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MINHA SÉRIE... Ah, o amor. Que mexe com a minha cabeça e me deixa as- sim... hum, assim como, se- nhor Zezé? O amor pode até ser o mais bonito sentimento entre todos e responsável por guiar as pessoas mundo afora, mas como provavelmente muitos sabem, ele nem sem- pre é aquele mar de rosas can- tado exaustivamente há déca- das por uma certa dupla serta- neja. O amor é tão intenso e poderoso que pode também machucar, iludir, fazer sofrer simplesmente por não ter da- do certo, entre outras coisas. O que isso quer dizer? Que é melhor não se enganar com a nova comédia original da Ne- tflix, achando estar diante de uma trama bonitinha e român- tica só porque ela leva apenas a palavra Love (amor, em in- glês) no nome. Como dito, suas nuances são inúmeras e a ideia aqui é até explorar o nascimento deste sentimento nos protagonistas, porém atra- vés de depressivas e dolorosas situações causadas, pois é, pe- lo amor, só que naqueles mo- mentos em que ele parece não acrescentar nada de bom. O fato é que a vida não é fá- cil e Mickey (Gillian Jacobs, de Community) e Gus (Paul Rust, de Eu te Amo, Beth Cooper) re- cebem provas disso diaria- mente em Los Angeles. Ela é gerente de programação de uma rádio da cidade, que vive melancólica graças ao namo- rado fracassado e viciado em cocaína e ao chefe covarde e instável que lhe exige as pio- res tarefas. Ele é um professor particular incumbido de dar aulas a estrelas (esnobes) mi- rins que passam o dia tranca- fiadas em estúdios de televi- são, tendo que enfrentar ain- da o fim de seu relacionamen- to porque a namorada dormiu com outro. Dois comuns que já passa- ram dos 30 anos e estão rodea- dos pelos prazeres da capital do entretenimento, mas que enxergam o desespero de vi- ver na realidade de cada esqui- na que passam, onde rece- bem de boas-vindas alguns bons tapas na cara. A comé- dia, portanto, vem de situa- ções ridiculamente concretas, verdadeiras — e muitas vezes bastante constrangedoras. Vem do terrível prazer de se di- vertir com a desgraça dos ou- tros — mesmo sendo ficção, tudo ali poderia acontecer com qualquer um. Um humor bem conhecido de seu cria- dor, Judd Apatow, que fez al- go parecido em Girls ao retra- tar o dilema de mulheres extre- mamente normais vivendo em Nova York (bem diferente, por exemplo, do mundo gla- mouroso de Sex and the City). Até mesmo a situação que coloca os protagonistas em contato pela primeira vez se dá por uma desgraça. Mickey teve uma péssima noite, com direito a chiliques numa igreja sob o efeito de remédios para dormir. Ao levantar no dia se- guinte, tudo o que ela quer é um café, seguindo para sua lo- ja de conveniência de sempre como um verdadeiro zumbi. Pega a bebida, mas não tem como pagar os US$ 2,35, pois esqueceu a carteira. Começa a brigar com o atendente, que se recusa a vender fiado. Gus vê toda a cena. Tam- bém está na loja atrás de bebi- da após uma noite tão terrível quanto, pois o sexo a três para que foi convidado a participar passou de uma adorável fanta- sia sexual para uma relação praticamente incestuosa. Ele, porém, parece estar mais cien- te que ela e resolve pagar pelo café para tentar salvar o dia de alguém, já que o seu está uma droga. A partir daí, eles começam a difícil missão de conhecer alguém novo para tentar uma vida a dois, passan- do por todos aqueles obstácu- los que enfrentaram em rela- cionamentos anteriores e que os colocaram exatamente na- quela infeliz loja. Por que a série funciona? Porque a química entre Paul Rust (também criador da sé- rie) e Gillian Jacobs impressio- na. Ela está impecável, levan- do à tela uma loucura tão viva e comum que há momentos em que a identificação com a personagem soa como culpa dentro de nós. Já ele consegue apresentar a alma nerd sem es- tereotipar, conduzindo o amá- vel Gus de forma certeira. Jun- tos, então, são um sucesso (ou um bom fracasso, dependen- do do ponto de vista). Os dez episódios da primei- ra temporada já estão disponí- veis na Netflix e a plataforma de vídeos já encomendou o se- gundo ano, que terá 12 capítu- los em 2017. Assista sem me- do. O máximo que vai aconte- cer e a série toda ficar guarda- da na mente como uma me- mória, e não uma produção de ficção. Fazer o quê? Adriana Izel, 26 anos, jornalista “Sou completamente viciada em séries, então é sempre difícil escolher uma só. Recentemente, a produção que mais me agrada e me faz querer ver os episódios novos imediatamente é How to Get Away with Murder, de Shonda Rhimes. O que me chama mais atenção é o ritmo acelerado da trama, que vai e volta no passado e no presente, sempre com revelações chocantes. Além disso, é incrível ter a oportunidade de ver Viola Davis arrasando como Annalise Keating, uma personagem que já mostrou na séries diversas nuances.” Divulgação Nova comédia original da Netflix, LOVE narra as desventuras dos protagonistas Mickey e Gus, vividos pelos ótimos Gillian Jacobs e Paul Rust, pessoas comuns a quem a vida coloca uma série de PERRENGUES que, aliás, acabam por colocá-los em CONTATO um com o outro... e se APAIXONANDO ...o History lança a produção original Um Contra Todos. No ar a partir de amanhã, às 22h55, a série mescla documentário e reality para mostrar a dura vida dos árbitros de futebol no Brasil, dos campos enlameados e sem alambrado do interior do País a grandes clássicos no Maracanã. Durante cinco episódios, o público acompanha a vida dos profissionais dentro e fora de campo, mostrando como eles são os personagens menos glamourosos do futebol, sem direito a errar e sempre alvos das reações mais calorosas das torcidas. . ..vai ao no canal Curta! o episódio Com Vontade de Ir para Casa, dirigido por Martin Scorsese para a série Blues. O cineasta, que também é produtor do projeto, encarou a difícil missão de realizar sete documentários sobre o estilo musical, tendo convidado grandes diretores para ajudá-lo. Amanhã, às 22h15, o seu episódio vai retratar o delta blues. Para isso, mostra o músico americano Corey Harris permeando o nascimento e as origens do estilo ao viajar pelo rio Mississipi e visitar o oeste da África. Há performances de Willie King, Taj Mahal, Otha Turner e raras imagens de arquivo de Son House. O amor sem glamour Gillian Jacobs (à dir.) e Paul Rust vivem Mickey e Gus em Love, cuja primeira temporada, com dez episódios, está disponível na Netflix NESTA SEMANA... Campinas DOMINGO 28 / 02 / 2016 CORREIO POPULAR

