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SISTEMA PROCESSUAL PENAL 1
Aula 1: Garantismo penal no estado democrático........................................................................ 2
Introdução ............................................................................................................................. 2
Conteúdo ................................................................................................................................ 4
Sistemas processuais penais ............................................................................................ 4
Sistemas processuais penais ............................................................................................ 4
Sistema inquisitório ou inquisidor .................................................................................. 5
Sistema acusatório ............................................................................................................ 6
Sistema misto ou acusatório formal .............................................................................. 8
Sistema processual penal brasileiro ............................................................................... 9
A instrumentalidade do processo ................................................................................. 11
O processo penal garantista .......................................................................................... 13
O processo penal garantista .......................................................................................... 14
A força normativa da Constituição .............................................................................. 16
Atividade proposta .......................................................................................................... 19
Referências........................................................................................................................... 21
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 22
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 32
Aula 1 ..................................................................................................................................... 32
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 32
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 2
Introdução
Nesta aula, serão estudadas as principais características dos sistemas
processuais penais, para fins de adoção de um sistema voltado à proteção e
efetividade dos direitos e garantias fundamentais. Para tanto, é necessária a
compreensão da relevância do estudo das teorias sobre a natureza jurídica do
processo e, consequente, relação entre lide, processo penal e pretensão
acusatória, bem como a adoção de um Sistema Processual Acusatório, suas
características atinentes à gestão probatória para fins de efetivação de um
Sistema de Garantias.
Haverá também a análise, de forma crítica e balizada, nos princípios
constitucionais norteadores do Processo penal, do caráter Instrumental do
Processo Penal, de modo a compreender a necessidade do Devido Processo
Legal enquanto garantia das partes e do justo processo. Tal análise perpassará
estudo sobre a evolução do devido processo legal sob a ótica publicista, a
compreensão das regras do devido processo legal enquanto garantia das partes
e do justo processo face à indisponibilidade dos direitos e garantias processuais
do acusado.
Objetivo:
1. Reconhecer a importância da adoção de um sistema processual penal
acusatório, escoimado dos vícios inquistivos, como única forma de se garantir
um processo justo e garantista;
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 3
2. Compreender a força normativa da Constituição, assimilando a importância
dessa força ao efetivo respeito do devido processo legal em um Estado
Democrático de Direito.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 4
Conteúdo
Sistemas processuais penais
Para iniciar nosso estudo é preciso termos em mente que sistema processual
penal é o conjunto de regras e princípios, ou seja, um conjunto de normas, de
natureza constitucional e infraconstitucional, que, coordenadas entre si,
determinam as diretrizes que devem ser observadas, por cada Estado, quando
da aplicação concreta das normas do direito material àqueles que as infringem.
Embora cada país, em diferentes etapas de seu desenvolvimento, possa adotar
um sistema com peculiaridades próprias, é possível identificarmos,
basicamente, três dos sistemas processuais penais existentes no mundo, ao
longo da história, quais sejam:
Sistema inquisitório ou inquisidor
Sistema acusatório
Sistema misto, reformado, napoleônico ou acusatório formal
Sistemas processuais penais
Para iniciar nosso estudo é preciso termos em mente que sistema processual
penal é o conjunto de regras e princípios, ou seja, um conjunto de normas, de
natureza constitucional e infraconstitucional, que, coordenadas entre si,
determinam as diretrizes que devem ser observadas, por cada Estado, quando
da aplicação concreta das normas do direito material àqueles que as infringem.
Embora cada país, em diferentes etapas de seu desenvolvimento, possa adotar
um sistema com peculiaridades próprias, é possível identificarmos,
basicamente, três dos sistemas processuais penais existentes no mundo, ao
longo da história, quais sejam:
Sistema inquisitório ou inquisidor
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 5
Sistema acusatório
Sistema misto, reformado, napoleônico ou acusatório formal
Sistema inquisitório ou inquisidor
O sistema inquisitório ou inquisidor, como o próprio nome sugere, surge no
âmbito da Igreja Católica, e tem seu marco histórico em 1215, quando da
realização do Concílio de Latrão, tendo dominado quase toda a Europa
Ocidental, na medida em que soberanos absolutistas perceberam nesse tipo de
processo uma arma poderosa para a manutenção e centralização de seus
poderes.
No sistema inquisitório, o julgador se afasta de sua posição de árbitro
equidistante e imparcial, e acaba por assumir a atividade de inquisidor,
atuando, desde o início, também como acusador. Como consequência, o que se
verifica é que se confundem as atividades do juiz e do acusador, enquanto que
o acusado perde a sua condição de sujeito processual para se converter em um
mero objeto da investigação.
Destacam-se, ainda, como características do sistema inquisitório, ser esse
escrito, sigiloso, sem contraditório, com juízes irrecusáveis (não havia que se
falar, por óbvio, em impedimentos, incompatibilidades e suspeições), imperava,
em matéria probatória, o sistema legal de valoração das provas, reconhecendo-
se a confissão como prova absoluta e, tinha-se, como regra geral, o estado de
prisão do acusado durante o transcurso do processo. Não é difícil, pois,
concluirmos, ainda, que no sistema inquisitório o julgador acaba por perder sua
imparcialidade.
Justamente em razão dessa reunião de funções nas mãos do julgador,
percebemos que no sistema inquisitório o juiz atua como verdadeiro gestor da
prova, isto é, o magistrado se encarrega ele próprio de buscar as provas
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 6
necessárias para confirmar os fatos que lhe são apresentados e, a princípio,
tido como verdadeiros.
Constata-se, pois, que aqui as provas colhidas são utilizadas apenas para
comprovar, para ratificar o pensamento já formado do julgador. Todo o
processo e a gestão das provas (muitas das vezes revestidas de inconteste
ilicitude) são conduzidos no sentido de trazer elementos que confirmem a
convicção do juiz acerca da infração penal e do acusado, visando sempre obter
a condenação do objeto da relação processual.
Atenção
Vale lembrar que, no Brasil, o sistema inquisitório inspirou
fortemente a elaboração de nosso Código de Processo Penal,
promulgado na década de 1940, durante o Estado Novo de
Getúlio Vargas. À guisa de exemplo, antes do advento da
Constituição Federal de 1988, era admitido em nossa legislação
o procedimento judicialiforme em relação à apuração de todas as
contravenções penais (Artigo 17 do Decreto-Lei nº 3.688/41) e
homicídio e lesões corporais culposos (Lei nº 4.611/65),
procedimento esse que permitia ao juiz dar início à ação penal e,
ao final, ele mesmo proferir sentença. O procedimento
judicialiforme foi banido definitivamente de nosso ordenamento
jurídico pelo Artigo 129, inciso I, da Constituição Federal de
1988, que garantiu ao Ministério Público a titularidade exclusiva
para a propositura da ação penal pública.
