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TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO
Alteração da função neuromuscular dos músculos no
compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos
músculos glúteo médio e máximo durante a corrida intermitente à
máxima velocidade.
Dissertação apresentada com vista à obtenção do
grau de Mestre em Ciências do Desporto, com
especialização em Alto Rendimento Desportivo
(Decreto-lei 216/92).
Orientador: Professor Doutor Eduardo Oliveira
Co-orientador: Professora Doutora Suzana Pereira
Bernardo Hélder Figueiredo de Amorim
Porto, Setembro de 2017.
Ficha de catalogação Amorim, B. H. F. (2017). Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e máximo durante a corrida intermitente à máxima velocidade. Porto: B. H. F. Amorim. Dissertação de Mestrado apresentada a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Palavras Chave: eletromiografia; fadiga; glúteo máximo; glúteo médio; isquiotibiais; lesão.
III
“O conhecimento nos faz responsáveis.”
Che Guevara
V
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Eduardo Oliveira pelo apoio que me deu para a conclusão da
dissertação.
À Professora Doutora Suzana Pereira pelo auxílio no meu período de mobilidade
académica.
Ao Professor Doutor Marcelo Peduzzi que me apoiou do início ao fim, orientando-
me na minha dissertação.
À minha família que mesmo longe, me apoiou incondicionalmente.
À família da Allana que me acolheu durante a minha estadia no Brasil.
À Allana Rosa, por todo o apoio e amor incondicional. Foi um ano difícil e sem ela
este trabalho não teria sido concluído.
VII
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... V
ÍNDICE GERAL ................................................................................................ VII
ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... IX
ÍNDICE DE TABELAS ...................................................................................... XI
RESUMO......................................................................................................... XIII
ABSTRACT ..................................................................................................... XV
LISTA DE ABREVIATURAS ......................................................................... XVII
I - INTRODUÇÃO
1. Introdução .................................................................................................... 21
II - REVISÃO DE LITERATURA
2. Revisão de literatura .................................................................................... 27
2.1 Epidemiologia ............................................................................................. 27
2.2 Músculos isquiotibiais ................................................................................. 29
2.3 Músculos glúteos ........................................................................................ 31
2.4 Fisiopatologia das lesões nos isquiotibiais ................................................. 33
2.5 Fadiga ........................................................................................................ 35
2.6 Influência do glúteo máximo e médio na incidência de lesões nos músculos isquiotibiais ....................................................................................................... 37
III - OBJETIVOS E HIPÓTESES
3. Objetivos e hipóteses ................................................................................... 41
3.1 Objetivos .................................................................................................... 41
3.2 Hipóteses ................................................................................................... 41
IV - MÉTODOS
4. Métodos........................................................................................................ 45
4.1 Participantes ............................................................................................... 45
4.2 Instrumentos ............................................................................................... 46
4.3 Protocolo experimental ............................................................................... 46
VIII
4.4 Análise de dados ........................................................................................ 49
4.5 Estatística ................................................................................................... 50
V - RESULTADOS
5. Resultados ................................................................................................... 55
VI - DISCUSSÃO
6. Discussão ..................................................................................................... 77
VII - LIMITAÇÕES
7. Limitações .................................................................................................... 87
VIII - CONCLUSÃO
8. Conclusão .................................................................................................... 91
IX - REFERÊNCIAS
9. Referências .................................................................................................. 95
ANEXOS ........................................................................................................ 105
IX
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Percurso do protocolo experimental ................................................ 48
Figura 2 - Fase de apoio inicial: média e intervalo de confiança de 95% da atividade neuromuscular em cada repetição .................................................... 57
Figura 3 - Fase de apoio final: média e intervalo de confiança de 95% da atividade neuromuscular em cada repetição. .................................................................. 58
Figura 4 - Fase de decolagem: média e intervalo de confiança de 95% da atividade neuromuscular em cada repetição .................................................... 59
Figura 5 - Fase de balanço inicial: média e intervalo de confiança de 95% da atividade neuromuscular em cada repetição .................................................... 60
Figura 6 - Fase de balanço final: média e intervalo de confiança de 95% da atividade neuromuscular em cada repetição .................................................... 62
Figura 7 - Fase de apoio inicial: média e intervalo de confiança de 95% para as três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade. ............ 65
Figura 8 - Fase de apoio final: média e intervalo de confiança de 95% para as três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade .................... 67
Figura 9 - Fase de decolagem: média e intervalo de confiança de 95% para as três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade ............. 69
Figura 10 - Fase de balanço inicial: média e intervalo de confiança de 95% para as três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade ......... 71
Figura 11 - Fase de balanço final: média e intervalo de confiança de 95% para as três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade ............. 73
XI
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Caracterização geral dos participantes ........................................... 45
Tabela 2 - Descrição da 1ª a 15ª repetição ...................................................... 56
Tabela 3 - Caracterização geral do grupo com maior nível de fadiga e do grupo com menor nível de fadiga ............................................................................... 63
Tabela 4 - Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de apoio inicial na 13ª, 14ª e 15ª repetição ........................................................... 64
Tabela 5 - Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de apoio final na 13ª, 14ª e 15ª repetição ............................................................. 66
Tabela 6 - Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de decolagem na 13ª, 14ª e 15ª repetição ............................................................ 68
Tabela 7 - Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de balanço inicial na 13ª, 14ª e 15ª repetição ....................................................... 70
Tabela 8 - Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de balanço inicial na 13ª, 14ª e 15ª repetição ....................................................... 72
XIII
RESUMO Objetivo: avaliar a atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e máximo (porção superior e inferior) durante a corrida intermitente à máxima velocidade. Como objetivo secundário, a atividade neuromuscular de participantes com maior e menor nível de fadiga foi comparada. Metodologia: foram selecionados 20 indivíduos para participar neste estudo. Foi utilizado um sistema de eletromiografia sem fio (Noraxon, Direct Transmission System) para registrar a atividade neuromuscular, análise cinemática 2D para identificar as diferentes fases do ciclo da corrida, assim como a escala de Borg para verificar o nível de esforço subjetivo dos participantes. Durante um protocolo, o qual consistiu de 15 repetições de corrida à máxima velocidade em um percurso de 25 metros, a atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e porção superior e inferior do glúteo máximo foi avaliada em diferentes fases do ciclo da passada. Foi utilizada a análise de variância de medidas repetidas para comparar a atividade neuromuscular entre as diferentes etapas do protocolo de corrida intermitente, assim como para comparar o comportamento neuromuscular entre os participantes que apresentaram maior e menor nível de fadiga. Resultados: Na fase de apoio inicial, a atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo, do bíceps femoral e dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais diminuiu comparativamente à última repetição do protocolo (p < 0,001), enquanto que a atividade neuromuscular do glúteo médio aumentou (p < 0,001). Na fase de apoio final, a atividade neuromuscular do bíceps femoral (p = 0,004) e dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais diminuiu (p = 0,001) ao longo do protocolo. Na fase de decolagem, a atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo aumentou (p = 0,005). Na fase de balanço final, a atividade neuromuscular da porção superior do glúteo máximo exibiu um aumento significativo entre a primeira e a última repetição (p < 0,001), ao contrário da atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais que diminuiu (p < 0,001). Nesta fase, a porção inferior do glúteo máximo e o glúteo médio mostraram algumas diminuições significativas nas últimas 6 repetições em relação às anteriores (p < 0,005), respetivamente. Foi observado nos participantes que apresentaram maior nível de fadiga uma maior atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais e do bíceps femoral na repetição 15 da fase de apoio inicial e uma maior atividade do glúteo médio nas repetições 14 e 15 da fase de apoio inicial e na repetição 15 das restantes fases comparativamente aqueles com menor nível de fadiga. Conclusão: Ao longo do protocolo de fadiga, percebeu-se que na fase de apoio inicial, a atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo diminuiu enquanto que a atividade neuromuscular do glúteo médio aumentou. Durante a fase
XIV
de apoio inicial e final a atividade neuromuscular do bíceps femoral foi a primeira a alterar. Nestas duas fases também foi identificada a diminuição da atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais. Na fase de decolagem, foi encontrada uma maior atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo. Foi observado também, na fase de balanço final, uma menor atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo juntamente com a diminuição da atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial nos isquiotibiais. Na mesma fase, a atividade neuromuscular do glúteo médio, diminuiu nas últimas repetições do protocolo e a atividade neuromuscular da porção superior do glúteo máximo aumentou. Também foram observadas diferenças na atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e do glúteo médio entre os participantes que apresentaram maior e menor nível de fadiga. PALAVRAS CHAVE: ELETROMIOGRAFIA; FADIGA; GLÚTEO MÁXIMO; GLÚTEO MÉDIO; ISQUIOTIBIAIS; LESÃO.
XV
ABSTRACT Objective: to evaluate the neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings, the biceps femoris and the gluteus medius and maximus muscles (upper and lower portion) during intermittent running at maximum speed. As a secondary objective, the neuromuscular activity of participants with higher and lower levels of fatigue was compared. Methods: 20 individuals were selected to participate in this study. A wireless electromyography system (Noraxon, Direct Transmission System) was used to record neuromuscular activity, 2D kinematic analysis to identify the different phases of the gait cycle, as well as the Borg scale to verify the level of subjective effort of the participants. During a protocol, which consisted of 15 repetitions of running at maximum speed in a 25-meter course, the neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings, the biceps femoris, the gluteus medius and the upper and lower portions of gluteus maximus were evaluated in different phases of the running gait. The repeated measures analysis of variance was used to compare the neuromuscular activity between the different stages of the intermittent running protocol, as well as to compare the neuromuscular behavior among the participants who presented high and low fatigue level. Results: In the initial support phase, the neuromuscular activity of the lower portion of the gluteus maximus, the biceps femoris and the muscles in the medial compartment of the hamstrings decreased comparatively to the last repetition of the protocol (p < 0.001), while the gluteus medius neuromuscular activity increased (p <0.001). In the final support phase, the neuromuscular activity of the biceps femoris (p = 0.004) and muscles in the medial hamstring compartment decreased (p = 0.001) throughout the protocol. In the take-off phase, the neuromuscular activity of the lower gluteus maximus increased (p = 0.005). In the late swing phase, the neuromuscular activity of the upper gluteus maximus showed a significant increase between the first and last repetition (p < 0.001), in contrast to the neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings, which decreased (p < 0.001). In this phase, the lower portion of the gluteus maximus and the gluteus medius showed some significant decrease in the last 6 repetitions compared to the previous ones (p < 0.005), respectively. It was observed in the participants that presented high level of fatigue, a greater neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings and biceps femoris in the repetition 15 of the initial support phase and a greater activity of the gluteus medius in the repetitions 14 and 15 of the initial support phase and in the repetition 15 of the remaining phases comparatively to those with low level of fatigue. Conclusion: Throughout the fatigue protocol, it was observed that in the initial support phase, the neuromuscular activity of the lower portion of the gluteus maximus decreased while the gluteus medius neuromuscular activity increased. During the initial and final support phase, the neuromuscular activity of the biceps femoris was the first one to be altered. In these two phases, the neuromuscular
XVI
activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings was also identified. In the take-off phase, a higher neuromuscular activity was found in the lower portion of the gluteus maximus. It was also observed, in the late swing phase, a lower neuromuscular activity of the lower portion of the gluteus maximus together with a decrease in neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings. In the same phase, the gluteus medius neuromuscular activity decreased in the last repetitions of the protocol and the neuromuscular activity of the upper gluteus maximus increased. Significant differences were also observed in the neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings, biceps femoris and gluteus medius. KEY WORDS: ELETROMIOGRAPHY; FATIGUE; GLUTEUS MAXIMUS; GLUTEUS MEDIUS; HAMSTRINGS; INJURY.
XVII
LISTA DE ABREVIATURAS
N - número de participantes
DP - desvio padrão
IC95% - intervalo de confiança de 95%
MD - média da diferença
Glúteo máximo superior - porção superior do glúteo máximo
Glúteo máximo inferior - porção inferior do glúteo máximo
Isquiotibiais lateral - bíceps femoral
Isquiotibiais medial - músculos no compartimento medial dos isquiotibiais
ms - milissegundos
I – INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
21
1. INTRODUCAO
No futebol profissional as lesões musculares representam 31% do número
total de lesões, e 12% de todas as lesões musculares ocorrem nos músculos
isquiotibiais (Ekstrand et al., 2011). A maior parte das lesões nos músculos
isquiotibiais ocorrem durante a corrida à máxima velocidade ou perto da mesma
(Ekstrand et al., 2012), sem contacto com outro jogador (Ekstrand et al., 2011),
sendo que, 84% envolvem o bíceps femoral e apenas 12% e 4% incidem no
semitendinoso e semimebranoso, respetivamente (Ekstrand, Lee, et al., 2016). A
incidência das lesões dos músculos isquiotibiais é similar entre os membros
dominante e não dominante (Ekstrand, Walden, et al., 2016).