Serí(e)ssima: Love - O Amor sem Glamour

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Page 1: Serí(e)ssima: Love - O Amor sem Glamour

MINHA SÉRIE...Ah, o amor. Que mexe com aminha cabeça e me deixa as-sim... hum, assim como, se-nhor Zezé? O amor pode atéser o mais bonito sentimentoentre todos e responsável porguiar as pessoas mundo afora,mas como provavelmentemuitos sabem, ele nem sem-pre é aquele mar de rosas can-tado exaustivamente há déca-das por uma certa dupla serta-neja. O amor é tão intenso epoderoso que pode tambémmachucar, iludir, fazer sofrersimplesmente por não ter da-do certo, entre outras coisas.

O que isso quer dizer? Queé melhor não se enganar coma nova comédia original da Ne-tflix, achando estar diante deuma trama bonitinha e român-tica só porque ela leva apenasa palavra Love (amor, em in-glês) no nome. Como dito,suas nuances são inúmeras ea ideia aqui é até explorar onascimento deste sentimentonos protagonistas, porém atra-vés de depressivas e dolorosassituações causadas, pois é, pe-lo amor, só que naqueles mo-mentos em que ele parecenão acrescentar nada de bom.

O fato é que a vida não é fá-cil e Mickey (Gillian Jacobs, deCommunity) e Gus (Paul Rust,de Eu te Amo, Beth Cooper) re-cebem provas disso diaria-mente em Los Angeles. Ela égerente de programação deuma rádio da cidade, que vivemelancólica graças ao namo-rado fracassado e viciado emcocaína e ao chefe covarde einstável que lhe exige as pio-res tarefas. Ele é um professorparticular incumbido de daraulas a estrelas (esnobes) mi-rins que passam o dia tranca-fiadas em estúdios de televi-são, tendo que enfrentar ain-da o fim de seu relacionamen-to porque a namorada dormiucom outro.

Dois comuns que já passa-ram dos 30 anos e estão rodea-dos pelos prazeres da capitaldo entretenimento, mas queenxergam o desespero de vi-ver na realidade de cada esqui-na que passam, onde rece-bem de boas-vindas algunsbons tapas na cara. A comé-dia, portanto, vem de situa-ções ridiculamente concretas,verdadeiras — e muitas vezesbastante constrangedoras.Vem do terrível prazer de se di-vertir com a desgraça dos ou-tros — mesmo sendo ficção,tudo ali poderia acontecercom qualquer um. Um humorbem conhecido de seu cria-dor, Judd Apatow, que fez al-

go parecido em Girls ao retra-tar o dilema de mulheres extre-mamente normais vivendoem Nova York (bem diferente,por exemplo, do mundo gla-mouroso de Sex and the City).