Sistema acusatório
O sistema acusatório, cujas origens remontam ao Direito grego, onde se
desenvolve referendado pela participação direta do povo no exercício da
acusação e como julgador, apresenta-se como verdadeira antítese do sistema
inquisitório, sendo sua principal característica a nítida separação entre os
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 7
órgãos incumbidos de acusar e julgar, o que garante, ou pelo menos deveria
garantir, a existência de um julgador imparcial, que só deve agir quando
devidamente provocado (ne procedat judex ex officio).
No sistema acusatório, podemos então destacar, basicamente, as seguintes
características, além da que já mencionamos:
a) A regra é a publicidade dos atos processuais, admitindo-se, contudo, em
caráter excepcional, o sigilo de alguns atos ou feitos.
b) A imparcialidade do juiz, eis que este se encontra distante do conflito, e sem
qualquer envolvimento com os litigantes, devendo conduzir o processo de
forma equidistante, determinando as diligências consideradas necessárias à
instrução do feito.
c) A gestão da prova fica a cargo das partes, devendo, neste aspecto, ser
passiva a atuação do magistrado.
d) São assegurados os princípios do contraditório e da ampla defesa, que
devem permear todo o processo.
No sistema acusatório, podemos então destacar, basicamente, as seguintes
características, além da que já mencionamos:
e) O acusado deixa de ser um objeto de investigação apenas e passa a ser
encarado como um sujeito de direitos, assegurando-lhe um rol de garantias
prevista no ordenamento jurídico.
f) Adota-se, em matéria probatória, o sistema do livre convencimento motivado,
ou da persuasão racional, segundo o qual garante-se ao juiz liberdade na
apreciação das provas, desde que sua sentença se encontre motivada em
elementos carreados aos autos.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 8
Sistema misto ou acusatório formal
O terceiro sistema processual penal que merece nossa atenção é o sistema
processual penal misto, que, como o próprio nome indica, reúne características
de ambos os sistemas acima vistos e, segundo os estudiosos, deve sua origem
ao Código Napoleônico de 1808. O sistema misto possui duas fases
procedimentais bem distintas, a saber:
a) A primeira, inquisitória, que é a fase da investigação preliminar, na qual o
procedimento é conduzido (presidido) pelo juiz, que se encarrega de realizar as
investigações, colher provas e indícios, bem como quaisquer outros elementos
que possam, posteriormente dar subsídios à acusação perante o competente
juízo. O juiz, nessa fase, atua com o auxílio da Polícia Judiciária, praticando
todos os atos inerentes à formação de um juízo prévio que possa vir a lastrear
uma acusação.
Essa primeira fase do sistema misto revela um procedimento secreto, escrito,
sem a presença das garantias do contraditório e da ampla defesa e, mais que
isso, o autor do fato é tido como mero objeto da investigação.
b) A segunda, acusatória, ou judicial, na qual são assegurados todos os direitos
do acusado e a independência entre acusação, defesa e julgador, fazem-se
presente o contraditório e ampla defesa, devendo ainda ser observada a
publicidade dos atos processuais. Nesta segunda fase é feita a acusação
propriamente dita, geralmente pelo Ministério Público, passando o acusado a
ser tratado como um sujeito de direitos, titular do denominado estado de
inocência, e atribuindo-se todo ônus da prova ao órgão acusador.
Paulo Rangel critica o sistema misto, pois apesar de já ser um avanço com
relação ao sistema inquisitivo, ainda mantém o juiz na colheita de provas,
mesmo na fase preliminar da acusação. Para o autor, a função jurisdicional
deveria ser preservada, devendo o juiz não participar da fase persecutória, de
forma que quem deveria controlar as diligências realizadas pela polícia judiciária
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 9
seria o Ministério Público ou ainda, se necessário, realizá-las pessoalmente,
formando sua opinio delicti e iniciando a ação penal (Rangel, Paulo. Direito
processual penal. 18. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 55).
Sistema processual penal brasileiro
Não existe na doutrina brasileira um consenso acerca do sistema processual
penal adotado pelo Brasil. Alguns autores sustentam que nosso sistema é o
acusatório, outros afirmam que o Brasil adotou o sistema misto e alguns ainda
falam em sistema acusatório impuro.
É indiscutível que no Brasil existe uma nítida separação entre a função de
acusar, que cabe ao Ministério Público, nas ações penais públicas, e ao
particular, nas ações penais privadas, e a função de julgar, que cabe a um
magistrado sem nenhuma função acusatória.
O processo penal brasileiro atual é eminentemente contraditório. Não temos a
figura do juiz instrutor. A fase processual propriamente dita é precedida de uma
investigação não contraditória, pela polícia judiciária, via de regra, na qual se
buscam reunir elementos que evidenciem a prática de uma infração penal e de
sua respectiva autoria. É a partir dessa investigação que o acusador (Ministério
Público ou vítima, conforme a espécie de ação penal) instaura o processo,
formulando uma denúncia ou queixa perante o juízo competente.
Uma vez deflagrada a ação penal, o processo se torna contraditório e público,
via de regra, eis que a própria Constituição Federal, em seu Artigo 93, inciso IX,
e o CPP, em seu Artigo 792, § 1º, admitem a publicidade restrita. Ademais, na
fase judicial, garante-se ao acusado/réu uma extensa gama de direitos
previstos na Carta Magna de 1988, limitando a atividade persecutória estatal,
impondo limites na observância de princípios que assegurem um mínimo de
garantias para evitar abusos estatais.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 10
Apesar de reconhecermos que, de fato, o sistema processual penal brasileiro é
o sistema acusatório, não há como deixar de notar que nosso sistema não é
puro, ou ortodoxo, como preferem alguns. Alguns estudiosos sustentam que
nosso sistema não pode ser considerado puro em virtude da existência do
inquérito policial nos moldes em que esse procedimento se realiza, isto é, em
caráter sigiloso, marcado pela inquisitoriedade, e no qual o indiciado é tratado
como mero objeto da investigação. Ademais, lembram os defensores dessa
corrente, é o inquérito policial que servirá como elemento inicial para lastrear,
para deflagrar a ação penal, vindo, inclusive, a integrar os autos do processo.
Daí o inegável resquício do sistema inquisitivo no modelo processual penal
brasileiro.
No entanto, o melhor posicionamento é aquele que sustenta que o sistema
processual penal brasileiro não é puro não por força do inquérito policial de
características inquisitivas, mas sim por conta de determinados poderes que são
atribuídos aos juízes em nosso Código de Processo Penal.
A maior evidência de que a legislação processual penal brasileira não adotou o
sistema acusatório puro encontra-se no Artigo 38 do CPP, o qual permite que o
juiz, nos crimes de ação penal pública, condene o réu não obstante tenha o
Ministério Público opinado pela absolvição.
De toda sorte, ainda que nosso sistema processual penal atual não seja o
acusatório puro, ou seja, ainda que traga ele resquícios do sistema inquisitivo,
indiscutível que a Constituição Federal de 1988 teve papel significativo nesse
avanço ao garantir, em seu Artigo 129, inciso I, a titularidade exclusiva da ação
penal pública ao Ministério Público.
