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Índice
1. Introdução...................................................................................................................22. Panorama do Turismo Rural Brasileiro...................................................................3
2.1. Caracterização do turismo rural.............................................................................32.2. Principais fatores para a adoção do turismo rural.................................................42.3. Perfil do turista do segmento.................................................................................5
3. Parâmetros para o desenvolvimento do Turismo Rural.........................................63.1. Identificação e análise de recursos........................................................................63.2. Estabelecimento de parcerias................................................................................73.3. Envolvimento da comunidade local......................................................................83.4. Agregação de atratividade (combate a sazonalidade)...........................................83.5. Incentivos ao segmento.......................................................................................10
4. A importância do Turismo Rural para a economia..............................................114.1. Participação do segmento no aspecto econômico...............................................114.2. A expansão do turismo rural no Brasil................................................................13
4.2.1. O papel do Agroturismo na economia..........................................................145. Perspectivas para o Turismo Rural........................................................................156. Conclusão..................................................................................................................157. Referências................................................................................................................15
1. Introdução
Atualmente, o meio rural vem passando por intensas transformações nas relações
de produção e trabalho. Tal fato é decorrente do processo de intensificação da
globalização, o que acarreta no desenvolvimento e na modernização da agricultura.
Neste caso, a agricultura passou a ser explorada de diferentes formas, gerando um leque
de opção mais amplo aos produtores no que diz respeito à realização de investimentos.
Algumas atividades agropecuárias passam, em certos momentos, por
determinadas dificuldades. Muitas delas relacionadas estão a problemas sazonais, de
consumo e principalmente devido às particularidades que envolvem a produção de bens
agroalimentares num âmbito geral. E é justamente a partir daí que entra o papel
importante do turismo rural. O mesmo passa a complementar as atividades tradicionais
do campo, exigindo dos agricultores uma visão empreendedora, algo importante no
mercado atual.
O turismo rural no Brasil é uma atividade emergente. Por um lado, temos o
produtor com a necessidade de agregar valores a seus produtos e buscar novas fontes de
renda a sua produção. Em outra vertente, é possível visualizar o turista cansado da vida
agitada e estressante da cidade, buscando o descanso na área rural como lazer e
diversão. Na velocidade das necessidades de inovação de produtos e serviços, o turismo
rural tem se constituído um dos principais elementos da competitividade no segmento
do mercado turístico. O meio rural favorece a exploração de um turismo diferenciado.
Desta forma, entender a complexa engrenagem da inovação do turismo rural é
fator chave para a gestão destas propriedades na atualidade, além de ser determinante
para o seu desenvolvimento. O turismo rural constitui-se como uma atividade
socioeconômica, pois gera bens e serviços. O Brasil, atualmente, possui diversas
propriedades rurais com enorme potencial de riqueza cultural e de paisagens naturais.
Nelas, é possível desenvolver uma série de atividades ligadas ao turismo rural. Este tipo
de turismo preza pela interação dos moradores dos centros urbanos com o meio rural.
Em nosso país, a atividade como um todo ainda tem muito a evoluir. Em países
como a Espanha, a França e a Itália, por exemplo, o segmento do turismo rural é
considerado um dos mais importantes, perdendo apenas para o turismo histórico. As
inovações na área rural brasileira são possíveis, principalmente, no que se refere às
relações e nas formas de trabalho, permitindo aos agricultores a possibilidade do
aumento da renda familiar. As principais constatações fundamentam-se no crescimento das
atividades não agrícolas da população economicamente ativa residente em domicílios rurais
2. Panorama do Turismo Rural Brasileiro
2.1. Caracterização do turismo rural
No turismo rural, os produtores passam a buscar alternativas diferenciadas como
fonte de renda em suas respectivas propriedades. O principal intuito do segmento é
agregar valor ao ambiente rural como um todo, tornando-o dinamizado e acima de tudo
valorizado no aspecto econômico, constituindo-se de extrema importância junto ao
mercado. A tendência é de que este ramo do turismo apresente crescimento nos
próximos anos, fator que interfere no âmbito do Agronegócio de um modo geral.
