Semeador - História Da Igreja

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    ITERI

    2005

    SEME DOR

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    Seminrio Evanglico para o

    Aperfeioamento de Discpulos

    e Obreiros do Reino - SEMEADOR

    Superviso Editorial:Pr. Luiz Cludio Flrido

    Projeto Grfico

    Edio e Impresso:

    Mdia Express Comunicao

    Todos os direitos reservados

    Comunidade Crist

    Jesus para o Mundo

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    Este livro foi escrito pela equipe de redatores do SeminrioEvanglico Para o Aperfeioamento de Discpulos e Obreirosdo Reino - SEMEADOR com base em fundamentosrecolhidos de vrias fontes: autores cristos

    reconhecidamente inspirados por Deus, estudos aceitos e adotados poroutros seminrios evanglicos de prestgio e, acima de tudo, a visoespecfica que o Esprito Santo tem atribudo ao ministrio daComunidade Crist Jesus Para o Mundo.

    Por se tratar de contedo bblico, o assunto aqui tratado no seesgota, em nosso entendimento, nas pginas deste ou de qualqueroutro livro. Cremos no poder revelador da Palavra de Deus, que nosoferece novas indues a cada releitura. Por isso, o objetivo maior doSEMEADOR no se limita ao estudo teolgico, mas sim em trazer apresena de Deus e a Palavra Rhema na vida de discpulos e obreirosque queiram um verdadeiro compromisso com o Seu Reino.

    A Bblia e a presena de Deus so, portanto, requisitos indispensveispara os alunos do SEMEADOR, tanto no estudo deste livro como

    durante as aulas.No to mandei eu? Esfora-te, e tem bom nimo; no te atemorizes,nem te espantes; porque o Senhor teu Deus est contigo, por ondequer que andares. Josu 1:9

    Equipe de Redao

    Apresentao

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    ndice

    Captulo 1

    Incio do Cristianismo

    7

    A Igreja Primitiva no perodo de 30 a 60 d..C.

    Captulo 2

    O Cristianismo de 60 a 1500 d.C.

    25

    As perseguies, heresias, supremacia catlicae a Idade das Trevas

    Captulo 3

    A Reforma e a Contra-Reforma

    59

    A extenso da Reforma de 1500 a 1648 d.C.

    Captulo 4

    A Igreja Protestante na Europa,

    83

    EUA e Brasil

    A evoluo das igrejas protestantes aps 1648

    Bibliografia 103

    Resposta dos Exerccios

    104

    Programa Curricular

    105

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    Histria da Igreja

    O Incio do Cristianismo

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    Histria da Igreja a histria da sua misso. A igrejanasce, no quando o Senhor chama os pecadores, mas simquando o Senhor os chama os pecadores, mas sim quandoo Senhor os chama para torn-los pescadores de homens.

    A Histria da Igreja tem sido sempre, desde a era apostlica, at o presen-te, a histria da graa divina em meio aos erros dos homens. Esta histriaconfirma Cristo como a inabalvel pedra e insubstituvel fundamento dogrande edifcio espiritual, Sua Igreja Universal, formada por todos os san-tos, at a consumao dos sculos. No podemos porm dissociar tal hist-

    ria dos acontecimentos polticos, econmicos e sociais que acompanham ahistria da humanidade, bem como do impacto da Igreja como entidade, nasociedade mundial.

    A histria da igreja, portanto, o relato da origem, do progresso edo impacto do cristianismo sobre a sociedade humana, baseada em dadosorganizados; e pelo mtodo cientfico, a partir de fontes arqueolgicas, do-cumentais ou vivas. Ela a histria da redeno do homem e da Terra. Pa-

    ra sua melhor compreenso e assimilao, dividiremos este estudo em per-odos que vo desde a fundao da Igreja Primitiva at a chegada e estabe-lecimento da Igreja Reformada no Brasil.

    O ambiente em que nasceu a Igreja 30 d.C.)

    Em Gtatas 4:4 Paulo chama a ateno para a histria da preparaoque antecedeu a vinda de Cristo: Vindo a plenitude dos tempos, Deus en-

    A Igreja Primitiva

    Perodo de 30 a 60 d.C.

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    viou seu filho...; e Marcos 1:15, afirma: O tempo est cumprido, e oReino de Deus est prximo.... O estudo dos eventos que antecederam oaparecimento de Jesus sobre esta terra, faz com que reconheamos a ver-dade das afirmaes de Paulo e Marcos. Com o nascimento do Messias

    um novo tempo para os povos comea a se configurar, mas somente apsa Sua morte e ressurreio que uma nova histria comea a ser contada,

    inclusive e especialmente com o nascimento da Igreja, o Corpo de Cristo,a Noiva do Cordeiro que ainda est sendo escrita at os dias de hoje.Neste contexto importante ressaltar as contribuies dos judeus,

    gregos e romanos que de alguma forma, negativa ou positiva, contribu-ram para o impacto da chegada do Messias e para o avano do cristianismo.

    As contribuies para o avano do cristianismo

    A) A contribuio poltica dos Romanos:Este povo seguidor da idolatria, dos cultos de mistrios e do culto

    ao imperador, foi usado por Deus para cumprir sua vontade, e contribuirpara o cristianismo.

    1) Os romanos, como nenhum povo anterior a ele, desenvolveramum sentido da unidade da espcie humana sob uma lei universal. Nenhumoutro imprio tinha conseguido uma unidade poltica anteriormente. A leiromana, com sua nfase sobre a dignidade do indivduo, o direito a cida-

    dania e justia; alm de sua tendncia de agrupar homens de raas dife-rentes numa s organizao poltica, antecipou um evangelho que procla-mava a unidade de raas ao anunciar a pena do pecado e um nico salvador.

    2) A unificao de terras e a expanso deste imprio sobre provn-cias e povos independentes ajudou a propagao do evangelho nos pasesao redor do Mediterrneo, bem como na sia, frica e Europa. A segu-rana de translado agora se estabelecia pela ruptura de fronteiras, estabe-

    lecida pela ocupao romana, dando fim a muitas guerras.3) Os romanos criaram um timo sistema virio que ia do marcoureo, no frum em Roma, a todas as regies do imprio. As estradasprincipais eram de concreto e duraram sculos. Algumas delas existemat hoje. Paulo indica ter-se beneficiado dessas estradas, para atingir oscentros estratgicos do Imprio Romano.

    4) O exrcito romano foi de marcante presena no desenvolvimen-

    to de uma organizao universal, bem como na propagao do evangelho.

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    Em muitos casos, soldados se converteram, e levaram o cristianismo paraoutras regies. provvel que o cristianismo tenha chegado Bretanha a-travs de esforos de soldados cristos.

    5) As conquistas romanas levaram muitos povos a falta de f emseus deuses pagos, desta forma, portas foram abertas para que o evange-lho fosse pregado, devido a carncia destes povos.

    A considerao destes fatores nos permite concluir que o Imprio Ro-mano criou um ambiente poltico favorvel para a propagao do cristianis-mo nos primrdios de sua existncia.

    B) A contribuio intelectual dos gregos.Roma pode ser identificada como o ambiente poltico do cristianis-

    mo, em contrapartida, Atenas ajudou a criar um ambiente intelectual prop-cio para a pregao do evangelho. Roma conquistou a Grcia militarmente,

    porm os gregos conquistaram os romanos culturalmente.1)O evangelho universal precisava de uma lngua universal para

    exercer um impacto real sobre o mundo da poca. Alexandre O Grandeanteriormente aos romanos j havia espalhado a lngua Ateniense pelomundo antigo, o qual passou a ser chamado de helenstico. Aps a ascen-so de Roma, este dialeto continuou a ser usado amplamente.

    2) A filosofia grega chama a ateno para um mundo que transcen-

    dia o temporal e o visvel. Tanto Scrates, como Plato, ensinaram cincosculos antes de Cristo, que este presente mundo temporal dos sentidos, apenas uma sombra do mundo real em que os ideais supremos so ao mes-mo tempo abstraes intelectuais. Insistiam que a realidade no era tempo-ral e material, mas espiritual e eterna. Porm ela apenas evidenciou que omelhor que o homem pode fazer, buscar a Deus atravs do intelecto.

    A origem e significado do mundo, a existncia de Deus e do homem,

    o bem e o mal, enfim, tudo que tinha relao com filosofia tinha um espe-cial fascnio para os gregos, e associado a isso o cristianismo respondia su-as questes no relacionamento com um Deus pessoal. Era um povo educa-do para as descobertas, e de braos abertos para receber coisas novas,pois tinham compreendido finalmente a insuficincia da razo humana e dopolitesmo.

    O cristianismo ofereceu com sua oferta de um relacionamento pesso-

    al, aquilo para o que a cultura grega , em funo de sua prpria inadequa-

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    o, tinha produzido muitos coraes famintos, no apenas de nacionali-dade grega, mas por todo o mundo helenstico.

    C) A contribuio religiosa dos judeusOs judeus constituem um povo peculiar. Deus escolheu para ser seu

    povo santo, separado e exemplar. Seriam eles os transmissores da revela-o divina a respeito da pessoa de Deus e de sua soberana vontade. Apo-derando-se dos ensinamentos de Jeov, a medida que iam recebendo novarevelao progressiva, preservavam-se em sua pureza e intensidade demodo que, cumprindo-se a plenitude dos tempos, esse povo se consti-tuiu de beno singular a todos os outros. Desta pequena nao cativa,situada no caminho da sia, frica e Europa, veio o Salvador. O Judas-mo tornou-se o bero do cristianismo, e, ao mesmo tempo, forneceu oabrigo inicial da nova religio.

    1)MonotesmoAo contrrio da maioria das religies pags, o judasmo fundamen-

    ta-se num slido monotesmo espiritual. Nunca, depois da sua volta docativeiro babilnico, os judeus caram em idolatria. Os deuses pagoseram apenas dolos que os profetas judeus condenavam em termos muitoclaros. Sua doutrina foi espalhada por numerosas sinagogas localizadasem volta da rea mediterrnea durante os trs ltimos sculos anteriores a

    vinda de Cristo.2) Esperana MessinicaOs judeus ofereceram ao mundo a esperana de um Messias que

    estabelecia a justia na terra. A esperana de um Messias tinha sido popu-larizada no mundo romano a partir da firme proclamao dos judeus.Certamente os homens instrudos que viveram em Jerusalm na pocaimediatamente anterior ao nascimento de Cristo tiveram contato com esta

    esperana.3) Sistema ticoNa parte moral da lei judaica, o judasmo tambm ofereceu ao mun-

    do o mais puro sistema tico de ento. O elevado padro proposto nosDez Mandamentos se colocava com os sistemas ticos prevalecentes ecom as prticas por demais corruptos dos sistemas morais pelos quais sepautavam. Para os judeus no era um mero fracasso externo, mecnico e

    contratual dos gregos e romanos, mas sim uma violao da vontade de

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    Deus, violao esta que se expressava de um corao impuro e se externa-va em atos pecaminosos. Esta perspectiva moral e espiritual favoreceu umadoutrina de pecado e redeno que resolvesse o problema do pecado. Asalvao vinha de Deus e no seria encontrada em sistemas racionalistas detica, ou nas subjetivas religies de mistrios.