Os isquiotibiais são constituídos pelo bíceps femoral, semitendinoso e
semimembranoso e atuam na flexão e extensão do joelho e da anca (Ono et al.,
2011), bem como na rotação da tíbia (Onishi et al., 2002). Os músculos no
compartimento medial dos isquiotibiais atuam na rotação interna da tíbia e o bíceps
femoral atua na rotação externa da mesma (Onishi et al., 2002).
Muitos estudos têm sido realizados com o objetivo de entender o
comportamento dos músculos isquiotibiais durante a corrida à máxima velocidade
(Chumanov et al., 2007; Higashihara et al., 2015, 2016; Mann & Sprague, 1980;
Mann, 1981; Schache et al., 2012; Sun et al., 2015; Thelen, Chumanov, Best, et al.,
2005; Thelen, Chumanov, Hoerth, et al., 2005; Thelen et al., 2006; Yu et al., 2008).
No entanto, alguns desses estudos (Chumanov et al., 2007, 2011; Heiderscheit et
al., 2005; Thelen, Chumanov, Best, et al., 2005; Thelen, Chumanov, Hoerth, et al.,
2005; Thelen et al., 2006) foram realizados em passadeira. Porém, diferenças em
parâmetros biomecânicos (Frishberg, 1983; Nigg et al., 1995; Wank et al., 1998) e
metabólicos (Frishberg, 1983) entre a corrida no solo e na passadeira foram
previamente identificadas.
Recentemente, verificaram-se diferentes perfis de atividade eletromiográfica
entre os músculos no compartimento medial dos músculos isquiotibiais e o bíceps
femoral (Higashihara et al., 2015, 2016), e segundo Higashihara et al. (2016), o facto
INTRODUÇÃO
22
de o pico de ativação do bíceps femoral na fase final de balanço coincidir com o
pico de alongamento do mesmo poderá justificar a maior incidência de lesões dos
músculos isquiotibiais no bíceps femoral.
A fadiga tem-se mostrado relevante na ocorrência de lesões nos isquiotibiais
durante o jogo de futebol, visto que se tem verificado uma maior frequência deste
tipo de lesão no final de cada parte do jogo (Ekstrand et al., 2011; Woods, 2004).
Os níveis de força excêntrica dos músculos isquiotibiais diminuem depois de um
jogo de futebol (Greig & Siegler, 2009; Jones et al., 2015) e estão a associados à
redução da atividade neuromuscular do bíceps femoral (Timmins et al., 2014).
Corrida intermitente à máxima velocidade influencia a atividade neuromuscular dos
isquiotibiais (Pinniger et al., 2000). Os autores verificaram um aumento do tempo de
ativação dos músculos isquiotibiais e sugerem que isso serviu para compensar a
menor força gerada pelos respetivos músculos.
Os músculos glúteos parecem influenciar de maneira relevante a ocorrências
das lesões nos músculos isquiotibiais (Franettovich Smith et al., 2016; Schuermans
et al., 2017). O glúteo máximo é frequentemente dividido em porção superior e
inferior de acordo com a sua função (Fujisawa et al., 2014; Lyons et al., 1983;
Selkowitz et al., 2016). Durante a corrida à máxima velocidade, o glúteo máximo
apresenta o pico de ativação na fase de contacto com o pé no solo (Jonhagen et
al., 1996) e a sua porção superior exibe maior ativação neuromuscular que a porção
inferior durante a corrida a baixa velocidade (Stern et al., 1980). Assim como com o
glúteo máximo, o glúteo médio apresenta o seu pico de ativação no contacto com o
pé no solo (Semciw et al., 2016). Até ao presente, não existem estudos que
verifiquem a ativação neuromuscular destes músculos em fadiga durante a corrida
intermitente à máxima velocidade. No entanto, especula-se que a ativação
neuromuscular diminua em estado de fadiga (Girard et al., 2008; Mendez-
Villanueva et al., 2008) e que essa alteração esteja relacionada com a diminuição
na taxa de disparo das unidades motoras e/ou uma diminuição do número de
recrutamento das mesmas (Farina et al., 2004).
INTRODUÇÃO
23
Compreender o comportamento da atividade neuromuscular dos músculos
no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral, do glúteo máximo e
glúteo médio durante um protocolo de corrida intermitente à máxima velocidade
permite a identificação de alterações específicas na ativação neuromuscular destes
músculos, assim como possíveis mecanismos de compensação neuromuscular. É
plausível aceitar que tais alterações poderão contribuir para o processo de lesão. O
conhecimento de tais mecanismos é relevante, principalmente em desportos de
esforço intermitente como o futebol, para o desenvolvimento de protocolos
específicos de prevenção das lesões nos isquiotibiais.
O objetivo principal deste estudo é avaliar o comportamento neuromuscular
dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos
músculos glúteo médio e máximo durante a corrida intermitente à máxima
velocidade. Também se verificou se existem diferenças no padrão de ativação
muscular entre participantes que apresentaram maior e menor nível de fadiga ao
final do protocolo.
II – REVISÃO DE LITERATURA
REVISÃO DE LITERATURA
27
2. REVISAO DE LITERATURA
2.1 Epidemiologia
No futebol a lesão muscular é um dos maiores problemas para qualquer
equipa (Ekstrand et al., 2011). Em equipas europeias profissionais esse tipo de
lesão representa 31% no número total de lesões (Ekstrand et al., 2011). O subtipo
de lesão mais comum é a lesão nos músculos isquiotibiais, representando 12% de
todas as lesões e ocorrendo a maior parte das vezes sem qualquer contacto com
outro jogador (Ekstrand et al., 2011) durante a corrida à máxima velocidade
(Ekstrand et al., 2012). Uma equipa de elite constituída por 25 jogadores poderá
sofrer 5 a 6 lesões no isquiotibiais por época e, aproximadamente, 14 dias serão
perdidos para a recuperação de cada atleta (Ekstrand et al., 2011).
No futebol, 84% das lesões nos músculos isquiotibiais incidem no bíceps
femoral e 12% e 4% envolvem o semimembranoso e o semitendinoso,
respetivamente (Ekstrand, Lee, et al., 2016). Além disso, 70% desse tipo de lesões
ocorrem durante a corrida à máxima velocidade ou perto da mesma (Ekstrand et al.,
2012). Alguns estudos descrevem o local exato onde a lesão ocorre com mais
frequência como sendo na junção miotendinosa (Tidball et al., 1993) da região
proximal do bíceps femoral(Brandser et al., 1995; De Smet & Best, 2000; Garrett et
al., 1989). E parecem não existir diferenças na incidência deste tipo de lesão entre
os dois membros inferiores (Ekstrand, Walden, et al., 2016).
Ekstrand et al. (2011) verificou uma maior incidência desta lesão no final de
cada parte do jogo, assim como Woods (2004), chamando os leitores à atenção
para o papel da fadiga na ocorrência desta lesão. Bengtsson et al. (2013) investigou
o efeito do número de dias entre jogos nos resultados e no número de lesões, e
verificando uma associação somente em relação ao número de lesões,
principalmente nas lesões do quadríceps e isquiotibiais. A carga física e mental
REVISÃO DE LITERATURA
28
imposta aos jogadores, principalmente aqueles com menos de 5 dias de intervalo
entre jogos, poderá expor os jogadores à lesão (Bengtsson et al., 2013).
Ekstrand, Walden, et al. (2016) acompanharam 36 clubes de 12 países
europeus entre 2001 e 2014 com o objetivo de analisar a frequência de lesões dos
isquiotibiais e avaliar a contribuição do treino e do jogo nessas mesmas lesões. Os
autores concluíram que as lesões dos isquiotibiais aumentaram 4% por ano,
mantendo-se estável o número de lesões ocorridas durante o jogo e aumentando o
número de lesões ocorridas em treino. Este aumento do número de lesões pode ser
explicado pelo facto de grande parte das equipas não criar medidas preventivas
para as lesões nos músculos isquiotibiais (Bahr et al., 2015) aliado a um maior
número de ações que replicam a natureza do jogo executadas a alta intensidade
durante o treino (Ekstrand, Walden, et al., 2016). O Nordic Hamstring Exercise é um
exercício capaz de reduzir em 65% e 80% a incidência e recorrência,
respetivamente, das lesões nos isquiotibiais em equipas de futebol (Petersen et al.,
2011). Submeter os atletas a corridas à máxima velocidade ou perto da mesma
reduz o número de lesões nos membros inferiores (Malone et al., 2017), no entanto
se a carga não for controlada e os atletas forem sujeitos a aumentos repentinos da
mesma, o número de lesões nos músculos isquiotibiais poderá aumentar (Duhig et
al., 2016).
É conhecido que um maior número de lesões numa equipa de futebol
contribui para uma diminuição da performance (Hagglund et al., 2013), além do
mais, quando um jogador da equipa principal se lesiona durante um mês, cerca de
500 000 Euros são gastos (Ekstrand, 2013) na sua recuperação. Sendo assim, é
necessário que se entenda melhor os mecanismos deste tipo de lesão de maneira
a elaborar programas de prevenção e recuperação com o objetivo de reduzir o
número de lesões e melhorar o processo de recuperação dos atletas.
REVISÃO DE LITERATURA
29
2.2 Músculos Isquiotibiais
Os isquiotibiais são constituídos por quatro músculos localizados na parte
posterior da coxa: (1) semimembranoso, (2) semitendinoso, (3) cabeça longa do
bíceps femoral e (4) cabeça curta do bíceps femoral. Estes músculos atuam na
extensão da anca e na flexão do joelho (Ono et al., 2011), bem como na rotação da
tíbia (Lynn & Costigan, 2009). Sendo assim, estes músculos são classificados em
parte medial (semimembranoso e semitendinoso), atuando assim na rotação interna
da tíbia; e em parte lateral (cabeça longa e cabeça curta do bíceps femoral), atuando
na rotação externa da tíbia (Onishi et al., 2002). Além disso, são divididos em
músculos biarticulares (semimembranoso, semitendinoso e cabeça longa do bíceps
femoral) e em músculo monoarticular (cabeça curta do bíceps femoral) dependendo
do número de articulações em que eles atuam (Onishi et al., 2002).
O semimembranoso, o semitendinoso e a cabeça longa do bíceps femoral
têm a sua origem proximal na tuberosidade isquiática, onde a cabeça longa do
bíceps femoral e o semitendinoso partilham o mesmo tendão (Miller et al., 2007;
Miller & Webb, 2008). Num estudo recente, Neuschwander et al. (2015) verificou
que o semimembranoso também partilha o mesmo tendão em conjunto com a
cabeça longa do bíceps femoral e o semitendinoso. Woods (2004) sugere que o
músculo bíceps femoral tem uma função triarticular por ter origem na parte inferior
do ligamento sacrotuberal (Jonhagen et al., 1994; Vleeming et al., 1995), estando
mais sujeito a lesão. O semitendinoso está inserido na parte medial ântero-superior
da tíbia (Pagnani et al., 1993) enquanto que o semimembranoso se insere na parte
medial póstero-superior da mesma (Agur & Dalley, 2008; Drake et al., 2010). Alguns
estudos já identificaram outras inserções deste último (De Maeseneer et al., 2014).
A cabeça curta do bíceps femoral surge do bordo lateral da linha áspera da linha
supracondilar do fémur e do septo intermuscular lateral (Woodburne & Burkel, 1994)
inserindo-se juntamente com a cabeça longa na parte proximal da tíbia (Last &
McMinn, 1994), embora outros pontos de inserção já tenham sido referidos na
literatura (Tubbs et al., 2006). Segundo Woods (2004) o facto deste se inserir na
REVISÃO DE LITERATURA
30
cabeça da fíbula também poderá ser um fator que predispõe este músculo a lesão
se uma anterior lesão no joelho ou no tornozelo resultar numa alteração da
articulação tibiofibular superior.
