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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CAMPUS SOROCABA DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - SOROCABA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO. Sorocaba 2015

TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CAMPUS SOROCABA

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - SOROCABA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO

REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR

DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO.

Sorocaba

2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CAMPUS SOROCABA

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - SOROCABA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO

REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR

DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO.

Monografia apresentada ao Curso de

Especialização em MBA de Gestão Estratégica

da Inovação Tecnológica, para obtenção do

título de especialista em Gestão Estratégica da

Inovação Tecnológica.

Orientação: Prof. Dr. André Coimbra Felix

Cardoso

Sorocaba

2015

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FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO

REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR

DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO.

Monografia apresentada ao Curso de

Especialização em MBA de Gestão Estratégica

da Inovação Tecnológica, para obtenção do

título de especialista em Gestão Estratégica da

Inovação Tecnológica. Universidade Federal de

São Carlos. Sorocaba 05 de Novembro de 2015.

Orientador(a)

______________________________________

Dr. (a) Nome Sobrenome

Instituição a que pertence

Examinador(a)

______________________________________

Dr. (a) Nome Sobrenome

Instituição a que pertence

Examinador(a)

________________________________________

Dr.(a) Nome Sobrenome

Instituição a que pertence

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DEDICATÓRIA

Agradeço a minha esposa Flávia por compreender a importância do tempo

empregado na elaboração desse trabalho, que envolveu várias horas

dedicadas a leitura de artigos e livros.

Page 5: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

AGRADECIMENTO

Agradeço aos meus colegas de turma e professores que durante o período do curso

ofereceram espaço para discussões interessantes que por sua vez abriram novos

horizontes para minha vida. Estendo o agradecimento à Odail Silveira, Rodrigo Mendes,

Alexandre Alvaro e Christimara Garcia, que cederam seu tempo para conversas sobre

ecossistema de inovação, que colaboraram para a conclusão desse trabalho. Em especial

ao Prof. Dr. André Coimbra Felix Cardoso, pela colaboração e discussões sobre o tema

desse trabalho, incentivando a seguir com as pesquisas, entrevistas e leituras, que

permitiram entender diversos aspectos que devem ser considerados quando analisamos

ecossistemas de inovação.

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RESUMO

SAMPAIO, Fernando Alves da Silva. REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA

REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO

TECNOLÓGICA DO MUNDO. 2015. 060 f. Monografia (Especialização em Gestão

Estratégica da Inovação Tecnológica) – Universidade Federal de São Carlos, campus

Sorocaba, Sorocaba, 2011.

Quando analisamos as principais economias no mundo, tais como Estados Unidos da

América, Japão, Reino Unido, China, Alemanha, França, Canadá e algumas nações que

investem fortemente em tecnologia e inovação, tais como Coreia do Sul, Irlanda e Finlândia,

podemos concluir que o desafio é enorme e envolvem diversos agentes, sendo nas esferas

públicas e privadas, para que os objetivos de criar um ambiente propício para

desenvolvimento de novas tecnologias, possam resultar em aumento mensurável e expressivo

na riqueza de uma nação, com incremento no Produto Interno Bruto (PIB). O Brasil por sua

vez atua de forma assíncrona, com políticas de incentivo á inovação, mas ao mesmo tempo

mantem barreiras legais que impedem um ambiente de livre concorrência, que por si só

geraria competição e inovações. Analisando mais de perto o ecossistema de Sorocaba,

chegamos ao ponto em que grande parte dos elementos necessários para um ecossistema de

inovação funcionar estão presentes, já que existem políticas públicas de incentivo, empresas

de tecnologia, indústria consolidada, parque tecnológico, universidades de qualidade, mas

entretanto, ainda falta a cultura empreendedora, base educacional. Acredita-se que a falta de

um agente que faça a união dos elementos e incentive a colaboração em torno de um objetivo

compartilhado, de elevar o ecossistema de inovação de Sorocaba a níveis regionais, nacionais

e mundiais de inovação tecnológica, que por consequência, possa permitir um crescimento

econômico sustentável.

Palavras-chave: INOVAÇÃO. ECOSSISTEMA INOVAÇÃO EM SOROCABA.

ECONOMIA SUSTENTÁVEL

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RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

SAMPAIO, Fernando Alves da Silva. SOROCABA REGION AND INNOVATION: A

CRITICAL FROM THE MAIN TECHNOLOGICAL INNOVATION ECOSYSTEM IN THE

WORLD. 2015. 060 f. Monograph (Specialization in Strategic Management Technological

Innovation) - Federal University of São Carlos, Sorocaba campus Sorocaba 2011.

When we analyze major economies in the world such as USA, Japan, UK, China, Germany,

France, Canada and some countries that heavily invest in technology and innovation, such as

South Korea, Ireland and Finland, we might conclude that challenge is enormous and involve

various players in public and private spheres. The objectives of creating a favorable

environment for development of new technologies can result in measurable and significant

increase in the wealth of a nation, an increase in Gross Domestic Product (GDP). Brazil in

turns operates asynchronously with incentive on innovation policies, but at the same time

keeps legal barriers that prevent a free competition environment, which in itself would

generate competition and innovation. Looking more closely at Sorocaba ecosystem, we come

to the point where most of the elements necessary for an innovation ecosystem function are

present, as there are public policy incentives, technology companies, consolidated industry,

Technology Park, great universities, but however, still lack entrepreneurial culture and quality

basic education. It is believed that lack of an agent that makes the union of those elements and

encourage collaboration around a shared goal of raising the Sorocaba innovation ecosystem to

regional, national and global levels of technological innovation, which therefore can provide a

sustainable economic growth.

Keywords: INNOVATION. SOROCABA INNOVATION ECOSYSTEM. SUSTAINABLE

ECONOMY

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Evolução do Venture Capital no Canadá entre 2005 até 2014. ............................. 30

Gráfico 2 - Participação dos Serviços no PIB .......................................................................... 35 Gráfico 3 - Volume de Patentes no Brasil ................................................................................ 43 Gráfico 4 - Evolução do investimento em relação ao PIB ....................................................... 44 Gráfico 5 - Ecossistema de Inovação em Sorocaba .................................................................. 57

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Renúncias fiscais do governo federal ...................................................................... 37 Tabela 2 - Metas do Programa Brasil Maior ............................................................................ 41

Tabela 3- Matriz Ecossistema Sorocaba - Sugerido ................................................................. 57

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

UFSCar - Universidade Federal de São Carlos

PIB - Produto Interno Bruto

EUA - Estados Unidos da América

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos

MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

CERTI - Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras

CIATEC - Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas

MIT - Massachusetts Institute of Technology

ARDC - American Research & Development Corporation

DEC - Digital Equipment Corporation

HP - Hewlett Packard

P&D - Pesquisa e Desenvolvimento

TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação

URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

OCDE - Organização para a Cooperação e Desempenho Econômico

NIS - Sistema Nacional de Inovação

IEA - Instituto de Estudos Avançados

USP - Universidade de São Paulo

FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

PND - Plano Nacional de Desenvolvimento

ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores

ANPEI - Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11 1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................. 11 1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 12

1.2.1 Geral ............................................................................................................................. 12 1.2.2 Específico ..................................................................................................................... 12 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 13

2.1. INOVAÇÃO ................................................................................................................. 13 2.2. ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO .............................................................................. 15 2.3. INOVAÇÃO: ESTRATÉGIA DE 7 PAÍSES ............................................................... 16

2.3.1. Estados Unidos da América ....................................................................................... 16

2.3.2. Finlândia ...................................................................................................................... 19 2.3.3. Irlanda ......................................................................................................................... 23 2.3.4. Canadá ......................................................................................................................... 27 2.3.5. Reino Unido ................................................................................................................. 31

2.3.6. Japão ............................................................................................................................ 32 2.4. CONTEXTUALIZAÇÃO E REALIDADE BRASILEIRA SOBRE O ASSUNTO

INOVAÇÃO ............................................................................................................................. 34

2.4.1. Aspectos econômicos e Incentivos Fiscais ................................................................. 34

2.4.2. Ambientes de Inovação ............................................................................................... 39 3. METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 45 3.1. MÉTODO DE PESQUISA ........................................................................................... 45

3.2. UNIVERSO DA PESQUISA ....................................................................................... 46 4. AMBIENTE DE INOVAÇÃO EM SOROCABA .................................................... 46 4.1 PARQUE TECNOLÓGICO DE SOROCABA ............................................................ 46

4.2 REGIÃO METROPOLITANA DE SOROCABA ....................................................... 47 4.3 VISÃO DE AGENTES ENVOLVIDOS NO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO DE

SOROCABA ............................................................................................................................ 47 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 51

5.1. REFLEXÕES SOBRE O ESTUDO ............................................................................. 51 5.2. SUGESTÕES PARA APRIMORAR O POTENCIAL ECOSSISTEMA DE

SOROCABA ............................................................................................................................ 54 6. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 60

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1. INTRODUÇÃO

Inovação é amplamente discutida e apresentada como um fator estratégico de

desenvolvimento para grandes empresas e países. Isso se deve ao fato de creditar à inovação o

desenvolvimento da economia quando bem sucedida, já que novos empregos são criados com

geração de riqueza dentre outros pontos. Países com alto grau de desenvolvimento industrial e

tecnológico, como EUA – Estados Unidos da América, Japão, Irlanda, Reino Unido,

Finlândia, Canadá e Coréia do Sul possuem características essenciais para justificar um

elevado grau de inovação tecnológica em suas economias.

O Brasil tem papel estratégico no contexto global de fornecimento de matéria prima,

grãos e proteína animal, entretanto, quando analisamos os dados de exportação de produtos

industrializados ou mesmo serviços tecnológicos, não temos a mesma expressão global.

Sorocaba por sua vez está muito bem localizada, possui infraestrutura moderna, universidades

renomadas, industrias bem desenvolvidas e a área de serviços em ampla expansão. Os últimos

anos foram marcados por grande desenvolvimento econômico no Brasil e em Sorocaba não

foi diferente, a gestão municipal investiu na criação de um parque tecnológico, para que a área

de Inovação fosse fomentada, com o foco em trazer e desenvolver novas tecnologias e

incrementar a economia da região.

Fala-se muito hoje em Ecossistemas de Inovação – que são regiões geograficamente

delimitadas, e dotadas de características muito especiais, de modo a facilitar e potencializar o

florescimento da inovação. Em virtude do reconhecimento de que há inúmeros benefícios

socioeconômicos trazidos por um ambiente como esse, é que um número cada vez maior de

agentes de inovação – pessoas empreendedoras, investidores, empresas, governos – procuram

criar as condições adequadas ao surgimento de um ecossistema de inovação. Porém, até onde

foi possível pesquisar, não há uma receita de bolo universalizável.

Os fatores de sucesso variam de um lugar para o outro, enquanto os desafios se

multiplicam. É o que esta pesquisa procura estudar com vistas a, posteriormente, avaliar a

região de Sorocaba segundo a perspectiva de Ecossistema de Inovação em estado latente.

1.1 OBJETIVOS

A questão que norteou este estudo foi: quais são os fatores que constituem um

Ecossistema de Inovação e quão longe Sorocaba se encontra desta situação. Assim, à luz das

principais referências sobre Ecossistemas de Inovação no mundo e no Brasil, o objetivo geral

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do trabalho é pesquisar os principais fatores que compõem um ecossistema de inovação e

quão distante Sorocaba está dessa realidade.

1.2 JUSTIFICATIVA

Os governos das economias mais desenvolvidas têm buscado desenvolver ações de

incentivo à inovação, visando o incremento em suas economias e consequentemente no PIB

de seus países. O assunto inovação tem sido fator de frequente discussão na definição das

políticas públicas.

Com base nas principais características identificadas nos principais países estudados,

foi feita uma análise comparativa com as ações tomadas por organizações sociais, privadas e

públicas, na região de Sorocaba. Fatores como de incentivo fiscal, isenções, subsídios, cultura

inovadora, empreendedorismo e demais artefatos utilizados pelas economias mais inovadoras,

são comparados com as ações executadas na região de Sorocaba, visando observar os

resultados gerados até o final do ano de 2014. Além disso, são capturadas as percepções de

alguns agentes de inovação em Sorocaba.

Tendo como base algumas das principais referências nacionais e mundiais de

Ecossistemas de Inovação, quais fatores podem ser considerados determinantes para o

surgimento de um ambiente como esse na Região de Sorocaba? Enfim, o que Sorocaba pode

aprender com estas experiências?

1.2.1 Geral

Avaliar as ações desenvolvidas pelas grandes economias, na área de Inovação

Tecnológica e buscar identificar similaridades e padrões que podem ser replicados no

ecossistema de Inovação existente no Brasil e mais especificamente em Sorocaba.

Para tanto, foi capturado um conjunto de percepções diferentes e complementares dos

principais gestores e agentes de inovação de Sorocaba (que atualmente operam no contexto de

inovação de Sorocaba) as quais são analisadas à luz de uma fundamentação teórica a respeito

do assunto. A partir desse olhar, o autor da presente pesquisa irá construir um resumo sobre a

situação de Sorocaba, com a pretensão de gerar novas reflexões e insights sobre possíveis

caminhos para uma transformação, à guisa de considerações finais.

1.2.2 Específico

a) Desenvolver uma matriz que indique os atores existentes no potencial

ecossistema de Sorocaba;

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b) Desenvolver um resumo do cenário Brasileiro em contraste com as economias

mais desenvolvidas e com destaque à inovação;

c) Identificar as lacunas atuais que podem estar impedindo que o ecossistema seja

executado com resultados mensuráveis.

d) Propor melhorias e contribuições.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. INOVAÇÃO

De acordo com o Manual de Oslo, uma inovação tecnológica de produto é a

implantação/comercialização de um produto com características de desempenho aprimoradas

de modo a fornecer objetivamente ao consumidor serviços novos ou aprimorados. Uma

inovação de processo tecnológico é a implantação/adoção de métodos de produção ou

comercialização novos ou significativamente aprimorados. Ela pode envolver mudanças de

equipamento, recursos humanos, métodos de trabalho ou uma combinação destes.

Atualmente, o termo inovação vem sendo discutido e apresentado como matéria de

ações estratégicas de várias nações desenvolvidas, sendo algumas delas listadas nesse

trabalho, como por exemplo, EUA, Irlanda, Finlândia, Canadá e Japão. O Brasil, por sua vez,

tem desenvolvido políticas para aprimorar seu desempenho nessa área tão importante para o

desenvolvimento de uma nação.

Invenção e Inovação estão ligadas diretamente, mas uma invenção usualmente é

gerada em laboratórios, universidades ou mesmo em uma garagem com dois engenheiros, mas

é importante observar que a inovação sempre será explorada por uma empresa, o que nos

remete aos empreendedores, que devem dispor de ambiente propício para criar empresas e

comercializar suas inovações. Esse elo não pode ser desconsiderado quando políticas criadas

para estimular a Inovação são discutidas.

A criatividade do ser humano está presente em diversos trabalhos realizados ao longo

da história, desde obras primas como pinturas, esculturas, equipamentos desenvolvidos para

melhorar o dia a dia das pessoas, tecnologias de uso diários e médico. Entretanto, o processo

de criatividade deve ser incentivado e mantido vivo durante a vida das pessoas, para isso,

aspectos culturais e ambientais devem ser considerados.