    4) O Antigo TestamentoMesmo um estudo superficial do Novo Testamento revela a profunda

    dvida de Cristo e dos apstolos para com o Antigo Testamento, e sua refe-rncia por ele como a Palavra de Deus para o homem. Muitos gentios tam-bm leram e se familiarizaram com os fundamentos da f judaica. Este fato indicado pelos relatos de vrios judeus proslitos. Muitas religies, comoo Islamismo, por exemplo, confiam em seus fundadores por causa de seulivro sagrado, mas o prprio Cristo no deixou livros sagrados para a igre-

    ja. Os livros do Antigo e do Novo Testamento, foram produzidos por ho-

    mens, sob a inspirao do Esprito Santo, e so a literatura viva da igreja.5) Filosofia da histriaEles se opuseram a toda e qualquer viso que deixasse a histria sem

    significado, com uma srie de crculos ou como um processo de evoluolinear. Eles sustentavam uma viso linear e cataclsmica da histria, naqual Deus soberano, que criou a histria, iria triunfar sobre a falha do ho-mem para trazer uma era duradoura.

    6) A sinagogaNascida da necessidade decorrente da ausncia dos judeus no templo

    de Jerusalm durante o cativeiro babilnico, a sinagoga, se tornou parte in-tegrante da vida judaica. Atravs dela, os judeus e tambm muitos gentiosse familiarizaram com uma forma superior de viver. Foi tambm o lugarem que Paulo primeiro pregou em todas as cidades por onde passou no iti-nerrio de suas viagens missionrias. Foi ela a causa de pregao do cristi-

    anismo primitivo.

    O fundador da igreja

    O cristianismo foi favorecido pela regio e pelo tempo em que sur-giu. Originou-se no mundo Mediterrneo - o maior e mais importante cen-tro de civilizao de ento. Herdeiro que era da longa histria judaica etendo seu incio nos anos de maior vigor do Imprio Romano, o Cristianis-

    mo gozava de todos os benefcios que o imprio oferecia aos seus cida-

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    dos. O grande fundador da Igreja Primitiva foi Jesus Cristo, o Filho deDeus, enviado para a redeno do homem.

    O ministrio de Jesus:

    Foi favorecido pelo breve ministrio de seu precursor, Joo Batista.Sua primeira apario pblica no comeo do seu ministrio esta ligada aseu batismo por Joo. Jesus desenvolveu o ministrio em centros judai-cos, e sua estratgia era manter-se de acordo com sua afirmativa de quefoi enviado as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 15:24) . Depois datentao no deserto Ele escolheu alguns dos discpulos que continuaramsua obra sob a liderana do Esprito Santo, aps sua ressurreio e ascen-so. Rejeitado em Nazar, Jesus fez de Cafarnaum o centro de seu minis-trio Galileu.

    A misso de Jesus:

    A fase ativa do ministrio de Cristo que durou pouco mais de trs

    anos, foi mais uma preparao para a fase passiva da sua obra; seu sofri-mento na cruz e sua morte foram os grandes eventos preditos pelos profe-tas (Isaas 53). Foi para este propsito temporal e eterno que Ele veio aomundo. Os Evangelhos destacam este fato que chega ao clmax em refe-rncias como Mateus 16:21, Marcos 8:31 e Lucas 9:44.

    A mensagem de Jesus:

    Embora a cruz fosse sua misso primeira na terra, ela no foi a

    mensagem principal e nem foi considerado um fim em si mesmo. Um es-tudo dos evangelhos revela que o Reino de Deus era a mensagem princi-pal do ensino de Cristo.

    Os milagres de Jesus:

    Foram numerosos e constituem parte integrante do seu ministrio.Eles revelam a glria de Deus e mostram que Cristo era o Filho de Deus(Jo 3:2), a fim de que a f pudesse se seguir. Estes milagres so chama-

    dos de poder, obras, maravilhas e sinais. A possibilidade e a probabilida-de dos milagres so demonstradas pela existncia de registros histricosque do conta destes milagres como fatos histricos.

    Os resultados de Sua influncia:A vida e trabalho de Jesus, no devem ser apreciados somente pelo

    nmero dos que o seguiram, devem ser apreciados principalmente pelainfluncia que seus atos exerceram sobre as geraes futuras. A persona-

    lidade, a obra e os ensinos dEle e, sobretudo, sua morte e ressurreio

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    marcam o comeo do Cristianismo.

    A expanso da igreja

    Com pequenas excees, Jesus limitou seu ministrio terrestre aosjudeus da Palestina. Grande parte das ltimos meses de sua vida foi dedi-cada ao preparo de um pequeno grupo de homens que haveria de confirmar

    a obra por Ele comeada, e que depois de fortalecidos pelo Esprito Santo,tinham a tarefa de testemunhar dEle em Jerusalm, como em toda a Judi-a e Samaria e at os confins da terra (At 1:8).

    A fundao da Igreja em Jerusalm

    O Esprito Santo teve um papel de proeminncia na fundao da Igre-ja Crist. Ele se tornou o Agente da Trindade na mediao da obra de re-deno dos homens. Judeus de todas as partes do mundo Mediterrneo es-tavam presentes em Jerusalm para ver a festa de Pentecostes. A manifes-tao sobrenatural que ocorreu no falar em lnguas foi a testificao doderramamento do Esprito Santo sobre os seguidores de Jesus.

    O que se seguiu com a pregao feita por Pedro foi a aquisio detrs mil almas mediante a aceitao da Palavra de Deus e do Evangelho deJesus Cristo, marcando o incio da igreja como organismo espiritual, igrejavisvel - o Corpo de Cristo (At 2:41). O crescimento foi rpido. Outros

    eram acrescidos diariamente ao nmero dos trs mil at chegarem a cincomil (At 4:4). H meno de multides se integrando a igreja (At 5:14). interessante que muitos eram judeus helenistas (At 6:1) da disperso e queestavam em Jerusalm para celebrar as grandes festas relacionadas com aPscoa e o Pentecoste. Nem mesmo os sacerdotes ficaram imunes ao con-tgio da nova f. Muitos Sacerdotes (At 6:7) so mencionados como es-tando entre os membros da igreja primitiva em Jerusalm. Talvez alguns

    deles tivessem visto a abertura do grande vu do templo, logo depois damorte de Cristo, e isto, junto com a pregao dos apstolos, levou-os a secomprometem com Cristo.

    Este crescimento rpido no se fez sem oposio. A perseguio veioprimeiro de um organismo poltico-eclesistico, o Sindrio, que, com per-misso romana, supervisionava a vida civil e religiosa do estado. Pedro eJoo tiveram que comparecer perante este egrgio rgo duas vezes e fo-

    ram proibidos de pregar o Evangelho, mas eles se recusaram a cumprir a

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    ordem. Mais tarde a perseguio tomou cunho mais poltico. Esta perse-guio deu ao cristianismo seu primeiro mrtir, Estevo. Ele foi um dosmais destacados, dos sete homens escolhidos, para administrar os fundosde caridade na igreja de Jerusalm.

    A igreja judaica em Jerusalm, cuja histria foi descrita, logo per-deu seu lugar de lder do cristianismo para outras igrejas. A deciso to-mada no Conclio em Jerusalm, de que os gentios no eram obrigados aobedecer a Lei, abriu o caminho para a emancipao espiritual das igrejasgentlicas do controle judaico. Durante o cerco de Jerusalm no ano 70,por Tito, os membros da igreja foram forados a fugir para Pela, do ou-tro lado do Jordo. Depois da destruio do templo e da fuga da igreja

    judaica, Jerusalm deixou de ser vista como o centro do cristianismo; aliderana espiritual da igreja Crist se centralizou, ento, em outras cida-des, especialmente em Antioquia. Isto evitou o perigo de que o cristianis-

    mo jamais se libertasse dos quadros do judasmo.

    A Igreja na Palestina

    A visita de Filipe a Samaria (At 8:5-25) levou o Evangelho a umpovo que no era de sangue judeu puro. Os samaritanos eram os descen-dentes daquelas dez tribos que no foram levadas para a Assria depois daqueda da Samaria e dos colonos que os assrios trouxeram de outras par-

    tes do seu imprio em 721 a.C. Os judeus e os samaritanos fizeram-seinimigos ferrenhos desde ento. Pedro e Joo foram chamados a Samariapara ajudar Filipe, pois o trabalho crescera to rapidamente que ele esta-va sem condies de atender a todas as necessidades. Este reavivamentofoi a primeira brecha na barreira racial divulgao do Evangelho. Filipefoi compelido pelo Esprito Santo, aps completar seu trabalho em Sama-ria, a pregar o Evangelho a um eunuco etope, alto oficial do governo da

    Etipia.Embora aqueles que tinham sido obrigados a sair de Jerusalm pre-gassem somente aos judeus (At 11:19), no demorou para que surgisse

    uma grande igreja gentia que brotou em Antioquia. A o termo cristo,inicialmente empregado com sentido pejorativo por mordazes antioquien-ses, tornou-se a designao de honra dos seguidores de Cristo. Foi emAntioquia que Paulo comeou seu ministrio pblico ativo entre os genti-os e foi da que ele partiu para suas viagens missionrias cujo objetivo fi-

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    nal era chegar a Roma. A igreja em Antioquia era to grande que foi capazde socorrer as igrejas judaicas quando elas passaram fome. Ela foi o prin-cipal centro do cristianismo no perodo de 44 a 68 d.C. A tarefa de levar oEvangelho aos gentios nos confins estava apenas comeando. Comeadapor Paulo, esta tarefa continua ainda hoje como misso inacabada da igrejade Cristo.

    O Evangelho chega aos Gregos

    Paulo, capacitado pela revelao de Deus, foi que teve a viso dasnecessidades do mundo gentio, dedicando sua vida a pregao do Evange-lho a este mundo. Como nenhum outro na igreja primitiva, Paulo entendeuo carter universal do cristianismo e entregou-se a pregao aos confins doImprio Romano (Rm 11:13; 15:16). Poder-se-ia at dizer que ele tinha emsua mente o slogan O Imprio Romano para Cristo pelo tanto que ele fez

    no ocidente com a mensagem da Cruz (Rm 15:15, 16, 18-28; At 9:15;22:21). Embora no poupasse esforos na consecuo deste ministrio, eleno negligenciou seu prprio povo, os judeus. Isto se evidencia por suaprocura das sinagogas judaicas logo que chegava a uma cidade e pela pro-clamao do Evangelho a todos os proslitos judeus e gentios que pudes-sem ouvi-lo.

    O servio missionrio de Paulo

    No poderamos deixar de descrever em detalhes os servios presta-dos por Paulo na expanso do Cristianismo neste perodo.

    O ambiente de Paulo

    O judasmo foi seu ambiente religioso anterior a sua converso; Tar-so foi sua grande universidade e sua atmosfera intelectual, o palco dos pri-meiros anos de sua vida; e o Imprio Romano foi o espao poltico em queviveu e agiu. Este ambiente poltico no parecia ser to favorvel a algumpara a proclamao do Evangelho. A situao social e moral era mais as-sustadora do que poltica. A pilhagem do Imprio criou uma classe alta ricade novos aristocratas que tinham escravos e dinheiro para satisfazer seusmuitos desejos legtimos e ilegtimos. Esta classe desdenhava de certo mo-do a nova religio e viam seu apelo as classes pobres como uma ameaa a

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    sua posio elevada na sociedade. Mesmo assim, alguns desta classe seconverteram com a pregao do Evangelho feita por Paulo na priso emRoma (Fp 1:13).

