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Beto Albuquerque Turismo: É época de vindima, a temporada de colheita da uva na Serra Gaúcha, episódio que se configura, a cada ano que passa, em uma alternativa de turismo e entretenimento nas férias de verão. Cambará do Sul Gastronomia: Empório São João Para beber: Esporte: Vinhos e cervas artesanais Arena e Beira-Rio Entrevista: ANO 02 EDIÇÃO 05 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA VENDA PROIBIDA

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Edição Verão 2012: na capa, Vindima em Bento Gonçalves.

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Beto

Albuquerque

Turismo:

É época de vindima,a temporada de colheita da uva

na Serra Gaúcha, episódio que

se configura, a cada ano que passa,

em uma alternativa de turismo e

entretenimento nas férias de verão.

Cambará do Sul Gastronomia: Empório São João Para beber: Esporte: Vinhos e cervas

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Arena e Beira-RioEntrevista:

ANO 02

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TRENDLINE[MAG] . ANO[02]

Fotos Samuel Ramos

38

44

50

52

56

58

TURISMO / GO THERE

QG DO ESTILO / STYLE

IMIGRAÇÃO ITALIANA / SÉRIE PARTE IV

CULTURA / CULT

IMPEDIMENTO / FÚTBOL

TELEFONE VERMELHO / CRT

A cura para os problemas do ego

Estação Brasil

O cardápio colonial

Temporada de grandes shows

A Copa do Mundo é nossa (das construtoras)

Quem foi que mordeu a maçã?

34

38

54

PARA BEBER / BOOZE

SAÚDE / GOOD LIVING

Vinhos e cervejas artesanais

QUE FOME / FOOD

Comida para atiçar a memória

Correr atrás do peso ideal realmenteemagrece?

24

2416

ENTREVISTA / SPOTLIGHT

Beto Albuquerque e as estradas da Serra

22 MÍDIA / MEDIA TALKING

Publicidade em tempos de crise

Desunião europeia20 MERCADO / MARKET ANATOMY

30

CAPA / FEATURED

Turismo na colheita da uva

08

30

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Atendimento telefônico: 54 3242 5793 | 54 9188 3815

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e Iuri Müller (Impedimento.org)

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Próxima edição: Março 2012

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Fale conosco:54 3242 [email protected]

CAROS LEITORES QUEM FAZNessa edição novamente

colocamos o pé na estrada para

quebrar o lugar comum e trazer

mais um tema que é uma tendência

ascendente: o turismo na Serra

Gaúcha não se resume ao inverno.

Para muitas pessoas essa

constatação é uma surpresa, visto

que estão acostumadas a só

relacionar a região com roteiros

oferecidos durante a estação mais fria. Ledo engano.

Ano passado, nesta mesma época, trouxemos uma matéria de capa

sobre o turismo de aventura na região. Rafting, rapel e outras atividades

ao ar livre que são impensáveis durante o inverno - a não ser que você

tenha se criado no Alasca. Desta feita elaboramos mais uma matéria

especial sobre outro roteiro que está ganhando força na região: o turismo

durante a vindima, a época de colheita da uva. Falamos com enólogos,

viticultores e profissionais do trade turístico que trabalham duro durante o

ano todo para que tenhamos, durante o verão, a possibilidade de

acompanhar de perto o clima festivo da safra. Essas atividades não se

tornam apenas alternativas complementares ao tradicional veraneio no

litoral, mas mostram que é possível curtir a Serra na época mais quente.

Com essa edição, nos despedimos de 2011, que foi um ano de afirmação

para nós da Trendline. Para 2012, o ano em que o mondo irá acabar,

esperamos seguir juntos com vocês leitores, quebrando clichês e

descobrindo mais lugares legais que possamos visitar, antes, claro, que o

Sol se apague ou que sejamos abduzidos.

Samuel Ramos, editor, vidente e profeta (Mil Reais a consulta).

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ENTREVISTA / SPOTLIGHT

Por Samuel Ramos*Jornalista, editor da Trendline [mag][email protected]

As muitas reclamações que foram dirigidas ao governo estadualesse ano, vinculadas às péssimas condições das estradas daSerra Gaúcha, tiveram um endereço: Beto Albuquerque, Secretáriode Infraestrutura do Estado. Assim, fomos procurar o homem paraouvir dele o que tinha a dizer sobre a situação.

Beto Albuquerque: «Iremosrecuperar as vias da Serra»

A cobrança em cima de Beto Albuquerque foi intensa

no final do inverno 2011. Imprensa e contribuintes

fizeram coro para reclamar - com absoluta razão - da

condição de descaso que pairava sobre importantes

vias de tráfego da região, em especial as RSC’s 324,

470, 453 e 122.

Foi procurando respostas para esse fato que

contatamos a Secretaria de Infraestrutura do RS para

entrevistar o homem que responde pela pasta. Fomos

atendidos pelo próprio Secretário, Beto Albuquerque,

horas antes dele viajar para Brasília, onde buscava

recursos para tocar novas obras viárias para o Estado.

Nossa conversa com ele ocorreu assim:

Beto Albuquerque A cobrança por parte da imprensa

é absolutamente normal, eu encaro esse fato

naturalmente, pois vivemos em um Estado

Democrático. Porém, nesse episódio, que ocorreu

com as rodovias da Serra, mais intensamente entre

agosto e setembro, a imprensa não contou a história

toda.

Todas as rodovias da Serra foram incluídas, no

Governo Olívio, na minha gestão, dentro de um

contrato de manutenção, com recursos do Banco

Mundial, garantidos ainda naquela época. Esses

contratos foram prorrogados no Governo Rigotto e

venceram na metade de 2009.

[mag] A imprensa e as comunidades locais caíram de

pau em você, Secretário. Nós mesmos, aqui da

Trendline [mag], também nos manifestamos de

maneira bem forte quanto a má condição das estradas.

O que, afinal, houve para que chegássemos nessa

situação de abandono?

E o Governo Yeda, desde julho de 2009, impedido por

restrições jurídicas de renovar esse contrato, não

realizou um novo processo para garantir a manutenção

dessas estradas. Como consequência, não houve

restauro, drenagem ou reparos por dois anos

seguidos. Como são rodovias de tráfego intenso,

sevindo inclusive como rota para cargas pesadas que

fogem do pagamento de pedágio na BR 116 e BR 386,

é fácil perceber como as estradas atingiram esse ponto

de degradação. Some a isso, o fato de termos tido 50

dias de chuva na região, o que inviabilizou até mesmo o

trabalho emergencial de recapeamento, e a

consequência foi a ruína de toda a malha viária da

região. Esse é o histórico, e ele se repete em outras

regiões: ao todo, estimo que herdamos cerca de 800

km de problemas, incluindo esses 240 km na Serra.

[mag] E daqui para diante, como o Governo pretende

atacar esse problema?

[mag] A sinalização é um grande problema na RS 122.

À noite quase não se enxerga a marcação da pista.

BA Já temos o projeto elaborado e a licitação aprovada

para recuperar essas quatro estradas: RSC 324, RSC

470, RSC 453 e RSC 122. Esse processo é sempre

demorado, e explica porque só conseguimos liberar

esse projeto depois de dez meses de governo. Já

temos, garantidos, R$ 52 milhões para trabalhar

nessas quatro rodovias. Inicialmente teríamos R$ 44

milhões, mas conseguimos agregar drenagem,

sinalização e restauro, aumentando o valor disponível.

BA E esse é um trecho com pedágio. Há um sistema de

cobrança diferente, comunitário, mas ainda assim é um

pedágio.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]16

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TRENDLINE[MAG] . NO[05] 17

«No quesito trechos duplicados, temos apenas 140 km. Nossa meta é duplicar mais 200 km até 2014."

O RS possui cerca de 12.500 km de malha viária estadual. Desses, apenas 7,3 mil km são pavimentados.

Precisamos melhorar muito na gestão das estradas.

Para nós, que pensamos na infraestrutura com o olhar

de planejamento, é um grande desafio.

Desses 800 km que mencionei antes, temos

sinalização ruim, buracos, restaurações mal feitas -

que não chegam a durar um ano.

BA Nosso projeto é fazer uma restauração completa

dessas rodovias, com expectativa de durabilidade,

evitando esse tipo de paliativo que só desperdiça

recursos. Por isso mesmo exigimos que a licitada

fizesse a drenagem, uma operação importante, porque

de nada adianta recapear sem obliterar os trechos em

que ocorre o acúmulo de água. É preciso corrigir

desníveis e fazer canaletas. O que vinha ocorrendo é

que a empresa contratada para fazer os reparos dava

uma espécie de «lambida» no asfalto, e depois pintava.

Porém, sem o escoamento da água, de nada adianta,

na primeira chuva mais forte o buraco aparece de novo.

[mag] Creio que esse é um tópico importante: a

qualidade das restaurações. Vimos muito, na RSC 470

e na RSC 324, o pessoal cobrindo os buracos, mas

depois da primeira chuva eles reapareciam. Ainda

maiores. Dinheiro posto fora.

Iremos fazer drenagem, restauro - com fresagem -,

tratamento de base e sinalização. É um trabalho mais

alongado e completo.

Essas rodovias da Serra, que já mencionamos,

também foram colocadas dentro de um programa de

recuperação, chamado Crema (Contrato de

Restauração e Manutenção de Rodovias), que irá

angariar cerca de R$ 450 milhões junto ao Banco

Mundial, e prevê a revitalização de mais de 1.600 km da

malha viária estadual. Com isso, depois de

restauradas, garantiremos cinco anos de manutenção

contratados para essas estradas.

BA Não. Será feita uma nova licitação, em que a

vencedora será obrigada a drenar, restaurar e sinalizar,

termos que hoje não são cobrados da atual prestadora.

Nossa intenção é restaurar e manter.

Porém, como a assinatura deste contrato com o Banco

Mundial deve ocorrer até maio de 2012, não tínhamos

mais como esperar e já iniciamos o trabalho de

restauração em alguns pontos.

[mag] Essa manutenção será prestada pela mesma

empresa que faz os reparos hoje?

FOTO SAMUEL RAMOS

Page 18: Trendline [mag] Ed 005

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]18

[mag] Esse trabalho já é visível em alguns pontos.

Existe um trecho crítico, na entrada de Veranópolis (no

sentido Bento - Nova Prata), que foi totalmente

recapeado. E era um trecho muito ruim, abandonado

durante muitos anos, resultando em um asfalto que

dividia retalhos com buracos e desníveis.