Um ponto citado por alguns autores, como Reinhold Steinbeck, indica que a

criatividade é perdida nas escolas, algo similar ao que autor Ken Robinson também menciona

em sua obra O Elemento-Chave, no qual discorre sobre a criatividade perdida durante a

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infância e o poder que a escola tradicional tem em padronizar os conhecimentos e nivelar os

alunos. O processo educacional de uma nação é importantíssimo quando analisamos o aspecto

inovador de uma nação. Tomemos por exemplo a Coréia do Sul, que em termos econômicos

era muito similar ao Brasil na década de 80, entretanto, após uma reestruturação geral em sua

educação básica e fundamental, transformou o país em uma potência emergente, com alto

grau de desenvolvimento social, econômico e inovador. Podemos citar algumas empresas

como Samsung, Hyundai e LG que emergiram de empresas locais para uma posição de

competitividade global e alto desempenho tecnológico.

Outro aspecto relacionado à Inovação, é o ambiente em que as pessoas envolvidas em

processos inovadores estão inseridas. A colaboração entre as pessoas de diferentes áreas,

empresas, organizações, financiadores, culturas e segmentos, potencializa o surgimento da

inovação em algo atrativo e permeável para a criação de algo inovador. Nesse ambiente,

muitas vezes descontraído, com viés de informalidade, com troca de informações constante

sobre novos negócios, uma idéia promissora se transforma em um Startup de sucesso em

poucas semanas. Podemos ver esse processo nesse trabalho, quando discorremos sobre o

ambiente inovador existente nos Estados Unidos, mais precisamente na região da Califórnia,

San Jose, conhecida como Vale do Silício.

O processo de inovação pode utilizar ferramentas que auxiliam a descoberta e

exploração de uma idéia, visando assim a obtenção de um resultado que gere algum valor

financeiro, de acordo com o STUBER (2012), o Design Thinking pode ser utilizado com

ótimos resultados. O autor destaca também que processos inovadores sem retorno financeiro,

pode ser classificada como Inovação Social, quando a mesma está relacionada ao bem estar

das pessoas. Isso nos remete ao ponto de reflexão sobre a inovação para resolver problemas

de pessoas, nesse aspecto é possível vislumbrar oportunidades de inovação para o dia a dia de

grande parte da população de cidades contemporâneas que sofrem, por exemplo, com o

problema da mobilidade urbana.

Para entendermos como a inovação é criada, além de considerar o ambiente, cultura e

base educacional, temos que considerar que não se pode apaixonar-se por idéias, pois quanto

antes prototiparmos e avaliarmos que o resultado não foi como o esperado, temos que partir

para novas idéias. Quanto mais rápido o processo de experimentação e avaliação for

executado, mais rápido será alcançado o sucesso de um produto lançado para o mercado

consumidor. Essa é a essência da Teoria do Lean Startup (RIES, 2008).

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2.2. ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO

O termo Ecossistema de Inovação tem sido amplamente discutido por diversos países,

tal como Canadá, Irlanda, Finlândia, Japão e outros, que visam implementar e desenvolver

políticas de incentivo à inovação tecnológica, com o objetivo de desenvolver um ambiente

propício para o surgimento de novas empresas com base tecnológica, definidas usualmente

como Startups.

CARLSON (2006), ex-CEO da SRI International, ressalta a necessidade de um Cluster

para inovar em escala. Para ele deve existir um local onde empreendedores e inovadores

possam trabalhar juntos. Um cluster, na área industrial, representa um aglomerado de

empresas que possuem características semelhantes e sua localização geográfica local, permite

o trânsito de mercadorias, matéria prima, mão de obra e etc. Este conceito foi popularizado

pelo economista Michael Porter no ano de 1990, em seu livro Competitive Advantages of

Nations (“As vantagens competitivas das nações”).

Para Carlson, podemos descrever um sistema de inovação com os seguintes elementos

listados abaixo:

Talento empreendedor: Considerado como um elemento muito importante no sistema, pois

usualmente, atua como força de ruptura na economia, já que parte dele a iniciativa de abrir

novas empresas para explorar uma determinada oportunidade no mercardo.

Existência de Pesquisa Básica e Aplicada: O sistema de inovação precisa ser alimentado

com novas idéias, novos materiais, tecnologias e isso precisa ter o apoio de pesquisadores,

corpo técnico científico qualificado para desenvolver pesquisas direcionadas e amplas em

diversos assuntos.

Conjunto de Universidades: Esse elemento é essencial para fornecer o capital intelectual ao

sistema de inovação, sem ele, manter um sistema de inovação incorreria em um custo muito

elevado, já que a mão de obra qualificada seria importada de outras regiões.

Incubadora/Aceleradora: Instrumento importante para estruturar as Startups, dando

condições de existência e operacionalidade.

Venture Capital ou capital de risco direcionado para Startups: Sem dinheiro não há como

financiar novas idéias e pelo alto grau de incerteza, o risco em que os investidores usuais são

expostos, acabam por inviabilizar novos negócios, dessa forma, profissionais de Venture

Capital, possui conhecimento sobre somo estruturar a parte financeira da Startup, para que a

mesma possa se desenvolver rapidamente.

Visão Global para escala de produtos: Esse item é muito critico e pode representar o

sucesso da Startup, já que empresas focadas em mercados regionais, não vão conseguir

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competir em preço e qualidade com o mercado global. Quando se estrutura uma startup para

atuar globalmente, usualmente, fatores como idioma, cultura, estratégia de entrada, legislação,

tributos, logística e outros itens mais são levados em conta e podem inviabilzar totalmente um

negócio.

Peter Senger, autor de A Quinta Disciplina, afirma em seu livro que, para crescer e se

manter cada vez mais eficiente, toda organização precisa incorporar cinco características:

1) Desenvolver sempre o domínio pessoal;

2) Criar modelos mentais que ajudem a enxergar onde se quer chegar;

3) Construir uma visão compartilhada, que una o grupo;

4) Aprender em equipe, com todos se ajudando;

5) Desenvolver o pensamento sistêmico, que engloba todas as outras quatro

características.

Tomemos como exemplo a estratégia do SAP Labs, localizado no Tecnosinos em São

Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre (RS), premiado em 2010 como o melhor

parque científico e tecnológico do país pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de

Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Atualmente, concentra 75 empresas de setores

como tecnologia da informação (TI), comunicação e convergência digital e energias

renováveis e tecnologias socioambientais, que somam 6.000 empregos diretos e movimentam

R$ 1 bilhão por ano. Para contornar a falta de profissionais, adotou uma estratégia de

despertar o interesse pelo universo de TI em quem ainda não tem idade para ter carteira de

trabalho. Por meio do programa Young Thinkers, a empresa estabeleceu uma parceria com o

Colégio Sinodal de São Leopoldo para capacitar professores a transmitir conteúdos didáticos

ligados ao tema a alunos do ensino médio e fundamental, entre 10 e 18 anos. “Precisamos de

mentes jovens, arejadas, pessoas tecnicamente qualificadas”, afirma Dennison John,

presidente da SAP Labs Latin America.

2.3. INOVAÇÃO: ESTRATÉGIA DE 6 PAÍSES

Os dados apresentados nas sub sessões abaixo, relacionados aos países, Estados

Unidos da América, Finlândia, Irlanda, Canadá, Reino Unido e Japão, foram extraídos do

amplo trabalho realizado pela ABDI, sob o título de: INOVAÇÃO: Estratégia de sete países,

onde teve como principal organizador, o pesquisador Glauco Arbix. O material foi publicado

no Caderno da Indústria ABDI XV em 2010.

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2.3.1. Estados Unidos da América

A história de desenvolvimento dos EUA é marcada por grandes feitos, guerras,

imigração, cultura de livre mercado e capitalismo levado a sério por grandes grupos, que se

desenvolvem e atuam em diversos países ao redor do mundo. Para entendermos o

desenvolvimento tecnológico dos EUA, vamos abordar a virada a partir da década de 1950,

quando a cultura de empreendedorismo na indústria eletrônica começa a tomar forma. As

universidades de Harvard, Stanford e MIT tiveram papel importante no contexto pós-segunda

guerra mundial e início da guerra fria. Nesse período, o governo federal incentivou a criação

de empresas de tecnologia para atender as demandas da área Militar.

Na universidade de Stanford, Fredrick Terman começou um movimento de criação de

empresas para prototipar sistemas eletrônicos inteligentes e transmissão micro ondas,

inicialmente para área de radares, que visava a produção militar para atender o governo e as

agências de inteligência. Naquela época, não havia a possiblidade de obter empréstimos de

bancos para iniciar empresas de tecnologia, já que os bancos costumavam emprestar dinheiro

para empresas já estabelecidas, que podiam comprovar suas finanças e renda futura esperada.

Um inventor não tinha condições de obter um empréstimo para iniciar um startup, podia

entretanto vender sua invenção para uma empresa já existente que desejaria explorar sua

invenção.

O primeiro fundo de Venture Capital pode ser identificado como ARDC (American

Research & Development Corporation), que foi criado em 1946 por George Doriot, ex-reitor

da Harvard Business School. Em 1957 teve seu primeiro grande caso de sucesso, quando

investiu mais de 2 milhões de dólares na Digital Equipment Corporation (DEC), que abriu seu

capital em 1966 trazendo grandes resultados para o fundo ARDC.

Nessa época, Terman encorajava seus alunos graduados a iniciar empresas, como fez

com William Hewlett and David Packard, fundadores da HP. Havia o incentivo para que

professores fizessem consultoria nessas empresas recém criadas e a transferência de

tecnologia e propriedade intelectual desenvolvida nos laboratórios de Stanford foi facilitada.

Nesse momento podemos visualizar um pouco da cultura de colaboração descrita como

fundamental para o Vale do Silício.

William Shockley também é reconhecido como um dos pais do Vale do Silício, ele é

um dos inventores do Transistor e fundou em 1955 a primeira empresa de Semicondutores na

Califórnia. Sua atuação acabou gerando nos anos seguintes uma grande evolução tecnológica,

que em meados de 1976 a região da Califórnia já possuía mais de 40 empresas na área de

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semicondutores, por exemplo, Fairchild Semiconductor e Intel, que apoiavam principalmente

o setor de defesa Norte Americano. O nome Vale do Silício é dado pois o material Silício é

utilizado na elaboração dos componentes eletrônicos, tal como o transistor e processadores.

Para concluir o lado histórico do Vale do Silício, vale ressaltar que por volta de 1979,

o governo norte americano reduziu os impostos sobre ganhos de capital, de 49.5% para 28% e

permitiu que fundos de pensão pudessem investir em fundos de Venture Capital. Isso gerou

um aumento expressivo em investimento em empresas de tecnologia do Vale do Silício.

A região do Vale do Silício, no estado da Califórnia, concentra uma grande variedade

de empresas de base tecnológica com forte vocação empreendedora, muitas delas baseadas em

tecnologias para redes sociais, como Facebook, LinkedIn e Google, possui também centros de

P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) renomados, como a SRI International. Aliado a esse

cenário existem diversas universidades na região, como Stanford e Caltech que intercambiam

talentos e conhecimento com essas empresas, adicionando a isso a disponibilidade de capital

de risco ou Venture Capital e empreendedores, formando o que se chama de ecossistema de

inovação. Em linhas gerais, pode-se definir o termo como um conjunto de pessoas, empresas e

organizações que se relacionando em busca de uma evolução a partir do desenvolvimento de

projetos inovadores.

Importante ressaltar que em 1984, o governo federal aprovou uma lei, conhecida como

Bayh-Dole-Act, que trata dos incentivos oferecidos pelos Governos, permitindo assim um

aumento de investimentos privados destinados para pesquisa e desenvolvimento em

Universidades Públicas e Laboratórios Federais. Antes dessa lei, as invenções decorrentes das

pesquisas que utilizavam dinheiro público, deveriam ser registradas para o governo dos EUA,

dessa forma, muitos pesquisadores não se motivavam em criar empresas para explorar as

invenções e idéias, entretanto, após a Bayh-Dole-Act os pesquisadores passaram a ter o direito

de registrar suas invenções em seu nome, o que permitiu a criação de empresas e startups para

desenvolver e aprimorar as invenções em produtos comercializáveis.

A transferência de tecnologia dos laboratórios de pesquisa existentes nas universidades

americanas, para o mercado consumidor permitiu que a cultura capitalista fosse propagada

para várias partes do mundo, influenciando a cultura e os costumes locais. Atualmente é a

cultura mais “imitada” por seus filmes, músicas e produtos. Entretanto, importante reconhecer

o valor das pesquisas universitárias como um veículo de desenvolvimento econômico, nesse

contexto, o governo federal, assim como visto em países listados nesse trabalho, como

Canadá, Japão, Reino Unido etc., possuem agências de fomento e pesquisa, dentre as de maior

destaque nos EUA, podemos citar National Institutes of Health (NIH), National Science

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19

Foundation (NSF), Office of Naval Research (ONR), Defense Advanced Research Projects

Agency (DARPA) e National Aeronautics and Space Administration (NASA).

Uma característica da cultura existente no Vale do Silício, refere-se a forma como a

interação com as pessoas ocorre, de maneira pervasiva e muitas vezes direta, visando o

compartilhamento de informações sobre planos de negócios e idéias com o objetivo de obter

um parceiro de negócio. Essa relação de confiança, sem a necessidade de assinar um termo de

confidencialidade ou mesmo estar acompanhado de um advogado, acaba flexibilizando o

início de novos negócios e muitas vezes, permitindo o amadurecimento de idéias antes de

coloca-las em prática.

Resumindo o ambiente dos Estados Unidos da América, podemos elencar os seguintes

itens:

Promulgação da Lei Bayh-Dole-Act promoveu um aumento substancial na

transferência de tecnologia das universidades para a indústria e, finalmente, para o

mercado consumidor,

licenciamento das patentes geradas, criação de novas empresas, empregos com

poder aquisitivo acima da média nacional e a criação de novos segmentos

industriais também são resultados que o governo americano tem alcançado com as

políticas de incentivo aplicadas,

Cultura de Colaboração altamento disseminada no Vale do Silício,

Venture Capital muito desenvolvido, permitindo que empresas de alto risco se

desenvolvam com mais facilidade,

Governo Federal incentiva inovação por meio de Agências do Governo, como

NASA, Departamento de Defesa (DoD) entre outras.

2.3.2. Finlândia

A Finlândia é considerada uma das nações mais competitivas do mundo. Em menos de

20 anos, passou de uma economia baseada em recursos naturais para uma economia puxada

pela inovação. Hoje possui um grande foco em tecnologias da informação e comunicação

(TIC).

O investimento em inovação, passou a fazer parte da pauta dos governantes, a partir da

crise que dissolveu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS (1991). Com isso, o

governo finlandês, que exportava grande parte de seus produtos primários para a URSS, teve

que rever sua estratégia de crescimento.

Page 20: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

20

Com esse cenário externo conturbado, a Finlândia decidiu investir pesado em

Educação, Ciência, Tecnologia da Informação e Inovação. Os estudantes finlandeses,

possuem um sistema gratuito que vai desde o ensino básico até a universidade. Importante

citar que com o aumento de investimento público, os alunos estão com desempenho acima

dos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desempenho Econômico)

na escala Pisa de Ciências.

O financiamento público para Pesquisa e Desenvolvimento atingiu 3% do PIB em

1999, acima dos 2% da União Europeia na mesma época. Em 2007, foram 3,5% do PIB, o

que corresponde a mais ou menos 5,5 Bilhões de EUROS. A meta para 2010 foi de 4% do

PIB.

O Sistema Nacional de Inovação (NIS), foi criado pelo governo finlandês e é

composto pelas seguintes entidades:

Sistema de Pesquisa,

Sistema de Governo,

Sistema Educacional,

Organizações de Financiamento,

Atores Locais e Regionais e previsões legais, incluindo mecanismos de proteção à

propriedade intelectual e de incentivos.

