sob a forma de depsito compulsrio que remetido ao Banco Central.

    O que faz a Base Monetria se alterar?

    Um depsito vista de um agente particular no altera a Base Monetria. Este depsito deixa a forma de papel moeda em poder do pblico e passa para a forma de reservas bancrias compulsrias no Bacen e reservas bancrias no caixa dos bancos. Portanto, neste caso, no houve variao da Base Monetria.

    Por outro lado, se a empresa recebe dlares em decorrncia de uma exportao e procura o Banco Central para troc-los por moeda nacional, o Banco Central recolhe os dlares, aumentando seu ativo, e cede reais empresa, aumentando a Base Monetria.

    Benchmark

    Sempre quando se apura o desempenho de alguma ao, seja um investimento ou um medida tomada dentro de uma empresa, preciso ter como base ou padro algum outro ndice ou medida. O mercado financeiro roubou um termo utilizado pelas empresas para avaliar, medir e comparar produtos, servios, processos e funes de empresas conhecidas como as melhores, com o objetivo de aprimorar a organizao: o termo o benchmark ou benchmarking. No mercado financeiro, esse termo utilizado para determinar um ndice que servir como parmetro para comparao de investimentos. Um fundo de aes, por exemplo, pode ter o Ibovespa como benchmark. J um fundo cambial tem como benchmark a variao do cmbio. Em geral, todos os fundos tm um benchmark. No entanto, se ele tem uma carteira muito diversificada, como 40% em aes, 40% em ttulos pblicos, 20% em papel cambial, fica difcil fechar um benchmark,

  • diz Marcelo Afonso, gerente de Asset Management do Banco BNL. O benchmark um parmetro para avaliar o desempenho do fundo, explica. O investidor que aplica em ao tambm pode criar seu prprio benchmark. Para isso, basta que trace um objetivo e compare este objetivo com algum dos ndices do mercado, a rentabilidade da carteira tem que ser maior ou igual do ndice escolhido como benchmark para que haja sucesso. H muitos ndices, alm do Ibovespa, como o IBX (as 100 mais negociadas da Bovespa), o FGV-100 (da Fundao Getlio Vargas), o IBE (ndice que congrega as empresas mais negociadas do setor eltrico). Veja alguns exemplos de benchmarks dos fundos de investimento: Fundo DI: Tem como benchmark a variao da taxa de juros dos Certificados de Depsito Interbancrio

    (CDI) e da taxa bsica da economia, a Selic. So mais usados pelos investidores conservadores, que no querem risco em sua carteira de investimento. Fundo cambial: Usam como benchmark a taxa de cmbio, ou seja, caso o cmbio dispare o investidor

    posicionado neste fundo ganha. No caso contrrio, o investidor perde rentabilidade. Em geral, esses fundos rendem a variao do cmbio mais o cupom cambial. So uma boa arma para o investidor se proteger do chamado risco cambial, caso tenha dvidas em moeda estrangeira. Fundo de ao: Cada fundo de ao pode ter um benchmark diferente, ou nem mesmo ter um. O mais

    comum o tipo que usa o Ibovespa (ndice da Bolsa de Valores de So Paulo) como benchmark. Isso porque esse ndice composto pelas aes mais negociadas na bolsa, portanto, reflete de maneira mais fiel o comportamento do mercado. Blocos Econmicos Assim como o Brasil, todas as naes do planeta buscam avidamente um objetivo em comum: incrementar o volume de exportaes e importaes. Para isso, tentam, assim como as empresas, fechar parcerias com outros pases, a fim de conseguir reduzir os custos e buscar suprir as prprias necessidades e as dos parceiros. A partir desse conceito se chegou ao que chamamos dos mercados comuns, que so rea de negociao livre de impostos, parcial ou totalmente, e com legislao mais flexvel para estimular a negociao e diminuir o volume de negcios concretizados fora dessa rea. Para se ter uma idia, antes da criao das organizaes multilaterais na dcada de 50, com a conveno de Bretton Woods, o comrcio internacional respondia por 10% apenas do PIB mundial. Em 1998, o volume j representava 25%. Em tempos de economia globalizada, a necessidade de estabelecer parcerias e fortalecer as relaes comerciais virou uma necessidade cada vez maior para os pases. No Brasil, a importncia da balana comercial para o equilbrio das contas tem se tornado crucial e vital para o cumprimento das metas com o FMI. Mas no s: as relaes comerciais externas afetam diretamente os setores e empresas, mexendo com toda a economia e o mercado financeiro. Mas eliminar obstculos aduaneiros e fortalecer as exportaes so apenas alguns dos benefcios iniciais que os acordos de comrcio internacional podem ofercer. De acordo com Mrcio Sette Fortes, coordenador do recm-criado MBA em Negcios Internacionais do Ibmec, no Rio, existem normalmente

  • cinco estgios at se chegar a ser um bloco econmico com interao econmica. O primeiro a criao de uma zona de livre comrcio, que elimina basicamente obstculos aduaneiros. o caso do Nafta, mas neste caso h outros acordos especficos envolvidos, explica ele. O segundo passo a unio aduaneira, como o caso do Mercosul, na qual, alm das vantagens aduaneiras, os pases membros acordam uma poltica comercial uniforme tambm com outras naes que esto for a do acordo. Uma espcie de padronizao da pauta de importaes. O terceiro passo, segundo Fortes, a transformao em mercado comum. Neste estgio, so eliminadas restries de capital e trabalho, h livre circulao entre os pases envolvidos. Na etapa seguinte, ocorre a unio econmica, ou seja, as polticas econmicas comeam a ser padronizadas. Por fim, se d a integrao econmica completa, que seria o quinto e ltimo estgio. As polticas monetria, fiscal e social so uniformizadas e criada uma autoridade com autonomia para regular. Na Europa, por exemplo, com o mercado comum hoje s se fala em Banco Central Europeu, parlamento europeu etc, so rgos independentes dos pases integrantes do bloco, explica Fortes. Mesmo assim ainda h sempre a necessidade de fazer ajustes, porque as bases industriais e as polticas dos pases antes da unio eram muito diferentes em vrios casos. Os blocos econmicos mais relacionados com a economia brasileira: Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul) Unio aduaneira entre Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Comeou em maro de 1991, com o chamado Tratado de Assuno. No continente americano, no entanto, os quatro pases do Mercosul representam apenas 8% do PIB contra o gigante Nafta (veja abaixo) que responde por 88% do PIB continental. Mesmo assim, antes do incio do acordo, em 1990, as trocas entre os quatro pases membros eram de US$ 3,9 bilhes e em 1995 j haviam pulado para US$ 12,4 bilhes, mais do que o triplo. As relaes, no entanto, tornaram-se complicadas e o acordo chegou a tender ao colapso, mas foi relanado no ltimo ano. A meta criar uma comunidade econmica entre os quatro pases, para facilitar e incrementar o comrcio, com a eliminao cada vez maior das barreiras aduaneiras. As polmicas mais recentes envolvem a exportao de calados e frangos do Brasil para a Argentina, que acusou o pas de dumping (concorrncia desleal de preos, com venda abaixo do valor de custo) e resolveu estabelecer preos-base para a entrada dos produtos. Hoje, o quilo do frango brasileiro, por exemplo s pode entrar na Argentina a US$ 0,98. Com isso, a remessa se reduziu metade e houve uma perda de receita da ordem de US$ 1,2 bilhes. O Brasil promete recorrer formalmente OMC caso a Argentina no retire a restrio. Nafta (North American Free Trade Agreement) O acordo que j existia entre Estados Unidos e Canad desde 1989 foi ampliado com a incluso do Mxico. Em 1994 comeou a vigorar o acordo que prev a eliminao das barreiras alfandegrias em quinze anos, mas cerca de 50 foram rompidas logo no primeiro ano. Hoje o Nafta representa 88% do PIB continental. Para tentar atenuar impactos maiores causados pela progressiva competitividade que o Mxico vem ganhando em alguns setores, o Brasil vem tentando retomar alguns acordos bilaterais que j manteve com o pas. Mesmo assim, com a progressividade da