    Paulo enfrentou tambm a rivalidade de outros sistemas de religio.Os romanos eram de certo modo eclticos em sua vida religiosa e se dis-punham a tolerar toda religio, desde que esta no proibisse seus segui-dores de participar do culto do Estado, que misturava o culto ao impera-dor com o velho culto do estado republicano e exigia a obedincia de to-dos os povos do Imprio exceto aos judeus, que por lei eram isentos des-tes rituais. Aos cristos no se concedeu tal privilgio e eles tiveram queenfrentar o problema da oposio do Estado. A converso de Paulo foitambm um evento histrico objetivo. Ele falou dela (I Co. 9:1;15:8; Gl1:11-18), como foi seu encontro com Jesus na estrada para Damasco (At9:22,26). Esta experincia foi vital para seu trabalho missionrio, seu en-

    sino, escritos e teologia.

    A obra de Paulo

    A ndole de Paulo era to mltipla que preciso considerar a suaobra sob diferentes aspectos:

    - O propagador do Evangelho: Uma consulta aos mapas de suas vi-agens indica o avano do Evangelho atravs de sua pregao ao longo do

    semicrculo que vai de Antioquia a Roma. Paulo adotou como principiobsico a expanso do Evangelho para o Ocidente e encantador o fato deter alcanado seu objetivo, Roma, embora, fosse, ento, prisioneiro dogoverno romano.

    Ele iniciava seu trabalho nos centros romanos estratgicos indo pri-meiro as sinagogas, onde pregava sua mensagem enquanto fosse bem re-cebido. Quando surgia a oposio, ele partia para a proclamao direta

    do Evangelho aos gentios em qualquer lugar que julgasse adequado. Seuprincpio era pregar aos gentios depois de ter pregado aos judeus. Depoisde fundar uma igreja, Paulo a organizava com presbteros e diconos afim de que o trabalho continuasse aps sua partida.

    Estes princpios seguidos pelo apstolo serviram-lhe no desenvol-vimento das igrejas como centros organizados para continuao da pre-gao do Evangelho. Ele no as deixou sem ajuda constante, pois usavarevisitar as igrejas que fundava, a fim de encoraj-las e fortalec-las (At

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    15:36). No de admirar o rpido crescimento do cristianismo sob esta li-derana sadia e inspirada.

    - As publicaes de Paulo: Paulo adotava a prtica de se manter emcontato com a situao local em cada igreja atravs de visitadores (I Co1:11). Quando a situao local parecia exigir ele escrevia cartas sob a ins-pirao do Esprito Santo para tratar dos problemas particulares. Deve-se,ainda, atentar para o fato de que todas as cartas surgiram de uma crise his-trica definida em alguma das amadas igrejas de Paulo. As epstolas soainda hoje de grande valor para qualquer igreja na soluo de seus proble-mas. Paulo sempre equilibrou formulas teolgicas com aplicao prtica.

    - Os princpios da teologia de Paulo: A educao de Paulo no lar, nasinagoga e com Gamaliel; sua observao da natureza (Rm 1:19-20); suaexperincia de converso; sua mente criativa, e, acima de tudo, a revelaodivina, foram importantes no desenvolvimento de sua teologia. O sistema

    tico de Paulo desenvolve-se a partir da unio pessoal do crente com Cristopela f. Esta relao vertical deve ser completada com uma relao hori-zontal na qual o crente se une aos irmos pelo amor cristo expresso numavida moral (I Jo 3:23: Ef 1:15). Nem o legalismo do judasmo, nem o ra-cionalismo do estoicismo, mas o amor cristo deve ser a fonte da condutacrist. Esta vida de amor envolve separao da corrupo pessoal que vemda adorao de dolos, da impureza sexual ou da embriaguez os grandes

    pecados do paganismo.- Paulo como polemista: Paulo jamais se contentava em simplesmen-

    te apresentar o cristianismo. Ameaas pureza da doutrina crist levavam-no a luta contra o inimigo. Nenhuma interpretao falha da pessoa ou daobra de Cristo escaparam a sua condenao, nem deixou de tentar conven-cer os errados a voltarem a f. Os acontecimentos do Conclio de Jerusa-lm., revelaram a tenacidade de Paulo quando uma questo fundamental

    estava em jogo. Ele estava pronto para fazer concesses secundrias, desdeque isto facilitasse seu trabalho; mas no permitiu a circunciso de Tito emJerusalm porque a liberdade gentlica quanto a observncia da lei ritual

    judaica era o princpio pelo qual lutava. A liberao do cristianismo da ob-servncia da lei cerimonial judaica foi o resultado de maior alcance doConclio. A partir da, a f permaneceu como nico meio pelo qual o ho-mem alcana a salvao.

    Paulo enfrentou tambm o desafio do racionalismo grego quando lu-

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    tou contra um gnosticismo incipiente na igreja. Alguns homens procura-vam intelectualizar os meios da salvao assim como os cristos judeustinham tentado legaliz-los. O gnosticismo (falaremos mais sobre este as-sunto) tornou-se um perigo especial na igreja colossense. Paulo respon-deu a esta heresia pela afirmao irrestrita da total suficincia de Cristocomo criador e redentor (Cl 1:13-20). Cristo a plena manifestao deDeus e no de forma alguma inferior a Deus (Cl 1:19; 2:9). No sur-preende que Paulo, com esta f, com esta coragem e com uma slidaperspectiva de sua tarefa, tenha sido capaz de levar a mensagem da salva-o s naes gentlicas do Imprio Romano e fincar a cultura crist nasua triunfante caminhada ocidental pela Europa.

    A organizao da igreja primitiva

    A igreja existe em dois nveis. Um deles um organismo eterno,invisvel, bblico, que consolidado em um corpo pelo Esprito Santo. Ooutro nvel o da organizao temporal, histrica, visvel, humana. Oprimeiro o fim, o segundo os meios. O desenvolvimento da Igreja como

    uma organizao foi iniciado pelos apstolos sob a direo do EspritoSanto. Todo corpo organizado precisa da diviso de funes e a especiali-zao da liderana para que possa funcionar eficientemente. Uma liturgiapara conduzir o culto da igreja de modo ordenado (I Co 14:40) outraconseqncia lgica do crescimento da igreja como organizao. O obje-tivo final da igreja como um organismo que cultua a conquista da quali-dade de vida.

    O governo

    A origem da administrao eclesistica deve ser creditada a Jesus,ao escolher os doze apstolos que seriam os lderes da igreja nascente. Os

    apstolos tomaram a iniciativa no desenvolvimento de outros ofcios naIgreja quando dirigidos pelo Esprito Santo. Isto no implica numa hierar-quia piramidal, como a desenvolvida pela Igreja Catlica Romana, por-que os novos oficiais deviam ser escolhidos pelo povo, ordenados pelosapstolos e precisavam ter qualificaes espirituais prprias que envolvi-am a subordinao ao Esprito Santo. Assim, havia um chamado internopelo Esprito Santo para o oficio, um chamado externo pelo voto demo-

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    crtico da igreja e a ordenao ao oficio pelos apstolos. No deveria ha-ver uma classe especial de sacerdotes parte para ministrar o sistema sa-cerdotal da salvao, porque tanto os oficiais da igreja como os membroseram sacerdotes com o direito de acesso direto a Deus atravs de Cristo(Ef 2:18)

    Estes oficiais podem ser divididos em duas classes. Os oficiais caris-mticos (charismaem grego significa dom) foram escolhidos por Cristo erevestidos com dons espirituais prprios (Ef 4:11-12; I Co 12-14), suasfunes eram basicamente inspirativas. Os oficiais administrativos constitu-am a segunda classe, suas funes eram principalmente administrativas,embora aps a morte dos apstolos os presbteros tenham assumidos muitasresponsabilidades espirituais.

    - Oficiais Carismticos: Estes homens, cujas responsabilidades erama preservao da verdade do Evangelho e sua proclamao inicial, foram

    selecionados especialmente por Cristo atravs do Esprito Santo para exer-cer a liderana da igreja. Os apstolos eram homens que tinham sido tes-temunhas da vida, morte e principalmente da ressurreio de Cristo (At1:22; I Co 1:1;15:8), e que tinham sido chamados pessoalmente por Cris-to. Paulo baseou seu apostolado num chamado direto do Cristo vivo. Esteshomens, que foram os primeiros oficiais da igreja primitiva, combinaramem seu ministrio todas as funes posteriormente exercidas por vrios ofi-

    ciais quando os apstolos se tornaram incapazes de cuidar das necessidadesda igreja primitiva em rpida expanso.- Oficiais Administrativos: Eram democraticamente escolhidos com

    o consenso de toda igreja. Sua tarefa era executar as funes administrati-vas dentro da igreja local. Estes oficiais surgiram com a diviso de funese a especializao necessrias para ajudar os sobrecarregados apstolos di-ante de uma igreja em crescimento. O ofcio do ancio ou presbtero era o

    mais elevado na congregao local. Os diconos tinham uma posio de su-bordinao aos ancios, mas aqueles que exerciam tal funo precisavamdas mesmas qualidades exigidas dos presbteros (At 6:3; I Tm 3:8-13). Aprtica de eleio democrtica era tambm uma recomendao dos apsto-los em Jerusalm (At 6:3,5). A ministrao da caridade pela igreja era aprincipal tarefa dos diconos.

    Mais tarde, eles ajudaram os presbteros na distribuio dos elemen-tos da Ceia congregao. As mulheres parecem ter sido admitidas a este

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    oficio nos tempo apostlicos, pois Paulo menciona a diaconisa com apro-vao (Rm 16:1).

    O culto

    A questo de uma forma segura de culto parece ter sido uma preo-cupao ao tempo dos apstolos. Paulo exortara a igreja a conduzir suaadorao de uma forma decente e ordeira (I Co. 14:40). Os cristos pri-mitivos no concebiam a igreja como um lugar de culto como se faz hoje.Igreja significava um corpo de pessoas numa relao pessoal com Cristo.Para tanto, os cristos se reuniam em casas (At 12:12; Rm 16:5,23; Cl4:15; Fm 1-4), no templo (At 5:12), nos auditrios pblicos das escolas(At 19:9) e nas sinagogas at quando foram permitidos (At 14:1,3 17:1;18:4). O lugar no era to importante como o propsito de encontro paracomunho uns com os outros e para culto a Deus. A Ceia do Senhor e o

    batismo eram os dois sacramentos da igreja primitiva, usados por teremsido institudos por Cristo.

    O convvio social

    A igreja primitiva insistia na separao das prticas pags da socie-dade romana, mas no insistia na separao dos vizinhos pagos em rela-es sociais que no fossem prejudiciais. Realmente, Paulo permitiu por

    inferncia o convvio social que no comprometesse ou sacrificasse osprincpios cristos (I Co 10:20-33). Ele mesmo exortou, porm, separa-o total de qualquer prtica que pudesse estar relacionada idolatria ou imoralidade pag. O cristo devia seguir os princpios de no fazer na-da que prejudicasse o corpo do qual Cristo era Senhor (I Co 6:12) e de-veria evitar tudo que no glorificasse a Deus (I Co 6:20; 10:31). Estesprincpios proibiam a freqncia a teatros, estdios, jogos ou templos pa-

    gos. Apesar desta atitude de separao moral e espiritual, os cristos es-tavam prontos para, como o prprio Paulo exortou, cumprir suas obriga-es cvicas de obedincia e de respeito s autoridades constitudas, paga-mento de taxas e de orao pelas autoridades (Rm 13:7, I Tm 2:1-2).