[mag] Estamos aqui falando de problemas atuais e

passados, com relação às vias de tráfego. Mas é

preciso olhar para frente. O Brasil coloca, hoje, 1

milhão de novos veículos nas ruas a cada três meses.

Em Caxias e em Porto Alegre, as perimetrais que foram

feitas nos últimos anos já nasceram esgotadas.

BA O que foi feito até hoje, no mês de novembro de

2011, ainda é emergencial. Mesmo o recapeamento de

um trecho longo e abandonado, como era esse, ainda

não está dentro daquilo que queremos. O padrão do

que estamos nos propondo a executar é de não repetir

a simples cobertura dos buracos. Mesmo nas ações

emergenciais, iremos exigir mais durabilidade nos

reparos.

Quando a mídia nos cobrou uma solução definitiva,

durante o período de intensas chuvas, era impossível

realizar algo. Então, hoje, com uma condição de clima

mais favorável, é possível que consigamos realizar

esses reparos com a qualidade que desejamos -

sempre frisando que eles ainda são emergenciais - e

também dão a tônica sobre como serão os trabalhos

definitivos.

BA Infelizmente a velocidade com que a frota está

crescendo não pode ser alcançada pela construção de

novas vias. Essa é a dura realidade. Para se planejar e

construir uma estrada você leva de três a quatro anos.

E nesse mesmo período você terá de 30 a 40% a mais

de tráfego. Assim, é como você disse: as estradas

novas já nascem com a capacidade ultrapassada

antes mesmo de serem inauguradas.

O histórico no RS também não ajuda muito. Dos 12,5

mil km de malha estadual, temos apenas 140 km

duplicados. São estradas antigas, traçadas há muitas

décadas, e que receberam um baixo volume de

investimentos. Estamos vistoriando 952 pontes do

Estado, que precisam ser verificadas, pois não foram

construídas para aguentar a capacidade de carga que

os caminhões transportam hoje em dia - algumas

vezes, 50 ou 60 toneladas. Na média, são pontes feitas

para suportar 23 toneladas.Recapeamento de trecho crítico

Veranópolis foi feito com a troca total da camadaasfáltica. Segundo Beto Albuquerque, essas

ainda são ações emergenciais.

na entrada de

O transporte aqui no Brasil, enquanto avanço

tecnológico e comercial, evolui em uma velocidade

muito maior do que a que o sistema de infraestrutura

pode acompanhar. Essa tarefa é também complicada,

pois ao mesmo tempo em que demandas legítimas nos

cobram para melhorar e ampliar as vias, há muitas

cidades que nunca tiveram acesso asfáltico. No RS são

104 municípios que sempre ficaram à margem dos

investimentos. Pretendemos atender também a essas

cidades.

BA Estamos trabalhando para conseguir essa

extensão entre Sapucaia e Portão, fazendo com que o

acesso da Serra para Porto Alegre possa ser feito sem

a BR 116.

[mag] A Rodovia da Serra, projeto que integra o

prolongamento da Rodovia do Parque (BR 448, que

ligará Sapucaia do Sul a Porto Alegre), ajudará nesse

sentido, visto que desobstruirá a BR 116.

FOTO SAMUEL RAMOS

Page 19: Trendline [mag] Ed 005

Recentemente sobrevoamos essa área, eu, o

Governador Tarso Genro, e o Ministro dos Transportes

Paulo Sérgio Passos, então ainda não temos estudos

técnicos, mas sim uma avaliação preliminar. Nós

queremos que a nova rodovia seja expandida até a

cidade de Portão, disso não há dúvidas. Trata-se de um

trecho curto, são apenas 17 km, e precisaremos de R$

10 milhões em 2012 para fazer todos os estudos e os

projetos da estrada. Já existe um trecho de estrada de

chão, o que facilita, porém precisaremos também de

uma ponte que cruze o Rio dos Sinos, e essa é a parte

mais cara.

O maior problema reside em Portão, onde hoje existe

um grande aglomerado urbano na área prevista para

fazer a conexão com a BR 448. O investimento para

desalojar essas pessoas dali não é baixo. É um gargalo

visualizável, e não é pequeno. Talvez até tenhamos que

substituir esse ponto indicado para fazer a conexão por

algum outro local menos povoado. De qualquer forma,

a sinalização que recebemos do Ministério foi, até o

momento, muito positiva - o que não significa que já

possamos falar em prazos, visto que essa é uma obra

que não deve ser iniciada em 2012.

[mag] Embora não seja uma agenda da sua pasta, o

Sr. acha que o pedágio entre Caxias e Farroupilha

terminará mesmo em 2013?

BA Esse pedágio tem data marcada para acabar.

Ele termina em 2013, e isso não discute. Qualquer que

seja o desfecho das tratativas daquele trecho, a

cobrança termina no prazo acordado. É uma decisão

do nosso governo.

BA A federalização está indo muito bem. Essa é uma

rodovia que é federal do Porto de Itajaí até André da

Rocha. Apenas no RS ela é estadual. Não queremos

federalizar para fugir do problema, mas para resolver

os graves problemas que ela tem, sobretudo na Serra

das Antas. O Governo Estadual não tem como

trabalhar sozinho nessa empreitada.

Todas essas melhorias que conversamos aqui serão

seguidas de maior atenção, mas também iremos

aumentar a fiscalização, sobretudo no excesso de

peso das cargas - que muito contribuem para a

deterioração das estradas. Muitos motoristas

reclamam das rodovias, mas trafegam com 50, 60 e até

70% de excesso de peso.

Iremos fazer controles, e não serão balanças fixas.

Iremos andar com equipamento móvel e fazer

abordagens para coibir essa atitude. Estamos

investindo R$ 55 milhões nessa tecnologia e iremos

colocá-la em operação no ano que vem.

[mag] E a federalização da RSC 470?

TRENDLINEMAG . NO[05] 19

RSC 324, que liga Bento Gonçalves a Passo Fundo, possui alguns dos trechos mais críticos do Estado.Segundo Beto Albuquerque, ela será duplicada de Passo Fundo a Casca.

FOTO NAURO NIZZOLA / DIVULGAÇÃO

Page 20: Trendline [mag] Ed 005

MERCADOS / MARKET ANATOMY

Por Jarbas Gambogi*http://mercadoemquatrodimensoes.blogspot.com/* Diretor de mercado de capitais em diversos bancos de investimentos; Diretor de Finanças Internacionais da FIESP em 1999; atualmente Gestor Independente de Carteiras registrado na CVM.

Assim como tudo que sobe há de descer, longos períodos de crescimento econômico inexoravelmente desembocam em monumentais crises.

A mesma crise, um novo continente

Parece um paradoxo, mas o desenvolvimento

econômico que marcou o mundo nas últimas décadas,

pontuado por uma expansão na concessão de

empréstimos que ultrapassou todos os limites do bom

senso, ainda é o responsável pela crise que assola o

mundo desde 2008.

A novidade, nesse ano, foi que a mesma crise

apresentou um novo epicentro: a Europa.

Mantendo a lógica, em algum momento a crise deverá

atravessar o Oriente Médio e atingir a China, porém o

timing para essa projeção é pouco acurado, pois não

temos como saber quantas balas os chineses ainda

possuem em seu canhão antirrecessão. O que

sabemos é que eles já gastaram uma fração razoável

do arsenal e algumas consequências estão

aparecendo na mídia - sobretudo com as notícias

sobre paralisações de grandes obras.

Um conhecimento rudimentar sobre a psicologia

humana ajuda a compreender o paradoxo acima: o

cérebro tende a pegar tendências passadas e

extrapolar a sua aplicação na linha presente e futura,

como se o mundo real fosse uma mera equação.

Entretanto, o futuro é uma equação multivariável,

impossível de ser compreendida pelo mais genial dos

seres humanos. Mesmo assim, quanto maior for a fase

de crescimento econômico, mais irrealistas serão as

projeções sobre o longo prazo - todas, claro,

ancoradas no passado.

Ato contínuo entre os empreendedores, todos os

grandes projetos empresariais são concebidos a partir

de premissas sobre o futuro.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]20

A matéria de capa da revista acima - propositadamente não identificada -, de maio de 2009,convidava o leitor a «bombar» na bolsa de valores. Por ironia, menos de seis meses depois da publicação,o índice cairia quase 50%.

Page 21: Trendline [mag] Ed 005

Por essa razão, mesmo durante as longas fases de

prosperidade, o crescimento é ciclicamente

interrompido por breves recessões, geralmente

provocadas por aumentos substanciais da capacidade

produtiva, que podem decorrer de estimativas por

demais otimistas ou pelos surtos inflacionários.

Há ainda outro fator: em geral, décadas a fio de

crescimento, que podem atravessar gerações,

apagam da memória coletiva as lembranças das

severas recessões pelas quais já passamos. Quem

conviveu com pessoas que passaram pela Grande

Depressão da década de 30 sabe que eles viviam sob a

sombra de uma grande recessão mundial, mesmo

décadas depois de ela ter terminado.

Desde 2008 os líderes europeus vêm negando a

realidade sobre quão frágil é seu sistema bancário que,

a exemplo das instituições norteamericanas,

concedeu enormes somas de créditos a devedores

sem a capacidade de honrar os compromissos

assumidos.

A maioria dos investidores se esqueceu - ou

desconhece - da regra de que os políticos não agem,

apenas reagem, e quase sempre por atalhos que

geram a menor dor (para eles) no curto prazo. As

medidas anunciadas em outubro pelo Conselho

Europeu para socorrer o sistema bancário são meros

remendos.

O processo de desalavancagem dos bancos europeus

terá um longo caminho a percorrer. Na média o índice

de alavancagem do sistema financeiro europeu é o

dobro do norteamericano e a sua redução será

inexorável. Os bancos europeus a reduzirão por meio

do emagrecimento de suas operações ativas, caminho

que resultaria em nova recessão, ou pela captação de

recursos mediante lançamentos de novas ações nos

mercados de capitais. A segunda opção seria a melhor,

todavia os bancos não mais encontrarão investidores

sedentos por novas captações, como antes da crise

em 2008.

Temos pela frente um longo período de baixo

crescimento mundial, com surtos de expansão

intercalados por recessões.

O gerenciamento do risco será fundamental para a

sobrevivência dos investidores e, por isso mesmo, é

preciso avaliá-los com cuidado. O gerenciamento dos

investimentos, tendo por base as regras número 1 e 2

de Warren Buffet (1. Não perca dinheiro; 2. Releia a

primeira regra) deve ser posta à frente de possíveis

retornos polpudos.

A gestão patrimonial nas fases de grande crescimento

é muito facilitada pelo fato de que os desequilíbrios

ficam mascarados.