  • eliminao das barreiras do Mxico para os EUA, a exportao do Brasil para este ltimo deve ser afetada. Atualmente, o Nafta o maior mercado integrado mundial e os pases membros j tomam tambm algumas providncias contra prejuzos sociais principalmente o desemprego - que possam ocorrer com o acordo. Uma das medidas tomadas a criao do Banco Norte-Americano de Desenvolvimento. Alca (rea de Livre Comrcio das Amricas) - A proposta dos Estados Unidos criar esta rea de livre comrcio que seria uma espcie de unio entre os pases do Mercosul e do Nafta. Com isso, segundo o coordenador do Ibmec, Mrcio Fortes, a Amrica Latina poderia se transformar numa grande plataforma de exportao para os EUA, que sozinhos, j respondem por 78% do Produto Interno Bruto (PIB) do continente. Por conta disso, o Brasil vem tentando postergar os prazos inicialmente propostos pelos Estados Unidos e tentando barganhar melhores acordos para a entrada dos produtos brasileiros naquele pas. Mercado Comum Europeu Inspirado a partir do sucesso do Plano Marshall, com o objetivo de criar uma economia de larga escala para a regio e proporcionar a flexibilizao das barreiras tarifrias e alfandegrias dos pases da regio, o Mercado Comum Europeu a hoje o modelo mais efetivo de integrao regional. Os pases membros da Unio Europia tm seus interesses defendidos pelo Parlamento Europeu, onde alm das relaes comerciais, assuntos como direitos humanos, aliana militar, polticas sociais e pblicas integradas so debatidos e deferidos. Apesar de ainda no ter sido adotada por todos os pases membros, o Euro, a moeda da Unio Europia, j apontada como modelo de integrao total econmica. Os pases que compem o bloco so Inglaterra, Irlanda, Frana, Espanha, Portugal, Luxemburgo, Holanda, Itlia, Blgica, Alemanha, ustria, Dinamarca, Sucia, Finlandia e Grcia. Bolsas e ndices No bastasse a enorme quantidade de indicadores financeiros que sempre foram despejados diariamente sobre o cidado comum pela imprensa especializada, a globalizao acrescentou um pouco mais de complexidade tarefa de acompanhar seus investimentos. Jornais e TV passaram a tratar de preos de ttulos da dvida externa Argentina, do cmbio na Indonsia e da bolsa de valores na Alemanha como temas cotidianos. Com a revoluo provocada pela Internet no mundo dos negcios e dos investimentos, este mesmo cidado comum descobriu que na terra do capitalismo havia no apenas uma bolsa de valores, mas, pelo menos, duas. E mais: segundo a mdia, o ndice Dow Jones representa a velha economia e o ndice Nasdaq representa nova economia. Parece complicado, no? E . Na verdade, muito mais complicado do que parece. Os ndices de aes foram criados de forma a simplificar o entendimento do que ocorre em um determinado mercado de aes ou com as aes e empresas com determinadas caractersticas, ou com aes com determinado comportamento negociadas em uma bolsa, um pas, uma regio e at mesmo em termos globais. O ndice serve como indicador do comportamento das aes, mas por ser uma abstrao estatstica, pode no ser representativo do mercado como um todo ou de um determinado momento do mercado. Por ser uma ponderao, naturalmente h desempenhos individuais melhores e piores que o comportamento do ndice. Por ser selecionado e/ou ponderado com base no passado, pode no ser representativo da atual dinmica do mercado. Em todo caso, ainda no foi desenvolvida ferramenta mais eficiente para mensurar o desempenho do mercado acionrio. A tentativa de produzir ndices melhorados gerou uma grande profuso deles.

  • Os EUA abrigam mais de uma dezena de bolsas de valores em atividade. Dentre elas, as mais conhecidas so a NYSE (New York Stock Exchange), Amex (American Exchange) e Nasdaq (National Security Dealers Association Quotes). Mais de uma centena de ndices so calculados diariamente buscando medir os desempenhos dos mercados acionrios. Dentre estes, algo em torno de dez merecem grande ateno de investidores e profissionais de finanas de um modo geral. As distines podem ser, por exemplo, na quantidade de aes acompanhadas pelo ndice, pelo setor de atividade das empresas nele representadas, pelo tamanho das empresas e pela bolsa onde as aes so listadas. O mais tradicional deles, o Dow Jones Industrial Average, foi criado em 1884 e sua carteira engloba aes de apenas trinta empresas e sua ponderao adota o princpio de quantidades idnticas, isto , o ndice varia em conformidade com uma carteira terica de aes que contm uma ao de cada uma das trinta empresas consideradas. Este ndice calculado por uma empresa de notcias econmicas e no representa uma bolsa especfica. Aes de empresas da chamada nova economia podem fazer parte de sua carteira, como, de fato, o fazem atualmente Microsoft e Intel. Outro ndice tradicional nos EUA o S&P500, desenvolvido em 1923 pela empresa de avaliao econmica Standard&Poor's. A carteira terica deste ndice contm aes de 500 empresas, respeitadas certas participaes setoriais. A ponderao proporcional ao valor de mercado do free float da empresa, isto , das aes que no esto em mos de controladores. S&P500 tambm pode conter aes listadas em diferentes bolsa de valores norte-americanas. J o Nasdaq Composite restringe-se s aes de empresas listadas na bolsa eletrnica Nasdaq. Sua carteira terica abrange todas as aes de todas as empresas ali negociadas (mais de 4.850), ponderadas segundo o valor de mercado. Ao contrrio do que se supe, o ndice Nasdaq no exclusivo de aes de empresas de tecnologia de informao ou biotecnologia. H empresas de transporte, energia, bancos, comrcio e indstrias em geral. Alm destes, so relevantes os ndices S&P100, Nasdaq 100, Russell 2000, Wilshire 5000 e Pacific High Tech, este ltimo, representativo das empresas da nova economia listadas na Pacific Exchage, da California. Note que, apesar da relevncia das bolsas NYSE e AMEX, seus prprios ndices no gozam do mesmo prestgio dos citados acima. No Brasil, embora a oferta de ndices seja consideravelmente menor, ela suficientemente grande para confundir o novo investidor e suficientemente pequena para insatisfazer o profissional sofisticado. O mais conhecido dos nossos ndices o Ibovespa, calculado desde 1968 pela Bolsa de Valores de So Paulo com base nas aes de maior liquidez nos ltimos 12 meses e ponderado tambm pela liquidez. O grande inconveniente deste ndice est no fato de que ele tende a gerar concentraes crescentes de liquidez. A mesma Bovespa calcula o ndice Brasil (IBX), abrangendo as cem empresas mais lquidas na bolsa, ponderadas pelo valor de mercado do free float. Este tipo de ponderao pode produzir distores na representatividade, pois o mercado pode dedicar mais interesse a uma dada empresa sem que o valor de seu free float seja proporcionalmente elevado. O ndice de Energia Eltrica (IEE) tambm um produto criado na Bovespa. Ele abrange apenas empresas do setor de energia eltrica e sua carteira selecionada por critrios de liquidez, mas a ponderao segue o modelo de pesos iguais a cada reponderao. Este tipo de ponderao pouco representativo do mercado, desrespeitando o valor da empresa e o interesse que os investidores tm nela. Todos estes ndices envolvem apenas aes de empresas listadas na Bovespa. A Comisso Nacional de Bolsas de Valores criou em 1983 o ndice Brasileiro de Aes (IBA), cuja carteira produzida atravs de seleo por liquidez e ponderao por capitalizao do free float. As aes que o compem podem ser listadas em qualquer uma das bolsas associadas. Com a derrocada das bolsas regionais e o processo de

  • incorporao destas pela Bovespa, o IBA vai perdendo razo de existir, pois tende a reproduzir os ndices da Bovespa. A Fundao Getlio Vargas, por sua vez, calcula desde 1986 o FGV-100, ndice que rene aes de cem empresas no-financeiras de capital privado ponderadas pela capitalizao do free float. A recusa de aes de empresas estatais em sua carteira fez com que o FGV-100 se afastasse da realidade do mercado que, a partir de 1991, passou a concentrar negcios em empresas do governo na expectativa de que o Programa Nacional de Desestatizao valorizasse aqueles papis. O fim da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro fez desaparecer o IBV que, embora sendo o mais antigo ndice de aes do Brasil, j havia sofrido alteraes nos critrios de formao de sua carteira. Pelo mesmo caminho foi o SENN, ndice dos negcios fechados via prego eletrnico nacional. A Sociedade Operadora de Mercado de Ativos (SOMA) tambm tem seu ndice de lucratividade, mas as reorganizaes por que tem passado o setor de telecomunicaes fizeram desaparecer a j baixa liquidez das aes de empresas listadas neste mercado De um modo geral, hoje o mercado brasileiro mal servido de ndices de aes, pois h carncia de um ndice mais abrangente que o Ibovespa e o IBX, mas que guarde representatividade com o mercado atual. Uma carncia maior se faz sentir no segmento de ndices setoriais, onde o IEE nico representante, ainda que com srias deficincias tcnicas. Estranhamente, o setor de telecomunicaes, que guarda a maior parcela dos negcios com aes nas bolsas brasileiras e que abrange um nmero muito maior de aes listadas, no tem seu prprio ndice setorial. O investidor em portfolios orientados a setores ressente-se de ndices contra os quais possa avaliar o desempenho de uma ao isolada, de um fundo, ou de um gestor de recursos. Certificado de Depsito Interbancrio - CDI

    O Certificado de Depsito Interbancrio, CDI, um certificado utilizado para firmar operaes entre bancos. A taxa mdia diria do CDI utilizada como parmetro para avaliar a rentabilidade de fundos, como os DI, por exemplo. O CDI utilizado para avaliar o custo do dinheiro negociado entre os bancos, no setor privado. Como o CDB (Certificado de Depsito Bancrio), essa modalidade de aplicao pode render taxa de prefixada ou ps-fixada.