    Eles eram excelentes cidados, desde que no fossem instados a vi-olar os preceitos de Deus, a maior autoridade a quem deviam obedinciaabsoluta.

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    Com relao ao convvio entre os cristos, temos um relato em Atos2: 42-46, do seu modo de viver: E perseveravam na doutrina dos apsto-los e na comunho, no partir do po e nas oraes.

    A pureza da vida, o amor e a coragem da igreja primitiva em perma-necer fiel, e morrer se necessrio, exerceram um forte impacto sobre a so-ciedade pag da Roma imperial, o que durou trs sculos, desde a morte deCristo at o reconhecimento oficial por Constantino da importncia do cris-

    tianismo para o Estado.

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    EXERCCIO

    1. ____ Os romanos contriburam para o avano do cristianismo.

    2. ____ O judasmo tornou-se o bero do cristianismo.

    3. ____ A Igreja em Jerusalm foi formada a partir do Pentecostes.

    4. ____ O evangelista Filipe levou o Evangelho aos samaritanos.

    5. ____ O Evangelho chegou aos gregos atravs do ministrio de

    Paulo.

    6. ____ Paulo tambm foi um polemista. Ele lutou contra as ameaas

    pureza da doutrina crist.

    7. ____ A origem da administrao eclesistica deve ser creditada a

    Jesus, ao escolher os doze apstolos.

    8. ____ A Igreja Primitiva insistia na separao das prticas pags.

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    O cristianismo

    de 60 a 1500 d.C.

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    Durante esse longo perodo poderemos observar as transfor-maes que o cristianismo viveu, perodos de alguns privi-lgios e outros de grandes perseguies e acontecimentos.

    A luta do cristianismo para sobreviver 60 a 313 d.C)

    Os cristos do segundo e terceiro sculos tiveram que fazer o que to-do estrategista tenta evitar: lutar em duas frentes. Ao mesmo tempo em quelutavam para preservar a existncia diante das tentativas do estado romanode acabar com ela, a igreja lutava tambm para preservar a pureza da dou-trina.

    Lutando contra o estado romano As perseguies

    Muitos tm a idia confusa a cerca do nmero, durao, escopo e in-tensidade das perseguies que a igreja sofreu, neste perodo. Antes de250, a perseguio foi predominantemente local, espordica e geralmentemais um produto da ao popular do que resultado de uma poltica defini-da. Aps esta data, porm, a perseguio se tornou, na maioria das vezes,

    uma estratgia consciente do governo imperial romano e, por isso, ampla eviolenta. E neste tempo, a idia de Tertuliano de que o sangue dos mrtires a semente da igreja se transformou numa terrvel realidade para muitos

    As perseguies, heresias, su-

    premacia do catolicismo e

    a Idade das Trevas

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    cristos. Mesmo assim, a igreja continuou a se desenvolver at o perodoem que conseguiu a liberdade de culto no governo de Constantino. Veja-mos as causas da perseguio:

    A)Poltica: Muitas prticas crists pareciam confirmar as suspeitasda deslealdade bsica dos cristos ao estado levantadas pelas autoridadesromanas. Os cristos se recusavam terminantemente a oferecer incensonos altares devotados ao culto ao imperador romano com quem o bem-

    estar do estado era inexplicavelmente associado na mente do povo ao pe-rodo imperial entre Csar Augusto e Constantino. Quem sacrificasse nes-ses altares, podia praticar uma segunda religio particular. Os cristosno faziam estes sacrifcios e eram, conseqentemente, tomados comodesleais. Os cristos tambm realizavam a maioria de suas reunies noi-te e em segredo. Para a autoridade romana isso deixava claro que se pre-parava uma conspirao contra a segurana do estado. Os cristos no

    serviam o exrcito at o ano de 313.B) Religiosa: O sigilo dos encontros dos cristos tambm suscitou

    ataques mortais contra eles. O vulgo popular os acusou de incesto, de ca-nibalismo e de prticas desumanas. Entendendo equivocadamente o signi-ficado de comer e beber os elementos representativos do corpo e dosangue de Cristo, o vulgo popular logo depreendeu que os cristos mata-vam e comiam crianas em sacrifcio ao seu Deus. A expresso beijo da

    paz foi logo transformada em acusaes de incesto e outras formas deconduta imoral que repugnava mente cultural romana. Pouca diferenafazia se estes boatos eram verdadeiros ou no.

    C) Sociais: Os cristos defendiam a igualdade entre todos os ho-mens (Cl 3:11), enquanto que o paganismo insistia na cultura aristocrti-ca da sociedade em que uns poucos privilegiados eram servidos pelos po-bres e pelo escravos. Os cristos se separavam dos ajuntamentos pagos

    dos templos, teatros e lugares de recreao. Este inconformismo com osmodelos sociais vigentes lhes trouxe uma antipatia jamais conhecida porqualquer grupo inconformista da histria. A pureza de sua vida era umareprovao silenciosa s vidas escandalosas levadas pelas pessoas da clas-se alta. O inconformismo dos cristos diante dos padres vigentes levouos pagos a pensarem que eles eram um perigo para a sociedade e os ca-racterizaram como inimigos da raa humana, capazes de incitar asmassas revolta.

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    D) Econmicas: No ano 250, em que a perseguio deixou de ser lo-cal e intermitente para se tornar generalizada e violenta, Roma entrava, se-gundo a contagem dos romanos, nos mil anos de sua fundao. Nesta po-ca, uma fome e uma agitao civil assolavam o Imprio. A opinio publicaatribua estes problemas presena do cristianismo e o conseqente aban-dono dos deuses. H sempre um bom motivo para a superstio quando seaproxima o fim de um milnio e os romanos nisto no foram melhores que

    as pessoas da Idade Mdia que viveram pouco antes do ano 1.000. A per-seguio aos cristos parecia, aos romanos, uma forma lgica de superaros problemas.

    A perseguio da Igreja at 100 d.C.A igreja, desde a morte do seu fundador, sofreu perseguies, ora

    com maior intensidade, ora com menor. Geralmente essas perseguies

    eram provocadas pelos judeus fanticos e nunca por uma autoridade roma-na. At os gentios se levantaram algumas vezes contra os seguidores deCristo. Antes do ano 64, no encontramos nenhuma referncia histrica in-dicando as autoridades romanas como responsveis por perseguio aoscristos.

    Nero, tem o dbio privilgio de ser o primeiro imperador a perseguira Igreja Crist. Embora nos primeiros anos de seu reinado, o evangelho

    gozasse de relativa liberdade, possuindo at seguidores entre os altos fun-cionrios do imprio at mesmo entre os membros da prpria casa imperi-al, no ano 55, Nero comeou a sua escalada de violncia. Nesse ano, porocasio de uma festa, envenenou Britnico, seu irmo adotivo. No ano 60mandou matar Agripina sua prpria me. Ordenou a morte de Otvia, suaesposa, para casar-se com Pompia. E, no vero do ano 64, com o fim dereedificar Roma, fez lanar fogo a um bairro da cidade, acusando ento os

    cristos como responsveis por to grosseiro crime. Os cristos comearama sofrer em decorrncia dessa falsa acusao como podemos observar norelato abaixo.

    Em primeiro lugar foram interrogados os que confessaram; ento,baseados nas suas informaes, uma vasta multido foi condenada, notanto pela culpa de incendirios, como pelo dio para com a raa humana.

    A sua morte foi tornada mais cruel pelo escrnio que a acompanhou. Al-

    guns foram vestidos de peles e despedaados pelos ces; outros morreram

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    numa cruz ou nas chamas; ainda outros foram queimados depois do prdo sol, para assim iluminar as trevas. Nero mesmo cedeu os seus jardins

    para o espetculo; deu uma exibio no circo e vestiu-se de cocheiro; oraassociando-se com o povo, ora guiando o prprio carro. Assim, aindaque culpados e merecendo a pena mais dura, tinha-se compaixo deles,

    pois parecia que estavam sofrendo a morte no para beneficiar o Estado,mas para satisfazer a crueldade de um indivduo.(Tcito, historiador).

    A perseguio estourou pela segunda vez em 95 durante o governodesptico de Dominicano. Os judeus tinham se recusado a pagar um im-posto pblico criado para o sustento de Capitolinus Jpiter. Por serem i-dentificados com os judeus, os cristos sofreram tambm os efeitos da f-ria do imperador. Foi durante esta perseguio que o apstolo Joo foiexilado na ilha de Patmos, onde escreveu o livro de Apocalipse. Nesseprimeiro perodo de perseguio sofrida pela igreja, muitos dos seus lde-

    res, como Estevo, sofreram o mais cruel tipo de morte. Leia abaixo co-mo se deu a morte de outros lderes.

    Segundo a tradio, Mateus sofreu martrio pela espada, na Eti-pia. Marcos foi arrastado por um animal pelas ruas de Alexandria, atmorrer. Lucas foi enforcado em uma oliveira, na Grcia. Joo foi lana-do num caldeiro de leo fervente, desterrado para ilha de Patmos, de-

    pois morreu em feso. Tiago, irmo de Joo, foi decapitado por ordem

    de Herodes, em Jerusalm. Tiago, o menor, foi lanado do templo abai-xo, ao verificarem que ainda vivia, mataram-no a pauladas. Filipe foienforcado em Hierpolis, na Frigia. De Bartolomeu tiraram a pele porordem de um rei brbaro. Tom foi amarrado a uma cruz, e, ainda assim

    pregou o evangelho de Cristo at morrer. Andr foi atravessado por umalana. Judas foi morto a flechadas. Simo, o Zelote, foi crucificado naPrsia. Matias foi primeiramente apedrejado e depois decapitado. Pedro

    foi crucificado de cabea para baixo. Paulo, foi decapitado por ordem doimperador.(EETAD, Histria da Igreja, pg. 26,27).

    O cristianismo sob interdio estatal (100 a 250 d.C.)A primeira perseguio organizada, como resultado de uma poltica

    governamental definida, comeou na Bitnia durante a administrao dePlnio, o Moo, por volta do ano 112. Antes, Plnio escreveu uma inte-

    ressante carta ao imperador Trajano, em que prestava informaes sobre

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    os cristos, esboava seu programa e pedia a Trajano uma opinio sobre oassunto. Dizia ele que o contagio desta superstio (cristianismo) espa-lhava-se por vilas e regies rurais como tambm por grandes cidades comtal velocidade que os templos ficavam vazios e os vendedores de animaissacrificiais, empobrecidos. Plnio procurava informar a Trajano sobre suapoltica para com os cristos. Quando algum era denunciado como cris-to, Plnio convocava o tribunal e lhe perguntava se era cristo. Se admitis-

    se a acusao trs vezes, era condenado morte. Em sua resposta, Trajanoassegurou a Plnio que ele estava certo em seu comportamento, no se de-via caar os cristos, mas se algum dissesse que alguma pessoa era crist,esta deveria ser condenada, a menos que renegasse ou adorasse os deusesdos romanos.

