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A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é, geralmente, reconhecida como o fundamento do direito inter- nacional de direitos humanos. Adoptada há quase 60 anos, a DUDH inspirou um corpus abundante de tratados interna- cionais juridicamente vinculativos relativos aos direitos humanos e ao desenvolvimento destes direitos no mundo. Continua a ser, para todos nós, uma fonte de inspiração, para corrigir injustiças, em período de conflitos, em sociedades sujeitas à repressão, e para nos ajudar nos esforços que envi- damos para alcançar o gozo universal dos direitos humanos. Representa o reconhecimento universal de que as liberdades e direitos fundamentais são inerentes a todos os seres humanos e se aplicam igualmente a todos, de que nascemos livres e iguais em dignidade e em direitos. Seja qual for a nossa nacionalidade, local de residência, sexo, origem nacional ou étnica, religião, língua ou qualquer outra situa- ção, a 10 de Dezembro de 1948, a comunidade internacional comprometeu-se a defender a dignidade e a justiça para todos nós. FUNDAMENTO DO NOSSO FUTURO COMUM Ao longo dos anos, esse compromisso transformou-se em lei, quer sob a forma de tratados, de direito internacional consue- tudinário, de princípios gerais, de acordos regionais e de leg- islação nacional, graças aos quais os direitos humanos podem ser expressos e garantidos. De facto, a DUDH inspirou mais de 80 declarações e tratados internacionais de direitos humanos, um grande número de convenções regionais sobre direitos humanos, de leis nacionais sobre direitos humanos e disposições constitucionais, os quais constituem um sistema global juridicamente vinculativo para a promoção e a pro- tecção dos direitos humanos. Baseados nas realizações da DUDH, o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais entraram em vigor em 1976. Os dois Pactos desenvolveram a maioria dos direitos consagrados na DUDH, tornando-os efectivamente vinculativos para os Estados que os ratificaram. Definem direitos comuns como o direito à vida, a igualdade perante a lei, a liberdade de expressão, o direito ao trabalho, à segu- rança social e à educação. Juntamente com a DUDH, estes Pactos constituem a Carta Internacional dos Direitos Humanos. Com o tempo, os tratados internacionais de direitos vieram a concentrar-se e especializar-se cada vez mais em problemas a abordar e em grupos sociais que precisam de ser protegidos. A legislação sobre direitos humanos continua a aumentar e a evoluir bem como a desenvolver as liberdades e direitos fun- damentais inscritos na Carta Internacional dos Direitos Humanos, examinando nomeadamente os direitos e preocu- pações ligados à discriminação racial, à tortura, aos desa- parecimentos forçados, às pessoas com deficiência e os dire- itos das mulheres, das crianças, dos migrantes, das minorias e dos povos indígenas. VALORES UNIVERSAIS Os princípios fundamentais dos direitos humanos enuncia- dos pela primeira vez na DUDH - universalidade, interde- pendência e indivisibilidade, igualdade e não discriminação - e o facto de os direitos humanos implicarem, ao mesmo tempo, direitos e responsabilidades dos responsáveis e dos tit- ulares desses direitos, foram reafirmados em numerosas con- venções, declarações e resoluções internacionais sobre direitos humanos. Hoje em dia, todos os Estados-membros da Organização das Nações Unidas ratificaram pelo menos um dos nove tratados internacionais de direitos humanos e 80% deles ratificaram quatro ou mais, dando assim uma expressão concreta à universalidade da DUDH e dos direitos humanos internacionais. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS: FUNDAMENTO DO DIREITO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS www.ohchr.org / www.knowyourrights2008.org

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A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é,geralmente, reconhecida como o fundamento do direito inter-nacional de direitos humanos. Adoptada há quase 60 anos, aDUDH inspirou um corpus abundante de tratados interna-cionais juridicamente vinculativos relativos aos direitoshumanos e ao desenvolvimento destes direitos no mundo.Continua a ser, para todos nós, uma fonte de inspiração, paracorrigir injustiças, em período de conflitos, em sociedadessujeitas à repressão, e para nos ajudar nos esforços que envi-damos para alcançar o gozo universal dos direitos humanos.