    Como o CDI quantifica o custo do dinheiro para os bancos em um determinado dia, ele utilizado pelo mercado como parmetro para fundos de renda fixa e DI. Quando o gestor informa ao investidor que um fundo rende 95% do CDI, isso significa que, ao calcular essa percentagem, o investidor poder saber quanto rendeu ou rende o fundo.Portanto, ele pode ser considerado um parmetro para esses fundos, que tm em sua composio grande parte de ttulos ps e prefixados.

    O CDI usado tambm como parmetro para operaes de Swap (contrato de troca de qualquer tipo, seja ele de moedas, commodities ou ativos financeiros), na Bolsa de Mercadoria & Futuros (BM&F) para o ajuste dirio do DI futuro.

    Apesar de o CDI poder ser usado como parmetro para mostrar a rentabilidade de alguns tipos de fundos de investimento, fundamental que o investidor conhea a composio do fundo para saber que influncia tem no desempenho do investimento. Nos fundos cambiais ou derivativos, por exemplo, o CDI no tem influncia nenhuma,

  • Cotas de Fundos Aplicar em um fundo de investimento significa, na verdade, adquirir uma quantidade de cotas desse fundo. As cotas nada mais so do que participaes que o investidor tem sobre o patrimnio da aplicao. Isso quer dizer que, se o fundo possui 1.250 cotas e o cotista detm 125 destas, ele tem direito a 10% do patrimnio. Para saber a valorizao bruta do produto, basta multiplicar a quantidade de cotas atuais pelo valor da cota no dia.

    "O valor aplicado corresponde a um nmero determinado de cotas. Por exemplo, se o investidor faz um aporte de R$ 10 mil e cada cota equivale a R$ 1 mil, ele possui dez cotas.

    O nmero de cotas pode ser visualizado atravs do extrato do fundo fornecido pela instituio financeira e na pgina de caractersticas do fundo (que disponibiliza a ltima cota).

    Valor da cota sofre incidncia de IR

    "As cotas correspondem rentabilidade dos papis lqida de taxas e despesas, como taxas de administrao e performance e despesas de auditoria e publicidade

    Entretanto, o valor da cota divulgado pelo administrador do fundo no liquido de impostos. Sobre ele ainda h incidncia de Imposto de Renda. "Nos casos de fundos de renda fixa, so deduzidos 20% de IR sobre o ganho de capital. J nos de renda varivel o percentual cai para 10% no resgate",

    Para os Fundos de Investimento Financeiro (FIFs) - regulamentados pelo Banco Central e mais conhecidos como fundos de renda fixa - h incidncia mensal de IR, o que abocanha cotas do saldo da aplicao. O Imposto de Renda tambm cobrado no resgate de tais fundos. O valorizao diria das cotas expressa o valor dos ativos que compem a carteira do fundos.

    Investidor de renda fixa pode saber cotas no momento da aplicao

    Quem aplicar em fundos de renda fixa conservadores e DI poder saber na data o nmero de cotas correspondentes ao valor aplicado. Isso acontece porque as transaes so realizadas em D+0, ou seja, no mesmo dia da aplicao. J fundos derivativos e multicarteira geralmente tm operaes em D+1 - o dinheiro aplicado na data, mas a compra das cotas s efetivada no dia seguinte, quando o investidor ficar sabendo o valor de cada uma delas.

    No caso de renda varivel, se a aplicao foi realizada uma nica vez e no foi feito resgate, o nmero de cotas ser sempre o mesmo. Entretanto, sua equivalncia em reais (ou outra moeda) altera-se de acordo com a rentabilidade do fundo.

    Segundo Sanchez, pessoas fsicas tm o hbito de acompanhar a valorizao do fundo atravs do financeiro, no das cotas. "Entretanto, essa a melhor maneira de acompanhar a rentabilidade dia-a-dia. Para isso, o investidor deve dividir a cota do dia pela do dia anterior. J na poupana, preciso esperar um ms e aguardar a divulgao da Taxa Referencial de Juros (TR)", compara

  • Cmbio Fixo X Cmbio Flutuante Uma das principais decises de poltica econmica de qualquer governo sua posio quanto ao cmbio. Existem duas modalidades bsicas de polticas cambiais, o cmbio fixo e o cmbio flutuante.

    No mercado de cmbio, como em qualquer outro, os preos so definidos pela lei da oferta e da procura. Isto significa que, quando h mais pessoas comprando dlares do que vendendo, ou seja, excesso de demanda, o preo da moeda norte-americana sobe. Da mesma maneira, quando h poucos compradores frente a uma grande oferta de dlares, excesso de oferta, o preo da moeda americana cai.

    Em um regime de cmbio flutuante, o Banco Central no interfere no mercado de cmbio. O preo da moeda norte-americana determinado exclusivamente pela interao das foras da oferta e da demanda.

    Existe tambm uma pequena variao desse regime chamado de bandas cambiais, artifcio utilizado pelo Banco Central logo aps a desvalorizao do real em 1999. Neste caso, o cmbio flutuante, mas o Banco Central cria alguns parmetros de variao do cmbio. Quando este atinge um determinado valor para cima ou para baixo, o Banco Central intervm comprando ou vendendo dlares no mercado. Com isso, O Banco Central garante um controle do cmbio dentro da banda que lhe convm e deixa que ele flutue livremente neste intervalo.

    No regime de cmbio fixo, o Banco Central fixa o valor da taxa de cmbio. Ele deve cobrir todos os excessos de oferta ou de demanda no mercado de cmbio. Por exemplo, se existem mais pessoas querendo comprar dlares do que vend-los, o Banco Central deve colocar dlares venda no mercado para equilibrar a oferta com a demanda e assim assegurar que o cmbio no se alterar.

    Vantagens e desvantagens

    Para implantar uma poltica de cmbio fixo, o pas deve possuir reservas internacionais muito consistentes. Ele deve passar a imagem ao investidor de que capaz de cobrir o excesso de demanda por dlares com suas reservas.

    Se os fundamentos do pas estiverem instveis e ele no passar segurana aos investidores, haver uma corrida especulativa em cima de sua moeda. Isso ocorre quando as reservas internacionais no so suficientes para segurar as sadas de dlares. Nesse caso, o pas no ser capaz de intervir no cmbio e a desvalorizao ser inevitvel. Com isso, todos os investidores procuraro dlares para obter lucros com a desvalorizao. o chamado ataque especulativo!

    Nesse sentido, os pases que adotam o cmbio fixo esto muito mais sucessveis a crises externas, como as muitas que ocorreram no final da dcada passada. Quando os investidores comearem a duvidar da capacidade do pas de segurar o cmbio, este ser vtima de uma corrida especulativa.

    A maior vantagem do cmbio fixo a estabilidade que este traz para a economia. H facilidades na elaborao de contratos de compra e venda internacionais, pois sabe-se que o cmbio no se alterar.

    A maior vantagem do cmbio flexvel no estar sujeito a este tipo de crise. No so as reservas internacionais que variam, mas sim a prpria taxa de cmbio. Sua grande desvantagem a incapacidade de prever as futuras flutuaes da moeda americana, o que atrapalha bastante as empresas e os indivduos importadores e exportadores na formao de suas expectativas futuras tanto em relao aos preos, quanto em relao s quantidades.

  • Contas Pblicas

    Em tempos de metas rgidas acordadas com o Fundo Monetrio Internacional (FMI), as contas pblicas esto mais do que nunca na mira dos analistas econmicos. Mas o que tem voc a ver com a balana comercial, o supervit primrio e o dficit em conta corrente? Na verdade, muita coisa. A linha de conduo que o Governo d s suas contas absolutamente determinante para prever os cenrios no curto e mdio prazo e se programar para tempos que podem ser de vacas gordas ou magras, de recesso ou desenvolvimento, de investimento seguro ou de risco.

    O cenrio hoje das contas do Governo visto como positivo pelos analistas. Isso porque desde o fim do ano passado a dvida lquida, que a soma da dvida interna com a dvida externa, diminuiu. Isso foi possvel graas a alguns ajustes feitos com as reformas administrativa e da Previdncia, com o aumento da arrecadao devido criao de novos tributos e com a retomada do crescimento econmico, para citar os fatores mais decisivos. Com o corte que o BC determinou na Selic, o cenrio para a dvida interna fica ainda mais favorvel, pois o Governo deve economizar cerca de R$ 5 bilhes s no pagamento dos juros.