A questão de maior relevo que hoje se impõe ao operador do direito é
justamente interpretar o sistema acusatório de acordo com as normas
constitucionais de nossa Lei Maior, e não tendo por base as normas
infraconstitucionais. Não raro nos deparamos com disposições do CPP que se
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 11
chocam frontalmente com regras positivadas ou mesmo princípios
constitucionais e, nesses casos, forçoso reconhecer que tais disposições devem
ser tidas como não recepcionadas. Todas as garantias instituídas pela
Constituição Federal de 1988 são características do sistema processual penal
acusatório. Por isso, para que se possa falar em processo penal constitucional,
é preciso que haja adequação interpretativa, integrativa e aplicativa das normas
processuais ao atual modelo constitucional.
Por derradeiro, parece-nos relevante destacar que os sistemas processuais são
intimamente interligados com o modelo político de cada Estado, sofrendo, por
óbvio, influência das transformações por que passa cada sociedade. Isso
significa, pois, que quanto mais o Estado se aproxime do autoritarismo
(ditadura, monarquia), mais reduzidas ficam as garantias do réu, e mais se
aproxima ao sistema inquisitório. O contrário também é verdadeiro: quanto
mais o Estado se aproxima da democracia e do Direito, maiores ficam as
concessões de garantias e, por conseguinte, mais se aproxima ao modelo
acusatório puro.
A instrumentalidade do processo
O Direito, como já vimos, tem importante função no controle da paz social. Os
legisladores de cada sociedade, atentos a seus valores e de acordo com seus
momentos evolutivos, elaboram regras jurídicas que tendem a proteger os
diversos bens jurídicos da vida e evitar o surgimento de conflitos.
O Direito Penal, que é o que particularmente nos interessa, é o ramo do direito
material que prevê as mais graves sanções (as privativas de liberdades) a
serem impostas contra aqueles que violam suas normas, normas estas que
tutelam relevantíssimos bens jurídicos, entre eles a própria vida, a integridade
física, a liberdade, o patrimônio etc.
Ao criar as normas materiais de Direito Penal, o legislador tipifica, no preceito
primário da norma, as condutas que são genericamente vedadas a qualquer
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 12
indivíduo e, no preceito secundário, comina as possíveis penas em abstrato que
deverão ser aplicadas àqueles que as infrinjam.
Nasce assim, para o Estado, titular do direito de punir, o jus puniendi in
abstracto. Vale observar, porém, que esse direito de punir só pode ser
efetivamente dirigido contra aqueles que efetivamente praticam infrações
penais, ou seja, apenas quando satisfeita tal condição surge para o Estado a
pretensão punitiva concreta. Uma vez praticado um delito, o Estado reage
através de uma pretensão punitiva que visa recompor a ordem jurídica
perturbada pela infração.
É certo, porém, que para concretizar sua pretensão, o Estado precisa de um
instrumento que lhe sirva justamente para atingir seu objetivo de efetivamente
punir aquele que desrespeitou seu direito material.
O instrumento a que aqui nos referimos é o processo, e daí falar-se tão
insistentemente na característica da instrumentalidade do processo.
O processo, por certo, não é um fim em si mesmo, servindo, a princípio, como
instrumento, como meio para se alcançar um fim que preexiste a ele, qual seja,
a concretização da norma de Direito material.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 13
Atenção
Entendido que o Direito Penal não é um ramo do Direito de
coação direta, e considerando-se que o próprio Estado
autolimitou o seu jus puniendi, não se concebe aplicação de
pena sem processo, o que torna cristalina essa característica da
instrumentalidade que ora abordamos. Não é por outra razão
que os princípios do nulla poena sine judice e nulla poena sine
judicio foram elevados à categoria de dogmas constitucionais, e
nos informam que nenhuma sanção penal poderá ser imposta
senão pelo órgão jurisdicional competente, e mediante o devido
processo.
A abordagem deste tema exige de nós, contudo, que
compreendamos o processo não única e exclusivamente como
um instrumento que se presta tão somente para satisfazer a
pretensão acusatória estatal. O processo penal, analisado sob o
enfoque da instrumentalidade constitucional, vai muito além de
um mero instrumento de concretização da sanctio juris contra
aqueles que violam as normas de Direito Material.
O processo penal garantista
Indiscutivelmente, não é possível que nenhum grupamento social sobreviva
sem a presença do Direito, possuindo este função de garantidor da paz social.
Não é por outra razão, que já na Roma antiga, surgiu o brocardo ubi societas
ibi jus.
O Direito pode ser visto como uma força criada pela própria sociedade, para
organizar e fazer com que a própria sociedade o cumpra, de forma a evitar o
surgimento de conflitos sociais e pacificá-los quando estes se mostrarem
inevitáveis. Não é por outra razão que o sociólogo francês Émile Durkheim
afirmava que a função suprema do Direito é o controle social das paixões, que
as emoções humanas podem gerar.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 14
O processo penal garantista
Dentro dessa concepção, o Direito Penal revela-se de fundamental importância,
protegendo os mais relevantes bens da vida do ser humano, e destacando-se
também por ser o único que impõe medidas restritivas de liberdade àqueles
que violam suas normas.
Constatamos, contudo, ao longo da história da humanidade, que o Direto Penal
e, via de consequência, o Processo Penal, foram, não raro, utilizados de forma
vergonhosa no passado por vários Estados, objetivando defender interesses
escusos dos detentores dos poderes políticos, monarcas absolutistas, ditadores
e oligarcas, que, utilizando-se de forma arbitrária de seus poderes, manejavam
tais áreas do Direito com o fim único de unicamente interesses individuais
unilaterais.
Não foi por outra razão que no século XVII surgiu na Europa o movimento
conhecido como Iluminismo (ou Era da Razão), cujo apogeu se deu no século
XVIII, tendo seu principal berço na França, e sustentando o domínio da razão
sobre a visão teocêntrica que até então dominava o mundo. Foi justamente
nesse período, mais precisamente em 1789, que foi promulgada a “Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão”, sintetizando em dezessete artigos e um
preâmbulo os ideais libertários e liberais da primeira fase da Revolução
Francesa. Foram, então, pela 1ª vez, na história mundial, positivados princípios
que limitavam a atuação estatal, ou seja, princípios que restringiam o poder do
Estado em benefício dos Direitos Humanos, garantindo ao cidadão direitos
amparados na Carta Magna, para que esses não sofressem sanção arbitrária
alguma contra a sua liberdade ou a sua propriedade. Foi a partir desse marco
histórico, que se deu início à busca de melhores garantias para conter a
desproporção de poderes entre o Estado e o cidadão, isto é, garantias
limitadoras dos poderes do Estado em face dos direitos do cidadão, buscando,
assim, na medida do possível, encontrar o equilíbrio entre esses agentes.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 15
Tendo como ponto de partida o Iluminismo e, mais especificamente,
a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, o que se viu a partir de
então foi uma verdadeira evolução na reestruturação do poder estatal, cujo
ápice se verifica com a criação de todo um complexo de garantias idealizado
pelo juspositivista crítico italiano Luigi Ferrajoli, que buscou agregar, de forma
sistemática tudo, ou quase tudo, que havia sido idealizado até o século XX em
relação às limitações do jus puniendi do Estado.