Já durante as crises estruturais, esqueletos de toda a

sorte saem dos armários tornando difícil, quase

impossível, a tarefa de traçar cenários de longo prazo.

A única saída é aceitar a convivência com a incerteza –

postura que causa um enorme desconforto na maioria

das pessoas - e aprender a reconhecer os momentos

singulares de pânico entre os investidores, que é

quando surgem as barganhas.

Encurtar horizontes e esquecer a regra máxima de

comprar e segurar também são boas dicas em

momentos como esse.

TRENDLINEMAG . NO[05] 21

Page 22: Trendline [mag] Ed 005

Não há resposta fácil para essa pergunta: Como e

quanto investir em tempos de crise?

A questão envolve investimentos que são, muitas

vezes, volumosos, assunto proibido na maior parte das

empresas quando o noticiário é envolvido pela palavra

crise. Porém acredito que antes de focar na resposta a

esse questionamento, devemos nos perguntar

primeiro se a crise realmente existe.

Em tempos de relativa estabilidade financeira no Brasil

(a última recessão de verdade ocorreu há dez anos),

essa pergunta não só é pertinente como indispensável.

Quando a palavra mágica “crise” surge na imprensa,

uma grande parte de empresários e empreendedores

se assustam e se antecipam a um período de

dificuldades, situação que frequentemente faz com

que algumas atitudes de resguardo sejam adotadas de

imediato, quase em pânico, e, por isso mesmo, sem a

devida avaliação do quadro geral. Essas medidas,

caso se mostrem austeras demais, podem gerar

consequências bastante difíceis de se consertar no

médio e longo prazo.

Digamos que a crise seja real, e o céu esteja mesmo

caindo sobre nossas cabeças. Agora sim, devemos

nos perguntar: “Seria esse o momento para investir em

publicidade?”. Uma boa parte dos empresários irá

responder um sonoro NÃO. Outros, porém, entendem

um dos poucos clichês verdadeiros e resolvem seguir

à risca a velha máxima: “Quem não é visto não é

lembrado”.

Claro que investir em mídia durante uma crise não

significa aumentar orçamentos e fazer loucuras.

PAPO DE MÍDIA / COMUNICATE

Por Bruno Rafael da Silva** Publicitário / Planner / Mídia na Guife Multicom.

Os ouvidos ficam mais atentos, os olhos procuram por notícias e os telejornais parecem que pautam suas matérias por um únicoassunto: crise econômica. E então? Vale a pena investir em publicidade em tempos de crise?

Não mesmo! Afinal, estamos em crise, e durante uma

recessão pessoas e empresas diminuem o seu ritmo

de atividades. Contudo, se a sua empresa mantiver o

investimento já previsto para o período, ela terá uma

vantagem muito grande no mercado. Explico.

A recessão fará muita gente buscar abrigo da crise

através da retirada de mídia. Literalmente se

esconderão, abrindo margem para que aqueles que

ousarem se destaquem com maior facilidade. Em

segundo lugar, o consumo poderá ser reduzido, mas

não será extinto. E com maior visibilidade, fica mais

fácil brigar pela porção que ainda movimenta o

mercado.

Aí você me pergunta: a crise chegou com força na

minha empresa, e afetou o meu orçamento de

publicidade. Como manter visibilidade, com menos

recursos? Aqui entram todas as ferramentas possíveis:

e-mail, rede social, assessoria de imprensa, relações

públicas, entre outras. É importante entender que

comunicação não é só publicidade e que sempre

existe alguma coisa que pode ser feita em tempos de

crise, pois o consumidor pode ser obrigado a reduzir

alguma coisa no orçamento, mas faça o possível para

que não seja o seu produto a ser deixado de lado.

Cortar a verba de comunicação (e veja que agora

falamos de comunicação e não apenas publicidade)

não é a solução, pois embora você talvez acredite que

esteja reduzindo custos, a médio e longo prazo poderá

ter perdido muitos clientes pelo caminho. Faça o

possível para manter o investimento planejado e você

vai garantir presença agora e no futuro.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]22

Tente não sumir quando acrise bater na porta

Page 23: Trendline [mag] Ed 005

Jornalismo do século passado.

Em 1910, coluna social era algo dispensável.

Em 1920, não existiam press releases.

Em 1930, opinião valia tanto quanto informação.

Em 1940, os jornalistas não precisavam ser neutros.

Em 1950, não existiam regras sobre como uma matériadeveria ser escrita.

Em 2011, ainda se faz jornalismo à moda antiga.

Page 24: Trendline [mag] Ed 005

Fica, vamos pisarFica, vamos pisaruvauva

CAPA / FEATURED

Por Samuel Ramos*[email protected]* Jornalista e editor da TL[mag]

Produto turístico que ganha corpo, a vindima gaúcha não pontua apenas a época da colheita da uva. Torna-se, também, alternativa de lazer e diversão.

É inverno na fria região da Serra Gaúcha, local que

se destaca - dentre outros motivos - pela produção

vinífera. Porém, para se chegar ao vinho, é necessário

ter a uva. E uma pergunta se repete, no varejo de

muitas das mais de mil vinícolas que estão instaladas

na área: «Queríamos ver a uva no pé, mas as parreiras

estão secas. Como fazemos?».

Para os enólogos, que trabalham o ano todo

dedicados à produção do vinho, resta explicar

pacientemente que a maturação das uvas ocorre antes

do inverno e que, por isso mesmo, elas já foram

colhidas. Alguns turistas recebem a notícia com

surpresa, outros prometem voltar no verão para, assim,

conhecer os vinhedos.

Esses que resolvem voltar no verão formam - a cada

ano que passa - um grupo cada vez mais numeroso.

Aproveitam, dentre outras coisas, de tarifas mais

atraentes nos hotéis, da transformação paisagística

que as parreiras fazem no terreno acidentado da Serra

e, claro, de tudo que envolve a vindima: gastronomia,

passeios, degustações e atividades em meio à

natureza.

O produto turístico vindima não é novidade para quem

já foi à Europa: na época da colheita da uva, vinícolas

de todo o continente oferecem passeios, banquetes e

provas dos vinhos a todos os interessados. É um

período de muito trabalho para quem faz a colheita,

mas também de grande retorno para quem aposta no

enoturismo.

Na Serra Gaúcha, o produto ainda é novo. Veja o caso

de Bento Gonçalves, cidade que promove o maior

número de ações formais no período: a Vindima está

indo agora para a sua terceira temporada. Muito pouco

se compararmos com outras datas já consagradas da

região, tais como Natal Luz e Festival de Cinema.

Mesmo assim, a Vindima mostra fôlego e potencial

para se consolidar no decorrer das próximas

temporadas como uma boa alternativa para quem

cansou da farofagem na beira da praia. A riqueza e a

magia do momento da colheita da uva, ainda não

totalmente revelada ou descoberta, surpreende

aqueles que participam pela primeira vez.

Descubra, nas próximas páginas, o porquê.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]24

FOTO DIVULGAÇÃO PIZZATO

Page 25: Trendline [mag] Ed 005

O rápido período de brotação das parreiras começa a

transformar a paisagem das regiões viníferas da

Serra Gaúcha ainda no começo da primavera:

sai o marrom acinzentado que dá o tom sóbrio do

inverno, entra o colorido das folhas e das uvas.

FOTO SAMUEL RAMOS

FOTO FERNANDO FREY

FOTO DIVULGAÇÃO PIZZATO

Page 26: Trendline [mag] Ed 005

Preparando a bagagem

Se você decidir acompanhar o festivo período de

colheita da uva, fique sabendo que o calendário de

atividades é bem amplo, de maneira que fica fácil

encaixar na sua agenda uma visita a Bento Gonçalves

durante a vindima: a abertura oficial do evento ocorre

no meio do mês de janeiro e se estende até meados de

março.

Nesse período as vinícolas do Vale dos Vinhedos, Faria

Lemos, Caminhos de Pedra, Pinto Bandeira, Tuyuty e

Vale das Antas costumam receber os turistas com

provas dos vinhos, passeios e gastronomia (com

exceção das degustações, as atividades costumam

precisar de reserva prévia).

Se o tempo estiver sobrando, também vale a pena

visitar vinícolas de outras cidades da região, tais como

Monte Belo do Sul, e Flores da Cunha, onde a

vindima é festejada junto aos visitantes. Existem, ainda,

festas e feiras temáticas que ocorrem para celebrar a

época: Vindima no Vale dos Vinhedos, Festa da

Colheita (Tuyuty), Festa da Vindima (Monte Belo do

Sul), Festa Nacional do Vinho (Bento Gonçalves), Festa

Nacional da Vindima (Flores da Cunha) - que volta em

2013 - e Festa Nacional da Uva (Caxias do Sul) - a partir

de fevereiro.

Bento Gonçalves também aposta, em 2012, em

atividades diversas, tais como:

- Apresentações cênicas, realizadas pela Fenavinho;- Degustação de uvas na Via del Vino (todos os

sábados);- Minicursos de degustação;- Ciclo de Cinema no Bento em Vindima, com exibição

de 8 filmes + jantar;- Concurso Fotografando a Vindima;- Concurso Prato da Vindima;- Arte no Verão, 2ª Edição, na Casa das Artes;- Exposição de Fotos;- Encontro Turismo - Bento em Pauta, dias 13, 14 e 15

de janeiro;- Jantar sob as estrelas, 2ª Edição, no dia 17 de

fevereiro.

Além das atividades acima, vinícolas, hotéis,

r e s t a u r a n t e s e b a r e s c o n t a m c o m

programações/pacotes especiais, que merecem

atenção.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]26

De janeiro a março, Bento Gonçalves reúne o maiornúmero de atividades relacionadas à Vindima na Serra.

FO

TO

GIL

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ES

Page 27: Trendline [mag] Ed 005

Colocando a mão (e o pé) na massa

Realizados os preparativos básicos, é hora de encarar

a vindima. Uma boa maneira de se conectar com o

evento é participar da colheita per se, sendo a Pizzato

Vinhas & Vinhos, do Vale dos Vinhedos, em Bento

Gonçalves, uma das opções mais completas que

encontramos para viver essa experiência.

Lá fomos recebidos por Flávia Pizzato, que junto ao

patriarca da família, Plínio Pizzato, nos falou sobre a

atividade mais procurada na vinícola: o Dia da

Colheita. Realizados nos sábados - mediante reserva

prévia - durante o mês de fevereiro, o Dia da Colheita é

mais que um passeio, é uma celebração à atividade

dos vinicultores: «Trabalhamos com grupos de até 40

pessoas por vez, e todos são recebidos com música

típica e espumante no começo da atividade. Elas

recebem chapéu - que nessa vindima será no estilo

Panamá - e tesoura antes de sairmos. Depois, a bordo

de um pequeno trator ou caminhando vamos até os

vinhedos para, lá, fazer a colheita», explica Flávia.