Nos últimos anos, a sociedade passou a perceber com maior intensidade a
importância de se preservar e valorizar o meio-ambiente. O turismo rural contribui neste
sentido, pois propicia um contato amplo e dinâmico do turista do segmento com a
natureza, bem como com práticas das quais o mesmo não está acostumado a exercer em
sua rotina diária. Com isso, o espaço rural ganhou papel significativo na economia,
permitindo ao agricultor novas maneiras de garantir e fortalecer sua presença no campo.
Com a expansão do turismo rural, o agricultor deixou de ser apenas um simples
produtor de matérias-primas, já que passou a visualizar diferentes alternativas de
desenvolvimento e fonte de renda no meio onde se encontra inserido.
Conseqüentemente, o produtor tende a assumir características de um administrador
profissional, tendo em vista que a atividade do segmento exige um gerenciamento até
certo ponto diferenciado dos negócios presentes na propriedade.
Além da possibilidade de geração de renda adicional para as comunidades
locais, o turismo rural pode contribuir em diversos sentidos. As atividades englobam a
revitalização econômica e social das regiões, a valorização dos patrimônios e produtos
locais, a conservação do meio ambiente e a atração de investimentos públicos e privados
em infra-estrutura para os locais onde o mesmo se desenvolve.
Apesar de sua relativa importância, o turismo rural ainda segue em busca de
ações que possam consolidá-lo devidamente junto ao mercado econômico. O segmento
deve constituir-se como uma opção de lazer para o turista, ao mesmo tempo em que é
também uma oportunidade de renda para o produtor rural que decide investir neste tipo
de atividade. O principal objetivo é evitar que o turismo rural cresça de maneira
desordenada. Para isso, é de fundamental importância estruturá-lo devidamente.
O crescimento cada vez mais significativo deste segmento de turismo no Brasil
pode ser explicado a partir da necessidade que o produtor rural possui no sentido de
diversificar suas opções de fonte de renda, bem como de agregar valor aos seus próprios
produtos. Esse crescimento, porém, se dá principalmente por parte dos próprios turistas.
Entre os principais objetivos dos visitantes estão o reencontro com suas raízes, a
interação com a comunidade local, a participação em festas tradicionais, o desfrute do
aconchego e da hospitalidade das propriedades, entre outros. O maior intuito do turista,
neste caso, é fugir do dia-a-dia da vida urbana da qual está acostumado.
Como já citado anteriormente, o desenvolvimento do turismo rural requer a
superação de alguns obstáculos. Os principais deles estão relacionados à infra-estrutura
do próprio meio rural, a baixa qualificação profissional (tanto de proprietários quanto de
funcionários) e a falta de legislações e regulamentações específicas. O crescimento do
turismo vem ocorrendo de forma empírica, apresentando características diferentes ao
em cada localidade do país. Em razão disso, o mesmo recebe denominações distintas,
confundindo-se em múltiplas concepções, manifestações e definições.
2.2. Principais fatores para a adoção do turismo rural
Alguns fatores ajudam a entender as razões de diversas localidades inseridas no
meio rural terem buscado este segmento de atuação. Além fornecer uma dinamização
social e econômica para os territórios, o turismo rural oferece os seguintes benefícios:
Diversificação da economia regional, pelo estabelecimento de micro e pequenos
negócios;
Geração de novas oportunidades de trabalho e renda;
Incorporação da mulher ao trabalho remunerado;
Agregação de valor ao produto primário;
Diminuição do êxodo rural;
Melhoria da infra-estrutura de transporte, comunicação e saneamento no meio rural;
Melhoria dos equipamentos, dos bens imóveis e das condições de vida das famílias
rurais;
Interiorização do turismo;
Conservação dos recursos naturais e do patrimônio cultural;
Promoção de intercâmbio cultural e enriquecimento cultural;
Integração das propriedades rurais e comunidade local;
Valorização das práticas rurais, tanto sociais quanto de trabalho;
Resgate da auto-estima do homem do campo (agricultor ou proprietário).
No aspecto econômico, o turismo rural possibilita o contato direto do
consumidor com o produtor rural, algo que nem sempre ocorre em outros segmentos.
