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UMA LEITURA CRÍTICA DENTRO DO GÊNERO “FÁBULAS” NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA. 1 Lucia Gonçalves 2 [email protected] Santa C. de Freitas 3 RESUMO: Este artigo apresenta o projeto produzido para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2008, do estado do Paraná, e traz, também, o relato da sua implementação que se iniciou com a elaboração de um material didático envolvendo o gênero Fábulas. As atividades foram aplicadas para uma turma de alunos da quinta série do ensino fundamental, na Escola Estadual Anita Garibaldi – Ensino Fundamental, em Jardim Alegre/PR. Através de uma leitura reflexiva sobre a moral apresentada nas fábulas, esperou-se descobrir se o conhecimento dos conceitos morais e éticos apresentados na unidade didática seria capaz de levar os alunos a questionarem os fatos sociais que os rodeiam e a alargarem o entendimento de mundo que já detêm. Ao final do projeto, observou-se que houve compreensão dos conceitos que os alunos têm de si mesmos e dos outros, e a leitura crítica das fábulas serviu como veículo de reflexão e auto- avaliação. Palavras-chave: Leitura crítica. Gênero textual. Fábulas. Moral. ABSTRACT: This work presents the project designed for the Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2008, from Paraná State, as well as a report of its development that includes the production of a didactic material which involves the genre Fables. The activities were applied to fifth grade students, at Escola Estadual Anita Garibaldi – Ensino Fundamental, in Jardim Alegre/PR. The aim of this project was to verify, by means of a reflexive reading of the moral presented in fable, if the students would be able to reflect upon the social facts around them and to widen their world knowledge, as they acquired the moral concepts presented in the didactic unit. At the end of the project, it was noticed a more mature understanding of the concepts that the students have about themselves and the others, and the critical reading of fables worked as a vehicle of reflection and self-evaluation. Key-Words: Critical reading. Textual Genre. Fables. Moral. 1 Trabalho de conclusão do Programa de Desenvolvimento educacional – PDE/2008. 2 Professora efetiva da Rede Pública Estadual de Ensino do Estado do Paraná. Especialista em Ensino da Língua Inglesa. Experiência profissional na área de estrutura e funcionamento do NRE de Ivaiporã. 3 Professora Orientadora – UEL.

UMA LEITURA CRÍTICA DENTRO DO GÊNERO “FÁBULAS” NO … · Partindo desses pressupostos, foram elaboradas atividades sobre o gênero da ordem do narrar, e para tanto as Fábulas,

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UMA LEITURA CRÍTICA DENTRO DO GÊNERO “FÁBULAS” NO ENSINO DE

LÍNGUA INGLESA.1

Lucia Gonçalves2

[email protected]

Santa C. de Freitas3

RESUMO: Este artigo apresenta o projeto produzido para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2008, do estado do Paraná, e traz, também, o relato da sua implementação que se iniciou com a elaboração de um material didático envolvendo o gênero Fábulas. As atividades foram aplicadas para uma turma de alunos da quinta série do ensino fundamental, na Escola Estadual Anita Garibaldi – Ensino Fundamental, em Jardim Alegre/PR. Através de uma leitura reflexiva sobre a moral apresentada nas fábulas, esperou-se descobrir se o conhecimento dos conceitos morais e éticos apresentados na unidade didática seria capaz de levar os alunos a questionarem os fatos sociais que os rodeiam e a alargarem o entendimento de mundo que já detêm. Ao final do projeto, observou-se que houve compreensão dos conceitos que os alunos têm de si mesmos e dos outros, e a leitura crítica das fábulas serviu como veículo de reflexão e auto-avaliação.

Palavras-chave: Leitura crítica. Gênero textual. Fábulas. Moral.

ABSTRACT: This work presents the project designed for the Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2008, from Paraná State, as well as a report of its development that includes the production of a didactic material which involves the genre Fables. The activities were applied to fifth grade students, at Escola Estadual Anita Garibaldi – Ensino Fundamental, in Jardim Alegre/PR. The aim of this project was to verify, by means of a reflexive reading of the moral presented in fable, if the students would be able to reflect upon the social facts around them and to widen their world knowledge, as they acquired the moral concepts presented in the didactic unit. At the end of the project, it was noticed a more mature understanding of the concepts that the students have about themselves and the others, and the critical reading of fables worked as a vehicle of reflection and self-evaluation.

Key-Words: Critical reading. Textual Genre. Fables. Moral.

1 Trabalho de conclusão do Programa de Desenvolvimento educacional – PDE/2008.2 Professora efetiva da Rede Pública Estadual de Ensino do Estado do Paraná. Especialista em Ensino da Língua Inglesa. Experiência profissional na área de estrutura e funcionamento do NRE de Ivaiporã.3 Professora Orientadora – UEL.

Introdução

A necessidade de uma reflexão sobre as práticas escolares e a busca

por uma ação mais consciente em sala de aula guiaram esse estudo que pretendeu

promover uma leitura crítica da moral implícita nas fábulas como forma de auxiliar a

formação dos conceitos éticos pelos alunos e, também, a observação sobre a

maneira como os alunos distinguem o certo do errado.

O gênero fábula foi o escolhido por possibilitar o trabalho com o

imaginário dos alunos, pois as fábulas permitem uma ampla discussão sobre as

questões morais, com exemplos que podem ser associados com a realidade na qual

o aluno está inserido.