E a colheita não é para inglês ver, posto que os turistas

colhem variedades nobres, europeias: «Dependendo

da época, claro, o participante pode colher

Chardonnay, Merlot, Tannat, Cabernet Sauvignon ou

Alicante Bouschet. Tudo é feito nos nossos vinhedos, e

as pessoas podem conhecer mais sobre o processo,

sobre os cultivares, enfim, aprendem qual o caminho

que a uva segue antes de ser levada para a feitura do

vinho», revela.

O divertido passeio entre os vinhedos leva cerca de

duas horas, e pode ser feito também por crianças e

adolescentes, que, segundo nos informa o «seu»

Plínio, adoram a brincadeira de colher uva.

Finda a colheita, é hora de colocar a uva na mastela

(uma grande bacia de madeira), onde os mais

empolgados irão realizar a tradicional pisa da uva: os

pés são, obviamente, descalços e limpos para que,

então, a felicidade geral dos turistas seja feita. Alguns

praticamente pulam dentro do recipiente, enquanto

outros dão tímidos passos - a essa altura, já

escorregadios. Em comum, um grande sorriso na hora

de posar para as fotos.

Claro que nem todos encaram a pisa. Os homens de

personalidade mais sisuda, por exemplo, são mais

relutantes, e, conforme nos explica Flávia, preferem

assistir de longe: «Às vezes notamos que a pessoa está

louca para participar, mas fica um pouco acanhada na

hora de entrar na mastela.», brinca.

Depois da pisa, o passeio continua com a visitação

guiada na vinícola, onde o enólogo Flávio Pizzato

explica a todos o processo de elaboração do vinho e

dos espumantes.

A seguir, um saboroso almoço, de predominância

brasileira, é elaborado pela chef Giovana Faccin, e

harmonizado com os vinhos da Pizzato. E o preço?

Mais do que justo. Toda a atividade custa cerca de R$

150 por pessoa.

TRENDLINEMAG . NO[05] 27

FOTO SAMUEL RAMOS

Durante a Vindima os turistas vão para as vinhas e conhecem o trabalho do viticultor através do Dia da Colheita.

Page 28: Trendline [mag] Ed 005

Tradição que encanta

Apesar de pouco conhecido no Brasil, o produto

turístico Vindima já é bastante consolidado em países

de forte vocação vinícola, sobretudo na Europa. O

período é celebrado não apenas por refletir todo o

trabalho dos produtores ao longo do ano, mas também

por dar pistas sobre a qualidade do vinho que chegará

ao varejo nos próximos dois ou três anos.

Até chegar à colheita, os enólogos travam uma dura

batalha para acompanhar a maturação das uvas e

também, literalmente, «secar» o tempo, para que não

ocorram chuvas em excesso durante essa época,

crucial para o desenvolvimento de um nível correto de

açúcar e acidez. Bruna Cristófoli, da Cristófoli

Vinhedos e Vinhos Finos, é uma dessas enólogas que

se dividem entre o acompanhar do clima, das vinhas e

do turismo que o período propicia: «Em 2012, teremos

o nosso segundo ano de atividades com turistas.

Vemos como um período para formar novos

consumidores, pois a vindima é um período muito

rico», avalia.

Responsável pela criação do Edredom nos Parreirais,

uma experiência que aposta no romantismo e na

intimidade, Bruna nos conta que a busca pela

valorização da vindima ainda tem um longo caminho:

«Na Alemanha vi muitas coisas interessantes como,

por exemplo, a venda do vinho doce, que está recém-

começando a fermentar. Além disso, eles também

trabalham com feiras de produtos típicos».

A ideia de realizar algo diferente foi a mola propulsora

para Bruna criar, junto com o pessoal da Cristófoli, uma

área junto aos vinhedos da família para que casais

possam se espichar sob um edredom e curtir um fim de

tarde especial, regado a vinhos e guloseimas - tudo

isso com a vista que está aqui embaixo. Estava criado o

Edredom nos Parreirais.

Seja para pisar a uva e se divertir com os amigos, ou

para curtir a dois a paisagem do verão serrano, a

Vindima é uma ótima opção de lazer e turismo para

quem já cansou da farofada em que se transformou o

litoral gaúcho.

Integrar-se a essa tradição torna-se uma obrigação

para aqueles que apreciam ou são entusiastas de uma

boa mesa.

Palavra de Baco!

FOTO LUANDA ROOS

FOTO SAMUEL RAMOS

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]28

Piqueniques também são opções na Cristófoli e na Pizzato.

Page 29: Trendline [mag] Ed 005
Page 30: Trendline [mag] Ed 005

TRENDLINE[MAG] . DEZ 2010 JAN/FEV 201122

QUE FOME / FOOD IN MY BELLY

Por Redação Trendline [mag][email protected]

Alimentando memórias

Comida que enche a barriga, mas também revive sensações e propõe experiências. Assim é a cozinha do Empório São João, em Nova Prata.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]30

É fim de ano na casa da Vó Necy, matriarca no sentido

mais amplo da palavra: tal como diversas outras nonas

que ainda vivem na Serra Gaúcha, é a mãezona que

coloca todo mundo embaixo da asa e que se encarrega

de juntar uma numerosa família em volta da mesa a

cada data especial. Quem já participou de banquetes

assim sabe que duas coisas são regra: a barulheira de

todo mundo falando ao mesmo tempo sobre assuntos

diferentes e, claro, a pança cheia no fim da refeição.

Pois se você visitar o Empório São João, em Nova

Prata, vai perceber que tudo, ali, tem cara desse tipo

de reunião familiar. Desde o cardápio, onde predomina

um menu colonial em que produtos industrializados

não são desejados, até o próprio ambiente, em que se

exibem fotos das gerações que antecederam Marcelo

Nedeff, Cláudia Briani Antoniolli Lenzi e Paula Briani

Nedeff, os proprietários do espaço.

Todo o conceito do Empório foi concebido para reviver

a atmosfera que circundava os banquetes familiares

dos sócios. «Na nossa família, sempre foi assim: a

comida farta, colonial, e os bons vinhos fizeram parte

de nossa vida, é dessa forma que lembramos dos

melhores momentos de nosso convívio. O prazer na

mesa é uma instituição», explica Marcelo.

E é exatamente o prazer na mesa que marca a

experiência de visitar o Empório São João. Antítese dos

fast foods que marcam a memória gastronômica das

gerações mais novas, a proposta no Empório é de

trabalhar com pratos que ativem memórias

longínquas, de um tempo em que as coisas não eram

industrializadas. «Parece um conceito riponga, é

verdade, mas seguimos a filosofia da Economia do

Amor. Procuramos receitas familiares, artesanais, e

buscamos nossos ingredientes no trabalho de

pessoas que não visem apenas o lucro, mas também

preservem o modo como nossos antepassados

produziam seus alimentos. A Salete, que entrega

nosso pão, é de uma família que panifica desde 1913.

Nossos fornecedores de vinhos também são de

pequenas famílias que fazem isso há pelo menos três

gerações, e isso se repete com outros produtos»,

finaliza Marcelo.

O uso de produtos frescos e coloniais, por sinal, é a

característica mais marcante da cozinha do Empório.

Veja, por exemplo, o caso da Polenta Consa (da foto

acima): é feita na hora, sem usar nada pré-pronto. O

molho de carne é de chorar em polaco e o queijo

colonial é daqueles que provocam uma distensão no

braço, de tanto que espicha quando você está

comendo.

FOTOS SAMUEL RAMOS

Page 31: Trendline [mag] Ed 005

TRENDLINEMAG . ANO01NO.01TRENDLINEMAG . ANO01NO.01

A MASSA, FEITA COM O PESTO

CASEIRO DA RECEITA SECRETA DA

DONA DETE, É UM DOS PRATOS

IMPERDÍVEIS DO EMPÓRIO SÃO

JOÃO, EM NOVA PRATA.

Page 32: Trendline [mag] Ed 005

22 TRENDLINE[MAG] . ANO[02]32

Sensações e memórias

O pré-requisito básico no Empório São João é simples:

a comida deve provocar sensações. Tanto faz se o

prato do dia é a recriação de uma carne de panela, uma

sopa de feijão, um creme de legumes ou uma

sobremesa tão única que sequer tenha um nome

oficial. Há também receitas que foram produzidas por

clientes assíduos, tal como a deliciosa calda de

vergamotas - que acompanha sorvete -, porção que foi

batizada com o nome de sua criadora e incorporada ao

cardápio oficial.

Por falar nisso, o sorvete é presença constante na carta

e é servido em generosas porções que acompanham

diferentes caldas. Ou todas as caldas, como é o caso

do Sorvete de Criança. Inspirado na anarquia caótica

que fazem os pequenos na fila dos buffets, ele

incorpora balas, gomas, pirulito, chocolate granulado

e chantilly. Outra sobremesa que tem, para o pessoal

do Empório, forte carga emocional é o Doce de Café

da Vó Necy. Receita secreta que está na família há 80

anos, mistura o leve amargor do café - através de um

creme - com merengues caseiros e pêssegos.

Com tantos ingredientes distintos, é praticamente

impossível sair do Empório São João sem se

contaminar pela paixão gastronômica que inspirou o

lugar e sem agradecer à Dete e à Vó Necy.

Mesmo que você não as conheça.

Outra das receitas familiares, que é guardada a sete chaves, é o Doce de Café da Vó Necy.Feito com merengue caseiro, creme de café e pêssegos, está na família há mais de 80 anos.

Acima, a sobremesa que enlouquecepequenos e adultos:

Sorvete de Criança. Logo após, asSagradas Bruschettas, companhia

certeira do happy hour.

Page 33: Trendline [mag] Ed 005

54 3242 5988

nova prata l rs

rua clemente tarrasconi, 170facebook: cozer restaurante

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Page 34: Trendline [mag] Ed 005

TRENDLINE[MAG] . DEZ 2010 JAN/FEV 201122

BEBENDO BEM / BOOZE

Por Samuel [email protected] jornalista que não gosta de enochatos.