Importante citar que a Finlândia foi o primeiro país a incluir entre suas diretrizes de

governo a meta de construir um sistema nacional de inovação, o que indica um grau de

comprometimento estratégico do país nesse assunto, pois possui como foco principal o

estímulo ao crescimento sustentável da economia.

Mesmo tendo um avanço acelerado após a década de 90, a elaboração e construção das

principais instituições básicas para viabilizar o sistema de inovação finlandês, iniciou-se nas

décadas de 60-70, registrando grande esforço tecnológico na década de 80 e então na década

de 90 com a construção do Sistema Nacional de Inovação e das bases para sociedade do

conhecimento.

Na década de 80, houve uma grande aceleração do desenvolvimento tecnológico. O

maior destaque foi a criação da TEKES em 1983, nessa mesma época, houve um grande

incentivo para internacionalizar a Pesquisa e Desenvolvimento, utilizando redes

internacionais de pesquisa, alguns parques tecnológicos foram criados e em 1989 o Conselho

Nacional de Ciência e Tecnologia foi criado, consolidando assim o complexo sistema de

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21

inovação finlandês, que avalia o impacto das políticas executadas pelo poder público. Com

base nesse sistema de avaliação, o governo conseguiu aprimorar a gestão, corrigir estratégias

e as políticas empregadas.

O modelo Finlandês traz à tona uma realidade muito peculiar, pois sua cultura, a longa

tradição em design, vasta utilização da internet, utilização da língua inglesa como idioma

universal, visão dos finlandeses em se tornarem cidadãos do mundo e até mesmo a tradição

descentralizadora de gestão do Estado, trazem reflexões importantes sobre esse modelo, pois

dificilmente será replicado em alguma parte do mundo.

De acordo com o Secretário Geral do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia

(STPC), Esko-Olavi Seppala, a Finlândia demorou décadas para aprender a cooperar e a

formar visões comuns de seus problemas. Com isso, as políticas planejadas em outros

exercícios ou mandatos, são mantidas mesmo com a alternância de poder, permitindo assim

que as políticas de estímulo à inovação, que trazem melhorias ao cenário econômico, não

sejam interrompidas arbitrariamente.

A empresa NOKIA, é um grande exemplo do resultado das políticas criadas pela

Finlândia para incentivar a área de Pesquisa e Desenvolvimento. Fundada em 1865 como

fábrica de papel, até início do século 19, tinha suas vendas baseadas em botas e cabos de

borracha. Em 1960 foi criado um departamento de telecomunicações, em 1990 esse setor

respondia por apenas 20% do faturamento. Em 1991 a empresa estava prestes a falir, quando

decidiu focar seus esforços em Telefonia Celular, que estava em grande ascensão naquela

época. Na época do estudo realizado pela IEA-USP (2010), a NOKIA respondia por mais de

60% do investimento privado em P&D, ou seja, quase 2/3 do total investido pelo setor.

Para exemplificar alguns feitos da NOKIA, podemos citar algumas tecnologias de

rede, como por exemplo, GSM, 4G e 5G que são tecnologias desenvolvidas pela NOKIA e

licenciadas para vários países no mundo. Sua divisão de telefones celulares manteve-se em

evidência durante quase uma década e foi adquirida pela Microsoft em 2013.

A Finlândia possui uma Agência de Fomento à Pesquisa, Desenvolvimento e

Inovação, chamada TEKES, muito parecida com o formato da FAPESP no Estado de São

Paulo - Brasil. A TEKES, criada em 1983, é um órgão de Planejamento, Financiamento e

Fomento às atividades de P&D, à pesquisa aplicada, tecnologia e industrial. Responde

atualmente por 30% do financiamento público à inovação.

O financiamento da TEKES tem como foco os projetos inovadores e com alto grau de

risco. Pode ser disponibilizado a juros baixos ou por meio de subvenção econômica. Um fato

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interessante é que pode ser concedido às empresas estrangeiras registradas na Finlândia, desde

que possuem P&D no país.

A TEKES investe grande parte do seu orçamento em projetos de fundo perdido, com

isso fica claro a absorção de todo o risco do projeto, assumido pelo poder público. Isso é

importante pois estimula inovações radicais, nas quais a iniciativa privada não tem interesse

em entrar pelo alto grau de risco envolvido. Mesmo com esse cenário, a taxa de fracasso gira

em torno de 20%.

Existem três programas importantes na Finlândia, que podem explicar melhor a

estratégia de expansão e internacionalização de suas empresas. Veja abaixo:

1) Programa de Centros de Experiência. Lançado em 1994, tem como objetivo o

incentivo a projetos de cooperação entre institutos de pesquisa, instituições educacionais e

empresas, visando o aumento e modernização do conhecimento de alto nível na região em

questão. Já foram criados mais de 13 clusters em 21 centros especializados, que podem ser

classificados como Cluster of Expertise ou Cluster de Experiência em tradução livre. Outro

ponto interessante é que cada centro regional possui uma especialização, tal como, tecnologia

energética, saúde e bem-estar, nanotecnologia, tecnologia limpa, máquinas inteligentes,

tecnologia marítima, futuro da indústria florestal, computação, digibusiness, negócios da vida

entre outros.

2) Programa de Centros Estratégicos para Ciência, Tecnologia e Inovação, tem como

foco coordenar recursos dispersos de pesquisa para atingir metas estratégicas da Finlândia.

Sua atuação principal é articular empresas, universidades e institutos de pesquisa, na criação

de cinco centros estratégicos, voltados para as áreas de Energia e Meio Ambiente, Metais e

Engenharia Mecânica, Saúde e Bem-Estar, Cluster Florestal e TIC. Os fundos de pesquisa são

de longo prazo e geridos pela TEKES.

3) Programa de Rede Internacional de Centros de Inovação. Tem como foco estar

presente em alguns países líderes no cenário de inovação, fazendo assim a ligação entre os

agentes locais de inovação com os institutos finlandeses. Vale ressaltar que com essa

estratégia, a Finlândia pretende acelerar a internacionalização das empresas finlandesas,

aumentar a mobilidade de pesquisadores e realizar assim pesquisas em conjunto com atores

locais, mantendo-se atualizada e no ecossistema de inovação de outros países. Já foram

criados cinco centros, destes em: Xangai, China em 2007, Vale do Silício, EUA em 2007, São

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23

Petersburgo, Rússia em 2008, em Tóquio, Japão em 2008 e por fim em Mumbai, Índia em

2008.

Com a execução desses três programas estratégicos para a Finlândia, é possível

identificar claramente a estratégia de fortalecer as conexões entre os setores público e privado,

juntamente com a cooperação ativa das empresas, centros de pesquisa e universidades,

gerando assim um ambiente favorável à inovação.

Seguindo a mesma dinâmica do mercado Norte Americano, a Finlândia aprovou uma

nova legislação sobre a propriedade intelectual nas universidades, facilitando assim o uso

comercial do resultado das pesquisas.

Resumindo o ambiente da Finlândia, podemos elencar os seguintes itens:

Economia baseada no setor primário Russia como principal cliente até a Crise 1991 –

URSS,

Modelo Finlandês, tem suas bases no consenso político quanto ao futuro do país. Isso

influenciou a continuidade das políticas de incentivo à Pesquisa e Desenvolvimento.

Todavia, esse cenário é dificilmente replicável, pois deu-se em conjunto com um

determinado período da economia mundial e aspectos culturais do país, como adoção

da língua inglesa, visão de cidadão mundial etc,

Rede Internacional de Centros de Inovação, China, EUA, Russia, Japão e Índia,

Possui agência TEKES para financiamento de projetos que apresntam alto risco,

A denominação de Economia baseada em conhecimento pode ser atribuída à

Finlândia, com base em sua estratégia exitosa em promover o desenvolvimento da

nação após investimentos pesados na universalização do estudo, desde a Educação

Básica até a Universidade,

Outro fator importante é o foco em desenvolver tecnologias e pesquisas em segmentos

que podem atuar como motores da economia, com isso, as estratégias resultam em

geração de empregos mais qualificados, melhor remunerados e aumentam a sensação

de bem-estar social.

2.3.3. Irlanda

O crescimento da Irlanda apresentou números extraordinários a partir de 1995 até

2000, houve um crescimento médio anual de 10% do PIB, na sequência, até 2004, ficou em

torno de 6,1%.

Até 1990, a Irlanda era classificada como um dos mais atrasados da Europa, o que na

época levou os governantes a traçar um plano nacional de desenvolvimento, para transformar

Page 24: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

24

a Irlanda em uma economia competitiva, através de investimentos em Pesquisa e

Desenvolvimento.

A principal característica do momento de maior crescimento da Irlanda, foi a Abertura

da Economia, juntamente com a integração com as nações da comunidade europeia e o

investimento pesado de multinacionais, que exigiram também a atração de pessoal altamente

qualificado.

Outro ponto muito importante a ser citado, é que nos anos 1960 o governo Irlandês,

executou um forte investimento na qualidade da educação primária e secundária, o que

preparou as bases para o desenvolvimento acentuado que se deu na década de 1990.

Vale citar também a política agressiva de incentivos fiscais, que derrubou pela metade

os impostos, quando comparado a outros países da comunidade europeia, para as empresas

que se instalavam na Irlanda.

Houve também a atuação de uma agência pública nesse cenário, denominada Agência

de Desenvolvimento Industrial, que é considerada a principal plataforma das grandes

empresas de tecnologia da informação e comunicação.

Outro ponto curioso sobre o caso da Irlanda, refere-se ao Pacto Social, que foi criado

na década de 1990, isso se deu como resposta a seguidas crises, tal como Crise do Petróleo,

Descontrole dos Gastos Internos Governamentais, que acabaram gerando um movimento de

regulação e limitação de negociações salariais, tirando força dos sindicatos, formulação de

políticas orientadas para estabilidade de longo prazo, alicerçadas em austeridade fiscal e

contenção de gastos públicos.

O primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (2000 a 2006) teve um investimento

total de US$ 3 bilhões em ciência e inovação. O principal objetivo desse investimento foi

construir uma economia baseada no conhecimento. A Irlanda conseguiu alcançar um alto

nível de parcerias externas nas patentes requeridas, isso é um resultado claro do aumento de

pesquisa científicas realizadas por empresas e centros de pesquisa estrangeiros. Como reflexo

dessa política, sua economia é muito dependente de grandes grupos estrangeiros, que por sua

vez, executam o financiamento de P&D com dinheiro externo.

No ano de 2006, o governo Irlandês elaborou um novo Plano Nacional de

Desenvolvimento (2007 a 2013), no qual alocou em torno de 8,2 Bilhões de EUROS para

implementação da Estratégia para Ciência, Tecnologia e Inovação.

No que se refere às instituições públicas, orientadas para gerir, criar e monitorar as

ações do PND Irlandês, podemos citar a criação de quatro instituições com as seguintes

atribuições:

Page 25: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

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IDA (Agência de Desenvolvimento Industrial), criada em 1960. Focada em atrair

empresas multinacionais através de incentivos fiscais. Importante citar que a Irlanda

oferece como diferencial a mão-de-obra qualidade de imigrantes, força de trabalho

jovem, bem educada, barata e com inglês fluente. Essa agência é considerada peça

chave no sucesso da trajetória irlandesa.

EI (Empresa da Irlanda), criada em 1960, focada em expandir as empresas Irlandesas

para todo o globo. Sua atuação no entanto é muito questionada, pois não apresentou

resultados satisfatórios em suas ações e ainda existem dúvidas sobre a necessidade da

Irlanda possuir e desenvolver empresas Globais.

SFI (Fundação da Ciência da Irlanda), criada em 2001 pelo Plano Nacional de

Desenvolvimento. Tem como exemplo a Fundação Nacional da Ciência, criada pelo

governo Norte Americano. Essa agência atua no monitoramento e avalia a qualidade

do capital humano irlandês, através do acompanhamento das pesquisas cientificas

realizadas em cooperação com as universidades e empresas. Possui como foco,

impulsionar e financiar as áreas de ciência e engenharia. Tem como objetivo reverter a

frágil tradição de pesquisa das universidades irlandesas, que estão mais voltadas para

docência e extensão.

Forfás (Órgão de Prospecção de tendências de ciência, tecnologia e inovação) atua no

planejamento, coordenação das políticas, das agências e dos programas de

desenvolvimento.

As quatro agências são comandadas pelo Ministério do Comércio, Empresa e

Emprego.

A Irlanda enfrenta alguns dilemas com o expressivo aumento dos salários e qualidade

de vida, pois com isso, acabou perdendo competitividade frente a economias emergentes,

como China e Índia. Por mais que as agências governamentais atuem, as empresas irlandesas

continuam pequenas, com baixa produtividade e pouco internacionalizadas, contra o oposto

das multinacionais. Apesar de ter uma mão de obra muito educada, possui pouca tradição em

pesquisa básica em ciência e tecnologia.

Page 26: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

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Os Centros de Pesquisas financiados e criados pelo governo irlandês ainda não deram

frutos e ainda existe uma certa distância das empresas e universidades.

O investimento em educação e qualificação das pessoas é um fator muito importante

no sistema da Irlanda, isso deve fazer com que os frutos sejam colhidos nas gerações futuras,

que devem desfrutar de uma qualidade de vida superior à atual. Outro ponto interessante é

estimular a curiosidade dos jovens pelas atividades científicas.

A estratégia de desenvolver Planos Nacionais de Desenvolvimento é muito válida,

pois traz à tona o diálogo com a sociedade, que entende e apoia em sua maioria as políticas

elaboradas pelo governo, pois entende que fazem parte de escolhas estratégicas para manter o

desenvolvimento da Irlanda.

Resumindo o ambiente da Irlanda, podemos elencar os seguintes itens:

Governo Irlandês executou em 1960 um amplo programa de investimento em

Educação no País,

Em 1990 era considerado um dos países mais atrasados da Europa,

Foco em melhorar a Competitividade do País através da Abertura Economica, Zona do

EURO, Investimento de Multinacionais,

Pacto Social em 1990 – Resposta à Crise do Petróleo, Descontrole de Gastos o que se

traduziu em Austeridade Fiscal e Planos de Longo Prazo,

Plano Nacional de Desenvolvimento, Fortemente ligado ao investimento externo de

P&D, com 3 Bilhões Dólares (2000 à 2006), 10 Bilhões Dólares (2007 à 2013), cerca

de 2% PIB 2013

Criou a IDA (Agência de Desenvolvimento Industrial) para Atrair empresas, através

de incentivos fiscais.

Mesmo com todos os índices de crescimento e desenvolvimento, a Irlanda foi

impactada fortemente pela crise de 2008, o que fez com que sua economia entrasse em

recessão depois de mais de uma década de crescimento. Todavia, no segundo trimestre

de 2015, sua economia já mostra sinais de recuperação, apresentando crescimento de

1,9%. A recuperação é fruto da alta dependência de investimento externo, de empresas

como Intel, Google e Pfizer, apenas para citar algumas. Sua economia continua

atraindo empresas multinacionais que oferecem altos salários nos setores de alta

tecnologia e serviços.

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27

2.3.4. Canadá

Para contextualizar o Canadá, deve-se considerar que suas políticas de incentivo à

tecnologia e inovação foram iniciadas em meados da década de 1990. Nessa época o país

ainda possuía uma forte dependência de suas riquezas minerais, mas em sua história, podemos

constatar que os investimentos na área de tecnologia trouxeram ganhos consideráveis, pois

conseguiram ser reconhecidos mundialmente pela tecnologia desenvolvida pela empresa RIM,

detentora da marca de telefones celulares BlackBerry.

