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MINHA SÉRIE... Nem só de glamour vive a re- vista norte-americana Vanity Fair. Aliás, seus maiores feitos passam longe de Hollywood e o mundo das celebridades, mesmo que seja difícil para muitos leitores da publicação de fora dos Estados Unidos acreditarem nisso. Mas antes de entrar no assunto desta se- mana, vou dar dois exemplos recentes em que a revista foi citada em contextos fora do entretenimento em produ- ções que conhecemos bem. Na nova temporada de House of Cards, o candidato à presidência dos EUA Will Conway (Joel Kinnaman), que concorre contra Frank Un- derwood (Kevin Spacey), faz um ensaio para a capa da Va- nity Fair ao lado da mulher, pois isso lhe trará muitos pon- tos na pesquisa, com direito a uma informação exclusiva: quem será o seu vice-presiden- te na chapa. Ou seja, um furo que todos os veículos adora- riam dar, mas quem consegue éa Vanity Fair. Além disso, no recente fil- me Conspiração e Poder (Tru- th), inspirado em fatos reais, a jornalista Mary Mapes (inter- pretada por Cate Blanchett) tenta convencer os editores do aclamado programa 60 Minu- tes, do canal CBS, a deixá-la embarcar em uma arriscada investigação contra o então presidente e candidato a reelei- ção dos Estados Unidos, Geor- ge W. Bush. Ela queria provar que ele havia sido protegido, graças aos altos contatos de sua família, para não servir na guerra do Vietnã. “A Vanity Fair também está atrás da his- tória”, diz em determinado momento, quase como uma prova, que a pauta era boa. Pois é esse lado da publica- ção, justamente o que a tor- nou uma das mais importan- tes e influentes revistas do mundo, o explorado pela nova série do canal Investigação Dis- covery (ID), Vanity Fair: Confi- dencial, que estreia amanhã, às 21h30. A produção mergu- lha nos mais controversos, po- lêmicos e difíceis casos investi- gados pela revista, mostrando os difíceis bastidores da apura- ção e as consequências que as reportagens tiveram. Mais do que isso, revela de- talhes de todo o processo, até então desconhecidos, já que os casos são reconstituídos com a ajuda dos jornalistas e escritores que trabalharam na reportagem, entre eles Mark Seal, Mimi Swartz e Buzz Bis- singer. “Quando nos ofereceram acesso aos artigos investigati- vos da revista, ficamos encan- tados com a oportunidade de trabalhar com as pessoas da- queles trabalhos magníficos. São pesquisas muito bem ela- boradas, realmente impressio- nantes, e mostram porque eles fazem parte de uma revis- ta como a Vanity Fair”, explica a produtora executiva da sé- rie, Stephanya Bareham, em entrevista exclusiva à Serí(e)ssi- ma. A coluna assistiu aos dois primeiros episódios — Prisio- neiro de Denver e A Mulher De- saparecida — e, apesar de mostrarem personagens e ca- sos que fizeram barulho exclu- sivamente nos Estados Uni- dos, é muito interessante ver o trabalho dos jornalistas e o poder dos veículos de comuni- cação ao embarcar em histó- rias profundas. “É uma série que funciona para as mais di- ferentes pessoas em diferen- tes países, porque há variados assuntos, mistérios e proble- mas enfrentados no fazer das matérias que importam mais do que os crimes em si”, diz Stephanya. Ela cita como exemplo jus- tamente o capítulo que abre a série, sobre uma jovem de 21 anos, Lisl Auman, que passa oito anos presa acusada de um assassinato que não come- teu graças a uma lei ultrapas- sada do Colorado. Ela escreve diversas cartas para jornais e personalidades pedindo aju- da, e quem responde é o escri- tor Hunter S. Thompson, que passa a trabalhar com o editor colaborador da Vanity Fair, Mark Seal, para resolver a si- tuação. “O caso pode até ter aconte- cido em um Estado específico, mas ele reflete o que pode acontecer por todo o país e, consequentemente, em mui- tos outros lugares. Pessoas que praticam ideologias extre- mistas existem em qualquer lugar. E essa identificação é vi- sível em outros episódios tam- bém, mesmo sendo sobre uma cidade, ou uma pessoa”, afirma a produtora executiva. A primeira temporada de Vanity Fair: Confidencial é composta por 12 episódios de uma hora. A Mulher Desapare- cida, sobre o estranho sumiço da mulher mais odiada dos Es- tados Unidos, é muito bem fei- to, assemelhando-se a um ex- celente filme de suspende e terror — com a exceção de que, aqui, as atrocidades real- mente aconteceram. A série fez enorme sucesso lá fora e um segundo ano já es- tá em produção pelo canal. Um dos episódios vai abordar os abusos sexuais cometidos pelo comediante Bill Cosby. “É um capítulo importante porque é uma oportunidade para encorajar as mulheres que passaram por abusos em algum momento da vida a fa- lar, é como dar vozes a elas. E isso é o que importa”, finaliza Stephanya. Marina Cotovicz, 34 anos, publisher. ”Comecei a ver House of Cards quando já estava na quinta temporada. Foi bom porque consegui ver os episódios sem longas pausas. Além de todo o cenário político, semelhante ao que vivemos atualmente, cheio de intrigas e conspirações, a série me encanta porque acabo torcendo para o vilão. Sim, o protagonista Frank Underwood, além de reunir todos os estereótipos horrorosos e desprezíveis, do político inescrupuloso, cínico e corrupto, de alguma forma te faz querer que suas conspirações dêem certo. Ou seja, o telespectador acaba sendo cúmplice dele, de seus crimes. Ou seja, em nenhum lugar, há mocinhos.” Divulgação O canal DISCOVERY ID mergulha nos bastidores da revista mais influente dos ESTADOS UNIDOS e reconstrói nos 12 episódios de VANITY FAIR: CONFIDENCIAL, que estreia amanhã, casos investigados pela PUBLICAÇÃO, mostrando desde o processo de apuração até as consequências das REPORTAGENS VAIDADES confidenciais Mark Seal, o editor colaborador da revista Vanity Fair, aparece no primeiro episódio, que vai ao ar amanhã Campinas DOMINGO 10 / 04 / 2016 CORREIO POPULAR