Neste caso, além do proprietário vender os serviços de hospedagem, alimentação e
entretenimento em geral, também pode comercializar diversos tipos de produtos com o
intuito de incrementar sua renda, satisfazendo e surpreendendo ainda mais os turistas.
2.3. Perfil do turista do segmento
O consumidor do turismo rural tende a buscar a aproximação com ambientes
naturais e com a ruralidade de uma maneira geral. A paisagem visitada deve indicar que
o turista encontra-se completamente fora de seu ambiente de rotina, que é a vida junto
ao meio urbano. As atividades do segmento não são vistas apenas como viagens, mas
também como uma oportunidade de adquirir experiência de forma diferente e autentica.
Para atender devidamente as exigências do turista rural, é de extrema importante
conhecer o seu perfil, tornando assim as ações mais eficientes justamente a partir desta
análise detalhada junto ao mesmo. As principais características dos turistas do segmento
rural são as seguintes:
São moradores de grandes centros urbanos;
Possuem entre 20 e 55 anos;
São casais com filhos e/ou amigos;
Possuem ensino médio e/ou superior completos;
Deslocam-se em automóveis particulares, em um raio de até 150 km do núcleo
emissor/urbano;
Fazem viagens de curta duração, em fins de semana e feriados;
Organizam suas próprias viagens ao meio rural;
Têm na internet e nos parentes e amigos sua principal fonte de informação para a
preparação da viagem;
São apreciadores da culinária típica regional;
Valorizam produtos autênticos e artesanais;
Levam para a casa produtos agroindustriais e/ou artesanais.
3. Parâmetros para o desenvolvimento do Turismo Rural
3.1. Identificação e análise de recursos
Para se verificar a viabilidade de determinada localidade para o turismo rural, o
primeiro passo é conhecer o que existe na região. É preciso que sejam observados os
recursos naturais, além dos materiais e imateriais. Todos eles precisam ser capazes de
despertarem o interesse do turista e motivá-lo a se deslocar até a respectiva região. É
importante também estar atento quanto às especificidades que marcam o local,
identificando as principais características que o diferenciam de possíveis concorrentes
no ramo. Os principais aspectos a serem considerados para a identificação e análise de
recursos na atividade de turismo rural são os seguintes:
Descobrir o que o local oferece é uma tarefa que exige o envolvimento dos seus
moradores, pois são esses que realmente conhecem o lugar e suas características,
contribuindo assim com o levantamento;
Explorar os aspectos marcantes que os ciclos econômicos deixaram na paisagem e
que podem constituir um rico patrimônio;
Levar em consideração a proximidade do produto/atrativo em relação aos núcleos
emissores;
O conjunto de atrativos situado fora dos limites das propriedades rurais pode se
agregar a elas e formar um roteiro turístico integrado e participativo, que leve em
conta as características produtivas de todo o território. Isso fortalece ainda mais o
funcionamento da economia. Integrando os diversos atrativos existentes, o roteiro
pode contemplar outros segmentos e atrair diferentes tipos de turistas;
O turismo rural deve contribuir para fortalecer os laços afetivos, a coesão social, a
cooperação produtiva e a valorização dos elementos naturais e culturais. Dessa
forma, é preciso verificar se há cooperação entre os atores sociais que atuam na
região, como estão os níveis de organização, confiança e participação social.
Para tornar a atividade de turismo rural atrativa, é essencial a manutenção
contínua do que a propriedade produz e trabalha, bem como de suas características
principais. Ou seja, a propriedade rural não deve perder seu foco principal (agricultura,
pecuária). Neste sentido, uma fazenda cujo principal fator econômico era a produção do
vinho e que passa a ter foco no turismo, por exemplo, não deve deixar de produzir o
vinho, já que este é seu principal fator de atratividade e diferenciação no mercado.
3.2. Estabelecimento de parcerias
A parceria e a cooperação são itens indispensáveis para o processo de
desenvolvimento de um empreendimento. Além de ser uma estratégia, o
desenvolvimento de parcerias é uma condição fundamental para a viabilidade do
turismo rural. A cooperação entre os diversos agentes facilita a organização, a
divulgação e comercialização do negócio. Além disso, este fator aumenta a gama de
atrativos ofertados e potencializa a chance de envolvimento do poder público, visando
assim melhorias na infra-estrutura básica, no fomento e na promoção da atividade.