Em sua clássica obra intitulada Direito e Razão – Teoria do garantismo penal,
datada de 1989, Luigi Ferrajoli reuniu pensamentos sobre a matéria ao longo
da história. Assim, ordenou diagrama metódico no sentido de estruturar uma
teoria racional para poder fornecer suporte legal à ação estatal repressora,
exigindo, para tanto, que o Estado se regulasse por estrita sujeição à dignidade
da pessoa humana, à liberdade, ao direito à intimidade e a outros princípios
limitadores do jus puniendi. Deste modo o autor formulou os dez axiomas
garantistas:
1. Nulla poena sine crimine (não há pena sem crime) – corrresponde ao
princípio da retributividade ou da consequencialidade da pena em relação ao
delito;
2. Nullum crimen sine lege (não há crime sem lei) - corresponde ao princípio da
legalidade, no sentido lato ou no sentido estrito;
3. Nulla lex (poenalis) sine necessitate (não há lei penal sem necessidade) –
corresponde ao princípio da necessidade ou da economia do Direito Penal;
4. Nulla necessitas sine injuria (não há necessidade de lei penal sem lesão) –
corresponde ao princípio da lesividade ou da ofensividade do evento;
5. Nulla injuria sine actione (não há lesão sem conduta) – corresponde ao
princípio da materialidade ou da exterioridade da ação;
6. Nulla actio sine culpa (não há conduta sem dolo e sem culpa) – corresponde
ao princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal;
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 16
7. Nulla culpa sine judicio (não há culpa sem o devido processo legal) -
corresponde ao princípio da jurisdicionariedade, também no sentido lato ou no
sentido estrito;
8. Nullum judicium sine accusatione (não há processo sem acusação) –
corresponde ao princípio acusatório ou da separação entre juiz e acusação;
9. Nulla accusatio sine probatione (não há acusação sem prova que a
fundamente) – corresponde ao princípio do ônus da prova ou da verificação;
10. Nulla probatio sine defensione (não há prova sem ampla defesa) –
corresponde ao princípio do contraditório ou da defesa, ou da falseabilidade.
Os dez axiomas acima reproduzidos evidenciam que o garantismo busca é
justamente proteger os mais fracos e, sobretudo, evitar abusos e
arbitrariedades por parte do Estado.
A força normativa da Constituição
Quando do surgimento da Teoria da Força Normativa da Constituição, de
Konrad Hesse, ex-juiz da Corte Constitucional Alemã, notáveis mudanças de
paradigma assinalam a hermenêutica da Constituição e de sua aplicação,
resultando em um grande desenvolvimento de novos horizontes na
interpretação constitucional.
Uma das grandes mudanças de paradigma ocorridas ao longo do século XX foi
a atribuição à norma constitucional do status de norma jurídica. Superou- se,
assim, o modelo que vigorou na Europa até meados do século passado, no qual
a Constituição era vista como um documento essencialmente político, um
convite à atuação dos Poderes Públicos.
A concretização de suas propostas ficava invariavelmente condicionada à
liberdade de conformação do legislador ou à discricionariedade do
administrador. Ao Judiciário não se reconhecia qualquer papel relevante na
realização do conteúdo da Constituição.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 17
Com essa nova visão da Teoria da Força Normativa da Constituição formulada
por Konrad Hesse, as normas constitucionais terão aplicabilidade imediata,
tanto na formulação de direitos como na fundamentação das decisões judiciais,
bem como servirão de parâmetro de validade para todas as demais normas do
ordenamento jurídico, orientando sempre o intérprete e o aplicador do direito
quando determinam o sentido e o alcance das mesmas, se valendo da
argumentação jurídica.
Cumpre-nos destacar que o debate acerca da força normativa da Constituição
só chegou ao Brasil, de maneira consistente, ao longo da década de 80. Além
das complexidades inerentes à concretização de qualquer ordem jurídica,
padecia o país de problemas democráticos, ligadas ao autoritarismo e à
ineficácia constitucional. Era comum, portanto, que a Constituição tivesse
apenas declarações de promessas vagas e de lembranças ao legislador
infraconstitucional, sem aplicabilidade direta e imediata. Coube à Constituição
de 1988, bem como à doutrina e à jurisprudência que se produziram a partir de
sua promulgação, o mérito elevado de romper com a posição mais retrógrada.
Devemos ter em conta, ainda, que se assentando na Constituição o conjunto de
princípios básicos do processo penal, resta evidenciado que a Justiça Criminal,
na organização de seus quadros e no funcionamento de seus órgãos, tem de
receber direto influxo dos valores éticos e políticos que informam a ordem
jurídico-constitucional. Destarte, revela-se imprescindível, para a construção
científica dos fundamentos normativos do Direito Processual Penal a fixação dos
princípios constitucionais de que defluem os seus diversos preceitos e que
estruturam suas categorias jurídicas.
Dentro desse contexto, os princípios processuais penais inseridos da Carta
Magna brasileira de 1988 ganham especial importância na estruturação e
efetivação de um Processo Penal Constitucional pautado no respeito à
dignidade da pessoa humana.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 18
Hoje, no texto de nossa Lei Maior, encontramos, de forma explícita, ou mesmo
implícita, um amplo rol de princípios e regras que nos permitem concluir que o
processo penal, antes de ser um instrumento de concretização do Direito Penal
contra aqueles que violam suas normas, deve ser um instrumento a serviço da
liberdade individual. Podemos destacar aqui, como os mais importantes, os
seguintes princípios:
a) Princípio do Contraditório;
b) Princípio da Ampla Defesa;
c) Princípio do Devido Processo Legal;
d) Princípio da Publicidade;
e) Princípio do Juiz Natural;
f) Princípio do Promotor Natural;
g) Princípio da Identidade Física do Juiz;
h) Princípio da Imparcialidade do Juiz;
i) Princípio da Iniciativa das Partes (nemo judex sine actore ou ne procedat
judex ex officio)
j) Princípio da Inadmissibilidade das Provas Obtidas por Meios Ilícitos;
k) Princípio da Presunção de Inocência (ou da Não Culpabilidade)
l) Princípio do Favor Rei
m) Princípio do Duplo Grau de Jurisdição;
n) Princípio da Igualdade entre as Partes (ou da Isonomia Processual);
o) Princípio da Persuasão Racional do Juiz (ou do Livre Convencimento);
p) Princípio da Motivação das Decisões Judiciais;
q) Princípio da Duração Razoável do Processo (ou da Celeridade).