A fábula nos permite fazer duas leituras independentes: a narrativa

propriamente dita e a temática (moral), que envolve conhecer o mundo e refletir

sobre as possibilidades de transformação social, com influência sobre seus atos e

atitudes.

Além da discussão de valores como amizade, companheirismo e

respeito às diferenças, a leitura dos textos conduzirá a uma reflexão e transformação

de idéias e conceitos. Conforme Silva (1991):

A leitura crítica sempre leva à produção ou construção de um outro texto: o texto do próprio leitor. (...) a leitura crítica sempre gera expressão: o desvelamento do SER do leitor. Assim, esse tipo de leitura é muito mais do que um simples processo de apropriação de significado; a leitura crítica deve ser caracterizada como um PROJETO, pois se concretiza numa proposta pensada pelo ser-no-mundo (...).

Há muitas maneiras de pensar criticamente sobre o que se lê e,

durante a leitura das fábulas, se procurará criar situações para a percepção da

essência das questões levantadas, fazendo com que o aluno pense ativamente, faça

perguntas, avalie o que leu e desenvolva uma resposta pessoal, o que nesse estudo

será entendido como leitura crítica.

O que se entende por leitura crítica e como nós professores de Língua

Inglesa podemos ajudar nossos alunos a questionar os textos que lêem? O

conhecimento dos conceitos morais e éticos que são apresentados nas fábulas será

capaz de fazer o aluno da quinta série do ensino fundamental questionar os fatos

sociais que os rodeiam?

2

O projeto de intervenção elaborado para o Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE 2008, e que aqui será apresentado, fez uso

das fábulas como gênero escolhido. Por meio de uma leitura reflexiva sobre a moral

apresentada nas fábulas, pretendeu-se abrir os horizontes de leitura em Língua

Inglesa para além da mera aprendizagem de novas palavras, construindo

juntamente com os alunos novos sentidos interpretativos que possibilitassem alargar

o entendimento de mundo que eles têm.

Revisão da Literatura

De acordo com as Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira

Moderna para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio

(PARANÁ, 2008), ao estudar uma língua estrangeira o aluno deverá construir

significado, e ao confrontá-lo com outras culturas tornar-se capaz de construir sua

própria identidade. Para isso acontecer, deve-se proporcionar ao aluno uma

diversidade lingüística e cultural que possibilite a construção de significados e a

transformação da prática social. Segundo Bakhtin (2003), sobre o exame do texto

como um objeto dialógico, toda enunciação envolve duas vozes, a voz do eu e a do

outro, pois não há discurso individual e todo discurso se constrói no processo de

interação e em função do outro.

No mundo da interação verbal o sujeito não acontece por acaso, ele é

ao mesmo tempo estímulo e estimulado pelo outro. Para Bakhtin (2003), a existência

do sujeito só é concreta quando este se intera com o outro, fornecendo-lhe suporte

no processo de comunicação. Em síntese, o objeto de estudo do sujeito se realiza

diacronicamente, como algo vivo, que sofre transformações ao longo do processo de

interação um com o outro.

Dentre as possibilidades dessa interação verbal, Bakhtin (2003) aponta

para dois elementos básicos na concepção do sujeito.

O primeiro se firma na consciência da palavra: A consciência de si é

sempre verbal, por meio de uma análise sociológica do seu discurso e na

reorganização do sujeito e do seu discurso a partir do contato com o outro. O

segundo sujeito se forma na comunidade: o “eu” só existe em alguém, neste caso

3

“nós”. Ele é apoiado na construção do discurso, pois o mesmo nunca está pronto,

ele precisa da interação de outros para delinear-se a assim ser construído a cada

dia.

Desta forma, o ensino de Língua Inglesa deverá dar acesso a diversos

textos, conferindo-lhes sentido e significação para que o aluno possa perceber o

texto escrito, visual, oral e o hipertexto (que vai além do texto). O gênero discursivo

Bakhtiniano busca alargar a compreensão dos diversos usos da linguagem. O aluno

deverá ter contato com diversos gêneros textuais para perceber a possibilidade de

entendimento e construção de significados ampliando sua percepção de mundo.

Como afirma Bakhtin (apud BRAIT, 2007):

a riqueza e a diversidade dos gêneros discursivos é imensa, porque as possibilidades da atividade humana são inesgotáveis e porque em cada esfera da práxis existe todo um repertório de gêneros discursivos que se diferencia e cresce à medida que se desenvolve e se complexifica a própria esfera.

Bakhtin (2003) diferencia os gêneros como primários, aqueles que são

usados em atividades comunicativas diárias, e, secundários, que são removidos dos

contextos de atividades nos quais os gêneros primários surgem, os quais estão

inseridos na prática das atividades comunicativas e fazem parte dos mecanismos de

socialização.

Nas Diretrizes Curriculares do Paraná (2008), optou-se por não se

estabelecer conteúdos por série. O professor deve considerar a diversidade de

textos existentes e a especificidade do tratamento da língua estrangeira na prática

pedagógica, a fim de estabelecer critérios para definir os conteúdos específicos a

serem abordados em sala de aula.