A cooperação proporciona inúmeras facilidades para fins de promoção e
comercialização dos produtos. O trabalho em conjunto, de um modo geral, facilita a
organização e a divulgação do empreendimento turístico rural, possibilitando assim
melhores condições para identificar as características da demanda. O importante é fazer
com que os mais importantes diferenciais competitivos de uma determinada região
sejam explorados.
É importante ressaltar que a maioria dos empreendimentos de turismo rural é de
pequeno porte. Justamente por este motivo, dificilmente o segmento será viável somente
com a atuação isolada dos empreendedores rurais. Neste caso, torna-se mais adequado o
trabalho organizado sob as bases associativas e solidárias. Para se efetivar a formação
de parceiras, recomenda-se:
Identificar lideranças entre os envolvidos no segmento;
Analisar e avaliar parcerias já estabelecidas;
Estabelecer diretrizes para atração de parceiros;
Estabelecer contatos com parceiros potenciais (instituições de ensino, entidades
privadas e órgãos públicos);
Buscar ou criar espaços para a discussão de assuntos de interesse comum.
3.3. Envolvimento da comunidade local
O envolvimento da comunidade local é um aspecto de extrema importância
visando o desenvolvimento do turismo rural. Num âmbito geral, existe a necessidade de
envolvimento da comunidade nas atividades desenvolvidas dentro do segmento. O valor
do turismo rural está justamente na relação da comunidade local com o meio rural, e é
esta relação que o turista busca. O envolvimento da comunidade é uma das premissas
para o desenvolvimento do turismo rural.
3.4. Agregação de atratividade (combate a sazonalidade)
O turismo rural é uma das atividades que mais sofrem com os efeitos da
sazonalidade. Ou seja, com a instabilidade de oferta e demanda por parte de visitantes
em certos períodos do ano. Por isso, para se estabelecer no mercado, o empreendedor
precisa adaptar o seu produto (negócio) e agregar valor a ele. O ideal é oferecer
condições distintas e favoráveis para cada época do ano, principalmente quando a taxa
de ocupação (quantidade de visitantes) é mínima.
A agregação de atratividade ao produto turístico e ao meio rural em si requer do
gestor um bom conhecimento sobre o seu próprio estabelecimento e também sobre a
região sobre a qual o mesmo está inserido. O intuito principal está voltado para a
identificação de vantagens competitivas.
A partir das características do segmento e da análise do perfil do consumidor, é
possível lançar mão de estratégias para aumentar o tempo de permanência dos turistas
nas propriedades. Normalmente, o maior fluxo de visitantes ocorre nas férias e nos
finais de semana. Deste modo, o objetivo é minimizar os efeitos da sazonalidade e obter
melhores rendimentos no decorrer da temporada como um todo.
Para que essas medidas sejam colocadas em prática, é essencial que o
empreendedor demonstre flexibilidade em sua atuação. A escolha das atividades
complementares será influenciada não apenas pelo perfil da demanda, mas também pela
capacidade de realização do próprio empreendedor. É preciso que este tenha o devido
conhecimento das atividades que pretende implantar em sua propriedade, bem como da
disponibilidade dos recursos (físicos e financeiros) necessária para que as atividades
tenham condições de serem executadas devidamente.
Alguns exemplos do que pode ser feito para que os efeitos da sazonalidade sejam
minimizados são:
Desenvolvimento de atividades pedagógicas para grupos de estudantes durante a
semana nos períodos letivos, colônia de férias;
Realização de atividades de lazer e entretenimento para públicos específicos, como
o da melhor idade, o infantil ou o de pessoas com deficiência;
Promoção de eventos, leilões, competições esportivas e outras;
Aluguel do espaço para realização de reuniões empresariais, confraternizações,
eventos culturais;
Estabelecimento de parcerias com operadoras, propiciando novos fluxos.