Destaques da AvaliaçãoNacional de Vinhos

O que era uma comedida euforia no fim de março, quandoa colheita das uvas animou alguns vitivinicultores, se tornouuma bela amostra do potencial da safra de vinhos 2011.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]34

Na véspera da 19ª Avaliação Nacional de Vinhos, em

um jantar que reuniu a imprensa especializada, o

diretor da Wine Park, Rodrigo Biasi, cunhou a frase

que pontuava o tamanho da expectativa que todos

tínhamos quanto à qualidade dos vinhos que

provaríamos no dia seguinte: «Fazer enologia com uma

safra assim é moleza. Difícil mesmo foi fazer vinho bom

em 2009 e 2010». Declarações como essa, que

destacavam a qualidade da safra 2011 na Serra

Gaúcha, se tornaram notícia velha ainda em março. E

para nós, que acompanhamos o setor, tais declarações

serviram como fermento para que a curiosidade se

transformasse em uma sede implacável pela prova das

amostras que conheceríamos no dia seguinte.

No meu caso, um não expert no assunto, mero

entusiasta no tema, o convite para participar da

Avaliação foi recebido com uma decisão difícil: para

deixar o paladar preparado para a degustação, entendi

ser necessário passar por duas semanas de

abstinência total com vinhos e espumantes. Assim,

quem sabe as minhas poucas papilas gustativas

desenvolvidas teriam o seu funcionamento, digamos,

potencializado. A restrição foi complicada de realizar,

mas realmente se mostrou de grande eficiência na hora

de identificar as particularidades de cada amostra (e

me fez questionar a falta de seriedade com que muitos

«entendidos» se dispõem a ranquear e atribuir notas,

sobretudo aqueles que apregoam degustar mais de

dois ou três mil vinhos no decorrer de um ano).

Com o paladar em dia, foi hora de encarar a maratona

que viria a seguir: acordar às sete da manhã para

degustar as 16 amostras representativas da safra 2011.

Na categoria dos brancos e espumantes, que é

considerada uma especialidade da Serra Gaúcha,

conhecemos belos vinhos. Chamaram minha atenção

as amostras 3, 5 e 7, respectivamente da Aurora

(Riesling Itálico), Goés & Venturini (Chardonnay) e Don

Guerino (Moscato Giallo) - só fomos saber quem eram

os fabricantes no final da avaliação, visto que todo o

processo é feito às cegas.

Nos tintos, meu preferidos, um fato me chamou a

atenção: a presença de dois Tannat’s, com apenas um

Cabernet Sauvignon entre os dezesseis, mostrando

que a uva típica e tradicional do Uruguai está

produzindo bons vinhos no Brasil. Claro que nem

todas as amostras me agradaram, porém gostei muito

da 13, 14 e 16, de Rasip (Cabernet Sauvignon),

Almaúnica (Syrah, ainda melhor que a safra passada) e

Seival (Tannat).

Confira no www.tlmag.com.br a listagem completa.

FOTO GILMAR GOMES

Page 35: Trendline [mag] Ed 005

As oito décadas deCândido ValdugaVirou clichê escrever que a história de Fulano se

confunde com a de algum lugar. Pois bem, vamos

aceitar possíveis xingamentos quanto à figura de

linguagem, mas é impossível dissociar a história do

vitivinicultor Cândido Valduga, dos acontecimentos

que marcam a consolidação do Vale dos Vinhedos, em

Bento Gonçalves, como referência em enoturismo. O

«Seu» Cândido Valduga é do tempo em que se levava o

vinho para Bento em carroças. Do tempo em que luz

elétrica era coisa de gente afrescalhada da cidade. Do

tempo em que se fazia a previsão do tempo pela cor do

pôr do sol. E isso nos basta para justificar o clichê

emitido anteriormente.

O jovem cidadão, que esse ano completou 80 anos de

vida - dos quais, mais de 70 dedicados ao vinho -

comenta com muito bom humor a passagem desse

aniversário especial: «Todo mundo me diz que é uma

maravilha fazer 80 anos. Pois eu digo que estão

loucos», brinca o Seu Cândido.

Descendente dos Valduga que chegaram ao Brasil no

longínquo ano de 1875, o Seu Cândido se criou na

Linha Leopoldina, uma das localidades que compõem

o charmoso Vale dos Vinhedos.

A família se estabeleceu no local em 1945, quando o

Seu Cândido tinha apenas 14 anos. «Naquela época

levávamos uma hora e meia para percorrer os seis

quilômetros que nos separam de Bento Gonçalves»,

relembra.

Todo o clã Valduga sempre esteve envolvido com a

produção de vinho, naquela época fazendo o

tradicional vinho colonial, de uva Isabel, que era

fornecido para grandes empresas do segmento (tais

como Cia. Riograndense e, mais tarde, Dreher),

atualmente também se dedicando à produção de

vinhos finos de mesa. «Fomos os pioneiros com alguns

cultivares na região. Tivemos as primeiras mudas de

Cabernet Franc e de Marselan, por exemplo», cita.

Atualmente a sua vinícola, Dom Cândido, possui

vinhedos próprios em Bento Gonçalves e em

Veranópolis.

Testemunha viva da evolução do Vale dos Vinhedos,

Seu Cândido entende que o local deve continuar a

atrair investimentos, e também acredita que a cara

colonial que caracteriza o roteiro deve ser mantida: «O

italiano é um povo que conserva as suas tradições»,

finaliza.

FOTO SAMUEL RAMOS

TRENDLINEMAG . NO[05] 35

Page 36: Trendline [mag] Ed 005

22 TRENDLINE[MAG] . ANO[02]36

Recomendamos

Pinot Noir Almaúnica 2011

Ao lado das barricas francesas, que ainda estalam de

tão novas, Márcio Brandelli nos apresentou, em

primeira mão, o seu próximo lançamento: um Pinot

Noir jovem, que repousou durante oito meses na

madeira - de primeiro uso -, dando origem a um vinho

macio de boca (poucos taninos), tão agradável que,

apesar de ser tinto, é possível de se encarar até mesmo

em uma noite mais agradável de verão.

Deve ser engarrafado agora no final do ano e estará

disponível no varejo na faixa dos R$ 45.

Moscatel Calza Júnior

Com um equilíbrio praticamente perfeito entre acidez e

açúcar (nem tão doce, nem tão ácido), o espumante

Moscatel do pessoal da Calza Júnior Vinhos é uma

pedida certeira para as festividades de fim de ano.

A grande dificuldade reside em encontrar o

espumante, que é feito em pequenas quantidades. Um

dos locais certeiros para comprar e degustar é o

Empório São João, em Nova Prata, onde o produto é

vendido por módicos R$ 22 a botija - uma verdadeira

pechincha.

Casa Pedrucci Tradicional Brut

Esse foi o espumante que mais agradou a mesa em

que estávamos, durante o jantar de premiação do VII

Concurso Nacional do Espumante, em Garibaldi,

evento que ocorreu em outubro.

Prata da casa, é produzido na própria cidade, pela

Vinícola Pedrucci, sob a supervisão de Gilberto

Pedrucci.

O preço de varejo é de cerca de R$ 45 - o que é um bom

preço para um produto desse quilate.FOTO DIVULGAÇÃO PEDRUCCI

FOTO SAMUEL RAMOS

FOTO SAMUEL RAMOS

vinhos, espumantes e brejas

Page 37: Trendline [mag] Ed 005

Pilsen -

Está aí uma cerveja que tinha tudo para dar errado: ela

é feita em São Paulo (e não no RS, melhor em tudo),

tem um nome que parece de banda de bailão e o rótulo

é feio de doer.

Porém, ao abri-la nos deparamos com uma Pilsen de

respeito: o aroma inebria e o sabor, bah, é impossível

manter o copo cheio (vide foto ao lado).

À venda no Doppio Malto (Bento) e no Cozer

Restaurante (Nova Prata).

Karavelle

TRENDLINEMAG . NO[05] 37

Double Stout - Hook Norton Brewery

Se você aprecia o sabor forte e marcante de uma boa

Stout ,que tal provar uma Stout em dose dupla, de cor

tão negra que até parece que você está bebendo um

copo de petróleo?

O achocolatado do aroma combina com o amargor de

café, e é um dos responsáveis por fazer essa cerveja

levar os dois últimos prêmios, na categoria, do World

Beer Awards.

Tem no Doppio Malto (Bento Gonçalves).

Oktoberfest - Heilige + Seasons Craft Brewery

Se você pretende ir até Munique provar a típica cerveja

Oktoberfest de lá, antes de chegar no Aeroporto

Salgado Filho dê uma passada na Seasons, que fica ali

perto, e prove a cerveja estilo Oktoberfest que eles

fizeram com a Heilige, de Santa Cruz do Sul.

De muito sabor e moderado amargor, fará você se

sentir na Baviera antes mesmo de ter saído do chão.

Mas apresse-se: foram feitas menos de 900 garrafas.

Black Mamba - Guenther Sehn

O nome dessa cerveja não poderia ser mais

apropriado: ela possui venenosos 11,2° de graduação

alcoólica e 202 IBUs (!) de amargor, de maneira que ao

inocular uma única long neck na corrente sanguínea já

é possível perceber seu efeito.

Saborosa e cremosa, é, disparada uma das melhores

cervejas que provamos esse ano. É feita, literalmente,

em casa pelo homebrewer Guenther Sehn, de Porto

Alegre - o que torna difícil encontrá-la. Se achar

algumas por aí, compre o estoque!

Page 38: Trendline [mag] Ed 005

TURISMO / GO THERE

Texto e fotos de Samuel Ramos*[email protected]* Jornalista, editor da Trendline [mag]

Cambará do Sul,600 mgSe o mundo fosse perfeito, não existiria Imposto de

Renda, IPVA, e nem sertanejo universitário. Melhor

ainda: nesse planeta paradisíaco, o estresse teria

como receita uma viagem até Cambará do Sul, pela

qual o seu plano de saúde ficaria com a conta.

O raciocínio é óbvio: é impossível não desligar a

cabeça depois de se ficar alguns dias contemplando

os campos de cima da Serra, que, entremeados por

pequenas colinas, abrem-se até o litoral através dos

cânions da região, formando paisagens de tirar o

fôlego. E, por isso mesmo, o passeio até Cambará

deveria vir com prescrição médica e despesas pagas,

pois a estadia lá é realmente terapêutica.

Típica cidade do lado mais campeiro da Serra, em

Cambará parece que o tempo não passa. Não se vê lá a

opulência das cidades economicamente mais

desenvolvidas da região. Não mesmo. Se você procura

badalação, mansões e carros do ano, esse

definitivamente não é o seu lugar. A simplicidade é a

norma e, mesmo nos locais de maior conforto, a

demasia é evitada. Menos é mais, e estamos

conversados.

