of 33 /33
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO” INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE” DEVAIR VIAL BRZESKY CONSTRUÇÃO DE CICLOVIAS: UMA PROPOSTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL VITÓRIA 2010

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · atmosfera, como as chuvas ácidas e outros impactos ocasionados pelo excessivo número de automóveis circulando diariamente pelas

Embed Size (px)

Text of UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · atmosfera, como as chuvas ácidas e outros...

UNIVERSIDADE CNDIDO MENDES PS-GRADUAO LATO SENSO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DEVAIR VIAL BRZESKY

CONSTRUO DE CICLOVIAS: UMA PROPOSTA EM EDUCAO AMBIENTAL

VITRIA 2010

2

UNIVERSIDADE CNDIDO MENDES PS-GRADUAO LATO SENSO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DEVAIR VIAL BRZESKY

Monografia apresentada como exigncia

para obteno do ttulo de ps-graduado em Educao Ambiental, do curso de ps graduao lato sensu da Universidade Cndido Mendes, sob a orientao da professora Dra. Vera Agarez.

VITRIA 2010

3

AGRADECIMENTOS

Aos professores e colaboradores, Celso Sanchez e Vera Agarez pelo conhecimento repassado, pela amizade e pela orientao na elaborao dessa monografia. Ao tutor regional, Carlos Alberto, pela ateno e considerao. A todos os professores e funcionrios do Instituto a Voz do Mestre pelo conhecimento repassado, pela amizade e considerao. Aos funcionrios da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal de Serra pela contribuio e pelo apoio. A todos os colegas e amigos do curso de Geografia da Universidade Federal do Esprito Santo pela amizade e dedicao. A Deus pelo dom da vida. E a todas as pessoas que de alguma forma ou de outra tenham contribudo para a elaborao desse trabalho.

4

DEDICATRIA A minha namorada e companheira,

Charlany Guarnier, pelo carinho, apoio e considerao nas horas difceis.

Aos meus pais, Sr. Geraldino e D.

Clementina, e a todos os demais familiares por terem acreditado no meu sucesso.

5

Tudo aquilo que ns vemos, o que nossa viso alcana a paisagem. Esta pode ser definida como domnio do visvel, aquilo que a vista abarca. No formada apenas por volumes, mas tambm de cores, movimentos, odores, sons, etc. A percepo sempre um processo seletivo de apreenso. Milton Santos, gegrafo.

6

RESUMO Este trabalho tem como foco principal discutir as vantagens da implantao de

ciclovias por parte do poder pblico, tanto para a melhoria dos diversos

problemas relacionados ao deslocamento de pessoas, como tambm discutir

os diversos impactos ambientais decorrentes do aumento de gs carbnico na

atmosfera, como as chuvas cidas e outros impactos ocasionados pelo

excessivo nmero de automveis circulando diariamente pelas nossas grandes

cidades, resultando nos grandes congestionamentos. Nesse sentido procurou

delimitar a rea de abrangncia do estudo para a Regio Metropolitana da

Grande Vitria, onde j soma mais de 500 mil veculos cadastrados no

Departamento Estadual de Trnsito. Nesse sentido procura-se discutir a

implantao das ciclovias tanto no sentido de melhorar o trnsito como

proporcionar uma melhor qualidade de vida da populao.

PALAVRAS-CHAVE: ciclovias, impactos ambientais, meios de transporte.

7

SUMRIO

INTRODUO.....................................................................................................8 I - CARACTERIZAO DO SISTEMA AMBIENTAL, IMPACTO AMBIENTAL E A DEFINIO DE ECOLOGIAE E ECOSSISTEMA.........................................12 1.1 Definio de impacto ambiental.................................................................. 14 1.2 Definio de ecologia...................................................................................16 1.3 Definio de ecossistema............................................................................16 II - OS PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS EM CENTROS URBANOS.....18 2.1 Efeito estufa local.........................................................................................18 2.2 Chuva cida.................................................................................................20 2.3 Ilhas de calor................................................................................................20 2.4 Inverso trmica..........................................................................................21 2.5 Poluio sonora...........................................................................................22 III HISTRICO REFERENTE IMPLANTAO E USO DE CICLOVIAS.....24 3.1 O uso das ciclovias no Brasil.......................................................................24 3.2 O uso dos meios de transporte na Regio Metropolitana da Grande Vitria.................................................................................................................26 CONSIDERAES FINAIS...............................................................................30 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................................32

8

INTRODUO Cada vez mais as grandes cidades esto abarrotadas de pessoas. A grande

concentrao demogrfica faz com que inmeros problemas venham surgindo

a cada dia como: favelizao, pssima qualidade do ar, formao de ilhas de

calor, intensificao das chuvas cidas, agravamento dos problemas de sade

causado pela inverso trmica, os transtornos causados pelos alagamentos

aps uma chuva torrencial, entre outros problemas que nos assolam dia e

noite, s para citar alguns exemplos.

No entanto, devido ao crescente nmero de veculos nos grandes centros, o

trnsito tem se tornado catico, principalmente nos horrios de maior

movimento. Na sada para o trabalho e no final da tarde, quando as pessoas

esto voltando para suas residncias, em algumas de nossas avenidas os

congestionamentos chegam a formar quilmetros de extenso, causando

irritabilidade e estresse nos motoristas que tem seus compromissos

agendados. Ao mesmo tempo esse crescente nmero de veculos tem se

tornado poluidores em potencial, fazendo com que a qualidade de vida nas

grandes cidades fique prejudicada.

Segundo Macedo (2000) no faltam especialistas para analisar a situao, mas

a maioria parece concordar sobre um aspecto: caso no se tome uma

providncia imediata, o caos ir se instaurar dentro de poucos anos. Algumas

tentativas j foram feitas no sentido de tentar resolver a problemtica do

trnsito em muitas cidades brasileiras e tambm do mundo, ora de forma

preventiva ora de forma paliativa. Todas porm falharam, em maior ou menor

grau, seja do ponto de vista de gerenciamento de trfego, seja do ponto de

vista ambiental.