Pode-se também buscar a agregação de valor à produção existente na
propriedade rural. Isso pode acontecer de diversas maneiras, exigindo atenção às novas
tecnologias no que se refere ao cultivo, criação, beneficiamento de produtos,
atendimento às questões ambientais. Verifica-se no Brasil uma série de estratégias
adotadas no sentido de buscar a viabilização econômica das propriedades rurais. Tal
fato tende a aumentar a atratividade turística de determinados territórios. Alguns
exemplos de estratégias para agregar valor à produção são os seguintes:
Processos produtivos : Beneficiamento e processamento mínimo de matérias-prima
de origem animal ou vegetal, transformando-as em embutidos, conservas, produtos
lácteos, compotas, bebidas, artigos de vestuário, decorativos e utilitários. Tais
processos, por sua vez agregam valor e qualidade à produção agropecuária, servindo
também como aproveitamento do excedente;
Apresentação dos produtos : utilização de embalagens especiais que valorizem a
aparência dos produtos e o uso de materiais recicláveis e da região, destacando a
identidade local;
Produção de alimentos ambientalmente correta : a sociedade valoriza cada vez mais
métodos sustentáveis para a produção de alimentos. O intuito é adotar uma
alimentação saudável e ambientalmente correta. Destacam-se as práticas baseadas
na agricultura orgânica, por exemplo;
Diversificação da produção : plantio e criação de variadas espécies de plantas e
animais, com o intuito de proporcionar aos turistas novas experiências, devendo ser
privilegiadas as plantas e os animais da região;
Certificação dos produtos : selos orgânicos, de comércio justo e solidário, entre
outros. A certificação serve como uma garantia extra para o turista, mostrando ao
mesmo que está de fato consumindo um alimento de qualidade.
3.5. Incentivos ao segmento
Devido ao fato de a atividade turística ser executada fundamentalmente pela
iniciativa privada, faz-se imprescindível dispor de crédito em quantidade e em
condições adequadas aos micros, pequenos, médios e grandes negócios do turismo.
Neste caso, mais especificamente do ramo do turismo rural.
Atualmente, para financiar as atividades neste setor, o empreendedor dispõe de
linhas de crédito em bancos oficiais, tais como Banco do Brasil, Banco da Amazônia,
Banco do Nordeste, BNDES e Caixa Econômica Federal. Contudo, as exigências e
condições impostas por esses raramente se adéquam à realidade do empreendedor rural.
As exigências, procedimentos, condições e garantias para a concessão de crédito
para o turismo rural precisam ser readequadas e simplificadas. Trata-se de algo
fundamental para que o desenvolvimento, a qualidade e a longevidade dos
empreendimentos e dos produtos do segmento possam ser garantidos. Caso contrário, a
sobrevivência do setor junto ao mercado poderá tornar-se até certo ponto prejudicada.
Apesar das dificuldades, já existem alternativas para o proprietário rural que
deseja obter financiamento para desenvolver o turismo ou até mesmo ampliar ou
melhorar as condições de suas propriedades, com o objetivo de receber os visitantes
com qualidade. Em muitas regiões, as cooperativas de crédito ou outras instituições
financeiras sem fins lucrativos que operam com microcrédito já são uma realidade. O
objetivo, neste caso, é prestar serviços financeiros de modo mais simples para seus
associados, evitando as burocracias que envolvem os empréstimos realizados junto aos
bancos.
No Estado de São Paulo, o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP)
disponibiliza linha de crédito a pequenos produtores que tenham o turismo rural como
atividade. Já os agricultores familiares de todo o Brasil podem obter crédito pelo
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). Este, por
sua vez, financia projetos individuais ou coletivos que gerem renda aos agricultores
familiares. Com o crédito do Pronaf é possível, por exemplo, adaptar uma propriedade
para recepção de turistas ou financiar o plantio de uma safra que vai ser visitada por
eles. Ou seja, o proprietário tem a oportunidade de agregar valor ao meio rural em todos
os sentidos. As linhas de crédito e taxas de juros cobradas estão relacionadas à faixa de
renda do agricultor, que é geralmente medida através da quantidade de salários mínimos
oriundos das atividades exercidas no campo.