Cambará se tornou conhecida por abrigar uma série de

cânions, formados a partir de acidentes geológicos,

que deixam de queixo caído a quem os visita pela

primeira vez. Aliás, essa é outra característica

terapêutica do local, dessa vez de cunho psiquiátrico.

Está se sentindo importante demais? O ego inflou e o

mundo gira ao redor do seu umbigo? Nada que a

grandiosidade do cânion Fortaleza, o mais belo dos

que visitamos, não coloque tudo no seu devido lugar - e

na devida proporção.

Cambará do Sul é, também, muito conhecida pelas

120 toneladas de mel que produz a cada ano. Além do

mel normal (que eles chamam de mel escuro), há uma

outra variedade, muito famosa, de coloração branca,

que é produzido a partir do néctar de flores nativas -

mais difícil de encontrar. Outra marca do município, é o

frio. A friaca é tanta na região que é impossível

encontrar uma casa que não disponha de fogão a

lenha, aparelho que além de esquentar também serve

para preparar um dos tira-gostos mais tradicionais da

Serra Gaúcha: o pinhão na chapa, delícia que costuma

ser saboreada com o acompanhamento de vinhos.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]38

Cânion Itaimbezinho, uma das belezas de Cambará do Sul

Page 39: Trendline [mag] Ed 005

ACOMODAÇÕES DO PARADOR

CASA DA MONTANHA SÃO A

PEDIDA IDEAL PARA SE

INTEGRAR COM A EXUBERANTE

CAMBARÁ DO SUL.

Page 40: Trendline [mag] Ed 005

Cambará do Sul costuma receber cerca de 200 mil

turistas por ano, e os dois pontos mais procurados são

os parques Aparados da Serra (onde fica o

Itaimbezinho) e o Parque Nacional da Serra Geral (que

abriga o Fortaleza). Outros cânions também possuem

acesso pela cidade, dentre eles o Churriado e o

Malacara.

Apesar do turismo local ainda não contar com pleno

desenvolvimento - a exemplo do que ocorre em outros

lugares do RS, onde a atividade ainda é encarada

como bico - e carecer de melhor organização e

estrutura, já é possível visitar a cidade e usufruir de

bons serviços, inclusive restaurantes, pousadas e

hotéis.

Um desses locais, que gentilmente nos recebeu, foi o

Parador Casa da Montanha, estabelecimento que faz

parte do grupo que administra em Gramado o Hotel

Casa da Montanha e o Hotel Petit. O Parador é o

primeiro e único hotel do Brasil a oferecer hospedagem

em barracas térmicas. Além de proteger o visitante do

frio típico da Serra Gaúcha, elas deixam o Parador com

uma cara de «acampamento chique»: o serviço e a

gastronomia são de primeira e há climatização e

música ambiente nas barracas. Música que é

totalmente dispensável à noite: dormir com o som do

riacho equivale a um sono de 50 gotas de Rivotril.

Fim de tarde, sob o fogo da lareira, receita relaxante que faz da televisão, ao fundo, objeto de decoração: o Parador não a

conectou com antenas, dispensando o contato mundano. DVD’s estão disponíveis.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]40

FOTO JANAÍNA SILVEIRA

Page 41: Trendline [mag] Ed 005

No Parador, o gerente Fabiano Koehler nos explica

que é possível optar pela hospedagem em barracas

luxo ou suítes: «As suítes são maiores e possuem

varanda, hidromassagem e duchas privativas. Na luxo,

há um lavabo e os hóspedem usam a nossa casa de

banho para fazer o asseio pessoal», revela. Inaugurado

em 2002, o Parador hoje conta com 12 acomodações

(nove luxo + três suítes).

O modelo, que conta exclusivamente com barracas,

veio depois que a administração do grupo conheceu

esse tipo de acomodação durante um safári africano:

«Queríamos criar uma atmosfera diferente, e

conseguimos isso com as barracas. Seria muito mais

barato construir chalés, mas com essa proposta

mantemos o charme e valorizamos ainda mais a

paisagem», resume.

A cozinha, comandada por Solange, Edgar e

Rodrigo, oferece a combinação perfeita daquilo que

chamamos lá, durante a estadia, de comida gastro-

campeira (sim, merecemos o açoite por criar um

neologismo tão esdrúxulo): o arroz e o feijão tropeiro

são feitos em panela de ferro, o leite é fresco (o que

rende um arroz doce inigualável), os pães são

caseiros, as hortaliças são cultivadas em horta própria

e há cortes de caça. Tudo muito simples e saboroso,

porém com apresentações requintadas que valorizam

ainda mais os ingredientes típicos da região. Para ficar

perfeito, mesmo, só faltou ter Camargo (café com leite

de vaca tirado na hora).

TRENDLINEMAG . NO[05] 41

O Parador está instalado em meio à natureza, e conta com a trilha sonora de um riacho corrente.

Page 42: Trendline [mag] Ed 005

O auge da temporada de turismo em Cambará ocorre

no inverno, quando o frio impera e derruba as

temperaturas, atraindo muitos visitantes de fora do

Estado. Porém, é possível visitar o local durante todo o

ano. De fato, Marcelo Sartori, da Coiote Adventure,

empresa que opera roteiros de turismo (de aventura,

inclusive) na cidade, nos explica que cada época do

ano propicia diferentes experiências: «No inverno a

visualização dos cânions é melhor, mas com o frio se

torna complicado fazer atividades ao ar livre, na água,

por exemplo. Já, no verão a visibilidade varia muito, em

geral não é tão boa, mas é possível curtir mais as trilhas

e rios», elucida.

Nesse quesito, Cambará também oferece uma ampla

gama de possibilidades: há trilhas curtas, para quem já

não dispõe do fôlego de outrora, e passeios longos,

que envolvem muita caminhada. Na Trilha do Rio do

Boi, por exemplo, realizada no Itaimbezinho, a

caminhada envolve 9 km - entre pedras e córregos.

Para finalizar, uma ressalva importante: a estrada para

os cânions não é exatamente uma beleza. Assim, se

você não tiver uma Land Rover (ou similar) trate de

contratar um serviço de transporte, com guias locais

especializados. Vai custar entre R$ 80 e R$ 110 por

pessoa, o que é mais barato do que ter que trocar um

pneu cortado ou um amortecedor, e ainda por cima

ficar travado a 150 km do guincho mais próximo. Isso

em uma área que nem celular pega.

Seu ego anda grande demais?

Visite o cânion Fortaleza e coloque as coisas em seu devido lugar.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]42

Page 43: Trendline [mag] Ed 005

w w w . c a m b o a t a s . c o m . b r

t u r i s m o @ c a m b o a t a s . c o m . b r

( 5 4 ) 3 2 4 2 . 4 3 2 7

P a s s a g e n s A é r e a s . P a c o t e s d e V i a g e n s . R e s e r v a s d e H o t é i s

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N a c i o n a l e I n t e r n a c i o n a l

Férias

o ano inteiro

Garanta o seu lugar!

Grupos Camboatás com saída local:

ABRIL – Punta Cana

JUNHO – Buenos Aires

JUNHO - Paris, Costa Azul e Itália

JULHO – Minas Histórico

AGOSTO – Santiago do Chile

SETEMBRO – Portugal e Espanha

NOVEMBRO – Nordeste

Garanta o seu lugar!

R . P r e s i d e n t e V a r g a s , 1 2 7 4 / 0 4

N o v a P r a t a / R S - 9 5 3 2 0 . 0 0 0

Page 44: Trendline [mag] Ed 005

Estação Brasil

22 TRENDLINE[MAG] . ANO[02]44

Page 45: Trendline [mag] Ed 005

QG DO ESTILO / STYLE

Por Quéli Giuriatti*twitter.com/quelig

*Jornalista e Professora de Moda

O verão é a temporada mais quente da moda brasileira.

Nossa sensualidade, criatividade e bossa nos destacam naturalmente como o país que mais lança tendências de beachwear no mundo.

Também, com uma costa de mais de sete mil quilômetros e tantas praias-paraíso não poderia ser diferente.

Confira algumas das novidades que as melhores marcas nacionais lançaram para esta estação ensolarada e brilhe sob a luz do sol.

FOTOS DIVULGAÇÃO AGÊNCIA FOTOSITE

TRENDLINEMAG . NO[05] 45

Page 46: Trendline [mag] Ed 005

Kaftans

Essa peça de origem árabe é uma

aposta dos estilistas brasileiros de

moda praia há algumas estações.

A mania da brasileira de se expor ao

sol e revelar todas as suas curvas

nunca favoreceu muito o kaftan, mas

parece que a peça vai pegar neste

verão.

Ampla, colorida e megaconfortável,

vai cobrir o corpo das mulheres mais

elegantes a caminho da piscina ou

da praia.

Color block

Muitos fashionistas estão cansados

do tal color blocking. Mas as

consumidoras com certeza vão

experimentar essa tendência

internacional pelo litoral brasileiro

neste verão.

Trata-se do uso de peças lisas em

cores intensas e diferentes,

formando “listras” ao longo do

corpo.

Biquínis e maiôs em dois tons

intensos têm tudo para tomar

conta dos balneários daqui.

A vantagem é que qualquer uma

de nós pode montar facilmente um

look color block com itens avulsos,

entre tops e tangas.

Page 47: Trendline [mag] Ed 005

Sunga x Bermuda

O eterno dilema dos rapazes:

sunga ou bermuda?

Na dúvida, o conforto prevalece.

Na beira da praia o que importa é

sentir-se bem consigo mesmo.

O modelo quadradinho de sunga

segue como o predileto dos

brasileiros com o corpo em dia, e a

bermuda de comprimento médio

entra como novidade nesta

temporada 2011/2012. Nem tão

curta, nem tão longa, perfeita para

quem opta pela segurança da

tradição.

Moro num país

tropical

Abençoado por Deus, de fato.

E lindas mulheres em cenários

exuberantes estampadas de temas

verdes ficam espetaculares.

Maiôs com folhas de palmeiras,

com textura de penas, com flores

exóticas não vão faltar nas “araras”

das lojas de beachwear – com

direito a trocadilho!

Page 48: Trendline [mag] Ed 005

Psicodelia e

romantismo

Como os anos 70 estão na pauta

do dia – ao menos no mundo da

moda – as estampas psicodélicas,

que trazem grafismos espelhados,

prismados ou espiralados, estão

com tudo.

Os florais suaves, que também

representam a década dos hippies,

do transcendental, do espiritual,

ganham igual tratamento e valor.