Estima-se que o setor de transportes responda por cerca de 20% dos gases de

efeito estufa, embora, em termos globais, as emisses veiculares ainda no

tenham um papel preponderante. A preocupao maior se refere aos impactos

locais como os altos ndices de poluio do ar e sonora, e do desperdcio de

tempo resultante dos longos congestionamentos (MACEDO, 2000).

9

Sabemos que em algumas partes do mundo para tentar diminuir o nmero de

automveis nos grandes centros algumas atitudes tem sido tomadas como, por

exemplo, o rodzio de placas e o incentivo ao transporte coletivo em detrimento

ao individual. Com esse intuito torna-se pertinente a construo de ciclovias.

A construo de ciclovias pode contribuir no somente para uma melhor

organizao no trnsito como tambm pode contribuir para a melhoria da

sade da populao, seja atravs da prtica de esporte, ou atravs de uma

melhor qualidade do ar, visto que muitas pessoas poderiam deixar seus carros

na garagem e seguir para o trabalho a bordo de uma bicicleta.

Para a efetivao dessa pesquisa, procurou-se delimitar a rea de abrangncia

para os municpios que compem a regio metropolitana da Grande Vitria,

formada pelos municpios de Vitria, Vila Velha, Cariacica e Serra (ES). H

uma certa dificuldade em delimitar mais a rea pelo fato de que o sistema de

transporte deve ser integrado em todos os municpios que compe a regio ou

at mesmo porque a localidade escolhida para a pesquisa j se encontrar em

um grau bastante alto de conurbao, isto , os municpios que compem a

regio j se encontram totalmente ligados uns aos outros.

Nesse trabalho procuramos analisar quais so as vantagens e desvantagens

da introduo de ciclovias nos espaos pblicos, no s para minimizar o

problema do trnsito nas grandes cidades, como tambm melhorar a qualidade

do ar nos grandes centros urbanos e consequentemente contribuir para a

melhoria da qualidade de vida dos habitantes dessas reas urbanas.

Dessa forma, esse trabalho visa identificar as vantagens do uso de ciclovias

para a melhoria do trfego urbano e em consequencia, do meio ambiente,

incentivando para o uso de um meio de transporte menos poluente, resultando

em manter no s o ambiente saudvel, como tambm, os seres que dele

dependem para sua sobrevivncia.

Sendo assim, esse trabalho est sendo estruturado em 3 captulos: no captulo

primeiro ser feito uma caracterizao do sistema ambiental e impacto

10

ambiental e ser abordada a definio de ecologia e ecossistema; no captulo

dois ser feita uma abordagem dos principais impactos ambientais que

ocorrem nos grandes centros urbanos, principalmente os que tem como

principal causa o excesso de veculos automotores resultando no agravamento

da sade do ser humano; no captulo trs ser feito um breve histrico

referente implantao de ciclovias no Brasil, enfocando o seu uso nas

principais capitais e ainda ser feito uma abordagem relativa aos meios de

transporte na Regio Metropolitana da Grande Vitria.

Por fim, no captulo final ser feita uma sntese das principais concluses a que

se chegou atravs da elaborao desse estudo, apontado assim as principais

vantagens do investimento em ciclovias por parte do poder pblico.

11

METODOLOGIA

Este trabalho teve uma abordagem basicamente terica. A metodologia

utilizada esteve fundamentalmente reduzida pesquisa bibliogrfica referente

ao assunto estudado, para tanto foram consultados livros, revistas, sites da

internet, artigos eletrnicos, jornais, peridicos, documentos etc.

Alm disso, procurou-se enfocar alguns dados estatsticos referentes

populao e dados econmicos, tanto da regio analisada, como de todo o

territrio brasileiro. Todos esses dados foram consultados no site do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatstica (www.ibge.org.br).

12

CAPTULO I CARACTERIZAO DE SISTEMA AMBIENTAL, IMPACTO AMBIENTAL E A DEFINIO DE ECOLOGIA E ECOSSISTEMA. A Educao Ambiental pode ser definida como uma educao crtica voltada

para a cidadania. Uma cidadania expandida, que inclui a integridade de bens

naturais no renovveis, o carter pblico e a igualdade na gesto dos bens

naturais dos quais dependem a existncia humana (CARVALHO, 2004).

No entanto a Educao ambiental deve auxiliar-nos em uma compreenso do

ambiente como um conjunto de prticas sociais permeadas por contradies,

problemas e conflitos que tecem a intricada rede de relaes entre os modos

de vida humanos e suas formas peculiares de interagir com os elementos

fsico-naturais de seu entorno. (CARVALHO, 2004).

Vivemos em um incio de sculo conturbado por diversos males sociais e

ambientais, tanto em escala local quanto global, e para que a Educao

ambiental de fato cumpra com seu objetivo principal que a defesa da vida do

planeta necessrio uma integrao conjunta dos diversos segmentos da

sociedade humana para a erradicao desses diversos males que afligem

nossa sociedade hoje. Como por exemplo, o combate a fome e a misria, a

erradicao do analfabetismo, o fim da excluso social, a diminuio da

desigualdade social, entre outros. Para tanto, hoje se faz cada vez mais

necessrio a presena de todos em uma conscientizao coletiva e a

participao nas lutas ambientais.

Segundo Carvalho (2004), as lutas ambientais so espaos de ao

emancipadoras que devem ser valorizados por uma prtica educativa que se

some busca de uma sociedade justa e ambientalmente sustentvel. Nesse

sentido a Educao ambiental estaria ao lado das foras integrantes de um

projeto de cidadania democrtica, ampliada pela idia de justia ambiental.

13

Pode ser entendida como justia ambiental a responsabilidade de todos e de

todas na preservao dos bens ambientais e a garantia de seu carter coletivo.