Atualmente, não há mais como examinarmos qualquer dispositivo do Código de
Processo Penal brasileiro afastados dos princípios trazidos pelo legislador
constituinte de 1988, sobretudo, porque, como vimos acima, inegável a função
normativa de que se revestem as normas constitucionais.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 19
Atividade proposta
Leia o caso concreto apresentado a seguir e identifique qual princípio
diretamente relacionado ao garantismo penal está sendo objeto de
discussão.
Determinado indivíduo foi acusado de praticar os crimes de homicídio
qualificado, corrupção de menores e tráfico ilícito de entorpecentes, todos
conexos entre si. Quando da sentença de pronúncia, a Magistrada da 3ª Vara
Criminal de Caraguatatuba/SP determinou o desmembramento do processo,
entendendo não haver conexão entres todos os crimes a justificar a
competência plena do Tribunal do Júri. Dessa decisão o Ministério Público
recorreu, pugnando pelo reconhecimento da conexão dos crimes.
Antes que o Tribunal paulista julgasse o recurso ministerial, sobreveio sentença
absolutória favorável ao réu em relação ao crime de tráfico ilícito de
entorpecentes, proferida pelo Juízo da 3ª Vara Criminal de Caraguatatuba/SP.
Novo recurso do Ministério Público foi então interposto, agora atacando a
absolvição do réu.
Posteriormente, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo deu provimento
ao Recurso em Sentido Estrito do MP para reconhecer a conexão dos crimes,
determinando que o julgamento de todos os delitos denunciado ocorresse
perante o Tribunal do Júri.
Ocorre que o mesmo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo acolheu a
pretensão ministerial e, reformando a sentença absolutória, condenou o réu a 4
(quatro) anos e 8 (oito) meses de reclusão, em regime integralmente fechado,
pela prática de tráfico ilícito de entorpecentes.
Em momento futuro, o Tribunal do Júri condenou o réu a um total de 14
(quatorze) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, em regime inicial fechado,
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 20
pela prática de homicídio qualificado, corrupção de menores e tráfico ilícito de
entorpecentes.
Inconformada, a defesa impetra habeas corpus sustentando a nulidade do
acórdão que condenou o réu pelo tráfico ilícito de entorpecentes. Analise, de
forma fundamentada, se assiste, neste caso concreto, razão à defesa.
Chave de resposta:
O caso concreto, revela, inegavelmente, afronta ao princípio do juiz natural, um
dos pilares do garantismo penal. Ora, na medida em que o tráfico ilícito de
entorpecentes foi devidamente reconhecido pela Câmara Criminal do TJSP
como conexo a um crime doloso contra a vida e, via de consequência,
reconhecida a competência do Tribunal do Júri para julgamento de todos os
delitos em conexão, qualquer decisão proferida por outro juízo que não o
Tribunal Popular afronta o art. 5º, inciso LIII, da Constituição Federal de 1988.
Neste sentido, vide recente decisão proferida em sede Habeas Corpus pelo
Superior Tribunal de Justiça:
“HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO, CORRUPÇÃO DE MENORES E
TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. CRIMES CONEXOS. COMPETÊNCIA DO
TRIBUNAL DO JÚRI. JUIZ NATURAL DA CAUSA. SENTENÇA PROFERIDA POR
JUIZ DE DIREITO EM RELAÇÃO AO CRIME DE TRÁFICO. NULIDADE.
PREVALÊNCIA DA DECISÃO DO JÚRI. ORDEM CONCEDIDA.
1. É sabido que a Constituição Federal, em seu art. 5º, incisos XXXVII e LIII,
consagrou o princípio do juiz natural.
2. LUIGI FERRAJOLI leciona que o princípio do juiz natural: "[...] significa,
precisamente, três coisas diferentes, ainda que entre si conexas: a necessidade
de que o juiz pré-constituído pela lei e não constituído post factum; a
impossibilidade de derrogação e a indisponibilidade das competências; a
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 21
proibição de juízes extraordinários e especiais . [...] No segundo sentido,
deduzível com alguma incerteza do mesmo art. 25 e do art. 102, par. 1º
(Constituição Italiana), designa a reserva absoluta da lei e a impossibilidade de
alteração discricionária das competências judiciais" (in Direito e Razão - teoria
geral do garantismo penal, Editora RT, 2002, p. 472) .
3. No caso, após a 9ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo definir a competência do Tribunal do Júri para o julgamento de todos os
crimes denunciados na inicial acusatória - por conexão -, a sentença absolutória
proferida pelo Juízo de Direito da 3ª Vara Criminal de Caraguatatuba/SP e os
demais atos praticados posteriormente a ela - inclusive a Apelação Criminal que
condenou o paciente - são nulos, por incompetência absoluta do juízo
sentenciante.
4. Ordem concedida para anular a sentença proferida pelo Juízo de Direito da
3ª Vara Criminal de Caraguatatuba/SP, bem como a respectiva Apelação
Criminal nº 4878743/1, devendo permanecer válido somente o acórdão da
Apelação Criminal nº 993.07.19256-2, desdobramento recursal do julgamento
realizado perante o Tribunal doJúri - juiz natural da causa.” (HC 178854/SP –
Relator: Min. Jorge Mussi – Órgão Julgador: 5ª Turma – Data do Julgamento:
21/06/2011 – Data da Publicação/Fonte: Dje 01/08/2011)
Referências
CARVALHO, L. G. Grandinetti. Processo penal e Constituição. 4. ed. rev. e
ampl. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão – teoria do garantismo penal. 3. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
LOPES Jr., Aury. Direito processual penal e sua conformidade
constitucional. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. v. I.
______. Introdução crítica ao processo penal. 4. ed. Fundamentos da
instrumentalidade constitucional. Rio de janeiro: Lumen Juris, 2008.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 22
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 9. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2008.
PRADO, Geraldo. Sistema acusatório: a conformidade constitucional das
leis processuais penais. Rio de Janeiro: Lumen Juris.
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 18. ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2010.
______. Reflexões teóricas sobre o processo penal e a violência
urbana: uma abordagem crítica construtiva à luz da Constituição. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. 31. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
Exercícios de fixação
Questão 1
O processo penal contemporâneo contempla três modelos de avaliação da
prova: o sistema legal; o da íntima convicção; e o da persuasão racional. Sobre
tais sistemas probatórios, pode-se afirmar:
a) O sistema legal, também conhecido como tarifado, é típico do
procedimento acusatório, em que a intensa participação das partes na
produção da prova pressupõe o prévio estabelecimento de valores
definidos a cada um dos elementos probatórios considerados válidos. (é
típico do sistema inquisitório).
b) O sistema da íntima convicção é inaplicável no direito processual-penal
brasileiro, em razão do que dispõe o artigo 93, inciso IX, da Constituição
Federal. (há divergências doutrinárias e jurisprudenciais nesse sentido,
entretanto, o Artigo 5º, XXXVIII, CF/88, contempla o Tribunal do Júri).
c) O sistema da persuasão racional ou do livre convencimento encontra
respaldo no método inquisitório, em que o magistrado tem ampla
liberdade para avaliar as questões de fato, devendo apenas motivar as
questões de direito. (encontra respaldo no sistema acusatório, pois
quanto mais parciais forem as partes, mais imparcial será o julgador).
