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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE INTEGRADA AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU APRENDENDO COM O CÉREBRO E COM O CORPO: O PAPEL DO DESENVOLVIMENTO MOTOR NA APRENDIZAGEM INFANTIL Reinaldo Albuquerque de Melo Rio de Janeiro 2017 ORIENTADORA: Profª Drª Marta Relvas DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO … · A cobertura convoluta dos hemisférios cerebrais é o corte ... frontal, parietal, occipital e temporal, cada um com funções específicas

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

APRENDENDO COM O CÉREBRO E COM O CORPO:

O PAPEL DO DESENVOLVIMENTO MOTOR NA

APRENDIZAGEM INFANTIL

Reinaldo Albuquerque de Melo

Rio de Janeiro 2017

ORIENTADORA:

Profª Drª Marta Relvas

DOCUMENTO P

ROTEGID

O PELA

LEID

E DIR

EITO A

UTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

APRENDENDO COM O CÉREBRO E COM O CORPO:

O PAPEL DO DESENVOLVIMENTO MOTOR NA

APRENDIZAGEM INFANTIL

Rio de Janeiro 2017

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência Pedagógica. Por: Reinaldo Albuquerque de Melo

AGRADECIMENTOS

Agradeço:

- a Deus, por ter me guiado e iluminado em cada decisão a ser tomada;

- à minha orientadora profª Dra. Marta Relvas que, com toda paciência e dedicação, me acompanhou em todas as etapas nesta jornada;

- à minha família, que foi a base e o apoio nas dificuldades encontradas em todos os estágios desta trajetória;

- aos amigos e professores que insistiram para que eu continuasse;

- enfim, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram na concretização deste trabalho, dedico sinceramente meus profundos agradecimentos.

RESUMO

Esta pesquisa tem como tema a aprendizagem motora em crianças

e como objetivo relacionar como o desenvolvimento motor pode auxiliar no

processo de aprendizagem de crianças. A relevância deste tema se justifica

pois crianças possuem plasticidade cerebral mais elevada que adultos, o que

influencia diretamente em um maior leque de possibilidades de aprendizagem e

desenvolvimento para as crianças. O processo de aprendizagem resulta da

recepção e da troca de informações entre o meio ambiente e os diferentes

centros nervosos, e se inicia com um estímulo advindo do ambiente que é

transformado em impulso nervoso. Crianças são capazes de aprender de

diversas formas, através de sentidos, movimentos, ações e vivências, e é de

grande importância incluir diversas atividades que tragam oportunidades de

aprendizagem, que não precisam e nem devem ser apenas intelectuais, mas

também sociais, motoras e afetivas, de modo a desenvolvê-las como os seres

complexos e multidimensionais.

Palavras-chave: Infância, desenvolvimento motor, sistema nervoso,

aprendizagem

METODOLOGIA

Esta é uma pesquisa bibliográfica e em artigos sobre

desenvolvimento motor infantil e aprendizagem

Alguns dos autores pesquisados são Eric Kandel, John Martin,

Roberto Lent, Antônio Damásio e Angelo Machado, entre outros, que

contribuíram significativamente nessas áreas.

SUMÁRIO

Introdução p. 07

Capítulo I - Estrutura e fisiologia do sistema nervoso p. 09

1.1. Subdivisões do sistema nervoso p. 10

1.2. Áreas de Brodmann envolvidas na função motora p. 15

Capítulo II - Fundamentos do movimento p. 18

2.1. Movimentos voluntários e noções de motricidade p. 19

2.2. O sistema límbico e o movimento p. 24

Capítulo III - Criança, movimento e aprendizagem p. 28

Conclusão p. 37

Bibliografia p. 38

Webgrafia p. 41

7

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento motor é uma contínua alteração no

comportamento ao longo da vida que acontece por meio das necessidades de

tarefa, da biologia do indivíduo e o ambiente em que vive. Ele é viabilizado

tanto pelo processo evolutivo biológico quanto pelo processo social. Deste

modo, considera-se que uma evolução neural proporciona uma evolução ou

integração sensório-motora que ocorre por meio do sistema nervoso central

(SNC) em operações cada vez mais complexas (FONSECA, 1988).

O cérebro passa por alterações anatomo-funcionais que se iniciam

no período intra-uterino e se prolongam até a fase adulta (CONEL, 1939). Os

primeiros anos de vida da criança são caracterizados por diversas

modificações no crescimento e desenvolvimento. O termo desenvolvimento,

quando aplicado à evolução da criança, significa que com o decorrer do tempo,

haverá aumento das possibilidades individuais de agir sobre o ambiente

(SHEPHERD 1998).

As crianças da primeira infância, ou seja, de 2 a 6 anos,

apresentam as habilidades percepto-motoras em pleno desenvolvimento, mas

ainda confundem direção, esquema corporal, temporal e espacial. A

variabilidade das habilidades fundamentais está se desenvolvendo, de forma

que movimentos bilaterais, como pular, não apresentam tanta consistência as

atividades unilaterais (GALLAHUE e OZMUN,2003).

Em cada idade o movimento toma características significativas e a

aquisição ou aparição de determinados comportamentos motores tem

repercussões significativas no desenvolvimento da criança. Cada aquisição

influencia na anterior, tanto no domínio mental como no motor, através da

experiência e troca com o meio (FONSECA, 1988).

8

O controle motor refinado ainda não está totalmente estabelecido,

embora esteja desenvolvendo-se rapidamente. Os olhos ainda não estão aptos

a períodos extensos de trabalhos minuciosos. Para Piaget, nesta idade as

crianças deveriam estar no período pré-operacional, ou seja, percepção

aguçada, comportamento auto-satisfatório e social rudimentar (GALLAHUE e

OZMUN, 2003).

Segundo Galvão (2007), por volta dos 6 e 7 anos, em função do

amadurecimento dos centros de inibição e discriminação situados no córtex

cerebral, a criança é capaz de controlar suas ações, isso pode ser percebido,

por exemplo, na dificuldade em permanecer numa mesma posição ou fixar a

atenção sobre um foco por muito tempo antes desse período.

Com o fortalecimento das condutas voluntárias a criança passa a

comandar o estímulo, escolhendo o foco de sua atenção ou o sentido de sua

ação motora. Assim a criança torna-se mais capaz de se desligar de suas

reações espontâneas, imediatas, e de postergar sua ação, realizando

atividades que demandam planejamento (GALVÃO, 2007).

É importante realçar que o processo de aprendizagem resulta da

recepção e da troca de informações entre o meio ambiente e os diferentes

centros nervosos (ROMANELLI, 2003). Romanelli também reforça que, desta

forma, a aprendizagem inicia com um estímulo de natureza físico-química

advindo do ambiente que é transformado em impulso nervoso pelos órgãos dos

sentidos.