    A perseguio universal depois de 250 d.C.

    O imperador Dcio subiu ao trono imperial ao tempo em que Romacompletava o fim do primeiro milnio de uma histria e numa poca emque o imprio cambaleava sob calamidades naturais e ataques internos eexternos sua estabilidade. Os cristos foram tomados como uma perigosaameaa ao estado por causa de seu rpido crescimento numrico e por suaaparente tentativa de se constiturem num estado dentro do estado.

    Dcio promulgou um edito em 250 que exigia, pelo menos, uma o-

    ferta anual de sacrifcio nos altares romanos aos deuses e a figura do impe-rador. Aqueles que oferecessem este sacrifcio receberiam um certificadochamado libellus.A igreja, mais tarde, foi sacudida com o problema de co-mo tratar aqueles que tinham negado a sua f crist para conseguir essescertificados. Num imprio desptico como este, no havia lugar para ele-mentos democrticos no governo ou para a tolerncia de crenas hostis religio do estado. Foi nesta situao histrica que aconteceu a mais dura

    perseguio enfrentada pelos cristos.Os primeiros editos, com ordem de perseguio aos cristos, forampromulgados em maro de 303. Diocleciano ordenou o fim das reuniescrists, a destruio das igrejas, a deposio dos oficiais da igreja, a prisodaqueles que persistissem em seu testemunho de Cristo e a destruio dasEscrituras pelo fogo. Um ltimo edito obrigou os cristos a sacrificaremaos deuses pagos sob pena de morte caso recusassem. Eusbio conta que

    as prises ficaram to cheias de lderes cristos e crentes comuns que no

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    haviam lugar suficiente para os criminosos.Depois de outros perodos de perseguio, Galrio promulgou um

    edito, em seu leito de morte em 311, que estabelecia a tolerncia ao cris-tianismo, desde que os cristos no violassem a paz do imprio. A perse-guio s acabaria totalmente no reino de Constantino.

    Daquele tempo em diante, os cristos tinham liberdade para adorara Deus e propagar o evangelho a outras pessoas a fim de ganh-las para

    Cristo. A antiga luta da igreja contra a perseguio permite-nos compre-ender a importncia do conceito contemporneo de separao entre Igrejae Estado. S onde as pessoas tm a liberdade de conservar seus interessesparticulares parte dos pblicos que pode haver liberdade religiosa.

    Lutando contra as heresias

    A ameaa dos desvios legalista ou filosfico do cristianismo foi al-

    go muito real na Igreja deste perodo. Em alguns casos, lderes super-zelosos desenvolveram uma interpretao particular para corrigir malesreais ou imaginrios na igreja, chegando mesmo a seguir suas idias her-ticas at que resultassem em cismas e da em novas seitas.

    - As heresias legalistas: Algum poderia pensar que a deciso doConclio de Jerusalm, de deixar os gentios livres das exigncias cerimo-niais e ritualistas da lei judaica, para a salvao, tenha encerrado o pro-

    blema. No entanto, grupos de ebionitas continuaram na Palestina e em re-gies prximas por mais de dois sculos depois da supresso, pelas auto-ridades romanas, da rebelio dos judeus liderado por Bar Cochba, entre132 e 136. Estas pessoas enfatizavam a unidade de Deus e de sua criao.Criam que a lei judaica era a maior expresso de Sua vontade e que conti-nuava vlida para o homem.

    Para eles, Jesus era um homem que se tornou o Messias em virtude

    de ter cumprido fiel e completamente a lei. Seguiam, ento, os ensinos doEvangelho de Mateus, mas rejeitavam os escritos de Paulo. Depois dadestruio de Jerusalm pelos romanos em 135, eles perderam a sua in-fluncia, mas sua existncia e suas crenas mostraram que a Igreja teveque lutar desde cedo pelo princpio de que somente a f em Cristo justifi-ca o indivduo diante de Deus.

    - As heresias filosficas: O maior perigo para a pureza doutrinaria

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    da f crist veio da filosofia grega. Mais gentios do que judeus se converte-ram ao cristianismo. Entre eles estavam muitos filsofos que queriam com-binar cristianismo com filosofia, ou vestir a filosofia pag com uma roupa-gem crist. Vejamos algumas dessas filosofias:

    1) Gnoticismo: Foi a maior das ameaas filosficas e chegou ao m-ximo de sua influncia ao redor do ano 150. Suas razes esto fincadas nostempos do Novo Testamento. Paulo parece ter enfrentado uma forma inci-

    piente de gnosticismo em sua carta aos colossenses. A tradio crist asso-ciou a origem do gnoticismo com Simo. o Mago, a quem Pedro teve querepreender duramente. O dualismo era um dos principais fundamentos dognosticismo. Os gnsticos defendiam uma separao entre o mundo materi-al e espiritual, porque para eles a matria estava sempre identificada com omal e o esprito com o bem. Por isso, Deus no poderia ter criado estemundo material. A tarefa de Cristo era ensinar um gnosis ou conhecimento

    especial que ajudaria o homem a se salvar por um processo intelectual. Ognosticismo ainda fomentou um orgulho espiritual com sua sugesto de queapenas uma elite aristocrtica alcanaria os favores de habitar com Deusnos cus. No havia lugar para o corpo humano na vida futura.

    2) Maniquesmo: Com alguns pontos semelhante ao gnosticismo,foi fundado por um homem chamado Mani ou Maniqueu (c. 216-276), daMesopotmia, que desenvolveu seu peculiar sistema filosfico em meados

    do terceiro sculo. O maniquesmo defendia que a alma do homem relacio-nava-se com o reino de luz, mas seu corpo levava-o a depender do reinodas trevas. A salvao era uma questo de liberar a luz em sua alma da es-cravido matria de seu corpo. A elite ou os perfeitos constituam a castasacerdotal para este grupo. Viviam asceticamente e cumpriam certos ritosessenciais liberao da luz

    3) Neoplatonismo: Viam o Ser absoluto como a fonte transcendental

    de tudo e achavam que tudo foi criado por um processo de emanao. Estetransbordamento ou emanao resultou na criao final do homem comoalma e corpo pensantes. O objetivo do universo era a reabsoro na essn-cia divina de onde tudo viera. Os sentidos podem ser liberados do presentefsico pela contemplao das obras naturais e artsticas; a razo alcana aliberdade pela manifestao do amor. A experincia de xtase era o estadomais elevado a que se podia chegar nesta vida.

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    Alguns erros teolgicosCertas doutrinas surgiram como interpretaes equivocadas ou n-

    fases exageradas do significado do cristianismo ou mesmo como movi-mentos de protestos. Prejudicaram, entretanto, o cristianismo, uma vezque muito da energia que poderia ser gasta na obra de evangelizao foie tem de ser dirigida para a tarefa de refutar estes erros. Vejamos doisexemplos:

    1) Montanismo: Surgiu na Frgia, no ano de 155, como uma ten-tativa da parte de Montano em resolver os problemas de formalismo naigreja e a dependncia da igreja da liderana humana quando deveria de-pender do Esprito Santo. Infelizmente, como geralmente acontece comenvolvimentos desta natureza, ele caiu para o extremo oposto e concebeufanticas e equivocadas interpretaes da Bblia. No desenvolvimento desua doutrina peculiar acerca da inspirao, Montano concebeu-a como i-

    mediata e contnua e se colocou a si mesmo como advogado atravs dequem o Esprito Santo falava igreja, do mesmo modo que falara atravsde Paulo e dos outros apstolos. O montanismo representou o protestoperene suscitado dentro da igreja quando se aumenta a fora da institui-o e se diminui a dependncia do Esprito de Deus.

    2)Monarquianismo: Tinha zelo excessivo em destacar a unidadede Deus em oposio a qualquer tentativa de conceb-lo como trs perso-

    nalidades distintas. Eles estavam preocupados com uma afirmao do mo-notesmo, mas acabaram se tornando uma forma primitiva de unitarianis-mo, que negava a divindade real de Cristo. O problema deles foi comorelacionar Cristo a Deus.

    Os Apologistas e Polemistas em defesa da f

    No segundo e terceiro sculos, a igreja exprimiu sua autoconscin-

    cia nascente numa forma literria nova as obras dos Apologistas e dosPolemistas. Ao passo que os Pais Apostlicos escreveram apenas por epara os cristos, escritores escreveram por e para o estado romano ou pa-ra os herticos num esforo de convenc-los da verdade da Bblia atravsde argumento literrio.

    1) Os Apologistas: Procuravam convencer os lderes de estado deque os cristos nada tinham feito para merecer a perseguio que lhes era

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    um dilogo chamado Octavius. Esta foi uma apologia destinada a levarseu amigo Ceclio f crist, abandonando portanto o paganismo.

    2) Os Polemistas: Empenhavam-se por responder ao desafio dosfalsos ensinos dos herticos, condenando veementemente esses ensinos eseus mestres. Paulo foi um polemista. Outros polemistas:Irineu,foi in-fluenciado pela pregao de Policarpo quando este era bispo em Esmirna.Em 180, foi feito bispo de Glia. Bispo missionrio bem sucedido, sua

    obra maior se desenvolveu no campo da literatura polmica contra ognosticismo;A Escola Alexandrina, foi para instruir os convertidos dopaganismo ao Cristianismo. Os membros desta estavam ansiosos por de-senvolver um sistema teolgico a partir do uso da filosofia que, segundoeles, era capaz de permitir uma exposio sistemtica do cristianismo.Educados na literatura e na filosofia clssicas, pensaram que poderiam

    us-las na formulao da teologia crist. Ao invs de enfatizarem uma in-

    terpretao histrico-gramatical da Bblia, criaram um sistema alegricode interpretao que ainda hoje assola o cristianismo. Este tipo de inter-pretao baseia-se na suposio de que a Bblia tem mais de um sentido.Este mtodo de interpretao causou muito mal causa de interpretaocorreta da Bblia e gerado absurdos e, at, doutrinas teolgicas anti-bblicas. Alguns que passaram por esta escola: Clemente de AlexandriaeOrgenes;A Escola Cartaginesa. A mente ocidental ou latina estava mais

    interessada nos problemas prticos da organizao eclesisticas e da teo-logia, do que numa teologia do tipo especulativo que tanto motivou estu-diosos do porte de Orgenes, por exemplo. Alguns que passaram por pelaescola: Tertulianoe Cipriano.

    A Igreja Cerra Fileiras

    Foi no perodo entre 100 e 313 que a Igreja se viu forada a pensar

    na melhor maneira pela qual poderia enfrentar a perseguio externa doestado romano e o problema interno do ensino hertico e das conseqen-tes divises. Ela procurou cerrar fileiras atravs de trs procedimentos: odesenvolvimento de um Cnon do Novo Testamento, que resultou numlivro que seria autoridade para a f e para a vida; a criao de um Credo,que forneceu uma declarao de f tambm abalizada, e a obedincia aosbispos monrquicos, entre os quais os de Roma que tomou logo a lideran-a. O bispo era uma espcie de garantia da unidade na constituio da

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    Igreja. Por volta de 170, a Igreja chamava-se catlica ou universal, umtermo usado pela primeira vez por Incio em sua epstola Esmirna.