Serí(e)ssima: Vanity Fair Confidencial

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Entrevista com a produtora executiva da série, Stephanya Bareham

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Page 1: Serí(e)ssima: Vanity Fair Confidencial

MINHA SÉRIE...Nem só de glamour vive a re-vista norte-americana VanityFair. Aliás, seus maiores feitospassam longe de Hollywood eo mundo das celebridades,mesmo que seja difícil paramuitos leitores da publicaçãode fora dos Estados Unidosacreditarem nisso. Mas antesde entrar no assunto desta se-mana, vou dar dois exemplosrecentes em que a revista foicitada em contextos fora doentretenimento em produ-ções que conhecemos bem.

Na nova temporada deHouse of Cards, o candidato àpresidência dos EUA WillConway (Joel Kinnaman), queconcorre contra Frank Un-derwood (Kevin Spacey), faz

um ensaio para a capa da Va-nity Fair ao lado da mulher,pois isso lhe trará muitos pon-tos na pesquisa, com direito auma informação exclusiva:quem será o seu vice-presiden-te na chapa. Ou seja, um furoque todos os veículos adora-riam dar, mas quem consegueé a Vanity Fair.

Além disso, no recente fil-me Conspiração e Poder (Tru-th), inspirado em fatos reais, ajornalista Mary Mapes (inter-pretada por Cate Blanchett)tenta convencer os editores doaclamado programa 60 Minu-tes, do canal CBS, a deixá-laembarcar em uma arriscadainvestigação contra o entãopresidente e candidato a reelei-

ção dos Estados Unidos, Geor-ge W. Bush. Ela queria provarque ele havia sido protegido,graças aos altos contatos desua família, para não servir naguerra do Vietnã. “A VanityFair também está atrás da his-tória”, diz em determinadomomento, quase como umaprova, que a pauta era boa.

Pois é esse lado da publica-ção, justamente o que a tor-nou uma das mais importan-tes e influentes revistas domundo, o explorado pela novasérie do canal Investigação Dis-covery (ID), Vanity Fair: Confi-dencial, que estreia amanhã,às 21h30. A produção mergu-lha nos mais controversos, po-lêmicos e difíceis casos investi-gados pela revista, mostrandoos difíceis bastidores da apura-ção e as consequências que asreportagens tiveram.