9

CAPÍTULO I

ESTRUTURA E FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO

O cérebro é o centro de controle do movimento, do sono, da fome,

da sede e de quase todas as atividades vitais necessárias a sobrevivência, ele

também realiza várias tarefas importantes: controla a temperatura corpórea, a

pressão arterial, a frequência cardíaca e a respiração, capta milhares de

informações vindas de seus vários sentidos (visão, audição, olfato), controla o

movimento físico ao andar, falar, ficar em pé ou sentar, permite pensar, sonhar,

raciocinar e sentir emoções (SMITH, 1999). Segundo Damásio (2012), não é

possível obter compreensão dos variados níveis de funcionamento do cérebro

se não possuirmos um conhecimento pormenorizado da geografia cerebral em

escalas diversas.

Nas palavras de Smith (1999):

[É no cérebro que está o] mundo intrincadamente organizado e internamente consistente, construído como resultado da experiência, não da instrução, e integrado em um todo coerente como resultado de uma permanente aprendizagem e pensamentos adquiridos com total desenvoltura (SMITH, 1999).

Figura 1: Visão lateral do cérebro, em corte sagital (MARTIN, 2014).

10

1.1. Subdivisões do sistema nervoso

O sistema nervoso é composto por duas regiões separadas, o

sistema nervoso periférico (SNP) e o sistema nervoso central (SNC), e cada

um desses sistemas pode ser subdividido. Ao sistema nervoso periférico

compete o controle descentralizado das funções pelo corpo, e ele se subdivide

em sistema autônomo e sistema somático. A parte autônoma do sistema

nervoso periférico é responsável pelo controle de glândulas, músculo liso das

vísceras e também os vasos sanguíneos, enquanto a parte somática

corresponde às inervações sensoriais dos tecidos e também às inervações

motoras dos músculos esqueléticos (MARTIN, 2014).

Figura 2: visão dos nervos periféricos que compõem o SNP (KANDEL, 2009).

O sistema nervoso central pode ser subdividido em dois

componentes, sendo eles a medula espinal e o encéfalo, que é subdividido em

11

seis estruturas, sendo elas: cerebelo, ponte, bulbo, mesencéfalo, diencéfalo

(que contém o hipotálamo e o tálamo) e o telencéfalo, que abrange os

hemisférios cerebrais, que contém os núcleos da base, hipocampo, amígdala e

o córtex cerebral (MARTIN, 2014).

Figura 3: cérebro humano vivo reconstruído em uma visão tridimensional. A imagem superior central indica o cérebro visto de frente. O corpo caloso encontra-se escondido

sob a fenda inter-hemisférica. As imagens inferiores, à esquerda e à direita, revelam os dois hemisférios do mesmo cérebro, separados ao meio como numa operação de

abertura do cérebro. A cobertura convoluta dos hemisférios cerebrais é o corte cerebral (DAMASIO, 2012).

A medula espinal é responsável pela recepção e processamento de

estímulos sensoriais vindos dos tecidos do corpo, controlando também os

12

movimentos dos membros e do tronco e apresenta quatro subdivisões: regiões

cervical, torácica, lombar e sacral (KANDEL et al, 2014).

O tronco encefálico, que é composto de bulbo, ponte e

mesencéfalo, recebe as informações sensoriais do pescoço para cima, além de

ser responsável pelo controle motor para essa musculatura. Em adição a essas

funcionalidades, ele também estabelece a comunicação entre o encéfalo e a

medula espinal (KANDEL et al, 2014).

No tronco encefálico, o bulbo é responsável pelas funções

neurovegetativas vitais, ou seja, correspondentes a tudo que é autônomo ou

involuntário no corpo humano. A ponte contém núcleos responsáveis por

transferir informação do córtex cerebral para o cerebelo, e o mesencéfalo

controla funções motoras e sensoriais, sendo também responsável por

coordenar reflexos auditivos e visuais (MARTIN, 2014).

Figura 4: as divisões do sistema nervoso central (KANDEL et al, 2014).

13

O cerebelo está intimamente relacionado ao aprendizado de

habilidades motoras, equilíbrio corporal e controle da força do movimento,

assim como a postura e a marcha, que corresponde ao conjunto de

movimentos coordenados que proporcionam o deslocamento, ao controle do

tônus muscular e movimentos involuntários, entre outras tarefas (KANDEL et

al, 2014).

O diencéfalo contém duas estruturas, o tálamo, que reenvia

informações e impulsos situados nas medulas subcorticais para o córtex

cerebral, e o hipotálamo, que regula funções viscerais, endócrinas e

autônomas (MARTIN, 2014). Ambas estruturas podem ser visualizadas na

Figura 5.

Figura 5: principais regiões do cérebro (KANDEL, 2009).

Cada região do encéfalo é responsável por um tipo de

comportamento. Por exemplo, as atividades relacionadas à cognição ocorrem

14

majoritariamente no córtex cerebral, a superfície que cobre ambos hemisférios

cerebrais. Cada um desses hemisférios possui quatro áreas distintas,

chamadas lobos, sendo seus nomes: frontal, parietal, occipital e temporal, cada

um com funções específicas. Os lobos de cada hemisfério estão associados a

processos sensoriais e motores do lado oposto do corpo, de modo que o

hemisfério direito atua no lado esquerdo do corpo e vice-versa, de forma

cruzada. Além disso, embora os hemisférios possuam aparência semelhante,

não são completamente simétricos nem estrutural ou funcionalmente

(KANDEL et al, 2014).

O lobo frontal está relacionado à memória de curto prazo, também

conhecida como memória de trabalho, e tudo que envolve planejamento e

tomada de decisão. O lobo parietal é onde se forma o esquema corporal, além

de estar relacionado à sensação somática e à relação com o ambiente externo.

O lobo occipital está diretamente relacionado à percepção visual, enquanto o

lobo temporal se relaciona à audição e também, devido a estruturas como o

hipocampo e a amígdala, o aprendizado, memória e emoção (KANDEL et al,

2014).

Figura 6: lobos cerebrais (KANDEL et al, 2014).

15

Além dessas classificações, há também a resultante do

mapeamento realizada por Korbinian Brodmann, que mapeou diversas áreas

distintas do córtex cerebral e as funções pelas quais cada uma delas é

responsável. Com os avanços na medicina e nos exames de imagem, esse

mapeamento tem se tornado cada vez mais refinado. Cada área possui

diferentes funções e, portanto, estruturas, que serão apresentadas a seguir.