Esse tem sido um dos novos conceitos utilizados na luta ambiental, que deixa

evidente a distribuio desigual dos bens ambientais de seu uso e a

precariedade dos padres de qualidade de vida a que tem se submetido s

populaes menos favorecidas do planeta. Ao destacar a dimenso ambiental

das lutas sociais e apoiar as aes em prol da justia no acesso aos bens

ambientais e no uso desses bens, a Educao Ambiental crtica est

contribuindo para a ampliao da noo de cidadania e justia social

(CARVALHO, 2004).

Todavia, reconhecer a importncia do trabalho em Educao Ambiental deve

ser um primeiro passo rumo realizao de uma justia social efetiva e de um

ambiente ecologicamente saudvel e equilibrado, que segundo a Constituio

Federal do Brasil em seu artigo 225, diz que um direito de todos os cidados

brasileiros, bem de uso comum e essencial sadia qualidade de vida, impondo

o poder pblico e coletividade o dever de preserv-lo s presentes e futuras

geraes.

No entanto, isso nos remete a idia de planejamento ambiental que teve seus

precursores no incio do sculo XIX com pensadores como John Ruskin, Henry

David Thoureau, George Perkins, Marsh, entre outros. Esses homens

apresentavam idias consideradas utpicas e romnticas para a poca, mas j

tiveram uma incrvel premonio do futuro e foram capazes de vislumbrar a

escassez de recursos, num momento em que era implantada a todo vapor a

primeira Revoluo Industrial, sob a gide do positivismo e do liberalismo

econmico e que, pelo visto, pressuponha a inesgotabilidade dos recursos

naturais (FRANCO, 2001).

Ao se despontar esse novo sculo, verifica-se que as maiores transformaes

da civilizao tem ocorrido justamente nos ltimos 100 anos. E um dos

principais impactos dessas transformaes, iniciada com o advento da

industrializao o processo que conhecemos como urbanizao, que tem

surgido sem nenhum planejamento pelo ser humano e parece-nos que em

14

nenhum outro momento da histria o homem tem agredido tanto o meio fsico

como no momento atual.

Esse processo de urbanizao tem ocorrido em virtude do acentuado xodo

rural, onde famlias inteiras tem deixado a vida no campo e se dirigido para

essas pequenas cidades que estavam surgindo ao redor dessas primeiras

fbricas. Parece real que naquele tempo as pessoas j tinham a iluso de que

a vida se tornaria melhor vivendo nessas grandes cidades.

Mas de l para c, muita coisa mudou, a nossa sociedade se urbanizou.

Atualmente, pelo menos 50% da populao mundial concentram-se nas

grandes metrpoles, principalmente aquelas situadas nos pases

subdesenvolvidos, onde h esse crescente nvel de urbanizao tem causado

uma srie de problemas de ordem social e ambiental para a espcie humana.

No entanto, um dos problemas que tem recebido a maior ateno de

especialistas e governos se refere ao trfego e a crescente motorizao das

populaes urbanizadas. E as consequncias so sentidas em escala local,

resultante dos grandes congestionamentos, um exemplo aqui mesmo no Brasil

o caso da cidade de So Paulo, onde j necessrio fazer um rodzio de

automveis, levando em considerao o final das placas, para tentar reduzir os

longos engarrafamentos e consequentemente reduzir o nvel de poluio no ar,

causado pelo crescente nmero de automveis nas ruas.

Esses problemas so sentidos tambm em escala regional, com a guerra fiscal

travada entre os governantes de estados e municpios pela instalao em seus

territrios das grandes multinacionais automobilsticas e em escala global, com

as emisses de poluentes, ocasionados pela queima dos combustveis fosseis

como o carvo e o petrleo, contribuindo para o agravamento das mudanas

climticas ocorridas no planeta nos dois ltimos sculos (MACEDO, 2000).

A agenda 21, em seu captulo 7, prescreve a necessidade do planejamento

ambiental, afirmando que a reduo da pobreza urbana s ser possvel

mediante o planejamento e a administrao do uso sustentvel do solo. O

15

mesmo documento enfatiza que o planejamento ambiental deve fornecer

sistemas de infra-estrutura, ambientalmente saudveis, que possam ser

traduzidos pela sustentabilidade do desenvolvimento urbano, o qual est

atrelado disponibilidade dos suprimentos de gua, qualidade do ar, servios

de drenagem, servios sanitrios e rejeito do lixo slido e perigoso. Sendo

assim, o planejamento ambiental dever promover tecnologias de obteno de

energia mais eficientes e menos poluentes como as fontes alternativas e

renovveis de energia e sistemas sustentveis de transporte.

Diante disso, a sobrevivncia da espcie humana no planeta depende

necessariamente dessas polticas, voltadas para a prtica social e em defesa

de um ambiente ecologicamente equilibrado.

1.1 - Definio de impacto ambiental

De acordo com a resoluo 001 do Conama (23/01/86), pode-se definir

impacto ambiental como qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas

e biolgicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de matria ou

energia resultante das atividades humanas [...], que afetam a sade, a

segurana, e o bem-estar da populao; as atividades sociais e econmicas; a

biota; as condies estticas e sanitrias do meio ambiente; a qualidade dos

recursos ambientais.

Segundo Porteous apud Chistofoletti (1999) sistemas ambientais representam

entidades organizadas na superfcie terrestre, sendo que a espacialidade se

torna uma de suas caractersticas inerentes. A organizao desses sistemas

vincula-se com a estruturao e o funcionamento de seus elementos, assim

como resulta de sua dinmica evolutiva. Em virtude da variedade de elementos

componentes e dos fluxos de interao, constituem os chamados sistemas

complexos espaciais.

16

1.2 - Definio de ecologia

O termo ecologia foi criado em 1866, pelo zologo ingls Ernst Haeckel,

procurando definir o estudo das relaes que se estabelecem entre os seres e

o meio. De outro modo podemos definir a ecologia como o estudo das relaes

entre os organismos vivos e entre os organismos e seu meio ambiente,

especialmente a comunidade de plantas e animais, seus fluxos de energia e

suas interaes com o os arredores circunjacentes. Todavia s posteriormente

foi estabelecido o termo para designar o objeto de estudo da Ecologia,

tornando-se conhecida como a disciplina que estuda os ecossistemas

(FRANCO, 2001).

