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Energia e Ambiente
A Macedo Vitorino & Associados foi constituída em 1996, concentrando a sua
actividade na assessoria a clientes nacionais e estrangeiros em sectores
específicos de actividade, de que destacamos o sector financeiro,
telecomunicações, energia e infra-estruturas. Desde a sua constituição, a
Macedo Vitorino & Associados estabeleceu relações estreitas de
correspondência e de parceria com algumas das mais prestigiadas sociedades
de advogados internacionais da Europa e dos Estados Unidos, o que nos permite
prestar aconselhamento em operações internacionais de forma eficaz.
No âmbito do nosso Grupo de Energia e Ambiente a Macedo Vitorino &
Associados aconselha clientes nas seguintes matérias:
Processos de licenciamento administrativo;
Regulação específica do sector da energia;
Direito do ambiente;
Projectos de energias renováveis, nomeadamente energia eólica, solar e
biomassa e co-geração; e
Petróleo e gás natural (produção e exploração, distribuição e
comercialização).
Prestamos ainda serviços jurídicos relacionados com:
Certificados verdes; e
Contratos de operação e manutenção.
A Macedo Vitorino & Associados é citada em onze das dezoito áreas de trabalho
analisadas pelo directório internacional, The European Legal 500,
nomeadamente em “Banking and Finance”, “Capital Markets”, “Project Finance”,
“Corporate”, “Tax”, “Telecoms” e “Litigation”. A nossa actuação é ainda
destacada pela IFLR 1000 em “Project Finance”, Corporate Finance” e “Mergers
and Acquisitions” e pela Chambers and Partners em “Litigation”.
Se quiser saber mais sobre a Macedo Vitorino & Associados por favor visite o
nosso website em “www.macedovitorino.com ou contacte-nos através de:
Tel.: (351) 21 324 1900 - Fax: (351) 21 324 1929
Email: [email protected]
Esta informação é de carácter genérico, pelo que não deverá ser considerada
como aconselhamento profissional. Caso necessite de aconselhamento jurídico
sobre estas matérias deverá contactar um advogado. Caso seja cliente da
Macedo Vitorino & Associados, poderá contactar-nos directamente para os
contactos acima referidos.
Índice
1. Introdução .......................................................................................................... 1
2. Acontecimentos relevantes a nível nacional ...................................................... 1
2.1. Estratégia para a Energia Eléctrica Nacional e Plano Nacional de
Acção para as Energias Renováveis ..................................................................... 1
2.2. Fim da tarifa regulada de electricidade ........................................................... 2
2.3. Tarifa social de venda de electricidade ........................................................... 2
2.4. Aprovação do novo regime de microprodução de electricidade...................... 3
2.5. Energias Renováveis ...................................................................................... 3
2.6. Eficiência energética ....................................................................................... 5
2.7. Rede de mobilidade eléctrica nacional ........................................................... 6
2.8. Sector do gás .................................................................................................. 7
3. Acontecimentos relevantes a nível comunitário ................................................. 7
3.1. Estratégia Europeia para a Energia 2020 ....................................................... 7
3.2. Financiamento de projectos inovadores no sector da energia ........................ 8
3.3. Novas Directivas sobre Eficiência Energética ................................................. 8
3.4. Tribunal de Justiça da União Europeia condena Portugal .............................. 8
4. Perspectivas para o ano de 2011 ...................................................................... 9
2010 – Um Ano em Revista: Energia e Ambiente
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1. Introdução
O ano de 2010 ficou marcado por importantes acontecimentos, a nível interno
e comunitário, nas áreas do direito da energia e do direito do ambiente.
A nível nacional, assume particular destaque a aposta no sector energético,
sobretudo com vista ao desenvolvimento de projectos de produção de
energia eléctrica através de recursos renováveis, tal como resulta das
medidas consagradas na Estratégia para a Energia Eléctrica Nacional e no
Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis.
É ainda de ressalvar as preocupações com o aumento da concorrência quer
no mercado da electricidade quer no mercado do gás, com a extinção das
tarifas reguladas, respectivamente, na venda de energia eléctrica a
consumidores em muita alta tensão, alta tensão, média tensão e baixa tensão
especial e no consumo de gás superior a 10.000 m3.