Vale ressaltar que, antes de buscar crédito e assumir uma dívida, o
empreendedor deverá calcular o retorno que será possível obter com o financiamento
desejado e o prazo necessário para saldar sua dívida. O apoio ao morador do meio rural
que deseja desenvolver o turismo em seu empreendimento ou região não está restrito à
concessão de financiamentos. Isso porque entidades federais, estaduais e municipais, em
todo o país, também realizam ações e projetos para desenvolvimento do segmento.
4. A importância do Turismo Rural para a economia
4.1. Participação do segmento no aspecto econômico
A necessidade de viajar, principalmente por parte dos cidadãos urbanos, tem
seguido uma tendência de crescimento. No Brasil, cada vez mais pessoas residentes nos
grandes centros vêem-se em situação de extremo desconforto. Os motivos são vários:
seja pela falta de espaço, poluição ou excesso de trabalho. O estresse resultante desta
rotina impulsiona os cidadãos a procurarem locais mais tranqüilos para passarem os
finais de semana e as férias.
Neste caso, os sítios e fazendas podem oferecer um produto turístico que atenda
a esta demanda, proporcionando uma opção aos tradicionais passeios à praia e,
principalmente, possibilitando ao proprietário rural uma diversificação de sua renda.
Com base em estatísticas do sul do país, cada turista que chega a propriedade rural para
passar o dia gasta, em média, R$ 15,00. Caso o mesmo permaneça na propriedade por
24 horas, esse valor sobe para R$ 50,00. Como 76% dos turistas viajam em família,
cada contato realizado pode gerar uma receita de R$ 200,00.
Para receber bem o turista, é necessário que a propriedade rural possua uma
infra-estrutura adequada, com quartos, refeitório e banheiros. Porém, a atividade de
Turismo Rural pode ser exercida aos poucos. Inicialmente, é possível abrir as portas de
sua casa sem grandes investimentos, implantando passeios a cavalo, visitas ao curral
durante a ordenha, implantando trilhas na mata. Ou seja, aproveitando o seu potencial.
Desta forma, existe a possibilidade de conquistar gradativamente a clientela e investir
cada vez mais junto à propriedade.
O turismo rural é uma realidade que, caso venha a ser planejada e assessorada
por profissionais competentes, bem como implantada por proprietários empreendedores,
pode ser uma importante forma de diversificação de renda na propriedade rural. Para
isso, o proprietário deve estar empenhando em conseguir mostrar ao turista o que ele
realmente está interessado em conhecer. Tais fatores foram diagnosticados por algumas
pesquisas, e estão citados abaixo:
- Oferecer uma gastronomia típica, saborosa e higiênica;
- Ter uma ou mais atividades produtivas que caracterizem a propriedade;
- Priorizar a beleza natural da propriedade;
- Opções de atividades para os hóspedes acompanharem a rotina da propriedade;
- Contato com a cultura e a tradição local;
- Fácil acessibilidade;
- Possibilidade de compra de produtos típicos, entre outros.
O visitante, normalmente, espera encontrar certa rusticidade nas instalações.
Porém, sem insegurança e falta de higiene. A cultura urbana pede um bom banho,
roupas de cama limpas e até mesmo uma “cervejinha gelada” no final da tarde. Os
hábitos urbanos, neste caso, acabam não sendo completamente esquecidos mesmo
vivendo a rotina do campo. Todos os serviços citados no empreendimento rural devem
ser oferecidos com um atendimento familiar e amigo. É fundamental valorizar a
autenticidade do local e proporcionar uma grande integração entre o visitante e o dia-a-
dia na fazenda.
Um exemplo disso é conhecer uma fazenda onde a atividade principal é a
pecuária, entender a sua história e os costumes da região. Estes são alguns dos objetivos
que se busca com Turismo Rural no Brasil. Existem diversas propriedades rurais que
possuem belezas naturais pouco conhecidas em nosso país. Muitas vezes estas belezas
podem se tornar atrações turísticas e gerar benefícios aos produtores e habitantes locais
a partir do investimento neste segmento de turismo.