    Tudo isso colabora para o cumprimento das metas acertadas com o FMI, o que ajuda na captao de dinheiro e gera efeitos positivos sobre o balano de pagamentos. claro que todo esse cenrio positivo pode ser afetado por uma grande crise econmica como as da sia e da Rssia ou uma reviravolta na economia americana, mas por ora, o chamado risco pas do Brasil continua controlado. Muito complicado? Ento entenda em detalhes como funcionam as contas do Governo:

    Balana Comercial a diferena entre a exportao e a importao de bens e servios. Normalmente, a conta feita separadamente para os servios, que englobam o pagamento de juros, fretes, royalties etc e por isso tm um peso muito grande. Esta a chamada conta-servio ou balano de servios.

    Conta-corrente - o resultado da balana comercial mais a conta-servio e mais as transferncias unilaterais (doaes, remessas e outros valores que no tero retorno). No Brasil, como a conta-servio muito alta, h um constante dficit em conta corrente. O desafio do Governo diminu-lo.

    Conta-Capital - onde so computadas as entradas e sadas de capital como emprstimos, amortizaes de dvidas, investimentos diretos e financiamentos.

    Balano de pagamentos - Somando-se a conta-corrente mais a conta capital, encontra-se o resultado do balano de pagamentos. Como h dficit constante na conta-corrente, preciso captar muita entrada de recursos para criar saldo positivo na conta capital e amenizar o dficit do balano de pagamentos.

    Captao externa Quanto mais a dvida cresce, mais dependentente o pas fica da captao de dinheiro externa. A soma do dficit em conta corrente mais as amortizaes (valores que sero pagos para abater a dvida) correspondem ao valor mnimo que o Brasil precisa captar por meio de emprstimos no exterior. Hoje, essa conta fica em torno de US$ 50 bilhes.

    Risco pas - Como precisa captar dinheiro no exterior, o pas precisa manter o dficit em um nvel sustentvel para no afugentar os investidores estrangeiros. Isso chamado por alguns economistas de risco pas ou risco Brasil: se o dficit muito grande e o pas vai perdendo capacidade de pagamento, o

  • risco Brasil considerado maior, ou seja, os investidores consideram o pas como um investimento de muito risco, explica o coordenador da ps-graduao da UFRJ, Francisco Eduardo. Isso medido pelo tamanho do dficit em conta-corrente em relao ao PIB.

    Crescimento da dvida - No Brasil, o dficit cresceu muito depois do Plano Real e j chegou a 5% do PIB no ps-crise da sia. Quando se chega a esse ponto, o Governo geralmente toma medidas para diminuir a sua vulnerabilidade, como renegociar a dvida externa e as metas com o Fundo Monetrio Internacional. O dficit em conta corrente hoje em torno de US$ 23 bilhes. J chegou a ser de US$ 30 bilhes.

    Equlibrio De acordo com o professor do Ibmec, Carlos Thadeu de Freitas, a sada para os pases que devem muito e o Brasil est entre eles exportar mais. "No d para cortar muito as importaes porque isso afeta o crescimento e os preos internos. importante tambm comear a substitu-las. Isso j est acontecendo porque o dlar ficou muito caro", lembra ele. "Alm disso, preciso manter a taxa de cmbio flutuante, buscar o equilbrio fiscal e adotar uma poltica monetria saudvel com juros bsicos nem muito altos e nem muito baixos"

    Contas internas De acordo com Carlos Thadeu, a soluo aumentar a poupana interna, ou seja fortalecer a economia e equilibrar as contas pblicas, para ficar menos vulnervel e gerar o supervit primrio. Com isso, possvel diminuir a dvida lquida, que a soma da dvida interna mais a externa menos as reservas cambiais.

    Supervit Primrio O resultado das receitas do Governo menos as despesas sem contar as despesas com pagamento de juros, gera o supervit (se for positivo) ou o dficit (se for negativo) primrio. Com algumas medidas como aprovao das reformas administrativa e da Previdncia, a desvalorizao da moeda e a criao de impostos como a CPMF, que geraram aumento da arrecadao, o Governo tem conseguido, a partir do fim do ano passado, obter supervit primrio.

    Taxas de juros A queda recente determinada pelo Banco Central para a taxa bsica (Selic) tambm afeta as contas. Se por um lado, torna o Brasil menos atrativo para os investidores estrangeiros, por outro reduz essa necessidade de recursos externos para financiar o dficit porque diminui o custo do Governo com o pagamento de juros nas dvidas internas.

    Fatores externos Cumprir as metas acertadas com o FMI, diminuir o tamanho da dvida lquida e fortalecer a economia interna so fatores determinantes, mas que mesmo funcionando podem no ser suficientes para gerar crescimento e manter o cenrio favorvel. Uma crise econmica como a que aconteceu na sia e na Rssia afeta determinantemente a economia dos pases dependentes do capital externo, como o Brasil.

    Cupom Cambial Para avaliar se um investimento em moeda estrangeira est pagando um juro mais interessante do que um similar em moeda nacional, o investidor precisa estar atento ao que o mercado chama de cupom cambial. Geralmente, os gestores de fundos cambiais j fazem esse trabalho, mas nada como ter certeza das possibilidades de ganhos reais de uma aplicao.

  • O cupom cambial a diferena entre a taxa bsica de juros internos (Selic) e a desvalorizao da taxa de cmbio do pas. Ele serve como uma referncia para se investir em moeda estrangeira, um benchmark, Costa Rego explica que o resultado do cupom cambial o rendimento real de um ttulo em dlar. A, o investidor compara o que est dando mais retorno, se o investimento em dlar ou em moeda nacional. E, com esses dados em mos, orientar seus investimentos. Veja no exemplo abaixo como calcular a valorizao do cupom: Para uma taxa bsica de juros projetada de 14% ao ano e uma variao cambial de 5% ao ano, o rendimento do cupom cambial de 8,5% ao ano. Veja o clculo: Cupom cambial = Selic / variao cambial , ou seja, no nosso exemplo 1.14 / 1.05 = 8,5. Portanto, a valorizao do cupom cambial de 8,5% ao ano. Veja como fazer a anlise comparativa entre uma aplicao em moeda nacional e estrangeira: Comparando com um ttulo interno, descontado a inflao, o rendimento do cupom cambial, neste exemplo, mais interessante. Se considerarmos a valorizao de um fundo DI em 2000, 13,5%, menos a inflao do perodo, 5,5%, o ganho foi de 8%. Enquanto que, com o nosso exemplo acima, o rendimento do ttulo em moeda estrangeira de 8,5% ao ano. Debntures O governo, quando precisa de dinheiro, recorre ao mercado emitindo ttulos pblicos pr e ps-fixados. A mesma coisa acontece com as empresas, quando emitem debntures. Apesar de as aes servirem tambm para financiar as empresas, a diferena bsica no caso da debnture que o proprietrio do papel no passa a ser scio da empresa, apenas vira credor dela, que passa a ter um compromisso em um determinado prazo e a pagar juros peridicos (anuais, em geral) at o resgate, ou vencimento do ttulo. O sistema oferece vantagens para as empresas que emitem debntures, pois no precisam se endividar com bancos a taxas de juros estabelecidas pelas instituies financeiras, e tm um custo muito mais baixo do que na emisso de aes. Mas tambm vantajoso para o comprador, que ganha mais uma possibilidade para diversificar sua carteira a um baixo risco, recebendo de tempos em tempos e no vencimento juros pr ou ps-fixados, conforme determinar o emissor. Uma outra diferena essencial entre os dois tipos de ativos que a ao um investimento de renda varivel, ou seja, impossvel prever qual ser o seu rendimento daqui a alguns anos ou mesmo at o dia ou a hora seguinte. Quem investe em aes no est livre sequer de o papel perder valor de um dia para o outro e, nesse caso, no h nem rentabilidade, mas sim prejuzo. J as debntures so ativos de renda fixa, ou seja, papis que tm um valor de face a ser recebido no seu vencimento, alm dos juros estipulados na sua emisso, que podem ser pr-estabelecidos ou obedecerem algum ndice (juros + IGP-M, TR, ou CDI por exemplo). Dependendo do estatuto da empresa emissora e do acordo feito com os credores, a debnture pode ainda ser conversvel em aes da empresa dentro de determinado prazo, passando o seu titular ento a receber

  • dividendos (participao nos lucros) ou a poder participar das deliberaes das assemblias gerais. Dessa forma, o debenturista passa a configurar como scio da companhia, acionista, efetivamente. As regras de cada emisso de debntures so especficas para cada srie emitida. Ou seja, prazo de vencimento, remunerao, converso, todos esses pontos so negociados entre empresa emissora e credor.