Durante o ano de 2010 registaram-se ainda desenvolvimentos no programa
da mobilidade eléctrica, com vista à implementação da rede nacional de
mobilidade eléctrica.
As questões de eficiência energética motivaram igualmente o debate
nacional.
A nível comunitário, a União Europeia (“UE”) dirigiu a sua actuação sobretudo
para o desenvolvimento de projectos de produção de energia a partir de
fontes renováveis, com vista a impulsionar o sector energético, como resulta
da Estratégia Europeia para a Energia.
É ainda de notar o investimento no desenvolvimento deste sector através do
financiamento de projectos inovadores que apresentem simultaneamente
preocupações ambientais.
Neste ano em revista, descrevemos sumariamente alguns dos principais
acontecimentos ocorridos no sector energético no ano de 2010 quer em
Portugal quer na Europa.
2. Acontecimentos relevantes a nível nacional
2.1. Estratégia para a Energia Eléctrica Nacional e Plano Nacional de Acção
para as Energias Renováveis
O ano de 2010 fica marcado pela adopção da Estratégia para a Energia
Eléctrica Nacional, com o horizonte de 2020, que integra a Resolução de
Conselho de Ministros n.º 29/2010, de 15 de Abril.
A Estratégia para a Energia Eléctrica Nacional consagra inúmeras medidas
com vista essencialmente:
(a) À promoção da concorrência nos mercados energéticos;
Com a presente publicação, a
Macedo Vitorino & Associados
procura descrever alguns dos
principais acontecimentos de
2010, nos sectores da energia e do
ambiente, tanto a nível nacional
como comunitário.
2010 – Um Ano em Revista: Energia e Ambiente
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(b) À utilização de tecnologia mais eficiente na produção, transmissão e
consumo de energia; e
(c) À promoção da eficiência energética.
Neste âmbito, assume particular relevância a aposta nas energias renováveis
como forma de produção de electricidade, na sequência da aprovação do
Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis (PNAER).
O PNAER fixa os objectivos a desenvolver pelo Estado português para atingir
as quotas de produção de electricidade a partir de recursos renováveis, no
âmbito da Directiva 2009/28/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho de
23 de Abril, relativa à promoção da utilização de energia proveniente de
fontes renováveis. Em particular, para Portugal, fixa-se que 31% da energia a
consumir no sector da electricidade e do aquecimento e arrefecimento, até
2020, seja proveniente de fontes renováveis, bem como uma quota específica
de 10% no sector dos transportes.
2.2. Fim da tarifa regulada de electricidade
Durante o ano de 2010, uma das preocupações centrais foi a promoção da
concorrência nos mercados energéticos e da liberalização do mercado
eléctrico.
Neste âmbito, assume particular relevância a aprovação do fim das tarifas
reguladas de venda de electricidade, pelo Decreto-Lei n.º 104/2010, de 29 de
Setembro.
Com efeito, desde 1 de Janeiro de 2011, que a venda de electricidade está
submetida ao regime de preços livres para os consumidores de muita alta,
alta, média e baixa tensão especial, que deixam de ser fornecidos por
comercializadores de último recurso.
Todavia, é de notar que a extinção das tarifas reguladas para a venda de
electricidade só abrangeu os consumidores de escalões de maior consumo.
Por conseguinte, os clientes finais com fornecimentos ou entregas em baixa
tensão (com potência contratada até 41,4 KW), isto é, a maioria dos
consumidores domésticos e das pequenas empresas, continuam a poder
escolher entre o mercado regulado e o mercado liberalizado e a ser
fornecidos por comercializadores de último recurso.
2.3. Tarifa social de venda de electricidade
No âmbito da Estratégia Nacional para a Energia 2020, o Governo criou um
desconto no preço da electricidade para os consumidores economicamente
mais vulneráveis, através da aprovação da designada tarifa social.
Os consumidores finais de electricidade destinada exclusivamente a uso
doméstico e com uma potência de 4,6 KvA podem beneficiar desta tarifa
desde que estejam a receber da segurança social um dos seguintes apoios (i)
complemento solidário para idosos, (ii) rendimento social de inserção, (iii)
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subsídio social de desemprego, (iv) primeiro escalão do abono de família ou
(v) pensão nacional de invalidez.