1.3 - Definio de ecossistema

O conceito de ecossistema foi proposto por Tansley (1935) e teve como

objetivo principal definir a unidade bsica resultante da interao entre todos os

seres vivos que habitam uma determinada rea ou regio geogrfica, com as

condies ambientais que as caracterizam. Nessa proposio estabelecia-se

que o conceito fundamental de um sistema natural completo inclui no somente

o complexo orgnico, como tambm os fatores fsicos que conformam o que

denominamos o habitat ou meio ambiente (TANSLEY, 1935 apud

CHISTOFOLETTI, 1999).

O ecossistema um ambiente mais complexo e definido como sendo uma

rea relativamente homognea de organismos interagindo com o meio

ambiente. A comunidade dos seres vivos constitui o componente principal, que

se interliga com os elementos abiticos do habitat. Portanto sem a presena

dos seres vivos no h a existncia de ecossistemas (TANSLEY, 1935 apud

CHISTOFOLETTI, 1999).

As reunies internacionais ocorridas no final do sculo passado, em especial a

de Montreal, em 1987, e a Conferncia das Naes Unidas sobre o Ambiente e

o Desenvolvimento, tambm conhecida como Eco-92 ou Cpula da Terra, de

onde participaram representantes de 176 pases e 1400 ONGs tiveram

17

resultados expressivos no que diz respeito ao debate sobre as questes

ambientais. Essa conferncia teve como resultado a Agenda 21, que, entre

outros assuntos, tratou da poluio ambiental. Nesse documento foram criadas

medidas para prevenir e mitigar a poluio global e a poluio urbana

(ASSUNO, 2005).

Segundo a Agenda 21, os transportes so responsveis por 30% do consumo

comercial de energia. Assim, todos os pases deveriam incentivar o transporte

pblico de massa, encontrar formas no-motorizadas de transporte, favorecer o

deslocamento seguro e rpido de pedestres e ciclistas, alm de estimular

padres de desenvolvimento de reduo para a demanda dos transportes.

Ainda, de acordo com a Agenda 21, as gestes social, econmica e ambiental

devem estar interrelacionadas e o grande mrito desse documento tem sido o

estimulo participao do poder local organizaes no-governamentais,

comunidades rurais, associao de moradores, governos municipais, igrejas

etc. destacando sua importncia para o encaminhamento de solues para

alguns problemas ambientais e para a implementao de prticas apoiadas no

conceito de Desenvolvimento Sustentvel, fazendo um grande alerta de que a

conquista da qualidade ambiental do planeta depende, principalmente da soma

de aes localizadas, as quais procuram evitar que o desrespeito ao meio

ambiente continue com intensidade e ritmo avassaladores.

No entanto, esse conjunto de eventos internacionais, entre outros, indica que o

sculo XX terminou com a tomada de conscincia para uma nova ordem

mundial rumo ao desenvolvimento sustentvel e o inicio de sistema de gesto

ambiental estruturados.

Portanto, neste novo milnio, devero ser empreendidos esforos no sentido

de que o desenvolvimento sustentvel deixe de ser somente um conceito

utpico e se torne realidade.

18

CAPTULO II - OS PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS EM

CENTROS URBANOS.

Segundo Dias, 1998, os maiores viles da poluio nas grandes cidades so

justamente os veculos movidos a combustvel fssil. Com o aumento

crescente desses veculos, aumenta-se a quantidade de material particulado1

na atmosfera, sendo assim, mais fuligem e mais gases txicos iro poluir cada

vez mais o ambiente em que vivemos, alm de mais calor e nveis altos de

rudos.

Ocorre que hoje os veculos poluem muito mais do que pensamos. Em primeiro

lugar, pela m qualidade do combustvel utilizado, com excesso de enxofre,

entre outros fatores que impedem uma combusto mais eficiente, produzindo

cada vez mais fuligem. Em segundo lugar, porque muitos motores que equipam

grande parte dos veculos so de concepo mecnica antiquada, superada e

com poucos mecanismos de proteo ambiental como catalisadores (DIAS,

1998).

No entanto o problema da poluio atmosfrica passou a ser sentido de forma

mais acentuada a partir do momento que as pessoas passaram a viver em

ambientes urbanos de grande densidade demogrfica (ASSUNO, 2005).

Abaixo procuramos descrever os principais impactos ambientais em centros

urbanos, principalmente os causados pela queima de combustveis fossis,

como o petrleo e o carvo.

2.1 Efeito estufa local

A interferncia humana no ambiente tem provocado alteraes climticas em

grandes reas urbanas. Essa interferncia resultou no que chamamos de

1 Material particulado refere-se a qualquer tipo de partcula slida diminuta: p, fuligem, amianto etc. muitas dessas partculas so simplesmente incomodas, mas outras so txicas (DASHEFSKY, 2001).

19

microclima urbano, que difere do tipo climtico predominante na regio em que

esto localizados.

Essa alterao climtica resulta de diversos fatores, como por exemplo, a

poluio atmosfrica causada pela grande circulao de automveis e por

equipamentos domsticos e industriais. Tudo isso resulta em um efeito estufa

localizado, prejudicando a qualidade de vida das pessoas que vivem nesses

centros urbanos.

Para tentar minimizar o problema em algumas cidades foram estabelecidas

normas para tentar reduzir a quantidade de veculos em circulao, como o

sistema de rodzio de placas, elevao do pagamento do licenciamento quanto

mais velho for o veculo, restries a circulao em determinadas localidades e

horrios e o aumento do valor dos estacionamentos e pedgios.