Cada um dos músculos dos isquiotibiais é morfologicamente e
funcionalmente diferente (Kellis et al., 2012; Woodley & Mercer, 2005). O músculo
semitendinoso é constituído por fibras que estão orientadas paralelamente à linha
de força, o que demonstra um maior potencial para contrair em longas distâncias
(Kellis et al., 2012; Makihara et al., 2006) e portanto, maior ativação em ângulos de
flexão do joelho mais profundos (Makihara et al., 2006; Onishi et al., 2002). Woodley
& Mercer (2005) observaram que o semitendinoso tem duas regiões distintas (região
superior e região inferior) de fascículos musculares com o mesmo comprimento e
em série, separadas por uma inscrição tendinosa no ventre muscular. Cada uma
das regiões é inervada por um nervo periférico diferente (Woodley & Mercer, 2005).
Kubota et al. (2007) e Ono et al. (2010a) verificaram que o músculo semitendinoso
é preferencialmente recrutado em exercício excêntrico intenso de flexão de joelho
devido às suas propriedades morfológicas ao lidar de forma eficaz com o
estiramento durante a contração. Baczkowski et al. (2006) constataram que o
semitendinoso também era preferencialmente recrutado durante o remate em
jogadores de futebol australiano.
Por outro lado, o semimembranoso e a cabeça longa do bíceps femoral são
constituídos por fibras oblíquas à linha de força, sendo os músculos dos isquiotibiais
com maior área de secção transversal (Kellis et al., 2012; Woodley & Mercer, 2005).
Ono et al. (2011) observou que estes músculos são preferencialmente recrutados
comparativamente ao semitendinoso durante a extensão da anca, visto que estes
movimentos exigem maior torque. A cabeça curta do bíceps femoral é o músculo
com menor comprimento e área de secção transversal, apesar disso contém
fascículos longos (Kellis et al., 2012; Woodley & Mercer, 2005).
Garrett et al. (1984) descreveu a composição do tipo de fibra dos músculos
isquiotibiais como sendo constituída maiotariamente por fibras do tipo II, e propôs
que por essa razão este grupo muscular estará mais sujeito a lesão. Recentemente,
REVISÃO DE LITERATURA
31
Evangelidis et al. (2016), através de métodos mais atualizados, verificou que os
músculos isquiotibiais apresentam uma percentagem equilibrada dos vários tipos
de fibra, e sendo assim, a composição das fibras dos músculos isquiotibiais não
explicam a grande incidência de lesões neste grupo muscular.
2.3 Músculos Glúteos
O glúteo máximo é um extensor primário da anca (Williams et al., 1995),
rotador externo (Delp et al., 1999), e contribui também para a abdução da anca
(Williams et al., 1995). Este músculo insere-se proximalmente na fáscia do glúteo
médio, do ilío, da fáscia toracolombar, da aponeurose dos eretores da espinha, dos
ligamentos da articulação sacroilíaca, do ligamento sacrotuberal, do sacro e do
cóccix (Barker et al., 2014). Distalmente, este músculo insere-se na banda iliotibial
e na tuberosidade glútea (Barker et al., 2014; Stecco et al., 2013). Visto que grande
parte das fibras musculares do glúteo máximo atravessam perpendicularmente a
articulação sacroilíaca, uma contração do glúteo máximo produz forças de
compressão nesta articulação (Barker et al., 2014). As inserções proximais e distais
do glúteo máximo permitem que exista uma transferência de forças entre a coluna
vertebral, pélvis e joelho (Stecco et al., 2013).
Vários estudos dividem o glúteo máximo em porção superior e inferior de
acordo com a sua função (Fujisawa et al., 2014; Lyons et al., 1983; Selkowitz et al.,
2016). Ambas as porções do glúteo máximo contribuem igualmente para a extensão
da anca, enquanto que a porção superior contribui mais para a abdução e rotação
externa da anca, comparativamente a porção inferior (Selkowitz et al., 2016). No
entanto, em ângulos elevados de flexão da anca as fibras superiores do glúteo
máximo tornam-se rotadores internos da anca (Delp et al., 1999).
O glúteo máximo é o músculo com maior área de secção transversal dos
membros inferiores (Ito, 1996; Ward et al., 2009) e contém fascículos longos e
oblíquos à linha de força (Barker et al., 2014; Ward et al., 2009).Atualmente existem
REVISÃO DE LITERATURA
32
2 estudos que estudam o tipo de fibra muscular do glúteo máximo (Johnson et al.,
1973; Sirca & Susec-Michieli, 1980). Os resultados demonstram um equilíbrio entre
o número de fibras do tipo I e do tipo II.
O glúteo médio é um músculo abdutor primário da anca (Clark & Haynor,
1987), e que, dependendo de sua porção, contribui também para a rotação externa,
rotação interna e extensão da anca (Neumann, 2010). Este músculo surge da
superfície externa do ilíaco entre a linha glútea anterior e posterior (Al-Hayani, 2009;
Moore & Dalley, 1999; Standring et al., 2008), além desta, a aponeurose glútea (Al-
Hayani, 2009; Standring et al., 2008) e a crista ilíaca (Basarir et al., 2008; Nork et
al., 2005; Zhang et al., 2008) são origens também já referidas na literatura.
Distalmente insere-se no grande trocânter mas com muita controvérsia acerca do
local exato da inserção (Flack et al., 2012). Numa revisão de literatura realizada por
Flack et al. (2012) foi descrito que não existe consenso quanto ao número de
inserções distais deste músculo.
Frequentemente o glúteo médio é dividido em 3 regiões: anterior, média e
posterior (Clark & Haynor, 1987; Dostal et al., 1986; Soderberg & Dostal, 1978). A
partir da posição anatómica, além da contribuição de todas as fibras para a abdução
da anca, as fibras anteriores contribuem para a rotação interna e as fibras
posteriores contribuem para a rotação externa e extensão (Neumann, 2010). No
entanto, em ângulos elevados de flexão da anca, as fibras posteriores do glúteo
médio tornam-se rotadores internos da anca (Delp et al., 1999).
As regiões anterior e média do glúteo médio contêm fibras orientadas na
vertical enquanto que as fibras posteriores estão orientadas na horizontal (Al-
Hayani, 2009; Flack et al., 2014). No entanto não existem diferenças no
comprimento dos fascículos entre as diferentes regiões (Flack et al., 2014). O glúteo
médio corresponde a 5,9% do peso total dos membros inferiores, cerca de metade
do peso do glúteo máximo (Ito, 1996), e é o músculo com maior área de secção
transversal entre os músculos abdutores primários (Flack et al., 2014).
REVISÃO DE LITERATURA
33
2.4 Fisiopatologia das lesões nos isquiotibiais
Os jogadores de futebol passam a maior parte do tempo a correr a baixas
velocidades (Osgnach et al., 2010), no entanto a ação mais frequente antes do golo
é a corrida à máxima velocidade sem oposição e sem a posse da bola (Faude et al.,
2012). Além disso, como referido anteriormente, 70% das lesões nos músculos
isquiotibiais ocorrem durante a corrida à máxima velocidade ou perto da mesma
(Ekstrand et al., 2012). Por estas razões, é importante entender o comportamento
dos músculos isquiotibiais durante a corrida à máxima velocidade se queremos uma
menor incidência deste tipo de lesão e uma recuperação o mais eficiente e eficaz
possível.
Segundo Jonhagen et al. (1996) e Yu et al. (2008) os músculos isquiotibiais
estão ativos durante toda a fase do ciclo da passada com dois picos de atividade;
(1) um na fase final de balanço e (2) outro na fase inicial de contacto com o pé no
solo. Higashihara et al. (2015) verificaram diferentes perfis de atividade
electromiográfica entre os músculos isquiotibiais, sendo que, (1) os músculos no
compartimento medial dos isquiotibiais apresentam um pico de ativação na fase
final do contacto com o pé no solo e outro na fase de balanço no momento de flexão
da anca e que o joelho começa a transição de uma ação de flexão para uma de
extensão, e (2) o bíceps femoral apresenta um pico de ativação imediatamente
antes e outro imediatamente após o contacto com o pé no solo.
Muitos estudos têm sido conduzidos com o objetivo de entender os
mecanismos de lesão dos músculos isquiotibiais durante a corrida. Inicialmente,
Mann & Sprague (1980) e Mann (1981) sugeriram que os isquiotibiais se encontram
em risco de lesão durante a fase inicial de apoio, ao demonstrar que o máximo
instante de flexão e extensão do joelho e da anca, respetivamente, ocorre nesta
fase da corrida à máxima velocidade. Yu et al. (2008) demonstrou que os
isquiotibiais contraem excentricamente na fase final de apoio durante a corrida
assim como na fase final de balanço, sugerindo que nestas fases o atleta poderá
sofrer uma rotura neste grupo muscular. Outros estudos (Chumanov et al., 2007,
REVISÃO DE LITERATURA
34
2011; Heiderscheit et al., 2005; Higashihara et al., 2016; Schache et al., 2012;
Thelen, Chumanov, Best, et al., 2005; Thelen, Chumanov, Hoerth, et al., 2005;
Thelen et al., 2006) sugerem que os isquiotibiais estão mais propícios a sofrer lesão
na fase final de balanço da corrida, antes do contacto inicial do pé no solo, visto que
só nessa altura ocorre uma contração excêntrica deste grupo muscular para
desacelerar a perna enquanto o joelho estende.
Recentemente, Sun et al. (2015) analisou o momento articular na anca, no
joelho e no tornozelo durante a corrida à máxima velocidade. Na fase final de
balanço, a inércia da perna causou a flexão da anca e extensão do joelho ao mesmo
tempo e, para contrariar esse movimento, os isquiotibiais contraiam, dando início à
extensão da anca e flexão do joelho. Nesta altura os músculos isquiotibiais estavam
sujeitos a cargas cerca de 10 vezes o peso corporal. O maior contribuidor para estes
elevados momentos articulares foi a aceleração angular da perna. Na fase inicial de
contacto com o pé no solo, a força de reação do solo passava anteriormente à anca
e ao joelho gerando, um momento externo de flexão da anca, e um momento
externo de extensão do joelho. A carga exercida nos músculos isquiotibiais
correspondia a pelo menos 8 vezes o peso corporal. Deste modo, os autores
concluíram que as lesões dos músculos isquiotibiais ocorrem na fase final de
balanço e no contacto inicial com o pé no solo apesar de pouca informação existir
sobre os mecanismos de lesão dos músculos isquiotibiais neste estudo. Além do
mais, as roturas musculares ocorrem durante contrações excêntricas (Garrett,
1996). O máximo alongamento do complexo músculo-tendão dos músculos
isquiotibiais acontece na fase final de balanço (Higashihara et al., 2016; Thelen,
Chumanov, Best, et al., 2005) e coincide com o pico de ativação do bíceps femoral.
No semitendinoso, o pico de alongamento ocorre mais tarde que o pico de ativação
neuromuscular no ciclo da passada na corrida à máxima velocidade (Higashihara et
al., 2016).
Revendo a literatura neste tópico parece existir pouca evidência que mostre
que uma lesão nos músculos isquiotibiais possa ocorrer durante a fase inicial do
REVISÃO DE LITERATURA
35
contacto com o pé no solo. A fase final de balanço durante a corrida à máxima
velocidade parece ser onde ocorrem as lesões nos músculos isquiotibiais.
2.5 Fadiga
A fadiga parece ser um fator relevante na ocorrência das lesões nos
músculos isquiotibiais. Por exemplo, é no fim de cada parte de um jogo de futebol
onde se observa uma maior frequência deste tipo de lesão (Ekstrand et al., 2011;
Woods, 2004) e níveis de força excêntrica dos músculos isquiotibiais são inferiores
aos níveis de força antes do jogo (Greig & Siegler, 2009; Jones et al., 2015). A
consequência desta perda de força é a menor capacidade dos músculos
isquiotibiais em desacelerar a perna na fase final de balanço durante a corrida
(Jones et al., 2015). Timmins et al. (2014) demonstrou uma redução da atividade
neuromuscular do bíceps femoral na fase excêntrica de flexão do joelho realizada
em um dinamômetro isocinético após a realização de um protocolo de corrida
intermitente à máxima velocidade, enquanto que no compartimento medial dos
isquiotibiais não houveram diferenças significativas pré e pós fadiga. Uma
diminuição mais acentuada da força excêntrica dos flexores do joelho foi associada
à redução da atividade neuromuscular do bíceps femoral (Timmins et al., 2014).
O efeito da fadiga na cinemática da corrida causada por esforços dinâmicos
repetidos foi analisada em dois estudos (Pinniger et al., 2000; Small et al., 2009)
com resultados contraditórios, possivelmente por terem sido utilizados diferentes
protocolos. O protocolo criado por Pinniger et al. (2000) foi fisicamente mais
exigente do que aquele utilizado por Small et al. (2009).