1.2. Áreas de Brodmann envolvidas na função motora

As áreas de Brodmann mais proeminentemente envolvidas nas

funções motoras são o córtex motor primário, localizado no giro pré-central, e o

córtex motor suplementar, parcialmente localizado no giro pré-central e

também no córtex adjacente rostral, que correspondem às áreas 4 e 6 da

Figura 7. O córtex motor primário, correspondente à área 4, é responsável pelo

controle do movimento voluntário (MARTIN, 2014).

Figura 7: Áreas de Brodmann (KANDEL et al, 2014)

16

O córtex motor suplementar, correspondente à área 6 da Figura 7, é

responsável pelo planejamento dos movimentos dos membros em geral e

também dos olhos (MARTIN, 2014).

Conforme Da Silva (2006), a capacidade de realizar movimentos

voluntários está diretamente relacionada à integridade do sistema nervoso,

tanto no que tange sua funcionalidade quanto sua estrutura. O córtex motor

primário contém o neurônio motor superior, também conhecido como primeiro

neurônio, onde tem início o sistema motor voluntário.

Este neurônio se conecta ao neurônio motor inferior, ou segundo

neurônio, através de sinapses em que o glutamato atua como principal

neurotransmissor. O segundo neurônio se encontra nos núcleos motores do

tronco encefálico, localizados na área ventral da medula espinal. Os impulsos

nervosos por ele conduzidos, uma vez que chegam à medula, serão

transmitidos para as fibras musculares a ele inervadas, de modo a produzir o

movimento desejado naquela região (DA SILVA, 2006).

As áreas de Brodmann 4 e 6, como é possível observar na Figura 7,

possuem uma grande superfície de contato entre si, o que se mostra muito

eficiente, haja vista que, enquanto o córtex motor primário é responsável

diretamente pela realização dos movimentos voluntários, o córtex motor

suplementar realiza todo o planejamento dos movimentos, de modo que o

trabalho de ambas regiões se complementa (MARTIN, 2014).

O planejamento do movimento envolve diversas variáveis, como

direção, intensidade, duração, membros do corpo humano envolvidos no

movimento, assim como o estado anterior do mesmo, já que esse é um fator

que influencia diretamente a complexidade do movimento a ser realizado

(MARTIN, 2014).

O mesmo autor explica que outras variáveis, como o estado do

ambiente externo ou objetos que podem ou não ser obstáculos para

determinado movimento, são informações vindas de outras áreas do córtex,

17

mais precisamente aquelas ligadas à percepção sensorial, como a auditiva,

olfativa, visual, somestésico e à propriocepção, entre outras.

ROSA NETO, 2001 concorda que a coordenação motora de um

movimento de agarrar um objeto, levantá-lo e colocá-lo de volta a mesa pode

representar um árduo trabalho do sistema nervoso central (SNC). Portanto

BRANDÃO 2004, argumenta que o controle nervoso da postura e do

movimento é uma das funções mais importantes do sistema nervoso central.

Sendo necessário a participação de diferentes centros nervosos motores e

sensoriais para a organização de programas motores e para intervenção de

diversas sensações oriundas dos receptores sensoriais, articulares e cutâneos

do membro requerido (ROSA NETO, 2001).

O autor também afirma que as atividades necessárias para a

execução do movimento incluem "ler" as propriedades físicas do objeto, buscar

antigas referências sobre ele, mandar impulsos para os músculos aplicarem

uma força determinada, contrair os músculos, parar de contrair vagarosamente,

soltar o objeto no momento certo para ele não cair nem bater com muita força

na mesa. Na criança, o êxito das atividades coordenativas em cada uma de

suas etapas varia conforme o nível de aprendizado e a evolução do seu

desenvolvimento motor (ROSA NETO, 2001).

Neste capítulo, abordou-se alguns dos principais aspectos do

sistema nervoso, mais precisamente aqueles que tangem o movimento

corporal.

18

CAPÍTULO II

FUNDAMENTOS DO MOVIMENTO

Este capítulo trata sobre os princípios do movimento e seu controle,

que possibilitam a manutenção da postura e do equilíbrio, além de outras

funções dependentes do movimento, como a fala, a realização de gestos e a

percepção visual e somestésica.

Kandel et al (2014) apresenta diversas formas de classificação do

movimento, sendo a funcional a mais amplamente utilizada. Todavia, mesmo

que os movimentos sejam classificados de acordo com suas funções, muitas

delas combinam grupos musculares diversos para alcançar seu objetivo.

Os autores também ressaltam que, em um mesmo grupo muscular,

pode haver mais de um tipo de comando responsável por seu controle. Tais

comandos são classificados em: voluntários, rítmicos ou reflexos.

Os comandos voluntários são aqueles conscientemente controlados

pelo córtex cerebral. Os comandos rítmicos também são uma espécie de

movimentos voluntários, mas que se diferem destes por serem controlados de

forma automática pelo tronco encefálico e por circuitos espinais. Já os

comandos reflexos são respostas simples e estereotipadas diante de estímulos

específicos, originadas por circuitos neurais localizados na medula espinal ou

no tronco encefálico. Kandel et al (2014) afirmam que, embora os reflexos

sejam adaptáveis, eles não podem ser controlados voluntariamente.

Quando o grau de complexidade desses movimentos aumenta, Lent

(2001) os classifica como reações reflexas, o que engloba diversos músculos e

partes do corpo, atuando em conjunto. Um exemplo de reação reflexa é a

busca por reequilíbrio após tropeçar.

19

2.1. Movimentos voluntários e noções de motricidade

O controle do movimento voluntário nem sempre ocorre de forma

consciente, o que está diretamente relacionado à eficiência exigida do cérebro

em determinados momentos, de modo que movimentos podem aparentar

serem automáticos, mas serem, na realidade, movimentos voluntários

operando em um nível de consciência diferenciado, para que as outras

atividades que demandem concentração e atenção e assim possam de fato

ocorrer (KANDEL et al, 2014).

Brandão (2004) argumenta que o controle nervoso da postura e do

movimento é uma das funções mais importantes do sistema nervoso central.

A pesquisa realizada sobre as funções motoras das diversas regiões do

cérebro revela que as alterações ocorridas no cérebro no sentido de determinar

a diferenciação progressiva do reino animal foram realizadas mais por uma

superposição de sistemas neurais responsáveis pelos reflexos e de controles

adicionais do que pela transformação de estruturas pré-existentes.

Neste sentido, a organização motora se estabeleceu, portanto, em

estruturas neurais dispostas em hierarquia, de modo que as estruturas

primordialmente responsáveis pela tarefa, os centros motores, situam-se e

atuam em forma de cascata, de baixo para cima, nas várias porções do

sistema nervoso central, desde a parte filogeneticamente mais antiga, a

medula, até a mais recente, o córtex cerebral. Assim, estudaremos primeiro as

funções dos centros filogeneticamente mais antigos (BRANDÃO 2004).

