115
TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e máximo durante a corrida intermitente à máxima velocidade. Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências do Desporto, com especialização em Alto Rendimento Desportivo (Decreto-lei 216/92). Orientador: Professor Doutor Eduardo Oliveira Co-orientador: Professora Doutora Suzana Pereira Bernardo Hélder Figueiredo de Amorim Porto, Setembro de 2017.

TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO

Alteração da função neuromuscular dos músculos no

compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos

músculos glúteo médio e máximo durante a corrida intermitente à

máxima velocidade.

Dissertação apresentada com vista à obtenção do

grau de Mestre em Ciências do Desporto, com

especialização em Alto Rendimento Desportivo

(Decreto-lei 216/92).

Orientador: Professor Doutor Eduardo Oliveira

Co-orientador: Professora Doutora Suzana Pereira

Bernardo Hélder Figueiredo de Amorim

Porto, Setembro de 2017.

Page 2: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

Ficha de catalogação Amorim, B. H. F. (2017). Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e máximo durante a corrida intermitente à máxima velocidade. Porto: B. H. F. Amorim. Dissertação de Mestrado apresentada a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Palavras Chave: eletromiografia; fadiga; glúteo máximo; glúteo médio; isquiotibiais; lesão.

Page 3: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

III

“O conhecimento nos faz responsáveis.”

Che Guevara

Page 4: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 5: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

V

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Eduardo Oliveira pelo apoio que me deu para a conclusão da

dissertação.

À Professora Doutora Suzana Pereira pelo auxílio no meu período de mobilidade

académica.

Ao Professor Doutor Marcelo Peduzzi que me apoiou do início ao fim, orientando-

me na minha dissertação.

À minha família que mesmo longe, me apoiou incondicionalmente.

À família da Allana que me acolheu durante a minha estadia no Brasil.

À Allana Rosa, por todo o apoio e amor incondicional. Foi um ano difícil e sem ela

este trabalho não teria sido concluído.

Page 6: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 7: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

VII

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... V

ÍNDICE GERAL ................................................................................................ VII

ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... IX

ÍNDICE DE TABELAS ...................................................................................... XI

RESUMO......................................................................................................... XIII

ABSTRACT ..................................................................................................... XV

LISTA DE ABREVIATURAS ......................................................................... XVII

I - INTRODUÇÃO

1. Introdução .................................................................................................... 21

II - REVISÃO DE LITERATURA

2. Revisão de literatura .................................................................................... 27

2.1 Epidemiologia ............................................................................................. 27

2.2 Músculos isquiotibiais ................................................................................. 29

2.3 Músculos glúteos ........................................................................................ 31

2.4 Fisiopatologia das lesões nos isquiotibiais ................................................. 33

2.5 Fadiga ........................................................................................................ 35

2.6 Influência do glúteo máximo e médio na incidência de lesões nos músculos isquiotibiais ....................................................................................................... 37

III - OBJETIVOS E HIPÓTESES

3. Objetivos e hipóteses ................................................................................... 41

3.1 Objetivos .................................................................................................... 41

3.2 Hipóteses ................................................................................................... 41

IV - MÉTODOS

4. Métodos........................................................................................................ 45

4.1 Participantes ............................................................................................... 45

4.2 Instrumentos ............................................................................................... 46

4.3 Protocolo experimental ............................................................................... 46

Page 8: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

VIII

4.4 Análise de dados ........................................................................................ 49

4.5 Estatística ................................................................................................... 50

V - RESULTADOS

5. Resultados ................................................................................................... 55

VI - DISCUSSÃO

6. Discussão ..................................................................................................... 77

VII - LIMITAÇÕES

7. Limitações .................................................................................................... 87

VIII - CONCLUSÃO

8. Conclusão .................................................................................................... 91

IX - REFERÊNCIAS

9. Referências .................................................................................................. 95

ANEXOS ........................................................................................................ 105

Page 9: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

IX

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Percurso do protocolo experimental ................................................ 48

Figura 2 - Fase de apoio inicial: média e intervalo de confiança de 95% da atividade neuromuscular em cada repetição .................................................... 57

Figura 3 - Fase de apoio final: média e intervalo de confiança de 95% da atividade neuromuscular em cada repetição. .................................................................. 58

Figura 4 - Fase de decolagem: média e intervalo de confiança de 95% da atividade neuromuscular em cada repetição .................................................... 59

Figura 5 - Fase de balanço inicial: média e intervalo de confiança de 95% da atividade neuromuscular em cada repetição .................................................... 60

Figura 6 - Fase de balanço final: média e intervalo de confiança de 95% da atividade neuromuscular em cada repetição .................................................... 62

Figura 7 - Fase de apoio inicial: média e intervalo de confiança de 95% para as três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade. ............ 65

Figura 8 - Fase de apoio final: média e intervalo de confiança de 95% para as três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade .................... 67

Figura 9 - Fase de decolagem: média e intervalo de confiança de 95% para as três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade ............. 69

Figura 10 - Fase de balanço inicial: média e intervalo de confiança de 95% para as três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade ......... 71

Figura 11 - Fase de balanço final: média e intervalo de confiança de 95% para as três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade ............. 73

Page 10: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 11: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

XI

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização geral dos participantes ........................................... 45

Tabela 2 - Descrição da 1ª a 15ª repetição ...................................................... 56

Tabela 3 - Caracterização geral do grupo com maior nível de fadiga e do grupo com menor nível de fadiga ............................................................................... 63

Tabela 4 - Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de apoio inicial na 13ª, 14ª e 15ª repetição ........................................................... 64

Tabela 5 - Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de apoio final na 13ª, 14ª e 15ª repetição ............................................................. 66

Tabela 6 - Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de decolagem na 13ª, 14ª e 15ª repetição ............................................................ 68

Tabela 7 - Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de balanço inicial na 13ª, 14ª e 15ª repetição ....................................................... 70

Tabela 8 - Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de balanço inicial na 13ª, 14ª e 15ª repetição ....................................................... 72

Page 12: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 13: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

XIII

RESUMO Objetivo: avaliar a atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e máximo (porção superior e inferior) durante a corrida intermitente à máxima velocidade. Como objetivo secundário, a atividade neuromuscular de participantes com maior e menor nível de fadiga foi comparada. Metodologia: foram selecionados 20 indivíduos para participar neste estudo. Foi utilizado um sistema de eletromiografia sem fio (Noraxon, Direct Transmission System) para registrar a atividade neuromuscular, análise cinemática 2D para identificar as diferentes fases do ciclo da corrida, assim como a escala de Borg para verificar o nível de esforço subjetivo dos participantes. Durante um protocolo, o qual consistiu de 15 repetições de corrida à máxima velocidade em um percurso de 25 metros, a atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e porção superior e inferior do glúteo máximo foi avaliada em diferentes fases do ciclo da passada. Foi utilizada a análise de variância de medidas repetidas para comparar a atividade neuromuscular entre as diferentes etapas do protocolo de corrida intermitente, assim como para comparar o comportamento neuromuscular entre os participantes que apresentaram maior e menor nível de fadiga. Resultados: Na fase de apoio inicial, a atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo, do bíceps femoral e dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais diminuiu comparativamente à última repetição do protocolo (p < 0,001), enquanto que a atividade neuromuscular do glúteo médio aumentou (p < 0,001). Na fase de apoio final, a atividade neuromuscular do bíceps femoral (p = 0,004) e dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais diminuiu (p = 0,001) ao longo do protocolo. Na fase de decolagem, a atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo aumentou (p = 0,005). Na fase de balanço final, a atividade neuromuscular da porção superior do glúteo máximo exibiu um aumento significativo entre a primeira e a última repetição (p < 0,001), ao contrário da atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais que diminuiu (p < 0,001). Nesta fase, a porção inferior do glúteo máximo e o glúteo médio mostraram algumas diminuições significativas nas últimas 6 repetições em relação às anteriores (p < 0,005), respetivamente. Foi observado nos participantes que apresentaram maior nível de fadiga uma maior atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais e do bíceps femoral na repetição 15 da fase de apoio inicial e uma maior atividade do glúteo médio nas repetições 14 e 15 da fase de apoio inicial e na repetição 15 das restantes fases comparativamente aqueles com menor nível de fadiga. Conclusão: Ao longo do protocolo de fadiga, percebeu-se que na fase de apoio inicial, a atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo diminuiu enquanto que a atividade neuromuscular do glúteo médio aumentou. Durante a fase

Page 14: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

XIV

de apoio inicial e final a atividade neuromuscular do bíceps femoral foi a primeira a alterar. Nestas duas fases também foi identificada a diminuição da atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais. Na fase de decolagem, foi encontrada uma maior atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo. Foi observado também, na fase de balanço final, uma menor atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo juntamente com a diminuição da atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial nos isquiotibiais. Na mesma fase, a atividade neuromuscular do glúteo médio, diminuiu nas últimas repetições do protocolo e a atividade neuromuscular da porção superior do glúteo máximo aumentou. Também foram observadas diferenças na atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e do glúteo médio entre os participantes que apresentaram maior e menor nível de fadiga. PALAVRAS CHAVE: ELETROMIOGRAFIA; FADIGA; GLÚTEO MÁXIMO; GLÚTEO MÉDIO; ISQUIOTIBIAIS; LESÃO.

Page 15: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

XV

ABSTRACT Objective: to evaluate the neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings, the biceps femoris and the gluteus medius and maximus muscles (upper and lower portion) during intermittent running at maximum speed. As a secondary objective, the neuromuscular activity of participants with higher and lower levels of fatigue was compared. Methods: 20 individuals were selected to participate in this study. A wireless electromyography system (Noraxon, Direct Transmission System) was used to record neuromuscular activity, 2D kinematic analysis to identify the different phases of the gait cycle, as well as the Borg scale to verify the level of subjective effort of the participants. During a protocol, which consisted of 15 repetitions of running at maximum speed in a 25-meter course, the neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings, the biceps femoris, the gluteus medius and the upper and lower portions of gluteus maximus were evaluated in different phases of the running gait. The repeated measures analysis of variance was used to compare the neuromuscular activity between the different stages of the intermittent running protocol, as well as to compare the neuromuscular behavior among the participants who presented high and low fatigue level. Results: In the initial support phase, the neuromuscular activity of the lower portion of the gluteus maximus, the biceps femoris and the muscles in the medial compartment of the hamstrings decreased comparatively to the last repetition of the protocol (p < 0.001), while the gluteus medius neuromuscular activity increased (p <0.001). In the final support phase, the neuromuscular activity of the biceps femoris (p = 0.004) and muscles in the medial hamstring compartment decreased (p = 0.001) throughout the protocol. In the take-off phase, the neuromuscular activity of the lower gluteus maximus increased (p = 0.005). In the late swing phase, the neuromuscular activity of the upper gluteus maximus showed a significant increase between the first and last repetition (p < 0.001), in contrast to the neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings, which decreased (p < 0.001). In this phase, the lower portion of the gluteus maximus and the gluteus medius showed some significant decrease in the last 6 repetitions compared to the previous ones (p < 0.005), respectively. It was observed in the participants that presented high level of fatigue, a greater neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings and biceps femoris in the repetition 15 of the initial support phase and a greater activity of the gluteus medius in the repetitions 14 and 15 of the initial support phase and in the repetition 15 of the remaining phases comparatively to those with low level of fatigue. Conclusion: Throughout the fatigue protocol, it was observed that in the initial support phase, the neuromuscular activity of the lower portion of the gluteus maximus decreased while the gluteus medius neuromuscular activity increased. During the initial and final support phase, the neuromuscular activity of the biceps femoris was the first one to be altered. In these two phases, the neuromuscular

Page 16: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

XVI

activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings was also identified. In the take-off phase, a higher neuromuscular activity was found in the lower portion of the gluteus maximus. It was also observed, in the late swing phase, a lower neuromuscular activity of the lower portion of the gluteus maximus together with a decrease in neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings. In the same phase, the gluteus medius neuromuscular activity decreased in the last repetitions of the protocol and the neuromuscular activity of the upper gluteus maximus increased. Significant differences were also observed in the neuromuscular activity of the muscles in the medial compartment of the hamstrings, biceps femoris and gluteus medius. KEY WORDS: ELETROMIOGRAPHY; FATIGUE; GLUTEUS MAXIMUS; GLUTEUS MEDIUS; HAMSTRINGS; INJURY.

Page 17: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

XVII

LISTA DE ABREVIATURAS

N - número de participantes

DP - desvio padrão

IC95% - intervalo de confiança de 95%

MD - média da diferença

Glúteo máximo superior - porção superior do glúteo máximo

Glúteo máximo inferior - porção inferior do glúteo máximo

Isquiotibiais lateral - bíceps femoral

Isquiotibiais medial - músculos no compartimento medial dos isquiotibiais

ms - milissegundos

Page 18: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 19: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

I – INTRODUÇÃO

Page 20: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 21: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

INTRODUÇÃO

21

1. INTRODUCAO

No futebol profissional as lesões musculares representam 31% do número

total de lesões, e 12% de todas as lesões musculares ocorrem nos músculos

isquiotibiais (Ekstrand et al., 2011). A maior parte das lesões nos músculos

isquiotibiais ocorrem durante a corrida à máxima velocidade ou perto da mesma

(Ekstrand et al., 2012), sem contacto com outro jogador (Ekstrand et al., 2011),

sendo que, 84% envolvem o bíceps femoral e apenas 12% e 4% incidem no

semitendinoso e semimebranoso, respetivamente (Ekstrand, Lee, et al., 2016). A

incidência das lesões dos músculos isquiotibiais é similar entre os membros

dominante e não dominante (Ekstrand, Walden, et al., 2016).

Os isquiotibiais são constituídos pelo bíceps femoral, semitendinoso e

semimembranoso e atuam na flexão e extensão do joelho e da anca (Ono et al.,

2011), bem como na rotação da tíbia (Onishi et al., 2002). Os músculos no

compartimento medial dos isquiotibiais atuam na rotação interna da tíbia e o bíceps

femoral atua na rotação externa da mesma (Onishi et al., 2002).

Muitos estudos têm sido realizados com o objetivo de entender o

comportamento dos músculos isquiotibiais durante a corrida à máxima velocidade

(Chumanov et al., 2007; Higashihara et al., 2015, 2016; Mann & Sprague, 1980;

Mann, 1981; Schache et al., 2012; Sun et al., 2015; Thelen, Chumanov, Best, et al.,

2005; Thelen, Chumanov, Hoerth, et al., 2005; Thelen et al., 2006; Yu et al., 2008).

No entanto, alguns desses estudos (Chumanov et al., 2007, 2011; Heiderscheit et

al., 2005; Thelen, Chumanov, Best, et al., 2005; Thelen, Chumanov, Hoerth, et al.,

2005; Thelen et al., 2006) foram realizados em passadeira. Porém, diferenças em

parâmetros biomecânicos (Frishberg, 1983; Nigg et al., 1995; Wank et al., 1998) e

metabólicos (Frishberg, 1983) entre a corrida no solo e na passadeira foram

previamente identificadas.

Recentemente, verificaram-se diferentes perfis de atividade eletromiográfica

entre os músculos no compartimento medial dos músculos isquiotibiais e o bíceps

femoral (Higashihara et al., 2015, 2016), e segundo Higashihara et al. (2016), o facto

Page 22: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

INTRODUÇÃO

22

de o pico de ativação do bíceps femoral na fase final de balanço coincidir com o

pico de alongamento do mesmo poderá justificar a maior incidência de lesões dos

músculos isquiotibiais no bíceps femoral.

A fadiga tem-se mostrado relevante na ocorrência de lesões nos isquiotibiais

durante o jogo de futebol, visto que se tem verificado uma maior frequência deste

tipo de lesão no final de cada parte do jogo (Ekstrand et al., 2011; Woods, 2004).

Os níveis de força excêntrica dos músculos isquiotibiais diminuem depois de um

jogo de futebol (Greig & Siegler, 2009; Jones et al., 2015) e estão a associados à

redução da atividade neuromuscular do bíceps femoral (Timmins et al., 2014).

Corrida intermitente à máxima velocidade influencia a atividade neuromuscular dos

isquiotibiais (Pinniger et al., 2000). Os autores verificaram um aumento do tempo de

ativação dos músculos isquiotibiais e sugerem que isso serviu para compensar a

menor força gerada pelos respetivos músculos.