Page 49: Trendline [mag] Ed 005

UM NATAL MAIS ATRAENTE

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Page 50: Trendline [mag] Ed 005

A chegada dos imigrantes ao Rio Grande do Sul, proporcionou o contato com as iguarias da culinária italiana. Porém, como fator comum das manifestações culturais, a comida típica aqui chegando sofreu modificações. Foi preciso transformar as receitas e improvisar.

Os italianos, que deixaram a Itália entre o fim do século

XIX e começo do XX, não vieram ao Brasil passar férias.

A principal motivação dessas pessoas era fugir da má

condição sócioeconômica que viviam em seu país de

origem e, assim, é natural esperar que eles não

chegassem aqui carregados de finas iguarias ou de

grandes pretensões culinárias - padrão alimentar que

estava acessível somente à elite da Itália.

O Brasil era para os imigrantes um enorme ponto de

interrogação, e aqueles que chegavam precisavam

conhecer e adaptar os ingredientes locais às suas

dietas. Esse foi um processo longo, que evoluiu com o

passar dos anos. Saiba que aquilo que identificamos,

hoje, como cozinha típica italiana era, na época, muito

diferente.

Muitos dos pratos atualmente citados como clássicos

da milenar cultura gastronômica italiana, datam, na

verdade, desse período imigratório. Foi nessa época

que a Itália viveu uma ampla modificação de seus

costumes alimentares, representados, sobretudo, pela

introdução da farinha e pela feitura das massas (a

famosa Pizza Napolitana só surgiria em 1892).

Para os recém-chegados, a presença de quintais, a

essa altura já agriculturáveis, permitiu o cultivo de

milho, feijão, batata e verduras. A familiaridade com o

milho foi fundamental para que polentas e broas se

tornassem, rapidamente, totalmente integradas ao

consumo diário.

Por sinal, uma curiosidade histórica: o expressivo

consumo de fubá, fez com que a polenta fosse vista

como um indicativo de identidade dos italianos. Porém,

isso acabou se transformando em uma identificação

negativa e «gringo polenteiro» se tornou uma

expressão caluniosa, utilizada para se referir de

maneira pejorativa aos italianos.

Por Ângela Pomatti *[email protected]*Mestre em História das Sociedades Ibero-Americanas - PUC-RS.

ESPECIAL / A IMIGRAÇÃO, PARTE 4

22 TRENDLINE[MAG] . ANO[02]50

A chegada dos imigrantes ao Rio Grande do Sul, proporcionou o contato com as iguarias da culinária italiana. Porém, como fator comum das manifestações culturais, a comida típica aqui chegando sofreu modificações. Foi preciso transformar as receitas e improvisar.

Mangia che te fa bene

Aqueles que tinham melhores condições criavam

animais. Devido à inexistência de refrigeração, a carne

bovina não era muito utilizada, sendo os embutidos à

base de porco os de maior consumo. Linguiças, copas

e salames eram confeccionados seguindo os

costumes das mais variadas regiões italianas, tanto

que ainda hoje são parte importante da dieta local.

O pão foi outro elemento que teve suma importância na

alimentação dos imigrantes italianos. À época

inexistiam padarias (elas só surgiram após a fixação

dos colonos no meio urbano), e a panificação era feita

em casa. Via de regra, se produzia o pão negro de

cevada, que, junto com o milho, embutidos de carne de

porco, legumes e verdura formavam o «feijão com

arroz» do colono.

Os italianos também adicionaram à mesa do brasileiro

rúcula e alcachofra, provocando uma mudança

substancial nos hábitos alimentares da sociedade. Em

troca, anexaram alimentos da região, tais como pinhão

e batata-doce, nos seus cardápios.

Hoje integrados à culinária local italiana, o pinhão e

a batata-doce foram incorporações «brasileiras» ao

cardápio dos imigrantes.

FOTO DIVULGAÇÃO

Page 51: Trendline [mag] Ed 005

La carta dei vini

Se a alcunha «polenteiro» servia para comprar briga

com os italianos, dentre os seus costumes alimentares

nada enunciava de maneira mais positiva a identidade

imigrante do que o seu vinho.

Na Europa, a bebida era associada a importantes

propriedades nutritivas, e ocupava um papel

fundamental na vida de todos os italianos, fossem

abastados nobres ou simples camponeses. Essa

situação sofreu mudanças, na época da grande

emigração (década de 1880), período em que o

consumo de vinho passou a se tornar um privilégio de

classes nobres, devido à pobreza que assolava as

regiões agrícolas do interior da Itália.

No Brasil, os imigrantes italianos procuravam fazer do

vinho uma amostra particular da própria qualidade

enquanto povo, mesmo que fosse a bebida

reconhecida como uma regalia destinada a poucos.

Era com muito orgulho que eles propagavam o hábito

de ingerir a bebida, e com muita vaidade explicitavam a

qualidade do vinho procedente da mãe-pátria.

Foi dessa maneira que o vinho se tornou

acompanhamento obrigatório dos dois tipos de

cardápio que mais marcavam a vida dos colonos: um,

de frequência diária, composto por polenta, salame,

carne de porco, radicci; outro, de caráter social,

servido sobretudo em domingos e dias de festa:

macarronada, agnolini (também conhecido por

capeletti), carne de gado e frango.

O encontro da cozinha italiana e brasileira se deu,

portanto, através de trocas que se efetuavam em vários

níveis e em um processo lento e não linear.

A culinária que conhecemos hoje relacionada aos

italianos do Estado nos leva à ideia de mesa farta, tão

presente no nosso imaginário. Essa não era,

necessariamente, a regra, mas é possível que esse

pensamento tenha se propagado entre os imigrantes

como um contraponto à pobreza que assolava a Itália

na ocasião em que a abandonaram.

Esse fato é muito festejado, sobretudo pelos milhares

de turistas que todos os anos visitam a região em

busca de verdadeiros banquetes.

Na Serra Gaúcha, já no inicio do século XX, diversas

cidades apresentaram as galeterias, hotéis e pensões

cujos donos eram italianos, e que tinham como pratos

principais o galeto assado (geralmente temperado

com sálvia), a massa com molho vermelho de miúdos

de frango, a sopa de agnolini, o pão, a polenta, o

radicci com toucinho e as uvas ou frutas em calda

(pêssego, figo ou abacaxi). Tudo isso, claro, regado a

vinho.

Esses pratos se configuraram como um dos mais

tradicionais da culinária típica italiana presente no Rio

Grande do Sul, e por terem vindo do cardápio festivo

das famílias, geralmente sinalizam uma mesa farta,

formando o que se pode chamar de patrimônio

gastronômico da Serra Gaúcha.

TRENDLINEMAG . NO[05] 51

A mesa farta da Serra Gaúcha:

galeto, massas, saladas e vinho.

Resistir é inútil.

FOTO DIVULGAÇÃO

Page 52: Trendline [mag] Ed 005

CENA CULTURAL / CULT

Por Greici Audibert** Repórter de Cultura do Grupo RSCOM e coordenadora de Mídias Sociais do Portal Leouve

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]52

Primeira patrona do Século 21

A Feira do Livro de Porto Alegre teve este ano a sua

quarta mulher como patrona. Depois de seis vezes

indicada, a escritora Jane Tutikian foi agraciada nesta

57ª edição do evento, no ano em que lembramos os 47

anos de morte de Cecília Meireles, a primeira mulher a ter

um livro reconhecido pela Academia Brasileira de Letras.

Até 1989, só homens haviam figurado na lista de

patronos da Feira. Maria Dinorah do Prado foi a primeira,

seguida de Lya Luft (1996) e Patrícia Bins (1998).

Por falar no assunto, nos meses de outubro e novembro

tivemos também as já tradicionais feiras do Livro na

região. Caxias do Sul, Veranópolis, Garibaldi e

Farroupilha seguiram a tendência e realizaram as

mostras ao ar livre, garantindo movimento cultural

intenso no lugar certo: próximo da comunidade.

Bento, Capital da Cultura?

Bento Gonçalves anunciou a sua candidatura a Capital

da Cultura – título que pertenceu a Caxias do Sul em

2008. Se depender da evolução da cidade nessa área, a

conquista pode ser uma realidade.

Só nos últimos três meses, a Capital do Vinho recebeu

importantes nomes durante o IB&T Bass Festival, a

Semana da Música, o Congresso Brasileiro de Poesia e o

Bento em Dança. Sem contar o projeto Gravaêh – que

lança, em 2012, uma coletânea das bandas locais -, a

inauguração do cinema público, a criação do Bento Film

Commission e seus ciclos de cinema, a 1ª Mostra de

Teatro Estudantil e a passagem de novas vertentes da

música trentina através do Live Brasile. Vale destacar

também que a Secretaria Municipal de Cultura acaba de

angariar uma verba de R$ 2,3 milhões para a construção

de um complexo cultural, que abrigará a nova sede da

Biblioteca Pública.

Porto Alegre Show

De 1º de novembro até 16 de dezembro, Porto Alegre terá 35 shows. Entre os que já passaram, destaque para as

apresentações de Ringo Starr, Bee Gees, Pearl Jam, Chico Buarque e Tãn-Tango. Em dezembro, vêm aí Ben

Harper (3/12), Nei Lisboa (3 e 4/12), Jon Anderson (ex-Yes) (9/12), Matanza (11/12), Canções aos Pares, com

Luiz Carlos Borges e Liliana Herrero (15/12) e Show Noite do Rei, com Rafael Malenotti (16/12).

FOTO DIVULGAÇÃO

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Page 54: Trendline [mag] Ed 005

EM FORMA / GOOD LIVING

Por Maria Cristina Frazon Telles*[email protected]* Personal Trainer, Pós Grad. em Fisiologia do Exercício – UGF/RJ

Pode parecer pegadinha, mas a verdade é que você não precisa se tornar uma maratonista para conseguir um corpo legal.

Quando correr nãoemagrece.

Os aeróbicos ajudam, não há dúvida. Através deles

você pode deixar o seu corpo mais enxuto, até mesmo

a barriguinha de chopp dos homens pode se reduzir,

mas apostar só na corrida não fará nenhum milagre.

Além de caminhar e correr por aí, sempre tomando o

devido cuidado na escolha de um calçado adequado -

que, sobretudo, absorva o impacto sobre joelhos e

tornozelos - é fundamental rever hábitos alimentares.

Quem nunca ouviu o maldoso comentário «deixa

disso, Fulano. Caminhar engorda!»? Pois é, frases

assim se devem ao fato de que entra ano e sai ano, e

nossos amigos em questão dão inúmeras voltas nos

pontos estratégicos da cidade - ou na esteira da

academia - sem, contudo, atingir o objetivo de perder a

«bagagem extra».