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 23
d) Os sistemas da íntima convicção e da persuasão racional têm em comum
a impossibilidade de utilização, na valoração da prova pelo magistrado,
de máximas de experiência ou da notoriedade do fato. (na íntima
convicção, como não é necessário argumentar e justificar, o magistrado
poderá utilizar a experiência e a notoriedade do fato; já na persuasão
racional, o juiz está limitado pelas provas trazidas para dentro do
processo penal).
e) O que distingue o sistema da persuasão racional é a liberdade do
magistrado na valoração dos elementos probatórios, que, embora, é
contida pela obrigatoriedade de justificação das escolhas adotadas,
diante da prova legitimamente obtida, com a explicitação do caminho
percorrido até a decisão.
Questão 2
Com referência às características do sistema processual acusatório, assinale a
opção correta:
a) O sistema de provas adotado é o do livre convencimento.
b) As funções de acusar, defender e julgar concentram-se nas mãos de
uma única pessoa.
c) O processo é regido pelo sigilo.
d) Não há contraditório nem ampla defesa.
Questão 3
O princípio da publicidade:
a) Não tem aplicabilidade no direito processual penal brasileiro, visto que
não está previsto na Constituição Federal.
b) É aquele que garante à imprensa acesso a todas as informações
processuais, em nome do interesse público.
c) É regra geral no sistema processual do tipo acusatório.
d) Manifesta-se claramente nos atos praticados durante a feitura do
inquérito policial, em razão da natureza inquisitiva da referida peça
informativa.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 24
Questão 4
Rosa Margarida é uma conhecida escritora de livros de autoajuda, consolidada
no mercado já há mais de 20 anos, com vendas que alcançam vários milhares
de reais. Há cerca de dois meses, Rosa Margarida descobriu a existência de um
sistema que oferece ao público, mediante fibra ótica, a possibilidade do usuário
realizar a seleção de uma obra sobre a qual recaem seus (de Rosa Margarida)
direitos de autor, para recebê-la em um tempo e lugar previamente
determinados por quem formula a demanda. O sistema também indica um
telefone de contato caso o usuário tenha problemas na execução do sistema. O
marido de Rosa Margarida, Lírio Cravo instala no telefone um identificador de
chamadas e descobre o número do autor do sistema que permitia a violação
dos direitos autorais de Rosa Maria. De posse dessa informação, Lírio Cravo vai
à Delegacia de Polícia registrar a ocorrência de suposta prática do crime
previsto no Artigo 184, §3º, do Código Penal (violação de direitos autorais). O
Delegado instaura inquérito e de fato consegue identificar o autor do crime.
Considerando a narrativa acima, assinale a alternativa correta.
a) O Delegado agiu corretamente. Encerrado o inquérito policial, deve
encaminhá-lo ao Ministério Público para que adote as providências
cabíveis.
b) O Delegado agiu incorretamente. O marido da ofendida não poderia ter
obtido o número do telefone do autor das ameaças sem prévia
autorização judicial, pois tal informação é sigilosa.
c) O Delegado agiu incorretamente. A instauração do inquérito nesse caso
depende de representação da ofendida, não podendo ser suprida por
requerimento de seu marido.
d) O Delegado agiu incorretamente. A instauração do inquérito policial
nesse caso depende de requisição do Ministério Público, pois a
interceptação telefônica é imprescindível à apuração dos fatos.
Questão 5
Dois acórdãos paradigmáticos do STF afirmam o seguinte:
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 25
HABEAS CORPUS. INCONSTITUCIONALIDADE DA CHAMA- DA “EXECUÇÃO
ANTECIPADA DA PENA”. Artigo 5º, LVII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. O
Artigo 637 do CPP estabelece que “o recurso extraordinário não tem efeito
suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os
originais baixarão à primeira instância para a execução da sentença”. A Lei de
Execução Penal condicionou a execução da pena privativa de liberdade ao
trânsito em julgado da sentença condenatória. A Constituição do Brasil de 1988
definiu, em seu Artigo 5º, inciso LVII, que “ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. 2. Daí a conclusão
de que os preceitos veiculados pela Lei n. 7.210/84, além de adequados à
ordem constitucional vigente, sobrepõem-se, temporal e materialmente, ao
disposto no Artigo 637 do CPP. 3. Disso resulta que a prisão antes do trânsito
em julgado da condenação somente pode ser decretada a título cautelar. 4. A
ampla defesa, não se a pode visualizar de modo restrito. Engloba todas as fases
processuais, inclusive as recursais de natureza extraordinária. Por isso, a
execução da sentença após o julgamento do recurso de apelação significa,
também, restrição do direito de defesa, caracterizando desequilíbrio entre a
pretensão estatal de aplicar a pena e o direito, do acusado, de elidir essa
pretensão. 5. A antecipação da execução penal, ademais de incompatível com o
texto da Constituição, apenas poderia ser justificada em nome da conveniência
dos magistrados – não do processo penal. A prestigiar-se o princípio
constitucional, dizem, os tribunais [leia-se STJ e STF] serão inundados por
recursos especiais e extraordinários, e subsequentes agravos e embargos, além
do que “ninguém mais será preso”. Eis o que poderia ser apontado como
incitação à “jurisprudência defensiva”, que, no extremo, reduz a amplitude ou
mesmo amputa garantias constitucionais. A comodidade, a melhor
operacionalidade de funcionamento do STF, não pode ser lograda a esse preço.
6. Nas democracias, mesmo os criminosos são sujeitos de direitos. Não perdem
essa qualidade, para se transformarem em objetos processuais. Dois acórdãos
paradigmáticos do STF afirmam o seguinte:
HABEAS CORPUS. INCONSTITUCIONALIDADE DA CHAMA- DA “EXECUÇÃO
ANTECIPADA DA PENA”. Artigo 5º, LVII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. O
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 26
Artigo 637 do CPP estabelece que “o recurso extraordinário não tem efeito
suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os
originais baixarão à primeira instância para a execução da sentença”. A Lei de
Execução Penal condicionou a execução da pena privativa de liberdade ao
trânsito em julgado da sentença condenatória. A Constituição do Brasil de 1988
definiu, em seu Artigo 5º, inciso LVII, que “ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. 2. Daí a conclusão
de que os preceitos veiculados pela Lei n. 7.210/84, além de adequados à
ordem constitucional vigente, sobrepõem-se, temporal e materialmente, ao
disposto no Artigo 637 do CPP. 3. Disso resulta que a prisão antes do trânsito
em julgado da condenação somente pode ser decretada a título cautelar. 4. A
ampla defesa, não se a pode visualizar de modo restrito. Engloba todas as fases
processuais, inclusive as recursais de natureza extraordinária. Por isso, a
execução da sentença após o julgamento do recurso de apelação significa,
também, restrição do direito de defesa, caracterizando desequilíbrio entre a
pretensão estatal de aplicar a pena e o direito, do acusado, de elidir essa
pretensão. 5. A antecipação da execução penal, ademais de incompatível com o
texto da Constituição, apenas poderia ser justificada em nome da conveniência
dos magistrados – não do processo penal. A prestigiar-se o princípio
constitucional, dizem, os tribunais [leia-se STJ e STF] serão inundados por
recursos especiais e extraordinários, e subsequentes agravos e embargos, além
do que “ninguém mais será preso”. Eis o que poderia ser apontado como
incitação à “jurisprudência defensiva”, que, no extremo, reduz a amplitude ou
mesmo amputa garantias constitucionais. A comodidade, a melhor
operacionalidade de funcionamento do STF, não pode ser lograda a esse preço.