Partindo desses pressupostos, foram elaboradas atividades sobre o

gênero da ordem do narrar, e para tanto as Fábulas, explorando suas características

e a moralidade apresentada, cujo domínio de comunicação social é o da cultura

literária ficcional. Em nosso mundo atual, a qualidade de vida depende de nossa

capacidade e habilidade para educar alunos para um futuro que cada vez mais exige

responsabilidade moral e participação ética, e a moralidade apresentada nas fábulas

pode ser usada como ponto de partida para a discussão do cotidiano da escola e da

vida do aluno.

4

A fábula é uma narrativa curta, de fundo didático, que encerra alguma

lição de moral e ensinamento útil, que nasceu com a própria civilização e foi

transmitida através de séculos e gerações pela oralidade.

Esse gênero caracteriza-se por ser uma narrativa breve, de natureza

simbólica, cujos personagens são animais falantes que pensam, agem e sentem

como os seres humanos e tem por objetivo representar alegoricamente as virtudes,

o caráter e vicissitudes do homem. Sendo a fábula de rico apelo educativo, permite

usar o imaginário do aluno com temáticas variadas e contempla tópicos como a

vitória da fraqueza sobre a força, da bondade sobre a astúcia e a derrota dos

presunçosos.

Segundo Smolka (2005), como referência mais antiga da existência de

Esopo, temos o historiador grego Heródoto (século V a.C.), que diz que Esopo viveu

na Grécia Antiga, mas o local de seu nascimento é incerto – Trácia, Frígia, Etiópia,

Samos, Atenas e Sardes, todas clamam a honra. A única certeza é a de que Esopo

deixou uma obra riquíssima, que encerra uma visão crítica da natureza humana,

com observações impressionantemente atuais.

O gênero fábula desde a antiguidade possuía a função primordial de

incentivar a educação moral, com um acentuado cunho satírico, por isso deve haver

o cuidado na seleção desse tipo de texto, por parte dos educadores, pois a

assimilação da moral da fábula dependerá de como for apresentada aos alunos. As

fábulas podem exercer função moralizadora e influenciar de maneira significativa a

formação moral dos alunos. Portanto, é importante que o referido gênero seja

abordado pelos educadores adequadamente.

Os vícios em todos os seus formatos têm sido os assuntos que são

tratados nas fábulas, aqueles que desde sua origem foram usados para estabelecer

valores morais e linhas de conduta através de uma exemplificação didática e

acessível. Esse tipo de texto nos leva à assimilação de conceitos éticos, pois o que

é a ética, senão um conjunto de valores morais, nossos padrões para o bem e para

o mau, o certo e o errado, de modo que sirvam como lição ao coletivo e aos

indivíduos?

Como consequência dessas considerações sobre esse tipo de gênero,

parte-se para um trabalho de interpretação de texto utilizando o conhecimento prévio

do aluno, adquirido através de experiências próprias e da interação com o

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conhecimento dos colegas em sala de aula e, para tanto, faz-se uso da leitura

crítica.

"Crítica", segundo o Dicionário Etimológico Online, de Língua Inglesa

(Online Etymology Dictionary), é uma palavra de origem grega e vem de “kritikos”,

que quer dizer “alguém apto a fazer um julgamento" ou alguém que sabe pensar

criticamente. Usam-se estratégias críticas diariamente ao fazer escolhas ou tomar

decisões. Nesse sentido, o pensamento crítico não é apenas uma atividade isolada,

mas também uma sucessão de estratégias da qual as pessoas se utilizam quando

se defrontam com novas informações e solucionam problemas.

Para ler criticamente, é preciso fazer julgamento sobre como o texto é

argumentado, mantendo uma distância do texto lido para então formular o seu

entendimento. De acordo com Scott (1983), há três importantes fatores em que se

apóia a habilidade de ler um texto: o conhecimento prévio que o leitor traz para o

texto antes de lê-lo, a compreensão do co-texto – ligações internas do texto que

fornecem sentidos, e por último, a habilidade de raciocínio, pela qual o leitor percebe

o que está implícito no texto.

Já para Silva (1998), a leitura crítica se divide em três momentos de

interação com o texto, sendo: (i) ler as linhas, (ii) ler nas entrelinhas e (iii) ler para

além das linhas.

Surge, então, a necessidade de formarmos um aluno que, além de ser

capaz de produzir e entender enunciados da língua inglesa, ele seja também um

sujeito ativo, que busca sentido àquilo que lê. Quando o aluno pensa de um modo

crítico, ele sai da atitude passiva de simplesmente aceitar tudo aquilo que ouve e lê

e passa a questionar, avaliar e encontrar relações entre as situações que se

caracterizam em seu contexto social.

Segundo a teoria vygotskiana, publicada na revista Nova Escola,

edição Grandes Pensadores (julho/2008), desenvolvimento e aprendizagem são

processos distintos, mas que caminham juntos. Tudo aquilo que o sujeito aprende é

elaborado por ele, se incorpora a ele, transformando seus modos de agir e de

pensar. Outro ponto chave para Vygotsky é a mediação, pois todo aprendizado do

indivíduo é mediado. Nesse sentido, o papel do professor e do ensino se torna mais

ativo, pois para o autor o contato da criança com novas atividades ou informações

deve ter a participação de um adulto

6

De acordo com Libâneo (1985), a difusão de conteúdos vivos,

concretos, indissociáveis das realidades sociais e não abstratos é tarefa da escola.