Os músculos glúteos parecem influenciar de maneira relevante a ocorrências

das lesões nos músculos isquiotibiais (Franettovich Smith et al., 2016; Schuermans

et al., 2017). O glúteo máximo é frequentemente dividido em porção superior e

inferior de acordo com a sua função (Fujisawa et al., 2014; Lyons et al., 1983;

Selkowitz et al., 2016). Durante a corrida à máxima velocidade, o glúteo máximo

apresenta o pico de ativação na fase de contacto com o pé no solo (Jonhagen et

al., 1996) e a sua porção superior exibe maior ativação neuromuscular que a porção

inferior durante a corrida a baixa velocidade (Stern et al., 1980). Assim como com o

glúteo máximo, o glúteo médio apresenta o seu pico de ativação no contacto com o

pé no solo (Semciw et al., 2016). Até ao presente, não existem estudos que

verifiquem a ativação neuromuscular destes músculos em fadiga durante a corrida

intermitente à máxima velocidade. No entanto, especula-se que a ativação

neuromuscular diminua em estado de fadiga (Girard et al., 2008; Mendez-

Villanueva et al., 2008) e que essa alteração esteja relacionada com a diminuição

na taxa de disparo das unidades motoras e/ou uma diminuição do número de

recrutamento das mesmas (Farina et al., 2004).

Page 23: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

INTRODUÇÃO

23

Compreender o comportamento da atividade neuromuscular dos músculos

no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral, do glúteo máximo e

glúteo médio durante um protocolo de corrida intermitente à máxima velocidade

permite a identificação de alterações específicas na ativação neuromuscular destes

músculos, assim como possíveis mecanismos de compensação neuromuscular. É

plausível aceitar que tais alterações poderão contribuir para o processo de lesão. O

conhecimento de tais mecanismos é relevante, principalmente em desportos de

esforço intermitente como o futebol, para o desenvolvimento de protocolos

específicos de prevenção das lesões nos isquiotibiais.

O objetivo principal deste estudo é avaliar o comportamento neuromuscular

dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos

músculos glúteo médio e máximo durante a corrida intermitente à máxima

velocidade. Também se verificou se existem diferenças no padrão de ativação

muscular entre participantes que apresentaram maior e menor nível de fadiga ao

final do protocolo.

Page 24: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 25: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

II – REVISÃO DE LITERATURA

Page 26: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 27: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

27

2. REVISAO DE LITERATURA

2.1 Epidemiologia

No futebol a lesão muscular é um dos maiores problemas para qualquer

equipa (Ekstrand et al., 2011). Em equipas europeias profissionais esse tipo de

lesão representa 31% no número total de lesões (Ekstrand et al., 2011). O subtipo

de lesão mais comum é a lesão nos músculos isquiotibiais, representando 12% de

todas as lesões e ocorrendo a maior parte das vezes sem qualquer contacto com

outro jogador (Ekstrand et al., 2011) durante a corrida à máxima velocidade

(Ekstrand et al., 2012). Uma equipa de elite constituída por 25 jogadores poderá

sofrer 5 a 6 lesões no isquiotibiais por época e, aproximadamente, 14 dias serão

perdidos para a recuperação de cada atleta (Ekstrand et al., 2011).

No futebol, 84% das lesões nos músculos isquiotibiais incidem no bíceps

femoral e 12% e 4% envolvem o semimembranoso e o semitendinoso,

respetivamente (Ekstrand, Lee, et al., 2016). Além disso, 70% desse tipo de lesões

ocorrem durante a corrida à máxima velocidade ou perto da mesma (Ekstrand et al.,

2012). Alguns estudos descrevem o local exato onde a lesão ocorre com mais

frequência como sendo na junção miotendinosa (Tidball et al., 1993) da região

proximal do bíceps femoral(Brandser et al., 1995; De Smet & Best, 2000; Garrett et

al., 1989). E parecem não existir diferenças na incidência deste tipo de lesão entre

os dois membros inferiores (Ekstrand, Walden, et al., 2016).

Ekstrand et al. (2011) verificou uma maior incidência desta lesão no final de

cada parte do jogo, assim como Woods (2004), chamando os leitores à atenção

para o papel da fadiga na ocorrência desta lesão. Bengtsson et al. (2013) investigou

o efeito do número de dias entre jogos nos resultados e no número de lesões, e

verificando uma associação somente em relação ao número de lesões,

principalmente nas lesões do quadríceps e isquiotibiais. A carga física e mental

Page 28: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

28

imposta aos jogadores, principalmente aqueles com menos de 5 dias de intervalo

entre jogos, poderá expor os jogadores à lesão (Bengtsson et al., 2013).

Ekstrand, Walden, et al. (2016) acompanharam 36 clubes de 12 países

europeus entre 2001 e 2014 com o objetivo de analisar a frequência de lesões dos

isquiotibiais e avaliar a contribuição do treino e do jogo nessas mesmas lesões. Os

autores concluíram que as lesões dos isquiotibiais aumentaram 4% por ano,

mantendo-se estável o número de lesões ocorridas durante o jogo e aumentando o

número de lesões ocorridas em treino. Este aumento do número de lesões pode ser

explicado pelo facto de grande parte das equipas não criar medidas preventivas

para as lesões nos músculos isquiotibiais (Bahr et al., 2015) aliado a um maior

número de ações que replicam a natureza do jogo executadas a alta intensidade

durante o treino (Ekstrand, Walden, et al., 2016). O Nordic Hamstring Exercise é um

exercício capaz de reduzir em 65% e 80% a incidência e recorrência,

respetivamente, das lesões nos isquiotibiais em equipas de futebol (Petersen et al.,

2011). Submeter os atletas a corridas à máxima velocidade ou perto da mesma

reduz o número de lesões nos membros inferiores (Malone et al., 2017), no entanto

se a carga não for controlada e os atletas forem sujeitos a aumentos repentinos da

mesma, o número de lesões nos músculos isquiotibiais poderá aumentar (Duhig et

al., 2016).

É conhecido que um maior número de lesões numa equipa de futebol

contribui para uma diminuição da performance (Hagglund et al., 2013), além do

mais, quando um jogador da equipa principal se lesiona durante um mês, cerca de

500 000 Euros são gastos (Ekstrand, 2013) na sua recuperação. Sendo assim, é

necessário que se entenda melhor os mecanismos deste tipo de lesão de maneira

a elaborar programas de prevenção e recuperação com o objetivo de reduzir o

número de lesões e melhorar o processo de recuperação dos atletas.

Page 29: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

29

2.2 Músculos Isquiotibiais

Os isquiotibiais são constituídos por quatro músculos localizados na parte

posterior da coxa: (1) semimembranoso, (2) semitendinoso, (3) cabeça longa do

bíceps femoral e (4) cabeça curta do bíceps femoral. Estes músculos atuam na

extensão da anca e na flexão do joelho (Ono et al., 2011), bem como na rotação da

tíbia (Lynn & Costigan, 2009). Sendo assim, estes músculos são classificados em

parte medial (semimembranoso e semitendinoso), atuando assim na rotação interna

da tíbia; e em parte lateral (cabeça longa e cabeça curta do bíceps femoral), atuando

na rotação externa da tíbia (Onishi et al., 2002). Além disso, são divididos em

músculos biarticulares (semimembranoso, semitendinoso e cabeça longa do bíceps

femoral) e em músculo monoarticular (cabeça curta do bíceps femoral) dependendo

do número de articulações em que eles atuam (Onishi et al., 2002).

O semimembranoso, o semitendinoso e a cabeça longa do bíceps femoral

têm a sua origem proximal na tuberosidade isquiática, onde a cabeça longa do

bíceps femoral e o semitendinoso partilham o mesmo tendão (Miller et al., 2007;

Miller & Webb, 2008). Num estudo recente, Neuschwander et al. (2015) verificou

que o semimembranoso também partilha o mesmo tendão em conjunto com a

cabeça longa do bíceps femoral e o semitendinoso. Woods (2004) sugere que o

músculo bíceps femoral tem uma função triarticular por ter origem na parte inferior

do ligamento sacrotuberal (Jonhagen et al., 1994; Vleeming et al., 1995), estando

mais sujeito a lesão. O semitendinoso está inserido na parte medial ântero-superior

da tíbia (Pagnani et al., 1993) enquanto que o semimembranoso se insere na parte

medial póstero-superior da mesma (Agur & Dalley, 2008; Drake et al., 2010). Alguns

estudos já identificaram outras inserções deste último (De Maeseneer et al., 2014).

A cabeça curta do bíceps femoral surge do bordo lateral da linha áspera da linha

supracondilar do fémur e do septo intermuscular lateral (Woodburne & Burkel, 1994)

inserindo-se juntamente com a cabeça longa na parte proximal da tíbia (Last &

McMinn, 1994), embora outros pontos de inserção já tenham sido referidos na

literatura (Tubbs et al., 2006). Segundo Woods (2004) o facto deste se inserir na

Page 30: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

30

cabeça da fíbula também poderá ser um fator que predispõe este músculo a lesão

se uma anterior lesão no joelho ou no tornozelo resultar numa alteração da

articulação tibiofibular superior.

Cada um dos músculos dos isquiotibiais é morfologicamente e

funcionalmente diferente (Kellis et al., 2012; Woodley & Mercer, 2005). O músculo

semitendinoso é constituído por fibras que estão orientadas paralelamente à linha

de força, o que demonstra um maior potencial para contrair em longas distâncias

(Kellis et al., 2012; Makihara et al., 2006) e portanto, maior ativação em ângulos de

flexão do joelho mais profundos (Makihara et al., 2006; Onishi et al., 2002). Woodley

& Mercer (2005) observaram que o semitendinoso tem duas regiões distintas (região

superior e região inferior) de fascículos musculares com o mesmo comprimento e

em série, separadas por uma inscrição tendinosa no ventre muscular. Cada uma

das regiões é inervada por um nervo periférico diferente (Woodley & Mercer, 2005).

Kubota et al. (2007) e Ono et al. (2010a) verificaram que o músculo semitendinoso

é preferencialmente recrutado em exercício excêntrico intenso de flexão de joelho

devido às suas propriedades morfológicas ao lidar de forma eficaz com o

estiramento durante a contração. Baczkowski et al. (2006) constataram que o

semitendinoso também era preferencialmente recrutado durante o remate em

jogadores de futebol australiano.

Por outro lado, o semimembranoso e a cabeça longa do bíceps femoral são

constituídos por fibras oblíquas à linha de força, sendo os músculos dos isquiotibiais

com maior área de secção transversal (Kellis et al., 2012; Woodley & Mercer, 2005).

Ono et al. (2011) observou que estes músculos são preferencialmente recrutados

comparativamente ao semitendinoso durante a extensão da anca, visto que estes

movimentos exigem maior torque. A cabeça curta do bíceps femoral é o músculo

com menor comprimento e área de secção transversal, apesar disso contém

fascículos longos (Kellis et al., 2012; Woodley & Mercer, 2005).

Garrett et al. (1984) descreveu a composição do tipo de fibra dos músculos

isquiotibiais como sendo constituída maiotariamente por fibras do tipo II, e propôs

que por essa razão este grupo muscular estará mais sujeito a lesão. Recentemente,

Page 31: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

31

Evangelidis et al. (2016), através de métodos mais atualizados, verificou que os

músculos isquiotibiais apresentam uma percentagem equilibrada dos vários tipos

de fibra, e sendo assim, a composição das fibras dos músculos isquiotibiais não

explicam a grande incidência de lesões neste grupo muscular.

2.3 Músculos Glúteos

O glúteo máximo é um extensor primário da anca (Williams et al., 1995),

rotador externo (Delp et al., 1999), e contribui também para a abdução da anca

(Williams et al., 1995). Este músculo insere-se proximalmente na fáscia do glúteo

médio, do ilío, da fáscia toracolombar, da aponeurose dos eretores da espinha, dos

ligamentos da articulação sacroilíaca, do ligamento sacrotuberal, do sacro e do

cóccix (Barker et al., 2014). Distalmente, este músculo insere-se na banda iliotibial

e na tuberosidade glútea (Barker et al., 2014; Stecco et al., 2013). Visto que grande

parte das fibras musculares do glúteo máximo atravessam perpendicularmente a

articulação sacroilíaca, uma contração do glúteo máximo produz forças de

compressão nesta articulação (Barker et al., 2014). As inserções proximais e distais

do glúteo máximo permitem que exista uma transferência de forças entre a coluna

vertebral, pélvis e joelho (Stecco et al., 2013).

Vários estudos dividem o glúteo máximo em porção superior e inferior de

acordo com a sua função (Fujisawa et al., 2014; Lyons et al., 1983; Selkowitz et al.,

2016). Ambas as porções do glúteo máximo contribuem igualmente para a extensão

da anca, enquanto que a porção superior contribui mais para a abdução e rotação

externa da anca, comparativamente a porção inferior (Selkowitz et al., 2016). No

entanto, em ângulos elevados de flexão da anca as fibras superiores do glúteo

máximo tornam-se rotadores internos da anca (Delp et al., 1999).

O glúteo máximo é o músculo com maior área de secção transversal dos

membros inferiores (Ito, 1996; Ward et al., 2009) e contém fascículos longos e

oblíquos à linha de força (Barker et al., 2014; Ward et al., 2009).Atualmente existem

Page 32: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

32

2 estudos que estudam o tipo de fibra muscular do glúteo máximo (Johnson et al.,

1973; Sirca & Susec-Michieli, 1980). Os resultados demonstram um equilíbrio entre

o número de fibras do tipo I e do tipo II.

O glúteo médio é um músculo abdutor primário da anca (Clark & Haynor,

1987), e que, dependendo de sua porção, contribui também para a rotação externa,

rotação interna e extensão da anca (Neumann, 2010). Este músculo surge da

superfície externa do ilíaco entre a linha glútea anterior e posterior (Al-Hayani, 2009;

Moore & Dalley, 1999; Standring et al., 2008), além desta, a aponeurose glútea (Al-

Hayani, 2009; Standring et al., 2008) e a crista ilíaca (Basarir et al., 2008; Nork et

al., 2005; Zhang et al., 2008) são origens também já referidas na literatura.

Distalmente insere-se no grande trocânter mas com muita controvérsia acerca do

local exato da inserção (Flack et al., 2012). Numa revisão de literatura realizada por

Flack et al. (2012) foi descrito que não existe consenso quanto ao número de

inserções distais deste músculo.

Frequentemente o glúteo médio é dividido em 3 regiões: anterior, média e

posterior (Clark & Haynor, 1987; Dostal et al., 1986; Soderberg & Dostal, 1978). A

partir da posição anatómica, além da contribuição de todas as fibras para a abdução

da anca, as fibras anteriores contribuem para a rotação interna e as fibras

posteriores contribuem para a rotação externa e extensão (Neumann, 2010). No

entanto, em ângulos elevados de flexão da anca, as fibras posteriores do glúteo

médio tornam-se rotadores internos da anca (Delp et al., 1999).

As regiões anterior e média do glúteo médio contêm fibras orientadas na

vertical enquanto que as fibras posteriores estão orientadas na horizontal (Al-

Hayani, 2009; Flack et al., 2014). No entanto não existem diferenças no

comprimento dos fascículos entre as diferentes regiões (Flack et al., 2014). O glúteo

médio corresponde a 5,9% do peso total dos membros inferiores, cerca de metade

do peso do glúteo máximo (Ito, 1996), e é o músculo com maior área de secção

transversal entre os músculos abdutores primários (Flack et al., 2014).

Page 33: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

33

2.4 Fisiopatologia das lesões nos isquiotibiais

Os jogadores de futebol passam a maior parte do tempo a correr a baixas

velocidades (Osgnach et al., 2010), no entanto a ação mais frequente antes do golo

é a corrida à máxima velocidade sem oposição e sem a posse da bola (Faude et al.,

2012). Além disso, como referido anteriormente, 70% das lesões nos músculos

isquiotibiais ocorrem durante a corrida à máxima velocidade ou perto da mesma

(Ekstrand et al., 2012). Por estas razões, é importante entender o comportamento

dos músculos isquiotibiais durante a corrida à máxima velocidade se queremos uma

menor incidência deste tipo de lesão e uma recuperação o mais eficiente e eficaz

possível.