6. Nas democracias, mesmo os criminosos são sujeitos de direitos. Não perdem
essa qualidade, para se transformarem em objetos processuais.
São pessoas inseridas entre aquelas beneficiadas pela afirmação constitucional
da sua dignidade. É inadmissível a sua exclusão social, sem que sejam
consideradas, em quaisquer circunstâncias, as singularidades de cada infração
penal, o que somente se pode apurar plenamente quando transitada em
julgado a condenação de cada qual Ordem concedida. (STF, HC 85417,
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 27
02/09/08, Rel. para o acórdão Min. Eros Graus) A privação cautelar da
liberdade individual reveste-se de caráter excepcional, somente devendo ser
decretada ou mantida em situações de absoluta necessidade. A prisão cautelar,
para legitimar-se em face de nosso sistema jurídico, impõe - além da satisfação
dos pressupostos a que se refere o Artigo 312 do CPP (prova da existência
material do crime e presença de indícios suficientes de autoria) - que se
evidenciem, com fundamento em base empírica idônea, razões justificadoras da
imprescindibilidade dessa extraordinária medida cautelar de privação da
liberdade do indiciado ou do réu. - A questão da decretabilidade ou
manutenção da prisão cautelar. Possibilidade excepcional, desde que satisfeitos
os requisitos mencionados no Artigo 312 do CPP. Necessidade da verificação
concreta, em cada caso, da imprescindibilidade da adoção dessa medida
extraordinária. Precedentes. A MANUTENÇÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE -
ENQUANTO MEDIDA DE NATUREZA CAUTELAR - NÃO PODE SER UTILIZADA
COMO INSTRUMENTO DE PUNIÇÃO ANTECIPADA DO INDICIADO OU DO RÉU.
- A prisão cautelar não pode - e não deve - ser utilizada, pelo Poder Público,
como instrumento de punição antecipada daquele a quem se imputou a prática
do delito, pois, no sistema jurídico brasileiro, fundado em bases democráticas,
prevalece o princípio da liberdade, incompatível com punições sem processo e
inconciliável com condenações sem defesa prévia. A prisão cautelar - que não
deve ser confundida com a prisão penal - não objetiva infligir punição àquele
que sofre a sua decretação, mas destina-se, considerada a função cautelar que
lhe é inerente, a atuar em benefício da atividade estatal desenvolvi- da no
processo penal. A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÃO CONSTITUI
FATOR DE LEGITIMAÇÃO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE.
A natureza da infração penal não constitui, só por si, fundamento justificador
da decretação da prisão cautelar daquele que sofre a persecução criminal
instaurada pelo Estado. Precedentes. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO, NO
CASO, DA NECESSIDADE CONCRETA DE MANTER-SE A PRISÃO EM FLAGRANTE
DO PACIENTE. - Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se
legitima a privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu.
Ausentes razões de necessidade, revela-se incabível, ante a sua
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 28
excepcionalidade, a decretação ou a subsistência da prisão cautelar. O
POSTULADO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE
O ESTADO TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO
SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL. - A prerrogativa jurídica da
liberdade - que possui extração constitucional (CF, Artigo 5º, LXI e LXV) - não
pode ser ofendida por interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais, que,
fundadas em preocupante discurso de conteúdo autoritário, culminam por
consagrar, paradoxalmente, em detrimento de direitos e garantias
fundamentais proclamados pela Constituição da República, a ideologia da lei e
da ordem. - Mesmo que se trate de pessoa acusa-da da suposta prática de
crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória irrecorrível,
não se revela possível - por efeito de insuperável vedação constitucional (CF,
Artigo 5º, LVII) - presumir-lhe a culpabilidade.
No sistema jurídico brasileiro, não se admite, por evidente incompatibilidade
com o texto da Constituição, presunção de culpa em sede processual penal.
Inexiste, em consequência, no modelo que consagra o processo penal
democrático, a possibilidade jurídico-constitucional de culpa por mera suspeita
ou por simples presunção. - Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer
que seja a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem
que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em julgado.
O princípio constitucional da presunção de inocência, em nosso sistema jurídi-
co, consagra, além de outras relevantes consequências, uma regra de
tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em relação
ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já
houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder Judiciário.
Precedentes. Precedentes. (STF, HC 93056, 16/12/2008, Ministro Celso de
Mello)
Da leitura dos arestos supra pode-se dizer que o Desenho Constitucional do
Processo Penal brasileiro tem cariz:
a) Utilitarista
b) Garantista
c) Instrumentalista (instrumentalidade das formas)
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 29
d) Finalista
e) Positivista
Questão 6
Acerca dos princípios e garantias processuais penais fundamentais, assinale a
alternativa correta:
a) O princípio do nemo tenetur se detegere é corolário da garantia
constitucional do direito ao silêncio e impede que todo o acusado seja
compelido a produzir ou contribuir com a formação de prova contrária ao
seu interesse, salvo se não houver outro meio de produção de prova.
b) Constitui nulidade relativa o desempenho de uma única defesa técnica
para corréus em posições conflitantes, em razão de violação ao princípio
da ampla defesa.
c) A garantia constitucional da duração razoável do processo não se aplica
ao inquérito policial por este tratar de procedimento administrativo,
sendo garantia exclusiva do processo acusatório.
d) O Superior Tribunal de Justiça vem admitindo a mitigação do princípio da
identidade física do juiz nos casos de convocação, licença, promoção ou
de outro motivo que impeça o juiz que tiver presidido a instrução de
sentenciar o feito, aplicando, por analogia, a lei processual civil.
Questão 7
O artigo 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas, em Paris, aos 10 de dezembro de 1948,
consagra que toda pessoa tem direito, em condições de plena igualdade, de ser
ouvida publicamente e com justiça por um tribunal independente e imparcial,
para a determinação de seus direitos e obrigações ou para exame de qualquer
acusação contra ela em matéria penal. O princípio do processo penal que se
adequa a essa redação é o:
a) Do juiz natural
b) Da ampla defesa
c) Do contraditório
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 30
d) Do duplo grau de jurisdição
e) Da publicidade
Questão 8
Analise as proposições acerca dos princípios constitucionais que regem o
processo penal:
I - A imposição de o réu se recolher ao ergástulo ou nele permanecer para
poder apelar não ofende a garantia constitucional da presunção de inocência se
- e somente se - os argumentos sobre os quais se fundam o decreto de prisão
forem de natureza cautelar.