Todo movimento é controlado por um ou mais músculos. Cada

músculo recebe comandos conhecidos como eferências motoras, que são

respostas às aferências sensoriais. O impulso aferente é aquele que capta

informações e sensações externas e as encaminha para o sistema nervoso

central que, por sua vez, desenvolve uma resposta que é levada para os

músculos através do impulso eferente, ou seja, o comando do movimento

(KANDEL et al, 2014).

20

Lent (2001) complementa essa ideia enfatizando que os músculos

são as estruturas que de fato realizam o trabalho desejado, que consiste nos

movimentos, classificando-os como executores ou efetores. O autor também

apresenta o sistema de comando, que é composto por estruturas cuja função é

transmitir comandos de ação para os músculos.

Tais estruturas de comando são conjuntos de regiões neurais

localizadas em diversos pontos do sistema nervoso: na medula espinal, tronco

encefálico, mesencéfalo e córtex cerebral. Outro componente importante

trazido por Lent (2001) é o sistema de controle, que verifica constantemente se

o sistema motor funciona de acordo com o que deve ser feito, assegurando que

os movimentos sejam executados de forma adequada. Os responsáveis por

desempenhar esse papel são o cerebelo e os núcleos da base, que utilizam o

tálamo para se comunicar com as estruturas de comando.

Como todo movimento possui uma intenção, que depende de uma

sequência de movimentos que deve ser respeitada, é necessário também,

conforme Lent (2001), que haja estruturas responsáveis pelo planejamento,

que idealizarão a sequência de movimentos. Tais estruturas se localizam no

córtex motor suplementar, localizada próxima ao córtex motor primário e que,

conforme visto no capítulo anterior, Martin (2014) classifica como a região

responsável pelo planejamento do movimento.

As aferências sensoriais são compostas de informações sobre o

meio externo e também sobre o próprio corpo. As informações sobre o meio

externo são conhecidas como informações extrínsecas e são captadas através

dos sentidos, enquanto as informações sobre o próprio corpo são chamadas de

informações intrínsecas e se desmembram em dois componentes: as

informações cinemáticas e as cinéticas (KANDEL et al, 2014).

Ainda segundo os autores, as informações cinemáticas indicam

aspectos diretamente relacionados ao movimento, como posição, velocidade,

ângulos de articulação, comprimento dos músculos e aceleração dos membros

21

envolvidos, enquanto as informações cinéticas tratam das forças que o corpo

gera ou experimenta.

Kandel et al (2014) afirmam que cada movimento voluntário se inicia

no encéfalo e passa por diversos estágios de transformações sensório-

motoras. Cada uma dessas transformações ocorre em um nível diferente. Os

níveis superiores são responsáveis pelo planejamento de objetivos mais gerais,

enquanto os níveis inferiores se preocupam diretamente com o modo de

execução desses objetivos.

Lent (2001) apresenta o conceito de razão de inervação, que atinge

seu maior valor quando determinada unidade motora possui apenas uma fibra

muscular, ou seja, é inversamente proporcional à quantidade de fibras

musculares ligadas a um mesmo nervo.

Os músculos do dorso e de outras áreas que realizam movimentos

menos precisos possuem baixa razão de inervação, enquanto a razão de

inervação dos músculos que movem o polegar apresentam razão de inervação

alta, ou seja, há menos fibras musculares ligadas a um nervo. O autor observa

também que a razão de inervação possui correlação com o grau de

especificidade do movimento realizado por aquela unidade motora.

Portanto, movimentos voluntários que exigem controle refinado da

coordenação motora possuem a mesma origem que os movimentos voluntários

menos refinados. O que muda é a forma de implementação desses

movimentos e a quantidade de "centros de processamento" pelos quais eles

passam, além da razão de inervação das unidades motoras envolvidas na

realização desse movimento (LENT, 2001).

A compreensão dos conceitos apresentados por Lent (2001) e

Kandel et al (2014) possibilita um olhar mais atento para lidar com o

desenvolvimento de habilidades motoras na infância. Para que a criança

desenvolva habilidades refinadas, como o desenho e a escrita, é necessário

que se trabalhe antes com ela aspectos motores mais gerais, como

22

lateralidade, coordenação global, orientação espacial e percepção, entre

outros.

É também por esse motivo que uma mesma pessoa pode escrever

de formas diferentes, assim como é pouco provável que uma grande

quantidade de pessoas escreva exatamente da mesma forma, mesmo que o

resultado final seja equivalente, ou seja, que a escrita seja efetuada, o que é

descrito por Kandel et al (2014) como equivalência motora.

A teoria apresentada pelos autores, fundamentando o fenômeno da

equivalência motora, sugere que o encéfalo guarde uma representação

abstrata do movimento, o que permite que as ações se concretizem de formas

diferentes, se assim necessário, desde que o fim desejado seja atingido.

É possível observar um exemplo na Figura 8 de como isso ocorre na

escrita. A finalidade do movimento é escrever a frase, e a pessoa consegue

fazê-lo de cinco formas diferentes, até mesmo ao escrever com a mesma mão,

ao variar o movimento do pulso.

Figura 8: Exemplo de equivalência motora na escrita, em que a mesma pessoa

escreveu a mesma frase de 5 formas diferentes: (a) utilizando a mão direita, (b)

utilizando a mão direita, mas fixando o pulso, (c) utilizando a mão esquerda, (d)

escrevendo com a caneta presa entre os dentes e (e), com a caneta entre os dedos

dos pés (KANDEL et al, 2014).

23

O movimento atinge sua finalidade, mas as diferenças no traço são

visíveis. A rapidez e a proficiência na realização desses movimentos estão

diretamente relacionadas à capacidade da pessoa que os realizou e à

quantidade de treino empenhada nisso. Portanto, a escrita com a mão

dominante terá outra aparência quando comparada àquela realizada com a

mão não dominante, caso a pessoa não seja ambidestra. A habilidade e

precisão nos movimentos, conforme o que foi apresentado por Lent (2001) e

Kandel et al (2014), estão diretamente relacionadas às memórias musculares

armazenadas nos núcleos da base e no cerebelo.

O movimento voluntário possui, portanto, um componente cinético e

outro cinemático, e ambos atuarão em conjunto para concretizá-lo, ou seja,

definir e realizar a trajetória.

Todas essas variáveis são consideradas ao se planejar um

movimento, e são convertidas em comandos motores para que ele seja

realizado, como é possível observar no diagrama exibido em duas partes,

iniciando na Figura 9 e complementado na Figura 10.