O Canadá é um país com vasta extensão territorial, sua colonização é em sua maioria

de Franceses e Ingleses, mas receberam fluxos contínuos de Indianos, Chineses e Asiáticos, o

que enriquece sobre maneira a cultura local.

Com essa diversidade, importante citar que pelo modelo de governo Canadense,

conhecido como Federalismo, as regiões são divididas em Províncias, que traçando um

paralelo com o Brasil, são como Estados, mas entretanto possuem uma certa autonomia, como

por exemplo, são responsáveis pela Educação.

O investimento em ciência, tecnologia e inovação se dá tanto na esfera federal, como

nas províncias e dessa forma, exige um certo grau de coordenação para evitar sobreposições

de esforços. Esse conjunto de características institucionais e culturais transformam o Canadá

em um exemplo muito interessante de ser estudado quando analisamos as políticas de

Fomento à Inovação.

O Governo Federal do Canadá possui uma rede de agências de fomento à P&D e

utiliza alguns programas de concessão de isenções fiscais ás Empresas. Entre as agências do

governo, podemos citar o Conselho Nacional de Pesquisa (National Research Council -

NRC), que executa pesquisas internamente com dinheiro público, outros atuam com mais

foco na transferência de recursos e apoio a pesquisas executadas por universidades, como por

exemplo, o Conselho de Pesquisas de Engenharia e Ciências Naturais (Natural Sciences and

Engineering Research Council - NSERC), o Conselho de Pesquisas de Ciências Sociais e

Humanas (Social Sciences and Humanities Research Council - SSHRC) e da rede de

Institutos Canadenses para Pesquisas em Saúde (Canadian Institutes for Health Research -

CIHR).

Em contraste com o apoio às agências federais, que desenvolvem pesquisas, existem

também alguns programas do Governo Federal do Canadá, que apoiam e investem recursos

diretos em pesquisa executado pelo setor privado, em programas do NRC, apoiando pequenas

empresas e usando como base a malha de centros de excelência (Networks of Centers of

Excellence - NCE).

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No conjunto de agências federais de incentivo à pesquisa, é interessante citar a NCE

com um número 70 spin-offs entre 2003 à 2010, mesmo com um orçamento em 2007

relativamente pequeno, algo em torno de US$ 75 milhões. Outro aspecto importante nessa

agência, é que os projetos são escolhidos por comitês internacionais, cuja decisão é autônoma.

Dessa forma, o conflito de interesse entre pesquisadores é reduzido e evita-se também a

limitação do conhecimento sobre o potencial de competitividade no cenário global.

A NCE também desenvolveu atividades que estabelecesse uma massa crítica de

pesquisa no Canadá, entre 1993 a 1999, a NCE promoveu uma integração de pesquisadores

em sua rede, fomentando assim uma cultura de colaboração. Por fim, o grande desafio final

foi desenvolver projetos propostos e gerenciados por empresas privadas em conjunto com

parceiros públicos. Com esse conjunto de atividades, a NCE visa acelerar e incentivar o

ecossistema de inovação entre as Universidades, Agências Públicas e as Empresas privadas.

A criação do Genoma Canadá se deu em 2000, quando um grupo de cientistas e

Venture Capitalists constituíram uma fundação financiada pelo governo federal em conjunto

com parceiros públicos e privados. O foco dessa fundação foi financiar e executar pesquisas

na área de genômicos e proteômicos. Uma característica interessante dessa fundação, é que

ela possui um fundo de investimento com dinheiro federal e privado, mas ao invés de

funcionários públicos, o fundo possui gestores profissionais, especializados em venture

capital e aplicam todos os critérios de retorno de investimento utilizados pelo mercado, em

outras palavras, eles visam ao lucro. Outra característica importante desse fundo é que apenas

os melhores projetos são apoiados, para isso, eles precisam apresentar características que

permitam competir em nível internacional e dessa forma, possam resultar em tecnologias que

possam ir para o mercado consumidor. Por fim, os candidatos ao programa precisam

demonstrar que o produto final da pesquisa seja patenteável, tenha aderência ao mercado e

que são capazes de captar mais 50% de seu financiamento total no mercado, com outros

agentes financiadores.

A Fundação para Inovação do Canadá também foi criada em 2000, seu foco é

basicamente o financiamento de infraestrutura para instituições. Dessa forma, essa fundação

auxilia na formação de laboratórios bem equipados em Universidades, Hospitais de Pesquisa,

Colégios e Organizações Não Governamentais. Interessante citar que o foco é direcionado

para atrair e manter os melhores talentos (pesquisadores), treinar a próxima geração de

pesquisadores que irão suportar as inovações no setor privado, para criar empregos de alta

qualidade. O apoio aos projetos selecionados é de 40% do total solicitado, o restante deve vir

da iniciativa privada.

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29

As origens do incentivo à inovação canadense surgiram em meados do século 19,

quando foram criados os primeiros laboratórios agrícolas e as duas universidades canadenses,

a Universidade McGill e a Universidade de Toronto. Em 1939, o Canadá investia apenas

0,1% do PIB em P&D, essa realidade só mudou a partir da Segunda Guerra Mundial, pois

nessa época o Canadá apoiava os EUA nos esforços para desenvolvimento de armas nucleares

(Projeto Manhattan) e demais tecnologias bélicas.

Na década de 1970, houve um declínio nos incentivos de P&D, já que o governo

entendia que as empresas privadas deveriam arcar com esse investimento. Apenas na década

de 1990 é que os retornos econômicos de P&D apareceram com mais força, uma vez que

inovação passou a ser considerada como estratégia central do governo Canadense.

Durante a década de 1990, o conceito de pesquisa pura ou básica, muito comum nas

universidades públicas, passou a ser questionada pois não estava direcionada para as

necessidades do mercado, o que nos remete à reflexão que as pesquisas realizadas por

entidades públicas devem ser priorizadas para atender demandas específicas de mercado, pois

com essa característica, a chance de uma organização privada entrar como parceira no

investimento da pesquisa é mais alto do que o cenário citado acima de realizar uma pesquisa

pura, baseada em um processo linear de inovação.

No Canadá, essa mudança de foco deu-se principalmente com a criação de instituições

baseadas no envolvimento direto de empresas e agências públicas de pesquisa, tais como a

NCE e o Genome Canadá.

Um dos principais motivadores para o Canadá investir em um conjunto de políticas

voltadas para P&D na década de 1990, foi melhorar a posição do País no cenário mundial,

frente aos países asiáticos que emergiam fortemente na economia global, citando como

principal agente, a China, que tem investido fortemente em desenvolvimento tecnológico e

tem peso relevante na transferência de empregos que exigem mais conhecimento técnico.

Esses empregos por sua vez, sempre foram mantidos nas economias mais desenvolvidas e

esse movimento apresenta-se como um grande motivador às economias mais desenvolvidas,

para investir em um diferencial para manter sua competitividade no mercado global.

Segundo o Industry Canada (2007a), entidade equivalente ao Ministério do

Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior no Brasil (MDIC), o Canadá procura atrair e

manter profissionais de ponta, pois com o envelhecimento da sua população, somado às

oportunidades de trabalho que os jovens canadenses encontram em outros países, como os

Estados Unidos, resultam em um grande desafio para as autoridades locais. O Ministério da

Industria (Industry Canada) possui uma série de informações úteis para as pessoas que

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30

desejam entender mais sobre Propriedade Intelectual, formas de conseguir um financiamento,

como abrir uma empresa, fora um conjunto extenso de Relatórios e Guias para apoiar os

cidadãos. O que demonstra o compromisso do Governo em apoiar o desenvolvimento do país

com políticas de geração de empresas através de pesquisa e desenvolvimento.

Veja abaixo um gráfico da evolução de Venture Capital desde 2005, o fantástico valor

levantado em 2014, com US$ 2.3 Bilhões.

Gráfico 1 – Evolução do Venture Capital no Canadá entre 2005 até 2014.

Fonte: Disponível em: < http://www.ic.gc.ca/eic/site/061.nsf/eng/h_02940.html

>. Acesso em: 2 nov. 2015.

Uma característica importante a ser ressaltada por pesquisadores, é a falta de Soft

Skills, que são as habilidades para gestão de pessoas e negócios. Em um cenário de incentivo

à pesquisa, com foco em criar novos produtos, os pesquisadores precisam aperfeiçoar essa

característica, para que possam obter sucesso com os produtos desenvolvidos. Nos Estados

Unidos, ao invés do pesquisador tentar comercializar sozinho o resultado da pesquisa,

usualmente, ele se junta com um empreendedor, acostumado com o mercado, que possui o

conhecimento necessário para inserir o produto no mercado correto, aumentando assim a taxa

de sucesso. Em resumo, o Canadá possui um conjunto de políticas e iniciativas que permitem

o aumento da sua competitividade frente aos países desenvolvidos.

Resumindo o ambiente da Canadá, podemos elencar os seguintes itens:

Primeiros laboratórios agrícolas de pesquisa nas Universidades McGill e Toronto.

Investia o,1% do PIB em 1939,

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31

Apoio ao Projeto Manhattan (EUA) – Armas Nucleares e demais tecnologias Bélicas,

Em 1990 os investimentos em P&D tomam força quando o governo considera

Inovação como estratégia central do governo,

NCE (Network Center of Excellence) 70 spin-offs entre 2003 à 2010, em 2007 budget

de US$ 75 milhões,

Fundação para Inovação do Canadá (2000) com Foco em financiar Infraestrutura dos

laboratórios,

Genoma Canadá (2000) Parceria Público vs Privado voltado para Financiar Pesquisas

sobre Genômicos e Proteômicos (50% x 50%),

Venture Capital em desenvolvimento, com forte expansão registrada em 2014, quando

atingiu quase US$ 2.4 bilhões de dólares.

2.3.5. Reino Unido

A economia britânica é baseada em serviços, dessa forma, quando a discussão sobre

Inovação Tecnológica entra na pauta de discussão dos governantes, existe a preocupação em

definir uma nova forma de inovação, chamada por eles como Inovação Escondida, que pode

ser explicada como pequenas inovações que ocorrem em processos diários, como por

exemplo, uma técnica mais aprimorada no processo de extração de petróleo, uma nova forma

de realizar uma análise financeira em um financiamento e outras atividades tidas como

cotidianas, mas que trazem resultados positivos para as empresas.

Existe uma parte do governo que argumenta que deve-se estimular a difusão e

circulação de informações, porém na área de serviços, quando essa informação é pública, as

chances de obter um retorno financeiro maior com a inovação são drasticamente reduzidas.

Por outro lado, quanto maior a circulação de informações, maior será a colaboração entre as

empresas e tende-se a ter uma produtividade maior na economia.

Vale ressaltar que o sistema de patentes foi criado para proteger as inovações

tecnológicas, que podem ser facilmente explicadas através de desenhos e diagramas, por outro

lado, uma inovação na área de serviços é muito mais complexa de ser explicada e controlada

para evitar utilização indevida.

O Governo Britânico atua no incentivo de Inovação, junto às empresas, direcionando o

seu poder de compra estatal, estimado em 150 bilhões de libras por ano, com isso, mesmo não

gerando garantias de contrato, acaba criando demandas que envolvem alta tecnologia e assim

estimulam a aplicação e desenvolvimento de novas tecnologias.

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32

Como conclusão sobre o Reino Unido, podemos entender que as políticas de incentivo

devem ser dosadas para obter uma mistura que permita a geração de valor pelas empresas

inovadoras, o que será convertido em novos empregos e tecnologias competitivas, mas

também deve-se observar o excesso de regulamentações que podem desmotivar os

empreendedores a criar suas empresas e assumir uma série de encargos e empréstimos para

alavancar sua idéia ou projeto.

Resumindo o ambiente do Reino Unido, podemos elencar os seguintes itens:

Economia baseada em Serviços, o que dificulta a classificação de inovações e acaba

trazendo à tona a questão da Inovação Escondida,

Pequenas Inovações do Cotidiano que trazem resultado financeiro nas atividades, tais

como, novas Técnicas de Extração de Petróleo Aprimorada ou Nova lógica para

cálculo de Financiamento,

Complexidade em controlar ou patentear algo relacionado a Serviços,

Governo Britânico incentiva a Inovação direcionando o poder de compra do Estado

(150 Bilhões Libras por ano) para criação de novas Demandas, Desenvolvimento de

Tecnologias e Startups.

2.3.6. Japão

O Japão é um caso muito interessante de desenvolvimento tecnológico, já que iniciou

seu esforço para superar a derrota na segunda guerra mundial. Inicialmente o tipo de inovação

foi incremental, atuando fortemente em imitações e melhorias de produtos importados. Sua

qualidade também era questionável, ao ponto de ser comparada hoje como produtos Chineses,

de baixo custo e qualidade, entretanto, essa realidade foi sendo alterada durante os anos e

hoje, diferente do que acontecia na década de 80, os produtos Japoneses possuem alta

qualidade, como por exemplo, carros da TOYOTA, que são referência em qualidade e

durabilidade, SONY, referência em tecnologia de som, vídeo e por muitos anos, líder no

segmento de telefones celulares.

Uma característica interessante da estratégia Japonesa, refere-se ao fato de fazer uso

de mecanismos protencionistas, como restringir importações, subsídios públicos, atuar com o

câmbio desvalorizado, juros baixos e até controlar a atividade sindical. Essa estratégia foi

muito presente durante os anos de crescimento acelerado, mas a presença do Estado como

protagonista do desenvolvimento econômico pode gerar consequências trágicas na economia,

como podemos constatar na economia Brasileira, que padece de políticas

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33

desenvolvimentistas, que baseadas em uma decisão de poucos, acaba favorecendo um grupo

em específico, em detrimento de uma grande parcela de empresas.

A relação de incentivo à pesquisa e desenvolvimento não ocorreu de forma usual,

como ocorre em alguns países estudados até o momento, já que no Japão os grandes grupos,

fortemente apoiados pelo governo, não incentivavam universidades a desenvolver pesquisa,

pois seus esforços estavam sendo direcionados para os laboratórios instalados em suas

empresas, essa é uma característica que o governo acabou contribuindo e que prejudica o

fluxo de informações que permitem um alto grau de inovação. Todavia, vale ressaltar que o

Japão consegue até hoje se manter entre as nações mais inovadoras e com altos índices de

patentes por habitantes.

A cultura Japonesa não oferece muitos incentivos para que as pessoas e principalmente

os jovens empreendam, criem empresas e aceitem correr riscos inerentes a essa atividade,

dessa forma, os fundos de Venture Capital são pouco desenvolvidos. Outro fator que

contribui para essa realidade é a grande rede de produção de bens industriais que é operada

por poucos grupos, isso prejudica a inserção de um novo empreendimento, já que até as trocas

entre empresas não são bem vistas, pois o foco é que as pessoas entrem em uma empresa e

permaneçam por muito tempo. Para concluir, o fator cultural Japonês, entende que o fracasso

em um empreendimento é erro muito grande e malvisto pela sociedade, dessa forma, qualquer

iniciativa de empreender e arriscar em algo novo é rapidamente desmotivado.

Para incentivar o mercado, o governo definiu um plano de longo prazo de

investimentos quinquenais (5 em 5 anos), no qual investiu entre 1995 a 2000 cerca de US$

157,3 Bilhões, com foco em criar um ambiente mais flexível e competitivo, nesse período

foram incentivadas atividades de pós-doutoramento (mais de 10 mil pesquisadores foram

beneficiados). Outro ponto de atenção foi o aprimoramento do sistema de patentes japonês,

que foi reestruturado baseado no Bay-Dole-Act, dos Estados Unidos.