II - Prevê o artigo 198 do Código de Processo Penal que “o silêncio do acusado
não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do
convencimento do juiz”. Com base no princípio do nemo tenetur se detegere e
dos direitos constitucionais que dele decorrem, é correto afirmar que o
dispositivo transcrito estaria em desacordo com os ditames do processo penal
democrático delineado pela Constituição de 1988.
III - No âmbito da ampla defesa, distingue-se a defesa técnica da autodefesa. A
primeira, irrenunciável, é exercida pelo defensor do réu, detentor do ius
postulandi amplo. A segunda, renunciável, é exercida pelo próprio réu e
compõe-se, em síntese, do direito de audiência e do direito de presença. No
processo penal a falta de defesa constitui, em regra, nulidade insanável, porém
esta somente será reconhecida se resultar em comprovado prejuízo ao réu.
IV - A iniciativa positiva do juiz no sentido de determinar a complementação de
provas no curso do processo penal fere os princípios do acusatório, da
imparcialidade do órgão jurisdicional e do ne procedat judex ex officio,
devendo, portanto, ser evitada, restringindo-se o magistrado à análise das
provas produzidas pelos sujeitos processuais e coligidas aos autos.
V - O princípio da publicidade, que norteia o processo penal, é um poderoso
instrumento de fiscalização popular dos órgãos encarregados da persecutio
criminis processual, conferindo transparência à atividade jurisdicional e, assim,
visando à minimização de eventuais excessos e arbitrariedades. Sob esse
prisma, não se admite a restrição do princípio da publicidade no contexto da
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 31
ação penal, sob pena de inclinar-se o processo à inquisitoriedade desprestigiada
pela ordem constitucional.
a) Apenas as proposições I, II e IV
b) As proposições I, II e III
c) Apenas as proposições II, III e V
d) Apenas as proposições II, III e IV
e) Apenas as proposições I, II e V
Questão 9
Segundo De Plácido e Silva, os “princípios jurídicos, sem dúvida, significam os
pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de elementos vitais do
próprio Direito. Indicam o alicerce do Direito.” (Vocabulário Jurídico. 28 ed. Rio
de Janeiro: Editora Forense, 2009. p. 1091).Tendo em mira o trecho acima
transcrito, mormente os seus conhecimentos sobre a matéria, julgue as
proposições a seguir:
I - Decorre do princípio da presunção de inocência a imputação do ônus da
prova à acusação.
II - Em razão do princípio da soberania dos veredictos, não pode o Tribunal
reformar a decisão, apenas designar um novo júri.
III - O Juiz deve ser previamente designado previamente, por lei, sendo vedado
o Tribunal de Exceção, conforme preleciona o princípio do Juiz Natural.
IV - De toda alegação fática ou de direito e das provas apresentadas tem o
adverso o direito de se manifestar, tendo em vista o que preleciona o princípio
do contraditório.
a) Todas as proposições estão corretas
b) Todas as proposições estão incorretas
c) As proposições II, III e IV estão corretas
d) As proposições I, II e III estão corretas
e) As proposições I, III e IV estão corretas
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 32
Questão 10
Quanto aos direitos e garantias fundamentais aplicáveis ao Direito Processual
Penal, pode-se AFIRMAR que:
a) O Direito Processual Penal será instrumental ao Direito Penal apenas
quando a lei exigir.
b) O interrogatório do acusado é um ato imprescindível ao Trâmite
processual regular.
c) Em nenhuma hipótese no processo penal será admissível a produção de
prova ilícita.
d) Pode-se afirmar que em virtude do contraditório, o juiz não poderá
basear eventual decisão condenatória em elementos probatórios
produzidos exclusivamente em fase policial.
e) Tanto o inquérito policial quanto o processo penal são regidos pelo
princípio do sigilo.
Aula 1
Exercícios de fixação
Questão 1 - E
Justificativa: O magistrado, na persuasão racional tem ampla liberdade na
valoração das provas, mas necessariamente deverá fundamentar sua decisão
por obediência ao Artigo 93, IX da Constituição.
Questão 2 - A
Justificativa: Significa que o juiz tem liberdade de escolha nas suas provas, mas
deverá motivar sempre sua decisão.
Questão 3 - C
Justificativa: A publicidade dos atos tem por objetivo evitar a ocorrência de
arbitrariedade do Estado.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 33
Questão 4 - C
Justificativa: Trata-se de crime de ação penal pública condicionada à
representação, devendo a própria ofendida assim fazê-lo.
Questão 5 - D
Justificativa: O modelo garantista de legitimidade compreende o direito e o
Estado como instrumento de consecução, para se chegar a um fim, vinculado a
interesses externos a ele mesmo. Há uma evidente ligação entre os poderes e
os direitos fundamentais, a missão do Estado de Direito não se limita ao plano
normativo, mas se estende a luta social (fática e política), para assegurar o
cumprimento das garantias vislumbradas pela Constituição. Fonte:
http://jus.com.br/revista/texto/8037/teoria-geral-do-garantismo/2
Questão 6 - D
Justificativa: Fonte: http://www.stj.jus.br - HC 236852 / DFHABEAS CORPUS -
2012/0057618-0 – Julgado em 05/06/2014 – “O princípio da identidade física
do juiz coaduna-se com a ideiade concentração de atos processuais. Todavia,
as diversasintercorrências que sobrevêm no curso do procedimento, por
vezes,fazem com que o deslinde da ação penal não se efetue na audiênciauna.
Desta forma, a fim de resguardar o sistema, é imperiosaaplicação analógica do
artigo 132 do Código de Processo Civil, queautoriza, nos casos de afastamento
(de que exemplo as férias -artigo 102, I, da Lei 8.112/1990, o que aconteceu
no caso concreto),que o magistrado substituto colha provas na ação penal.3.
Malgrado este Sodalício tenha firmado o posicionamento no sentidode
considerar inadmissível a prolação de édito condenatórioexclusivamente com
espeque em elementos de informação obtidosdurante o inquérito policial, tal
situação não se verifica naespécie, porquanto a condenação do paciente
amparou-se também emelementos de provas judicializadas, colhidas no âmbito
do devidoprocesso legal”.
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 34
Questão 7 - A
Justificativa: Trata-se, no caso em questão, de consagração do princípio do juiz
natural.
Questão 8 - B
Justificativa: IV – Incorreta – no sistema acusatório é válido o princípio do livre
convencimento motivado.
V – Incorreta – é possível haver restrição do princípio da publicidade de forma a
se resguardar a intimidade das vítimas.
Questão 9 - D
Justificativa: IV – incorreta – Na verdade, o princípio do contraditório tem por
objetivo dar conhecimento às partes da existência da ação, de todos os atos
processuais e de reagirem aos atos desfavoráveis.
Questão 10 - D
Justificativa: Isso ocorre porque não é assegurado o contraditório na fase
policial.