Segundo Jonhagen et al. (1996) e Yu et al. (2008) os músculos isquiotibiais

estão ativos durante toda a fase do ciclo da passada com dois picos de atividade;

(1) um na fase final de balanço e (2) outro na fase inicial de contacto com o pé no

solo. Higashihara et al. (2015) verificaram diferentes perfis de atividade

electromiográfica entre os músculos isquiotibiais, sendo que, (1) os músculos no

compartimento medial dos isquiotibiais apresentam um pico de ativação na fase

final do contacto com o pé no solo e outro na fase de balanço no momento de flexão

da anca e que o joelho começa a transição de uma ação de flexão para uma de

extensão, e (2) o bíceps femoral apresenta um pico de ativação imediatamente

antes e outro imediatamente após o contacto com o pé no solo.

Muitos estudos têm sido conduzidos com o objetivo de entender os

mecanismos de lesão dos músculos isquiotibiais durante a corrida. Inicialmente,

Mann & Sprague (1980) e Mann (1981) sugeriram que os isquiotibiais se encontram

em risco de lesão durante a fase inicial de apoio, ao demonstrar que o máximo

instante de flexão e extensão do joelho e da anca, respetivamente, ocorre nesta

fase da corrida à máxima velocidade. Yu et al. (2008) demonstrou que os

isquiotibiais contraem excentricamente na fase final de apoio durante a corrida

assim como na fase final de balanço, sugerindo que nestas fases o atleta poderá

sofrer uma rotura neste grupo muscular. Outros estudos (Chumanov et al., 2007,

Page 34: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

34

2011; Heiderscheit et al., 2005; Higashihara et al., 2016; Schache et al., 2012;

Thelen, Chumanov, Best, et al., 2005; Thelen, Chumanov, Hoerth, et al., 2005;

Thelen et al., 2006) sugerem que os isquiotibiais estão mais propícios a sofrer lesão

na fase final de balanço da corrida, antes do contacto inicial do pé no solo, visto que

só nessa altura ocorre uma contração excêntrica deste grupo muscular para

desacelerar a perna enquanto o joelho estende.

Recentemente, Sun et al. (2015) analisou o momento articular na anca, no

joelho e no tornozelo durante a corrida à máxima velocidade. Na fase final de

balanço, a inércia da perna causou a flexão da anca e extensão do joelho ao mesmo

tempo e, para contrariar esse movimento, os isquiotibiais contraiam, dando início à

extensão da anca e flexão do joelho. Nesta altura os músculos isquiotibiais estavam

sujeitos a cargas cerca de 10 vezes o peso corporal. O maior contribuidor para estes

elevados momentos articulares foi a aceleração angular da perna. Na fase inicial de

contacto com o pé no solo, a força de reação do solo passava anteriormente à anca

e ao joelho gerando, um momento externo de flexão da anca, e um momento

externo de extensão do joelho. A carga exercida nos músculos isquiotibiais

correspondia a pelo menos 8 vezes o peso corporal. Deste modo, os autores

concluíram que as lesões dos músculos isquiotibiais ocorrem na fase final de

balanço e no contacto inicial com o pé no solo apesar de pouca informação existir

sobre os mecanismos de lesão dos músculos isquiotibiais neste estudo. Além do

mais, as roturas musculares ocorrem durante contrações excêntricas (Garrett,

1996). O máximo alongamento do complexo músculo-tendão dos músculos

isquiotibiais acontece na fase final de balanço (Higashihara et al., 2016; Thelen,

Chumanov, Best, et al., 2005) e coincide com o pico de ativação do bíceps femoral.

No semitendinoso, o pico de alongamento ocorre mais tarde que o pico de ativação

neuromuscular no ciclo da passada na corrida à máxima velocidade (Higashihara et

al., 2016).

Revendo a literatura neste tópico parece existir pouca evidência que mostre

que uma lesão nos músculos isquiotibiais possa ocorrer durante a fase inicial do

Page 35: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

35

contacto com o pé no solo. A fase final de balanço durante a corrida à máxima

velocidade parece ser onde ocorrem as lesões nos músculos isquiotibiais.

2.5 Fadiga

A fadiga parece ser um fator relevante na ocorrência das lesões nos

músculos isquiotibiais. Por exemplo, é no fim de cada parte de um jogo de futebol

onde se observa uma maior frequência deste tipo de lesão (Ekstrand et al., 2011;

Woods, 2004) e níveis de força excêntrica dos músculos isquiotibiais são inferiores

aos níveis de força antes do jogo (Greig & Siegler, 2009; Jones et al., 2015). A

consequência desta perda de força é a menor capacidade dos músculos

isquiotibiais em desacelerar a perna na fase final de balanço durante a corrida

(Jones et al., 2015). Timmins et al. (2014) demonstrou uma redução da atividade

neuromuscular do bíceps femoral na fase excêntrica de flexão do joelho realizada

em um dinamômetro isocinético após a realização de um protocolo de corrida

intermitente à máxima velocidade, enquanto que no compartimento medial dos

isquiotibiais não houveram diferenças significativas pré e pós fadiga. Uma

diminuição mais acentuada da força excêntrica dos flexores do joelho foi associada

à redução da atividade neuromuscular do bíceps femoral (Timmins et al., 2014).

O efeito da fadiga na cinemática da corrida causada por esforços dinâmicos

repetidos foi analisada em dois estudos (Pinniger et al., 2000; Small et al., 2009)

com resultados contraditórios, possivelmente por terem sido utilizados diferentes

protocolos. O protocolo criado por Pinniger et al. (2000) foi fisicamente mais

exigente do que aquele utilizado por Small et al. (2009).

Pinniger et al. (2000) verificou uma diminuição da flexão da anca e do joelho

durante a fase de balanço na altura de maior extensão do joelho. Segundo os

autores, o aumento da extensão do joelho terá ocorrido devido a uma menor

capacidade dos músculos isquiotibiais para controlarem o movimento de rotação da

perna. A menor flexão da anca pode ter ocorrido devido ao fim antecipado da

Page 36: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

36

ativação neuromuscular do reto femoral e a uma ativação neuromuscular

antecipada do semitendinoso e do bíceps femoral, visto que estes são músculos

que controlam o movimento da coxa em relação à anca (Pinniger et al., 2000). Além

disso, os autores sugerem que o início antecipado e aumento do tempo de atividade

neuromuscular do semitendinoso e do bíceps femoral será uma estratégia para

compensar a perda na capacidade para gerar força dos músculos isquiotibiais

(Pinniger et al., 2000). Se a capacidade de um músculo para absorver energia é

negativamente afetada pela perda da capacidade de gerar força (Garrett, 1990),

então, a taxa de absorção de energia pelos músculos isquiotibiais aumentará se

uma ativação neuromuscular destes músculos não ocorrer (Pinniger et al., 2000).

Small et al. (2009) observou uma redução na flexão da anca e no ângulo de

extensão do joelho, ou seja, com a instalação da fadiga houve uma diminuição do

comprimento do complexo músculo-tendão dos músculos isquiotibiais. Esta

diminuição aliada a uma maior velocidade angular da perna, que também não vai

de encontro ao resultado do estudo de Pinniger et al. (2000), poderá resultar num

“efeito de chicote” na perna (Tupa, 1995), gerando uma maior tensão no complexo

músculo-tendão aumentando o risco de lesão (Small et al., 2009). Além disso, ainda

se soma a tensão provocada pelo aumento da anteversão pélvica em condição de

fadiga (Small et al., 2009). A maior inclinação do tronco e anteversão pélvica

poderão aumentar o risco de lesão nos isquiotibiais devido ao consequente aumento

de comprimento dos mesmos (Hoskins & Pollard, 2005).

Em ambos os estudos se verificou uma diminuição do comprimento da

passada mas a explicação para este fenómeno foi diferente. Pinniger et al. (2000)

justificou o ocorrido com o aumento do tempo na fase de balanço. Uma maior

extensão da anca na fase final de contacto com o pé no solo exige que a perna

percorra uma maior distância até ao contacto com o pé no solo (Pinniger et al.,

2000). Small et al. (2009) atribuiu o menor comprimento da passada à menor flexão

e extensão da anca e do joelho, respetivamente.

Page 37: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

37

A relação entre a fadiga na corrida à máxima velocidade e as lesões nos

músculos isquiotibiais ainda não é bem compreendida, portanto este tópico requer

mais investigação no futuro.

2.6 Influência do glúteo máximo e médio na incidência de lesões nos

músculos isquiotibiais

O glúteo máximo tem como principais funções controlar a flexão do tronco do

membro que se encontra em contacto com o solo e desacelerar o movimento do

membro inferior contralateral durante a corrida (Lieberman et al., 2006). Na fase de

contacto com o pé no solo, onde o glúteo máximo controla a flexão do tronco,

promove a extensão da anca (Lieberman et al., 2006) e contribui para o suporte

vertival durante a corrida (Hamner et al., 2010), verifica-se o seu pico de ativação

neuromuscular (Bartlett et al., 2014). Além disso, a porção superior do glúteo

máximo apresenta maior ativação neuromuscular que a porção inferior durante a

corrida a baixa velocidade (Stern et al., 1980). Previamente foi sugerido que a

porção superior do glúteo máximo contribui mais que a porção inferior para a

abdução da anca durante a corrida (Lyons et al., 1983; Stern et al., 1980) e a porção

inferior do glúteo máximo controla a inclinação do tronco (Bartlett et al., 2014).

O glúteo médio, durante a corrida, tem como função principal assistir na

absorção da força de reação do solo (Hamner et al., 2010; Lenhart et al., 2014). A

força de pico deste músculo ocorre na fase inicial de contacto com o pé no solo

(Lenhart et al., 2014), contribuindo, pela metade, para o suporte vertical juntamente

com o glúteo máximo e o adutor magno (Hamner et al., 2010). Devido à sua

morfologia, o glúteo médio, é capaz de gerar torques de abdução elevados para

manter o equilíbrio entre o fémur e a pélvis no plano frontal (Dostal et al., 1986;

Flack et al., 2014).

A atividade eletromiografica do glúteo médio aumenta progressivamente

desde o instante em que o pé perde contacto com o solo até a fase inicial de

Page 38: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REVISÃO DE LITERATURA

38

contacto com o pé no solo, onde apresenta o seu pico de ativação (Semciw et al.,

2016). Apenas um estudo apresentou um padrão bifásico de ativação do glúteo

médio, com um segundo pico de ativação na fase final de contacto com o pé no solo

(Gazendam & Hof, 2007).

Os músculos glúteo máximo e médio permitem que exista uma transferência

de forças entre os membros inferiores e o tronco (Lieberman et al., 2006; Semciw

et al., 2013). A alteração da atividade neuromuscular dos mesmos está associada

ao aparecimento de várias lesões nos membros inferiores (Azevedo et al., 2009;

Barton et al., 2013; Franettovich et al., 2010; Franettovich Smith et al., 2016;

Franettovich Smith et al., 2014; Hall et al., 2015; Morrissey et al., 2012; Schuermans

et al., 2017; Sims et al., 2002).

Sugiura et al. (2008) verificou que baixos níveis de força dos músculos

extensores da anca estavam associados a uma maior probabilidade de incidência

de lesões nos músculos isquiotibiais, porém, os autores não identificaram se essa

perda de força era consequência de algum músculo individual dos músculos

extensores da anca.

Franettovich Smith et al. (2016) investigou em 26 atletas da liga profissional

de futebol australiano a influência do tamanho e ativação do glúteo médio na

incidência de lesão nos músculos isquiotibiais. Os autores observaram que as

lesões nos músculos isquiotibiais ocorriam nos jogadores com maior ativação

neuromuscular do glúteo médio durante a corrida.

Recentemente, foi identificada uma associação entre a ocorrência de lesões

nos músculos isquiotibiais e o nível de atividade neuromuscular do glúteo máximo

em atletas amadores de futebol (Schuermans et al., 2017). Os autores deste estudo

identificaram previamente à ocorrência de lesão uma menor ativação

neuromuscular do glúteo máximo e da musculatura do tronco durante a fase anterior

e posterior de balanço, respetivamente.

Estes estudos mostram-nos a importância de entender o papel dos glúteos

máximo e médio durante a corrida na incidência de lesões nos músculos

isquiotibiais.

Page 39: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

III - OBJETIVOS E HIPÓTESES

Page 40: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 41: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

OBJETIVOS E HIPÓTESES

41

3. OBJETIVOS E HIPOTESES

3.1 Objetivos

- Avaliar o comportamento neuromuscular dos músculos no compartimento medial

dos isquiotibiais, do bíceps femoral, do músculo glúteo médio e da porção superior

e inferior do glúteo máximo durante a corrida intermitente à máxima velocidade;

- Comparar ativação neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos

isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e máximo durante a

corrida intermitente à máxima velocidade entre participantes com maior e menor

nível de fadiga.

3.2 Hipóteses

- Diminuição da atividade neuromuscular, em todos os músculos, ao longo do

protocolo e em todas as fases do ciclo da passada;

- Maior atividade neuromuscular, em todos os músculos e fases do ciclo da passada,

no grupo de participantes que apresenta maior nível de fadiga.

Page 42: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 43: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

IV - MÉTODOS

Page 44: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 45: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

MÉTODOS

45

4. MÉTODOS

4.1 Participantes

Para este estudo foram selecionados indivíduos do sexo masculino (Tabela

1) que praticavam modalidades desportivas que envolviam corrida. Foi considerada

atividade recreacional a prática dessas modalidades, pelo menos, uma vez por

semana com duração mínima de 60 minutos e prática regular à, no mínimo, 3

meses. Participantes com histórico de lesões nos isquiotibiais, ou que sofreram

lesão na região lombar ou nos membros inferiores durante o último ano, ou com

qualquer disfunção que não permita a prática de corrida sem qualquer restrição não

participaram no estudo. Todos os participantes só participaram após aprovação do

Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Identificação do projeto:

CAAE 62609516.1.0000.0118; Número do Parecer: 2.144.992) e depois de

assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Tabela 1. Caracterização geral dos participantes.

Média (N=20) Desvio Padrão (N=20)

Idade (anos)

25,90 4,78

Massa (Kg)

78,69 14,01

Estatura (metros) 1,74 0,06 Frequência semanal do treino (dias)

2,75 1,68

Duração do treino (minutos)

65,25

31,72

Legenda: N= número de participantes.

Page 46: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

MÉTODOS

46

4.2 Instrumentos

A análise eletromiográfica de superfície dos músculos no compartimento

medial dos isquiotibiais e do bíceps femoral e dos músculos glúteos foi realizada

através de um sistema Wireless de EMG, Noraxon Direct Transmission System

(DTS) a uma frequência de amostragem de 1500 Hz. O MyoMuscle foi o software

de eletromiografia utilizado para aquisição, processamento e análise dos dados.

Uma câmara Casio registrando imagens a uma frequência de amostragem de 210

Hz foi utilizada para identificar as diferentes fases do ciclo da corrida. Foi utilizado

um dispositivo de sincronização Noraxon Myosync para a sincronização do vídeo

com o sinal eletromiográfico. As imagens foram analisadas no software kinovea -

0.8.25. A escala de Borg de 10 pontos (Category Ratio Scale – CR 10) foi aplicada

para classificar o esforço subjetivo dos sujeitos.

4.3 Protocolo Experimental

Inicialmente foram feitas as medidas antropométricas (peso e altura) dos

sujeitos e apontou-se a sua idade.

Inicialmente, os procedimentos necessários para a análise eletromiográfica

foram realizados. Após a depilação com uma lâmina descartável e com algodão

embebido em álcool, os elétrodos foram colocados acima dos músculos pretendidos

depois da sua palpação durante uma contração isométrica. Durante este

procedimento os participantes foram posicionados em decúbito ventral ou em

decúbito lateral esquerdo em uma marqueza. Foram utilizados elétrodos bipolares

Ag/AgCl colocados a uma distância de 20mm entre si. Para o bíceps femoral, os

elétrodos foram posicionados sobre o ponto médio de uma linha traçada entre a

tuberosidade isquiática e o epicôndilo lateral do fémur (Hermens et al., 1999). Para

os músculos do compartimento medial, os elétrodos foram posicionados no ponto

médio da linha que liga a tuberosidade isquiática e o epicôndilo medial do fémur

Page 47: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

MÉTODOS

47

(Hermens et al., 1999). Os eletrodos referentes as fibras superiores do glúteo

máximo foram colocadas em uma largura de dois dedos acima do ponto médio de

uma linha traçada entre a espinha ilíaca póstero-superior e o trocânter (Fujisawa et

al., 2014). Os eletrodos referentes as fibras inferiores do glúteo máximo foram

colocados abaixo do ponto médio da mesma linha. Já os eletrodos referentes ao

glúteo médio foram colocados no ponto médio da linha entre a crista ilíaca e o

trocânter (Fujisawa et al., 2014). Para o glúteo médio, os elétrodos foram

posicionados no ponto médio da linha entre a crista ilíaca e o trocanter (Fujisawa et

al., 2014).