O efeito estufa ocorre tambm em escala global, causado pela elevada

presena de gases na atmosfera, que provoca o aquecimento gradual do

planeta. Os gases da atmosfera, sobretudo o carbnico, funcionam como uma

redoma. Retm na Terra o calor das radiaes infravermelhas emitidas pelo

Sol e mantm a temperatura mdia em torno dos 16C. sem a presena desses

gases, as radiaes que chegariam a superfcie terrestre seriam refletidas para

o espao. A temperatura no passaria de 27C negativos e a superfcie seria

coberta de gelo.

Entre as consequencias desse do superaquecimento do planeta est a

elevao exagerada da temperatura do ar. Esse fato modificaria o regime dos

ventos e aumentaria a evaporao das guas, causando uma srie de

modificaes climticas. Prevem tambm o aumento gradual do nvel dos

oceanos devido ao derretimento das calotas polares, inundando varias cidades

litorneas.

20

2.2 - Chuva cida.

A chuva naturalmente contm certo grau de acidez causado pela combinao

dos tomos de carbono com as molculas da gua. Entretanto em regies

industriais e grandes centros urbanizados essa acidez pode sofrer alteraes e

aumentar muito quando a gua da chuva reage com o dixido de enxofre (SO)

e o dixido de nitrognio (NO). Esses gases resultam principalmente da

combusto de carvo mineral, do petrleo e de seus derivados.

Como consequncia da alta concentrao desses poluentes na atmosfera

formam-se dois cidos: o sulfrico e o ntrico, aos quais combinam-se com as

molculas de hidrognio e oxignio, aumentando o pH da gua, formando as

chamadas chuvas cidas.

A acidez da gua tem como conseqncia a corroso de estruturas metlicas

de edifcios e veculos; corroso de monumentos de mrmore e pedra sabo,

que so rochas facilmente suscetveis eroso2 e ao intemperismo3; danos

vegetao; contaminao de rios, lagos e mares ocasionando a mortandade de

peixes e outros animais aquticos; alm da contaminao do solo prejudicando

a agricultura, entre outros.

No Brasil, a chuva acida mais comum nos grandes centros urbano-industriais

e tambm prximo a localidades onde se localizam as usinas termeltrica que

utilizam o carvo mineral como principal combustvel.

2.3 - Ilhas de calor.

Outro dano ambiental comum nas grandes cidades o aumento da sensao

trmica, chamadas de ilhas de calor. A alta concentrao de cimento e asfaltos,

que absorvem grande quantidade de radiao solar; a ausncia de reas

2 Chama-se eroso o transporte de sedimentos das rochas resultantes do intemperismo. 3 Chama-se intemperismo o desgaste dos minerais que compem as rochas, causadas sobretudo pelas guas das chuvas, mudanas de temperatura, pela ao dos ventos e pela atividade humana.

21

verdes; a m circulao do ar, ocasionada pelos altos edifcios e a grande

concentrao de poluentes provenientes dos escapamentos de milhares de

veculos que circulam diariamente, faz com que a temperatura no centro das

grandes cidades seja superior a temperatura das regies perifricas. A

diferena de temperatura entre uma rea verde com solo exposto e uma tpica

rea de centro de uma cidade, com solo impermeabilizado, pode ser de 5 graus

centgrados ou mais.

Em reas urbanas de ilhas de calor, cresce o consumo de energia com a

necessidade maior de refrigerao de mquinas na indstria, de escritrios, de

centros comerciais e mesmo dos motores e do interior dos automveis em

engarrafamentos.

A consequncia da formao das ilhas de calor est no desconforto trmico da

populao que habitam esses locais e tambm na formao de chuvas

convectivas4 no final da tarde, que causam alagamentos, devido a

impermeabilizao do solo e o entupimento dos canais de drenagem.

2.4 - Inverso trmica.

Fenmeno meteorolgico que ocorre principalmente nas metrpoles e

principais centros urbanos. As radiaes solares aquecem o solo e o calor que

fica retido no mesmo irradia-se. Aquecendo as camadas mais baixas da

atmosfera. Essas camadas que j esto quentes ficam menos densas e

tendem a subir, formando correntes de conveco do ar. Os poluentes, j que

so mais quentes que o ar (portanto menos densos) sobem e iro dispersar-se

nas camadas mais altas da atmosfera. Esse o fenmeno normal.

Entretanto, quando se formam duas massas de ar diferentes, o ar quente

passa sobre o ar frio, ficando acima dele. Por ser mais denso, o ar frio que

4 Tambm chamadas de chuvas de vero, so chuvas intensas e rpidas, causadas pela ascenso do ar quente carregado de umidade. Ocorre porque o ar prximo a superfcie se aquece e sobe para as camadas mais altas da atmosfera. No final da tarde toda essa umidade retorna superfcie em forma de pancadas de chuvas.

22

ficou embaixo no sobe e o ar quente que ficou em cima do ar frio no desce

por ser menos denso.

Na interseco do ar quente e frio, forma-se uma capa que no deixa que os

gases poluentes e txicos passem para as camadas mais altas da atmosfera,

ocasionando o fenmeno que chamamos de inverso trmica. Dessa forma os

gases poluentes ficam retidos prximos superfcie terrestre.

O fenmeno da inverso trmica Ocorre geralmente nos meses de inverno,

quando a formao de frentes frias maior, causando na populao o

agravamento de doenas respiratrias, como asma pneumonia, enfisemas,

doenas cardacas e bronquite, alm de irritao nos olhos.

2.5 - Poluio sonora.

Outro impacto resultante da larga utilizao dos automveis tem sido a

poluio sonora, que considerada um dos principais problemas ambientais

em ambientes urbanos. A magnitude do som expressa em decibis (dB). Os

nveis de rudo definidos pela OMS (Organizao Mundial da Sade) como

saudveis so de 55dB durante o dia e 35dB noite. O rudo causa ou agrava

problemas de sade relacionados ao estresse, como: hipertenso, distrbios

psicolgicos e do sono. Rudos elevados produzem constries dos vasos

sanguneos, dilatao das pupilas, contrao dos msculos aumento dos

batimentos cardacos estremecimentos, espasmos estomacais, vertigens

reduo da capacidade de viso, tenso emocional, alergias, lceras, entre

outras enfermidades (DIAS, 1998).