Pinniger et al. (2000) verificou uma diminuição da flexão da anca e do joelho
durante a fase de balanço na altura de maior extensão do joelho. Segundo os
autores, o aumento da extensão do joelho terá ocorrido devido a uma menor
capacidade dos músculos isquiotibiais para controlarem o movimento de rotação da
perna. A menor flexão da anca pode ter ocorrido devido ao fim antecipado da
REVISÃO DE LITERATURA
36
ativação neuromuscular do reto femoral e a uma ativação neuromuscular
antecipada do semitendinoso e do bíceps femoral, visto que estes são músculos
que controlam o movimento da coxa em relação à anca (Pinniger et al., 2000). Além
disso, os autores sugerem que o início antecipado e aumento do tempo de atividade
neuromuscular do semitendinoso e do bíceps femoral será uma estratégia para
compensar a perda na capacidade para gerar força dos músculos isquiotibiais
(Pinniger et al., 2000). Se a capacidade de um músculo para absorver energia é
negativamente afetada pela perda da capacidade de gerar força (Garrett, 1990),
então, a taxa de absorção de energia pelos músculos isquiotibiais aumentará se
uma ativação neuromuscular destes músculos não ocorrer (Pinniger et al., 2000).
Small et al. (2009) observou uma redução na flexão da anca e no ângulo de
extensão do joelho, ou seja, com a instalação da fadiga houve uma diminuição do
comprimento do complexo músculo-tendão dos músculos isquiotibiais. Esta
diminuição aliada a uma maior velocidade angular da perna, que também não vai
de encontro ao resultado do estudo de Pinniger et al. (2000), poderá resultar num
“efeito de chicote” na perna (Tupa, 1995), gerando uma maior tensão no complexo
músculo-tendão aumentando o risco de lesão (Small et al., 2009). Além disso, ainda
se soma a tensão provocada pelo aumento da anteversão pélvica em condição de
fadiga (Small et al., 2009). A maior inclinação do tronco e anteversão pélvica
poderão aumentar o risco de lesão nos isquiotibiais devido ao consequente aumento
de comprimento dos mesmos (Hoskins & Pollard, 2005).
Em ambos os estudos se verificou uma diminuição do comprimento da
passada mas a explicação para este fenómeno foi diferente. Pinniger et al. (2000)
justificou o ocorrido com o aumento do tempo na fase de balanço. Uma maior
extensão da anca na fase final de contacto com o pé no solo exige que a perna
percorra uma maior distância até ao contacto com o pé no solo (Pinniger et al.,
2000). Small et al. (2009) atribuiu o menor comprimento da passada à menor flexão
e extensão da anca e do joelho, respetivamente.
REVISÃO DE LITERATURA
37
A relação entre a fadiga na corrida à máxima velocidade e as lesões nos
músculos isquiotibiais ainda não é bem compreendida, portanto este tópico requer
mais investigação no futuro.
2.6 Influência do glúteo máximo e médio na incidência de lesões nos
músculos isquiotibiais
O glúteo máximo tem como principais funções controlar a flexão do tronco do
membro que se encontra em contacto com o solo e desacelerar o movimento do
membro inferior contralateral durante a corrida (Lieberman et al., 2006). Na fase de
contacto com o pé no solo, onde o glúteo máximo controla a flexão do tronco,
promove a extensão da anca (Lieberman et al., 2006) e contribui para o suporte
vertival durante a corrida (Hamner et al., 2010), verifica-se o seu pico de ativação
neuromuscular (Bartlett et al., 2014). Além disso, a porção superior do glúteo
máximo apresenta maior ativação neuromuscular que a porção inferior durante a
corrida a baixa velocidade (Stern et al., 1980). Previamente foi sugerido que a
porção superior do glúteo máximo contribui mais que a porção inferior para a
abdução da anca durante a corrida (Lyons et al., 1983; Stern et al., 1980) e a porção
inferior do glúteo máximo controla a inclinação do tronco (Bartlett et al., 2014).
O glúteo médio, durante a corrida, tem como função principal assistir na
absorção da força de reação do solo (Hamner et al., 2010; Lenhart et al., 2014). A
força de pico deste músculo ocorre na fase inicial de contacto com o pé no solo
(Lenhart et al., 2014), contribuindo, pela metade, para o suporte vertical juntamente
com o glúteo máximo e o adutor magno (Hamner et al., 2010). Devido à sua
morfologia, o glúteo médio, é capaz de gerar torques de abdução elevados para
manter o equilíbrio entre o fémur e a pélvis no plano frontal (Dostal et al., 1986;
Flack et al., 2014).
A atividade eletromiografica do glúteo médio aumenta progressivamente
desde o instante em que o pé perde contacto com o solo até a fase inicial de
REVISÃO DE LITERATURA
38
contacto com o pé no solo, onde apresenta o seu pico de ativação (Semciw et al.,
2016). Apenas um estudo apresentou um padrão bifásico de ativação do glúteo
médio, com um segundo pico de ativação na fase final de contacto com o pé no solo
(Gazendam & Hof, 2007).
Os músculos glúteo máximo e médio permitem que exista uma transferência
de forças entre os membros inferiores e o tronco (Lieberman et al., 2006; Semciw
et al., 2013). A alteração da atividade neuromuscular dos mesmos está associada
ao aparecimento de várias lesões nos membros inferiores (Azevedo et al., 2009;
Barton et al., 2013; Franettovich et al., 2010; Franettovich Smith et al., 2016;
Franettovich Smith et al., 2014; Hall et al., 2015; Morrissey et al., 2012; Schuermans
et al., 2017; Sims et al., 2002).
Sugiura et al. (2008) verificou que baixos níveis de força dos músculos
extensores da anca estavam associados a uma maior probabilidade de incidência
de lesões nos músculos isquiotibiais, porém, os autores não identificaram se essa
perda de força era consequência de algum músculo individual dos músculos
extensores da anca.
Franettovich Smith et al. (2016) investigou em 26 atletas da liga profissional
de futebol australiano a influência do tamanho e ativação do glúteo médio na
incidência de lesão nos músculos isquiotibiais. Os autores observaram que as
lesões nos músculos isquiotibiais ocorriam nos jogadores com maior ativação
neuromuscular do glúteo médio durante a corrida.
Recentemente, foi identificada uma associação entre a ocorrência de lesões
nos músculos isquiotibiais e o nível de atividade neuromuscular do glúteo máximo
em atletas amadores de futebol (Schuermans et al., 2017). Os autores deste estudo
identificaram previamente à ocorrência de lesão uma menor ativação
neuromuscular do glúteo máximo e da musculatura do tronco durante a fase anterior
e posterior de balanço, respetivamente.
Estes estudos mostram-nos a importância de entender o papel dos glúteos
máximo e médio durante a corrida na incidência de lesões nos músculos
isquiotibiais.
III - OBJETIVOS E HIPÓTESES
OBJETIVOS E HIPÓTESES
41
3. OBJETIVOS E HIPOTESES
3.1 Objetivos
- Avaliar o comportamento neuromuscular dos músculos no compartimento medial
dos isquiotibiais, do bíceps femoral, do músculo glúteo médio e da porção superior
e inferior do glúteo máximo durante a corrida intermitente à máxima velocidade;
- Comparar ativação neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos
isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e máximo durante a
corrida intermitente à máxima velocidade entre participantes com maior e menor
nível de fadiga.
3.2 Hipóteses
- Diminuição da atividade neuromuscular, em todos os músculos, ao longo do
protocolo e em todas as fases do ciclo da passada;
- Maior atividade neuromuscular, em todos os músculos e fases do ciclo da passada,
no grupo de participantes que apresenta maior nível de fadiga.
IV - MÉTODOS
MÉTODOS
45
4. MÉTODOS
4.1 Participantes
Para este estudo foram selecionados indivíduos do sexo masculino (Tabela
1) que praticavam modalidades desportivas que envolviam corrida. Foi considerada
atividade recreacional a prática dessas modalidades, pelo menos, uma vez por
semana com duração mínima de 60 minutos e prática regular à, no mínimo, 3
meses. Participantes com histórico de lesões nos isquiotibiais, ou que sofreram
lesão na região lombar ou nos membros inferiores durante o último ano, ou com
qualquer disfunção que não permita a prática de corrida sem qualquer restrição não
participaram no estudo. Todos os participantes só participaram após aprovação do
Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Identificação do projeto:
CAAE 62609516.1.0000.0118; Número do Parecer: 2.144.992) e depois de
assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Tabela 1. Caracterização geral dos participantes.
Média (N=20) Desvio Padrão (N=20)
Idade (anos)
25,90 4,78
Massa (Kg)
78,69 14,01
Estatura (metros) 1,74 0,06 Frequência semanal do treino (dias)
2,75 1,68
Duração do treino (minutos)
65,25
31,72
Legenda: N= número de participantes.
MÉTODOS
46
4.2 Instrumentos
A análise eletromiográfica de superfície dos músculos no compartimento
medial dos isquiotibiais e do bíceps femoral e dos músculos glúteos foi realizada
através de um sistema Wireless de EMG, Noraxon Direct Transmission System
(DTS) a uma frequência de amostragem de 1500 Hz. O MyoMuscle foi o software
de eletromiografia utilizado para aquisição, processamento e análise dos dados.
Uma câmara Casio registrando imagens a uma frequência de amostragem de 210
Hz foi utilizada para identificar as diferentes fases do ciclo da corrida. Foi utilizado
um dispositivo de sincronização Noraxon Myosync para a sincronização do vídeo
com o sinal eletromiográfico. As imagens foram analisadas no software kinovea -
0.8.25. A escala de Borg de 10 pontos (Category Ratio Scale – CR 10) foi aplicada
para classificar o esforço subjetivo dos sujeitos.
4.3 Protocolo Experimental
Inicialmente foram feitas as medidas antropométricas (peso e altura) dos
sujeitos e apontou-se a sua idade.
Inicialmente, os procedimentos necessários para a análise eletromiográfica
foram realizados. Após a depilação com uma lâmina descartável e com algodão
embebido em álcool, os elétrodos foram colocados acima dos músculos pretendidos
depois da sua palpação durante uma contração isométrica. Durante este
procedimento os participantes foram posicionados em decúbito ventral ou em
decúbito lateral esquerdo em uma marqueza. Foram utilizados elétrodos bipolares
Ag/AgCl colocados a uma distância de 20mm entre si. Para o bíceps femoral, os
elétrodos foram posicionados sobre o ponto médio de uma linha traçada entre a
tuberosidade isquiática e o epicôndilo lateral do fémur (Hermens et al., 1999). Para
os músculos do compartimento medial, os elétrodos foram posicionados no ponto
médio da linha que liga a tuberosidade isquiática e o epicôndilo medial do fémur
MÉTODOS
47
(Hermens et al., 1999). Os eletrodos referentes as fibras superiores do glúteo
máximo foram colocadas em uma largura de dois dedos acima do ponto médio de
uma linha traçada entre a espinha ilíaca póstero-superior e o trocânter (Fujisawa et
al., 2014). Os eletrodos referentes as fibras inferiores do glúteo máximo foram
colocados abaixo do ponto médio da mesma linha. Já os eletrodos referentes ao
glúteo médio foram colocados no ponto médio da linha entre a crista ilíaca e o
trocânter (Fujisawa et al., 2014). Para o glúteo médio, os elétrodos foram
posicionados no ponto médio da linha entre a crista ilíaca e o trocanter (Fujisawa et
al., 2014).
A normalização do sinal eletromiográfico foi feita pelo valor máximo da
atividade eletromiográfica durante uma contração isométrica voluntária máxima
(CVM) dos respetivos músculos sendo avaliados. Para os isquiotibiais, os
participantes foram colocados em posição decúbito ventral em cima de uma
marquesa, e realizaram uma contração isométrica máxima, resistindo à força
exercida pela mão do investigador imediatamente acima do calcâneo (Konrad,
2005). Para a avaliação do glúteo máximo (ambas as porções), o participante foi
posicionado em decúbito ventral, com flexão de 90 graus de joelho, e realizou a
extensão da anca (Contreras et al., 2015). Para a avaliação do glúteo médio, o
paciente foi posicionado em decúbito lateral, com extensão de joelho e anca neutra,
e realizou uma abdução de quadril (Bernard et al., 2017). A CVM foi realizada duas
vezes em cada posição, mantendo a contração por 5 segundos contra uma
resistência manual. Antes da realização da CVM válida para cada posição foi feito
um aquecimento constituído por duas repetições a 60% e 80% da CVM do mesmo
movimento.