A tarifa social é calculada mediante a aplicação de um desconto na tarifa de
acesso às redes em baixa tensão normal e será definida pela ERSE.
As condições de acesso e benefício da tarifa social estão consagradas no
Decreto-Lei n.º 138-A/2010, de 28 de Dezembro.
2.4. Aprovação do novo regime de microprodução de electricidade
Durante os últimos anos, o exercício da actividade de microprodução de
electricidade tem sido bastante conturbado, sobretudo, por falta de potência a
atribuir aos microprodutores.
Por conseguinte, o ano de 2010 fica também marcado pela aprovação de um
conjunto de alterações ao regime jurídico e remuneratório da actividade de
microprodução de electricidade, através do Decreto-Lei n.º 118-A/2010, de 25
de Outubro, com vista a impulsionar o exercício desta actividade.
A microprodução de electricidade consiste na actividade de produção de
electricidade, em baixa tensão, por intermédio de instalações de pequena
potência (unidades de microprodução), destinando-se a electricidade
produzida ao consumo e à venda aos fornecedores de electricidade.
Neste âmbito, o diploma consagra um aumento da quota de potência da
electricidade a ser produzida em microprodução (uma quota de 25 MW) e
simplifica o procedimento de acesso à actividade.
O acesso à actividade de microprodução fica dependente de uma inscrição
realizada por registo electrónico, junto do Serviço de Registos de
Microprodução, através de um procedimento simplificado de aceitação e
posterior atribuição de potência. Este registo torna-se definitivo com a
emissão de um certificado de exploração, após a instalação da unidade de
microprodução.
O novo diploma actualiza ainda o regime remuneratório (geral e especial)
desta actividade. Em particular, no regime especial, o produtor passa a ser
remunerado com base na tarifa de referência que vigorar à data da emissão
do certificado de exploração. Esta tarifa é aplicável durante um total de 15
anos, subdivididos em dois períodos. No primeiro período a tarifa é fixada em
€ 400 MWh e no segundo em € 240 MWh, com uma redução anual de €
20/MWh. O tarifário depende ainda do tipo de energia primária utilizada,
incentivando-se o uso de energia renovável.
2.5. Energias Renováveis
2.5.1. Biomassa
O ano de 2010 fica igualmente marcado pela adopção de algumas medidas
tendentes à concretização dos projectos de centrais de biomassa florestal,
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lançados já em 2006, cuja execução tem sido atribulada sobretudo devido às
dificuldades na contratação do fornecimento de biomassa.
As novas medidas, constantes da Resolução do Conselho de Ministros n.º
81/2010, de 3 de Novembro, pretendem impulsionar a concretização destes
projectos, designadamente através (i) da atribuição de incentivos económicos
na venda de energia eléctrica produzida pelos promotores das centrais a
biomassa e (ii) da promoção da produção e do aproveitamento de recursos
de biomassa, por exemplo, com a concessão de incentivos à plantação de
culturas destinadas a alimentar as referidas centrais.
No sector da biomassa florestal, assume particular destaque os primeiros
passos no desenvolvimento do processo de certificação florestal que se
destina a assegurar, aos consumidores e outras partes interessadas, que um
determinado produto utiliza matéria-prima originária de florestas que são alvo
de uma gestão sustentável.
2.5.2. Energia hídrica
Durante o ano de 2010 foram lançados vários concursos públicos para a
implementação de centrais mini-hídricas eléctricas, com vista à atribuição de
uma potência de 150 milhões de watts.
Neste âmbito, o Governo definiu um conjunto de regras para a atribuição das
das respectivas licenças, através do Decreto-Lei n.º 126/2010, de 23 de
Novembro, privilegiando como critério de adjudicação das concessões o da
quantia oferecida pela entidade privada.
O prazo de concessões ficou fixado em 45 anos, prevendo-se a celebração
de um contrato de implementação e um contrato de concessão entre o
Estado e a entidade privada adjudicatária.
Para o ano de 2011 aguarda-se o lançamento de mais 100 milhões de watts
a concurso.
2.5.3. Energia eólica
No âmbito da energia eólica, merece destaque a provação de várias medidas
com vista à simplificação do procedimento aplicável ao sobreequipamento
das centrais eólicas, consagradas no Decreto-Lei n.º 51/2010, de 20 de Maio.