Como bem sintetiza Snyders (apud LIBÂNEO, 1985):

Ao mencionar o papel do professor, trata-se de um lado, de obter o acesso do aluno aos conteúdos, ligando-os com a experiência concreta dele – a continuidade; mas, de outro, de proporcionar elementos de análise crítica que ajudem o aluno a ultrapassar a experiência, os estereótipos, as pressões difusas da ideologia dominante – é a ruptura. (p. 40)

O papel da escola é preparar o aluno para o mundo, fornecendo-lhe

instrumento por meio da difusão dos conteúdos, da socialização do saber elaborado;

e o do professor será o de mediador, autoridade competente que abarca todos os

aspectos, ligações e mediações inerentes ao processo pedagógico e, também, que

domina os meios operacionais, que são o saber e o saber-fazer didáticos.

O método, no que diz respeito à Tendência Progressista “critico social

dos conteúdos” ou “histórico-crítica”, parte de uma relação direta da experiência do

aluno confrontada com o saber sistematizado.

Metodologia

O presente projeto foi desenvolvido no ano de 2008 e teve como

objetivo investigar como os alunos de uma quinta série do Ensino Fundamental se

comportariam perante a leitura de fábulas em Língua Inglesa, tendo em vista que

seu conhecimento de vocabulário é irrisório; investigar, ainda, como se procede a

leitura crítica das fábulas para compreensão e análise da moralidade presente

nestas. Para o desenvolvimento do projeto, foi utilizada a Unidade Didática como

formato para a implementação do estudo, fundamentada na leitura crítica e na

análise de gêneros, cujos pressupostos encontram-se nas Diretrizes Curriculares

para o Ensino de Língua Estrangeira (PARANÁ, 2008).

A Unidade Didática foi implementada no ano de 2009, em uma 5ª série

da Escola Estadual Anita Garibaldi – Ensino Fundamental, no período vespertino,

para um total de 34 alunos. Desse total, 03 alunos foram remanejados de período,

07 foram transferidos para outras localidades por solicitação da família e 08 alunos

7

são transferências recebidas após o início do projeto, sendo que alguns chegaram já

no término da implementação. De maneira que, dos 34 participantes dessa

pesquisa, apenas 16 deles concluíram a unidade didática proposta. A amostra

selecionada para análise compreende 07 alunos que completaram todas as

atividades.

Quando iniciei o esboço do projeto, tinha em mente os alunos do

período matutino que são bem mais calmos e fazem parte de um meio social mais

escolarizado, com acesso a livros, computador e apoio familiar constante nas

atividades de pesquisa em casa. Entretanto, ao iniciar o ano, a realidade encontrada

foi outra. Os alunos com os quais eu trabalhei durante o projeto eram do período

vespertino, em salas heterogêneas, com um grande número de alunos acima da

faixa etária apropriada para a série, muitos deles repetentes e, sem dúvida, tive que

rever alguns itens da proposta de trabalho com adaptações para essa nova

realidade escolar.

As minhas primeiras impressões não foram muito boas e senti um

clima nada acolhedor vindo dos alunos. O projeto teve que ficar para segundo plano

e, primeiro, deu-se início a uma fase de adaptação e conquista, passo a passo, da

atenção e disposição para a aprendizagem por parte dos alunos.

No segundo bimestre comecei, então, a implementação da proposta

com um grau de colaboração mais ativo dos alunos. No decorrer do processo, houve

alguns percalços pelo caminho, tais como, troca constante de horário das aulas,

chuvas em excesso, o que dificultou a participação dos alunos da zona rural,

resultando no prolongamento da aplicação das atividades em sala de aula.

As crianças tinham tido pouco contato com a língua inglesa, portanto

uma grande parte do projeto teve que ser implementada na língua materna, porém

pude presenciar um crescimento do interesse dos alunos na aprendizagem de uma

nova língua e, também, a crescente participação dos alunos aos conteúdos

propostos.

Não só o projeto, mas também o uso das tecnologias em sala, tais

como TV pen drive4 e o laboratório de informática, serviram para estimular a

participação de quase uma totalidade dos alunos.

4 um dispositivo de armazenamento constituído por uma memória flash tendo aparência semelhante à de um isqueiro ou chaveiro e uma ligação USB tipo A permitindo a sua conexão a uma porta USB de um computador ou TV.

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O encaminhamento das atividades levou os alunos a participarem

ativamente nas leituras, pesquisas na Internet, a colocarem suas opiniões perante

os colegas, como também, a ouvir e procurar compreender as opiniões contrárias,

desenvolvendo, com isso, a sua criticidade.

Relato da Implementação

Os dados a serem relatados nesta pesquisa foram coletados durante a

implementação da unidade didática que foi elaborada com a finalidade de explorar a

moral e a ética usando, como ferramenta de estudo, o gênero Fábula. O grupo que

participou desse projeto foi composto por alunos da 5ª série, compreendendo uma

faixa etária entre 10 (dez) e 15 (quinze) anos de idade, sendo que somente 7 (sete)

dos participantes dessa pesquisa terão seus excertos analisados, como

amostragem, alunos esses selecionados dentre os demais pela assiduidade em

todas as etapas do projeto.

Para a realização da coleta de dados para análise foram utilizados os

seguintes instrumentos:

a) aplicação de um questionário aos alunos, como forma de investigação inicial

sobre o assunto, compreendendo quatro questões que se relacionavam às

atividades propostas na unidade didática a ser implementada.

b) elaboração de diários pelo professor com observação e comentários após

cada aula em que foram aplicadas as atividades da unidade didática.

c) aplicação do questionário inicial novamente aos alunos, para coleta de dados

sobre possíveis mudanças obtidas após o período de trabalho das atividades

propostas, para uma futura análise dos excertos.