Figura 9: etapas das transformações sensório-motoras que geram um movimento.

Primeiramente, (a) localiza-se o objeto e a mão visualmente. tais posições serão

fundamentais para planejar o movimento (b) (KANDEL et al, 2014).

24

Figura 10: continuação do diagrama apresentado na Figura 9. Uma vez planejado o

movimento, a próxima etapa consiste na determinação das trajetórias das articulações

(c), o que posteriormente define os movimentos de torque das articulações (d)

(KANDEL et al, 2014).

Todo movimento é impulsionado por uma necessidade, isto é,

ocorre uma motivação cuja fonte primária parte do sistema límbico, que é o

conjunto de estruturas responsável pelas emoções e também se conecta a

hipófise e está relacionada ao controle do sistema endócrino e dos

mecanismos que possibilitam a motivação (BRANDÃO, 2004).

2.2. O sistema límbico e o movimento

Brandão (2004) afirma que o atual conceito de sistema límbico e sua

associação às emoções teve sua origem a partir da hipótese levantada por

Papez de que as estruturas do lobo límbico seriam o cerne das emoções. O

autor contextualiza o lobo límbico como um termo trazido por Pierre Broca com

o objetivo de se referir aos giros corticais filogeneticamente primitivos

localizados em torno do tronco cerebral, em forma de anel.

25

As principais estruturas do sistema límbico, segundo Damasio

(2012) são a circunvolução singulada, a amígdala e o prosencéfalo basal,

constituído por dois conjuntos de núcleos.

Figura 11: As diversas conexões entre as estruturas do sistema límbico: 1: giro

cingulado, 2: fórnix, 3: núcleo anterior do tálamo, 4: trato mamilotalâmico, 5: corpo

mamilar, 6: bulbo olfatório, 7: estria olfatória, 8: amígdala, 9: hipocampo, 10: formação

hipocampal, 11: conexões tálamo-corticais e 12: conexão córtico-hipocampal

(BRANDÃO, 2004).

Já Brandão (2004), apresenta mais estruturas, como as que são

visíveis na Figura 11, apontando, entre outras, o tálamo e o hipocampo, e

ressaltando que a teoria de Papez foi a responsável por correlacionar sistema

límbico e hipotálamo e por concluir que "a experiência subjetiva da emoção

requer a participação do córtex, enquanto que a expressão das emoções

recruta circuitos hipotalâmicos" (BRANDÃO, 2004).

Posteriormente, Paul McLean expandiu a noção de sistema límbico

e incluiu diversas estruturas no sistema límbico, como pode ser observado

ainda na Figura 11, e Brandão (2004) explica que que McLean compreendia o

funcionamento do sistema límbico de forma dependente das atividades

desempenhadas pelas demais estruturas do cérebro.

26

Purves et al (2010) estabelecem que há uma alta conexão entre o

movimento e as emoções:

Por exemplo, se os sujeitos recebem instruções músculo a músculo que resultam em expressões faciais reconhecíveis como raiva, desgosto, medo, felicidade, tristeza ou surpresa, sem que lhes tenha sido dito qual emoção estão simulando, cada padrão de atividade dos músculos faciais é acompanhado por diferenças específicas e reproduzíveis da atividade motora visceral (PURVES et al, 2010).

Outra perspectiva trazida pelo trabalho de Purves et al (2010) é a de

William James, em que o autor afirma que a emoção é inconcebível quando

dissociada das alterações no organismo, ou seja, das respostas motoras e das

reações orgânicas por ela proporcionadas.

Além disso, Kandel et al (2014) explicam que a forma que as

emoções vêm à tona é análoga ao que ocorre com o sistema motor, de modo

que elas também ocorrem em resposta a algum estímulo, que é conduzido e

interpretado no encéfalo, guiado até o sistema límbico, onde se dá início à

elaboração da resposta emocional.

Foi visto anteriormente neste capítulo que um processo semelhante

ocorre com o movimento, com o adicional de que o movimento voluntário passa

por um estágio de planejamento que a emoção, de modo geral, não passa,

porque ela é uma reação majoritariamente orgânica sendo, portanto, menos

corticalizável que o movimento (KANDEL et al, 2014).

Lent (2001) afirma que as emoções envolvem sempre três aspectos:

um sentimento, podendo ser negativo ou positivos, algum comportamento, que

corresponde às reações motoras, e também os ajustes fisiológicos

correspondentes.

Em seu livro, Lent (2001) apresenta um fluxograma, presente na

Figura 12, que aponta a correlação entre esses diferentes sistemas neurais, em

conformidade com a teoria James-Lange, uma das muitas apresentadas sobre

a emoção. Esta teoria é uma das que enfatiza que o estudo das emoções não

27

deve ser dissociado do todo, que engloba movimento, cognição e outras

funções neurais.

Figura 12: fluxograma apontando a coordenação entre movimento, sistema endócrino,

emoções e sistema nervoso autônomo (LENT, 2001).

No campo da neurociência, há diversos aspectos que dizem respeito

às emoções que ainda não foram completamente explorados, de modo que

diversas hipóteses coexistem e se complementam. Este capítulo tratou sobre

emoção e movimento de forma integrada, considerando a totalidade do sujeito,

com o objetivo de obter melhor compreensão do que ocorre no

desenvolvimento infantil.

28

CAPÍTULO III

CRIANÇA, MOVIMENTO E APRENDIZAGEM

Este capítulo trata sobre aspectos globais do desenvolvimento

infantil, de modo a estabelecer um ponto de contato entre movimento,

aprendizagem e criança, visando maior compreensão sobre o tópico neste

estudado.

Piaget (1973) compreende o desenvolvimento do ser humano como

subordinado a dois grupos de fatores: os fatores da hereditariedade e

adaptação biológica (maturação de certos tecidos nervosos e do sistema

nervoso central, em níveis estruturais e funcionais, além do desenvolvimento

de ossos e músculos) e os fatores ambientais (experiência e estimulação

sensório-motriz, nutrição, condições sócio-econômicas e afetivas).

Há que se refletir sobre a importância desses achados, pois

conforme ressalta Gesell (1956), nenhum estágio ou aquisição é dispensável,

já que o desenvolvimento ocorre numa seqüência de transformações. Assim,

cada etapa adquirida em determinado momento é conseqüência de todas as

anteriormente obtidas e será a preparação e a base para as etapas

subsequentes, diz Brandão (1992).

Piaget contribuiu, mesmo que indiretamente, de forma ampla para a

área educacional, apresentando ideias até hoje disseminadas e aplicadas tanto

no Brasil quanto no mundo.

