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Talcott Parsons Filho de pastor congregacionista, Talcott Parsons nasceu em 1902 e faleceu em 1979. Ele sofreu influências de Durkheim, Weber e Freud em suas teorias. Parsons criticou ferrenhamente o utilitarismo, muito presente no pensamento ocidental, apontando que esse tipo de análise social era radicalmente individualista e reducionista em relação a ação do indivíduo, como se ele fosse totalmente livre para agir. Parsons aponta que esse pensamento utilitarista correspondia a sociedade moderna e aos desejos de ascensão social das classes. Ele afirma que o indivíduo tem livre arbítrio, mas não está num vácuo social. Suas ações não garantem o alcance automático dos seus objetivos, elas estão inseridas em contextos que limitam sua agência. Há elementos que podem ser superados mas há aqueles que não podem. (Alexander, 1987). Como a sua preocupação era a questão da ordem social, a teoria utilitarista se apresentava de forma nefasta para a manutenção dessa ordem, pois o individualismo levado às últimas consequências impediria a existência social. Para compatibilizar voluntarismo e restrições, agência e estrutura, Parsons apresenta uma teoria alternativa multidimensional, que tem por base o Ato Unidade, que implica a existência de um ator/agente, de um fim – para onde a ação é orientada- de uma situação, que é o momento em que a ação acontece e a orientação normativa, que é a forma como os outros elementos se relacionam e influenciam na escolha de alternativas. A situação se divide, em condições –aquilo que o ator não tem controle- e meios – aquilo que o ator tem

Talcott Parsons

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Page 1: Talcott Parsons

Talcott Parsons

Filho de pastor congregacionista, Talcott Parsons nasceu em 1902 e faleceu em

1979. Ele sofreu influências de Durkheim, Weber e Freud em suas teorias. Parsons criticou

ferrenhamente o utilitarismo, muito presente no pensamento ocidental, apontando que esse

tipo de análise social era radicalmente individualista e reducionista em relação a ação do

indivíduo, como se ele fosse totalmente livre para agir.

Parsons aponta que esse pensamento utilitarista correspondia a sociedade moderna e

aos desejos de ascensão social das classes. Ele afirma que o indivíduo tem livre arbítrio,

mas não está num vácuo social. Suas ações não garantem o alcance automático dos seus

objetivos, elas estão inseridas em contextos que limitam sua agência. Há elementos que

podem ser superados mas há aqueles que não podem. (Alexander, 1987).

Como a sua preocupação era a questão da ordem social, a teoria utilitarista se

apresentava de forma nefasta para a manutenção dessa ordem, pois o individualismo levado

às últimas consequências impediria a existência social.

Para compatibilizar voluntarismo e restrições, agência e estrutura, Parsons apresenta

uma teoria alternativa multidimensional, que tem por base o Ato Unidade, que implica a

existência de um ator/agente, de um fim – para onde a ação é orientada- de uma situação,

que é o momento em que a ação acontece e a orientação normativa, que é a forma como os

outros elementos se relacionam e influenciam na escolha de alternativas. A situação se

divide, em condições –aquilo que o ator não tem controle- e meios – aquilo que o ator tem

controle. É necessário salientar que para Parsons, toda ação é normativa, ela implica uma

interpretação. Para melhor guiar nossa análise, é preciso fazer uma pausa no Ato Unidade,

para depois retoma-lo.

Page 2: Talcott Parsons

Em O Sistema das Sociedades Modernas (1974), Parsons afirma que tal sistema

surgiu no Ocidente, mais especificamente na área correspondente a Europa, tendo sua base

na cristandade. Sua ampliação foi possível pela colonização e/ou quando esse modelo

ocidental moderno se fez necessário. (PARSONS,1974)

As sociedades humanas, segundo Parsons, evoluiu graças a saltos na sua capacidade

de adaptação e que o sistema moderno das sociedades tem um alto poder de adaptação. Mas

ele não nega a possibilidade de uma “nova fase”, uma pós-moderna, que tenha outra origem

cultural e social. Mas a sociedade moderna já incluiu em seu sistema características não

ocidentais, principalmente pelo fato de estarem abertas a entrada de outras culturas.

(PARSONS,1974)

Para direcionar a nossa análise, é necessário avançarmos para o sistemas de ação.

Esses sistemas são compostos por quatro outros sistemas: sistemas culturais, organismos

comportamentais, e dois dos quais vamos nos demorar mais: sistemas sociais e sistemas de

personalidade. Os sistemas sociais tem como função primeira a integração, enquanto os

sistemas de personalidade são responsáveis pela realização de objetivo. (PARSONS,1974)

Parsons traz o fenômeno da interpenetração de sistemas. Parsons afirma que “o

limite entre qualquer par de sistemas de ação inclui uma “zona” de componentes

estruturados ou padrões que precisam ser tratados, teoricamente, como comum a dois

sistemas, e não simplesmente atribuídos a um sistema ou outro.” (PARSONS,1974, p. 17)

Se, como afirma Parsons, os sistemas sociais são compostos por valores, normas,

coletividades e papéis, ao mesmo tempo, esses componentes são constitutivos de uma

parte da personalidade do indivíduo