Na primeira fase do projeto, foram apresentadas as seguintes questões

aos alunos:

Vamos falar um pouco sobre valores morais:

O que você entende sobre moral? Troque idéias com os seus colegas.

Agora responda: (ANEXO 1)

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a) O que você faria se alguém lhe contasse uma grande mentira? Por quê?

b) Qual a sua opinião sobre pessoas que contam mentiras?

c) Você mentiria em alguma situação? Qual?

d) O que você sentiria se descobrisse que um grande amigo mentiu para você?

As questões apresentadas tinham como intencionalidade que os alunos

escrevessem suas opiniões sobre o que pensavam sobre a mentira, suas idéias e

conceitos. A realização dessa atividade durou 40 minutos e pude perceber que

alguns alunos procuravam escrever o que sentiam realmente, mas outros só

responderam aquilo que “consideravam estar correto para o professor ler”.

Após o questionário, houve então todo um trabalho sobre questões

pertinentes à fábula, explorando o conhecimento prévio que eles possuíam sobre o

assunto e trazendo troca de informações com o grupo envolvido nas discussões em

sala de aula. Os alunos puderam ampliar seu conhecimento sobre o assunto

pesquisando na Internet, o que para muitos foi uma experiência inesquecível, pois

era sua estréia no mundo virtual. As suas pesquisas estenderam-se para o mundo

das fábulas e seus fabulistas, podendo assim ampliar sua visão literária sobre o

assunto. Além das características das fábulas, seus autores, a origem, foi também

realizada uma apresentação, com o uso da TV pen drive, a respeito das morais das

fábulas e sobre a origem e significado da palavra moral. Assunto esse que se

revelou bem desconhecido dos alunos. Após essa primeira fase, passou-se para a

leitura e interpretação da fábula em inglês: ”The boy who cried Wolf” (Aesop’s

Fables). Primeiramente os alunos contaram o que se lembravam da fábula em

português e, logo em seguida, fizemos a leitura em inglês. No primeiro momento,

muitos alunos não conseguiram acompanhar a leitura e ficaram um pouco

assustados, mas depois começaram a tentar encontrar palavras que já conheciam e

com isso foram descobrindo o texto aos poucos. Os exercícios de interpretação

ajudaram muito nessa busca de entendimento, e algumas questões levaram os

alunos a refletirem sobre as atitudes do personagem da história de uma forma mais

crítica, como por exemplo, ao ser perguntado ao aluno para escolher uma

característica para o garoto, entre quatro opções dadas (trabalhador – amigo –

protetor – bobo – inteligente), muitos alunos escolheram inteligente alegando que ele

conseguiu enganar pessoas adultas. Outro aluno escolheu trabalhador, pois o garoto

saia todos os dias para pastorear as ovelhas. Outra resposta também interessante

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foi amigo, já que na história contada o menino podia contar com a presença de seu

cão todos os dias acompanhando-o e ajudando-o.

Todas essas opções escolhidas por eles mostraram uma maneira de

tentar justificar e proteger o garoto da história, o qual eles podem até julgar ser

mentiroso, mas que possui outras qualidades. Dá para se notar nas entrelinhas das

respostas um pouco da vida de cada criança, das quais muitas passam por

situações de fome, trabalho infantil, abuso, além de muitos outros sofrimentos, que

ficaram perceptíveis em suas respostas.

Ao término da interpretação escrita do texto, os alunos puderam assistir

a história pela TV, apresentada por bonecos (Muppets) em língua inglesa. Muitas

das crianças nem piscavam e pediram que fosse passada mais de uma vez para

poderem entender os acontecimentos e tentar compreender alguma palavra na outra

língua. Foi uma atividade muito prazerosa e que trouxe um grande elo na corrente

de amizade que estávamos formando nas nossas aulas. A parte gramatical também

foi explorada, mas de maneira bem simples e usando a música para fixação,

conforme o apresentado na unidade didática.

Antes de finalizar o projeto, foi pedido aos alunos que sugerissem uma

nova versão da moral daquela fábula que eles trabalharam. A atividade foi realizada

em pequenos grupos e cada grupo procurou criar algo diferente. Ao término dessa

etapa os alunos foram questionados outra vez sobre o assunto.

O mesmo questionário utilizado antes do início das atividades foi,

então, aplicado novamente aos alunos no final da implementação da unidade

didática e, para facilitar a intervenção, todo o material elaborado foi entregue ao

aluno já impresso.

Dos participantes, foram selecionados sete alunos que terão suas

respostas analisadas e que passam a ser doravante identificados como A1 (aluno 1)

até A7 (aluno 7), isso para preservar o anonimato que é requisito de uma pesquisa.

Segundo Kerlinger (1980), a metodologia significa “maneiras diferentes

de fazer coisas com propósitos diferentes”, ou seja, maneiras de formular

problemas, hipóteses, métodos de observação e recolha de dados, como também

afirma que “a metodologia inclui também aspectos da filosofia da ciência”,

pressupondo uma constante atitude de análise crítica.