O conhecimento não é uma cópia da realidade. Conhecer um objeto, conhecer um acontecimento não é simplesmente olhar e fazer uma cópia mental, ou imagem, do mesmo. Para conhecer um objeto é necessário agir sobre ele. Conhecer é modificar, transformar o objeto, e compreender o processo dessa transformação e, conseqüentemente, compreender o modo como o objeto é construído. Uma operação é, assim, a essência do conhecimento. É uma ação interiorizada que modifica o objeto do conhecimento (PIAGET, 1972).

29

A citação de Piaget exibida acima mostra a sua grande preocupação

com o desenvolvimento do sujeito como um todo, trazendo também um ponto

importante sobre aprendizagem. O conhecimento é um derivado do que se

aprende, quando aplicado a um caso específico. Portanto, como trazido por

Piaget, a aprendizagem e a utilização de conhecimento vão além da abstração,

e precisam ser vivenciadas e sentidas.

Piaget (1972) acredita que as estruturas operacionais são

responsáveis por formar a base de conhecimento responsável pelo

desenvolvimento humano, mais especificamente o desenvolvimento infantil,

que sempre foi seu foco de pesquisa. Ele também apresentou os quatro

estágios de desenvolvimento das estruturas operacionais, sendo eles: estágios

sensório-motor, pré-operacional, operações concretas e operações formais.

O estágio sensório-motor é o primeiro apresentado pelo autor, sendo

aquele que ocorre durante o período pré-verbal. Engloba aproximadamente os

primeiros dois anos de vida. Neste período o bebê começa a construir a ideia

de conhecimento representativo e que, posteriormente, levará à construção do

espaço prático ou sensório-motor.

Piaget (1972) também define o estágio pré-operacional, que

compreende o início da função simbólica e, consigo, da linguagem. Ele

compreende o período aproximado entre os dois e sete anos. Também ocorre

uma reformulação do que foi desenvolvido no nível do pensamento

representativo no período anterior, ou seja, não ocorre transformação imediata

de ação sensório-motora em operação.

O autor continua ao contextualizar o terceiro estágio, o operacional

concreto, que se dá entre os 7 e 11 anos aproximadamente, como o

correspondente às operações simples, que trazem aspectos como

categorização, ordem e quantidade, além de desenvolverem seus esquemas

mentais referentes aos números e geometria básica, e começa a de fato

entender alguns dos conceitos que utiliza para interagir com o ambiente que a

cerca.

30

O quarto estágio apresentado por Piaget (1972) é o operacional

formal, aquele em que a criança, agora acima dos 12 anos, passa a raciocinar

com base em hipóteses e quando ela de fato começa a construir novas

operações com base naquilo que já se sabe, isto é, além de pensar em termos

concretos, pensa-se também em termos abstratos.

Piaget defende a presença de quatro fatores principais para causar o

desenvolvimento de um estágio para o outro, e traça um paralelo com Gessell

(1956) ao citar a maturação como o primeiro fator. O segundo fator consiste

nos efeitos do ambiente no que Piaget se refere como estrutura da inteligência.

O terceiro, a transmissão social em seus diversos meios e sentidos, e o quarto

fator é a equilibração ou autorregulação.

A teoria walloniana também trouxe diversas contribuições para

melhor compreensão das relações entre educando e educador, apresentando

também o papel da escola como essencial no desenvolvimento dos indivíduos

(FERREIRA e ACIOLY-RÉGNIER, 2010).

Henri Wallon concentrou seus esforços na relação dialógica entre

professor e aluno e no desenvolvimento global do indivíduo, resultado de seu

aprofundamento nas áreas da Psicologia e da Educação. Ferreira e Acioly-

Régnier (2010) enfatizam que Wallon também destacou o papel da afetividade

no desenvolvimento da pessoa, trazendo-a como um conjunto abrangente que

vai além do puramente orgânico, tornando-se fundamental na formação integral

da pessoa.

Para Wallon, os principais aspectos do desenvolvimento humano

possuem uma base orgânica, podendo ser potencializados pelo ambiente, o

que ocorre quando há o conjunto de estímulos que visa o desenvolvimento

global do indivíduo. Além disso, ele realça a importância da articulação dos

fatores individuais, sejam eles orgânicos ou psicológicos, com os fatores

sociais e ambientais, enfatizando o caráter dialógico que tais fatores

desempenham no desenvolvimento humano (GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010).

31

Wallon trata em seu texto "Os fatores do desenvolvimento psíquico"

(apud GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010) os principais aspectos do

desenvolvimento infantil, realçando que em tal processo colaboram fatores de

ordem biológica e também social.

Ao longo das etapas do desenvolvimento infantil, a criança vai

atingindo estágios sucessivos de equilíbrios e desequilíbrios conforme se

desenvolve, e Wallon aponta isso trazendo também conceitos neurobiológicos:

Desde o nascimento, as células nervosas são muito mais numerosas do que jamais serão novamente e, se algumas delas forem destruídas ao longo da vida, não serão substituídas. Mas durante quantas semanas, meses e anos muitas delas não permanecerão adormecidas? Enquanto não estiver realizada a condição orgânica de seu funcionamento: a mielinização de seu axônio. Muitos outros órgãos também precisam terminar sua diferenciação estrutural antes de revelar sua função, cujas primeiras manifestações em geral não passam de um exercício livre e sem outro motivo senão ele mesmo (WALLON apud GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010).

O teórico também enfatiza que não há como apontar ou distinguir as

participações de fatores internos ou externos diante do desenvolvimento

psíquico da criança, e analisou diversos estudos envolvendo a diferenciação de

fatores ambientais. Um dos estudos mencionados por Wallon trabalhou com

bebês gêmeos, de modo que uma das crianças foi treinada para realizar uma

determinada atividade que envolvia uma aptidão elementar enquanto a outra

não recebia nenhum treinamento ou estímulo para realizar aquela determinada

atividade.

O que foi observado por esses estudos é que, embora o bebê

treinado na tarefa elementar fosse o primeiro a conseguir realizar a tarefa, o

outro o alcançava em um intervalo de tempo razoavelmente curto, e não havia

diferença de desempenho a longo prazo. Todavia, isso não era confirmado

quando eram postas atividades não-elementares, de caráter mais psíquico que

orgânico.

Portanto, é importante abordar tais fatores de forma integrada, pois a

evolução psicomotora é, na perspectiva walloniana, precedida pela integração

32

dos fatores orgânicos e psíquicos, e não o oposto, de modo que não há como

correlacionar cada etapa do desenvolvimento a uma relação causa-efeito, nem

no âmbito individual e, principalmente, em relação a um grupo.