A Organizao para Cooperao e Desenvolvimento (OCDE) estabelece o

limite de 65 dB como aceitvel e estima-se que pelo menos 100 milhes de

pessoas no mundo todo estejam sujeitas a nveis acima desse patamar, tendo

o trfego urbano como principal causa (WHITELEGG, 1993 apud MACEDO

1992).

23

Segundo Dias (1998) os impactos mais srios ocorrem quando as pessoas, em

suas ocupaes, esto submetidas a nveis acima de 80 dB. Nessas

condies, o trabalhador reduz a sua capacidade de produzir, aumenta o risco

de sofrer algum acidente e corre o srio risco de adoecer.

Assim decididamente, os nveis de intensidade sonora no ambiente urbano so

determinantes acentuados de qualidade ambiental, intricadamente associados

ao conforto e sade dos cidados (DIAS, 1998).

24

CAPTULO III HISTRICO REFERENTE IMPLANTAO E USO DE CICLOVIAS.

3.1 - O uso das ciclovias no Brasil.

O Brasil o terceiro maior produtor de bicicletas no mundo. Somente no ano de

2008 foram produzidas 5,6 milhes de unidades. Segundo a ANTP (Agncia

Nacional de Transportes Pblicos) 7,4% dos deslocamentos dirios so feitos

por bicicletas, ou seja, so cerca de 15 milhes de viagens dirias.

Com uma frota estimada em 60 milhes de unidades, o uso de ciclovias no

Brasil ainda est aqum do necessrio, pois em 2008 havia apenas pouco mais

de 2.500 km de ciclovias no Brasil, distribudas por 279 cidades. Em 2003 esse

nmero era de apenas 600 km. Em muitos pases desenvolvidos a situao

bem diferente. A Holanda, por exemplo, que possui apenas 41.526 km de

superfcie, possui mais de 15 mil km de ciclovias em seu territrio.

A responsabilidade na construo de ciclovias dos governos estaduais e

municipais, mesmo assim, o governo federal possui um programa de incentivo,

o Bicicleta Brasil, que tem como objetivo inserir e ampliar o transporte por meio

da bicicleta como forma de deslocamento urbano, promover a sua integrao

aos sistemas de transporte coletivo, estimular a construo e manuteno de

ciclovias por parte dos governos municipais e estaduais e implantar um

conjunto de aes que garantam a segurana e integridade dos ciclistas nos

deslocamentos.

Esse projeto tem investido mais de 14 milhes de reais em recursos e tem

apoiado mais de cem projetos de construo de ciclovias em 99 municpios

brasileiros.

A implantao de ciclovias prev que a construo dessas redes seja bem

planejada seguindo o conceito de ciclos redes.

25

Organizar o espao pblico para receber o expressivo nmero de ciclistas

uma medida ligada ao chamado traffic calming (acalmar o trfego).

Alm do nmero de ciclovias no Brasil ser bem reduzido, ainda h uma m

distribuio quanto as regies. A cidade que possui a maior malha cicloviria

do pas o Rio de janeiro, essa cidade possui mais de 3 milhes de bicicletas e

150 km de ciclovias, mesmo assim as ciclovias esto localizadas prximas aos

balnerios, sendo que so utilizadas pelas pessoas mais para laser do que

para o transporte.

Na cidade So Paulo, maior cidade do pas com mais de 20 milhes de

habitantes, a frota de automveis cresce 8 vezes mais que a populao, so

cerca de 500 veculos entrando em circulao por dia. Nessa cidade os

congestionamentos de trnsito so cada vez mais frequentes. No municpio foi

aprovada a Lei das ciclovias, Lei n. 14.266 de 6 de fevereiro de 2007 que

prev para a cidade a construo de cerca de 1000 km de ciclovias entre 2010

e 2020. Os pouqussimos quilmetros de ciclovias existentes nessa cidade

esto restritos apenas aos parques e praas da cidade.

A cidade de Curitiba apontada internacionalmente como modelo de boas

intervenes urbanas. 75% dos curitibanos utilizam como meio de transporte o

nibus e a cidade conta com 120 km de ciclovias.

Na cidade de Porto Alegre, os nibus so equipados com suporte para

transporte de bicicletas e na cidade existe o Plano Diretor Ciclovirio de porto

Alegre que prev a construo de 15 Km de ciclovias para os prximos anos.

26

3.2 Uso dos meios de transporte na Regio Metropolitana da Grande Vitria. A Regio Metropolitana da Grande Vitria situa-se em uma rea litornea, em

um compartimento rebaixado com algumas pequenas elevaes na parte

central da ilha, composta por 7 municpios: cariacica, Fundo, Guarapari,

Serra, Viana, Vila Velha e Vitria, sendo que seus quatro municpios principais

possuem uma rea de pouco mais de 1000 Km. Com uma populao

estimada de 1.627.651 habitantes, segundo dados do IBGE (2207), a regio

detm cerca de 48% da populao do estado numa rea que representa

apenas 5% do territrio.

Segundo o Detran (Departamento Estadual de Trnsito), a frota de veculos no

estado do Esprito Santo j conta com mais de um milho de unidades, sendo

que desse total, 450 mil se encontra apenas na Grande Vitria. Isto significa

que no estado h uma proporo de 1 veculo para cada 3 habitantes. H

apenas 10 anos atrs o nmero de veculos era de apenas 226 mil, portanto

houve um crescimento de mais de 100% da frota e esse aumento no tem sido

acompanhado por obras de melhoria no trnsito. Nossas avenidas so

estreitas, em muitos bairros da cidade a sinalizao das vias precria ou

inexistente, falta sinalizao, os buracos e a qualidade da pavimentao

tambm outro problema constante.