O turismo rural que se desenvolve em nosso país possui um caráter de
integração. O mesmo valoriza o meio ambiente, as tradições da região e as atividades
agropecuárias. As pessoas que buscam esta modalidade de turismo necessitam de um
tratamento diferenciado. Além de apreciar e desfrutar das belezas naturais, os turistas
querem se inteirar das tradições e costumes da região. Muitos deles, apesar de residirem
a muito tempo em grandes centros urbanos, possuem suas raízes no meio rural.
Deste modo, o contato com a natureza, os "contos" e a história de uma região
desperta o interesse dos visitantes. Para ajudar os proprietários com este tipo de
negócio, existem empresas especializadas no desenvolvimento de projetos de educação
ambiental e turismo rural.
Em muitos casos, são os próprios engenheiros agrônomos que orientam seus
clientes no processo de adaptação das propriedades para o Turismo Rural. É necessário
adequar instalações, implantar atividades, treinar funcionários e auxiliar na divulgação e
administração do empreendimento para receber os visitantes, concedendo a estes todo o
suporte necessário no atendimento. Trata-se de tarefas típicas de um empreendedor,
função essa que o agricultor passa a assumir ao investir também no segmento turístico.
O turismo rural estimula e contribui para o desenvolvimento de outras atividades
complementares na região onde está localizado, viabilizando assim a expansão da
economia local. Entretanto, a atividade turística no campo não tem capacidade de
promover mudanças expressamente significativas atuando isoladamente. Por isso, existe
a necessidade da realização de parcerias e projetos com o poder público, bem como com
a iniciativa privada, com o intuito de adotar melhorias na infra-estrutura da atividade de
uma maneira geral. É fundamental que exista uma atuação conjunta entre todas as partes
envolvidas na atividade, sejam elas direta ou indiretamente, buscando oferecer algo a
mais ao turista. Ou seja, um serviço diferenciado e de qualidade.
Ao produtor, cabe verificar, antes de implantar o turismo rural, se existe uma
demanda adequada na região para implantar a atividade e obter um retorno garantido.
Tudo isso envolve um planejamento adequado daquilo que se pretende realizar e do
escopo de abrangência que o investimento tem condições de estabelecer.
4.2. A expansão do turismo rural no Brasil
O turismo rural é uma das atividades econômicas que mais se desenvolve em
nosso país. Possui um crescimento de aproximadamente 30% ao ano. No ranking
mundial, o Brasil é o quarto colocado no segmento, ficando atrás apenas de países como
Espanha, Portugal e Argentina, aonde a atividade de turismo rural possui grande
reconhecimento. De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), o
crescimento do setor em âmbito internacional é de 6% ao ano. Em linhas gerais, pelo
menos 3% dos turistas de todo o mundo direcionam suas viagens para destinos rurais.
No Brasil, o Estado de São Paulo é considerado o maior destino de turismo rural.
Nele, cerca de 122 municípios possuem atividades econômicas ligadas diretamente ao
segmento, apresentando um crescimento significativo nos últimos anos. Contudo, novos
destinos também vêm surgindo gradativamente no território nacional. Outros exemplos
são os Estados do Rio Grande do Sul e do Piauí, onde a expansão do empreendedorismo
colaborou para o desenvolvimento dessas atividades.
O turismo rural tornou-se uma tendência mundial devido ao fato do perfil de
grande parte dos turistas ter mudado. Atualmente, o mesmo não quer ser apenas um
mero expectador de sua viagem, mas também participar ativamente e interagir com o
ambiente onde se encontra. E o turismo rural proporciona essa oportunidade aos seus
visitantes de maneira totalmente direta.
A atividade turística também pode ser uma excelente oportunidade para as
pequenas propriedades rurais brasileiras. A partir dela, os produtores possuem a
oportunidade de agregar valores socioeconômicos e culturais, bem como uma visão
empreendedora do seu próprio negócio. Vale ressaltar que o turismo rural, nas
propriedades, deve ser encarado como uma atividade complementar. Justamente por
este motivo, o turismo rural e as atividades agrícolas e agropecuárias devem conviver
em perfeita harmonia, buscando sempre a complementação de esforços.