Até mesmo a situação quecoloca os protagonistas emcontato pela primeira vez sedá por uma desgraça. Mickeyteve uma péssima noite, comdireito a chiliques numa igrejasob o efeito de remédios paradormir. Ao levantar no dia se-guinte, tudo o que ela quer éum café, seguindo para sua lo-ja de conveniência de semprecomo um verdadeiro zumbi.Pega a bebida, mas não temcomo pagar os US$ 2,35, poisesqueceu a carteira. Começa abrigar com o atendente, quese recusa a vender fiado.

Gus vê toda a cena. Tam-bém está na loja atrás de bebi-da após uma noite tão terrívelquanto, pois o sexo a três paraque foi convidado a participar

passou de uma adorável fanta-sia sexual para uma relaçãopraticamente incestuosa. Ele,porém, parece estar mais cien-

te que ela e resolve pagar pelocafé para tentar salvar o diade alguém, já que o seu estáuma droga. A partir daí, eles

começam a difícil missão deconhecer alguém novo paratentar uma vida a dois, passan-do por todos aqueles obstácu-los que enfrentaram em rela-cionamentos anteriores e queos colocaram exatamente na-quela infeliz loja.

Por que a série funciona?Porque a química entre PaulRust (também criador da sé-rie) e Gillian Jacobs impressio-na. Ela está impecável, levan-do à tela uma loucura tão vivae comum que há momentosem que a identificação com apersonagem soa como culpadentro de nós. Já ele consegueapresentar a alma nerd sem es-tereotipar, conduzindo o amá-vel Gus de forma certeira. Jun-tos, então, são um sucesso (ouum bom fracasso, dependen-do do ponto de vista).

Os dez episódios da primei-ra temporada já estão disponí-veis na Netflix e a plataformade vídeos já encomendou o se-gundo ano, que terá 12 capítu-los em 2017. Assista sem me-do. O máximo que vai aconte-cer e a série toda ficar guarda-da na mente como uma me-mória, e não uma produçãode ficção. Fazer o quê?

● Adriana Izel, 26anos, jornalista“Soucompletamenteviciada em séries,então é sempre difícilescolher uma só.Recentemente, a produção quemais me agrada e me fazquerer ver os episódios novosimediatamente é How to GetAway with Murder, de ShondaRhimes. O que me chama maisatenção é o ritmo acelerado datrama, que vai e volta nopassado e no presente, semprecom revelações chocantes.Além disso, é incrível ter aoportunidade de ver ViolaDavis arrasando comoAnnalise Keating, umapersonagem que já mostrou naséries diversas nuances.”

Divulgação

Nova comédia original da Netflix, LOVE narra as desventuras dos protagonistas Mickey e Gus, vividos pelosótimos Gillian Jacobs e Paul Rust, pessoas comuns a quem a vida coloca uma série de PERRENGUES —que, aliás, acabam por colocá-los em CONTATO um com o outro... e se APAIXONANDO

...o History lança a produçãooriginal Um Contra Todos. Noar a partir de amanhã, às22h55, a série mescladocumentário e reality paramostrar a dura vida dos árbitrosde futebol no Brasil, doscampos enlameados e semalambrado do interior do País agrandes clássicos no Maracanã.Durante cinco episódios, opúblico acompanha a vida dosprofissionais dentro e fora decampo, mostrando como elessão os personagens menosglamourosos do futebol, semdireito a errar e sempre alvosdas reações mais calorosas dastorcidas.

...vai ao no canal Curta! o episódioCom Vontade de Ir para Casa,dirigido por Martin Scorsese para asérie Blues. O cineasta, quetambém é produtor do projeto,encarou a difícil missão de realizarsete documentários sobre o estilomusical, tendo convidado grandesdiretores para ajudá-lo. Amanhã, às22h15, o seu episódio vai retratar odelta blues. Para isso, mostra omúsico americano Corey Harrispermeando o nascimento e asorigens do estilo ao viajar pelo rioMississipi e visitar o oeste daÁfrica. Há performances de WillieKing, Taj Mahal, Otha Turner eraras imagens de arquivo de SonHouse.

O amor sem glamour

Gillian Jacobs (à dir.) e Paul Rust vivem Mickey e Gus em Love, cuja primeira temporada, com dez episódios, está disponível na Netflix

NESTA SEMANA...

CampinasDOMINGO 28 / 02 / 2016

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