O segundo plano, que compreendeu os anos de 2001 a 2005, investiu em torno de US$

188 bilhões e teve como principal foco a promoção da pesquisa básica e reforma das

instituições governamentais. O modelo de apoio à pesquisa foi alterado com base no modelo

Americano, que oferece os recursos, mas os proponentes devem disputar em editais abertos.

No terceiro plano, de 2006 a 2010, os investimentos foram na ordem de US$ 223

bilhões e mantiveram o foco em pesquisa básica em áreas prioritárias do governo, como

Tecnologia da Informação e da Comunicação, Ciências Ambientais, Nanotecnologia e

materiais.

Page 34: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

34

No Simpósio sobre Ecossistema Global de Inovação - 2007, o primeiro ministro do

Japão, relata a estratégia de investimento do governo, para transformar a economia japonesa,

tornando-a mais integrada com as necessidades globais, mesmo ressaltando valores

expressivos de participação na indústria eletrônica, como mais de 50% dos componentes

eletrônicos fabricados no Japão.

Em resumo, o Japão cresceu praticando políticas industriais no estilo tradicional e

agora se esforça para seguir uma nova orientação baseada em inovação. O plano de Inovação

25, que compreende 25 anos de investimento, prevê um avanço considerável em vários

aspectos da economia Japonesa, visando principalmente contornar a queda no crescimento da

população, envelhecimento, investimento em educação e tecnologias para lidar com

problemas ambientais e de geração de energia, entretanto, aspectos culturais devem ser

melhor trabalhados, para que empreendimentos inovadores possam surgir.

Resumindo o ambiente do Japão, podemos elencar os seguintes itens:

Esforço iniciado após a Segunda Guerra Mundial (1945). Focado em Inovação

Incremental, Imitações e melhorias e Baixa Qualidade até década 80,

Contraste com Empresas Multinacionais com destaque para qualidade dos produtos,

como SONY e TOYOTA,

Mecanismos Protencionistas, Restrição Importações, Subsídios, Câmbio

Desvalorizado e Juros Baixos,

Pesquisa Básica Universitária versus Pesquisa Aplicada Empresas,

Fundos de Venture Capital são pouco desenvolvidos,

Governo Instituiu Plano de Longo Prazo (25 anos), sendo US$ 157 Bilhões (1995 a

2000), US$ 188 Bilhões (2001 a 2005), US$ 223 Bilhões (2006 a 2010) sendo +/- 4%

PIB.

2.4. CONTEXTUALIZAÇÃO E REALIDADE BRASILEIRA SOBRE O ASSUNTO

INOVAÇÃO

2.4.1. Aspectos econômicos e Incentivos Fiscais

A produção industrial brasileira tem caído constantemente, no acumulado de 12 meses

até Setembro de 2015, temos uma média de -5.3%, o que apresenta uma grande retração da

atividade industrial. Vale ressaltar que a indústria brasileira responde em média por 10% do

PIB, valor similar que pode ser observado em economias desenvolvidas e maduras, entretanto,

quando vemos o exemplo da Coréia do Sul, que possui uma indústria que responde por 30%

do PIB, e ainda se compararmos com o México, que possui algumas similaridades com o

Page 35: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

35

Brasil, a área indústrial mexicana responde por 17%, segundo dados do Ministério do

Desenvolvimento da Indústria e Comercio Exterior (MDIC). Por outro lado, o setor de

Serviços, que inclui Comércio, tem aumentado ano a ano sua participação, dados de 2013,

indicam a participação de 68% no PIB.

Gráfico 2 - Participação dos Serviços no PIB

Fonte: MDIC. Disponível em:

<http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=4485>. Acesso em: 31 out.

2015.

O governo federal vem desenvolvendo ações de incentivo à inovação e

empreendedorismo, mas isso nos remete a uma reflexão, pois sempre que o governo interfere

na economia, acaba gerando dependência e direcionando dinheiro para áreas que não estão

sendo atendidas pelas leis normais do mercado (Oferta e Demanda - Sistema de Preços). Se o

mercado não está atendendo a uma necessidade, significa em suma, que não há vantagem

monetária na atividade, pois a demanda deve ser fraca.

Todavia, como a economia brasileira está direcionada em grande parte para o mercado

interno, salvo o agronegócio que tem como foco a exportação, temos um sistema tributário

que desestimula a importação e em contrapartida, o governo desenvolve programas e leis que

incentivam a produção nacional, sob o argumento de aumento de empregos, fortalecer a

indústria, incrementar o PIB e aumentar as exportações, mas essa abordagem traz benefícios a

curto prazo. Por sua vez, uma economia aberta, permitiria a livre concorrência e o

atendimento balanceado das demandas, sem esse mecanismo natural de mercado, os subsídios

gerados pelo governo acabam gerando distorções na economia, privilegiando grupos em

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36

detrimento de outros, por fim, o mercado consumidor não consegue ter acesso a equipamentos

e tecnologias de última geração com preços acessíveis, ficando então com uma defasagem

tecnológica que, por fim, em alguns casos, impacta o próprio setor produtivo que não

consegue competir com o mercado externo. Tome-se por exemplo, o setor automobilístico,

que produz basicamente para o mercado interno, oferecendo veículos de baixa qualidade e

apelo tecnológico, que não conseguem competir em outros mercados.

Com altos Impostos para Importação (II), o que transforma a economia local como a

única opção para a indústria, podemos indicar que existe um reflexo dessa política, pois a

Industria Brasileira não consegue se expandir para outros mercados, que por estarem mais

abertos possuem acesso facilitado a novas tecnologias, quando no Brasil, as indústrias não

enfrentam a concorrência de empresas estrangeiras de maneira direta, ficando então na

ociosidade e impedindo um movimento de renovação tecnológica, necessária para competir

em mercados globais.

Em uma pesquisa realizada pela rede internacional de auditorias UHY (2014), no qual

foram avaliadas 18 países e suas taxas de importação de produtos, versus o tamanho de suas

economias; constatou que as economias emergentes cobram impostos de importação que

equivalem a uma média de 0,81% do seu PIB, em comparação com uma média global de

0,47%. Os países que fazem parte do Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) -

EUA, Canadá e México - arrecadam, em média, um montante equivalente a 0,2% do seu PIB

em receitas aduaneiras. Dessa forma, fica claro o entendimento que as economias emergentes

precisam abrir suas fronteiras para que concorrentes globais possam competir com empresas

locais, permitindo assim a livre concorrência e como resultado esperado, um aumento na

qualidade dos serviços oferecidos e nas tecnologias empregadas na produção, permitindo

também que os mais eficientes possam oferecer seus produtos em mercados externos.

Quando analisamos os subsídios e renúncias federais, podemos avaliar uma gama de

programas que são lançados e renovados com frequência, entretanto, vale analisarmos

algumas leis que visam melhorar a competitividade das indústrias na área tecnológica, veja

abaixo a tabela 2 que apresenta as renúncias fiscais do Governo Federal, em especial a análise

para a Lei da Informática e Lei do Bem.

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37

Tabela 1 - Renúncias fiscais do governo federal

Fonte: Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB).

Disponível em: <http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/9252.html> Acesso em: 31 out. 2015.

O governo federal anunciou no mês de Setembro de 2015, que os benefícios

oferecidos pela Lei do Bem estão suspensos para o exercício de 2016. De acordo com a

ANPROTEC, isso gerou um impacto direto em mais de 1.150 empresas, que utilizam o único

incentivo fiscal federal voltado a inovação de acesso auto declaratório, pouco burocrático,

multisetorial (ao contrário da Lei da Informática), de cobertura nacional e que possui um

controle eficiente de prestação de contas para o MCTI, MDIC e Receita Federal. Conforme a

ANPEI, os recursos da Lei do Bem estão vinculados em média a 50,8% dos projetos de P&D

das empresas que utilizam o benefício e suporta em média 52% dos pesquisadores das

empresas beneficiadas. Esse incentivo em especial foi um dos principais viabilizadores

econômicos para a implantação de 15 novos centros empresariais de P&D de grande porte nos

últimos 4 anos no Brasil e foi relevante para a produção de no mínimo 20.000 novos produtos

ou aperfeiçoamentos tecnológicos de processos para a sociedade e para a economia brasileira.

Page 38: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

38

A lei de informática é um incentivo antigo, presente a mais de 30 anos, e que vem

sofrendo alterações graduais nos últimos anos. Sua elaboração inicial surgiu na década de 80,

com a reserva de mercado, instituída pela lei nº 7.232 de 1984, que proibia a produção e

importação de microcomputadores produzidos por empresas estrangeiras no Brasil, o objetivo

principal do governo era permitir uma vantagem de mercado às empresas brasileiras no

cenário tecnológico, já que empresas estrangeiras, principalmente Norte Americanas, já

estavam bem desenvolvidas nessa área. Essa estratégia mostrou-se um grande erro, pois não

houve desenvolvimento e sim um atraso de pelo menos 5 anos em qualquer item de

informática comercializado no Brasil frente aos importados, soma-se a isso o aumento do

contrabando de equipamentos de informática. Esse bloqueio só foi revogado em 1991, pelo

então presidente Fernando Collor de Melo, que instituiu a Lei nº 8.248/91 em substituição à

anterior citada acima, que tinha como foco incentivar empresas no Brasil, incluindo

multinacionais, a investir uma porcentagem de seu faturamento em pesquisa e

desenvolvimento, tendo como contrapartida, que as empresas atendessem ao PPB (Processo

Produtivo Básico), o que em outras palavras, forçava as empresas a executar parte da

produção dos bens de informática no Brasil.

A existência da Lei da Informática não se mostra eficaz no estímulo à pesquisa e

desenvolvimento nas empresas, pois não conseguiu apresentar casos de sucesso em que a

empresa utilizadora do benefício lançou ou desenvolveu um produto\tecnologia e conseguiu

competir globalmente. Por outro lado, a lei do Bem apresenta resultados positivos, porém

modestos, com um impacto médio entre 7% a 11% de aumento no nível de investimento em

P&D interno às empresas, de acordo com o estudo elaborado em 2012 pelo Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID). Todavia, existe a percepção de risco em utilizar

esse benefício, que está ligada a interpretação do que a lei cobre e o que pode ser solicitado,

uma vez que a empresa pode ter uma interpretação que não siga o enquadramento legal,

mesmo a aprovação por parte do MCTI não garante que um fiscal da Receita Federal tenha

uma interpretação diferente que leve inclusive a aplicação de uma multa. Devido a essa

insegurança sobre o que pode ser entendido ou classificado como P&D, a utilização dos

benefícios não é utilizada em sua totalidade.

Para concluir, os pesquisadores da empresa UHY concluíram que políticas

protecionistas implementadas pelas economias emergentes para salvaguardar os interesses dos

seus produtores nacionais continuam a afetar negativamente os consumidores que pagam

preços artificialmente elevados sobre bens importados. "Isso também pode suprimir a

competitividade dos fabricantes nacionais isolando-os de mercados globais", comenta Diego

Page 39: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

39

Moreira, diretor executivo da UHY Moreira. "Economias emergentes interessadas em

competir no cenário global precisam refletir se as políticas protecionistas são realmente a

melhor maneira de desenvolver o seu potencial, pois acabam sufocando a inovação e

eficiência dos setores produtivos locais", completa.

2.4.2. Ambientes de Inovação

O Brasil é um país de grandes proporções, sua base cultural é extensa e o contraste

entre regiões, como Sul e Norte, são enormes. Quando se discute Inovação, fica claro que

ainda precisamos amadurecer as políticas criadas até o momento. Todavia, o Brasil tem

trabalhado para evoluir e não está na retaguarda dos países da América Latina.

Desde a década de 90, foram criados programas e políticas que visam o

desenvolvimento industrial e tecnológico, como foi feito em 2004, juntamente com a criação

do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), Agência Brasileira de

Desenvolvimento Industrial e com as Leis de Inovação e do Bem, esta última, sofreu um duro

golpe em Setembro de 2015, quando o governo federal suspendeu os efeitos da Lei do Bem

para o exercício 2016, gerando dúvidas sobre a continuidade do benefício e das políticas de

incentivo à inovação.

No Brasil ainda é comum a associação entre inovação e alta tecnologia, indicada por

muitas empresas, como foco de seus esforços e investimentos. Nos países estudados nesse

trabalho, fica clara a diferenciação dos assuntos e as estratégias empregadas.

Quando analisado o assunto de responsabilidades, coordenação das ações e agências

públicas, podemos verificar que existem sobreposições entre programas criados por

Ministérios, Institutos e Bancos Públicos, como o BNDES. Não existe um plano estratégico

conjunto e focado em algumas áreas de potencial no Brasil.

O Plano Brasil Maior é um programa do governo federal que estabelece a política

industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior para o período de 2011 a 2014.

Organiza-se em ações sistêmicas e setoriais. As sistêmicas são voltadas para a eliminação de

gargalos e o aumento da eficiência produtiva da economia como um todo. As ações setoriais,

definidas a partir de características, desafios e oportunidades dos principais setores

produtivos, estão organizadas em cinco blocos que ordenam a formulação e implementação de

programas e projetos, destacam-se:

• Desoneração dos investimentos e das exportações;

• Ampliação e simplificação do financiamento ao investimento e às exportações;

• Aumento de recursos para inovação;

Page 40: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

40

• Aperfeiçoamento do marco regulatório da inovação;

• Estímulos ao crescimento de micro e pequenos negócios;

• Fortalecimento da defesa comercial;

• Criação de regimes especiais para agregação de valor e de tecnologia nas cadeias

produtivas; e

• Regulamentação da lei de compras governamentais para estimular a produção e a

inovação no país.

Fica a impressão de curto prazo empregada pelo governo federal, apesar da intenção

em avançar, falta maturidade política para projetar, coordenar e executar os esforços de longo

prazo. Nos últimos anos, houveram esforços similares, como a Política Industrial,

Tecnológica e de Comércio Exterior - PITCE (2003-2007) e a Política de Desenvolvimento

Produtivo - PDP (2008-2010). O Plano Brasil Maior segue a mesma receita e tem o período

de 2011 a 2014, gerido principalmente pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior (MDIC), que possui dezenove Agendas Estratégicas Setoriais (AES), veja

abaixo a lista:

Automotivo;

Petróleo, Gás e Naval;

Bens de Capital;

TIC e Complexo Eletroeletrônico;

Complexo da Saúde;

Defesa, Aeronáutico e Espacial;

Celulose e Papel;

Energias Renováveis;

Indústria da Mineração;

Metalurgia;

Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos - HPPC;

Indústria Química;

Construção Civil;

Couro, Calçados, Têxtil e Confecções, Gemas e Jóias;

Móveis;

Agroindústria;

Comércio;

Serviços;

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Serviços Logísticos.

Ainda podemos adicionar o lançamento do Programa “Inova Empresa”, voltado ao

fomento da inovação e funding; esse programa inclui Inova Petro e Inova Energia (BNDES /

FINEP / Fundos Setoriais), que têm impacto direto em TIC: microeletrônica, fotovoltaicos,

software, automação industrial, equipamentos/ sistemas para smart-grid, etc. Estruturação dos

Fundos de Investimentos Criatec II e III para capital semente (BNDES). Houve ainda

estruturação do Fundo de Investimento de TIC (BNDES), aperfeiçoamento das linhas de

apoio à inovação do BNDES via PSI (Programa de Sustentação do Investimento).

Lançamento do edital de subvenção econômica da FINEP para TIC.