Após os testes de CVM, os sujeitos realizaram um aquecimento dividido em
duas partes. Na primeira parte, os sujeitos correram lentamente durante 140 metros.
Na segunda parte, os mesmos realizaram 3 repetições de 25 metros a 60%, 80% e
100% da sua velocidade máxima, respetivamente. Caso os sujeitos ainda não se
sentissem em condições de realizar a última repetição a 100% da sua velocidade
MÉTODOS
48
máxima, era adicionada uma repetição a 80% da sua velocidade máxima. Após
cada repetição foram dados 10 metros para a desaceleração, seguido de uma
caminhada até à linha de partida. Os sujeitos realizaram a repetição seguinte
quando se sentiam prontos.
Em seguida, os sujeitos começaram com o protocolo que consistia em 15
repetições de 25 metros de corrida à máxima velocidade (Figura 1). Após chegar à
marca dos 25 metros, foram dados aos sujeitos 10 metros para desacelerar e a
partir daí era dado 1 minuto de descanso até à próxima repetição. Entretanto os
sujeitos caminhavam até à linha de partida. No fim de cada repetição foi utilizada a
escala de Borg de dez pontos de maneira a classificar a perceção subjetiva de
esforço dos sujeitos.
Em cada repetição, os sujeitos foram filmados por uma câmara Casio de 210
Hz, colocada na metade do percurso, de maneira a que se pudessem identificar as
fases do ciclo da passada. Para realizar a sincronização, o Noraxon MyoSync imitia
uma luz capturada pela câmara e pelo software MyoMuscle cada vez que o sujeito
passava a marca dos 10 e 25 metros.
Figura 1. Percurso do protocolo experimental.
MÉTODOS
49
4.4 Análise de dados
Cada coleta consistia na análise do ciclo da passada da perna dominante,
durante a corrida à máxima velocidade. O ciclo da passada foi definido como o
tempo decorrido desde o primeiro contacto com o pé da perna dominante no solo
até ao seguinte contacto do mesmo pé com o solo e foi selecionada para as análises
o ciclo central do percurso. Este foi dividido em 5 fases: (i) fase de apoio inicial,
começa com o início do contacto com o pé da perna analisada no solo e termina na
metade do tempo que leva desse evento até ao momento que esse mesmo pé perde
contacto com o solo; (ii) fase de apoio final, começa no fim da fase de apoio inicial
e termina quando o pé da perna analisada perde contacto com o solo; (iii) fase de
decolagem, começa 50 ms antes e termina 50 ms após a perda de contacto do pé
com o solo; (iv) fase de balanço inicial, começa quando o pé da perna analisada
perde contacto com o solo e termina com perda de contacto do pé contra lateral
com o solo; (v) fase de balanço final, começa com a perda de contacto do pé contra
lateral com o solo e termina no contacto do pé da perna analisada com o solo.
Em cada repetição do protocolo, os dados eletromiográficos referentes ao
ciclo central do percurso foram registrados para posterior análise.
Considerarou-se para o sinal eletromiográfico:
Filtro passa-banda de 10-500 Hz;
O valor quadrático médio (RMS) com janelamento de 50ms.
Antes de cada repetição foi utilizada uma escala de esforço (escala de Borg
de dez pontos) de maneira a classificar a perceção subjetiva de esforço dos atletas.
O programa usado para a análise dos dados eletromiográficos foi o software
myoMUSCLE. A média do sinal eletromiográfico normalizado foi calculada em cada
repetição para cada fase do ciclo da corrida.
Os participantes foram, posteriormente, divididos em 2 grupos (Tabela 3): os
que apresentaram valores superiores a 5 (maior nível de fadiga) e os que
apresentaram valores inferiores a 5 na escala de Borg (menor nível de fadiga) antes
MÉTODOS
50
do início da última repetição do protocolo. Os participantes que apresentaram
valores iguais a 5 não foram inclídos para esssas análises.
A atividade neuromuscular foi categorizada em diferentes níveis: baixa, entre
0–20% da CVM; moderada entre 21–40% CVM; alta entre 41–60% da CVM; e muito
alta, acima de 60% CVM (Escamilla et al. (2010).
Parâmetros de desfecho:
Média do sinal eletromiográfico, expressa em percentual da contração
voluntária máxima (%CVM)
Resultado do questionário de perceção de esforço, expressa em
pontos – variando entre zero e 10.
4.5 Estatística
Para a caracterização dos dados foram utilizados procedimentos da
estatística descritiva, com a identificação dos valores de média, desvio padrão ou
intervalo de confiança de 95%, dos parâmetros de desfecho para o grupo de
participantes.
Foram utilizadas cinco análises de variância multivariada (MANOVA) de
medidas repetidas, uma para cada fase do ciclo da corrida, para verificar alterações
na atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos
isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e máximo ao longo do
protocolo de fadiga; as repetições de corrida à máxima velocidade (15 repetições)
foram consideradas como fator de medidas repetidas, e a ativação neuromuscular
como variável dependente. Adicionalmente, mais cinco análises de variância
multivariada (MANOVA) de medidas repetidas, uma para cada fase do ciclo da
corrida, foram utilizadas para identificar alterações na ativação neuromuscular entre
os participantes com maior e menor nível de fadiga; para estas análises foram
incluídas somente as três repetições finais do protocolo (como fator de medidas
repetidas), o grupo referente ao nível de fadiga como fator independente entre-
participantes (mais vs menos fadiga), e a atividade neuromuscular como variável
MÉTODOS
51
dependente. Quando interações estatisticamente significativas foram encontradas,
foi utilizado o pos-hoc de Fisher LSD para identificar as diferenças entre as variáveis
(repetição x músculo x fase). Todos os procedimentos estatísticos foram realizados
no Statistica versão 8 (Statfoft, Tulsa, EUA), com um nível de significância de p <
0,05.
V - RESULTADOS
RESULTADOS
55
5. RESULTADOS
As médias da atividade neuromuscular de cada músculo, repetição e fase
estão apresentadas nas figuras 1, 2, 3, 4 e 5. Na tabela 2, estão as comparações
entre a primeira e a última repetição, a apresentação de tais comparações é
meramente ilustrativa visto que no modelo estatístico todas as 15 repetições foram
comparadas. A ANOVA multifatorial identificou interações entre todos os fatores e
a variável dependente (repetições x fases x músculos; F=3,263; p < 0,001).
Na fase de apoio inicial, somente a porção superior do glúteo máximo não
apresentou diferenças significativas entre a primeira e a última repetição (Tabela 2;
p = 0,352). Porém, a porção superior do glúteo máximo exibiu diferenças
significativas entre outras repetições durante o protocolo, apresentando maior
ativação neuromuscular nas repetições 4 e 13 e menor ativação neuromuscular nas
repetições 5 e 10 (Figura 2). Durante todo o protocolo a ativação neuromuscular foi
muito alta. A ativação neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo diminuiu
significativamente entre a primeira e a última repetição (Tabela 2; p < 0,001),
exibindo uma diminuição significativa da primeira para a oitava repetição e um
grande número de diferenças significativas entre repetições a partir desta (Figura
2). A ativação neuromuscular deste músculo começou muito alta e terminou alta.
Durante o protocolo a mesma alternou entre muito alta e alta. O glúteo médio foi o
músculo que mais diferenças significativas apresentou entre repetições, durante o
protocolo (Figura 2). A ativação neuromuscular deste músculo aumentou
significativamente entre a primeira e a última repetição (Tabela 2; p < 0,001) e
manteve-se muito alta durante todo o protocolo, excepto na repetição 13. O bíceps
femoral exibiu maior ativação neuromuscular na primeira repetição em relação à
última (p < 0,001) e em relação a todas as outras (Figura 2). A menor ativação
neuromuscular apresentada por este músculo foi na repetição 12 (Figura 2) mas
manteve-se muito alta durante todo o protocolo. A ativação neuromuscular dos
RESULTADOS
56
músculos do compartimento medial dos isquiotibiais diminuiu significativamente
entre a primeira e a última repetição (Tabela 2; p < 0,001) e foi maior nas primeiras
3 repetições do que nas últimas 3 (Figura 2). Durante o protocolo, a ativação
neuromuscular do mesmo manteve-se alta, excepto na última repetição.
Tabela 2. Descrição da 1a e 15a repetição.
1a repetição 15a repetição LSD
Média DP Média DP p
Glúteo máximo superior
Fase de apoio inicial 82,84 32,13 79,68 27,56 0,352
Fase de apoio final 20,03 11,60 17,47 7,84 0,451
Fase de decolagem 23,69 17,21 25,37 16,05 0,619
Fase de balanço inicial 34,60 18,02 29,20 12,11 0,112
Fase de balanço final 54,99 14,98 68,89 31,01 <0,001
Glúteo máximo inferior
Fase de apoio inicial 65,23 35,11 52,66 19,68 <0,001
Fase de apoio final 16,52 9,00 19,08 11,69 0,450
Fase de decolagem 7,67 2,06 17,15 12,82 0,005
Fase de balanço inicial 17,88 9,17 20,89 10,99 0,375
Fase de balanço final 51,49 17,21 47,73 19,19 0,269
Glúteo Médio
Fase de apoio inicial 79,96 27,55 91,70 48,99 <0,001
Fase de apoio final 22,77 8,59 23,38 11,44 0,857
Fase de decolagem 22,51 9,25 27,38 14,56 0,152
Fase de balanço inicial 22,06 8,26 24,81 12,69 0,419
Fase de balanço final 50,81 21,22 53,07 23,99 0,507
Isquiotibiais lateral
Fase de apoio inicial 90,42 16,93 76,12 29,96 <0,001
Fase de apoio final 35,01 13,95 25,29 10,99 0,004
Fase de decolagem 17,94 6,29 13,30 5,82 0,171
Fase de balanço inicial 23,02 7,08 25,19 9,56 0,524
Fase de balanço final 82,14 8,53 81,72 21,80 0,902
Isquiotibiais medial
Fase de apoio inicial 60,24 17,82 39,00 17,37 <0,001
Fase de apoio final 35,75 15,81 24,57 11,75 0,001
Fase de decolagem 19,94 7,55 14,92 8,39 0,140
Fase de balanço inicial 25,14 12,94 23,61 11,44 0,652
Fase de balanço final 78,16 23,24 66,92 28,04 <0,001
Legenda: DP= desvio padrão. Teste LSD (p <0,05). Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo
máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no
compartimento medial dos isquiotibiais.
RESULTADOS
57
Figura 2. Fase de apoio inicial: média e intervalo de confiança de 95% da atividade
neuromuscular em cada repetição.
Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo
máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
*, diferença estatisticamente significativa nos respetivos músculos entre as seguintes repetições (Repetição-Repetição): Glúteo Máximo Superior: 1-2; 1-4; 1-5; 1-6; 1-7; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 2-4; 2-5; 2-8; 2-11; 2-13; 2-14; 3-4; 3-5; 3-6; 3-7; 3-9; 3-10; 3-12; 3-13; 4-5; 4-6; 4-7; 4-8; 4-9; 4-10; 4-11; 4-12; 4-14; 4-15; 5-8; 5-11; 5-13; 5-14; 5-15; 6-8; 6-13; 6-14; 6-15; 7-8; 7-13; 7-14; 7-15; 8-9; 8-10; 8-11; 8-12; 8-13; 9-13; 9-14; 10-13; 10-14; 10-15; 11-13; 11-14; 12-13; 12-14; 12-15; 13-14; 13-15. Glúteo Máximo Inferior: 1-5; 1-8; 1-10; 1-13; 1-15; 2-8; 2-10; 2-13; 2-15; 3-5; 3-8; 3-10; 3-13; 3-15; 4-8; 4-10; 4-13; 4-15; 5-12; 5-13; 6-8; 6-10; 6-13; 6-15; 7-8; 7-10; 7-13; 7-15; 8-9; 8-11; 8-12; 8-14; 9-10; 9-13; 9-15; 10-11; 10-12; 11-13; 12-13; 12-15; 13-14. Glúteo Médio: 1-6; 1-9; 1-11; 1-13; 1-14; 1-15; 2-6; 2-9; 2-11; 2-13; 2-14; 2-15; 3-5; 3-8; 3-9; 3-10; 3-11; 3-13; 3-14; 3-15; 4-6; 4-9; 4-11; 4-13; 4-14; 4-15; 5-6; 5-7; 5-9; 5-11; 5-12; 5-13; 5-14; 5-15; 6-8; 6-9; 6-10; 6-11; 6-13; 6-14; 7-9; 7-10; 7-11; 7-13; 7-14; 7-15; 8-9; 8-11; 8-12; 8-13; 8-14; 8-15; 9-10; 9-12; 9-13; 9-14; 9-15; 10-11; 10-12; 10-13; 10-14; 10-15; 11-12; 11-13; 11-14; 11-15; 12-13; 12-14; 12-15; 13-14; 13-15; 14-15. Isquiotibiais Lateral: 1-2; 1-3; 1-4; 1-5; 1-6; 1-7; 1-8; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-12; 2-15; 3-5; 3-9; 3-10; 3-11; 3-12; 3-13; 3-15; 4-9; 4-10; 4-11; 4-12; 6-12; 7-9; 7-9; 7-11; 7-12; 8-12; 9-14; 11-14; 12-14. Isquiotibiais Medial: 1-3; 1-4; 1-5; 1-6; 1-7; 1-8; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-5; 2-6; 2-8; 2-9; 2-10; 2-11; 2-12; 2-13; 2-15; 3-4; 3-5; 3-8; 3-10; 3-11; 3-12; 3-13; 3-15; 4-7; 5-7; 6-15; 7-8; 7-10; 7-11; 7-12; 7-13;7-15; 9-15; 12-14; 13-14; 14-15.