    O bispo monrquicoA necessidade de uma liderana para enfrentar os problemas da per-

    seguio e da heresia foi uma necessidade prtica que acabou por ditar oaumento do poder do bispo. O desenvolvimento da doutrina da sucesso

    apostlica e a crescente exaltao da Ceia do Senhor foram fatores funda-mentais neste aumento de poder. O argumento inicial e mais importante,apresentado desde cedo na histria da igreja, foi o de que Cristo deu a Pe-dro, presumivelmente o primeiro bispo de Roma, uma posio de primaziaentre os apstolos em funo da sua suposta designao como a rocha so-bre a qual edificaria a Sua igreja (Mt. 16:18). Entretanto, Pedro mesmoem sua primeira carta deixa cristalinamente claro que, no ele, mas Cristo

    era o fundamento da igreja (I Pe 2:6-8). Paulo tambm no reconhecia,que o apostolado de Pedro, tinha posio de superioridade, tanto que nohesitou em repreend-lo quando este contemporizou e cooperou com os ju-daizantes na Galcia.

    Apesar destes fatos, a Igreja Romana insistia desde tempo antigosque Cristo deu a Pedro um lugar especial de primeiro bispo de Roma e l-der dos apstolos. O prestigio histrico de Roma como a capital do imp-

    rio levou a uma natural elevao da posio da igreja da capital. Tinha elaa reputao por sua firme ortodoxia na luta contra a heresia e as divises.Embora todos os bispos fossem iguais, honra especial deveria ser dada aobispo romano encarregado da cadeira de So Pedro. Esta primazia foi de-pois desenvolvida para uma supremacia como Papa da Igreja.

    O desenvolvimento da regra da f

    O papel do bispo como uma garantia da unidade da igreja foi refora-do pelo desenvolvimento de um Credo. Um Credo uma declarao de fpara uso pblico. O Credo dos Apstolos o mais antigo sumrio das dou-trinas essenciais da Escritura que possumos. Alguns pensam que o Credodos Apstolos surgiu da declarao abreviada de Pedro sobre Cristo emMateus 16:16 e que foi usado como frmula batismal desde cedo. Este cre-do, claramente trinitariano, d ateno pessoa e obra de cada uma dastrs pessoas da Trindade. Muitas igrejas at hoje consideram o Credo dos

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    Apstolos como uma preciosa sntese dos pontos principais da f crist.

    O cnon do Novo TestamentoO cnon, surgiu como um reforo garantia da unidade centraliza-

    da no bispo e f expressa num credo. As pessoas, equivocadamente, su-pem que o cnon uma listra de livros sagrados vindo diretamente doscus ou, ao contrrio, imaginam que o cnon foi estabelecido pelos con-

    clios eclesisticos. No foi assim, pois os vrios conclios que se pronun-ciaram sobre o problema do cnon do Novo Testamento apenas os torna-vam pblicos, porque, como ainda se ver, tinham j sido aceitos ampla-mente pela conscincia da igreja. O maior teste do direito de um livro es-tar no cnon era se ele tinha sinais da apostolicidade, se foi ele escritopor um apstolo ou por algum ligado intimamente aos apstolos, comoMarcos, o autor do Evangelho de Marcos, que contou com a ajuda do a-

    pstolo Pedro. A eficcia do livro na edificao quando lido publicamen-te e sua concordncia com a regra de f serviam de testes tambm. Naanlise final, o que contava para a deciso sobre que livros deviam serconsiderados cannicos e dignos de serem includos no Novo Testamentoera a verificao histrica de sua autoria ou influncia apostlica ou aconscincia universal da igreja dirigida pelo Esprito Santo.

    A LiturgiaA nfase sobre o bispo monrquico que, como se cria, derivava asua autoridade da sucesso apostlica, levou muitos a verem nele o centroda unidade, o depositrio da verdade e o despenseiro dos meios da graade Deus atravs dos sacramentos. A Ceia do Senhor e o Batismo torna-ram-se ritos que somente poderiam ser dirigidos por um ministro creden-ciado. Ao se desenvolver a idia da Ceia como um sacrifcio a Deus, for-taleceu-se a santidade superior do bispo comparado com os membros co-muns da igreja. O batismo como ato de iniciao Igreja Crist tinha lu-gar geralmente na Pscoa ou Pentecoste. Parece que, de incio, a f emCristo e o desejo de ser batizado eram os nicos requisitos, mas, ao finaldo segundo sculo, acrescentou um perodo probatrio como catecmenoa fim de provar a realidade da experincia do convertido. O batismo ge-ralmente era por imerso; s vezes, por afuso ou asperso. O batismoinfantil, que Tertuliano criticava e Cipriano apoiava, e o batismo clnico

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    (de doentes) surgiram neste perodo. A igreja logo cercou os sacramentosda Ceia do Senhor e do batismo com exigncias e ritos que s o sacerdotepodia executar.

    O surgimento de um ciclo de festas no ano eclesistico tambm des-te perodo. A Pscoa, nascida da aplicao da pscoa judaica, parece tersido a primeira destas festas. S depois de 350, o Natal foi aceito como u-ma festa crist e, ento purificado dos elementos pagos que o compu-

    nham. A quaresma, um perodo de 40 dias, anteriores a Pscoa, de peni-tncia e conteno dos apetites da carne, foi aceita como parte do ciclo li-trgico das Igrejas depois da adoo do Natal.

    A supremacia da Igreja Catlica Imperial 313 a 590

    d.C.)

    Apesar dos problemas externos criados pela perseguio pelo Estado,e da ameaa de dissenso e diviso por causa da heresia, a igreja a tudo su-perou com galhardia. Sua estreita associao com o estado romano nesteperodo causou-lhe mais problemas do que a perseguio. Tambm nesteperodo se deu o incio a Idade das Trevas, em que as tribos brbaras teu-tnicas afluram em massa para a Europa Ocidental. O declnio do ImprioRomano imps igreja a tarefa de conservar a cultura heleno-hebraica, a

    qual estava ameaada de destruio; e, a levar o evangelho aos povos queformavam os contingentes de nmades brbaros. Nisto ela foi bem sucedi-da, conseguindo, atravs do empenho dos monges missionrios, conquistaras tribos para a f crist. Todavia, durante o processo de preservar a cultu-ra e converter os brbaros, a igreja perdeu muito de sua forca espiritual,em parte devido secularizao e ingerncia do Estado em seus neg-cios. O desenvolvimento institucional e a doutrina foram negativamenteafetados.

    A Igreja e o Estado

    Para compreender as relaes entre a Igreja e o Estado aps a con-cesso de liberdade de religio por Constantino, se faz necessrio relatar osproblemas enfrentados pelo imperador antes desta poca. A anarquia entre133 e 31 a.C. que arruinou a repblica romana, terminou no reinado deAugusto. Nesse perodo o imperador dividia o poder com o Senado, mas

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    esse regime, logo mostrou-se fraco para superar o desafio do declnio in-terno e da presena dos brbaros nas fronteiras do imprio. Entre 192 e284 d.C., aconteceu um outro sculo de revoluo e dificuldades para oimprio romano. Em 285, Diocleciano reorganizou o imprio em basesmais aristocrticas, numa tentativa de garantir a cultura greco-romana.Como o cristianismo parecia ameaar esta cultura, Diocleciano fez umafracassada tentativa de destru-lo entre 303 e 305.

    Quando Constantino, chegou ao poder depois de Diocleciano, com-preendeu que o Estado no podia destruir a igreja pela fora, o melhorseria us-la como um aliado para salvar a cultura clssica. O processo pe-lo qual a Igreja e o Estado chegaram a um acordo comeou quando Cons-tantino conseguiu o controle completo do Estado.

    Constantino era o filho ilegtimo do lder militar Constncio comuma bela mulher livre crist do Oriente, de nome Helena. Numa batalha,

    em 313, ele teve uma viso de uma cruz no cu, com as seguintes pala-vras em latim: com este sinal, vencers. Embora a viso possa terocorrido, evidente que o favorecimento da igreja por Constantino foi

    um expediente seu.Em 313, ele garantiu a liberdade de culto pelo Edito de Milo. Nos

    anos seguintes, promulgou outros editos, que tornavam possveis a recu-perao das propriedades confiscadas, o subsdio da Igreja pelo Estado, a

    iseno ao clero do servio pblico, a proibio de adivinhaes e a sepa-rao do Dia do Sol (Domingo) como um dia de descanso e culto. Eletomou uma posio teolgica no Conclio de Nicia, em 325, quando ar-bitrou a controvrsia ariana. Alm disso, garantiu a liberdade e favorespara a igreja, mas a submeteu ao servio do imprio.

    Em 330, Constantino, fundou a cidade de Constantinopla. Este atoajudou a dividir o Oriente do Ocidente. Constantinopla tornou-se o centro

    do poder poltico no oriente. Com isso no ocidente, o bispo de Roma foideixado com maior poder poltico alm do espiritual.Os filhos de Constantino continuaram sua poltica de favorecimento

    da igreja. Em 361, houve um retrocesso com a ascenso de Juliano aotrono imperial. Ele retirou da Igreja Crist os privilgios e restaurou aliberdade plena do culto, facilitando o avano da filosofia e da religiopag. Depois de Juliano, os reis seguintes voltaram a assegurar os privi-lgios da Igreja, at que o imperador Graciano renunciou ao ttulo de

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    Pontifex Maximux, e Teodsio I, em 380, promulgou um edito tornando ocristianismo a religio exclusiva do Estado. Em 392, o Edito de Constanti-nopla estabeleceu a proibio do paganismo. E em 529, Justiniano determi-nou o fechamento da escola de filosofia de Atenas.

    Revendo os caminhos da transformao do cristianismo, da seita depoucos seguidores em religio oficial do poderoso Imprio Romano, pode-se concluir que, com a vantagem da perspectiva do tempo, esta vitoriosa

    marcha foi prejudicial igreja. verdade que o cristianismo elevou o n-vel moral da sociedade ao ponto de: a dignidade da mulher ser conhecidana sociedade, os espetculos de gladiadores serem abolidos, os escravos re-ceberem melhor tratamento, a legislao romana tornar-se mais justa e oavano da obra missionria ter aumentado. A igreja percebeu entretanto,que embora uma associao com o Estado lhe trouxesse benefcios, isto lhetraria tambm muitas desvantagens. O governo, em troca dos privilgios,

    da proteo e da ajuda que oferecia, achava-se no direito de interferir emassuntos espirituais e teolgicos. O longo conflito entre Igreja e o Estadocomea a. Infelizmente a igreja ganhou poder mas se tornou uma arrogan-te perseguidora do paganismo do mesmo modo que as autoridades religio-sas pags tinham agido em relao aos cristos. Parece que no balano fi-nal, a aproximao entre Igreja e Estado trouxe mais malefcios do quebeno Igreja Crist.

    O desenvolvimento doutrinrio na era conciliar

    Entre 313 e 451, as controvrsias teolgicas resultaram em concliosque tentaram resolver as questes em disputa atravs da formulao deCredos. Esses conclios fizeram grandes formulaes universais como oscredos niceno e atanasiano. Neste perodo, estabeleceram-se os principaisdogmas da Igreja Crist.