Actualmente, o sobreequipamento de centrais eólicas exige uma mera
comunicação prévia à Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), com
excepção dos casos em que é obrigatória a realização de uma avaliação de
impacte ambiental ou de incidência ambiental.
A comunicação prévia é acompanhada da assunção de responsabilidade do
promotor, visto que lhe é exigida a apresentação de uma declaração a atestar
a conformidade de todos os aerogeradores da central sobreequipada com os
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regulamentos de segurança das instalações eléctricas e da rede de
transporte ou de distribuição.
Este novo diploma introduz ainda a obrigação de instalação de equipamento
destinado a suportar cavas de tensão e a fornecer energia reactiva durante
essas cavas em todos os aerogeradores de uma central eólica ligada à rede
de transporte ou de distribuição (e não apenas nos aerogeradores de
sobreequipamento). Caso os aerogeradores não possuam aquele
equipamento, o fornecimento de energia pode ser suspenso pelo operador da
rede a que a central eólica se encontra ligada.
Em complemento a estas alterações, o regime remuneratório foi igualmente
actualizado.
2.5.4. Alterações ao regime de produção de energia em co-geração
Em Março de 2010 foi aprovado o novo regime jurídico e remuneratório da
actividade de produção de energia em co-geração, constante do Decreto-Lei
n.º 23/2010, de 25 de Março.
Este diploma actualiza o regime da produção de energia em co-geração que
datava de 1999 e, simultaneamente, procede à transposição da Directiva
2004/8/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de Fevereiro.
A co-geração consiste na produção simultânea, através de um processo
integrado, de energia térmica e de energia eléctrica, permitindo o
aproveitamento local do calor originado nos processos termodinâmicos de
geração de energia eléctrica, que seriam normalmente desperdiçados.
Nesta medida, a co-geração é um processo com elevado potencial de
poupança de energia e, além disso, permite a redução das emissões de
dióxido de carbono.
Com vista à promoção do investimento e desenvolvimento da co-geração, o
novo diploma actualiza o regime remuneratório, criando duas modalidades à
escolha do promotor da co-geração. A modalidade geral é acessível a todas
as co-gerações, sem restrição de potência instalada, ao passo que a
modalidade especial encontra-se apenas acessível a co-gerações com
capacidade instalada igual ou inferior a 100 MW.
O regime de acesso às redes fica depois dependente da modalidade de
regime remuneratório escolhido.
2.6. Eficiência energética
2.6.1. Criação do Fundo para a Eficiência Energética
O ano de 2010 ficou marcado pela criação do Fundo para a Eficiência
Energética (“FEE”), constante do Decreto-Lei n.º 51/2010 de 20 de Maio.
O FEE tem a natureza de património autónomo sem personalidade jurídica e
apresenta uma dotação de € 1,5 milhões destinados financiar a aquisição de
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equipamentos de elevado desempenho energético pelos cidadãos e
empresas e a abertura de linhas de apoio ao investimento nas energias
renováveis.
2.6.2. Promoção da eficiência energética no sector dos transportes
A promoção da eficiência energética tem sido uma medida incentivada nos
últimos anos em diversos sectores, nomeadamente no habitacional. Durante
o ano de 2010, esta preocupação estendeu-se ao sector dos transportes,
com a transposição para a ordem jurídica interna da Directiva 2009/33/CE, do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Abril, através do Decreto-Lei
n.º 140/2010, de 29 de Dezembro, que estabelece o regime jurídico relativo à
promoção de veículos de transporte rodoviários não poluentes e
energeticamente eficientes.
Este diploma tem como destinatários todas as entidades públicas (Estado,
Autarquias Locais, Institutos, Fundações, Associações, entre outros) e as
entidades que prestem serviços públicos de transporte de passageiros
quando o contrato de compra e venda ou de aluguer de longa duração do
veículo tenha um valor superior a 499 mil euros.
Por conseguinte, nos concursos públicos para a aquisição ou aluguer de
longa duração deste tipo de veículos passa a ser obrigatório ponderar, para
além do preço do veículo, os impactos operacionais energético e ambiental
relativos a (i) consumo de energia, (ii) emissões de CO2 e (iii) emissões
poluentes (emissões de NOx – óxidos de nitrogénio).