Na fase de apoio final, diferenças significativas entre a primeira e a última
repetição foram observadas somente nos músculos do compartimento medial dos
isquiotibiais (Tabela 2; p = 0,001) e o bíceps femoral (Tabela 2; p < 0,001). Ao longo
RESULTADOS
58
do protocolo, a ativação neuromuscular destes músculos diminui (Figura 3)
mantendo-se sempre baixa. O bíceps femoral apresenta uma diminuição
significativa da atividade neuromuscular no início do protocolo, da primeira para a
segunda repetição (Figura 3). A atividade neuromuscular da porção inferior do
glúteo máximo apresenta-se baixa durante todo o protocolo, enquanto que a
atividade neuromuscular da porção superior do glúteo máximo e do glúteo médio
alterna entre baixa e moderada.
Figura 3. Fase de apoio final: média e intervalo de confiança de 95% da atividade
neuromuscular em cada repetição.
Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo
máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
*, diferença estatisticamente significativa nos respetivos músculos entre as seguintes repetições (Repetição-Repetição). Glúteo Máximo Superior: 2-12; 4-12; 6-12; 8-12; 9-11; 9-12; 10-11; 10-12; 12-14. Glúteo Médio: 1-10; 1-11; 2-10; 2-12; 3-10; 3-12; 4-13; 6-10; 6-12; 7-13; 7-15; 9-13; 10-13; 10-15; 12-13; 12-15. Isquiotibiais Lateral: 1-2; 1-3; 1-5; 1-6; 1-8; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-14; 4-10; 4-11; 4-12; 4-13; 4-14; 5-14; 7-10; 7-11; 7-12; 7-13; 7-14. Isquiotibiais Medial: 1-5; 1-7; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-12; 2-13; 2-14; 3-5; 3-9; 3-10; 3-11; 3-12; 3-13; 3-14; 3-15; 4-12; 4-13; 4-14; 6-12; 6-13; 6-14; 6-15; 7-13; 7-14; 8-12; 8-13; 8-14.
RESULTADOS
59
Na fase de decolagem, somente a porção inferior do glúteo máximo exibiu
diferenças significativas na atividade neuromuscular entre a primeira e a última
repetição, observando-se um aumento da mesma (Tabela 2). Apesar desse
aumento, a atividade neuromuscular manteve-se sempre baixa (Figura 4). A
atividade neuromusclar dos músculos do compartimento medial dos isquiotibiais e
do bíceps femoral foi baixa durante todo o protocolo e a atividade neuromuscular do
glúteo médio alternou entre moderada e baixa durante o protocolo (Figura 4).
Figura 4. Fase de decolagem: : média e intervalo de confiança de 95% da atividade
neuromuscular em cada repetição.
Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo
máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
*, diferença estatisticamente significativa nos respetivos músculos entre as seguintes repetições (Repetição-Repetição). Glúteo Máximo Superior: 1-3; 1-6; 1-7; 1-10; 2-15; 3-15; 4-6; 4-15; 5-6; 6-8; 6-9; 6-11; 6-12; 6-13; 6-14; 6-15; 7-13; 7-15; 14-15. Glúteo Máximo Inferior: 1-14; 1-15; 2-14; 2-15; 3-14; 3-15; 4-14; 4-15; 5-14; 5-15; 6-14; 6-15; 7-15; 8-14; 8-15; 9-15; 10-14; 10-15; 11-14; 11-15; 12-14; 12-15. Glúteo Médio: 1-11; 1-12; 2-10; 2-11; 2-12; 3-11; 3-12; 4-13; 4-15; 5-11; 6-10; 6-11;
RESULTADOS
60
6-12; 7-15; 8-11; 8-12; 9-11; 10-13; 10-15; 11-13; 11-14; 11-15; 12-13; 12-15. Isquiotibiais Lateral: 1-11; 1-13; 1-14; 4-11; 4-13; 4-14. Isquiotibiais Medial: 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 2-13; 3-11; 3-12; 3-13; 3-14; 4-13; 6-13; 8-13.
Na fase de balanço inicial, nenhum músculo apresentou diferenças
significativas entre a primeira e a última repetição (Tabela 2). A porção superior do
glúteo máximo apresentou uma alta atividade neuromuscular na repetição 12,
enquanto que em todas as outras repetições a atividade neuromuscular foi
moderada (Figura 5). A porção inferior do glúteo máximo apresentou uma atividade
neuromuscular baixa durante todo o protocolo, e a atividade neuromuscular dos
restantes músculos alternava entre baixa e moderada (Figura 5).
Figura 5. Fase de balanço inicial: média e intervalo de confiança de 95% da
atividade neuromuscular em cada repetição.
Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo
máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
RESULTADOS
61
*, diferença estatisticamente significativa nos respetivos músculos entre as seguintes repetições (Repetição-Repetição). Glúteo Máximo Superior: 1-6; 1-7; 1-12; 2-12; 3-12; 4-6; 4-7; 4-12; 5-6; 6-12; 7-12; 8-12; 10-12; 11-12; 12-13; 12-14; 12-15. Glúteo Máximo Inferior: 1-11; 2-15; 4-11; 5-11; 9-15; 10-15; 11-15. Glúteo Médio: 1-12; 2-12; 3-12; 4-15; 7-15; 11-15; 12-15; 13-15.
Na fase de balanço final, somente a atividade neuromuscular da porção
superior do glúteo máximo e dos músculos do compartimento medial dos
isquiotibiais tiveram diferenças significativas entre a primeira e a última repetição
(Tabela 2). A atividade neuromuscular da porção superior do glúteo máximo exibiu
um aumento significativo entre a primeira e a última repetição (Tabela 2). Nas
repetições 1 e 2, a atividade neuromuscular deste músculo foi alta enquanto que
nas restantes repetições foi muito alta (Figura 6). A atividade neuromuscular dos
músculos no compartimento medial dos isquiotibiais diminuiu ao longo do protocolo
(Figura 6), exibindo menor ativação neuromuscular na última repetição em relação
à primeira (Tabela 2). Apesar disso, a atividade neuromuscular dos mesmos foi
sempre muito alta (Figura 6). A porção inferior do glúteo máximo e o glúteo médio
mostraram algumas diminuições significativas nas últimas 6 repetições em relação
às anteriores, respetivamente (Figura 6). A atividade neuromuscular deste músculo
foi alta durante todo o protocolo excepto na repetição 14 (Figura 6). O glúteo médio
exibiu uma atividade neuromuscular moderada nas repetições 10, 12 e 14 enquanto
que nas demais repetições a atividade neuromuscular foi alta (Figura 6).
RESULTADOS
62
Figura 6. Fase de balanço final: média e intervalo de confiança de 95% da atividade
neuromuscular em cada repetição.
Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo
máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
*, diferença estatisticamente significativa nos respetivos músculos entre as seguintes repetições (Repetição-Repetição). Glúteo Máximo Superior: 1-3; 1-4; 1-5; 1-6; 1-7; 1-8; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-3; 2-4; 2-5; 2-6; 2-7; 2-8; 2-9; 2-10; 2-11; 2-12; 2-13; 2-14; 2-15; 3-4; 3-5; 3-7; 3-8; 4-6; 4-8; 4-9; 4-13; 4-14; 4-15; 5-6; 5-8; 5-9; 5-13; 5-15; 6-7; 6-8; 7-8; 7-9; 7-13; 7-14;7-15; 8-9; 8-10; 8-11; 8-12; 8-14; 9-15; 10-13; 10-15; 11-13; 11-15; 12-13; 12-15; 13-14; 14-15. Glúteo Máximo Inferior: 1-2; 1-11; 1-14; 2-14; 3-11; 3-14; 4-14; 5-11; 5-13; 5-14; 6-11; 6-14; 7-11; 7-14; 8-13; 8-14; 9-11; 9-14; 10-14; 12-14; 14-15. Glúteo Médio: 1-6; 1-10; 1-11; 1-12; 1-14; 2-3; 2-5; 2-8; 2-9; 2-10; 2-11; 2-12; 2-13; 2-14; 2-15; 3-10; 3-11; 3-12; 3-14; 4-9; 4-10; 4-11; 4-12; 4-14; 5-10; 5-11; 5-12; 5-14; 6-9; 6-10; 6-11; 6-12; 6-13; 6-14; 7-10; 7-11; 7-12; 7-14; 8-10; 8-11; 8-12; 9-10; 9-11; 9-12; 9-14; 10-13; 10-15; 11-13; 11-15; 12-13; 12-15; 13-14; 14-15. Isquiotibiais Lateral: 1-4; 1-6; 1-8; 1-10; 2-4; 2-6; 2-8; 2-13; 2-14; 3-4; 3-5; 3-8; 3-13; 3-14; 4-5; 4-7; 4-8; 4-9; 4-11; 4-12; 4-13; 4-14; 4-15; 5-6; 5-9; 5-10; 5-11; 6-7;6-8; 6-12; 6-13; 6-14; 6-15; 7-10; 8-9; 8-10; 8-11; 9-13; 9-14; 10-12; 10-13; 10-14; 10-15; 11-13; 11-14. Isquiotibiais Medial: 1-5; 1-6; 1-8; 1-9; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-5; 2-6; 2-8; 2-11; 2-12; 2-14; 2-15; 3-5; 3-6; 3-8; 3-11; 3-12; 3-14; 3-15; 4-6; 4-8; 4-12; 6-10; 7-8; 7-12; 8-10; 10-12; 10-14.
Quando a comparação entre os participantes apresentando menor e maior
nível de fadiga foi explorada (Tabela 3), a MANOVA multifatorial identificou
interações entre todos os fatores (grupo x repetições x fases x músculo; F=4,9101;
p < 0,001).
RESULTADOS
63
Tabela 3. Caracterização geral do grupo com maior nível de fadiga e do grupo com
menor nível de fadiga.
Maior nível de fadiga (N=6)
Menor nível de fadiga (N=8)
Média DP Média DP
Idade (anos)
26,83 2,85 27,87 3,94
Massa (Kg)
84,45 8,82 82,26 13,83
Estatura (metros) 1,75 0,06 1,75 0,06 Frequência semanal do treino (dias)
2,00 1,26 3,00 1,92
Duração do treino (minutos)
49,16 18,55 66,25 34,51
Legenda: N= número de participantes. DP= desvio padrão.
Na fase de apoio inicial a atividade neuromuscular do glúteo médio é
significativamente superior na 14ª e 15ª repetições no grupo que exibe um maior
nível de fadiga (Figura 7; Tabela 4; p < 0,001). O mesmo grupo apresenta valores
significativamente maiores de atividade neuromuscular dos músculos do
compartimento medial dos isquiotibiais (Figura 7; Tabela 4; p = 0,04) e do
compartimento lateral na 15ª repetição (Figura 7; Tabela 4; p < 0,001).
RESULTADOS
64
Tabela 4. Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo
com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de apoio
inicial na 13a, 14a e 15a repetição.