    D+0, D+1, D+2

    No mercado de capitais, tanto no mercado vista, como no futuro, no termo e opes, existem prazos definidos de liquidao das operaes, ou seja, o dia que o vendedor receber seu dinheiro e que o comprador receber aes ou ttulos. Esses prazos so chamados de D. Essa letra vem acompanhada pelo smbolo + seguida por um nmero. O nmero indica em quanto tempo a operao ser liqidada. A regra da bolsa de valores exige que o dinheiro seja entregue ao investidor em D+3, ou seja, trs dias aps a venda das aes. Dessa forma, se a operao fechada numa tera-feira, a liqidao feita na sexta-feira (trs dias teis depois). A operao continua sendo em D+3 mesmo quando realizado day-trade (quando, num mesmo dia, o investidor compra e vende a mesma ao). Ele s receber apenas trs dias depois.

    O vendedor, no entanto, tem que entregar os ttulos na Cmara Brasileira de Liquidao e Custdia (CBLC) em at D+2, no mximo dois dias depois de fechada a operao, para que haja tempo de repass-los ao comprador no terceiro dia.

    O esquema de liquidao funciona, comparativamente, a compensao do cheque no banco. O cliente tem que esperar para ter acesso ao dinheiro

    H apenas um detalhe nas operaes a termo. A liqidao tambm em D+3, mas comea a ser contado no 27o dia, porque, nesse caso, j fica pr-determina o preo, a quantidade e a data da liquidao da operao. As liquidaes das operaes realizadas nas bolsas de valores so sempre feitas pela CBLC, uma empresa que garante as operaes fechadas em todas as bolsas de valores no Brasil. A CBLC uma cmara de compensao de mbito nacional, voltada para a liquidao de ttulos e valores mobilirios, criada para tornar o sistema de liqidao de bolsa mais seguro e eficiente.

    Fundos J as aplicaes em fundos de renda fixa so feitas em D+0/D+0. O primeiro D+0 significa o tempo da operao de entrada e o segundo, de sada. Isso significa que quando o investidor resolve aplicar em uma segunda-feira, o dinheiro j entra, nesse caso, no mesmo dia. Quando ele pede o resgate, tambm recebe no dia do pedido.

    A liqidao dos fundos derivativos e multicarteira so diferentes. Geralmente, a operao fechada em D+1/D+1, ou seja, se o investidor resolve aplicar hoje, envia o dinheiro no mesmo dia, mas s vai comprar as cotas no valor que estiver valendo no dia seguinte. Para resgatar, o investidor tambm ter que esperar um dia aps a ordem de resgate para receber seu dinheiro. E esse valor ser corrigido ao valor do dia seguinte.

  • Por exemplo: se hoje a minha cota vale R$ 10 e eu peo para resgatar, apenas amanh vou ficar sabendo quando receberei. Isso porque essa mesma cota pode ter valorizado de um dia para o outro ou mesmo desvalorizado. Essa mesma regra D+1/D+1 vale tambm para os fundos cambiais. Na realidade, essas datas de liquidaes podem mudar de banco para banco. Ns, do Santander, oferecemos tambm fundos multicarteira D+0/D+1, ou seja, na entrada ele paga a cota do prprio dia e, no resgate, a cota do dia seguinte

    As liqidaes em fundos de aes, em geral, so mais complexas. Para aplicao, a operao e a cota so fechadas em D+1, mas a liquidao financeira em D+4. Quando o cotista pede resgate, o valor considerado o do dia seguinte, mas o dinheiro s entregue no quarto dia,

    Resumo das liqidaes:

    Mercado vista, futuro, termo e opes - D+3 (na operao a termo, o D+3 comea sempre a ser contado no 27o. dia)

    Fundos de renda fixa - D+0/D+0

    Fundos derivativos e multicarteira - D+1/D+1

    Fundos cambiais - D+1/D+1

    Fundos de aes D+1 para investimento e D+4 para resgate, sendo que o valor da cota a ser recebido D+1.

    Derivativos no mercado financeiro

    Para tentar se defender de oscilaes de preos futuros de um ativo financeiro ou at mesmo alavancar suas aplicaes, investidores apostam em derivativos, que so ativos financeiros que derivam, como o prprio nome j diz, de um outro ativo.

    As modalidades mais utilizadas so a termo e de opes nas bolsas de valores e as operaes na Bolsa de Mercadorias & Futuro (BM&F), como negociao de algumas commodities agrcolas, cmbio, ouro e ndices como o futuro do Ibovespa.

    Quem acha que o preo do ativo a ser negociado vai subir entra na operao como comprador. Assim, garante que, mesmo que daqui a um tempo o preo suba, ele comprar pelo preo combinado. Mas se o preo cair, o investidor pode ter que pagar pela quantia combinada, que pode ser maior do que a encontrada no mercado vista.

    Em opes, depois de pagar um prmio ao vendedor, o comprador pode ou no exercer seu direito de compra, ou seja, pode optar. Os vencimentos ocorrem sempre na terceira segunda-feira dos meses pares do ano. J no contrato a termo, passado o tempo combinado os vencimentos acontecem normalmente 60 ou 90 dias a partir da assinatura do contrato as duas partes so obrigadas a liqidar a operao.

  • No mercado a termo, preciso depositar garantias. No caso do vendedor coberto (que j tem as aes), as prprias aes negociadas. J as garantias do vendedor e do comprador descoberto so depositadas em dinheiro, ttulos e cartas de fiana, por exemplo. No contrato de opes, o comprador tem que pagar uma quantia ao vendedor pelo direito, se quiser, de comprar as aes. Mesmo que no compre, o dinheiro do prmio no devolvido.

    Liqidar antes do prazo

    As operaes a termo podem ser liqidadas antes do vencimento e, por isso, definido no contrato quem pode pedir antecipao e se o valor a ser pago ter que ser integral ou proporcional ao nmero de dias combinado.

    Os derivativos so usados para fazer hedge. Se uma empresa tem dvidas a pagar em dlar pode fechar na BM&F um contrato de dlar futuro para garantir que pagar a cotao desejada quando tiver que quitar a dvida. "Dessa forma, mesmo que a moeda americana ultrapasse a cotao fixada, a empresa comprar pelo preo combinado. Neste caso, ela estar protegida, ou seja, fez um hedge",

    Os derivativos, quando no so usados como hedge, so investimentos de alto risco. Vamos supr que algum resolveu fechar um contrato futuro de caf como vendedor e apostou que, se hoje vale R$ 14, vai custar R$ 12 daqui a 30 dias. Passado esse prazo, se a cotao cair apenas para R$ 13, e esse algum no tiver o caf, ter que comprar no mercado por R$ 13 para vender por R$ 12 (o valor combinado). Ou seja, vai perder dinheiro,

    .

    Direito de subscrio: risco para novatos O direito de subscrio um estgio anterior ao. Isso significa que a empresa, ao lanar aes no mercado, d preferncia ao seu acionista de compr-las a um valor preestabelecido, por perodo determinado. Caso o acionista no queira exercer essa opo de compra, pode abrir mo e vender o direito. E exatamente a que o marinheiro de primeira viagem precisa ficar atento para no perder dinheiro. Para o investidor novato uma operao de muito risco. Isso porque, para avaliar se comprar o direito valer a pena, preciso que ele esteja vivendo o dia-a-dia do mercado, pois muitas dessas informaes no so disponibilizadas oficialmente. Ele s consegue atravs do prprio mercado, Um dos pontos principais saber se a tendncia dos papis da empresa de queda ou de alta. O direito j estabalece um preo prefixado para a ao, portanto, ele tem que ter informaes suficientes para prever que, na poca do vencimento do direito, o preo que pagar pela ao mais o que ele pagou pelo direito ser menor do que a cotao do dia do papel. Do contrrio, ele vai perder dinheiro, complementa. Como se pode ver, no uma opo para quem acabou de entrar no mercado de aes, alerta. No h muita razo para quem no tem aes comprar uma subscrio. Em geral, quem compra direito de subscrio o investidor que quer alavancar sua posio no momento (veja, abaixo, como essa operao). A no ser que o investidor no tenha dinheiro para comprar a ao naquela hora e tenha certeza que o ter, no futuro, para comprar o direito, explica. Ainda assim, ele pode apostar na valorizao da empresa e vender o direito para outro por um preo um pouco maior do que comprou. Mas uma