Veja abaixo a tabela com as Metas do Brasil Maior:

Tabela 2 - Metas do Programa Brasil Maior

Descrição da Meta Posição Base Meta (2014)

1. Ampliar o investimento fixo em % do PIB 18,4% (2010) 22,4%

2. Elevar dispêndio empresarial em P&D em % do PIB

(meta compartilhada com Estratégia Nacional de Ciência

e Tecnologia e Inovação – ENCTI)

0,59% (2010) 0,90%

3. Aumentar a qualificação de RH: % dos trabalhadores

da indústria com pelo menos nível médio 53,7% (2010) 65,0%

4. Ampliar valor agregado nacional: aumentar Valor da

Transformação Industrial/Valor Bruto da Produção

(VTI/VBP)

44,3% (2009) 45,3%

5. Elevar % da indústria intensiva em conhecimento:

VTI da indústria de alta e média-alta tecnologia/VTI

total da indústria

30,1% (2009) 31,5%

6. Fortalecer as MPMEs: aumentar em 50% o número de

MPMEs inovadoras 37,1 mil (2008) 58,0 mil

7. Produzir de forma mais limpa: diminuir o consumo de

energia por unidade de PIB industrial (consumo de

energia em tonelada equivalente de petróleo – tep por

unidade de PIB industrial)

150,7 tep/

R$ milhão (2010) 137,0 tep/R$ milhão

8. Diversificar as exportações brasileiras, ampliando

a participação do país no comércio internacional 1,36% (2010) 1,60%

9. Elevar participação nacional nos mercados de

tecnologias, bens e serviços para energias: aumentar

Valor da Transformação Industrial/Valor Bruto da

Produção (VTI/VBP) dos setores ligados à energia

64,0% (2009) 66,0%

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42

10. Ampliar acesso a bens e serviços para qualidade de

vida: ampliar o número de domicílios urbanos com

acesso à banda larga (meta PNBL)

13,8 milhões

de domicílios (2010)

40,0 milhões de

domicílios

Fonte: Disponível em: < http://www.brasilmaior.mdic.gov.br/conteudo/155 >. Acesso em:

2 nov. 2015.

Vale ressaltar também que o Brasil possui um emaranhado fiscal, que consome um

tempo valioso das empresas e acaba gerando uma insegurança muito grande se estão ou não

atuando dentro da Lei tributária. Os impostos tratam as empresas de forma diferenciada,

setores são priorizados em detrimentos de outros, sem uma justificativa clara, dessa forma,

podemos traçar um paralelo com a iniciativa de novos empreendedores aceitarem e se

motivarem a entrar nesse sistema cada vez mais complexo e intervencionista do governo.

Em todos os países estudados nesse trabalho, os projetos selecionados para funding

federal são avaliados e medidos por indicadores internacionais, que além de permitir uma

aplicação dos resultados dos projetos em escala global, evitam que grupos nacionais recebam

investimento sob forma de apoio político. Outro paradoxo que precisa ser mudado no

contexto brasileiro, é a relação Universidade e Empresa, ainda existe um vasto espaço para

desenvolvimento dessa área que é peça chave em uma economia baseada no conhecimento e

que deseja ser reconhecida como tal. Os pesquisadores das universidades ainda preferem atuar

em pesquisas básicas, sem foco voltado para problemas de demanda de mercados, que

resultariam em novos empreendimentos. Outro fator a ser ressaltado é o sistema de

financiamento à pesquisa por via competitiva, isso já é aplicado pela FAPESP e FINEP, e

apresenta uma evolução no cenário de investimento público. Para concluir, considera-se

importante o intercâmbio de pesquisadores e estudantes de outros países para

desenvolvimento de pesquisa no Brasil, isso enriquece os conhecimentos das universidades e

o intercâmbio abrem portas para estudantes brasileiros realizarem extensões em outros países,

que por sua vez, permite a experimentação prática de como as coisas funcionam em uma

cultura diferente, trazendo reflexões sobre a realidade do Brasil e insights sobre possibilidades

de novos empreendimentos inovadores.

Quando analisamos a quantidade de patentes depositadas no INPI (Instituto Nacional

de Propriedade Intelectual), podemos constatar um aumento considerável no depósito de

Patente de invenção. De acordo com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual

(WIPO) em 2013 o Brasil possuía em torno de 41.453 ativas, um número ainda muito baixo

quando comparados com os EUA que possuem em torno de 2.2 milhões, veja no gráfico 3

abaixo e evolução das patentes brasileiras:

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Gráfico 3 - Volume de Patentes no Brasil

Fonte: Disponível em: < http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/350944/Brasil_Pedidos_de_patentes_depo

sitados_no_Instituto_Nacional_da_Propriedade_Industrial_INPI_segundo_tipos_de_pate

ntes_2000_2013.html >. Acesso em: 2 nov. 2015.

O Governo Federal tem desenvolvido programas de apoio ao desenvolvimento

tecnológico da área de TIC, como podemos constatar no programa TI MAIOR, lançado pelo

MCTI em 2012, com um montante de investimento aproximado em 500 milhões de reais

(2012 até 2015). O TI MAIOR está estruturado em cinco pilares: desenvolvimento

econômico e social, posicionamento internacional, inovação e empreendedorismo, produção

científica, tecnológica e inovação, e competitividade.

Podemos visualizar no gráfico 4 abaixo, que o Brasil tem aumentado ano após ano o

investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, no ano de 2013, usando como referência a base

2000, chegamos a marca de 1,32% do PIB, que em valores reais, é algo em torno de R$ 63

bilhões de reais. Traçando um paralelo com a Finlândia, que colocou o investimento em

Pesquisa e Desenvolvimento como estratégia do governo, o valor em 2010 foi de 4% do PIB

finlandês.

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Gráfico 4 - Evolução do investimento em relação ao PIB

Fonte: Produto Interno Bruto: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas

Nacionais

Enfim, quando pensamos nos 6 elementos listados por CARLSON (2006), pode-se

refletir que talento empreendedor para o Brasil é algo que ainda precisa ser aprimorado e mais

incentivado. Temos hoje o SEBRAE como principal agente atuando nessa frente. Os demais

itens são realidade para algumas das grandes cidades brasileiras que possuem a iniciativa de

governos federal e estaduais no sentido de criar parques tecnológicos. Fazem isso com o

objetivo explícito de auxiliar na disseminação da cultura de inovação e implementação de

incubadoras e aceleradoras.

Entretanto, dentro os itens elencados por CARLSON, fica claro que o Brasil não

possui uma cultura disseminada para Venture Capital, de acordo com Pedro Melzer,

Managing Director na eBricks Ventures, empresa que atua na área de investimentos em

empresas inovadoras e com crescimento acelerado. Concorda que lançar produtos globais é

chave e isso faz com que os produtos concorram com outros mercados mais maduros, o que

permite o desenvolvimento de algo superior e de melhor qualidade. Melzer ressalta que a

participação do governo, seja por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social) e do FINEP em fundos de Venture Capital, muitas vezes engessa a

gestão das empresas, já que essas instituições públicas exigem a participação no comitê de

investimento, mas não possuem condições técnicas para isso, já que os modelos de negócio

não óbvios e inovadores exigem preparo específico.

Um estudo de 2013, conduzido pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento

Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB), em parceria com a Secretaria de

Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação –

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(SETEC/MCTI), identificou 94 iniciativas de parques tecnológicos no Brasil. Dentre esses,

em torno de 12 são realmente dedicadas à inovação. Para Sérgio Rezende, ex-Ministro da

Ciência, Tecnologia e Inovação (2005-2010), em um cluster, as empresas se juntam para

enfrentar e resolver problemas, por meio de pesquisa e desenvolvimento e de inovação. Ele

ressalta ainda que entre nossos parques tecnológicos, como são chamados, poucos são

clusters, a maioria é ocupada por empresas que usam tecnologia avançada, mas não inovam.

Isso talvez suscite a reflexão necessária de que o modelo de Parque Tecnológico é ainda

questionável como uma receita de sucesso para o florescimento e desenvolvimento da

inovação, a despeito do considerável investimento que vem tendo.

Como o levantamento se baseou em questionários respondidos pelos próprios gestores

dos parques, os dados obtidos pelo Ministério referem-se a 80 parques (já que não houve

sucesso no retorno de alguns desses questionários). Atualmente são 28 parques em operação,

28 em implantação e outros 24 em fase de projeto. O número de empresas instaladas chega a

939, e o de empregos gerados ultrapassa os 32 mil.

O estudo também apontou a importância do apoio financeiro governamental nas

diferentes fases de desenvolvimento deste empreendimento. Recursos federais, estaduais e

municipais são a principal fonte de financiamento de parques nas etapas de projeto e

implantação. Porém, uma vez viabilizados, eles passam a ter como fonte primária de recursos

os investimentos da iniciativa privada (cerca R$ 2,1 bilhões – 55%).

Podemos citar os principais pólos de desenvolvimento tecnológico no Brasil entre eles

o CERTI, localizado em Florianópolis (SC), CIATEC em Campinas (SP), TECNOPUC em

Porto Alegre (RS), San Pedro Valley em Belo Horizonte (MG) e o Porto Digital em Recife

(PE). Esse último, destacando-se pela sua cultura inovadora, influenciada pelo movimento

“Mangue Beat”, mostra-se tão forte que, em certos aspectos, chega a ser comparado ao Vale

do Silício.

O Porto Digital é o principal Parque Tecnológico em operação no Brasil, possuindo

em torno de 230 empresas com mais de 7 mil colaboradores, que juntas faturaram R$ 1 bilhão

em 2013. A meta para 2022 é ter em torno de 20 mil pessoas trabalhando no local.

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1. MÉTODO DE PESQUISA

A pesquisa realizada neste trabalho é do tipo qualitativo, pois parte de focos de

interesse amplos, que vão se definido à medida que o estudo se desenvolve. Caracteriza-se

pela obtenção de dados descritivos sob a ótica dos sujeitos, ou seja, dos participantes da

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46

situação em estudo, por meio do contato direto do pesquisador com a situação estudada

(GODOY, 1995).

O procedimento escolhido para esse trabalho foi à pesquisa aplicada. Nesta pesquisa,

assim que o problema que reproduz os questionamentos, as incertezas e as possibilidades de

um contexto empresarial que dispara a necessidade de uma tomada de decisão são adotadas

alternativas e propostas para a solução. Portanto, configura-se como estudo exploratório.

Para a obtenção de resultados satisfatórios utilizando o método exploratório,

recomenda-se o uso de ferramentas para a coleta das informações, assim, diminui-se os riscos

da obtenção de dados incompletos ou mesmo inconsistentes e possibilita melhor

entendimento do caso por parte do pesquisador.

Este trabalho teve a preocupação em coletar dados através de instrumentos variados,

fazendo uso de análise de documentos, observação direta, observação participante e

entrevista.

3.2. UNIVERSO DA PESQUISA

Com base nas características levantadas em ecônomias desenvolvidas, o cenário e

contexto brasileiro foi analisado, com o objetivo de identificar as políticas públicas

direcionadas para área de Inovação. Por fim, a região de Sorocaba, Estado de São Paulo, foi

avaliada, visando identificar as políticas implementas até o término do ano 2014, juntamente

com algumas entrevistas realizadas com agentes relacionados ao ecossistema de inovação em

Sorocaba.

4. AMBIENTE DE INOVAÇÃO EM SOROCABA

4.1 PARQUE TECNOLÓGICO DE SOROCABA

A criação do Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS), pode ser considerada como a

principal tentativa da Prefeitura Municipal de Sorocaba (durante a gestão do então prefeito

Vitor Lippi) para posicionar Sorocaba como um polo de Inovação, a ser reconhecido como

uma cidade que hospeda empresas de tecnologia de ponta e, com isso, oferece empregos de

alta qualidade e de remuneração diferenciada. Enfim, que gera desenvolvimento. Essa

iniciativa – diga-se de passagem, que até o presente momento é consumidora de algo em torno

de 25 milhões de reais – é louvável porquanto apresenta semelhanças importantes com países

que vêm obtendo sucesso no desenvolvimento da inovação, alguns dos quais foram descritos

nesse trabalho, por exemplo, na Finlândia, onde foram criados Centros Estratégicos para

Ciência, Tecnologia e Inovação e no Reino Unido, onde se tem as Plataformas de Inovação.

Page 47: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

47

Em Dezembro de 2013 o Parque Tecnológico de Sorocaba ganhou a primeira unidade

do Poupatempo da Inovação. O espaço está à disposição de empresas e empreendedores

interessados em agilizar o seu processo de inovação. No local são prestados serviços de

orientação para elaboração de projetos, propriedade intelectual, desenvolvimento de produtos,

apoio jurídico, captação de recursos e empreendedorismo. Essa iniciativa, que talvez seja

inédita no país, pretende alavancar o setor de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I),

influenciando na geração de empregos e no aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de

Sorocaba.

4.2 REGIÃO METROPOLITANA DE SOROCABA

A prefeitura de Sorocaba possui entre as 10 principais diretrizes do governo, o assunto

Inovação, visando desenvolver e diversificar a economia, estimulando a inovação.

Com a criação da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), que concentra uma

população aproximada de 1,8 milhão de habitantes, com PIB de R$ 46 Bilhões (2011) e conta

com um Conselho de Desenvolvimento, composto pelos prefeitos dos municípios de

Alambari, Alumínio, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Boituva, Capela do Alto, Cerquilho,

Cesário Lange, Ibiúna, Iperó, Itu, Jumirim, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz,

Salto, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tapiraí, Tatuí,

Tietê e Votorantim.

A região de Sorocaba possui entre suas principais atividades econômicas: indústrias de

máquinas, siderurgia e metalurgia pesada, indústria automobilística, autopeças, mecânicas,

indústrias têxteis, equipamentos agrícolas, químicas, petroquímicas farmacêuticas, papel e

celulose, produção de cimento, energia eólica, eletrônica, ferramentas, telecomunicações entre

outras, tornando-se assim uma cidade dinâmica e de boa situação econômica. É a 5ª cidade em

desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo e sua produção industrial chega a mais

de 120 países, atingindo um PIB de R$ 9,5 bilhões. As principais bases de sua economia são

os setores de indústria, comércio e serviços, com mais 22 mil empresas instaladas.

4.3 VISÃO DE AGENTES ENVOLVIDOS NO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO DE

SOROCABA

Conforme explicitado na Metodologia da Pesquisa, durante a análise do ecossistema

de inovação de Sorocaba, foram escolhidas, utilizando os critérios de julgamento por acesso e

relevância do conhecimento para a presente pesquisa, 4 pessoas que participam do

ecossistema de inovação existente em Sorocaba, com papeis relevantes. Dessa forma, foram

Page 48: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

48

realizadas entrevistas unitárias, visando capturar o entendimento da percepção individual de

cada agente, no que tange o assunto inovação.

Na visão de Rodrigo Mendes, atual Diretor de Ciência, Tecnologia & Inovação da

Agência de Desenvolvimento e Inovação de Sorocaba – denominada como INOVA

Sorocaba. A INOVA Sorocaba foi criada em 2007 e é uma associação civil sem fins

lucrativos, com personalidade jurídica de direito privado, com autonomia administrativa e

financeira. Em 2012 foi qualificada como Organização Social, já que desenvolve atividades

não exclusivas do Poder Público no estímulo às atividades de pesquisa científica e

desenvolvimento tecnológico.