A evolução psicomotora, como caracterizado por Wallon, é a

capacidade de aliar corpo e mente para a realização de tarefas não-

elementares. Ele também afirma (apud GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010) que "o

que o exercício pode desenvolver ou diversificar depende de atividades

combinadas em que se traduzem os dons individuais de adaptação, de

iniciativa e de invenção".

Ele também realiza um paralelo com a prematuração humana, em

que se observa a mesma questão de desenvolvimento orgânico, mesmo que

em uma linha do tempo diferenciada do comportamento típico, mas que com o

passar do tempo conseguem a equiparação funcional ao outro grupo e,

dependendo de fatores externos e sociais, são capazes de possuir

desempenho superior em tarefas cognitivas.

Outra característica marcante no trabalho de Henri Wallon é a forma

que o teórico engloba todo o processo de desenvolvimento, seja biológico,

social, cognitivo e cultural à questão da afetividade.

A visão global da criança e do adulto que tal indivíduo se tornará é

um dos pontos fundamentais do trabalho de Wallon, de modo que ele

considera que tudo contribui para essa formação, de modo que não há como

isolar determinados aspectos relacionados a isso. Alguns exemplos são

mencionados em seu texto "A afetividade" (WALLON apud GRATIOT-

ALFANDÉRY, 2010), em que ele correlaciona espasmos a emoções de forma

integrada, também trazendo o seguinte:

As emoções consistem essencialmente a certo tipo de situação. Atitudes e situação correspondente se implicam mutuamente, constituindo uma maneira global de reagir e que é de tipo arcaico e frequente na criança. Uma totalização indivisa opera-se então entre as disposições psíquicas, todas orientadas no mesmo sentido, e os incidentes exteriores. Disso

33

resulta que, com frequência, é a emoção que dá o tom ao real (WALLON apud GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010).

Ele também discute a inevitabilidade da influência afetiva na vida da

criança e em sua evolução mental, de modo que o aspecto social é mesclado

ao orgânico.

No que tange à prática docente e ao relacionamento docente-

discente, Wallon se refere à criança como um ser em desenvolvimento, mas

não a partir de um viés de incompletude, de modo que a criança deve ser

compreendida face ao momento evolutivo no qual está, reconhecendo na

criança as possibilidades de aprendizagem e evolução dela mesma, mas

também do docente ao fazer parte de tal relação.

Galvão (2007) enfatiza a perspectiva de Wallon ao apontar que este

considera o desenvolvimento intelectual não como fim, mas sim como parte de

um processo do desenvolvimento integral do sujeito, como parte de um todo,

visando a evolução global da pessoa.

É importante trazer ambas as perspectivas de Wallon e Piaget, pois

Wallon complementa diversos aspectos da teoria de Piaget, principalmente na

parte que compete à questão da afetividade no desenvolvimento da criança,

que é algo que ganha um importante destaque no que é apresentado por

Wallon, mas que não foi projetado com a mesma força pelas observações de

Piaget, embora seja um fator englobado no fator social trazido por este.

Outro ponto trazido por Piaget (1972) no que diz respeito ao

desenvolvimento infantil é a utilização do lúdico, que impulsiona o processo, de

modo que leva as crianças a aperfeiçoarem a cultura corporal, ao realizar

atividades e operações novas através de atividades envolvendo brincadeiras,

jogos, dança e outros aspectos do cotidiano. Relvas (2016) complementa a

importância do brincar na infância:

A brincadeira prepara a criança para uma verdadeira atividade posterior, quando ela já estiver mais madura. Uma boa educação infantil baseia-se na ideia de que músicas, jogos e outras atividades são meios para a criança adquirir

34

conhecimentos perceptuais, cognitivos, sociais e emocionais que as prepararão para o ingresso na maioridade (RELVAS, 2016).

A questão da brincadeira como uma preparação para vivências

posteriores é trazida por Piaget (1972), que as classifica de três formas

distintas: as brincadeiras ou jogos de exercício sensório-motor, simbólicos ou

de regras.

As atividades de exercício sensório-motor correspondem a tudo que

se relaciona ao movimento de fato, movimentos simples, gestos repetidos,

caminhar, correr, pular ou andar de bicicleta, entre outras atividades.

Já as atividades simbólicas são as brincadeiras de faz-de-conta, que

são brincadeiras ou jogos em que as crianças tendem a projetar seus desejos

ou aspectos da realidade em que vivem. Tais atividades, conforme Piaget

(1972), são importantes tanto no âmbito da expressão da criança quanto na

assimilação de determinadas regras do grupo social em que convivem.

Já os jogos ou atividades que envolvem regras são atividades mais

complexas, que possuem duas classificações: jogos de exercício sensório-

motor e jogos intelectuais. Piaget (1972) afirma que, para ser considerada uma

atividade de regras, a mesma deve se basear em um conjunto de instruções e

regras bem definidas sobre o que é possível ou não fazer naquele determinado

jogo ou brincadeira.

Os jogos de regras de exercício sensório-motor são aqueles que

incorporam movimentos às regras. É o que acontece com esportes como

futebol, basquete, vôlei e com brincadeiras como o queimado, pique-pega,

entre outras.

Já os jogos intelectuais, de acordo com Piaget (1972) são aqueles

cuja evolução e progressão no jogo se relacionam mais com o raciocínio por

trás da ação do que de fato com o movimento. Exemplos de jogos intelectuais

são os jogos de tabuleiro de um modo geral e jogos de estratégia. Os tipos

mais conhecidos são xadrez e damas, mas há muitos outros.

35

As atividades de cunho lúdico são responsáveis pela ativação de

estruturas envolvidas no sistema de recompensa da criança, como aponta

Rossa (2011), que também acrescenta o seguinte sobre o tema:

Como a criança está sob a fortíssima influência da dopamina, seu cérebro antecipa fácil e rapidamente qualquer potencial de bem estar. A recompensa dos comportamentos é altamente satisfatória e realimenta o sistema com mais mensagens de repetir a sensação de prazer. O simples fato de transformar qualquer atividade em potencial brincadeira, potencial prazer, já nos faz vislumbrar a energia natural da criança. A sua motivação é constante porque ela descobre prazeres e recebe recompensas sem muita exigência de estímulos, ao contrário do que ocorre com os adolescentes. As atividades oferecidas às crianças certamente devem levar em conta que elas já são e estão super motivadas. Parece-nos sensato, então, focar nossos esforços em fortalecer as experiências ricas e agradáveis, e buscar momentos alternados de situações mais calmas e de mais energéticas. Devemos tentar canalizar o grande potencial de energia fornecido pela dopamina no sistema infantil e construir memórias emocionais e cognitivas que lhes servirão de base para a vida (ROSSA, 2011).

Portanto, é de grande importância trazer a ludicidade e o movimento

para o processo de aprendizagem da criança sempre que houver oportunidade.