As sadas de Vitria, que considerada o centro econmico da regio, so

poucas, sendo reduzidas apenas a terceira ponte e ponte Florentino Avidos,

que do acesso ao municpio de Vila Velha. A segunda ponte que d acesso

ao municpio de Cariacica e a Ponte da Passagem e de Camburi, que do

acesso ao municpio de Serra.

Outra situao que gera certa preocupao com relao topografia da

regio. Vitria esta inserida em uma ilha de formao rochosa com algumas

elevaes em sua parte central dificultando a construo de vias secundrias.

A falta de planejamento tambm fez com que hoje ficaria difcil a ampliao e

duplicao das principais avenidas, j que as mesmas esto bem prximas a

27

muitos imveis, ficando oneroso para a administrao pblica, desocupar

esses imveis para tal finalidade. Alm disso, a cidade no tem como crescer

verticalmente, pois esta limitada pela baa de Vitria com os outros municpios

que compem a regio metropolitana.

Recentemente a Regio Metropolitana da Grande Vitria tem sofrido com

esses congestionamentos, em virtude das obras que tem sido feita em algumas

de suas principais vias. Entre elas a Avenida Fernando Ferrari que d acesso

ao municpio de Serra, que se encontra ao norte da capital, sendo uma via de

suma importncia tambm para todos aqueles que estudam ou trabalham

prximo a Universidade Federal do Esprito Santo (UFES) que est localizada

as margens dessa avenida. Outra importante obra que tem gerado alguns

transtornos para motoristas e pedestres por causa dos engarrafamentos

ocorridos, foi a reforma da ponte de Camburi, concluda em 2008.

Para quem se desloca diariamente pela regio pode perceber claramente os

vrios pontos de gargalo, Entre eles a entrada para a terceira ponte que d

acesso ao municpio vizinho de Vila Velha e a construo da nova ponte da

Passagem, concluda em setembro de 2009, que interliga as avenidas

Fernando Ferrari e a Nossa Senhora da Penha, tambm conhecida com Reta

da Penha.

Apesar de ter sido inaugurada recentemente, na nova ponte da Passagem, no

foi construdo nenhum espao para os ciclistas, como esperado.

O aumento de volume de trfego nesses locais fatalmente acarreta uma

diminuio de sua velocidade mdia, uma vez que a capacidade viria no

acompanha esse crescimento. Esta relao entre fluxo de trnsito e

capacidade da infra-estrutura viria o que determina o congestionamento. A

concluso mais bvia seria a de promover a migrao de usurios de carros

para o transporte pblico.

importante, entretanto, destacar que a maior parte da populao das grandes

cidades brasileiras, inclusive a da Regio Metropolitana da Grande Vitria, se

28

utiliza do transporte coletivo pblico e no do privado individual, principalmente

por razes econmicas, sendo que uma das razes para isso a m

distribuio de renda existente em nosso pas.

Nesse sentido importante despertar a preocupao no somente com o

valioso tempo perdido de quem tem a necessidade de se locomover como

tambm de todos os outros problemas ambientais que esse aumento do

nmero de veculos automotores pode ocasionar como, o agravamento dos

nveis de poluio atmosfrica, agravamento das ilhas de calor, maior

intensidade das chuvas cidas, poluio sonora, entre outros.

A classe trabalhadora de baixa renda a que mais sofre com os constantes

congestionamentos da cidade. Na Regio da Grande Vitria, um trabalhador

gasta em mdia uma hora e meia para ir de casa ao trabalho de nibus e mais

uma hora e meia para retornar para sua residncia no final do dia. Essas 3

horas perdidas no trnsito (40% do tempo que ele trabalhou em seu emprego)

esto sendo retiradas de seu descanso, de seu lazer e de seu convvio com os

familiares. De qualquer forma, a cidade explorando mais um pouco o

cidado. Por isso, um nmero cada vez maior de pessoas tem preferido se

deslocar a p para seus compromissos. mais barato e pode at ser mais

rpido em certas circunstncias.

O excesso de automveis a principal causa de congestionamentos. Estima-

se que o setor de transportes responda por cerca de 20% dos gases de efeito

estufa, embora a nvel global as emisses no tenham papel preponderante. A

preocupao maior est no fato de que os impactos locais representam um

papel significativo no que diz respeito a poluio do ar e sonora o desperdcio

de tempo resultante dos congestionamentos (MACEDO 1992).

Outro fato que as estatsticas mostram que os carros de passeio ocupam

80% das vias e carregam apenas 20% dos passageiros. Os nibus ao

contrrio, transportam 80% dos passageiros e ficam espremidos em 20% das

vias. muito comum vermos veculos trafegarem com apenas uma pessoa

dentro

29

A ineficincia, a falta de confiabilidade e o desconforto do sistema de transporte

pblico desestimulam o usurio, e as pessoas que podem pagar preferem usar

o automvel, aumentando assim os problemas crnicos de congestionamento e

poluio do ar no centro da cidade (MACEDO 1992).

A circulao de veculos em uma grande metrpole tem sido um dos problemas

mais difceis de serem sanados a curto prazo. Sair de casa, principalmente na

hora do rush, tem se tornado para muitos capixabas, um motivo de

preocupao e desconforto. Trata-se dos inmeros congestionamentos nas

principais vias da capital, isso se deve principalmente a falta de polticas

pblicas voltadas para a questo dos problemas do trnsito como tambm ao

crescente nmero de veculos ocupando cada vez mais espao.

30

CONSIDERAES FINAIS. Melhorar o acesso a informao e a participao social so alguns meios que

devemos utilizar no sentido de promover as mudanas de atitude que

favoream o despertar de uma conscincia ambiental coletiva. Em relao ao

transporte, convencer o indivduo a deixar o carro na garagem e seguir o seu

trajeto dentro de um transporte coletivo parece hoje ser um desafio. O veculo

se tornou um smbolo de status. Possuir um automvel parece ser o desejo de

todos aqueles que ainda no o possuem. Isto porque a mdia, motivada pelo

capitalismo tem a funo de motivar o consumismo no mundo todo, no se

importando com as consequncias que esse consumismo desenfreado pode

ocasionar tanto para a sade do prprio ser humano, como a sade do planeta.