Além disso, muitas pessoas se sentem mais à vontade

para devorar um pratão de batata frita depois de fazer

uma leve corrida. É como se justificassem para si

mesmos «Hoje corri meia hora, agora já posso repor as

energias», ignorando a matemática básica em

questão: se você perde 200 calorias no aeróbico, não

adianta ingerir 500 calorias logo após o treino. A conta

segue sem fechar.

Diminuir a gordura corporal não traz apenas benefícios

estéticos, é uma opção que promove saúde. Implantar

uma rotina regrada, com exercícios e alimentação

balanceada, é algo que toma tempo, mas também se

paga em tempo e qualidade de vida.

PersonalTrainer MusculaçãoPilates

Ginástica

Bike Indoor

Rua Pinheiro Machado, 770Galeria da SOAL, Veranópolis-RS

Fone: (54) 3441-7237

A temperatura da época e o horário de verão

acabam contribuindo para um fenômeno que se repete

todos os anos: como que saindo da hibernação, várias

pessoas aproveitam a luz do dia até mais tarde para

fazer corridas nas ruas e parques das nossas cidades.

Para todas elas, uma convicção: quanto mais

passadas se der, mais peso se perderá. Será verdade?

Aparentemente, sim. Como é característico dos

exercícios aeróbicos, a corrida promove uma

acelerada queima de calorias, e, daí, é natural esperar

que as medidas se reduzam após alguns dias de

dedicação a essa atividade. Porém, essa é uma meia

verdade.

O que nem todo mundo sabe é que após alguns dias

de atividade cardiovascular intensa o corpo humano

acaba se adaptando aos estímulos recebidos, e a

perda de peso, que no início ocorria facilmente, se

estabiliza conforme o organismo incorpora a rotina de

atividades físicas. Sabe aquela gordurinha extra, que

sobrou depois das corridas? Pois é, ela simplesmente

não some, mesmo que o ritmo de exercícios aeróbicos

seja mantido.

Eliminar os quilos extras é uma das principais

motivações que fazem com que as pessoas pratiquem

alguma modalidade esportiva. Contudo, o ponteiro da

balança, símbolo de angústia para uma legião de

gordinhos e gordinhas, não vai a pique só com um

programa de exercícios aeróbicos.

Page 55: Trendline [mag] Ed 005

cuidados para sua saúde e bem-estar

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IMPEDIMENTO / FUERADEJUEGO

por Luis Felipe dos Santos *www.impedimento.org* Jornalista e editor do Impedimento

Arena ou Beira-Rio?Mais que um simplesGre-Nal

A polêmica das obras paradas do Beira-Rio, com a

possibilidade da Arena gremista levantar e ser o

estádio gaúcho da Copa, serviu para duas conclusões:

A Arena do Grêmio e a reforma do Beira-Rio são

projetos de empreiteiras, OAS e Andrade Gutierrez,

que usarão os clubes para fazer negócios com risco

baixo, graças aos investimentos do governo e aos

empréstimos com juros suaves do BNDES. É bem mais

complexo do que um Gre-Nal.

As grandes corporações sabem o quanto vincular-se a

uma marca forte gera de bons negócios. E foi isso que

fizeram OAS e Andrade Gutierrez quando atrelaram

seus projetos com à construção dos estádios da Copa

– os mesmos que depois vão virar cases mundiais de

engenharia, arquitetura e marketing, com a visibilidade

garantida de uma Copa do Mundo.

Nesse sentido, é absolutamente normal que as

empreiteiras lutem, nos bastidores, para tentar

assegurar a Copa do Mundo nos seus domínios.

A Andrade Gutierrez conseguiu um grande trunfo ao

convencer o Inter que tinha a melhor proposta, com o

trabalho do então executivo-chefe do Inter Aod Cunha.

Com a eleição da Arena como campo de treino para o

Mundial, a OAS conseguiu de cara um empréstimo de

R$ 30 milhões ainda no ano passado do BNDES – se a

Arena for garantida na Copa, o governo federal vira

sócio do empreendimento. Nada mais justo, portanto,

que a empreiteira faça um trabalho árduo para garantir

esse posto.

O anúncio da Andrade Gutierrez que precisa de

parceiros para garantir o financiamento da obra dá

uma demonstração clara: o governo federal ainda não

entrou na jogada. Ainda não é sócio. Ainda não botou

grana, e está reticente quanto a isso.

Qual é a razão? Jerome Valcke, secretário-geral da

Fifa, confirmou que a Copa será no Beira-Rio.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]56

FOTO DIVULGAÇÃO

a) O Inter perdeu muito tempo na ilusão de levantar

um estádio com recursos próprios;

b) O quanto o torcedor gaúcho médio levanta

bandeiras que não lhe pertencem em prol do seu

time.

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O processo de início da construção de um

empreendimento tão grande é muito complexo, e a

OAS cumpriu todos os passos dentro da sua

complexidade. A AG ainda tem que mostrar como

conseguir associados para pleitear o empréstimo do

BNDES a fim de tocar a reforma do estádio colorado.

Talvez tenha que tirar do próprio bolso os R$ 280

milhões previstos para a construção.

Não descarto a hipótese do governo federal

pressionar a Fifa pela entrada da Arena do Grêmio na

Copa. Não apenas pelo andamento das obras, mas

pelas garantias financeiras que a empreiteira tem em

relação às da AG.

Seja como for, o processo ainda está longe de

terminar, e não acontecerá sem traumas, pois a briga

política nos bastidores promete.

A saída de Porto Alegre da Copa das Confederações

motivou uma nota otimista do Inter, dizendo que o

clube ganhou um ano a mais para fazer tudo. Então,

onde está a dificuldade do BNDES em liberar o

dinheiro, e da AG em conseguir os incentivos fiscais?

É possível que o governo federal tenha um bom

indicativo que o Beira-Rio não está garantido na Copa

de 2014. Ou então, a situação financeira das duas

empreiteiras é bastante diversa. Segundo os balanços

patrimoniais das duas empresas, divulgados nos sites

oficiais, a Andrade Gutierrez teve em 2010 um lucro

muito superior ao da OAS (R$ 1,1 bi contra R$ 50

milhões).

A OAS, porém, leva uma vantagem de três anos de

assinatura do contrato sobre a AG, o que lhe deu

tempo para aparar todas as arestas do processo –

desde a negociação do Olímpico com o Grêmio até a

joint-venture com a Karagounis Participações,

aprovada pelo CADE só em fevereiro deste ano.

TRENDLINEMAG . NO[05] 57

ARTE HYPE STUDIOARTE DIVULGAÇÃO GRÊMIO ARENA

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TELEFONE VERMELHO / CRT

Por Marcos Beck Bohn** Jornalista, com Mestrado em Comunicação Transnacional e Mídia Global pelo Goldsmiths College, em Londres.

Passados já alguns meses do falecimento de Steve Jobs, talvez seja possível olhar para o seu legado com mais parcimônia e menos sentimentalismo.

O inferno de Jobs

Agradável estímulo aos sentidos, massificada

experiência individual, os aparelhos popularizados por

Steve Jobs, finado presidente da Apple, nos dão o que

não precisávamos. Fruto tentador, pecado original

cometido outra vez, colhemos todos a maçã mordida

de antemão.

Logomarca tão genial quanto os produtos que

estampa, surgiu, segundo fontes oficiais, a partir

daquela maçã que caiu na cabeça de Newton. É na

mordida, no entanto, que está o toque divino – e, ao

mesmo tempo, mundano.

Veja-se o trocadilho no slogan inicial da companhia,

em inglês, entre byte (unidade computacional) e bite

(morder): Byte into an Apple.

O perfeito e simples design da estilizada maçã elimina

a rugosidade da dentada. Através da maciez de

contornos infantis, desaparece a desastrosa

lembrança de uma única e primordial mordida

proibida. Mas, ao mesmo tempo, é mantida e recriada

a tentação libertadora.

Invertida crença contemporânea que, ao custo de

alguns dólares, abre-nos os portões de um paraíso

digital. E também do inferno de não mais poder sair de

lá.

É claro que Jobs não está sozinho na responsabilidade

pelos incríveis e recentes avanços. Mas, no que tange

ao indivíduo, é a ele que cabe a parte mais significativa

desse latifúndio de mudanças.

Além de criar aparatos intuitivos, efetivamente portáteis

e que se tornam – de imediato – indispensáveis, ele

ainda os fez bonitinhos. É quase inevitável um afeto

carinhoso pelos produtos da Apple. Mesmo por

aqueles que não possuímos.

Quais os efeitos dessas fofas maquininhas no âmago

do indivíduo e da sociedade? Imersos e absortos na

magia de iPods, iPhones e iPads, envoltos numa

nuvem de instantânea e ininterrupta conectividade,

esquecemos de levantar os olhos para (tentar) ver

aonde estamos indo.

Até o momento, o resultado é o perecimento de uma

indústria e a dificuldade de outras em se adaptar a uma

audiência menos passiva e mais centrada em si

mesma. Em relação a isso, foi curioso observar, nos

primeiros dias após a morte de Jobs, os louvores

dedicados a ele nos meios de comunicação

tradicionais.

Essa nova forma de consumir mídia, catalisada pela

Apple, tem sido uma notória dor de cabeça para a

indústria da informação e do entretenimento. Talvez

percebendo o que alguns estudiosos da comunicação

chamam de self mass mediation (que poderia ser

traduzido como “mediação de massa de si mesmo”, ou

“do eu”), muito espaço tem sido aberto na grande

mídia noticiosa para a manifestação e interferência

direta do público. À primeira vista, com resultados

satisfatórios, mas isso é uma ilusão.

Há uma relação hierárquica necessária e inevitável

entre o público e um órgão que se coloca no papel de

provedor de notícias. Tentar eliminar essa

característica, diluindo a responsabilidade pelo que é

publicado e levado ao ar, é atacar a natureza do próprio

negócio da comunicação.

Diante de uma mídia confusa e de um mercado

consumidor ávido por estímulos sensoriais,

seguiremos ainda, por algum tempo, todos talvez um

pouco desorientados, mas focados em nossos

aparelhinhos, comungando nas tentações de um

pecado original de fábrica, gostosa maçã que

compramos mordida.

TRENDLINE[MAG] . ANO[02]58

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Nossos resultadosrefletem qualidade!

Estamos trabalhando para conquistara melhor gestão de qualidade emanálises clínicas - ISO9001.

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