A análise de dados é definida por Kerlinger (1980) como “a

categorização, ordenação, manipulação e sumarização de dados”. Assim, os dados

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brutos são agrupados de forma sistematizada, visando possibilitar a sua

mensuração e interpretação.

Com o objetivo de facilitar a análise de dados do escopo da pesquisa,

foram agrupados alguns excertos dos sete alunos em uma tabela o que possibilita

uma melhor visualização das respostas, conforme segue no anexo 1.

As questões foram respondidas em três datas bem distintas. A primeira

aconteceu no começo do projeto, no mês de março, a segunda etapa dos

questionários aconteceu no início de julho e a última etapa com a finalização do

projeto só se concretizou no mês de setembro, como conseqüência das diversas

paradas no calendário escolar motivadas pela gripe H1N1, o que de certa forma

causou um grande transtorno na implementação.

As questões foram agrupadas na tabela (ANEXO 1) e fica possível

visualizar que não há grande divergência nas respostas dadas da primeira fase do

questionário para a última. Alguns alunos mudaram suas respostas, mas o sentido

delas continuou o mesmo e pode-se perceber que não houve grande alteração

quanto ao seu conteúdo. Em alguns casos, podemos notar certo amadurecimento ao

ver que os alunos já possuem entendimento de sentimentos que externam mágoa,

quebra de confiança e outras atitudes que são tão ruins para adultos, o que dirá

então para crianças.

Para finalizar o projeto, solicitei aos alunos que recordassem suas

respostas anteriores e sintetizassem o seu entendimento respondendo a seguinte

questão:

Re-think...

Do you remember the first questions about moral values you answered?

Now you are going to re-read your answers. Do you think the same way or you

want to change anything? (Q5? - ANEXO 1)

De posse dessas informações pude verificar os momentos em que o

aluno mostrou mudança de opinião, crescimento dos conceitos, definição de certo e

errado que ele trás de casa e já internalizou como sendo a forma correta de agir.

No artigo sob o título Validade e fidelidade na investigação educativa, o

seu autor traz os seguintes conceitos:

12

Devemos ser cautelosos com os sujeitos que ocasionalmente omitem fatos ou não falam a

verdade (LOCK, 1989). Além disso, o fato de várias pessoas dizerem o mesmo não significa

que aquilo que é referido seja verdadeiro, a repetição de uma idéia não significa validade

(MERRIAM, 1998).

As atividades trabalhadas na fábula apresentada aos alunos

propiciaram reflexões sobre questões de natureza social e ética, com o objetivo de

desafiar os alunos a mostrarem qual a sua visão ou o que já sabem sobre o assunto

a ser discutido. Frente às respostas dadas, criou-se em sala de aula um clima

favorável para a conscientização do aluno, não apenas no sentido de buscar uma

consciência crítica sobre o certo e o errado, como também, despertar a participação

ativa do aluno em um tema tão controverso, com linguagem e conteúdos

apropriados ao nível de ensino e à faixa etária da turma.

Dentre as respostas dadas, o que mais chamou a atenção foi quanto à

questão de número três (anexo 1). Apenas o aluno A4 respondeu que não mentiria

em hipótese alguma, enquanto que os outros, ora diziam que não mentiriam, ora

diziam que dependendo do motivo mentiriam sim. Nota-se pelas respostas dadas

que se for para escapar de uma situação difícil a maioria deles opta pela mentira,

mesmo afirmando nas outras questões que são contrários a idéia de mentir.

Fica bem demarcado, também, que eles têm consciência dos

problemas que uma mentira pode acarretar, e, à medida que o trabalho foi sendo

encaminhado nas aulas, pude perceber o amadurecimento deles sobre o assunto.

Isso fica bem evidente na resposta dada pelo aluno A5 quando inquirido a repensar

em seu posicionamento anterior e se havia algo a ser mudado (Q5 do anexo 1).

Quanto aos outros alunos analisados, não houve variações

significativas nas três fases da aplicação do questionário. Os excertos recolhidos da

segunda aplicação do questionário não revelam nenhuma mudança radical em

relação à primeira aplicação.

Acredito que a utilização das fábulas foi de uma importância

fundamental para as discussões sobre nossas escolhas e as conseqüências que

podem advir delas. A moral e os bons costumes parecem estar desaparecendo aos

poucos de nossa sociedade, mas através dos exemplos que as fábulas oferecem as

crianças podem perceber as conseqüências, muitas vezes nada agradável, de uma

decisão errada. Uma quantidade significativa de respostas desfavoráveis ao

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comportamento mentiroso mostra, com clareza, que os participantes do projeto

entendem que é preciso aprender a pensar antes de agir.

O despertar da ética pessoal é muito sutil, a consciência do certo e do

errado é uma linha muito fina, a qual todos estamos sujeitos a quebrar. As crianças,

participantes do projeto, deixam transparecer através de suas respostas a qualidade

de vida a que têm acesso e também as visões um pouco deturpadas que o mundo

lhes oferece em certos momentos. Ao fazermos um julgamento do que é certo ou

errado, primeiro temos que nos colocar na posição do outro. Ao pedir aos alunos

que se colocassem no lugar dos aldeões que estavam sendo enganados, todos no

geral disseram que tomariam providências sérias contra o menino, não gostando

nem um pouco de se sentirem enganados.