Mais do que isso, revela de-talhes de todo o processo, atéentão desconhecidos, já queos casos são reconstituídoscom a ajuda dos jornalistas eescritores que trabalharam na

reportagem, entre eles MarkSeal, Mimi Swartz e Buzz Bis-singer.

“Quando nos ofereceramacesso aos artigos investigati-vos da revista, ficamos encan-tados com a oportunidade detrabalhar com as pessoas da-queles trabalhos magníficos.São pesquisas muito bem ela-boradas, realmente impressio-nantes, e mostram porqueeles fazem parte de uma revis-ta como a Vanity Fair”, explicaa produtora executiva da sé-rie, Stephanya Bareham, ementrevista exclusiva à Serí(e)ssi-ma.

A coluna assistiu aos doisprimeiros episódios — Prisio-neiro de Denver e A Mulher De-saparecida — e, apesar demostrarem personagens e ca-sos que fizeram barulho exclu-sivamente nos Estados Uni-dos, é muito interessante vero trabalho dos jornalistas e opoder dos veículos de comuni-cação ao embarcar em histó-rias profundas. “É uma sérieque funciona para as mais di-

ferentes pessoas em diferen-tes países, porque há variadosassuntos, mistérios e proble-mas enfrentados no fazer dasmatérias que importam maisdo que os crimes em si”, dizStephanya.

Ela cita como exemplo jus-tamente o capítulo que abre asérie, sobre uma jovem de 21anos, Lisl Auman, que passaoito anos presa acusada deum assassinato que não come-teu graças a uma lei ultrapas-sada do Colorado. Ela escrevediversas cartas para jornais epersonalidades pedindo aju-da, e quem responde é o escri-tor Hunter S. Thompson, quepassa a trabalhar com o editorcolaborador da Vanity Fair,Mark Seal, para resolver a si-tuação.

“O caso pode até ter aconte-cido em um Estado específico,mas ele reflete o que podeacontecer por todo o país e,consequentemente, em mui-tos outros lugares. Pessoasque praticam ideologias extre-mistas existem em qualquer

lugar. E essa identificação é vi-sível em outros episódios tam-bém, mesmo sendo sobreuma cidade, ou uma pessoa”,afirma a produtora executiva.

A primeira temporada deVanity Fair: Confidencial écomposta por 12 episódios deuma hora. A Mulher Desapare-cida, sobre o estranho sumiçoda mulher mais odiada dos Es-tados Unidos, é muito bem fei-to, assemelhando-se a um ex-celente filme de suspende eterror — com a exceção deque, aqui, as atrocidades real-mente aconteceram.

A série fez enorme sucessolá fora e um segundo ano já es-tá em produção pelo canal.Um dos episódios vai abordaros abusos sexuais cometidospelo comediante Bill Cosby.“É um capítulo importanteporque é uma oportunidadepara encorajar as mulheresque passaram por abusos emalgum momento da vida a fa-lar, é como dar vozes a elas. Eisso é o que importa”, finalizaStephanya.

● MarinaCotovicz, 34anos, publisher.”Comecei a verHouse of Cardsquando já estava naquinta temporada. Foi bomporque consegui ver osepisódios sem longas pausas.Além de todo o cenáriopolítico, semelhante ao quevivemos atualmente, cheio deintrigas e conspirações, a sérieme encanta porque acabotorcendo para o vilão. Sim, oprotagonista FrankUnderwood, além de reunirtodos os estereótiposhorrorosos e desprezíveis, dopolítico inescrupuloso, cínico ecorrupto, de alguma forma tefaz querer que suasconspirações dêem certo. Ouseja, o telespectador acabasendo cúmplice dele, de seuscrimes. Ou seja, em nenhumlugar, há mocinhos.”

Divulgação

O canal DISCOVERY ID mergulha nos bastidores da revista mais influente dos ESTADOS UNIDOS ereconstrói nos 12 episódios de VANITY FAIR: CONFIDENCIAL, que estreia amanhã, casos investigadospela PUBLICAÇÃO, mostrando desde o processo de apuração até as consequências das REPORTAGENS

VAIDADES confidenciais

Mark Seal, o editor colaborador da revista Vanity Fair, aparece no primeiro episódio, que vai ao ar amanhã

CampinasDOMINGO 10 / 04 / 2016

CORREIO POPULAR