Neste âmbito, assume igualmente destaque a criação de um sítio pela CE,
(www.cleanvehicle.ue) que ajuda a escolher os veículos menos poluentes e
energeticamente mais eficientes existentes no mercado.
Neste portal é também disponibilizada informação sobre as regras em
matéria de concursos públicos e regimes de incentivo para a compra deste
tipo de veículos nos diferentes Estados-membros.
2.7. Rede de mobilidade eléctrica nacional
Outro dos acontecimentos relevantes do ano foi o início da implementação da
rede de mobilidade eléctrica nacional que compreende o conjunto integrado
de pontos de carregamento e outras infra-estruturas relacionadas com o
carregamento de baterias de veículos eléctricos com abrangência nacional,
com vista a alcançar a meta dos 1350 pontos de carregamento até ao final do
primeiro semestre de 2011.
Para o efeito, foi aprovado o Decreto-Lei n.º 39/2010, de 26 de Abril, que
regula a organização, o acesso e o exercício das actividades de mobilidade
eléctrica e procede ao estabelecimento da rede piloto de mobilidade eléctrica.
As actividades de mobilidade eléctrica dividem-se em (i) operação de
comercialização de electricidade para a mobilidade eléctrica, (ii) operação de
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pontos de carregamento e (iii) gestão das operações da rede de mobilidade
eléctrica nacional.
O desenvolvimento da rede de mobilidade eléctrica visa a introdução na
circulação, de forma massificada, de veículos eléctricos.
2.8. Sector do gás
2.8.1. Liberalização do mercado do gás para consumo superior a 10.000 m3
Em 2010 foi dado mais um passo em direcção à liberalização do mercado
energético do gás natural, com o fim das tarifas reguladas de venda de gás
natural a clientes finais com consumos anuais superiores a 10.000 m3.
Desde 1 de Julho de 2010 que a venda de gás natural para consumo superior
a 10.000 m3 está, portanto, sujeita ao regime de preços livres, à semelhança
do que acontece na venda aos clientes finais com consumos anuais
superiores a 1.000.000 m3.
A extinção das tarifas reguladas consta do Decreto-Lei n.º 66/2010, de 11 de
Junho.
Neste momento, só falta liberalizar cerca de 6% do mercado do gás, o que
inclui os clientes finais com consumos inferiores aos 10.000 m3, isto é, os
consumidores domésticos.
Aos consumidores domésticos continua, portanto, a aplicar-se as tarifas
reguladas, previstas para o fornecimento de gás pelo comercializador de
último recurso, as quais fixadas pela Entidade Reguladora dos Serviços
Energéticos (ERSE).
3. Acontecimentos relevantes a nível comunitário
3.1. Estratégia Europeia para a Energia 2020
Em Novembro, a CE divulgou a nova Estratégia Europeia para a Energia, a
qual consagra um conjunto de medidas a adoptar nos próximos dez anos
com vista a estimular o sector energético a nível comunitário.
Uma das prioridades definidas na Estratégia é a poupança de energia, pelo
que se consagra a realização de várias acções de poupança energética,
nomeadamente através da concessão de incentivos ao investimento e
financiamento de medidas de poupança energética nos sectores dos
transportes e nos edifícios.
A Estratégia Europeia para a Energia estabelece igualmente o lançamento de
grandes projectos energéticos, a desenvolver nos próximos anos, em áreas
diversificadas, tais como (i) a área das novas tecnologias para redes
inteligentes e armazenamento de electricidade, (i) a investigação sobre
biocombustíveis de segunda geração e (iii) o desenvolvimento de cidades
inteligentes.
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Perspectiva-se também que o mercado interno da energia esteja concluído
no ano de 2015.
3.2. Financiamento de projectos inovadores no sector da energia
Em Novembro, a União Europeia fixou ainda um conjunto de critérios para o
financiamento de diversos projectos inovadores na área da energia,
designadamente:
(a) Projectos de demonstração comercial para a captura e
armazenamento de CO2, conhecidos como projectos de
demonstração CAC; e
(b) Projectos de demonstração de tecnologias de aproveitamento de
energias renováveis, conhecidos por projectos de demonstração FRE.
No geral, serão financiados oito projectos de demonstração de CAC e um
projecto por cada uma das oito subcategorias de projectos de demonstração
FRE, com um montante de financiamento de 50% dos custos pertinentes.