Cabe ao docente maximizar tais oportunidades na escola, através de

brincadeiras, jogos, esportes e outros recursos. Relvas (2009) define

aprendizagem como uma modificação biológica na forma em que os neurônios

se comunicam e que ela envolve todas as áreas cerebrais, de modo que nada

no processo de aprendizagem, do ponto de vista da neurociência, ocorre de

forma isolada do que acontece em todo o corpo e também no meio.

A aprendizagem é um processo dinâmico intimamente relacionado a

diversos aspectos biológicos, sociais, afetivos e motores, e é de grande

importância no desenvolvimento do sujeito, principalmente se tratando de

crianças, já que ela dispõe de mais plasticidade neural que pessoas adultas.

Relvas (2009) complementa:

Como o sistema nervoso de uma criança em desenvolvimento é mais plástico que o sistema nervoso do adulto, a atuação correta e eficaz na estimulação da plasticidade é de fundamental importância para a máxima da função motora/sensitiva do aprendente, visando facilitar o processo de

36

aprender a aprender no cotidiano escolar. É o nosso grande desafio como educadores conhecer o cérebro de nossos aprendizes, e tão logo o funcionamento, pois cada um tem as suas próprias características. (RELVAS, 2009)

É de grande importância que nós educadores possamos contribuir

da melhor forma possível para o desenvolvimento integral da criança, em todos

os aspectos possíveis. Crianças são capazes de aprender de diversas formas,

através de sentidos, movimentos, ações e vivências, e é de grande importância

incluir diversas atividades que tragam oportunidades de aprendizagem, que

não precisam e nem devem ser apenas intelectuais, mas também sociais,

motoras e afetivas, de modo a desenvolvê-las como os seres complexos e

multidimensionais que elas são.

37

CONCLUSÃO

De acordo com que foi apresentado até aqui, conclui-se que é de

grande importância que os educadores, principalmente os que atuam com

crianças, compreendam o valor de uma prática pedagógica que agrega

diversos aspectos do desenvolvimento infantil. A neurociência tem sido

fundamental na disseminação dessas ideias, pois é nela em que encontramos

os fundamentos científicos do funcionamento do sistema nervoso em geral.

A formação humana, assim como a prática docente, não ocorrem

destacadas de contexto. Tal contexto é completamente amplo e

multidimensional, além de intrinsecamente dependente de cada aluno. A

relação professor-aluno é dialógica e igualmente multidimensional, não

cabendo abstração ou generalização, pois os fatores que a compõem não

podem ser isolados.

O que a neurociência nos apresenta são informações, enquanto a

prática docente nos oferece possibilidades de tomar tais informações como

base para aplicá-las à nossa prática, conforme a especificidade de cada aluno.

A compreensão do funcionamento e do desenvolvimento do cérebro traz

consigo maiores oportunidades de o professor reavaliar e aperfeiçoar suas

práticas, visando o desenvolvimento integral de seus alunos.

O cérebro comanda todo o corpo, todavia ele não trabalha sozinho.

Tudo se interliga a ele, direta ou indiretamente. O cérebro é constantemente

utilizado em sua totalidade, e não é diferente na aprendizagem. Portanto, é

sempre importante que nosso propósito enquanto educadores seja realizar

uma prática capaz de auxiliar o aluno a aprender com todo o seu cérebro,

através da interação, do raciocínio, da afetividade e também do movimento.

38

BIBLIOGRAFIA

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2017.

42

ÍNDICE

Folha de rosto p. 02

Agradecimentos p. 03

Resumo p. 04

Metodologia p. 05

Sumário p. 06

Introdução p. 07

Capítulo I - Estrutura e fisiologia do sistema nervoso p. 09

1.1. Subdivisões do sistema nervoso p. 10

1.2. Áreas de Brodmann envolvidas na função motora p. 15

Capítulo II - Fundamentos do movimento p. 18

2.1. Movimentos voluntários e noções de motricidade p. 19

2.2. O sistema límbico e o movimento p. 24

Capítulo III - Criança, movimento e aprendizagem p. 28

Conclusão p. 37

Bibliografia p. 38

Webgrafia p. 41

Índice p. 42

Índice de figuras p. 43

43

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Visão lateral do cérebro, em corte sagital (MARTIN, 2014). 9

Figura 2: visão dos nervos periféricos que compõem o SNP (KANDEL,

2009). 10

Figura 3: cérebro humano vivo reconstruído em uma visão tridimensional. A

imagem superior central indica o cérebro visto de frente. O corpo caloso

encontra-se escondido sob a fenda inter-hemisférica. As imagens inferiores, à

esquerda e à direita, revelam os dois hemisférios do mesmo cérebro,

separados ao meio como numa operação de abertura do cérebro. A cobertura

convoluta dos hemisférios cerebrais é o corte cerebral (DAMASIO, 2012). 11

Figura 4: as divisões do sistema nervoso central (KANDEL et al, 2014). 12

Figura 5: principais regiões do cérebro (KANDEL, 2009). 13

Figura 6: lobos cerebrais (KANDEL et al, 2014). 14

Figura 7: Áreas de Brodmann (KANDEL et al, 2014) 15

Figura 8: Exemplo de equivalência motora na escrita, em que a mesma pessoa

escreveu a mesma frase de 5 formas diferentes: (a) utilizando a mão direita, (b)

utilizando a mão direita, mas fixando o pulso, (c) utilizando a mão esquerda, (d)

escrevendo com a caneta presa entre os dentes e (e), com a caneta entre os

dedos dos pés (KANDEL et al, 2014). 22

Figura 9: etapas das transformações sensório-motoras que geram um

movimento. Primeiramente, (a) localiza-se o objeto e a mão visualmente. tais

posições serão fundamentais para planejar o movimento (b) (KANDEL et al,

2014). 23

Figura 10: continuação do diagrama apresentado na Figura 9. Uma vez

planejado o movimento, a próxima etapa consiste na determinação das

trajetórias das articulações (c), o que posteriormente define os movimentos de

torque das articulações (d) (KANDEL et al, 2014). 24

Figura 11: As diversas conexões entre as estruturas do sistema límbico: 1: giro

cingulado, 2: fórnix, 3: núcleo anterior do tálamo, 4: trato mamilotalâmico, 5:

corpo mamilar, 6: bulbo olfatório, 7: estria olfatória, 8: amígdala, 9: hipocampo,

10: formação hipocampal, 11: conexões tálamo-corticais e 12: conexão córtico-

hipocampal (BRANDÃO, 2004). 25

Figura 12: fluxograma apontando a coordenação entre movimento, sistema

endócrino, emoções e sistema nervoso autônomo (LENT, 2001). 27