    Os dogmas ou doutrinas formuladas neste perodo foram o resultadode pensamentos e pesquisas demorados por parte dos cristos no af de in-terpretarem corretamente o significado da Bblia na questes disputadas ede evitar as opinies errneas dos filsofos. O mtodo adotado pela igrejapara resolver as diferenas fundamentais de interpretao sobre o significa-do da Bblia foi a realizao de conclios ecumnicos ou universais, geral-mente convocados e presididos pelo imperador romano. Houve sete conc-lios que representaram a Igreja Crist toda. Os grandes lderes da igreja

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    de todas as partes do Imprio representaram suas respectivas regies eparticiparam na busca de soluo para os problemas teolgicos que preo-cupam os cristos nesta poca.

    Em 318 ou 319, Alexandre, o bispo de Alexandria, discutiu comseus presbteros A Unidade da Trindade. Um dos presbteros, rio,acabou concebendo uma doutrina que recusava a verdadeira divindade deCristo. A controvrsia cresceu tanto que Constantino, no conseguindo

    resolver o problema com cartas convocou ento, um conclio dos bisposda Igreja a fim de encontrar uma soluo para a controvrsia.

    Este conclio se reuniu em Nicia no comeo do vero de 325. 300bispos da Igreja estiveram presentes, embora nem 10 fossem da porooriental do Imprio. O imperador presidiu o Conclio e custeou suas des-pesas. Pela primeira vez, a igreja encontrava-se dominada pela lideranapoltica do chefe do Estado. A ortodoxia teve uma vitria temporria em

    Nicia, com a afirmao da eternidade de Cristo e a identidade de suasubstncia com o Pai.Os anos entre 325 e 381 foram marcados pelo dio e pela briga, en-

    tre ortodoxos e arianos. No Conclio de Constantinopla em 381 estabele-ceu-se no cnon 1 de suas decises que a f dos 381 pais de Nicia nodeveria ser abandonada mas deveria permanecer como a correta. O pre-sente Credo Niceno, foi aprovado em Calcednia, em 451. Este credo, o

    Credo dos Apstolos e o Credo de Atansio so os trs grandes credosuniversais da Igreja. Nicia custou Igreja a sua independncia, pois aigreja tornou-se imperial desde esta poca e a partir da foi cada vez maissendo dominada pelo imperador. A igreja no ocidente foi capaz de se li-vrar do domnio do Estado, mas a igreja no oriente jamais se livrou destedomnio poltico.

    Os pais da Igreja

    Entre os Conclios de Nicia (325) e de Calcednia (451) vrios dosmais capazes Pais da Igreja Crist desempenharam o seu ministrio. Pro-curaram eles estudar a Bblia em bases mais cientficas a fim de desenvol-verem melhor a teologia crist. Devido fora cristalina de suas obras ede suas influncias sobre a Igreja de sua poca, Agostinho foi o maiordesses pais.

    A) Pais Ps-Nicenos do Oriente: Os pais da parte oriental da igreja

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    salvao. Possivelmente foi ele que introduziu o cntico de hinos e a sal-mdia antifonal na igreja ocidental;Agostinho(354- 430), filosofo e te-logo, aprendeu latim fora e odiou tanto o grego que jamais aprenderiapara usar fluentemente. Em 386 aconteceu a crise de converso. Meditan-do um dia num jardim sobre a sua situao espiritual, ouviu uma voz pr-xima porta que dizia: tome e leia. Agostinho abriu sua Bblia em Ro-manos 13:13,14 e a leitura trouxe luz para sua alma. Despediu sua con-

    cubina e abandonou sua profisso. Foi ordenado sacerdote em 391, e cin-co anos depois bispo de Hipona. Ele foi apontado como o maior dos Paisda Igreja. Deixou mais de 100 livros, 500 sermes e 200 cartas. A for-mulao de uma interpretao crist da histria deve ser tida como umadas contribuies permanentes deixadas por este grande erudito cristo.Agostinho exalta o poder espiritual sobre o temporal ao afirmar a sobera-nia do Deus que se tornou o Criador da histria no tempo. visto pelos

    protestantes como um precursor das idias da Reforma.

    O Monasticismo A vida no confinamento

    No perodo da gradual decadncia interna do Imprio Romano, omonasticismo exerceu um forte apelo para muitos que prontamente re-nunciaram a sociedade em favor do claustro. Este movimento tem suasorigens no sculo IV, quando leigos em nmeros cada vez maior comea-

    ram a se ausentar do mundo. Ao final do sculo VI, o monasticismo ti-nham profundas razes na igreja ocidental e oriental.Vrios fatores contriburam para o surgimento do monasticismo

    dentro da igreja antiga. Um dos fatores mais importantes foi a influnciafilosfica - onde acreditavam que alguns textos bblicos pareciam apoiar aidia de separao do mundo. Determinadas tendncias psicolgicas tam-bm fortaleceram o desejo por uma vida monstica. Na ltima parte dosculo II e o sculo III teve incio a desordem civil que se tornaria co-mum na histria do final do Imprio, assim sendo, muitos trocaram a so-ciedade pelo mosteiro como forma de fugir desta realidade adversa. Umoutro fator, foi o histrico. O nmero cada vez maior de brbaros a abar-rotar a igreja trouxe muitas prticas semi-pags para dentro dela, contra oque as almas puritanas se revoltaram. A crescente deteriorao moral, es-pecialmente entre as classes altas da sociedade romana, levou muitos adescrerem da reforma social. O monasticismo tornou-se um refgio para

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    os que se revoltavam contra a galopante decadncia dos tempos.

    A evoluo do monasticismoO monasticismo comeou quando muitos deixaram a sociedade para

    viver como eremitas. A santidade dos eremitas atraa a outros, que passa-vam a morar em cavernas prximas a eles e sob sua liderana. Pde-seconstruir, ento, um claustro para exerccios coletivos. No estgio final,

    surgiu a vida comunal organizada dentro do mosteiro.No Oriente, um homem chamado Antnio visto como o fundador

    do monasticismo. Aos 20 anos de idade, ele vendeu seus bens, deu dinhei-ro aos pobres e se retirou para uma solitria caverna para levar uma vidade meditao. Outro caso foi de Baslio de Cesaria que depois de receber

    uma excelente educao em Atenas e Constantinopla, trocou aos 27 anosos progressos do mundo pela vida asctica. Ele deu um sentido mais til e

    social ao esprito monstico, ao solicitar que os membros sob sua regra tra-balhassem, orassem, lessem a Bblia e praticassem boas obras.No Ocidente, creditada geralmente a Atansio a introduo do mo-

    nasticismo por ocasio do exlio momentneo em Constantinopla. Mas, older incontestvel do monasticismo ocidental foi Bento de Nrsia. Choca-do com a vida pecaminosa de Roma, ele se retirou para viver como eremitanuma caverna nas montanhas orientais de Roma por volta do ano 500. Em

    529, fundou o mosteiro de Monte Cassino. Logo vrios mosteiros estavamsob seu controle, seguindo seu plano de organizao, trabalho e culto. Omonasticismo constituiu-se numa das mais importantes regras da Idade M-dia. Levada Inglaterra, Alemanha e Frana no sculo VII, tornou-se uni-versal no tempo de Carlos Magno. Foi a regra-padro no Ocidente at porvolta do ano 1.000.

    Os benefcios do monasticismoOs mosteiros ajudaram a manter viva a erudio na Idade Mdia, en-

    tre 500 e 1000, quando a vida urbana praticamente desapareceu com a to-mada do Imprio Romano pelos brbaros. As escolas dos mosteiros davameducao de nvel superior para os vizinhos desejosos de aprender. Osmonges tambm se ocupavam em copiar manuscritos preciosos que preser-varam para a posterioridade.

    Os mosteiros eram um refgio para os que precisavam de ajuda: os

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    que precisavam de hospitalizao; os viajantes cansados tinham alimenta-o e repouso no albergue; e tambm os que estivessem fartos do munda-nismo e das preocupaes da vida. Alguns dos maiores lderes da igrejamedieval, como Gregrio VII, por exemplo, vieram dos mosteiros. Omonasticismo contribuiu para o rpido desenvolvimento de uma organi-zao hierrquica centralizada na igreja, isto porque os monges deviamobedincia aos superiores que, por sua vez, obedeciam ao papa.

    Os desenvolvimentos hierrquicos e litrgicos

    Entre 313 e 590, a igreja tornou-se a Igreja Catlica Romana, emque o bispo de Roma tinha supremacia sobre os outros. O ritual da Igrejatornou-se tambm mais sofisticado.

    O bispo romano

    Na igreja primitiva, o bispo era considerado um dos muitos bisposiguais entre si em posio, autoridade e funo. No perodo compreendi-do entre 313 e 590, o bispo romano passou a ser reconhecido como o pri-meiro entre os demais. Os acontecimentos histricos desta poca coopera-ram para intensificar a reputao do bispo de Roma. Roma fora o centrotradicional de autoridade para o mundo romano durante meio milnio eera a maior cidade ocidental. Depois que Constantino transferiu a capital

    do imprio para Constantinopla em 330, o centro de gravidade polticaoscilou de Roma para essa cidade. Isto deixou o bispo romano como anica pessoa forte em Roma durante muito tempo; o povo desta regiopassou a olh-lo como lder temporal e espiritual caso uma crise lhe so-breviesse. A eficiente obra missionria de monges leais a Roma tambmfortaleceu a autoridade do bispo romano.

    O progresso da liturgiaA unio entre a Igreja e Estado, no reinado de Constantino e seussucessores provocou a secularizao da igreja. A vinda dos pagos para aigreja atravs dos movimentos de converso em massa, contribuiu para apaganizao do culto quando procurou se adaptar nova realidade, com ointuito de deixar vontade estes brbaros convertidos. A venerao deanjos, santos, relquias, imagens e esttuas foi uma conseqncia lgicadeste procedimento. A intimidade com o estado monrquico tambm de-

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    terminou uma mudana no culto, passando-se de uma forma democrticasimples para outra mais aristocrtica e colorida de liturgia, com uma claradistino entre o clero e o laicato (leigo).

    O domingo tornou-se o dia principal do calendrio eclesistico depoisque Constantino estabeleceu que este seria um dia de culto cvico e religio-so. A festa do Natal tornou-se uma prtica regular em meados do sculoIV, adotando-se a data de dezembro anteriormente usada pelos adoradores

    de Mitra. Aumentou tambm o nmero de cerimnias que passariam a terfunes sacramentais: o casamento deveria ser considerado como um sa-cramento, segundo Agostinho; e, Cipriano sustentava que a penitncia eraalgo vital vida crist.

    A venerao a Maria, me de Jesus, desenvolveu-se rapidamente porvolta de 590. A interpretao equivocada da Bblia e a srie de milagresatribudos a Maria nos evangelhos apcrifos forjaram uma grande revern-

    cia por ela. A venerao dos santos surgiu do desejo natural da igreja emhonrar aqueles que tinham sido mrtires nos dias em que fora to duramen-te perseguida pelo estado. Ademais, os pagos estavam acostumados ve-nerao de seus heris. Quando muitos deles vieram para a igreja, pareceu-lhes natural substituir os seus heris pelos santos e lhes dar um status desemi-divindade. Durante este perodo surgiram uma hierarquia sacerdotalespecial sob a liderana de um bispo romano, a tendncia para aumentar onmero de sacramentos e torn-los os meios principais da graa, alm dosmovimentos em prol da organizao da liturgia. Estas coisas serviram paracolocar os fundamentos da Igreja Catlica Romano medieval.