Representa o reconhecimento universal de que as liberdadese direitos fundamentais são inerentes a todos os sereshumanos e se aplicam igualmente a todos, de que nascemoslivres e iguais em dignidade e em direitos. Seja qual for anossa nacionalidade, local de residência, sexo, origemnacional ou étnica, religião, língua ou qualquer outra situa-ção, a 10 de Dezembro de 1948, a comunidade internacionalcomprometeu-se a defender a dignidade e a justiça para todosnós.

FUNDAMENTO DO NOSSO FUTURO COMUM

Ao longo dos anos, esse compromisso transformou-se em lei,quer sob a forma de tratados, de direito internacional consue-tudinário, de princípios gerais, de acordos regionais e de leg-islação nacional, graças aos quais os direitos humanos podemser expressos e garantidos. De facto, a DUDH inspirou maisde 80 declarações e tratados internacionais de direitoshumanos, um grande número de convenções regionais sobredireitos humanos, de leis nacionais sobre direitos humanos edisposições constitucionais, os quais constituem um sistemaglobal juridicamente vinculativo para a promoção e a pro-tecção dos direitos humanos.

Baseados nas realizações da DUDH, o Pacto Internacionalsobre os Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional

sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais entraram emvigor em 1976. Os dois Pactos desenvolveram a maioria dosdireitos consagrados na DUDH, tornando-os efectivamentevinculativos para os Estados que os ratificaram. Definemdireitos comuns como o direito à vida, a igualdade perante alei, a liberdade de expressão, o direito ao trabalho, à segu-rança social e à educação. Juntamente com a DUDH, estesPactos constituem a Carta Internacional dos DireitosHumanos.

Com o tempo, os tratados internacionais de direitos vieram aconcentrar-se e especializar-se cada vez mais em problemas aabordar e em grupos sociais que precisam de ser protegidos.A legislação sobre direitos humanos continua a aumentar e aevoluir bem como a desenvolver as liberdades e direitos fun-damentais inscritos na Carta Internacional dos DireitosHumanos, examinando nomeadamente os direitos e preocu-pações ligados à discriminação racial, à tortura, aos desa-parecimentos forçados, às pessoas com deficiência e os dire-itos das mulheres, das crianças, dos migrantes, das minorias edos povos indígenas.

VALORES UNIVERSAIS

Os princípios fundamentais dos direitos humanos enuncia-dos pela primeira vez na DUDH - universalidade, interde-pendência e indivisibilidade, igualdade e não discriminação -e o facto de os direitos humanos implicarem, ao mesmotempo, direitos e responsabilidades dos responsáveis e dos tit-ulares desses direitos, foram reafirmados em numerosas con-venções, declarações e resoluções internacionais sobre direitoshumanos. Hoje em dia, todos os Estados-membros daOrganização das Nações Unidas ratificaram pelo menos umdos nove tratados internacionais de direitos humanos e 80%deles ratificaram quatro ou mais, dando assim uma expressãoconcreta à universalidade da DUDH e dos direitos humanosinternacionais.

A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS:FUNDAMENTO DO DIREITO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

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COMO É QUE O DIREITO INTERNACIONALPROTEGE OS DIREITOS HUMANOS?

O direito internacional de direitos humanos enuncia as obri-gações que os Estados são obrigados a respeitar. Ao tornarem-se partes em tratados internacionais, os Estados assumemobrigações e deveres, de acordo com o direito internacional,e comprometem-se a respeitar, proteger e realizar os direitoshumanos. A obrigação de respeitar significa que o Estado sedeve abster de interferir ou de restringir o gozo dos direitoshumanos. A obrigação de realizar os direitos humanos signifi-ca que o Estado deve tomar pedidas positivas para facilitar ogozo dos direitos humanos fundamentais.

Ao ratificarem os tratados internacionais de direitoshumanos, os Governos comprometem-se a introduzir medi-das e legislação nacionais compatíveis com as obrigações edeveres decorrentes desses tratados. O sistema jurídicointernacional assegura a protecção jurídica principal dosdireitos humanos garantidos pelo direito internacional.Quando os procedimentos judiciais nacionais não trazemremédio para as violações dos direitos humanos, existemmecanismos e procedimentos para tratar as queixas indivi-duais e de grupo, ao nível regional e internacional, e paravelar por que as normas internacionais de direitos humanossejam efectivamente respeitadas, aplicadas e cumpridas aonível local.