  • operao para quem j est acostumado com o mercado, alerta. Marcos aconselha, para quem quer entrar no mercado, comear comprando aes. melhor buscar uma boa empresa e investir diretamente nas aes dela, Vamos ao exemplo: Supomos que o investidor tenha pago para um acionista desinteressado R$ 1 para ter o direito de subscrever a ao da empresa X. Nesse contrato est estabelecido que ele pode comprar em definitivo a ao da empresa por R$ 14 at o dia 25/9/2000. Caso perca a data ou no tenha, na poca, dinheiro suficiente para pagar pela ao definitiva, o direito (e o dinheiro pago por ele) vira p. Ou seja: alm de no ter a ao, o investidor ainda fica sem o dinheiro que empregou na compra do direito de subscrio. Em ltimo caso, o que ele pode fazer para no perder tudo , antes do vencimento do direito, vender para outro a um preo menor. Assim, pode ser que perca menos. O que alavancar posio: uma jogada do mercado. Digamos que o investidor tenha aes da empresa B, que faz chamada de capital e abre direito de subscrio no valor de R$ 1, para compra da ao dentro de 90 dias a R$ 13, sendo que, na data da subscrio, a ao da empresa esteja cotada a R$ 14. 1. O investidor vende suas aes a R$ 14, paga R$ 1 pelo direito de subscrio e fica com R$ 13, que sero aplicados em renda fixa no mercado pelos 90 dias (prazo do vencimento do direito de subscrio). 2. Na data do vencimento, o investidor resgata o dinheiro aplicado em renda fixa (R$ 13,26, levando-se em conta rendimento lquido de 2% no perodo) e recompra as aes por R$ 13 (o preo fixado). 3. Hiptese 1: Digamos que, nesta data, a ao j esteja cotada a R$ 20. O investidor ganhou: R$ 7 (diferena entre o valor da subscrio, R$ 13, e o valor de mercado R$ 20) + R$ 0,26 (os rendimento da aplicao em renda fixa) R$ 1 (preo pago pela subscrio) = R$ 6,26 4. Hiptese 2: Digamos que, nesta data, a ao esteja cotada a R$ 12. O investidor perdeu porque no valer a pena comprar a ao por R$ 13 (valor da subscrio). O ganho em renda fixa (R$ 0,26) no cobre o valor pago pela subscrio (R$ 1). Dvida Pblica Quando algum gasta mais do que ganha, fica com as contas no vermelho e obrigado a pedir dinheiro emprestado para cobrir o rombo. Quando o Governo federal, estadual ou municipal - arrecada, na forma de tributos, um montante aqum do esperado para cobrir seus gastos, ocorre a mesma coisa. esta a raiz da dvida pblica.

    A principal diferena entre um trabalhador endividado e um governo endividado se d na hora do pagamento da dvida contrada. Em geral, o trabalhador endividado pede um emprstimo a um banco, financeira ou mesmo a um amigo ou parente. Os governos, porm, tm outras formas de financiar seus dficits. A aquisio de emprstimos junto a instituies financeiras apenas uma delas.

  • A forma mais utilizada pelo Governo Federal para cobrir o dficit pblico o lanamento de ttulos no mercado. Esses ttulos tm prazo de resgate definido e podem ser pr ou ps-fixados, lastreados em juros ou em outras moedas, como o dlar.

    Ao vender um ttulo, o Tesouro Nacional consegue recursos para cobrir o dficit, mas se compromete a devolver, na data de resgate, o valor emprestado acrescido de remunerao (juros ou a variao do dlar, por exemplo). Ao montante total de ttulos em circulao no mercado, mais as outras modalidades de emprstimos contradas, d-se o nome de dvida pblica.

    Para o Governo Federal, a rolagem de sua dvida atravs da emisso de ttulos pode ser interessante quando os juros so baixos. O governo pode levar vantagem tambm quando os ttulos so prefixados a taxa de remunerao fixada no ato da venda - e h expectativa de aumento de juros. Da mesma forma, muito interessante para o governo a emisso de ttulos ps-fixados quando h a expectativa de reduo dos juros.

    Alm de emitir e vender seus ttulos para o mercado financeiro nacional, o Tesouro pode emitir ttulos no exterior. So os chamados C-Bonds. Esse ttulos tm um conceito um pouco mais sofisticado pois, na remunerao que ser paga por eles, est embutido o risco de inadimplncia do pas. Quanto maior a taxa que o mercado pede para esses ttulos, maior a estimativa de risco que os agentes internacionais esto projetando.

    Assim como o Governo Federal, os governos estaduais e municipais tambm podem emitir ttulos para financiar suas dvidas, embora essas emisses sejam condicionadas prvia aprovao do Senado Federal. Os ttulos estaduais e municipais tm menos aceitao, pois o risco de inadimplncia maior. O resultado que eles embutem uma remunerao muito alta aos compradores e se tornam uma forma cara de financiamento. Por isso, estados e municpios acabam preferindo contrair emprstimos junto a instituies financeiras ou pedir socorro ao Governo Federal.

    Outra forma que o Governo Federal tem que cobrir dficits emitir mais moeda para pagar suas dvidas. A expanso monetria que resulta deste processo , no entanto, responsvel pelo aumento da inflao.

    Dividend Yield O pagamento de dividendos no Brasil no era um fator relevante pouco tempo atrs. Antes do Plano Real, com inflao elevada, a maior preocupao de quem investia em aes era observar a cotao dos papis. Na maioria dos casos, o pagamento s efetuado em junho ou julho, com uma inflao de, digamos, 20% ao ms, o rendimento, seis meses depois, se desvalorizava 120%. "O investidor perdia dinheiro"

    Mas os tempos mudaram. Os dividendos vm ganhando cada vez mais importncia. O mercado costuma avaliar esse retorno financeiro obervando um ndice chamado de Dividend Yield, que mede o ganho com dividendos proporcionalmente ao de mercado.

    Se uma empresa vai pagar R$ 100 milhes em dividendos e tem 50 milhes de aes em poder do mercado, o dividendo pago por ao ser de R$ 2. Para saber o dividend yield, basta dividir esse valor (R$ 2) pela cotao da ao (suponhamos que seja R$ 20). O dividend Yield, nesse caso, de 10%.

  • Os analistas explicam que o ideal tentar comprar papis que tenham liquidez no mercado e que tambm rendam bons dividendos, ou seja, que faa uma distribuio generosa de seus lucros. Papis de primeira linha, como Ambev e Petrobras, costumam dar um dividend yield baixo, porque a cotao do papel muito alta.

    Alm disso, as empresas que ainda tm grande potencial de crescimento tambm, normalmente, pagam pouco ou no pagam dividendos porque reinvestem seus lucros.

    Dividendos e Juros sobre Capital Prprio Toda companhia aberta, que so aquelas empresas que tm aes na bolsa, possui diversos acionistas. Estes recebem, ao fim de cada exerccio contbil (normalmente, um ano), a sua parte na diviso dos lucros que a empresa teve no perodo, o chamado dividendo.

    importante frisar que eles so distribudos a partir do lucro lquido apresentado pela empresa no perodo. O pagamento de dividendos obrigatrio e proporcional ao nmero de aes que cada acionista possui. Tal benefcio livre de tributao.

    As empresas distribuem os dividendos aps a deduo do Imposto de Renda. Portanto, toma-se como base o lucro lquido para a distribuio.

    Veja a seguir um exemplo de demonstrativo de resultado do exerccio (DRE) de uma empresa hipottica:

    Demonstrao de Resultado do Exerccio Ano: Empresa S.A. 200X Receita Operacional Bruta: R$ 3.000.000,00 Dedues da Receita Bruta (Impostos sobre Vendas): R$ (300.000,00) Receita Operacional Lquida: R$ 2.700.000,00 Custo dos Produtos Vendidos e dos Servios Prestados: R$ (1.350.000,00) Lucro Bruto: R$ 1.350.000,00 Despesas Operacionais: R$ (472.500,00) - Despesas com Vendas: R$ (135.000,00) - Despesas Gerais e Administrativas: R$ (135.000,00) - DESPESAS FINANCEIRAS R$ (202.500,00) - Correo Monetria - Lucro Operacional: R$ 877.500,00 Outras Receitas/ Despesas no Operacionais: R$ 8.775,00 Lucro Antes do Imposto de Renda: R$ 886.275,00 Imposto de Renda: R$ (186.117,75)

  • Lucro Lquido: R$ 700.157,25 DIVIDENDOS R$ 280.062,90 LUCROS RETIDOS R$ 420.094,35

    Juros sobre capital prprio funcionam de outra maneira

    Ao contrrio dos dividendos, a empresa no paga os juros de acordo com o desempenho que obtido no perodo. Os juros sobre capital prprio so distribudos com base nas reservas de lucros da empresa, ou seja, os lucros apresentados nos anos anteriores e que ficaram retidos na empresa.