O financiamento terá por base a conversão das licenças de emissão de
gases com efeito de estufa em moeda, cuja gestão incumbe ao Banco
Europeu de Investimento (BEI) responsável por as transferir para os Estados-
membros.
No caso dos projectos de demonstração CAC, o montante pago
corresponderá à quantidade de CO2 armazenada, enquanto nos projectos de
demonstração FRE, o montante dependerá da quantidade de energia
produzida, multiplicada pela taxa de financiamento.
3.3. Novas Directivas sobre Eficiência Energética
A promoção da eficiência energética foi uma das preocupações do legislador
comunitário que neste âmbito aprovou, durante o ano de 2010, duas novas
Directivas dedicadas ao tema:
(a) A Directiva 2010/30/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, que
estabelece um quadro para a harmonização de medidas nacionais
relativas à informação ao consumidor final do consumo de energia e
de outros recursos por parte dos produtos relacionados com a energia;
e
(b) A Directiva 2010/31/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho,
estabelece um quadro que visa promover a melhoria do desempenho
energético dos edifícios na União Europeia.
Estas Directivas devem ser transpostas para o direito interno de cada Estado-
membro durante o ano de 2011.
3.4. Tribunal de Justiça da União Europeia condena Portugal
Em 10 de Junho, o Tribunal de Justiça da União Europeia (“Tribunal de
Justiça”) condenou Portugal por não ter adoptado as medidas necessárias na
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gestão dos resíduos depositados ilegalmente nas pedreiras de Limas e Linos,
situadas na freguesia de Lourosa.
Esta decisão pôs fim ao processo judicial instaurado pela CE contra Portugal
em Janeiro de 2009, por incumprimento da Directiva 2006/12/CE, do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de Abril, relativa aos resíduos, e da
Directiva 80/68/CE, do Conselho, de 17 de Dezembro, relativa à protecção
das águas subterrâneas contra a poluição causada por certas substâncias
perigosas.
Estas directivas impõem aos Estados-membros a adopção das medidas
necessárias para garantir que os resíduos sejam eliminados sem pôr em
perigo a saúde humana e sem causar danos ao ambiente.
4. Perspectivas para o ano de 2011
Para o ano de 2011, perspectiva-se que sejam concretizados os mais
diversos objectivos traçados para o sector da energia quer a nível nacional
quer a nível comunitário.
No que respeita a Portugal, aguarda-se com expectativa o impacto das
medidas de liberalização do sector eléctrico e do gás, quer nos preços de
venda da electricidade e do gás, quer no âmbito da promoção da
concorrência nestes sectores.
Além disso, espera-se que o aumento da quota de potência atribuída à
actividade de microprodução de energia seja suficiente para estimular esta
actividade que tem conhecido poucos desenvolvimentos nos últimos anos,
por falta de potência a atribuir em comparação com o número de
interessados.
Aguarda-se igualmente a concretização dos projectos de novas centrais com
base em recursos renováveis, nomeadamente as centras de biomassa
florestal e as mini-hídricas eléctricas.
O próximo ano será ainda um ano importante para o desenvolvimento da
rede de mobilidade eléctrica nacional, com o estímulo das actividades de
comercialização de electricidade para a mobilidade eléctrica e de operação
de pontos de carregamento. Aguarda-se também a implementação de novos
pontos de carregamento dos veículos eléctricos, com vista a cumprir a meta
traçada para 2011 de 1350 pontos de carregamento.
No que respeita à UE, aguarda-se a concretização das medidas adoptadas
no ano de 2010, através da aprovação de medidas legislativas concretas,
com o objectivo de renovar o sector energético e de tornar este sector mais
sustentável e competitivo.
2010 – Um Ano em Revista: Energia e Ambiente
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A UE continuará a apostar fortemente na utilização de energias renováveis,
incentivando o investimento nesta área, o qual terá obrigatoriamente de
crescer nos próximos anos.
Além disso, em 2011, entrará em vigor o terceiro pacote legislativo relativo ao
mercado interno da energia, adoptado pela Comissão Europeia em 19 de
Setembro de 2007, pelo que se espera um novo impulso neste sector.
© Macedo Vitorino & Associados – 2011