A normalização do sinal eletromiográfico foi feita pelo valor máximo da

atividade eletromiográfica durante uma contração isométrica voluntária máxima

(CVM) dos respetivos músculos sendo avaliados. Para os isquiotibiais, os

participantes foram colocados em posição decúbito ventral em cima de uma

marquesa, e realizaram uma contração isométrica máxima, resistindo à força

exercida pela mão do investigador imediatamente acima do calcâneo (Konrad,

2005). Para a avaliação do glúteo máximo (ambas as porções), o participante foi

posicionado em decúbito ventral, com flexão de 90 graus de joelho, e realizou a

extensão da anca (Contreras et al., 2015). Para a avaliação do glúteo médio, o

paciente foi posicionado em decúbito lateral, com extensão de joelho e anca neutra,

e realizou uma abdução de quadril (Bernard et al., 2017). A CVM foi realizada duas

vezes em cada posição, mantendo a contração por 5 segundos contra uma

resistência manual. Antes da realização da CVM válida para cada posição foi feito

um aquecimento constituído por duas repetições a 60% e 80% da CVM do mesmo

movimento.

Após os testes de CVM, os sujeitos realizaram um aquecimento dividido em

duas partes. Na primeira parte, os sujeitos correram lentamente durante 140 metros.

Na segunda parte, os mesmos realizaram 3 repetições de 25 metros a 60%, 80% e

100% da sua velocidade máxima, respetivamente. Caso os sujeitos ainda não se

sentissem em condições de realizar a última repetição a 100% da sua velocidade

Page 48: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

MÉTODOS

48

máxima, era adicionada uma repetição a 80% da sua velocidade máxima. Após

cada repetição foram dados 10 metros para a desaceleração, seguido de uma

caminhada até à linha de partida. Os sujeitos realizaram a repetição seguinte

quando se sentiam prontos.

Em seguida, os sujeitos começaram com o protocolo que consistia em 15

repetições de 25 metros de corrida à máxima velocidade (Figura 1). Após chegar à

marca dos 25 metros, foram dados aos sujeitos 10 metros para desacelerar e a

partir daí era dado 1 minuto de descanso até à próxima repetição. Entretanto os

sujeitos caminhavam até à linha de partida. No fim de cada repetição foi utilizada a

escala de Borg de dez pontos de maneira a classificar a perceção subjetiva de

esforço dos sujeitos.

Em cada repetição, os sujeitos foram filmados por uma câmara Casio de 210

Hz, colocada na metade do percurso, de maneira a que se pudessem identificar as

fases do ciclo da passada. Para realizar a sincronização, o Noraxon MyoSync imitia

uma luz capturada pela câmara e pelo software MyoMuscle cada vez que o sujeito

passava a marca dos 10 e 25 metros.

Figura 1. Percurso do protocolo experimental.

Page 49: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

MÉTODOS

49

4.4 Análise de dados

Cada coleta consistia na análise do ciclo da passada da perna dominante,

durante a corrida à máxima velocidade. O ciclo da passada foi definido como o

tempo decorrido desde o primeiro contacto com o pé da perna dominante no solo

até ao seguinte contacto do mesmo pé com o solo e foi selecionada para as análises

o ciclo central do percurso. Este foi dividido em 5 fases: (i) fase de apoio inicial,

começa com o início do contacto com o pé da perna analisada no solo e termina na

metade do tempo que leva desse evento até ao momento que esse mesmo pé perde

contacto com o solo; (ii) fase de apoio final, começa no fim da fase de apoio inicial

e termina quando o pé da perna analisada perde contacto com o solo; (iii) fase de

decolagem, começa 50 ms antes e termina 50 ms após a perda de contacto do pé

com o solo; (iv) fase de balanço inicial, começa quando o pé da perna analisada

perde contacto com o solo e termina com perda de contacto do pé contra lateral

com o solo; (v) fase de balanço final, começa com a perda de contacto do pé contra

lateral com o solo e termina no contacto do pé da perna analisada com o solo.

Em cada repetição do protocolo, os dados eletromiográficos referentes ao

ciclo central do percurso foram registrados para posterior análise.

Considerarou-se para o sinal eletromiográfico:

Filtro passa-banda de 10-500 Hz;

O valor quadrático médio (RMS) com janelamento de 50ms.

Antes de cada repetição foi utilizada uma escala de esforço (escala de Borg

de dez pontos) de maneira a classificar a perceção subjetiva de esforço dos atletas.

O programa usado para a análise dos dados eletromiográficos foi o software

myoMUSCLE. A média do sinal eletromiográfico normalizado foi calculada em cada

repetição para cada fase do ciclo da corrida.

Os participantes foram, posteriormente, divididos em 2 grupos (Tabela 3): os

que apresentaram valores superiores a 5 (maior nível de fadiga) e os que

apresentaram valores inferiores a 5 na escala de Borg (menor nível de fadiga) antes

Page 50: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

MÉTODOS

50

do início da última repetição do protocolo. Os participantes que apresentaram

valores iguais a 5 não foram inclídos para esssas análises.

A atividade neuromuscular foi categorizada em diferentes níveis: baixa, entre

0–20% da CVM; moderada entre 21–40% CVM; alta entre 41–60% da CVM; e muito

alta, acima de 60% CVM (Escamilla et al. (2010).

Parâmetros de desfecho:

Média do sinal eletromiográfico, expressa em percentual da contração

voluntária máxima (%CVM)

Resultado do questionário de perceção de esforço, expressa em

pontos – variando entre zero e 10.

4.5 Estatística

Para a caracterização dos dados foram utilizados procedimentos da

estatística descritiva, com a identificação dos valores de média, desvio padrão ou

intervalo de confiança de 95%, dos parâmetros de desfecho para o grupo de

participantes.

Foram utilizadas cinco análises de variância multivariada (MANOVA) de

medidas repetidas, uma para cada fase do ciclo da corrida, para verificar alterações

na atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos

isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e máximo ao longo do

protocolo de fadiga; as repetições de corrida à máxima velocidade (15 repetições)

foram consideradas como fator de medidas repetidas, e a ativação neuromuscular

como variável dependente. Adicionalmente, mais cinco análises de variância

multivariada (MANOVA) de medidas repetidas, uma para cada fase do ciclo da

corrida, foram utilizadas para identificar alterações na ativação neuromuscular entre

os participantes com maior e menor nível de fadiga; para estas análises foram

incluídas somente as três repetições finais do protocolo (como fator de medidas

repetidas), o grupo referente ao nível de fadiga como fator independente entre-

participantes (mais vs menos fadiga), e a atividade neuromuscular como variável

Page 51: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

MÉTODOS

51

dependente. Quando interações estatisticamente significativas foram encontradas,

foi utilizado o pos-hoc de Fisher LSD para identificar as diferenças entre as variáveis

(repetição x músculo x fase). Todos os procedimentos estatísticos foram realizados

no Statistica versão 8 (Statfoft, Tulsa, EUA), com um nível de significância de p <

0,05.

Page 52: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 53: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

V - RESULTADOS

Page 54: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 55: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

55

5. RESULTADOS

As médias da atividade neuromuscular de cada músculo, repetição e fase

estão apresentadas nas figuras 1, 2, 3, 4 e 5. Na tabela 2, estão as comparações

entre a primeira e a última repetição, a apresentação de tais comparações é

meramente ilustrativa visto que no modelo estatístico todas as 15 repetições foram

comparadas. A ANOVA multifatorial identificou interações entre todos os fatores e

a variável dependente (repetições x fases x músculos; F=3,263; p < 0,001).

Na fase de apoio inicial, somente a porção superior do glúteo máximo não

apresentou diferenças significativas entre a primeira e a última repetição (Tabela 2;

p = 0,352). Porém, a porção superior do glúteo máximo exibiu diferenças

significativas entre outras repetições durante o protocolo, apresentando maior

ativação neuromuscular nas repetições 4 e 13 e menor ativação neuromuscular nas

repetições 5 e 10 (Figura 2). Durante todo o protocolo a ativação neuromuscular foi

muito alta. A ativação neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo diminuiu

significativamente entre a primeira e a última repetição (Tabela 2; p < 0,001),

exibindo uma diminuição significativa da primeira para a oitava repetição e um

grande número de diferenças significativas entre repetições a partir desta (Figura

2). A ativação neuromuscular deste músculo começou muito alta e terminou alta.

Durante o protocolo a mesma alternou entre muito alta e alta. O glúteo médio foi o

músculo que mais diferenças significativas apresentou entre repetições, durante o

protocolo (Figura 2). A ativação neuromuscular deste músculo aumentou

significativamente entre a primeira e a última repetição (Tabela 2; p < 0,001) e

manteve-se muito alta durante todo o protocolo, excepto na repetição 13. O bíceps

femoral exibiu maior ativação neuromuscular na primeira repetição em relação à

última (p < 0,001) e em relação a todas as outras (Figura 2). A menor ativação

neuromuscular apresentada por este músculo foi na repetição 12 (Figura 2) mas

manteve-se muito alta durante todo o protocolo. A ativação neuromuscular dos

Page 56: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

56

músculos do compartimento medial dos isquiotibiais diminuiu significativamente

entre a primeira e a última repetição (Tabela 2; p < 0,001) e foi maior nas primeiras

3 repetições do que nas últimas 3 (Figura 2). Durante o protocolo, a ativação

neuromuscular do mesmo manteve-se alta, excepto na última repetição.

Tabela 2. Descrição da 1a e 15a repetição.

1a repetição 15a repetição LSD

Média DP Média DP p

Glúteo máximo superior

Fase de apoio inicial 82,84 32,13 79,68 27,56 0,352

Fase de apoio final 20,03 11,60 17,47 7,84 0,451

Fase de decolagem 23,69 17,21 25,37 16,05 0,619

Fase de balanço inicial 34,60 18,02 29,20 12,11 0,112

Fase de balanço final 54,99 14,98 68,89 31,01 <0,001

Glúteo máximo inferior

Fase de apoio inicial 65,23 35,11 52,66 19,68 <0,001

Fase de apoio final 16,52 9,00 19,08 11,69 0,450

Fase de decolagem 7,67 2,06 17,15 12,82 0,005

Fase de balanço inicial 17,88 9,17 20,89 10,99 0,375

Fase de balanço final 51,49 17,21 47,73 19,19 0,269

Glúteo Médio

Fase de apoio inicial 79,96 27,55 91,70 48,99 <0,001

Fase de apoio final 22,77 8,59 23,38 11,44 0,857

Fase de decolagem 22,51 9,25 27,38 14,56 0,152

Fase de balanço inicial 22,06 8,26 24,81 12,69 0,419

Fase de balanço final 50,81 21,22 53,07 23,99 0,507

Isquiotibiais lateral

Fase de apoio inicial 90,42 16,93 76,12 29,96 <0,001

Fase de apoio final 35,01 13,95 25,29 10,99 0,004

Fase de decolagem 17,94 6,29 13,30 5,82 0,171

Fase de balanço inicial 23,02 7,08 25,19 9,56 0,524

Fase de balanço final 82,14 8,53 81,72 21,80 0,902

Isquiotibiais medial

Fase de apoio inicial 60,24 17,82 39,00 17,37 <0,001

Fase de apoio final 35,75 15,81 24,57 11,75 0,001

Fase de decolagem 19,94 7,55 14,92 8,39 0,140

Fase de balanço inicial 25,14 12,94 23,61 11,44 0,652

Fase de balanço final 78,16 23,24 66,92 28,04 <0,001

Legenda: DP= desvio padrão. Teste LSD (p <0,05). Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo

máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no

compartimento medial dos isquiotibiais.

Page 57: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

57

Figura 2. Fase de apoio inicial: média e intervalo de confiança de 95% da atividade

neuromuscular em cada repetição.

Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo

máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

*, diferença estatisticamente significativa nos respetivos músculos entre as seguintes repetições (Repetição-Repetição): Glúteo Máximo Superior: 1-2; 1-4; 1-5; 1-6; 1-7; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 2-4; 2-5; 2-8; 2-11; 2-13; 2-14; 3-4; 3-5; 3-6; 3-7; 3-9; 3-10; 3-12; 3-13; 4-5; 4-6; 4-7; 4-8; 4-9; 4-10; 4-11; 4-12; 4-14; 4-15; 5-8; 5-11; 5-13; 5-14; 5-15; 6-8; 6-13; 6-14; 6-15; 7-8; 7-13; 7-14; 7-15; 8-9; 8-10; 8-11; 8-12; 8-13; 9-13; 9-14; 10-13; 10-14; 10-15; 11-13; 11-14; 12-13; 12-14; 12-15; 13-14; 13-15. Glúteo Máximo Inferior: 1-5; 1-8; 1-10; 1-13; 1-15; 2-8; 2-10; 2-13; 2-15; 3-5; 3-8; 3-10; 3-13; 3-15; 4-8; 4-10; 4-13; 4-15; 5-12; 5-13; 6-8; 6-10; 6-13; 6-15; 7-8; 7-10; 7-13; 7-15; 8-9; 8-11; 8-12; 8-14; 9-10; 9-13; 9-15; 10-11; 10-12; 11-13; 12-13; 12-15; 13-14. Glúteo Médio: 1-6; 1-9; 1-11; 1-13; 1-14; 1-15; 2-6; 2-9; 2-11; 2-13; 2-14; 2-15; 3-5; 3-8; 3-9; 3-10; 3-11; 3-13; 3-14; 3-15; 4-6; 4-9; 4-11; 4-13; 4-14; 4-15; 5-6; 5-7; 5-9; 5-11; 5-12; 5-13; 5-14; 5-15; 6-8; 6-9; 6-10; 6-11; 6-13; 6-14; 7-9; 7-10; 7-11; 7-13; 7-14; 7-15; 8-9; 8-11; 8-12; 8-13; 8-14; 8-15; 9-10; 9-12; 9-13; 9-14; 9-15; 10-11; 10-12; 10-13; 10-14; 10-15; 11-12; 11-13; 11-14; 11-15; 12-13; 12-14; 12-15; 13-14; 13-15; 14-15. Isquiotibiais Lateral: 1-2; 1-3; 1-4; 1-5; 1-6; 1-7; 1-8; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-12; 2-15; 3-5; 3-9; 3-10; 3-11; 3-12; 3-13; 3-15; 4-9; 4-10; 4-11; 4-12; 6-12; 7-9; 7-9; 7-11; 7-12; 8-12; 9-14; 11-14; 12-14. Isquiotibiais Medial: 1-3; 1-4; 1-5; 1-6; 1-7; 1-8; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-5; 2-6; 2-8; 2-9; 2-10; 2-11; 2-12; 2-13; 2-15; 3-4; 3-5; 3-8; 3-10; 3-11; 3-12; 3-13; 3-15; 4-7; 5-7; 6-15; 7-8; 7-10; 7-11; 7-12; 7-13;7-15; 9-15; 12-14; 13-14; 14-15.

Na fase de apoio final, diferenças significativas entre a primeira e a última

repetição foram observadas somente nos músculos do compartimento medial dos

isquiotibiais (Tabela 2; p = 0,001) e o bíceps femoral (Tabela 2; p < 0,001). Ao longo

Page 58: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

58

do protocolo, a ativação neuromuscular destes músculos diminui (Figura 3)

mantendo-se sempre baixa. O bíceps femoral apresenta uma diminuição

significativa da atividade neuromuscular no início do protocolo, da primeira para a

segunda repetição (Figura 3). A atividade neuromuscular da porção inferior do

glúteo máximo apresenta-se baixa durante todo o protocolo, enquanto que a

atividade neuromuscular da porção superior do glúteo máximo e do glúteo médio

alterna entre baixa e moderada.