A Agência tem por principal objetivo articular parcerias e projetos inovadores para

o Parque Tecnológico de Sorocaba. Faz parte da atuação da Inova Sorocaba a gestão

da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do Parque Científico e, assim, a criação

de novos editais, seleção e assessoria às novas empresas a serem incubadas. É também

responsável pela realização de eventos no escopo empreendedor – como workshops de

modelo de negócios e palestras – com o intuito de fomentar o empreendedorismo tecnológico

na região e entre os atores do Parque Tecnológico.

Para Mendes, existe uma falta de cultura inovadora na região, o que impede que as

ações de fomento, disponibilizadas pela esfera governamental, sejam utilizados a contento.

Ficou claro também a percepção de Mendes de que há uma falta de diálogo entre os agentes

envolvidos, por exemplo, universidades, alguns grupos de interesse em inovação que acabam

gerando atividades concorrentes ou mesmo não se falando para manter uma agenda única com

um objetivo em comum.

Entretanto, vale ressaltar que a INOVA Sorocaba, sediada no PTS, deve atuar como

articulador de parcerias entre os agentes de inovação existentes na região de Sorocaba. Para

tanto, Mendes afirmou que a Inova possui parcerias com SEBRAE, ANPROTEC, ANPEI e

algumas instituições fora do Brasil, como por exemplo a COVENTRY UNIVERSITY, que

possui um parque tecnológico na Inglaterra.

Para Odail Silveira responsável pelo IPEAS - Instituto de Pesquisas e Estudos

Avançados Sorocabano, que é uma instituição sem fins lucrativos e filantrópica, vinculado à

FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba, o ambiente de Inovação em Sorocaba

ainda está em formação. Segundo ele, a FACENS tem desempenhado um papel muito

importante na formação de mão de obra capacitada para atuar nas diversas áreas da

engenharia, o que permite o desenvolvimento de empresas locais, que absorvem mão de obra

qualificada.

Page 49: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

49

A FACENS, em conjunto com o IPEAS, desenvolveu algumas ações que podem

contribuir com o ecossistema de inovação, por exemplo, criaram o projeto Smart Campus, que

permitiu o intercâmbio de conhecimento com o MIT (Massachusetts Institute of Technology).

O objetivo do Smart Campus é apoiar a formação de profissionais de engenharia para que

possam identificar oportunidades de mudanças dentro do conceito de cidades inteligentes,

com isso, os alunos podem prototipar projetos dentro do campus da FACENS. A instituição

criou o Fab LAB para impulsionar as atividades de alunos, professores e da comunidade, que

sentem a necessidade de inovar ou mesmo de prototipar uma idéia. Nessa área, dentro da

faculdade, há máquinas de corte a laser, fresamento de grandes e pequenos objetos, impressão

3D, corte de vinil adesivo, ferramentaria, acesso à internet e co-working.

Na opinião de Silveira, a prefeitura de Sorocaba poderia utilizar seu poder de compra

para incentivar as empresas inovadoras, ou mesmo startups encubadas no PTS, a resolver

problemas da administração pública. Esse arranjo permitiria o fluxo de dinheiro público para

tais empresas, gerando assim incentivos econômicos à inovação e novos negócios. Em

contrapartida, a prefeitura teria um grande diferencial em sua atuação, pois estaria oferecendo

serviços para a população de melhor qualidade e com menor custo. Isso poderia ser aplicado

tanto na área de tecnologia como na área de gestão pública, controladoria, gestão ambiental,

etc.

Silveira acredita que a educação é um elemento chave para a transformação de uma

economia regional e mudança da cultura, que atualmente é pouco inovadora e empreendedora.

Sem investimento e novos currículos escolares, continuaremos com o mesmo perfil de

estudante e cidadão que não se interessa por empreender ou buscar instituições de incentivo à

inovação para buscar soluções para seus problemas cotidianos.

Quando questionado sobre a comunicação e interação entre os agentes do ecossistema

de inovação de Sorocaba, Silveira indicou que na percepção dele, existem lacunas a serem

preenchidas, pois Sorocaba possui grandes Universidades, Indústrias de ponta, Centros de

Pesquisa, Mão de obra capacitada, Parque Tecnológico, Legislação da prefeitura para

incentivar a inovação, mas ainda carece de Empreendedores e Venture Capital para que as

“condições de temperatura e pressão” do ambiente estejam completas. Outro ponto importante

a ser considerado é a falta de uma entidade que faça a ligação entre os agentes, o PTS possui

essa atribuição, mas não é percebido pelos outros agentes com essa característica, já que

muitas pessoas em Sorocaba desconhecem a sua existência e atuação.

Para o Prof. Adjunto da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – Sorocaba,

Alexandre Álvaro, que desenvolveu sua experiência acadêmica em Recife, onde teve contato

Page 50: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

50

direto com o CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife) e o Porto Digital,

os quais são considerados grandes vetores de inovação no Brasil. A característica

empreendedora, visionária e diferenciada dos stakeholders envolvidos em Pernambuco foi

importantíssimo para que o CESAR pudesse ser criado e na sequência, o PORTO DIGITAL.

Álvaro indicou que o CESAR, está ligado até hoje ao Centro de Informática (CIN) da

Universidade Federal do Recife (UFPE) e com a criação do Porto Digital a mão de obra

qualificada ficou escassa em Recife. Com isso, se fez necessário articular com diversas

faculdades / universidades da região de Recife visando o fortalecimento das instituições e

aprimorar a formação dos alunos de graduação, mestrado e doutorado na área de computação

para atender a demanda latente do mercado de TI na área do Porto Digital. Isso por si só, é um

feito interessante, pois Universidades Privadas foram reunidas para atingir um objetivo em

comum, isso demonstra uma coordenação conjunta em função de um objetivo comum a ser

alcançado para a região, fator muito importante para ecossistemas de inovação, que exigem

colaboração entre as entidades envolvidas. Além disso, o Porto Digital foi articulado entre

stakeholders da iniciativa privada, público e governo. Um ponto importante é que a liderança

do Porto Digital é feita por empreendedores e empresários bem sucedidos e o governo atua

como suporte ao ecossistema.

Para Álvaro, a situação do ecossistema de inovação em Sorocaba ainda é pouco

madura, pois ainda carece de uma atuação mais sincronizada e com um plano de longo prazo.

A criação do Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS) foi uma ação de impacto, mas a

utilização do PTS como centro de catalisação das necessidades do ambiente de inovação, se

mostrou pouco efetiva. Atualmente, as principais universidades possuem salas no PTS, mas

não possuem uma interação para trabalharem em conjunto em seus projetos. Nesse ponto é

importante ressaltar que o PTS não possui uma estratégia de segmentação, pois atua em várias

frentes, sem ser especialista em uma. Com isso, dificulta o planejamento estratégico e as

ações direcionadas para buscar investidores de Venture Capital e empresas ancoras que

auxiliam no desenvolvimento do ecossistema. O Porto Digital por sua vez colocou como foco

a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), com esse posicionamento claro, conseguiu

direcionar investimentos de empresas interessadas em investir e estar presente na região que

possui mão de obra qualificada, tais como IBM, Oi, Qualcomm, Stefanini IT, TIVIT entre

outras. O PTS por sua vez, não definiu claramente sua estratégia, pois possui laboratórios de

universidades voltadas para Biologia, Fármacos, Mecânica, Novos Materiais, Automação,

Tecnologia da Informação e etc.

Page 51: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

51

Algumas iniciativas de incentivo ao empreendedorismo foram lançadas por Álvaro,

como Clube Startup e Startup Weekend em Sorocaba, que agora está sendo liderada pelo time

do INOVA Sorocaba. No geral, Álvaro se mostrou muito ciente da realidade do ecossistema

de inovação existente em Sorocaba, visualizando vários elementos necessários para o

ecossistema de inovação, com exceção de Venture Capital e Cultura Empreendedora. Para

Álvaro, Sorocaba precisa de uma mudança radical nos líderes políticos atuais, para que as

políticas de incentivo à inovação façam parte da estratégia central do governo, permitindo

inclusive a continuidade das políticas após o término do mandato dos legisladores. Ele

acredita que a cultura empreendedora é muito importante para que haja um movimento de

criação de negócios inovadores e então movimente as ações do ecossistema.

Por fim, Alvaro acredita que um ecossistema deve ser liderado por empreendedores

com visão a curto, médio e longo prazo traçando estratégias e executando-as. Atualmente o

PTS é em sua totalidade orquestrada pelo poder público e/ou stakeholders com interesses

políticos, o que interfere radicalmente na efetividade de suas ações. Para Alvaro, se o PTS não

mudar suas lideranças políticas e estratégicas, o ecossistema levará muito tempo (até mais do

que o desejado) para ser realidade para Sorocaba, região e quiçá para o mundo.

Concluindo as entrevistas sobre ecossistemas de inovação, Christimara Garcia, CEO

da Inventta+BGI, fundou a primeira empresa brasileira especializada em incentivos fiscais à

inovação tecnológica, com sede em Belo Horizonte, cuja história se confunde com a dos

mecanismos de incentivos. Na percepção dela, os ciclos políticos influenciam as atividades de

pesquisa e desenvolvimento, visto que a cada novo mandato, as políticas sofrem alterações

que impactam de maneira crítica as atividades desenvolvidas pelas entidades envolvidas no

ecossistema. Na região de Belo Horizonte, a incubadora de startups Seed, perdeu todo apoio

do atual governo, o que fez com que um ciclo de desenvolvimento fosse interrompido. Na

visão dela, existe uma falta de cultura inovadora, o Brasileiro possui uma certa aversão ao

risco, o que desmotiva ações de empreender com dinheiro próprio, acaba buscando fontes

públicas para diminuir ou compartilhar o risco.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1. REFLEXÕES SOBRE O ESTUDO

No contexto dos países analisados, é nítida a percepção que Inovação não é só

Tecnologia. Tome-se por exemplo o Reino Unido, que procura desenvolver métricas para

mensurar as inovações na área de serviços. Há também o caso do Japão, que procura

Page 52: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

52

desenvolver produtos ou processos para uma população que está cada vez mais dependente do

sistema previdenciário.

A idéia de que os investimentos, privados ou públicos, geram inovação de uma

maneira natural, pode ser questionado quando se analisa casos em que a Inovação puxa os

investimentos, como os exemplos dados no ambiente do Vale do Silício, que produz um

grande número de inovações e atrai cada vez mais fundos de Venture Capital, entretanto, seu

foco atual está em serviços oferecidos na internet, ao invés de desenvolvimento de tecnologia

para aumentar a competividade da indústria norte americana, o que por sua vez, reteria os

empregos locais de qualificação média.

O conceito de que a inovação é um fator preponderante na criação de novos

conhecimentos é muito forte em todos os países pesquisados nesse trabalho. O

posicionamento estratégico para colocar a inovação na pauta principal das ações de governo

não deixa dúvidas de que tais países consideram o assunto como de extrema importância, vide

o exemplo do Japão que definiu um plano de 25 anos para investir altas somas de dinheiro

público em programas de P&D. Sob o contraste dos investimentos dos países estudados, que

investem altas somas de dinheiro, deve-se evitar o paradoxo Sueco, que também investe alto

em P&D, mas não consegue colher os resultados com novos produtos ou tecnologias

inovadoras. Isso pode ser o resultado de uma economia fortemente baseada em Serviços

Financeiros, onde a percepção de inovação é muito difícil de ser mensurada e até mesmo

patenteada, cenário no qual o Reino Unido encontra-se, em alguns aspectos, pois ainda possui

uma base industrial.

Nos estudos realizados, nota-se a presença do Estado como principal agente

responsável por regular, financiar e estimular a inovação de maior risco. Vejamos o exemplo

dos EUA que direciona verbas para pesquisa e incentivam com projetos inovadores, por

outras agências de pesquisa, como por exemplo a NASA - Agência Nacional de Estudos

Espaciais. Em outras palavras, o governo acaba assumindo o risco dos projetos, mas transfere

a execução para outra organização encarregada de realizar os estudos. Por outro lado, na

ocasião de sucesso, permite-se que a patente seja de propriedade do criador, mesmo tendo

sido financiada com dinheiro público em sua grande parte, isso é possível após o Bayh-Dole-

Act.

Podemos destacar também a estratégia do governo Canadense, em desenvolver

políticas que viabilizam a montagem e preparação de laboratório com equipamentos de última

geração, visando a execução de pesquisas e a permanência de pesquisadores no país. Existem

políticas específicas para reter os melhores talentos e mesmo trazer novos pesquisadores de

Page 53: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

53

outros países. Por outro lado, o país enfrenta ainda desafios em desenvolver inovações e

conseguir um ambiente favorável à execução de projetos financiados por fundos de Venture

Capital, apenas o governo disponibilizou 400 milhões de dólares em 2014 através do Venture

Capital Action Plan. Pesa o fato de que ainda sofrem pela proximidade com os EUA, pois

acabam perdendo seus talentos mais jovens, já que o ambiente nos EUA é mais propicio para

financiamento de Startups com fundos de Venture Capital.

A área de Educação possui um peso muito forte em todos os países analisados.

Investimento em uma educação de qualidade, desde a base até a universidade, tem

apresentado resultados positivos. Alguns países como Coréia do Sul, que emergiu na década

de 90 para uma nova realidade, muito mais desenvolvida e moderna, após investir fortemente

em educação, hoje possui uma classificação muita alta, dentro das 5 melhores do mundo em

Matemática, Leitura e Ciências. Uma característica interessante é a dominância de países

asiáticos no ranking do PISA (Programme for International Student Assessment).

Ainda na área de Educação, o programa Coreano baseia-se na preparação dos

estudantes para passar em testes seletivos para Universidades. Existe uma grande pressão dos

pais para que os filhos sejam aprovados nas melhores universidades. Um detalhe interessante

é a forma como os Coreanos tem atuado nessa área, eles focaram na educação criativa e

digital, atualmente as crianças utilizam livros digitais em computadores, o que na visão deles,

permite que o conteúdo seja atrativo e constantemente atualizado. Em complemento a essa

iniciativa, foi criado um sistema intitulado de Cyber Home Learning algo como Aprendizado

Cibernético em Casa, que estende a escola até a casa do aluno, permitindo assim a

continuação dos estudos e ao mesmo tempo reduz a necessidade dos pais em executar em

conjunto as tarefas da escola com os filhos. Isso demonstra que mesmo na área de educação,

há espaço para inovar e trabalhar a base mais importante para um país que deseja se

desenvolver e inovar, baseado em uma sociedade do conhecimento.

No estudo dos países citados nesse trabalho, podemos constatar o esforço para que as

pequenas e médias empresas participem do ecossistema. Isso é importante pois sua

participação aumenta exponencialmente a geração de empregos e oxigena a economia, já que

novas empresas é um sinal que os empreendedores estão arriscando mais e iniciando negócios

que vão movimentar a economia de suas cidades.

Outro fator muito presente em todos os países, é a celebração de um pacto ou

programa de longo prazo, para alcançar os resultados, podemos ver isso no Japão, Canadá e

na Irlanda, que estabeleceu um pacto social em 1987, o que é considerado peça chave para o

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54

desenvolvimento econômico vivenciando nos últimos 20 anos. Em resumo, todos os países

estudados consideram a Inovação como motor para o crescimento econômico.

Importante reforçar a posição do Estado como principal agente fomentador e

viabilizador de políticas públicas que permitam o desenvolvimento do ambiente inovador em

uma economia. Isso se dá em um contexto de planejamento de longo prazo, focando nas

aspirações locais e baseada nos recursos existentes no país, como por exemplo no Brasil, o

setor da Agroindústria.

Deve-se observar que a criação de um programa de longo prazo, exige um

investimento constante e um monitoramento rigoroso, com métricas e observadores

internacionais para garantir isonomia em análises setoriais e discussões sobre melhores

práticas de gestão.