4.2.1. O papel do Agroturismo na economia
Conceitualmente, o agroturismo constitui-se como uma forma de promover o
desenvolvimento sustentável e exercer múltiplas atividades no espaço rural. A partir
desta atividade, o visitante tem a oportunidade de conhecer as áreas e atividades
agrícolas, os produtos locais, a culinária tradicional e a vida cotidiana dos habitantes
oriundos dessas regiões. Normalmente, a implantação do agroturismo por parte dos
produtores rurais tem por objetivo a obtenção de um retorno financeiro extra. Isso, por
sua vez, conseqüentemente, tende a contribuir para o fortalecimento da economia local.
O agroturismo ajuda a estabilizar a economia local, criando empregos nas
atividades indiretamente ligadas a ele, tais como comércio de mercadorias, serviços
auxiliares, construção civil, entre outras. Além disso, também concede oportunidades de
negócios diretos, como hospedagem, lazer e recreação. Ainda no aspecto econômico,
pode-se mencionar como exemplo de vantagens associadas ao agroturismo a
possibilidade de agregar valor aos produtos agrícolas do estabelecimento e a instalação
de indústrias artesanais para a produção de alimentos regionais típicos.
5. Perspectivas para o Turismo Rural
A Copa de Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 são as grandes perspectivas
para o desenvolvimento do turismo em rural em nosso país nos próximos anos. Quem
prevê isso é o próprio Ministério do Turismo. O potencial do turismo do país ainda é
pouco explorado, apesar de ser economicamente forte. Por isso, a intenção é elevar este
mercado a novos patamares futuramente. Os dois maiores eventos esportivos do mundo,
sem sombra de dúvidas, irão contribuir muito neste sentido, sendo assim as grandes
esperanças daqueles que estão diretamente envolvidos com este segmento em questão.
Segundo especialistas ligados a atividade de Turismo Rural, o Brasil poderá ser,
dentro dos próximos dez, o principal destino de turismo rural no mundo. O grande
potencial do país vem de sua forte tradição agrícola, o que facilita os investimentos
neste ramo de atuação. Atualmente, o país ocupa a quarta colocação entre os principais
destinos de turismo rural no mundo. Portanto, a tendência é de um crescimento
significativo daqui para frente, o que irá afetar de maneira positiva a economia nacional.
6. Conclusão
Seja qual for à forma de oferecer o turismo rural, é importante salientar que ele
deve ser visto como uma alternativa de diversificação de renda para as propriedades
rurais. Seu objetivo é agregar valor a atividade agropecuária existente na propriedade,
não modificá-la. Desta forma, as propriedades com suas atividades em pleno andamento
no campo abrem as portas para os visitantes. O turismo, portanto, torna-se apenas mais
uma atividade econômica rentável da propriedade. Contudo, paralela às que já existem.
Trata-se de uma atividade que agrega valor ao espaço rural em sua totalidade.
7. Referências
PANORAMA DO TURISMO RURAL BRASILEIRO. DISPONÍVEL EM:<http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Turismo_Rural_Orientacoes_Basicas.pdf
PARAMETROS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RURAL. DISPONÍVEL EM:<http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Turismo_Rural_Orientacoes_Basicas.pdf
A IMPORTÂNCIA DO TURISMO RURAL PARA A ECONOMIA. DISPONÍVEL EM:<http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=23319<http://www.cet.unb.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1353:desenvolvimento-do-turismo-rural-contribui-para-crescimento-economico&catid=32&Itemid=100012
<http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI194868-17180,00-TURISMO+RURAL+NO+BRASIL+CRESCE+A+TAXA+DE+AO+ANO.html<http://www.cpt.com.br/artigos/agroturismo-traz-beneficios-economicos-sociais-ecologicos
PERSPECTIVAS PARA O TURISMO RURAL. DISPONÍVEL EM:<http://www.administradores.com.br/informe-se/administracao-e-negocios/em-dez-anos-brasil-pode-ser-primeiro-destino-de-turismo-rural-do-mundo/37578/<http://www.administradores.com.br/informe-se/cotidiano/pais-deve-ter-movimento-recorde-no-setor-de-turismo-em-2011-preve-ministro/36947/