13a repetição 14a repetição 15a repetição
MD
IC95% p
MD IC95%
p MD
IC95% p
Glúteo máximo superior
9,61 [-5,66; 24,89]
0,199 12,87
[-2,40; 28,15] 0,087
7,40 [-7,87; 22,68]
0,322
Glúteo máximo inferior
-2,95 [-18,23; 12,32]
0,691 -10,65
[-25,93; 4,62] 0,156
3,48 [-11,79; 18,76]
0,639
Glúteo Médio 5,69
[-9,58; 20,97] 0,445
-40,06 [-55,34; -24,78]
<0,001 -43,74
[-59,02; -28,46] <0,001
Isquiotibiais lateral
-5,87 [-21,15; 9,40]
0,431 10,12
[-5,15; 25,40] 0,177
-26,93 [-42,21; -11,65]
<0,001
Isquiotibiais medial
2,09 [-13,18; 17,37]
0,778 1,73
[-13,54; 17,01] 0,815
-15,20 [-30,49; 0,07]
0,04
Legenda: MD= média da diferença. IC95%= intervalo de confiança de 95% da diferença. Teste LSD (p <0,05). Glúteo
máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais
lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
RESULTADOS
65
Figura 7. Fase de apoio inicial: média e intervalo de confiança de 95% para as três
últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade.
Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo
máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
Na fase de apoio final, o grupo que apresenta um maior nível de fadiga exibe
uma atividade neuromuscular significativamente maior do glúteo médio na 15ª
repetição (Figura 8; Tabela 5; p = 0,04).
RESULTADOS
66
Tabela 5. Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo
com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de apoio
final na 13a, 14a e 15a repetição.
13a repetição 14a repetição 15a repetição
MD
IC95% p
MD IC95%
p MD
IC95% p
Glúteo máximo superior
0,35 [-14,93; 15,63]
0,962 3,64
[-11,63; 18,92] 0,625
4,08 [-11,19; 19,36]
0,583
Glúteo máximo inferior
-2,52 [-17,80; 12,75]
0,734 -1,73
[-17,01; 13,55] 0,816
-0,69 [-15,97; 17,58]
0,925
Glúteo Médio -9,90
[-25,18; 5,37] 0,186
-1,54 [-16,82; 13,73]
0,835 -15,52
[-30,80; -0,24] 0,040
Isquiotibiais lateral
-7,49 [-22,77; 7,78]
0,316 -3,71
[-18,99; 11,56] 0,618
-10,41 [-25,69; 4,87]
0,165
Isquiotibiais medial
-0,93 [-16,21;14,34]
0,90 0,48
[-14,79; 15,76] 0,948
-3,44 [-18,72; 11,83]
0,643
Legenda: MD= média da diferença. IC95%= intervalo de confiança de 95%. Teste LSD (p <0,05). Glúteo máximo superior=
porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps
femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
RESULTADOS
67
Figura 8. Fase de apoio final: média e intervalo de confiança de 95% para as três
últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade.
Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo
máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
Na fase de decolagem, a atividade neuromuscular do glúteo médio na
repetição 15 é superior no grupo que apresenta um maior nível de fadiga (Figura 9;
Tabela 6; p = 0,042).
RESULTADOS
68
Tabela 6. Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo
com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de
decolagem na 13a, 14a e 15a repetição.
13a repetição 14a repetição 15a repetição
MD
IC95% p
MD IC95%
p MD
IC95% p
Glúteo máximo superior
0,57 [-14,70; 15,85]
0,938 4,69
[-10,59; 19,97] 0,529
5,67 [-9,60; 20,95]
0,447
Glúteo máximo inferior
-4,39 [-19,67; 10,88]
0,555 -3,53
[-18,81; 11,74] 0,635
-3,89 [-19,17; 11,38]
0,601
Glúteo Médio -11,89
[-27,17; 3,38] 0,114
-0,49 [-15,77; 14,78]
0,946 -22,87
[-38,15; -7,58] 0,003
Isquiotibiais lateral
-1,90 [-17,18; 13,37]
0,798 -2,84
[-18,12; 12,43] 0,702
-1,41 [-16,69; 13,86]
0,849
Isquiotibiais medial
-1,50 [-16,78; 13,77]
0,839 2,69
[-12,58; 17,97] 0,717
5,40 [-9,87; 20,68]
0,469
Legenda: MD= média da diferença. IC95%= intervalo de confiança de 95%. Teste LSD (p <0,05). Glúteo máximo superior=
porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps
femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
RESULTADOS
69
Figura 9. Fase de decolagem: média e intervalo de confiança de 95% para as três
últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade.
Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo
máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
Na fase de balanço inicial, o grupo que apresenta um maior nível de fadiga
exibe uma atividade neuromuscular significativamente maior do glúteo médio na 15ª
repetição (Figura 10; Tabela 7; p = 0,04).
RESULTADOS
70
Tabela 7. Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo
com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de balanço
inicial na 13a, 14a e 15a repetição.
13a repetição 14a repetição 15a repetição
MD
IC95% p
MD IC95%
p MD
IC95% p
Glúteo máximo superior
-0,52 [-15,80; 14,85]
0,943 2,75
[-12,52; 18,03] 0,711
5,31 [-9,96; 20,59]
0,475
Glúteo máximo inferior
-2,65 [-17,94; 12,62]
0,721 -6,69
[-21,97; 8,59] 0,370
-9,87 [-25,15; 5,40]
0,188
Glúteo Médio -0,56
[-15,84; 14,71] 0,929
-3,19 [-18,47; 12,08]
0,667 -15,38
[-30,66; -0,09] 0,042
Isquiotibiais lateral
-9,92 [-25,20; 5,36]
0,186 -9,04
[-24,32; 6,23] 0,227
-3,61 [-18,89; 11,66]
0,627
Isquiotibiais medial
3,30 [-11,97; 18,59]
0,656 2,31
[-12,96; 17,59] 0,755
7,05 [-8,22; 22,33]
0,345
Legenda: MD= média da diferença. IC95%= intervalo de confiança de 95%. Teste LSD (p <0,05). Glúteo máximo superior=
porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps
femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
RESULTADOS
71
Figura 10. Fase de balanço inicial: média e intervalo de confiança de 95% para as
três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade.
Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo
máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
Na fase de balanço final não existem diferenças significativas entre grupos
(Figura 11; Tabela 8).
RESULTADOS
72
Tabela 8. Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo
com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de balanço
final na 13a, 14a e 15a repetição.
13a repetição 14a repetição 15a repetição
MD
IC95% p
MD IC95%
p MD
IC95% p
Glúteo máximo superior
3,48 [-11,79; 18,76]
0,640 -9,93
[-25,21; 5,34] 0,185
5,60 [-9,67; 20,88]
0,452
Glúteo máximo inferior
-8,01 [-23,29; 7,26]
0,283 -5,07
[-20,35; 10,20] 0,496
-14,52 [-29,80; 0,75]
0,054
Glúteo Médio -4,52
[-19,80; 10,76] 0,544
-1,41 [-16,70; 13,86]
0,848 -12,87
[-28,15; 2,40] 0,087
Isquiotibiais lateral
-10,16 [-25,44; 5,11]
0,175 -7,37
[-22,65; 7,90] 0,323
-12,84 [-28,12; 2,43]
0,088
Isquiotibiais medial
4,44 [-10,83; 19,72]
0,551 11,09
[-4,18; 26,37] 0,140
-0,38 [-15,66; 14,89]
0,959
Legenda: MD= média da diferença. IC95%= intervalo de confiança de 95%. Teste LSD (p <0,05). Glúteo máximo superior=
porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps
femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
RESULTADOS
73
Figura 11. Fase de balanço final: média e intervalo de confiança de 95% para as
três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade.
Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo
máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.
VI - DISCUSSÃO
DISCUSSÃO
77
6. DISCUSSAO
O primeiro objetivo deste estudo foi avaliar a atividade neuromuscular dos
músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos
músculos glúteo médio e máximo em diferentes fases do ciclo da passada, durante
a corrida intermitente à máxima velocidade.
Na fase de apoio inicial, observa-se uma diminuição da atividade
neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo, compartimento medial dos
isquiotibiais e bíceps femoral. Nesta fase do ciclo da passada na corrida, o glúteo
médio e o glúteo máximo fornecem suporte vertical (Hamner et al., 2010). A porção
superior do glúteo máximo contribui juntamente com o glúteo médio para equilibrar
a pélvis no plano frontal (Lyons et al., 1983; Semciw et al., 2016; Stern et al., 1980),
enquanto que a porção inferior do glúteo máximo representa um papel importante
na inclinação do tronco (Bartlett et al., 2014). A diminuição da atividade
neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo poderá indicar uma menor
capacidade para gerar força e, com isso, influenciar a inclinação do tronco no plano
sagital. Os músculos no compartimento medial dos isquiotibiais e o bíceps femoral
produzem, nesta fase, torques elevados de flexão e extensão do joelho e da anca,
respetivamente (Sun et al., 2015). Suspeita-se que a diminuição da atividade
neuromuscular nestes músculos também esteja relacionada com uma menor
capacidade dos mesmos para gerar força e absorver as forças de reação do solo,
e é conhecido que essas alterações podem aumentar a chance de ocorrência de
lesão no complexo músculo-tendão (Garrett, 1990). No entanto, não avaliamos a
força dos participantes em nenhum momento. Dos músculos que sofreram
alterações da primeira para a última repetição do protocolo, o bíceps femoral foi o
que apresentou uma descida mais rápida da atividade neuromuscular, observando-
se uma diminuição significativa na sua ativação neuromuscular da primeira para a
segunda repetição. Sendo assim, o bíceps femoral parece ser o músculo mais
rapidamente afetado pela fadiga na fase de apoio inicial. O glúteo médio representa
DISCUSSÃO
78
60% da área total dos músculos abdutores da anca (Clark & Haynor, 1987) e, de
todos esses músculos, é o que apresenta maior braço de momento (Dostal et al.,
1986). Nesta fase do ciclo da passada na corrida, este músculo é o único que
apresenta um aumento da ativação neuromuscular das primeiras para as últimas
repetições. O aumento da atividade neuromuscular do glúteo médio foi previamente
associado a uma adução da pélvis durante a corrida (Burnet et al., 2008) e à
fraqueza dos músculos abdutores da anca e rotadores externos (Homan et al., 2013;
Souza & Powers, 2009). Franettovich Smith et al. (2016) estudaram a influência do
tamanho e atividade neuromuscular do glúteo médio na incidência de lesão nos
músculos isquiotibiais em atletas da liga profissional de futebol australiano, mas não
avaliaram a atividade neuromuscular dos músculos isquiotibiais. Os autores
observaram que os jogadores com maior ativação neuromuscular do glúteo médio
durante a corrida lesionaram-se nos músculos isquiotibiais, no entanto não temos
como saber se a atividade neuromuscular dos músculos isquiotibiais também era
diferente entre os jogadores que sofreram e não sofreram lesão. Juntando os
resultados destes estudos com o nosso, entendemos que uma menor capacidade
de gerar força da porção inferior do glúteo máximo, dos músculos do compartimento
medial dos isquiotibiais e do bíceps femoral na fase de apoio inicial poderá
influenciar a atividade neuromuscular do glúteo médio e o alinhamento da pélvis ou
vice-versa. Devido às suas propriedades morfológicas, a atividade neuromuscular
do glúteo médio poderá aumentar para compensar a diminuição da atividade
neuromuscular dos restantes músculos, assim como para compensar um possível
aumento do movimento da pelve no plano frontal.
Na fase de apoio final, a atividade neuromuscular dos músculos no
compartimento medial dos isquiotibiais e o bíceps femoral diminui ao longo do
protocolo e apresentam uma diminuição significativa da primeira para a última
repetição. A atividade neuromuscular do bíceps femoral foi a primeira a exibir uma
diminuição significativa. Um estudo realizado por Ono et al. (2011) demonstrou que
o bíceps femoral é preferencialmente recrutado durante a extensão da anca em
relação aos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais. Considerando
DISCUSSÃO
79
essa investigação, os resultados do presente estudo indicam que, durante toda a
fase de apoio, o bíceps femoral será o primeiro a sofrer as consequências de um
protocolo de corrida intermitente à máxima velocidade devido ao recrutamento
preferencial do mesmo nesta fase em relação aos músculos no compartimento
medial dos isquiotibiais. A atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo
máximo aumentou na fase de decolagem. Small et al. (2009) demonstrou uma
associação entre o aumento da velocidade angular da tíbia e o aumento da
extensão da anca e flexão do joelho nesta fase da corrida, e considerando os
resultados do presente estudo, essas alterações podem estar ligadas ao aumento
da atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo.
Na fase de balanço inicial não existem diferenças significativas na atividade
neuromuscular entre a primeira e a última repetição dos músculos analisados. A
ativação neuromuscular mantém-se relativamente estável durante o protocolo
provavelmente porque nesta fase da passada na corrida os músculos flexores da
anca, como por exemplo, o reto femoral, são preferencialmente recrutados em
relação aos restantes músculos analisados (Gazendam & Hof, 2007).