    Por exemplo, uma empresa que normalmente destina um montante prximo a R$ 300 mil a seus acionistas pode ter um ano ruim e maus resultados. Com lucro lquido inferior, a empresa ter um montante em dinheiro menor a distribuir em forma de dividendos, por exemplo R$ 100 mil. Se tal empresa tem grandes reservas de lucros e um bom caixa, de maneira que no necessite de tais recursos, ela tem a opo de distribuir tambm, os juros sobre o seu capital prprio, e assim garantir uma remunerao melhor a seus acionistas. Ou seja: ao invs de receber apenas os R$ 100 mil relativos a dividendos, eles recebero rendimentos derivados dos juros sobre capital prprio.

    As empresas auferem vantagens no pagamento de juros sobre capital prprio. No demonstrativo de resultado, esse pagamento descontado da empresa sob a forma de despesas financeiras. Quanto maior as despesas da empresa, menor o lucro. Como o Imposto de Renda incide sobre o lucro, ela consegue pagar menos imposto.

    EBITDA

    No reino das siglas financeiras, o EBITDA talvez seja uma das mais populares. EBITDA significa Earnings Before Interests, Taxes, Depretiation and Amortization. Em bom portugus, significa lucro antes de juros, imposto de renda, amortizao e depreciao.

    O EBITDA um nmero muito valorizado pelo mercado na avaliao de uma empresa. Isso porque espelha o desempenho da empresa levando em considerao, somente os ganhos gerados por sua atividade principal.

    O EBITDA no contabiliza os pagamentos de juros de emprstimos, a depreciao de equipamentos e instalaes, o pagamento do imposto de renda e a amortizao do diferido. Ele , portanto, um indicador muito importante, pois mede a produtividade e a eficincia do negcio.

  • O mercado valoriza ainda mais a variao percentual de crescimento ou queda do EBITDA em relao ao perodo anterior do que o valor do EBITDA isoladamente. Este percentual mostra aos investidores se a empresa em questo conseguiu ser mais eficiente ou aumentar sua produtividade.

    Por isso, em informaes sobre companhias abertas, voc vai encontrar com freqncia referncias ao EBITDA. Um bom exemplo a notcia abaixo, sobre a divulgao dos resultados da Companhia Siderrgica Nacional (CSN):

    "O EBITDA da CSN alcanou R$ 1,3 bilho em 2000. O valor recorde ficou 18% acima do registrado em 99. Do total, 2,5% do Ebitda foram destinados ao Programa de Participao nos Lucros e Resultados (PLR) dos empregados da empresa."

    Agora que voc j sabe o que o EBITDA, veja como ele calculado:

    As companhias abertas so obrigadas, por lei, a divulgar trimestralmente o Demonstrativo de Resultado do Exerccio (DRE), que a demonstrao contbil, na qual apresentam o lucro alcanado no perodo.

    Demonstrao de Resultado do Exerccio Ano: Empresa S.A. 200X Receita Operacional Bruta: R$ 12.345,00 Dedues da Receita Bruta (Impostos sobre Vendas): R$ (1.234,00) Receita Operacional Lquida: R$ 11.111,00 Custo dos Produtos Vendidos e dos Servios Prestados: R$ (5.432,00) Lucro Bruto: R$ 5.679,00 Despesas Operacionais: R$ (878,00) - Despesas com Vendas: R$ (233,00) - Despesas Gerais e Administrativas: R$ (321,00) - Despesas Financeiras R$ (324,00) - Correo Monetria - Lucro Operacional: R$ 4.801,00 Outras Receitas/ Despesas no Operacionais: R$ (355,00) Lucro Antes do Imposto de Renda: R$ 4.446,00 Imposto de Renda: R$ (259,25) Lucro Lquido: R$ 4.186,76

    Para calcular o EBITDA, ns teremos que adicionar ao Lucro Operacional, o valor total da depreciao de seus bens (imveis e equipamentos, entre outros) que, normalmente, j est inclusa no custo dos produtos vendidos.

    Alm disso, no devemos subtrair as despesas financeiras e a correo monetria. Assim, podemos chegar diretamente ao EBITDA seguindo o quadro abaixo.

  • Demonstrao de Resultado do Exerccio Ano: Empresa S.A. 200X Receita Operacional Bruta: R$ 12.345,00 Dedues da Receita Bruta (Impostos sobre Vendas): R$ (1.234,00) Receita Operacional Lquida: R$ 11.111,00 Custo dos Produtos Vendidos e dos Servios Prestados: R$ (5.432,00) Lucro Bruto: R$ 5.679,00 Despesas Operacionais: R$ (323,00) - Despesas com Vendas: R$ (233,00) - Despesas Gerais e Administrativas: R$ (321,00) + Depreciao R$ 231,00 EBITDA R$ 5.356,00 Fechamento de capital O fechamento de capital acontece quando uma empresa, que registrada como Sociedade Annima, resolve dividir as aes entre poucos acionistas, ou seja, retir-las da Bolsa de Valores. Isso pode acontecer por diversos motivos. Os mais comuns, so reestruturaes societrias, fuses, aquisies e apenas tentativa de reduzir custos.

    Uma empresa pode fazer fechamento de capital ou fechamento branco de capital. A diferena, segundo o analista, que no primeiro caso anunciada a inteno de retirar as aes da Bolsa. J no segundo caso, h uma oferta de recompra de aes sem que haja anncio oficial de fechamento. Que quem quer realmente fazer fechamento de capital avisa logo, porque se conseguir a adeso de 2/3 dos minoritrios pode, por lei, tirar a empresa da Bolsa de Valores. J quem no anuncia que quer fechar o capital e no consegue adeso total dos acionistas em oferta pblica, s pode fazer nova oferta em dois anos,

    Formas de Interveno do Banco Central no mercado de cmbio

    Crise nos Estados Unidos, iminncia de guerra e novos recordes na cotao do dlar! Isso parece familiar, no ? Mas qual a real relao entre a cotao do dlar e os acontecimentos polticos e econmicos que volta e meia atormentam os mercados no Brasil e no mundo.

    um comportamento natural do ser humano, procurar os investimentos mais conservadores e confiveis sempre que se sente inseguro em relao ao comportamento da economia e, conseqentemente, da Bolsa

  • de Valores. Nesse sentido, os investimentos tendem a migrar para aplicaes que oferecem risco reduzido. Os investidores estrangeiros tiram seus recursos do Brasil, que considerado um mercado de risco elevado, e transferem seus recursos para aplicaes mais seguras, como os ttulos do tesouro americano. A retirada em grande escala desses recursos pressiona a taxa de cmbio, j que, para retirar o dinheiro do pas, o investidor deve primeiramente convert-lo em dlares. Com isso, a demanda por dlares aumenta substancialmente. Ao mesmo tempo, o investidor nacional tenta se proteger contra essas flutuaes e, da mesma forma procura fundos cambiais e compra dlares (hedge). Esse aumento repentino da demanda por dlares no mercado de cmbio traz um desequilbrio, j que a demanda por dlares passa a estar bem maior que a oferta. O novo equilbrio s se d com um aumento de preo nesse mercado, de acordo com as leis de oferta e demanda.

    A caracterstica de um cmbio flutuante permitir estas oscilaes de preos. Em momentos de crise, o pnico costuma influenciar o comportamento dos agentes da economia (indivduos, empresas, entre outros) que, para se protegerem, comeam a comprar dlares. Com o aumento da demanda e sem a devida interveno da autoridade monetria - o Banco Central - esse contnuo crescimento da cotao da moeda americana a eleva a nveis incompatveis com a real capacidade da economia brasileira. Nesse sentido, a interveno do Banco Central perfeitamente justificvel.

    Como o BC intervm no mercado de cmbio

    A maneira mais simples de realizar tal interveno colocar mais dlares no mercado, ou seja, entrar no mercado para vender dlares. Ao colocar mais dlares venda, o Banco Central consegue aumentar a quantidade de moeda norte-americana ofertada e fazer frente ao crescimento da demanda. Assim, oferta e demanda se igualam e a cotao da moeda americana pra de subir. Muitas vezes, a quantidade ofertada chega a ultrapassar a demanda e a cotao recua.

    Ultimamente, a forma mais utilizada pelo Banco Central a emisso de ttulos indexados ao dlar. O investidor prefere a compra de tais ttulos, pois estes representam uma proteo a mais para o investidor, j que este sai ganhando mesmo que a cotao do dlar no suba, atravs do cupom, que tem seu rendimento na forma de juros, atrelado taxa Selic, afirma Carlos Thadeu de Freitas, economista e professor do IBMEC. Com isso, o Banco Central segura um aumento da cotao do dlar, pois parte da demanda que iria comprar dlares, migra para a aplicao em ttulos. Outra forma de intervir no mercado de cmbio atuar no mercado futuro. Contudo, esse mtodo no recomendado pelo FMI e j deu muitos prejuzos ao Banco Central, em 1999, quando houve a desvalorizao do real. Essa forma de interveno no mais usada pelo Banco Central. Por ser um mercado muito alavancado, essa prtica traz grandes prejuzos em caso de efetiva valorizao do dlar.