Figura 3. Fase de apoio final: média e intervalo de confiança de 95% da atividade

neuromuscular em cada repetição.

Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo

máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

*, diferença estatisticamente significativa nos respetivos músculos entre as seguintes repetições (Repetição-Repetição). Glúteo Máximo Superior: 2-12; 4-12; 6-12; 8-12; 9-11; 9-12; 10-11; 10-12; 12-14. Glúteo Médio: 1-10; 1-11; 2-10; 2-12; 3-10; 3-12; 4-13; 6-10; 6-12; 7-13; 7-15; 9-13; 10-13; 10-15; 12-13; 12-15. Isquiotibiais Lateral: 1-2; 1-3; 1-5; 1-6; 1-8; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-14; 4-10; 4-11; 4-12; 4-13; 4-14; 5-14; 7-10; 7-11; 7-12; 7-13; 7-14. Isquiotibiais Medial: 1-5; 1-7; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-12; 2-13; 2-14; 3-5; 3-9; 3-10; 3-11; 3-12; 3-13; 3-14; 3-15; 4-12; 4-13; 4-14; 6-12; 6-13; 6-14; 6-15; 7-13; 7-14; 8-12; 8-13; 8-14.

Page 59: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

59

Na fase de decolagem, somente a porção inferior do glúteo máximo exibiu

diferenças significativas na atividade neuromuscular entre a primeira e a última

repetição, observando-se um aumento da mesma (Tabela 2). Apesar desse

aumento, a atividade neuromuscular manteve-se sempre baixa (Figura 4). A

atividade neuromusclar dos músculos do compartimento medial dos isquiotibiais e

do bíceps femoral foi baixa durante todo o protocolo e a atividade neuromuscular do

glúteo médio alternou entre moderada e baixa durante o protocolo (Figura 4).

Figura 4. Fase de decolagem: : média e intervalo de confiança de 95% da atividade

neuromuscular em cada repetição.

Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo

máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

*, diferença estatisticamente significativa nos respetivos músculos entre as seguintes repetições (Repetição-Repetição). Glúteo Máximo Superior: 1-3; 1-6; 1-7; 1-10; 2-15; 3-15; 4-6; 4-15; 5-6; 6-8; 6-9; 6-11; 6-12; 6-13; 6-14; 6-15; 7-13; 7-15; 14-15. Glúteo Máximo Inferior: 1-14; 1-15; 2-14; 2-15; 3-14; 3-15; 4-14; 4-15; 5-14; 5-15; 6-14; 6-15; 7-15; 8-14; 8-15; 9-15; 10-14; 10-15; 11-14; 11-15; 12-14; 12-15. Glúteo Médio: 1-11; 1-12; 2-10; 2-11; 2-12; 3-11; 3-12; 4-13; 4-15; 5-11; 6-10; 6-11;

Page 60: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

60

6-12; 7-15; 8-11; 8-12; 9-11; 10-13; 10-15; 11-13; 11-14; 11-15; 12-13; 12-15. Isquiotibiais Lateral: 1-11; 1-13; 1-14; 4-11; 4-13; 4-14. Isquiotibiais Medial: 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 2-13; 3-11; 3-12; 3-13; 3-14; 4-13; 6-13; 8-13.

Na fase de balanço inicial, nenhum músculo apresentou diferenças

significativas entre a primeira e a última repetição (Tabela 2). A porção superior do

glúteo máximo apresentou uma alta atividade neuromuscular na repetição 12,

enquanto que em todas as outras repetições a atividade neuromuscular foi

moderada (Figura 5). A porção inferior do glúteo máximo apresentou uma atividade

neuromuscular baixa durante todo o protocolo, e a atividade neuromuscular dos

restantes músculos alternava entre baixa e moderada (Figura 5).

Figura 5. Fase de balanço inicial: média e intervalo de confiança de 95% da

atividade neuromuscular em cada repetição.

Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo

máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

Page 61: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

61

*, diferença estatisticamente significativa nos respetivos músculos entre as seguintes repetições (Repetição-Repetição). Glúteo Máximo Superior: 1-6; 1-7; 1-12; 2-12; 3-12; 4-6; 4-7; 4-12; 5-6; 6-12; 7-12; 8-12; 10-12; 11-12; 12-13; 12-14; 12-15. Glúteo Máximo Inferior: 1-11; 2-15; 4-11; 5-11; 9-15; 10-15; 11-15. Glúteo Médio: 1-12; 2-12; 3-12; 4-15; 7-15; 11-15; 12-15; 13-15.

Na fase de balanço final, somente a atividade neuromuscular da porção

superior do glúteo máximo e dos músculos do compartimento medial dos

isquiotibiais tiveram diferenças significativas entre a primeira e a última repetição

(Tabela 2). A atividade neuromuscular da porção superior do glúteo máximo exibiu

um aumento significativo entre a primeira e a última repetição (Tabela 2). Nas

repetições 1 e 2, a atividade neuromuscular deste músculo foi alta enquanto que

nas restantes repetições foi muito alta (Figura 6). A atividade neuromuscular dos

músculos no compartimento medial dos isquiotibiais diminuiu ao longo do protocolo

(Figura 6), exibindo menor ativação neuromuscular na última repetição em relação

à primeira (Tabela 2). Apesar disso, a atividade neuromuscular dos mesmos foi

sempre muito alta (Figura 6). A porção inferior do glúteo máximo e o glúteo médio

mostraram algumas diminuições significativas nas últimas 6 repetições em relação

às anteriores, respetivamente (Figura 6). A atividade neuromuscular deste músculo

foi alta durante todo o protocolo excepto na repetição 14 (Figura 6). O glúteo médio

exibiu uma atividade neuromuscular moderada nas repetições 10, 12 e 14 enquanto

que nas demais repetições a atividade neuromuscular foi alta (Figura 6).

Page 62: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

62

Figura 6. Fase de balanço final: média e intervalo de confiança de 95% da atividade

neuromuscular em cada repetição.

Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo

máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

*, diferença estatisticamente significativa nos respetivos músculos entre as seguintes repetições (Repetição-Repetição). Glúteo Máximo Superior: 1-3; 1-4; 1-5; 1-6; 1-7; 1-8; 1-9; 1-10; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-3; 2-4; 2-5; 2-6; 2-7; 2-8; 2-9; 2-10; 2-11; 2-12; 2-13; 2-14; 2-15; 3-4; 3-5; 3-7; 3-8; 4-6; 4-8; 4-9; 4-13; 4-14; 4-15; 5-6; 5-8; 5-9; 5-13; 5-15; 6-7; 6-8; 7-8; 7-9; 7-13; 7-14;7-15; 8-9; 8-10; 8-11; 8-12; 8-14; 9-15; 10-13; 10-15; 11-13; 11-15; 12-13; 12-15; 13-14; 14-15. Glúteo Máximo Inferior: 1-2; 1-11; 1-14; 2-14; 3-11; 3-14; 4-14; 5-11; 5-13; 5-14; 6-11; 6-14; 7-11; 7-14; 8-13; 8-14; 9-11; 9-14; 10-14; 12-14; 14-15. Glúteo Médio: 1-6; 1-10; 1-11; 1-12; 1-14; 2-3; 2-5; 2-8; 2-9; 2-10; 2-11; 2-12; 2-13; 2-14; 2-15; 3-10; 3-11; 3-12; 3-14; 4-9; 4-10; 4-11; 4-12; 4-14; 5-10; 5-11; 5-12; 5-14; 6-9; 6-10; 6-11; 6-12; 6-13; 6-14; 7-10; 7-11; 7-12; 7-14; 8-10; 8-11; 8-12; 9-10; 9-11; 9-12; 9-14; 10-13; 10-15; 11-13; 11-15; 12-13; 12-15; 13-14; 14-15. Isquiotibiais Lateral: 1-4; 1-6; 1-8; 1-10; 2-4; 2-6; 2-8; 2-13; 2-14; 3-4; 3-5; 3-8; 3-13; 3-14; 4-5; 4-7; 4-8; 4-9; 4-11; 4-12; 4-13; 4-14; 4-15; 5-6; 5-9; 5-10; 5-11; 6-7;6-8; 6-12; 6-13; 6-14; 6-15; 7-10; 8-9; 8-10; 8-11; 9-13; 9-14; 10-12; 10-13; 10-14; 10-15; 11-13; 11-14. Isquiotibiais Medial: 1-5; 1-6; 1-8; 1-9; 1-11; 1-12; 1-13; 1-14; 1-15; 2-5; 2-6; 2-8; 2-11; 2-12; 2-14; 2-15; 3-5; 3-6; 3-8; 3-11; 3-12; 3-14; 3-15; 4-6; 4-8; 4-12; 6-10; 7-8; 7-12; 8-10; 10-12; 10-14.

Quando a comparação entre os participantes apresentando menor e maior

nível de fadiga foi explorada (Tabela 3), a MANOVA multifatorial identificou

interações entre todos os fatores (grupo x repetições x fases x músculo; F=4,9101;

p < 0,001).

Page 63: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

63

Tabela 3. Caracterização geral do grupo com maior nível de fadiga e do grupo com

menor nível de fadiga.

Maior nível de fadiga (N=6)

Menor nível de fadiga (N=8)

Média DP Média DP

Idade (anos)

26,83 2,85 27,87 3,94

Massa (Kg)

84,45 8,82 82,26 13,83

Estatura (metros) 1,75 0,06 1,75 0,06 Frequência semanal do treino (dias)

2,00 1,26 3,00 1,92

Duração do treino (minutos)

49,16 18,55 66,25 34,51

Legenda: N= número de participantes. DP= desvio padrão.

Na fase de apoio inicial a atividade neuromuscular do glúteo médio é

significativamente superior na 14ª e 15ª repetições no grupo que exibe um maior

nível de fadiga (Figura 7; Tabela 4; p < 0,001). O mesmo grupo apresenta valores

significativamente maiores de atividade neuromuscular dos músculos do

compartimento medial dos isquiotibiais (Figura 7; Tabela 4; p = 0,04) e do

compartimento lateral na 15ª repetição (Figura 7; Tabela 4; p < 0,001).

Page 64: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

64

Tabela 4. Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo

com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de apoio

inicial na 13a, 14a e 15a repetição.

13a repetição 14a repetição 15a repetição

MD

IC95% p

MD IC95%

p MD

IC95% p

Glúteo máximo superior

9,61 [-5,66; 24,89]

0,199 12,87

[-2,40; 28,15] 0,087

7,40 [-7,87; 22,68]

0,322

Glúteo máximo inferior

-2,95 [-18,23; 12,32]

0,691 -10,65

[-25,93; 4,62] 0,156

3,48 [-11,79; 18,76]

0,639

Glúteo Médio 5,69

[-9,58; 20,97] 0,445

-40,06 [-55,34; -24,78]

<0,001 -43,74

[-59,02; -28,46] <0,001

Isquiotibiais lateral

-5,87 [-21,15; 9,40]

0,431 10,12

[-5,15; 25,40] 0,177

-26,93 [-42,21; -11,65]

<0,001

Isquiotibiais medial

2,09 [-13,18; 17,37]

0,778 1,73

[-13,54; 17,01] 0,815

-15,20 [-30,49; 0,07]

0,04

Legenda: MD= média da diferença. IC95%= intervalo de confiança de 95% da diferença. Teste LSD (p <0,05). Glúteo

máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais

lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

Page 65: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

65

Figura 7. Fase de apoio inicial: média e intervalo de confiança de 95% para as três

últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade.

Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo

máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

Na fase de apoio final, o grupo que apresenta um maior nível de fadiga exibe

uma atividade neuromuscular significativamente maior do glúteo médio na 15ª

repetição (Figura 8; Tabela 5; p = 0,04).

Page 66: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

66

Tabela 5. Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo

com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de apoio

final na 13a, 14a e 15a repetição.

13a repetição 14a repetição 15a repetição

MD

IC95% p

MD IC95%

p MD

IC95% p

Glúteo máximo superior

0,35 [-14,93; 15,63]

0,962 3,64

[-11,63; 18,92] 0,625

4,08 [-11,19; 19,36]

0,583

Glúteo máximo inferior

-2,52 [-17,80; 12,75]

0,734 -1,73

[-17,01; 13,55] 0,816

-0,69 [-15,97; 17,58]

0,925

Glúteo Médio -9,90

[-25,18; 5,37] 0,186

-1,54 [-16,82; 13,73]

0,835 -15,52

[-30,80; -0,24] 0,040

Isquiotibiais lateral

-7,49 [-22,77; 7,78]

0,316 -3,71

[-18,99; 11,56] 0,618

-10,41 [-25,69; 4,87]

0,165

Isquiotibiais medial

-0,93 [-16,21;14,34]

0,90 0,48

[-14,79; 15,76] 0,948

-3,44 [-18,72; 11,83]

0,643

Legenda: MD= média da diferença. IC95%= intervalo de confiança de 95%. Teste LSD (p <0,05). Glúteo máximo superior=

porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps

femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

Page 67: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

67

Figura 8. Fase de apoio final: média e intervalo de confiança de 95% para as três

últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade.

Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo

máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

Na fase de decolagem, a atividade neuromuscular do glúteo médio na

repetição 15 é superior no grupo que apresenta um maior nível de fadiga (Figura 9;

Tabela 6; p = 0,042).

Page 68: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

68

Tabela 6. Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo

com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de

decolagem na 13a, 14a e 15a repetição.

13a repetição 14a repetição 15a repetição

MD

IC95% p

MD IC95%

p MD

IC95% p

Glúteo máximo superior

0,57 [-14,70; 15,85]

0,938 4,69

[-10,59; 19,97] 0,529

5,67 [-9,60; 20,95]

0,447

Glúteo máximo inferior

-4,39 [-19,67; 10,88]

0,555 -3,53

[-18,81; 11,74] 0,635

-3,89 [-19,17; 11,38]

0,601

Glúteo Médio -11,89

[-27,17; 3,38] 0,114

-0,49 [-15,77; 14,78]

0,946 -22,87

[-38,15; -7,58] 0,003

Isquiotibiais lateral

-1,90 [-17,18; 13,37]

0,798 -2,84

[-18,12; 12,43] 0,702

-1,41 [-16,69; 13,86]

0,849

Isquiotibiais medial

-1,50 [-16,78; 13,77]

0,839 2,69

[-12,58; 17,97] 0,717

5,40 [-9,87; 20,68]

0,469

Legenda: MD= média da diferença. IC95%= intervalo de confiança de 95%. Teste LSD (p <0,05). Glúteo máximo superior=

porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps

femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

Page 69: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

69

Figura 9. Fase de decolagem: média e intervalo de confiança de 95% para as três

últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade.

Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo

máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

Na fase de balanço inicial, o grupo que apresenta um maior nível de fadiga

exibe uma atividade neuromuscular significativamente maior do glúteo médio na 15ª

repetição (Figura 10; Tabela 7; p = 0,04).

Page 70: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

70

Tabela 7. Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo

com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de balanço

inicial na 13a, 14a e 15a repetição.

13a repetição 14a repetição 15a repetição

MD

IC95% p

MD IC95%

p MD

IC95% p

Glúteo máximo superior

-0,52 [-15,80; 14,85]

0,943 2,75

[-12,52; 18,03] 0,711

5,31 [-9,96; 20,59]

0,475

Glúteo máximo inferior

-2,65 [-17,94; 12,62]

0,721 -6,69

[-21,97; 8,59] 0,370

-9,87 [-25,15; 5,40]

0,188

Glúteo Médio -0,56

[-15,84; 14,71] 0,929

-3,19 [-18,47; 12,08]

0,667 -15,38

[-30,66; -0,09] 0,042

Isquiotibiais lateral

-9,92 [-25,20; 5,36]

0,186 -9,04

[-24,32; 6,23] 0,227

-3,61 [-18,89; 11,66]

0,627

Isquiotibiais medial

3,30 [-11,97; 18,59]

0,656 2,31

[-12,96; 17,59] 0,755

7,05 [-8,22; 22,33]

0,345

Legenda: MD= média da diferença. IC95%= intervalo de confiança de 95%. Teste LSD (p <0,05). Glúteo máximo superior=

porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps

femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

Page 71: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

71

Figura 10. Fase de balanço inicial: média e intervalo de confiança de 95% para as

três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade.

Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo

máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

Na fase de balanço final não existem diferenças significativas entre grupos

(Figura 11; Tabela 8).

