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Ale Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo 21.mar.2014 Policiamento é reforçado após o comandante da UPP de Manguinhos, Gabriel Toledo, ser baleado e a sede da unidade incendiada na noite de quintafeira (20), no Rio de Janeiro Nas décadas de 1980 e 1990 o Rio de Janeiro ficou conhecido pela violência extrema e pelos grupos armados de traficantes que dominavam as favelas cariocas na chamada “guerra do tráfico”. A expressão “cidade partida”, cunhada pelo escritor Zuenir Ventura, simbolizava o muro imaginário das desigualdades sociais que dividia o morador do asfalto e do morro em duas realidades distintas. Segurança pública: Em seis anos de implantação, UPPs ainda enfrentam desafios nas comunidades do Rio COMENTE Carolina Cunha Da Novelo Comunicação 17/05/2014 14h41 0 26 Imprimir Comunicar erro Ouvir texto

Segurança Pública - Em Seis Anos de Implantação, UPPs Ainda Enfrentam Desafios Nas Comunidades Do Rio

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Ale Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo

21.mar.2014 ­ Policiamento é reforçado após o comandante da UPP de Manguinhos,Gabriel Toledo, ser baleado e a sede da unidade incendiada na noite de quinta­feira (20),no Rio de Janeiro

Nas décadas de 1980 e 1990 o Rio de Janeiro ficou conhecido pela violência extrema e pelos gruposarmados de traficantes que dominavam as favelas cariocas na chamada “guerra do tráfico”. Aexpressão “cidade partida”, cunhada pelo escritor Zuenir Ventura, simbolizava o muro imaginário dasdesigualdades sociais que dividia o morador do asfalto e do morro em duas realidades distintas.  

Segurança pública: Em seis anos deimplantação, UPPs ainda enfrentamdesafios nas comunidades do Rio

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Carolina CunhaDa Novelo Comunicação 17/05/2014 14h41

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Marcado pela baixa qualidade de vida e pelo abandono do poder público, a favela se tornouverdadeira fortaleza de quadrilhas organizadas que exerciam a autoridade nesses locais. Já osbairros de classe média e alta, com boa infraestrutura de serviços públicos, acabaram acuados portiroteios e pela guerra das facções. 

Direto ao ponto: Ficha­resumo

Para reduzir a violência, em 2007, o Governo do Rio de Janeiro iniciou uma nova política desegurança pública, representada pela implantação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras) emcomunidades controladas pelo tráfico de drogas. O projeto inédito foi inspirado numa experiênciaparecida realizada nas cidades de Bogotá e Medelín, na Colômbia.

Na época, pesou também o fato da cidade do Rio de Janeiro ter sido escolhida para sediarmegaeventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que colocam em evidênciaa capacidade do governo de controlar o território.  

As UPPs têm como objetivo principal a retomada de regiões antes dominadas pelo tráfico e devolverà população a paz e a tranquilidade pública. Cada UPP tem sua própria sede, que pode contar comuma ou mais bases de ocupação permanente.

A primeira unidade pacificada foi o Morro Santa Marta, na Zona Sul, em 2008. Desde então, até maiode 2014 foram implantadas 37 UPPs, envolvendo mais de 8.000 policiais militares e impactando 1,5

Atualidades: confira prós e contras das UPPs 10 fotos

Implantada em 2008, na favela Santa Marta (foto), no Rio de Janeiro, com o objetivo dereduzir a violência em comunidades onde os índices de criminalidade eram altos, a UPP(Unidade de Polícia Pacificadora) ainda divide opiniões sobre sua eficácia como políticade segurança pública. Ao longo desses seis anos de implementação, especialistas eórgãos vem avaliando a atuação das unidades. Veja o que são considerados pontospositivos e os desafios que ainda precisam ser contornados  Tomaz Silva/AgBrasil

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milhão de pessoas. Este ano, o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, disseque o governo pretende instalar mais 32 UPPs no Estado até 2018.

A instalação de uma UPP é precedida por uma ação militar que visa retomar o terreno controlado porcriminosos. A ação geralmente é feita pelas tropas do Exército e do Batalhão de Operações Especiais(Bope). Depois de ocupada militarmente, a região recebe uma unidade de polícia permanente, queconta com um efetivo policial próprio e patrulhamentos diários. 

A terceira etapa consistiria em estabelecer um diálogo entre a sociedade civil e as forças desegurança e a instalação de serviços públicos e projetos de desenvolvimento social, a chamada UPPSocial, que ampliaria o acesso à cidadania e promoveria melhorias na qualidade vida dos moradores. 

Para especialistas, este é um ponto que precisa ser melhor pensado. Algumas obras já se tornaramsímbolos do período pós­UPP, como o teleférico e o cinema do Complexo do Alemão. Em algumascomunidades, a pacificação trouxe turistas que são atraídos pela “experiência” de se hospedar emuma favela, como nas favelas da Rocinha e do Vidigal, que agora recebem um número expressivo deturistas. 