    A Igreja na Idade Mdia 600 a 1500 d.C.)

    As trevas que se amontoavam sobre o cristianismo, iam-se tornandocada vez mais espessas proporo que os anos iam passando, e no princ-pio do sculo VII a ignorncia do clero e a superstio do povo eram extra-ordinrias. Quase toda a literatura que circulava entre o povo consistia nasmais extraordinria s lendas dos mrtires e das vidas fictcias dos santos.Isto era lido com avidez, e em toda a parte se encontrava gente bastante su-persticiosa e ignorante para acreditar. O orgulho e a avareza do clero, queat ento eram prprios daquela ordem de gente, tambm se introduziu nosmosteiros, instituies estas que realmente deviam a sua existncia aos es-

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    foros de homens piedosos e que deviam, por isso, escapar a estes males.No deve contudo admirar-nos esta deplorvel decadncia que se observade todos os lados, atendendo aos exemplos que davam os papas, cuja ar-rogncia e impiedade pareciam aumentar dia a dia. A sua ambio era in-sacivel e no conhecia limites, e para conseguirem os seus fins, empre-gavam todos os meios, mesmos os mais vis.

    O Bispo Universal - Perodo de 600 a 700 d.C.Durante a primeira metade do sculo VII o usurpador Focas, que

    assassinara o imperador Maurcio e se colocara no trono, teve um grandeaumento de poder. Alguns anos antes, houvera entre os bispos rivais deRoma e Constantinopla, uma luta desesperada pela supremacia, e Focaspara agradar aos italianos, que claro, defendiam o seu prprio bispo,decidiu-se a favor do primeiro. Assim, pois, obteve, este, o ttulo de

    Bispo Universal, por ordem do imperador; e o alicerce, sobre o qualtodas as suas posteriores pretenses se acumularam, ficou firmemente es-tabelecido. Isto aconteceu quase no fim do sculo anterior, durante opontificado de Gregrio I.

    Com a supremacia eclesistica assim estabelecida, comearam ospapas subseqentes a voltarem a sua ateno para o alargamento temporalda S papal e a intriga poltica comeou a ser um elemento familiar dos

    conclios do Vaticano.At ali o papa de Roma, embora fosse chamado Bispo Universal e,portanto, o ditador supremo da igreja, estava ainda sujeito ao poder civil,e a vontade arbitrria dos imperadores criava muitos obstculos aos seusatos. Estavam sujeitos, assim como os sacerdotes e os mais humildes doscidados, a serem levados perante as cortes civis de Roma, acontecimen-to que realmente teve lugar no ano 653, quando o papa Martinho foi con-denado a exlio perptuo.

    Pouco importava S de Roma se o evangelho estava sendo prega-do ou pervertido, ou se as almas estavam nascendo de novo para a eterni-dade ou sendo levadas para o inferno de olhos vedados, contanto que fos-se reconhecida a sua supremacia, e obedecessem cegamente aos seus de-sejos. Neste perodo, no ano de 612, surge Maom, o falso profeta da A-rbia. Seu maior pecado foi negar a divindade de Cristo.

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    Os exageros da idolatria - Perodo de 700 a 800 d.C.A idolatria na cristandade aumentara de uma maneira assustadora que

    se entregava aos maiores excessos de superstio. Colocavam velas acesasdefronte das imagens em muitas igrejas, o povo beijava-as e adorava-as de

    joelhos, e os padres queimava-lhe incenso, dando fora ao erro popular deque elas faziam milagres. Durante o pontificado de Gregrio I, Sereno, obispo de Marselha, teve a coragem de proibir estes abominveis usos, e

    destruiu bastantes imagens, mas logo depois, Gregrio reprovou a sua ati-tude. Assim, por esse meio insidioso se permitiu que o mal progredisse.No ano 726, Leo III, imperador do oriente, empenhou-se contra a idola-tria. A maneira como seu edito foi recebido mostrou de que modo o povose opunha formalmente a esta obra de reformulao; e o resultado foi logo

    uma guerra civil.

    A separao das IgrejasA rebelio que se seguiu a favor das imagens foi abafada pelas medi-das rpidas e sanguinrias do imperador, que autorizou uma perseguio.Mas os italianos olharam para aquele ato com horror e indignao, e quan-do receberam ordem para pr o edito em prtica no seu pas levantaram-setodos, e declararam que a sua aliana com o imperador estava acabada. As-sim teve lugar a separao final entre as igrejas latina e grega. O poder pa-

    pal estava h muito a espera disto e viu que era chegada a ocasio e apro-veitou o quanto pde a revolta popular.Excitado pela insolncia do papa Gregrio III, o imperador Leo ar-

    mou uma esquadra e mandou-a para a costa da Itlia, mas uma tempestadereduziu-a a tal estado que teve de voltar para o porto. Tanto o papa como oimperador morreram pouco depois, no ano 741, e esperava-se que tudosossegasse. Mas no foi assim. As idias iconoclastas (destruio de ima-gens religiosas) de Leo, passaram, assim como a sua coroa, para seu filhoConstantino V, e a cruzada contra o culto das imagens continuou com omesmo vigor durante o seu reinado de trinta e quatro anos. O imperadorque lhe sucedeu no ano 775, Leo IV, tambm seguiu os mesmos princ-pios e poltica, mas o seu reinado foi de pouca durao. Este imperador foiassassinado por sua mulher, a imperatriz Irene, que tomou as rdeas do go-verno no ano 780, em nome do seu filho Constantino VI, que era ento

    uma criana de dez anos. Foi este o sinal para uma mudana na poltica, e

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    a imperatriz, ligando-se com o papa, tomou logo as suas medidas para arestaurao do culto s imagens, sendo este passo muito bem recebidotanto pelos padres como pelo povo.

    Em 787 foi convocado um Conclio em Nicia (o stimo e ltimoconclio geral segundo a igreja grega), e foi resolvido que como a vene-rvel e vivificante cruz, fossem levantadas as venerveis e santas ima-gens....

    A decadncia espiritual da pocaA maior parte do clero, sem exceo dos bispos, vivia num estado

    de letargia espiritual e fraqueza viciosa; na verdade, o bispo supremo, opapa de Roma, era quem praticava mais iniqidades, como os seus pr-prios historiadores as contam, e mostram como, infelizmente, eles iamdescendo para a grande apostasia, desde o sculo IV. Mas indicar a qin-

    quagsima parte das irregularidades e monstruosidades que provinham dotrono papal, seria impossvel. Os bispos em muitos casos no eram emnada melhores do que os papas. Em lugar de olharem pelo rebanho deDeus, eram notveis pela sua avareza, que muitas vezes os levava a co-meter os maiores excessos de crueldade e extorso. Os padres eram acu-sados de se apoderarem dos bens dos outros, e de ridicularizarem aquelesque procediam de um modo humilde e casto. Mesmo quando entre eles

    existia algum zelo religioso, era geralmente numa causa intil; e freqen-temente se levantavam questes fteis, at que o esprito de polmica fi-cava bastante irritado. Este estado de coisas era na verdade triste, mas a-inda havia de se tornar mais triste. Era apenas o principio da poca dastrevas.

    A Idade Mdia - Perodo de 800 a 1000 d.C

    No podemos deixar de sentir uma certa tristeza ao pensarmos numperodo da histria da igreja to tenebroso como esse, contudo, alegra-nos podermos recordar que, apesar do desenvolvimento por toda a partedas trevas, o evangelho nunca deixou inteiramente de brilhar. Nesse per-odo as trevas eram to espessas que facilmente se podiam sentir. O quan-to eram maus podemos ver pelos testemunhos contemporneos, e pelasdecises dos conclios. No Conclio de Paiva, no ano 850, foi necessrioordenar sobriedade aos bispos, e proibi-los de conservar ces e falces

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    para a caa, e de terem vestimentas ricas, simplesmente para fazerem vis-ta. Em dois conclios separados levantou-se a queixa de que o clero infe-rior tinha mulheres em casa, e que os presbteros se tornavam em meiri-nhos e freqentavam as tabernas, e no se envergonhavam de se entrega-rem ao vcio e embriaguez.

    Quanto aos papas, basta dizer que um deles, Estevo VII, foi estran-gulado, ocasionando a sua morte a seguinte observao: Ele entrou no

    aprisco como um ladro, e foi justo que morresse pelo cabresto. Outro fa-to que se salientou nessa poca foi a exposio em muitas igrejas de vriascoisas vs que, falsamente, diziam ter grande valor. Havia, por exemplo,

    uma pena da asa do anjo Gabriel, um bocado da arca de No, a camisa dabendita virgem, etc.

    O clero ainda explorava a credulidade do povo por outros meios e aeste perodo pertence instituio do rosrio e da coroa da virgem Maria.

    Alm disto, era generalizada a crena absurda de que o arcanjo Miguel ce-lebrava missa na corte do cu todas as segundas-feiras e o clero aproveita-va a ignorncia do povo, que enchia as igrejas dedicadas a So Miguel, afim de obter a sua intercesso. Outra inveno dessa poca foi a Doutrinada Transubstanciao. Procedeu de um monge chamado Pascsio. Ele asse-verou que o po e o vinho da eucaristia eram convertidos ( transformadosliteralmente) no corpo e o sangue de Cristo, e fundou sua nova doutrinanuma interpretao muito literal das palavras do Senhor: Tomai! Comei!Isto meu corpo. Ora, dar a essa palavra tal sentido um absurdo, e fazcair qualquer pessoa num labirinto de absurdos.

    Ao aproximar-se o ano 1000 da igreja, aumentou-se o terror. Pelasuperstio do povo, apoderou-se de todos um tal pnico como de certono se tinha visto at ento. No tinha, por ventura, o Senhor dito que de-pois de mil anos Satans sairia da sua priso, e andaria por toda a parte en-ganando as naes nos quatro cantos da terra? (Ap.20). , em vista disto,

    muitos pensavam que o fim do mundo estava verdadeiramente prximo.Um ermito de Turgia chamado Bernhard, que, mal compreendendo

    estas palavras da Bblia, tomou-as para seu tema, e saiu no ano 960 a pre-gar a aproximao do julgamento. Havia alguma aparncia de verdade nes-ta doutrina e a iluso influiu no nimo dos supersticiosos de todas as clas-ses. Inclusive os monges e ermites pregavam a doutrina e, muito antes doano comear, soava este grito terrvel por toda a Europa. O povo encami-

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    Em vista disto prestou toda a ateno s queixas de um dos principaisinstigadores da nova agitao, um tal Pedro, ermito de Amiens, e animou-o muito a pregar uma cruzada. Os seus apelos calorosos causaram ora me-do, ora indignao aos seus ouvintes, e produziram rapidamente o efeitodesejado. Por que se h de permitir aos infiis, exclama ele, que con-servem por mais tempo a guarda de territrios cristos, tais como o Montedas Oliveiras e o Jardim de Getsmani? Por que ho de os adeptos de Mao-

    m, os filhos da perdio, manchar com seus ps hostis a terra sagrada quefoi testemunha de tantos milagres, e que ainda hoje, fornece tantas relqui-