    Hedge

  • Todo investidor que se preze tem medo do risco que uma operao possa trazer. No importa o tipo ou o volume. O fato que, mesmo que mnimo, h sempre um risco para quem investe. Por isso, importante que o investidor saiba que h formas de se proteger e diminuir a possibilidade de ser pego de surpresa por algum revs da economia. Uma das operaes mais usadas e mais eficientes para proteo de investimento o hedge.

    Numa traduo literal do ingls, hedge quer dizer cerca. Na prtica, uma forma de proteger uma aplicao contra as oscilaes do mercado. O hedge significa menos risco para a posio do investidor, seja ela qual for,Apesar de ser muito usado em operaes cambiais, o hedge tambm muito comum na proteo de preo de commodities. Principalmente as agrcolas, que tm fortes oscilaes de preos, O investidor que faz um hedge admite que est assumindo uma posio de risco e que pode no ganhar tudo aquilo que espera. Mas, pelo menos, ele se protege e no perde tudo. H operaes to arriscadas que o investidor pode at ser obrigado a colocar mais do que investiu

    Os operadores e analistas do mercado, em geral as pessoas mais acostumadas com esse tipo de operao, costumam usar a expresso hedgiar ou fazer um hedge. Isso significa que esto montando estratgias de proteo para diminuir o risco. As operaes de hedge devem constar no regulamento dos fundos de investimentos. Portanto, se o investidor observar qualquer meno a esse tipo de operao, deve saber que o gestor do fundo est fazendo operaes muito arriscadas e que est tomando providncias para reduzir os riscos dessas operaes.

    Em geral, as operaes de hedge so realizadas na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Digamos que uma empresa tenha dvidas em dlar, e queira se prevenir de eventual alta da moeda norte-americana. Ela vai a BM&F e compra um contrato de dlar futuro, garantindo que, em determinada data, poder comprar determinada quantia de dlares a determinada cotao. Se o dlar ultrapassar a cotao fixada, a empresa estar protegida, pois ter direito a comprar a moeda a um preo mais baixo. Operaes como essa na BM&F, no entanto, tm um custo. Por isso, s so feitas por empresas ou bancos. Veja o exemplo de como fazer uma simples operao de hedge: Mas h alguns tipos de hedge que o pequeno investidor pode fazer, sem precisar recorrer a BM&F. Suponhamos que uma famlia v fazer uma viagem ao exterior e debite a maioria de suas despesas em carto de crdito. Como qualquer gasto no exterior calculado em dlar pela administradora, o valor das contas viro indexadas variao da cotao dessa moeda. Para se proteger de qualquer crise cambial, o investidor calcula em mdia quanto gastar em sua viagem e compra o mesmo valor em dlar ou simplesmente aplica o dinheiro num fundo cambial (atrelado ao dlar). Ao retornar da viagem, pode vender os dlares comprados e, com o equivalente em reais, pagar sua fatura. Assim, ele livra-se do risco de uma crise cambial, com desvalorizao da moeda nacional, no nosso caso o Real. Veja agora como o produtor agrcola faz para hedgiar sua safra: Vamos dizer que um produtor de milho esteja planejando sua colheita para daqui a quatro meses. No entanto, ele no sabe a que preo vai estar o produto naquela poca. Para evitar que perca muito, caso haja uma queda brusca de preo, ele compra uma opo de venda. Com isso, garante que vai vender o produto a determinado preo, em determinada data. Essa opo de venda protege o produtor contra as fortes oscilao do preo do produto no mercado. Mas, caso o preo do milho ultrapasse o preo fixado na opo de venda, o produtor no obrigado a exercer a operao. Isso uma forma de hedge.

  • Ibovespa Futuro Fugir dos grandes riscos e obter excelentes ganhos. Esses so os principais objetivos de quem investe em aes. E para diminuir a propenso a esse risco ou para especular os movimentos do mercado acionrio, com o objetivo de obter maiores ganhos, que os investidores usam o Ibovespa Futuro. Este ndice, que negociado atravs de um contrato futuro (como chamada a negociao) tambm influencia o prego da Bovespa, j que reflete a projeo para o mercado vista.

    O Ibovespa Futuro, que negociado na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), foi criado para ser um hedge do investidor, mas, como se trata de algo sofisticado e envolve grandes quantias de dinheiro, deve ser usado com cautela. "O Ibovespa Futuro muito usado por grandes bancos e tesourarias, pois demanda muito dinheiro, o que geralmente no est disponvel para pessoa fsica

    O clculo do ndice feito atravs do valor real do Ibovespa, da data de vencimento do mercado e da projeo de taxa de juros para esta mesma data.

    Veja o exemplo:

    Suponha que o Ibovespa se encontra com 16.200 pontos na tera-feira e a projeo de juros da BM&F para o dia 18 de abril, quarta-feira, que a data do prximo vencimento, de 2%. Deve-se multiplicar os 16.200 pontos por 2%, o que d 16.524. Neste caso, h uma diferena de 324 em relao ao Ibovespa, valor que representa a relao "justa" entre o mercado vista e o futuro.

    "O investidor deve observar com cuidado qualquer alterao nesta relao, pois isso pode indicar alguma nova tendncia do mercado. Tanto alguma mudana no cenrio de juros como no dlar ou nos mercados em geral", No decorrer do tempo, o mercado futuro tende a se aproximar do vista, sendo que no dia do vencimento, ambos estaro no mesmo nvel.

    Caso a previso da taxa seja baixa, a tendncia de que se venda papis vista e se compre futuros. Caso contrrio, com uma taxa alta, adquire-se papis na Bolsa e vende-se na BM&F. Assim, fazendo operaes nos mercados vista e futuro, diminui-se o risco que h por se aplicar em Bolsa e possvel obter maiores ganhos, atravs da especulao.

    OIbovespa Futuro sente primeiro o resultado de notcias. "Se acontece um bombardeio no Iraque, por exemplo, o mercado futuro sente o reflexo primeiro e passa isto, posteriormente, para o mercado vista. Alm disso, o Ibovespa futuro reflete a taxa de juros vigente"

    Ibovespa, IBX, IEE, ITEL e IGC: um erro muito usual resumir a bolsa de valores de So Paulo ao seu ndice principal, ou seja, quantificar o seu desempenho, exclusivamente, pelo resultado do Ibovespa. O que a mdia esquece, e os investidores devem ficar de olho, que existem outras referncias para se observar na hora de decidir investir ou no em determinados papis.

  • Os ndices servem para orientar os investidores atravs de uma carteira, atualizada periodicamente (quadrimestralmente, na maior parte dos casos) e composta pelas aes que tiveram melhor desempenho nos ltimos 12 meses. Para isso, cada ndice segue critrios especficos. Os ndices setoriais, por exemplo, so separados por rea de atuao e servem para orientar o investidor, tanto numa queda abrupta como numa alta elevada na bolsa paulista. Atravs deles, possvel perceber de onde veio o impacto que atingiu o Ibovespa, ou seja, qual foi o setor que puxou o ndice para cima ou para baixo. Os ndices setoriais so: o IEE, que rene empresas de energia eltrica, e o ITEL, que abrange as principais aes do setor de telecomunicaes. Outro ndice da bolsa paulista o IGC (ndice de Governana Corporativa), que inclui empresas com polticas de valorizao dos acionistas minoritrio, ou seja, as do Novo Mercado e as classificadas nos nveis 1 e 2 de governana corporativa da Bovespa. A bolsa caiu 3,5% no quadrimestre, enquanto ITEL caiu 19%, As teles correspondem a cerca de 40% do Ibovespa e, por isso, o setor tem um grande peso nos pssimos resultados do ndice nos ltimos meses. O ndice, que comeou a valer no incio de 2002, tenha vindo em um momento to inoportuno. O Itel pegou a bolsa num momento muito ruim. A Bovespa perdeu muita liquidez nos ltimos cinco anos e isso faz com que muitas novidades, como os ndices setorizados, no tenham espao para serem utilizados. Antes desses volumes cada vez menores, de US$ 300 milhes ao dia, haveria espao para outros ndices, Outro fator que d um peso maior ao Ibovespa do que ele deveria ter a fora da mdia, que pouco divulga os outros ndices e acaba generalizando uma sensao, de baixa ou de alta, em funo de uma nica referncia. O Ibovespa ainda vai ser o benchmark por muito tempo. Ibovespa, IBX, IEE, ITEL e IGC: conhea os principais ndices da Bovespa Indice Beta

    Para que voc conclua uma anlise de determinada empresa preciso ter em mos