Antes de chegar aos alunos, a produção didático-pedagógica passou

pelo crivo de muitos outros professores da rede pública, por meio do GTR (Grupo de

Trabalho em Rede). Quando a unidade didática sobre fábulas foi apresentada a

esses professores houve um interesse de participação muito grande. Nas

discussões que se seguiram, pude perceber a grande motivação dos professores e

isso deixa claro que, quando é apresentada uma maneira diferente de ensinar, tudo

fica bem mais agradável, e se é assim para os professores, imagine então para os

alunos. Todos foram categóricos ao afirmar que o trabalho poderia dar muito certo,

mas que tudo dependeria da forma como o professor fosse trabalhar em sala; e foi

colocada por vários deles a questão da interdisciplinaridade que deveria haver com

a língua portuguesa durante a implementação do projeto.

A capacitação em rede é algo bem desafiador para o tutor e, do ponto

de vista dos professores participantes do GTR, esse tipo de capacitação traz muitos

benefícios, como fica evidenciado nos testemunhos que foram dados ao término do

curso, dos quais, deixarei as citações de apenas duas das professoras participantes:

O GTR é uma excelente oportunidade para se capacitar. É uma teia de idéias que flui através da tecnologia. Não fazemos sozinhos; fazemos com uma nata de professores interessados em inovar a educação do nosso Estado, daí os últimos resultados obtidos. Sempre leio todas as propostas de cada colega em rede e considero as opiniões. Vejo que todos nós estamos engajados numa mesma idéia: apreender para ensinar. (Professora 1)

Gostaria aqui de enfatizar o quanto foi importante participar desse grupo. Além da troca de experiências, das inúmeras práticas compartilhadas durante esse período, tivemos a chance de repensar nossa prática, pois muitas vezes nos sentimos confusos quanto ao que vamos levar para a sala de aula ou com a forma que vamos fazê-lo. Outro ponto importante do GTR

14

é a chance de nos capacitarmos de uma forma mais acessível, sem precisamos nos deslocar de nosso estabelecimento. Isso é muito importante, visto que muitos de nós ministramos aulas em duas, três ou até mais escolas. (Professora 2).

Como tutora da turma, não posso me eximir de deixar assinalado

nesse artigo a importância que teve o Grupo de Trabalho em Rede (GTR) no

amadurecimento do projeto e, também, na forma de implementação que ocorreu na

escola. As discussões e sugestões foram todas de muita relevância e trouxeram um

enriquecimento ao trabalho. Os professores PDE sabem o valor que tem a

participação de outros educadores em seu crescimento profissional e também

pessoal, pois muitos amigos foram conquistados através da capacitação em rede.

Considerações finais

Este projeto desenvolveu um estudo e práticas educativas referentes

ao trabalho com o gênero Fábula em uma situação de ensino, como também uma

análise crítica sobre os valores éticos e morais dentro de uma sociedade escolar.

A unidade didática desenvolvida, e que explorou a moral implícita nas

fábulas, foi preparada de forma a chamar a atenção dos alunos de quinta série do

ensino fundamental sobre um problema que enfrentamos diariamente, procurando

tratar o assunto de uma forma diferente e que realmente trouxesse resultado no dia-

a-dia do aluno e da escola.

Se percebeu, claramente, no decorrer da implementação, a progressão

dos alunos na interpretação e análise crítica da fábula, posto que eles apresentaram

uma leitura mais aprofundada, diferente da que tiveram no início do projeto.

Contudo, é importante ressaltar que as situações observadas em sala

de aula e os dados coletados por meio de questionários e do material didático

devem ser interpretados com muita cautela, pois uma mudança comportamental não

pode ser medida em quantidade, em números ou usando gráficos. Tudo o que se

modifica no íntimo de uma pessoa só poderá ser avaliado na convivência cotidiana,

na conversa informal fora do ambiente escolar e em algumas observações

espontâneas que são feitas pelos alunos. Sem que eles percebam, estão passando

por transformações e o professor, muitas vezes, é sujeito ativo desse resultado.

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Portanto, cabe aqui deixar registrado que, para termos uma boa escola, precisamos

de bons professores. Ninguém dá aquilo que não tem. Não se transmite

conhecimento, conceitos éticos e morais, sem que primeiro a pessoa passe por essa

transformação e análise crítica de si mesmo.

A experiência obtida ao final da implementação deste projeto propiciou

uma reflexão sobre a necessidade de investimento na formação continuada dos

professores e o impacto que essa nova formação tem na vida do aluno e na

instituição escolar.

Muitos problemas foram enfrentados nesse ano, mas apesar das

dificuldades, só posso deixar uma única opinião registrada como avaliação pessoal

do projeto e de sua implementação: Valeu a pena!

Referências

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Approach to reading. Fourth Edition. Boston, NY: Houghton Mifflin Company, 2007.

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BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. (4ª ed.) São Paulo: Martins Fontes,

2003.

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Vol. II, Ed. Escala. São Paulo.

FERNANDES, Mônica Teresinha Ottoboni Sucar. Trabalhando com os gêneros do

discurso: Narrar: Fábula. São Paulo: FTD, 2001.

16

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Guide for College Writers. Fifth Edition. Boston, NY: Bedford/St. Martin’s, 1999.

KERLINGER, Fred N. Metodologia da pesquisa em ciências sociais. São Paulo:

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LEV VYGOTSKY: o teórico do ensino como processo social. Revista Nova Escola,

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social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1985. p. 40.