Page 72: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

72

Tabela 8. Diferença média, intervalo de confiança de 95% e valor de p entre o grupo

com maior nível de fadiga e o grupo com menor nível de fadiga na fase de balanço

final na 13a, 14a e 15a repetição.

13a repetição 14a repetição 15a repetição

MD

IC95% p

MD IC95%

p MD

IC95% p

Glúteo máximo superior

3,48 [-11,79; 18,76]

0,640 -9,93

[-25,21; 5,34] 0,185

5,60 [-9,67; 20,88]

0,452

Glúteo máximo inferior

-8,01 [-23,29; 7,26]

0,283 -5,07

[-20,35; 10,20] 0,496

-14,52 [-29,80; 0,75]

0,054

Glúteo Médio -4,52

[-19,80; 10,76] 0,544

-1,41 [-16,70; 13,86]

0,848 -12,87

[-28,15; 2,40] 0,087

Isquiotibiais lateral

-10,16 [-25,44; 5,11]

0,175 -7,37

[-22,65; 7,90] 0,323

-12,84 [-28,12; 2,43]

0,088

Isquiotibiais medial

4,44 [-10,83; 19,72]

0,551 11,09

[-4,18; 26,37] 0,140

-0,38 [-15,66; 14,89]

0,959

Legenda: MD= média da diferença. IC95%= intervalo de confiança de 95%. Teste LSD (p <0,05). Glúteo máximo superior=

porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps

femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

Page 73: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

RESULTADOS

73

Figura 11. Fase de balanço final: média e intervalo de confiança de 95% para as

três últimas repetições do protocolo de corrida à máxima velocidade.

Legenda: Glúteo máximo superior= porção superior do glúteo máximo. Glúteo máximo inferior= porção inferior do glúteo

máximo. Isquiotibiais lateral= bíceps femoral. Isquiotibiais medial= músculos no compartimento medial dos isquiotibiais.

Page 74: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 75: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

VI - DISCUSSÃO

Page 76: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 77: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

DISCUSSÃO

77

6. DISCUSSAO

O primeiro objetivo deste estudo foi avaliar a atividade neuromuscular dos

músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos

músculos glúteo médio e máximo em diferentes fases do ciclo da passada, durante

a corrida intermitente à máxima velocidade.

Na fase de apoio inicial, observa-se uma diminuição da atividade

neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo, compartimento medial dos

isquiotibiais e bíceps femoral. Nesta fase do ciclo da passada na corrida, o glúteo

médio e o glúteo máximo fornecem suporte vertical (Hamner et al., 2010). A porção

superior do glúteo máximo contribui juntamente com o glúteo médio para equilibrar

a pélvis no plano frontal (Lyons et al., 1983; Semciw et al., 2016; Stern et al., 1980),

enquanto que a porção inferior do glúteo máximo representa um papel importante

na inclinação do tronco (Bartlett et al., 2014). A diminuição da atividade

neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo poderá indicar uma menor

capacidade para gerar força e, com isso, influenciar a inclinação do tronco no plano

sagital. Os músculos no compartimento medial dos isquiotibiais e o bíceps femoral

produzem, nesta fase, torques elevados de flexão e extensão do joelho e da anca,

respetivamente (Sun et al., 2015). Suspeita-se que a diminuição da atividade

neuromuscular nestes músculos também esteja relacionada com uma menor

capacidade dos mesmos para gerar força e absorver as forças de reação do solo,

e é conhecido que essas alterações podem aumentar a chance de ocorrência de

lesão no complexo músculo-tendão (Garrett, 1990). No entanto, não avaliamos a

força dos participantes em nenhum momento. Dos músculos que sofreram

alterações da primeira para a última repetição do protocolo, o bíceps femoral foi o

que apresentou uma descida mais rápida da atividade neuromuscular, observando-

se uma diminuição significativa na sua ativação neuromuscular da primeira para a

segunda repetição. Sendo assim, o bíceps femoral parece ser o músculo mais

rapidamente afetado pela fadiga na fase de apoio inicial. O glúteo médio representa

Page 78: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

DISCUSSÃO

78

60% da área total dos músculos abdutores da anca (Clark & Haynor, 1987) e, de

todos esses músculos, é o que apresenta maior braço de momento (Dostal et al.,

1986). Nesta fase do ciclo da passada na corrida, este músculo é o único que

apresenta um aumento da ativação neuromuscular das primeiras para as últimas

repetições. O aumento da atividade neuromuscular do glúteo médio foi previamente

associado a uma adução da pélvis durante a corrida (Burnet et al., 2008) e à

fraqueza dos músculos abdutores da anca e rotadores externos (Homan et al., 2013;

Souza & Powers, 2009). Franettovich Smith et al. (2016) estudaram a influência do

tamanho e atividade neuromuscular do glúteo médio na incidência de lesão nos

músculos isquiotibiais em atletas da liga profissional de futebol australiano, mas não

avaliaram a atividade neuromuscular dos músculos isquiotibiais. Os autores

observaram que os jogadores com maior ativação neuromuscular do glúteo médio

durante a corrida lesionaram-se nos músculos isquiotibiais, no entanto não temos

como saber se a atividade neuromuscular dos músculos isquiotibiais também era

diferente entre os jogadores que sofreram e não sofreram lesão. Juntando os

resultados destes estudos com o nosso, entendemos que uma menor capacidade

de gerar força da porção inferior do glúteo máximo, dos músculos do compartimento

medial dos isquiotibiais e do bíceps femoral na fase de apoio inicial poderá

influenciar a atividade neuromuscular do glúteo médio e o alinhamento da pélvis ou

vice-versa. Devido às suas propriedades morfológicas, a atividade neuromuscular

do glúteo médio poderá aumentar para compensar a diminuição da atividade

neuromuscular dos restantes músculos, assim como para compensar um possível

aumento do movimento da pelve no plano frontal.

Na fase de apoio final, a atividade neuromuscular dos músculos no

compartimento medial dos isquiotibiais e o bíceps femoral diminui ao longo do

protocolo e apresentam uma diminuição significativa da primeira para a última

repetição. A atividade neuromuscular do bíceps femoral foi a primeira a exibir uma

diminuição significativa. Um estudo realizado por Ono et al. (2011) demonstrou que

o bíceps femoral é preferencialmente recrutado durante a extensão da anca em

relação aos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais. Considerando

Page 79: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

DISCUSSÃO

79

essa investigação, os resultados do presente estudo indicam que, durante toda a

fase de apoio, o bíceps femoral será o primeiro a sofrer as consequências de um

protocolo de corrida intermitente à máxima velocidade devido ao recrutamento

preferencial do mesmo nesta fase em relação aos músculos no compartimento

medial dos isquiotibiais. A atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo

máximo aumentou na fase de decolagem. Small et al. (2009) demonstrou uma

associação entre o aumento da velocidade angular da tíbia e o aumento da

extensão da anca e flexão do joelho nesta fase da corrida, e considerando os

resultados do presente estudo, essas alterações podem estar ligadas ao aumento

da atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo.

Na fase de balanço inicial não existem diferenças significativas na atividade

neuromuscular entre a primeira e a última repetição dos músculos analisados. A

ativação neuromuscular mantém-se relativamente estável durante o protocolo

provavelmente porque nesta fase da passada na corrida os músculos flexores da

anca, como por exemplo, o reto femoral, são preferencialmente recrutados em

relação aos restantes músculos analisados (Gazendam & Hof, 2007).

Na fase de balanço final, a atividade neuromuscular da porção superior do

glúteo máximo aumentou significativamente da primeira para a última repetição. Nas

repetições 1 e 2 a ativação neuromuscular do mesmo é significativamente menor

em relação a todas as outras. Os músculos no compartimento medial dos

isquiotibiais exibem uma diminuição da atividade neuromuscular ao longo do

protocolo, observando-se uma diminuição significativa da primeira para a última

repetição. A atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo e do

glúteo médio mostram uma diminuição nas últimas 6 repetições do protocolo.

A principal função do glúteo médio na corrida é absorver as forças de reação

do solo imediatamente após o contacto com o pé no solo (Hamner et al., 2010;

Lenhart et al., 2014), quando apresenta o pico de torque (Lenhart et al., 2014) e de

ativação neuromuscular (Semciw et al., 2016). Essa função poderá ser

comprometida com a diminuição da atividade neuromuscular antes do contacto com

o pé no solo.

Page 80: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

DISCUSSÃO

80

A rigidez muscular está associada à atividade neuromuscular (Kuitunen et

al., 2007) e a redução da mesma pode aumentar o risco de lesão (Lehnert et al.,

2016). No presente estudo foi identificada uma redução da atividade neuromuscular

do glúteo médio nas últimas repetições do protocolo e é plausível que juntamente

com essa alteração diminua a rigidez muscular. O aumento da atividade

neuromuscular da porção superior do glúteo máximo poderá compensar a

diminuição da rigidez muscular do glúteo médio, visto que a porção superior do

glúteo máximo contribui juntamente com o glúteo médio na estabilidade de pelve no

plano frontal, promovendo o suporte vertical no contacto com o pé no solo durante

a corrida (Hamner et al., 2010).

As roturas musculares ocorrem em contrações excêntricas (Garrett et al.,

1987) e o grau de dano muscular depende mais do grau de alongamento do

músculo ativo do que a força gerada pelo mesmo (Lieber & Friden, 1993). Nesta

fase da passada na corrida, o glúteo máximo e os isquiotibiais contribuem para a

extensão da anca, sendo que os últimos também se opõem à extensão do joelho

(Dorn et al., 2012), contraindo excentricamente e atingindo o pico de força e de

alongamento do complexo músculo-tendão (Schache et al., 2012). De todos os

músculos dos isquiotibiais, o bíceps femoral é que está sujeito ao maior grau de

alongamento (Schache et al., 2012; Thelen, Chumanov, Hoerth, et al., 2005).

Timmins et al. (2014) demonstraram uma redução da atividade neuromuscular do

bíceps femoral na fase excêntrica de flexão do joelho após a realização de um

protocolo de corrida intermitente à máxima velocidade enquanto que a atividade

neuromuscular nos músculos do compartimento medial dos isquiotibiais se manteve

inalterada. Os autores associaram a diminuição da atividade neuromuscular do

bíceps femoral à perda de força na fase excêntrica de flexão do joelho, e que isso

se poderia traduzir na menor capacidade do bíceps femoral em absorver energia na

fase de balanço final (Mair et al., 1996). Os resultados deste estudo não vão de

encontro aos resultados do presente estudo visto que, a atividade neuromuscular

do bíceps femoral se manteu inalterada do início para o fim do protocolo na fase de

Page 81: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

DISCUSSÃO

81

balanço final, enquanto que a atividade neuromuscular dos músculos no

compartimento medial dos isquiotibiais diminuiu.

Imediatamente antes do contacto com o pé no solo, na fase de balanço final,

os músculos isquiotibiais começam a encurtar, contraindo concentricamente

enquanto contribuem para a extensão da anca (Schache et al., 2012). Ono et al.

(2011) concluiu que o bíceps femoral é preferencialmente recrutado na extensão da

anca devido às suas propriedades morfológicas e Higashihara et al. (2015)

demonstrou maior atividade neuromuscular do mesmo em relação aos músculos no

compartimento medial dos isquiotibiais nesta fase do ciclo da passada na corrida à

máxima velocidade. Na fase de balanço final, os isquiotibiais contraem

excentricamente e o bíceps femoral atinge o pico de alongamento (Schache et al.,

2012). Ao contrário deste último, o semitendinoso é preferencialmente recrutado em

exercício excêntrico (Baczkowski et al., 2006; Kubota et al., 2007; Ono et al., 2010b)

devido às suas propriedades morfológicas em lidar de forma eficaz com o

alongamento e apresenta maior atividade neuromuscular na primeira parte da fase

de balanço final na corrida à máxima velocidade (Higashihara et al., 2015). Devido

à posição dos elétrodos, o sinal da atividade neuromuscular dos músculos no

compartimento medial dos isquiotibiais poderá captar melhor o sinal do

semitendinoso do que o sinal do semimembranoso (Hermens et al., 2000). Com

base nos resultados do presente estudo, é plausível que a diminuição da atividade

neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais na fase de

balanço final se deva à menor capacidade do semitendinoso em absorver energia

em condições de fadiga, sobrecarregando o bíceps femoral na fase de maior

alongamento do mesmo. Recentemente, Lehnert et al. (2016) demonstrou uma

redução da atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos

isquiotibiais após a realização de um protocolo que simula a fadiga imposta por um

jogo de futebol, enquanto que a ativação neuromuscular do bíceps femoral não se

alterou. Visto que, a diminuição da atividade neuromuscular dos músculos no

compartimento medial dos isquiotibiais poderá resultar na perda de estabilidade no

joelho (Melnyk & Gollhofer, 2007), é possível que na fase de balanço final do ciclo

Page 82: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

DISCUSSÃO

82

da passada na corrida à máxima velocidade ocorra a translação anterior da tíbia.

Melnyk & Gollhofer (2007) demonstrou que o grau de translação da tíbia

relativamente ao fémur é afetado pela fadiga nos isquiotibiais. Na corrida à máxima

velocidade esse momento coincidiria com a altura do pico de alongamento do

bíceps femoral.

Chumanov et al. (2007) estudou a influência dos músculos da anca no

alongamento do bíceps femoral durante a corrida à máxima velocidade e concluiu

que uma diminuição na atividade do glúteo máximo aumenta o alongamento a que

o bíceps femoral é submetido. Mais recentemente, Schuermans et al. (2017)

observou maior incidência de lesões nos isquiotibiais em jogadores de futebol

amador que apresentavam menor atividade neuromuscular do glúteo máximo. Com

base nos resultados de Schuermans et al. (2017) e Chumanov et al. (2007), é

plausível que a diminuição da atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo

máximo encontrada no presente estudo se traduza num maior alongamento do

bíceps femoral na fase de balanço final. Possivelmente, a menor atividade da

porção inferior do glúteo máximo juntamente com a translação anterior da tíbia

colocará o bíceps femoral sob tensão na sua origem e inserção, respetivamente, na

altura do pico de alongamento do mesmo, expondo-o a um maior risco de lesão.

O segundo objetivo deste estudo foi comparar entre os sujeitos com maior e

menor nível de fadiga, a atividade neuromuscular dos músculos no compartimento

medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo médio e máximo

durante a corrida intermitente à máxima velocidade

Comparando a atividade neuromuscular dos músculos analisados entre os

grupos com diferentes níveis de fadiga identificou-se uma maior atividade

neuromuscular por parte do grupo que apresentou um maior nível de fadiga dos

músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e do glúteo

médio na fase de apoio inicial, na última repetição. Além disso, a atividade

neuromuscular do glúteo médio também foi maior na repetição 14 na fase de apoio

inicial e na repetição 15 das restantes fases, excepto na fase de balanço final.

Page 83: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

DISCUSSÃO

83

Como referido previamente, um aumento da atividade neuromuscular do

glúteo médio durante a corrida está associado a um aumento do risco de lesão dos

isquiotibiais (Franettovich Smith et al., 2016). Este músculo apresenta um papel

fundamental na estabilidade pélvica (Semciw et al., 2013).Uma maior atividade

neuromuscular do mesmo no grupo de participantes que apresenta maior nível de

fadiga reflete ou é a consequência, provavelmente, de uma maior adução da anca

(descida contra-lateral da pelve) durante a corrida (Burnet et al., 2008). A maior

atividade neuromuscular apresentada por parte do glúteo médio, dos músculos no

compartimento medial dos isquiotibiais e do bíceps femoral poderá apresentar uma

tentativa dos indivíduos do grupo que apresenta maior nível de fadiga em recrutar

um músculo fraco (Homan et al., 2013; Souza & Powers, 2009).

Page 84: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 85: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

VII - LIMITAÇÕES

Page 86: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 87: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

LIMITAÇÕES

87

7. LIMITAÇÕES

Uma das limitações do presente estudo foi a amostra heterogénea obtida, a

frequência e duração semanal dos treinos variou entre participantes. Sugere-se

para próximos estudos utilizar a frequência e a duração semanal dos treinos como

critério de inclusão/exclusão. Por outro lado, tal variação permitiu explorar as

alterações neuromusculares entre participantes com níveis diferentes de esforço

subjetivo ao fim de um protocolo de corrida intermitente.