Em resumo, destacam-se os seguintes pontos:

a) Forte presença do Estado, na definição de políticas públicas para programas de

incentivo à inovação tecnológica;

b) Planos de Longo Prazo com apoio da sociedade;

c) Educação básica, fundamental e ensino médio devem ser trabalhados com especial

atenção, permitindo que tenham contato com inovações e possam criar soluções para

problemas locais da comunidade;

d) Existência de fundos de Venture Capital para investir em projetos de alto risco em

parceria com o poder público;

e) Financiamento público através de sistema licitatório, permitindo isonomia nas

decisões e com viés para soluções globais ao invés de soluções regionais;

f) Legislação apropriada para incentivar os novos empreendimentos;

g) Segurança Jurídica para desenvolver e comercializar produtos inovadores, evitando

quebras de patentes e direito de uso\exploração de tecnologia;

h) Utilização do poder de compra do Estado para incentivar inovações disruptivas;

i) Cultura local para criar novas empresas.

5.2. SUGESTÕES PARA APRIMORAR O POTENCIAL ECOSSISTEMA DE

SOROCABA

Observando a região de Sorocaba, podemos concluir que a cultura local não apresenta

características empreendedoras e inovadoras, mesmo com a criação do PTS, atuação de

movimentos como Startup Weekend, Fab Lab da Facens entre outras iniciativas, ainda

apresentam baixa aderência na economia local do município. Como estratégia para melhorar

esse ambiente atual, sugere-se:

Page 55: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

55

a) Uma atuação muito forte do meio político, para fomentar iniciativas nas áreas de

Educação, com foco em empreendedorismo, ciências, tecnologia, biologia, negócios,

internet, artes, música e quantos outros forem possíveis, para que as crianças possam

experimentar diversas realidades e assim dar base para uma nova geração que vai estar

muito mais preparada para enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais conectado.

b) Deve-se também atentar para o incentivo à cultura de integração entre os agentes

envolvidos no ecossistema, criando uma base de confiança mútua e permitindo assim que

novos negócios possam ser discutidos e analisados por grupos locais, regionais e quando

possível, com apresentações a estrangeiros, visando sempre a possibilidade de atender a

mercados globais. Essa estratégia, além de gerar novos negócios, acabaria por incentivar

empresas médias locais a atuar na produção e confecção desses produtos, mantendo assim

o ecossistema ativo e integrado.

c) Somando-se ás ações indicadas acima, acreditamos que planos de longo prazo

apresentam resultados mais consistentes, pois investidores avaliam os programas públicos

e conseguem realizar investimentos graduais quando entendem que há segurança jurídica

e possibilidade de ganhos reais, mesmo quando o investimento é classificado como de alto

risco, como no caso de Startups.

d) Por fim, fica claro que o posicionamento e engajamento das esferas governamentais é

importante para que as políticas sejam criadas e implementadas, mas não podemos

esquecer que a educação é um pilar crítico nesse ecossistema, as crianças devem ser

incentivadas a experimentar novos conhecimentos, para que sejam cidadãos críticos e

conscientes da realidade em que estão inseridas e que por sua vez possam atuar para uma

mudança real da situação em que vivem. A tecnologia por si só não fará essa revolução,

temos que focar na renovação dos conceitos e dos métodos educacionais, assim como a

Coréia do Sul e Singapura tiveram a coragem de executar e estão colhendo resultados

visíveis em melhora da economia e estado de bem estar social.

As mudanças nestes projetos podem ser obtidas através de processos que possibilitem

um grupo de pessoas a reconhecer as causas sistêmicas dos problemas atuais e como gerar

inovações para resolvê-los. Nesse processo, para o líder auxiliar seus liderados, deve ser

capaz de perceber que não tem toda a informação necessária e, portanto, deve dar ênfase no

ouvir.

No ecossistema de Sorocaba, os líderes empresariais e gestores públicos precisam

deixar o julgamento critico de lado e abrir caminho para as novas idéias de gestão, permitindo

que os fluxos de iniciativas sejam mantidos e apoiar com clareza os programas de mudança na

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56

base educacional do município, pois esse é o ponto em que a gestão municipal pode atuar. No

contexto atual, os jovens estão expostos a um mundo digital, totalmente conectado e

dinâmico, dessa forma, a metodologia aplicada hoje nas escolas precisa ser revista e alterada,

veja o exemplo da Coreia do Sul que utiliza livros eletrônicos e muitas ferramentas digitais

para que os jovens tenham sua atenção direcionada para o conteúdo e realmente possam

aprender de uma maneira inovadora. Isso por si só, já faria uma grande diferença no contexto

atual e poderia gerar uma onda de novas mentes, voltadas para empreender novas idéias e usar

assim a estrutura atual do ecossistema de inovação de Sorocaba.

Para desenvolver o ecossistema de inovação de Sorocaba, seria de grande valia a

formação de um grupo de ação focado em resolver as principais causas de inatividade de

algumas instituições, gerando assim um compromisso mútuo em atingir os objetivos de elevar

o ecossistema de inovação de Sorocaba a níveis de reconhecimento regional, estadual,

nacional e depois global. Não existe desafio impossível para um grupo de pessoas que

realmente queiram fazer a diferença em uma jornada como essa, a qual iria trazer benefícios

mútuos e de grande impacto na sociedade e vida de muitas pessoas.

Para concluir, acredito que em Sorocaba faltam líderes que possam puxar essas

atividades e ações, permitindo assim que o ecossistema seja movimentado.

Trazendo ao contexto de Sorocaba, podemos aplicar o pensamento sistêmico para

analisar o ecossistema atual e traçar metas para desenvolve-lo ao ponto em que torne-se

autossuficiente. Em resumo, precisamos do envolvimento de todos os agentes do ecossistema,

tanto na esfera municipal, empresarial, educacional e demais entidades que desejam fazer

parte desse ecossistema, vale elencar os seguintes pontos críticos:

Visão de futuro clara e definida com a estratégia de execução e monitoramento

constante;

Assegurar que a visão dos objetivos futuros é a mesma da comunidade que por

fim será a grande beneficiada;

Planejamento de longo prazo e definições de orçamento para todas as

principais atividades;

Revolução do sistema educacional municipal e posteriormente estadual,

permitindo o contato com novas técnicas pedagógicas, que permitiam aos

estudantes o contato com novas tecnologias e mudem a forma de pensar.

Page 57: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

57

Veja abaixo a matriz que apresenta os atores relevantes no cenário da Inovação

Tecnológica existentes em Sorocaba, juntamente na sequência uma tabela que apresenta além

dos Atores, suas funções, desafios, entradas e saídas para que o ecossistema de Sorocaba

funcione a contento:

Gráfico 5 - Ecossistema de Inovação em Sorocaba

Fonte: Autor, 2015

Tabela 3- Matriz Ecossistema Sorocaba - Sugerido

Atores Função Desafios Entrada Saída

Empreendedor -Usuário do

Ecossistema

-Superar Burocracia

-Sistema Tributário

-Falta de Iniciativa

-Sistema de Patentes

-Novas Idéias

-Dedicação Total

-Produtos e Serviços

Inovadores

-Geração de Renda

INOVA Sorocaba

-Orientar interessados

em iniciar um

empreendimento

-Gestão Incubadora

-Obter fundos para

executar atividades

-Superar política de

curto prazo

-Conhecimento do

ecossistema

-Fonte de fomento

-Rede contatos

-Plano de

Trabalho\Negócio

-Apoio institucional

EMPTS

-Gestão Espaço

Público direcionado

para Inovação

-Obter fundos para

executar atividades e

expansões físicas

-Conflito de atividades

com INOVA Sorocaba

-Espaço Físico

-Licitações

-Aluguel dos Eventos

-Manutenção do

Espaço físico

-Adequações

estruturais para receber

novos laboratórios e

empresas

Empresas

-Fonte de restrições

físicas e tecnológicas,

demandas de novos

-Sistema Tributário de

Incentivo Complexo

-Insegurança Jurídica

-Ambiente para

desenvolver soluções

-Conhecimento prático

-Validação dos

resultados esperados

com os novos projetos

Page 58: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

58

projetos -Falta de recursos -Comercialização

Prefeitura – Poder

Público

Estado

-Definir políticas de

fomento e apoio a

inovação

-Programa de Longo

Prazo

-Ciclos políticos curtos

-Superar visão regional

-Definir fontes de

recursos

-Elabora Leis e

Regulamentações

-Criação de Fundos de

Incentivo

-Planejamento de

Longo Prazo

-Execução do

Programa de Incentivo

a Inovação (Longo

Prazo)

Universidades

-Apoio a pesquisa

básica e aplicada

-Formar mão de obra

especializada

-Disponibilizar

Laboratórios e

Pesquisadores

-Superar ambiente de

baixa colaboração entre

os atores

-Superar visão regional

-Competir globalmente

-Oferece Laboratórios,

Pesquisadores e

Conhecimento

-Mão de obra

especializada

-Bolsas de Estudo

-Participação em

novos projetos

-Investimentos em

novos equipamentos

para laboratórios

-Reconhecimento

Venture Capital

-Dinheiro para

empreendimentos de

alto risco

-Conhecimento do

ambiente de negócios

-Obter dinheiro a baixo

custo

-Converter investimento

em resultado positivo

-Dinheiro

-Conhecimento

-Sociedade

-Rentabilidade na

venda da empresa ou

parte dela (cotas)

SEBRAE -Apoio a possíveis

empreendedores

-Superar falta de

conhecimento prático

-Obter fontes de

recursos para

investimento

-Conhecimento teórico

do negócio

-Consultoria

-Reconhecimento

PIPE Fapesp

-Fundo de Incentivo

para pesquisa

científica e tecnológica

-Selecionar projetos

inovadores e que tragam

resultados econômicos

-Obter recursos para

financiamento dos

projetos

-Dinheiro subsidiado

-Rede pesquisadores

-Desenvolvimento

Sócio Econômico

-Reconhecimento

-Novas empresas e

Produtos

ICTs

FIT

CESAR

-Auxiliar na execução

das pesquisas

-Possuir laboratórios

de última geração e

mão de obra

qualificada para

execução de projetos

-Entraves burocráticos

-Visão integradora

-Cultura de Colaboração

-Recursos para equipar

os laboratórios

-Contratar e Reter

Pesquisadores

-Mão de obra

Especializada

-Infraestrutura de

ponta para execução de

pesquisas

-Consultoria

-Treinamento

-Geração de Artigos

Científicos

-Novas Patentes

(coautoria)

-Renovação de

equipamentos nos

laboratórios

-Reconhecimento

Fonte: Autor, 2015

Para que todos os atores possam interagir corretamente, sugere-se como resultado

dessa pesquisa, a existência de uma entidade ou mesmo de algumas pessoas que possuam

reconhecimento regional, tanto na área de negócios, como política, para que assim possam

realizar as conexões corretas entre os atores. Essa pessoa ou entidade deve desempenhar as

seguintes ações:

a) Destravar negociações entre parceiros;

b) Abrir portas em empresas que possam colaborar com as Startups, ICTs,

Universidades e empresas;

c) Vislumbrar oportunidade de negócios entre empresas incubadas com empresas já

estabelecidas;

d) Fluxo livre no meio político;

e) Trazer investidores estrangeiros para as Startups locais;

f) Fiscalizar o plano de longo prazo voltado para o incentivo a Inovação Tecnológica;

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Para concluir, é importante ter em mente que um ecossistema de inovação não precisa

de produtos mundialmente reconhecidos em plataformas da internet, como Uber, Facebook,

Google, temos sim que focar na sustentabilidade da produção e no crescimento do emprego

para assegurar uma expansão econômica, e isso passa pela área industrial e complementa-se

pela área de serviços. As mudanças precisam ser iniciadas para que as pesquisas universitárias

ou realizadas em institutos de pesquisa privados, possam ultrapassar as barreiras acadêmicas e

seguir para o mercado, permitindo assim que inovações sejam comercializadas e que a

economia local seja realmente beneficiada.

Com base nos dados e informações desse trabalho, recomenda-se a continuidade do

estudo focado nas atividades em execução na região de Sorocaba, visando a execução de

politicas que possam trazer mais desenvolvimento econômico e social.

Page 60: TCC-Fernando Sampaio-MBA Geitec-rev-2

60

6. REFERÊNCIAS

LIVRO

ROBINSON, Ken. O elemento chave: Descubra onde a paixão se encontra com seu

talento e maximize seu potencial / Ken Robinson; [colaboração de Lou Aronica; tradução

Evelyn Kay Massaro]. – Rio de Janeiro: Ediouro, 2010. 263 p.

KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI / - Leandro

Karnal...[et al.]. 3.ed., 1ª reimpressão. – São Paulo: Contexto, 2013. 282 p.

GIAMBIAGI, Fabio & VILLELA, André. Economia brasileira contemporânea / Fábio

Giambiagi...[et al.]. 7ª reimpressão. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 425 p.

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo. Editora Martin

Claret: 2002, 223 p

HWANG, Victor W. e HOROWITT, Greg. Max. The Rainforest: The Secret to Building

the Next Silicon Valley. Los Altos Hills, California, USA: Regenwald, 2012. 304 p.

Carlson, Curtis; Wilmot, William. Innovation: The Five Disciplines for Creating What

Customers Want. 2006, 368p

DISSERTAÇÕES/TESES

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inovação através de workshops utilizando o design thinking e o design estratégico. 2012.

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UNISINOS, Porto Alegre, 2012.

TRABALHO APRESENTADO EM EVENTO

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São Paulo. Título: “A Universidade de Stanford e seu papel no ecossistema de inovação

do Vale do Silício”.

ARTIGO DE PERIÓDICO

PORTER, M. E. "The Competitive Advantage of Nations." Harvard Business Review 68,

no. 2 (March–April 1990): 73–93.

Estudo de Projetos de Alta Complexidade: indicadores de parques tecnológicos / Centro

de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

– Brasilia: CDT/UnB, 2013.

INOVAÇÃO: Estratégia de sete países / organizadores Glauco Arbix...[et al]. Brasília-DF:

ABDI, 2010. 342p.: il – (Cadernos da indústria ABDI, XV)

HAFFNER, Jacqueline Angélica e OLIVEIRA, Ariane Bayer de. Inovação Tecnológica e

Desenvolvimento: o Caso da Finlândia. Análise Econômica. V. 32, n. 62. 2014

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Brasil. (2005) LEI Nº 11.196, de 21/11/ 2005. Acesso dezembro 2011. Disponível em

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm

TEXTO OBTIDO VIA WEB

IPESI. No Brasil, além do imposto de importação incidem outros cinco tributos sobre os

importados. Disponível em: http://www.ipesi.com.br/Noticias/3400-no-brasil-alem-do-

imposto-de-importacao-incidem-outros-cinco-tributos-sobre-os-importados Acesso em:

31 out 2015

UHY. Consumers in emerging economies still getting a raw deal as burden of import

duties puts up prices. Disponível em: http://www.uhy.com/consumers-in-emerging-

economies-still-getting-a-raw-deal-as-burden-of-import-duties-puts-up-prices/ Acesso em:

20 Jan 2015

MENEZES, Naercio Filho. Impactos da Lei de Informática. Disponível em:

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Acesso em: 2 nov 2015

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Desenvolvimento e Inovação no Brasil: Uma avaliação das políticas recentes. Disponível

em:< http://www.innovationpolicyplatform.org/system/files/Incentivos%20Fiscais.pdf>

Acesso em: 31 out. 2015