Na fase de balanço final, a atividade neuromuscular da porção superior do
glúteo máximo aumentou significativamente da primeira para a última repetição. Nas
repetições 1 e 2 a ativação neuromuscular do mesmo é significativamente menor
em relação a todas as outras. Os músculos no compartimento medial dos
isquiotibiais exibem uma diminuição da atividade neuromuscular ao longo do
protocolo, observando-se uma diminuição significativa da primeira para a última
repetição. A atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo e do
glúteo médio mostram uma diminuição nas últimas 6 repetições do protocolo.
A principal função do glúteo médio na corrida é absorver as forças de reação
do solo imediatamente após o contacto com o pé no solo (Hamner et al., 2010;
Lenhart et al., 2014), quando apresenta o pico de torque (Lenhart et al., 2014) e de
ativação neuromuscular (Semciw et al., 2016). Essa função poderá ser
comprometida com a diminuição da atividade neuromuscular antes do contacto com
o pé no solo.
DISCUSSÃO
80
A rigidez muscular está associada à atividade neuromuscular (Kuitunen et
al., 2007) e a redução da mesma pode aumentar o risco de lesão (Lehnert et al.,
2016). No presente estudo foi identificada uma redução da atividade neuromuscular
do glúteo médio nas últimas repetições do protocolo e é plausível que juntamente
com essa alteração diminua a rigidez muscular. O aumento da atividade
neuromuscular da porção superior do glúteo máximo poderá compensar a
diminuição da rigidez muscular do glúteo médio, visto que a porção superior do
glúteo máximo contribui juntamente com o glúteo médio na estabilidade de pelve no
plano frontal, promovendo o suporte vertical no contacto com o pé no solo durante
a corrida (Hamner et al., 2010).
As roturas musculares ocorrem em contrações excêntricas (Garrett et al.,
1987) e o grau de dano muscular depende mais do grau de alongamento do
músculo ativo do que a força gerada pelo mesmo (Lieber & Friden, 1993). Nesta
fase da passada na corrida, o glúteo máximo e os isquiotibiais contribuem para a
extensão da anca, sendo que os últimos também se opõem à extensão do joelho
(Dorn et al., 2012), contraindo excentricamente e atingindo o pico de força e de
alongamento do complexo músculo-tendão (Schache et al., 2012). De todos os
músculos dos isquiotibiais, o bíceps femoral é que está sujeito ao maior grau de
alongamento (Schache et al., 2012; Thelen, Chumanov, Hoerth, et al., 2005).
Timmins et al. (2014) demonstraram uma redução da atividade neuromuscular do
bíceps femoral na fase excêntrica de flexão do joelho após a realização de um
protocolo de corrida intermitente à máxima velocidade enquanto que a atividade
neuromuscular nos músculos do compartimento medial dos isquiotibiais se manteve
inalterada. Os autores associaram a diminuição da atividade neuromuscular do
bíceps femoral à perda de força na fase excêntrica de flexão do joelho, e que isso
se poderia traduzir na menor capacidade do bíceps femoral em absorver energia na
fase de balanço final (Mair et al., 1996). Os resultados deste estudo não vão de
encontro aos resultados do presente estudo visto que, a atividade neuromuscular
do bíceps femoral se manteu inalterada do início para o fim do protocolo na fase de
DISCUSSÃO
81
balanço final, enquanto que a atividade neuromuscular dos músculos no
compartimento medial dos isquiotibiais diminuiu.
Imediatamente antes do contacto com o pé no solo, na fase de balanço final,
os músculos isquiotibiais começam a encurtar, contraindo concentricamente
enquanto contribuem para a extensão da anca (Schache et al., 2012). Ono et al.
(2011) concluiu que o bíceps femoral é preferencialmente recrutado na extensão da
anca devido às suas propriedades morfológicas e Higashihara et al. (2015)
demonstrou maior atividade neuromuscular do mesmo em relação aos músculos no
compartimento medial dos isquiotibiais nesta fase do ciclo da passada na corrida à
máxima velocidade. Na fase de balanço final, os isquiotibiais contraem
excentricamente e o bíceps femoral atinge o pico de alongamento (Schache et al.,
2012). Ao contrário deste último, o semitendinoso é preferencialmente recrutado em
exercício excêntrico (Baczkowski et al., 2006; Kubota et al., 2007; Ono et al., 2010b)
devido às suas propriedades morfológicas em lidar de forma eficaz com o
alongamento e apresenta maior atividade neuromuscular na primeira parte da fase
de balanço final na corrida à máxima velocidade (Higashihara et al., 2015). Devido
à posição dos elétrodos, o sinal da atividade neuromuscular dos músculos no
compartimento medial dos isquiotibiais poderá captar melhor o sinal do
semitendinoso do que o sinal do semimembranoso (Hermens et al., 2000). Com
base nos resultados do presente estudo, é plausível que a diminuição da atividade
neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais na fase de
balanço final se deva à menor capacidade do semitendinoso em absorver energia
em condições de fadiga, sobrecarregando o bíceps femoral na fase de maior
alongamento do mesmo. Recentemente, Lehnert et al. (2016) demonstrou uma
redução da atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos
isquiotibiais após a realização de um protocolo que simula a fadiga imposta por um
jogo de futebol, enquanto que a ativação neuromuscular do bíceps femoral não se
alterou. Visto que, a diminuição da atividade neuromuscular dos músculos no
compartimento medial dos isquiotibiais poderá resultar na perda de estabilidade no
joelho (Melnyk & Gollhofer, 2007), é possível que na fase de balanço final do ciclo
DISCUSSÃO
82
da passada na corrida à máxima velocidade ocorra a translação anterior da tíbia.
Melnyk & Gollhofer (2007) demonstrou que o grau de translação da tíbia
relativamente ao fémur é afetado pela fadiga nos isquiotibiais. Na corrida à máxima
velocidade esse momento coincidiria com a altura do pico de alongamento do
bíceps femoral.
Chumanov et al. (2007) estudou a influência dos músculos da anca no
alongamento do bíceps femoral durante a corrida à máxima velocidade e concluiu
que uma diminuição na atividade do glúteo máximo aumenta o alongamento a que
o bíceps femoral é submetido. Mais recentemente, Schuermans et al. (2017)
observou maior incidência de lesões nos isquiotibiais em jogadores de futebol
amador que apresentavam menor atividade neuromuscular do glúteo máximo. Com
base nos resultados de Schuermans et al. (2017) e Chumanov et al. (2007), é
plausível que a diminuição da atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo
máximo encontrada no presente estudo se traduza num maior alongamento do
bíceps femoral na fase de balanço final. Possivelmente, a menor atividade da
porção inferior do glúteo máximo juntamente com a translação anterior da tíbia
colocará o bíceps femoral sob tensão na sua origem e inserção, respetivamente, na
altura do pico de alongamento do mesmo, expondo-o a um maior risco de lesão.
O segundo objetivo deste estudo foi comparar entre os sujeitos com maior e
menor nível de fadiga, a atividade neuromuscular dos músculos no compartimento
medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e máximo
durante a corrida intermitente à máxima velocidade
Comparando a atividade neuromuscular dos músculos analisados entre os
grupos com diferentes níveis de fadiga identificou-se uma maior atividade
neuromuscular por parte do grupo que apresentou um maior nível de fadiga dos
músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e do glúteo
médio na fase de apoio inicial, na última repetição. Além disso, a atividade
neuromuscular do glúteo médio também foi maior na repetição 14 na fase de apoio
inicial e na repetição 15 das restantes fases, excepto na fase de balanço final.
DISCUSSÃO
83
Como referido previamente, um aumento da atividade neuromuscular do
glúteo médio durante a corrida está associado a um aumento do risco de lesão dos
isquiotibiais (Franettovich Smith et al., 2016). Este músculo apresenta um papel
fundamental na estabilidade pélvica (Semciw et al., 2013).Uma maior atividade
neuromuscular do mesmo no grupo de participantes que apresenta maior nível de
fadiga reflete ou é a consequência, provavelmente, de uma maior adução da anca
(descida contra-lateral da pelve) durante a corrida (Burnet et al., 2008). A maior
atividade neuromuscular apresentada por parte do glúteo médio, dos músculos no
compartimento medial dos isquiotibiais e do bíceps femoral poderá apresentar uma
tentativa dos indivíduos do grupo que apresenta maior nível de fadiga em recrutar
um músculo fraco (Homan et al., 2013; Souza & Powers, 2009).
VII - LIMITAÇÕES
LIMITAÇÕES
87
7. LIMITAÇÕES
Uma das limitações do presente estudo foi a amostra heterogénea obtida, a
frequência e duração semanal dos treinos variou entre participantes. Sugere-se
para próximos estudos utilizar a frequência e a duração semanal dos treinos como
critério de inclusão/exclusão. Por outro lado, tal variação permitiu explorar as
alterações neuromusculares entre participantes com níveis diferentes de esforço
subjetivo ao fim de um protocolo de corrida intermitente.
No presente estudo foram feitas inferências sobre a cinemática do ciclo da
passada durante um protocolo de corrida intermitente à máxima velocidade. No
entanto, não foi realizada uma análise cinemática. Em próximos estudos seria ideal
usar a análise cinemática para poder relacionar padrão de movimento, atividade
neuromuscular e o nível de fadiga dos participantes.
Outras inferências foram feitas relativamente à rigidez muscular, porém esta
também não foi analisada. Seria interessante incluir análise de rigidez num próximo
estudo e relacionar com a fadiga, EMG e cinemática.
Dados da atividade neuromuscular são difíceis de interpretar. Tanto a força
como a atividade neuromuscular dependem do número de unidades motoras
recrutadas e da taxa de disparo das mesmas, no entanto vários fatores influenciam
a atividade neuromuscular, como por exemplo, o suor excessivo e as propriedades
das unidades motoras (Farina et al., 2004). No presente estudo foram feitas várias
suposições através da atividade neuromuscular dos músculos analisados, mas com
consciência das várias limitações.
VIII - CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
91
8. CONCLUSÃO
Este foi o primeiro estudo a avaliar a atividade neuromuscular dos músculos
no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo
médio e máximo em diferentes fases do ciclo da passada, durante a corrida
intermitente à máxima velocidade e a comparar a atividade neuromuscular dos
mesmos entre participantes com maior e menor nível de fadiga.
Observou-se que na fase de apoio inicial e final, o bíceps femoral é o primeiro
a sofrer as consequências da fadiga num protocolo de corrida intermitente à máxima
velocidade. No entanto, também foi identificada a diminuição da atividade
neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais nestas
duas fases. A diminuição da atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo
máximo e o aumento da mesma no glúteo médio, na fase de apoio inicial, poderá
indicar uma diminuição na capacidade para controlar a pélvis no plano sagital e
frontal, respetivamente.
Na fase de decolagem, foi encontrado uma maior atividade neuromuscular
da porção inferior do glúteo máximo. Especula-se que tal comportamento esteja
relacionada com uma maior extensão da anca e flexão do joelho nesta fase.
A atividade neuromuscular do glúteo médio, na fase de balanço final, diminuiu
nas últimas repetições do protocolo. É possível que essa alteração se traduza numa
menor rigidez muscular, e que o aumento da atividade neuromuscular da porção
superior do glúteo máximo compense a diminuição da atividade neuromuscular do
glúteo médio.
Foi observado, durante a fase de balanço final, uma menor atividade
neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo juntamente com a diminuição
da atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial nos
isquiotibiais. Possivelmente, isso pode causar uma aumento da tensão na origem e
inserção do bíceps femoral, respetivamente, justamente no instante de seu maior
alongamento, expondo-o a um maior risco de lesão.
CONCLUSÃO
92
Foram observados maiores níveis de ativação neuromuscular, ao fim do
protocolo de corrida, no grupo de participantes que apresentaram maior nível de
fadiga, comparativamente àqueles com menor nível. Possívelmente, isso reflita a
tentativa de compensar fraqueza muscular por meio de um aumento na magnitude
de ativação, ou em resposta a um padrão de movimento alterado.
Com base nos resultados do presente estudo, especulamos que poderá ser
relevante trabalhar a força excêntrica dos músculos isquiotibiais, como referido em
vários estudos, assim como programas para ganho de resistência no sentido de
manter a capacidade de um padrão de recrutamento neuromuscular com menos
compensações nos músculos analisados. Isso poderá ser importante para a
prevenção de lesões nos isquiotibiais.
IX - REFERÊNCIAS
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ANEXOS
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