No presente estudo foram feitas inferências sobre a cinemática do ciclo da

passada durante um protocolo de corrida intermitente à máxima velocidade. No

entanto, não foi realizada uma análise cinemática. Em próximos estudos seria ideal

usar a análise cinemática para poder relacionar padrão de movimento, atividade

neuromuscular e o nível de fadiga dos participantes.

Outras inferências foram feitas relativamente à rigidez muscular, porém esta

também não foi analisada. Seria interessante incluir análise de rigidez num próximo

estudo e relacionar com a fadiga, EMG e cinemática.

Dados da atividade neuromuscular são difíceis de interpretar. Tanto a força

como a atividade neuromuscular dependem do número de unidades motoras

recrutadas e da taxa de disparo das mesmas, no entanto vários fatores influenciam

a atividade neuromuscular, como por exemplo, o suor excessivo e as propriedades

das unidades motoras (Farina et al., 2004). No presente estudo foram feitas várias

suposições através da atividade neuromuscular dos músculos analisados, mas com

consciência das várias limitações.

Page 88: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 89: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

VIII - CONCLUSÃO

Page 90: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 91: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

CONCLUSÃO

91

8. CONCLUSÃO

Este foi o primeiro estudo a avaliar a atividade neuromuscular dos músculos

no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps femoral e dos músculos glúteo

médio e máximo em diferentes fases do ciclo da passada, durante a corrida

intermitente à máxima velocidade e a comparar a atividade neuromuscular dos

mesmos entre participantes com maior e menor nível de fadiga.

Observou-se que na fase de apoio inicial e final, o bíceps femoral é o primeiro

a sofrer as consequências da fadiga num protocolo de corrida intermitente à máxima

velocidade. No entanto, também foi identificada a diminuição da atividade

neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais nestas

duas fases. A diminuição da atividade neuromuscular da porção inferior do glúteo

máximo e o aumento da mesma no glúteo médio, na fase de apoio inicial, poderá

indicar uma diminuição na capacidade para controlar a pélvis no plano sagital e

frontal, respetivamente.

Na fase de decolagem, foi encontrado uma maior atividade neuromuscular

da porção inferior do glúteo máximo. Especula-se que tal comportamento esteja

relacionada com uma maior extensão da anca e flexão do joelho nesta fase.

A atividade neuromuscular do glúteo médio, na fase de balanço final, diminuiu

nas últimas repetições do protocolo. É possível que essa alteração se traduza numa

menor rigidez muscular, e que o aumento da atividade neuromuscular da porção

superior do glúteo máximo compense a diminuição da atividade neuromuscular do

glúteo médio.

Foi observado, durante a fase de balanço final, uma menor atividade

neuromuscular da porção inferior do glúteo máximo juntamente com a diminuição

da atividade neuromuscular dos músculos no compartimento medial nos

isquiotibiais. Possivelmente, isso pode causar uma aumento da tensão na origem e

inserção do bíceps femoral, respetivamente, justamente no instante de seu maior

alongamento, expondo-o a um maior risco de lesão.

Page 92: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

CONCLUSÃO

92

Foram observados maiores níveis de ativação neuromuscular, ao fim do

protocolo de corrida, no grupo de participantes que apresentaram maior nível de

fadiga, comparativamente àqueles com menor nível. Possívelmente, isso reflita a

tentativa de compensar fraqueza muscular por meio de um aumento na magnitude

de ativação, ou em resposta a um padrão de movimento alterado.

Com base nos resultados do presente estudo, especulamos que poderá ser

relevante trabalhar a força excêntrica dos músculos isquiotibiais, como referido em

vários estudos, assim como programas para ganho de resistência no sentido de

manter a capacidade de um padrão de recrutamento neuromuscular com menos

compensações nos músculos analisados. Isso poderá ser importante para a

prevenção de lesões nos isquiotibiais.

Page 93: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

IX - REFERÊNCIAS

Page 94: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 95: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REFERÊNCIAS

95

9. REFERÊNCIAS

Agur, A. M. R., & Dalley, M. F. (2008). Grant's Atlas of Anatomy (12 ed.). Baltimore.

Al-Hayani, A. (2009). The functional anatomy of hip abductors. Folia Morphol (Warsz), 68(2), 98-103.

Azevedo, L. B., Lambert, M. I., Vaughan, C. L., O'Connor, C. M., & Schwellnus, M. P. (2009). Biomechanical variables associated with Achilles tendinopathy in runners. Br J Sports Med, 43(4), 288-292.

Baczkowski, K., Marks, P., Silberstein, M., & Schneider-Kolsky, M. E. (2006). A new look into kicking a football: an investigation of muscle activity using MRI. Australas Radiol, 50(4), 324-329.

Bahr, R., Thorborg, K., & Ekstrand, J. (2015). Evidence-based hamstring injury prevention is not adopted by the majority of Champions League or Norwegian Premier League football teams: the Nordic Hamstring survey. Br J Sports Med, 49(22), 1466-1471.

Barker, P. J., Hapuarachchi, K. S., Ross, J. A., Sambaiew, E., Ranger, T. A., & Briggs, C. A. (2014). Anatomy and biomechanics of gluteus maximus and the thoracolumbar fascia at the sacroiliac joint. Clin Anat, 27(2), 234-240.

Bartlett, J. L., Sumner, B., Ellis, R. G., & Kram, R. (2014). Activity and functions of the human gluteal muscles in walking, running, sprinting, and climbing. Am J Phys Anthropol, 153(1), 124-131.

Barton, C. J., Lack, S., Malliaras, P., & Morrissey, D. (2013). Gluteal muscle activity and patellofemoral pain syndrome: a systematic review. Br J Sports Med, 47(4), 207-214.

Basarir, K., Ozsoy, M. H., Erdemli, B., Bayramoglu, A., Tuccar, E., & Dincel, V. E. (2008). The safe distance for the superior gluteal nerve in direct lateral approach to the hip and its relation with the femoral length: a cadaver study. Arch Orthop Trauma Surg, 128(7), 645-650.

Bengtsson, H., Ekstrand, J., & Hagglund, M. (2013). Muscle injury rates in professional football increase with fixture congestion: an 11-year follow-up of the UEFA Champions League injury study. Br J Sports Med, 47(12), 743-747.

Bernard, J., Beldame, J., Van Driessche, S., Brunel, H., Poirier, T., Guiffault, P., Matsoukis, J., & Billuart, F. (2017). Does hip joint positioning affect maximal voluntary contraction in the gluteus maximus, gluteus medius, tensor fasciaelatae and sartorius muscles? Orthop Traumatol Surg Res.

Brandser, E. A., el-Khoury, G. Y., Kathol, M. H., Callaghan, J. J., & Tearse, D. S. (1995). Hamstring injuries: radiographic, conventional tomographic, CT, and MR imaging characteristics. Radiology, 197(1), 257-262.

Burnet, E. N., Arena, R. A., & Pidcoe, P. E. (2008). Relationship Between Gluteus Medius Muscle Activity, Pelvic Motion, and Metabolic Energy in Running

Page 96: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REFERÊNCIAS

96

(P190). In The Engineering of Sport 7: Vol. 2 (pp. 267-271). Paris: Springer Paris.

Chumanov, E. S., Heiderscheit, B. C., & Thelen, D. G. (2007). The effect of speed and influence of individual muscles on hamstring mechanics during the swing phase of sprinting. J Biomech, 40(16), 3555-3562.

Chumanov, E. S., Heiderscheit, B. C., & Thelen, D. G. (2011). Hamstring musculotendon dynamics during stance and swing phases of high-speed running. Med Sci Sports Exerc, 43(3), 525-532.

Clark, J. M., & Haynor, D. R. (1987). Anatomy of the abductor muscles of the hip as studied by computed tomography. J Bone Joint Surg Am, 69(7), 1021-1031.

Contreras, B., Vigotsky, A. D., Schoenfeld, B. J., Beardsley, C., & Cronin, J. (2015). A comparison of two gluteus maximus EMG maximum voluntary isometric contraction positions. PeerJ, 3, e1261.

De Maeseneer, M., Shahabpour, M., Lenchik, L., Milants, A., De Ridder, F., De Mey, J., & Cattrysse, E. (2014). Distal insertions of the semimembranosus tendon: MR imaging with anatomic correlation. Skeletal Radiol, 43(6), 781-791.

De Smet, A. A., & Best, T. M. (2000). MR imaging of the distribution and location of acute hamstring injuries in athletes. AJR Am J Roentgenol, 174(2), 393-399.

Delp, S. L., Hess, W. E., Hungerford, D. S., & Jones, L. C. (1999). Variation of rotation moment arms with hip flexion. J Biomech, 32(5), 493-501.

Dorn, T. W., Schache, A. G., & Pandy, M. G. (2012). Muscular strategy shift in human running: dependence of running speed on hip and ankle muscle performance. J Exp Biol, 215(Pt 11), 1944-1956.

Dostal, W. F., Soderberg, G. L., & Andrews, J. G. (1986). Actions of hip muscles. Phys Ther, 66(3), 351-361.

Drake, R. L., Vogl, A. W., & Mitchell, A. W. M. (2010). Gray's Anatomy for Students (2 ed.). Philadelphia.

Duhig, S., Shield, A. J., Opar, D., Gabbett, T. J., Ferguson, C., & Williams, M. (2016). Effect of high-speed running on hamstring strain injury risk. Br J Sports Med, 50(24), 1536-1540.

Ekstrand, J. (2013). Keeping your top players on the pitch: the key to football medicine at a professional level. British Journal of Sports Medicine, 47(12), 723-724.

Ekstrand, J., Hagglund, M., & Walden, M. (2011). Epidemiology of muscle injuries in professional football (soccer). Am J Sports Med, 39(6), 1226-1232.

Ekstrand, J., Healy, J. C., Walden, M., Lee, J. C., English, B., & Hagglund, M. (2012). Hamstring muscle injuries in professional football: the correlation of MRI findings with return to play. Br J Sports Med, 46(2), 112-117.

Ekstrand, J., Lee, J. C., & Healy, J. C. (2016). MRI findings and return to play in football: a prospective analysis of 255 hamstring injuries in the UEFA Elite Club Injury Study. Br J Sports Med, 50(12), 738-743.

Page 97: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REFERÊNCIAS

97

Ekstrand, J., Walden, M., & Hagglund, M. (2016). Hamstring injuries have increased by 4% annually in men's professional football, since 2001: a 13-year longitudinal analysis of the UEFA Elite Club injury study. Br J Sports Med.

Escamilla, R. F., Lewis, C., Bell, D., Bramblet, G., Daffron, J., Lambert, S., Pecson, A., Imamura, R., Paulos, L., & Andrews, J. R. (2010). Core muscle activation during Swiss ball and traditional abdominal exercises. J Orthop Sports Phys Ther, 40(5), 265-276.

Evangelidis, P. E., Massey, G. J., Ferguson, R. A., Wheeler, P. C., Pain, M. T., & Folland, J. P. (2016). The functional significance of hamstrings composition: is it really a "fast" muscle group? Scand J Med Sci Sports.

Farina, D., Merletti, R., & Enoka, R. M. (2004). The extraction of neural strategies from the surface EMG. J Appl Physiol (1985), 96(4), 1486-1495.

Faude, O., Koch, T., & Meyer, T. (2012). Straight sprinting is the most frequent action in goal situations in professional football. J Sports Sci, 30(7), 625-631.

Flack, N. A., Nicholson, H. D., & Woodley, S. J. (2012). A review of the anatomy of the hip abductor muscles, gluteus medius, gluteus minimus, and tensor fascia lata. Clin Anat, 25(6), 697-708.

Flack, N. A., Nicholson, H. D., & Woodley, S. J. (2014). The anatomy of the hip abductor muscles. Clin Anat, 27(2), 241-253.

Franettovich, M., Chapman, A. R., Blanch, P., & Vicenzino, B. (2010). Altered neuromuscular control in individuals with exercise-related leg pain. Med Sci Sports Exerc, 42(3), 546-555.

Franettovich Smith, M. M., Bonacci, J., Mendis, M. D., Christie, C., Rotstein, A., & Hides, J. A. (2016). Gluteus medius activation during running is a risk factor for season hamstring injuries in elite footballers. J Sci Med Sport.

Franettovich Smith, M. M., Honeywill, C., Wyndow, N., Crossley, K. M., & Creaby, M. W. (2014). Neuromotor control of gluteal muscles in runners with achilles tendinopathy. Med Sci Sports Exerc, 46(3), 594-599.

Frishberg, B. A. (1983). An analysis of overground and treadmill sprinting. Med Sci Sports Exerc, 15(6), 478-485.

Fujisawa, H., Suzuki, H., Yamaguchi, E., Yoshiki, H., Wada, Y., & Watanabe, A. (2014). Hip Muscle Activity during Isometric Contraction of Hip Abduction. Journal of Physical Therapy Science, 26(2), 187-190.

Garrett, W. E., Jr. (1990). Muscle strain injuries: clinical and basic aspects. Med Sci Sports Exerc, 22(4), 436-443.

Garrett, W. E., Jr. (1996). Muscle strain injuries. Am J Sports Med, 24(6 Suppl), S2-8.

Garrett, W. E., Jr., Califf, J. C., & Bassett, F. H., 3rd. (1984). Histochemical correlates of hamstring injuries. Am J Sports Med, 12(2), 98-103.

Garrett, W. E., Jr., Rich, F. R., Nikolaou, P. K., & Vogler, J. B., 3rd. (1989). Computed tomography of hamstring muscle strains. Med Sci Sports Exerc, 21(5), 506-514.

Page 98: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REFERÊNCIAS

98

Garrett, W. E., Jr., Safran, M. R., Seaber, A. V., Glisson, R. R., & Ribbeck, B. M. (1987). Biomechanical comparison of stimulated and nonstimulated skeletal muscle pulled to failure. Am J Sports Med, 15(5), 448-454.

Gazendam, M. G., & Hof, A. L. (2007). Averaged EMG profiles in jogging and running at different speeds. Gait Posture, 25(4), 604-614.

Girard, O., Lattier, G., Maffiuletti, N. A., Micallef, J. P., & Millet, G. P. (2008). Neuromuscular fatigue during a prolonged intermittent exercise: Application to tennis. J Electromyogr Kinesiol, 18(6), 1038-1046.

Greig, M., & Siegler, J. C. (2009). Soccer-specific fatigue and eccentric hamstrings muscle strength. J Athl Train, 44(2), 180-184.

Hagglund, M., Walden, M., Magnusson, H., Kristenson, K., Bengtsson, H., & Ekstrand, J. (2013). Injuries affect team performance negatively in professional football: an 11-year follow-up of the UEFA Champions League injury study. Br J Sports Med, 47(12), 738-742.

Hall, M., Stevermer, C. A., & Gillette, J. C. (2015). Muscle activity amplitudes and co-contraction during stair ambulation following anterior cruciate ligament reconstruction. J Electromyogr Kinesiol, 25(2), 298-304.

Hamner, S. R., Seth, A., & Delp, S. L. (2010). Muscle contributions to propulsion and support during running. J Biomech, 43(14), 2709-2716.

Heiderscheit, B. C., Hoerth, D. M., Chumanov, E. S., Swanson, S. C., Thelen, B. J., & Thelen, D. G. (2005). Identifying the time of occurrence of a hamstring strain injury during treadmill running: a case study. Clin Biomech (Bristol, Avon), 20(10), 1072-1078.

Hermens, H. J., Freriks, B., Disselhorst-Klug, C., & Rau, G. (2000). Development of recommendations for SEMG sensors and sensor placement procedures. J Electromyogr Kinesiol, 10(5), 361-374.

Hermens, H. J., Freriks, B., Merletti, R., Hägg, G., Stegeman, D. F., Blok, J., Rau, G., & Disselhorst-Klug, C. (1999). SENIAM 8: European Recommendations for Surface ElectroMyoGraphy: Roessingh Research and Development b.v.

Higashihara, A., Nagano, Y., Ono, T., & Fukubayashi, T. (2015). Differences in activation properties of the hamstring muscles during overground sprinting. Gait Posture, 42(3), 360-364.

Higashihara, A., Nagano, Y., Ono, T., & Fukubayashi, T. (2016). Relationship between the peak time of hamstring stretch and activation during sprinting. Eur J Sport Sci, 16(1), 36-41.