Segundo dados da Prefeitura do Rio, desde 2009, já foram investidos cerca de R$ 1,5 bilhão nasáreas pacificadas. Entre as ações, estão o levantamento de dados socioeconômicos e a implantaçãode serviços públicos como a coleta do lixo, o programa Saúde da Família (PSF), que atinge 75% dosmoradores de áreas das UPPs e Espaços de Desenvolvimento Infantis (EDI), escolas voltadas para aeducação básica. 

O programa UPP Social também prevê a urbanização das favelas (com obras como asfalto,contenção de encostas entre outras) e a integração dessas áreas ao conjunto da cidade. Pelo perfilde muitas favelas, que carecem com a falta de saneamento básico, transporte, moradia, entre outrasdemandas, ainda é preciso muito mais para os resultados positivos chegarem. 

Os prós e contrasA presença do poder público nas favelas se reflete no direito de ir e vir pela cidade (antes, muitosmoradores não conseguiam deixar o morro), na existência de novos estabelecimentos comerciais eserviços voltados para moradores, a proibição de ligações clandestinas de luz e TV e a chegada daenergia elétrica fornecida por empresas, a promoção da formalização de negócios e o incentivo amicroempreendedores. 

A ideia inicial da UPP era criar uma unidade de polícia próxima, baseada no policiamento comunitário,que busca uma parceria entre a população e as forças de segurança. Entretanto, críticos observamuma ocupação militar ostensiva marcada pelo controle da população e a limitação de direitos queresguardem a cidadania e criam o chamado “estado de exceção”, no qual os direitos garantidos pelaConstituição são suspensos por motivos emergenciais. No caso das UPPs, a atuação policial muitasvezes ignora esses direitos.

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Entre as denúncias feitas por moradores, estão a busca e apreensão no interior das residências semmandado judicial, a imposição de toque de recolher, a necessidade de autorização dos policiais paraa realização de eventos em área pública, a proibição de bailes funks, as revistas vexatórias depessoas sem indicação de delito, entre outros. 

O mais grave são as denúncias de abusos da PM, a tortura e o desaparecimento de pessoas. Casosde crimes que aconteceram recentemente, como de Cláudia Silva Ferreira, que teve o corpoarrastado por um carro da PM no Morro da Congonha, o pedreiro Amarildo de Souza, morador daRocinha, que desapareceu depois de ser levado por policiais para a sede da UPP no morro, e dodançarino Douglas Rafael da Silva (DG), encontrado morto no Morro do Pavão­Pavãozinho emcondições não esclarecidas são crimes que alertam sobre a conduta da polícia. 

No caso do assassinato de DG, o fato causou uma revolta entre os moradores da comunidade doPavão­Pavãozinho, que realizaram em abril deste ano passeatas exigindo a saída da UPP, comdenúncias sobre a truculência da polícia e a existência de milícias paramilitares nas favelas. 

Para interagir com a população e reforçar a polícia comunitária, este ano a Coordenadoria de PolíciaPacificadora começa a testar o serviço Paz com Voz, ouvidoria móvel que vai receber denúncias ereclamações dos moradores e percorrerá as 37 comunidades ocupadas. 

As UPPs já mostram resultados positivos na redução da violência como a queda do índice dehomicídios nas comunidades pacificadas. Segundo dados de 2012 do Instituto de Segurança Pública(ISP), as primeiras 18 comunidades com UPPs do Rio tinham registrado média de 8,7 homicídios por100 mil habitantes, menos da metade da taxa média do país, de 24,3. 

Apesar disso, o estudo do Instituto demonstrou que a violência cresceu no Estado do Rio. O númerode homicídios aumentou 23,6% em março deste ano em comparação com o mesmo mês de 2013.Especialistas avaliam que o avanço das UPPs teria deslocado a atuação de bandidos para áreasonde não há policiamento suficiente. 

DIRETO AO PONTO

Para combater a criminalidade, em 2008 a cidade do Rio de Janeiro implementou uma nova política desegurança pública, representada pela implantação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) emfavelas comunidades controladas pelo tráfico de drogas.  A primeira unidade pacificada foi o Morro Santa Marta, na Zona Sul. Desde então, até maio de 2014 foramimplantadas 37 UPPs, envolvendo mais de 8.000 policiais militares e impactando 1,5 milhão de pessoas.  A ideia inicial da UPP era criar uma unidade de polícia próxima, baseada no policiamento comunitário, quebusca uma parceria entre a população e as forças de segurança. Entretanto, críticos observam umaocupação militar ostensiva marcada pelo controle da população e a limitação de direitos que resguardem acidadania e criam o chamado “estado de exceção”.   Entre as denúncias feitas por moradores, estão a busca e apreensão no interior das residências semmandado judicial, a imposição de toque de recolher, a necessidade de autorização dos policiais para arealização de eventos, a proibição de bailes funks, as revistas vexatórias de pessoas sem indicação dedelito, entre outros.

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 Por outro lado, dados de 2012 do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que as UPPs promoverama redução da violência como a queda do índice de homicídios nas comunidades pacificadas. 

Carolina Cunha