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Diretrizes curriculares de língua estrangeira moderna para os anos finais do

Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Curitiba, 2008.

SCOTT, Michael R.. Lendo nas entrelinhas. Cadernos da PUC. Lingüística (16).

São Paulo: PUCSP, 1983. p. 101-124.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. O ato de ler. Fundamentos Psicológicos para uma

nova pedagogia da leitura. (5ª ed.) São Paulo: Cortez, 1991, p.81.

______. Criticidade e Leitura: ensaios. Campinas, SP: Mercado de Letras:

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http://liveeducation.wordpress.com/2007/02/21/validade-e-fidelidade-na-

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Sites Consultados

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http://www.unesco.org.br/areas/ci/areastematicas/diversidadeculturallinguistica/index

_html/mostra_documento (consulta em 30 de maio de 2007)

http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cursos/lportuguesa/diversidade/03.htm

(consulta em 03 de junho de 2007)

htpp://pt.wikipedia.org/wiki/esopo (consulta em 18 de agosto de 2008)

pt.wikipedia.org/wiki/Pen-drive (consulta em 01 de dezembro de 2009)

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ANEXO 1

19

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ESCOLA ESTADUAL ANITA GARIBALDI - ENSINO FUNDAMENTAL

PROJETO DE LÍNGUA INGLESA - PDE

UMA LEITURA CRÍTICA DENTRO DO GÊNERO FÁBULAS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA

Código Idade Q 1? Q 2? Q 3? Q 4?

A1 10

Não ia nem ligar É feio mentirSimse alguém querer bater

Magoado

Não respondeuQue devem parar de mentir porque vai sair prejudicado

Sim, deu apanhar Magoado

Q5 ? - Eu acho errado mentir porque uma pequena mentira pode se transformar em uma grande confusão.

A2 13

Ficaria chateadonão é coisa que se faz

Mentira é coisa graveSim ocasião bem difícil

Ia perder a confiança

Ficaria chateado porque a mentira não é boa.

Essas pessoas não têm cabeça Sim, uma coisa bem grave Não respondeu

Q5? -Eu acho errado mentir porque a mentira tem perna curta

A3 10

Ficaria bravoterminaria a amizade

Nunca mentirmentira tem perna curta

Não Ficaria magoado

Ficaria bravo porque ninguém gosta de mentira

É chatoSim, mentiria que estava com dor de cabeça para ir embora da escola

Eu dava um monte de conselho pra ele só que eu perdoaria ele.

Q5? -Eu acho errado mentir porque a mentira tem perna curta e sempre é prejudicado.

A4 13

Eu faria ele falar a verdade, porque mentira não é coisa que se fale

Eu acho que eles falam mentira porque tem medo de falar a verdade (medo de apanhar)

Nãoeu não gosto de contar mentira pra ninguém.

Eu ia levar ela pro fórum porque o problema ia ser sério.

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Ficaria muito brava porque como eu não falo mentira pra ninguém não gostaria que alguém falasse mentira pra mim

Quando alguém que mente for falar a verdade ninguém vai acreditar

Não, porque eu não conseguiria mentir para ninguém porque assim ficaria chateada comigo mesma.

Ficaria muito brava, porque amiga é como irmã e eu não conversava de novo.

Q5? -Eu acho errado mentir porque é pecado e a mentira tem perna curta.

A5 11

Não olhava mais na cara da pessoa

Não tem vergonha na caraSimse fizesse algo errado

Não olhava na cara dessa pessoa

Nunca mais olhava na cara dessa pessoa, porque nunca deve mentir

Que não tem o que fazerSim, se eu acaso brigasse, eu mentiria que tinham mexido comigo para não apanhar

Eu me sentiria muito mal dependendo da mentira.

Q5? -Eu acho errado mentir porque às vezes nossos pais saem prejudicados e também mentira tem perna curta e mentir não faz bem pra nossa vida e principalmente na nossa família.

A6 12

Faria o mesmocontaria uma mentira

Ninguém acredita naquela pessoa quando falar a verdade

Simpara livrar de algum sufoco

Resolveria a mentira e ficaria tudo bem

Eu desculparia, mas era só aquela vez, se mentir de novo eu perdoaria

Essas pessoas não têm o que falar ai vai contar mentiras

Depende. Se for muito grave em caso de emergência, sim.

Se ele mentiu para o meu próprio bem até perdoaria, mas seria a última vez.

Q5? -Eu acho errado mentir porque é muito feio. Se uma pessoa descobrir fica muito feio pra mim, eu iria ficar com a cara muito feia essa é a razão de não mentir.

A7 10

Acaba a amizade por aí porque não gosto de gente mentirosa

Falta de educação, porque mentira não é coisa certa

Simse eu batesse no meu irmão

Eu terminaria a amizade com ele ou ela.

Eu não gostaria e conversava bem sério com ele porque você contando mentira é muito feio.

Que não deve contar mentira porque é muito feio e quando contar a verdade ninguém vai acreditar em você.

Sim, quando eu bato no meu irmão eu minto pra minha mãe.

Eu acabava com a amizade.

Q5? -Eu acho errado mentir porque um dia descobre e a gente pode sair prejudicada, a gente pode até perder amizade.

Q1 – questão nº 1, Q2 – questão nº 2, Q3 – questão nº 3, Q4 – questão nº 4, Q5 – questão nº 5.

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