O Brasil est mostrando diariamente, de forma muito evidente, como os erros e

a imprevidncia do passado podem trazer consequncias das mais srias para

a qualidade de vida das pessoas hoje. Quando na dcada de 1950 todos

defendiam a modernidade acelerada do perodo JK, aplaudindo a implantao

das indstrias automobilsticas estrangeiras no pas e a construo de

inmeras rodovias cortado de norte a sul do pas, ao mesmo tempo em que

condenava o transporte ferrovirio como coisa de um passado agrrio a ser

esquecido, certamente no se questionou como seria viver, 50 anos depois,

num pas cuja circulao se baseia no transporte rodovirio.

A circulao de veculos nos grandes centros urbanos tem se tornado um

problema para os administradores pblicos. Segundo dados fornecidos pelo

DETRAM (Departamento Estadual de trnsito), o trfego mdio dirio de

veculos na RMGV tem sido superior a 500 mil veculos. importante destacar

ainda que a maior parte da populao que se desloca diariamente se utiliza do

transporte coletivo pblico e no do privado individual, principalmente por

razes econmicas.

No Brasil, o aumento do nmero de vendas de veculos tem crescido em mais

de 50% desde 2002, aumentando cada vez mais o contingente de carros nas

31

grandes avenidas, causando os grandes engarrafamentos, sendo que

justamente a populao trabalhadora que mais sofre com isso.

A mdia de tempo perdido no transporte dirio tem sido de 1 hora e meia para

ir de casa ao trabalho e mais uma hora e meia para retornar para casa depois

de um expediente longo e cansativo. Essas trs horas perdidas esto sendo roubadas de seu descanso, seu lazer e de seu convvio com os familiares. Por

isso muita gente est preferindo caminhar at o trabalho ou usar a bicicleta

como meio de transporte. mais barato, no polui e em muitas circunstncias

pode ser at mais rpido. Devemos ressaltar aqui o grande risco de acidentes

que podem envolver os ciclistas, pois muito comum vermos uma grande

quantidade deles arriscando a vida, j que no possvel trafegar sem disputar

espao com os veculos, pela falta de um espao que seja apenas deles.

Outra questo se refere a localizao das poucas ciclovias existentes em

nossa regio j que estas esto afastadas dos grandes centros, isto , esto

justamente onde elas so muito menos utilizadas.

Verificamos assim que quanto ao uso e a utilizao de ciclovias, apesar do

custo. Podemos dizer garantir que a proposta perfeitamente vivel.

32

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS AGENDA 21 Brasileira Bases para discusso http://www.mma.gov.br/ acesso em 22 de agosto de 2008. ANTP - ASSOCIAO NACIONAL DE TRANSPORTES PBLICOS. Cadernos Tcnicos sobre o transporte ciclovirio. A TRIBUNA. Um milho de carros nas ruas. Vitria. 23 de fevereiro de 2008. A TRIBUNA. Mais 330 mil carros nas ruas em 4 anos. Vitria. 13 de fevereiro de 2008. A TRIBUNA. Um novo Detran para uma nova realidade. Suplemento especial. Vitria. 31 de maio de 2008. BRASIL, Constituio Federativa do Brasil. 2 edio. Atlas. Rio de Janeiro. 1988. ASSUNO, Joo Vicente de. MALHEIROS, Tadeu Fabrcio. Poluio Atmosfrica. In PHILIPPI JUNIOR, Arlindo. PELICIONE, Maria Ceclia Focesi. Educao Ambiental e Sustentabilidade. Manole. Barueri. 2005. CARVALHO, Isabel Cristina de moura. Educao Ambiental: A Formao do Sujeito Ecolgico. Ed. Cortez. So Paulo. 2004. CHISTOFOLETTI, Antnio. Modelagem de Sistemas Ambientais. 1 edio. Ed. Edgard Blucher. So Paulo. 1999. COELHO, Maria Clia Nunes. Impactos Ambientais em reas Urbanas Teorias, Conceitos e Mtodos de Pesquisa. In GUERRA, Antnio Jos Teixeira. CUNHA, Sandra Baptista da. Impactos Ambientais Urbanos no Brasil. Bertrand Brasil. Rio de Janeiro. 2000. CONAMA CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE resolues n 20/1996, 02/1995 e 03/1990.

http://www.mma.gov.br/

33

DASHEFSKY, H. Steven. Dicionrio de Educao Ambiental. Gaia. So Paulo. 2001. DIAS, Genebaldo Freire. Educao Ambiental: Princpios e Prticas. 5 edio. Global. So Paulo. 1998. FRANCO, Maria de Assuno Ribeiro. Planejamento Ambiental Para a Cidade Sustentvel. 2 edio. Annablume: Fapesp. So Paulo. 2001. IBGE INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA http://www.ibge.org.br acesso em 15 de agosto de 2008. LAROSA, Marco Antnio e AYRES, Fernando Arduini. Como produzir uma monografia passo a passo: siga o mapa da mina. Rio de Janeiro. WAK Editora. 2002. MACEDO, Laura Valente de. Problemas Ambientais urbanos causados Pelo Trnsito na Regio Metropolitana de So Paulo (RMSP). In GUERRA, Antnio Jos Teixeira. CUNHA, Sandra Baptista da. Impactos Ambientais Urbanos no Brasil. Bertrand Brasil. Rio de Janeiro. 2000. SANTOS. Miltom, Tcnica, Espao, Tempo, Globalizao e Meio-tcnico Cientifico informacional. Hucitec. So Paulo. 1997. www.planetasustentvel.abril.com.br. Acessado em 31 de agosto de 2009. www.escoladebicicleta.com.br. Acessado em 31 de agosto de 2009.

http://www.ibge.org.br/http://www.escoladebicicleta.com.br/