Homan, K. J., Norcross, M. F., Goerger, B. M., Prentice, W. E., & Blackburn, J. T. (2013). The influence of hip strength on gluteal activity and lower extremity kinematics. J Electromyogr Kinesiol, 23(2), 411-415.

Hoskins, W., & Pollard, H. (2005). The management of hamstring injury--Part 1: Issues in diagnosis. Man Ther, 10(2), 96-107.

Ito, J. (1996). Morphological analysis of the human lower extremity based on the relative muscle weight. Okajimas Folia Anat Jpn, 73(5), 247-251.

Page 99: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REFERÊNCIAS

99

Johnson, M. A., Polgar, J., Weightman, D., & Appleton, D. (1973). Data on the distribution of fibre types in thirty-six human muscles. An autopsy study. J Neurol Sci, 18(1), 111-129.

Jones, R. I., Ryan, B., & Todd, A. I. (2015). Muscle fatigue induced by a soccer match-play simulation in amateur Black South African players. J Sports Sci, 33(12), 1305-1311.

Jonhagen, S., Ericson, M. O., Nemeth, G., & Eriksson, E. (1996). Amplitude and timing of electromyographic activity during sprinting. Scand J Med Sci Sports, 6(1), 15-21.

Jonhagen, S., Nemeth, G., & Eriksson, E. (1994). Hamstring injuries in sprinters. The role of concentric and eccentric hamstring muscle strength and flexibility. Am J Sports Med, 22(2), 262-266.

Kellis, E., Galanis, N., Kapetanos, G., & Natsis, K. (2012). Architectural differences between the hamstring muscles. J Electromyogr Kinesiol, 22(4), 520-526.

Konrad, P. (2005). The ABC of EMG: A Practical Introduction to Kinesiological Electromyography (Vol. 1.4). Scottsdale, Arizona: Noraxon U.S.A., Inc. Kubota, J., Ono, T., Araki, M., Torii, S., Okuwaki, T., & Fukubayashi, T. (2007).

Non-uniform changes in magnetic resonance measurements of the semitendinosus muscle following intensive eccentric exercise. Eur J Appl Physiol, 101(6), 713-720.

Kuitunen, S., Kyrolainen, H., Avela, J., & Komi, P. V. (2007). Leg stiffness modulation during exhaustive stretch-shortening cycle exercise. Scand J Med Sci Sports, 17(1), 67-75.

Last, R. J., & McMinn, R. M. H. (1994). Last’s Anatomy, Regional and Applied (9 ed.). Edinburgh.

Lehnert, M., De Ste Croix, M., Zaatar, A., Hughes, J., Varekova, R., & Lastovicka, O. (2016). Muscular and neuromuscular control following soccer-specific exercise in male youth: Changes in injury risk mechanisms. Scand J Med Sci Sports.

Lenhart, R., Thelen, D., & Heiderscheit, B. (2014). Hip muscle loads during running at various step rates. J Orthop Sports Phys Ther, 44(10), 766-774, a761-764.

Lieber, R. L., & Friden, J. (1993). Muscle damage is not a function of muscle force but active muscle strain. J Appl Physiol (1985), 74(2), 520-526.

Lieberman, D. E., Raichlen, D. A., Pontzer, H., Bramble, D. M., & Cutright-Smith, E. (2006). The human gluteus maximus and its role in running. J Exp Biol, 209(Pt 11), 2143-2155.

Lynn, S. K., & Costigan, P. A. (2009). Changes in the medial-lateral hamstring activation ratio with foot rotation during lower limb exercise. J Electromyogr Kinesiol, 19(3), e197-205.

Lyons, K., Perry, J., Gronley, J. K., Barnes, L., & Antonelli, D. (1983). Timing and relative intensity of hip extensor and abductor muscle action during level and stair ambulation. An EMG study. Phys Ther, 63(10), 1597-1605.

Page 100: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REFERÊNCIAS

100

Mair, S. D., Seaber, A. V., Glisson, R. R., & Garrett, W. E., Jr. (1996). The role of fatigue in susceptibility to acute muscle strain injury. Am J Sports Med, 24(2), 137-143.

Makihara, Y., Nishino, A., Fukubayashi, T., & Kanamori, A. (2006). Decrease of knee flexion torque in patients with ACL reconstruction: combined analysis of the architecture and function of the knee flexor muscles. Knee Surgery, Sports Traumatology, Arthroscopy, 14(4), 310-317.

Malone, S., Roe, M., Doran, D. A., Gabbett, T. J., & Collins, K. (2017). High chronic training loads and exposure to bouts of maximal velocity running reduce injury risk in elite Gaelic football. J Sci Med Sport, 20(3), 250-254.

Mann, R., & Sprague, P. (1980). A kinetic analysis of the ground leg during sprint running. Res Q Exerc Sport, 51(2), 334-348.

Mann, R. V. (1981). A kinetic analysis of sprinting. Med Sci Sports Exerc, 13(5), 325-328.

Melnyk, M., & Gollhofer, A. (2007). Submaximal fatigue of the hamstrings impairs specific reflex components and knee stability. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc, 15(5), 525-532.

Mendez-Villanueva, A., Hamer, P., & Bishop, D. (2008). Fatigue in repeated-sprint exercise is related to muscle power factors and reduced neuromuscular activity. Eur J Appl Physiol, 103(4), 411-419.

Miller, S. L., Gill, J., & Webb, G. R. (2007). The proximal origin of the hamstrings and surrounding anatomy encountered during repair. A cadaveric study. J Bone Joint Surg Am, 89(1), 44-48.

Miller, S. L., & Webb, G. R. (2008). The proximal origin of the hamstrings and surrounding anatomy encountered during repair. Surgical technique. J Bone Joint Surg Am, 90 Suppl 2 Pt 1, 108-116.

Moore, K. L., & Dalley, A. F. (1999). Clinically Oriented Anatomy (4 ed.). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.

Morrissey, D., Graham, J., Screen, H., Sinha, A., Small, C., Twycross-Lewis, R., & Woledge, R. (2012). Coronal plane hip muscle activation in football code athletes with chronic adductor groin strain injury during standing hip flexion. Man Ther, 17(2), 145-149.

Neumann, D. A. (2010). Kinesiology of the hip: a focus on muscular actions. J Orthop Sports Phys Ther, 40(2), 82-94.

Neuschwander, T. B., Benke, M. T., & Gerhardt, M. B. (2015). Anatomic Description of the Origin of the Proximal Hamstring. Arthroscopy, 31(8), 1518-1521.

Nigg, B. M., De Boer, R. W., & Fisher, V. (1995). A kinematic comparison of overground and treadmill running. Medicine and Science in Sports and Exercise, 27(1), 98-105.

Nork, S. E., Schar, M., Pfander, G., Beck, M., Djonov, V., Ganz, R., & Leunig, M. (2005). Anatomic considerations for the choice of surgical approach for hip resurfacing arthroplasty. Orthop Clin North Am, 36(2), 163-170, viii.

Page 101: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REFERÊNCIAS

101

Onishi, H., Yagi, R., Oyama, M., Akasaka, K., Yashi, K., & Handa, I. (2002). EMG-angle relationship of the hamstring muscles during maximum knee flexion. Journal of Electromyography and Kinesiology.

Ono, T., Higashihara, A., & Fukubayashi, T. (2011). Hamstring functions during hip-extension exercise assessed with electromyography and magnetic resonance imaging. Res Sports Med, 19(1), 42-52.

Ono, T., Okuwaki, T., & Fukubayashi, T. (2010a). Differences in activation patterns of knee flexor muscles during concentric and eccentric exercises. In Res Sports Med (Vol. 18, pp. 188-198). United States.

Ono, T., Okuwaki, T., & Fukubayashi, T. (2010b). Differences in activation patterns of knee flexor muscles during concentric and eccentric exercises. Res Sports Med, 18(3), 188-198.

Osgnach, C., Poser, S., Bernardini, R., Rinaldo, R., & di Prampero, P. E. (2010). Energy cost and metabolic power in elite soccer: a new match analysis approach. Med Sci Sports Exerc, 42(1), 170-178.

Pagnani, M. J., Warner, J. J., O'Brien, S. J., & Warren, R. F. (1993). Anatomic considerations in harvesting the semitendinosus and gracilis tendons and a technique of harvest. Am J Sports Med, 21(4), 565-571.

Petersen, J., Thorborg, K., Nielsen, M. B., Budtz-Jorgensen, E., & Holmich, P. (2011). Preventive effect of eccentric training on acute hamstring injuries in men's soccer: a cluster-randomized controlled trial. Am J Sports Med, 39(11), 2296-2303.

Pinniger, G. J., Steele, J. R., & Groeller, H. (2000). Does fatigue induced by repeated dynamic efforts affect hamstring muscle function? Med Sci Sports Exerc, 32(3), 647-653.

Schache, A. G., Dorn, T. W., Blanch, P. D., Brown, N. A., & Pandy, M. G. (2012). Mechanics of the human hamstring muscles during sprinting. Med Sci Sports Exerc, 44(4), 647-658.

Schuermans, J., Danneels, L., Van Tiggelen, D., Palmans, T., & Witvrouw, E. (2017). Proximal Neuromuscular Control Protects Against Hamstring Injuries in Male Soccer Players: A Prospective Study With Electromyography Time-Series Analysis During Maximal Sprinting. Am J Sports Med, 45(6), 1315-1325.

Selkowitz, D. M., Beneck, G. J., & Powers, C. M. (2016). Comparison of Electromyographic Activity of the Superior and Inferior Portions of the Gluteus Maximus Muscle During Common Therapeutic Exercises. J Orthop Sports Phys Ther, 46(9), 794-799.

Semciw, A., Neate, R., & Pizzari, T. (2016). Running related gluteus medius function in health and injury: A systematic review with meta-analysis. J Electromyogr Kinesiol, 30, 98-110.

Semciw, A. I., Pizzari, T., Murley, G. S., & Green, R. A. (2013). Gluteus medius: an intramuscular EMG investigation of anterior, middle and posterior segments during gait. J Electromyogr Kinesiol, 23(4), 858-864.

Page 102: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REFERÊNCIAS

102

Sims, K. J., Richardson, C. A., & Brauer, S. G. (2002). Investigation of hip abductor activation in subjects with clinical unilateral hip osteoarthritis. Ann Rheum Dis, 61(8), 687-692.

Sirca, A., & Susec-Michieli, M. (1980). Selective type II fibre muscular atrophy in patients with osteoarthritis of the hip. J Neurol Sci, 44(2-3), 149-159.

Small, K., McNaughton, L. R., Greig, M., Lohkamp, M., & Lovell, R. (2009). Soccer fatigue, sprinting and hamstring injury risk. Int J Sports Med, 30(8), 573-578.

Soderberg, G. L., & Dostal, W. F. (1978). Electromyographic study of three parts of the gluteus medius muscle during functional activities. Phys Ther, 58(6), 691-696.

Souza, R. B., & Powers, C. M. (2009). Differences in hip kinematics, muscle strength, and muscle activation between subjects with and without patellofemoral pain. J Orthop Sports Phys Ther, 39(1), 12-19.

Standring, S., Ellis, H., Berkovitz, B. K. B., & Gray, H. (2008). Gray’s Anatomy: The Anatomical Basis of Clinical Practice (40 ed.). Edinburgh:: Elsevier Churchill Livingstone.

Stecco, A., Gilliar, W., Hill, R., Fullerton, B., & Stecco, C. (2013). The anatomical and functional relation between gluteus maximus and fascia lata. J Bodyw Mov Ther, 17(4), 512-517.

Stern, J. T., Jr., Pare, E. B., & Schwartz, J. M. (1980). New perspectives on muscle use during locomotion: electromyographic studies of rapid and complex behaviors. J Am Osteopath Assoc, 80(4), 287-291.

Sugiura, Y., Saito, T., Sakuraba, K., Sakuma, K., & Suzuki, E. (2008). Strength deficits identified with concentric action of the hip extensors and eccentric action of the hamstrings predispose to hamstring injury in elite sprinters. J Orthop Sports Phys Ther, 38(8), 457-464.

Sun, Y., Wei, S., Zhong, Y., Fu, W., Li, L., & Liu, Y. (2015). How joint torques affect hamstring injury risk in sprinting swing-stance transition. Med Sci Sports Exerc, 47(2), 373-380.

Thelen, D. G., Chumanov, E. S., Best, T. M., Swanson, S. C., & Heiderscheit, B. C. (2005). Simulation of biceps femoris musculotendon mechanics during the swing phase of sprinting. Med Sci Sports Exerc, 37(11), 1931-1938.

Thelen, D. G., Chumanov, E. S., Hoerth, D. M., Best, T. M., Swanson, S. C., Li, L., Young, M., & Heiderscheit, B. C. (2005). Hamstring muscle kinematics during treadmill sprinting. Med Sci Sports Exerc, 37(1), 108-114.

Thelen, D. G., Chumanov, E. S., Sherry, M. A., & Heiderscheit, B. C. (2006). Neuromusculoskeletal models provide insights into the mechanisms and rehabilitation of hamstring strains. Exerc Sport Sci Rev, 34(3), 135-141.

Tidball, J. G., Salem, G., & Zernicke, R. (1993). Site and mechanical conditions for failure of skeletal muscle in experimental strain injuries. J Appl Physiol (1985), 74(3), 1280-1286.

Timmins, R. G., Opar, D. A., Williams, M. D., Schache, A. G., Dear, N. M., & Shield, A. J. (2014). Reduced biceps femoris myoelectrical activity

Page 103: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

REFERÊNCIAS

103

influences eccentric knee flexor weakness after repeat sprint running. Scand J Med Sci Sports, 24(4), e299-305.

Tubbs, R. S., Caycedo, F. J., Oakes, W. J., & Salter, E. G. (2006). Descriptive anatomy of the insertion of the biceps femoris muscle. Clin Anat, 19(6), 517-521.

Tupa, V. (1995). Fatigue influenced changes to sprinting technique. Modern Athlete and Coach, 33(3), S. 7-10.

Vleeming, A., Pool-Goudzwaard, A. L., Stoeckart, R., van Wingerden, J. P., & Snijders, C. J. (1995). The posterior layer of the thoracolumbar fascia. Its function in load transfer from spine to legs. Spine (Phila Pa 1976), 20(7), 753-758.

Wank, V., Frick, U., & Schmidtbleicher, D. (1998). Kinematics and Electromyography of Lower Limb Muscles in Overground and Treadmill Running. Int J Sports Med, 19(07), 455-461.

Ward, S. R., Eng, C. M., Smallwood, L. H., & Lieber, R. L. (2009). Are Current Measurements of Lower Extremity Muscle Architecture Accurate? Clinical Orthopaedics and Related Research, 467(4), 1074-1082.

Williams, P. L. B., L. H., Berry, M. M., Collins, P., Dyson, M., Dussek, J. E., & Ferguson, M. W. J. (1995). Gray’s Anatomy (38 ed.). Edinburgh.

Woodburne, R. T., & Burkel, W. E. (1994). Essentials of human anatomy (9 ed.). New York: Oxford University Press.

Woodley, S. J., & Mercer, S. R. (2005). Hamstring muscles: architecture and innervation. Cells Tissues Organs, 179(3), 125-141.

Woods, C. (2004). The Football Association Medical Research Programme: an audit of injuries in professional football--analysis of hamstring injuries. British Journal of Sports Medicine, 38(1), 36-41.

Yu, B., Queen, R. M., Abbey, A. N., Liu, Y., Moorman, C. T., & Garrett, W. E. (2008). Hamstring muscle kinematics and activation during overground sprinting. J Biomech, 41(15), 3121-3126.

Zhang, X. L., Shen, H., Qin, X. L., & Wang, Q. (2008). Anterolateral muscle sparing approach total hip arthroplasty: an anatomic and clinical study. Chin Med J (Engl), 121(15), 1358-1363.

Page 104: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps
Page 105: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

105

ANEXOS

Page 106: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

106

Page 107: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

107

Page 108: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

108

Page 109: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

109

Page 110: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

110

Page 111: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

111

Page 112: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

112

Page 113: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

113

Page 114: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

114

Page 115: TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO · TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO Alteração da função neuromuscular dos músculos no compartimento medial dos isquiotibiais, do bíceps

115